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Manifestantes marcham a favor de Netanyahu e de sua reforma judicial em Israel
Apesar das crescentes acusações de que a reforma judicial proposta pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu representa um perigo para a democracia em Israel, milhares de manifestantes foram às ruas de Tel Aviv nesta quinta-feira (30) para demonstrar apoio ao premiê."A nação exige reforma legal", gritavam os israelenses que participaram do protesto de direita. Eles carregavam a bandeira azul e branca do país, marcada pela característica Estrela de Davi.A polícia israelense disse que estava respondendo a um grupo que bloqueou a rodovia Ayalon, até então palco de manifestações frequentes daqueles que veem no projeto de Netanyahu uma ameaça à independência judicial.No início da semana, o primeiro-ministro anunciou um adiamento estratégico da reforma, a fim de buscar um consenso entre governo e oposição. Votações de alguns pontos do projeto, que, em geral, muda as regras de nomeação dos juízes da Suprema Corte e permite que o Parlamento derrube decisões da Justiça, agora ficam marcadas para o final de abril.Também nesta quinta-feira, a nova chefe da ONG Human Rights Watch (HRW), Tirana Hassan, afirmou que o governo de Israel está em "ataque" contra os direitos humanos. Em entrevista à agência de notícias Reuters, ela pediu que os Estados Unidos e outros aliados façam mais para responsabilizar o país por supostos abusos e persuadi-lo a mudar o rumo que vem tomando."Com o estado atual do governo israelense e os ataques ao Judiciário em particular, vemos que este não é um governo compatível com os direitos humanos", disse Hassan, que classificou a reforma judicial proposta por Netanyahu como um "desastre".Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...As declarações foram vistas com desdém pelo principal porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Lior Haiat. "Este é um exemplo incrível de como ela [Hassan] e a organização são tendenciosas", afirmou. O ministro argumenta que Israel é "uma democracia forte e vibrante", e justifica sua afirmação citando os próprios protestos massivos contra a reforma. "Centenas de milhares de pessoas estão se manifestando nas ruas. Sem violência. Protegidas pela polícia. É assim que funciona uma verdadeira democracia."Os protestos, no entanto, ocorrem sob forte repressão policial. No dia 9 de março, data considerada como o "dia de resistência" contra a reforma judicial, pelo menos 22 pessoas foram detidas em Tel Aviv e Jerusalém após registros de confrontos com os agentes de segurança. O presidente israelense, Isaac Herzog, chegou a propor uma reforma alternativa, temendo a explosão de uma guerra civil no país. Mais As polêmicas que envolvem Israel não se limitam à proposta de reforma judicial. Ainda nesta quinta, promotores israelenses indiciaram dois colonos judeus por terrorismo e vandalismo no que descreveram como um ataque a palestinos num vilarejo da Cisjordânia ocupada.Durante o festival judaico de Purim, celebrado no dia 6 de março, os suspeitos, ambos homens na casa dos 20 anos, atacaram carros e seus ocupantes em Huwara com pedras e um machado, gritando "Morte aos árabes!". Dois palestinos ficaram feridos, diz a acusação.Lesões corporais graves podem acarretar uma pena de até 20 anos de prisão no país, enquanto a pena máxima prevista para vandalismo é de cinco anos. No entanto, de acordo com o grupo de vigilância israelense Yesh Did, 93% das investigações sobre suposta violência de colonos entre 2005 e 2022 foram encerradas sem indiciamentos.A situação em Huwara preocupa a comunidade internacional. No final de fevereiro, centenas de colonos israelenses realizaram uma incursão na cidade em vingança por dois assassinatos de conterrâneos. Um incêndio provocado por eles atingiu cerca de 30 casas e cem veículos, deixando mais de 350 moradores feridos. Em Zaatara, uma cidade próxima, um colono israelense matou um palestino de 37 anos a tiros. Mais A violência aumentou na Cisjordânia nos últimos meses, especialmente entre os territórios onde os palestinos buscam um Estado. Os incidentes de fevereiro ofuscaram uma reunião organizada pela Jordânia entre autoridades israelenses e palestinas com o objetivo de acalmar a situação. Posteriormente, o comentário de um ministro israelense de ultradireita de que Huwara deveria ser "apagada" apenas alimentou a preocupação ocidental.Num relatório de 2021, a Human Rights Watch rotulou o tratamento de Israel aos palestinos e a ocupação israelense no local como "apartheid". Grupos israelenses se defenderam dizendo que o HRW e outros grupos de direitos humanos são preconceituosos com o país em suas publicações.Nesta quinta, a relatora especial da ONU sobre direitos humanos nos territórios ocupados disse, em Genebra, que a situação na região estava se deteriorando. "Tenho visto formas crescentes de humilhação e indignidades impostas aos palestinos, um fortalecimento da arquitetura sufocante", ela afirmou em comentários separados na reunião das Nações Unidas.
2023-03-30 19:54:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/03/manifestantes-marcham-a-favor-de-netanyahu-e-de-sua-reforma-judicial-em-israel.shtml
Comissão da Anistia retoma perdão a perseguidos pela ditadura e se opõe a Bolsonaro
"Tenho a honra de pedir desculpas à senhora, em nome do Estado brasileiro, por essa perseguição, para que isso nunca mais aconteça, e declarar a senhora anistiada política."Assim, e com as mãos no rosto, Cláudia Arruda Campos recebeu da presidente da Comissão de Anistia, Eneá de Stutz e Almeida, o deferimento de seu pedido de indenização por ter sigo perseguida politicamente e presa durante a ditadura militar.Essa foi a segunda vez que o caso de Campos foi a julgamento. Na primeira, em 2019, a indenização foi negada pela gestão Damares Alves, então ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo Jair Bolsonaro (PL). Naquela ocasião, o voto vencedor foi dado pelo general Rocha Paiva, autor do prefácio da biografia do general e torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.A sessão desta quinta-feira (30) marcou o reinicio dos trabalhos do grupo e foi repleta de críticas à gestão bolsonarista —que a aparelhou o grupo com militares e apoiadores do regime ditatorial.Para a reunião, que aconteceu às vésperas do aniversário do golpe de 1964, foram selecionados casos considerados simbólicos, por serem pedidos de anistia negados em julgamentos considerados inju stos.Foram anistiados Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL-SP que foi preso e torturado, que teve seu pedido indeferido por Damares Alves; José Pedro da Silva, preso pelo regime, que teve seu requerimento barrado ainda no governo Temer; e Romário Schettino, sequestrado e preso, que chegou a ter indenização aprovada pela comissão em 2018, mas ela nunca foi publicada no Diário Oficial e, portanto, nunca foi efetivada —Schettino está internado e passa por cirurgias para resolver um edema cerebral.No novo regimento do colegiado, além da previsão inédita de concessão de anistia para coletivos, também é retomado o dever de se registrar formalmente um pedido de desculpas por parte do Estado pelos crimes cometidos durante ditadura."Quando houver declaração de anistia política individual ou coletiva, a Presidência da sessão formulará, solenemente, em nome do Estado brasileiro, o pedido de desculpas ao requerente e à sociedade brasileira pela perseguição feita, garantindo o não esquecimento", afirma o documento. Mais O pedido de perdão era comum nas declarações da comissão até o governo Michel Temer, quando passou a ser cada vez menos utilizado, até ser deixado de lado durante a gestão Damares. Agora, passa a ser uma obrigação regimental.Na sessão, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e outras autoridades presentes afirmaram que o trabalho em torno da memória do período de repressão é fundamental para enfrentar o fenômeno que levou aos ataques do 8 de janeiro —e, principalmente, para combater os casos de apologia à ditadura no país."As fantasias de que era o melhor naquele período, afinal, não passam disso, fantasias, são facilmente derrotadas pelas evidências. A falta da memória, da verdade e da justiça como políticas de Estado, contudo, não só permitem a reprodução dessas ilusões, fantasias, delírios autoritários, como também uma nostalgia golpista propagada por aparelhos de desinformação que precisam ser enfrentados pelo bem desse país", afirmou o ministro.A presidente da comissão disse que a comissão agora cumprirá um papel de protagonismo num processo de reparação histórica —e não mais de reação a movimentos que negam ou elogiam a ditadura militar."É importante ter uma palavra de acolhimento, principalmente para todos aqueles e aquelas que tiveram a infeliz e desagradável surpresa de serem revitimizados, de serem novamente culpados pela perseguição que sofreram", afirmou Eneá de Stutz e Almeida, em referência aos pedidos de anistia negados pelo governo Bolsonaro.Em todas as quatro declarações de anistia feitas nesta quinta, a presidente enfatizou o fato de os perseguidos terem tido suas indenizações negadas de forma injusta anteriormente.Os números da repressão são pouco precisos, uma vez que a ditadura nunca reconheceu esses episódios. Auditorias da Justiça Militar receberam 6.016 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontaram para 20 mil casos.Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Houve casos em que as sessões de tortura levaram à morte das vítimas.Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade listou 191 mortos e o desaparecimento de 210 pessoas. Outros 33 desaparecidos tiveram seus corpos localizados posteriormente, num total de 434 pessoas. Mais Hoje deputado federal, foi militante da resistência à ditadura militar, dirigente do MEP (Movimento de Emancipação do Proletariado) e fundador do PT.Valente foi perseguido pelo regime militar, preso duas vezes, passou pelos centros de detenção do DOI-Codi e do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e foi torturado. Por isso, ele protocolou um pedido de indenização, que no ano passado foi negado pela Comissão de Anistia —ainda subordinada ao ministério de Damares.No voto que indeferiu a anistia, a justificativa da gestão bolsonarista foi que o deputado teria sido enquadrado na Lei de Segurança Nacional, que não era exclusiva da ditadura; e que, portanto, o Estado não lhe devia nenhum pedido de desculpas pelo que houve durante o regime.Foi militante do grupo Ação Popular —do qual também fizeram partes nomes como o ex-senador José Serra (PSDB-SP)— e presa pelo Dops.Em 2019, o relator do caso chegou a opinar a favor da concessão de anistia, mas o general Rocha Paiva, então membro da comissão, pediu indeferimento. "Não foi possível identificar nos autos qualquer ação do Estado em desfavor do requerente [Cláudia Campos] que pudesse ensejar os direitos atinentes à anistia política", afirmou Paiva. O pedido de indenização foi negado.Integrou a Frente Nacional do Trabalho e o Sindicato dos Metalúrgicos na década de 1970, e chegou a ser preso quando organizava um protesto em frente a indústrias. Segundo o seu relato, ele foi demitido da companhia onde trabalhava em 1978 em razão de sua atuação.Pediu indenização, como prevê a Lei da Anistia, por ter tido sua carreira comprometida pela perseguição política. Ainda em 2018, a comissão concedeu-lhe a anistia e um pagamento de R$ 2.000 mensais.No entanto, o então ministro Gilson Libório, atropelou o entendimento do colegiado e, por meio de uma portaria, afirmou que não houve vínculo entre sua detenção e sua demissão. Dessa forma, indeferiu o pedido. A prática foi posteriormente incorporada pela gestão Damares para negar indenização mesmo em casos avaliados como válidos pelo colegiado.Ele consta nos relatórios de inteligência da ditadura como um ex-integrante de um grupo de estudos em Caratinga (MG), do qual também participou a jornalista Miriam Leitão.Schettino era funcionário do Banco Central na década de 1970 quando foi sequestrado e preso pelas forças de segurança por suposta "infiltração subversiva" no movimento estudantil de Brasília. Pediu dispensa do emprego e se exilou na Europa.Seu pedido de anistia foi inicialmente negado ainda em 2008, mas, após recurso, foi deferido em 2018. No entanto a portaria de sua anistia nunca foi publicada, seja pelo governo Temer ou pelo Bolsonaro.
2023-03-30 19:16:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/03/comissao-da-anistia-retoma-perdao-a-perseguidos-pela-ditadura-e-se-opoe-a-bolsonaro.shtml
Estados vão reduzir novo ICMS da gasolina após acordo com STF
Um acordo entre os governos estaduais e o STF (Supremo Tribunal Federal) vai alterar os cronogramas de implantação do novo modelo de cobrança do ICMS para os combustíveis. Os estados devem ainda rever a nova alíquota da gasolina, que ficou bem mais alta do que os valores cobrados atualmente.Os estados ainda não se manifestaram sobre o acordo, que deve ser confirmado formalmente nesta sexta (31). Ao STF, alegaram dificuldades na implantação do novo modelo, que prevê a cobrança de um valor único nacional em reais por litro e apenas dos produtores dos combustíveis.O novo ICMS do diesel entraria em vigor neste sábado (1º) e será adiado para 1º de maio. O da gasolina entraria em vigor no início de julho e foi antecipado para 1º de junho. Nos dois casos, o consumidor deve sentir no bolso efeitos das novas alíquotas.No caso da gasolina, a alíquota anunciada na quarta-feira (29) era de R$ 1,45 por litro, bem superior aos valores cobrados atualmente —o maior ICMS sobre a gasolina é cobrado hoje no Piauí, R$ 1,24 por litro.O valor, porém, será revisto em reunião nesta sexta. A Folha apurou que as propostas atuais situam-se entre R$ 1,18 e R$ 1,22 por litro, ainda assim acima do cobrado em quase todos os estados. Em São Paulo, por exemplo, a alíquota atual é de R$ 0,90 por litro.Os economistas Andréa Angelo e Felipe Salto, da Warren Rena, calculam que a mudança para R$ 1,45 poderia provocar aumento médio de 11,45% no preço da gasolina, com impacto de 0,5 ponto percentual na projeção do IPCA para 2023.No caso do diesel, a nova alíquota única de R$ 0,95 por litro é superior à média cobrada atual. Segundo estimativa do consultor Dietmar Schupp, o preço médio do produto subiria 2,1% com a adoção da alíquota neste sábado.Mas nem todos os estados teriam alta: Sergipe, Amapá, Roraima, Pará, Bahia, Piauí, Maranhão e Rondônia cobram hoje valor mais elevado e experimentariam queda no preço final.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...O modelo atual de cobrança do ICMS era criticado pelo setor por retroalimentar os aumentos de preço nas refinarias: após a alta nas bombas, os estados elevam o preço de referência para cobrança do imposto, gerando novo repasse ao consumidor final.Além disso, dizem, incentiva fraudes tributárias com a compra de combustíveis em estados onde o ICMS é mais barato para a venda clandestina naqueles com maior tributação.A mudança foi aprovada pelo Congresso com apoio do governo Bolsonaro em maio de 2022, mas os estados recorreram ao STF. Mais
2023-03-30 19:20:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/estados-vao-reduzir-novo-icms-da-gasolina-apos-acordo-com-stf.shtml
Os dois Fernando Diniz podem chegar ao primeiro título de expressão como técnico
Foi de soslaio, mas chamou a atenção porque Fernando Diniz, 49, quase nunca sorri em público. A pergunta sobre "o que faltou" para o Fluminense divertiu até o treinador, às vezes elogiado, outras criticado pela excessiva seriedade."Você é um cara exigente...", respondeu para o repórter.O Fluminense havia acabado de vencer o Volta Redonda, pela semifinal do Campeonato Carioca, por 7 a 0.A mesma pergunta "o que faltou" costumava tirar o técnico do sério.Único nome nacional cotado para dirigir a seleção brasileira, ele pode chegar neste ano ao seu primeiro título de expressão na carreira. Está na final do estadual. Neste sábado (1º), às 20h30, sua equipe começa a decidir o torneio contra o Flamengo, no Maracanã.Neste ano, ele já venceu a Taça Guanabara, o equivalente ao primeiro turno do estadual.Em 14 anos como treinador, ele ganhou também a Copa Paulista e a Série A3 de 2009 (pelo Votoraty) e a mesma Copa Paulista de 2010 (Paulista de Jundiaí). Desde 2018 tem feito trabalhos em clubes da elite do país, como Athletico, São Paulo, Santos e Vasco, além do Fluminense.Se o italiano Carlo Ancelotti, preferido pelo presidente da CBF (Confederação Brasileira de Fuebol), Ednaldo Rodrigues, não emplacar, Diniz pode ter chance.Ele repetiria, caso aconteça, a trajetória de Sebastião Lazaroni, contratado para comandar a seleção por ter vencido o Carioca de 1988 pelo Vasco.Lazaroni chamou a atenção pelas expressões incompreensíveis. Como "galgar parâmetros", por exemplo. Ao atender o telefonema de um jornalista, disse não poder conversar naquele porque estava em uma "situação de barzinho". Era o "lazaronês".Tite, recém-saído da CBF após derrota nas quartas de final na Copa do Qatar, também tinha seu vocabulário próprio, como o "oportunizar": o "titês".Fernando Diniz possui o "dinizismo". Mas não são palavras e sim, atos. É a sua maneira de ver o futebol e o seu trabalho, o que ele reconhece transformar em personagem singular."Eu aceito a minha singularidade e não teria como fazer diferente. Faço exatamente aquilo que sinto, mas para mim é uma coisa comum. Procurar melhorar, enxergar o time. Pode ser uma coisa diferente aos olhos dos outros, mas procuro fazer simplesmente aquilo que acredito", disse para a FluTV. Mais O dinizismo ficou mais conhecido pela resistência em sair da defesa com lançamentos longos. A ordem é troca de passes curtos, sem importar a circunstância da partida. Mas não é apenas isso. É a pressão constante, tentar se impor, a velocidade nos passes e movimentação. A crença no futebol ofensivo. São características que o fizeram ser louvado e criticado na mesma intensidade.Elogiado pela filosofia, já foi ironizado pela falta de resultados. No Brasileiro de 2020, o São Paulo tinha sete pontos na liderança durante o segundo turno e a desperdiçou. Em clubes como Vasco, Santos e na sua primeira passagem pelo Fluminense (em 2019), acabou alvo de reclamações pela intransigência de ideias. Por não ter um plano B quando algo vai mal.A questão da personalidade já lhe trouxe problemas. Um integrante da diretoria santista disse à Folha que a demissão de Diniz em 2021 não aconteceu apenas porque o time patinava em campo. Tornou-se uma situação em que era preciso escolher: a jovem revelação Ângelo ou o técnico. Não havia como os dois continuarem juntos e nem dispensar um atacante que poderia render milhões no futuro.No São Paulo, seu conflito em campo, flagrado pelas câmeras de TV, com o volante Tchê Tchê, ajudou a fazer o São Paulo perder o Brasileiro. Em expressões que foram lembradas por meses, ele chamou o jogador de "perninha" e "mascaradinho", gírias para designar preguiça e arrogância."Não fez mal só para mim. Eu sei quem sou. Mas você ver a proporção que a coisa tomou, seu pai te ligar chorando, é totalmente na contramão do que fui criado. Não sou perna, não sou mala, não sou arrogante. Ele foi mal naquilo. Depois a gente conversou e não me senti à vontade. As coisas não ficaram legais", disse Tchê Tchê ao podcast Podpah.Diniz é capaz de se agarrar com a mesma fé em jogadores nos quais acredita no potencial. No seu período no Morumbi, via em Nestor um potencial enorme e fez de tudo para deixá-lo pronto para o time principal. Chamou Ganso, seu meia no Fluminense, de "gênio" e afirmou que ele já deveria ter disputado três Copas do Mundo.O próprio técnico já brincou, nas poucas entrevistas que costuma dar, ter uma dupla personalidade. O Fernando Diniz à beira do campo é diferente do dia a dia. Quando se destacou como técnico, na campanha do Audax vice paulista de 2016, chegou a proibir a entrada de jornalistas nos treinos. Não por desejar esconder escalação ou opções táticas. Mas para a imprensa não ouvir os palavrões que gritava para os atletas.O caso do amor com o Fluminense, se acabar em título estadual, poderá reforçar a certeza do presidente do clube, Mario Bittencourt, de que não deve liberá-lo em caso de interesse da CBF.Formado em psicologia, ele passou a carreira ouvindo elogios ao futebol de seus times e críticas quanto aos resultados. A final do Carioca deste ano pode mudar isso.
