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El desempleo baja a 9,1% y la renta vuelve a subir en Brasil | La tasa de desempleo en Brasil cayó y alcanzó el nivel más bajo desde octubre de 2015, 9,1%, en el trimestre terminado en julio, según anunció el Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE).Así, el número de parados se situó por debajo de los 10 millones (9,9 millones) por primera vez desde enero de 2016.El IBGE también señaló un aumento en la renta de la población ocupada después de meses de presiones inflacionarias.En el último trimestre, la renta media de este grupo –cifra en la que se incluyen apenas los ingresos del trabajo, sin el impacto de fuentes como las prestaciones sociales– alcanzó R$ 2.693.El valor es un 2,9% superior al registrado en el trimestre finalizado en abril y marca el primer crecimiento significativo en dos años.Sin embargo, como resultado de descensos anteriores, permanece por debajo del valor en el mismo período del año pasado (R$ 2.773) y es el segundo peor de la serie histórica para un segundo trimestre.Los economistas ven detrás de la caída del paro el estímulo fiscal del Gobierno Federal en vísperas de lasa un mes de las elecciones y la reanudación de la actividad económica tras la desaceleración de la pandemia.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original | 2022-09-01 11:45:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/internacional/es/economia/2022/09/el-desempleo-baja-a-91-y-la-renta-vuelve-a-subir-en-brasil.shtml |
Sexo rápido com hora marcada: a recomendação de uma escritora para mulheres ocupadas | Nas páginas de seu último livro, More than a Woman (Mais que uma mulher, em tradução livre; sem edição brasileira), a escritora Caitlin Moran, agora na casa dos 40 anos, se encontra com seu eu futuro, uma idosa que a alerta para o que está por vir: "Eles vão te pedir para sustentar o tecido da sociedade. E de graça. É isso que significa ser uma mulher madura".E sugere que, se ela conseguiu se tornar uma mulher com esforço ao longo dos últimos anos, no futuro breve ela terá que ser mais do que isso."Mais que uma mulher?", ela responde, desconsolada. "Eu tenho que me tornar mais do que uma mulher? Em quê? Em duas mulheres? Bem, olhe, pode ser útil. Porque de agora em diante as coisas ficam feias."Após essa advertência, Moran se dedica a relatar com ironia, lucidez e autoconfiança as diversas realidades das mulheres mais velhas, suas intermináveis listas de tarefas pendentes, suas batalhas, seus cansaços e suas belezas.Em entrevista à BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC), ela abordou a realidade das mulheres maduras - que diante de tantas obrigações têm pouco tempo até mesmo para fazer sexo. Moran tem na sua agenda um compromisso semanal, sempre às sextas-feiras às 9h: fazer sexo com o marido."Quando você é mais velha, o sexo espontâneo é mais difícil porque está muito ocupada, então você precisa colocá-lo na programação", diz Moran. "Não subestime a clássica sessão de dez minutos de sexo. É um clássico por uma razão."Dez anos antes, ela havia revolucionado o mercado editorial com o best-seller Como Ser Mulher, no qual relatava sua transição da adolescência para a vida adulta e proclamava que "feminismo é ser tão livre quanto os homens" e que todas as mulheres estão convidadas a se tornarem feministas "por mais loucas, estúpidas, ingênuas, malvestidas, gordas, diminuídas, preguiçosas e vaidosas que sejam".Ela escreveu esse livro poucos anos antes de suas filhas virarem adolescentes. Existia um pavor sobre o mundo em que elas cresceriam e da maneira hostil com que as mulheres eram tratadas - sem humor, sem gentileza: "Você mesma tem que se arrumar, se depilar, comprar uma bolsa de grife e fazer um sexo oral perfeito".Como Ser Mulher foi um fenômeno social e editorial. Caitlin Moran havia decidido que falaria de uma nova maneira e que o livro faria tanto sucesso que mudaria o mundo.A BBC News Mundo conversou com a escritora, que participa do Hay Festival Querétaro, evento que acontece entre 1° e 4 de setembro no México.Como Ser Mulher não mudou o mundo no final. É por isso que você teve que escrever More than a Woman? Mais ou menos isso. Quando minhas filhas tinham 13 anos, vivíamos uma utopia feminista, mas obviamente isso não aconteceu, então tive que escrever More than a Woman dez anos depois.Mas coisas incríveis aconteceram e há um clima muito diferente. Temos MeToo, redes sociais e modelos incríveis como [a cantora] Lizzo, [a atriz] Phoebe Waller-Bridge, [a comediante] Amy Schumer, Beyoncé e [a escritora] Chimamanda Ngozi Adichie, que falam sobre feminismo de uma maneira poderosa e não acadêmica.Mais irmãs, inspiradoras, lindas, divertidas. Mas também notei que era uma mulher mais jovem, solteira e festeira que sai, faz sexo, bebe e descobre quem ela é.E minha geração não falava nada sobre envelhecer, quando você não pode mais ficar só na farra, quando existem pessoas que você tem que cuidar.Vi que há batalhas que não estão sendo vencidas, queria abordá-las e também celebrar ser uma mulher mais velha, porque, sem modelos de mulheres mais velhas, continuaremos com o mesmo problema: quando você passar a ter uma certa idade somos vistas como inferiores e descartáveis.Há muito a ser dito sobre se tornar mais sábia, saber exatamente quem você é.Se nossas mães e avós não forem heroínas, com voz no mundo, o feminismo estará preso apenas às jovens que lutam as batalhas.Vamos começar entusiasmando as meninas sobre a ideia de envelhecer e vamos fazer isso juntas, celebrar a idade que cada uma tem e mudar esse mundo ferrado.Por que você diz que as mulheres passam a vida como num pêndulo: ou não somos suficientes ou somos demais? A insegurança das mulheres passa pela ideia de que não somos inteligentes o suficiente.Sou convidada para vários programas na BBC e eles me pedem para falar sobre algo e eu digo, "bem, não sou especialista nesse assunto, então não vou".Pesquisas dizem que, quando os homens são chamados, eles falam: "Não sou de fato um especialista, mas eu vou".Nós só fazemos as coisas apenas se somos superqualificadas.E, no outro extremo, parece que ocupamos muito espaço, falando demais, exigindo demais.Queremos mais para nossas vidas e isso está deixando os outros com raiva, então sentimos que devemos nos tornar menores, mais humildes, mais educadas e não pedir tanto.Esses parecem ser os dois extremos entre os quais as mulheres se movem. E o centro é saber com calma quem você é. É a nossa aspiração.Em Como Ser Mulher você diz que uma das vantagens que temos é curtir a sexualidade. Porém, você alerta que a pornografia está passando uma ideia errada para os jovens sobre sexo... Em nosso desenvolvimento, desde o final da infância até a adolescência, há uma janela de 5 a 10 anos na qual adquirimos nossas fantasias e preferências sexuais.Se 94% dos jovens veem a pornografia de hoje, essa se torna sua ideia de sexo. É tão limitado e tão focado no prazer masculino que você quase nunca vê um orgasmo feminino. Não estamos falando de consentimento, pois sexo é algo que acontece com a mulher, algo que o homem fará com ela. É muito destrutivo, não é divertido, não é alegre, não é sobre duas pessoas fazendo algo juntas.Acho que essa é outra razão pela qual tantas meninas têm medo de se tornarem adultas, porque a sexualidade é uma grande parte disso. E se o sexo que as jovens assistem é pornografia, violência, ser esbofeteado, mordido e estrangulado, por que elas iriam querer fazer sexo e por que elas iriam querer crescer?Se é o que você gosta, tudo bem, mas me parece que a variedade que vemos não é suficiente, não é o que eu quero para minhas filhas. Isso não é sexo, é pornografia e precisamos ter essa conversa.Você também diz que a pornografia entrou dentro da nossa calcinha e impôs vaginas totalmente depiladas. Por que você defende os pelos pubianos e se define como uma "retrovaginal"? Acho suspeito que quase todas as jovens estejam tirando os pelos pubianos, coisa que só é vista nos vídeos pornôs, para que a câmera pudesse mostrar o que está acontecendo.Eu sou uma mulher da classe trabalhadora e a questão do dinheiro me deixa com raiva. As mulheres não deveriam pagar para ter uma vagina que você tem que depilar todos os meses. Vira um trabalho, um gasto e uma imposição.Há um programa no Reino Unido chamado Naked Attraction (Atração Nua) onde as pessoas têm encontros nuas. Quando os homens veem vaginas sem pelos, gostam dos pequenos lábios. Essa é a vagina considerada correta, limpa. Se uma mulher tem lábios mais longos ou lábios internos salientes, eles não vão sair com ela.A natureza nos deu pelos para cobrir nossas vaginas. Não quero que as meninas façam cirurgia para ter a vagina perfeita, é muito dinheiro e muita dor. Não gosto de nada que custe dinheiro às mulheres ou cause dor às mulheres.Unhas, cremes, depilação, tintura de cabelo, botox, tudo custa dinheiro... E eu odeio isso.Uma das melhores coisas que aconteceu é a mídia social, apesar da parte negativa, de ameaças e abusos.As contas do Instagram com mais seguidores são as de moças de todas as cores e tamanhos, tirando fotos de positividade do corpo, exibindo suas estrias e partes flácidas, suas axilas peludas e dizendo "ei, eu sou linda!".Dez anos atrás, havia a ideia de que o governo tinha que interferir nas redes sociais porque havia muitas meninas loiras, brancas e magras que estavam levando à anorexia outras jovens, que víamos como indefesas. Mas as mulheres resolvem seus próprios problemas se a elas é permitido que se comuniquem umas com as outras.É o que você tenta fazer quando conta que uma de suas filhas se sentia feia e depois enfrentou um distúrbio alimentar. Você acha que o problema estava relacionado justamente à "obrigação de ser bonita"? Uma das coisas que você tristemente aprende como mãe é que não importa o quão feminista ou positiva você seja, e o quanto você ame suas filhas, você é apenas uma voz e elas vivem no mundo. Você não pode protegê-las de uma idealização existente; neste caso, ser bonita e magra.Quando há um distúrbio alimentar, automutilação ou overdose de pílulas, as pessoas expõem fisicamente o quanto estão infelizes, porque não podem mais falar sobre isso. E dão o próximo passo, que é mostrar com suas cicatrizes a ansiedade e depressão.Eu não tinha percebido que minha fraqueza como mãe era ser brilhante em muitas coisas, mas sem tocar na tristeza. Eu tinha medo dela, porque meus pais nunca falavam dela, você tinha que se animar e continuar, sempre.Isso funcionou para mim, mas não para minha filha. Então eu tive que aprender a dizer a ela que não há problema em ficar triste, que podemos conversar sobre isso. E a resposta foi milhares de pais dizendo "obrigado por me mostrar como posso falar sobre isso".Você também muda o foco da sua filha sobre a beleza e diz para ela: "Não precisamos alcançar a beleza, precisamos admirar a beleza". Como você chegou a essa ideia? Quando me ocorreu aquela frase sobre a beleza estar nos olhos de quem vê e você é quem está olhando, fiquei tão feliz que fumei um cigarro e tirei o resto do dia de folga porque era a solução perfeita.Se você ainda pensa em si mesma como algo a ser observado para as pessoas determinarem se você é boa ou não, provavelmente se sentirá mal pelo resto da vida, porque não pode controlar isso.Você precisa encontrar uma maneira de estar no controle e poder dizer: o que é bonito? O que estou admirando?É por isso que as paredes dos quartos dos adolescentes, principalmente os das meninas, são tão interessantes. Coloque tudo o que você acha bonito nessas paredes, seja o responsável, faça seu próprio museu.O que os outros pensam você não pode mudar, é isso que você pensa, você é o diretor, não a estrela.Voltando às mulheres maduras, por que você diz a elas para expandir o corpo: "Levante-se! Não se desculpe! Relaxe a barriga", e as incentiva a usar todo o espaço que merecem? Nós literalmente precisamos estar orgulhosas.À medida que envelhecem, as mulheres se curvam, pedem desculpas e dizem "oh, eu sou tão chata". Então, quando você fala com elas e descobre o que elas fazem, elas são rainhas!Mas o mundo não vem para as mulheres de meia-idade e diz: vou fazer você feliz e se sentir bem consigo mesma.Se você começou a pensar que você é chata, que você é feia ou gorda, que seu corpo está errado, eu não vou deixar você pensar isso. Nós vamos nos apoiar, porque ninguém mais vai.Temos que concordar em ajudar umas às outras na comunidade feminina e apenas dizer uma à outra que você é incrível!Você também fala sobre a importância do sexo conjugal, ou sexo de manutenção, que no seu caso é toda sexta-feira às 9h. Por que tem que estar na agenda? Porque é uma das poucas coisas que você pode fazer que não custa dinheiro, não engorda e realmente relaxa; é uma coisa incrível e deliciosa que os adultos podem fazer.E quando você perde isso, está perdendo uma maneira muito eficaz de se sentir bem consigo mesma e de amar seu parceiro.Mas temos que agendar, porque estamos acostumados com o sexo jovem acontecendo espontaneamente. Quando você é mais velha, o sexo espontâneo é mais difícil porque está muito ocupada, então você precisa colocá-lo na programação.E depois de muita experimentação, por que você elogia o sexo clássico nessa fase? Se você quiser experimentar, é perfeito.Mas acho que muitas mulheres pensam "ah, não vou fazer sexo com meu marido porque vou levar duas horas e teremos que balançar nos lustres e usar roupas incríveis e criar um diálogo de filme". Mas não, não subestime a clássica sessão de dez minutos de sexo. É um clássico por uma razão. Se é o tempo que você tem, isso vai resolver.Por que seu próximo livro será sobre homens? Como eles podem ser convidados ao feminismo? As mulheres sabem o que o feminismo tem a oferecer. Se você tiver um problema em algum lugar, haverá uma feminista que lidará com isso e terá uma solução para você.Ao longo dos anos percebi que os homens não têm nada parecido. Não há rede que eles possam acessar.Os únicos que dão conselhos aos mais jovens costumam ser ativistas de extrema-direita, que dizem: você precisa ser mais masculino, as mulheres fazem você se sentir impotente, você tem que se afirmar e exercer poder sobre elas. Em vez de dizer a eles: você será mais poderoso se conversar melhor, se estiver confortável consigo mesmo, se obtiver as qualificações educacionais de que precisa, se conseguir o emprego que deseja.Muitos rapazes me dizem que é mais fácil ser uma moça do que um rapaz. E quando você pergunta por que, tudo se resume ao fato de que hoje as mulheres são retratadas como incríveis, como o futuro.Está ficando melhor ser mulher, porque as mulheres melhoraram, estão comemorando, se ajudam.O livro que quero escrever explica aos homens que eles precisam aprender a conversar uns com os outros sobre seus problemas. Se há coisas que você inveja nas mulheres, como compartilhar suas emoções, ser apegado aos seus filhos, vestir o que você quer, ser sexy e se celebrar, então faça isso, as mulheres não podem fazer isso por você.A primeira coisa que os homens devem ter em sua lista de tarefas é serem mais parecidos com as mulheres.Se você tem inveja das mulheres modernas, seja mais como elas. É o que fizemos há 150 anos. Olhamos para os homens e queremos ser como eles: queremos votar, obter educação, aproveitar o sexo e ser líderes mundiais. Nós roubamos todas essas coisas dos homens, venha roubar algumas coisas das mulheres, vamos lá!Este texto foi publicado originalmente aqui | 2022-09-01 11:32:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2022/09/sexo-de-dez-minutos-com-agenda-marcada-a-recomendacao-de-escritora-feminista-a-mulheres-ocupadas.shtml |
Leonardo DiCaprio fez fila andar? Conheça modelo de 22 anos que seria affair | Um mês antes de Leonardo DiCaprio, 47, terminar o namoro de quatro anos com Camila Morrone, 25, o astro de "Titanic" (1998) já havia sido fotografado ao lado da modelo ucraniana Maria Beregova, 22. Porém, segundo o Daily Mail, ambos podem não ser só colegas. Ela, agora, tem sido apontada como a possível pivô da recente separação do ator.Natural de Kiev, na Ucrânia, mas residente em Londres, na Inglaterra, Maria Beregova tem pouco mais de 40 mil seguidores nas redes sociais. Após abrir uma caixa de perguntas, confidenciou aos fãs que tem 1.75 metros e 51 quilos. Atualmente, a modelo trabalha na companhia farmacêutica da família. Beregova cresceu na Suíça e frequentou um internato privado. Mais De acordo com o Daily Mail, ela foi fotografada num iate com DiCaprio e amigos em 18 de julho. Ela se separou de um milionário empresário do universo imobiliário e já voltou com seu nome de solteira nas redes sociais antes da aproximação com o ator.Na internet, a modelo costuma publicar imagens de festas e locais paradisíacos, como uma viagem que fez para Saint-Tropez, onde conheceu o astro. Procurados pela publicação, nenhum dos dois quis falar sobre um possível namoro. Mas, caso ele seja confirmado, a teoria de que DiCaprio só namora jovens até 25 anos terá mais uma comprovação. | 2022-09-01 11:25:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/09/leonardo-dicaprio-fez-fila-andar-conheca-modelo-de-22-anos-que-seria-affair.shtml |
Bolsonaro divulga novo preço da gasolina logo após anúncio da Petrobras | Pouco depois de a Petrobras anunciar a redução do preço da gasolina nesta quinta (1º), o presidente Jair Bolsonaro (PL) usou as redes sociais para divulgar o novo preço do produto vendido pela estatal."Nova redução de preços da gasolina! A partir de amanhã, 02/09, o preço médio de venda de gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,53 para R$ 3,28 por litro, uma redução de mais R$ 0,25 por litro", escreveu dez minutos após o anúncio da empresa.Na quarta (31), em evento em Curitiba, o presidente já havia antecipado que acreditava que poderia haver novidades sobre o tema nesta semana."Hoje é quarta-feira, acho que até sexta-feira vai ter mais uma boa notícia, porque está sendo uma prática do novo presidente da Petrobras", disse em entrevista ao SBT.A redução segue outras três anunciadas pela petroleira desde meados de julho, quando teve início um ciclo de baixas do combustível, em decorrência de menores cotações globais do petróleo. Agora o combustível da estatal está no menor nível desde março. Mais | 2022-09-01 10:50:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/bolsonaro-divulga-novo-preco-da-gasolina-logo-apos-anuncio-da-petrobras.shtml |
Como a França usa inteligência artificial para achar piscinas secretas e arrecadar mais impostos | A descoberta de milhares de piscinas privadas escondidas na França deu um impulso inesperado à receita tributária do país europeu.Graças a um experimento usando inteligência artificial (IA), as autoridades fiscais francesas descobriram mais de 20 mil piscinas ocultas, que não haviam sido declaradas pelos donos dos imóveis.De acordo com a imprensa francesa, a descoberta permitiu a arrecadação extra de cerca de 10 milhões de euros (mais de R$ 50 milhões) em receita.Ter piscinas na França obriga os proprietários a pagar um imposto predial mais alto porque esse tipo de construção aumenta o valor da propriedade, razão pela qual elas devem ser declaradas ao tesouro, segundo a lei francesa.As 20 mil piscinas foram detectadas durante um teste em outubro de 2021, que utilizou um software desenvolvido pelo Google e pela consultoria francesa Capgemini com imagens aéreas de nove regiões do país.As regiões de Alpes-Maritimes, Var, Bouches-du-Rhône, Ardèche, Rhône, Haute-Savoie, Vendée, Maine-et-Loire e Morbihan fizeram parte do experimento.Agora, os funcionários do fisco francês asseguram que a estratégia pode ser implementada em todo o país.Em 2020, já existiam mais de 3,2 milhões de piscinas privadas na França, segundo dados da Federação dos Profissionais de Piscinas, e as vendas nesse setor já estavam em alta antes da pandemia de Covid-19.Com a chegada do coronavírus, houve um aumento ainda maior nas instalações de piscinas, à medida que as pessoas precisaram passar mais tempo em casa.De acordo com o jornal Le Parisien, para uma piscina média de 30 metros quadrados, é preciso pagar cerca de 200 euros (R$ 1 mil) ao fisco por ano.A Direção-Geral das Finanças Públicas (DGFiP) da França utilizou algoritmos específicos que permitiram extrair de imagens aéreas os contornos de piscinas e estruturas aquáticas nos terrenos. A partir daí, foi possível verificar quais áreas pagavam (ou não) os impostos estipulados.Os proprietários dos imóveis irregulares foram, então, convidados a regularizar a situação e a pagar o que deviam ao erário público.As autoridades fiscais dizem que o software também pode ser usado no futuro para encontrar extensões não declaradas de casas, como pátios, terraços ou coretos de jardim, fatores que também aumentam o valor do imposto sobre a propriedade."Nós visamos particularmente as extensões das casas, como os terraços", declarou Antoine Magnant, vice-diretor do DGFiP, ao Le Parisien."Precisamos ter certeza de que o software será capaz de encontrar edifícios com grandes superfícies, e não a casinha de cachorro ou um brinquedo das crianças", acrescentou.A mídia francesa informou que, no momento, o software com inteligência artificial configurado para identificar as piscinas ainda não consegue encontrar extensões residenciais com a mesma exatidão."Como você pode ter certeza de que uma mancha retangular preta, vista do céu, é um terraço e não uma lona colocada no chão?", questiona o Le Parisien.A mão pesada do governo francês contra as piscinas não declaradas ocorre depois que Julien Bayou, secretário-geral do partido ambientalista Europa Ecology - The Greens e parlamentar para a região de Île-de-France, não descartou implementar uma proibição de novas piscinas privadas.Falando ao canal BFMTV, Bayou afirmou que a França precisa de uma "relação diferente com a água" e que o veto à construção de novas piscinas seria um "último recurso"."O desafio não é proibir as piscinas, mas garantir nossas necessidades vitais de água", acrescentou.Os comentários ganham ainda mais relevância num momento em que a França passa pela pior seca já registrada, na qual mais de cem municípios ficaram sem água potável.Em julho, o país teve apenas 9,7 milímetros de chuva - trata-se do mês mais seco desde março de 1961, de acordo com o Meteo-France, o serviço meteorológico nacional.A crise é tão grave que a irrigação foi proibida no noroeste e no sudeste do país para tentar economizar água.A França é o segundo país com mais piscinas per capita do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. E esse mercado no país está em franca expansão por lá.Apenas em 2021, os franceses construíram quase 244 mil piscinas, segundo a Federação de Profissionais de Piscinas.Este texto foi publicado originalmente aqui. | 2022-09-01 11:26:00 | tec | Tecnologia | https://www1.folha.uol.com.br/tec/2022/09/como-a-franca-usa-inteligencia-artificial-para-achar-piscinas-secretas-e-arrecadar-mais-impostos.shtml |
Ministério da Justiça manda 33 empresas suspenderem venda de cigarro eletrônico | O Ministério da Justiça determinou que 33 empresas suspendam a venda de cigarros eletrônicos. Pela decisão, os estabelecimentos listados devem parar de comercializar o produto em 48 horas sob pena de multa de R$ 5.000 por dia.A medida da Secretaria Nacional do Consumidor, que é vinculada ao ministério, foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (1º). O órgão afirma que a "comercialização, importação e propaganda" dos cigarros eletrônicos são proibidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2009.De acordo com a secretaria, a venda de cigarro eletrônico é "proibida pela legislação sanitária e não atende às certificações dos órgãos competentes de segurança para serem comercializadas". A ordem foi dada a empresas que vão desde tabacarias a grandes sites de compra e venda na internet.Na decisão, a pasta cita a "venda de produtos em lojas regulares, com aparência de legalidade" e "riscos à vida e à saúde do consumidor". Menciona, ainda, o "aumento exponencial da comercialização e consumo dos produtos pelo público jovem".Em julho deste ano, Anvisa manteve a proibição de comercialização do produto no Brasil. Na ocasião, relatório técnico aprovado pela agência indicou a necessidade de adoção de medidas adicionais para coibir o comércio irregular destes produtos, tais como o aumento das ações de fiscalização e a realização de campanhas educativas. A diretoria colegiada da Anvisa ainda vai discutir a proposta normativa e definir se abrirá ou não consulta pública. O relatório está sendo elaborado pelo diretor-presidente, Antônio Barra Torres. A agência não deu estimativa de data.Mesmo proibidos, esses dispositivos são facilmente encontrados no comércio popular ou podem ser comprados pela internet.Para especialistas em tabagismo e mercado do tabaco ouvidos pela Folha, a medida do Ministério da Justiça, mesmo com a aplicação de multa, não será suficiente para coibir a comercialização desses dispositivos. Para eles, a medida é positiva, mas é preciso integrá-la a outras estratégias.Para a psiquiatra Alessandra Diehl, presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), a sensação de impunidade daqueles que comercializam "é a razão número um para a continuidade desses produtos no mercado".Ela destaca o crescimento da venda dos aparelhos especialmente entre os jovens e teme que os produtos destruam estratégias de sucesso que transformaram o Brasil em um exemplo mundial de redução do tabagismo –a prevalência de consumo de cigarros entre adultos brasileiros caiu de 35% em 1989 para 10,4% em 2015, segundo a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde)."É uma redução imensa e não foi à toa. Agora, com os DEFs [nome técnico dos cigarros eletrônicos], temos várias mentiras sendo propagadas, entre as quais que esses produtos não estão ligados a prejuízos. Muitos adolescentes começam a usar porque ouviram de um influencer que é menos danoso, mas os estudos mostram uma série de problemas, incluindo doenças cardiovasculares e câncer", alerta. Mais Segundo entidades médicas, além de não haver evidências científicas de que esses dispositivos ajudem no tratamento da dependência química da nicotina, eles provocam o mesmo processo inflamatório no aparelho respiratório e cardíaco dos cigarros convencionais, que levam a hipertensão, aterosclerose, infarto e morte.Silvana Turci, pesquisadora do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Fiocruz e organizadora do livro "Luta contra o Tabaco no Brasil: 40 anos de história," aponta que uma das estratégias mais importantes no combate ao fumo, a proibição da publicidade, está em xeque no caso dos cigarros eletrônicos por causa da divulgação nas redes sociais."Só a ação do Ministério da Justiça não vai provocar a conscientização da população. Uma política de saúde pública só tem impacto quando a população entende por que ela existe, por que é importante. Precisamos de um trabalho conjunto do Ministério da Saúde, do Ministério da Educação e da mídia para que a população comece a entender os danos do cigarro eletrônico", afirma.A pesquisadora lista ainda como medidas para coibir os dispositivos a atuação dos setores de inteligência das forças policiais, a valorização da Conicq (Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco e de seus Protocolos) e o papel das escolas, fundamental também para o médico cancerologista Drauzio Varella, colunista da Folha, que tem trabalhado para alertar a população dos danos à saúde causados pelos dispositivos."Na minha época, começávamos a fumar achando que era só fumaça e agora é exatamente a mesma coisa. Os jovens acham que é só fumaça com cheiro, quando na verdade estão consumindo até mais nicotina. Estão viciando as crianças, estamos voltando a ter uma geração viciada", lamenta.Em nota, a Abifumo (Associação Brasileira da Indústria do Fumo) afirma que "ações dessa natureza são importantes, pois reforçam o combate ao contrabando e ao comércio ilegal, atividades criminosas que lesam a sociedade brasileira". A entidade critica a falta de regulamentação no país para a comercialização e diz que aguarda a revisão da proibição desses dispositivos pela Anvisa.A Folha entrou em contato por email com todas as empresas citadas no Diário Oficial para buscar um posicionamento sobre a medida, mas apenas a Cristiano Ronaldo Estormovski respondeu.A empresa afirma que já encerrou as atividades há alguns meses, "tanto que nosso site nem tinha opção de compra, só estava no ar". Os representantes disseram que os perfis da empresa no portal Google Meu Negócio e em outras redes já foram desativados.A gerente-geral de Registro e Fiscalização de Produtos Fumígenos Derivados ou Não do Tabaco da Anvisa, Stefania Schimaneski Piras, reconheceu nesta quinta que a proibição da agência não está sendo plenamente seguida, mas minimizou o alcance dos dispositivos no país. "Em cidades grandes, nós encontramos esses dispositivos, mas, quando a gente avalia a prevalência no Brasil, ela ainda é muito menor do que nos países onde eles simplesmente entraram ou foram liberados. Ainda que exista a comercialização, o que nós podemos dizer é que a prevalência é baixa", disse à Folha.Para ela, é também importante aplicar medidas não normativas para tentar coibir o uso. "Ou seja, informar a população. Difundir que o dispositivo é proibido porque tem malefícios associados, porque tem toxicidade, porque causa iniciação [ao tabaco]." Schimaneski afirmou que os próximos passos da Anvisa sobre o tema "estarão baseados na deliberação que ocorreu em julho", pela proibição. Ela disse ainda que a agência tem usado ferramentas de inteligência para retirar anúncios e tentar coibir o comércio eletrônico. | 2022-09-01 10:06:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/09/ministerio-da-justica-manda-33-empresas-suspenderem-venda-de-cigarro-eletronico.shtml |
Pelé terá de fazer novo teste de paternidade após ação judicial | Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, 81, terá de fazer um teste de paternidade após Maria do Socorro Azevedo entrar na Justiça e ter seu pedido concedido na Defensoria Pública do Estado de São Paulo. A decisão foi proferida no último dia 18 segundo documento concedido ao F5.Para isso, o ex-atleta não precisará sair de casa e agora cabe ao IMESC (Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo) determinar a data e hora para a realização da coleta genética. Procurado por meio de suas redes sociais, Pelé, que ainda não foi citado oficialmente no processo, não se pronunciou.No quesito relacionamentos, Pelé sempre foi um dos mais namoradores. Em 1963, aos 23 anos, o então jogador do Santos Futebol Clube teve um rápido relacionamento com Anísia Machado e com ela teve uma filha de nome Sandra que ele não reconhecia, mas que após exame de DNA, em 1996, conseguiu ter o nome do pai. Sandra morreu em 2006 de câncer, e Anísia em 2014. Mais Em 1966, quando tinha 26 anos, se casou pela primeira vez com Rosemari de Reis Cholbicon, com quem teve três filhos. A relação, porém, chegou ao fim em meados de 1980. Entre 1981 e 1986, o ex-jogador teve um relacionamento com Xuxa Meneghel. Ela tinha apenas 18 anos e ele 41.No início da década de 1990, começou a namorar a cantora gospel Assiria Lemos Seixas. Com ela Pelé se casou em 1994 e teve os gêmeos Celeste e Joshua. O casamento acabou em 2008.Em 2002, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, assumiu a paternidade de Flávia Cristina Kurtz, na época com 34 anos, que nasceu em Porto Alegre (RS) de um relacionamento do ex-jogador com uma estudante de jornalismo em 1968, Lenita Kurtz. A paternidade foi revelada por Helio Viana, ex-sócio de Pelé, à revista Isto É Gente daquele ano. O ex-futebolista conheceu a filha em 1994, mas só resolveu fazer a revelação no início dos anos 2000.E foi durante uma viagem para Nova York, em 2010, que Pelé conheceu Marcia Cible Aoki. O casamento aconteceu só seis anos depois, em 2016. Ambos estavam juntos até hoje. | 2022-09-01 10:23:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/09/pele-tera-de-fazer-novo-teste-de-paternidade-apos-acao-judicial.shtml |
Herdeira da Basf diz que não vai rejeitar fortuna da família | Durou pouco o sonho de ver uma bilionária se negando a receber herança. Diferentemente do anunciado em agosto, Marlene Engelhorn, 29, herdeira da empresa alemã Basf, nunca disse que renunciaria a esse dinheiro."Meios de comunicação espanhóis e italianos espalharam uma grande quantidade de declarações falsas nas últimas semanas", disse à Folha Lorena Sendic Silvera, diretora da ONG Tax Me Now (Taxe-me Agora), criada por Engelhorn no ano passado para lutar por impostos mais altos para grandes fortunas.Manchetes como "Jovem rejeita herança de € 4 bilhões (R$ 21 bilhões). Por que?" ou "A herdeira que rejeitou € 4 bi: 'Eu não quero ser rica'", que rodaram o mundo no início de agosto, têm outra incorreção. Engelhorn diz que sua herança é um valor de dois dígitos de milhões de euros, ou seja, qualquer coisa entre € 10 milhões (R$ 52 milhões) e € 99 milhões (R$ 514 milhões).Segundo Silvera, Engelhorn não pode dar entrevistas agora por causa de sua agenda ocupadíssima. Mas ela enfim falou com um jornal sobre o assunto, o diário espanhol Ara, que publica notícias principalmente em catalão."Vou herdar um valor de dois dígitos de milhões de euros e eu não vou recusar", disse a jovem austríaca. "Eu gostaria de poder redistribuir pelo menos 90%, se possível através de taxas. Se não, encontrarei uma outra maneira."Ela explicou que quando viu aquelas manchetes com seu nome não entendeu nada. Literalmente, pois não fala italiano nem espanhol. Leu tudo por meio do Google Tradutor e não entendeu de onde saiu a notícia com declarações falsas atribuídas a ela.Marlene Engelhorn é descendente de Friedrich Engelhorn, alemão que em 1865 fundou a companhia química Basf (o nome significa Fábrica Badense de Bicarbonato de Sódio e Anlilina). Hoje a fortuna está nas mãos da avó de Marlene, chamada Traudl Engelhorn. É Traudl que figura na 687ª posição da lista de mais ricos da Forbes, com os tais € 4,2 bilhões. Mais Após a morte de Traudl, o dinheiro será dividido por diversas pessoas da família, cabendo a Marlene os anunciados dois dígitos de milhões. Ela conta que soube disso em uma reunião familiar. "Eu sabia que era rica, mas aí eu fiquei com raiva e não entendia por quê. Eu queria falar sobre o assunto e ao mesmo tempo queria esconder isso das pessoas. Eu não queria esse dinheiro, não me parecia justo.""Eu cresci numa enorme mansão", diz ela, que se sentia como um cavalo com antolhos, aquele acessório que se coloca na cabeça de animal para limitar sua visão e forçá-lo a olhar apenas para a frente."Privilégios são exatamente assim; você não vê o quanto tem". Buscando fugir dessa visão limitada, a moça resolveu estudar literatura alemã em uma universidade. Foi quando teve contato com pessoas fora de seu círculo e entendeu que a forma como foi criada, assim como o dinheiro de sua família, estavam longe de ser normais.Então, em fevereiro de 2021, ela se tornou ativista ao assinar uma carta aberta, ao lado de outros 60 milionários desconfortáveis, contra a baixa taxação de sua fortuna. No site do Tax Me Now, ela explica que na Alemanha os 10% mais ricos possuem 62% dos ativos do país, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 3,4%. Já na Áustria, 1% da população possui 40% da riqueza. Em carta divulgada em Davos, grupo diz que sistema tributário é injusto na maior parte do mundo"Quando você é super-rico é porque nasceu assim, e geralmente é dinheiro sujo. Nenhuma fortuna é limpa", acredita. Engelhorn pode estar se referindo ao fato de a Basf, assim como a maioria das grandes empresas alemãs, ter se associado ao nazismo e se beneficiado com crimes contra a humanidade. Após a Segunda Guerra (1939-1945), o conglomerado do qual a Basf fazia parte na época teve 13 executivos sentenciados a penas de 1 e 8 anos de prisão pelo tribunal de Nuremberg.Ao final, Engelhorn admite que seria bom se fosse verdade sobre a herança de € 4 bilhões. Mas apenas porque, se assim fosse, ela poderia redistribuir muito mais riqueza. | 2022-09-01 10:34:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/herdeira-da-basf-diz-que-nao-vai-rejeitar-fortuna-da-familia.shtml |
Setor de serviços cresce 1,3% com reabertura e estímulos de FGTS e INSS | O setor de serviços cresceu 1,3% no Brasil no segundo trimestre de 2022, frente aos três meses imediatamente anteriores, informou nesta quinta-feira (1º) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).O resultado é reflexo de fatores como a continuidade da retomada dos serviços presenciais, melhora no mercado de trabalho, medidas de estímulo (FGTS e antecipação do INSS) e crescimento do crédito, segundo o IBGE. A alta da inflação no período e o aumento dos juros jogaram no sentido contrário.Os serviços formam o principal setor do PIB (Produto Interno Bruto) pela ótica da oferta, com peso de cerca de 70%. No segundo trimestre deste ano, o PIB cresceu 1,2% em relação ao trimestre anterior.O ramo de serviços vai de pequenos comércios, bares e restaurantes a instituições financeiras e de ensino. Também é o principal empregador no país.Dentro dos serviços, outras atividades de serviços (3,3%), transportes (3,0%) e informação e comunicação (2,9%) puxaram a alta. Em outras atividades de serviços, estão os serviços presenciais, que estavam represados durante a pandemia.Restaurantes e hotéis fazem parte da lista, afirma a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Com o resultado, o segmento de outras atividades de serviços está 4,4% acima do patamar pré-pandemia.Além da demanda reprimida, medidas de estímulo adotadas pelo governo federal às vésperas das eleições também respingaram no setor, conforme analistas.Liberação de saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e antecipação do 13º de aposentados estão entre as ações registradas no segundo trimestre que ajudaram a puxar o crescimento do PIB.A recuperação de serviços, contudo, encontra ameaças no cenário dos próximos meses. A inflação ainda afeta os preços do setor, e os juros mais altos jogam contra o consumo. Na indústria, a alta foi de 2,2%. Trata-se do segundo resultado positivo consecutivo do setor, após queda de 0,9% no quarto trimestre do ano passado.O instituto destaca os desempenhos positivos de 3,1% na atividade de eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos. Também ficaram acima da variação do PIB os crescimentos de 2,7% na construção, de 2,2% nas indústrias extrativas e de 1,7% nas indústrias de transformação.Parte das fábricas ainda enfrenta escassez de insumos, um quadro influenciado pelo desajuste das cadeias produtivas na pandemia. A alta dos preços de matérias-primas também desafia o segmento industrial. Mais A agropecuária, terceiro dos grandes setores do PIB pela ótica da oferta, variou 0,5% no segundo trimestre deste ano.Preços de commodities agrícolas subiram no mercado internacional após o início da Guerra da Ucrânia, em fevereiro. No entanto, as cotações deram sinais de trégua nos últimos meses, em meio a projeções de desaceleração da economia global.A agropecuária também foi afetada neste ano pela seca em regiões produtoras como o Sul. Apesar dos efeitos climáticos negativos, a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar o recorde de 263,4 milhões de toneladas em 2022, conforme estimativa de julho do IBGE. | 2022-09-01 09:08:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/setor-de-servicos-o-principal-do-pib-cresce-13-no-segundo-trimestre.shtml |
Polícia apura remoção de cabos para venda de 'internet do tráfico' no Rio | Técnicos de operadoras de telecomunicações precisaram de escolta policial para reparar a rede de cabos que foi danificada há dez dias no conjunto habitacional do Ipase (Instituto de Previdência e Aposentadoria dos Servidores do Estado), na Vila Kosmos, zona norte do Rio de Janeiro.Traficantes que passaram a dominar a região em agosto foram os responsáveis, segundo a polícia, por remover a rede de fios. O objetivo, de acordo com as autoridades, é coagir os moradores a assinarem um plano de internet comandado pelo tráfico. A Polícia Civil investiga a ação.Policiais militares do 41° Batalhão (Irajá) fizeram na última terça-feira (30) uma operação nas favelas ao redor do conjunto e apoiaram operadores de internet e TV por assinatura durante o restabelecimento dos serviços. Durante a manhã, enquanto técnicos trocavam os fios, houve tiroteio na região.O corte dos fios dos postes aconteceu no último dia 19, quando, segundo testemunhas, homens encapuzados entraram no conjunto para danificar os cabos.Desde então, a maior parte dos clientes ficou sem internet e, segundo moradores, apenas uma empresa consegue atuar na região. As demais dizem não há segurança para efetuar os reparos.Segundo um morador ouvido pela reportagem, que pediu o anonimato, no dia 23, quando uma das empresas prestadoras de serviço avisou quanto ao corte de cabos, foi comunicado que funcionários estariam impedidos por criminosos de entrarem no bairro.Outro vizinho, que também preferiu não se identificar, disse que há moradores se mudando do bairro por medo após o corte de cabos.A Conexis, entidade que reúne empresas de telefonia, estima que o Rio de Janeiro teve 504,1 mil metros de cabos de telecomunicação furtados ou roubados em 2021. O estado é o terceiro com mais registros no país, atrás de São Paulo e Paraná."Em algumas cidades o problema do roubo e vandalismo de cabos, geradores, baterias, entre outros equipamentos, se soma ao bloqueio de acesso das equipes das prestadoras para a manutenção de seus equipamentos, usados para a prestação do serviço. As operadoras ficam sem acesso aos equipamentos e impedidas de dar a manutenção necessária à prestação do serviço", disse o sindicato.Fundado como um complexo habitacional para servidores do estado do Rio de Janeiro, o Ipase fica localizado em uma área de disputa entre traficantes e milicianos. Segundo os moradores, criminosos rivais estão em confronto para dominar as atividades ilícitas da região, como a exploração de TVs por assinatura ilegais, gás e internet. | 2022-09-01 10:00:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/09/policia-apura-remocao-de-cabos-para-venda-de-internet-do-trafico-no-rio.shtml |
Amazônia tem agosto com mais queimadas desde 2010 | A Amazônia teve o mês de agosto com mais queimadas desde 2010. Nos 31 dias do mês foram registrados 33.116 focos de queimadas, apontam dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).Trata-se, consequentemente, do agosto com mais queimadas sob Jair Bolsonaro (PL). Todos os agostos do atual governo superaram os dados da última década de fogo, com exceção de 2010, que teve 45.018 focos de calor.Os quatro agostos do governo Bolsonaro somam 121.383 focos de queimada na Amazônia. Os agostos de 2011 a 2018 somam 128.722 focos de calor.Alguns dias do mês já apontavam que esse agosto poderia ter dados mais elevados do que os de costume. No dia 22 foi registrado o maior valor para o mês de agosto em duas décadas: 3.358 focos de queimada.Quatorze dias do mês tiveram registros de mais de 1.000 queimadas, com três dias acima de 2.000 focos -entre eles o dia 22.Usualmente, os meses de agosto e setembro são os mais críticos para queimadas na Amazônia. Trata-se de um espaço de tempo parte do período seco do bioma.E, além do período seco, por que as queimadas se concentram nesse período, considerando que a Amazônia é um bioma úmido e não pega fogo sozinha?A resposta é desmatamento. A derrubada de floresta e as queimadas são intimamente ligadas. Em linhas gerais, os desmatadores derrubam a mata, deixam que ela seque no solo e esperam até o período seco do bioma amazônico para queimar a matéria orgânica derrubada, como forma de "limpar" a área. Mais Com os dados constantemente elevados de desmatamento na Amazônia, é de se esperar que as queimadas sejam significativas.Se as queimadas já foram significativas neste agosto, poderiam ter sido ainda piores. Uma operação em Mato Grosso impediu um novo "dia do fogo", que estava sendo arquitetado por proprietários de terras em Colniza, uma das cidades com maiores números de queimadas no país.Em nota sobre os novos números, o WWF-Brasil fala que as queimadas estão fora de controle desde o início da "política de desmantelamento dos sistemas federais de proteção ambiental que marca a gestão de Jair Bolsonaro"."Os incêndios não surgem de forma espontânea no bioma e sua ocorrência está sempre associada a ações humanas - em especial ao desmatamento e à degradação florestal", afirma, em nota, Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil.O Greenpeace lembrou que, desde 23 de junho, o uso do fogo na Amazônia e no Pantanal está proibido. Em nota, a ONG afirma que o número alarmante mostra que não há uma política séria de combate a desmate e queimadas na Amazônia.O Greenpeace aponta que 43% das queimadas em agosto na Amazônia ficaram concentradas em somente dez municípios, cinco dos quais na região conhecida como Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia), uma nova fronteira de expansão e de desmatamento no bioma. A ONG também aponta que quase 14% dos focos de calor foram registrados em Unidades de Conservação e cerca de 6%, em Terras Indígenas. | 2022-09-01 09:40:00 | ambiente | Meio Ambiente | https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/09/amazonia-tem-agosto-com-mais-queimadas-desde-2010.shtml |
Consumo das famílias sobe 2,6% no segundo trimestre | O consumo das famílias, motor do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, cresceu 2,6% no segundo trimestre de 2022, em relação aos três meses imediatamente anteriores. O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).Já o consumo do governo recuou 0,9%. Os investimentos na economia subiram 4,8%. O PIB total, por sua vez, cresceu 1,2% no segundo trimestre no Brasil.O consumo das famílias é o principal componente do PIB sob a ótica da demanda –ou seja, dos gastos com bens e serviços. Responde por cerca de 60% do cálculo do indicador."A alta do consumo das famílias está relacionada à volta do crescimento dos serviços prestados às famílias, em decorrência dos serviços presenciais que estão com a demanda represada na pandemia", disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Segundo ela, também houve impacto do crescimento do comércio, da melhora do mercado de trabalho, da liberação dos saques emergenciais do FGTS e da antecipação do 13º de aposentados e pensionistas do INSS. "Tudo isso impactou o consumo, apesar do aumento da inflação e dos juros", afirmou Palis. O IBGE também informou nesta quinta que os investimentos produtivos na economia brasileira, medidos pelo indicador de FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), subiram 4,8% de abril a junho, em relação aos três meses imediatamente anteriores. A taxa de investimento foi de 18,7% do PIB no segundo trimestre.Segundo Palis, o avanço dos investimentos está ligado aos ramos da construção e de informação e comunicação."Nessa última atividade, o desempenho positivo está especialmente relacionado ao desenvolvimento de software. Essa é uma das atividades que foram menos impactadas pelos efeitos da pandemia, assim como o setor financeiro, a agropecuária e a indústria extrativa."A pesquisadora mencionou que anos eleitorais, como é o caso de 2022, costumam estimular a construção. "Tem obras públicas acontecendo. É um ano que favorece essa indústria."Palis também indicou que, após sentir o baque da Operação Lava Jato, a construção vem tentando uma retomada no país. O setor está 12,5% acima do patamar pré-pandemia, mas ainda registra nível 23,7% abaixo do pico da série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.O PIB sob a ótica da demanda contempla ainda exportações, importações e consumo do governo.As exportações caíram 2,5% no segundo trimestre, frente aos três meses imediatamente anteriores. Em parte, a baixa está associada às perdas nas lavouras de soja. O produto foi prejudicado pelo clima adverso neste ano, indicou o IBGE.O setor externo também foi afetado pela Guerra da Ucrânia e pelas restrições adotadas pela China para frear casos de coronavírus. O país asiático é tradicional destino dos embarques brasileiros. Mais As importações, por outro lado, avançaram 7,6%. Palis sinalizou que o fornecimento de insumos para setores como a indústria teve melhora, embora ainda existam gargalos decorrentes do desajuste causado pela pandemia nas cadeias produtivas globais.O recuo de 0,9% no consumo do governo, segundo o IBGE, pode ser associado a gastos menores com compra de vacinas, após uma procura mais aquecida pelos imunizantes na largada do ano. | 2022-09-01 09:17:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/consumo-das-familias-sobe-26-no-segundo-trimestre.shtml |
Economia do Brasil surpreende e cresce 1,2% no 2º trimestre; mercado revisa projeções | O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022, em relação aos três meses imediatamente anteriores, acima das expectativas dos analistas consultados pela agência Bloomberg, de 0,9%.Esse foi o quarto resultado positivo seguido, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O desempenho foi impactado principalmente pelo setor de serviços. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias e os investimentos também surpreenderam.Com o novo resultado, o PIB ficou 3% acima do nível pré-pandemia, mas ainda está 0,3% abaixo do recorde da série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.O crescimento acima do esperado provocou uma onda de revisões nas estimativas para este ano. As projeções agora indicam uma alta próxima a 3% no acumulado de 2022. A previsão mais recente do boletim Focus, publicado pelo BC (Banco Central), era de crescimento de 2,10%.Os resultados dos seis primeiros meses já garantem um avanço de 2,6% para o ano, caso a economia fique estável no segundo semestre –a chamada herança estatística.A expectativa, porém, é de uma desaceleração nos seis últimos meses do ano, mesmo com os estímulos adotados pelo governo federal para o período eleitoral. Há divergências entre os analistas em relação ao tamanho da perda de fôlego.O PIB mede a produção de bens e serviços no país a cada trimestre. O avanço do indicador é usualmente chamado de crescimento econômico.O período de abril a junho de 2022 ainda mostrou reflexos da reabertura de atividades após as restrições na pandemia. Com o aumento da circulação de pessoas e a volta de negócios presenciais, houve impulso para o setor de serviços, o principal do PIB, com alta de 1,3% de abril a junho.A indústria cresceu 2,2%. É a taxa mais elevada desde o terceiro trimestre de 2020 (14,7%), quando o setor começava a se recuperar da pandemia e apresentava uma base de comparação depreciada, apontou o IBGE. A agropecuária subiu 0,5% no segundo trimestre.Os serviços representam 70% da economia. Portanto, têm um impacto maior nesse resultado, segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. Dentro do setor, destacaram-se as outras atividades de serviços, aquelas presenciais, que estavam represadas durante a pandemia, como restaurantes e hotéis. O consumo das famílias cresceu 2,6% de abril a junho. Os investimentos na economia, medidos pelo indicador de FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), aumentaram 4,8%."A alta do consumo está relacionada à volta do crescimento dos serviços prestados às famílias, em decorrência dos serviços presenciais que estão com a demanda represada na pandemia", disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.Segundo ela, também houve impacto do crescimento do comércio, da melhora do mercado de trabalho, da liberação dos saques emergenciais do FGTS e da antecipação do 13º de aposentados e pensionistas do INSS. "Tudo isso impactou o consumo, apesar do aumento da inflação e dos juros", afirmou Palis.Em um ambiente marcado pela pressão inflacionária, o governo Jair Bolsonaro (PL) apostou na liberação de recursos para tentar atenuar a perda do poder de compra dos brasileiros às vésperas das eleições."É um bom resultado. Não há dúvida. A questão é: continuar com esse crescimento é muito difícil", analisa o economista Claudio Considera, coordenador de contas nacionais do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).O Bank of America elevou a projeção para o PIB deste ano de 2,5% para 3,25%. Para 2023, manteve o crescimento de 0,9%. Segundo a instituição, as medidas para baratear os combustíveis e o aumento do Auxílio Brasil devem ter grande influência positiva nos resultados deste semestre, enquanto a desaceleração global e os efeitos defasados do aumento dos juros no Brasil ajudam a frear a atividade.O Goldman Sachs revisou a projeção de 2,2% para 2,9%. Os cortes recentes nos impostos e o pacote de benefícios acima teto de gastos devem adicionar aproximadamente 0,7% do PIB em estímulo fiscal neste ano. Por outro lado, uma inflação ainda elevada, juros altos, desaceleração da economia global e incerteza política "provavelmente adicionarão ventos contrários" à atividade, diz o banco. Mais A previsão do Itaú Unibanco de 2,2% deve caminhar para algo entre 2,5% e 3%, afirma a economista Natália Cotarelli. De acordo com ela, o PIB deve mostrar perda de fôlego ao longo do segundo semestre, sob efeito dos juros mais altos, que jogam contra a recuperação do consumo."Não mudou muito a perspectiva para o segundo semestre. A gente espera uma desaceleração da economia, o PIB andando de lado", aponta. Por ora, o Itaú Unibanco prevê leve alta de 0,2% em 2023.A projeção da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é de 2,6% para este ano, mas apenas 0,2% no próximo. A entidade afirma que a forte expansão fiscal no começo de 2022 contrabalançou os efeitos negativos do elevado patamar da taxa de juros."O primeiro semestre pode ter sido o melhor momento da economia brasileira no ano. O segundo semestre não deverá repetir o mesmo dinamismo", diz a entidade, em nota.Laiz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, afirma esperar um crescimento próximo de 1% para o terceiro trimestre. Ela diz que o grande destaque do trimestre passado foi a recuperação do setor de serviços acima do esperado, com a contribuição também de transferências temporárias maiores para a população."No terceiro trimestre tem o Auxílio Brasil maior e os vouchers para motoristas. A perspectiva é que essas transferências ajudem, e o PIB do trimestre também seja bastante positivo."Rodrigo Sodré, economista e sócio do escritório de investimentos BRA, destaca que a alta no segundo trimestre veio em linha com fatores como o aumento da geração de vagas de trabalho. Ele avalia que medidas como o Auxílio Brasil tendem a estimular a atividade no segundo semestre, mas chama atenção para os riscos existentes no cenário."É preciso estar atento nos próximos trimestres às consequências do aperto monetário e da desaceleração da economia global. Além disso, o nível de endividamento das famílias está em um patamar bastante elevado (o que pode frear o consumo), não haverá a injeção na economia do 13° dos aposentados e servidores e a contribuição positiva da reabertura pode começar a ser absorvida e normalizada pela economia", indicou em relatório.Na visão de Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, a atividade econômica mostra desempenho mais forte do que o esperado inicialmente. Diante desse quadro, a instituição também elevou a projeção para o PIB deste ano, de 2,2% para 2,8%.Para 2023, a expectativa, porém, é de um recuo de 0,4%. A previsão anterior era de baixa de 0,5%.No terceiro trimestre, espera-se impacto dos recentes cortes de tributos, além dos efeitos da ampliação de benefícios sociais às vésperas das eleições. A inflação, porém, ainda mostra sinais de persistência e encarece produtos como alimentos, que pesam mais no bolso da população pobre.Isso dificulta uma sensação de melhora econômica para parte dos brasileiros, mesmo com o desempenho positivo do PIB, diz a economista Vívian Almeida, professora do Ibmec-RJ."Não podemos desconsiderar as boas notícias, como a do PIB. Mas ter a renda comprando menos do que em outros períodos é uma questão importante para a população", aponta.Até a virada do ano, analistas projetam reflexos mais intensos da alta dos juros na economia. A elevação da taxa básica (Selic), atualmente em 13,75%, desafia a recuperação do consumo. Outro risco vem dos sinais de perda de fôlego da economia global.Não à toa, o mercado financeiro projeta um avanço mais tímido para o PIB brasileiro em 2023. A alta prevista para o acumulado é de 0,37%, indica o boletim Focus.A divulgação do PIB nesta quinta é a última antes das eleições de outubro. O desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre só deve ser conhecido em 1º de dezembro.Em valores correntes, o PIB no segundo trimestre totalizou R$ 2,4 trilhões. O IBGE revisou os resultados do segundo trimestre de 2021, do quarto de 2021 e do primeiro de 2022.Os dados divulgados anteriormente haviam sido estimados em -0,2%, 0,7% e 1%. Com as revisões, passaram para -0,3%, 0,8% e 1,1%, respectivamente.Em relação ao segundo trimestre de 2021, o PIB teve crescimento de 3,2%. Nessa base de comparação, analistas também projetavam avanço menor, de 2,8%, de acordo com a Bloomberg.Produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando. Esses são alguns dos componentes do PIB, calculado pelo IBGE, de acordo com padrões internacionais.O objetivo é medir a produção de bens e serviços no país em determinado período.O indicador mostra quem produz, quem consome e a renda gerada a partir dessa produção. O crescimento do PIB (descontada a inflação) é frequentemente chamado de crescimento econômico.O levantamento é apresentado pela ótica da oferta (o que é produzido) e da demanda (como esses produtos e serviços são consumidos). O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período em questão. | 2022-09-01 09:01:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/pib-cresce-12-no-segundo-trimestre-no-brasil.shtml |
Veja o comportamento do PIB de diversos países no 2º trimestre de 2022 | Um levantamento com 33 países que já divulgaram dados para o PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre de 2022 mostra que o crescimento médio dessas economias foi de 0,5%, segundo dados disponibilizados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).São 24 países com crescimento, 2 com estabilidade e 7 com retração, na comparação com o trimestre anterior. O PIB do Brasil cresceu 1,2% no segundo trimestre em relação ao anterior, de acordo com informação divulgada nesta quinta-feira (1º) pelo IBGE.Holanda, Romênia, Croácia, Arábia Saudita e Israel estão entre os que mais cresceram no trimestre passado. Portugal, Lituânia, Letônia, Polônia e China ficam na lanterna desse ranking.O PIB da China teve forte desaceleração no trimestre. A atividade industrial e os gastos dos consumidores foram afetados por lockdowns generalizados para conter os casos recordes de Covid-19. No primeiro semestre, o PIB cresceu 2,5%, muito abaixo da meta do governo de 5,5% para este ano. O continente europeu está nas duas pontas do ranking. O crescimento na zona do euro foi de 0,7%. Os economistas esperavam desaceleração após o crescimento de 0,5% em janeiro-março, mas a atividade permaneceu forte, graças a setores como o turismo.As projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) apontam um crescimento da economia global de 3,2% neste ano, sendo 1,7% para o Brasil, 2,3% para os EUA, 2,6% para a zona do euro e 3,3% para a China. Em guerra, a Rússia deve encolher 6%. Mais | 2022-09-01 09:01:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/veja-o-comportamento-do-pib-de-diversos-paises-no-2o-trimestre-de-2022.shtml |
'É quase negra na pele, mas inteligente', diz candidato bolsonarista a jornalista no PI | O candidato ao Governo do Piauí Sílvio Mendes (União Brasil) fez uma fala com teor racista nesta quarta-feira (31) em sabatina do jornal Meio Norte, do Grupo Meio Norte de Comunicação. Mendes é apoiado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e tem laços com a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).Ao ser questionado pela jornalista Katya D'Angelles sobre planos para proteger as mulheres e minorias, o candidato disse que "você que é quase negra na pele, mas é uma pessoa inteligente, teve a oportunidade que a maioria não teve e aproveitou"."Eu que te conheço há tantos anos imagino quantas discriminações você não sofreu", pontuou Mendes.Com a ampla repercussão do vídeo, a assessoria dele foi ao Twitter esclarecer que ele havia pedido desculpas e "reconhecido o erro"."Sílvio tem profunda admiração, respeito e carinho com a jornalista Katya Dangeles, a quem considera uma amiga desde os tempos que ela trabalhava no jornal Diário do Povo cobrindo matérias políticas quando ele era prefeito de Teresina."Após a entrevista, Sílvio entrou em contato com Katya e "pediu suas sinceras desculpas, reconhecendo o erro", afirmou a assessoria de Sílvio Mendes. Nesta quinta (1º), também em rede social, o candidato afirmou que a fala foi infeliz e que aprendeu com o erro. "Eu fiz uma fala infeliz na sabatina da Meio Norte ontem e entendo que errei. A vida é feita de aprendizado. Refleti sobre o assunto e aprendi com esse erro", escreveu.Mendes é a aposta de Nogueira e Bolsonaro para o Governo do Piauí, que há sete anos consecutivos tem um líder do PT. Wellington Dias foi eleito pela terceira vez em 2014, reeleito em 2018 e deixou o cargo em março deste ano para concorrer ao Senado.Ele foi substituído por sua vice, Regina Sousa. Wellington Dias foi eleito governador pela primeira vez em 2002 e reeleito em 2006. | 2022-09-01 08:19:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/09/e-quase-negra-na-pele-mas-inteligente-diz-a-jornalista-candidato-no-pi.shtml |
Gretchen diz que fez rejuvenescimento vaginal e celebra resultado | Gretchen, 63, se submeteu a mais algumas cirurgias plásticas e resolveu contar mais detalhes sobre uma delas, a que fez na região íntima. De acordo com a cantora, trata-se de um rejuvenescimento vaginal que a tem deixado muito contente, assim como o marido, Esdras Souza."Hoje estava lendo no Facebook [comentários] dizendo que a gente estava parecendo dois bonecos, que somos artificiais, que eu estou parecendo o Coringa e que eu devo estar fazendo até cirurgia naqueles lugares", começou ela antes de revelar a verdade sobre os procedimentos. Mais "Pois eu estou! Eu fiz um rejuvenescimento vaginal, e a menina está linda, nova, jovem e apertadinha. Meu marido adora", comentou.Gretchen, que também já fez lipo, drenagem linfática, harmonização facial e outros procedimentos, também comemorou recentemente as intervenções feitas pelo marido. Desde 2020 ele vem passando por algumas mudanças de visual como tratamento capilar, harmonização e tratamento dentário. O antes e o depois que ele disponibilizou aos seguidores foi muito comentado. | 2022-09-01 08:26:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/09/gretchen-diz-que-fez-rejuvenescimento-vaginal-e-celebra-resultado.shtml |
Vídeo conta história de d. Pedro 1º, entre proezas e fracassos | A historiadora Isabel Lustosa recupera uma passagem do político Joaquim Nabuco para descrever dom Pedro 1º, o primeiro governante do Brasil independente. Nabuco dizia que é impossível fazer revoluções sem figuras exaltadas. Contudo, ressaltava também que era impossível governar com elas.De príncipe a príncipe regente, de príncipe regente a imperador de uma nova nação, dom Pedro 1º acumulou uma história cheia de louros e controvérsias.Dom Pedro 1º encerra a série Figuras da Independência, produção da TV Folha com edição e animações de Henrique Santana. Desde junho, a série publicou quatro vídeos que apresentam diferentes personagens do processo da Independência do Brasil.O primeiro mostrou imperatriz Leopoldina e o seu papel para a emancipação do território. O segundo contou parte da história de Thomas Cochrane, escocês que participou das guerras pela Independência. O terceiro ressaltou a importância de José Bonifácio para a separação entre os impérios do Brasil e de Portugal. Leia também os perfis da série e conheça a fundo cada uma dessas e de outras histórias | 2022-09-01 08:00:00 | televisao | Televisão | https://www1.folha.uol.com.br/tv/2022/09/video-conta-historia-de-d-pedro-1o-entre-proezas-e-fracassos.shtml |
Podcast: Sufrágio conta como bronca em Vargas levou à conquista do voto feminino há 90 anos | Um golpe de estado, uma reforma eleitoral e uma bronca no presidente da República. O segundo episódio do podcast Sufrágio explica o que está por trás do decreto que há 90 anos deu às mulheres o direito de votar e serem votadas no Brasil.O capítulo publicado nesta quinta-feira (1º) também discute como é a vida sem direitos políticos e quais são dificuldades que as mulheres podem encontrar em 2022 para ir às urnas.Ouça:A transcrição do episódio também está disponível, no final deste texto.A cientista política Branca Moreira Alves, que entrevistou a líder sufragista Bertha Lutz nos anos 1970 e a a historiadora Mônica Karawejczyk, autora do livro "As Filhas de Eva Querem Votar" contam como o movimento sufragista aproveitou o golpe de estado de Getúlio Vargas para conquistar o voto.A vereadora Erika Hilton (PSOL-SP), a candidata à Assembleia Legislativa de São Paulo Andrea Werner (PSB) e Denise Crispim, mãe de uma adolescente com paralisia cerebral, discutem as limitações da acessibilidade eleitoral em 2022. E os refugiados afegãos Zabiullah e Shukria contam como é viver sem poder votar.A apresentação, roteiro, pesquisa e reportagem do podcast são de Angela Boldrini. A jornalista Flávia Mantovani colaborou com reportagem neste episódio. A produção é de Jéssica Maes, e a edição de som de Laila Mouallem. A coordenação do projeto é de Magê Flores e a identidade visual de Catarina Pignato.O Sufrágio trata da história das brasileiras na política e discute os desafios que elas têm pela frente. Os episódios são publicados sempre às quintas-feiras, nas principais plataformas de podcast.Leia a transcrição do episódio:Faz uns meses que eu esbarro numa foto. É um retrato em preto e branco, que mostra uma mulher de cabelo curto usando um vestido na altura do joelho e um cardigã cheio de brilhos. O cabelo dela está coberto por um chapéu, mas dá pra ver que ele é escuro. Nos pés, ela usa um saltinho boneca, que lembra o sapato de dançarinas de salão.A mulher da foto é a Bertha Lutz, uma líder feminista que apareceu no episódio passado. Se você não ouviu o primeiro capítulo desta série, eu sugiro que você volte lá e comece do começo. Se você ouviu, talvez se lembre que a Bertha era uma sufragista, ou seja, uma mulher que lutava pelo direito de votar.E a Bertha não era qualquer sufragista. Ela era a presidente da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, a principal organização que participava dessa luta no Brasil.Na imagem, a Bertha está subindo uma escada de madeira pra embarcar num aviãozinho. A impressão é de que alguém parou ela no meio da subida pra tirar a foto e ela se virou sorrindo -e segurando a saia, que ameaçava levantar com o vento. O avião parece saído de um desenho animado antigo: é um teco-teco onde só cabem um ou dois passageiros, que vão com a cara no vento. No fundo da foto, dá até pra ver o piloto de capacete, já pronto para a decolagem.O avião vai levar a Bertha de volta pro Rio de Janeiro depois de uns dias em Natal, no Rio Grande do Norte. A líder do movimento sufragista tinha ido para lá em julho de 1928 pra dar um passo estratégico na luta pelo voto feminino.A Bertha chegou em Natal no dia 8. No dia 10, a capa do jornal "A República" amanheceu com esse título aqui: "o brilhante e judicioso discurso da senhorita Bertha Lutz". Quem vai ler é a Laila Mouallem.[Laila] Atravessei no breve espaço de quinze horas de voo os 2.300 quilômetros que separam o Rio de Janeiro de Natal, este farol luminoso que irradia suas ondas de civismo e de fé na democracia sobre o continente sul-americano. O Rio Grande do Norte era um "farol luminoso" porque foi lá que em 1927 uma lei estadual permitiu pela primeira vez que as mulheres votassem no Brasil. E na época da visita da Bertha, as eleições municipais de 1928 estavam se aproximando.Então, pra incentivar as mulheres do Rio Grande do Norte a votar, a Bertha topou passar quinze horas numa geringonça voadora cruzando o país. Hoje, os voos entre Natal e Rio de Janeiro duram em média três horas. E em quinze horas dentro de um avião, dá pra ir até Moscou.Era importante pro movimento que o maior número possível de mulheres participassem, porque isso aumentaria a pressão pra que o Congresso discutisse a sério instituir o voto feminino em todo o Brasil. Desde o começo dos anos 20, as sufragistas tentavam fazer essa mudança na lei -e os parlamentares sempre derrotavam ou engavetavam as propostas. Mas elas continuaram tentando.Eu amo essa foto da Bertha subindo no aviãozinho. Pra mim, ela representa o empenho das sufragistas. Depois de anos sendo ridicularizadas pela opinião pública, que não via as eleições como "lugar de mulher", elas seguiam trabalhando. Faziam campanha até do céu: durante o voo pro Rio Grande do Norte, a Bertha aproveitou pra jogar panfletos em defesa da causa por todo o Brasil.Mas não é olhando pra esse esforço que a história do sufrágio feminino costuma ser contada. Essa aqui é a historiadora Mônica Karawejczyk, que você já conhece do episódio passado.[Mônica] Eu comecei a pesquisar sobre e eu vi que o assunto não se esgota. Quando comecei a pesquisar, se falava: "está, para que tu quer saber isso se as mulheres nunca pediram nada e o Vargas deu esse voto para as mulheres?"Hoje, a gente vai mostrar que isso não é verdade -teve muita luta das mulheres para o voto acontecer.Eu sou Angela Boldrini, e este é o Sufrágio, um podcast da Folha que tem apoio do Pulitzer Center for Crisis Reporting. Episódio dois: Votamos.No dia 24 de fevereiro de 1932, o chefe do governo provisório, Getúlio Vargas, assinou um decreto que, entre outras coisas, instituiu o voto como direito das mulheres.Mas não é que o Vargas acordou bem humorado nesse dia e decidiu que seria de bom tom deixar metade da população votar. Essa mudança foi parte do primeiro Código Eleitoral do Brasil, que fez um monte de outras alterações na forma como eram feitas as eleições.Apesar de ter sido publicado num contexto autoritário, o Código é resultado de muita discussão -e de pressão das sufragistas. De novo, a historiadora Mônica.[Mônica] A gente percebe que é um processo de lutas que vem há muitos anos né, desde antes do período... Desde o período imperial, já tinha mulheres se colocando nesse espaço, reivindicando o direito de votar e ser votada.A Mônica defende que, apesar dessas iniciativas do século 19, o movimento sufragista brasileiro ganhou força mesmo a partir do começo do século 20, quando as mulheres começaram a se organizar em associações -como a da Bertha.A Federação Brasileira pelo Progresso Feminino nasceu em 1922. Durante quase uma década se concentrou em tentar fazer o Congresso Nacional aprovar uma emenda à Constituição que desse às mulheres o status de cidadãs. Só assim, elas iam poder votar.Para isso, elas iam de parlamentar em parlamentar, tentando arrumar alguém que pudesse encampar a causa. E elas conseguiam chegar até esses homens por uma questão de classe. A historiadora Branca Moreira Alves conversou com a Bertha sobre isso nos anos 1970.[Branca] Até ela conta toda essa coisa do lobby tem a ver com a ligação delas em termos de classe social, né? Elas tinham acesso a alguns deputados porque uns ela mesma conta, né, uns tinham fazenda aí o voto... E o voto dos colonos era importante, aí uma sufragista era vizinha na fazenda dele, né? Enfim, esse tipo de ligação.A Branca entrevistou a líder do movimento sufragista pouco antes de a Bertha morrer, aos 82 anos. Deve ter sido uma das últimas oportunidades de ouvir essa história da boca dela. Quando eu marquei de conversar com a Branca, eu estava torcendo muito para ouvir as gravações da conversa delas. Só que não tem como.[Angela] Quando foi que perdeu?[Branca] Em 1975, eu me separei e fui morar num apartamento pequeno. Então tudo o que eu tinha de livros e tudo, toda minha biblioteca de estudos, de tudo, tudo, tudo, eu mandei para a fazenda da minha mãe, que tinha um porão. E o porão era embaixo do banheiro. E simplesmente houve uma infiltração. E como a gente não morava lá, até descobrir infiltração, quando minha mãe foi lá, estava nadando. Todas as fotos das crianças pequenas… Tudo dançou. Deus seja bendito. Eu não sei do que eu choro mais: se é das crianças ou se é das entrevistadas.A gente não têm as fitas, mas tem a memória da Branca sobre a conversa. E, para nossa sorte, ela tem uma memória excelente.O curioso sobre essa entrevista é que a Branca procurou a Bertha porque queria ouvir ela para dissertação de mestrado. Só que o trabalho até aquele momento não tinha nada a ver com as sufragistas.[Branca] O meu tema de tese era as primeiras profissionais liberais no Brasil. Ela era uma delas, que ela era bióloga e a segunda funcionária pública a passar por um concurso no Brasil. E ela falava o tempo todo do voto e eu não estava prestando atenção. Mas ela me entregou de bandeja.Uma frase que a Bertha disse mudou tudo.[Branca] Foi ali, parece que eu estou vendo ela. Cada vez que eu falo sobre isso eu fico emocionada. Ela baixinha, gordinha, com um vestido de algodão estampadinho, tipo abotoado na frente, sem gola, manga curta, ela tinha o cabelo curto e assim me levando nesse portão. Eu quando descrevo isso, eu vejo a casa dela, uma casa pouco no alto na Usina da Tijuca lá no Rio. E descendo a escada até o portão, um portão enferrujado fazendo "nheeee", [risos]. E aí eu me despedindo dela e ela diz isso."Alguém precisa contar essa história, porque nós não tivemos tempo."[Branca] Aí eu peguei o fusca e fui descendo ali pela Tijuca, dizendo eita. Logo depois liguei para ela e pronto, eu estava com a tese na mão. Foi um privilégio mesmo, um privilégio.Um pouco antes de dizer essa frase que virou a dissertação da Branca do avesso, a Bertha tinha explicado como elas contornaram um golpe de estado que derrubou boa parte dos políticos que elas tinham passado anos convencendo a apoiar a causa.A chegada do Vargas ao poder em 1930 criou um furdunço na república bem quando parecia que o nó do voto feminino ia começar a ser desatado. As sufragistas continuavam fazendo aquela pressão, e Brasil afora, grupos de mulheres vinham conseguindo na Justiça o direito de votar -usando como argumento a legislação do Rio do Grande do Norte. Era questão de tempo até que os parlamentares fossem obrigados a olhar para isso.Um dos motes da Revolução de 30 era a mudança na forma como eram feitas as eleições -e as sufragistas decidiram aproveitar a chance. O voto feminino nacional saiu porque depois de insistir muito, a Bertha e as mulheres da Federação finalmente conseguiram bater na porta do gabinete mais importante da República -o do presidente.É muito doido pensar que foi tão difícil e demorou tanto tempo para metade da população ter acesso a uma coisa que é quase banal hoje em dia.Eu queria muito falar com alguém que tivesse vivido na pele essa experiência de querer votar e não poder. E eu encontrei essa mulher -em um dos bairros mais movimentados de São Paulo.[Shukria] falando dariEssa é a Shukriã. Ela mora com três dos filhos e uma nora num apartamento no segundo andar de um predinho no Brás, no centro da capital paulista. Ela é afegã, e veio refugiada para o Brasil em dezembro do ano passado, depois que um grupo fundamentalista assumiu o governo do país dela. De novo.TV Globo Vinte anos depois de ser expulso por tropas lideradas pelos EUA, o Talibã retomou hoje o controle de Cabul, em uma ofensiva relâmpago, e já controla praticamente todo o territórioTalvez você não esteja entendendo por que surgiu uma pessoa que fala uma língua totalmente diferente no meio de um podcast sobre o voto feminino no Brasil.É que achar uma brasileira que tenha vivido a experiência de não poder votar por causa do gênero ia ser bem difícil. O voto foi aprovado aqui para mulheres com mais de 21 anos em 1932. Ou seja, eu precisaria falar com alguém que tivesse mais de cem anos hoje em dia.Por isso, eu decidi procurar essa mulher em outro país. Quem me ajudou nessa busca foi uma amiga, a Flávia Mantovani, que é repórter da Folha e escreve sobre as comunidades refugiadas no Brasil.A gente ficou pensando, e aí eu fui pesquisar a história do voto feminino no Afeganistão, e descobri que ela é cheia de idas e vindas. Uma hora pode, outra hora não pode, agora pode de novo, depois ninguém sabe mais se pode…A Flávia falou que, normalmente, é bem difícil falar com as afegãs. Mas ela tinha um contato.[Zabiullah] Oi, oi, oi.[Flávia] Qual é a idade da sua mãe agora, Zabi?[Shukria] falando dari [Zabiullah] 55.O Zabiullah é filho da Shukriã. Ele mora em São Paulo desde 2014 e disse para Flávia que a mãe dele tinha acabado de chegar no Brasil –e topava contar a história dela.[Flávia] De qual cidade ela é? Onde ela nasceu?[Zabiullah] Do Cabul.A Shukriã só fala dari, que é uma das línguas oficiais do Afeganistão -mas nenhuma de nós duas (e muito provavelmente nem você) falamos essa língua. Então o Zabi, que é como a Flávia chama ele, foi o nosso intérprete.A gente chegou no portão do prédio deles num sábado, no horário marcado, às duas da tarde.O Zabi e a Shukriã nos receberam na sala do apartamento. Era um cômodo pequeno, e o chão ficava quase totalmente coberto por um tapete quadrado vermelho e branco. Numa parede, uma cama coberta por uma manta que também vermelha fazia as vezes de sofá.A Shukriã e o Zabi sentaram nela, um do lado do outro. E eu e a Flávia puxamos duas das três cadeiras de madeira escura que estavam encostadas na parede oposta. A Shukriã usava um véu estampado e fininho, escondendo quase todo o cabelo castanho dela.Antes de começar a entrevista, ela ficou batendo papo com a gente. Quer dizer, ela estava falando e gesticulando como se a gente estivesse tendo uma super conversa. Eu não entendi uma palavra, mas percebi que ela era uma pessoa fofa.Eu comecei perguntando quando ela tinha votado pela primeira vez.[Shukria] falando dari[Zabiullah] Ela começou a voto… no sistema de votação para as mulheres em 2001 [Shukria fala em dari]2001 foi o ano que o primeiro regime do Taleban caiu. Ele foi substituído por um governo aliado dos americanos e três anos depois o país teve eleições. Quando a Shukriã votou pela primeira vez, ela tinha 37 anos.Imagina isso? Eu tenho 27 anos e estou indo para minha terceira eleição presidencial.[Zabiullah] Nessa época que tipo estava muito as mulheres como uma coisa nova para eles, eles também não estavam muito acostumados com isso. Minha mãe ela trabalhava como professora e também como sistema de votação para as mulheres.Quando o Zabi fala que a mãe dele trabalhava no sistema de votação para mulheres, isso significa que ela foi tipo uma mesária, ajudando as outras a entenderem o processo. Como a maioria nunca tinha votado na vida, elas não tinham a menor ideia do que fazer na urna.[Angela] Eu queria perguntar sobre a sua mãe. Ela gostava de votar? Era um desejo que ela tinha antes de 2001?[Zabiullah] Antes dessa na verdade, eles não tinha como, como eles ter uma esperança que um dia eles consegue votar e eles nem imaginava isso. Mas quando aconteceu isso, tipo todo mundo eles mulheres ficou muito feliz com isso, que eles também têm uma direito que ele pode escolher os presidentes, pode votar. Essa foi muito prazer para eles para conseguir fazer isso.Será que as brasileiras também se sentiram assim em 1932? A Bertha e as outras feministas devem ter ficado, né. Mas tipo, será que a minha bisavó ficou feliz?Da sala onde a gente estava, dava para ouvir uma movimentação na cozinha -e alguns minutos depois, a nora da Shukriã veio com uma bandeja enorme de biscoitos e quatro canecas fumegando, que ela entregou para gente.[Nora] falando em dari [Flávia] Olá, tudo bem? Ó meu deus, obrigada.Em cada uma tinha um chá bem doce, perfumado e feito com leite. Era tão bom que a gente ficou curiosa.[Flávia] Você viu que delícia isso?[Angela] Eu ia até perguntar: o que que é esse chá que mistura com leite?[Zabiullah] Essa... no nosso país tem chá preta, mas uma chá preta outra que ele só faz misturar com leite. E fica mais delicioso.[Flávia] É chá preto comum?[Zabiullah] [00:08:56] Ele fica mais delicioso.[Angela] [00:08:56] Ele é muito cheiroso.[Zabiullah] Aqui não acha infelizmente.[Flávia] Esses vocês trouxeram de lá?[Zabiullah] Nós… um amigo ele estava vindo para o Brasil e a gente pediu.[Flávia] Ah, ele trouxe para vocês.O Zabi era novo, ele tem 30 e poucos anos. Deve ter sido difícil para ele mudar de país, como acho que é para todo mundo. Mas não consigo nem imaginar como deve ter sido para mãe dele, que viveu mais de 50 anos na mesma cultura. Até o chá que ela estava acostumada a tomar agora está a milhares de quilômetros de distância.Quando o Taleban voltou ao poder, eles tinham prometido ser uma versão "paz e amor". E tinham dito que os direitos das mulheres iam ser mantidos. Mas as escolas para meninas continuam fechadas e várias restrições foram impostas para o trabalho e para circulação delas no espaço público.[Zabiullah] Infelizmente, agora o sistema mudou tudo e todas as esperanças acabou. Todas as mulheres que estavam lá estudando e ter estudado a faculdade sabe tudo, mas infelizmente dentro de casa não pode fazer nada. E nem pode sair de casa sem permite do Taleban, tipo uma coisa assim.=Ninguém sabe direito o que o Taleban vai fazer dessa vez em relação às eleições e aos direitos políticos das mulheres. Seja como for, a Shukria preferiu deixar tudo para trás e não pagar para ver.Quando a gente estava se despedindo, eu e a Flávia agradecemos de novo pelo chá delicioso.[Shukria] falando em dari[Zabiullah] Ela vai te dar um pouco.[Angela] Não, gente, se é uma coisa que vocês só conseguem no Afeganistão pelo amor de Deus.[Shukria] falando em dari[Zabiullah] Mas é muito, para nós trouxe muito.Não teve jeito. A hospitalidade afegã fez com que a gente só pudesse sair do apartamento devidamente munidas de uma sacolinha de chá cada uma. Eu e a Flávia fomos embora quando já começava a escurecer e as ruas Brás estavam vazias.O encontro com a Shukriã me deixou pensando em como as mulheres engajadas na luta pelo sufrágio no Brasil deviam se sentir. Ano após ano, projeto após projeto, e os homens sempre dizendo que "ah, agora não é a hora", sempre deixando sempre para lá.Até aquele dia em que elas conseguiram bater na porta do gabinete mais importante da República: o do presidente.De novo a Branca Moreira Alves, citando as lembranças da Bertha.[Branca] Então ela conta que a Carmen Portinho, uma companheira delas, era prima do secretário do Getúlio. Então conseguiram uma audiência com Getúlio, um grupo delas, e conversaram com ele. Ela me conta na entrevista que ele diz: Ah, então eu vou dar o voto qualificado, o voto para mulheres de nível universitário.O governo tinha montado uma comissão para mexer na legislação eleitoral. O principal objetivo era instituir o voto secreto e acabar com as fraudes que aconteciam muito na Primeira República.Eles também tinham começado a pensar em incluir o voto feminino… só que com várias restrições. A ideia era que só algumas mulheres viúvas e solteiras, aquelas que tivessem renda própria, pudessem votar. As casadas tinham que ter autorização do marido.A Bertha contou para Branca que na reunião com o Vargas, o presidente tinha tentado quebrar o gelo dizendo que ele era a favor das mulheres porque elas "tinham feito metade da revolução". A essa altura do campeonato, as sufragistas já estavam sem paciência nenhuma com gracinha e a Carmen respondeu: é por isso que o senhor só quer dar metade do voto?Aí o Vargas ficou meio desconcertado e perguntou: como assim metade do voto? E ouviu: pois é, quer dar o voto qualificado para algumas classes e outras não. Assim nós não queremos. É tudo ou nada.[Branca] Ela conta que o Getulio diz: Então eu vou falar com o fulano, o coordenador lá da comissão, que dê o voto. Então foi assim que elas conseguiram no regime provisório ainda do Getúlio, em 32.E foi assim, depois de uma bronca que as sufragistas deram no Vargas, que saiu o voto feminino -e saiu exatamente nas mesmas condições que o voto masculino.Claro que a coisa toda de revolução, governo provisório e a possibilidade de fazer as coisas por decreto presidencial adiantaram o processo. Antes, as sufragistas precisavam conseguir a maioria do Congresso. A partir de 1930, elas só precisavam convencer um homem: o Vargas.O direito de as mulheres irem às urnas foi primeiro publicado no Código Eleitoral e, dois anos depois, consolidado na Constituição de 1934. A conquista que envolveu décadas de lobby e insistência feminina foi resumida em uma expressão curtinha, com só quatro palavras.É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na fórma deste Código.Apesar de tudo, até que dá para dizer que a gente foi um pouco pioneira nessa história. O Brasil foi o quarto país das Américas a dar direitos políticos para as mulheres. Aqui, a historiadora Mônica Karawejczyk.[Mônica] O primeiro aqui foi o Canadá em 1917, depois foi os Estados Unidos em 1920, depois o Equador em 29, e depois o Brasil e o Uruguai em 32. Então quer dizer que a gente está bem, né?E o próximo passo era claro: votar. A primeira eleição em que brasileiras puderam participar foi em 1933, para eleger os deputados que iam escrever a nova Constituição.A Mônica disse que os dados que a gente tem do período mostram que as mulheres foram entre 20 e 30% do total de eleitores. Considerando que as brasileiras podiam votar, mas que isso era facultativo na época, a taxa de comparecimento é super expressiva.E a novidade chamou a atenção da imprensa. As reportagens chamavam as seções femininas de "seções das Marias", ou falavam que o ambiente estava mais "perfumoso" e organizado. E elas também registravam quem não ficou feliz com a mudança.Essa aqui é uma reportagem que saiu no Diário de Notícias de Porto Alegre dois dias depois da eleição. Quem vai ler é o Maurício Meireles.[Maurício] Numa das seções eleitorais encontramos à porta, a brincar com o ursinho de lã, um garoto aparentando uns quatro anos. Perguntamos o que ele estava ali fazendo. "Estou esperando a mamãe que foi votar". Então um velho conservador que ouviu a resposta virou-se para nós e sentenciou: É, desse jeito, o governo que terá que pôr uma vaca à porta das mesas eleitorais para dar leite aos bebês enquanto a mãe vota.Colocar vacas nas seções acho que seria um pouco de exagero, mas sabe o que teria sido bom de verdade? Colocar creche. Pensa comigo: se hoje em dia as mulheres ainda são as principais responsáveis pelo cuidado com os filhos, imagina nos anos 1930?Não foi o governo, mas alguém pensou que dar apoio para as mães ia ser fundamental para incentivar a participação das brasileiras na eleição.[Mônica] A Federação Brasileira para o Progresso Feminino colocou à disposição das mulheres uma sala na sede delas com uma creche, dizendo: "olha, levem os seus filhos aqui para gente cuidar",né? Para incentivar essas mulheres a irem votar e não dizer "eu tenho que ficar".Essa ação fazia sentido com o argumento da Bertha para convencer um mundo masculino de que o voto tinha que ser estendido para as mulheres. Durante a campanha, para se diferenciar do tal "mau feminismo", elas diziam que os homens não iam ter que começar a fazer aquelas funções, entre muitas aspas, femininas.Dá para ver pelas charges dessa época que esse era o grande medo deles. Boa parte dos desenhos mostrava mulheres saindo de casa, fumando, trabalhando, e homens de avental cuidando das crianças ou passando camisas. Nada assustava mais os homens do que a ideia de serem tratados como as mulheres.A Bertha e as companheiras dela tinham conseguido uma grande vitória. Mas a gente precisa lembrar de uma coisa. Ainda existia uma restrição importante na lei eleitoral.[TV Justiça] Em 1985, por uma emenda constitucional, quem não sabia ler e escrever ganhou o direito de votar. Venceu a tese de que os meios de comunicação e a propaganda eleitoral permitem que todas as pessoas possam se informar sobre os temas da atualidadeOs analfabetos não tiveram direito de votar por mais meio século. E isso excluiu das eleições uma parcela imensa da população -e maior ainda das mulheres. Principalmente, das mulheres negras. Os números de alfabetização do censo de 1940 são assustadores. Naquele ano, só metade dos homens brancos com mais de 5 anos sabia ler e escrever.Entre as mulheres brancas, só 40% eram alfabetizadas. Nesse grupo a gente pode incluir as sufragistas, que eram da elite da época. Entre as mulheres negras, 14% sabiam ler. O número de brasileiras negras alfabetizadas só foi passar de 50% em 1980.A Constituição de 1988 acabou de vez com essa exclusão dos analfabetos. Mas eu fiquei me perguntando se em 2022 ainda existem fatores que podem dificultar o acesso de mulheres às urnas. Não estou falando de uma coisa tipo, sei lá, não regularizar o título a tempo. Eu estava procurando questões ligadas ao fato de serem eleitoras e não eleitores.Eu saí perguntando para as mulheres com quem eu estava conversando para o podcast para ver se era uma viagem minha ou se de fato ainda existiam possíveis gargalos eleitorais de gênero.Uma das mulheres para quem eu mandei mensagem foi a Andrea Werner. A Andrea é mãe de um menino autista, o Theo. Ela também é ativista pelos direitos das pessoas com deficiência e candidata do PSB para Assembleia Legislativa de São Paulo.[Andrea] A gente tem uma estatística que diz que 78% dos pais abandona a família quando o filho é diagnosticado com a doença rara ou deficiência é uma estatística do Instituto Barese de um levantamento de 2012.Eu queria saber se mães de pessoas com deficiência encontravam alguma dificuldade para ir votar.[Andrea] Então a gente está falando de muitas mães, de uma grande maioria de mães solo, que já é difícil de ter rede de apoio nesses casos. Eu senti algumas coisas nesse período em que eu me candidatei e tudo.Ela me contou que em 2020, quando foi candidata a vereadora pelo PSOL, recebeu várias mensagens de eleitoras.[Andrea] Então foram muitas, muitas mães mesmo que me mandaram mensagem, falou: Olha, eu adoraria votar em você, mas eu não posso tirar minha filha de casa. Nem eu estou saindo de casa direito, porque se ela pegar essa doença, ela morre. Se ela pegar Covid ela morre, que ainda não está vacinada. Então, infelizmente, eu não vou poder sair para ir votar em você. Isso aconteceu muito em 2020. Eu recebi relatos também de mães que levaram os filhos autistas junto porque não tinham com quem deixar e o mesário não deixou votar com o acompanhante, que era criança ou adolescente autista no caso.Não existem dados estatísticos de quantas mães atípicas deixam de votar por causa disso. Mesmo assim, eu queria ouvir a história de uma delas -e a Andreia me passou um contato. E aí numa manhã de segunda-feira em junho, eu aproveitei que estava em São Paulo e fui até um prédio de escritórios no Itaim.[Denise] Meu nome é Denise, Denise Crispim. Eu tenho 43 anos, sou coordenadora de planejamento e Inteligência de dados e eu tenho uma filha de 16, que faz 17 daqui a dois dias, que tem paralisia cerebral do tipo quadriplégica então ela é uma adolescente que precisa de muita assistência.Em 2020, a Denise deixou de votar porque ela não podia levar a Sofia para seção eleitoral. Ela não podia arriscar que a menina pegasse Covid, porque ela faz parte de um grupo de risco e ainda não tinha vacina disponível.[Denise] Às vezes eu deixo ela sozinha alguns instantes. Se for uma coisa rápida assim, eu deixo ela sozinha. Só que a grande questão é essa assim, uma eleição, a gente nunca sabe quanto tempo leva. E quando eu estou com ela, eu uso fila preferencial. Mas se eu tiver sem ela, eu não tenho fila preferencial. Não há nenhum tipo de cuidado coletivo assim "ah mães podem votar num horário separado", que também era uma opção, sabe? Do mesmo jeito que os bancos pensaram em colocar um horário para aposentados que precisassem, e tal ninguém pensou em fazer um horário para mães votarem.Mesmo quando a Denise levava a Sofia, às vezes encontrava barreiras de acesso.[Denise] Na seção que eu voto, por exemplo, tem algumas vagas perto até e tem uma calçada. E eles deixam um lugar para o fiscal do sei lá quem para a autoridade não sei o que. E aí, uma vez que eu fui com a Sofia e aí eu fui tentando chegar assim ó, eu preciso parar o mais perto possível. E aí eles assim: não, não, essa vaga é reservada para sei lá quem. Era a única vaga acessível que tinha. Foi uma confusão para falar assim: não, eu vou votar. Na época, ela era pequena, e eu estava com ela então eu conseguia usar a fila preferencial. Levou o que, 20 minutos? Mas a confusão de conseguir parar numa vaga que teoricamente tinha que ser minha por direito ou de qualquer outra pessoa com deficiência ali usando, levou mais de uma hora. Sério.É, ter um direito assegurado na lei é super importante. Mas o trabalho não acaba aí.Casos de mães como a Denise mostram que se você não der estrutura para a mulher chegar até a urna, você também está excluindo ela da democracia. Lembra da creche que a Bertha e as sufragistas montaram?[Denise] Se houvesse alguma informação, algum tipo de cadastro, que a gente informasse que tem um filho com deficiência, enfim, isso poderia facilitar de algumas maneiras. Você poderia usar uma fila preferencial, estando ou não com a criança, porque a mãe, mesmo que ela não leve a criança, uma mãe de filho com deficiência não pode ficar duas horas fora de casa, sabe? É complexo.Neste ano o plano da Denise é ir votar. Ela não vai com a Sofia, que vai ficar com a tia enquanto a mãe vota. Mas esse é um arranjo familiar, que está sujeito a imprevistos. Não tem uma política pública que assegure para Denise que vai dar para ela votar em 2022.Eu me despedi dela depois de uns 20 minutos de conversa. Naquela noite, eu ia aproveitar a viagem para ir num concerto da Osesp com uma amiga. Antes, a gente se encontrou para jantar e aí gente estava conversando sobre o podcast quando ela me disse: "e as mulheres trans que não corrigiram o nome?"Na hora, eu fiquei tipo "como que eu não tinha pensado nisso antes?". Por sorte, no dia seguinte eu ia conversar com uma mulher que ia saber se essa hipótese faz sentido.[Erika] Sim, sim, com certeza. Quando a gente não retifica o nome e não tem uma política consolidada de utilização do uso nome social e a gente vai para um espaço de exposição e alta circulação de pessoas, que aí você está na mesa do mesário etc. e não sabe quem nós vamos encontrar. Isso pode ser sim, um grande impeditivo. Acho que um outro impeditivo também é a ausência, muitas vezes, de documentação.A gente vai encontrar de novo com a vereadora do PSOL Erika Hilton. Mas eu não podia perder a oportunidade de perguntar para ela, que é uma mulher trans, se existe mesmo um problema de acesso ao voto para essas mulheres.[Erika] A questão do documento civil seja pelo fato da ausência dele ou… e a gente sabe que o Brasil é um país que tem um número grande de pessoas vivendo sem registro civil. Mas sem sombra de dúvida, essa questão que envolve o desrespeito ao nome, o desrespeito à identidade, pode, sim, ser algo que constranja e que faça com que as pessoas não vão até as urnas votarem.Eu não tenho uma resposta sobre quantas mulheres podem enfrentar problemas de acesso ao voto em 2022. E as duas situações que a gente contou não devem ser os únicos gargalos de gênero hoje.Mesmo assim, eu terminei a apuração desse episódio pensando que a gente não pode parar de prestar atenção na vida real para além das letras da lei. Pelo menos se a gente quiser ter uma democracia que inclua o maior número de pessoas -que devia ser o objetivo da democracia, né?Quando gente fala de acesso das mulheres à política, a gente não está falando só das eleitoras. Por isso que apesar da vitória da Bertha, este podcast não acaba aqui. É que o mesmo código eleitoral que deu às mulheres o direito de votar, deu também às mulheres o direito de serem votadas.A briga para votar foi grande, mas a para se eleger não fica atrás. A historiadora Monica, uma última vez.[Mônica] Estou fazendo agora pesquisa sobre essa primeira eleição que elas participaram, né? O que eu estou percebendo é que nesse batismo eleitoral das brasileiras, elas foram exaltadas, sim, pela sociedade, pelos periódicos, principalmente como eleitoras, mas não como candidatas.Essa dificuldade de ver mulheres como candidatas para posições de poder se reflete no presente.[Mônica] Eu acho que acho que é muito importante a gente conhecer a nossa história e dizer que é importante a gente, nós mulheres, estarmos nesse espaço público. A gente tem voz e a gente tem que ter vez na política. A gente vê vários retrocessos que estão acontecendo não só no Brasil como no mundo todo nessas conquistas femininas que a gente teve. Eu acho que a gente tem que essa questão dos direitos e emancipação feminina ela segue sendo super importante. Tem que ser cada vez mais debatida em todo o país. E a gente vê que a gente não está lá as nossas pautas não são, não são vistas, não são representadas, não são ditas como importantes.É para o outro lado da urna que a gente vai na próxima quinta-feira.O Sufrágio é um podcast da Folha que tem apoio do Pulitzer Center for Crisis Reporting. Eu sou Angela Boldrini, e a idealização, pesquisa, reportagem e roteiro são meus. A Flávia Mantovani contribuiu com a reportagem neste episódio. A produção é da Jéssica Maes e a edição de som é da Laila Mouallem. A coordenação é da Magê Flores, que também editou o roteiro deste episódio junto com o Maurício Meireles. A identidade visual é da Catarina Pignato, e a divulgação é feita pelo Naná DeLuca e pelo Mateus Camillo. A gravação foi feita no Estúdio Madruga, em Brasília.Este episódio usou áudios da TV Globo e da TV Justiça.Para a apuração, nós ouvimos muita gente. Então eu gostaria de agradecer à professora Teresa Cristina Novaes Marques, da Universidade de Brasília, pela consultoria histórica, e também à Isabela Del Monde e à Marcella Rezende.Segue o podcast na sua plataforma favorita para não perder nenhum episódio. E até semana que vem! | 2022-09-01 08:30:00 | podcasts | Podcasts | https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2022/09/podcast-sufragio-conta-como-bronca-em-vargas-levou-a-conquista-do-voto-feminino-ha-90-anos.shtml |
Moradores de SP enfrentam apagão no início da madrugada desta quinta (1º) | Moradores de bairros na região central de São Paulo enfrentaram um apagão no início da madrugada desta quinta-feira (1º). Houve relatos de falta de energia elétrica em locais como Santa Cecília, República e Higienópolis.Em nota na manhã desta quinta, a Enel disse que uma falha no sistema elétrico da empresa responsável pela transmissão de energia no estado de São Paulo, ISA CTEEP, causou interrupção no fornecimento na região central da capital nessa madrugada.A ISA CTEEP confirmou em nota que houve uma falha em um equipamento da Subestação Centro, impactando o fornecimento de energia. Segundo a Enel, todas as solicitações urgentes foram tratadas como prioridade ao serem informadas por telefone ou pelas redes sociais.O apagão foi registrado entre 1h e 1h30. A energia voltou após cerca de meia hora e caiu rapidamente de novo. Depois, ficou estável.Moradores afetados falaram sobre o problema nas redes sociais."Cuidado nas ruas", alertou Diego Santana Vidal. "Acendemos uma vela e ficamos contando relatos sobrenaturais", disse Marina Reis. "Estava aqui vendo o fim de 'Senhor dos Anéis' e apagou tudo", contou outro morador.O perfil Somos Centro SP, no Twitter, foi mais irônico. Disse que durante o apagão só era possível ver o reluzir dos cachimbos de usuários de crack na região central.Na avenida Ipiranga, perto do cruzamento com a avenida São João, moradores de prédios gritaram e motoristas buzinaram nos momentos de escuridão.Em junho de 2020, bairros do centro da cidade amanheceram sem energia elétrica. A eletricidade foi restaurada, mas houve um segundo apagão por volta das 9h40. Na ocasião, foram registrados apagões nos bairros Santa Cecília, Consolação, Higienópolis, República e Bom Retiro. | 2022-09-01 06:49:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/09/moradores-de-sp-enfrentam-apagao-no-inicio-da-madrugada-desta-quinta-1o.shtml |
Estudo israelense conclui que paxlovid reduz mortes de idosos por Covid | O paxlovid, o medicamento contra Covid-19 desenvolvido pela Pfizer, reduziu hospitalizações e mortes de pacientes idosos durante a onda de ômicron em Israel no início deste ano. Porém, segundo revelou uma nova pesquisa, não fez diferença para pacientes com menos de 65 anos e com risco alto de adoecer gravemente.O estudo é uma das primeiras análises publicadas da eficácia real do paxlovid contra a ômicron, hoje a versão dominante do coronavírus. A Pfizer fez os ensaios clínicos do medicamento durante a onda da variante delta no ano passado, abrangendo apenas pessoas não vacinadas.Ainda restavam dúvidas quanto à eficácia do medicamento contra a variante ômicron e entre pacientes vacinados ou que tenham alguma imunidade pelo fato de já terem tido Covid anteriormente. O paxlovid está disponível para os americanos desde dezembro.O novo estudo não abordou outra incógnita premente: a frequência com que pacientes sofrem casos de Covid de recidiva depois de tomarem o paxlovid. Jill Biden, a primeira-dama dos EUA, saiu de um segundo período de isolamento na última segunda-feira (29), tendo voltado a apresentar Covid depois de tomar paxlovid.Na sexta (26), Ashish Jha, coordenador da resposta da Casa Branca ao Covid, disse no Twitter que, embora haja confusão em relação a quem deve tomar paxlovid, os dados ainda indicam que o medicamento deve ser dado a qualquer pessoa a partir de 50 anos pouco depois de ela apresentar sintomas de Covid e também a qualquer pessoa com problemas de saúde que a deixam vulnerável a ficar gravemente doente.Embora o estudo feito em Israel tenha concluído que o paxlovid não traz benefícios para adultos na faixa dos 40 aos 64 anos com comorbidades, outra pesquisa sugeriu que o medicamento pode melhorar os resultados finais. Um estudo feito em Hong Kong, que ainda não passou pela revisão por pares nem foi publicado em periódico científico, relatou benefícios do medicamento para pacientes de 50 a 64 anos.Pesquisadores do sistema de saúde Massachusetts General Brigham relataram que o paxlovid reduziu significativamente as hospitalizações entre pacientes de 50 a 64 anos, com efeito pronunciado sobre pessoas não vacinadas e pessoas com obesidade.Jha disse no Twitter que não há razões para pensar que os benefícios da droga seriam sentidos apenas por setores mais velhos ou mais vulneráveis da população. Ele destacou que o paxlovid tem poucos efeitos colaterais (o mais notável é um sabor metálico na boca) e que não há falta do medicamento nos Estados Unidos.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando..."É claro que uma droga que impede a replicação do vírus num paciente de 70 anos fará o mesmo num paciente de 60 anos", escreveu Jha. Ele observou que quase 200 mil americanos na faixa dos 50 aos 64 anos já morreram de Covid.Os estudos realizados pela própria Pfizer constataram que o paxlovid reduziu o risco de hospitalizações e mortes em 88% entre pessoas não vacinadas e com risco alto de sofrer ômicron grave, desde que fosse tomado nos primeiros cinco dias após o aparecimento dos sintomas.Publicada no último dia 24 no periódico The New England Journal of Medicine, a nova pesquisa revelou que o paxlovid é eficaz principalmente com pacientes mais velhos com Covid."O importante é que ele funciona, salva um bom número de vidas e evita um bom número de hospitalizações", disse o médico Ronen Arbel, primeiro autor do estudo e especialista em resultados de saúde na Clalit Health Services, em Tel Aviv. "É muito importante o fato de ele ajudar pacientes mais velhos."Outros autores do estudo incluíram Yael Wolff Sagy, Doron Netzer e Ariel Hammerman, todos da Clalit Health Services, uma grande provedora de assistência médica em Israel. Os pesquisadores reviram as fichas médicas de quase 110 mil membros da Clalit que testaram positivo para Covid entre janeiro e março, quando a variante ômicron era dominante.Os pacientes tinham pelo menos 40 anos de idade e foram considerados como tendo alto risco de adoecer gravemente. A maioria deles já havia sido vacinada, havia sido infectada anteriormente com Covid ou ambas as coisas. A média de idade dos pacientes era 60 anos, e mais de metade eram mulheres. Mais Cerca de 4.000 pacientes foram tratados com paxlovid, e o medicamento se mostrou altamente eficiente quando dado a pessoas de 65 anos ou mais, constataram os cientistas.Entre os 42.821 pacientes com 65 anos ou mais, 766 que não receberam paxlovid foram hospitalizados com Covid, enquanto apenas 11 que tomaram o medicamento foram hospitalizados. A redução relativa de risco foi de 73%.As mortes foram significativamente reduzidas nos pacientes idosos tratados com paxlovid. Apenas dois dos 2.484 pacientes que receberam o medicamento morreram, comparados a 158 dos 40.337 pacientes não tratados —uma redução de risco de 79%.Mas a droga teve pouco efeito sobre adultos mais jovens, não tendo impacto notável sobre as mortes ou hospitalizações, que foram mais baixas nesse grupo que entre os pacientes mais velhos, mas tratados com o paxlovid.Arbel disse que ele e seus colegas tinham a esperança de estudar o fenômeno da recidiva, mas que os dados sobre sintomas relatados não foram suficientemente confiáveis para isso."Sei que é uma coisa da qual se fala muito nos Estados Unidos, mas não tenho certeza se alguém morreu ou foi hospitalizado" após uma recidiva, ele disse. "Quase não é relevante."Embora o paxlovid não pareça ter grande impacto sobre adultos mais jovens ou de meia-idade, Arbel disse que alguns médicos podem optar, mesmo assim, por prescrever o medicamento para pacientes com menos de 65 anos."No caso de uma pessoa de 62 anos, não vacinada e com complicações, pode ser justificado receitar o medicamento", ele disse.Tradução de Clara Allain | 2022-09-01 09:00:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/09/estudo-israelense-conclui-que-paxlovid-reduz-mortes-de-idosos-por-covid.shtml |
Inovar na educação para reforçar o valor da democracia | Em 15 de setembro celebramos o Dia Internacional da Democracia. Essa palavra, no entanto, pelo senso comum, parece reduzir-se ao direito de votar a cada dois anos no Brasil. Embora mais pautada ultimamente pelos veículos de imprensa, em razão de manifestações recentes a favor da volta da ditadura e por intervenção militar na nossa política, faltam espaços que reforcem que hábitos cotidianos, como a expressão de opiniões, insatisfações e reivindicações, por quaisquer meios, são conquistas democráticas.É apenas em democracias consolidadas que cidadãos comuns, individualmente ou organizados coletivamente, podem expor suas ideias e opiniões e fazer uso de espaços e recursos digitais com liberdade. No entanto, não é a condição de usuário de redes sociais, ainda que hábil do ponto de vista técnico, que torna um cidadão democrático, embora seja a democracia que garanta o exercício de sua liberdade de expressão nesses ambientes virtuais.É por isso que as questões comunicacionais dos nossos tempos, permeadas por pós-verdade e desinformação, são consideradas por diferentes currículos da educação básica, com a intenção de formar cidadãos capazes de se relacionar com as mídias e com a informação sem ingenuidade. E, para formar pessoas críticas, é preciso estimular que a apropriação das tecnologias digitais seja acompanhada pelos mesmos valores democráticos que reconhecem o acesso a elas como um direito fundamental.A educação tem esse papel. É ela que dá sentido cidadão às práticas sociais. No que se refere ao uso da tecnologia, os processos educativos devem incorporar as mídias e os provedores de informação para formar cidadãos que valorizem a diversidade e o contraditório. Instituições de educação devem ter uma posição firme de defesa da dignidade e dos direitos humanos, orientando estudantes para que suas comunicações cotidianas levem em conta esses critérios civilizatórios, em vez fazer vista grossa à apropriação nociva desses recursos, para a expressão de mensagens que atentem contra a dignidade de pessoas, grupos e instituições.No entanto, os princípios de uma comunicação ética e responsável não devem ser tratados na escola ou em qualquer outro espaço potencialmente educativo apenas na teoria. É preciso que a educação proponha vivências democráticas às crianças e jovens, o que passa, necessariamente, pelo exercício da comunicação. Como aprender a ser democrático sem ouvir o outro, sem considerar a participação dos demais, sem reconhecer que esse é um direito de todos?Sobre isso, Jesús Martín-Barbero (1937-2021), importante intelectual espanhol radicado na Colômbia, tem um belo comentário em um artigo que escreveu ainda no início dos anos 2000, sobre como educar para a democracia. Disse ele: "Não se aprende a ser democrático em cursos sobre democracia, aprende-se a ser democrático em famílias que admitem pais e filhos não convencionais, em escolas que assumem a dissidência e a diferença como riqueza, com meios de comunicação capazes de dar verdadeiramente a palavra aos cidadãos". Mais Suas palavras reforçam a importância de valorizar a diferença e de permitir sua existência e manifestação. Dessa forma, as práticas de educação digital e midiática precisam ser, necessariamente, democráticas, no sentido de valorizar a diversidade de pontos de vista e, ao mesmo tempo, reconhecer e combater produções discursivas nocivas à democracia e aos direitos conquistados.Uma publicação de autoria do Instituto Palavra Aberta, intitulada 5 contribuições da educação midiática à democracia, procura esmiuçar essa ideia numa perspectiva prática, oferecendo a educadores propostas de atividades flexíveis para desenvolver competências democráticas em sala de aula. Partimos do pressuposto que o chão da escola é um microcosmo da diversidade social e que estratégias pedagógicas, a partir do uso de mídias, podem contribuir para qualificar a liberdade de expressão dos estudantes, sua participação na sociedade, além de reforçar a importância da pluralidade de pontos de vista para compreender a realidade em sua complexidade.E, para apoiar práticas pedagógicas significativas, no sentido de evidenciar a relação entre a vida em uma sociedade democrática e eleições, o Palavra Aberta lançou o projeto #FakeToFora, mais uma iniciativa no contexto do programa EducaMídia, com uma série de sete sequências didáticas para educadores da educação básica abordarem o tema, numa perspectiva lúdica e prática.Ações como essas pretendem deixar claro que o compromisso da educação, no século 21, é formar sujeitos capazes de dialogar, conviver e respeitar as diferenças. As mídias e tecnologias não são, portanto, a finalidade de um processo educativo inovador, mas meios a partir dos quais formaremos cidadãos capazes de aperfeiçoar processos e instituições democráticas. | 2022-09-01 08:30:00 | educacao | Educação | https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2022/09/inovar-na-educacao-para-reforcar-o-valor-da-democracia.shtml |
Governo envia Orçamento de 2023, desemprego recua e o que importa no mercado | Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (1º). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...O governo Jair Bolsonaro (PL) apresentou nesta quarta sua proposta de Orçamento para 2023 com um benefício médio de R$ 405 para o Auxílio Brasil, abaixo do atual piso de R$ 600, que vai até dezembro deste ano. Uma mensagem inusual encaminhada junto ao projeto contém a promessa de Bolsonaro de buscar a retomada dos R$ 600, mas sem detalhar como isso será feito. Entenda aqui as idas e vindas do benefício social no governo. O que explica a redução? O teto de gastos, regra que limita o avanço das despesas à inflação. Não há espaço no mecanismo para manter o auxílio de R$ 600, cujo acréscimo de R$ 200 tem custo de R$ 52,5 bilhões. Mais Outros números importantes do Orçamento:A taxa de desemprego no Brasil recuou para 9,1% no trimestre encerrado em julho, enquanto a renda dos trabalhadores voltou a ter uma alta significativa depois de dois anos, informou o IBGE nesta quarta (31). Em números: o resultado veio próximo à mediana projetada pelo mercado (9%) e é o menor desde o trimestre que acabou em outubro de 2015.O que explica: a recuperação do mercado de trabalho é observada tanto na informalidade quanto nos contratos CLT. Ela vem na esteira da reabertura das atividades no pós-pandemia e também é ajudada pelos estímulos fiscais do governo, que aquecem a demanda do consumidor. Renda se recupera, mas…O rendimento real médio no trimestre encerrado em julho atingiu R$ 2.693, 2,9% acima do verificado de fevereiro a abril.Mais sobre mercado de trabalho: O Congresso aprovou uma medida que permite a divisão dos 60 dias extras do período de licença-maternidade entre mães e pais, desde que ambos trabalhem em companhias que participam do programa Empresa Cidadã.Impulsionada por dinheiro gringo, a Bolsa brasileira encerrou agosto com alta de 6,16%, no segundo melhor mês do ano –atrás dos 6,98% de janeiro. Nesta quarta, porém, o azedume lá fora contaminou o Ibovespa, que recuou 0,82%, aos 109.522 pontos. O dólar subiu 1,76%, a R$ 5,20. Em números: os estrangeiros colocaram R$ 18 bilhões no mercado acionário brasileiro neste mês, em saldo parcial de agosto levantado pelo TradeMap.O que explica: as matérias-primas não estão tão aquecidas quanto no início do ano, mas o atual diferencial do Brasil em relação a outros mercados está no ciclo de alta de juros.O desempenho dos principais índices lá fora em agosto reforçam o diagnóstico. Nos EUA, S&P, Nasdaq e Dow Jones caíram, 4,2%, 4,6% e 4,1%, respectivamente. Na Europa, Londres recuou 1,88%. Dia de pagamento: apesar da queda do Ibovespa nesta quarta, as ações mais negociadas da Petrobras subiram 2,47% no dia em que foi paga a primeira parcela dos dividendos recordes referentes ao resultado do segundo trimestre.Uma parceria entre USP (Universidade de São Paulo), Shell Brasil e Raízen pretende desenvolver uma tecnologia para tranformar etanol em hidrogênio verde, que será testado em ônibus da Cidade Universitária. Entenda: por sua baixa emissão de carbono, o hidrogênio verde se tornou um dos combustíveis do futuro diante da atual crise energética. O gás é utilizado em setores de transporte, siderurgia, química e na geração de energia elétrica.O projeto: o modelo da parceria é diferente dos mais tradicionais ao usar o etanol. A ideia é desenvolver um equipamento chamado reformador, que quebra a molécula do biocombustível para transformá-la em hidrogênio. Mais Outras iniciativas: no fim de julho, a Unigel divulgou seu plano para construir uma fábrica de hidrogênio verde em Camaçari, na Bahia, com investimento inicial de US$ 120 milhões e que usará energia elétrica renovável na eletrólise. | 2022-09-01 07:00:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/governo-envia-orcamento-de-2023-desemprego-recua-e-o-que-importa-no-mercado.shtml |