2023-03-30 17:45:00
esporte
Esporte
https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2023/03/os-dois-fernando-diniz-podem-chegar-ao-primeiro-titulo-de-expressao-como-tecnico.shtml
Mortes: Jornalista nato, foi referência em reportagem policial
O sucesso de Silvan Alves era atestado pela audiência onde quer que trabalhasse. Fosse nas rádios Mirante e Timbira, ou na rede Difusora de televisão, no Maranhão, ele cativou o público com um talento nato e lapidado ao longo da carreira.Conseguia transitar entre programas de música e a sua marca registrada, o jornalismo policial, sem perder o estilo irreverente.Mas ele foi descobrir a veia jornalística e a paixão pelo rádio longe de casa, ainda adolescente, no Rio de Janeiro. O amigo e também jornalista Robson Paz, 45, lembra a história que Silvan contava sobre o começo da jornada."Depois de um castigo dos pais, ele embarcou num caminhão de abastecimento de hortifrúti e foi de carona até o Rio de Janeiro", narra.Em uma entrevista ao Museu da Memória Audiovisual do Maranhão, Silvan também falou sobre a peripécia."Sempre fui muito travesso, e depois dessa briga, saí mesmo de casa. Queria chegar à casa de uma tia, mas não sabia o endereço. Morei na rua." Ele foi ajudado por uma senhora que distribuía sopa e conseguiu um quarto para ele em uma favela no Rio.Com o gosto pelo rádio, se aproximou de uma emissora comunitária que fazia anúncios e emitia boletins de utilidade pública. Nunca mais largou o microfone.Nos anos 1980, Silvan trabalhou como repórter em Brasília antes de voltar ao Maranhão no final da década. Passou pela extinta rádio Ribamar e chegou à rádio Mirante, onde começou a conquistar fãs —incluindo o amigo Robson."Conheci o Silvan como ouvinte dos programas policiais que ele fazia", conta. "Ele sempre dizia que precisava de uma dose de humor ou irreverência para amenizar as notícias muito trágicas." Os dois trabalhariam juntos no diário O Imparcial e na rádio Timbira.O gosto por jornalismo era parte da rotina de Silvan. A filha Suliane Alves Pinheiro, 22, afirma que o pai era jornalista do momento em que ele saía de casa para os primeiros trabalhos, às 4h, até o descanso em frente à televisão. "Ele relaxava vendo o noticiário."O repórter estava sob os cuidados da família desde 2021, quando sofreu um acidente vascular cerebral. Enfrentou um infarto, pneumonias e outras complicações. Morreu em 20 de fevereiro, após ser levado ao pronto-socorro por causa de febre.Deixa a mulher, Maria José Lima, 53, e os filhos Sullivan Alves, 22, e Suliane. Mais [email protected] os anúncios de mortesVeja os anúncios de missa
2023-03-30 17:45:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/03/mortes-jornalista-nato-foi-referencia-em-reportagem-policial.shtml
Gripe aviária: por que o vírus H5N1 preocupa cientistas e pode causar próxima pandemia
Nas últimas semanas, o influenza H5N1, vírus causador da gripe aviária, voltou a figurar nas manchetes de todo o mundo.Das cidades litorâneas do Daguestão, na Rússia, à costa do Peru, passando por fazendas de visons na Espanha e granjas nos Estados Unidos, foram vários os episódios registrados de milhões de animais que morreram (ou foram sacrificados) após terem contato com esse agente infeccioso.Embora o risco ainda seja considerado pequeno, agências de saúde e pesquisadores do mundo inteiro aumentaram o nível de alerta sobre esse tipo de influenza e o potencial que ele possui de causar a próxima pandemia."Se o H5N1 ganhar a capacidade de ser transmitido de uma pessoa para outra, esse pode ser um dos problemas mais graves que a humanidade já enfrentou", diz o virologista Edison Luiz Durigon, professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).A boa notícia é que, ao contrário do que ocorreu na Covid-19, os governos e serviços de saúde já têm planos definidos sobre o que fazer caso um avanço do H5N1 se torne realidade —algumas vacinas, inclusive, já estão prontas ou em desenvolvimento agora.Mas, afinal, o que faz esse vírus ser tão preocupante assim? E por que ele voltou a ser assunto recentemente?A Organização Mundial para Saúde Animal estima que, desde outubro de 2021, foram registrados mais de 42 milhões de casos de infecção por H5N1 em aves.Nesse período, cerca de 15 milhões de aves domésticas morreram em decorrência dessa gripe —e outras 193 milhões precisaram ser sacrificadas.Trata-se, portanto, do pior surto de gripe aviária já registrado desde que esse vírus foi identificado pela primeira vez.O H5N1 é conhecido desde 1996, quando foi detectado por cientistas na China e em Hong Kong.Mas ele ganhou destaque internacional a partir de 2005, ano em que a mortalidade de frangos criados em granjas na Ásia subiu drasticamente. À época, também foram registrados episódios de infecção em seres humanos —todos os afetados tiveram contato direto com aves doentes.Os surtos também estão se espalhando mundo afora: antes, eles se concentravam na Ásia e na Europa; mais recentemente, começaram a afetar as Américas —por ora, apenas Brasil e Paraguai não tiveram casos confirmados da infecção na América do Sul.O aumento da circulação está relacionado às aves migratórias, que vão de um continente para o outro de acordo com a estação do ano. Muitas delas viajam infectadas e, quando chegam a um novo lugar, têm contato com as espécies locais.A partir dessa proximidade, o vírus começa a circular numa nova região — e pode chegar às granjas, que concentram grandes quantidades de aves em armazéns fechados.A médica veterinária Helena Lage Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, explica que o influenza H5N1 passou por uma "diversificação genética"."O subtipo que está causando o problema atual pertence ao clado 2.3.4.4b. Ele apresenta algumas mutações genéticas que tornaram o vírus mais transmissível entre as aves", aponta.O "clado" citado pela especialista é um termo que se aproxima do significado de grupos ou variantes, que ficaram muito conhecidas por causa do coronavírus e suas linhagens, como a ômicron, a gama e a delta."O H5N1 é diferente de todos os outros. Nas aves, causa uma infecção grave, com sintomas respiratórios, como pneumonia, e até sinais neurológicos", descreve Ferreira, que também é professora da USP.Além do altíssimo número de aves afetadas nos últimos dois anos, o que tem chamado a atenção dos cientistas mais recentemente é a quantidade de mamíferos que também estão se infectando com o H5N1.Até o momento, casos de gripe relacionados a esse tipo de influenza foram confirmados em ursos, raposas, gambás, guaxinins, visons, focas, golfinhos e leões marinhos.Na maioria desses casos, a infecção acontece pelo contato próximo das aves com esses mamíferos.Muitos deles compartilham o mesmo habitat —o contato próximo facilita a transmissão do vírus entre espécies dessas duas classes de animais.Ou seja: na maioria das vezes, o H5N1 é transmitido diretamente das aves para os mamíferos por meio de fluidos corporais (como gotículas de saliva ou fezes) ou pela predação, em que uma espécie caça e se alimenta da outra.Recentemente, porém, dois episódios sinalizaram que o H5N1 pode estar adquirindo aos poucos a capacidade de se transmitir de um mamífero para o outro.O primeiro deles aconteceu na Galícia, no noroeste da Espanha. Em outubro de 2022, os responsáveis por uma fazenda notificaram as autoridades sobre a transmissão desse influenza entre os visons (ou minks), um tipo de animal criado para a fabricação de casacos.Essa foi a primeira ocasião em que a transmissão do H5N1 entre mamíferos (sem a intermediação de aves) foi confirmada oficialmente. Nenhum ser humano que teve contato com os visons ficou doente.O segundo episódio ocorreu na costa do Peru, em que mais de 3.400 leões-marinhos morreram por causa da gripe aviária.Esses óbitos na costa peruana ainda estão sob investigação para definir se a cadeia de transmissão envolveu diretamente as aves —ou o H5N1 também começou a ser transmitido entre os leões-marinhos.Para a microbiologista Marilda Mendonça de Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-FioCruz), todas essas observações são "preocupantes"."Para infectar, os vírus precisam se adaptar às condições do hospedeiro", ensina."Além de conseguir se encaixar nos receptores das células das novas espécies, o influenza precisa se adequar às condições de temperatura e pH de cada organismo, que são diferentes em aves e mamíferos."Em outras palavras, esse patógeno passou —e está passando— por uma série de transformações em seu material genético que podem facilitar o "pulo", ou a transmissão entre outras espécies, além daquelas em que ele já era frequentemente observado."E isso causa preocupação, pois as condições do organismo de seres humanos são bem mais próximas a de outros mamíferos do que das aves", complementa Siqueira.De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2003 e março de 2022 foram registrados 864 casos e 456 mortes causadas pelo H5N1 em seres humanos.Já o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estima que, entre janeiro de 2022 e março de 2023, dez pessoas foram diagnosticadas com a gripe aviária. Duas delas morreram.Esses últimos casos aconteceram em Camboja, China, Espanha, Equador, Reino Unido, Estados Unidos e Vietnã.Embora os números sejam pequenos, eles permitem calcular uma mortalidade bem alta: no cômputo geral, 52% das pessoas que foram infectadas pelo H5N1 morreram."Quando vemos esses casos mais recentes, ligados principalmente ao clado 2.3.4.4b, a mortalidade observada é menor, de 20%. Mesmo assim, é algo que preocupa", pondera Ferreira.Para comparar, a atual taxa de mortalidade do Sars-CoV-2, o coronavírus que causa a Covid-19, fica ao redor de 1%."Os vírus influenza costumam se replicar nas vias aéreas superiores e nos pulmões. Já o H5N1 parece ir além e atinge outros órgãos vitais, como o cérebro, o coração, o fígado, o baço e os rins", detalha Durigon."Os atestados de óbito para gripe comum costumam dizer que o indivíduo morreu de infecção pulmonar ou pneumonia. Já no H5N1, a causa de morte geralmente é descrita como 'falência múltipla de órgãos'", complementa o virologista.Que fique claro: os casos de gripe aviária em seres humanos são esporádicos e estão todos relacionados ao contato próximo com animais infectados em granjas ou na natureza. Até o momento, não foi registrada nenhuma cadeia de transmissão direta desse influenza de uma pessoa para outra.Para isso ocorrer, seria necessário que o H5N1 sofresse mutações — ou se recombinasse com outros tipos de influenza que afetam as pessoas ou as demais espécies (como aves e suínos).Mas será que isso pode acontecer um dia?"Eu diria que há uma incerteza, mas nunca estivemos tão próximos de um cenário desses. E uma pandemia de H5N1 seria uma tragédia", alerta Durigon."O H5N1 é um candidato a causador de uma futura pandemia. A pergunta aqui não é 'se' isso vai acontecer, mas, sim, 'quando'", afirma Siqueira.O médico britânico Jeremy Farrar, cientista-chefe da OMS, parece concordar com a visão dos especialistas brasileiros.Numa entrevista recente, ele classificou o H5N1 como "uma grande preocupação" e sugeriu que mais atitudes devem ser tomadas para preparar o mundo para a próxima pandemia."Se um surto de H5N1 em humanos começar na Europa, no Oriente Médio, nos Estados Unidos ou no México amanhã, não seríamos capazes de vacinar todo mundo ainda em 2023", estimou.Os pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil ponderam que, ao contrário do que aconteceu com a Covid-19, as instituições internacionais e os governos estão mais preparados para lidar com eventual crise provocada pelo vírus influenza."A OMS tem planos de contingência para uma pandemia de influenza desde os anos 1950", lembra Siqueira.Essa organização envolve redes de vigilância e análise laboratorial espalhados pelo mundo. O propósito aqui é detectar os vírus com rapidez, antes que ele se espalhe.Um exemplo desses sistemas de monitoramento vem do próprio Brasil: o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação mantém a Rede Previr, que avalia a presença de patógenos em várias reservas naturais do país."A partir do ano passado, começamos a monitorar aves silvestres migratórias. Como o H5N1 chegou a outras partes da América do Sul, existe um risco muito grande de encontrá-lo também no Brasil", conta Durigon, que faz parte do projeto.Vale destacar que essa versão do influenza ainda não foi detectada no país até o momento.O Ministério da Agricultura e Pecuária também realiza análises constantes nas granjas."E isso é estratégico, uma vez que nosso país é um dos maiores exportadores de frango no mundo. Se o H5N1 chega aqui e afeta os produtores locais, com a necessidade de abater os animais, isso representaria um grande problema à economia", complementa o virologista do ICB-USP.Além da vigilância constante, outra ação primordial nesse contexto é criar e testar formas de prevenção e tratamento da gripe aviária.Nessa seara, as notícias são positivas. "Os remédios antivirais que temos à disposição são eficazes contra o H5N1 em circulação", pontua Ferreira.As vacinas contra este influenza também já estão em desenvolvimento. No Brasil, o Instituto Butantan anunciou no início de março que já trabalha num imunizante contra esse patógeno."A expectativa é finalizar os testes pré-clínicos ainda neste ano e avançar para o estudo clínico [que envolve voluntários humanos] em 2024", afirma a instituição em nota publicada no site.Siqueira estima que, diante dos planos de contingência elaborados nas últimas décadas, seria possível ter doses de vacina contra o H5N1 prontas para campanhas de larga escala em cinco ou seis meses."Não sabemos se esse vírus vai causar uma pandemia em 1, 5 ou 100 anos. Mas precisamos estar preparados para isso", diz a especialista.Do ponto de vista individual, existem algumas medidas básicas que já podem ser colocadas em prática para proteger a si mesmo —e diminuir o risco de uma pandemia futura."O cuidado mais importante nesse momento é não tocar ou chegar perto de uma ave morta que você vir na praia, na mata ou em qualquer lugar", orienta Siqueira.Nesses casos, a recomendação é notificar as autoridades locais, que podem enviar funcionários com equipamentos de proteção para fazer a remoção e mandar o corpo para análise em laboratório.E, naturalmente, os protocolos básicos de fazer a higiene das mãos e ficar afastado das atividades se estiver com sintomas de infecção respiratória continuam a valer."Isso é algo que foi reforçado na pandemia de Covid-19 e que precisaremos manter pelo resto das nossas vidas", conclui a microbiologista da FioCruz.Este texto foi publicado no site da BBC News Brasil.
2023-03-30 17:30:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/03/gripe-aviaria-por-que-o-virus-h5n1-preocupa-cientistas-e-pode-causar-proxima-pandemia.shtml
Brasil corre risco de apagão de insulina, e ministério faz compra emergencial
O TCU (Tribunal de Contas da União) alerta que pode faltar insulina para diabetes nos estados porque o estoque do Ministério da Saúde acabará em abril. A informação consta de processo votado pelo órgão nesta quarta-feira (29), de relatoria do ministro Vital do Rêgo.Há risco de ocorrer o desabastecimento porque não houve propostas nos pregões abertos em agosto do ano passado e em janeiro deste ano. Assim, dados do Ministério da Saúde encaminhados para a corte de contas apontam para a existência de estoque de insulina análoga de ação rápida somente até o próximo mês.O Ministério da Saúde disse ao TCU que, diante do insucesso das licitações realizadas na gestão do governo Bolsonaro, optou por realizar a compra direta emergencial do produto, em janeiro deste ano, para impedir o desabastecimento. O chamamento público consta do Diário Oficial do último dia 8 de março.A aquisição por dispensa de licitação visa obter 1,3 milhão de tubetes de insulina de 3 ml para atender o SUS (Sistema Único de Saúde) por cerca de 180 dias.Outra medida adotada pela pasta foi a solicitação de cotação preliminar junto à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em fevereiro deste ano, acerca da possibilidade de fornecimento de 1,3 milhão de tubetes de 3 ml de insulina, com a primeira parcela com entrega prevista para 30 de março e a segunda para 30 de setembro."Estamos avizinhando um quadro de insuficiência de medicamentos para essa doença tão séria e que, pelo que o ministro Vital conseguiu extrair, a partir das nossas diligências, esse estoque durará só até o mês de maio", afirmou o presidente do tribunal, ministro Bruno Dantas, embora os dados do Ministério da Saúde indiquem o risco de desabastecimento já a partir de maio.O relator do caso, ministro Vital do Rêgo, disse que ficou muito preocupado com a situação porque, como médico, sabe das necessidades diárias que o paciente tem com essas doses."Houve 2 fracassos de pregões e o processo de compra direta vai trazer o abastecimento até maio. A ministra da Saúde (Nísia Trindade) esteve hoje (quarta-feira) em meu gabinete e disse que já está em trabalho para receber esses medicamentos de países da Ásia que têm certificação da Anvisa de lá", declarou.A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse à Folha que trabalha para não faltar o medicamento. "Vamos fazer o que for possível a partir dos apontamentos do TCU", disse.Estamos trabalhando para que não falte insulina. Vamos fazer o que for possível a partir dos apontamentos do TCUministra da SaúdeA pasta se comprometeu, segundo o TCU, a informar os estados, municípios e associações sobre a situação em andamento e, também, a analisar a possibilidade de realização de prévio acordo e pactuação entre as esferas de gestão do SUS, com vistas a viabilizar o ressarcimento de insulinas análogas que venham a ser adquiridas pelos estados e pelo Distrito Federal.Nesta quinta (30), o ministério discutiu com o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) a adoção de estratégia de identificar eventuais estoques locais de insulinas análogas, na tentativa de ajustar a distribuição do estoque remanescente do ministério à disponibilidade local e eventual contribuição para suprimento de demanda entre os estados.Esse tipo de insulina foi incorporada ao SUS em 2017 após aprovação da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde).Sociedades e entidades médicas e representativas de pessoas com diabetes não recomendam a substituição da insulina análoga, que corre o risco de faltar, pela insulina humana regular, que pode aumentar o risco de hipoglicemias graves e noturnas, por exemplo.A Sociedade Brasileira de Diabetes disse, em nota, que acompanha com preocupação a declaração do TCU sobre a provável falta de insulina no país a partir do final do mês de abril em alguns estados.O Brasil tem 16,8 milhões de pessoas com diabetes, destes aproximadamente 564.249 têm diagnóstico de diabetes tipo 1 e necessitam de insulina diariamente para sobreviverem."Não sabemos o número de pessoas com diabetes tipo 2 que utilizam insulina, mas acreditamos que em torno de 20% utilizam insulina na saúde pública. Nos colocamos à disposição das autoridades para ajudar no que for possível e alertamos os pacientes e procurarem seus médicos caso não consigam o medicamento", disse.Conforme a Folha publicou no último dia 20, o Ministério da Saúde descartou 999,7 mil canetas de insulina de ação rápida durante a gestão Bolsonaro (PL). Mais Avaliados em quase R$ 15 milhões, os produtos usados para diabetes perderam a validade de setembro de 2020 a junho de 2021. Os lotes eram parte de uma compra de 4 milhões de tubetes, feita em 2018.Associações médicas e de pacientes chegaram a alertar o ministério, antes do fim da validade, que havia excesso de burocracia para ter acesso ao produto.Vital do Rêgo acrescentou que irá monitorar permanentemente a questão e que teve cuidado, em seu voto, para trazer dados para que não houvesse uma corrida nas farmácias por esses medicamentos, além da possibilidade de oneração dos preços, pela oferta e procura.
2023-03-30 18:17:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/03/brasil-corre-risco-de-apagao-de-insulina-e-ministerio-faz-compra-emergencial.shtml
STF tem maioria para derrubar prisão especial para quem tem curso superior
O STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria nesta quinta-feira (30) para derrubar a previsão de prisão especial para as pessoas que têm diploma de ensino superior.O julgamento acontece até o fim desta sexta-feira (31), no plenário virtual, onde os votos são depositados pelos ministros no sistema da corte.O Supremo foi acionado sobre o tema em 2015, pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot. Ele afirmava que o benefício, previsto no Código de Processo Penal, "viola a conformação constitucional e os objetivos fundamentais da República, o princípio da dignidade humana e o da isonomia".O relator do caso é o ministro Alexandre de Moraes, que votou contra o privilégio. Segundo ele, "a ordem constitucional atualmente vigente não mais permite a perpetuação dessa lógica discriminatória e desigual"."Conceder benefício carcerário àqueles que dispõem de diploma de ensino superior não satisfaz nenhuma finalidade constitucional; tampouco implica maior proteção a bem jurídico que já não seja protegido por outras normas", afirmou, em seu voto."[A prisão especial] não protege uma categoria de pessoas fragilizadas e merecedoras de tutela, pelo contrário, ela favorece aqueles que já são favorecidos por sua posição socioeconômica", acrescentou."Embora a atual realidade brasileira já desautorize a associação entre bacharelado e prestígio político, fato é que a obtenção de título acadêmico ainda é algo inacessível para a maioria da população brasileira. A extensão da prisão especial a essas pessoas caracteriza verdadeiro privilégio que, em última análise, materializa a desigualdade social e o viés seletivo do direito penal."Até as 17h desta quinta, seguiram o voto de Moraes seis dos 11 ministros: Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Não votaram, até então, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, André Mendonça e Kassio Nunes Marques. Mais Fachin, ao votar, fez uma ressalva de que devem ser segregados os portadores de diploma de curso superior no caso de "proteção de sua integridade física, moral ou psicológica". Ele foi seguido por Dias Toffoli."Assim, se constatado, pelas autoridades responsáveis pela execução penal, que determinado preso, possuidor ou não de diploma de curso superior, tem tenha sua integridade física, moral ou psicológica ameaçada pela convivência com os demais presos, esse preso ficará segregado em local próprio separado dos demais, como prevê a Lei de Execução Penal em ser art. 84, § 4º", disse Fachin.Em seu voto, ele também destacou que a Constituição estabelece cumprimento de pena em estabelecimentos distintos "de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado"."Entretanto, ao analisar a norma legal impugnada, não verifico correlação lógica entre grau de escolaridade e separação de presos. Não há nada que informe que presos com grau de instrução menor são mais perigosos ou violentos que presos com grau de escolaridade maior ou vice-versa. Nada que diga que inserir no mesmo ambiente presos com graus distintos de escolaridade causará, por si só, maior risco à integridade física ou psíquica desses", disse o ministro.A prisão especial foi instituída em 1937, no governo provisório de Getulio Vargas, segundo a PGR. Ela é válida para portadores de ensino superior que não foram condenados definitivamente.Esse tipo de prisão, segundo o relatório do próprio Moraes no STF, consiste em manter os detidos com diploma "em recintos diferentes daqueles destinados aos presos em geral"."Não se trata de uma nova modalidade de prisão cautelar, mas apenas uma forma diferenciada de recolhimento da pessoa presa provisoriamente, em quartéis ou estabelecimentos prisionais destacados, até a superveniência do trânsito em julgado da condenação penal."Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...
2023-03-30 17:57:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/03/stf-tem-maioria-para-derrubar-prisao-especial-para-quem-tem-curso-superior.shtml
Fugini faz recall de maionese após Anvisa encontrar falhas graves em fábrica
A Fugini anunciou nesta quinta-feira (30) um recall dos lotes de maionese após uma vistoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) constatar a presença de urucum vencido na fabricação do produto.A Folha confirmou junto à empresa que o recall está sendo feito em todos os lotes de maionese fabricados entre 1º de janeiro e 21 de março de 2023, e nos lotes com numeração iniciada por 354, fabricados entre 20 e 31 de dezembro de 2022. A validade dos lotes vai de dezembro de 2023 a março de 2024.Em comunicado, a Fugini afirmou que houve um "erro operacional" e foi adicionado urucum vencido. O ingrediente representa 0,003% da formulação e não representa perigo à saúde, segundo a empresa.Em seu site oficial, a Fugini diz vender maionese em cinco tipos diferentes de embalagens, de 180 gramas a 1,7 kg.O serviço de atendimento ao cliente recomendou aos consumidores que enviem fotos do produto, que estejam visíveis a numeração do lote e a data de fabricação e de validade.Caso o cliente não queira a troca do produto, a devolução do dinheiro será feita por transferência bancária ou via Pix, meio pelo qual a empresa solicita que seja enviada a chave para a transferência do valor. O cliente pode procurar o SAC por e-mail ([email protected]), telefone (0800 702 4337) e perfis no Facebook e Instagram ou preencher o formulário no site da empresa.Na segunda-feira (27), a Anvisa anunciou a suspensão da fabricação, comercialização, distribuição e uso de todos os alimentos da marca Fugini. A decisão foi tomada após vistoria sanitária na fábrica da empresa em Monte Alto (SP).A medida é válida apenas para os produtos em estoque e foi tomada preventivamente. Segundo a agência, a vistoria constatou "falhas graves de boas práticas de fabricação relacionadas à higiene, controle de qualidade e segurança das matérias-primas, controle de pragas e rastreabilidade" que podem impactar na "qualidade e segurança do produto final". A suspensão será válida até a empresa adequar o processo de fabricação às boas práticas, que abrangem desde as condições físicas, higiênicas e sanitárias das instalações da empresa até o controle da qualidade das matérias-primas e do produto final, passando pelo controle de pragas, transporte e armazenamento.A Anvisa recomendou que consumidores e comércios que tiverem os lotes de maionese não utilizem o produto e entrem em contato com a empresa.A Fugini foi criada em 1996 em Monte Alto (SP). Dois anos depois, ela passou a ser fornecedora da marca Cica, conhecida por sua linha de molho de tomate. Em 2003, a Fugini adquiriu a Amendocrem, famosa marca de manteiga de amendoim.A empresa tornou-se conhecida por fabricar molho de tomate pronto em sachê e expandiu o portfólio para pratos prontos, legumes e vegetais em sachê ou enlatados, sopas, condimentos e conservas.Veja abaixo a nota oficial da FuginiA Fugini Alimentos é uma empresa referência no setor de Alimentos, com 25 anos de atuação no mercado nacional e internacional, por vários anos seguidos tem recebido do mercado o reconhecimento de Marca de Molho de Tomate nº 1 do Brasil e Marca de Vegetais nº 2 do Brasil e emprega diretamente em suas fábricas, área comercial, trade marketing e inteligência em todo Brasil aproximadamente 6.000 colaboradores diretos e indiretos. Sempre transparente, vem a público informar que passou por um processo de auditoria em sua planta de Monte Alto que gerou uma ordem para alteração de alguns processos e procedimentos. Mesmo não concordando com algumas alterações determinadas, respeitamos e, rapidamente, alteramos os pontos indicados. Reiteramos que toda nossa linha de produtos segue sendo comercializada normalmente nos pontos de varejo, com a qualidade de sempre. Comunicamos ainda que, de acordo com a Resolução - RE 1.051/2023 Anvisa, publicada em 30 de março de 2023, realizaremos um recall somente da linha maioneses, conforme explicado abaixo: Estamos providenciando um RECALL do produto MAIONESE com marca FUGINI produzida na planta de Monte Alto/SP no período de 20/12/2022 a 21/03/2023, ou seja, cujo prazo de validade seja dezembro de 2023, com número de lote iniciando-se a partir do número 354, e qualquer lote com prazo de validade em janeiro, fevereiro ou março de 2024. Por um erro operacional, esse lote de produtos foi fabricado com adição do ingrediente urucum (agente natural para dar cor ao produto) que representa 0,003% da formulação que estava fora da sua data de validade. Sempre cumprimos com todas as nossas obrigações sociais, legais, trabalhistas, fiscais e tributárias, nos posicionado como uma locomotiva do desenvolvimento do Agronegócio do Brasil e principalmente dos estados de São Paulo e Goiás, e assim pretendemos seguir. Ocupamos hoje a posição 248 no ranking do agronegócio brasileiro divulgada pela revista Globo Rural. Contamos com a compreensão e o apoio de todos que nos acompanharam e estiveram juntos conosco. Continuaremos em frente! Para esclarecimento de dúvidas, entre em contato com o nosso SAC pelo número 0800 702 4337 ou www.fugini.com.br
2023-03-30 17:11:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/fugini-faz-recall-de-maionese-apos-anvisa-encontrar-falhas-graves-em-fabrica.shtml
Brasil deve ter bandeira verde para energia também em 2024, projeta diretor da Aneel
A bandeira verde na conta de energia, que isenta consumidores de taxa extra, pode se estender ao longo de 2024 diante do cenário hidrológico confortável, que elevou substancialmente o nível dos reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de geração de eletricidade do país, disse o diretor da agência reguladora Aneel Hélvio Guerra.Ele também apontou a ampliação da oferta de energia neste ano, especialmente renovável, como fator para a manutenção da bandeira verde, que deve continuar durante todo o ano de 2023.Em entrevista à Reuters nesta semana, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, afirmou que todas as condições atuais apontam para que não haja cobrança adicional na conta de energia dos brasileiros neste ano."O ONS conhece bem esse ambiente, e o ambiente é confortável para 2023 e 2024. Estamos com todos os reservatórios cheios e continua chovendo, o que nos dá esse conforto", disse Guerra, à Reuters.Mais de 60% da energia elétrica gerada no Brasil vem de hidrelétricas."Se tudo funcionar adequadamente, teremos bandeira verde até o fim do ano e, possivelmente, ainda no ano de 2024", adicionou o diretor da autarquia.A previsão é de que os reservatórios das hidrelétricas cheguem ao final do período úmido, em abril, nos melhores níveis de armazenamento desde 2007.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...No Sudeste e Centro-Oeste, onde estão as hidrelétricas com os maiores lagos, a capacidade dos reservatórios deve bater 85% no fim de março, segundo o ONS.As estimativas para o período seco, a partir de abril, também são positivas, com possibilidade de o estoque da água das represas atingir em agosto o melhor patamar em 16 anos, segundo o ONS.A chegada de um novo período chuvoso, em novembro deste ano, contribuiria para uma travessia tranquila de 2023 para 2024.Durante a crise hídrica de 2021, a bandeira vermelha foi acionada diversas vezes, e os valores da cobrança adicional na conta de luz também foram ajustados.O governo criou ainda uma bandeira especial, chamada à época de bandeira de escassez hídrica, para cobrir custos adicionais com o acionamento de usinas térmicas mais caras para garantir o fornecimento de energia.Quando são aplicadas as bandeiras vermelha ou amarela, a conta sofre acréscimos que variam de R$ 2,989 a R$ 9,795 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Quando a bandeira de escassez hídrica vigorou, de setembro de 2021 a 15 de abril de 2022, o consumidor pagava R$ 14,20 extras a cada 100 kWh.A perspectiva agora é de que não haja despacho dessas térmicas mais caras, sendo acionadas apenas aquelas consideradas inflexíveis, disse o diretor da AneelAlém de condições hidrológicas favoráveis, o diretor da Aneel destacou que este ano haverá um incremento na oferta de geração renovável."Temos mais de 20 gigawatts em eólicas no país, temos mais entrando e quantidade alta de fotovoltaica e geração distribuída, que já representa cerca de 9% nossa matriz", declarou Guerra.A geração eólica já tem uma capacidade instalada no país de aproximadamente 25,6 gigawatts, enquanto a fonte solar tem um parque de 27 gigawatts (somando geração própria e distribuída).Segundo a associação Absolar, somente em 2023 devem ser adicionados 10,1 GW em geração solar no país, sendo 5,5 GW de geração distribuída (em telhados e pequenos terrenos). Mais
2023-03-30 18:07:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/brasil-deve-ter-bandeira-verde-para-energia-tambem-em-2024-projeta-diretor-da-aneel.shtml
Meta lança ferramentas para separar anúncios de conteúdo nocivo
A Meta Platforms disse nesta quinta-feira que está lançando um sistema há muito prometido para os anunciantes determinarem onde seus anúncios serão exibidos, em resposta às demandas de anunciantes para distanciar seu marketing de publicações controversas no Facebook e no Instagram.O sistema oferece aos anunciantes três níveis de risco que eles podem selecionar para o posicionamento de seus anúncios, com a opção mais conservadora excluindo a exibição acima ou abaixo de publicações com conteúdo sensível, como representações de armas, insinuações sexuais e debates políticos.A Meta também fornecerá um relatório por meio da empresa de medição de publicidade Zefr mostrando aos anunciantes do Facebook o conteúdo preciso que apareceu perto de seus anúncios e como ele foi categorizado.Samantha Stetson, vice-presidente da Meta para o Conselho de Clientes e Relações Comerciais da Indústria, disse esperar que a companhia introduza controles mais detalhados ao longo do tempo para que os anunciantes possam especificar suas preferências em torno de diferentes questões sociais.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Stetson também disse que os primeiros testes não mostraram uma mudança significativa no desempenho ou no preço dos anúncios colocados usando configurações mais restritivas, acrescentando que os envolvidos nos testes ficaram "agradavelmente surpresos".No entanto, ela alertou que a dinâmica de preços pode mudar, dada a natureza baseada em leilão do sistema de anúncios da Meta e a redução no estoque associada a quaisquer restrições.Os controles estarão disponíveis inicialmente nos mercados de língua inglesa e espanhola, com planos de expandi-los para outras regiões —e para os formatos de anúncios em Reels, Stories e vídeos da empresa— ainda neste ano.A Meta Platforms está estudando mudanças em suas políticas sobre veiculação de anúncios de cunho político e personalizados para usuários na Europa, de acordo com reportagens da mídia, para limitar o impacto das próximas regulações da União Europeia sobre seus negócios.Os executivos da Meta estão discutindo a proibição de anúncios políticos online na Europa devido a preocupações de que o Facebook e o Instagram não consigam cumprir novos regulamentos da UE, publicou o Financial Times nesta quinta-feira.Os executivos temem que a definição de anúncios políticos sob os planos da UE seja tão ampla que será mais fácil recusar todas as campanhas políticas pagas nos sites da empresa, disse a reportagem, citando duas fontes informadas sobre as discussões.Enquanto isso, o Wall Street Journal publicou que a Meta pode permitir que os usuários europeus do Facebook e do Instagram optem por não receber determinados anúncios altamente personalizados e oferecer uma versão de seus serviços que os direcionaria apenas para anúncios baseados em categorias abrangentes.Em dezembro do ano passado, a Comissão Europeia alertou a Meta de que a empresa estava violando as leis antitruste da UE ao impor condições comerciais desleais a serviços concorrentes de anúncios classificados online.A Meta não respondeu aos pedidos da Reuters para comentar as duas reportagens. Mais
2023-03-30 17:14:00
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https://www1.folha.uol.com.br/tec/2023/03/meta-lanca-ferramentas-para-separar-anuncios-de-conteudo-nocivo.shtml
Carta de Musk e cientistas sobre pausa na IA gera debate
A carta pública assinada pelo magnata Elon Musk e por centenas de especialistas para interromper o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) provocou um debate entre acadêmicos nas redes nesta quinta-feira (30).Os vertiginosos avanços da IA levaram Musk, fundador da gigante dos carros elétricos Tesla e atual dono do Twitter, a assinar essa carta, diante do que ele chama de "dramática perturbação econômica e política (especialmente para a democracia) que a IA causará".Apesar de a carta, publicada no site futureoflife.org, ter sido assinada por pensadores independentes, como o historiador Yuval Noah Harari, ou o cofundador da Apple, Steve Wozniak, alguns acadêmicos protestam contra o que consideram uma má interpretação da discussão.Timnit Gebru, uma pesquisadora especializada em ética da inteligência artificial, escreveu um artigo acadêmico que foi citado na carta e manifestou sua insatisfação com o uso que se fez do texto."Eles basicamente dizem o contrário do que dissemos e citamos em nosso artigo", critica.A outra autora do artigo, Emily Bender, descreve a carta aberta como uma "confusão"."Nos últimos meses, vimos laboratórios de IA se lançarem em uma corrida descontrolada para desenvolver e implantar cérebros digitais cada vez mais poderosos que ninguém, nem mesmo seus criadores, pode entender, prever, ou controlar com segurança", dizem Musk e os especialistas.A newsletter da Folha com o que interessa sobre a indústria de games e com as dicas do que você ainda vai jogar.Carregando...O diretor da Open AI, que projetou o ChatGPT, Sam Altman, admitiu que tem "um pouco de medo" de que seu algoritmo seja usado para "desinformação em larga escala, ou para ciberataques".As acadêmicas Gebru e Bender afirmam, no entanto, que o perigo da IA é "a concentração de poder nas mãos de pessoas, a reprodução de sistemas de opressão, o dano ao ecossistema da informação".Um dos signatários da carta aberta, Emad Mostaque, fundador da empresa britânica Stability AI, afirmou se retratar da demanda de uma moratória de seis meses."Não acho que um hiato de seis meses seja a melhor ideia", disse ele no Twitter. Mais
2023-03-30 17:26:00
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https://www1.folha.uol.com.br/tec/2023/03/carta-de-musk-e-cientistas-sobre-pausa-na-ia-gera-debate.shtml
Ford fecha acordo de US$ 4,5 bi para fábrica de materiais de baterias de veículos elétricos
A Ford fechou acordo com a PT Vale Indonésia e a chinesa Zhejiang Huayou Cobalt para serem parceiras em uma unidade de processamento de níquel de US$ 4,5 bilhões na Indonésia, disseram as empresas na quinta-feira (30).O investimento é o primeiro da Ford no país do sudeste asiático, e sinaliza o crescente interesse das montadoras por matérias-primas utilizadas na produção de baterias para veículos elétricos, que representam cerca de 40% do preço de etiqueta deste tipo de automóvel.O objetivo da montadora é cortar custos e, assim, fechar uma lacuna frente à líder do mercado de veículos elétricos Tesla. A Indonésia, que possui as maiores reservas de níquel do mundo, vem tentando desenvolver o processamento para o metal bruto, a fim de produzir baterias e veículos elétricos.A unidade de lixiviação ácida de alta pressão (HPAL) proposta estará localizada em Pomalaa, no sudeste de Sulawesi, onde a Vale opera uma mina de níquel.As mineradoras Vale e Huayou iniciaram a construção da planta em novembro e a operação comercial está prevista para começar em 2026.Febriany Eddy, presidente-executiva da Vale Indonésia, disse que o acordo é único por trazer a montadora dos Estados Unidos para um negócio 'upstream' de níquel.A Vale disse que tem 30% de participação no projeto, sendo o restante controlado pela Ford e pela Huayou.As empresas não informaram quanto a montadora vai investir na usina, que deverá produzir 120 mil toneladas por ano de precipitado de hidróxido misto, material extraído do minério de níquel para uso em baterias de veículos elétricos."A Ford pode ajudar a garantir que o níquel que usamos em baterias de veículos elétricos seja extraído, produzido dentro dos mesmos padrões ESG [governança ambiental, social e corporativa] como parte de nossos negócios em todo o mundo", disse Christopher Smith, diretor de assuntos governamentais da Ford, na cerimônia de assinatura.O governo da Indonésia proibiu as exportações de minério de níquel não processado desde 2020 para garantir o fornecimento aos investidores existentes e potenciais, enquanto também corteja fabricantes globais de veículos elétricos, como a Tesla e o BYD Group da China, para investirem no país.
2023-03-30 15:33:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/ford-fecha-acordo-de-us-45-bi-para-fabrica-de-materiais-de-baterias-de-veiculos-eletricos.shtml
Agro volta a criticar governo após fala de Jorge Viana na China sobre desmatamento
O agronegócio reagiu fortemente às declarações do presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Jorge Viana, feitas num seminário em Pequim, na China, sobre desmatamento na Amazônia. "Contrassenso" e "sem propósito" foram algumas das expressões usadas por ruralistas para definir a fala.Setor que é forte crítico ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por conta do que qualificam como insegurança jurídica no campo com as recentes invasões de terra e por ver danos com a reforma tributária em discussão, o agro afirma que a declaração de Viana num seminário da missão do governo no país asiático prejudica a economia brasileira."Oitenta e quatro milhões de hectares foram desmatados nos 50 anos últimos. E para que essas áreas estão sendo usadas? [...] Temos 67 milhões de hectares para pecuária, 6 milhões de hectares para a produção de agricultura e grãos, 6 milhões, de 84", disse Viana.A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) classificou o posicionamento de Viana como um "contrassenso" aos objetivos da agência e levou a queixa aos ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Carlos Fávaro (Agricultura).No documento, assinado pelo presidente João Martins, a CNA afirma que a missão da Apex é promover as exportações e atrair investimentos para setores como o agro."Nesse contexto, a manifestação da Apex-Brasil, desabonando o setor que contribuiu, no último ano, com 47% das exportações brasileiras, soa, no mínimo, como um contrassenso aos objetivos da entidade", diz a CNA. Mais A confederação ainda afirma que metade da área preservada de vegetação nativa no país está em imóveis rurais e que só 7,8% do território são ocupados por lavouras, "percentual muito abaixo do apresentado por países como Estados Unidos, Alemanha, França e Índia".Presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), disse que a fala foi "irresponsável" e "sem propósito".A frente publicou um longo comunicado lamentando o posicionamento de Viana, em que diz que é "intangível o estrago que um porta-voz brasileiro, responsável pela promoção das exportações, faz ao se permitir macular toda a pesquisa, tecnologia e precisão implantados pelo setor agropecuário, numa premissa ultrapassada desprovida de informações científicas e oficiais"."Importante registrar que exportamos para mais de 200 países com qualidade, eficiência e atendemos a todos os protocolos sanitários, ambientais e de mercado. O estrago vai além dos produtos agropecuários e atinge diretamente a imagem brasileira perante o mercado internacional", diz a frente.Na última segunda-feira (27), em Rio Verde (GO), o agro já tinha mirado o governo Lula ao criticar, na abertura da Tecnoshow Comigo, as atuais taxas de juros, a reforma tributária, a falta de informações sobre o Plano Safra e as recentes invasões de terra protagonizadas por movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).Num evento sem a participação de integrantes do governo federal, não houve nenhuma menção ao nome de Lula e sobraram críticas até ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil), histórico integrante da bancada ruralista –por ter criado em Goiás uma contribuição sobre produtos agrícolas que ficou conhecida como "taxa do agro".