Adélio foi espancado por policiais após facada em Bolsonaro, conta livro | Momentos depois de dar uma facada no então candidato Jair Bolsonaro, Adélio Bispo de Oliveira foi conduzido ao primeiro andar de um prédio comercial de Juiz de Fora (MG). Lá, policiais federais tiraram sua camisa e começaram a espancá-lo, numa tentativa de descobrir à força a motivação do crime.Enquanto apanhava naquele dia 6 de setembro de 2018, Adélio manteve-se calmo, com o olhar perdido; não chorou nem gritou, limitando-se a dizer que não concordava com as ideias de Bolsonaro.A surra só parou quando chegou ao local o tenente-coronel Marco Antônio Rodrigues de Oliveira, então comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais.Ele falou algum tempo com Adélio e, com base na conversa e em seu comportamento, traçou um diagnóstico: tratava-se de um desequilibrado mental.A cena, inédita, está nas páginas iniciais do livro "O Ovo da Serpente", escrito pela jornalista Consuelo Dieguez e que tem um subtítulo bastante explicativo: "Nova Direita e Bolsonarismo: Seus Bastidores, Personagens e a Chegada ao Poder".Dieguez se interessou pela ascensão da direita no Brasil a partir de duas reportagens que fez para a revista piauí. Na primeira, de 2016, seu foco era Bolsonaro."Fiquei impressionada como ele arrebatava uma multidão apaixonada, que fazia questão de se dizer de direita. Que dizia ter orgulho de ser de direita. O que não ouvíamos no país desde o fim da ditadura", diz a jornalista.Na segunda reportagem, de 2018, ela entrevistou gente do Brasil inteiro para entender o voto em Bolsonaro."Ficou claro para mim que era um movimento caudaloso e que vinha para ficar", afirma Dieguez. "O livro se propõe não a atacar essa nova direita, mas a entendê-la. Quanto mais entendermos, mais fácil será lidar com esses grupos e, de alguma forma, conter o fanatismo."Voltando a 2013 e percorrendo os anos até um pouco depois da eleição em 2018, o livro mostra como o bolsonarismo –entendido como o carro-chefe da nova direita- floresceu num solo em que se misturaram acaso, oportunismo e estratégia. Mais A facada, por exemplo, foi um acaso. Teria virado fatalidade sem a intervenção do soldado Erlon Rossignoli, que provocou um desvio milimétrico no percurso da lâmina.Mas o uso político do episódio demandou oportunismo para divulgar uma foto de Bolsonaro ainda no hospital, com os braços abertos como um Cristo na cruz, e estratégia para aproveitar a exposição que o candidato, de outro modo, jamais teria.Bolsonaro parecia saber disso desde o primeiro momento. Segundo o registro de Dieguez, ainda na Santa Casa de Juiz de Fora, ele disse a dois aliados: "É só não fazer mais nada que a eleição está ganha".A confluência entre os vetores acompanhados pelo livro, no entanto, remonta aos protestos de junho de 2013, quando, nas palavras da jornalista, "o ovo da serpente começou a ser chocado".Foi naquele ano que grupos de direita pegaram gosto pelas ruas. Também foi naquele ano que Bolsonaro participou de uma manifestação organizada por Silas Malafaia e, lá pelas tantas, soltou o seu bordão: "Brasil acima de tudo. E Deus acima de todos".De lá em diante, o então deputado federal aproveitou-se do empuxo da Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff (PT) para agregar setores da direita até então desorganizados e, de certa forma, envergonhados. Mais "O Ovo da Serpente" conta como Bolsonaro, longe do radar de outros partidos e da imprensa, foi colhendo a simpatia de militares, religiosos, fazendeiros e empresários.Embora ainda fosse visto como um parlamentar radical e inexpressivo, conseguiu, a cada novo apoio, construir uma imagem diferente, normalizando um voto antes tido como impensável.O livro repassa a dificuldade da imprensa ao lidar com um candidato como Bolsonaro e esmiúça sua estratégia digital, considerada um dos fatores mais decisivos para a campanha vitoriosa.Uma vitória, por sinal, que foi comemorada de forma atípica. Dieguez relata a frieza do presidente eleito durante a apuração e a ordem para celebrar somente quando a notícia fosse confirmada pela TV Record –o que só aconteceu quase dez minutos depois da Rede Globo.Nos dias seguintes, o clima pouco festivo continuou, porque o clã Bolsonaro passou a queimar a reputação de alguns aliados fundamentais durante a campanha. Era o gabinete do ódio mostrando a sua cara. | 2022-09-01 04:00:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/09/adelio-foi-espancado-por-policiais-apos-facada-em-bolsonaro-conta-livro.shtml |
Haddad mira Rodrigo e visa Tarcísio no 2º turno em São Paulo | "Doria e Rodrigo, Rodrigo e Doria, a mesma história, velhos amigos, mesmo governo, mesmo perigo", diz a vinheta do PT no horário gratuito eleitoral divulgado no rádio nesta quarta-feira (31).O tom da peça reflete bem o atual estágio da campanha para o Governo de São Paulo do petista Fernando Haddad, que mira o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), tido como adversário mais perigoso num eventual segundo turno, e seu antecessor João Doria (PSDB), que tem alta rejeição.Apesar de não assumirem oficialmente, na campanha do petista é majoritária a preferência por enfrentar Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno, em uma estratégia que replica a polarização nacional e aposta na rejeição a Jair Bolsonaro (PL), que apoia o ex-ministro.Integrantes da campanha afirmam, porém, que as peças publicitárias de Haddad têm equilibrado tanto o contraponto ao governo federal, mirando Tarcísio, como o contraponto ao governo estadual, mirando Rodrigo.Haddad tem repetido críticas sobre o aumento de impostos feito pelo governo paulista durante a pandemia e promete zerar o ICMS para carne e cesta básica. Sua principal proposta, de reajustar o salário-mínimo estadual para R$ 1.580, que ficou defasado nos últimos anos, também é um meio de atingir o governo Rodrigo.O ex-prefeito da capital está à frente na eleição para o Governo de São Paulo com 38% das intenções de votos, segundo o Datafolha do mês passado. Em seguida, aparecem Tarcísio, com 16%, e o atual governador, com 11%.Enfrentar Tarcísio no segundo turno permitiria à campanha de Haddad seguir totalmente colada à de Lula.Além disso, aliados de Haddad admitem que Tarcísio é um adversário que traria menos perigo no segundo turno devido ao antibolsonarismo no estado, mas negam que a campanha esteja poupando o bolsonarista enquanto tem o tucano como alvo.Dois índices exemplificam a questão. Primeiro, a rejeição a Bolsonaro entre os paulistas, que é de 52%, contra 39% de Lula -demonstrando a dificuldade de Tarcísio num segundo turno.Mas estrategistas do PT defendem que a campanha atinja ambos os adversários, já que eles têm desempenhos parecidos num eventual segundo turno. Segundo o Ipec, Haddad marca 47% contra 31% de Tarcísio e 45% contra 29% de Rodrigo.Também há entre membros da campanha de Haddad quem prefira o tucano no segundo turno, já que ele teria uma lista de fraquezas maior a ser explorada.A reportagem apurou que o legado de Haddad na prefeitura servirá de comparação com o governo Rodrigo enquanto o legado do petista no Ministério da Educação será usado em oposição à gestão de Tarcísio no Ministério da Infraestrutura.Na TV, os dois primeiros programas de Haddad tiveram tom nacional, com críticas aos preços altos na gestão Bolsonaro e exaltando os programas do petista na educação. Houve também, contudo, uma alfinetada em Rodrigo, que usou sua propaganda para mostrar suas origens e família no interior."Nesse primeiro dia de programa, alguns candidatos tentarão te sensibilizar falando apenas de si. Mostrando o álbum de família, fotos e histórias da infância. Como se no estado mais rico do país a gente não tivesse 7 milhões de paulistas enfrentando a pobreza e a fome, e 3,5 milhões sem emprego", disse Haddad na peça.Petistas que acompanham Haddad minimizam o foco em Rodrigo e dizem ser algo natural, já que ele é o governador e, portanto, é o alvo da oposição.Também lembram que o petista já foi alvo de críticas por manter um discurso nacional demais, imitando sua campanha à Presidência em 2018 em vez de focar em São Paulo.Oficialmente, Haddad nega que haja cálculo político e preferência por ataques a Rodrigo. "Eu não faço crítica a um ou a outro. Eu faço crítica a medidas", disse durante agenda de campanha nesta quarta-feira.Questionado pela reportagem sobre concentrar seu contraponto em Rodrigo ou Tarcísio, Haddad respondeu não ter "esse tipo de cálculo estratégico dessa maneira".Em um discurso para apoiadores no centro de Cotia (SP), nesta quarta, Haddad criticou nominalmente o governo tucano João Doria e Rodrigo Garcia, lembrando que eles retiraram a gratuidade do transporte de quem tem entre 60 e 65 anos e aumentaram o ICMS de alimentos.Haddad estava acompanhado de Márcio França (PSB), candidato ao Senado, e de Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice-presidente da chapa do ex-presidente Lula (PT).Adversário de Doria, França atacou o BolsoDoria, a associação entre Doria e Bolsonaro na eleição de 2018, e disse que hoje tanto a candidatura de Tarcísio quanto a de Rodrigo representam o BolsoDoria. Porém ele não citou os nomes dos rivais."Tem dois candidatos em São Paulo que também são candidato Kinder Ovo. Quem comprar os candidatos vai vir dentro a surpresinha: é o BolsoDoria! Quando você compra o chocolatinho, dentro vem a surpresinha que não vale nada, é o BolsoDoria. [...] O BolsoDoria tá de um lado, dividido em dois: é um monstro de duas cabeças", disse.Alckmin fez um discurso mais nacional e criticou o negacionismo do governo Bolsonaro em relação à vacina."Por exemplo, Alckmin falou da vacinação. Eu vejo as declarações do Tarcísio sobre vacinação totalmente equivocadas. Quando Alckmin chama atenção das pessoas para esse ponto, é uma crítica ao governo federal. Quando eu falo de aumentar imposto durante pandemia, estou fazendo crítica ao governo estadual. Na verdade, temos o grande desafio de mudar o Brasil e São Paulo para melhor. Vamos sempre que possível criticar as medidas que no nosso juízo foram equivocadas", disse Haddad à imprensa. Mais | 2022-09-01 04:10:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/09/haddad-mira-rodrigo-e-visa-tarcisio-no-2o-turno-em-sao-paulo.shtml |
Podcast: os questionamentos à ação de Moraes contra empresários bolsonaristas | O ministro Alexandre de Moraes tem sido alvo de questionamentos pela decisão que autorizou uma operação da PF contra empresários bolsonaristas que falavam em golpe de Estado em um grupo privado do WhatsApp. A ação foi deflagrada depois que reportagens do portal Metrópoles revelaram mensagens enviadas por apoiadores do presidente como Luciano Hang, dono da Havan, e Afrânio Barreira Filho, do Coco Bambu.Na segunda-feira (29), Moraes suspendeu o sigilo da justificativa da decisão que autorizou a busca. O ministro diz no documento que havia risco de que os empresários financiassem atos contra a democracia. Mas especialistas apontaram ressalvas em relação aos elementos usados para justificar quebras de sigilo e o bloqueio de contas bancárias.No episódio desta quinta-feira (1º), o Café da Manhã conversa com o professor da faculdade de direito da USP Rafael Mafei sobre os questionamentos à decisão de Alexandre de Moraes contra os empresários e os efeitos da atuação do Judiciário na contenção de ataques à democracia.O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Maurício Meireles e Bruno Boghossian, com produção de Jéssica Maes, Laila Mouallem e Victor Lacombe. A edição de som é de Thomé Granemann. | 2022-09-01 05:00:00 | podcasts | Podcasts | https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2022/09/podcast-os-questionamentos-a-acao-de-moraes-contra-empresarios-bolsonaristas.shtml |
Quando a opinião política pode levar à demissão do trabalhador? | Legalmente, o trabalhador não pode ser demitido por ter ou manifestar sua opinião política. Porém, em tempos de polarização, pode acontecer de o profissional ser surpreendido com uma dispensa sem justa causa, em que o empregador não detalha o motivo de sua decisão.Dispensas ou represálias por conta de opinião política constituem prática discriminatória, contrária à Constituição Federal, que coloca como direito fundamental a livre manifestação do pensamento, sem privação de direitos por convicção política.A advogada Graziela da Cruz Garcia explica que não cabe ao empregador interferir ou restringir o direito de seus empregados: "O empregado ter uma opinião política específica, ou mesmo falar de política com colegas de trabalho, ou se manifestar em suas redes sociais pessoais, não pode ser motivo para represálias, tampouco demissões."Demissões por motivos políticos também contrariam a Convenção 111 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), como lembra o advogado Rômulo Saraiva, colunista da Folha. Para a OIT, distinção, exclusão ou preferência que impacte a igualdade de oportunidade ou tratamento no trabalho são consideradas discriminação por motivação política, repudiadas pela lei brasileira.Apesar disso, em meio à polarização política vivida no Brasil, Saraiva recomenda cautela ao tratar destes temas no ambiente corporativo. "O país vive uma polarização e o radicalismo tem retirado o equilíbrio das pessoas em exporem seus pontos de vista, presencialmente, nas redes sociais ou em grupos de WhatsApp."Porém, a situação pode ser outra se o discurso político vier atrelado a ofensas a colegas de trabalho e empregador, por exemplo. Glauco Marchezin, consultor trabalhista da IOB, afirma que nesse caso há possibilidade de punições disciplinares, como advertência, suspensões ou até a dispensa por justa causa, dependendo da gravidade.Neste caso, cabe ao empregador ter comprovação, inclusive prova testemunhal do ofendido. "Caso o empregado venha reclamar na Justiça, caberá ao Poder Judiciário a decisão final se é cabível a rescisão por justa causa ou não."O consultor acrescenta que regras internas da empresa podem limitar certos tipos de manifestação. Um exemplo seria a proibição de posicionamentos políticos em email e documentos corporativos por serem ferramentas para o trabalho. "Por exemplo, uma comunicação realizada a clientes com posicionamento político contrário aos mesmos, que possam prejudicar a realização dos negócios." Mais Segundo Marchezin, o empregador pode entrar em acordo com o empregado em relação a tudo que não seja contra a lei, contra decisões judiciais ou normas estabelecidas pelo sindicato da categoria, o que deve ser feito com cuidado e respeito ao direito constitucional do empregado de se manifestar politicamente.O presidente da ABRH Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Paulo Sardinha, ressalta que o problema é quando o funcionário falta com respeito e ética na empresa, como ao rejeitar agressivamente outras opiniões. "Mas aí não é sobre política, é sobre tudo, respeito, ética e olhar para normas e condutas da empresa."Neste caso, o que muitas vezes acontece é que, antes de recorrer à demissão, o funcionário ser orientado com uma advertência para tentar preservar o vínculo. "O RH tem esse papel de tentar trazer um ponto de equilíbrio, para que as coisas caminhem sem prejuízo, sem discriminação e sem favorecimento", conclui Sardinha.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Se ficar comprovado que o candidato não foi aprovado em processo seletivo por sua opinião política, a empresa pode ser questionada judicialmente, com a possibilidade de indenização por danos morais."Entretanto, em ambas as situações, ou seja, durante o contrato ou mesmo na fase pré-contratual, no processo seletivo, o empregado ou candidato a empregado poderá ter dificuldade em provar a conduta discriminatória da empresa", explica Garcia.Neste caso, há possibilidade de pedir reparação do dano por via judicial."Para que se comprove o fato, poderão ser utilizadas todas as formas de prova aceitas pela Justiça, como por exemplo, documentos ou testemunhas", diz Marchezin. Além disso, emails, conversas no celular ou nas redes sociais também são citadas por Saraiva como possíveis provas.Caso seja comprovada a dispensa discriminatória ou demonstrada perseguição política, a empresa pode ser condenada a pagamento de indenização por danos morais, por exemplo. Garcia cita caso julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região em 2015 em que o empregado foi demitido sem justa causa após manifestar convicções políticas. Mais | 2022-09-01 04:00:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/quando-a-opiniao-politica-pode-levar-a-demissao-do-trabalhador.shtml |
Senado da Califórnia aprova projeto de lei para regular a indústria de fast food | O Senado do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, aprovou na segunda-feira (29) um projeto de lei que pode mudar a forma como o setor de serviços é regulado no país, criando um conselho para definir os salários e melhorar as condições de trabalho dos operários de fast food.A medida, fortemente contestada pela indústria de fast food, foi aprovada por 21 votos a 12. A assembleia estadual já havia aprovado uma versão do projeto, que agora requer a aprovação do governador Gavin Newsom, que não indicou se vai assiná-la.O projeto de lei pode representar um passo importante em direção à negociação setorial, na qual trabalhadores e empregadores negociam remuneração e condições de trabalho em toda a indústria, em oposição à negociação empresarial, na qual os trabalhadores negociam com empresas e locais individuais.Embora a negociação setorial seja comum na Europa, é rara nos Estados Unidos, ainda que certas indústrias, como a automobilística, tenham arranjos que se aproximam do modelo.O projeto de lei da Califórnia não traria uma verdadeira negociação setorial –que envolve trabalhadores negociando diretamente com empregadores, em vez de uma entidade governamental estabelecer padrões amplos– mas incorpora elementos cruciais do modelo.O projeto de lei estabeleceria um conselho de dez membros que incluiria representantes de trabalhadores e empregadores e duas autoridades estaduais e revisaria os padrões de pagamento e segurança em todo o setor de restaurantes.O conselho poderia emitir regulamentos de saúde, segurança e antidiscriminação e estabelecer um salário mínimo para todo o setor. A legislação limita o valor em US$ 22 por hora no próximo ano, quando o salário mínimo estadual será de US$ 15,50. O projeto de lei também exige ajustes anuais de custo de vida para qualquer novo piso salarial a partir de 2024.Cadeias de restaurantes com pelo menos cem locais em todo o país estariam sob a jurisdição do conselho –incluindo empresas como Starbucks, que possuem e operam suas lojas, bem como franqueados de grandes empresas como o McDonald’s. Centenas de milhares de trabalhadores no estado seriam afetados.O conselho seria encerrado após seis anos, mas poderia ser reconvocado pelo Legislativo.Mary Kay Henry, presidente do Sindicato Internacional de Empregados de Serviço, com quase 2 milhões de membros, que pressionou pela legislação, disse que o projeto era fundamental por causa dos desafios que os trabalhadores enfrentaram ao tentar mudar as políticas sindicalizando loja por loja.Autoridades do setor argumentam que o projeto de lei aumentará os custos trabalhistas e, portanto, os preços do cardápio, quando a inflação já é uma preocupação generalizada. | 2022-09-01 04:00:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/09/senado-da-california-aprova-projeto-de-lei-para-regular-a-industria-de-fast-food.shtml |
Judiciário e oposição reagem a Bolsonaro, e procuradores cobram Aras por investigação | A fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) a embaixadores com mentiras em série sobre o sistema eleitoral e mais uma vez em tom golpista provocou reações de repúdio em cadeia nesta terça-feira (19) na cúpula do Judiciário e em diferentes setores do Ministério Público.Um dos alvos dessa pressão foi o procurador-geral da República, Augusto Aras, que tem se mostrado alinhado ao presidente em diferentes temas e mais uma vez é cobrado a investigá-lo.O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), principal aliado de Bolsonaro no Congresso, seguiu em silêncio sobre os ataques. Depende dele a eventual abertura de um processo de impeachment.Um dia antes, Bolsonaro repetiu teorias da conspiração e desacreditou as urnas eletrônicas e também atacou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), sempre em um tom de ameaça.As falas golpistas não são uma novidade, mas desta vez vieram carregadas de agravantes: feita a embaixadores convocados pelo governo, dentro da residência oficial da Presidência, incluída na agenda oficial de Bolsonaro, com transmissão ao vivo pela TV estatal e às vésperas do início da campanha.No Brasil, nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas, em uso desde 1996.Segundo especialistas em direito ouvidos pela Folha, Bolsonaro cometeu uma série de crimes na apresentação a embaixadores. As declarações, em tese, poderiam levar à cassação ou ao impeachment do mandatário.A oposição foi a primeira a reagir nesta terça. Partidos acionaram o STF para que Bolsonaro seja investigado sob suspeita de crime contra as instituições democráticas.O pedido ao Supremo é assinado por parlamentares de PT, PSOL, PC do B, PDT, Rede, PSB e PV. Eles esperam que a corte autorize abertura de inquérito sobre a conduta do presidente.Na solicitação, os partidos afirmam que o mandatário não pode "usar do cargo de presidente da República para subverter e atacar a ordem democrática, buscando criar verdadeiro caos no país e desestabilizar as instituições públicas".No Judiciário, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, repudiou tentativas de questionamento do processo eleitoral, mas sem citar o nome de Bolsonaro."Em nome do STF, o ministro Fux repudiou que, a cerca de 70 dias das eleições, haja tentativa de se colocar em xeque mediante a comunidade internacional o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, que têm garantido a democracia brasileira nas últimas décadas", diz nota do STF.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...A nota reproduz fala de Fux feita em reunião por videoconferência com o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, que também é integrante do Supremo. De acordo com o STF, os dois conversaram sobre os ataques ao Poder Judiciário e ao processo eleitoral brasileiro"A Fachin o ministro Fux reiterou confiança total na higidez do processo eleitoral e na integridade dos juízes que compõem o TSE", informou o Supremo.Um dia antes, Fachin teve reação imediata após a fala de Bolsonaro e disse que quem divulga informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro "semeia a antidemocracia".O presidente em exercício do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Jorge Mussi, também afirmou em nota nesta terça que tem "plena confiança no processo eleitoral brasileiro e no Tribunal Superior Eleitoral".Segundo o ministro, "o Estado democrático de Direito, consagrado na Constituição Federal de 1988, requer a defesa desse sistema, sem que jamais tenha havido evidência concreta de fraude, e a rejeição, por todas as instituições do Estado, de qualquer tentativa de desacreditá-lo". Mais Uma forte reação a Bolsonaro também foi vista em setores do Ministério Público.Procuradores da República afirmaram que Bolsonaro faz campanha de desinformação e avilta a liberdade democrática. Eles ainda acionaram Aras para que o presidente seja investigado.O ofício é assinado por 43 integrantes do Ministério Público Federal que atuam como procuradores dos direitos do cidadão e endereçado à Procuradoria-Geral Eleitoral, comandada por Aras."O presidente da República atacou explicitamente o sistema eleitoral brasileiro, proferindo inverdades contra a estrutura do Poder Judiciário Eleitoral e a democracia brasileira, em clara campanha de desinformação, o que semeia a desconfiança em instituições públicas democráticas, bem como na imprensa livre", afirmam os signatários do documento."A conduta do presidente da República afronta e avilta a liberdade democrática, com claro propósito de desestabilizar e desacreditar o processo e as instituições eleitorais e, nesse contexto, encerra, em tese, a prática de ilícitos eleitorais decorrentes do abuso de poder."No mesmo tom, a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) reafirmou a "confiança que deposita no funcionamento das urnas eleitorais e, mais ainda, no próprio sistema judiciário eleitoral brasileiro"."O sistema de votação e apuração das eleições hoje vigente é fruto de decisão soberana do povo brasileiro, expressada por meio do Congresso Nacional, e reiteradamente testada, sem vícios. Assim, o atentado em curso ao processo democrático é uma afronta ao país e aos seus cidadãos", disse o órgão."As críticas ao sistema eleitoral brasileiro devem partir de fatos concretos, em propostas factíveis e que nasçam da constatação de problemas realmente identificados, e não podem servir apenas para disseminar o descrédito, sem base na realidade."Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...A Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público) manifestou apoio ao TSE e destacou que o sistema de voto eletrônico é constante fiscalizado pelo Ministério Público Eleitoral e "jamais teve contra si qualquer comprovação ou sequer indício que sustente dúvida quanto a sua eficiência e lisura. Pelo contrário, o modelo eletrônico brasileiro é, hoje, uma referência internacional".A associação disse ainda que "os membros do Ministério Público estão prontos para atuar em defesa da Constituição e do Estado de Direito, sobretudo para assegurar a realização do pleito deste ano".Três associações de servidores da Polícia Federal também emitiram nesta terça nota conjunta manifestando confiança nas urnas e afirmando que nunca foi apresentada qualquer evidência de fraude no sistema.O documento é assinado pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol).As associações dizem ter "total confiança no sistema eleitoral brasileiro e nas urnas eletrônicas" e reforçam que acatar a legislação eleitoral "é imprescindível a todo e qualquer representante eleito". Além disso apontam que nas análises realizadas pela Polícia Federal "nenhum indício de ilicitude foi comprovado". Mais Bolsonaro nunca apresentou provas ou indícios sobre as urnas, mas repete o discurso golpista como uma forma de esconder os problemas de seu governo, a alta reprovação e as recentes pesquisas.Por meio de uma profusão de mentiras, o presidente vem fomentando a descrença nas urnas. No entanto, ao invés de ser barrado por aqueles ao seu redor, o mandatário tem contado com o respaldo de militares, membros do alto escalão do governo e seu partido em sua cruzada contra a Justiça Eleitoral.As Forças Armadas têm repetido o discurso de Bolsonaro. Em ofício recente, solicitaram ao TSE todos os arquivos das eleições de 2014 e 2018, justamente os anos que fazem parte da retórica de fraude do presidente.Antes de ser eleito em 2018, Bolsonaro já dizia que só não ganharia se houvesse fraude.O discurso aparenta assim funcionar como um plano B para o caso de perder o pleito. Também funcionou como uma tentativa de pressionar o Congresso pela aprovação do voto impresso, o que não ocorreu.No ano passado, veio a mais forte ameaça golpista ligada ao tema. Em conversa com apoiadores, Bolsonaro disse que "a fraude está no TSE" e ainda atacou o então presidente da corte eleitoral e ministro do STF, Luís Roberto Barroso, a quem chamou de "idiota" e "imbecil"."Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma [atual], corremos o risco de não termos eleição no ano que vem", disse.A fala ocorreu após uma sequência. No dia anterior, também ao falar com apoiadores, o mandatário fez outra ameaça semelhante: "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições".Pesquisa Datafolha mostrou que, em meio à ofensiva feita por Bolsonaro, o percentual de eleitores que confiam nas urnas eletrônicas passou de 82%, em março, para 73%, em maio. | 2022-07-19 18:09:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/judiciario-e-oposicao-reagem-a-bolsonaro-e-procuradores-cobram-aras-por-investigacao.shtml |
Polícia conclui inquérito e indicia anestesista por estupro de vulnerável | A Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, concluiu nesta terça-feira (19) o inquérito que investigou o anestesista Giovanni Quintella Bezerra. Ele foi indiciado por estupro de vulnerável, crime cuja pena varia de 8 a 15 anos de prisão.Outros cinco possíveis casos de estupro pelo médico são investigados pela Polícia Civil.Bezerra foi preso em flagrante na madrugada do último dia 11, depois que funcionários do Hospital da Mulher Heloneida Studart filmaram o anestesista colocando o pênis na boca de uma paciente desacordada durante uma cesárea.Segundo depoimentos colhidos ao longo das investigações, o médico pedia que os maridos das pacientes se retirassem da sala de cirurgia no meio do procedimento. Os relatos também indicam que Bezerra aplicava, sem necessidade, altas doses de sedativo nas mulheres, para que pudesse estuprá-las.O inquérito concluiu que o anestesista começou a estuprar a paciente 50 segundos depois que o companheiro dela deixou a sala de cirurgia. O estupro durou nove minutos e cinco segundos.Ao longo da ação criminosa, Bezerra sedou sete vezes a paciente. Foram utilizados os medicamentos propofol e ketamina.O laudo do telefone utilizado na filmagem mostrou que o vídeo é íntegro e sem edições, com a duração de uma hora e 36 minutos.Segundo os depoimentos, o anestesista limpou o pênis com uma gaze após ejacular. Ela foi recolhida do lixo para ser periciada, mas não foram encontrados vestígios de sêmen. Segundo a polícia, o material passou por diversos recipientes e, por isso, não foi possível garantir a integridade da coleta.Ao longo do inquérito, remetido nesta terça para a Justiça, foram colhidos 19 termos de declaração, incluindo o do autor, da vítima, do marido da vítima, do corpo técnico e médico do hospital e de policiais.Na última sexta (15), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou denúncia do Ministério Público contra o médico e ele se tornou réu pelo crime de estupro de vulnerável. O prazo para apresentar defesa após o recebimento da denúncia na esfera penal e a citação do acusado é de dez dias.O médico teve a prisão em flagrante convertida em preventiva durante audiência de custódia realizada no dia 12 de julho. Mais Entre os cinco possíveis casos de estupro ainda investigados, dois podem ter ocorrido horas antes da filmagem que resultou na prisão de Bezerra, com pacientes que também passaram por cesáreas no mesmo hospital.Na segunda cesárea daquele dia, uma das profissionais da enfermagem viu que ele estava com o pênis ereto, segundo depoimento à polícia. Foi aí que decidiram filmá-lo na terceira cirurgia.Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...Outras três ex-pacientes procuraram a delegacia para denunciar o comportamento do médico. Elas disseram que ele as sedou completamente, deixando-as inconscientes, e que ele não permitiu que os companheiros acompanhassem todo o procedimento. | 2022-07-19 17:52:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/07/policia-conclui-inquerito-e-indicia-anestesista-por-estupro-de-vulneravel.shtml |
Montagem de 2018 volta a circular para atacar sistema eletrônico de votação | É falsa a postagem que mostra imagem adulterada de um boletim real de votação na cidade de Nagoia, no Japão, após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. Como verificado pelo Projeto Comprova, o conteúdo manipulado altera os números de votos para os então candidatos Fernando Haddad, Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin para afirmar, falsamente, que houve fraude na eleição.O conteúdo, que foi desmentido em 2018 pelo Comprova e diversos outros veículos, voltou a circular agora, sendo desmentido novamente, inclusive pelo TSE, que voltou a apontar manipulação de dados.Falso, para o Comprova, é todo o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.Até o dia 18 de julho, o tuíte tinha 4 mil interações. O conteúdo foi marcado como informação falsa pelo Twitter, que bloqueou as funções de curtir, compartilhar ou comentar. Já no Kwai, foram 516 visualizações.O perfil no Twitter não permite o envio de mensagens. A conta posta conteúdo de apoio a Jair Bolsonaro e retuitou por várias vezes a postagem falsa aqui verificada, com o texto: "Derrubaram? Posto de novo".O Comprova localizou checagens anteriores sobre a mesma imagem: todas com a conclusão de que houve manipulação com o objetivo deliberado de atacar, a partir de informação falsa, o sistema eletrônico de votação.Também foram consultadas informações no site do TSE, que, procurado novamente pelo Comprova, reafirmou que o conteúdo é uma fraude.A imagem compartilhada na postagem falsa, feita em 13 de julho, circula desde 2018, quando a disputa eleitoral para a Presidência da República foi marcada por ataques à lisura do sistema eletrônico de votação, o que também acontece agora. Na época, o Comprova mostrou que a imagem era falsa e tinha sofrido adulteração.Os números referentes a Haddad foram alterados de 0009, como mostra foto do documento original obtido pelo Comprova, para 9909. Já os votos em Jair Bolsonaro, também candidato à época, tiveram o número manipulado de 0372 para 0000.A fraude também foi mostrada, à época, pelo Fato ou Fake, do G1, e agora, pela AFP Checamos, quando volta a circular. À agência, o TSE reafirmou que o conteúdo se trata de fraude."Trata-se de reprodução adulterada de boletim oficial, que apresenta os mesmos códigos de verificação mostrados na imagem e que foi publicado pela Justiça Eleitoral", disse o TSE à AFP.À época em que o conteúdo falso circulou pela primeira vez, os códigos de verificação do boletim, que não foram adulterados, permitiram a localização do boletim real. Nele, é possível encontrar diversas outras correspondências com a imagem manipulada, como data, horário de fechamento, ordem dos candidatos na lista de votação, os números de eleitores aptos, total de votos nominais, brancos e nulos etc.O boletim real se refere à votação na cidade de Nagóia, no Japão, e pode ser consultado no site do TSE. Os dados reais são: 0009 votos em Haddad e 0372 em Jair Bolsonaro. Na imagem adulterada, os votos em Geraldo Alckmin também foram modificados, de 0011 para 0000.A inscrição 0000, como também aparece para Bolsonaro no conteúdo manipulado, é mais uma evidência de que a imagem foi alterada, já que, como informou o TSE ao Comprova, os boletins de urna não exibem nomes de candidatos que não receberam votos.Procurado novamente pelo Comprova, o TSE reafirmou que a imagem "trata-se de reprodução adulterada de boletim oficial, que apresenta os mesmos códigos de verificação mostrados na imagem e que foi publicado pela Justiça Eleitoral".No e-mail, o TSE ainda acrescenta outro indício de manipulação na imagem: "Os dígitos 9 estão desalinhados do resto dos números, o que sugere alteração digital da foto".Em anexo, encaminhou novamente o boletim real.O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam na internet e estão relacionados com as eleições presidenciais, a realização de obras públicas e a pandemia da covid-19. Depois de ter sido desmentido em 2018, o conteúdo aqui verificado volta a circular com o intuito de tumultuar o processo eleitoral em andamento, uma prática adotada pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro e seus apoiadores.Folha, Comprova, G1, AFP Checamos, Estadão Verifica, Boatos.org, UOL, Tribunal Regional Eleitoral-MT, e Terra foram alguns dos sites que desmentiram a informação, em 2018 e agora.Ainda sobre as eleições presidenciais, o Comprova mostrou, recentemente, que post mente ao tentar associar Lula e Manuela D’Ávila a facada contra Bolsonaro e que é falso que estatuto do PT prevê confisco de bens dos brasileiros.Em relação às urnas eletrônicas, o Comprova já realizou diferentes checagens como a da contagem de votos feita pelo TSE e não por empresa terceirizada, como afirmava post. Também, recentemente, o Comprova verificou que não há dispositivo nas urnas eletrônicas capaz de alterar votação, ao contrário do que dizia conteúdo. | 2022-07-19 17:52:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/montagem-de-2018-volta-a-circular-para-atacar-sistema-eletronico-de-votacao.shtml |
Procuradores reagem a Bolsonaro e cobram Aras para abertura de investigação | Procuradores da República afirmaram nesta terça-feira (19) que Jair Bolsonaro faz campanha de desinformação, avilta a liberdade democrática e acionaram o procurador-geral da República, Augusto Aras, para que o presidente seja investigado.Assinado por 43 integrantes do Ministério Público Federal que atuam como procuradores dos direitos do cidadão em todo o país e endereçado à Procuradoria-Geral Eleitoral, comandada por Aras, o ofício que pede a apuração é uma reação de integrantes do órgão às acusações feitas sem provas por Bolsonaro ao sistema eleitoral durante apresentação para embaixadores no Palácio da Alvorada nesta segunda (18)."O presidente da República atacou explicitamente o sistema eleitoral brasileiro, proferindo inverdades contra a estrutura do Poder Judiciário Eleitoral e a democracia brasileira, em clara campanha de desinformação, o que semeia a desconfiança em instituições públicas democráticas, bem como na imprensa livre", afirmam os signatários do documento."A conduta do presidente da República afronta e avilta a liberdade democrática, com claro propósito de desestabilizar e desacreditar o processo e as instituições eleitorais e, nesse contexto, encerra, em tese, a prática de ilícitos eleitorais decorrentes do abuso de poder."Eles lembram no ofício que as informações falsas veiculadas durante o encontro de Bolsonaro com os representantes estrangeiros foram rebatidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...A corte produziu um relatório com destaque a 20 alegações feitas pelo chefe do Executivo. O resumo reúne links para notícias publicadas no site do próprio tribunal e jornais para desmenti-lo.Uma das alegações é a de que o TSE descumpre legislação e não imprime voto mesmo após recomendação da Polícia Federal. De acordo com o tribunal, não é verdade. Uma lei não chegou a entrar em vigor porque foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.Mais cedo, 33 subprocuradores-gerais da República divulgaram manifesto para afirmar que entre os direitos conferidos ao presidente da República pela Constituição não está previsto o de dizer "inverdades, nem de, impunemente, atacar as instituições em esforço para desacreditá-las". Topo da carreira no MPF, existem atualmente 71 subprocuradores na ativa.O texto afirma que, para garantir a independência da Justiça Eleitoral, a lei aponta como crimes de responsabilidade, entre outros, "utilizar o poder federal para impedir a livre execução da lei eleitoral, servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso do poder, subverter ou tentar subverter por meios violentos a ordem política e social, incitar militares à desobediência à lei ou infração à disciplina e provocar animosidade entre as classes armadas, ou delas contra as instituições civis".Nesta segunda, em evento da OAB do Paraná, o presidente do TSE, Edson Fachin, afirmou que quem divulga informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro "semeia a antidemocracia"."Vivemos um tempo intrincado, marcado pela naturalização do abuso da linguagem e pela falta de compromisso cívico, em que se deturpam, sistematicamente, fatos consolidados, semeando a antidemocracia, pretensamente justificada por um estado de coisas inventado, ancorado em pseudorrepresentações de elementos que afrontam, a toda evidência, a seriedade do sistema de justiça e a alta integridade dos pleitos nacionais", disse Fachin.Os procuradores da República que reagiram às falas de Bolsonaro citaram no pedido a Aras um procedente do TSE para defender a apuração.A corte cassou o mandato de deputado estadual de Fernando Francischini (União Brasil), um apoiador do presidente, por disseminação de fake news relacionadas ao sistema eletrônico de votação nas eleições de 2018. A cassação de Francischini foi recentemente confirmada pelo Supremo.Os autores do documento lembram ainda que é missão constitucional do MP brasileiro a proteção da democracia, bem como a necessidade de reforçar a independência da Justiça Eleitoral. Mais | 2022-07-19 17:04:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/procuradores-reagem-a-bolsonaro-e-cobram-aras-para-abertura-de-investigacao.shtml |
Bolsonaro reciclou mentiras e distorceu fatos em fala a embaixadores; veja checagem | O presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrou na segunda-feira (18) com dezenas de embaixadores no Palácio da Alvorada para tentar desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. Na ocasião, ele reciclou mentiras e teorias da conspiração, além de fazer ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).Logo após o evento feito por Bolsonaro, o TSE divulgou uma resposta às principais alegações mentirosas ou deturpadas do presidente. O levantamento contém links para checagens feitas ao longo dos últimos meses, já que a maioria das afirmações falsas de Bolsonaro foi repetida.Veja ponto a ponto as mentiras e distorções ditas pelo presidente no encontro com os embaixadores.Além do Brasil, apenas dois países do mundo usam sistema semelhante ao brasileiroApesar de o presidente Jair Bolsonaro dizer que apenas Brasil, Butão e Bangladesh utilizam urnas eletrônicas sem impressão de voto, o TSE afirma que as máquinas de votar sem registro físico não são exclusividade dos três países."Os equipamentos utilizados pelo eleitorado de parte da França e dos Estados Unidos para realizar a escolha de representantes também não imprimem comprovante físico da votação", diz o tribunal.Reportagem da Folha em 2021 apontou que Brasil, Bangladesh e Butão eram os únicos países que adotavam a votação por urna eletrônica sem registro em papel em larga escala em eleições nacionais.Hacker teve acesso a tudo dentro do TSE em 2018; poderia excluir nomes de candidatos e alterar votosNo encontro com chefes de missão diplomática, Bolsonaro afirmou que um hacker teve acesso ao código-fonte e senhas de acesso ao sistema do TSE, podendo fraudar as eleições de 2018. Disse ainda que o ataque teria possibilitado que nomes de candidatos fossem alterados e que se tirasse "voto de um [candidato] e mandar para o outro".A declaração do presidente, no entanto, é desmentida pelo próprio delegado Victor Campos, responsável pela investigação na PF. Em depoimento, ele disse que não encontrou indícios de que a ação pudesse ter resultado em manipulação de votos, fraude ou problemas na integridade das urnas.Além disso, o código-fonte é aberto para auditoria de vários órgãos, como a PF (Polícia Federal), MPF (Ministério Público Federal) e partidos políticos. "Portanto, dizer-se que um hacker teve acesso ao código-fonte é como arrombar uma porta aberta", disse Edson Fachin, presidente do TSE.TSE não auxiliou PF em investigaçãoO presidente afirmou que, durante a investigação da PF sobre o ataque hacker de 2018, o TSE não colaborou com as investigações e demorou sete meses para afirmar aos investigadores que os logs foram apagados.Em nota, a corte eleitoral disse que "o próprio TSE encaminhou à Polícia Federal as informações necessárias à apuração dos fatos e prestou as informações disponíveis"."A investigação corre de forma sigilosa e nunca se comunicou ao TSE qualquer elemento indicativo de fraude", completou o tribunal.PSDB concluiu que sistema eletrônica é inauditávelO TSE rebateu a declaração de Bolsonaro. Segundo o tribunal, o PSDB contratou uma auditoria externa para investigar supostas fraudes na eleição presidencial de 2014. O relatório dos tucanos não encontrou indícios de irregularidades, mas destacou que o sistema não permitia uma auditoria externa independente e efetiva. Mais PF recomendou voto impresso, mas o TSE rejeitouA fala de Bolsonaro foi classificada pelo TSE de mentirosa. A PF realmente recomendou, em outubro de 2018, que fossem "envidados todos os esforços para que possa existir o voto impresso para fins de auditoria".A sugestão chegou a ser aprovada em duas leis, em 2009 e 2015, mas em ambas o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou a medida inconstitucional, por "comprometer o sigilo e inviolabilidade do voto."Observadores internacionais não conseguem conferir integridade do sistema eleitoralDiferentemente do que Bolsonaro disse aos embaixadores, o TSE argumenta que os observadores internacionais já iniciaram uma análise técnica sobre a urna eletrônica e o sistema eleitoral brasileiro para o pleito de 2022."[Os organismos internacionais] contarão com peritos em informática, com acesso ao código-fonte e todos os elementos necessários para avaliarem a transparência e integridade do sistema eletrônico de votação", destacou o tribunal.Bolsonaro foi indevidamente acusado de vazar inquérito sigilosoO presidente é investigado pelo STF por vazar o inquérito da PF, ainda aberto, sobre o ataque hacker ao TSE.Bolsonaro divulgou trechos da investigação em 4 de agosto de 2021, em entrevista à rádio Jovem Pan. Em janeiro, a PF concluiu que o presidente cometeu crime ao vazar dados sigilosos do inquérito, mas não o indiciou por respeitar posicionamentos recentes do Supremo que decidiram que pessoas com foro privilegiado só podem ser indiciadas mediante prévia autorização da corte.A PGR pediu o arquivamento da investigação.Empresa terceirizada conta os votos das urnasApesar de Bolsonaro ter dito aos embaixadores que uma empresa terceirizada faz a contagem dos votos das eleições brasileiras, o TSE informou que o sistema de totalização é feito na corte e é apresentado com um ano de antecedência às entidades fiscalizadoras.Na verdade, o supercomputador utilizado pelo tribunal é fabricado pela empresa Oracle, mas a totalização é realizada pela corte eleitoral.Fachin teria dito que auditoria não pode contestar resultado das eleiçõesO TSE diz que Bolsonaro tirou de contexto uma fala do ministro Edson Fachin. Na declaração, Fachin explicou como a auditoria servia para analisar procedimentos da eleição."Trata-se de auditar os meios, instrumentos e procedimentos, e não veículo de uma preposição aberta direcionada aprioristicamente a rejeitar o resultado das urnas que porventura retrate que a vontade do povo brasileiro é oposta aos interesses pessoais de um ou de outro candidato", disse o ministro em julho.Reportagem da Folha mostrou que seria preciso ingressar com ação judicial para tanto. Especialistas explicam que o pedido de auditoria é administrativo e não tem como função o questionamento da eleição, tampouco tem o poder de alterar seu resultado.Fachin foi advogado do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)Em nota, o TSE disse que o ministro Edson Fachin jamais atuou na defesa do MST.Na verdade, a declaração de Bolsonaro tem como base o apoio dado pelo magistrado ao movimento, em 2008, quando assinou um manifesto feito pelos trabalhadores rurais.TSE não acolheu sugestões das Forças ArmadasO presidente Bolsonaro afirmou ainda aos embaixadores que o TSE rejeitou as sugestões das Forças Armadas apresentadas na CTE (Comissão de Transparência das Eleições). Segundo o TSE, a maioria das recomendações dos militares foi acatada. Ao todo, as Forças Armadas fizeram 15 sugestões para o aperfeiçoamento do sistema eleitoral, das quais dez foram acolhidas integralmente ou parcialmente, quatro serão analisadas para os próximos pleitos e uma foi rejeitada.As Forças Armadas têm repetido o discurso de Bolsonaro e já fizeram ao menos uma centena de questionamentos à corte eleitoral. Em ofício recente, solicitaram ao TSE todos os arquivos das eleições de 2014 e 2018, justamente os anos que fazem parte da retórica de fraude do presidente. Além disso, insistem em alterar as regras e procedimentos envolvendo o processo eleitoral a menos de três meses das eleições.Urna autocompleta votoAos embaixadores, Bolsonaro voltou a dizer que as urnas eletrônicas, em 2018, completavam automaticamente os votos. "Quando ele apertava o número 1, e depois ia apertar o número 7, aparecia o 3 e o voto ia para outro candidato", disse.O TSE já desmentiu a informação após peritos encontrarem cortes no vídeo citado pelo presidente, que confirmam que houve montagem.Comparação do TSE com queijo suíçoO presidente disse que a PF constatou, com base em documentos do próprio TSE, que a corte é "mais que um queijo suíço, é uma peneira", em referência a supostas falhas no trabalho do tribunal."A Justiça Eleitoral não tem conhecimento de tal afirmação feita pela Polícia Federal", disse o TSE.Palestra de Barroso nos EUABolsonaro afirmou que o ministro Luís Roberto Barroso teria dado uma palestra nos Estados Unidos com o tema "Como se Livrar de um Presidente". Em nota, a assessoria do ministro disse que Barroso não deu a referida palestra."Em evento realizado na Universidade do Texas, a palestra do ministro foi sobre 'Populismo Autoritário, Resistência Democrática e Papel das Supremas Cortes'. Tanto o vídeo da apresentação como o texto em que se baseou a palestra são públicos." Mais | 2022-07-19 17:04:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/bolsonaro-reciclou-mentiras-e-distorceu-fatos-em-fala-a-embaixadores-veja-checagem.shtml |
Temer atende a ala do MDB pró-Lula e agora tenta adiar ato para oficializar Tebet | Uma ala do MDB que tenta viabilizar o apoio do partido à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência já no primeiro turno conseguiu nesta terça (19) o apoio do ex-presidente Michel Temer para tentar adiar em oito dias a convenção do partido, que definirá o rumo da sigla na eleição presidencial.A convenção nacional do MDB, que está programada para oficializar o nome da senadora Simone Tebet (MS) na corrida pelo Palácio do Planalto, será virtual no próximo dia 27. Hoje, a maioria dos delegados do partido tende a apoiar a candidatura própria.Em caso de retirada da candidatura Tebet, a hipótese que conta com maior simpatia das diferentes correntes é o de liberação.Em minoria entre os delegados emedebistas, o grupo da sigla que apoia Lula articula mais tempo para convencer dirigentes a respaldar a candidatura petista e propõe realizar a convenção no dia 5 de agosto, data-limite para realização desse tipo de ato, de forma presencial.O tema foi discutido em reunião nesta terça-feira (19) no escritório do ex-presidente.O apoio de Temer, um dos principais cardeais do MDB, à empreitada foi lida por emedebistas como gesto importante em direção à campanha petista.De acordo com presentes à reunião, o argumento que convenceu o ex-presidente foi o de que em 42 anos de fundação, o partido nunca teve uma convenção virtual.Contrariado, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), foi às redes sociais informar que a data está mantida. Em letras maiúsculas, Baleia afirmou que a coligação em torno do nome de Tebet atende pelo nome de centro democrático. Ele encerrou as postagens com "#SimoneSIM".Pouco tempo depois, a senadora publicou foto ao lado do emedebista para informar que deu consentimento para o lançamento de seu nome como candidata à Presidência na convenção do partido, "que acontecerá no próximo dia 27".Temer, segundo aliados, se comprometeu a trabalhar junto a Baleia para convencê-lo da necessidade de mudar a data.Em entrevista à CNN, Temer afirmou que o apoio a Lula não foi debatido na reunião. Segundo ele, Tebet está em viagem a São Paulo para discutir a mudança da data."[Os líderes vieram aqui para] quem sabe ajudar num entendimento interno do partido para eventualmente prorrogar o momento da convenção e não fazer ela virtualmente, mas presencialmente, que tem sido a tradição do MDB", disse o ex-presidente.Em seguida, Temer defendeu a jornalistas a necessidade de diálogo no partido."Eles querem discutir a possibilidade de uma convenção presencial e nela todos terão a palavra. Eu não vejo nenhuma oposição radical a Simone Tebet, pelo contrário. Só palavras de elogios. O que há, e é natural, é a preocupação política em relação ao que possa acontecer na eleição. Mas isso, pelo diálogo se resolve, e é o que eu vou propor", disse Temer.O ex-presidente ainda afirmou que, como emedebista, apoia Tebet, mas como há diretórios que preferem apoiar Lula, é necessário haver mais conversas internas."Acho que ela está decidida, trabalhando muito, de igual maneira Baleia e membros dos diretórios. [Mas] há cerca de 11 com dificuldades seria bom dialogar e conversar."Questionado sobre se a terceira via fracassou e se é possível apoiar o PT, Temer, que capitaneou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) respondeu: "Não sei dizer. É preciso dar tempo ao tempo. O tempo é que resolve essas coisas".Temer ainda disse que um eventual encontro com Lula não está "na pauta", mas não rechaçou a ideia.O líder do MDB, Eduardo Braga (AM), disse que a ideia de adiar a convenção tem como objetivo manter a tradição do partido e debater o rumo da legenda com líderes."O que está posto está posto. Onze estados declararam apoio ao presidente Lula no primeiro turno. É óbvio que queremos ter um dialogo com o partido para que esta seja uma convergência interna do partido diante da realidade política que se põe no pais", afirmou Braga.O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que a sigla não "tem dono" e ainda argumentou que o partido diminuiu com a candidatura de Henrique Meirelles (MDB) na última eleição presidencial e disse que a legenda não pode ter uma candidatura de "faz de conta"."Não é com esse nível de pragmatismo que nós devemos fazer política", afirmou Renan.Hoje, a proposta que poderia unir diferentes alas do MDB é não ter candidato algum. De acordo com emedebistas, há chances de o partido crescer nesse cenário. Em 2006, quando a sigla resolveu não apoiar Lula mas também não lançar o ex-governador Anthony Garotinho ao Planalto, o MDB elegeu 89 deputados federais.Participaram do encontro nesta terça os senadores emedebistas Renan Calheiros (AL), Marcelo Castro (PI), Rose de Freitas (ES), Eduardo Braga (AM), líder da legenda no Senado, além do ex-ministro Moreira Franco (RJ), do deputado Isnaldo Bulhões (AL), líder do MDB na Câmara, e do ex-deputado Leonardo Picciani (RJ).O ex-deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) e o ex-governador Edison Lobão (MA), que estiveram na reunião com Lula segunda, não participaram do encontro com Temer.Antes de a reunião começar, Isnaldo afirmou à imprensa que não há discussão sobre a legitimidade da pré-candidatura de Tebet e que "não há racha no partido"."Estamos afunilando o diálogo, porque a convenção do partido acontecerá nos próximos dias", diz. Ele também afirmou que manifesto divulgado mais cedo por lideranças do MDB "é natural"."Houve uma nota de vários estados em apoio à candidatura da senadora Simone, que é natural. Outros estados já manifestaram o apoio a Lula. Isso é uma posição independente da consolidação, da confirmação da candidatura da Simone ou não", afirmou.Previamente consultado sobre a reunião desta terça, Temer concordou em recebê-los, mas lembrou aos emedebistas das críticas feitas por Lula à reforma trabalhista encampada em seu governo, além de ser constantemente chamado de golpista pelos integrantes do PT.Sem esse endosso de Temer, restaria como estratégia para apoiadores de Lula a desidratação da pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) para que ela mesma desista, o que abriria espaço para uma articulação com com o petista.Os aliados de Lula, porém, ainda reconhecem nos bastidores a dificuldade de rifar a pré-candidatura de Tebet.Nessa segunda-feira (18), os emedebistas informaram a Lula que seriam derrotados caso levassem a disputa a voto durante a convenção. Segundo eles, não houve tempo para articulação de um acordo em prol do ex-presidente.Um dos participantes do encontro chegou a afirmar que essa derrota recairia nos ombros de Lula caso eles insistissem no embate interno. A avaliação é a de que, excluídos os defensores da candidatura de Tebet, a ala bolsonarista poderia ser até maior na correlação de forças internas do MDB.Nesta semana, emedebistas alinhados a Lula estão buscando conversas com outras lideranças do MDB na tentativa de reverter esse quadro.Na segunda (18), o líder do MDB no Senado, o senador Eduardo Braga (AM), anunciou que 11 diretórios estaduais já estarão com o petista no primeiro turno das eleições: Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Paraíba, Pará, Piauí, Maranhão, Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.Dirigentes do MDB ressaltaram que o encontro desta segunda-feira reúne lideranças estaduais, sem significar apoio dos diretórios com o ex-presidente. Mais Em resposta à reunião da segunda, dirigentes e representantes do MDB em 19 estados divulgaram uma nota oficial, nesta terça, reforçando o apoio ao nome de Tebet na corrida eleitoral.O texto é assinado por nomes como o presidente nacional da legenda, Baleia Rossi, os ex-senadores Romero Jucá e Pedro Simon e o senador Jarbas Vasconcelos.Um dos signatários do texto, Romero Jucá é ligado a Temer. Ele concorrerá ao Senado por Roraima, estado de forte presença do bolsonarismo. Outro aliado de Temer, é Moreira Franco, ex-governador do Rio, onde o MDB compõe a base do PL."Em respeito ao povo brasileiro e aos filiados do MDB, nós - defensores de uma alternativa à polarização e ao populismo –ratificamos nosso compromisso de lutar pela eleição de Simone Tebet à Presidência da República", diz a nota. | 2022-07-19 17:16:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/temer-atende-a-ala-do-mdb-pro-lula-e-agora-tenta-adiar-ato-para-oficializar-tebet.shtml |
PMs da Rota são presos após morte de suposto sequestrador | Três policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) foram presos após uma apuração da Corregedoria da corporação apontar indícios de irregularidade na morte de um homem suspeito de sequestro.Um tenente e dois cabos foram detidos nesta segunda-feira (18). Eles cumprem prisão preventiva no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital.Policiais que atuam na Rota, considerada tropa de elite da PM paulista, utilizam câmeras presas ao uniforme. No entanto, não foi informado se o equipamento auxiliou nas prisões.Segundo a PM, o caso ocorreu em 12 de julho deste ano, em uma área de mata em Osasco, na Grande São Paulo.Naquela noite, policiais militares do 20° BPM/M (Batalhão de Polícia Militar Metropolitano), em Barueri, município vizinho a Osasco, receberam a informação de que criminosos, em dois veículos, haviam sequestrado uma pessoa.Uma equipe policial localizou os suspeitos na rodovia Anhanguera e diz que foi recebida a tiros.Conforme a versão da PM, a ocorrência se agravou e foi necessário apoio de equipes que atuam em outros batalhões, entre os quais da capital.Durante a fuga, uma equipe de policiais do batalhão de Cajamar se deparou com os suspeitos, mas também diz ter sido recebida a tiros.Os bandidos conseguiram descer do veículos em que estavam e seguir para uma área de mata.No local, policiais militares da Rota contaram ter encontrado um dos suspeitos e, segundo eles, houve troca de tiros. O homem ferido foi socorrido pelo resgate do Corpo de Bombeiros e levado ao Pronto-Socorro Regional de Osasco, onde morreu.Um outro suspeito foi preso. Ele portava um fuzil. PMs reportaram que ainda localizaram um outro fuzil, uma pistola e dois coletes à prova de balas, abandonados.A vítima sequestrada foi libertada sem ferimentos. | 2022-07-19 15:50:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/07/pms-da-rota-sao-presos-apos-morte-de-suposto-sequestrador.shtml |
Justiça decide que julgamento entre Musk e Twitter começará em outubro | O Twitter conquistou uma vitória inicial em sua batalha por fazer com que Elon Musk conclua a aquisição da empresa por US$ 44 bilhões, depois que uma juíza acatou o pedido da companhia e marcou um julgamento acelerado que começará em outubro.Em sua decisão, Kathleen McCormick, chanceler da Court of Chancery do estado do Delaware, advertiu que a "nuvem de incerteza" que pende sobre os negócios do Twitter se tornaria mais densa em caso de uma longa espera por um julgamento."A realidade é que a demora ameaça causar danos irreparáveis aos vendedores", declarou McCormick, ordenando um julgamento com duração de cinco dias e acrescentando que o tribunal estava capacitado a lidar com o processo acelerado.Durante a audiência, os advogados do Twitter acusaram o bilionário da Tesla de "tentativa de sabotagem" contra a companhia e disseram que um julgamento rápido, com quatro dias de duração, era necessário para impedir novos danos aos negócios da empresa.Advogados da plataforma de rede social disseram que a incerteza quanto à transação causa danos ao Twitter "a cada hora de cada dia", e instaram a juíza a marcar uma data para o julgamento na metade de setembro.Ainda que o julgamento tenha sido marcado para um pouco mais tarde e deva durar um dia a mais do que o Twitter solicitou, a decisão da juíza fica muito mais perto daquilo que a empresa pediu do que da posição de Musk. Os advogados dele argumentaram que o julgamento não deveria começar antes de 2023, e classificaram o cronograma proposto pelo Twitter como "absurdo".Em 8 de julho, Musk anunciou que retiraria sua proposta de adquirir o Twitter ao preço de US$ 54,20 por ação, afirmando que a empresa tinha violado o acordo de fusão ao não divulgar informação suficiente sobre seu número de contas falsas, e ao iludir as autoridades regulatórias quanto a esse assunto.O Twitter abriu um processo contra Musk para tentar forçá-lo a concluir a transação, e o acusa de violar repetidamente os termos do acordo de fusão e de tentar abandonar a proposta por causa da queda dos mercados de tecnologia desde que o negócio foi fechado, em abril.Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...No primeiro duelo judicial entre a empresa do Vale do Silício e o homem mais rico do mundo, nesta terça, a empresa de mídia social argumentou que Musk está prejudicando seus negócios ao incitar os internautas contra ela e ao desordenar suas operações, por exemplo ao recusar aprovação para os planos da companhia para retenção de pessoal."É uma tentativa de sabotagem", disse Bill Savitt, do escritório de advocacia Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, um dos advogados do Twitter, durante a audiência. "Ele está tentando fazendo tudo que pode para derrubar o Twitter. Está fazendo tudo que pode para colocar o Twitter sob ameaça, está fazendo tudo que pode para expor o Twitter, e está fazendo tudo isso como maneira de escapar a um contrato que prometeu consumar".Savitt também argumentou que o julgamento deveria ser acelerado a fim de permitir tempo suficiente para que qualquer decisão seja aplicada antes que os acordos de financiamento da transação entre Musk e os bancos expirem, em abril de 2023.A equipe de Musk havia proposto que o julgamento começasse não antes de fevereiro. Representando o empresário, o advogado Andrew Rossman, do escritório Quinn Emanuel, argumentou que o debate sobre as contas falsas do Twitter exigia uma investigação mais demorada porque "quantidades imensas de dados" e "bilhões de ações em sua plataforma" teriam de ser analisadas. Mais Rossman disse que o Twitter só havia acusado Musk de violar o acordo de fusão depois que ele decidiu abandonar a transação, e acrescentou que "não se pode primeiro postergar a busca de uma solução judicial e em seguida aparecer para pedir que ela seja acelerada".Ele também acusou o Twitter de "enrolar" a equipe de Musk quando esta solicitou mais informações sobre as contas falsas, e disse que Musk não tinha incentivo para prejudicar a empresa, já que, como seu segundo maior acionista, ele tem "um interesse econômico na empresa muito maior" do que o do conselho do Twitter.Analistas especularam que Musk pode ter se arrependido da transação devido ao colapso nos preços das ações do setor de tecnologia depois que ele chegou a um acordo para adquirir o Twitter pagando US$ 54,20 por ação, em abril. As ações do Twitter agora estão cotadas a US$ 39,07. As duas partes poderiam renegociar a transação, a um preço mais baixo, ou chegar a um acordo quanto ao processo.Tradução de Paulo Migliacci | 2022-07-19 16:32:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/07/justica-decide-que-julgamento-entre-musk-e-twitter-comecara-em-outubro.shtml |
Os possíveis prejuízos do trabalho remoto à saúde | Quando Cat, 30, recebeu a oferta de um trabalho totalmente remoto em 2021, aceitou sem pensar duas vezes.Na ocasião, Cat —que mora em Londres e trabalha em serviços ambientais— já havia trabalhado remotamente devido à pandemia de Covid. Achou, portanto, que trabalhar de casa não seria um grande problema.Mas, nos últimos meses, mudou de opinião."Trabalhar sozinha dia após dia é difícil, especialmente quando meu marido está no escritório", afirma ela. "Às vezes, não vejo ninguém todo o dia, o que pode ser muito solitário. Descobri que, em vez de fazer intervalos para conversar com as pessoas no escritório, pego meu telefone. Esse aumento do tempo de tela com certeza prejudica meu bem-estar."O trabalho remoto vem sendo defendido como a solução de alguns dos problemas do nosso estilo de vida acelerado pré-pandemia. Para muitos, ele ofereceu a oportunidade de passar mais tempo com os filhos ou de usar o tempo que antes era desperdiçado no transporte para buscar hobbies mais gratificantes.Mas novas pesquisas sobre a relação entre o trabalho remoto e a saúde mental apresentaram resultados divergentes.No relatório New Future of Work ("O novo futuro do trabalho", em tradução livre), publicado pela Microsoft em 2022, os pesquisadores indicaram que, embora o trabalho remoto possa aumentar a satisfação profissional, ele pode também fazer com que os funcionários se sintam "socialmente isolados, culpados e tentem fazer compensações".Os efeitos negativos podem ter sido uma surpresa para alguns profissionais, que agora estão sentindo a pressão e percebendo que o trabalho remoto não é necessariamente a panaceia para a saúde mental, como vinha sendo anunciado. Ao contrário da narrativa corrente de uma demanda em massa pelo trabalho remoto, alguns funcionários, na verdade, estão preferindo assumir cargos com turnos parciais no escritório.Mas, para muitos, essas desvantagens valem muito a pena. Para grupos que enfrentaram a vida de trabalho no escritório antes da pandemia, os problemas causados por trabalhar em casa são um pequeno preço a pagar.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...As pessoas podem ter imaginado que trabalhar em casa seria uma utopia que incluiria fazer exercício nos intervalos de trabalho, preparar almoços saudáveis em casa e poder estudar facilmente. Mas, para muitos, a realidade é muito diferente.Pesquisas indicam que os trabalhadores remotos trabalham por mais tempo e que até 80% dos profissionais britânicos sentem que trabalhar de casa prejudicou sua saúde mental.Nicola Hemmings é cientista dos ambientes de trabalho na empresa americana de assistência à saúde mental Koa Health. Ela afirma que a falta de contato pessoal enfrentada por Cat é uma queixa comum.Hemmings indica que a pandemia causou uma "crise de saúde mental em rápido crescimento" e que até as pessoas que abraçaram por completo a mudança para o trabalho remoto podem estar sujeitas a ela."Durante o trabalho remoto, nós perdemos as indicações sociais do escritório movimentado e das interações sociais, que são muito necessárias —conversar no corredor, beber algo na cozinha cumprimentando alguém e perguntando sobre o fim de semana", diz ela. "Esses momentos aparentemente sem importância, coletivamente, podem ter grande impacto sobre o nosso bem-estar."O isolamento não é o único problema causado pelo trabalho remoto. Cat afirma que, além do sentimento de solidão, também percebeu que lidar com uma grande quantidade de chamadas de vídeo fez com que ela se sentisse "insegura". Ver constantemente seu próprio rosto na tela despertou em Cat o desejo de retomar as reuniões presenciais."Preferiria ter a opção de ir ao escritório algumas vezes por semana, para ter algum contato pessoal", conta.Além disso, os profissionais de grupos específicos estão sentindo mais os efeitos negativos. Cat é da geração millennial e não tem filhos —um grupo muito propenso a ser afetado pelas dificuldades que ela descreve.Uma sondagem demonstrou que 81% das pessoas com menos de 35 anos de idade se sentiram solitárias trabalhando em casa por longos períodos e estudos mostraram maiores níveis de estresse e ansiedade entre profissionais jovens desde a mudança para o trabalho remoto.Hemmings afirma que circunstâncias específicas, mais frequentemente associadas aos profissionais jovens (millennials e da geração Z), como sua entrada recente no mercado de trabalho ou a falta de um espaço de trabalho calmo e exclusivo, podem ter forte impacto sobre sua saúde mental.Mas, para algumas pessoas, o trabalho remoto durante a pandemia foi um divisor de águas positivo para superar as dificuldades.Esse é especialmente o caso de profissionais com deficiências ou que têm responsabilidades de assistência a outras pessoas. Hemmings afirma que essas pessoas vivenciaram mudanças positivas na sua saúde mental.Para elas, o trabalho no escritório pode ser extremamente prejudicial para o seu bem-estar, pois elas enfrentam longos deslocamentos com intensa agenda de compromissos pessoais, além da exaustão física e mental por lidarem com o estresse de ir e voltar de um local de trabalho inadequado para suas necessidades.Lauren, 28, conta que trabalhar em casa certamente melhorou sua saúde mental. Mãe de uma criança e moradora no Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, ela ressalta que existem algumas desvantagens, como nunca se sentir totalmente desligada, mas os benefícios superam em muito os pontos negativos.Ela diz que agora consegue trabalhar no mesmo cômodo enquanto seu marido brinca com sua filha ou ir a consultas médicas para ela ou sua filha no horário mais adequado."Pela primeira vez na vida, não tenho mais a síndrome do domingo à noite", afirma Lauren, que trabalha no setor de tecnologia."Tenho horários flexíveis, o que ajuda muito quando você tem uma criança. Com certeza, quero continuar com o trabalho remoto, pelo menos até minha filha entrar na escola."Para Lauren, as desvantagens do trabalho remoto compensam a maior conveniência e mais tempo com sua filha. Kevin Rockman, professor de Administração da Escola de Negócios da Universidade George Mason, nos Estados Unidos, salienta que, embora haja questões inegáveis relativas à saúde mental, o saldo de benefícios para pessoas como Lauren é imenso."Não há dúvida de que o bem-estar é maior com o trabalho remoto", afirma ele. "Trocar o tempo de deslocamento por saúde pessoal, família ou recreação é quase uma garantia de benefícios positivos."A mudança para o trabalho remoto não foi simples e, agora, muitas empresas estão enfrentando o problema de como projetar um modelo que funcione para todos.As indicações disponíveis no momento mostram que as preferências e circunstâncias pessoais de cada um são um fator fundamental para saber se o trabalho remoto traz algum benefício —e, em caso positivo, se o valor desses benefícios supera as desvantagens, como o isolamento e a solidão."Implementar o trabalho remoto realmente é uma questão de reimaginar o que estar no trabalho significa para cada pessoa", afirma Rockman."Os empregadores precisam equilibrar a flexibilidade, fornecendo às pessoas as ferramentas necessárias para que elas permaneçam produtivas e [atender] as necessidades sociais dos funcionários. A forma desse equilíbrio ideal será diferente para cada empresa."Rockman indica que diferentes grupos de pessoas terão experiências diferentes com o trabalho remoto.Estudos mostram que jovens mães são mais propensas a ter benefícios com o trabalho em casa e que alguém que more com um parceiro e tenha uma rede social na sua região provavelmente sofrerá menos impactos negativos sobre o seu bem-estar que alguém que mora sozinho e tenha se mudado de cidade recentemente, por exemplo.Também é possível que os funcionários desejem que o seu local de trabalho possa mudar ao longo do tempo. Um profissional da geração Z nos primeiros passos da carreira, por exemplo, pode valorizar o contato social do escritório e suas necessidades podem ser muito diferentes de uma mãe que trabalha ou de uma pessoa que cuida de um pai idoso.O que funciona melhor não é necessariamente uma solução ideal para todos —e provavelmente estará também em mutação, dependendo das necessidades específicas de cada indivíduo ao longo do tempo.Cat não está procurando um novo emprego no momento, mas conta que, quando o fizer, espera encontrar um que equilibre a rotina presencial e remota.Ela tem enfrentado dificuldades com sua saúde mental trabalhando em casa, mas ainda não gostaria de voltar a passar cinco dias por semana no escritório —um sinal de como são complexos os sentimentos de muitas pessoas sobre as reais condições do "home office".Quanto a Lauren, ela se imagina mudando para um sistema híbrido assim que sua filha entrar na escola, mas apenas se o trabalho for suficientemente flexível para que ela ainda possa sair ao meio-dia para ver a pequena em um evento na escola ou ir a uma consulta médica."Se não for assim, trabalhar em casa para sempre não parece muito ruim para mim", diz.Este texto foi originalmente publicado aqui. | 2022-07-19 15:19:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/07/os-possiveis-prejuizos-do-trabalho-remoto-a-saude.shtml |
Netflix aposta alto em 'Agente Oculto', filme mais caro de sua história, em meio a perda de assinantes | Anthony e Joe Russo gostam de jogar alto. Em "Vingadores: Guerra Infinita", de 2018, os irmãos diretores chocaram os fãs quando apagaram a metade da população global e permitiram que seus super-heróis da Marvel falhassem. No ano seguinte, eles aumentaram as apostas com o filme de três horas "Vingadores: Ultimato", que faturou US$ 2,79 bilhões (R$ 15,18 bilhões) nas bilheterias globais, a segunda maior quantia até então.E agora temos "Agente Oculto", filme da Netflix que eles escreveram, dirigiram e produziram. O serviço de streaming lhes deu cerca de US$ 200 milhões (R$ 1,08 bilhão) para correr pelo mundo e fazer Ryan Gosling e Chris Evans interpretarem funcionários da CIA que tentam matar um ao outro. "Quase nos matou", disse Joe Russo sobre a filmagem.Uma sequência de ação levou um mês para ser produzida. Envolvia grandes armas, um bonde atravessando o bairro da Cidade Velha de Praga e Gosling lutando contra um exército de assassinos algemado a um banco de pedra. É um daqueles espetáculos que fazem o público aplaudir. O momento custou cerca de US$ 40 milhões (R$ 217 milhões) para ser feito. "É um filme dentro de um filme", disse Anthony Russo."Agente Oculto" estará disponível na Netflix nesta sexta-feira (22) e chega num momento crítico para a plataforma de streaming, que anunciará seus resultados do segundo trimestre nesta terça (19). Muitos na indústria acreditam que os resultados serão ainda piores que a perda de 2 milhões de assinantes que a empresa previu em abril.Os lucros do primeiro trimestre da companhia levaram a uma queda vertiginosa no preço de suas ações. Desde então, a empresa demitiu centenas de funcionários, anunciou que criará um plano de assinatura mais barato com comerciais e pretende reprimir o compartilhamento de senhas entre amigos e parentes.Nesta segunda-feira (18) a empresa anunciou que vai cobrar um adicional de usuários em cinco países latino-americanos (Argentina, República Dominicana, Honduras, El Salvador e Guatemala) que acessarem suas contas em mais de uma residência. Por enquanto o Brasil não terá a nova cobrança.Apesar do momento difícil atual, os bolsos fundos da Netflix e a abordagem prática às decisões criativas fizeram dele o único estúdio capaz de corresponder às ambições dos Russo e sua busca por autonomia. "Teria sido um filme drasticamente diferente", disse Joe Russo, referindo-se à possibilidade de fazer "Agente oculto" em outro estúdio, como a Sony, onde originalmente seria produzido. Os irmãos disseram que ir para outro lugar exigiria que eles cortassem um terço do orçamento e reduzissem a ação.A Netflix, mesmo neste momento de humildade, pode pagar adiantado quando não está sobrecarregada com os custos que acompanham lançamentos muito maiores nos cinemas. E para Scott Stuber, diretor de cinema global da Netflix, que deu sinal verde para a franquia "Identidade Bourne" quando estava na Universal Pictures, filmes como "Agente Oculto" são o que ele lutou para fazer desde que ingressou na empresa há cinco anos."Ainda não estivemos nesse gênero, realmente", disse Stuber. "Se você vai fazer isso, quer lidar com cineastas que na última década criaram algumas das maiores franquias e os maiores filmes de ação no nosso meio."O filme é o mais caro do serviço de streaming e talvez sua maior aposta, ao tentar criar uma franquia de espionagem nos moldes de James Bond ou "Missão Impossível". Se funcionar, os irmãos Russo têm planos de expandir o universo de "Agente Oculto" com filmes e séries de televisão adicionais, como a Disney fez com suas franquias Marvel e "Star Wars".Mas essas franquias, embora turbinadas pelo streaming e integrantes das ambições do Disney+, são, antes de tudo, empreendimentos para cinemas. "Agente Oculto" será lançado em 450 salas, o que está muito longe das 2.000 ou mais onde se veria um lançamento típico de grande orçamento num fim de semana de estreia. E a disponibilidade quase simultânea na Netflix garante que a maioria dos espectadores assistirá ao filme em casa. Os lançamentos da companhia nos cinemas costumam sair de cartaz muito mais depressa do que os dos estúdios tradicionais."Se você está tentando construir uma franquia, por que começaria em um serviço de streaming?", perguntou Anthony Palomba, professor da Escola de Administração Darden da Universidade da Virgínia, que estuda tendências de mídia e entretenimento, especificamente as mudanças de hábitos dos consumidores. Mais Os Russo também estão produzindo a sequência de "Resgate", com Chris Hemsworth, para a Netflix, e acabaram de anunciar que a empresa vai financiar e lançar seu próximo empreendimento de direção, um filme de ação de ficção científica de US$ 200 milhões, "The Electric State", com Millie Bobby Brown e Chris Pratt.Stuber apontou para a sequência de "Resgate" e um filme de espionagem estrelado por Gal Gadot, "Heart of Stone", ambos com lançamento previsto para o ano que vem, como provas de que a empresa ainda está dando grandes saltos apesar de suas dificuldades. Ele reconheceu, no entanto, que as recentes realidades dos negócios forçaram a Netflix a pensar mais nos projetos que escolhe."Não estamos reduzindo loucamente nossos gastos, mas estamos reduzindo o volume", disse Stuber. "Estamos tentando ser mais cuidadosos."Ele acrescentou: "Éramos uma empresa que foi, por muito tempo, um negócio de volume. E agora estamos sendo muito específicos sobre segmentação".O lado teatral da indústria cinematográfica é um enigma para a Netflix. O apetite do estúdio por risco costuma ser maior do que o dos estúdios tradicionais, porque não gasta tanto dinheiro colocando filmes nos cinemas e não precisa se preocupar com números de bilheteria. Por outro lado, a falta de grandes lançamentos nos cinemas tem sido um ponto de discórdia com os cineastas que desejam exibir sua criatividade nas telas o máximo possível e esperam criar comoção entre o público.E a força das bilheterias nos últimos meses para filmes tão diferentes quanto "Top Gun: Maverick", "Minions 2: A Origem de Gru" e "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" (que os Russo produziram) levou muitos a repensar a influência dos cinemas, que a pandemia prejudicou gravemente. Mais Stuber reconheceu que uma maior presença física era um objetivo, mas que requer uma oferta constante de filmes que possam se conectar com um público global."É aonde estamos tentando chegar: temos o suficiente desses filmes de forma constante para podermos estar nesse mercado?", disse ele.Também exigiria que a Netflix calculasse por quanto tempo deixaria seus filmes serem exibidos exclusivamente nos cinemas antes de aparecerem no streaming. Embora a janela de exibição de "Agente Oculto" seja curta, os Russo esperam que o filme mostre que a Netflix pode ser um lar para o público de filmes de grande orçamento, que aprecia os irmãos."Sabendo que você tem, em última análise, uma plataforma de distribuição capaz de atrair 100 milhões de espectadores como fez com 'Resgate', mas também o potencial para uma grande janela teatral com uma campanha promocional equivalente", disse Joe Russo, "você tem um estúdio muito poderoso."Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves | 2022-07-19 15:29:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/07/netflix-aposta-alto-em-agente-oculto-filme-mais-caro-de-sua-historia-em-meio-a-perda-de-assinantes.shtml |
Salvador Nogueira conta a história da conquista do espaço no podcast Rádio Folhinha | Da competição para ver quem chegaria mais longe até as novas descobertas e perspectivas futuras, a conquista do espaço fascina pessoas de todas as idades. Neste episódio da Rádio Folhinha, o jornalista e colunista da Folha Salvador Nogueira conta o que aconteceu de mais importante nessa área desde que o primeiro satélite artificial, o Sputnik, foi posto na órbita da Terra em 1957 pela União Soviética.Ouça aqui o programa"Para a molecada que está vindo aí tem a animação de saber que tem uma chance muito boa de ver os primeiros astronautas caminhando na superfície de Marte", diz Nogueira no episódio. "Mais que isso, se quiserem, podem fazer parte dessa tripulação, porque o pessoal que vai andar em Marte já nasceu. Está por aí esperando para ser descoberto. Estuda aí que você tem uma chance de estar entre as primeiras tripulações a irem para Marte."O podcast Rádio Folhinha, que está no ar desde 1º de julho, ajuda a explicar para as crianças termos que aparecem com frequência nas conversas dos adultos e no noticiário.A temporada tem sete episódios e também apresenta para os pequenos o feminismo, a democracia, o corpo humano, a crise do clima, a guerra e a violência e o luto.Com um convidado especializado em cada assunto, a repórter Teté Ribeiro envolve o ouvinte nos temas propostos, dos mais leves e que despertam curiosidade natural das crianças até os mais densos."Dá para falar de qualquer assunto com criança, desde que a linguagem seja acessível e que você não a aborreça", diz a repórter, que fez pesquisa, entrevista, roteiro e narração dos sete episódios. A edição de som, pensada para atiçar a curiosidade do público infantil, é de Raphael Concli.Todos os episódios estão disponíveis de graça nas principais plataformas de áudio, como Spotify, Apple Podcasts e Deezer.A Rádio Folhinha integra o catálogo de programas em áudio coordenados pela editoria de Podcasts da Folha, que reúne produtos como o Café da Manhã, podcast diário de notícias em parceria com Spotify; o investigativo A Mulher da Casa Abandonada; Ilustríssima Conversa, de entrevistas com autores de não ficção; e Boletim Folha, com o resumo das notícias em duas edições diárias. A lista tem hoje mais de 20 programas. | 2022-07-19 15:30:00 | podcasts | Podcasts | https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2022/07/salvador-nogueira-conta-a-historia-da-conquista-do-espaco-no-podcast-radio-folhinha.shtml |
Pequenas metas ajudam a construir hábitos mais saudáveis; veja outras dicas | Somos todos criaturas com hábitos. Tendemos a acordar na mesma hora todos os dias, escovar os dentes, tomar café da manhã e ir para o trabalho, seguindo os mesmos padrões cotidianos.Então, por que é tão difícil adotar novos hábitos saudáveis?Cientistas comportamentais que estudam a formação de hábitos dizem que muitos de nós tentamos criar hábitos saudáveis da maneira errada. Tomamos decisões ousadas de começar a nos exercitar ou perder peso, por exemplo, sem tomar as medidas necessárias para nos prepararmos para o sucesso.Aqui estão algumas dicas, aprovadas por pesquisas, para formar novos hábitos saudáveis.Acumule seus hábitos. A melhor maneira de formar um novo hábito é ligá-lo a um hábito já existente, segundo especialistas. Procure padrões em seu dia e pense em como você pode usar os hábitos existentes para criar outros novos e positivos.Para muitas pessoas, a rotina matinal é a mais forte, então é um ótimo momento para acrescentar um novo hábito. Uma xícara de café pela manhã, por exemplo, pode criar uma ótima oportunidade para iniciar uma nova prática de meditação de um minuto. Ou, enquanto você escova os dentes, pode optar por fazer agachamentos ou ficar sobre um pé só para praticar equilíbrio.Muitos de nós também caímos nos padrões do final do dia. Você tende a se jogar no sofá depois do trabalho e ligar a TV? Talvez seja um bom momento para fazer uma pose diária de ioga. Mais Comece pequeno. B.J. Fogg, pesquisador da Universidade Stanford e autor do livro "Tiny Habits" (Pequenos hábitos, em português), observa que grandes mudanças de comportamento exigem um alto nível de motivação que muitas vezes não pode ser sustentado.Ele sugere começar com pequenos hábitos para tornar o novo hábito o mais fácil possível no começo. Fazer uma curta caminhada diária, por exemplo, pode ser o início de um hábito de exercício. Ou colocar uma maçã na bolsa todos os dias pode levar a melhores hábitos alimentares.Em sua vida pessoal, Fogg queria adotar o hábito de fazer flexões diárias. Ele começou com apenas duas flexões por dia e, para manter o hábito, amarrou suas flexões a um hábito diário: ir ao banheiro. Ele começou, depois de uma ida ao banheiro, baixando e fazendo duas flexões. Agora ele tem o hábito de praticar 40 a 80 flexões por dia.Faça todos os dias. Pesquisadores britânicos estudaram como as pessoas adquirem hábitos no mundo real, pedindo aos participantes que escolhessem um hábito simples que eles desejavam ter, como beber água no almoço ou dar uma caminhada antes do jantar.O estudo, publicado no European Journal of Social Psychology, mostrou que o tempo necessário para que a tarefa se tornasse automática –um hábito– variou de 18 a 254 dias. O tempo médio foi de 66 dias!A lição é que os hábitos levam muito tempo para ser criados, mas se formam mais rápido quando os fazemos com maior frequência, por isso comece com algo razoável que seja realmente fácil praticar.É mais provável que você mantenha um hábito de exercícios se fizer algum pequeno exercício –polichinelos, uma pose de ioga, uma caminhada rápida– todos os dias, em vez de tentar ir à academia três dias por semana. Uma vez que o exercício diário se torne um hábito, você pode explorar formas novas e mais intensas de exercícios.Facilite. Os pesquisadores de hábitos sabem que temos maior probabilidade de adquirir novos hábitos quando eliminamos os obstáculos que estão no caminho.Embalar sua roupa de academia e deixá-la na porta é um exemplo disso. Wendy Wood, psicóloga pesquisadora na Universidade do Sul da Califórnia, diz que começou a dormir com roupas de corrida para que fosse mais fácil sair da cama de manhã, calçar os tênis e correr. Escolher um exercício que não exija que você saia de casa –como abdominais ou polichinelos– é outra maneira de formar um hábito de exercício fácil.Wood chama as forças que atrapalham os bons hábitos de "atrito". Em um estudo, pesquisadores mudaram o tempo das portas do elevador de modo que os trabalhadores tivessem que esperar quase meio minuto para as portas se fecharem. (Normalmente, elas fechavam após 10 segundos.)A demora foi suficiente para convencer muitas pessoas de que subir as escadas era mais fácil do que esperar pelo elevador."Isso mostra como somos sensíveis a pequenos atritos em nosso ambiente", disse Wood. "Apenas diminuir a velocidade do elevador fez com que as pessoas subissem as escadas, e elas continuaram mesmo depois que o elevador voltou ao tempo normal."Wood observa que os profissionais de marketing já são especialistas em reduzir o atrito, induzindo-nos a gastar mais, por exemplo, ou a pedir mais comida.É por isso que a Amazon tem um botão de "um clique" e as empresas de fast-food facilitam pedir os "combos". "Somos muito influenciados pela forma como as coisas são organizadas ao nosso redor de maneiras que os profissionais de marketing entendem e exploram, mas as pessoas não exploram e entendem em suas próprias vidas", disse ela.Dê recompensas a você mesmo. As recompensas são uma parte importante da formação de hábitos. Quando escovamos os dentes, a recompensa é imediata –a boca fresca e mentolada. Mas algumas recompensas –como perda de peso ou mudanças físicas causadas pelo exercício– demoram mais para aparecer.Por isso é útil adotar algumas recompensas imediatas para ajudá-lo a formar um hábito. Ouvir audiolivros enquanto corre, por exemplo, ou assistir a um programa de culinária favorito na esteira pode ajudar a reforçar o hábito de se exercitar. Ou planeje um encontro de exercício para que a recompensa seja passar um tempo com um amigo.Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves | 2022-07-19 15:33:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2022/07/pequenas-metas-ajudam-a-construir-habitos-mais-saudaveis-veja-outras-dicas.shtml |
Mortes: Dedicou a vida à família e se despediu antes de morrer | Maria Helena Babadobulos Monteiro, mais conhecida como Mani, dedicou a vida à família. Nascida em São Paulo em 1948, ela ajudou a mãe a criar as irmãs mais novas e criou seus três filhos sozinha após a morte precoce do esposo.Mani morreu no último dia 10, aos 74 anos, devido a complicações causadas por um câncer na boca, mas teve a oportunidade de se despedir dos três filhos e dos três netos."Ela tinha muito receio de deixar os filhos, porque ela viveu para nós. A partir do diagnóstico ela começou a entender que não seria fácil superar a doença. Fazia tempo que ela não nos via juntos porque nós revezávamos para ficar com ela no hospital durante a internação. Na quinta-feira (7), ela abraçou cada um de nós e disse que nos amava. Eu disse a ela que eu e meus irmãos estaríamos sempre juntos", diz a filha Tatiana Babadobulos.A vida de Mani não foi fácil. Segunda mais velha de oito irmãos (quatro mulheres e três homens), ela precisou ajudar a cuidar das irmãs mais novas. Não tinha a liberdade de escolher o que fazer com seu tempo por causa das responsabilidades compartilhadas com a mãe. Quando mais nova, nem sequer podia ler os livros que quisesse sem a autorização da mãe, que lia todos os exemplares antes de liberar ou não um livro.Monteiro Lobato estava na lista dos proibidos. Era considerado "comunista demais" pela mãe de Mani.Mais velha, Mani quis ser jornalista, mas foi impedida pela mãe, que temia pela filha por causa da ditadura militar. No lugar do jornalismo, a mãe matriculou a filha em um curso livre de desenho na FAAP. Algum tempo depois, ela entrou no curso de artes plásticas, na mesma instituição. Foi lá que conheceu o esposo, José Ismael, estudante de engenharia civil.Os dois namoraram por cerca de quatro anos até se casarem em 1972. O primeiro filho veio no ano seguinte. Mani abandonou o curso no último ano e se tornou dona de casa.Ela desenhava as plantas dos projetos que o marido criava.Com a morte do marido por um ataque cardíaco aos 39 anos, Mani precisou voltar a trabalhar para sustentar a casa e os três filhos. Chegou a vender roupas para amigos e conhecidos, mas levou golpes e recebeu cheques sem fundo, o que a levou a mudar de atividade. Virou corretora de planos de saúde e trabalhou por 18 anos nessa área.Já nos últimos anos de vida, Mani redescobriu o apreço por desenhar e pintar. Alguns meses antes da pandemia, ela começou a frequentar aulas de pintura uma vez por semana em Alphaville. "Cheguei a ir com ela na Marquês de Itu para comprar cavalete, telas e pincéis de vários tamanhos. Ela pintou alguns quadros antes da pandemia", diz Tatiana.A descoberta do câncer ocorreu no ano passado. Entre idas e vindas de hospitais, a última internação longa de Mani foi em abril deste ano. Ela deixa três filhos e três netos. Mais [email protected] os anúncios de mortesVeja os anúncios de missa | 2022-07-19 16:38:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/07/mortes-dedicou-a-vida-a-familia-e-se-despediu-antes-de-morrer.shtml |
A fortuna que a Rússia gasta para proteger Putin da Covid | No auge da crise da Covid, o presidente russo, Vladimir Putin, era um dos líderes mais protegidos do mundo —e ele ainda é, apesar do relaxamento das medidas de coronavírus em todo o mundo.Todos com acesso dentro de um raio de um quilômetro do líder russo (e são dezenas de pessoas, como médicos, funcionários do Kremlin, pilotos e outros) precisam passar duas semanas em quarentena e fazer quatro testes de Covid, além de outros exames médicos, incluindo em alguns casos amostras de fezes.Como funciona o sistema que protege a saúde de Vladimir Putin?"E então foi a minha vez. Apertamos as mãos e transmiti a ele [Putin] os melhores votos de todos os veteranos de guerra em nossa república", disse Akhat Iulashev, general aposentado da região russa do Tartaristão, ao voltar de Moscou. "Ele [Putin] sorriu para mim. Foi um grande marco para mim!"O general de 94 anos viajou para a capital russa para participar do desfile do Dia da Vitória de 9 de maio na Praça Vermelha. Mas como ele teria contato próximo com Putin, precisou primeiro passar duas semanas em quarentena em um hotel de Moscou, que descreveu como "luxuoso".Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...A BBC não conseguiu falar pessoalmente com o general Iulashev, mas ele teria sido uma das cerca de 400 pessoas que ficaram em quarentena por 15 dias em dois luxuosos hotéis de Moscou (um cinco estrelas e um quatro estrelas) antes de um encontro próximo com o líder russo naquele dia.Aparentemente, mesmo com o arrefecimento da pandemia e o surgimento de vacinas, as medidas de proteção de Putin seguem em vigor. O presidente russo se desloca muito mais entre suas residências agora do que nos últimos dois anos, e o mesmo vale para seus funcionários próximos e equipe médica.Dados disponíveis de fontes estatais russas revelam que cerca de 3,2 bilhões de rublos (quase R$ 300 milhões) foram gastos na proteção da saúde de Putin por meio dessas medidas.Mikhail Fremderman, um médico israelense que até 2014 morava na Rússia, descreve essa escala de gastos como "inédita". "A partir dessas medidas, é impossível julgar se o presidente russo está passando por sérios problemas de saúde. É mais provável que sejam precauções de segurança."Konstantin Balonov, médico que tratou pacientes graves de Covid nos EUA, morou na Rússia até meados dos anos 1990. Ele diz que médicos do Kremlin podem estar sendo excessivamente cautelosos. Mais Mesmo com o enfraquecimento da pandemia, as medidas de segurança não foram abolidas. Todos que entram em contato com Putin são obrigados a realizar testes PCR, mesmo o presidente tendo sido vacinado. Também foram acrescentados novos testes, como exames para anticorpos de Covid, gripe, resfriado e infecção por estafilococos, além de amostras de fezes para alguns. Segundo fontes abertas do governo russo, desde o início de 2021 cerca de 1.500 pessoas passaram por diversos testes.Em fevereiro de 2022, alguns veículos russos —citando fontes anônimas— noticiaram que funcionários do Kremlin com acesso ao presidente tiveram que enviar amostras de fezes uma vez por semana.Fontes abertas revelam que tripulações e pessoas envolvidas no transporte do presidente também passam por testes regulares. E são muitos —PCR, de anticorpos e amostras de fezes. No total, a equipe de viagens aéreas de Putin gastou US$ 2,1 milhões (R$ 11,3 milhões) em dois anos para realizar exames.Em maio, eles fizeram 1.376 testes de Covid e 98 amostras de fezes, além de 447 exames de sangue. Um número significativo passou duas semanas em quarentena em hotéis nos subúrbios de Moscou.Um médico russo, especialista em doenças infecciosas, disse à BBC que esse "nível excessivo de testes" só pode ter um motivo médico por trás. "Esses testes são redundantes com os testes normais de PCR", diz ele, acrescentando que não conhece nenhuma infecção de Covid por via fecal.Pacientes em estado crítico costumam realizar testes para outras infecções e reduzir bastante o contato com o mundo exterior, afirma o médico, mas apenas quando estão prestes a ser operados. Ele diz ser provável que todos esses testes não sejam baseados na ciência, mas em uma tentativa de funcionários de baixo escalão de "bajular seus chefes —para mostrar que eles pensaram em tudo". Em março de 2021, o Kremlin anunciou que Putin havia sido vacinado. Mais tarde, foi anunciado que ele foi imunizado com a vacina produzida na Rússia, a Sputnik V. Os processos de teste da vacina foram questionados por muitos especialistas fora do país.Após a vacinação, Putin voltou a viajar com mais frequência pelo país, hospedando-se em suas residências fora de Moscou. Nessas viagens, ele é frequentemente acompanhado por médicos.A BBC descobriu ao analisar fontes abertas do governo russo que até quatro médicos acompanham o presidente em suas visitas à sua casa de férias no lago Ujin, que fica 400 quilômetros a noroeste de Moscou. Dezenas de milhares de dólares foram gastos em acomodações para a equipe médica.Há também dados que mostram que médicos acompanham Putin em suas viagens a outra residência, em Sochi, no sul da Rússia. A BBC descobriu que uma equipe de médicos também acompanhou o presidente russo quando ele participou de fóruns de negócios em São Petersburgo e em Vladivostok. Esse último é um grande desafio logístico, pois Vladivostok fica no extremo oriente russo, a 11 horas de voo de Moscou.A imprensa russa independente informou que alguns funcionários do Kremlin passaram até 150 dias em um único ano em quarentena em quartos individuais de hotel.O médico israelense Mikhail Fremderman diz que as medidas atuais de Covid em Israel são as mesmas para o chefe de governo e para os cidadãos comuns. Não se exige nenhuma medida ou teste adicional. O primeiro-ministro israelense é acompanhado por médicos, mas apenas em viagens ao exterior.O médico Konstantin Balonov diz que nunca ouviu falar de alguém sendo testado para Covid por meio de amostras de fezes e os únicos testes que ele conhece são PCR ou de antígeno.Balonov diz que suas fontes que conhecem os protocolos médicos da Casa Branca confirmaram que nenhum teste ou quarentena é aplicável aos profissionais da imprensa, embora, no início da pandemia, os jornalistas que participavam de entrevistas coletivas na Casa Branca fossem obrigados a apresentar resultados negativos de teste de Covid e usar máscara.Texto originalmente publicado aqui. | 2022-07-19 16:38:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/07/a-fortuna-que-a-russia-gasta-para-proteger-putin-da-covid.shtml |
Filha de Douglas Silva, Maria Flor quer ser atriz e tem Maisa como referência | Na internet ela dança, canta e posa para fotos com um desembaraço impressionante. Filha do ator e ex-Big Brother Douglas Silva, Maria Flor, 10, não fala de maneira tatibitate nem quer parecer uma criança prodígio -e é justamente a sua espontaneidade (além do talento, claro) que chamou atenção não só de seus 500 mil seguidores nas redes, mas também dos executivos do Gloob.Eles a convidaram para sua primeiro oportunidade na TV, escalando a menina para o Fuja Se For Capaz 2, uma competição entre crianças que vai testar a habilidade delas em fugir de alguns desafios em salas temáticas. "Como o jogo exige pensamento rápido, acho que o meu lado de liderança vai ajudar", diz Flor, cheia de maturidade para seus 10 anos.Ela tem maturidade também para perceber a importância profissional de sua participação no reality. "Eu acho que é uma porta de entrada, preciso aproveitar a oportunidade", admite ela, que se destacou nas redes sociais com suas interações quando o pai estava no reality da Globo. Fez aquela corrente pra frente, e deu certo. Douglas foi o terceiro colocado, indo "muito além" do que ele mesmo esperava. Mais "Eu acho que o ajudei a ir mais longe no BBB, até porque eu via muitos comentários que diziam que começaram a torcer por ele por minha causa", conta Maria Flor, que não é boba nem nada e sabe que o pai agora pode dar aquela força também usando sua visibilidade e força nas redes. "Ele vai me ajudar muito nessa torcida por mim".Inspirações? Além do pai, é nas atrizes Maisa Silva, 20, e Larissa Manoela, 21, que ela se espelha, até por uma questão de identificação: as duas começaram novinhas na carreira e cresceram na TV, aos olhos dos espectadores. À espera de um teste para entrar de vez na dramaturgia, Maria Flor tem uma certeza: mesmo que tudo corra às mil maravilhas em sua carreira de atriz e influenciadora, ela não vai parar de estudar. Não mesmo. "Sei que é essencial", diz. | 2022-07-19 15:00:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/07/filha-de-douglas-silva-maria-flor-quer-ser-atriz-e-tem-maisa-como-referencia.shtml |
Covid aumenta chances de desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares, diz estudo | Pacientes com Covid-19 tiveram maior risco de desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares mesmo depois de meses do diagnóstico da infecção, sugere estudo publicado nesta terça-feira (19). Para algumas complicações, o aparecimento foi 11 vezes maior entre pessoas que tiveram Covid em comparação com aquelas que não foram infectadas pelo coronavírus.A relação da Covid com essas complicações de saúde já tinha sido observada em outras pesquisas. Evidências indicam que o Sars-CoV-2 ocasiona quadros mais graves em quem não tem o diabetes controlado, exemplifica Domingos Malerbi, presidente do departamento de diabetes mellitus da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e que não participou do estudo.Na nova pesquisa, que foi publicada na revista Plos Medicine e é assinada por pesquisadores da Inglaterra, dados do país europeu foram utilizados para comparar pacientes com testes com resultado positivo para Covid com outros que não contraíram a doença. Os dois grupos –cada um contava com cerca de 428 mil participantes– foram acompanhados até janeiro deste ano.O estudo mensurou a incidência das complicações em três fases conforme o diagnóstico de Covid: aguda (até quatro semanas do registro da infecção viral), pós-aguda (de 5 a 12 semanas) e longa (de 13 a 52 semanas). Então, os pesquisadores observaram o aparecimento de diabetes ou doenças cardiovasculares nesses três momentos.No caso do diabetes, um aumento de 81% da condição na fase aguda da Covid foi registrado em pacientes que tiveram a infecção em comparação àqueles que não contraíram o Sars-CoV-2.No período da Covid pós-aguda, a maior incidência foi de 27% nos pacientes diagnosticados com a infecção. Já no período mais longo, não foi registrado aumento ao comparar os grupos.Malerbi diz que existem algumas razões para entender os efeitos do Sars-CoV-2 no aparecimento da diabetes. Uma delas é que o vírus afeta a ilhota pancreática, que é onde se produz a insulina. Esse cenário acarreta o descontrole do nível de glicemia no organismo e pode ocasionar a doença.Outra explicação é quando o vírus não age diretamente na ilhota, mas causa uma resposta do sistema imunológico que afeta o pâncreas. "Existe toda uma modificação imunológica e isso pode desencadear um processo autoimune que o indivíduo produz anticorpos contra a ilhota. Ele se agride", afirma Malerbi.Uma terceira hipótese é relacionada aos corticoides, medicamentos usados para controlar processos inflamatórios. Malerbi diz que eles "são um fator que pode desencadear uma doença ou até exacerbar uma condição preexistente". Na Covid, esses remédios são indicados para quadros graves e, por isso, podem estar associados ao aparecimento do diabetes nestes pacientes.A pesquisa seguiu a mesma metodologia para entender a incidência de complicações cardiovasculares a partir da Covid: monitorar por longo prazo o aparecimento das condições em pacientes com e sem o diagnóstico para a infecção viral.No final, as complicações foram observadas seis vezes mais nos pacientes que tiveram Covid. Para algumas condições, no entanto, o índice foi até maior. Por exemplo, a embolia pulmonar –onde artérias pulmonares são bloqueadas– foi presente cerca de 11 vezes mais naqueles que testaram positivo para o Sars-CoV-2."Nos primeiros casos, a pessoa recebia alta da Covid e depois internava de embolia pulmonar", relembra Maria Cristina Izar, diretora da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), sobre quadros clínicos que ela observou de Covid e que logo após desenvolveu a complicação cardiovascular.Izar, que não participou da pesquisa, aponta que uma possível explicação para esse fenômeno é a tempestade de citocina –uma resposta imunológica que procura combater a infecção da Covid, mas acarreta problemas ao organismo.Um desses danos é nas células endoteliais. Elas produzem substâncias que agem para o pleno funcionamento dos vasos sanguíneos. A tempestade de citocina prejudica essas células, podendo ocasionar problemas como a embolia pulmonar. Mais As complicações cardiovasculares foram vistas principalmente no período da Covid aguda. Após a quarta semana, os riscos caíam e retornavam ao nível normal na fase da Covid longa –a partir da 12º semana.Esse resultado é próximo com aquele visto no caso da diabetes. Com isso, os pesquisadores concluíram que, caso não haja fatores de riscos pré-existentes, a Covid não impacta o aparecimento das condições a longo prazo.As descobertas do estudo fazem com que os autores defendam uma orientação por parte dos médicos para pacientes que tiverem Covid. Ou seja, é importante orientar as pessoas a estarem atentas ao aparecimento de outras complicações em médio prazo.Malerbi afirma que a vigilância é necessária. Segundo ele, é recomendável fazer exames entre 60 a 90 dias após o fim dos sintomas da Covid, mesmo que tenha sido um quadro leve.Izar também ressalta que é aconselhável a adoção de alguns hábitos que possam evitar as complicações de saúde após a Covid. Entre elas, as principais seriam uma alimentação saudável, evitar o cigarro e a prática de atividades físicas. | 2022-07-19 15:01:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/07/covid-aumenta-chances-de-desenvolver-diabetes-e-doencas-cardiovasculares-diz-estudo.shtml |
Felipão desafia rótulos e faz no Athletico provável última dança como treinador | Luiz Felipe Scolari, 73, já dava claros sinais de cansaço e até de um possível fim da vitoriosa carreira como treinador ao final de 2021.Apontado por críticos como velho demais para o futebol após dois trabalhos de apenas três meses de duração à frente de Cruzeiro e Grêmio, ambos coincidentemente encerrados com 21 jogos, soava como caminho natural –e inevitável– o anúncio do adeus oficial.O cenário parecia encaminhar para isso quando, em dezembro, em entrevista à TV Bandeirantes, ele deixou claro: "Não parei ainda e estou pronto", disse, sorrindo.Dono de uma Copa do Mundo, duas Libertadores, dois Brasileiros, quatro Copas do Brasil e inúmeros estaduais, o treinador sentia ainda falta de uma espécie de última conquista: um desfecho perfeito da carreira como treinador. O convite improvável do Athletico-PR era tudo o que precisava."Inicialmente fizemos um acordo como diretor esportivo e, também, como treinador. Principalmente neste início, vamos ver, fico até o final do ano. Vou me acostumando, quem sabe, a uma nova função [como diretor], trabalhando com pequenos detalhes que vou acrescentando a minha carreira para que no final do ano, então, defina qual será a minha condição no Athletico", disse à Folha.Contratado pelo clube em maio, Felipão fez o improvável e provocou uma espécie de revolução silenciosa em poucos dias de trabalho.Assumiu o clube na 12ª colocação no Brasileiro e ameaçado de desclassificação precoce na fase de grupos da Libertadores. O time hoje é o sexto no Brasileiro, a cinco pontos do líder Palmeiras –chegou a ocupar a segunda colocação. Também está classificado às quartas de final da Copa do Brasil e da competição continental.Estamos aprendendo para depois colocar em prática algumas coisas que, como dirigente, acho que devem ocorrer. Pode ser, claro, o último desafio como treinador e o começo de uma nova carreira, mas ainda não está decidido Técnico do AthleticoEm 19 jogos, conquistou 12 vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas, um aproveitamento de 71,9%."Os jogadores entenderam as mensagens rapidamente em termos de posicionamento, de exigências, em termos físicos, de trabalho do dia a dia e uma série de fatores que fizeram com que tivessem uma melhora rapidamente", explica."Tudo isso foi dando a eles mais confiança. O grande mérito desse trabalho foi os jogadores tentarem e, aos poucos, fazerem aquilo que estamos pedindo para ter um time razoavelmente competitivo", acrescenta.Não há grandes inovações táticas ou uma renovação com relação ao que fez nos últimos anos, mas a retomada tem todas as suas digitais.Dentro de campo, simplificou ideias de jogo em comparação ao que faziam os antecessores Fábio Carille, Alberto Valentim, António Oliveira e outros nomes adeptos ao "jogo CAP", modo como é chamado internamente uma espécie de cartilha conceitual com ideias implementadas no clube.Entre elas, evitar passes laterais, sufocar a posse de bola adversária durante toda a partida, recuperar a bola em até cinco segundos e finalizar muito a gol.Felipão fez o que sabe melhor: trabalhou o emocional. Devolveu confiança a jogadores em baixa e pouco utilizados como Vitor Bueno, Vitor Roque, Pedrinho, Orejuela e Rômulo. São frequentes os elogios públicos ao elenco nas entrevistas."É o melhor dia da minha vida, gente. Por Deus do céu. É grupo. Quando todos se conscientizarem que o grupo vence, vamos partir para cima desses caras sempre", disse aos atletas em discurso emocionado no vestiário após a classificação às quartas da Libertadores diante do Libertad, no Paraguai.O novo Athletico reassumiu os chutões e não faz sequer questão de ter a posse de bola. Terminou a partida diante do Palmeiras, no último dia 2 de julho, com apenas 29% de posse contra 71% do rival, segundo dados do Sofascore. Finalizou 13 vezes contra 35 do Palmeiras, mas acabou vitorioso.O triunfo por 2 a 0 em plano Allianz Parque, poupando cinco titulares, pôs fim a uma longa invencibilidade de 14 jogos sem derrota do Palmeiras do Campeonato Brasileiro."Ele tem 73 anos, eu tenho 43 e tenho muito a aprender com ele. Treinador que conhece muito bem o futebol brasileiro, como se ganha", elogiou Abel Ferreira ao final da partida.Felipão também mostra uma face bem menos preocupada com tensões e embates com jornalistas, outra marca constante na carreira.Nos últimos dias, o técnico chorou ao lembrar da conquista do pentacampeonato com a seleção na Coreia e no Japão, agradecendo ao apoio de jornalistas e, principalmente, de sua comissão técnica. Também surpreendeu os funcionários do clube paranaense ao comparecer a uma festa organizada por eles.Ele compara o trabalho atual com sua última passagem pelo Palmeiras, quando conquista o Brasileiro."Vejo algumas semelhanças ao trabalho que foi feito no Palmeiras, a colocação de jogadores mais jovens, o entendimento com esses jogadores para acrescentar algumas qualidades básicas necessárias para se tornarem ainda melhores", afirma. Mais Mesmo com todo o sucesso recente e passado, Felipão indica que a decisão de deixar de ser treinador para se dedicar apenas ao cargo de diretor passa por uma análise de consciência."Eu tenho que aprender bastante para me tornar alguém com conhecimentos que não vá causar prejuízo apenas porque gostaria de continuar dentro do ramo futebolístico, não é isso que quero. Se eu souber, se conseguir notar que posso ser um diretor técnico, podemos continuar. Acredito que esse acordo pode ser duradouro", conclui.Ainda sem saber o que será da carreira depois de dezembro, ele espera só curtir o novo desafio. Uma coisa é certa: não há limites para o interminável Felipão. | 2022-07-19 14:02:00 | esporte | Esporte | https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2022/07/felipao-desafia-rotulos-e-faz-no-athletico-provavel-ultima-danca-como-treinador.shtml |
Oposição pede ao STF investigação de Bolsonaro por crime contra instituições | Partidos de oposição acionaram nesta terça-feira (19) o STF (Supremo Tribunal Federal) para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja investigado sob suspeita de crime contra as instituições democráticas devido à apresentação em que repetiu teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas a embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada.O pedido ao Supremo é assinado por parlamentares de PT, PSOL, PC do B, PDT, Rede, PSB e PV. Eles esperam que a corte autorize abertura de inquérito sobre a conduta do presidente.Na solicitação, os partidos afirmam que o mandatário não pode "usar do cargo de presidente da República para subverter e atacar a ordem democrática, buscando criar verdadeiro caos no país e desestabilizar as instituições públicas".Os partidos comparam a apresentação de Bolsonaro aos embaixadores à live que ele fez em julho do ano passado com conspirações e afirmações infundadas sobre a segurança das urnas eletrônicas. O YouTube derrubou a live nesta segunda (18)."O presidente da República voltou a questionar a lisura do processo eleitoral brasileiro, de uma forma ainda mais agressiva e chocante, o que expõe seriamente a imagem do Brasil no cenário internacional, significando grave ameaça ao Estado democrático de Direito, pois afronta a soberania popular a depender do possível resultado do pleito de 2022", diz o pedido da oposição.Os partidos falam que, caso não haja investigação de Bolsonaro sobre suspeita de prática de crime contra as instituições democráticas, que sejam apuradas suspeitas de crime de incitação das Forças Armadas contra o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).Ainda solicitam que o documento seja enviado ao TSE para apuração de supostos crimes eleitorais, de propaganda eleitoral antecipada e de abuso do poder político e econômico. Solicitam ainda a abertura de um inquérito civil para a apuração de improbidade administrativa.Além dessa ação, o pré-candidato à Presidência Ciro Gomes e o seu partido, PDT, ingressaram no TSE contra o presidente e também contra o Facebook com um pedido de remoção do vídeo no qual Bolsonaro fez a apresentação."O ataque à Justiça Eleitoral e ao sistema eletrônico de votação faz parte da sua estratégia de campanha eleitoral [de Bolsonaro], de modo que há nítida veiculação de propaganda antecipada negativa em desfavor da integridade do sistema eleitoral, através de fake news, o que consubstancia-se em um fato de extrema gravidade", afirma o pedido do PDT, assinado pelo advogado Walber Agra.O PT, em outra ação, também pediu ao TSE que determine ao presidente a retirada do conteúdo de suas redes sociais e que o YouTube retire a apresentação do canal da TV Brasil. Ainda solicita que o presidente se abstenha de veicular outras notícias ou publicações com o mesmo teor.Os partidos Rede Sustentabilidade e o PC do B também apresentaram ao TSE uma representação na qual apontam suspeita de propaganda antecipada e conduta vedada por parte de Jair Bolsonaro e de seu partido, o PL.Eles pedem que Bolsonaro e PL divulguem errata desmentindo os termos das declarações do presidente sobre o sistema de votação.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Ainda solicitam ao TSE que o PL perca tempo de sua propaganda eleitoral equivalente ao gasto por Bolsonaro na divulgação de ataques e de informações inverídicas sobre as urnas eletrônicas. O tempo perdido, pedem, deverá ser utilizado para a reafirmação da credibilidade das urnas e do sistema eleitoral brasileiro.Aos embaixadores, nesta segunda, Bolsonaro tentou desacreditar o sistema eleitoral, promoveu novas ameaças golpistas e atacou ministros do STF.O chefe do Executivo concentrou suas críticas nos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. Fachin é o atual presidente do TSE. Barroso presidiu a corte eleitoral, e Moraes deve comandar o tribunal durante as eleições. Mais O mandatário acusou o grupo de querer trazer instabilidade ao país, por desconsiderar as sugestões das Forças Armadas para modificações no sistema, a menos de três meses da disputa."Por que um grupo de três pessoas apenas quer trazer instabilidade para o nosso país, não aceita nada das sugestões das Forças Armadas, que foram convidadas?", disse.Em mais de um momento, Bolsonaro tentou desacreditar os ministros, relacionando especialmente Fachin e Barroso ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).O petista lidera as pesquisas de intenção de voto, a menos de 80 dias do pleito. Bolsonaro está em segundo lugar, com 19 pontos de diferença, segundo o Datafolha. | 2022-07-19 13:19:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/oposicao-pede-para-stf-investigar-bolsonaro-por-crime-contra-instituicoes.shtml |