2023-03-30 16:53:00
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BBB 23: Equipe médica é chamada para atender Fred Nicácio
Uma nova semana de jogo começa no BBB 23 e tentar fugir do Paredão tem sido uma preocupação dos brothers e sisters. Na manhã desta quinta-feira (30), enquanto ficava de plantão em pé perto de uma dos pontos do Big Fone, Fred Nicácio começou a reclamou de dores nas costas. O médico contou para os aliados Ricardo Camargo, Sarah Aline e Cezar Black que acreditava ter torcido o pescoço durante a festa do líder na noite anterior."Senti uma dor na hora no pescoço. Passou. Depois, fui tomar banho quente e passei um medicamento no local antes de dormir, mas acordei me sentindo travado nas costas. Só que agora estou começando a sentir uma dormência no braço", disse Fred. Logo em seguida, o participante então resolveu pedir um atendimento médico no confessionário.Assim que voltou da consulta, Fred revelou o diagnóstico recebido. "Acontece direto comigo, só que, quando eu tenho isso, eu resolvo com quiropraxia. Aqui não deu certo. Aí a médica veio e já me examinou. Ela disse que está tensionado o nervo e me deu remédio. Agora é esperar resolver. Mas vai melhorar, eu tenho fé". Mais Mesmo com dores, Fred avisou aos aliados do Quarto do Fundo do Mar que estava ligado nas conversas das rivais no outro ponto do Big Fone na área externa da casa. Ele contou que conseguiu ouvir algumas informações importantes de Bruna Griphao, Larissa, Aline Wirley e Amanda Meirelles. "Eu ouvi o nome da Domi, não entendi o contexto. Depois ouvi o nome do Facinho. O Facinho, foi a Bruna quem falou, eu acho", disse ele. "Acredito que elas estão pensando no voto entre eles [Domi e Ricardo]. Quem elas colocam, se ganharem o Líder", analisou a sister", analisou Sarah.
2023-03-30 17:00:00
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'Ele estava com raiva do mundo', diz professora ferida por aluno em ataque
A professora Ana Célia Rosa, 58, gravemente ferida pelo adolescente de 13 anos autor do ataque na escola estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, atribui a violência do episódio a um sentimento de "raiva do mundo" que o aluno nutria.O ataque realizado na segunda (27) terminou com uma professora morta. Para Ana Célia, o adolescente agressor é também uma vítima."Ele estava com raiva do mundo, não era de mim", disse a professora nesta quinta (30), após prestar depoimento no 34º DP (Vila Sônia), que investiga o caso. "Ele é só uma criança, ele é uma vítima do sistema."Antes do crime, o adolescente deixou uma carta para a família na qual pede desculpas. No bilhete, endereçado à mãe, ao irmão, à tia e à avó, o jovem indica que bullying, tristeza e ódio o levaram a fazer "uma besteira".Ana Célia dá aulas de história para duas turmas do nono ano da escola Thomazia Montoro e não era professora do agressor, que cursa o oitavo ano. Ela disse que não se sentiu um alvo preferencial. Para ela, qualquer um que estivesse ali em seu lugar seria atacado. "Acho que foi aleatório, mesmo. Quem ele pegasse, ele machucaria."A docente contou que, assustada com a correria de alunos durante o ataque e com a intenção de socorrer a colega caída no chão —a professora Elisabeth Tenreiro, 71, morreu esfaqueada—, não percebeu que o jovem usava uma máscara de caveira nem que ele se aproximava para golpeá-la.No chão e atingida na perna, ela viu quando a professora de educação física Cinthia Barbosa entrou na sala e imobilizou o agressor. "Eu só reconheci o rosto dele, o rostinho dele, na hora que a coordenadora tirou a máscara." Mais Questionada sobre o que sente em relação ao garoto que a esfaqueou, a professora respondeu que sente "dó". Sobre o retorno às aulas, ela disse que pretende voltar a trabalhar no dia 10 de abril.Ana Célia foi a última professora ferida a falar com a polícia. No total, cerca de 40 pessoas já foram ouvidas na investigação.Por fim, a professora criticou a exibição de imagens do ataque. Segundo ela, a divulgação de cenas como essas pode motivar outros jovens a praticarem ataques e atos de violência, visão que é compartilhada por especialistas.Nesta quinta, a Polícia Civil também deu início a uma nova frente de investigação após a autorização da Justiça para a quebra dos sigilos telemático e telefônico de aparelhos eletrônicos usados pelo agressor.Os investigadores terão acesso aos dados do aparelho celular do adolescente e de um HD externo e do videogame Xbox apreendidos na casa da família. Eles apuram, por exemplo, se o jovem teve ajuda ou incentivo de colegas para cometer o crime. Mais
2023-03-30 16:40:00
cotidiano
Cotidiano
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Cultivo de laranjas na Flórida vive forte crise e Brasil aumenta exportações
Há cinco gerações a família de Vernon C. Hollingsworth tem como empreendimento o campo de 1.700 hectares de laranjais em Arcadia, oeste da Flórida. Além do orgulho, este agricultor também sente preocupação desde setembro, quando a passagem do furacão Ian destruiu sua safra."Eu perdi entre 95 e 97% da minha colheita", lamentou Hollingsworth. "Vamos ter que replantar e precisaremos de ajuda para isso".O segundo maior produtor mundial de suco de laranja, atrás do Brasil, este estado já enfrentava outra crise há 17 anos: o Huanglongbing (HLB) —doença dos cítricos causada por uma bactéria transmitida pelo inseto psilídeo asiático.Quando uma árvore é infectada por esta bactéria, seus frutos ficam amargos e impróprios para venda. Grande parte das espécies morrem em poucos anos.A crise provocada pelo furacão Ian e a doença deixaram a indústria seca.A produção de laranjas na Flórida durante esta temporada será de 16,1 milhões de caixas de 40,8 quilos, 60,7% menor que na temporada anterior e uma das mais baixas desde 1930, segundo uma estimativa do Departamento de Agricultura americano.De acordo com os cálculos da Universidade da Flórida, o furacão provocou perdas de US$ 1,03 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) para a agricultura estatal, sendo US$ 247,1 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) apenas no setor dos cítricos.A situação é especialmente dolorosa para Hollingsworth, já que, antes do furacão Ian, a temporada parecia ser promissora.O agricultor havia começado a injetar em suas laranjeiras dois tratamentos bactericidas aprovados pelas autoridades americanas contra o HLB."Com os novos tratamentos, vi que (as laranjeiras) podiam florescer e crescer como antes. E estávamos trabalhando nisso. Para os cítricos da Flórida, esse furacão não poderia acontecer no pior momento", diz o agricultor.Além dos trabalhadores sazonais, sua empresa possui cerca de 50 pessoas contratadas em tempo integral. No entanto, enfrenta meses difíceis.Os lucros de uma colheita permitem a produção da próxima, entretanto neste ano ele quase não teve renda. O seguro não pagou o suficiente pelos danos e cada árvore replantada levará quatro anos para dar frutos, explica Hollingsworth.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Ele afirma que "é muito difícil. Eu tento fazer o melhor que posso, mas seria incrível conseguir ajuda (do estado da Flórida ou do governo federal). Realmente precisamos muito disso".A diretora de pesquisa econômica e mercado do Departamento de Cítricos da Flórida —agência estatal responsável pelo setor—, Marisa Zansler garante que eles trabalham para ajudar os agricultores a plantar árvores.A diretora afirmou que a iniciativa é fundamental para fortalecer a indústria cítrica, que contribui com US$ 6,9 bilhões (cerca de R$ 35,5 bilhões) para a economia da Flórida e gera mais de 32.500 empregos.Enquanto esperam a ajuda, o preço do suco de laranja dispara nos supermercados americanos e o Brasil se aproveita da situação.O Brasil exportou 240 mil toneladas deste produto para os Estados Unidos nesta temporada, 82% a mais que na temporada anterior, segundo dados oficiais.Apesar dos problemas, Hollingsworth não perde as esperanças em Arcadia. Ele está convencido de que, se superar este baque, o futuro será brilhante, principalmente com os tratamentos contra o HLB.Ele não tem outro plano, de qualquer maneira. "Vou continuar com isso", diz ele, "não sei fazer outra coisa". Mais
2023-03-30 16:50:00
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Fora do BBB 23, Fred diz que vai adotar novo nome
O ex-BBB Fred foi parar nos Trendings Topics do Twitter nesta quinta-feira (30) após contar nas redes que quer adotar um novo nome. O jornalista quer ser conhecido como "Fred Bruno", uma mistura do nome artístico e do nome real.Em conversa nas redes sociais, Fred revelou que o período no BBB 23 o fez refletir sobre si mesmo, o fezendo juntar "Bruno" ao nome artístico. "O Fred só é o que é por conta de toda trajetória do Bruno, do que o Bruno batalhou. O Fred ajuda a realizar os sonhos que o Bruno batalhou tanto para que fossem realizados", disse.O nome artístico foi dado por que o apresentador foi considerado parecido com o ex-jogador do Fluminense de mesmo nome. Já no programa, "Fred Bruno" era usado para o diferenciar do participante Fred Nicácio. Mais Já os internautas não aceitaram nem um, nem outro. Nas redes sociais, a maioria dos usuários diz que "Fred Desimpedidos" é o melhor nome dado ao ex-BBB. "Alguém avisa ao Fred Desimpedidos que o sobrenome dele é Desimpedidos, e não Bruno", desse um usuário de Twitter. A referência é ao canal no youtube de conteúdos sobre futebol que Fred apresenta."Boco Roso" também é mais um nome adorado pelo público, que associa Fred ao relacionamento com Bianca Andrade, conhecida como "Boca Rosa". A influencer chegou a se referir à família formada por ela, Fred e Cris, filho do ex-casal, como "Boca Family".
2023-03-30 15:11:00
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Como Ju Massaoka foi de quase demissão a queridinha de Ana Maria Braga no Mais Você
A repórter Ju Massaoka, 33, está acostumada a tirar Ana Maria Braga, 73, da zona de conforto. É ela a responsável pelas gargalhadas que a apresentadora dá enquanto faz dancinhas ou tenta executar desafios que estão bombando na internet no quadro Feed da Ana, do Mais Você (Globo). Porém, por pouco tudo isso não aconteceu.Em entrevista ao F5, Ju revela que já havia decidido pedir demissão da emissora e mudar de país. Só que os rumos da vida dela foram completamente alterados após ela receber uma oportunidade de aparecer no vídeo."Em 2019, eu estava tentando migrar da área de tecnologia, onde trabalhava, para a produção dos programas da casa. Fiz processos seletivos e nunca deu certo. Decidi que queria encerrar a carreira na Globo. Me casaria no início do ano seguinte, e meu marido é do Canadá. Só que meu chefe na época pediu para eu segurar o desligamento", relembra. Pouco depois, veio a pandemia. Mais Com isso, todas as fronteiras do Brasil para os países da América do Norte foram fechadas. Era março de 2020 e ninguém sabia quanto tempo a proliferação de um vírus até então meio desconhecido iria durar. O Mais Você saiu do ar por tempo indeterminado, dada a importância de colocar na programação um programa que tentasse elucidar o que acontecia no país e no mundo.Recém-casada (a cerimônia foi em fevereiro daquele ano), Ju não conseguia curtir o início da nova fase e começou a ter de lidar com a distância do marido. "Teve crise no meu casamento, pois ficamos um ano e oito meses sem nos ver. Depois de tanto tempo, demos uma 'estranhada' quando nos encontramos, o reencontro foi esquisito, tivemos que partir para uma terapia de casal online. No fim, decidimos continuar firmes, pois o sentimento ainda existia. Foi uma montanha-russa", desabafa.Em paralelo a esse turbilhão de coisas na vida pessoal, a produção do programa matutino continuava a fazer reuniões e pautas, mesmo sem saber quando e se voltaria ao ar, e foi em uma delas que tudo começou a mudar para a jornalista com o sonho de virar repórter.Meses depois, o Mais Você se tornava um quadro nos 15 minutos finais do Encontro, então com apresentação de Fátima Bernardes. Em uma das edições, Ju acabou por ir para a frente do vídeo em uma primeira reportagem especial sobre a situação que ela mesma vivia: pessoas que não conseguiam ver quem queriam por causa do coronavírus."Deu uma baita audiência, e o que era para ser uma despedida virou um início. Viram que eu me dava bem na tela e quiseram que eu falasse sobre atualidades da internet durante um minuto com a Ana Maria ao vivo. Por conta da minha relação com ela, o que era para ser 60 segundos virou dois blocos. Foi então que minha vida mudou e eu decidi ficar na Globo", conta.Hoje, três anos depois, Ju Massaoka é uma das poucas pessoas que conseguem "trocar a chavinha" de Ana Maria e fazê-la se divertir como criança durante o quadro. Apesar de haver um roteiro de vídeos que elas devem chamar e comentar no ar, há também muito improviso. Ao vivo, ambas já dançaram "Envolver" com direito ao passo dançado no chão, fizeram guerra de bolinhas e apostaram corrida no estúdio."Acho legal ela se permitir ao meu lado, fazer coisas que não se espera pelo porte dela. Quando eu era pequena, em Curitiba (PR), uma das oportunidades de me divertir era quando minha avó assista comigo as charadinhas da Ana e do Louro no Note e Anote (Record, 1993-1999). Olha as voltas que a vida dá", comemora.A fama construída por Ju Massaoka fez com que a repórter do Mais Você, que nunca teve medo de se expor, usasse essa característica fora dos holofotes. Diagnosticada com lipedema, uma condição na qual ocorre o acúmulo localizado de gordura, principalmente nas pernas e tornozelos, ela decidiu mostrar o corpo nas redes sociais e alertar outras pessoas sobre as causas e consequências disso."Resolvi compartilhar depois que vi que minhas redes ganharam um alcance maior. Sempre tive plano de saúde, vou a todos os médicos que posso e nunca havia ouvido sobre essa condição que causa dor crônica e cansaço. Quis alertar. Já fiz dietas malucas e tive problemas de autoimagem, e agora me aceito mais", diz.A iniciativa teve um retorno bastante positivo. "Muitas meninas me escrevem, pois descobriram comigo o que tinham. É como se saísse um peso das costas. Tenho construído uma rede de apoio", conclui.
2023-03-30 15:00:00
celebridades
Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/03/como-ju-massaoka-foi-de-quase-demissao-a-queridinha-de-ana-maria-braga-no-mais-voce.shtml
Fight with Secos e Molhados Threatens Series about The Group Made with Public Money
The production company Santa Rita Filmes has filed a lawsuit against musician João Ricardo after he banned the use of five songs by Secos e Molhados in a documentary that would be released to be broadcasted on Canal Brasil by August, the month when the band's first album turns 50, but now the series runs the risk of being shelved. João did not authorize the use of classic songs such as "Fala", "Sangue Latino" and "O Vira" in the four-episode series, named "Primavera nos Dentes" and based on the book of the same name that tells the history of the band, published about 3 years ago.The production company argues that the ban makes the documentary unfeasible because the songs help to explain the impact that the band had on Brazilian culture. Folha sought out the singer and composer, but he declined to comment.João Ricardo's lawyers say in the lawsuit that the denial was given because the book that originated the series portrays him as a villain and responsible for the end of the band, an image that could be reinforced in the audiovisual production.If the series is not broadcasted, the production company would be indebted to Ancine, the National Film Agency.This is because the project has been financed by the Regional Development Bank of the Extreme South, whose resources came from the Audiovisual Sectorial Fund, one of the mechanisms for promoting culture in the country. In the lawsuit, the production company says that the debt could put its survival at risk. The project received a contribution of R$ 1.6 million and spent R$ 1.2 million.Translated by Cassy DiasRead the article in the original language
2023-03-30 13:35:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/internacional/en/culture/2023/03/fight-with-secos-e-molhados-threatens-series-about-the-group-made-with-public-money.shtml
Projeto de arcabouço fiscal deve ir ao Congresso na próxima semana; veja o passo a passo
O texto do projeto de lei da nova regra fiscal ainda não está pronto e começa a ser redigido após a validação da proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (29).Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a previsão é que a minuta seja concluída ao longo dos próximos dias para ser apresentada oficialmente ao Congresso na semana que vem."Se aparecer alguma questão que ainda não foi endereçada, nós temos tempo de resolver até o encaminhamento para o Congresso Nacional, porque ela começa a ser redigida depois da decisão que o Presidente tomou ontem. As equipes já estão mobilizadas para isso. Na semana que vem não tem sessão na Câmara e no Senado, então nós vamos aproveitar esse momento para mandar o texto mais claro e transparente que possa ser redigido", disse o ministro.Com o texto protocolado, o governo poderá incorporar as novas regras à proposta de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2024, a ser apresentada até 15 de abril.O projeto da nova regra, por sua vez, iniciará a tramitação pela Câmara dos Deputados, onde deve ser analisado nas comissões e depois pelo plenário. Se aprovado, o texto seguirá para o Senado.Se o Senado alterar a versão aprovada na Câmara, o projeto voltará para o plenário dos deputados, que terão a palavra final sobre o conteúdo.Após a entrega do projeto de novo marco fiscal ao Congresso, o governo pretende apresentar um pacote de medidas do lado da arrecadação."Temos muito trabalho. Depois desta lei complementar, que segue na semana que vem ou na próxima para o Congresso, nós temos um conjunto de medidas saneadoras [elevar a arrecadação]", afirmou Haddad ao anunciar as bases do novo marco fiscal. Mais Onde começará a tramitação?Por se tratar de um projeto de lei complementar encaminhado pelo Poder Executivo, o texto começará a tramitar na Câmara dos Deputados. A Casa terá a palavra final sobre o conteúdo, caso o Senado promova alterações durante a apreciação.Por onde a proposta de regra fiscal pode passar na Câmara?Um projeto de lei complementar normalmente é encaminhado para análise das comissões especializadas em temas contemplados pela proposta —chamadas comissões de mérito. Há ainda as comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça, que podem analisar o mérito e/ou a admissibilidade dos projetos de lei complementar, isto é, se eles estão de acordo com regras orçamentárias e preceitos constitucionais. Todos devem passar também pelo plenário.O projeto pode ir para uma comissão especial?Projetos que tratam de assuntos relativos a mais de três comissões de mérito são enviados para uma comissão especial, que substitui todas as outras.Pode tramitar em regime de urgência?O plenário pode aprovar um requerimento para que o projeto de lei complementar passe a tramitar em regime de urgência. Geralmente, isso depende de acordo de líderes. O presidente da República também pode solicitar urgência para votação de projeto de sua iniciativa. Nesse caso, a proposta tem que ser votada em 45 dias, ou passará a bloquear a pauta da Câmara dos Deputados ou do Senado (a depender de onde estiver no momento).Como funciona o regime de urgência?Projeto em regime de urgência pode ser votado rapidamente no plenário, sem necessidade de passar pelas comissões. Os relatores da proposta nas comissões dão seu parecer durante a sessão no plenário. O texto é lido na tribuna, e há possibilidade de votação imediata.O que é preciso para a proposta ser aprovada no Congresso?Projetos de lei complementar exigem maioria absoluta de votos favoráveis, isto é, mais da metade dos integrantes de cada Casa. Isso significa reunir ao menos 257 votos na Câmara e 41 votos no Senado.Qual é o percurso final da tramitação?Um projeto de lei complementar enviado pelo Executivo é apreciado primeiro pela Câmara dos Deputados. Em seguida, o texto segue para o Senado. Caso não haja mudanças, o texto vai à sanção presidencial.No entanto, se os senadores fizerem modificações no texto, o projeto retorna para a Câmara, que terá palavra final —os deputados podem acatar as mudanças dos senadores ou restituir o texto originalmente aprovado na Câmara. Após nova votação, o texto é remetido à sanção do presidente da República.O chefe do Executivo tem 15 dias úteis para sancionar o projeto integral ou com vetos parciais em alguns dispositivos, ou ainda vetá-lo totalmente. Todos os vetos passam pela validação do Congresso, que pode derrubá-los mediante maioria absoluta de deputados (257) e senadores (41).