Ex-pacientes de cirurgião suspeito de cárcere relatam deformação e sequelas | Ao menos quatro ex-pacientes do cirurgião equatoriano Bolívar Guerrero Silva procuraram nesta terça-feira (19) a Delegacia de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para denunciá-lo. Elas afirmam que ficaram deformadas e com sequelas após terem sido operadas pelo médico.O cirurgião foi preso nesta segunda (18) no hospital particular Santa Branca. Ele é suspeito de ter mantido uma paciente em cárcere privado por mais de um mês, desde que um procedimento estético na barriga da mulher teve complicações a ponto de necrosar. A mulher foi resgatada pela polícia.A reportagem não conseguiu entrar em contato com a defesa do médico. Nas redes sociais, mensagem publicada no perfil do cirurgião plástico afirma que a alta da paciente seria uma imprudência naquele estágio do tratamento.Na tarde desta terça, a Justiça do Rio de Janeiro decidiu, em audiência de custódia, manter a prisão temporária do médico. Este tipo de prisão tem o prazo máximo de cinco dias, podendo haver prorrogação por mais cinco, em caso de extrema necessidade.Uma das ex-pacientes do cirurgião, Vanessa Miranda, 41, diz que as sequelas da operação a impedem de trabalhar. Em 2013, ela procurou o médico para fazer uma mastectomia (retirada da mama) total, com implantação de próteses. Vanessa afirma, porém, que Silva fez uma mastectomia parcial e que, até hoje, ela ainda tem pontos abertos.A ex-paciente diz que não consegue trabalhar porque suas mamas incham, doem e ficam vermelhas quando ela faz esforço físico. Até dormir é difícil —ela conta que apenas consegue se deitar sobre o lado direito e toma remédios controlados para conseguir pegar no sono.Miranda relata que procurou o cirurgião diversas vezes após a abertura dos pontos e que foi maltratada por ele. "Ele me chamou de louca. ‘Você está maluca, não precisa de ressonância’. Eu falei ‘doutor, isso não está normal, meu peito abriu de novo’."À época, a ex-paciente foi atraída pelos preços mais em conta cobrados pelo médico. Ela pagou cerca de R$ 7.500 pela mastectomia, valor menor do que o aplicado no mercado."Eu sabia que era um valor abaixo do mercado, mas como várias artistas tinham feito o procedimento com ele, isso me deu coragem, segurança", diz. A ex-paciente Ana Claudia Rodrigues, 49, mostrou à reportagem fotos de seu abdômen aberto, com aspecto necrosado. Ela conta que teve uma infecção generalizada após fazer uma abdominoplastia com Silva, em 2019. Ficou três meses no hospital —o mesmo onde ele foi preso nesta segunda.Rodrigues diz que, além das sequelas estéticas, guarda traumas emocionais do episódio, que afetou toda a família. Seu marido afirma que não saiu do lado da mulher no hospital, para observar de perto o tratamento e tentar garantir sua sobrevivência.A mulher resgatada do hospital nesta segunda também fez uma abdominoplastia com o médico. O procedimento estético é realizado para retirar gordura e pele em excesso do abdômen.O caso chegou à delegacia por meio da família da paciente. Semanas após a cirurgia, realizada em março, a mulher passou mal e precisou voltar a ser atendida, segundo a família. Desde então, ficou internada no hospital.Em nota, a direção do Hospital Santa Branca afirmou que repudia "quaisquer práticas criminosas que nos foram indevidamente atribuídas". "Tal acusação é absurda", diz a mensagem da instituição.A administração argumenta que a paciente deu entrada em 1º de junho em um apartamento privativo com direito a acompanhante, mas "recusa-se a sair da unidade". Ainda segundo a nota, todo o custo da internação é pago pelo próprio médico.Silva aparece como sócio-administrador do hospital no comprovante de inscrição e situação cadastral da empresa emitido pelo site da Receita Federal. A delegada Fernanda Fernandes, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de Duque de Caxias, afirma, porém, que há indícios de que a paciente foi mantida em cárcere no hospital."Nós pedimos a documentação, eles negaram. Tentamos entrar e eles impediriam. Quando entramos, ela não tinha condições de sair", disse ao jornal O Globo.Ainda segundo a publicação, a mulher falou à delegada: "Doutora, pelo amor de Deus, me tira daqui".Bolívar tem registro no Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) desde 1996. Nas redes sociais, ele costuma divulgar o seu trabalho como cirurgião plástico —no Instagram, tem mais de 36 mil seguidores.Segundo secretária particular do cirurgião, uma consulta inicial custa R$ 250. Uma tabela de preços dos procedimentos estéticos realizados por ele indica que uma abdominoplastia custa aproximadamente R$ 9.000.Em mensagem direcionada aos pacientes, divulgada no perfil do cirurgião nas redes sociais, a equipe do médico argumenta que Silva foi "prestar um esclarecimento na delegacia". Na verdade, ele foi preso.A mensagem afirma ainda que o cirurgião não manteve a paciente em cárcere privado, que estava apenas fazendo curativos e que em breve ele "irá se explicar". "Ela [a paciente] queria ser liberada sem ter terminado o tratamento, e ele como médico seria imprudente de liberá-la", afirma a nota."Ele disse que poderia liberá-la se ela assinasse a alta à revelia e ela não quis assinar, ele disse que liberaria somente se ela assinasse. Como ela não assinou, ele não a liberava. Além disso ela estava com um curativo especial para acelerar a cicatrização. E esse curativo só pode ser manipulado por pessoas capacitadas com técnicas em enfermagem ou enfermeiros."Silva já havia sido preso em 2010, após uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro contra um grupo acusado de comercializar e aplicar medicamentos sem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).O esquema funcionava desde 2005. O dono de um laboratório farmacêutico que produzia a toxina botulínica, o botox, enviava os produtos de Goiás para o Rio, onde havia uma redistribuição para clínicas particulares. O produto não registrado era comercializado pela metade do preço comercial normal à época. Uma dessas clínicas compradoras era a de Bolívar Guerrero Silva. | 2022-07-19 13:12:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/07/ex-pacientes-de-cirurgiao-suspeito-de-carcere-relatam-deformacao-e-sequelas.shtml |
Simone, da dupla com Simaria, muda nome no Instagram e fãs especulam carreira solo | A cantora Simone Mendes, 38, comemorou nesta terça-feira (19) em seus Stories a mudança do nome do seu perfil oficial no Instagram. No entanto, fãs e internautas passaram a especular que isso poderia indicar que a artista pretende seguir carreira solo, sem a irmã, Simaria, 40.Antes, o perfil da cantora era "simoneses" e agora passou a ser "simonemendes". Nos Stories, ela explicou que seu marido, o empresário Kaká Diniz, fez uma surpresa para ela, e mostrou o nome novo do perfil oficial na rede social."[Estou] preocupada com o destino da dupla Simone e Simaria... Simone não é mais 'simoneses' no Instagram", escreveu uma. "Meu Deus eu só queria meu 'simoneses' de volta, vou demorar tanto para acostumar com esse 'simonemendes'", disse outra. Mais As especulações de uma possível carreira solo vem após polêmicas da artista com sua irmã e parceira de dupla. Recentemente, Simaria deixou de seguir a irmã no Instagram, e também parou de acompanhar o perfil oficial da dupla.Esse fato faz aumentar ainda mais a crise que as duas artistas vivem. Ambas estão separadas, e Simone tem feito shows solo. A discussão pública começou após um desabafo de Simaria a respeito da forma como a parceira de palco a controlava durante anos.Apesar disso, outros internautas apontaram que a mudança não indica uma carreira solo, apenas um desejo antigo de Simone. "A irmã sempre usou só Simaria. Com certeza é porque esse usuário não estava disponível e ela conseguiu agora", disse um. "Por um lado é bom pra ela esse "Simone Mendes" por conta do canal do YouTube dela que é Simone Mendes", apontou outra. | 2022-07-19 13:08:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/07/simone-da-dupla-com-simaria-muda-nome-no-instagram-e-fas-especulam-carreira-solo.shtml |
Após Genivaldo, PRF orienta evitar contato físico e ameaça contra pessoas em crise de saúde mental | Dois meses após Genivaldo de Jesus Santos ser morto durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Sergipe, a força mudou suas diretrizes para abordagem de pessoas com crise de saúde mental, orientando que os agentes não ameacem o indivíduo abordado e evitem contato físico.O documento, publicado na metade de junho, elenca a conduta que o agente deve ter "ao tomar conhecimento de ocorrência envolvendo pessoa em crise de saúde psíquica", mas não cita especificamente o episódio com Genivaldo, que sofria de esquizofrenia.Ele foi morto após policiais rodoviários o abordarem usando spray de pimenta, gás lacrimogêneo e o trancarem no porta-malas da viatura.São, no total, 18 diretrizes. Diz que o policial deve "não ameaçar a pessoa em crise com prisão ou outras ameaças semelhantes, pois isso pode criar mais medo, estresse e potencial agressão [aos agentes]".Segundo as orientações, o agente deve aproximar-se de "forma tranquila e sutil", desligando luzes e sons; solicitar apoio policial e de unidades de saúde e dos bombeiros; evitar contato físico; identificar-se e pedir a identificação da pessoa abordada, dialogar o máximo possível —"o tempo é um aliado"— e criar um ambiente em que "o indivíduo consiga externar seus sentimentos".Finalmente, "na hipótese de uma reação potencialmente letal por parte de uma pessoa em crise mental", "a utilização de armamentos de potencial letalidade é o meio mais adequado" para responder, diz o documento.O texto, que é assinado pelo diretor de operações, Djairlon Henrique Moura, deixa claro que os policiais federais não têm capacitação para diagnosticar doenças de saúde, mas ilustra sintomas gerais para que o agente possa reconhecer o comportamento e avaliar o risco da situação."A contenção física e mecânica é uma medida de exceção" e "deve ser encarada como o último recurso para o controle da situação", diz ainda o documento. Mais Genivaldo de Jesus Santos tinha 38 anos e sofria de esquizofrenia. Ele foi morto na cidade sergipana de Umbaúba, em 25 de maio, após ser colocado em uma viatura da corporação —na qual foi aplicada gás lacrimogêneo.Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que o gás não é próprio para contenção individual e pode ser letal se utilizado em ambientes fechados, como foi o caso.Em boletim de ocorrência, os agentes admitiram o uso do gás lacrimogêneo dentro do carro. Eles negaram, no entanto, que a morte da vítima tivesse relação com a abordagem policial."Por todas as circunstâncias, diante dos delitos de desobediência e resistência, após ter sido empregado legitimamente o uso diferenciado da força, tem-se por ocorrida uma fatalidade, desvinculada da ação policial legítima."O laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou que a vítima sofreu insuficiência respiratória aguda provocada por asfixia mecânica.Testemunhas disseram que, antes de os policiais levarem Genivaldo ao hospital, ele foi agredido por cerca de 30 minutos.A Justiça Federal de Sergipe negou um pedido de prisão preventiva dos policiais que participaram da ação que matou Genivaldo. | 2022-07-19 13:29:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/07/apos-genivaldo-prf-orienta-evitar-contato-fisico-e-ameaca-contra-pessoas-em-crise-de-saude-mental.shtml |
Petrobras reduz preço da gasolina em 4,9% | A Petrobras anunciou nesta terça-feira (19) redução de 4,9% no preço médio de venda da gasolina por suas refinarias. A partir desta quarta (20), o litro do combustível será vendido, em média, por R$ 3,86, um corte de R$ 0,20.É a primeira queda no preço da gasolina vendida pelas refinarias da estatal desde dezembro de 2021. Em 2022, a escalada das cotações internacionais após o início da Guerra da Ucrânia levou os preços dos combustíveis a recordes históricos, cenário que derrubou dois presidentes da Petrobras.Em nota, a estatal disse que o corte anunciado nesta terça acompanha a evolução das cotações internacionais "e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio".É a primeira mudança nos preços dos combustíveis na gestão de Caio Paes de Andrade, que chegou à empresa com a missão de evitar aumentos, mas tem sido ajudado pela queda das cotações internacionais do petróleo em meio a temores de recessão global.Com o recuo do petróleo nas últimas semanas, era crescente a pressão de aliados e apoiadores do governo por cortes na gasolina. O produto chegou a ficar 99 dias sem reajustes durante a escalada do petróleo no início do ano, até ser aumentado em 5,2% no dia 18 de junho.O mercado, porém, viu com naturalidade a decisão da empresa, já que a diferença de preços abria maior margem para importações por concorrentes. Agora, dizem fontes, eventual novo pico de preços do petróleo passa a ser um teste para a autonomia da Petrobras durante o período eleitoral.Depois de um período de queda, em que chegou a ser cotado em patamar inferior ao visto durante toda a guerra, o barril do petróleo Brent voltou a avançar nos últimos dias. No fim da tarde desta terça, a commodity apresentava alta de 1,04%, a US$ 107,38 (R$ 578,76). Nos últimos três dias, a alta acumulada é de aproximadamente 8%. Neste ano, o petróleo já subiu 38%."Apesar da redução no preço, ainda vemos as margens de refino da Petrobras em níveis saudáveis", escreveram os analistas do Goldman Sachs Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins.As ações mais negociadas da empresa subiram 2,03% nesta terça, impulsionando a Bolsa. Também nesta terça, a Petrobras informou que a agência de classificação de risco Fitch alterou a perspectiva de sua nota de crédito de negativa para estável, como reflexo da melhora na nota do Brasil.Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras passava de uma semana acima da paridade de importação, conceito usado pela Petrobras em sua política de preços. Nesta terça, a diferença era de R$ 0,30 por litro.O preço do diesel, que não terá alterações, está R$ 0,28 por litro mais caro nas refinarias brasileiras, mas tem oscilado entre períodos acima e períodos abaixo da paridade de importação.A Petrobras estima que o corte nas refinarias represente uma queda de R$ 0,15 por litro no preço final na bomba, considerando que a mistura vendida nos postos tem 27% de etanol.O consumidor já vem sendo beneficiado pelos cortes nos impostos federais e estaduais sobre o combustível, aprovados em lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no fim de junho. Desde então, o preço médio da gasolina nos postos brasileiros caiu 17,8%, para R$ 6,07 por litro, o menor patamar desde junho de 2021, em valores corrigidos pela inflação.Já o preço do diesel, que já não tinha incidência de impostos federais e tinha alíquotas menores de ICMS, foi menos afetado pelas medidas aprovadas pelo Congresso, com queda de apenas 1,2% nas bombas após os cortes de impostos estaduais. Mais O aumento do preço dos combustíveis é um dos principais fatores que vêm impulsionando a inflação, principal preocupação do Planalto às vésperas da eleição.Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).O IPCA, índice oficial de inflação do país, acumula alta de dois dígitos, acima de 10%, há 10 meses. Ou seja, desde setembro do ano passado.Uma sequência tão longa não ocorria desde o intervalo de 2002 a 2003. À época, o índice ficou em dois dígitos por 13 meses consecutivos, de novembro de 2002 a novembro de 2003.As medidas recentes adotadas pelo governo federal, no entanto, já começaram a surtir efeito. Em junho, dado mais recente disponível, os preços da gasolina, item de maior peso individual no IPCA, caíram 0,72%, enquanto o etanol recuou 6,41%. O óleo diesel, por outro lado, subiu 3,82%.O impacto no bolso do eleitor da redução deve ser sentido, no curto prazo, principalmente pela classe média, e não pelos mais pobres, uma vez que a gasolina tem um peso maior no consumo da população de renda mais alta. | 2022-07-19 12:38:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/07/petrobras-reduz-preco-da-gasolina-em-49.shtml |
Ministério diz que estados têm doses para crianças de 3 e 4 anos e planeja remanejamento | O governo federal planeja remanejar as doses de Coronavac entre os estados para possibilitar a vacinação contra a Covid-19 das crianças de 3 e 4 anos, numa tentativa de garantir o abastecimento de unidades da federação que reclamam da falta de imunizantes para atender esse público-alvo. Nesta terça (19), o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Daniel Pereira, afirmou que os estados têm 1,2 milhão de doses da Coronavac em estoque e que a pasta está levantando as necessidades de cada município. Ele admitiu, no entanto, que pode haver gargalo nas capitais e não deu estimativa de prazo para iniciar a operação logística. "A primeira etapa foi levantar as doses que a gente tinha em cada estado, para ver exatamente onde têm a maior oferta e onde estão as demandas. Agora, a gente vai começar essa conversa de identificar a demanda maior de cada região para verificar se há a necessidade ou não de fazer esse remanejamento", afirmou."Talvez o problema seja em algumas capitais. Então, [talvez] possa ser feito um remanejamento dentro dos municípios. Essa logística a gente está vendo. Uma coisa é certa: não faltou vacina para quem decidiu se vacinar durante toda a pandemia e não faltará agora, neste momento."Desde que o uso da Coronavac foi liberado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na quarta-feira (13), algumas unidades da federação afirmaram que não têm doses suficientes para dar início à vacinação do novo público-alvo. São cerca de 5,6 milhões de crianças de 3 e 4 anos no país. O secretário-executivo disse que "essas doses que já estão nos estados permitem a vacinação, sem nenhum problema", e que as prefeituras também podem priorizar as crianças mais velhas ou com comorbidades —como é o caso da cidade de São Paulo. Pereira afirmou que apenas 60% das crianças de 5 a 11 anos foram vacinadas até agora e que, por isso, a avaliação do ministério é de que os municípios não precisam esperar a entrega de 100% das doses para dar início à vacinação. O secretário também declarou que o governo federal estuda importar doses já contratadas por meio do consórcio internacional Covax Facility ou fazer uma nova compra via Instituto Butantan, de São Paulo. Segundo ele, o ministério está trabalhando para que as vacinas cheguem em até 30 dias. "O Butantan é uma opção, o consórcio Covax Facility é outra opção. A gente está avaliando de que forma a gente consegue trazer as vacinas mais rápido, para que chegue à ponta, sem que onere tanto o orçamento do ministério", afirmou. O uso emergencial da vacina para crianças de 3 a 5 anos foi aprovado de forma unânime pela Anvisa, sem restrições. O esquema vacinal indicado é igual ao do restante da população: mesma dosagem e intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda dose. O Ministério da Saúde recomendou que, aplicada a primeira dose, os municípios já reservem a segunda dose da Coronavac para completar o esquema vacinal da criança que foi imunizada. A pasta afirmou que a nota técnica com as orientações será publicada nesta terça.A Prefeitura de São Paulo inicia na quarta-feira (20) a vacinação de crianças de 3 e 4 anos com comorbidades, deficiência ou indígenas. Já no município do Rio de Janeiro, a imunização das crianças dessa faixa etária começou na sexta-feira (15). | 2022-07-19 12:38:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/07/ministerio-diz-que-estados-tem-doses-para-criancas-de-3-e-4-anos-e-planeja-remanejamento.shtml |
Filipe Ret: Vídeo mostra momento em que policiais acordam rapper em hotel | Um vídeo cedido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro mostra o momento em que o rapper Filipe Ret, 37, foi acordado pelos oficiais em um hotel de luxo. O artista foi conduzido a sede da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) na manhã desta terça-feira (19) para dar continuidade a investigação sobre distribuição gratuita de cigarros de maconha em seu aniversário.No vídeo, os policiais explicam a investigação e a ação que estão realizando, enquanto Ret está em pé na porta do quarto do hotel, enquanto seca o rosto com uma toalha. O local em que ele estava hospedado fica na Costa Verde do Rio.No início da manhã, a polícia esteve em cinco endereços ligados ao artista pelo Rio de Janeiro. Segundo nota da DRE, outro local investigado foi o espaço Vivo Rio, que, segundo os investigadores, se recusou a fornecer imagens do dia em que supostamente, houve distribuição gratuita de droga. Ret ainda não se pronunciou em suas redes até o momento. Com o material apreendido, o inquérito terá continuidade para identificar todos os envolvidos no crime. Mais O espaço Vivo Rio afirmou em nota que "colaborou e continua colaborando com todo o processo de investigação" para o caso. "As imagens do circuito interno de segurança da casa de espetáculos foram cedidas assim que foram solicitadas."Procurada pelo F5, a assessoria de imprensa do artista afirmou que ainda não possui um posicionamento oficial. No final de junho, já era esperado que o rapper fosse intimado a depor em breve. Ret vem sendo investigado por tráfico de drogas após oferecer maconha aos convidados em sua festa de aniversário. Imagens do cantor com um balde cheio de cigarros ilícitos foram divulgadas por ele próprio em suas redes sociais. | 2022-07-19 12:03:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/07/filipe-ret-video-mostra-momento-em-que-policiais-acordam-rapper-em-hotel.shtml |
'Bebezinha', diz namorado de Anitta em foto com cantora no hospital | O produtor musical e DJ canadense Shane Lee Lindstrom, 28, conhecido como Murda Beatz, mostrou que está dando apoio à sua namorada, a cantora Anitta, 29. Ele está no hospital com a artista, internada na madrugada desta terça-feira (19) para sua cirurgia de endometriose.Arriscando no português, ele chamou Anitta de "bebezinha" ao republicar o Stories da cantora, que o classifica como "o melhor enfermeiro". Além do namorado, a artista também contou com a presença de GKay no quarto do hospital."Daddy and daughter apoiando a mami no hospital", escreveu a artista, em uma foto com os dois acompanhantes. Quanto à humorista, a cantora a classificou como "a melhor amiga que você pode ter no hospital". Mais Anitta finalizou sua turnê na Europa e voltou ao Brasil. A cantora ainda não deu muitos detalhes sobre a internação. GKay publicou uma foto por volta das 20h30 desta segunda e afirmou: "Gente, vou dar uma sumida aqui e depois atualizo vocês do que aconteceu! Mas está tudo bem".No início de julho, ela revelou pelas redes sociais sofrer de endometriose, uma doença crônica que afeta algumas mulheres em idade reprodutiva. Fortes cólicas menstruais, dor pélvica, incômodo na relação sexual, alterações intestinais ou ao evacuar, dor na região lombar e coxas e dificuldade para engravidar são alguns dos principais sintomas."Da América à Europa sem dormir porque a dor fala mais alto que tudo. Você não consegue se concentrar num livro, num filme, nada. Só dar Google em como resolver e é inacreditável a falta de informação que a mulher tem", disse ela, que também afirmou já ter marcado a cirurgia. | 2022-07-19 11:10:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/07/bebezinha-diz-namorado-de-anitta-em-foto-com-cantora-no-hospital.shtml |
Cidade de SP vai vacinar crianças de 3 e 4 anos com comorbidades a partir desta quarta (20) | A Prefeitura de São Paulo inicia nesta quarta-feira (20) a vacinação de crianças de 3 e 4 anos com comorbidades ou deficiência e indígenas contra a Covid-19. O público estimado é de cerca de 15 mil crianças.Na última sexta-feira (15), o Ministério da Saúde recomendou a aplicação do imunizante Coronavac nessa faixa etária.Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), a vacinação não começará para o público geral dessas idades porque a cidade não tem estoque suficiente de doses. São mais de 313 mil crianças de 3 e 4 anos na capital.Para receber a vacinação, é preciso apresentar documento de identificação das crianças e um comprovante da condição de risco, como receitas ou relatórios, com a identificação do paciente, número do CRM (Conselho Regional de Medicina) com carimbo do médico e na validade de dois anos de emissão.Os responsáveis pelas crianças sem comorbidades ou deficiência poderão fazer inscrição nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) para o recebimento de doses remanescentes. Eles devem procurar a unidade mais próxima de casa ou da escola e apresentar documento com endereço e telefone, também a partir de quarta.O uso emergencial da Coronavac para crianças de 3 a 5 anos foi aprovado de forma unânime pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na quarta-feira (13), sem restrições. As crianças de 5 anos já podiam receber a vacina pediátrica da Pfizer. Nesta terça (19), o governo federal disse que planeja remanejar as doses de Coronavac entre os estados para possibilitar a vacinação das crianças menores, numa tentativa de garantir o abastecimento de unidades da federação que reclamam da falta de imunizantes. O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Daniel Pereira, admitiu que pode haver gargalo nas capitais e não deu estimativa de prazo para iniciar a operação logística.Ele afirmou que os estados têm 1,2 milhão de doses da Coronavac em estoque e que a pasta está levantando as necessidades de cada município.O secretário-executivo disse que "essas doses que já estão nos estados permitem a vacinação, sem nenhum problema", e que as prefeituras também podem priorizar as crianças mais velhas ou com comorbidades —como é o caso da cidade de São Paulo.Pereira afirmou que apenas 60% das crianças de 5 a 11 anos do país foram vacinadas até agora e que, por isso, a avaliação do ministério é de que os municípios não precisam esperar a entrega de 100% das doses para dar início à vacinação. Mais O secretário também declarou que o governo federal estuda importar doses já contratadas por meio do consórcio internacional Covax Facility ou fazer uma nova compra via Instituto Butantan, de São Paulo. Segundo ele, o ministério está trabalhando para que as vacinas cheguem em até 30 dias."O Butantan é uma opção, o consórcio Covax Facility é outra opção. A gente está avaliando de que forma a gente consegue trazer as vacinas mais rápido, para que chegue à ponta, sem que onere tanto o orçamento do ministério", afirmou.Após a decisão da Anvisa, o secretário de estado da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou à Folha que o Butantan vai importar as doses da China. Segundo ele, a partir da encomenda das vacinas pelo Ministério da Saúde ao instituto, a estimativa de entrega no Brasil é de 45 dias. O esquema vacinal indicado pela Anvisa é igual ao do restante da população: mesma dosagem e intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda dose.A recomendação sobre o uso da Coronavac na faixa etária já era esperada. Como mostrou a Folha, a câmara técnica já tinha recomendado a vacinação de crianças com qualquer vacina aprovada pela Anvisa.No município do Rio de Janeiro, a imunização das crianças dessa faixa etária começou na sexta-feira (15). | 2022-07-19 11:28:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/07/cidade-de-sp-vai-vacinar-criancas-de-3-e-4-anos-com-comorbidades-a-partir-de-quarta-20.shtml |
Delegate who Investigated Superior Electoral Court Hacker Attack Contradicts Bolsonaro's Speech to Ambassadors | Deputy Victor Neves Feitosa Campos, responsible for the investigation into the hacker attack on the Superior Electoral Court (TSE) system, told the Federal Police that he found no evidence that the action could have resulted in vote manipulation, fraud, or problems with the integrity of the ballots.The delegate's position contradicts Jair Bolsonaro's speech during a meeting with ambassadors this Monday (18).Campos testified in the investigation opened at the request of Supreme Court justice Alexandre de Moraes after Bolsonaro used the inquiry for the first time in August 2021 to support attacks without evidence at the polls."According to the TSE, the hackers stayed inside the TSE's computer for eight months, with source code, passwords – very comfortable inside the TSE. And [the Federal Police] says, during the investigation, that they could change the name of candidates, take a vote from one and send it to the other," Bolsonaro told embassy representatives.This is not the first time the president has used the investigation to attack ballot box security.On August 4 of last year, Bolsonaro went live and posted a copy of the investigation on his networks as a way to reinforce his conspiracy theory.Translated by Kiratiana FreelonRead the article in the original language | 2022-07-19 10:46:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/internacional/en/brazil/2022/07/delegate-who-investigated-superior-electoral-court-hacker-attack-contradicts-bolsonaros-speech-to-ambassadors.shtml |
Amazon Lost 18 Trees per Second Last Year | Every hour, Brazil lost 189 hectares of native vegetation throughout 2021 – 4,536 hectares per day.The accelerated march added up to 16,557 square kilometers of deforestation in the last year, equivalent to almost three times the area of the Federal District. The value is 20% higher than in 2020.In the Amazon, the rate of deforestation was 1.9 hectares per minute, which is equivalent to about 18 trees per second.Across the country, there were 191 new deforestation events per day.For each deforestation action, the average speed was 0.18 hectare per day in 2021, against 0.16 hectare/day in 2020.The data make up the Annual Deforestation Report (RAD), launched by the MapBiomas project, which maps changes in the Brazilian territory based on the collaboration of universities, NGOs, and technology companies.Translated by Kiratiana FreelonRead the article in the original language | 2022-07-19 10:50:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/internacional/en/scienceandhealth/2022/07/amazon-lost-18-trees-per-second-last-year.shtml |
Na Amazônia, fome aumentou em 76% risco de crianças terem Covid-19 | A insegurança alimentar contribui, em muito, para uma criança apresentar sintomas da Covid-19. A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores brasileiros publicado nesta segunda-feira (18) na revista PLOS Neglected Tropical Diseases.Os resultados foram obtidos no âmbito do "Estudo MINA – materno-infantil no Acre: coorte de nascimentos da Amazônia ocidental brasileira", realizado desde 2015 no município de Cruzeiro do Sul, no Acre, com apoio da Fapeps (leia mais em: https://agencia.fapesp.br/36352/ e https://agencia.fapesp.br/38817/)."Entre as crianças com evidências sorológicas de infecção anterior por SARS-CoV-2, aquelas cujos domicílios passaram fome no mês anterior às entrevistas apresentaram chance de ter Covid-19 76% maior quando comparadas com crianças que não tinham sido expostas à insegurança alimentar", conta Marly Augusto Cardoso, professora da FSP-USP (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo) e coordenadora do estudo.Em duas ocasiões, primeiro em janeiro e depois em junho e julho de 2021, foram realizados testes de anticorpos para o SARS-CoV-2 em 660 das 1.246 crianças nascidas em 2015 ou 2016 inicialmente acompanhadas pelo estudo, além de entrevistas com as mães ou cuidadores. Mais Os pesquisadores perguntaram sobre a presença de sintomas da Covid-19 nas crianças, como tosse, dificuldade para respirar e perda de paladar e olfato. Um questionário definiu ainda ocorrência de insegurança alimentar domiciliar, que indica se a família havia passado fome no mês anterior."Normalmente, os adultos priorizam a alimentação das crianças, podendo passar fome para poder alimentar os filhos. Se a criança da casa passou fome é sinal de uma situação muito difícil para a família toda", explica a pesquisadora.Mais da metade dos domicílios dos participantes (54%) foi caracterizada em estado de insegurança alimentar. Entre esses, 9,3% reportaram sintomas de Covid-19 em comparação a 4,9% de crianças cujas famílias não relataram insegurança alimentar, o que mostra uma vulnerabilidade 76% maior desse grupo à manifestação clínica da infecção por SARS-CoV-2. A maior ocorrência de infecção mostrou relação ainda com piores condições de moradia, além de menor escolaridade e cor da pele das mães, a maioria não branca.No total, 297 crianças (45%) tiveram anticorpos para SARS-CoV-2 detectados. Dessas, apenas 11 (3,7%) haviam realizado testes para confirmação da Covid-19 antes do estudo e 48 (16,2%) tiveram sintomas como tosse, dificuldades respiratórias e perda de olfato e paladar. Entre as mais pobres, a presença de sintomas foi maior."Existem estudos mostrando que o status socioeconômico e a nutrição influenciam uma maior ocorrência de doenças infecciosas. Não há dados suficientes ainda para a Covid-19, mas tanto no nosso estudo como em pesquisas realizadas em outros países há evidência de que essa correlação também existe", diz Cardoso.O grupo da pesquisadora atualmente analisa amostras da microbiota intestinal de participantes do estudo a fim de fazer correlações entre a alimentação e a ocorrência de doenças, incluindo a Covid-19.Ainda que quase metade das crianças tenha apresentado anticorpos para o SARS-CoV-2, só 5% das mães reportaram um episódio anterior de Covid-19 nos filhos, sugerindo que oito em cada nove infecções ficaram sem diagnóstico e, portanto, não foram notificadas.Essa subnotificação, alertam os pesquisadores, tem consequências para a saúde pública, como a falsa percepção de que as crianças são menos suscetíveis à doença. Em outros contextos, por exemplo, a menor ocorrência de quadro clínico da Covid-19 em crianças foi uma justificativa para os pais adiarem ou mesmo recusarem a vacinação dos filhos em idade para serem vacinados.O fato de serem em grande parte assintomáticas, porém, faz com que crianças e adolescentes sejam transmissores para o resto da família, incluindo pessoas mais suscetíveis a quadros graves, como idosos e pessoas com comorbidades.No estudo publicado agora, a maioria das crianças infectadas teve parentes com quadros de Covid-19, principalmente as mães. Quando não era a progenitora, pai, irmãos, avós ou vizinhos haviam apresentado sintomas da doença. Em quadros de insegurança alimentar ou quando a mãe era não branca (negra, parda ou indígena), houve maior prevalência da manifestação clínica da doença.Uma limitação do estudo foi o fato de os participantes desse segmento do MINA que estudou a prevalência do SARS-CoV-2 viverem na área urbana ou em áreas rurais acessíveis. Os pesquisadores acreditam que em localidades mais distantes, com menos acesso a serviços de saúde, é possível que a situação seja ainda pior."Na área rural distante é difícil continuar o acompanhamento e perdemos o contato com muitos dos participantes. Isso ocorre também com os mais pobres, mais difíceis de serem localizados porque mudam muito de endereço e mesmo de região. Perdemos contato com mais de 300 crianças ao longo de cinco anos de acompanhamento", narra Cardoso.Um dado que chamou a atenção ainda foi a menor manifestação de sintomas nas crianças filhas de mães com mais de 12 anos de escolaridade. A manifestação da Covid-19 foi maior à medida que diminuía o número de anos de educação formal das progenitoras."É importante ressaltar que as crianças das famílias mais pobres e aquelas com mães menos instruídas foram significativamente mais propensas a serem soropositivas para o SARS-CoV-2. Isso reflete uma condição socioeconômica melhor do que daquelas que estudaram mais tempo e também um maior acesso a informações e a alternativas de sobrevivência, que se refletem em melhor assistência à saúde dos filhos", afirma a pesquisadora."Observamos isso também nos estudos que realizamos sobre malária, desenvolvimento infantil e estado nutricional. Investir na educação das mães também tem impacto na qualidade de vida das crianças", encerra. | 2022-07-19 10:30:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/07/na-amazonia-fome-aumentou-em-76-risco-de-criancas-terem-covid-19.shtml |
Ex-mulher de Latino revela traições dele e filhos fora do casamento | Ex-mulher do cantor Latino, 49, a modelo Rayanne Morais, 33, fez declarações fortes nas redes sociais contra o artista. Segundo ela, dois dos filhos dele são frutos de uma traição. Ela ainda o chamou de "mau caráter".Tudo começou depois que Latino comentou uma publicação de uma página nas redes sociais que abordava sobre uma polêmica. Nela, a empresária Sylvia Goulart acusava Rayanne de ser pivô do fim do casamento do ator Victor Pecoraro com a blogueira Renata Muller. Mais Porém, o comentário de Latino com duas carinhas de vômito chamou a atenção da própria Rayanne, com quem ele se relacionou entre 2011 e 2015. A modelo não deixou por menos e resolveu soltar os cachorros para cima do ex na publicação."Vai cuidar dos seus filhos [cita nominalmente cada um], que são frutos da sua traição comigo. Aliás, esse foi o motivo da separação. Que bom que a matemática é exata, senão poderia inventar mais uma das suas mentiras. Mau caráter", publicou. Procurado, Latino, pai de dez, ainda não havia respondido as solicitações. | 2022-07-19 10:25:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/07/ex-mulher-de-latino-revela-traicoes-dele-e-filhos-fora-do-casamento.shtml |
El investigador que trabajó en el ataque de hackers al Tribunal Electoral contradice discurso de Bolsonaro | El investigador Víctor Neves Feitosa Campos, responsable de las diligencias del ataque de hackers al sistema del TSE (Tribunal Superior Electoral), dijo a la Policía Federal que no encontró pruebas de que la acción pudiera haber resultado en manipulación de votos, fraude o problemas con la integridad de los urnas.La posición del investigador contradice el discurso de Jair Bolsonaro durante un encuentro con embajadores este lunes (18).Campos testificó en la investigación abierta por el magistrado Alexandre de Moraes, del Supremo Tribunal Federal, después de que Bolsonaro utilizara los análisis por primera vez, en agosto de 2021, para sustentar ataques sin pruebas al sistema de votación."Según el TSE, los hackers se quedaron dentro de la computadora del TSE durante ocho meses, con código fuente, contraseñas, muy cómodos dentro del TSE. Y [la Policía Federal] dice, durante la investigación, que podían cambiar el nombre de los candidatos, tomar un voto de uno y enviarlo al otro", dijo Bolsonaro a los representantes extranjeros.Esta no es la primera vez que el presidente utiliza la investigación para atacar la seguridad de las urnas.El 4 de agosto del año pasado, Bolsonaro hizo una transmisión en director por redes y mostró una copia de la instrucción ecomo una forma de reforzar su teoría de la conspiración.Días después de la publicación, a pedido de Moraes, la PF abrió una investigación.En esta investigación, que concluyó que el presidente actuó "con el claro desvío de propósito y con el propósito de utilizarla [la indagatoria] como lastre para la difusión de información sabidamente falsa", el investigador negó haber encontrado indicios de fraude en las elecciones.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original | 2022-07-19 10:23:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/internacional/es/brasil/2022/07/el-investigador-que-trabajo-en-el-ataque-de-hackers-al-tribunal-electoral-contradice-discurso-de-bolsonaro.shtml |
Luísa Sonza dá festa com encontro de ex-casais e looks extravagantes; veja fotos | A cantora Luísa Sonza comemorou seus 24 anos na noite desta segunda-feira (18) em um hotel em São Paulo. A artista, que divulga hoje seu novo single, "Cachorrinhas", convidou diversas celebridades para a festa e amanheceu com seu nome entre os assuntos mais comentados do Twitter.O evento contou com shows de Pabllo Vittar, Ludmilla e Pedro Sampaio, e teve nomes como os ex-casais Yasmin Brunet e Gabriel Medina, Jade Picon e João Guilherme, Paulo André, Rafa Kalimann, Maisa Silva, Camilla de Lucas, Ingrid Guimarães, Giovanna Lancellotti, Fernanda Paes Leme, Pocah, Deolane Bezerra e Giovanna Ewbank na lista de convidados.Na última semana, a cantora havia usado seu perfil no Twitter para avisar que não seria permitida a entrada de penetras em sua festa, e que faria questão de expulsar quem entrasse no evento sem ser convidado. Mais "Vai ser uma festa super privada, se eu não convidei, não vá, please [por favor, em português]. Todo penetra vai ser tirado da festa. E convidado não convida, vocês já estão carecas de saber", escreveu ela. | 2022-07-19 10:22:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/07/luisa-sonza-da-festa-com-encontro-de-ex-casais-e-looks-extravagantes-veja-fotos.shtml |
China ameaça EUA com 'medidas assertivas' caso Nancy Pelosi visite Taiwan | A China afirmou nesta terça-feira (19) que responderá com medidas assertivas caso a presidente da Câmara dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, faça uma visita a Taiwan, ilha que na prática é independente mas que Pequim considera uma província rebelde.A declaração, do porta-voz da chancelaria chinesa, vem após o jornal nipo-britânico Financial Times afirmar que Pelosi visitará Taipé em agosto, no que seria a primeira viagem de um presidente da Câmara dos EUA ao território asiático em pelo menos 25 anos.O jornal diz ter ouvido seis fontes próximas à democrata que confirmaram a intenção de levar uma comitiva para Taiwan. A parlamentar já havia estudado fazer uma viagem semelhante em abril deste ano, mas teve de cancelar os planos depois de receber o diagnóstico de Covid.Caso a ida se confirme, Pelosi seria a mais alta figura da hierarquia dos EUA a visitar a ilha desde que um de seus antecessores na presidência da Câmara, o republicano Newt Gingrich, viajou para lá, em 1997.Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...A comitiva também passaria por Japão, Singapura, Indonésia, Malásia e Havaí, onde está a sede do comando militar dos EUA para o Indo-Pacífico —região entre a costa do oceano Pacífico e a do Índico, abrangendo países como Japão, Austrália, Indonésia e EUA.Questionado por repórteres durante entrevista coletiva em Pequim, Zhao Lijian, porta-voz da chancelaria da China, disse que a visita representaria um desrespeito à integridade territorial do país."Se os EUA optarem por isso, a China tomará medidas contundentes para defender firmemente sua soberania", disse. "O Congresso faz parte do governo dos EUA e deve aderir à política de uma só China dos EUA. Se Pelosi visitar Taiwan, isso violaria seriamente esse princípio e enviaria um sinal errado às forças separatistas." Mais O Financial Times diz ter escutado de três pessoas familiarizadas com a possível viagem que não há consenso no governo se o momento é oportuno e que a Casa Branca demonstrou preocupação.O presidente Joe Biden já deu declarações assertivas sobre Taiwan. Em maio, disse que os EUA usariam a força para defender a ilha caso ela fosse invadida pela China e que Pequim estava "flertando com o perigo" ao ameaçar o território que considera uma província rebelde.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Em abril, à época da primeira tentativa de viagem de Pelosi, o chanceler Wang Yi afirmou que os EUA cruzariam uma linha vermelha. "Uma visita a Taiwan seria uma provocação contra a soberania da China e uma interferência em assuntos internos; enviaria um sinal político extremamente perigoso para o mundo."Mais recentemente, ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, o chanceler voltou a falar sobre a postura de Washington. Wang Yi teria dito, segundo comunicado oficial da pasta, que os EUA devem "parar de interferir nos assuntos internos da China ou minar os interesses legítimos do país sob o pretexto dos direitos humanos e da democracia".Embora mantenham relações diplomáticas com a China desde 1979, o que implica reconhecer a demanda de soberania sobre Taiwan, os EUA conservam um acordo de proteção militar à ilha. O imbróglio histórico tem como origem o fato de que foi para Taiwan que fugiram os derrotados pela Revolução Comunista de 1949.Também foi alvo de críticas de Pequim a viagem de membros do Parlamento Europeu à ilha nesta semana. A eurodeputada alemã Nicola Beer, que lidera a comitiva, disse nesta terça que a democracia e a liberdade de Taiwan são um modelo para a China. Ela defendeu que esse seria o momento para que a União Europeia "tome partido" da ilha, de acordo com a agência AFP."Taiwan não vai ser a próxima Hong Kong", disse Beer, que fica em Taipé até quinta (21). Questionada sobre o tema, a diplomacia chinesa afirmou que se opõe a todas as interações oficiais entre UE e Taiwan. "Nos últimos dois anos, o Parlamento Europeu promulgou várias resoluções relacionadas a Taiwan para encorajar as forças da independência; essas medidas envenenaram a atmosfera das relações China-Europa." | 2022-07-19 10:16:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/07/china-ameaca-eua-com-medidas-assertivas-caso-nancy-pelosi-visite-taiwan.shtml |
Bolsonaro miente a embajadores extranjeros sobre las urnas | El presidente Jair Bolsonaro reunió en el Palacio de la Alvorada a embajadores de decenas de países para repetir mentiras sobre las urnas usadas en los comicios, criticar el sistema electoral y atacar a los magistrados del Supremo Tribunal Federal.Durante casi 45 minutos, Bolsonaro acusó a los magistrados Edson Fachin (presidente del Tribunal Superior Electoral), Alexandre de Moraes y Luís Roberto Barroso de buscar desestabilizar el país. No presentó pruebas.Tampoco mostró ningún indicio de que el sistema electoral corre los riesgos que enumeró a representantes de otras naciones, algunos de los cuales definieron el episodio como una "táctica trumpista" para poner en peligro las elecciones.Tras la presentación de Bolsonaro a gobiernos extranjeros, Fachin dijo que cualquiera que difunda información falsa sobre el sistema brasileño "siembra la antidemocracia" y dijo que era hora de decir "basta".El nuevo ataque a la democracia se produce 77 días antes de las elecciones, con el presidente segundo en las encuestas.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original | 2022-07-19 09:36:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/internacional/es/brasil/2022/07/bolsonaro-miente-a-embajadores-extranjeros-sobre-las-urnas.shtml |
YouTube derruba live de Bolsonaro sobre urnas de 2021 e analisa mentiras a embaixadores | O YouTube derrubou na segunda-feira (18) uma live de julho de 2021 em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) faz conspirações e afirmações infundadas sobre a segurança das urnas eletrônicas.O conteúdo da live derrubada embasou parte do que foi apresentado no evento desta segunda-feira (18) com embaixadores. A empresa também avalia se vai manter no ar a transmissão desta segunda.A embaixadores, o presidente deu a entender que uma empresa estrangeira conta os votos, não a Justiça Eleitoral, disse que há mais de cem vídeos com apoiadores reclamando que a urna autocompletou o número 13, do PT, na eleição passada, e que "o próprio TSE diz que em 2018 números podem ter sido alterados", o que não é verdade.Procurado, o YouTube afirmou que suas regras devem ser seguidas por todos os usuários da plataforma e que a empresa tem trabalhado para manter suas políticas e sistemas atualizados para reduzir a disseminação de informações enganosas."Desde março de 2022, removemos conteúdo com alegações falsas de que as urnas eletrônicas brasileiras foram hackeadas na eleição presidencial de 2018 e de que os votos foram adulterados. Esse é um dos exemplos do que não permitimos de acordo com nossa política contra desinformação em eleições."A plataforma de vídeos do Google tem desde março uma política que garante a remoção de conteúdos que contenham alegações falsas de fraudes, erros ou problemas técnicos sobre a eleição de 2018.Embora tenha retirado o vídeo de Bolsonaro de 29 de julho de 2021, a Folha identificou mais três cópias dessa transmissão, uma na TVBrasilGov, com 1,8 milhão de visualizações, outra na TVPajeu e outra na Jovem Pan, com quase 303 mil visualizações.Nesta segunda, Bolsonaro fez uma apresentação a dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para repetir teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, desacreditar o sistema eleitoral, promover novas ameaças golpistas e atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).O chefe do Executivo concentrou suas críticas nos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.Fachin é o atual presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Barroso presidiu a corte eleitoral, e Moraes deve comandar o tribunal durante as eleições.Em mais de um momento, Bolsonaro tentou desacreditar os ministros, relacionando especialmente Fachin e Barroso ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).O petista lidera as pesquisas de intenção de voto, a menos de 80 dias do pleito. Bolsonaro está em segundo lugar, com 19 pontos de diferença, segundo o Datafolha.Na fala aos embaixadores, Bolsonaro adotou um tom manso, como se buscasse dar um verniz de seriedade a mais um punhado de ilações sem provas ou indícios ao sistema eleitoral, no momento em que aparece distante do ex-presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto.No Brasil, nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas, em uso desde 1996. Mais Na live de 2021 derrubada pelo Youtube, Bolsonaro apresentou vídeos e teorias já desmentidas que circulam na internet, com cálculos errados, como supostas provas de fraude nas eleições. Admitiu, porém, que na verdade não tinha provas, apenas "vários indícios".Um exemplo disso é que o presidente diz que tem provas de que as eleições foram fraudadas. No entanto, durante a live em que apresentaria provas, Bolsonaro disse que tinha apenas indícios."Um crime se desvenda com vários indícios. Vamos apresentar vários indícios aqui", disse.Bolsonaro nunca apresentou provas ou indícios sobre as urnas, mas repete o discurso golpista como uma forma de esconder os problemas de seu governo, a alta reprovação e as recentes pesquisas.Por meio de uma profusão de mentiras, Bolsonaro vem fomentando a descrença nas urnas. No entanto, ao invés de ser barrado por aqueles ao seu redor, o mandatário tem contado com o respaldo de militares, membros do alto escalão do governo e seu partido em sua cruzada contra a Justiça Eleitoral.As Forças Armadas têm repetido o discurso de Bolsonaro. Em ofício recente, solicitaram ao TSE todos os arquivos das eleições de 2014 e 2018, justamente os anos que fazem parte da retórica de fraude do presidente. Mais Antes de ser eleito em 2018, Bolsonaro já dizia que só não ganharia se houvesse fraude.O discurso aparenta assim funcionar como um plano B para o caso de perder o pleito. Também funcionou como uma tentativa de pressionar o Congresso pela aprovação do voto impresso.No ano passado, veio a mais forte ameaça golpista ligada ao tema. Em conversa com apoiadores, Bolsonaro disse que "a fraude está no TSE" e ainda atacou o então presidente da corte eleitoral e ministro do STF, Luís Roberto Barroso, a quem chamou de "idiota" e "imbecil"."Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma [atual], corremos o risco de não termos eleição no ano que vem", disse.A fala ocorreu após uma sequência. No dia anterior, também ao falar com apoiadores, o mandatário fez outra ameaça semelhante: "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições".Pesquisa Datafolha mostrou que, em meio à ofensiva feita por Bolsonaro, o percentual de eleitores que confiam nas urnas eletrônicas passou de 82%, em março, para 73%, em maio. | 2022-07-19 08:43:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/07/youtube-derruba-live-de-bolsonaro-sobre-urnas-de-2021-e-analisa-mentiras-a-embaixadores.shtml |
Podcast A Mulher da Casa Abandonada lidera rankings e acumula milhões de downloads | Há pouco mais de 40 dias no ar, o podcast A Mulher da Casa Abandonada, da Folha, registra altos índices de audiência e patamares inéditos de avaliações dos ouvintes.Escrita e apresentada pelo jornalista Chico Felitti, a série partiu de uma curiosidade do autor sobre uma mansão degradada num bairro rico de São Paulo para contar com profundidade inédita a história de Margarida Bonetti. A brasileira foi acusada de manter uma empregada doméstica em condições análogas à escravidão durante 20 anos nos EUA, mas fugiu do país e nunca foi julgada.O último episódio da série vai ao ar na manhã desta quarta-feira (20). Às 18h, o apresentador do podcast vai participar de uma live para assinantes na Folha sobre os bastidores da produção, a repercussão do programa e os desdobramentos da história.No Spotify, o programa está no topo do ranking dos podcasts mais ouvidos do Brasil desde 10 de junho, dois dias depois de seu lançamento. A lista dos episódios mais escutados do país na plataforma tem sido encabeçada quase diariamente por um trio de A Mulher da Casa Abandonada.A nota de avaliação da série dada pelos ouvintes é 5 estrelas (graduação máxima), com 115 mil avaliações registradas até agora, um recorde no país.Na Deezer, ela foi o podcast mais ouvido globalmente nas duas últimas semanas, e no Apple Podcasts também está no Top Episódios.Segundo dados da Triton, os seis episódios já somam quase 7 milhões de downloads nas principais plataformas de áudio. Os quatro primeiros superaram 1 milhão de downloads cada um.O alcance não se restringe aos ouvintes que estão no Brasil. Na última semana, A Mulher da Casa Abandonada apareceu na terceira posição do ranking geral de podcasts da Irlanda no Spotify. Também figurou em quarto lugar nas listas de podcasts da categoria crime e suspense da Austrália e do Reino Unido, e em décimo na parada dessa categoria nos Estados Unidos.A Mulher da Casa Abandonada estreou no YouTube no dia 8 de julho. Os seis episódios já somam quase 300 mil visualizações na plataforma, e a série conquistou mais de 3.600 novos assinantes para o canal da TV Folha."Foi um trabalho que se infiltrou na minha vida cotidiana. A balconista da padaria me reconheceu pela voz e perguntou se eu era ‘o menino do podcast’, e disse que era a primeira vez que ela estava ouvindo uma série em áudio", conta Chico."Um chofer de noivas de São Luís do Maranhão me escreveu dizendo que estava ouvindo cada episódio três vezes. Até a avó de um amigo pediu meu telefone e ligou para parabenizar, disse que desde os tempos da rádio Excelsior ela não parava para acompanhar um programa de rádio", completa.A procura pelo podcast começou a aumentar nos sites de buscas a partir do terceiro episódio, levado ao ar em 22 de junho. No lançamento do quarto capítulo, sete dias depois, houve o primeiro pico notável de acessos ao site da Folha entre os interessados por A Mulher da Casa Abandonada.Depois disso, outros veículos jornalísticos passaram a fazer reportagens sobre as histórias de Margarida Bonetti e da casa, entre eles o jornal argentino Clarín. Em 4 de julho, os acessos às paginas sobre o podcast no site da Folha passaram de 100 mil.O interesse pelo programa no Google também levou o nome dele ao Google Trends, lista dos assuntos mais procurados pelos usuários."O alcance deste programa é impressionante. Os números e a repercussão dele evidenciam o interesse das pessoas por grandes reportagens em áudio. A série ainda está sendo publicada e já é um marco na produção de podcasts no Brasil", diz Magê Flores, editora de podcasts da Folha. | 2022-07-19 08:30:00 | podcasts | Podcasts | https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2022/07/podcast-a-mulher-da-casa-abandonada-lidera-rankings-e-acumula-milhoes-de-downloads.shtml |
Justiça nega liminar em favor de Klara Castanho contra Antonia Fontenelle | A atriz Klara Castanho, 21, teve uma derrota na Justiça em processo movido contra a youtuber Antonia Fontenelle, 49, no caso em que ela falou abertamente na internet sobre o parto e a adoção do filho da atriz após um estupro.Klara queria que o discurso em vídeo de Fontenelle sobre ela fosse retirado das redes sociais. Porém, em decisão da juíza Flávia de Almeida Viveiros de Castro da 6ª Vara Cível da Regional da Barra da Tijuca, ficou definido que "não se pode censurar um discurso, por mais que com ele não concordemos. Isso, entretanto, não livra aquele que publica e emite opinião ofensiva de ser responsabilizado pelo que divulgou". O caso também foi retirado de segredo de Justiça. Mais Fontenelle fez um vídeo para comemorar o resultado. "Meu coração fica preenchido de esperança quando vejo juiz fazendo justiça, sendo imparcial. É bonito de ver. Eu te ofereci ajuda, Klara. Você só aceita ajuda de quem te pede para me processar. Me coloco à disposição da Justiça para explicar os motivos que me levaram a ser ríspida com esse caso mesmo sem citar o nome dessa moça", afirmou.Na visão da youtuber, Klara fez uma carta aberta apontando um problema, mas não tem se colocado à disposição para resolver o transtorno. "Você quer dinheiro? Não citei seu nome, mas agora estou citando, pois está me processando. Nada vai mudar o que já foi feito", rebateu. | 2022-07-19 09:55:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/07/justica-nega-liminar-em-favor-de-klara-castanho-contra-antonia-fontenelle.shtml |