2023-03-30 13:34:00
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Cléber Machado assina com a Record
O narrador Cléber Machado acaba de ser oficializado como novo locutor da Record. Ele vai ser o responsável por transmitir as partidas finais do Campeonato Paulista nos dias 2 e 9 de abril entre Palmeiras e Água Santa.Como ele, estará o time de comentaristas composto por Lucas Pereira, Dodô, Renato Marsiglia, Márcio Canuto, Mylena Ciribelli, Roberto Thomé, Bruno Picinatto, Jean Brandão e Janice de Castro."A chegada do Cléber para narrar as finais do Paulistão 2023 reforça ainda mais a transmissão de um campeonato que teve resultados superlativos em audiência e repercussão para os amantes do futebol. Com seu talento e originalidade, o espectador/torcedor pode ter certeza de um grande show", explica Antonio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo do Grupo Record. Mais Na última quarta-feira (22), o contrato com o narrador foi encerrado na Globo. O profissional estava na emissora havia 35 anos, desde 1988.Cléber era um dos principais nomes do canal carioca e costumava fazer as narrações de jogos dos times paulistas em diversos campeonatos, além de atuar em outras modalidades esportivas.À Folha, o narrador afirmou que não gostaria de fazer comentários no momento. Apenas deixou claro que não pretende encerrar a carreira e que iria em busca de novas oportunidades.Dias depois do desligamento, Galvão Bueno gravou uma mensagem para o ex-parceiro o chamando para trabalhar. "Cléber, vou te ligar, quero você comigo", avisou Galvão em vídeo registrado a pedido do Programa de Todos os Programas, apresentado por Flávio Ricco e Dani Bavoso no portal R7, do grupo Record. A cena foi ao ar no fim de tarde desta terça (28), durante conversa ao vivo com Cléber.
2023-03-30 14:54:00
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União Europeia aprova lei para combater desigualdade salarial por gênero
Após dois anos em tramitação, o Parlamento Europeu aprovou, nesta quinta (30), uma nova legislação para combater a desigualdade de salários entre mulheres, homens e pessoas não binárias em todos os 27 membros da União Europeia.Considerado um passo histórico, o pacote impõe medidas de transparência a empresas dos setores privado e público, com previsão de aplicação de multas. Os países têm até três anos para adotar as regras.Chamada de Diretiva de Transparência Salarial, a lei, de iniciativa da Comissão Europeia, braço executivo do bloco, exige que empresas com mais de cem funcionários divulguem relatórios periódicos sobre a disparidade salarial detalhada por gênero. Os países podem, por meio de leis nacionais, estender a regra a empresas menores.Se diferenças salariais de ao menos 5% forem detectadas entre os gêneros dentro das mesmas categorias, sem justificativas objetivas, os empregadores precisarão realizar uma revisão junto com representantes dos funcionários.O texto foi aprovado em Bruxelas por 427 votos a favor, 79 contra e 76 abstenções."Com essa diretiva, garantimos o direito à informação aos cidadãos e, finalmente, teremos a legislação de que necessitamos para combater a discriminação salarial", afirmou a eurodeputada holandesa Samira Rafaela, uma das relatoras do projeto. "Com esse voto, abolimos o sigilo sobre pagamentos. Fortalecemos os direitos dos trabalhadores e pedimos aos empregadores que relatem e corrijam suas diferenças salariais", disse a dinamarquesa Kira Peter-Hansen, também relatora.Segundo dados de 2021, os homens ganham, em média, 12,7% a mais do que as mulheres na UE. A maior disparidade é encontrada na Estônia, com 20,5%, e a menor, em Luxemburgo, onde as mulheres recebem um pouquinho a mais que os homens (0,2%). Diversos países, como França, Portugal e Espanha, já têm ações em vigor para combater disparidade de gênero, mas, a partir de agora, os 27 do bloco deverão aplicar e cumprir as mesmas normas.Caberá a cada governo nacional, na fase de implementação da diretiva europeia, definir as sanções para as empresas que não respeitarem a legislação. O texto da UE não indica valores, mas prevê multas entre as medidas "eficazes, proporcionadas e dissuasivas". Se um funcionário se sentir prejudicado por discriminação salarial, poderá pedir indenização. Cada país deve estabelecer qual órgão nacional vai exercer o controle da aplicação da lei. Mais Outro tópico faz referências às disputas salariais travadas judicialmente. Se o funcionário alegar que o princípio da igualdade não foi respeitado, o ônus da prova caberá à empresa. Além dos relatórios periódicos das companhias, funcionários têm o direito de solicitar e receber informações sobre salários pagos dentro da sua própria categoria, de acordo com sexo. Os relatórios também deverão indicar a proporção de trabalhadores femininos e masculinos em cada faixa salarial.No debate que precedeu a votação em Bruxelas, nesta manhã, o tom de celebração foi quebrado por eurodeputados que se opuseram à legislação, como a espanhola Margarita de la Pisa Carrión, do partido ultradireitista Vox, que classificou a diretiva uma "demagogia de esquerda" que vai resultar em um ambiente de trabalho negativo. "É uma diretiva-slogan que não pretende ajudar a mulher, mas sim introduzir ideologia de gênero em nossas leis."Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...A Comissão Europeia intensificou o combate à desigualdade salarial a partir de 2014, com recomendação de transparência dentro das empresas, considerada mais tarde insuficiente. Ao assumir o cargo, em dezembro de 2019, Ursula von der Leyen incluiu o tema entre suas prioridades e, dois anos mais tarde, apresentou a proposta de lei aprovada agora.No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, na celebração do Dia da Mulher, o projeto de lei 1.085/2023, que determina a publicação de relatórios de transparência salarial por empresas com 20 ou mais funcionários, com previsão de fiscalização e multa com valor equivalente a dez vezes o maior salário da empresa. O texto está em tramitação no Congresso.Transparência Empresas terão que fornecer, a pedido do funcionário, informações sobre níveis salariais dentro da sua categoria, com detalhes por gênero. Firmas com mais de 100 funcionários devem apresentar relatórios periódicos sobre desigualdade salarial.Correção Se o relatório mostrar uma disparidade salarial por gênero de 5%, empregadores deverão conduzir uma revisão juntamente com representantes dos funcionários.Fiscalização Cada país deve definir qual órgão vai apoiar a implementação e atuar no controle do cumprimento das regras.Punição Caberá aos países definir como serão as sanções para quem não cumpre a nova legislação, com penalidades "eficazes, proporcionadas e dissuasivas", como multas. A UE não indica valores, mas prevê esse tipo de sanção.Reparação Se um funcionário se considerar vítima de discriminação salarial por gênero, terá o direito de pedir uma indenização.Nos tribunais Se uma discriminação salarial por gênero for contestada pelo funcionário na Justiça, caberá à empresa comprovar o contrário.Implementação O texto aprovado será ratificado pelo Conselho Europeu e entrará em vigor 20 dias após a publicação no Diário Oficial da UE. Os países terão até três anos para aplicar as regras.
2023-03-30 14:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/ue-aprova-legislacao-contra-desigualdade-salarial-por-genero.shtml
Student who Killed Teacher Missed Two Psychiatric Appointments, Says City Hall
The 13-year-old student who killed a teacher on Monday (27) missed two psychiatric consultations scheduled at the request of the school unit where he studied before being transferred to the state school Thomazia Montoro, in Vila Sônia, in the west zone of São Paulo.The Guardianship Council told Folha that it had been summoned by the José Roberto Pacheco state school, in Taboão da Serra, in the surrounding area of São Paulo, on February 28 of this year. That same day, a female employee of the unit filed a police report reporting the young man's suspicious behavior on social media. The female civil servant told the police that the student had posted videos carrying firearms and simulating violent attacks and that he forwarded messages and photos of weapons to students through WhatsApp, which caused fear in parents.The Department of Public Security stated that, after collecting the employee's statement, the police forwarded the case to the Children and Adolescent Court.Translated by Cassy DiasRead the article in the original language
2023-03-30 14:05:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/internacional/en/brazil/2023/03/student-who-killed-teacher-missed-two-psychiatric-appointments-says-city-hall.shtml
Anitta vira Mulher-Aranha em homenagem nas redes sociais
As homenagens para Anitta não param. A artista, que celebra 30 anos nesta quinta-feira (30), virou arte nas redes sociais da animação "Homem-Aranha Através do Aranhaverso".Na imagem compartilhada, a brasileira aparece vestida de Mulher-Aranha com uma roupa que mescla a cores da bandeira do Brasil. Mais "Parabéns, Anitta. Fizemos uma vestimenta personalizada para você", disse o perfil na legenda. O longa deverá chegar aos cinemas em junho.Outras celebridades também foram homenageadas com versões especiais em desenho como Jamie Foxx, Tiffany Haddish e o jogador de basquete Stephen Curry.
2023-03-30 14:35:00
celebridades
Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/03/anitta-vira-mulher-aranha-em-homenagem-nas-redes-sociais.shtml
Vemos politização de linguagem 'muito técnica' do Copom, diz Campos Neto
Em meio à pressão por redução dos juros, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, rebateu nesta quinta-feira (30) as críticas do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizendo que o trabalho da autoridade monetária é "puramente técnico" e que tem visto uma politização da linguagem usada pelo Copom (Comitê de Política Monetária).Na quarta-feira da semana passada (22), o Copom manteve a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano –o maior patamar desde o fim de 2016. O tom do comunicado divulgado logo após a reunião foi classificado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) como "muito preocupante" e criticado por Lula e outros membros do primeiro escalão do governo."A gente começa a ver mais recentemente uma politização do que é uma linguagem muito técnica de ata do Copom. Quem acompanha sabe que a forma como os analistas de ata olham, que [eles] veem em termos de histórico de comunicação, cada vez que a gente muda uma palavra, tem significado", disse Campos Neto.No texto do último comunicado, o colegiado do BC manteve a mensagem no parágrafo final sinalizando que poderia voltar a subir juros diante de uma piora no cenário inflacionário. "O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", escreveu.Campos Neto ressaltou que o último trecho constava no comunicado desde setembro, antes das eleições. "É um parágrafo que reduz essa assimetria de expectativa quando tem uma situação em que você não está atingindo a meta. De lá para cá, nossas projeções pioraram, e as expectativas desancoraram mais", disse."Seria muito inusitado, dado que as nossas projeções pioraram, a gente retirar um parágrafo que diz exatamente que nós estamos comprometidos com o atingimento da meta", acrescentou.Em reação às críticas que tem recebido por parte do governo, o presidente do BC afirmou que a instituição é "um órgão técnico e não deveria se envolver em temas políticos" e mostrou boa vontade em ser mais transparente sobre o trabalho realizado pela autoridade monetária.Em suas últimas comunicações, o BC tem adotado um tom mais didático ao justificar as razões pelas quais optou por manter os juros elevados no atual patamar pela quinta vez seguida –a segunda sob o governo Lula."O que a gente pode fazer é comunicar da melhor forma possível como é feito o nosso trabalho, ser o mais transparente possível no aspecto técnico, abrir o máximo possível de modelagem, falar das considerações que nós temos de como acompanhamos cada variável", disse.Campos Neto disse ainda ter um bom relacionamento com o Ministério da Fazenda e "convicção" que Haddad "está muito bem-intencionado"."Temos trabalhado junto, diria que do nosso lado, estamos fazendo um trabalho técnico, precisamos explicar para a sociedade que esse trabalho técnico tem um custo a curto prazo, mas que não fazê-lo tem um custo muito maior e mostrar as vantagens de ter uma inflação sob controle do ponto de vista social", afirmou.Segundo o presidente do BC, seria necessário elevar os juros a 26,5% ao ano se a autoridade monetária não fizesse um processo de "suavização" do cumprimento da meta de inflação. No relatório trimestral de inflação, divulgado nesta quinta, o BC admitiu que a probabilidade de o índice ficar acima do teto da meta neste ano é de 83%."Se fosse atingir a meta (de inflação) em 2023, a última informação que tive é de que a taxa (de juros) teria de ser de 26,5%. É óbvio que a gente entende que isso seria impossível", disse.Após a divulgação das projeções atualizadas para inflação, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, voltou a pressionar o BC em rede social, criticando o desempenho da cúpula da instituição e sugerindo a exoneração do presidente da autoridade monetária e de seus diretores.O presidente do BC afirmou também nesta quinta que não tem participado do processo de escolha dos novos diretores da instituição –tema que gerou ruído no governo.Antes da indicação formal de Lula e de Haddad ter conversado Campos Neto sobre a definição, os nomes vieram a público. A exposição precoce do administrador Rodolfo Fróes e do servidor Rodrigo Monteiro fez com que o governo começasse a reconsiderar a escolha, e uma mudança nas indicações não está totalmente descartada."Não temos participado das discussões, não sei se os nomes são definitivos e não tenho como fazer nenhum tipo de comentário porque seria muito deselegante da minha parte. Não sei se o processo se encerrou", afirmou.Campos Neto defendeu uma transição suave e que os escolhidos tenham conhecimentos técnicos para os cargos que irão ocupar, embora tenha reiterado que a indicação é uma prerrogativa do presidente da República."É importante fazer sempre qualquer transição de diretoria ou de presidente da forma mais suave possível porque isso faz com que o funcionamento do Banco Central não sofra nenhum tipo de mudança", disse."Como um trabalho muito técnico, tem algumas áreas do Banco Central que precisam ter algum conjunto de habilidades específicas para aquela atividade", complementou.Bruno Serra Fernandes deixou a Diretoria de Política Monetária na última segunda-feira (27), quase um mês após o término do seu mandato. Até o momento, Paulo Souza segue no comando da Diretoria de Fiscalização.
2023-03-30 14:16:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/vemos-politizacao-de-linguagem-muito-tecnica-do-copom-diz-campos-neto.shtml
Companhia aérea colombiana Ultra Air suspende operações
Na tarde de quarta (29) a companhia aérea de baixo custo colombiana Ultra Air anunciou que suspendeu suas operações.Através de comunicado, a empresa disse que lamenta profundamente não realizar nenhuma das suas rotas programadas, devido a "situações macroeconômicas adversas" e à pressão das locadoras de aeronaves para assegurarem a cobrança das respectivas taxas.De acordo com a Ultra Air, a tensão com os arrendadores piorou após a queda da Viva Air, que suspendeu as operações no final de fevereiro. A empresa afirma ter recebido pedidos de adiantamento de fornecimentos e serviços, operação que "não é habitual neste setor."Na semana passada, a Ultra Air chegou a suspender a venda de bilhetes, mas depois retomou, dizendo que havia garantido um novo aporte de capital por parte dos sócios. Os planos, pelo visto, não vingaram.Segundo o site Aviación Online, a Avianca indicou que vai aumentar o seu plano de proteção aos passageiros Ultra Air, em condições semelhantes às oferecidas aos clientes da Viva Air, que suspendeu operações em 27 de fevereiro"Dada a informação pública e buscando preservar a estabilidade do sistema aéreo colombiano, a Avianca indica que estende seu plano de proteção aos usuários da companhia aérea Ultra", disse a empresa.
2023-03-30 14:52:00
mercado
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/companhia-aerea-colombiana-ultra-air-suspende-operacoes.shtml
Transporte sobre trilhos em São Paulo tem 5ª falha apenas neste mês
O transporte sobre trilhos em São Paulo contabiliza cinco falhas apenas neste mês de março.Na manhã desta quinta (30), um trem de passageiros da linha 8-diamante, operada pela concessionária ViaMobilidade, descarrilou próximo à estação Júlio Prestes, na capital paulista. Os passageiros tiveram de descer da composição e caminhar sobre os trilhos.De acordo com a empresa, uma falha em um equipamento chamado assistente de mudança de via causou o problema.Na manhã do último dia 18, um trem descarrilou também na linha 8-diamante, desta vez entre as estações Sagrado Coração e Itapevi. Passageiros relataram que ficaram presos nos vagões, sem sistema de refrigeração operante, e que abriram as portas por conta própria e andaram sobre os trilhos. Uma mulher passou mal e precisou ser socorrida.Na ocasião a ViaMobilidade atribuiu o descarrilamento a uma falha em um equipamento de via.As linhas 8-diamante e 9-esmeralda são administradas pela ViaMobilidade desde janeiro de 2022 e já acumulam diversas falhas técnicas. O Ministério Público de São Paulo investiga as ocorrências e já anunciou que poderia pedir na Justiça o fim da concessão das linhas, com quebra de contrato, além de indenizações. Mais As falhas no sistema de transporte não param aí. Na noite do último dia 14, dois funcionários terceirizados da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) foram atropelados por um trem na linha 12-safira, entre as estações Tatuapé e Engenheiro Goulart.Um dos trabalhadores, de 52 anos, morreu no local. O outro, de 48, foi ferido nas costas e levado para hospital. O acidente aconteceu por volta das 20h40 e, segundo a CPTM, os funcionários eram treinados para atuar no local. O caso foi registrado no 10º DP (Penha), e a Polícia Civil investiga a causa e as circunstâncias do acidente.No dia 8 de março foram os usuários do monotrilho (linha 15-prata) os prejudicados da vez. Uma colisão frontal entre dois trens, no trecho entre as estações Sapopemba e Jardim Planalto, paralisou por três horas a operação da linha, administrada pelo Metrô.De acordo com a companhia, o acidente aconteceu por volta das 4h30, durante o posicionamento dos trens ao longo da linha. Segundo Antônio Barros, gerente de operações do Metrô, a colisão ocorreu no momento em que o carrossel de trens era preparado para distribuir os trens na via, antes do início da operação. As causas são investigadas.No dia seguinte, nova colisão entre trens do monotrilho foi flagrada por uma equipe da TV Globo, durante a madrugada. O segundo acidente aconteceu no momento em que funcionários trabalhavam para separar os dois trens. A circulação de trens na linha 15-prata ficou suspensa naquela manhã.Devido a um histórico de falhas e transtornos envolvendo o monotrilho, o Ministério Público de São Paulo afirmou que em abril fará uma reunião com o Metrô e o CEML (Consórcio Expresso Monotrilho Leste) para chegar um acordo para a correção dos problemas.A Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social disse que também solicitará uma indenização por danos coletivos e ao patrimônio público por considerar que a obra foi mal executada.A proposta que será feita na reunião faz parte de um inquérito, instaurado em 2020, que apura irregularidades na interrupção da circulação dos trens do monotrilho em fevereiro daquele ano, após o estouro de um pneu. Mais
2023-03-30 14:30:00
cotidiano
Cotidiano
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Campos Neto diz ver 'boa vontade muito grande' da Fazenda em fazer regra fiscal robusta
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (30) que, embora não tenha visto a proposta final da regra fiscal apresentada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), há uma "boa vontade muito grande" do Ministério da Fazenda em fazer um arcabouço "robusto".Os detalhes da nova regra fiscal foram anunciados pelo governo nesta quinta no mesmo horário em que o presidente do BC participava da apresentação do relatório trimestral de inflação na sede da autoridade monetária, em Brasília."Nós entendemos que existe uma boa vontade muito grande do Ministério da Fazenda de fazer um arcabouço robusto", disse Campos Neto, que viu uma exposição prévia do marco fiscal quando o desenho ainda estava em elaboração pelo governo."A gente ainda não olhou os detalhes, [o arcabouço] está sendo divulgado agora. A gente teve uma exposição ao arcabouço entendendo que havia ainda calibragem nos parâmetros, a gente vai olhar e analisar o que está sendo anunciado", afirmou.Segundo o chefe da autarquia, a regra parecia "bastante razoável" antes da definição da calibragem dos parâmetros e mostrava uma preocupação com a trajetória da dívida pública."Quando nós olhamos o arcabouço sem a calibragem dos parâmetros, parecia bastante razoável. Mas faz algum tempo, de lá para cá, não tive nenhuma atualização, não quero fazer um comentário sem saber exatamente como é o arcabouço", afirmou."Quero dizer que a gente reconhece o esforço que está sendo feito pelo Ministério da Fazenda. É um projeto que é duro em um governo que tem bastante divisões, acho que denota claramente uma preocupação com a trajetória da dívida", acrescentou. Mais Como antecipou a Folha, o governo propõe uma regra fiscal em que o crescimento das despesas federais seja limitado a 70% do avanço das receitas primárias observado nos 12 meses até junho do ano anterior.O novo marco prevê também um crescimento real das despesas entre 0,6% e 2,5% ao ano e um patamar mínimo para investimentos, atendendo a uma preocupação política do PT de que esses gastos não sejam comprimidos ao longo do tempo.Na ata divulgada na terça-feira (28), o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC afirmou que uma regra fiscal "sólida e crível" pode ajudar no processo de desinflação ao produzir efeitos nas expectativas, embora a apresentação do novo marco não tenha relação direta e imediata com a política de juros."Não existe relação mecânica entre o arcabouço e uma desinflação. Na ata, a gente trouxe essa visão de que o canal expectacional [de expectativas] é o que tem maior impacto para a desinflação", afirmou Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC.Campos Neto reiterou ainda que política fiscal não é um trabalho do BC, mas que esse é um elemento que contribui para a decisão da autoridade monetária sobre os juros. "A gente precisa avaliar como vai ser a nova trajetória depois de anunciada [a regra]", disse. Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...
2023-03-30 13:04:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/campos-neto-diz-ver-boa-vontade-muito-grande-da-fazenda-em-fazer-regra-fiscal-robusta.shtml
UE aprova acordo sobre maior participação de energia renovável até 2030
A União Europeia chegou a um acordo provisório nesta quinta-feira (30) sobre metas mais altas de energia renovável, um importante pilar dos planos do bloco para combater as mudanças climáticas e acabar com a dependência dos combustíveis fósseis russos.Os negociadores do Parlamento Europeu e do Conselho concordaram que, até 2030, os 27 países da União Europeia se comprometerão a obter 42,5% de sua energia de fontes renováveis, como eólica e solar, com potencial de até 45%.A atual meta da União Europeia para 2030 é de 32% de energia renovável.O texto simplifica e agiliza os procedimentos de autorização de infraestruturas de energias renováveis, com o estabelecimento de territórios específicos onde a regulamentação será drasticamente flexibilizada.O bloco obteve 22% de sua energia de fontes renováveis em 2021, mas o nível variou significativamente entre os países. A Suécia lidera os 27 países com sua participação de 63% em energia renovável, enquanto em Luxemburgo, Malta, Holanda e Irlanda, as fontes renováveis representam menos de 13% do uso total de energia.Uma mudança rápida para a energia renovável é crucial se a União Europeia quiser cumprir suas metas de mudança climática, incluindo uma meta juridicamente vinculativa de reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa em 55% até 2030, em relação aos níveis de 1990.Os países terão de aumentar para 29% a quota de energias renováveis na energia utilizada pelo setor dos transportes.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...A indústria da União Europeia aumentará o uso de energias renováveis em 1,6% ao ano, com 42% do hidrogênio que usa proveniente de fontes renováveis até 2030 e 60% até 2035.A diretiva acrescentou metas para edifícios e buscou processos de licenciamento acelerados para projetos de energia renovável.As metas de energia renovável ganharam importância desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, já que a União Europeia prometeu acabar com sua dependência dos combustíveis fósseis russos até 2027 --e planeja fazer isso principalmente por meio de energia de baixo carbono produzida localmente.Atingir as novas metas exigirá investimentos maciços em parques eólicos e solares, reforçando as redes elétricas da Europa para integrar mais energia limpa.A Comissão Europeia disse que serão necessários investimentos adicionais de 113 bilhões de euros em energia renovável e infraestrutura de hidrogênio até 2030, se os países quiserem acabar com sua dependência dos combustíveis fósseis russos.O acordo deve ser aprovado pelo Parlamento da União Europeia e pelos países do bloco para se tornar lei, normalmente uma formalidade.Referindo-se a um dos capítulos mais delicados das negociações anteriores, o acordo reconhece "o papel específico da energia nuclear, que não é verde nem fóssil".A questão da energia nuclear gerou polêmica, já que a França e um grupo de aliados pediram que ela recebesse tratamento equivalente ao reservado para o hidrogênio renovável.No entanto, vários países deixaram claro que este gesto constituía uma verdadeira 'linha vermelha' que não podia ser ultrapassada.O acordo baseado estabelece que a meta de 2030 para o hidrogênio renovável pode ser reduzida em 20% para os Estados-Membros em que a proporção de hidrogênio fóssil no consumo do país seja inferior a 23%. Mais O texto, que prevê procedimentos acelerados para as infraestruturas, também considera a biomassa (madeira para produzir energia) "verde", explicou Markus Pieper (PPE, direita).Esta prática, denunciada por ONGs ambientalistas, será "melhor regulamentada", disse Pascal Canfin (Renew, liberais)."A produção de energia é de longe o principal uso da madeira na Europa, mais da metade da madeira coletada é queimada, uma proporção que não para de crescer", lamentou Martin Pigeon, da ONG Fern.Esta lei "continuará recompensando as empresas de energia pela queima de milhões de árvores, nosso principal sumidouro de carbono terrestre, agravando a crise climática e da biodiversidade enquanto prejudica a saúde das pessoas", afirmou Pigeon.Da mesma forma, Cosimo Tansini, especialista da rede de ONGs da Agência Ambiental Europeia, apontou que "uma meta vinculante de 45% já seria frágil e obsoleta. Qualquer meta abaixo de 45% mostra falta de unidade e ambição". Mais
2023-03-30 13:17:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/ue-aprova-acordo-sobre-maior-participacao-de-energia-renovavel-ate-2030.shtml
ChatGPT: por que humanos ainda são mais inteligentes que máquinas
Você provavelmente já usou. E definitivamente já ouviu falar dele. O ChatGPT tem sido apontado como um programa que muda as regras do jogo.Ele pode escrever canções. Explicar física quântica. E dizer como eu posso aumentar a minha inteligência.No entanto, diferente dos humanos, não são muito bons em relação à capacidade de se adaptar, segundo especialistas.O Google já lançou um rival para o ChatGPT, o Bard. E, nesta semana, figuras importantes da inteligência artificial assinaram uma carta em que defendem uma suspensão por ao menos seis meses do desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial (IA) mais poderosos. Eles citam riscos e perigos para humanidade e dizem que a corrida para a evolução desses programas está fora de controle.A OpenAI, a empresa por trás do ChatGPT, lançou recentemente o GPT-4, uma versão ainda mais avançada do sistema que impressionou os observadores.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Computadores parecem estar rapidamente superando seus criadores. Mas isso é realmente verdade?Ori Ossmy, pesquisador do Centro Cerebral e Desenvolvimento Cognitivo da Birkbeck, Universidade de Londres, diz que "o sistema tem algoritmos muito sofisticados, mas o que basicamente eles fazem é coletar muita informação da internet e dessa forma conseguem atender diferentes perguntas e solicitações"."Mas eles não são muito bons em relação à capacidade de se adaptar. Não são muito bons em aprender uma determinada coisa dentro de alguns cenários, alguns ambientes, e depois aplicar [essa experiência] em um ambiente diferente. Algo que as crianças e bebês são muito bons em fazer." Mais É a nossa capacidade de adaptação que nos deixa um passo à frente da inteligência artificial?Desde o nascimento, nosso cérebro se adapta e se molda ao ambiente de uma forma muito eficiente."Nós estamos muito, muito longe de computadores com capacidade de adaptação, creio eu. Talvez a gente descubra como isso pode ocorrer", afirma Ossmy."As experiências [desses algoritmos] são bem menos flexíveis, tem menos variação comparado ao que vivem as crianças e bebês, que precisam se adaptar a um corpo diferente todos os dias."Mas neurocientistas ainda não têm uma ideia muito clara de por que nosso cérebro tem uma capacidade tão boa de adaptação. E até entendermos melhor como esse processo funciona, computadores não conseguirão rivalizar com humanos.E, por sorte, o ChatGPT sabe das limitações de sua própria mente virtual."Eu não consigo reproduzir toda a extensão da inteligência humana", responde o programa.Texto publicado origalmente em https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3gvvv824jno
2023-03-30 13:33:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/chatgpt-por-que-humanos-ainda-sao-mais-inteligentes-que-maquinas.shtml
Justiça autoriza quebra de sigilo de autor de ataque a escola em SP, diz delegado
A Justiça autorizou a quebra de sigilo telemático e telefônico do adolescente de 13 anos que matou uma professora a facadas e deixou cinco feridos em um ataque na escola estadual Thomazia Montoro, na zona oeste de São Paulo, na segunda-feira (27).A decisão foi confirmada na manhã desta quinta (30) pelo delegado Marcus Vinicius Reis, titular do 34º DP (Vila Sônia). Agora será iniciada uma nova frente de investigação, vasculhando as mensagens no celular do agressor e sua atividade nas redes sociais.A Polícia Civil terá acesso aos dados do aparelho celular do adolescente e de um HD externo e do videogame Xbox apreendidos na casa da família.Em outra frente, os investigadores têm mapeado perfis na internet que interagiam com a conta do agressor. Segundo Reis, um colega de sala do adolescente publicou mensagens incentivando o ataque. Ele pode responder na Justiça por apologia ao crime.Outro aluno da escola é suspeito de ter auxiliado o ataque. Ele foi filmado por câmeras de segurança encontrando-se com o autor do crime minutos antes de ele invadir uma sala de aula e golpear a professora Elisabeth Tenreiro, 71, que morreu. Mais Uma das dificuldades da investigação realizada nas redes sociais, de acordo com o delegado, é que parte dos perfis que se comunicaram com o jovem já foram deletados.O 34º DP recebeu, por exemplo, um boletim de ocorrência registrado no interior de São Paulo narrando que uma estudante que ficou amiga do agressor na internet também publicava mensagens de apoio a massacres nas redes sociais. Essa adolescente foi alvo de um procedimento investigatório e responde por ato infracional.O delegado Reis não confirmou a data nem a cidade onde o boletim foi registrado. A polícia também recebeu a informação de que uma aluna da Thomazia Montoro foi convidada pelo autor do ataque a participar do crime. Mais
2023-03-30 12:48:00
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https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/03/justica-autoriza-quebra-de-sigilo-de-autor-de-ataque-em-sp-diz-delegado.shtml
De vuelta a Brasil, Bolsonaro avisa que no liderará la oposición y que la derecha no es irresponsable
El expresidente Jair Bolsonaro (PL) llegó al aeropuerto de Orlando, Florida, la noche del miércoles (29) para su viaje de regreso a Brasil. En el embarque, dijo a CNN Brasil que viajará por el país, pero no para liderar la oposición al presidente Lula (PT).Fuera de Brasil desde hace tres meses, Bolsonaro se negó a dar una entrevista a Folha y dijo: "hablasteis mucho de mí en las elecciones"."El [partido] PL tiene casi el 20% de los escaños de la Cámara de los Diputados y del Senado. Ya digo: No encabezaré ninguna oposición. Voy a participar con mi partido, como una persona experimentada, 28 años en la Cámara, cuatro como presidente, dos como concejal y 15 en el Ejército, para colaborar con quienes así lo deseen", aseguró a la cadena de televisión.No respondió a Folha sobre su comparecencia ante la Policía Federal para declarar en el caso de las joyas regaladas por Arabia Saudita.En la entrevista concedida a CNN, en la sala VIP del aeropuerto, Bolsonaro también criticó a Lula, dijo que la administración del PT no puede funcionar, se quejó de las invasiones del MST en las últimas semanas y elogió el papel del sector derechista. "Hoy tenemos una derecha que cada vez se concentra más, sabe lo que quiere, sabe lo que quiere, tiene un objetivo, no es oposición irresponsable, oposición por la oposición".Afirmó que el resultado de las elecciones de 2022 "fue bastante ajustado", pero definió los comicios como "página pasada". Afirmó que participará, junto al PL, de articulaciones centradas en las elecciones municipales de 2024 y que pretende hacer uno o dos viajes por Brasil al mes.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original
2023-03-30 12:31:00
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https://www1.folha.uol.com.br/internacional/es/brasil/2023/03/de-vuelta-a-brasil-bolsonaro-avisa-que-no-liderara-la-oposicion-y-que-la-derecha-no-es-irresponsable.shtml
El estudiante que mató a una profesora faltó a dos citas psiquiátricas, según el Ayuntamiento
El estudiante de 13 años que mató a una profesora el lunes (27) faltó a dos consultas psiquiátricas concertadas, previo pedido del centro escolar donde estudiaba antes de ser trasladado a la escuela pública Thomazia Montoro, en Vila Sônia, en la zona oeste de Sao Paulo.El Consejo Tutelar informó a Folha que había sido convocado por la escuela pública José Roberto Pacheco, de Taboão da Serra, en el área metropolitana de São Paulo, el 28 de febrero de este año. Ese mismo día, un empleado del centro presentó una denuncia policial por la conducta sospechosa del joven en redes sociales.El funcionario dijo a la policía que el estudiante publicó videos portando armas de fuego y simulando ataques violentos y que reenviaba mensajes y fotos de armas a los estudiantes a través de WhatsApp, lo que causó miedo entre los padres.La Secretaría de Seguridad Pública indicó que, tras la declaración del empleado, la policía remitió el caso al Juzgado de Menores.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original
2023-03-30 12:48:00
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https://www1.folha.uol.com.br/internacional/es/brasil/2023/03/el-estudiante-que-mato-a-una-profesora-falto-a-dos-citas-psiquiatricas-segun-el-ayuntamiento.shtml
Governos do PT aumentaram benefícios que agora Haddad quer cortar
O Brasil deixa de arrecadar mais de R$ 350 bilhões ao ano com a concessão de benefícios tributários a empresas e setores, além de incentivos creditícios.Na apresentação da nova regra fiscal, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) deixou claro que o governo buscará diminuí-los para "colocar o pobre no Orçamento", como costuma dizer o presidente Lula (PT).Ironicamente, esses benefícios tributários, financeiros e creditícios chegaram a dobrar nos governos Lula e Dilma Rousseff (2003-2016); atualmente equivalem a cerca de 3,5% do PIB. Embora o governo Jair Bolsonaro (2019-2022) tenha prometido reduzi-los, não houve alteração significativa.Análise do Banco Mundial sobre políticas de incentivos em Brasil, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Holanda e México concluiu que só o caso brasileiro resultou na combinação de aumento dos gastos tributários e queda na arrecadação —sugerindo que eles não aceleraram o crescimento.Os benefícios tributários no Brasil representam quase um quarto das receitas administradas pela Receita Federal e, do ponto de vista regional, também são fontes de desigualdades.Estudo do Ministério da Economia (na gestão Paulo Guedes) mostrou que estados mais pobres como Maranhão, Piauí, Acre, Alagoas e Pará receberam menos de um terço da média nacional dos benefícios tributários per capita em 2018.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Já Amazonas (por causa da Zona Franca de Manaus), Santa Catarina e São Paulo se beneficiaram mais de renúncias tributárias do que contribuíram, proporcionalmente, para o crescimento do PIB.Segundo relatório de avaliação do TCU (Tribunal de Contas da União), "os benefícios fiscais, em geral, representam distorções ao livre mercado e resultam, de forma indireta, em sobrecarga fiscal maior para os setores não beneficiados"."Em um contexto de restrição [orçamentária], como o enfrentado pela União, os valores associados a esses benefícios devem ser considerados com maior atenção, em virtude do impacto nas contas públicas", diz o TCU.Para o economista Alexandre Manoel, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, embora um eventual corte dos benefícios tributários possa resultar em aumento da carga tributária, isso seria positivo, pois deixaria de haver tratamento privilegiado a alguns setores. Mais Manoel suspeita que boa parte da diminuição da capacidade do governo nos últimos anos de produzir superávits primários (economia para reduzir a dívida pública) tenha relação com o aumento dos benefícios tributários, que diminuíram a receita federal.A maior fatia dos benefícios tributários é dirigida ao Simples (cerca de 25%), e Haddad garantiu que esse mecanismo de simplificação tributária não será alterado.No passado, várias tentativas de diminuir os incentivos tributários foram seguidas de forte lobby de seus beneficiários. Mexer com esses grupos não será tarefa política fácil do governo no Congresso.
2023-03-30 12:45:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/governos-do-pt-aumentaram-beneficios-que-agora-haddad-quer-cortar.shtml
Instituições financeiras quebram promessas na crise do clima, diz diretora de ONG
Lucie Pinson é diretora-executiva da Reclaim Finance, ONG com sede na França afiliada à Friends of the Earth (Amigos da Terra). Na Friends of the Earth, ela começou a se concentrar na responsabilização de instituições financeiras, em particular bancos, pelas mudanças climáticas e pela injustiça social.Ela busca fazer essa vigilância, no entanto, de maneira colaborativa, apontando com dados técnicos como o objetivo declarado de descarbonização dos investimentos termina descumprido, na prática, e como isso pode afetar a reputação dos bancos —para melhor, se atuarem de maneira consequente."Nossa atitude é muito prescritiva. Nós sabemos exatamente que tipo de medidas queremos que os bancos adotem para gerar um impacto real nas principais cadeias de valor do mundo real, de forma a realmente deixar de apoiar a expansão do setor [de combustíveis fósseis] e impulsionar sua eliminação gradual."Um dos problemas, segundo Pinson, são os financiamentos de curto prazo para projetos energéticos baseados em combustíveis fósseis que permanecerão em atividade por duas, três ou até quatro décadas. No entanto, como são quitados no prazo de três ou cinco anos, passam como um cometa pelo portfólio do banco, sem deixar rastro nos relatórios de sustentabilidade.Os bancos centrais, na sua opinião, têm um papel a cumprir. Mais dia, menos dia, eles terão de assimilar em suas normas preventivas a realidade de que a inflação também tem raízes na dependência das economias nacionais em relação aos poluentes do clima, como petróleo, carvão mineral e gás natural.Para isso, entretanto, as autoridades monetárias precisariam abandonar o modelo americano de regulação, que só toma em conta os riscos financeiros de investimentos em setores mais e mais insustentáveis em face da emergência climática."Os bancos centrais consideram que seu papel é manter uma abordagem neutra em relação à economia, de modo a apoiar todos os setores da mesma forma", afirma. "No entanto, sabemos que uma abordagem neutra, por definição, apoia o status quo, ou seja, beneficia as grandes empresas de combustíveis fósseis e, assim, piora a situação."Em 2020, a senhora recebeu o Prêmio Goldman por esforços para interromper o fluxo de financiamento à indústria do carvão. Como descreveria a situação da indústria no momento, considerando o aumento do consumo na Europa, particularmente em países como a Alemanha, em decorrência da Guerra da Ucrânia? Observamos um ressurgimento do carvão. Ainda é difícil tirar grandes conclusões, pois se passaram poucos meses. Não é possível dizer se esse aumento veio para ficar, ou se é algo que não reverterá a tendência geral.Não acreditamos que as instituições financeiras decidam retroceder e reverter seus compromissos anteriores, ou seja, uma quantidade significativa delas ainda está comprometida em não apoiar a construção de novos projetos de carvão.O que realmente importa é até que ponto a infraestrutura de carvão atual continuará a ser usada. Ela será usada em grande escala, como vimos no ano passado, ou vamos organizar fechamentos nos próximos anos para buscar um alinhamento à meta de 1,5°C [de aquecimento do planeta, objetivo do Acordo de Paris]?Como funciona a abordagem singular da Reclaim Finance, que permite construir relacionamentos com instituições-chave e, ao mesmo tempo, responsabilizá-las publicamente, conforme descreveu a equipe do Prêmio Goldman? Ao contrário do que fazem algumas ONGs, a Reclaim Finance parabeniza as instituições financeiras que estão fazendo a coisa certa, ou algo positivo. Nós também buscamos trabalhar com elas porque não queremos apenas que adotem uma política sobre o carvão. Queremos políticas com critérios específicos.Atuamos em conjunto com alguns parceiros, em particular uma ONG alemã que construiu um banco de dados de empresas mundiais que atuam no setor de carvão. A partir desse banco de dados, que inclui pouco mais de mil empresas, podemos identificar quais são os critérios-chave.Não se trata apenas de saber se as empresas operam no setor de carvão. O fundamental é saber se a empresa está construindo ou planejando construir novas usinas de carvão. Esse tipo de critério não é usado por instituições financeiras, porque elas têm obtido seus dados de provedores privados que não consideram critérios futuros. Logo, conversar com as instituições financeiras, explicar a realidade do setor e divulgar os dados são elementos importantes de nosso trabalho.Em segundo lugar, antes de pensar em punir, podemos considerar uma abordagem de recompensas, conversando e tentando mostrar às instituições financeiras que suas ações podem beneficiar sua imagem e reputação. Mais Um relatório da Reclaim Finance revela que, apesar das promessas na Aliança Financeira de Glasgow para o Zero Líquido, que nasceu na COP26, os bancos ainda estão investindo pesadamente em combustíveis fósseis. Quais os principais achados desse estudo? As instituições financeiras que fazem parte da aliança comprometeram-se a alinhar suas carteiras de financiamento à meta de 1,5°C e a zerar suas emissões líquidas (net zero) até 2050. Procuramos identificar até que ponto os compromissos estão sendo cumpridos com ações concretas, em particular ações voltadas a eliminar serviços financeiros que viabilizem a expansão dos combustíveis fósseis.Analisamos as transações do setor de energia para descobrir se, após se unir à GFANZ [sigla da aliança, em inglês], determinada instituição financeira ainda estava realizando negócios com alguns dos maiores responsáveis pela expansão do setor de petróleo, carvão e gás em todo o mundo. Mais Infelizmente, descobrimos que 56 dos principais membros da aliança forneceram US$ 270 bilhões à expansão de combustíveis fósseis, com nada menos que 134 empréstimos e mais de 200 transações. Parece que, com muita regularidade, as instituições financeiras estão quebrando suas próprias promessas relativas ao clima.Outro problema com as metas de descarbonização, como as adotadas por bancos como o BNP, é que, muitas vezes, elas são definidas para 2030. Quando um empréstimo é fornecido a uma empresa, é de curto prazo, algo que será pago no período de três a cinco anos.Portanto, mesmo se um banco fornecer financiamento a uma empresa que esteja ativamente desenvolvendo novos projetos de petróleo, gás e carvão, aquele banco ainda pode permanecer no caminho certo para atingir suas metas. O empréstimo desaparecerá de sua carteira quando a meta for atingida em 2030. Setenta e cinco por cento dos investimentos ainda são direcionados ao setor de petróleo e gás. Considerando a meta de 1,5°C, há tempo suficiente para o setor financeiro e a sociedade reverterem o curso e se ajustarem a uma transição rumo a energias limpas? Primeiro de tudo, a meta de 1,5°C representa um grande desafio, mas não está fora de nosso alcance. No entanto, estaremos fadados ao fracasso se os bancos e instituições financeiras não revisarem muito rapidamente suas políticas de empréstimos, subscrições e investimentos.Precisamos ampliar consideravelmente os investimentos em energias renováveis e, de forma mais ampla, em soluções. As energias renováveis e a eficiência energética da rede exigem muito investimento: precisamos multiplicar por mais de três vezes esse investimento até 2030.Contudo, o dinheiro simplesmente não está sendo direcionado ao lugar certo. Ele está indo principalmente para combustíveis fósseis e para os bolsos dos acionistas. Mais A senhora disse recentemente que as políticas de desinvestimento dos bancos centrais são ineficientes. Por quê? Os bancos centrais se concentram principalmente em seu mandato primário, que é o de monitorar a inflação. Todavia, eles não têm considerado quais são as causas profundas da inflação. Talvez isso esteja mudando, principalmente na Europa. O BCE fez recentemente uma declaração muito importante, na qual reconhecia que a inflação tem suas raízes nas mudanças climáticas e em nossa dependência dos combustíveis fósseis, especialmente o gás.Portanto, se compreendermos isso, sabendo que o principal mandato dos bancos centrais é responder à inflação e monitorá-la, eles devem, nesse caso, se concentrar nas mudanças climáticas e na dependência de combustíveis fósseis. A grande questão é como farão isso.Algumas pessoas dizem que faltam competências no setor financeiro para lidar com o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono e que ainda não há produtos financeiros disponíveis para uma agenda positiva. O que pensa sobre isso? Depende muito das jurisdições e dos diversos produtos financeiros e de poupança que estão sendo colocados no mercado. No entanto, na maioria dos países, temos uma situação em que produtos verdes são comercializados e rotulados erroneamente, sem dizer metade da verdade sobre aonde vai nosso investimento.Na França, 17% de todos os investimentos sustentáveis integram a TotalEnergies, e 94% dos fundos rotulados como sustentáveis investem em combustíveis fósseis, empresas de armamentos, ou empresas associadas a violações de direitos humanos. Então eles estão muito longe de serem 100% sustentáveis, mas infelizmente os investidores não sabem disso.Como reformar o setor financeiro em países em desenvolvimento, como o Brasil, para lidar com a emergência climática? Não conheço bem as instituições financeiras brasileiras. Diria que, antes mesmo de abordar bancos e investidores privados, que em certos casos são subsidiárias de grupos maiores sediados na Europa como algumas instituições financeiras espanholas que operam no Brasil, uma coisa muito importante seria analisar o marco regulatório e entender o que faz o Banco Central. Acredito que essas instituições têm mais capacidade de gerar um impacto mais amplo.Eu diria também que estudar o que está sendo feito na Europa seria a decisão certa, evitando normas e padrões que sejam influenciados pelos EUA. Na União Europeia, consideramos cada vez mais a abordagem de dupla materialidade e tentamos introduzi-la na regulamentação, garantindo, assim, que as instituições financeiras não apenas tentem se proteger dos riscos financeiros relacionados às mudanças climáticas, mas também mitiguem seus próprios impactos no clima e nas comunidades.Enquanto operarmos por meio de uma única abordagem de materialidade, como os EUA estão fazendo, considerando apenas os riscos financeiros, estamos fadados ao fracasso na transição.Lucie Pinson, 37Nascida em Nantes, na França, fundou e dirige a ONG Reclaim Finance. Antes trabalhou na ONG Friends of the Earth. É formada em ciências políticas pela Universidade Sorbonne. Foi vencedora do Prêmio Goldman, dedicado a ativistas ambientais, em 2020.Planeta em Transe é uma série de reportagens e entrevistas com novos atores e especialistas sobre mudanças climáticas no Brasil e no mundo. Essa cobertura especial acompanhou também as respostas à crise do clima nas eleições de 2022 e na COP27 (conferência da ONU realizada em novembro no Egito). O projeto tem o apoio da Open Society Foundations.