Fóssil de animal que devorava filhote de dinossauro pode ajudar a desvendar origem das serpentes | Fósseis de uma serpente que talvez devorasse filhote de dinossauros há 70 milhões de anos podem ser a pista que faltava para entender como as cobras adquiriram a capacidade de deglutir presas proporcionalmente muito grandes de uma só vez.Os primeiros passos do processo parecem ter envolvido pequenas modificações na parte traseira do crânio, os quais também ajudariam a entender como a linhagem das serpentes se separou das dos demais répteis.A espécie-chave de um novo estudo sobre o tema é a Sanajeh indicus, encontrada, como sugere seu nome científico, no oeste da Índia. O animal foi descrito originalmente em 2010, mas um novo exemplar fossilizado preserva estruturas cranianas que trazem informações importantes sobre as origens da chamada macrostomia das serpentes.O termo, derivado de palavras gregas com o significado literal de "boca grande", refere-se não só à abertura bucal proporcionalmente enorme de muitos desses bichos como também a movimentos especializados que os ajudam a engolir vítimas de grande porte.Esses movimentos peculiares da macrostomia dependem de uma série de especializações na estrutura do crânio dos répteis, incluindo a região posterior craniana, o céu da boca (ou palato) e a junção entre o focinho e o resto da boca. Nem todas as cobras modernas são capazes desse tipo de feito, mas as mais conhecidas do público, como jiboias, cascavéis e pítons, conseguem realizá-lo.O novo trabalho sobre a Sanajeh, que inclui ainda uma ampla análise comparativa envolvendo outras serpentes extintas e modernas, está no periódico especializado Zoological Journal of the Linnean Society. O trabalho é assinado por uma dupla de brasileiros —Hussam Zaher, do Museu de Zoologia da USP, e Felipe Grazziotin, do Instituto Butantan— , junto com Jeffrey Mantilla, da Universidade de Michigan (EUA), e Dhananjay Mohabey, da Universidade de Nagpur, na Índia.Zaher, um dos principais especialistas nas fases iniciais da evolução das serpentes durante a Era dos Dinossauros, conta que muito provavelmente a espécie indiana ainda tinha patas traseiras pequenas, mas funcionais, embora esses pedaços do esqueleto do animal não tenham se fossilizado.Receba diariamente de manhã no seu email as principais notícias publicadas na Folha; aberta para não assinantes.Carregando...As patas, que deixam claro a relação de parentesco entre esses animais e os antigos lagartos dos quais descendem, estão presentes em outras cobras primitivas, como a Najash rionegrina, que Zaher descreveu junto com colegas da Argentina. Os fósseis da Sanajeh foram achados em ninhos de dinossauros saurópodes —gigantes quadrúpedes, herbívoros e de pescoço longo. Como os filhotes eram minúsculos se comparados a seus pais, faz sentido imaginar que a Sanajeh os predasse.O pesquisador da USP explica que os dados sobre as origens da macrostomia são relevantes para uma discussão mais ampla sobre o surgimento das serpentes como um todo. Trata-se de um debate que basicamente opõe o mar à terra firme –de um lado, alguns pesquisadores defendem que as cobras descendem de um grupo de répteis aquáticos, os mosassauros (lagartos marinhos), enquanto outros cientistas, entre os quais ele se inclui, argumentam que uma origem terrestre e fossorial (ou seja, vivendo em tocas no solo) é o cenário mais condizente.Acontece que a macrostomia chegou a ser usada como um dos trunfos daqueles que defendem a origem aquática das serpentes, uma vez que os mosassauros também tinham essa característica. Algumas espécies de cobras com patas da Era dos Dinossauros, que tinham hábitos marinhos e apresentavam macrostomia, também eram citadas como argumento em favor dessa ideia.Os novos dados sobre a Sanajeh, no entanto, contrariam essa hipótese ao mostrar que as primeiras modificações cranianas que acabariam possibilitando o surgimento da macrostomia em serpentes não seguiram os mesmos passos nos mosassauros. Teria sido, portanto, um processo de evolução convergente —grosso modo, tal como o voo das aves e dos morcegos, que produziu resultados parecidos sem que um grupo descendesse do outro.Em serpentes de anatomia muito primitiva, como a espécie indiana, esses primeiros passos envolveram alterações que produziram uma caixa craniana mais fechada. "Além disso, a Sanajeh e outras serpentes semelhantes possuem uma mandíbula com uma articulação interna e já perderam a conexão fixa que existia entre pré-maxilar [o osso da frente na parte de cima da boca, mais ou menos abaixo do nariz em humanos] e maxilar", diz Zaher. "Basicamente, são elementos intermediários entre cobras e lagartos."Essas "dobradiças" bucais podem ter dado um primeiro empurrãozinho na capacidade de encarar presas muito grandes. Mas ainda faltavam dois elementos importantes para a macrostomia propriamente dita. Um deles é a mobilidade da região palatina (o céu da boca). "Nesse ponto, a Sanajeh tem características de lagarto", destaca o pesquisador. A outra é a junção móvel entre o focinho e o resto do crânio das serpentes. É com a ajuda dessas diversas áreas com mobilidade que a maioria das espécies atuais consegue empurrar presas proporcionalmente grandes goela adentro. Mais | 2022-07-19 10:00:00 | ciencia | Ciência | https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2022/07/fossil-de-animal-que-devorava-filhote-de-dinossauro-pode-ajudar-a-desvendar-origem-das-serpentes.shtml |
Em livro, cirurgião traz histórias de quem fez bariátrica, inclusive ele | Considerada uma espécie de último recurso na luta contra a obesidade, a cirurgia bariátrica, ainda hoje, é rodeada de mitos e estigmas. Em seu livro "Histórias de Peso: A Obesidade como Ela É", o cirurgião Felipe Koleski disseca a questão e desnuda a modalidade cirúrgica, por meio das histórias de pacientes e de sua própria —ele se submeteu ao procedimento em 2018.O recorta-e-cola nas tripas, que muda o caminho da comida e cria barreiras para coibir exageros, além de mexer com os hormônios e a saciedade, costuma trazer bons resultados, especialmente quando associado às mudanças de hábitos alimentares. Reiteradamente Koleski ressalta a importância do acompanhamento do paciente por outros profissionais, como psicólogo e nutricionista.Apesar do viés otimista comumente associado à cirurgia, existe uma probabilidade nada desprezível de recidiva da obesidade. De acordo com estudos recentes, esse total pode superar os 25% e chegar a mais de 60%, dependendo dos critérios adotados, como tempo decorrido até a reavaliação e a quantidade de peso reganho.Isso sem falar nas possibilidades de complicações, até mesmo letais, associadas a qualquer procedimento cirúrgico: tromboses (quando um coágulo se forma e bloqueia o fluxo sanguíneo para alguma parte do corpo), reação alérgica, sangramentos e infecções.Koleski inclui no livro o triste caso de uma paciente de 40 anos que perdeu a vida após a bariátrica. Ela teve um sangramento intra-abdominal, o que gerou uma grave infecção. O cirurgião conta que as complicações mais graves costumam ser fístulas, aberturas entre o trato gastrointestinal e o interior do abdome, por exemplo causadas pela abertura de grampos que prendem o estômago ao intestino.A paciente foi submetida a uma nova cirurgia, mas a fístula não foi encontrada. Passou por seguidos processos de diálise (filtração do sangue por uma máquina que faz o papel dos rins), mas não resistiu e morreu. "Foi em uma sexta-feira à noite. Lembro até hoje de seus familiares, marido e irmão, me aguardando na porta da UTI para saber o quadro clínico", escreve."Mesmo um episódio como esse estando dentro das estatísticas, a dor de um cirurgião é imensa. O médico é um ser humano e sofre como qualquer outro", afirma.Segundo ele, o risco de morte hoje em dia está entre 0,2% e 0,3%, ou seja, de 2 a 3 a cada 1.000. É um risco relativamente baixo, mas longe de ser nulo. Daí a importância da boa indicação da cirurgia —quando os potenciais benefícios compensam os riscos.De todo modo, a oportunidade de ter uma vida mais saudável, com diminuição ou desaparecimento de problemas como pressão alta, diabetes, gordura no fígado, apneia do sono, entre outros, muitas vezes é um argumento mais que suficientes para essa importante escolha, além do impacto psicológico positivo e da confiança social que vêm com as alterações corpóreas.Um dos pacientes de Koleski passou a se relacionar intimamente com outras pessoas; outra deixou de sofrer com o controle excessivo de sua vida por parte do marido.Mas nem sempre a história é tão simples. Uma paciente recusava-se a perder peso porque aos 12 anos começou a ser abusada por um tio que era sócio majoritário na empresa familiar. Com receio de prejudicar seus parentes, submetia-se ao abuso. Comer compulsivamente e ganhar peso eram a estratégia para tentar desestimular as investidas do tio. Koleski diz que casos como esse não são tão raros."É um quadro que exige tato e responsabilidade na condução por parte da equipe multidisciplinar, pois, embora tenha relação direta com o sucesso ou fracasso do tratamento no futuro, é sempre do paciente a decisão por revelar [esse histórico] ou não. Depois de um tempo de terapia, a paciente se sentiu confiante e decidida a operar."O cirurgião também traz relatos de como eram as cirurgias bariátricas no passado —podiam superar seis horas de duração—, com configurações que hoje caíram em desuso, como a Scopinaro, com uma trajetória mais curta da comida no intestino, o que resultava em muitas idas ao banheiro e fezes malcheirosas por causa da digestão incompleta. Felizmente isso melhorou com técnicas mais modernas. Mais A parte mais instigante do livro, entretanto, é a própria saga bariátrica de Koleski. Ele relata todos os estágios que percorreu: o desejo de operar, quando ainda não cumpria com os critérios recomendados, o momento da decisão, quando já sofria um com um conjunto de condições (colesterol e glicemia elevados, refluxo, gordura no fígado, ronco etc.), a tentativa de desencorajamento por parte de outras pessoas ("É só fazer uma dieta que resolve.") e a hora H, quando foi para a mesa.Depois vem toda a fase de readaptação do organismo à nova dieta, talvez para muitos um dos maiores desafios. Durante a pandemia, o médico relata, certas vezes, ter aberto a geladeira mesmo sem fome. Aí ele reforça o mantra: "Pra que isso? Não estou com fome"."De forma alguma quero fazer apologia à cura milagrosa da obesidade. Reforço que a cirurgia é uma etapa, talvez a mais difícil e com certeza o último recurso de um tratamento contínuo contra uma doença grave e incurável. [...] devo permanecer com as mudanças de hábito, pois elas farão com que meu peso se mantenha. O mais importante não é ter uma meta de peso, um número para mensurar, mas sim o quanto ganhamos em qualidade de vida. E para mim fica a lição de como é estar do outro lado, [...] entendo melhor as dúvidas, os medos e as angústias dos meus pacientes", escreve Koleski sobre a própria experiência. | 2022-07-19 06:00:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/07/em-livro-cirurgiao-traz-historias-de-quem-fez-bariatrica-inclusive-ele.shtml |
Games: Estúdio surge em universidade e leva Nordeste para os jogos | Esta é a edição da Combo, a newsletter de games da Folha. Quer recebê-la todas as segundas no seu email? Inscreva-se abaixo.A newsletter da Folha com o que interessa sobre a indústria de games e com as dicas do que você ainda vai jogar.Carregando...O estúdio baiano Aoca Game Lab é um caso raro na indústria brasileira de games. Além de estar afastado dos principais polos tecnológicos do país, a empresa é resultado direto de uma das poucas iniciativas públicas de formação de talentos na área de desenvolvimento de jogos. "A gente tem, digamos assim, essa aberração bastante positiva aqui", diz Filipe Pereira, CEO e fundador do estúdio.Segundo pesquisa sobre o setor divulgada no último dia 7 pela Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos) no BIG Festival, 43,7% dos 4.116 cursos sobre jogos virtuais existentes no país estão na região Sudeste e 17,3% na Sul, sendo que quase a totalidade (99,7%) são de instituições particulares.Essa desigualdade resulta em uma maior concentração de empresas nos estados mais ricos do país: 57% das empresas brasileiras desenvolvedoras de games estão na região Sudeste, sendo que mais da metade desses estúdios fica em São Paulo. Em segundo lugar vem a região Sul, com 21% dos estúdios, seguida por Nordeste (14%), Centro-Oeste (6%) e Norte (3%).Formado em história, Filipe começou a trabalhar com jogos no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Comunidade Virtuais da Uneb (Universidade do Estado da Bahia), que serviu como incubadora para sua empresa e ponto de partida para a criação do curso de jogos virtuais da universidade."Comecei como pesquisador e fui fazendo a progressão para roteirista, game designer, gestor de projetos, até trabalhar com captação", conta.A oportunidade para criar a empresa surgiu em 2016, quando Filipe venceu um edital do governo da Bahia para criar um jogo sobre a Guerra de Canudos. O resultado desse trabalho pode ser conferido no game "Arida: Backland's Awakening", lançado em 2019 para PC e há duas semanas para Android. Mais O jogo, que mistura elementos de exploração e sobrevivência, se passa no final do século 19 e conta a história de Cícera, uma menina negra que, após a morte do avô, se vê sozinha no sertão baiano e resolve ir para Canudos atrás do que restou de sua família.O estúdio agora trabalha nas versões para consoles do game e na continuação da história de Cícera. O plano é lançar "Árida 2: Rise of the Brave" no próximo ano.Filipe conta que sua maior dificuldade foi encontrar mão de obra qualificada para ajudar no desenvolvimento de games. Mesmo contando com a ajuda de ex-colegas do grupo de pesquisa, ele teve que buscar talentos em outras áreas."Como o meu caso, que venho de história, tem muitos aqui. Gente de teatro que está trabalhando com games e de muitas outras áreas", diz.Apesar de ser agravada para o caso de Filipe, a escassez de mão de obra é um dos principais problemas da indústria de jogos virtuais no Brasil como um todo."Temos centenas de vagas para trabalhadores qualificados abertas, de estúdios que estão precisando de gente no país. A gente precisa aumentar os pontos de educação na área de jogos. São mais de 4.000 cursos, mas a maioria é privado, e eles não estão sendo suficientes para suprir a demanda", afirma Rodrigo Terra, presidente da Abragames.Uma maior e mais diversa oferta de mão de obra pode levar a uma maior e mais diversa gama de temas presentes nos games desenvolvidos no país, como mostra o caso da Aoca Game Lab."A grande motivação que a gente tem é nos vermos mais nas mídias que a gente joga", diz Filipe.dica de game, novo ou antigo, para você testarRelic Hunters: RebelsO game do estúdio brasileiro Rogue Snail acabou ficando fora da lista dos destaques do BIG Festival publicada na última newsletter, mas só porque esse ótimo shooter já tinha conquistado meu coração antes mesmo do festival. O jogo tem um ritmo frenético, ideal para quando você tem só uns minutinhos livres para matar em um joguinho rápido. O primeiro game da franquia "Relic Hunters" para dispositivos móveis está disponível gratuitamente para assinantes da Netflix no Android e iOS.novidades, lançamentos, negócios e o que mais importagames que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena19.jul"As Dusk Falls": R$ 119 (PC), R$ 169,95 (Xbox One/X/S)"Stray": R$ 57,41 (PC), preço não disponível* (PS 4/5)"Endling – Extinction is Forever": R$ 52,19 (PC), R$ 139,95 (Xbox One), R$ 149,50 (PS 4), preço não disponível (Switch)21.jul"Bright Memory: Infinite": R$ 74,95 (Switch), preço não disponível (Xbox X/S, PS 5) "Coromon": R$ 101,95 (Switch)22.jul"Live A Live": R$ 249 (Switch)*Disponível no PlayStation Plus Extrao que saiu sobre games na Folha | 2022-07-19 07:00:00 | tec | Tecnologia | https://www1.folha.uol.com.br/tec/2022/07/games-estudio-surge-em-universidade-e-leva-nordeste-para-os-jogos.shtml |
Colecionador de armas reage a assalto e atira em 2 suspeitos no centro de SP | Um suspeito morreu e outro ficou gravemente ferido após um colecionador de armas, registrado no Exército, reagir a uma tentativa de assalto a um restaurante no Bom Retiro, região central de São Paulo, na noite desta segunda (18). Não houve mais feridos.O atirador, um marceneiro de 34 anos, tem documentação da pistola 9 mm legalizada e o porte de trânsito válido até 2024. Com o documento, ele pode transportar uma arma municiada até um clube de tiro —e apenas nesse trajetoOs policiais civis que registraram ocorrência consideram que o marceneiro, embora não tenha porte de arma, agiu em legítima defesa e utilizou os meios necessários para se proteger. Entenderam, assim, que não havia necessidade da prisão em flagrante do CAC (sigla para colecionador, atirador desportivo e caçador).Ainda de acordo com a Polícia Civil, o marceneiro ainda pode, porém, responder por algum crime caso o Ministério Público entenda que houve alguma irregularidade ou excesso na ação."Se o juiz achar que houve qualquer excesso, ou qualquer coisa a mais, ele [atirador] pode responder, sim. Se não poderia ter saído com a arma, pode responder pelo porte de arma. Mas para gente, a princípio, a conduta é regular", disse a delegada Maria Cecília de Castro Dias, titular do 2º DP (Bom Retiro), responsável pela investigação.No final de junho, a polícia prendeu em flagrante, por porte ilegal de arma, um comerciante de Jundiaí (a 58 km de São Paulo) que, no retorno de uma pizzaria, reagiu a um roubo e matou um suspeito. O delegado considerou ter havido legítima defesa, mas decretou a prisão por considerar que o atirador desportivo não poderia andar com a pistola carregada dentro do carro, a não ser no trajeto do clube de tiro.A prisão foi anulada por um juiz no plantão judicial. Especialistas ouvidos pela Folha consideram o caso um exemplo da insegurança jurídica sobre armas causada pela série de atos normativos publicados pelo governo Bolsonaro. Também apontaram para os riscos de se incentivar o armamento da população.Para o gerente relações institucionais do Instituto Sou da Paz, Felippe Angeli, quem deve agir em roubos com criminosos armados é a polícia, não civis. o cidadão comum."Esse é um papel da polícia. Há uma narrativa de que as pessoas devem intervir, brincando de Rambo, colocando elas e outras pessoas em risco. Poderia ter gerado uma situação grave com esses reféns, ainda que seja um CAC treinado. Não me parece ser do interesse público substituir a polícia por vigilantes amadores. É perigoso para as vítimas, para terceiros, para os policiais e para os próprios justiceiros. Por que investir na polícia se temos milícias?", disse ele.Sobre a reação do CAC na região central de São Paulo, a polícia diz que três homens armados entraram no restaurante, próximo a na rua Prates, por volta das 19h, quando o estabelecimento se preparava para encerrar o atendimento. A polícia investiga a participação de outros criminosos.Um vizinho, percebendo a movimentação estranha, ligou para o marceneiro. A casa dele é separada por um muro do restaurante, cujos fundos dão para uma rua fechada.Conforme contou à polícia, o marceneiro pensou, inicialmente, se tratar de uma invasão à própria casa. Pegou a arma e foi averiguar.Na rua, segundo disse à polícia, percebeu dois suspeitos na porta da casa do dono do restaurante, que estava rendido, e tentou se aproximar. Caminhou na direção deles, quando um dos suspeitos apontou uma arma.O marceneiro levantou as mãos e fingiu não compreender a ordem dada para que entrasse no restaurante –onde havia um terceiro criminoso com oito reféns, entre eles uma criança de quatro anos.O homem reagiu e atirou na direção dos homens, dando início a uma troca de tiros em que os dois assaltantes ficaram feridos. Um deles não resistiu.A Polícia Militar chegou em seguida e deu início às negociações para que o outro assaltante soltasse os reféns. A tratativa durou cerca de uma hora e meia e terminou quando os PMs conseguiram levar até o local a mulher do assaltante.De acordo com a Polícia Civil, os dois sobreviventes foram presos em flagrante. Todos tinham passagem pela polícia, e um deles era foragido da Justiça.Para o delegado titular do 77 DP (Campos Elíseos), Severino Pereira de Vasconcelos, unidade responsável pela prisão em flagrante dos envolvidos, não havia motivo para a prisão do CAC porque a arma estava regular e ele agiu em legítima defesa para proteger as pessoas."Claro que se tivesse atirado e lesionado uma criança, matado uma senhora, realmente a intervenção dele teria sido desastrosa. Mas não foi o caso. Essa crítica a gente não pode fazer, mas, se fosse para dar um conselho, diria que o melhor teria sido chamar a polícia", disse. | 2022-07-19 05:24:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/07/criminoso-faz-refens-em-tentativa-de-assalto-no-bom-retiro-em-sp.shtml |
Nota de R$ 100 em 1994, quando nasce o Real, vale R$ 13,91 em 2022 | Desde o lançamento do Plano Real, em julho de 1994, a inflação acumulada no país alcançou a marca de 653%, segundo levantamento do economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, que considera a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).Com a corrosão do poder de compra provocado pela inflação ao longo desses 28 anos, a nota de R$ 100 compra hoje o mesmo que seria possível comprar com R$ 13,91 em 1994, descontada a inflação.Ainda segundo o economista, ao fazer o cálculo inverso, os mesmos R$ 100, em julho de 2022, corresponderiam a cerca de R$ 748, em julho de 1994.No mesmo intervalo, o salário mínimo saiu de R$ 64,79 para os atuais R$ 1.212, uma alta de aproximadamente 1.770%."Por mais que a gente tenha observado uma escalada dos preços nos últimos 28 anos, de forma geral, o salário mínimo também cresceu nesse período. O problema é que nos últimos dois, três anos, o brasileiro vem perdendo poder de compra dos dois lados, com uma recomposição da renda insuficiente para compensar a alta dos preços de itens básicos, como alimentação e energia", diz o economista da LCA.Imaizumi acrescenta que o quadro atual tem levado a situações de compras de produtos de pior qualidade, principalmente por parte da população de menor poder aquisitivo.Ele lembra ainda que, em um cenário de juros e inflação rodando em níveis elevados no país, e com uma atividade econômica com dificuldades para engatar, as pessoas com as contas em atraso têm alcançado patamares recordes.Dados do Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor mostram que o Brasil bateu o recorde com 66,6 milhões de inadimplentes em maio, o maior número desde o início da série histórica, em 2016.Ainda segundo os dados da Serasa, na comparação com maio de 2021, houve um acréscimo de 4 milhões de nomes negativados.Entre os principais fatores que mais têm contribuído para o quadro, está a persistente pressão inflacionária. Puxado por preços mais altos da alimentação fora de casa e dos planos de saúde, o índice oficial de inflação do país subiu 0,67% em junho.Para combater a alta dos preços, o BC (Banco Central) tem promovido desde o início do ano passado uma série de aumentos na taxa básica de juros, a Selic, que saiu da mínima histórica de 2% ao ano para os atuais 13,25%.O aumento do custo do dinheiro, por sua vez, traz uma pressão adicional para a renda das famílias, que têm de conviver ainda com uma taxa de desemprego próxima dos dois dígitos. Mais Economistas assinalam que, apesar das medidas que têm sido adotadas pelo governo na tentativa de reduzir a pressão inflacionária, com cortes nos preços dos combustíveis e da energia, a sua efetividade é somente de curto prazo, e com o risco de deixar um legado perverso a partir de 2023."Com as medidas eleitoreiras que temos visto, para cada crescimento a mais que se joga para este ano, está sendo tirado do ano que vem. E, para cada percentual de inflação que se tira neste ano, se joga para o ano que vem", disse o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale.Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, apesar do aumento da inadimplência ser esperado, é possível melhorar a situação. "Os consumidores precisam continuar se organizando financeiramente e utilizando ferramentas disponíveis, como o saque do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), para tentar tirar o nome do vermelho." | 2022-07-19 04:00:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/07/inflacao-acumulada-desde-o-plano-real-chega-a-653.shtml |
Bilionário australiano rebate ordem de Elon Musk sobre trabalho presencial na Tesla | Elon Musk entrou em uma briga via Twitter com o terceiro homem mais rico da Austrália, na sexta-feira (3), sobre o valor de pôr fim ao hábito de trabalhar em casa desenvolvido durante a pandemia.Em um e-mail interno esta semana, o bilionário declarou que "todo mundo na Tesla tem a obrigação de passar um mínimo de 40 horas por semana no escritório", e que "se você não aparecer vamos presumir que se demitiu". Isso atraiu críticas de ativistas que lutam pela proteção dos trabalhadores contra a potencial exposição ao coronavírus.Scott Farquhar, um dos fundadores da Atlassian, uma produtora australiana de software para gestão de projetos, ridicularizou a diretiva em uma série de tuítes, descrevendo-a como "algo que parece saído da década de 1950". A norma de sua empresa, que tem ações cotadas nos Estados Unidos, é a de que seus empregados podem trabalhar de qualquer lugar, e ele a descreveu como "essencial para nosso crescimento continuado"."Estamos estabelecendo o objetivo de aumentar o quadro de trabalhadores da Atlassian para 25 mil pessoas até o ano-fiscal de 2026", concluiu Farquhar. "Algum empregado da Tesla interessado?"Musk contra-atacou. "O conjunto de tuítes acima ilustra por que recessões servem a uma função vital de limpeza econômica".O entrevero não é incomum para o CEO da Tesla, que usa frequentemente o Twitter para fazer pronunciamentos francos sobre questões delicadas.No Vale do Silício, muitas empresas de tecnologia adotaram um regime misto de trabalho no escritório e remoto durante a pandemia, enquanto outras estabeleceram datas de retorno ao escritório mas postergaram a volta quando surgiram novos surtos da doença.O homem mais rico do planeta também tem um histórico de confrontos com outros bilionários. Em 2021, ele postou uma imagem de medalha de segundo lugar em resposta a um tuíte em que Jeff Bezos celebrava o sucesso da Amazon. Mais Em 2017, Mike Cannon-Brookes, que fundou a Atlassian com Farquhar, cooperou com Musk, aceitando publicamente e facilitando a oferta dele para fornecer uma poderosa instalação de baterias da Tesla para o estado da Austrália do Sul depois que este sofreu um blecaute naquele ano.Cannon-Brookes, que depois disso liderou uma campanha para a compra da companhia de energia australiana AGL Energy e para acelerar sua transição rumo à energia renovável, repostou as declarações em que Farquhar criticava a ordem de Musk sobre o retorno ao escritório.Tradução de Paulo Migliacci | 2022-06-03 12:09:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/06/bilionario-australiano-rebate-ordem-de-elon-musk-sobre-trabalho-presencial-na-tesla.shtml |
Johnny Depp x Amber Heard: O que acontece se a atriz não pagar a indenização? | Com o veredito do julgamento entre Amber Heard, 36, e Johnny Depp, 58, em sua maioria a favor do ator, foi definido que a atriz deveria pagar US$ 8,35 milhões (cerca de R$ 40 mi) ao ex-marido. Porém, a advogada Elaine Bredehoft afirmou que Heard "absolutamente não" pode pagar o valor dos danos.Surge então uma nova questão: O que acontece caso a atriz não tenha dinheiro o suficiente para pagar? Bredehoft disse que o próximo passo da atriz –que recebeu US$ 2 milhões (R$ 9,6 mi)– será apelar do veredito. Além disso, a advogada também ressaltou que ela já gastou mais de US$ 6 milhões (R$ 28 mi) em custos legais pelo julgamento.Segundo a analista jurídica Emily Baker disse à revista People, caso os advogados de Depp estiverem destinados a fazer Heard cumprir a sentença, isso pode incluir penhora de salários e até mesmo de bens mais valiosos, como joias, por exemplo. Mais "Ben Chew disse em seu argumento final que Johnny Depp não estava tentando punir Amber Heard com dinheiro. Que eles tentarão resolvê-lo e você verá uma declaração de relações-públicas de que eles não estão tentando fazer cumprir o julgamento", relembrou a analista.Heard poderia tentar decretar falência, porém ela não pode seguir essa opção por uma Lei de Falência dos Estados Unidos. Pelo ato considerado difamatório ter sido praticado intencionalmente pela atriz, a lei mantém a dívida. Depp pode ainda renunciar à indenização ou negociar um valor mais baixo com Heard."Se eu fosse da equipe Depp, isso é o que eu faria: Tentaria obter uma liminar para impedir Amber Heard de repetir declarações que o júri considerou difamatórias e, em seguida, estipular que os pagamentos não serão feitos e não haverá nenhum julgamento pendente", completou Baker.O advogado Brian Pastor explicou em entrevista a CBS News que, caso Depp decida ir atrás do valor através de penhoras (de bens e de salário), algumas contas da artista serão protegidas, como as que envolvem aposentadoria.O patrimônio da atriz não é de conhecimento público e as informações variam muito. O site Celebrity Net Worth calcula US$ -6 milhões (cerca de R$ -28 mi). Já a Fox Business diz US$ 8 milhões (R$ 40 mi). Na revista Forbes, que faz a lista das 100 celebridades mais ricas, o nome da atriz nunca apareceu.Apesar disso, Heard não poderá ser presa. O julgamento foi um caso civil, em que o autor acusa o réu de alguma irregularidade ou ato prejudicial, mas não apresentando uma acusação criminal contra as partes. O que significa que nenhuma das partes irá para a prisão. Mais Johnny Depp, 58, saiu vitorioso do julgamento de difamação que disputava com a ex-mulher Amber Heard, 36, mas não levará a indenização de R$ 50 milhões (R$ 240 mi) que pedia na ação. O valor final ficou em US$ 8,35 milhões (R$ 40 mi).Para entender melhor o cálculo, é preciso lembrar que os dois pediam indenizações por difamação. Se de um lado, Depp queria US$ 50 milhões, do outro, Amber pedia US$ 100 milhões (R$ 480 mi).No final, o corpo de jurados, formado por sete pessoas, decidiu a favor de Depp com indenização de US$ 10 milhões (R$ 48,1 mi) em danos compensatórios e US$ 5 milhões (R$ 24 mi) em danos punitivos, totalizando US$ 15 milhões (R$ 72 mi).Por outro lado, a atriz ganhou parte do processo que movia e, por isso, receberia US$ 2 milhões (R$ 9,6 mi), pelo advogado de Depp tê-la acusado de inventar uma história para os policiais sob a direção de seu advogado e publicitário.No final, a juíza do caso reduziu a indenização punitiva de US$ 5 milhões para o ator, já que a lei da Virgínia limita os danos punitivos nesses casos. Como resultado, a indenização que o ator deverá receber da atriz ficou em US$ 8,35 milhões (R$ 40,1 mi). | 2022-06-03 12:23:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/06/johnny-depp-x-amber-heard-o-que-acontece-se-atriz-nao-pagar-a-indenizacao.shtml |
Turquia muda nome na ONU para evitar confusões com peru em inglês | A Turquia, país de 84 milhões de habitantes no Oriente Médio, não quer mais ser chamada de "Turkey" em inglês, mas sim de "Türkiye". A mudança, que pode parecer pequena mas tem grande significado social e político para Ancara, foi formalizada na ONU.Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral António Guterres, informou a diversos veículos da imprensa internacional nesta quinta-feira (2) que a troca, solicitada por meio de uma carta da chancelaria turca, já passou a valer. "Os países são livres para escolher como querem ser nomeados", disse ele à americana CNN.A mudança integra a agenda do presidente Recep Tayyip Erdogan já há alguns anos e foi impulsionada pela versão anglicizada do nome do país. "Turkey", em inglês, designa não apenas a nação do Oriente Médio, como também a ave peru.O chanceler turco, Mevlüt Çavusoglu, afirmou em uma rede social que a mudança tem como objetivo "aumentar o valor da marca" do país. "Türkiye" —pronuncia-se "turquiê"— já é a forma que o povo turco usa para se referir ao país desde a formação da nação em 1923, após a desintegração do Império Otomano.O boletim para você entender o que acontece na guerra entre Rússia e UcrâniaCarregando...O termo também vinha sendo usado no comércio internacional. Erdogan assinou um memorando no ano passado para que a frase "made in Turkey" fosse cunhada "made in Türkiye" em itens de exportação. "Simboliza e transmite a cultura, a civilização e os valores da nação turca da melhor maneira possível", disse o presidente no documento.Instituições públicas e a imprensa nacional passaram a adotar essa forma. A TRT World, emissora pública, publicou um comunicado explicando a mudança: "Digite 'Turkey' no Google e você vai ver um conjunto de imagens e definições que confundem o país com a Meleagris [nome científico da ave], também conhecida como peru na América do Norte, famoso por ser servido no Natal e em jantares de ação de graças".O texto ainda explana a definição dos dicionários. "'Peru' é definido como 'algo que falha gravemente' ou 'uma pessoa tola'." Mais O dicionário Merriam-Webster explica que a ave acabou batizada em inglês com o nome do país no século 16, no Reino Unido. Os britânicos à época associavam muitos produtos exóticos importados ao Império Otomano, provavelmente porque muitos comerciantes vinham de lá —ainda que os itens tivessem origem de outras partes.Foi o que aconteceu com o milho e a abóbora, que viraram "trigo-turco" e "cenoura-turca", em tradução livre, ainda que fossem nativos das Américas. Com o peru, levado para a Europa por exploradores espanhóis do que hoje é o México, se deu o mesmo: o "turkey-cock" (galo-da-Turquia) depois seria encurtado apenas para "turkey".Para o professor de história da Universidade de Georgetown Mustafa Aksakal, introduzir a mudança na ONU é uma forma de Erdogan demonstrar que tem o poder de afirmar suas vontades para além das fronteiras políticas nacionais. "A mudança pode parecer boba para alguns, mas coloca Erdogan no papel de protetor do respeito internacional pelo país", disse ele ao jornal The New York Times.A comunicação governamental tem divulgado um vídeo institucional que mostra vários cidadãos pronunciando o nome "Türkiye" e disseminado a hashtag #HelloTürkiye nas redes sociais. | 2022-06-03 12:37:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/06/turquia-muda-nome-na-onu-para-evitar-confusoes-com-peru-em-ingles.shtml |
Comandante da Marinha levou esposa e mãe ao RJ em voo da FAB no feriado de Natal | Comandante da Marinha, o almirante de esquadra Almir Garnier Santos levou a mãe e a esposa num avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para passar com elas as festas do último Natal no Rio de Janeiro.Sua esposa, Selma Foligne Crespio de Pinho, ocupa um cargo na Secretaria-Geral da Presidência da República, ministério comandado pelo general Luiz Eduardo Ramos.Garnier nasceu no Rio. O comandante, a mãe e esposa eram os únicos passageiros do voo que saiu de Brasília às 13h10 de 24 de dezembro, uma sexta-feira, com destino ao aeroporto do Galeão. A aeronave pousou às 14h25 na capital fluminense.Para poder usar o avião, Garnier disse à FAB se tratar de uma viagem a trabalho, mas o comandante só teve agendas no Rio de Janeiro três dias depois de chegar à cidade.Os dois compromissos oficiais ocorreram na tarde de 27 de dezembro: uma reunião com Edésio Lima Junior, presidente da Emgepron (Empresa Gerencial de Projetos Navais), estatal ligada à Marinha na qual trabalha o filho de Garnier, e outra com o vice-almirante José Renato de Oliveira.O voo de retorno a Brasília saiu do Rio de Janeiro às 16h10 do dia 28 de dezembro. Nesse dia, Garnier teve apenas despachos internos, segundo a sua agenda oficial. Dessa vez, havia um passageiro adicional na aeronave, o filho do major-brigadeiro Fernando César da Costa e Silva Braga.A lista de passageiros do voo foi obtida pela Folha depois de pedido de Lei de Acesso à Informação. A Marinha negou o pedido em três ocasiões.Na última recusa, feita pelo próprio comandante, Garnier alegou que não divulgaria os nomes para "preservar a imagem e a honra dos tripulantes".Depois disso, a CGU (Controladoria-Geral da União) determinou que a Marinha informasse o nome dos passageiros. A Força recorreu da decisão, mas não conseguiu mudar o entendimento do órgão de controle.A utilização da aeronave da FAB pelo comandante para passar o Natal no Rio de Janeiro foi revelada pelo site Metrópoles em janeiro. Mas não se sabia, na ocasião, que o militar havia dado carona para parentes.Procurada, a Marinha não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre as razões da presença de familiares do comandante no voo. A Força tampouco justificou a ida de Garnier ao Rio três dias antes da primeira agenda oficial.A FAB não respondeu a perguntas sobre a presença do filho de um oficial no voo de volta.A carona natalina para a esposa em avião da FAB não foi a única. Segundo a revista Veja, Selma Foligne estava entre os passageiros levados por Garnier para uma cerimônia militar na Itália, em abril. Mais O decreto que regulamenta o uso de aviões da FAB por autoridades foi atualizado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em março de 2020.Ele determina que o avião só pode ser usado por motivos de trabalho e "compete à autoridade solicitante analisar a efetiva necessidade da utilização de aeronave do Comando da Aeronáutica em substituição a voos comerciais".Além disso, o decreto estabelece que "a comitiva que acompanha a autoridade na aeronave do Comando da Aeronáutica terá estrita ligação com a agenda a ser cumprida, exceto nos casos de emergência médica ou de segurança".O último artigo do decreto, no entanto, abre uma brecha para que autoridades possam colocar quem quiserem em voos da FAB. Ele diz que "os critérios de preenchimento das vagas remanescentes na aeronave" ficam a cargo da autoridade que fez o pedido. Bolsonaro prometeu endurecer as regras de uso das aeronaves.Poucos dias antes de tomar posse, ele distribuiu uma cartilha com normas e procedimentos éticos. O documento afirmava que somente o ministro e a equipe que o acompanha no compromisso podem utilizar as aeronaves.Levar parentes em voos da FAB não é um hábito só do comandante da Marinha. Dois ex-ministros da Defesa de Bolsonaro deram carona para suas esposas em 16 voos, entre 2020 e 2021.Braga Netto, provável vice-presidente na chapa do mandatário, fez isso em 12 ocasiões e Fernando de Azevedo e Silva nas outras quatro vezes. Braga Netto também deu carona em voo da FAB para o filho mais novo de Bolsonaro, Jair Renan, em dois trajetos. Mais Como mostrou a Folha, ministros do governo levaram de parentes a pastor e lobistas em voos oficiais com aeronaves da FAB desde 2019.Marcelo Queiroga (Saúde), por exemplo, levou esposa e seus três filhos, além de parentes de outras autoridades, em pelo menos 20 viagens oficiais de março a agosto de 2021.Já Jair Renan pegou ao menos cinco voos em deslocamentos solicitados por diferentes ministros.Além da carona com Braga Netto, o filho do presidente aproveitou viagens dos ministérios das Relações Exteriores e da Mulher, Família e Direitos Humanos.Citando a necessidade de atenuar os efeitos de um "déficit de ergonomia", Bolsonaro ainda editou um decreto em janeiro de 2022 permitindo que ministros de Estado e cargos de confiança de alto nível da administração federal possam viajar em classe executiva durante missões oficiais ao exterior.Apesar de prometer endurecer regras de viagens oficiais, Bolsonaro também usou voos pagos com dinheiro público para dar carona a parentes.Em maio de 2019 um helicóptero da Presidência da República levou convidados para o casamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), no Rio de Janeiro. O governo alegou "razões de segurança" para autorizar o voo e Bolsonaro chamou de "idiota" pergunta sobre o deslocamento.Bolsonaro chegou a considerar "nada de mais" que uma autoridade do Poder Executivo conceda carona em uma aeronave da FAB."Se um avião presidencial nosso vai para algum lugar a serviço, não vejo nada de mais levar alguém no avião. Não vejo nada de mais nisso aí. Agora, se está errado, se tiver alguma norma dizendo o contrário, eu vou conversar com ele", disse o presidente em 2019. Mais | 2022-06-03 12:06:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/06/comandante-da-marinha-levou-esposa-e-mae-ao-rj-em-voo-da-fab-no-feriado-de-natal.shtml |
Elon Musk diz ter 'péssimo pressentimento' sobre economia e prevê cortar 10% das vagas na Tesla | Elon Musk, CEO da Tesla, tem um "péssimo pressentimento" sobre a economia e precisa cortar cerca de 10% dos empregos na companhia de carros elétricos, disse ele em um email para executivos visto pela agência Reuters.A mensagem, enviada na quinta-feira (2) e intitulada "Parem todas as contratações em todo o mundo", veio dois dias depois que o bilionário disse aos funcionários para voltarem ao local de trabalho ou se demitirem, e ocorre em um momento de um crescente coro de alertas de líderes empresariais sobre os riscos de recessão.Quase cem mil pessoas estavam empregadas na Tesla e suas subsidiárias no final de 2021, conforme seu relatório anual à SEC (Comissão de Valores Mobiliários).A empresa não atendeu imediatamente a pedidos de comentário.As ações da Tesla nos Estados Unidos registraram queda de 9,23% nesta sexta-feira (3), a US$ 703,25 (R$ 3.372,08), e os papéis listados em Frankfurt baixaram 9,35%, cotados a 660,60 euros (R$ 3.392,18).Musk alertou nas últimas semanas sobre os riscos de recessão, mas seu email ordenando o congelamento das contratações e cortes de pessoal foi a mensagem mais direta e de alto perfil de um chefe de montadora.Até agora, a demanda por carros da Tesla e outros veículos elétricos permaneceu forte, e muitos indicadores tradicionais de desaceleração –incluindo o aumento de estoques e incentivos a revendedores nos Estados Unidos– não se materializaram. Mais Mas a Tesla tem lutado para retomar a produção em sua fábrica de Xangai depois que os bloqueios da Covid-19 causaram suspensões dispendiosas."O mau sentimento de Musk é compartilhado por muitas pessoas", disse Carsten Brzeski, chefe global de pesquisa macroeconômica no banco holandês ING. "Mas não estamos falando de recessão global. Esperamos um esfriamento da economia global no final do ano. Os EUA vão esfriar, enquanto a China e a Europa não vão se recuperar."A perspectiva sombria de Musk ecoa comentários recentes de executivos, incluindo o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, e o presidente do Goldman Sachs, John Waldron."Há um furacão logo ali na estrada, vindo em nossa direção", disse Dimon nesta semana.A inflação nos Estados Unidos está se aproximando do pico em 40 anos e causou um salto no custo de vida da população, enquanto o Federal Reserve enfrenta a difícil tarefa de amortecer a demanda o suficiente para conter a inflação sem causar recessão. Mais Musk, o homem mais rico do mundo de acordo com a revista Forbes, não detalhou as razões de seu "péssimo pressentimento" sobre as perspectivas econômicas no breve email visto pela Reuters.Também não ficou imediatamente claro qual implicação, se houver, a opinião de Musk teria para sua oferta de US$ 44 bilhões (R$ 210,6 bilhões) pelo Twitter.Vários analistas reduziram as metas de preços para a Tesla recentemente, prevendo queda de produção na fábrica em Xangai, polo que fornece veículos elétricos para a China e para exportação.A China respondeu por pouco mais de um terço das entregas globais da Tesla em 2021, segundo relatórios da empresa e dados divulgados sobre as vendas no país. Na quinta-feira (2), a Daiwa Capital Markets estimou que a Tesla tinha cerca de 32 mil pedidos aguardando entrega na China, em comparação com 600 mil veículos da BYD, seu maior rival nesse mercado.O analista Daniel Ives, da Wedbush Securities, disse em um tuíte que parecia que Musk e a Tesla estavam "tentando se antecipar a entregas mais lentas este ano e preservar as margens antes de uma desaceleração econômica".Antes da advertência de Musk, a Tesla tinha cerca de 5.000 vagas de emprego no LinkedIn, desde vendedores em Tóquio e engenheiros em sua nova gigafábrica em Berlim até cientistas de aprendizado profundo em Palo Alto, na Califórnia. Ela havia programado um evento de contratação online para Xangai em 9 de junho em seu canal no WeChat.A exigência de Musk de que os funcionários retornem aos escritórios já causou reação negativa na Alemanha. E seu plano de cortar empregos enfrentaria resistência na Holanda, onde a Tesla tem sua sede na Europa, disse um líder sindical."Você não pode simplesmente demitir trabalhadores holandeses", disse o porta-voz do sindicato FNV, Hans Walthie, acrescentando que a Tesla teria que negociar os termos de qualquer demissão com um conselho de trabalhadores.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Em um email na terça, Musk tinha dito que os funcionários da Tesla deveriam ficar no escritório no mínimo 40 horas por semana, fechando a possibilidade de qualquer trabalho remoto. "Se você não aparecer, vamos supor que se demitiu", disse ele.Musk referiu-se repetidamente ao risco de uma recessão em comentários recentes.Falando remotamente em uma conferência em meados de maio em Miami Beach, ele disse: "Acho que provavelmente estamos em recessão, e essa recessão vai piorar".No final de maio, quando perguntado no Twitter se uma recessão estava chegando, Musk disse: "Sim, mas isso é realmente uma coisa boa. Há muito tempo chove dinheiro para os tolos. Precisam acontecer algumas falências."Outras empresas cortaram empregos ou estão desacelerando ou interrompendo as contratações em meio ao enfraquecimento da demanda.No mês passado, a Netflix disse que demitiu cerca de 150 pessoas, a maioria nos Estados Unidos, e a Peloton informou em fevereiro que cortaria 2.800 empregos. Meta Platforms, Uber e outras empresas de tecnologia desaceleraram as contratações.Em junho de 2018, Musk disse que a Tesla cortaria 9% de sua força de trabalho, pois a empresa então deficitária tinha dificuldade para vender a produção de sedãs elétricos Model 3, embora dados em seus registros na SEC mostrem que as reduções foram mais do que compensadas pelas contratações no final do ano.Colaboraram John O'Donnel, Ju-min Park e Zoey Zhang. Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves. | 2022-06-03 11:04:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/06/elon-musk-diz-ter-pessimo-pressentimento-sobre-economia-e-preve-cortar-10-das-vagas-na-tesla.shtml |
Johnny Depp pode voltar a 'Piratas do Caribe' | Demitido do sexto filme da franquia "Piratas do Caribe" após a publicação de um artigo sobre violência doméstica assinado por Amber Heard, Johnny Depp -agora vitorioso no processo que moveu contra ela- pode voltar ao elenco do em uma futura sequência do longa.De acordo com o site da revista People, a Disney não irá desprezar "o potencial enorme de bilheteria" que um possível retorno de Depp representaria e, por isso, deve chamá-lo para uma conversa. A confirmar o interesse, uma coisa é certa: a negociação não será fácil. Nem pouco custosa.A mágoa de Depp com a Disney é enorme. Em seu depoimento durante o julgamento, o intérprete de Jack Sparrow disse, com todas as letras, que não voltaria a trabalhar com a empresa, mesmo que lhe oferecessem um salário de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhões). Mais "Eu não entendi muito bem como, depois de um longo relacionamento, e um relacionamento certamente bem-sucedido para a Disney, de repente eu fui considerado culpado antes de ser julgado", afirmou.Produtor de "Piratas do Caribe", Jerry Bruckheimer está com moral em Hollywood depois da aposta certeira no retorno de Tom Cruise a "Top Gun: Maverick". A ideia de trazer de volta estrelas conhecidas do público para sequências de filmes massivamente populares definitivamente faz sentido. E é nisso que a Disney parece disposta a apostar.Em recente entrevista ao The Sunday Times, Bruckheimer não descartou completamente o retorno de Depp: "O futuro ainda está para ser decidido", disse, acrescentando que há dois roteiros sendo escritos - um deles inclui a atriz Margot Robbie, de "Arlequina", como a estrela de uma versão feminina de "Piratas do Caribe". | 2022-06-03 11:57:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/06/johnny-depp-pode-voltar-a-piratas-do-caribe.shtml |
P.A. e Jessi fazem estreia na passarela do SPFW; veja looks dos famosos | A 53ª edição da São Paulo Fashion Week teve início na última terça-feira (31) e se estende até sábado (4). Ao longo dos dias de desfile, atores, cantores e até mesmo ex-BBBs marcaram presença tanto nas passarelas quanto na plateia do evento.Nomes como Duda Beat, Camila Queiroz, Enzo Celulari, Lucas Fresno, Sasha Meneghel, Marina Sena, Paulo André, Bela Gil e Carol Trentini estiveram presentes desfilando. A ex-BBB Jessilane Alves estreou nas passarelas da semana de moda de São Paulo, no desfile Sankofa da marca Meninos Rei.Em seu Instagram, ela comemorou: "Não sou modelo, mas estou muito feliz de ter participado do desfile principalmente pelo que a Meninos Rei representa na moda e toda representatividade que levei comigo na passarela! O desfile é um resgate a minha ancestralidade, é celebração do povo preto!". Mais Além da presença das celebridades, os desfiles manifestaram o cansaço da nova geração de estilistas com as ideias de retrocesso, desde questões relacionadas a política, até mesmo com as regras de estilo da própria moda. | 2022-06-03 11:02:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/06/sao-paulo-fashion-week-de-pa-a-jessilane-veja-looks-de-famosos.shtml |
Kassio deve levar à 2ª turma do STF casos em que derrubou decisões do TSE | O ministro Kassio Nunes Marques pretende enviar para a segunda turma do STF (Supremo Tribunal Federal) os processos nos quais derrubou decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e favoreceu deputados ligados ao presidente Jair Bolsonaro. Para isso, é preciso que ocorram recursos às decisões.Esses recursos ainda não foram apresentados, e a intenção de enviá-los para a segunda turma é o que Kassio tem informado a seus interlocutores.A segunda turma é composta por 5 dos 11 ministros que integram a corte: o próprio Kassio, André Mendonça, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin.Ainda assim, caso algum ministro peça ou haja novos recursos do Ministério Público Federal, os casos podem ser levados a plenário, para julgamento dos 11 ministros do STF.2ª turma do SupremoNesta quinta-feira, o ministro do STF indicado por Bolsonaro suspendeu as cassações dos mandatos do deputado estadual Fernando Francischini (União Brasil-PR) e do deputado federal José Valdevan de Jesus, o Valdevan Noventa (PL-SE).As duas liminares nas quais derrubou decisões do TSE em favor de deputados aliados do presidente devem abrir um novo embate entre o STF e Bolsonaro.Ambos os casos, agora, terão de ser analisados por outros ministros do STF, alvo de uma série de ataques do presidente da República, que em outubro próximo disputará a reeleição ao Palácio do Planalto. Mais Aliado de Bolsonaro, Francischini foi cassado em outubro passado devido à publicação de vídeo, no dia das eleições de 2018, no qual afirmou que as urnas eletrônicas haviam sido fraudadas para impedir a votação no então candidato a presidente da República.A decisão liminar (provisória) de Kassio tem um efeito simbólico que mexe não só com as eleições como também com a crise permanente de tensão de Bolsonaro com o Poder Judiciário.Isso porque o magistrado foi indicado ao STF por Bolsonaro, tem votado a favor de causas do presidente em diferentes julgamentos, mesmo que de forma isolada, e agora derruba uma decisão do plenário do TSE usada como exemplo contra a propagação de fake news nas eleições.O presidente do Supremo, Luiz Fux, pretende pautar o caso no plenário tão logo Kassio libere o processo para julgamento, o que pode acontecer, por exemplo, se houver recurso.Pode também liberar a decisão, sem precisar de recurso, para que haja o chamado "referendo" da corte. Isso tem sido feito corriqueiramente pelos ministros em matérias de grande repercussão.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Em sua live semanal na noite desta quinta, Bolsonaro defendeu a decisão de Kassio sobre o deputado do Paraná, disse que a ordem do TSE havia sido "inacreditável" e voltou a atacar a corte e a espalhar teorias da conspiração sem provas contra o sistema eletrônico de votação e sobre o último pleito presidencial.O presidente frisou que a decisão contra Francischini foi tomada em 2021 por um placar de 6 a 1, com voto favorável dos três ministros do Supremo que estavam na corte à época: Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin.Também afirmou que o TSE tem tomado "medidas arbitrárias contra o Estado democrático de Direito" e atacado "a democracia". "Não querem transparência no sistema eleitoral", disse.Bolsonaro transformou o tribunal e seus ministros em adversários políticos. O presidente ataca os integrantes da corte ao mesmo tempo em que faz ameaças de tom golpista contra as eleições deste ano —ele aparece distante do ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto.No julgamento de outubro, em meio ao acirramento das tensões entre o Palácio do Planalto e a cúpula do Judiciário, os ministros do TSE impuseram uma pena dura ao aliado do presidente.Avaliaram que a punição poderia contribuir para conter a propagação de informações inverídicas sobre o funcionamento das urnas letrônicas em 2022. Foi a primeira vez que o TSE tomou decisão relacionada a um político que fez ataque aos equipamentos.Dias depois, Bolsonaro comparou o veredito do tribunal a um estupro. "A cassação dele foi um estupro. Por ter feito uma live 12 minutos antes, não influenciou em nada. Ele era deputado federal. Foi uma violência (...) Aquela cassação foi uma violência contra a democracia", afirmou."A cassação do mandato [de Francischini] realmente é uma passagem triste da nossa história. Nem na época do AI-5 se fazia isso, e o pessoal critica tanto nosso AI-5." Mais Francischini foi investigado pelo Ministério Público por uso indevido dos meios de comunicação e por abuso de autoridade. No primeiro turno das eleições de 2018, ele realizou uma live e afirmou, sem provas, que as urnas estavam fraudadas para impedir a eleição de Bolsonaro.Em recurso ao STF, o político paranaense e a Comissão Executiva do PSL, seu antigo partido, alegaram que o TSE deu em 2021, de maneira irregular, nova interpretação às regras eleitorais que vigoravam em 2018.Citaram, entre outros aspectos, a compreensão da Justiça Eleitoral acerca das redes sociais como meio de comunicação para efeito de configuração de abuso e o balizamento da gravidade da conduta sob apuração para fins de impacto na legitimidade e normalidade das eleições.Afirmaram que o TSE, assim, atentou contra a segurança jurídica daquele processo eleitoral, além de ferir princípios da anualidade, da imunidade parlamentar e da soberania popular.Kassio acatou os argumentos da defesa ao entender que "a interpretação adotada pelo Tribunal Superior [Eleitoral] importa em erosão do conteúdo substantivo dos preceitos relativos à segurança jurídica, à soberania popular e à anualidade eleitoral", segundo decisão de 60 páginas.O ministro afirmou que compreende a preocupação do TSE em torno do uso da internet e tecnologia associadas no âmbito do processo eleitoral.Porém, destacou ele, "parece que não há como criar-se uma proibição posterior aos fatos e aplicá-la retroativamente. Aqui não dependemos de maior compreensão sobre o funcionamento da internet. É questão de segurança jurídica mesmo"."Não cabe, sob o pretexto de proteger o Estado democrático de Direito, violar as regras do processo eleitoral, ferindo de morte princípios constitucionais como a segurança jurídica e a anualidade", disse. Mais No caso de Valdevan, Kassio suspendeu decisão do TSE e devolveu o m andato ao deputado federal, que havia sido cassado em março deste ano por abuso do poder econômico durante a campanha eleitoral de 2018.O TSE havia confirmado decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Sergipe, que condenou o parlamentar por captação e gasto ilícito de recursos mediante depósitos de valores de origem não identificada.Segundo Kassio, houve cerceamento de defesa porque o acórdão do julgamento do tribunal eleitoral ainda não foi publicado, o que impediu a defesa de Valdevan de apresentar recurso na corte."Volto para a Câmara dos Deputados pronto para cumprir minha missão", disse Valdevan em nota. "Me sinto ainda mais forte para seguir com os projetos que estão em andamento, continuar destinando emendas para nossas cidades e honrar os 45.472 votos que me elegeram."Apesar de ter sido eleito por Sergipe, estado em que nasceu, Valdevan é presidente do SindMotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo) desde 2013.Nesta semana ele liderou as assembleias de motoristas que decidiram paralisar o transporte público na capital na segunda-feira (6).O site e as redes sociais do sindicato publicaram a notícia sobre a recondução do sindicalista à Câmara dos Deputados. De acordo com o sindicato, ele volta nesta sexta-feira (3) para o Congresso.Segundo o processo que provocou a cassação do mandato, agora anulada, integrantes da equipe de Valdevan aliciaram dezenas de moradores de Estância e Arauá, em Sergipe, para simular doações ao então candidato."O perfil dos doadores era incompatível com o valor doado, uma vez que vários eram beneficiários do programa Bolsa Família e alguns deles confirmaram ter apenas emprestado o número do CPF para operação financeira", disse o TSE ao divulgar a cassação.Foram feitas mais de 80 doações de R$ 1.050 na mesma agência bancária, o que despertou o alerta sobre a possibilidade de fraude. O Ministério Público Eleitoral ajuizou uma ação de investigação judicial eleitoral, que confirmou a irregularidade.Valdevan afirma ter sido o único deputado federal eleito por Sergipe a não receber recursos dos fundos partidários ou eleitoral. "Com isso, as doações realizadas após as eleições foram para cobrir as dívidas da campanha, sem qualquer intenção de ferir as regras eleitorais", disse. Mais | 2022-06-03 11:11:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/06/kassio-deve-levar-a-2a-turma-do-stf-casos-em-que-derrubou-decisoes-do-tse.shtml |