2023-03-30 12:57:00
ambiente
Meio Ambiente
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/03/instituicoes-financeiras-quebram-promessas-na-crise-do-clima-diz-diretora-de-ong.shtml
PF mira empresas de logística que enviaram 17 toneladas de cocaína para Europa
A Polícia Federal, em parceria com a Receita, cumpre 534 medidas judiciais na manhã desta quinta (30) para desarticular uma organização criminosa especializada na exportação de cocaína via portos da região Sul do país.A ação foi batizada de Hinterland e tem como principais alvos duas empresas de logística portuária que operam no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina e um empresário paraguaio. Eles são suspeitos de enviar 17 toneladas de cocaína para a Europa nos últimos dois anos.A operação teve apoio da Europol (Agência da União Europeia para Cooperação Policial) e da Senad/PY (Secretaria Nacional Antidrogas) e Fiscalía, do Paraguai.De acordo com a investigação, a cocaína produzida na Bolívia era fornecida por um empresário paraguaio, chegava ao Brasil entrando por Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, e seguia para a Europa por meio das empresas Ctil Logística e Intersul Terminais, que operam nos portos de Rio Grande (RS) e Itajaí (SC).A Folha procurou as duas empresas, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.Três pessoas ligadas às empresas são alvo de mandado de prisão, entre elas dois irmãos apontados pela PF como chefes no Brasil do esquema de logística para exportação da droga. O empresário paraguaio também foi preso.Ao todo, 200 policiais federais e 12 servidores da Receita Federal cumprem 17 mandados de prisão preventiva e 37 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Amazonas e Rondônia, e em Assunção, no Paraguai.A Justiça também autorizou o sequestro de 87 imóveis, 173 veículos e uma aeronave e o bloqueio de contas em nome de 147 pessoas.Segundo a PF, as medidas podem alcançar R$ 3,8 bilhões, valor estimado das transações ilícitas praticadas pelo grupo especializado no tráfico internacional de drogas.A investigação começou há dois anos, após a PF ser informada sobre uma apreensão de 316 quilos de cocaína na cidade de Hamburgo, na Alemanha.A partir dessas informações, os investigadores mapearam a rota desde o fornecedor até os compradores na Europa.Eles descobriram que, após entrar no Brasil, a cocaína seguia em caminhões até os portos da região Sul e eram armazenada nos próprios terminais portuários ou em empresas localizadas nos arredores."A droga era inserida em cargas regulares com a intervenção e coordenação da alta administração das empresas de logística, sem o conhecimento dos contratantes, proprietários das cargas lícitas (normalmente de insumos que poderiam mascarar a droga quando submetida aos controles alfandegários)", diz a PF.Ao chegar aos portos europeus, os compradores furtavam os carregamentos e distribuíam para diversos países da região.Das 17 toneladas enviadas nos últimos dois anos, 12 toneladas foram apreendidas ao longo da investigação. Para executar as apreensões e mapear toda a cadeia de exportação, a PF celebrou acordos de cooperação com Alemanha, Paraguai e França.
2023-03-30 11:37:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/03/pf-mira-empresas-de-logistica-que-enviaram-17-toneladas-de-cocaina-para-europa.shtml
Fazenda promete déficit menor em 2023, mas dívida sobe até o fim do governo Lula
Oito dias após estimar um déficit de R$ 107,6 bilhões para este ano, a equipe econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu reduzir esse rombo à metade, para algo próximo de R$ 50 bilhões —o equivalente a 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto)—, mas ainda não detalhou como isso será feito.A sinalização foi dada pelo Ministério da Fazenda ao apresentar a proposta de nova regra fiscal, que permitirá a alta real de gastos e conta com um impulso na arrecadação para conseguir melhorar a trajetória das contas públicas.O dado indica que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, almeja um ajuste mais ambicioso do que vinha sendo sinalizado até então, que era um rombo de até 1% do PIB neste ano.Os detalhes, porém, tendem a ser analisados com lupa pelos economistas, que já colocavam dúvidas sobre a capacidade do governo de reduzir o déficit a 1% do PIB.Como mostrou a Folha, a estimativa divulgada na semana passada foi obtida graças a uma manobra para excluir do Orçamento a previsão de alta de R$ 4,5 bilhões nos gastos devido ao novo reajuste do salário mínimo, de R$ 1.302 para R$ 1.320.Além disso, o Banco Central, órgão responsável pelas estatísticas oficiais de finanças públicas (incluindo o resultado primário), discorda do governo e não considera como receita primária os R$ 26 bilhões resgatados de contas abandonadas do Fundo PIS/Pasep. Ou seja, o rombo oficial já é pelo menos R$ 26 bilhões maior do que o estimado pela equipe de Haddad.Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (30), o ministro disse que anuncia na próxima semana um novo pacote com medidas para elevar a arrecadação do governo de R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões. Sem dar muitos detalhes, ele disse que a ideia é rever benefícios tributários e passar a cobrar impostos de setores e empresas que, por falta de regras, hoje não pagam, como o segmento de apostas eletrônicas.No novo arcabouço fiscal proposto pelo governo, a meta fiscal terá bandas de flutuação. Nesse desenho, a nova meta de 0,5% do PIB para este ano teria um intervalo de 0,25 ponto percentual para mais ou menos. O resultado efetivo poderia ficar entre déficit de 0,25% e 0,75% do PIB.A mesma lógica, com bandas para flutuação do resultado, valerá para os próximos anos.Em 2024, a meta melhora para um déficit zero, mas o intervalo permite oscilar de resultado negativo de 0,25% a um positivo de 0,25% do PIB.Em 2025, o intervalo vai de 0,25% a 0,75% do PIB, tendo como centro a meta de 0,5%. Em 2026, a expectativa é chegar a um superávit de 1% do PIB, oscilando entre 0,75% e 1,25%.O acompanhamento dessas bandas é importante porque elas servem de gatilho para disparar sanções, em caso de resultado pior que o esperado, ou bônus para investimentos, se o esforço fiscal vier muito acima da meta. Mais O governo também apresentou estimativas de como pode se comportar a dívida pública, caso a equipe econômica consiga entregar os esforços fiscais prometidos a cada ano.O diagnóstico central, porém, é de que o governo Lula entregará uma dívida bruta maior do que encontrou no fim de 2022, quando estava em 72,87% do PIB.O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse não ver isso como um problema. "É um processo de recuperação fiscal, de previsibilidade, gradualidade", disse. "Mesmo nos priores cenários, [a regra] coloca o país numa trajetória sustentável de dívida. E uma trajetória de dívida estável é um ponto de equilíbrio", afirmou.Ceron também negou que o governo atual ampliará gastos, jogando no colo do próximo governo a tarefa de reduzir a dívida pública a um patamar mais condizente com a média dos países emergentes (em torno de 60% do PIB). "Não é verdade que ele [próximo governo] terá um esforço maior. Terá um esforço exatamente proporcional ao que está posto no cenário", disse."Claro, se for possível [o atual governo] reduzir [a dívida], é saudável, mas isso é uma escolha que pode ser feita em torno de N considerações", afirmou.Em suas projeções, o Ministério da Fazenda traçou dois cenários. Um deles prevê o alcance do centro da meta de primário em todos os quatro anos de governo Lula.Nesse contexto, a DBGG (dívida bruta do governo geral, hoje em 73,1% do PIB) terminaria este ano em 75,11% do PIB, subindo até 76,54% em 2026.Em outro cenário, em que os resultados primários efetivos se situam na banda inferior da meta entre 2024 e 2026, a dívida sobe de maneira mais significativa. Neste ano, a DBGG ficaria nos mesmos 75,11% (pois o governo considerou o déficit de 0,5% do PIB), mas subiria a 76,43% em 2024 e 77,34% em 2026.A equipe econômica, porém, conta com uma redução dos juros de médio e longo prazo com a apresentação da nova regra fiscal. A avaliação é que a proposta dará mais segurança e previsibilidade da trajetória das contas públicas.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Caso a curva de juros tenha uma redução equivalente a 1 ponto percentual, a dívida bruta terminaria este ano em 75,07% do PIB e ficaria estável em 75,05% do PIB ao fim de 2026, caso o primário fique no centro das metas de cada ano. Se o esforço for menor, no limite inferior da banda, a dívida ainda subiria a 75,83% do PIB em 2026.Caso a curva de juros tenha um alívio maior, de 2 pontos percentuais, a dívida termina 2023 em 75,03% do PIB e cai a 74,36% do PIB no cenário menos favorável e a 73,58% do PIB no cenário base, que considera o centro das metas de primário.O Ministério da Fazenda também fez projeções para os gastos com juros da dívida. Segundo a pasta, o novo arcabouço fiscal permitirá uma redução de R$ 80 bilhões dessas despesas já em 2023. O efeito do novo marco fiscal seria de uma redução de R$ 186 bilhões em 2026.
2023-03-30 11:54:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/fazenda-promete-deficit-menor-em-2023-mas-divida-sobe-ate-o-fim-do-governo-lula.shtml
Nove soldados dos EUA morrem em acidente com helicópteros do Exército
Um acidente envolvendo dois helicópteros do Exército durante um treinamento de rotina no sudeste dos Estados Unidos provocou a morte de nove soldados na noite de quarta-feira (29), informou um porta-voz das Forças Armadas.O desastre ocorreu quando as aeronaves sobrevoavam o condado de Trigg, no Kentucky, a noroeste de Fort Campbell —base militar localizada bem na divisa entre o estado e o Tenneesee que é uma das maiores do território americano.O brigadeiro John Lubas, vice-comandante de operações da divisão cujas tropas morreram no acidente, declarou que a causa do acidente ainda é desconhecida. A repórteres, ele afirmou que mesmo a notícia original de que os helicópteros tinham colidido um com o outro não é certa.Uma equipe especializada em investigações de segurança aeronáutica parte de Fort Rucker, no Alabama, nesta quinta para examinar os computadores de bordo dos veículos, equivalentes às caixas-pretas de aeronaves comerciais.O militar acrescentou que um dos helicópteros tinha cinco soldados e o outro, quatro, e todos usavam equipamento de visão noturna.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...As aeronaves em questão eram do modelo HH-60, uma variação do Blackhawk criada para apoiar uma série de operações, incluindo ataques por via área e evacuações por razões médicas.À frente da Secretaria do Exército no governo de Joe Biden, Christine Wormuth mencionou o episódio em uma audiência com o Comitê das Forças Armadas do Senado nesta quinta, afirmando que este era "um dia difícil" para a instituição.O governador do Kentucky, Andy Beshear, viajou a Fort Campbell para "apoiar as tropas e suas famílias", segundo escreveu no Twitter. A área onde a base está localizada tinha céu limpo e pouco vento na noite do ocorrido, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia. Em 2018, um outro acidente de helicóptero durante um treinamento no local matou dois soldados.
2023-03-30 12:24:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/03/nove-soldados-dos-eua-morrem-em-acidente-com-helicopteros-do-exercito.shtml
Diagnóstico de transtorno bipolar pode levar anos; conheça os sintomas
O pintor Vincent Van Gogh possivelmente sofria com a bipolaridade. Mais de 100 anos após a sua morte, cientistas afirmaram que a condição mental do autor, agravada com o alcoolismo, pode ter o levado a uma tentativa suicídio. O holandês morreu em decorrências de complicações do tiro que deu em si mesmo com uma arma de fogo.A doença do artista fez com que a data de seu nascimento, 30 de março, se transformasse no Dia Mundial do Transtorno Bipolar, cujo objetivo é chamar atenção para a condição e eliminar o estigma social.A doença se caracteriza pela alternância de períodos em que a pessoa fica entre a exaltação excessiva e a depressão, chamados de mania hipomania. As crises podem variar em intensidade, frequência e duração e o diagnóstico pode levar anos, segundo especialistas.A psiquiatra Danielle H. Admoni, preceptora na residência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), afirma que nos momentos depressivos, o paciente perde a satisfação e o interesse de realizar atividade, além de sentir "tristeza, alteração de sono, de apetite, baixa autoestima e pensamentos suicidas".Por outro lado, o polo de exaltação é caracterizado por "alegria extrema". "[Há] uma necessidade reduzida de sono. Às vezes tem a libido aumentada, pensamentos acelerados. Então é como se fosse o contrário da depressão", indica a psiquiatra.Admoni pontua que o diagnóstico do transtorno é clínico, ou seja, pelo histórico do paciente, de acordo com os episódios vividos. Além disso, a condição também não tem uma causa definida. De acordo com a profissional, o que se sabe é a presença de influência genética, fazendo com que familiares sofram da mesmo condição ou, em alguns casos, outras doenças psiquiátricas, como a depressão."Muita gente sabe que, por exemplo, o uso de algumas substâncias como cocaína ou de cannabis, podem levar a quadro de mania e hipomania em pessoas que já tem uma predisposição prévia. Então, na verdade, não tem muito como prevenir, embora evitar o uso de substâncias se já tiver casos na família seja uma forma de prevenção." Mais Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o transtorno bipolar atinge cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo e está entre as 10 principais doenças incapacitantes em adultos jovens.Beatriz Lima, 23, de São Paulo, foi diagnosticada com o transtorno há pouco mais de seis meses. A jovem faz acompanhamento para depressão e ansiedade generalizada desde os 18 anos, mas convive com as condições desde a infância."Eu tenho picos exagerados de humor, existem dias que eu estou super bem, faço planos, organizo tudo em planilha no excel, mas outros dias entro em depressão profunda e mal consigo sair da cama", diz.Segundo Lima, as consequências dessas crises são sentidas em seu corpo. "Tem dias que eu não consigo me alimentar, beber água, e tudo que eu como coloco para fora. Eu peso 50 kg, mas teve momentos que cheguei a pesar 37kg", conta.Para controlar a doença, Lima tem acompanhamento psicológico, além de usar medicamentos como estabilizadores de humor e antipsicóticos. "O que me ajuda de fato é a terapia, mas sei que nem todos têm acesso", pontua, ressaltando a importância de não se isolar e procurar uma boa rede de apoio.Identificar o transtorno pode demorar, segundo Fernando Fernandes, médico psiquiatra do Programa de Transtornos do Humor do IPq (Instituto de Psiquiatria) da USP (Universidade de São Paulo).O desconhecimento de profissionais da saúde, que não fazem uma pesquisa adequada sobre o histórico do paciente, ou a busca por ajuda especializada somente nos momentos depressivos dificulta o diagnóstico."Às vezes o médico até faz essa pesquisa, mas o paciente não reconhece essas situações como períodos patológicos, e muitas vezes essas situações passam despercebidas. Conversando com a família ou pessoas íntimas, essas pessoas acabam percebendo melhor esses momentos de aceleração psíquica, mas nem sempre estão presentes na consulta para relatar", relata.Fernandes, que também é pesquisador do Programa de Transtornos Afetivos do IPq, destaca que a condição não tem cura, uma vez que se trata de doença crônica e recorrente. O paciente tem que aprender a conviver e a lidar com o transtorno pelo resto da vida, pois mesmo com tratamento os episódios tendem a retornar.Por isso, o médico destaca a importância de um diagnóstico preciso, acompanhado de terapia adequada. "Se o diagnóstico é de Transtorno Bipolar, a base do tratamento são os estabilizadores de humor, muitas vezes mais de uma medicação precisa ser usada e a psicoterapia é muito importante para manter o paciente estável", aponta.O psiquiatra afirma que evitar o uso de substâncias como álcool e drogas, respeitar o ciclo de sono e vigília, manejar o estresse, ter momentos de lazer, praticar exercícios físicos e investir no aperfeiçoamento pessoal são alguns cuidados recomendados."A reação diante do diagnóstico pode variar entre os pacientes. Alguns ficam impactados, outros se sentem compreendidos. O que eu digo sempre é que o diagnóstico não muda a pessoa, mas possibilita o tratamento adequado e vai melhorar o prognóstico daqui para a frente", indica o psiquiatra.