Requião critica Ratinho Jr. e Bolsonaro e vê Lula eleito no 1º turno | O ex-governador do Paraná Roberto Requião (PT) afirmou que o estado está sem governo atualmente e criticou o alinhamento de Ratinho Jr. (PSD) com o presidente Jair Bolsonaro (PL). O petista disse ainda acreditar que o ex-presidente Lula (PT) deve ser eleito ao Planalto em primeiro turno.Durante sabatina promovida pela Folha e pelo UOL nesta sexta (3), o pré-candidato do PT ao Governo do Paraná afirmou que Lula é a ferramenta necessária para a retomada econômica do Brasil. Requião fez críticas à política econômica do governo federal e ao ministro da Economia, Paulo Guedes.Requião disse que o atual governador do estado busca replicar as políticas econômicas de Paulo Guedes. Ele fez críticas às tentativas de privatização promovidas por Ratinho Jr. e disse que o rival só se elegeu em 2018 devido a uma onda bolsonarista.O pré-candidato, que já fez críticas às políticas econômicas adotadas por Lula e pelos governos petistas, disse acreditar em uma mudança do ex-presidente para um possível novo mandato."O Lula que saiu da prisão em Curitiba é outra pessoa. Refletiu muito, leu muito, pensou muito. Eu acho que o Lula, hoje, é um sujeito que tem uma formação e uma convicção anti-imperialista e nacionalista pesadíssimas", afirmou Requião.Antigo filiado ao MDB, o ex-governador fez críticas ao partido. Segundo ele, a legenda se tornou um "balcão de negócios", voltado para questões eleitoreiras.De acordo com ele, o MDB deixou de ser um partido voltado para as classes populares, como era em sua fundação. "Eu não saí do PMDB, o PMDB que saiu de mim", disse ele.Em relação à aliança formada entre Lula e Geraldo Alckmin (PSB), o ex-governador afirmou que a união representa um movimento nacional de recuperação do país e de retomada do processo civilizatório.Disse que, mesmo já tendo feito críticas ao ex-governador de São Paulo, acredita que Alckmin agrega valor à chapa.O pré-candidato afirmou não acreditar em um possível golpe, caso Bolsonaro perca as eleições. Para ele, não há apoio por parte das Forças Armadas, cujos membros também sofrem com as consequências da política econômica atual."Não há chance alguma de haver golpe de Estado no Brasil. O país está afrontado com a política econômica. A inflação hoje pega os brasileiros de uma forma linear, os empregados e os desempregados."Questionado sobre os ataques feitos por Ciro Gomes (PDT) a Lula e ao PT, Requião disse não entender as agressões obsessivas ao partido. No entanto, segundo ele, as críticas feitas aos governos anteriores são importantes para possibilitar reflexões e permitir que os erros não se repitam."O Ciro está contribuído na crítica, ele ajuda o povo a levantar o nível de consciência política, eu acho que isso é uma colaboração positiva", afirmou Requião.O pré-candidato disse ter tido conversas com Carlos Luppi, presidente nacional do PDT, em busca de uma aliança para as eleições ao Governo do Paraná.O ex-governador se mostrou contrário às políticas de educação do estado, baseado em escolas cívico -militares. Segundo ele, mesmo conhecendo policiais com boa formação, eles não foram preparados e educados para dirigir uma escola.O pré-candidato também se disse contrário ao homeschooling, a educação domiciliar. Para ele, esse discurso ganhou espaço por ser uma prática defendida por algumas orientações religiosas. " Acho uma estupidez, está negando à criança a possibilidade de ter um aprendizado diversificado", afirmou Requião.Em relação ao agronegócio, o ex-governador disse ter muito orgulho do setor e da maneira como este tem utilizado a tecnologia para aumentar a produtividade. No entanto, ele também reconhece haver um problema de segurança alimentar no país."O agronegócio do Paraná está plantando dólar, está plantando aquilo que consegue vender em dólar com o real desvalorizado no mercado internacional. Estão ganhando muito dinheiro, mas o povo não está comendo."Segundo ele, uma possível solução para esse problema seria investir em uma diversificação maior do setor. Para ele, não é certo pensar apenas no lucro concentrado e esquecer os interesses da população.Ele fez críticas ao ex-juiz Sergio Moro. Disse que a Operação Lava Jato agiu a serviço dos interesses do capital, mesmo que tenha provado alguns casos de corrupção. Para ele, a atuação de Moro foi baseada em ego.Roberto Requião foi o último pré-candidato ao Governo do Paraná a participar da sabatina da Folha e do UOL. Na segunda (30), Cesar Silvestri (PSDB) foi o entrevistado. Na quarta (1º), a professora Angela Machado (PSOL) foi a convidada. Na quinta (2), o atual governador Ratinho Jr. participou da sabatina.O deputado federal Filipe Barros (PL) desistiu de participar.As sabatinas foram apresentadas pelo colunista do UOL Kennedy Alencar e tiveram participação dos jornalistas Alberto Bombig, do UOL, e Ana Luiza Albuquerque, da Folha.Sabatinas presidenciais2º turno - de 10 a 14/10Debates presidenciais2º turno - 13/10, às 10hDebate com candidatos à Vice-Presidência1º turno - 29/9, às 10hDebate com candidatos ao Senado1º turno - 27/9, às 10hSabatinas com pré-candidatos ao Governo de SP2º turno - de 17 a 21/10Demais sabatinasDebates com candidatos ao Governo de SP1º turno - 19/9, às 10h2º turno - 20/10, às 10h | 2022-06-03 11:15:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/06/requiao-critica-ratinho-jr-e-bolsonaro-e-ve-lula-eleito-no-1o-turno.shtml |
Trem descarrila na Alemanha e deixa 4 mortos e 30 feridos | Ao menos quatro pessoas morreram e 30 ficaram feridas após um trem descarrilar na região dos Alpes Bávaros, no sul da Alemanha, nesta sexta-feira (3).Vários vagões da composição, que havia saído de Garmisch-Partenkirchen, localidade na Baviera com uma famosa estação de esqui, descarrilaram na altura de Burgrain, nos arredores da cidade, informou a polícia em comunicado. A viagem tinha como destino Munique.O trem transportava 60 pessoas no momento do acidente —informações iniciais prestadas por um porta-voz das forças de segurança de Garmisch-Partenkirchen falavam em 60 feridos, mas o dado foi corrigido mais tarde. Quinze tiveram que ser levadas para hospitais da região, depois de receberem os primeiros atendimentos no local.Os bombeiros tiveram que usar escadas e caminhar sobre os vagões virados para tentar alcançar os feridos. As operações de resgate, que por óbvio fecharam a linha férrea, contaram com a ajuda de socorristas da Áustria.A polícia disse que iniciou uma investigação para apurar as possíveis causas do acidente. Não se sabe se o maquinista da composição estaria entre os mortos ou feridos, já que por enquanto não foram divulgadas informações ou a identidade das vítimas.Segundo o jornal regional Muenchener Merkur, havia vários alunos de uma escola a bordo.O boletim para você entender o que acontece na guerra entre Rússia e UcrâniaCarregando...Fotos divulgadas pela imprensa alemã mostram o trem descarrilado, com os vagões tortos, em uma área arborizada.Os trens regionais do país têm recebido um maior número de passageiros desde 1º de junho, quando entrou em vigor um bilhete que permite viagens por toda a Alemanha.Com essa assinatura mensal, que custa € 9 (R$ 46), pode-se tomar todos os trens regionais na Alemanha. A oferta atraiu muitos interessados, mas suscitou receios de superlotação no transporte. Antes do lançamento, os responsáveis pela companhia nacional Deutsche Bahn manifestaram preocupação, citando que o sistema passa por uma ampla renovação, após anos de redução de investimentos."Nunca antes houve tantos canteiros de obras na rede ferroviária alemã como há hoje", descreveu no início da semana o chefe da rede, Richard Lutz, acrescentando que a situação e o aumento do tráfego foram a causa de incidentes no passado.O acidente ferroviário mais grave da história da Alemanha ocorreu em 1998, devido ao descarrilamento de um trem de alta velocidade em Eschede, com 101 mortes. O mais recente ocorreu em 14 de fevereiro, quando uma pessoa morreu e 14 ficaram feridas em uma colisão entre duas composições perto de Munique. | 2022-06-03 11:16:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/06/trem-descarrila-na-alemanha-e-deixa-3-mortos-e-60-feridos.shtml |
Túlio Gadelha comemora 55 meses com Fátima Bernardes e desmente crise no namoro | O jurista e professor Túlio Gadêlha (PDT), 34, compartilhou um vídeo em seu perfil do Instagram para comemorar 55 meses de namoro com a apresentadora Fátima Bernardes, 59, e desmentiu boatos de que teriam terminado em algum momento. Os dois já estão juntos há cerca de 4 anos e 6 meses."Enquanto blogs de fofoca e canais de desinformação já acabaram nosso relacionamento dezenas de vezes, a única coisa que vai e volta aqui é o avião (Recife — Rio — Recife). Porque hoje completamos 55 meses juntos! Parabéns, amor!", escreveu ele.Fátima respondeu à homenagem escrevendo uma mensagem nos comentários da publicação. "E a gente nem sentiu o tempo passar. Parabéns, amor". O namoro dos dois começou em novembro do ano de 2017. A apresentadora havia se separado de William Bonner em 2016, após 26 anos de casados. Mais Recentemente, Túlio homenageou a namorada Fátima Bernardes, durante o programa Encontro (Globo), no dia do aniversário de 59 anos da apresentadora. Em vídeo, o político tocou gaita em um dueto com Lenine na música "É o que me Interessa". Fátima ficou emocionada com a surpresa."Eu fui o primeiro a lhe dar os parabéns. Você é muito especial, tem o olhar atento e uma capacidade de inspirar. Muitas felicidades para você e para todos nós. Estou chegando para comemorarmos juntos", disse ele, que estava na Rússia. | 2022-06-03 10:16:00 | celebridades | Celebridades | https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/06/tulio-gadelha-comemora-55-meses-com-fatima-bernardes-e-desmente-crise-no-namoro.shtml |
Rússia e Ucrânia sinalizam continuidade da guerra no 100º dia | No centésimo dia da Guerra da Ucrânia, nesta sexta (3), um festival de obviedades proferidas pelos principais atores do conflito ajuda a sustentar a avaliação de que a crise está distante de ter uma solução.A começar pela Rússia, que invadiu o vizinho em 24 de fevereiro, lançando a maior ação militar na Europa desde que os soviéticos tomaram Berlim enquanto os Aliados avançavam a oeste contra os nazistas, em 1945."Um dos principais objetivos da operação é proteger as pessoas das repúblicas populares de Donetsk e de Lugansk. Medidas foram tomadas para isso e alguns resultados foram alcançados. Este trabalho vai continuar até que se alcancem todos os objetivos", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.Ele está certo, parcialmente. Seu chefe, o presidente Vladimir Putin, colocou a dita libertação desses territórios separatistas no leste ucraniano como uma de suas prioridades, e o violento assalto que já tomou 90% de Lugansk, segundo a avaliação britânica, vai no caminho disso —o que "libertar" significa e modus operandi são outras questões.Peskov obviamente não falou dos fracassos da primeira fase da guerra em tomar Kiev e Kharkiv, as maiores cidades do país, e as dificuldades que as forças russas enfrentam em campo. Ou da promessa de não tomar território para si, enquanto já conquistou boa parte do sul do país e estabeleceu um corredor entre o Donbass e a Crimeia anexada em 2014. Mais Mas falou sobre as acusações de que Putin está levando a fome à África, dado o bloqueio da saída de grãos ucranianos pelo mar Negro. Soluções criativas e favoráveis ao Kremlin estão na mesa, e o presidente russo recebeu uma delegação da União Africana nesta sexta (3) para discutir o assunto."Mesmo longe do teatro [da guerra], nós somos vítimas dessa crise econômica", afirmou o presidente do bloco, o líder senegalês Macky Sall. Ele lembrou que boa parte dos países africanos não condenou a invasão russa nas Nações Unidas.Putin, por sua vez, voltou a dizer que a culpa pelo problema é do Ocidente e suas sanções e que uma saída para a questão pode ser o envio de grãos pela sua aliada Belarus. O ditador do país, Aleksandr Lukachenko, apoiou a ideia, mas apresentou como condição acesso hoje vetado a portos europeus no Báltico.Do lado ucraniano, um vídeo de 36 segundos resumiu o que o presidente Volodimir Zelenski tem dito de forma cada vez menos convincente. "A vitória será nossa. Os representantes do Estado estão aqui, defendendo a Ucrânia há cem dias", disse, ao lado de autoridades de seu governo.Novamente, verdade parcial. A resistência ucraniana, alimentada por armas ocidentais, tem sido elogiada até por observadores russos, que consideram que Putin subestimou o adversário. Para fins de TikTok e redes de TV ocidentais, Zelenski já logrou sair herói da crise.Mas isso não resolve o problema real, que é o fato de que os cerca de 20% de territórios perdidos dificilmente voltarão a ser ucranianos, ainda que Putin não obtenha uma vitória.Os oito anos de guerra civil no Donbass, iniciada após a Rússia anexar sem dar um tiro a Crimeia, mostram isso. O risco de as linhas se estabilizarem em algum ponto é grande, como disse nesta sexta (3) o ministro da Defesa da Ucrânia, ao avaliar os reforços russos na região sulista de Kherson.Talvez menos do que uma negociação, possa haver um congelamento da guerra no estilo Donbass. Coube a um desconhecido funcionário da ONU (Organização das Nações Unidos), o coordenador para a crise na Ucrânia, Amin Awad, resumir."Essa guerra não terá um ganhador", afirmou o sudanês, em nota. Ele falava sob o impacto das milhares de mortes e do "fenômeno sem precedente" de 14 milhões de ucranianos deslocados de suas casas —ao menos 4,7 milhões para fora do país.Mas é também uma assertiva política. Assim como outra, feita também nesta sexta pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, que joga uma luz histórica sombria no debate sobre os efeitos da guerra no ambiente de segurança europeu."Berlim definiu um curso de acelerada remilitarização do país. Como isso pode acabar? Infelizmente, isso é bem conhecido da história", disse. A União Soviética, país do qual a Rússia é a herdeira legal, perdeu 27 milhões de cidadãos lutando contra a Alemanha nazista de 1941 a 1945. Mais Como resposta à guerra, os alemães triplicaram seu gasto de defesa neste ano, adicionando um fundo de € 100 bilhões (mais de R$ 500 bilhões) para reequipamento com caças, helicópteros e blindados. Antes, a Rússia havia criticado duramente os EUA por prometerem mísseis avançados a Kiev, citando o risco de um embate entre as potências nucleares.Houve vários impactos da guerra no continente. Entre eles, a explicitação do papel ambíguo da Turquia, a tentativa de entrada da Finlândia e da Suécia na Otan, a divisão entre os membros do Leste Europeu da aliança militar, Berlim/Paris e EUA/Reino Unido. Isso para não falar sobre a disputa acerca dos embargos ao petróleo e gás russos, que obrigou malabarismos para acomodar aliados de Putin como a Hungria.A presidente da Comissão Europeia, braço executivo da UE (União Europeia), a alemã Ursula von der Leyen, publicou no Twitter uma mensagem de apoio a Kiev. "Há cem dias, a Rússia lançou sua guerra injustificável na Ucrânia. A bravura dos ucranianos merece nosso respeito e admiração. A UE está com a Ucrânia", afirmou.Ela falou sobre a crise com Emmanuel Macron, presidente francês, que voltou a dizer que Putin cometeu um "erro histórico" ao atacar o vizinho.Mundo afora, os cem dias de guerra mudaram o cenário geopolítico, com a China buscando posicionar-se como aliada de Putin, promotora da paz e desafiante de Washington pelo espólio da crise ao mesmo tempo. Na economia, a pressão inflacionária da crise energética e de alimentos gera temores de uma recessão. | 2022-06-03 10:16:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/06/russia-e-ucrania-sinalizam-continuidade-da-guerra-no-100o-dia.shtml |
A era dos dados sem fronteiras está terminando | Toda vez que enviamos um email, tocamos em um anúncio do Instagram ou passamos nossos cartões de crédito, criamos um dado digital.As informações percorrem o mundo na velocidade de um clique, tornando-se uma espécie de moeda sem fronteiras que sustenta a economia digital. Em grande parte não regulamentado, o fluxo de bits e bytes ajudou a alimentar a ascensão de megaempresas transnacionais como Google e Amazon e reformulou as comunicações, o comércio, o entretenimento e a mídia globais.Agora a era de fronteiras abertas para os dados está terminando.França, Áustria, África do Sul e mais de 50 outros países estão intensificando os esforços para controlar as informações digitais produzidas por seus cidadãos, agências governamentais e corporações. Movidos por preocupações com segurança e privacidade, bem como interesses econômicos e forças autoritárias e nacionalistas, os governos estão cada vez mais definindo regras e padrões sobre como os dados podem ou não podem se movimentar pelo mundo. O objetivo é adquirir a "soberania digital". O governo Biden está fazendo circular um rascunho inicial de uma ordem executiva destinada a impedir que rivais, como a China, acessem dados americanos.Juízes e formuladores de políticas aumentam os esforços para proteger as informações geradas no bloco de 27 países, incluindo exigências mais rígidas de privacidade online e regras para inteligência artificial.Legisladores estão agindo para aprovar uma lei que limitaria os dados que podem sair do país de quase 1,4 bilhão de habitantes.O número de leis, regulamentos e políticas governamentais que exigem que as informações digitais sejam armazenadas em um país específico mais que dobrou de 2017 a 2021, chegando a 144, de acordo com a Fundação da Tecnologia da Informação e Inovação.Embora países como a China tenham isolado seus ecossistemas digitais há muito tempo, a imposição de mais regras nacionais sobre os fluxos de informação representa uma mudança fundamental no mundo democrático e altera a forma como a internet opera desde que se tornou amplamente comercializada, na década de 1990.As repercussões para as operações comerciais, a privacidade e como os órgãos policiais e de inteligência investigam crimes e executam programas de vigilância têm longo alcance. Microsoft, Amazon e Google estão oferecendo novos serviços para permitir que empresas armazenem registros e informações dentro de um determinado território. E a movimentação de dados se tornou parte das negociações geopolíticas, incluindo um novo pacto para compartilhar informações através do Atlântico, que foi acordado em princípio em março."O volume de dados se tornou tão grande na última década que gerou pressão para colocá-los sob controle soberano", disse Federico Fabbrini, professor de direito europeu na Universidade da Cidade de Dublim, que editou um livro sobre o assunto e argumenta que dados são inerentemente mais difíceis de regulamentar do que bens físicos.Para a maioria das pessoas, é improvável que as novas restrições fechem sites populares. Mas os usuários podem perder o acesso a alguns serviços ou recursos, dependendo de onde moram. A Meta, empresa controladora do Facebook, disse recentemente que deixaria temporariamente de oferecer filtros de realidade aumentada no Texas e em Illinois para evitar ser processada sob as leis que regulam o uso de dados biométricos.O debate sobre a restrição de dados ecoa fraturas maiores na economia global. Os países estão repensando sua dependência de linhas de montagem estrangeiras depois que as cadeias de suprimentos falharam na pandemia, atrasando as entregas de tudo, de geladeiras a caminhonetes. Temendo que os produtores asiáticos de chips para computador sejam vulneráveis à influência de Pequim, legisladores americanos e europeus estão pressionando para construir mais fábricas domésticas para os semicondutores que movem milhares de produtos.A mudança de atitude em relação à informação digital está "ligada a uma tendência mais ampla de nacionalismo econômico", disse Eduardo Ustaran, sócio do escritório de advocacia Hogan Lovells, que ajuda empresas a cumprir as novas regras sobre dados.A ideia central da "soberania digital" é que o escape digital criado por uma pessoa, empresa ou governo deve ser armazenado dentro do país de origem, ou pelo menos tratado de acordo com a privacidade e outros padrões estabelecidos por um governo. Nos casos de informações mais confidenciais, algumas autoridades querem que também sejam controladas por uma empresa local.Isso é uma mudança em relação a hoje. A maioria dos arquivos foi inicialmente armazenada localmente em computadores pessoais e mainframes da empresa. Mas à medida que a velocidade da internet aumentou e a infraestrutura de telecomunicações avançou nas últimas duas décadas, os serviços de computação em nuvem permitiram que uma pessoa na Alemanha armazenasse fotos num servidor do Google na Califórnia, ou uma empresa na Itália administrasse um site da Amazon Web Services operado em Seattle (EUA).Um ponto de inflexão ocorreu depois que o colaborador em segurança nacional Edward Snowden vazou dezenas de documentos em 2013 que detalhavam a vigilância generalizada das comunicações digitais nos EUA. Na Europa, aumentaram as preocupações de que a dependência de empresas americanas como Facebook deixasse os europeus vulneráveis à espionagem dos EUA. Isso levou a longas disputas jurídicas sobre privacidade online e negociações transatlânticas para proteger comunicações e outras informações transportadas para empresas americanas.As consequências ainda estão sendo sentidas.Enquanto os Estados Unidos apoiam uma abordagem livre e não regulamentada que permite que os dados passem entre nações democráticas sem obstáculos, a China uniu-se à Rússia e a outros para isolar a internet e manter os dados ao alcance para vigiar os cidadãos e reprimir a dissidência. A Europa, com mercados fortemente regulamentados e regras sobre privacidade de dados, está trilhando outro caminho.Na União Europeia, os dados pessoais dos cidadãos devem seguir uma lei de privacidade online, o Regulamento Geral de Proteção de Dados, que entrou em vigor em 2018. Outro projeto de lei, a Lei de Dados, aplicaria novos limites sobre quais informações corporativas poderiam ser disponibilizadas aos serviços de inteligência e outras autoridades fora do bloco, mesmo com ordem judicial.O governo Biden elaborou recentemente uma ordem executiva para dar ao governo mais poder para bloquear acordos envolvendo dados pessoais de americanos que representam risco para a segurança nacional, segundo duas pessoas informadas sobre o assunto. Um funcionário do governo disse que o documento, que a Reuters noticiou anteriormente, era um rascunho inicial enviado às agências federais para comentários.Mas Washington tentou manter os dados fluindo entre os Estados Unidos e seus aliados. Em uma viagem em março a Bruxelas para coordenar uma resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, o presidente Joe Biden anunciou um novo acordo para permitir que dados da UE continuem fluindo para os EUA.O acordo foi necessário depois que o principal tribunal europeu derrubou um acordo anterior em 2020 porque não protegia os cidadãos europeus da espionagem por autoridades americanas, pondo em risco as operações de milhares de empresas que transmitem dados através do Atlântico.Em uma declaração conjunta em dezembro, Gina Raimondo, secretária de Comércio dos Estados Unidos, e Nadine Dorries, principal ministra digital da Grã-Bretanha, disseram que esperavam neutralizar "as tendências negativas que correm o risco de fechar os fluxos de dados internacionais". O Departamento de Comércio americano também anunciou no mês passado que estava se unindo a várias nações asiáticas e ao Canadá para manter o fluxo de informações digitais entre os países.À medida que novas regras foram adotadas, a indústria de tecnologia disparou alarmes. Grupos representando Amazon, Apple, Google, Microsoft e Meta argumentaram que a economia online foi alimentada pelo livre fluxo de dados. Se as empresas de tecnologia fossem obrigadas a armazenar tudo localmente, não poderiam oferecer os mesmos produtos e serviços em todo o mundo, afirmaram. Mais Os países, entretanto, reprimiram de qualquer modo. Na França e na Áustria, os clientes do software de medição de internet Google Analytics, que é usado por muitos sites para coletar números de audiência, foram instruídos este ano a não usar mais o programa porque poderia expor os dados pessoais de europeus à espionagem americana.No ano passado, o governo francês cancelou um acordo com a Microsoft para lidar com dados relacionados à saúde, depois que as autoridades foram criticadas por conceder o contrato a uma empresa americana. As autoridades se comprometeram a se associar a firmas locais.As empresas se ajustaram. A Microsoft disse que está tomando medidas para que os clientes possam manter os dados mais facilmente em determinadas áreas geográficas. A Amazon Web Services, maior serviço de computação em nuvem, disse que permite que os clientes europeus controlem onde são armazenados os dados.Na França, Espanha e Alemanha, o Google Cloud assinou acordos no ano passado com provedores locais de tecnologia e telecomunicações para que os clientes possam garantir que seus dados sejam supervisionados por uma empresa local enquanto usam os produtos Google."Queremos encontrá-los onde estão", disse Ksenia Duxfield-Karyakina, que lidera as operações de políticas públicas do Google Cloud na Europa.Liam Maxwell, diretor de transformação governamental da Amazon Web Services, disse em comunicado que a empresa se adaptará às regulamentações europeias, mas que os clientes deveriam poder comprar serviços de computação em nuvem conforme suas necessidades, "e não limitados pela localização do provedor de tecnologia". Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves | 2022-06-03 09:52:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/06/a-era-dos-dados-sem-fronteiras-esta-terminando.shtml |
Antecipação e planejamento podem ajudar a aproveitar mais a vida | Alle Pierce sabe planejar umas férias. Alguns meses antes, ela "entra numa orgia de Google", montando uma planilha com todas as coisas que quer fazer e ver. Ela examina os cardápios dos restaurantes que planeja visitar. Usa uma foto do destino como bloqueio da tela do telefone e baixa um aplicativo de contagem regressiva."O que é mais excitante numa viagem é a expectativa em torno dela", disse Pierce, fundadora de uma empresa de turismo de luxo chamada Gals Abroad Getaways, que planeja viagens para grupos de mulheres. Especialistas dizem que ela provavelmente está certa. Diversos estudos sugerem que ter algo para esperar antecipadamente melhora o humor e diminui o estresse."Imaginar coisas boas à frente nos faz sentir melhor no momento atual", disse Simon A. Rego, psicólogo-chefe do Centro Médico Montefiore e da Faculdade de Medicina Albert Einstein, que escreveu extensamente sobre o efeito da antecipação no humor. "Pode aumentar a motivação, o otimismo e a paciência e diminuir a irritabilidade."Claro, não podemos simplesmente reservar uma passagem aérea toda vez que precisamos de um pouco de animação. Mas existem maneiras de aproveitar e incorporar o poder da expectativa na vida cotidiana.Pensar antecipadamente em um punhado de pequenas e deliciosas experiências pode ser tão agradável quanto esperar por um grande evento, disse Carrie L. Wyland, psicóloga social da Universidade Tulane, em New Orleans (Estados Unidos). Mais "No final de cada dia, anote uma coisa que a anima para amanhã", disse ela. "Talvez seja um livro novo, um doce ou uma encomenda que você está esperando."O acúmulo dessas miniemoções significa que você ainda colherá os benefícios de esperar por algo, mesmo que não seja uma grande recompensa, disse Christian E. Waugh, professor de psicologia na Universidade Wake Forest que estuda expectativas."Além disso, com as coisas mais próximas, há uma sensação maior de que vão acontecer com certeza", disse ele. "Você tem mais controle sobre uma pequena reunião esta noite do que as férias em seis meses."Já andou por uma casa à venda e imediatamente se imaginou servindo um belo prato de queijos no terraço, talvez vestida com uma espécie de caftan fabuloso?Quando Torrie Lloyd-Masters, cofundadora do negócio de ambientação A Home At Last, prepara uma casa para a venda, "vamos mostrar às pessoas como seria a vida delas se morassem aqui", disse. "Estamos essencialmente dizendo: 'Este pode ser o seu futuro'."Funciona porque é atraente se imaginar como o tipo de pessoa que sempre tem um buquê de tulipas na mesa da cozinha. A pesquisa mostrou que sentir como se você estivesse no caminho para o seu "eu futuro" pode ter um efeito positivo no seu bem-estar, tirando você do pensamento de curto prazo. Pensar no futuro pode ajudá-lo a priorizar sua saúde e talvez até a agir com mais ética.Embora seja divertido sonhar acordado com o seu eu futuro, os passos concretos que você precisa dar para chegar lá podem ser intimidantes. Talvez seu eu futuro queira ser fluente em francês, mas o eu presente mal consiga pedir um croissant.Comece esclarecendo as coisas que você mais valoriza na vida, então estabeleça metas em torno delas, disse o dr. Rego. Se sua prioridade é ficar em forma e saudável à medida que envelhece, talvez seu objetivo seja correr 5 km. Mas não espere para se sentir motivado antes de dar o primeiro passo.Em vez disso, quando você faz algo em direção ao seu objetivo, "concentre-se em quão motivado você se sente depois, não antes", disse ele. À medida que você começar a ver o progresso, ficará mais fácil: você ficará ansioso para fazer as coisas que o aproximarão do seu eu futuro.Qualquer um que tenha levado uma criança para tomar uma vacina contra a gripe e depois tomar um sorvete sabe o poder de criar expectativa para uma coisa que você não quer fazer, combinando-a com uma coisa que você quer.Em um estudo de 2013 sobre "temptation bundling" [agregar tentações, em tradução livre – quando se associa uma tarefa que a pessoa não quer fazer com algo prazeroso durante ou ao final dela], os participantes receberam um iPod carregado com audiobooks que só podiam ouvir na academia se exercitassem 51% a mais do que aqueles que não receberam o iPod. Foi tão incentivador que, quando o estudo terminou, 61% dos participantes disseram que pagariam para ter acesso aos audiolivros apenas na academia.Para criar antecipação para as férias em grupo que ela lidera, Pierce envia às clientes com um mês de antecedência listas detalhadas das roupas adequadas para levarem. "Fico tão empolgada com as roupas que vou usar na viagem quanto com a viagem em si", disse ela.Mas a promessa de uma blusa nova funciona igualmente bem para coisas que você não curte muito. No espírito de se vestir para o sentimento que você quer ter, e não o sentimento que você tem, Pierce recomenda usar serviços de assinatura de moda como Rent the Runway para experimentar um novo visual de maneira acessível."Digamos que você tenha uma apresentação de trabalho que a deixa nervosa", disse ela. "Se você também tiver uma roupa nova que está louca para usar, vai ter uma expectativa mais positiva."Vários estudos também sugeriram que obtemos mais felicidade antecipando aquisições experienciais do que materiais. Aumentar a expectativa é um truque importante para Lydia Fenet, uma leiloeira de caridade que levantou mais de US$ 500 milhões em sua carreira.Se o prêmio for um jantar com uma celebridade, por exemplo, ela pintará um quadro de todas as maneiras como o jantar pode ocorrer. Talvez você e a celebridade se tornem amigos. Talvez eles se tornem padrinhos do seu filho. Talvez vocês passem as próximas décadas fazendo coisas extravagantes de celebridades juntos, como tirar selfies com ótima iluminação em jatos particulares."E quando estou prestes a bater o martelo e vender o lote, eu viro para o público e digo: 'Então eles vão jantar com seu novo melhor amigo, George Clooney, no Gramercy Tavern, e vocês estarão sentados em casa comendo pizza'", disse Fenet.Jantar com Clooney à parte, você ainda pode maximizar a expectativa antes de uma experiência como um encontro. Escolha uma atividade que seja significativa para você ou um lugar que você queira mostrar à outra pessoa, disse Erika Kaplan, vice-presidente de filiados ao serviço de formação de casais Three Day Rule. "Então você está ansioso por duas coisas", ela explicou. "A data em si, mas também apresentar a outra pessoa ao seu mundo e ver como ela reage."O outro lado da expectativa positiva é a ansiedade antecipatória –e o mais fascinante, disse Waugh, é que elas geralmente acontecem juntas. "Ansiedade e excitação são emoções irmãs", disse ele. "Pense em quando você vai se casar ou ter seu primeiro filho. É uma mistura de ambos."Mas só é prejudicial "quando você se concentra apenas na parte da ansiedade e negligencia a parte da excitação", acrescentou. A chave é reconhecer o aspecto feliz e positivo do que você está fazendo junto com os sentimentos nervosos. Estudos sugerem que "quando você reavalia as coisas ansiosas como excitantes, isso realmente faz você se sentir melhor em relação a elas", disse Waugh.Se as festas são algo que você espera, não espere um feriado para comemorar –apenas invente um, disse Megan White, organizadora de eventos em Savannah, na Geórgia. Dê uma festa de aniversário para o cachorro ou faça um café da manhã com panquecas para todas as crianças da sua rua."Pense em maneiras de tornar as ocasiões especiais mesmo quando não houver nenhuma", disse ela. (Precisa de inspiração? O Dia da Gravata Borboleta, o Dia da Lasanha e o Dia do Abraço no Gato estão chegando neste verão, e o Dia Internacional do Fale como um Pirata é em setembro.)Seja uma festa, um presente ou uma lista de afazeres, a expectativa pode ser uma ferramenta poderosa para manipular nossas emoções.Quando a escritora de TV Anna Beth Chao escreve um episódio para "You", da Netflix, sempre tenta "terminar com algo para que você fique tipo 'Oh meu Deus, eu preciso ver o que vai acontecer agora'", disse ela.Quando fica empacada, ela apenas conta para si mesma uma história sobre os personagens e vê aonde vai dar. É uma tática que reaproveita em sua vida pessoal para esperar algo que ela teme, como a viagem de quatro dias de carro que acabou de fazer de Los Angeles para sua casa em New Orleans."Basicamente, conto a mim mesma uma pequena história sobre o que pode acontecer", disse ela. "Se você enquadrar isso como 'Bem, e se for uma aventura?', é mais fácil ficar animada."Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves | 2022-06-03 09:28:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2022/06/antecipacao-e-planejamento-podem-ajudar-a-aproveitar-mais-a-vida.shtml |
Una niña recibe un disparo tras salir de la guardería en Río | Una niña de 4 años recibió un disparo en la cabeza durante un tiroteo entre policías y delincuentes en la tarde del miércoles (1) en el barrio de Taquara, al oeste de Río de Janeiro. Estaba con su madre y acababa de salir de la guardería cuando fue alcanzada por un proyectil mientras compraba palomitas de maíz."Recogió a la niña en la guardería, se detuvo a comprar palomitas de maíz y, cuando se dio la vuelta, la niña estaba toda ensangrentada", dijo la abuela materna, quien no será nombrada para proteger la identidad de la niña.La menor fue enviada a la unidad de emergencia de Taquara y luego al Hospital Miguel Couto, en el sur de Río. En la unidad fue intervenida quirúrgicamente y permanece en estado muy grave, según informó la Secretaría Municipal de Salud.La Policía Civil informó que acudieron a la colonia Taquara tras recibir una denuncia de extorsión. Cuando llegaron fueron recibidos a tiros por delincuentes. Durante la operación, los policías detuvieron a una persona e incautaron una pistola y un automóvil robado.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original | 2022-06-03 09:50:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/internacional/es/brasil/2022/06/una-nina-recibe-un-disparo-tras-salir-de-la-guarderia-en-rio.shtml |
Cachés millonarios de cantantes de country abren el debate sobre el financiamiento público de la cultura | El cantante Zé Neto, del dúo con Cristiano, difícilmente podía imaginar que, al criticar un tatuaje en el ano de Anitta hace unas semanas, terminaría sacando a la luz pública los millones de reales pagados por los ayuntamientos de todo Brasil por los conciertos de country.Desde entonces, el episodio ha dado lugar a importantes revelaciones sobre el uso de fondos públicos en los megaeventos de Sertanejo. La semana pasada, fue revelado que el Municipio de Conceição do Mato Dentro, un pequeño pueblo de Minas Gerais, pagaría a Gusttavo Lima un caché de más de R$ 1 millón, con una partida que debería estar destinada exclusivamente a salud, educación, medio ambiente e infraestructuraTras la repercusión, la alcaldía dio marcha atrás y canceló el pago del cantante, quien ahora se encuentra en el centro de nuevas investigaciones que involucran a otras alcaldías del país.El cantante Gusttavo Lima acudió a Instagram para quejarse de la persecución. En una transmisión en directo, este lunes, lloró y pidió a sus fans que oren por él. "Es muy triste que se burlen de ti, que te traten como si fueras un delincuente. Aquí hay un ser humano, un hombre de familia. Aquí nadie es un delincuente", dijo.¿Cuál es entonces la diferencia entre un espectáculo pagado por la administración municipal y uno financiado por Rouanet? La tarifa de Rouanet para un artista no puede exceder los R$ 3.000, que antes eran R$ 45.000, pero se redujeron durante el gobierno de Bolsonaro. Ya vía consistorio, no hay límite.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original | 2022-06-03 10:02:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/internacional/es/cultura/2022/06/caches-millonarios-de-cantantes-de-country-abren-el-debate-sobre-el-financiamiento-publico-de-la-cultura.shtml |
Adoção irregular parece ato de amor, mas não é boa para ninguém, diz especialista | O Brasil avançou e muito na organização dos processos de adoção, mas ainda existe no país uma cultura em que esta é vista como um ato de caridade – quando deveria ser, acima de tudo, um ato de responsabilidade.A avaliação é de Isabely Mota, uma das criadoras do SNA (istema Nacional de Adoção e Acolhimento) e pesquisadora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).Em entrevista à BBC News Brasil, Mota explica que, desde 2019, o sistema criado permitiu a unificação de dados de todo o Brasil e agilizou o cumprimento de prazos e o cruzamento de informações digitalizadas – como o de crianças com o perfil desejado e uma família pretendente.Com o sistema, é possível agora saber por exemplo que, em 2021, houve um recorde no número de adoções no país: foram 3.736 adoções de crianças e adolescentes concluídas em 2021, um aumento de 18,7% em relação aos 3.146 menores de idade adotados no Brasil em 2020. Pelo menos desde 2015, ano a partir do qual há dados nacionais, nunca havia sido registrado um número de adoções alto assim.Entretanto, em paralelo a esta sistematização recente, o Brasil lida com uma herança de décadas em que adoções foram feitas à margem da lei, como a chamada "adoção direta", em que a família biológica entrega uma criança a pessoas conhecidas ou de confiança – uma prática vedada pela lei 12.010/09, com algumas exceções muito específicas (como o pedido de adoção unilateral, por uma madrasta ou padrasto por exemplo). Justamente por ser uma prática informal – e depois da instituição de algumas leis, irregular –, é difícil quantificar a dimensão deste problema no país."A adoção é um ato de amor sim; mas é um ato de amor e de muita responsabilidade. É a vida de uma criança pela qual você vai ser responsável", afirma Mota, graduada em direito e pós-graduada em direito da criança, dos adolescentes e idosos."As adoções irregulares não fazem bem para ninguém. A mãe que faz a entrega (da criança) normalmente está em situação de extrema vulnerabilidade social e vive um luto por perder o filho, mesmo que esta tenha sido uma decisão racional. Outra vítima é a criança, que muitas vezes tem negado seu direito de saber da sua origem biológica. A terceira vítima é o próprio pretendente, porque essa pessoa está fazendo isso de forma irregular. Ela sabe disso, e também não está amparada.""Pode parecer um ato de amor, mas todo mundo é vítima", diz Mota sobre as adoções irregulares.Segundo a especialista, alguns desses casos acabam chegando tardiamente à Justiça – como quando uma nova família, que já está convivendo com a criança há anos, procura regularizar a adoção. Esses casos são uma pista para o quanto as adoções irregulares vêm ocorrendo."As adoções irregulares que passam pelo Judiciário para serem homologadas têm diminuído. Mas, principalmente no interior do Norte e do Nordeste, ainda tem esse tipo de adoção acontecendo", explica a pesquisadora do CNJ.Nesta semana, o tema da adoção apareceu no noticiário e nas redes sociais depois que a apresentadora Carol Nakamura anunciou, em suas redes sociais, que uma criança que ela conheceu e chegou a morar em sua casa decidiu voltar a viver com a família biológica. No Instagram, a apresentadora afirmou que não tinha a guarda para fins de adoção do menino, e sim uma "autorização" dada pela mãe da criança – uma informalidade não prevista na lei."No início realmente não existia ideia de adoção, existia tentar ajudar de alguma forma uma criança que nunca tinha ido à escola a ser alfabetizada", justificou Nakamura.A BBC News Brasil tentou contato com a agência que representa a apresentadora por meio de telefone e e-mail, mas não foi atendida.A lei determina que toda pessoa ou família interessada em adotar deve procurar o sistema judiciário, por meio das Varas de Infância e Juventude e do pré-cadastro no SNA. No processo, ocorre a chamada habilitação para adoção, uma preparação com cursos e atendimento psicossocial para orientar as famílias pretendentes sobre eventuais dificuldades e ações que podem ajudar na educação da criança ou adolescente a ser adotado. É o "amparo" ao qual Isabely Mota estava se referindo, ao falar que as famílias que adotam irregularmente deixam de ter."Durante muitos anos, se viu a adoção como caridade. A adoção não é isso. Esses cursos (preparatórios) são importantes para desconstruir esses mitos da adoção. Para desconstruir o mito do amor maternal inato; o mito de que só é possível construir vínculos na primeira infância; ou que a criação feita não pode ser desfeita", enumera a pesquisadora."As pessoas chegam com muitos preconceitos, então a gente precisa desse período de preparação. Não é um tempo para deixar a pessoa esperando: é uma necessidade.""E mesmo com toda essa preparação, a gente ainda tem as devoluções", lembra Mota, referindo-se a processos de adoção que foram iniciados e acabaram interrompidos, com a criança voltando para um abrigo.Segundo dados inéditos passados por Mota à BBC News Brasil, com base em informações do SNA, em 2021, 8,7% dos processos de adoção iniciados – ou seja, a partir do momento em que a criança saiu do acolhimento para morar com a família adotiva, em estágio de convivência – levaram à devolução do menor de idade. No ano passado, isso ocorreu em 363 das 4.183 adoções iniciadas; em 2020, em 401 das 4.609 adoções iniciadas (também 8,7%)."Muitos juízes de infância ainda acham alto esse número. Porque você tem pessoas (pretendentes) que estão sendo treinadas, habilitadas. Mesmo preparando, tem esse número. Se a gente não fizesse toda essa preparação, seria muito pior. É o que acontecia no passado: tinha muito mais devoluções porque a preparação não era bem feita", explica a pesquisadora, que percorreu mais de 20 Estados para ajudar na implementação do SNA."Não é culpabilizar o pretendente, mas a gente vê casos que realmente as pessoas não estão preparadas para assumir a maternidade e a paternidade. A gente vê devolução de bebês porque o bebê chora demais, porque ele não deixa dormir à noite", exemplifica."Para a criança (devolvida), é um novo abandono.""É muito importante que a pessoa que vai adotar se informe, conheça outras pessoas que estejam passando ou já passaram pelo processo... Precisamos de pessoas responsáveis para fazer a adoção no Brasil."Dados preliminares de 2022 mostram que, até agora, o percentual de devoluções está mais baixo: 3,8%, ou 62 das 1.613 adoções iniciadas.Outro recorde em 2021 foi o de crianças e adolescentes reintegrados aos seus pais biológicos – ou seja, aquelas que foram acolhidas em abrigos e, depois de um trabalho de assistência social, voltaram a morar com seus pais. Foram 11.052 menores de idade reintegrados no ano passado.Esta é, na verdade, a prioridade das instituições e profissionais que trabalham com o SNA, segundo Isabely Mota – lembrando que a sigla do sistema inclui, além do A de adoção, o A de "acolhimento"."No acolhimento, temos milhares de crianças que nunca vão para a adoção. E não é porque elas estão esquecidas nas instituições, mas porque a gente está fazendo um trabalho de reintegração na família dela – com o fortalecimento de vínculos, auxílio no aluguel social para essa família, entre outros", explica Mota."É sempre o ideal que a criança volte para a sua família. O Estatuto da Criança e do Adolescente é claríssimo quanto a isso: a adoção é hipótese adicional, quando não foi possível o retorno da criança à sua família biológica."A especialista diz que, no Brasil, o acolhimento é sinônimo de pobreza: a maioria dos menores acolhidos não chegam a essa situação por serem vítimas de crimes como violência sexual, por exemplo, e sim pela falta de condições financeiras da família."O acolhimento deve sempre ser a última medida protetiva a ser aplicada, mas muitas vezes acaba sendo a primeira porque a família não tem condições de criar aquela criança – o que mostra a falta de políticas públicas voltadas para essas famílias. A gente precisaria que essa família fosse estruturada, para a criança não precisar ser afastada porque a mãe tem que sair para trabalhar, ou não tem condições de prover o mínimo de sustento."Mota destaca que a condição social não deve se sobrepor à importância dos vínculos familiares que ainda existem e podem ser reconstituídos."Aquela criança, principalmente os adolescentes (em acolhimento) que têm capacidade de consentir, deixam claro que querem estar com a família (de origem). Que a condição social não é um impeditivo para que eles estejam ali. Se o governo auxilia aquela família a sair da situação de vulnerabilidade, a gente sabe que é melhor que eles estejam juntos." | 2022-06-03 08:38:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2022/06/adocao-irregular-parece-ato-de-amor-mas-nao-e-boa-para-ninguem-diz-especialista.shtml |
Entenda o PIB do 1º tri em 5 pontos, quiz das notícias da semana e o que importa no mercado | Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta sexta-feira (3). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Acompanhou o noticiário de economia na semana? Faça o quiz e teste se você está por dentro das notícias que movimentaram o mercado:O PIB do Brasil cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, informou nesta quinta (2) o IBGE. Em números: a alta veio um pouco abaixo da mediana das expectativas do mercado, que era de 1,2% no levantamento da Bloomberg. No período, o PIB ficou 1,6% acima do patamar pré-pandemia. Veja aqui o desempenho de outros países. Para que serve: o indicador ajuda a medir o volume de riqueza produzido em determinado período. O cálculo considera produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando.Cinco pontos para entender o desempenho do PIB no 1º tri: 1. Serviços: responsáveis por cerca de 70% do indicador, puxaram a alta do PIB, com crescimento de 1%. O setor foi o que mais sofreu no auge da pandemia e agora se beneficiou do retorno das atividades.2. Consumo das famílias: o principal na ótica da demanda teve alta de 0,7%, também embalado pelo retorno das atividades presenciais, como as ligadas a viagens.3. Agronegócio: o setor que menos sofreu durante o ápice da crise sanitária agora acumula perdas com prejuízos trazidos pelo clima. No trimestre, caiu 0,9%.4. Indústria: ficou estagnada, com variação de 0,1%. O clima, nesse caso as chuvas no Sudeste, segurou o ímpeto do setor ao retrair o ramo extrativo (-3,4%), em especial o minério de ferro. 5. Investimentos: medidos pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), recuaram 3,5% e indicam um freio da economia para o futuro, com as empresas segurando caixa em um ambiente de juros altos.O desempenho do PIB no primeiro trimestre fez bancos melhorarem suas projeções para o ano, mas os sinais para o segundo semestre não são tão positivos. O que explica: os efeitos da retração provocada pelo aumento de juros do Banco Central só devem ser sentidos pela atividade econômica na segunda metade do ano.Análises:Café da Manhã: por que economia deve esfriar depois de alta do PIB; ouça podcast.O documentário explica o caso da Cambridge Analytica, que usou dados de usuários de redes sociais para enviar anúncios políticos capazes de explorar sentimentos como medo e raiva dos eleitores. A empresa trabalhou para as campanhas pró-Brexit e de Donald Trump em 2016.Por que é destaque agora: foi a partir desse escândalo que a chefe de operações e braço direito de Mark Zuckerberg na Meta, Sheryl Sandberg, começou a perder sua influência na empresa. Ela anunciou na quarta (1) que está de saída da companhia.Além da economia: | 2022-06-03 09:00:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/06/entenda-o-pib-do-1o-tri-em-5-pontos-quiz-das-noticias-da-semana-e-o-que-importa-no-mercado.shtml |
Bolsonaro veta restrição a busca e apreensão em escritórios de advocacia | O presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou, nesta sexta-feira (3), trecho de projeto de lei que restringia possibilidade de busca e apreensão em escritórios de advocacia.Ao todo, foram 10 dispositivos vetados no projeto de lei, conforme publicado no Diário Oficial da União. O Congresso ainda analisará as decisões do chefe do Executivo, podendo derrubá-las.As propostas mais polêmicas, que motivaram o surgimento do projeto, foram negadas por Bolsonaro.A inviolabilidade ao escritório está prevista no Estatuto da OAB, de 1994. No entanto, operações policiais realizadas nesses locais geraram críticas de advogados.Em setembro de 2020, escritórios de advocacia foram alvo de mandados de busca e apreensão em uma operação deflagrada pela Polícia Federal para investigar um suposto esquema de tráfico de influência no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no TCU (Tribunal de Contas da União) com desvio de recursos públicos do Sistema S.O presidente vetou trecho que determinava necessidade de "hipótese excepcional" fundamentada em provas, e não delação premiada, para realizar medidas cautelar em escritórios de advocacia.A justificativa do governo é de que a proposta contraria interesse público, "tendo em vista que pode impactar no livre convencimento motivado dos magistrados, além de poder comprometer e a atuação da polícia judiciária".Mais além, alega que qualquer decisão a respeito de admissibilidade de provas deve ser tomada em casos concretos, não de forma abstrata, como traz o projeto de lei.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Outro trecho vetado garantia ao advogado investigado e a um representante da OAB o direito de acompanhar a análise de informações interceptadas ou apreendidas em operações.Um terceiro dispositivo determinava que a autoridade responsável deverá informar, com antecedência de 24 horas, à seccional da OAB a data, o horário e o local na análise de informações e equipamentos apreendidos para garantir o direito de acompanhamento do investigado e de representante da OAB.A proposta dizia que o prazo poderia ser inferior a 24 horas, apenas se "devidamente fundamentado pelo juiz".Esses trechos foram vetados também sob a justificativa de que há diligências que devem ser sigilosas, e que podem prejudicar as investigações e acabar favorecendo o combate à criminalidade.Os vetos referentes a diligências foram sugestões do Ministério de Justiça e Segurança Pública, acompanhadas pelo presidente.Em nota, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) disse que trabalhará no Congresso pela derrubada desses dispositivos."Reconhecemos os inúmeros avanços presentes no texto sancionado. (...) Precisamos preservar esses pontos [sobre busca e apreensão vetados por Bolsonaro] para assegurar a proteção ao Estado de Direito", diz o texto assinado pelo presidente da instituição, Beto Simonetti. Mais O chefe do Executivo também vetou trecho da lei que garantia a realização de sustentação oral de advogados em tempo real durante qualquer julgamento.A derrubada da legislação ocorreu após pedido feito nos bastidores pelo presidente do STF, Luiz Fux, ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.O movimento de Fux ocorreu porque, na visão do Supremo, a nova lei poderia inviabilizar o plenário virtual da corte. Isso porque, no modelo do STF a sustentação dos advogados é gravada e enviada à corte antes da análise dos processos no ambiente online, enquanto a lei previa que é direito dos defensores "sustentar oralmente durante as sessões de julgamento". No entendimento de ministros do Supremo, a lei poderia dificultar de maneira significativa os trabalhos do tribunal, uma vez que o plenário virtual é responsável pela maioria dos julgamentos atualmente.O apelo de Fux surtiu efeito. Na justificativa oficial do veto enviada ao Senado, a Casa Civil diz que essa regra iria "contrariar o interesse público por se opor ao avanço recente", que, entre outros pontos, "apresentou incremento de eficiência, celeridade e digitalização do Poder Judiciário". | 2022-06-03 08:39:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/06/bolsonaro-veta-restricao-a-busca-e-apreensao-em-escritorios-de-advocacia.shtml |
Acidentes graves com ciclistas no Brasil disparam na pandemia | O designer Jonas Pacheco de Oliveira, 41, descia a avenida Rebouças, na zona oeste de São Paulo, quando sua bicicleta foi atingida por trás pelo carro de uma jovem, segundo ele, em alta velocidade. O atropelamento ocorreu por volta das 6h de um sábado de 2019, quando a via estrava livre e com poucos veículos.A motorista fugiu e por pouco o ciclista, que sofreu escoriações e ralados, não entrou para uma estatística que cresce ano a ano no trânsito brasileiro.Um levantamento divulgado nesta sexta-feira (3) pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostra que no ano passado o número de ciclistas vítimas de acidentes graves de trânsito, ou seja, que provocaram hospitalizações por ao menos 24 horas, cresceu cerca de 22% no país na comparação com 2019, período anterior à pandemia de Covid-19.A estatística, feita a partir de dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, aponta que em 2019 um total de 13.171 ciclistas vítimas do trânsito acabaram internados. Já no ano passado, foram 16.070, ou seja, por dia, 44 pessoas de bicicletas tiveram de ser hospitalizadas com lesões graves.Na comparação entre o ano passado e 2020 —quando houve 14.116 internações— a alta foi de cerca de 11%.O estudo faz parte de um conjunto de diretrizes publicadas nesta sexta pela associação médica sobre sinistros de trânsito decorrentes do deslocamento de bicicletas.Conforme o documento, entre 2018 e 2020 (dados mais atualizados), o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, registrou quase quatro mortes de ciclistas por dia.Os dados também mostram que 55,8 mil ciclistas com lesões graves foram internados na rede pública entre 2018 e 2021. E que 80% das vítimas são homens, sendo que 47% têm de 20 a 49 anos.Não há dados atualizados sobre o número de bicicletas no país, mas a Abramet calcula que há 70 milhões delas circulando pelas ruas.Segundo a Abraciclo, associação que reúne fabricantes do setor, a estimativa é que a indústria tenha produzido cerca de 3,4 milhões de bicicletas no ano passado, contra 4.175 milhões de unidades em 2019, ou seja, uma queda de quase 20%, o que não inibiu a alta dos sinistros.O documento da associação médica lembra que por causa do isolamento social em virtude da pandemia de Covid-19 e a necessidade de se evitar aglomerações no transporte público, a bicicleta passou a ser mais utilizada em deslocamentos. Além disso, passou a ser mais usada como ferramenta de trabalho por entregadores.Segundo a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Aplicativos da Câmara Municipal de São Paulo, dos cerca de 250 mil entregadores informais na cidade de São Paulo, a estimativa é que 12 mil usam bicicletas."É preciso uma mudança na educação de trânsito", afirma o médico Flávio Adura, diretor científico da Abramet e professor aposentado da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).Por quilômetro percorrido, aqueles que se deslocam de bicicletas têm oito vezes maior probabilidade de morrer em um sinistro de trânsito do que ocupantes de um veículo de passeio, segundo a diretriz.O médico critica a falta de legislação que obrigue ciclistas a usarem capacetes. "Porém, uma lei só vai funcionar se houver uma grande campanha de conscientização", diz. Segundo o documento da Abramet, em países onde o equipamento se tornou obrigatório entre ciclistas, como na Austrália e na Nova Zelândia, sua utilização cresceu até 40%.Para o médico, outro agravante é a falta de exigência de algum tipo de habilitação do ciclista.Para o especialista em trânsito e transportes Horácio Augusto Figueira, muitos ciclistas têm pedalado de forma agressiva. Ele cita o caso de bicicletas na contramão ou em calçadas.Figueira também afirma que, sem habilitação, falta preparo para o trânsito. "Alguns ciclistas não sabem que carros têm ponto cego e isso provoca atropelamentos", afirma. "E já vi gente furar semáforo vermelho como se fosse roleta russa."O urbanista Lucian De Paula Bernardi, integrante da Câmara Temática de Bicicleta do Conselho Municipal de Trânsito, por outro lado, diz que as regras de trânsito foram feitas com o carro em mente.Bernardi, que pedala todos os dias, conta ter sido vítima do trânsito há quatro anos, quando foi atropelado por um carro na contramão na rua Pedro de Toledo, na região da Vila Marina, na zona sul —por sorte, não se machucou.Para ele, falta investimento público na construção de mais ciclovias —e que sejam transitáveis com largura adequada para proteção a quem pedadala— e de respeito no trânsito por parte de motoristas.Em nota, a Prefeitura de São Paulo diz que a Secretaria de Mobilidade e Trânsito e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) têm priorizado a expansão da malha cicloviária, criando espaços exclusivos para as bicicletas, diminuindo a exposição a sinistros de trânsito."O Plano de Metas 2021-2024 prevê a implantação de mais 300 km de ciclovias e ciclofaixas. Para este ano de 2022, 157 km estão definidos, dos quais 48 km já estão em execução", afirma a nota.Atualmente, segundo a administração municipal, São Paulo possui 699,2 km de vias com tratamento cicloviário. Mais Resolução 46/98 As bicicletas com aro superior a vinte deverão ser dotadas dos seguintes equipamentos obrigatórios:Art. 58. As vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotoresArt. 59 Desde que autorizado e devidamente sinalizado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será permitida a circulação de bicicletas nos passeios. Art. 68 O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deveresFonte: Código Nacional de Trânsito e Conselho Nacional de Trânsito (Contran) | 2022-06-03 07:00:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/06/acidentes-graves-com-ciclistas-no-brasil-disparam-na-pandemia.shtml |
Decisões de Kassio contra o TSE anunciam novo embate entre Bolsonaro e STF | As duas liminares desta quinta-feira (2) do ministro Kassio Nunes Marques nas quais derrubou decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em favor de deputados aliados do presidente devem abrir um novo embate entre o STF (Supremo Tribunal Federal) e Jair Bolsonaro (PL).No mesmo dia, o ministro do STF indicado por Bolsonaro suspendeu as cassações dos mandatos do deputado estadual Fernando Francischini (União Brasil-PR) e do deputado federal José Valdevan de Jesus, o Valdevan Noventa (PL-SE).Ambos os casos, agora, terão de ser analisados pelo plenário do STF, alvo de uma série de ataques do presidente da República, que em outubro próximo disputará a reeleição ao Palácio do Planalto.Aliado de Bolsonaro, Francischini foi cassado em outubro passado devido à publicação de vídeo, no dia das eleições de 2018, no qual afirmou que as urnas eletrônicas haviam sido fraudadas para impedir a votação no então candidato a presidente da República.A decisão liminar (provisória) de Kassio tem um efeito simbólico que mexe não só com as eleições como também com a crise permanente de tensão de Bolsonaro com o Poder Judiciário.Isso porque o magistrado foi indicado ao STF por Bolsonaro, tem votado a favor de causas do presidente em diferentes julgamentos, mesmo que de forma isolada, e agora derruba uma decisão do plenário do TSE usada como exemplo contra a propagação de fake news nas eleições.O presidente do Supremo, Luiz Fux, pretende pautar o caso no plenário tão logo Kassio libere o processo para julgamento, o que pode acontecer, por exemplo, se houver recurso.Pode também liberar a decisão, sem precisar de recurso, para que haja o chamado "referendo" da corte. Isso tem sido feito corriqueiramente pelos ministros em matérias de grande repercussão.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Em sua live semanal na noite desta quinta, Bolsonaro defendeu a decisão de Kassio sobre o deputado do Paraná, disse que a ordem do TSE havia sido "inacreditável" e voltou a atacar a corte e a espalhar teorias da conspiração sem provas contra o sistema eletrônico de votação e sobre o último pleito presidencial.O presidente frisou que a decisão contra Francischini foi tomada em 2021 por um placar de 6 a 1, com voto favorável dos três ministros do Supremo que estavam na corte à época: Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin.Também afirmou que o TSE tem tomado "medidas arbitrárias contra o Estado democrático de Direito" e atacado "a democracia". "Não querem transparência no sistema eleitoral", disse.Bolsonaro transformou o tribunal e seus ministros em adversários políticos. O presidente ataca os integrantes da corte ao mesmo tempo em que faz ameaças de tom golpista contra as eleições deste ano —ele aparece distante do ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto.No julgamento de outubro, em meio ao acirramento das tensões entre o Palácio do Planalto e a cúpula do Judiciário, os ministros do TSE impuseram uma pena dura ao aliado do presidente.Avaliaram que a punição poderia contribuir para conter a propagação de informações inverídicas sobre o funcionamento das urnas letrônicas em 2022. Foi a primeira vez que o TSE tomou decisão relacionada a um político que fez ataque aos equipamentos.Dias depois, Bolsonaro comparou o veredito do tribunal a um estupro. "A cassação dele foi um estupro. Por ter feito uma live 12 minutos antes, não influenciou em nada. Ele era deputado federal. Foi uma violência (...) Aquela cassação foi uma violência contra a democracia", afirmou."A cassação do mandato [de Francischini] realmente é uma passagem triste da nossa história. Nem na época do AI-5 se fazia isso, e o pessoal critica tanto nosso AI-5." Mais Francischini foi investigado pelo Ministério Público por uso indevido dos meios de comunicação e por abuso de autoridade. No primeiro turno das eleições de 2018, ele realizou uma live e afirmou, sem provas, que as urnas estavam fraudadas para impedir a eleição de Bolsonaro.Em recurso ao STF, o político paranaense e a Comissão Executiva do PSL, seu antigo partido, alegaram que o TSE deu em 2021, de maneira irregular, nova interpretação às regras eleitorais que vigoravam em 2018.Citaram, entre outros aspectos, a compreensão da Justiça Eleitoral acerca das redes sociais como meio de comunicação para efeito de configuração de abuso e o balizamento da gravidade da conduta sob apuração para fins de impacto na legitimidade e normalidade das eleições.Afirmaram que o TSE, assim, atentou contra a segurança jurídica daquele processo eleitoral, além de ferir princípios da anualidade, da imunidade parlamentar e da soberania popular.Kassio acatou os argumentos da defesa ao entender que "a interpretação adotada pelo Tribunal Superior [Eleitoral] importa em erosão do conteúdo substantivo dos preceitos relativos à segurança jurídica, à soberania popular e à anualidade eleitoral", segundo decisão de 60 páginas.O ministro afirmou que compreende a preocupação do TSE em torno do uso da internet e tecnologia associadas no âmbito do processo eleitoral.Porém, destacou ele, "parece que não há como criar-se uma proibição posterior aos fatos e aplicá-la retroativamente. Aqui não dependemos de maior compreensão sobre o funcionamento da internet. É questão de segurança jurídica mesmo"."Não cabe, sob o pretexto de proteger o Estado democrático de Direito, violar as regras do processo eleitoral, ferindo de morte princípios constitucionais como a segurança jurídica e a anualidade", disse. Mais No caso de Valdevan, Kassio suspendeu decisão do TSE e devolveu o mandato ao deputado federal, que havia sido cassado em março deste ano por abuso do poder econômico durante a campanha eleitoral de 2018.O TSE havia confirmado decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Sergipe, que condenou o parlamentar por captação e gasto ilícito de recursos mediante depósitos de valores de origem não identificada.Segundo Kassio, houve cerceamento de defesa porque o acórdão do julgamento do tribunal eleitoral ainda não foi publicado, o que impediu a defesa de Valdevan de apresentar recurso na corte."Volto para a Câmara dos Deputados pronto para cumprir minha missão", disse Valdevan em nota. "Me sinto ainda mais forte para seguir com os projetos que estão em andamento, continuar destinando emendas para nossas cidades e honrar os 45.472 votos que me elegeram."Apesar de ter sido eleito por Sergipe, estado em que nasceu, Valdevan é presidente do SindMotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo) desde 2013.Nesta semana ele liderou as assembleias de motoristas que decidiram paralisar o transporte público na capital na segunda-feira (6).O site e as redes sociais do sindicato publicaram a notícia sobre a recondução do sindicalista à Câmara dos Deputados. De acordo com o sindicato, ele volta nesta sexta-feira (3) para o Congresso.Segundo o processo que provocou a cassação do mandato, agora anulada, integrantes da equipe de Valdevan aliciaram dezenas de moradores de Estância e Arauá, em Sergipe, para simular doações ao então candidato."O perfil dos doadores era incompatível com o valor doado, uma vez que vários eram beneficiários do programa Bolsa Família e alguns deles confirmaram ter apenas emprestado o número do CPF para operação financeira", disse o TSE ao divulgar a cassação.Foram feitas mais de 80 doações de R$ 1.050 na mesma agência bancária, o que despertou o alerta sobre a possibilidade de fraude. O Ministério Público Eleitoral ajuizou uma ação de investigação judicial eleitoral, que confirmou a irregularidade.Valdevan afirma ter sido o único deputado federal eleito por Sergipe a não receber recursos dos fundos partidários ou eleitoral. "Com isso, as doações realizadas após as eleições foram para cobrir as dívidas da campanha, sem qualquer intenção de ferir as regras eleitorais", disse. Mais | 2022-06-03 07:44:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/06/decisoes-de-kassio-contra-o-tse-anunciam-novo-embate-entre-bolsonaro-e-stf.shtml |
Europa tenta domar desunião e cansaço para fazer frente à Rússia após 100 dias de guerra | "A União Europeia está unida e agindo rapidamente." Assim dizia Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, dois dias antes da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro. Na ocasião, os 27 países-membros do bloco haviam acabado de concordar em adotar as primeiras sanções com o objetivo de deter a Rússia.Nesta quinta (2), antes de o conflito chegar à marca de cem dias, um sexto pacote de restrições foi aprovado, mas uma declaração como a de Von der Leyen precisaria recorrer a outros adjetivos. A coesão no bloco está cada vez mais difícil de ser mantida, e as negociações não foram propriamente céleres, com um mês de duração.Ainda assim, após altos e baixos, por linhas às vezes tortuosas, pode-se dizer que a UE segue na mesma direção —o que, segundo especialistas, configuraria algo sem precedentes, além de exibir uma resiliência que Vladimir Putin não esperava.O sexto pacote de sanções tem como principal medida o banimento do petróleo russo que chega por via marítima, o que deve suspender, num prazo de seis a oito meses, 90% da importação feita pela UE. "Isso vai reduzir a capacidade da Rússia de financiar sua guerra", disse Von der Leyen.O consenso exigiu uma longa estrada de tratativas, que envolveu a isenção para o produto que chega via oleoduto, de forma a garantir a Eslováquia, República Tcheca e Hungria tempo extra para que diminuam a dependência dos russos. Nas últimas horas, outra vitória foi obtida pelo premiê húngaro, Viktor Orbán, líder da UE mais próximo de Putin. A seu pedido, o nome do patriarca Cirilo, chefe da Igreja Ortodoxa russa e próximo do presidente, foi excluído da lista de sanções individuais, que incluem congelamento de bens.O boletim para você entender o que acontece na guerra entre Rússia e UcrâniaCarregando..."O desempenho da União Europeia até agora surpreende positivamente, especialmente pelo compromisso obtido com o sexto pacote de sanções", avalia Eleonora Tafuro Ambrosetti, pesquisadora do Instituto de Estudos de Política Internacional, em Roma, especializada nas relações do bloco com Moscou. "Não porque o resultado seja ideal —ainda não é—, mas porque a UE se move com unidade e fazendo coisas antes impensáveis, do ponto de vista econômico, político e militar."Como exemplos, ela menciona a destinação de € 4,1 bilhões para a Ucrânia desde a invasão, a adoção de sanções que repercutem na economia do bloco, elevando preços e gerando inflação, e a decisão histórica da Alemanha de enviar armas para os ucranianos.Essa visão contrasta, de toda forma, com o clima de desânimo com que autoridades chegaram a ver as rodadas de discussão mais recentes, externado por dois proeminentes dirigentes da Alemanha, maior economia da UE. Robert Habeck, ministro da Economia, disse na véspera da reunião do Conselho Europeu que a coesão europeia começava a desmoronar. Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores, em encontro do Conselho do Mar Báltico, definiu o momento atual como "de fadiga". Mais "Esse risco existe e se apresentará ciclicamente, enquanto se avança com medidas cada vez mais duras", diz Ambrosetti. É previsível que o embargo ao gás russo encontre até mais obstáculos dentro da UE, com a Itália assumindo a posição de vulnerabilidade dos três países isentos temporariamente do embargo —cerca de 40% do gás usado por Roma é importado da Rússia.Outros focos de tensão passam pelo papel da Otan na segurança europeia: há países propensos a manter a dependência da aliança militar, concentrados a leste do continente, e outros, notadamente a França, defensores do conceito de autonomia estratégica. E o alargamento do bloco, não só em relação à Ucrânia mas também àqueles já na fila, a exemplo de Moldova, Geórgia e, como querem os alemães, balcânicos ocidentais."Rachaduras começam a aparecer, mas até agora o nível de unidade da UE é sem precedentes, diante da histórica divisão em relação à Rússia", diz Marie Dumoulin, diretora em Paris do programa Wider Europe do Conselho Europeu de Relações Exteriores. "É algo inesperado pelo Kremlin."A francesa concorda que, quanto mais a guerra durar, mais difícil será manter a Europa coesa. As sanções tendem a ser crescentemente polarizadoras, uma vez que tocarão sempre mais fundo em pontos importantes da economia dos países-membros, com efeitos variados entre eles. Mas ela destaca um nó potencialmente complicado: a futura relação com a Rússia.Dumoulin afirma que os cenários possíveis dividem os europeus quanto à reaproximação com Moscou. Se o significado do fim da guerra for uma vitória completa da Ucrânia, isso vai resultar também em uma Rússia, dona de um arsenal nuclear, derrotada."Nesse cenário, poderemos garantir a possibilidade de conversar com os russos?", questiona. Encontrar um equilíbrio entre o moralmente mais correto e a ameaça existencial é um desafio-chave que os líderes europeus enfrentam hoje, segundo ela. Se o cessar-fogo for consequência de um esgotamento de ambos os lados, os países vão se dividir entre retomar o envolvimento ou não com a Rússia.E, no caso de o fim da guerra envolver concessões territoriais por parte de Kiev aos russos —algo que não tem apoio, por ora, de nenhum país ocidental—, novamente a construção de uma relação com Moscou vai trazer ruídos.As tratativas sobre os objetivos da UE pós-conflito, diz Dumoulin, ainda são embrionárias justamente pelo potencial de desunião que embutem. "É uma conversa difícil, mas pode ser útil para a UE compreender os próprios interesses comuns e, a longo prazo, manter a unidade."Ambrosetti também ressalta a importância desse debate. "Em algum momento, os líderes deverão sentar-se à mesa e discutir como será o relacionamento possível com a Rússia." Afinal, ela lembra, o país continuará na vizinhança. "Talvez, no futuro, não seja o fornecedor principal de energia, mas ainda será uma potência com política externa agressiva. Interessa aos europeus que seja estável." | 2022-06-03 08:00:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/06/europa-tenta-domar-desuniao-e-cansaco-para-fazer-frente-a-russia-apos-100-dias-de-guerra.shtml |
Alta da Covid mostra que emergência continua, diz gestor da saúde | O médico sanitarista Nésio Fernandes, 40, novo presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde), diz que a nova onda de casos de Covid chega no momento em que rede pública de saúde está sobrecarregada de atendimentos reprimidos durante a pandemia."É a continuidade de um estado de emergência que permanece para os gestores públicos de saúde", afirma Fernandes, secretário da Saúde do Espírito Santo e que preside o Conass deste março.Oficialmente, no dia 22 de abril, o governo de Jair Bolsonaro (PL) anunciou o fim da emergência sanitária provocada pela pandemia de Covid-19 no país.No momento, outras doenças estão dividindo as atenções das autoridades de saúde: uma hepatite ainda misteriosa que afeta crianças, a varíola dos macacos e a dengue, a velha conhecida dos brasileiros.Segundo Fernandes, em ondas anteriores da Covid, em que houve algum nível de isolamento social, ocorreu queda dos traumas por acidentes de trânsito, por exemplo, mas que agora esse tipo de ocorrência tem aumentado muito, estrangulando ainda mais as emergências.Nos últimos dez anos, os acidentes de trânsito consumiram R$ 290 milhões de recursos anuais do SUS (Sistema Único de Saúde).Para agravar o cenário, estados e municípios também enfrentam o desabastecimento de medicamentos básicos, como antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios. Em São Paulo, alguns hospitais hospitais chegaram a adiar cirurgias e tratamentos no mês passado por falta de remédios.Na lista de outra entidade de secretários, o Cosems (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo), estão em falta antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios, anestésicos e até soro fisiológico.Ao mesmo tempo, os estados enfrentam neste ano um corte de recursos na ordem de R$ 40 bilhões em relação ao orçamento de 2021, que resultou numa redução de 60% dos leitos de UTIs, segundo Fernandes."Isso tudo num contexto de crise econômica e de um ano de fim de mandatos, com questões fiscais e legais que impedem que os estados criem dívidas para os seus sucessores", diz.Uma grande preocupação dos gestores de saúde tem sido a estagnação da vacinação contra a Covid, situação que traz um cenário de insegurança epidemiológica para o país. Os dados apontam queda no ritmo de aplicação do imunizante no público infantil e pouca adesão à quarta dose na população acima de 60 anos. "Queremos alcançar 90% de cobertura vacinal em todas as faixas etárias em 90 dias." Mais A proposta para alcançar essa meta foi aprovada no último dia 26 na comissão tripartite do SUS —além do Conass, integram o conselho de secretários municipais de saúde e o Ministério da Saúde. É a criação de uma grande aliança nacional pela vacinação, que envolva autoridades sanitárias, artistas, religiosos e a sociedade civil em geral.A ideia é que a mobilização trate da vacinação contra a Covid e de outras doenças que também enfrentam queda nas taxas de imunização. A cada dez crianças brasileiras, três não receberam vacinas contra doenças potencialmente fatais, aponta um levantamento realizado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para as Crianças)."Estamos na iminência de o sarampo circular em todo o país, do retorno da poliomielite e de doenças já erradicadas devido a uma sucessão de anos de baixa cobertura vacinal", diz Fernandes.O sarampo chegou a ser considerado erradicado no Brasil, mas acabou voltando —em 2019, foram mais de 20 mil casos. A poliomielite está em circulação em alguns países, e a falta de vacinação, portanto, pode deixar o Brasil vulnerável ao retorno dela.Em relação à Covid, o presidente do Conass considera provável que o país tenha que distribuir novas doses de reforço ainda neste ano caso surjam novas variantes —e que estas encontrem pessoas suscetíveis ao contágio porque ainda não se vacinaram, estão com esquemas incompletos ou receberam a última dose há mais de seis meses."Temos uma preocupação muito grande com o segundo semestre e com o período eleitoral. O cenário é de risco e temos que tomar medidas imediatamente." | 2022-06-03 06:15:00 | equilibrio-e-saude | Equilibrio e Saúde | https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/06/alta-da-covid-mostra-que-emergencia-continua-diz-gestor-da-saude.shtml |
A força das polícias militares no Brasil | Desde 2014, quando o general Hamilton Mourão tecia críticas públicas à presidente Dilma Rousseff e se projetava para a política, muito se tem dito sobre o papel do Exército na cena política brasileira e dos riscos à democracia dele derivados.O ápice desse movimento foi o famoso tuíte do então comandante do Exército, general Villas Bôas, com ameaças ao STF caso ele soltasse o ex-presidente Lula, em 2018. De lá para cá, numa simbiose ideológica, o "projeto de nação" idealizado por eles tem sido posto em prática pelo governo de Jair Bolsonaro.Porém, se a hegemonia da força terrestre na política é incontestável, a força dos militares como um todo tem sido negligenciada, sobretudo a das polícias militares, a começar pela relação entre militares na ativa e aposentados.O Brasil tinha em 2019, segundo dados da Receita Federal, 5.840.722 militares federais (Marinha, Exército e Aeronáutica) e estaduais (PM e Bombeiros), mas apenas 13,8% da ativa. Dito de outra forma, 86,2% dos militares brasileiros estão na reserva ou reformados e, portanto, afastados da gestão operacional das forças militares e não detêm o poder imediato de mobilização de tropas, mesmo que em cargos públicos.Mas o impacto é ainda maior: esse contingente total, considerando o número médio de 3,7 pessoas nas famílias brasileiras, segundo o IBGE, nos remete ao fato de que estamos falando de cerca de 18,34 milhões de pessoas diretamente ligadas ao mundo militar (policiais, cônjuges, filhos). E, pelos dados da Receita Federal, as PMs, sozinhas, respondem por 57,8% de todo o efetivo de militares da ativa do país.E, se detalharmos o perfil das PMs, veremos que, segundo informações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil contava, em 2021, com 406.426 PMs na ativa. Desses, cinco estados têm PM com mais de 20 mil integrantes. Juntos, eles concentram 53,1% do efetivo total de policiais militares do país (SP, RJ, MG, BA e CE).Além disso, a PM do Distrito Federal, responsável pela segurança da capital do país, se destaca por ter um efetivo de mais de 10 mil integrantes. No caso, a PMDF é a única que tem quase todos os seus gastos reembolsados pela União.Mas é na região Norte do país, que convive com um movimento de sobreposição de crimes ambientais com a expansão do crime organizado na floresta Amazônica e a atuação de mais de 20 facções criminosas, que um dado chama atenção: enquanto as Forças Armadas federais têm cerca de 18 mil soldados na região, as PMs de Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima somam o dobro disso, com cerca de 36 mil policiais.Isto posto, na prática, as PMs são hoje as grandes fiadoras da ordem no Brasil. E, no atual quadro político, se o Exército sinalizar que não interferirá, elas poderão servir como fator de desestabilização institucional caso atuem de forma leniente diante de manifestações violentas que questionem a legitimidade das próximas eleições.O problema é que, como instituições, as PMs são pouco controladas em seus protocolos operacionais. Elas estão acostumadas com uma excessiva autonomia para decidir sobre o que significa ordem pública e se sentem confortáveis, por exemplo, para fazer como a PMRJ, que acusou o STF como responsável último pela operação que resultou em 23 mortes na Vila Cruzeiro no último dia 24.Essa excessiva autonomia, aliada a péssimas condições de vida e trabalho, bem como ao fato de que, em uma estimativa por baixo, a família militar e policial equivale ao menos a 8,2% do eleitorado brasileiro, coloca os policiais militares e seus familiares em posição estratégica na cena política e eleitoral do país.São essas as razões que motivam o interesse de Jair Bolsonaro pela categoria, que tenta fidelizar o grupo como uma de suas principais bases eleitorais. E, para tanto, Bolsonaro passou a congregar simpatias e apoios se colocando como o único que efetivamente se importa com os policiais, ao elogiar operações, ir a formaturas ou velórios. Porém, ele sabe que não conta com todos os votos do grupo e precisa reforçar seu discurso na crítica frequente a governadores e/ou sociedade civil.Ao contrário do que a mídia e alguns analistas acreditam, os dados sobre o tamanho das polícias militares trazidos na arte acima e o fato de elas gozarem de grande autonomia operacional revelam que o debate sobre o papel e os riscos de radicalização das polícias militares e de rupturas antidemocráticas está desfocado e muito centrado na ação partidária de Bolsonaro.Isso está posto, mas a questão não é condenar a politização de policiais, já que uma das acepções desse conceito está em linha com o previsto em nossa Constituição e diz respeito ao processo de conscientização de direitos que formam a cidadania no país. O problema é quando a política invade as instituições e faz com que elas desconsiderem o ordenamento constitucional e se radicalizem ao confundir projetos político-ideológicos com a forma de ser e fazer polícia no Brasil.Não cabe às instituições militares desenharem ou adotarem "projetos de nação" ou criticarem decisões judiciais —policiais individualmente e sem farda podem, como cidadãos, fazer isso, mas nunca como porta-vozes das instituições. Por tudo isso, sem uma forte política de controle e supervisão da atividade policial, estaremos eternamente suscetíveis aos usos partidários de tais forças e reféns da ideia de que elas é que decidem nosso futuro e o significado de ordem e liberdade. Mais | 2022-06-03 08:00:00 | cotidiano | Cotidiano | https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/06/a-forca-das-policias-militares-no-brasil.shtml |
Aeroporto de milionários em SP recebe evento de jatinhos e itens de luxo; veja fotos | "Com todo respeito, você não deveria usar salto agulha dentro de uma aeronave."O aviso é dado em inglês por uma representante da Gulfstream, ao notar os sapatos que uma visitante usa ao passear e tirar fotos dentro de um dos jatinhos da empresa.O salto, ela diz, pode acabar danificando o carpete do luxuoso G500, modelo que custa em torno de US$ 50 milhões (R$ 240 milhões) e tem capacidade para até 19 passageiros.A aeronave é uma das cinco que estão expostas no Catarina Aviation Show, evento de aviação executiva que começou nesta quinta-feira (2), em São Roque (a cerca de 70 km da capital paulista).Para esta primeira edição, o local escolhido foi o Aeroporto Catarina, o primeiro aeródromo privado do Brasil a receber voos internacionais. Foi nele que o bilionário Elon Musk pousou seu jatinho quando veio ao Brasil no último dia 20 de maio —coincidentemente, a bordo de um Gulfstream.Exclusivo para convidados, o encontro é voltado para o mercado de aviões e helicópteros, mas também reúne outras experiências de luxo. Dentro do hangar, os visitantes podem comer numa versão reduzida do restaurante Fasano, beber uísque no estande da Johnnie Walker ou comprar peças da grife italiana Brunello Cucinelli.Do lado de fora, também é possível fazer test-drive em carros Audi, Jaguar e Land Rover.No primeiro dia do evento, que vai até sábado (4), o público era composto principalmente por pilotos, profissionais de setores ligados à aviação e convidados de empresas. Entre conversas de negócios e visitas ao interior dos superjatinhos, o que não faltavam eram selfies. Mais O Catarina Aviation Show foi organizado pela JHSF, companhia de shoppings e do setor imobiliário que é dona do Aeroporto Catarina, em parceria com a NürnbergMesse Brasil, uma das maiores empresas de promoção de eventos do mundo.De acordo com os organizadores, o objetivo é aproximar marcas e interessados na aviação executiva, mercado que tem vivido um boom desde o início da pandemia.Nos últimos meses, a demanda por aviões particulares cresceu tanto no Brasil que para conseguir comprar uma aeronave nova, milionários e bilionários estão precisando enfrentar filas de espera que podem durar anos.Nem mesmo no evento era possível encontrar modelos para pronta-entrega com facilidade. Quase todos os cinco aviões e três helicópteros que estavam lá eram apenas para exposição aos visitantes. O Gulfstream G500, por exemplo, foi "emprestado" ao evento pelo seu dono —segundo a empresa, um argentino que mora no Uruguai.A Gualter Helicópteros, empresa que trabalha principalmente com aeronaves usadas, era a única a ter uma unidade à venda durante o encontro: um helicóptero Agusta A109E Power."Tenho 35 anos nesse mercado e nunca vi algo parecido com o que nós estamos passando", diz Gualter Pizzi, dono da companhia.Segundo ele, os prazos de entrega estão muito longos. Para um Robinson R66, por exemplo —que é considerado um modelo de entrada entre os helicópteros a turbina—, Pizzi estima um período de 15 a 20 meses.O modelo vale cerca de US$ 1,5 milhão (R$ 7,18 milhões), com um custo fixo de R$ 25 mil por mês. Isso com a aeronave parada, ele diz, considerando apenas despesas com piloto, hangar e seguro.Entre os jatinhos, o prazo de espera pode ser ainda maior. Sergio Beneditti, diretor da Plane Aviation, diz que para alguns modelos a fila ultrapassa os três anos.A companhia é representante exclusiva das marcas Cirrus e Maule no Brasil. O Cirrus SF50 Vision —avaliado em US$ 3,7 milhões (R$ 17,7 milhões)— era um dos que estavam expostos no evento e, segundo ele, há mais de 400 compradores aguardando. "Atualmente, um cliente interessado em comprar a aeronave só consegue em 2026", afirma.Beneditti explica que a fabricante entrega aproximadamente cem unidades por ano e, mesmo com o boom na demanda, não consegue aumentar sua produção por causa da disrupção na cadeia de suprimentos. "Não tem turbina, não tem disco de freio, não tem mão-de-obra... É o colapso que a Covid colocou no mundo inteiro."De acordo com o executivo, o mercado de jatinhos poderia estar ainda maior, já que a volatilidade do dólar e alta de juros são fatores que costumam frear o desempenho do setor. Por outro lado, ele avalia o atual cenário econômico de forma positiva e diz que problemas como inflação alta estão acontecendo no mundo inteiro."Sinceramente, não posso reclamar de como as coisas andaram no ano passado e neste ano [na economia]. Nós estamos indo bem", diz. | 2022-06-03 06:00:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/06/aeroporto-de-milionarios-em-sp-recebe-evento-de-jatinhos-e-itens-de-luxo.shtml |
Por que economia brasileira deve esfriar depois de alta do PIB; ouça podcast | O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quinta-feira (2) o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre de 2022. A economia brasileira cresceu 1% em relação aos três meses anteriores, puxada pelo setor de serviços —que foi beneficiado pelo fim das restrições impostas para combater a pandemia.Esse é o terceiro trimestre de crescimento seguido, mesmo em um cenário de inflação alta e aumentos sucessivos na taxa de juros. Mas analistas apontam que são justamente esses dois fatores que podem contribuir para desacelerar a economia nos próximos meses.No episódio desta sexta-feira (3), o Café da Manhã conversa com a editora de economia da Folha, Ana Estela de Sousa Pinto, sobre os resultados mais recentes do PIB, as projeções pouco otimistas para o futuro e os impactos eleitorais dos dados.Ouça o episódio:O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo basta se cadastrar gratuitamente.O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Maurício Meireles e Bruno Boghossian, com produção de Jéssica Maes, Laila Mouallem e Victor Lacombe. A edição de som é de Thomé Granemann. | 2022-06-03 05:00:00 | podcasts | Podcasts | https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2022/06/por-que-economia-brasileira-deve-esfriar-depois-de-alta-do-pib-ouca-podcast.shtml |
Faltam professores para 17% das aulas do novo ensino médio em SP | O novo ensino médio começou a ser implantado na rede estadual de São Paulo com falta de professores e menos opções no currículo para os alunos mais pobres, mostra estudo.No total, 17% das aulas nos chamados itinerários formativos —parte do ensino médio que os estudantes podem escolher de acordo com os seus interesses— estão sem um professor atribuído.A falta de profissionais foi constatada por estudo feito pela Repu (Rede Escola Pública e Universidade), que apontou também desigualdade na possibilidade de escolha entre escolas com melhor e pior nível socioeconômico.A Repu reúne pesquisadores de universidades paulistas que estudam a rede estadual. O trabalho sobre o novo ensino médio é assinado por Ana Paula Corti, do Instituto Federal de São Paulo, Débora Goulart, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e Fernando Cássio, da UFABC (Universidade Federal do ABC).Com dados da própria Secretaria da Educação obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, eles constataram que, até o dia 8 de abril, ou seja, ao final do primeiro bimestre letivo, 22,1% das aulas dos itinerários formativos do segundo ano do ensino médio não tinham sido atribuídas a nenhum professor —eles só serão ofertados no terceiro ano a partir de 2023.À Folha a pasta afirmou que o índice atualmente é de 17% das aulas, ou seja, o equivalente a quase um dia por semana.Segundo o coordenador de ensino médio da secretaria, Gustavo Mendonça, essas aulas vagas têm sido preenchidas com conteúdo gravado, do acervo do Centro de Mídias, transmitido aos alunos nas escolas com a presença de um professor coordenador, vice-diretor ou diretor da escola.Mendonça relacionou a falta de professores à maior oferta de aulas no novo ensino médio e à ampliação do PEI (Programa Ensino Integral), vitrine eleitoral do governador Rodrigo Garcia (PSDB). Desde 2019, o número de escolas de tempo integral no programa passou de 364 para 2.050."No próprio ensino médio, a gente teve expansão da carga horária, tem a expansão das [escolas] PEIs, é muito mais aula para ser atribuída para a mesma quantidade de professores", afirmou o coordenador. "A gente tem uma quantidade de aulas muito grande, e a conta acaba não fechando."A ampliação da quantidade de aulas no ensino médio está ligada à reforma aprovada em 2017 na gestão do então presidente Michel Temer (MDB).Ela ampliou a carga horária total e passou a prever que os alunos escolham disciplinas de aprofundamento, os chamados itinerários. A lei prevê cinco áreas: linguagem, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais e a formação técnica e profissional.A justificativa para a criação desses itinerários era tornar os conteúdos mais atrativos e incentivar o protagonismo juvenil.No próprio ensino médio, a gente teve expansão da carga horária, tem a expansão das [escolas] PEIs, é muito mais aula para ser atribuída para a mesma quantidade de professorescoordenador de ensino médio da Secretaria da Educação de SPO estudo da Repu mostra, porém, que na rede estadual paulista não só a possibilidade de escolha é restrita como ela é desigualmente distribuída de acordo com o nível socioeconômico dos alunos.Durante o processo de escolha, no ano passado, a Secretaria da Educação realizou uma enquete online na qual os alunos do primeiro ano do ensino médio deveriam elencar 6 opções entre 35 disponíveis: quatro de cada uma das áreas de conhecimento; seis das áreas integradas (matemática e ciências humanas, por exemplo); quatro com as áreas combinadas a cursos profissionais de curta duração; e 21 cursos profissionalizantes de longa duração.O número amplo de opções oferecidas na enquete, no entanto, não se traduziu na prática.Com dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, os pesquisadores mostraram que 37% das escolas estaduais paulistas passaram a oferecer neste ano apenas dois itinerários aos alunos, o mínimo exigido. Dessas, mais de 70% oferecem os mesmos dois: um de linguagem e ciências humanas e outro de matemática e ciências da natureza.Há ainda 37 unidades que disponibilizam apenas um itinerário. Dessas, 26 são classes instaladas em unidades da Fundação Casa.Entre os 334 municípios paulistas (51,8% das cidades do estado) que só têm uma escola de ensino médio pública, a concentração de itinerários é ainda maior. Nesse grupo, 50,3% das escolas estaduais têm no máximo dois itinerários.Ao se cruzar dados da oferta de itinerários com o perfil socioeconômico dos alunos declarado no Saresp, avaliação oficial da rede estadual, os pesquisadores concluem que os estudantes de maior renda e com pais mais escolarizados tendem a ter mais opções de itinerários.Nas escolas que ofertam dois itinerários, por exemplo, 22,6% dos alunos têm renda familiar mensal de até um salário mínimo; nas que têm seis itinerários, essa proporção cai para 14,5%.Já a parcela de estudantes com renda familiar maior que dois salários mínimos é de 37,4% nas unidades com dois itinerários e de 46,6% nas que dão seis opções.Chega-se à mesma constatação ao se observar o Índice de Nível Socioeconômico (Inse) por escola. Os pesquisadores observaram uma tendência de melhor nível socioeconômico à medida que aumenta o número de itinerários nas escolas.A situação é visível nas duas pontas do Inse.Nas duas escolas estaduais da capital com melhor nível socioeconômico, a Antônio Alves Cruz, na Vila Madalena (zona oeste), e a Prof. João Borges, no Tatuapé (zona leste), há seis opções de itinerários.Já na de menor nível socioeconômico, a Profa. Regina Miranda Brant de Carvalho, em Marsilac, o número de opções cai para duas.Para Fernando Cássio, um dos autores do estudo, a desigualdade de oferta de opções está relacionada à falta de investimentos para implantar o novo ensino médio, que tem consequências mais graves nas escolas que atendem alunos mais pobres."Qualquer reforma educacional que aumenta a possibilidade de escolha pressupõe melhorar as condições materiais das escolas, com mais salas de aula e professores. Como expandir carga horária e ofertar diversos itinerários numa escola que tem aula em todas as salas de dia, à tarde e à noite?", questiona.O coordenador de ensino médio da Secretaria da Educação, Gustavo Mendonça, afirma que os alunos em aulas sem professor atribuído não ficam sem conteúdo, porque recebem as aulas gravadas.Ele reconhece que não é a situação ideal e diz que a meta da secretaria é zerar o déficit de profissionais atribuídos especificamente às aulas.Mendonça diz que a contratação de docentes temporários está aberta e que a pasta espera que, com a nova carreira docente aprovada recentemente, aumente o interesse dos professores pelas aulas dos itinerários.Em relação à desigualdade na oferta de itinerários, ele afirma que a pasta ainda precisa analisar a questão, mas que não há relação de causalidade entre o leque de opções e o nível socioeconômico dos alunos. Segundo ele, as escolas com menos opções de itinerários tendem a ser as que têm menos turmas de ensino médio.O coordenador declara que todos os estudantes que escolheram se aprofundar em determinada área de conhecimento terão a oferta dessa área na escola.Segundo ele, o mesmo não se dá com os que escolheram alguma formação profissional, para a qual são oferecidas 57 mil vagas, número menor do que a demanda, mas o objetivo é suprir esse déficit.Em relação às classes da Fundação Casa que têm apenas um itinerário, ele afirma que em geral são unidades que têm só uma turma e, se a escolha de todos estiver contemplada em um mesmo itinerário, a Secretaria da Educação libera a oferta de um único. | 2022-06-03 04:00:00 | educacao | Educação | https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2022/06/faltam-professores-para-17-das-aulas-do-novo-ensino-medio-em-sp.shtml |
França proíbe de documentos oficiais termos em inglês comuns em games | Com a justificativa de preservar o idioma pátrio, autoridades da França proibiram funcionários públicos de usarem de maneira formal palavras e expressões em inglês que são comuns em games.As mudanças foram publicadas na edição de terça-feira (31) do Diário Oficial da República Francesa e já estão em vigor. O texto determina que os jargões de origem inglesa sejam banidos do vocabulário dos funcionários públicos, de publicações e de documentos oficiais.Os termos "pro-gamer" e "streamer", por exemplo, agora devem ser substituídos, respectivamente, pelas versões francesas "joueur professionnel" (jogador profissional, em português) e "joueur-animateur en direct" (jogador apresentador ao vivo), aprovadas pelo governo.A medida se estende também para setores da tecnologia, que devem substituir, por exemplo, o termo "cloud gaming" por "jeu video en nuage" (jogos em nuvem).Segundo o Ministério da Cultura da França, o setor de videogames está repleto de anglicismos que atuam como uma "barreira ao entendimento" a quem não é familiarizado com o mundo dos jogos.A pasta informou que especialistas fizeram buscas em sites e revistas de videogame para checar se termos em francês equivalentes às expressões em inglês já existiam. Ao desestimular o uso de palavras e expressões estrangeiras, o governo espera que a população se comunique com mais facilidade.Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...Especialmente ciosas da cultura e da identidade do país, autoridades francesas demonstram com frequência preocupação para preservar o idioma nativo.Em fevereiro, a Academia Francesa, uma agência linguística secular, fez um alerta sobre o que chamou de "degradação do idioma que não deve ser vista como inevitável". Como exemplos, a academia citou o uso no dia a dia das expressões em inglês "big data" e "drive-in".Em novembro, a inclusão do pronome "iel" —usado para designar pessoas não binárias, uma junção de "il" e "elle", pronomes masculino e feminino— na versão online do tradicional dicionário Le Robert despertou intenso debate na imprensa, com muitas figuras políticas se posicionando contra a novidade. Mais O governo francês se mostrou contra a ideia. O ministro da Educação à época, Jean-Michel Blanquet, resistiu a tentativas de incorporar a linguagem inclusiva no currículo escolar. "A escrita inclusiva não é o futuro da língua francesa", escreveu Blanquet no Twitter. Hoje, a pasta é ocupada por Pap Ndiaye, nomeado no novo gabinete do recém-reeleito Emmanuel Macron.Charles Bimbenet, diretor do Le Robert, disse na ocasião que dicionários incluem palavras que refletem ideias ou tendências sem necessariamente subscrevê-las; e que, uma vez que a palavra "iel" é cada vez mais usada, era útil incluir o verbete. "A missão do Robert é observar a evolução de uma língua francesa diversa e reportá-la. Definir as palavras que descrevem o mundo nos ajuda a compreendê-lo melhor." | 2022-06-03 04:00:00 | internacional | Internacional | https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/06/franca-proibe-termos-em-ingles-comuns-em-games-de-documentos-oficiais.shtml |
Preço de voo no Brasil chega a dobrar em relação ao pré-pandemia; veja comparações | As companhias aéreas no Brasil estão retomando neste ano o número de decolagens, destinos e passageiros do pré-pandemia graças à abertura de fronteiras e à demanda reprimida. Mas com o dólar e o combustível em disparada, as passagens aumentaram além da inflação entre 2019 e 2022, segundo dados de empresas de viagens.Considerando os valores nominais (ou seja, sem descontar a inflação), as altas observadas são de pelo menos 50% entre janeiro e maio deste ano em comparação com igual período de 2019, antes da pandemia.Já a inflação acumulada de janeiro de 2019 e abril de 2022 (dado mais recente disponível) é de 25,14%.Embora a precificação no setor oscile de acordo com a demanda e a sazonalidade, os sucessivos aumentos no preço do QAV (combustível de aviação) são a principal causa da alta, segundo as aéreas. O produto, dizem, é responsável por metade dos custos de um voo.De 1º de janeiro a 1º de junho, o combustível dos aviões acumula alta de 64,3%. Comparado a 2019, o percentual supera os 90% e ainda não reflete todo o aumento esperado para 2022.Nesta quinta (2), a Petrobras anunciou mais um reajuste, acima de 11%, em importantes polos, como Guarulhos (SP), Duque de Caxias (RJ) e Betim (MG)."Está inadministrável", afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). Segundo ele, o preço do QAV no Brasil chega a ser 40% superior ao da média global.Gol, Latam e Azul, as três maiores companhias aéreas que atuam hoje no Brasil, afirmam que, com a escalada contínua do preço dos combustíveis, é inevitável o aumento dos valores das passagens.Comparando os cinco primeiros meses de 2019 com os de 2022, algumas rotas nacionais têm aumento nominal acima de 70%, como Porto Alegre (74%) e São Paulo (132%), de acordo com levantamento feito pelo Kayak a pedido da Folha.Entre os dez destinos internacionais mais procurados pelos brasileiros, Portugal se destaca. O custo médio para ir a Lisboa nos primeiros cinco meses de 2019 estava em R$ 2.750, indica a pesquisa. Neste ano, já chegou a R$ 4.626.NACIONAISINTERNACIONAIS*A pesquisa foi feita na base de dados do Kayak buscando por voos de ida e volta saindo de todos os aeroportos do Brasil com destino a todos os aeroportos do Brasil e exterior levando em conta os valores nominais das passagens. Foram consideradas buscas feitas entre 1º de janeiro e 31 de maio de 2019 e de 2022, para viagens entre 1º de junho e 31 de dezembro de 2019 e de 2022. Os preços e percentuais são uma média. Eles podem variar com o tempo.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Pesquisa da Decolar para a Folha também mostra a escalada no período. Viajar até Orlando, na Flórida, um ano antes da pandemia saía, em média, por R$ 2.273. Nos últimos meses, a passagem até a Disney está na casa dos R$ 2.600.Para Roma, segundo dados analisados nos canais de venda da empresa de viagens, a diferença registrada é ainda maior. O embarque de São Paulo para a capital da Itália passou de R$ 2.522 para R$ 3.386.As aéreas afirmam que essa alta nos preços das passagens e nos custos de operação retardam o processo de retomada do setor, que caminha próximo a níveis pré-pandemia desde o final de 2021.A Gol viu sua receita líquida mais do que dobrar entre o último trimestre do ano passado e o primeiro trimestre deste ano. Nos três primeiros meses de 2022, a empresa transportou quase 7 milhões de passageiros em mais de 48 mil decolagens. Pouco mais de 76% do volume alcançado no mesmo período de 2019.A Azul encerrou o primeiro trimestre deste ano com receita líquida acima dos níveis pré-pandemia, segundo a empresa após elevação das tarifas para compensar o aumento dos preços dos combustíveis.Confiante, a empresa se prepara para reforçar a operação de sua malha em julho, com voos extras e 13 novas rotas, entre o Centro-Oeste, o interior de São Paulo e o Sul do país com o Nordeste.A Latam afirma que recuperou 100% da sua oferta doméstica de assentos no Brasil no mês passado, na comparação com maio de 2019, com uma média de 532 voos por dia para 50 destinos nacionais, seis a mais do que antes da pandemia.Nas rotas internacionais, a recuperação da companhia chegou a 56% da sua oferta de assentos, com o reestabelecimento de voos para 18 destinos dos 26 anteriores.Segundo os dados mais recentes da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), em março, a demanda de passageiros e a oferta por voos cresceram 98,7% e 66,9%, respectivamente, quando equiparados com igual mês do ano passado. Mais | 2022-06-03 05:00:00 | mercado | Mercado | https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/06/preco-de-voo-no-brasil-chega-a-dobrar-em-relacao-ao-pre-pandemia-veja-comparacoes.shtml |
PSDB dá prazo para MDB sob ameaça de lançar candidato próprio ao Planalto | Em nova pressão sobre o MDB, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, ameaça voltar a discutir uma candidatura própria do partido caso os emedebistas não destravem, até a próxima quarta-feira (8), acordos em estados nos quais os tucanos pediram apoio.Os dois partidos estão em negociação para selar uma aliança em torno da candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) para o Palácio do Planalto, num acordo que também envolve o Cidadania.O anúncio formal da aliança ainda depende, no entanto, de entendimentos regionais entre tucanos e emedebistas, principalmente no Rio Grande do Sul.Araújo almoçou na quarta-feira (1º) com o ex-governador gaúcho Eduardo Leite (RS), o senador Tasso Jereissati (CE) e os deputados Aécio Neves (MG) e Paulo Abi-Ackel (MG), além da prefeita de Caruaru (PE), Raquel Lyra.No encontro, ficou resolvido que o PSDB daria ao MDB um prazo até a próxima semana para destravar os palanques de Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul.Embora os tucanos tenham pedido apoio em três estados, só o Rio Grande do Sul é considerado decisivo para o rumo da aliança.Presente no encontro, Aécio defendeu que o partido debata uma candidatura própria se as concessões não forem feitas. Ele recebeu apoio dos demais, segundo interlocutores.Depois do almoço, o PSDB divulgou uma nota sinalizando o prazo dado aos emedebistas. "Na quinta-feira [9 de junho], a executiva ampliada do PSDB se reúne para confirmar o apoio a Tebet ou o lançamento de candidatura própria à Presidência", diz o texto.Durante o almoço, Aécio aproveitou a oportunidade para perguntar a Leite se ele toparia ser o nome do partido para disputar o Palácio do Planalto. Segundo relatos, o ex-governador gaúcho teria respondido que sim, caso esse fosse o desejo da sigla.Leite disputou as prévias do PSDB, mas foi derrotado pelo ex-governador de São Paulo João Doria —o ex-governador paulista desistiu da disputa por não ter o apoio da cúpula do PSDB.Numa das últimas vezes em que falou do tema, na esteira da saída de Doria, Bruno Araújo foi taxativo e afirmou que uma candidatura presidencial própria do partido era um "assunto vencido, no sentido de que a aliança [com MDB e Cidadania] é absolutamente fundamental".Ele disse ainda que a coligação com MDB e Cidadania em torno de um candidato único iria avançar. Por isso, a ameaça de voltar a falar de candidatura própria foi interpretada tanto no PSDB como no MDB como um sinal de que Araújo tem pressa para decidir o assunto.O caminho de apoio a Simone Tebet ainda é considerado o mais provável dentro do PSDB. "Estamos no entendimento com o MDB. Acredito que vamos chegar a termo. Essa é o cenário concreto que trabalhamos. Antes disso não adianta especularmos", disse Araújo à Folha.O presidente do PSDB ainda afirmou que o nome do candidato a vice-presidente de Tebet só será definido depois que os tucanos anunciarem o apoio a ela.O mais cotado é Tasso, que já afirmou que não gostaria de se candidatar. Mesmo assim, aliados acreditam que ele cederá aos pedidos para ser vice da senadora, se assim lhe for solicitado. Mais O principal entrave nos acertos regionais entre PSDB e MDB está no Rio Grande do Sul. Tebet viajaria ao estado nesta quinta (2) para tentar solucionar o palanque, mas acabou adiando a viagem por conta da morte de seu sogro.O PSDB quer que o MDB abra mão da candidatura ao governo do estado do deputado estadual Gabriel Souza. A ideia é que os emedebistas indiquem o vice numa chapa encabeçada por um tucano, preferencialmente Leite.Embora não fale publicamente sobre o assunto, Leite já indicou internamente que topa disputar mais um mandato como governador do Rio Grande do Sul.Parte da velha guarda do MDB gaúcho, porém, tem colocado empecilhos ao acordo. Um dos argumentos levantados é que o MDB tem tradição na política gaúcha, tendo eleito quatro dos últimos dez governadores. Já em Pernambuco, Raquel Lyra cobra apoio do MDB e que o partido desembarque da base do PSB, que lançará o deputado Danilo Cabral (PSB-PE) ao governo do estado.O desembarque é visto como remoto tanto por emedebistas como por tucanos pelo fato de o PSB ser tradicional em Pernambuco. Além disso, integrantes do MDB já costuraram acordos com o governo estadual.Outro entrave para a aliança entre tucanos e emedebistas está no próprio estado de Tebet, o Mato Grosso do Sul. Além dos interesses políticos locais, a relação da senadora com líderes emedebistas locais tem se deteriorado nos últimos anos.O MDB aposta na eleição do ex-governador André Puccinelli, que vem liderando as pesquisas de intenção de votos. No entanto, o PSDB nacional exige o apoio emedebista para alavancar a candidatura de Eduardo Riedel (PSDB) —nome do atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB).Tucanos e mesmo alguns emedebistas próximos a Tebet têm defendido que Puccinelli lidera atualmente as pesquisas por causa da grande divisão dos votos entre quatro candidatos. No entanto, argumentam que ele tem um teto de votos de 20%, o que inviabilizaria a sua eleição.Puccinelli, no entanto, parece pouco propenso a desistir em favor do nome tucano. | 2022-06-03 04:10:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/06/psdb-da-prazo-para-mdb-sob-ameaca-de-lancar-candidato-proprio-ao-planalto.shtml |
Aniversário da terra yanomami tem rituais e discussão sobre ameaças | O aniversário de 30 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami, em 25 de maio de 1992, foi comemorado com uma série de eventos festivos e políticos em uma comunidade localizada na área ocupada pela etnia, entre os estados de Roraima e Amazonas.Uma assembleia de líderes de diferentes comunidades de povos yanomami e ye’kwana marcou o encerramento de uma semana de atividades, na segunda-feira (30).Em meio à festa, as ameaças recentes aos moradores da área foram narradas por vítimas diretas de estupros e agressões e debatidas por políticos e lideranças indígenas de todo o país, presentes para uma demonstração de união do movimento indígena e de apoio à Hutukara, a organização yanomami liderada por Davi Kopenawa, que coordenou o evento.Durante o encontro foi anunciada a formação de uma associação de líderes das etnias mais afetadas pelas recentes invasões de garimpeiros e grileiros, desde o início do governo Jair Bolsonaro.A Aliança em Defesa dos Territórios junta representantes kayapó, munduruku, yanomami e ye’kwana, tendo entre seus porta-vozes o cacique Megaron, liderança tradicional da Terra Indígena do Xingu e sobrinho do cacique Raoni Metuktire.A comemoração aconteceu na comunidade de Xihopi, no sul da área yanomami, ao norte do Amazonas. A comunidade é localizada em uma vasta área de floresta bem preservada, distante das regiões mais assediadas pelo garimpo ilegal.Os eventos foram marcados por manifestações políticas de yanomami, de diversos líderes indígenas de outras áreas do país e personalidades não indígenas do Brasil e de outros países, como a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), a deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR), o cacique Megaron Txucarramãe e o ativista Ailton Krenak.Também esteve presente o ex-presidente da Funai (1991-93) Sydney Possuelo, que foi responsável pela demarcação da terra, em 1992, durante o governo do presidente Fernando Collor.Aos 82 anos, Possuelo foi homenageado pelas lideranças presentes como o presidente da Funai que reconheceu mais terras indígenas, cerca de 170, em sua gestão de três anos.As comemorações na comunidade de Xihopi tiveram início no dia 23, com uma festa de recepção para cerca de 500 pessoas. Os yanomami costumam receber os forasteiros para suas festas com danças e pinturas dos que chegam.Depois, no centro da praça central da maloca, líderes de fora e da comunidade, dois a dois, fazem um ritual de troca de informações, em que narram, como em um espetáculo de repentistas, episódios acontecidos nos últimos tempos, desde o último encontro.É um ritual ao mesmo tempo artístico (musical e poético) e informativo. Essa atividade pode durar toda a noite da chegada dos visitantes.No dia seguinte, começou um fórum de dois dias, em que lideranças debateram as ameaças recentes aos direitos indígenas no cenário político nacional e perspectivas para os próximos 30 anos. Falaram representantes indígenas locais e os de outras regiões do país. À noite foram apresentados filmes.O segundo dia do fórum foi marcado por uma série de depoimentos de representantes de comunidades da terra indígena.Os mais chocantes foram os relatos dos moradores das comunidades mais assediadas pelos invasores, como Fernando, líder de Palimiú, onde no ano passado garimpeiros ligados a organizações criminosas dispararam tiros e jogaram bombas caseiras durante vários dias, depois que a comunidade realizou um bloqueio sanitário no rio Uraricoera, para impedir a disseminação da Covid-19 na região.Outro depoimento impressionante foi o de uma líder chamada Noêmia, que descreveu a sedução de jovens de sua comunidade: os garimpeiros, que antes "compravam" adesões com ouro, agora usam sistematicamente a cocaína, até então desconhecida entre os indígenas –também mais um sinal da associação entre os traficantes de ouro e de drogas, na organização do garimpo. Mais O ex-presidente da Funai Sydney Possuelo apresentou um documentário sobre a campanha pela criação da Terra Yanomami e sobre sua homologação, seguida da demarcação da terra em 90 dias, até hoje um recorde.O filme narra o combate à invasão garimpeira iniciada em meados dos anos 1980, que chegou a juntar cerca de 40 mil mineradores ilegais dentro da área.As invasões geraram uma epidemia de malária e a morte de cerca de 15% da população yanomami no Brasil. Antes de iniciar a demarcação, o governo federal retirou os invasores.O documentário mostra também a fórmula usada para a expulsão: vigilância das entradas da terra indígena, asfixiando o abastecimento dos trabalhadores ilegais. Depois da exibição, Possuelo comentou que o método poderia ser usado para expulsar os invasores atuais.O filme deixa clara a inversão do ideário conservador sobre a questão indígena ao longo das últimas décadas: 30 anos atrás, o reconhecimento da terra foi feito por um presidente conservador, eleito com um programa liberal, e o processo foi conduzido por um ministro da Justiça com formação militar, o coronel Jarbas Passarinho, que teve participação intensa como ministro de vários governos da ditadura.Como relator na Assembleia Constituinte, Passarinho foi o autor do texto sobre direitos indígenas da Constituição de 1988, que ele baseou no Estatuto do Índio, da Constituição outorgada pelo governo militar, em 1969.Em seu discurso, diante da sede da Presidência, em Brasília, Collor justificou a homologação com base no programa de governo vitorioso nas urnas na campanha de 1989 (ele venceu o PT de Lula).Trinta anos depois, a cúpula do governo atual, que também se reivindica conservador e liberal, promete não demarcar terras indígenas, frequentemente defende o garimpo ilegal em terras protegidas e apresenta os direitos indígenas como se fossem ameaça à soberania nacional ou representação de interesses estrangeiros. Uma análise dessa mudança ideológica desafia os estudiosos de ciência política.A última intervenção da mesa que buscou projetar os desafios para a Terra Yanomami nos próximos 30 anos foi feita pelo anfitrião Davi Kopenawa.Desafinando o tom festivo de outros líderes, que buscavam imprimir uma mensagem otimista, Davi fez um discurso bastante duro, de tom apocalíptico, referindo-se ao grave risco colocado pelas mudanças climáticas que afetam o planeta e o seu agravamento pela destruição das florestas, desde logo na Terra Yanomami."No começo do mundo, o céu caiu e matou o primeiro povo que nasceu. Nós somos o segundo povo, aquele que segurou o céu e pôde sobreviver", narrou, resumindo a cosmogonia presente em seu livro "A Queda do Céu", de 2015, para então dizer que atualmente vivemos o risco de um novo fim."Nós, povos indígenas do Brasil, não vamos morrer sozinhos. Vão morrer os indígenas, os não indígenas, o meio ambiente, morrem as florestas, suja a água, morre todo o planeta. O petróleo estragou o ar da terra, que foi criado para nós respirarmos. Agora, o que nós perguntamos é se vamos morrer queimados ou afogados? É o que estamos vendo por toda parte. Mas nós, yanomami, vamos morrer lutando."Na quarta-feira, 25, à tarde, terminados os depoimentos, aconteceu um evento de forte significado espiritual para os indígenas: por ocasião dos 30 anos da criação da Terra Indígena, 30 xamãs realizaram uma "pajelança", uma longa performance em que, um a um, ingerem o pó alucinógeno yãkoana usado pelos pajés.Sob efeito da droga, empreendem uma viagem espiritual a um mundo invisível aos demais, onde encontram espíritos chamados "xapiri", que têm função mercurial, de ligação entre os diversos planos do cosmos.Durante esse processo, os xamãs, um após o outro, fazem um espetáculo de dança e cantos tradicionais, no qual narram o que estão ouvindo dos espíritos "xapiri".Depois dessa pajelança, na praça central da maloca de Xihopi, quando Davi Kopenawa se reunia com jovens da comunidade para fazer uma foto coletiva, um grande arco-íris se formou no céu, emoldurando seu encontro com Ailton Krenak, seu companheiro do início do movimento indígena que resistiu à ditadura militar, no fim dos anos 1970, e reivindicou os direitos conquistados na Constituição de 1988.Davi atribuiu o arco-íris ao chamado dos xamãs.Líderes indígenas presentesA líder da APIB (Associação dos Povos Indígenas do Brasil) Sonia Guajajara, não pode embarcar por ter contraído a Covid-19.Outras personalidades presentesO jornalista viajou a convite da Hutukara Associação Yanomami | 2022-06-03 04:05:00 | poder | Poder | https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/06/aniversario-da-terra-yanomami-tem-rituais-e-discussao-sobre-ameacas.shtml |