2023-03-30 11:32:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2023/03/diagnostico-de-transtorno-bipolar-pode-levar-anos-conheca-os-sintomas.shtml
Bolsonaro diz que joias 'caríssimas' foram presente por amizade com mundo árabe
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (30) que recebeu presentes de elevado valor da Arábia Saudita por causa da relação de amizade que construiu com o mundo árabe. E ainda completou afirmando que "eles têm dinheiro, pô"."Agora [são] joias caras? Sim, caríssimas, até pela relação de amizade que eu tive com o mundo árabe", afirmou o ex-mandatário em entrevista à rádio Jovem Pan.O ex-presidente reconheceu pela primeira vez que as joias vindas da Arábia Saudita eram para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e que ele tentou reavê-las. No entanto, ressalta que "não foi na mão grande"."Entregamos ali o primeiro conjunto que chegou na Presidência. Cadastrei. E, tentando recuperar o outro conjunto da Michelle, foi via ofício, não foi na mão grande. Não sei porque essa onda toda. Se estão achando isso como algo que eu fiz errado eu fico até feliz, não tem do que me acusar", afirmou.Questionado na sequência sobre qual motivo para os árabes darem um presente de R$ 16 milhões, Bolsonaro disse que "eles têm dinheiro" e que é um "prazer deles" presentear."A rainha da Inglaterra, ela já é falecida, ganhou de R$ 50 milhões. Eles têm dinheiro, pô. É o prazer deles dar esse presente", disse Bolsonaro. "Esse xeque lá, ele me convidou, fui na casa dele... Fiquei na casa dele. Tem coisa que nós não temos, três esposas, por exemplo", continuou, sob risadas.O ex-presidente disse ainda que a riqueza deles não é só advinda do petróleo, como também de comércio, turismo e tecnologia. "São riquíssimas [cidades dos Emirados Árabes] e procuram agradar as pessoas. Eu sou um cara que continuo com meu relojinho aqui, graças a Deus, continuo com ele".Bolsonaro desembarcou em Brasília na manhã desta quinta-feira (30) após uma temporada de 89 dias nos Estados Unidos. Do aeroporto, ele seguiu direto para a sede do PL onde encontrou correligionários e cumprimentou apoiadores. Mais Bolsonaro se defendeu da acusação de que teria se apropriado dos presentes oficiais, argumentando que todos já estavam cadastrados pela Presidência da República."Quem classifica se é acervo pessoal ou público não sou eu. Tem um pessoal na presidência da República, são servidores de carreira que classificam. E na lei fala que eu posso até usar, não posso vender. Mas, como criou-se o problema, estou à disposição. E o TCU [Tribunal de Contas da União] disse por liminar que eu poderia ter a posse dessas joias. Depois foi julgada essa liminar na frente, ela caiu. Qual a decisão final? As joias foram entregues para a Caixa Econômica Federal e as duas joias foram entregues para a Polícia Federal", afirmou.O ex-presidente depois afirmou que só ficou chateado por precisar devolver o "HK", o fuzil que recebeu de presente, argumentando que é apaixonado por armas.O retorno de Bolsonaro ao país acontece em meio à polêmica das joias vindas da Arábia Saudita, caso que vem provocando desgaste à imagem do ex-presidente, que também pode ser responsabilizado judicialmente.Nesta quarta-feira (29), o ex-presidente e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, foram intimados pela Polícia Federal a depor sobre o caso. Os depoimentos foram marcados para o dia 5 de abril.Por meio de seus advogados, Bolsonaro entregou na sexta-feira (24) à Caixa Econômica Federal em Brasília parte das joias que recebeu de presente da Arábia Saudita em 2021. O kit inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de diamantes Chopard.No mesmo dia, um kit de armas foi entregue à Polícia Federal, também por determinação do TCU. O tribunal ainda determinou que o conjunto de joias e relógio avaliado em R$ 16,5 milhões que seria para a ex-primeira-dama, retido pela Receita no aeroporto de Guarulhos (SP) em 2021, também seja enviado à Caixa. Mais
2023-03-30 11:15:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/03/bolsonaro-diz-que-joias-carissimas-foram-presente-por-amizade-com-mundo-arabe.shtml
'Show das Poderosas' segue sendo a música mais tocada de Anitta na última década
A celebração de Anitta pelos 30 anos segue acelerada. Além das comemorações com amigos e familiares, a artista também vê seu desempenho na música render presentes.Um estudo feito pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação Distribuição) sobre os dados musicais dela no Brasil mostra que "Show das Poderosas", canção que a projetou nacionalmente, segue sendo a mais importante de sua carreira.A música ficou na liderança do ranking das mais regravadas e no ranking das mais tocadas no país nos últimos dez anos. A canção foi lançada em 2013 no disco de estreia da cantora. Mais Ao todo, Anitta tem 184 obras musicais e 835 gravações cadastradas na gestão coletiva até aqui.O levantamento, que abrange os segmentos de execução pública (Rádio, Shows, Sonorização Ambiental, Música ao vivo, Casas de Festas e Diversão, Carnaval, Festa Junina), revela ainda que no top 5 de mais tocadas estão "Bang", em segundo lugar, e na sequência "Zen", "Vai Malandra" e "Paradinha".Já entre as mais regravadas da última década, após "Show das Poderosas", estão "Bang", "Blá Blá Blá" e "Me Gusta", esta em parceria com Cardi B e Myke Towers.
2023-03-30 10:45:00
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Música
https://f5.folha.uol.com.br/musica/2023/03/show-das-poderosas-segue-sendo-a-musica-mais-tocada-de-anitta-na-ultima-decada.shtml
Raio-X está fechado em corredor de UBS da zona oeste de São Paulo há mais de um ano
A dona de casa Renata Passos, 45, correu há cerca de dois meses com a mãe, 69, à Assistência Médica Ambulatorial (AMA)/Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim São Jorge, na região do Butantã, zona oeste de São Paulo, quando a idosa fraturou um dos dedos das mãos.No posto de saúde, o médico pediu uma radiografia, que só foi feita no Pronto-Socorro Municipal da Lapa (também na zona oeste), a cerca de 15 km dali e a mais de uma hora de ônibus.O transtorno poderia ter sido evitado se o aparelho de raio-X da unidade do Butantã tivesse sido instalado. Segundo usuários, o equipamento, novinho e que custou R$ 201.390, segundo a Prefeitura de São Paulo, está lacrado em caixas de madeiras em um corredor há mais de um ano e nunca foi instalado.Questionada, a Secretaria Municipal da Saúde não informou há quanto tempo o aparelho está no corredor. Mas disse que será instalado após a reforma e adequação da sala de raio-X, com previsão de entrega no próximo mês. "Também serão instalados autoclave e raio-X odontológico durante o período", diz a pasta, em nota.Pacientes do serviço público de saúde filmaram o equipamento no corredor. Segundo vídeos feitos por celular, há pelo menos três caixas no local, que é acessado por usuários quando precisam fazer exames —há, inclusive, cadeira para espera.Duas delas estão cobertas com plástico preto, sendo que uma tem tijolos em cima. Junto às caixas há carrinhos com produtos de limpeza.Os vídeos enviados pela reportagem mostram a sala de raio-X fechada com uma mesa na frente. O corredor, coberto, fica entre a AMA e a UBS no Butantã, que atendem, em média, 220 mil pessoas por mês, de acordo com a secretaria."Nunca sabem dizer quando o raio-X vai começar a funcionar", reclama Passos, que antes de conseguir ser atendida na Lapa, passou pela AMA/UBS Jardim Paulo 6º, a 2 km dali, mas o aparelho estava quebrado. "Enquanto isso, ele [equipamento de radiografia] fica lá encaixotado."A gestão Ricardo Nunes (MDB) aconselha aos pacientes procurarem o Pronto-Socorro Municipal Doutor Caetano Virgílio Neto, no próprio Butantã, mas segundo a dona de casa, a espera ali passa de quatro horas.Passos afirma já ter presenciado uma funcionária do posto pedir para uma pessoa descer de cima de uma das caixas, onde havia sentado para esperar pela realização de coleta de sangue.Segundo a prefeitura, outra opção para pessoas da região que precisam fazer exame de raio-X é procurar a AMA Jardim Peri-Peri, para onde foi uma aposentada de 73 anos ouvida pela reportagem, mas que pediu para não ter o nome divulgado. O problema, diz ela, é que a radiografia levou mais de uma semana para ser realizada. Quando foi atendida, a tosse que a levou até o posto de saúde do Jardim São Jorge tinha passado.O líder comunitário Cláudio Freitas, que fez parte do conselho gestor da unidade, diz que o aparelho foi entregue há cerca de um ano e meio. "É um absurdo um equipamento caro estar jogado em um corredor e ninguém faz nada", afirma.Freitas lembra que usuários da unidade de saúde fizeram um abaixo-assinado, há cerca de dois anos, pedindo a reforma da unidade e a construção de uma sala para a instalação do raio-X, que chegou cerca de seis meses depois. Segundo o líder comunitário, no local também há um aparelho esterilizador que nunca foi instalado. Questionada, a gestão Nunes não respondeu sobre esse equipamento nem sobre o raio-X quebrado na AMA/UBS Paulo 6º.Em nota, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma que foi realizada a manutenção do ar-condicionado na sala de raio-X da AMA/UBS Paulo 6º para a operacionalização do equipamento de radiografia.
2023-03-30 11:00:00
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Equilibrio e Saúde
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Bolsonaro defende Salles em SP e descarta Michelle à Presidência: 'Não tem vivência'
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que sua mulher, Michelle Bolsonaro, não tem a vivência política necessária para ser candidata à Presidência da República ou para outro cargo no Executivo. Bolsonaro afirmou que a ex-primeira-dama tem que ter "algo mais"."Com todo o respeito, a senhora Michelle não tem essa vivência [política] para aguentar uma batida dessas", afirmou o ex-presidente, em entrevista à rádio Jovem Pan.Bolsonaro desembarcou em Brasília na manhã desta quinta-feira (30) após uma temporada de 89 dias nos Estados Unidos. Do aeroporto, ele seguiu direto para a sede do PL onde encontrou correligionários e cumprimentou apoiadores.Durante a entrevista, o ex-mandatário foi questionado se Michelle poderia ser candidata à Presidência. Inicialmente, Bolsonaro disse que a sua mulher já havia declinado qualquer hipótese relativa a se candidatar para cargos no Executivo. E acrescentou que ela não "tem vivência" e que lhe "falta algo"."Alguém lançou o nome dela. Ela já falou que não quer saber de cargo no Executivo, está fora disso, até porque não tem a vivência. Até para você ser prefeito não é fácil. Eu vejo alguns prefeitos que, quando terminam o mandato, apesar de ter feito um bom trabalho, se arrependem dado ao número de processos que respondem por improbidade administrativa", afirmou."Então não é fácil isso. Ela é uma pessoa que não tem essa vivência política. Todo mundo pode disputar um cargo eletivo, desde que tenha idade, etc, mas tem que ter algo mais. Eu tive dificuldades em ser presidente mesmo com 28 anos como deputado federal. Tinha coisa que eu só descobri quando cheguei lá", completou.O ex-mandatário então citou que o casal tem uma filha de 12 anos, que estuda em Brasília e que a "preocupação dela [Michelle] é isso aí, é colaborar". Bolsonaro, na sequência, passou a elogiar a sua mulher, em particular o seu trabalho com pessoas com deficiência.Poucas horas depois das declarações de Bolsonaro, Michelle criticou o fato de que as mulheres ainda são minoria nos cargos decisórios, mas disse que essa situação vai mudar.Ela participou da cerimônia de posse da deputada Bia Kicis (PL-DF) na presidência do PL do Distrito Federal."Somos poucas nos cargos de comando, sendo assim, vamos expandir com os nossos exemplos de coragem para que mais mulheres venham para a vida partidária, para que ingressem no PL, que como diz o nosso Presidente Valdemar Costa Neto, o PL é o partido das mulheres, e por isso, juntas, vamos trabalhar para incentivar a participação efetiva feminina no eleitorado brasileiro e, unidas, fazermos a diferença em nosso país", afirmou a ex-primeira-dama."Nós mulheres somos a maioria da população, mas a minoria nos cargos de poder e decisão", completou. Mais Na mesma entrevista, o ex-presidente foi questionado diretamente se preferia o ex-ministro Ricardo Salles ou o seu filho, o deputado Federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), como candidato a prefeito de São Paulo em 2024.Bolsonaro então disse que não descartava seu filho na disputa, mas que Salles era mais preparado para enfrentar os problemas paulistanos.As eleições municipais serão disputadas em 2024. Vários bolsonaristas disputam nos bastidores quem será o candidato do grupo político para enfrentar o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Além dele, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) também deve ser candidato."Eu vejo que Ricardo Salles é mais experiente, mais vivido para isso. É o terceiro maior orçamento do Brasil, é uma cidade grande, com seus problemas e o Ricardo Salles conhece muito mais do que o Eduardo. Não estou descartando o Eduardo, não. Mas acredito que o Eduardo tem que pagar um ... tem que ficar mais um tempo no legislativo, para disputar um cargo no Executivo. Mais
2023-03-30 12:01:00
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Partidos criam bloco de 142 deputados que racha centrão e desafia poder de Lira
Cinco partidos de centro e de direita criaram formalmente na Câmara dos Deputados um bloco que reúne 142 dos 513 deputados, num racha do centrão que desafia o poder do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).Até então integrante do trio que formava o centrão ao lado do PL de Jair Bolsonaro e do PP de Lira, o Republicanos aderiu agora a MDB, PSD, Podemos e PSC, formando a maior força política da Casa —MDB e PSD integram a base de apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, juntos, ocupam seis ministérios.A movimentação tem reflexos não só no dia a dia das votações no Congresso, como também na montagem da base de Lula e na sucessão de Lira em fevereiro de 2025.De acordo com parlamentares ouvidos pela Folha, o governo, que tem trabalhado até agora em alinhamento com o presidente da Câmara, não influenciou na montagem do bloco.A notícia da criação do bloco foi antecipada pela Coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo.Após a formalização da união, líderes de Republicanos, MDB, PSD e Podemos se encontraram com o presidente da Câmara nesta quarta-feira (29) para sinalizar que não há intenção de afronta.Lira postou uma foto em suas redes sociais parabenizando os partidos e afirmando que sempre defendeu a redução dos partidos, "fortalecendo-os e dando à sociedade confiança no nosso sistema partidário".A união do Republicanos aos governistas PSD e MDB teve como objetivo formal fazer frente às articulações de Lira para formar uma federação entre PP e União Brasil, o que acabou não ocorrendo. Os dois partidos, porém, podem ainda formar um bloco.PP e União Brasil, porém, somariam 108 deputados, ficando atrás dos 142 do novo bloco capitaneado por MDB, PSD e Republicanos.A criação dessa nova força política na Câmara não significa que Lira deixa de ser peça fundamental no Congresso. Na cadeira da presidência, ele tem o poder de pautar matérias e influenciar na distribuição de verbas do Orçamento, tendo ascendência inclusive sobre parlamentares do bloco recém-formado.Além do simbolismo político de reunir o maior contingente de cadeiras, a união dá poder ao bloco na composição das comissões mistas (entre Câmara e Senado) que devem ser retomadas para a análise das medidas provisórias, na Comissão de Orçamento e no dia a dia das votações em plenário.Alguns integrantes do novo bloco afirmam que a união pode ser um estímulo para adesão futura de parte do Republicanos a Lula, embora dois componentes conspirem contra: 1) a avaliação consensual de que nenhum partido de centro e de direita deve dar apoio fechado ao governo e 2) o fato de o partido abrigar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um dos nomes cotados para a disputa presidencial de 2026.Outra implicação da formação do bloco, essa a longo prazo, diz respeito à sucessão de Lira no comando da Câmara.O líder da União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA), é considerado por vários parlamentares como o candidato de Lira à sua sucessão.Com o novo bloco, ganham força outros nomes do campo do centro e da direita, como o presidente do Republicanos e vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP), e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL).Embora dois anos seja tempo mais do que suficiente para bruscas mudanças na política, se a eleição para o comando da Câmara fosse hoje, Elmar teria um apoio potencial de cerca de 200 deputados —a soma de PP, União Brasil e o oposicionista PL— contra 142 do candidato do novo bloco. Os cerca de 120 votos do PT e demais partidos de esquerda, nesse caso, seriam decisivos para um dos dois lados.O movimento que esvazia o poder interno de Lira ocorre ao mesmo tempo em que o presidente da Câmara trava uma disputa com o Senado em torno da tramitação das MPs, que são o principal mecanismo do governo para legislar —mas que precisam ser validados pelo Congresso.O deputado defende um modelo que mantenha em suas mãos o poder sobre a tramitação dessas medidas, mas o Senado quer retomar o que está previsto na Constituição: a formação inicial de comissões compostas meio a meio por deputados e senadores.Lira já cedeu em seu pleito inicial, propondo que essas comissões tenham três deputados para cada senador, mas essa proposta de proporcionalidade deve ser recusada pelos senadores.O imbróglio persiste, com potencial de estrago para os interesses do governo. Alguns aliados de Lira dizem reservadamente que o presidente da Casa forçou a mão nesse episódio e que agora será obrigado a ceder.Tendo sido eleito com uma base de partidos de esquerda que ocupam apenas um quarto das cadeiras da Câmara, o presidente Lula buscou em um primeiro momento atrair para a base do governo PSD, MDB e União Brasil, distribuindo três ministérios para cada uma dessas legendas de centro e de direita.Fruto da fusão do DEM (ex-PFL, partido arquirrival do PT) e PSL, partido que elegeu Bolsonaro, a União Brasil projeta-se como a sigla com potencial de ter o maior número de dissidentes contra o Planalto.Na votação de quarta-feira, por exemplo, a sessão da Câmara foi derrubada a pedido da própria liderança do governo por receio de derrota, já que Elmar Nascimento, o líder da bancada da União Brasil, havia orientado os deputados a entrar em obstrução.Mesmo que haja uma adesão majoritária de PSD, MDB e União, o governo terá uma base que não é considerada folgada —para isso, precisaria de um apoio que superasse com relativo conforto o mínimo necessário para aprovação de emendas à Constituição, que são 308 das 513 cadeiras. Por isso, Lula busca também a adesão de dissidentes do centrão. Mais
2023-03-30 12:01:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/03/partidos-criam-bloco-de-142-deputados-que-racha-centrao-e-esvazia-poder-de-lira.shtml
Como CLT e agroecologia viraram propaganda do 'made in Brazil' na Europa
Movimentos sociais no campo, democracia, legislação trabalhista. Esses foram os elementos que atraíram, em 2003, os franceses François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp a produzirem seus calçados no Brasil."A gente estava procurando um lugar para fazer tênis que respeitasse o ser humano e a natureza, e a gente encontrou todos esses ingredientes", diz Morillion.Naquele ano, a dupla dava a volta ao mundo passando por quatro países diferentes, três meses em cada um deles: China, África do Sul, Índia e Brasil. Foram parar em Rondônia, onde se depararam com um plantio de palmito pupunha em sistema de agrofloresta exportado para a França, onde era vendido por uma marca de comércio justo."Foi ali que a ficha caiu. Era 2003, e eles estavam já muito à frente naquela época. Foi o único projeto que a gente realmente achou que tivesse um impacto social e ambiental bom", relata.Duas décadas depois, a marca da dupla —batizada de Veja no exterior e vendida como Vert no Brasil— produz quatro milhões de calçados por ano. São quatro fábricas parceiras, duas no Rio Grande do Sul, duas no Ceará. A borracha vem da Amazônia; o algodão, do Nordeste; o couro, do Sul.O Brasil não costuma ser a primeira opção de marcas de calçados que querem produzir para o mundo. Uma das razões é o custo da mão de obra, mais caro do que em países como China e Vietnã, que se tornaram grandes fabricantes globais do setor. Além dos salários mais altos, a legislação trabalhista, de forma geral, confere um grau de proteção maior do que na Ásia —o que geralmente também significa custos maiores.Em uma época em que consumidores olham cada vez mais para valores como sustentabilidade, contudo, são características como essas que têm atraído algumas marcas para o país e repaginado o valor do "made in Brazil".O caso da brasileira Undo For Tomorrow é exemplar nesse sentido. Depois de alguns meses operando no Brasil, a empresa de calçados se lançou no mercado europeu em junho de 2021 com um crowdfunding (financiamento coletivo) em que apresentava um tênis feito com borracha da Amazônia, garrafas recicladas e balões de festa descartados, entre outros materiais.No vídeo de apresentação, o narrador destaca: "Nuven is sustainable, vegan-friendly and fairly made in Brazil." (Nuven é sustentável, vegan-friendly e feito de forma justa no Brasil, em tradução literal)Na pré-venda, a marca conseguiu arrecadar 110 mil euros em um mês e meio. Hoje, as vendas para o mercado europeu respondem por algo entre 60% e 65% da receita total."Existe um valor maior por trás disso —acho que aqui na Europa isso é muito reconhecido", diz Patrick Dohmann, que mora em Portugal e é fundador da marca, referindo-se ao fato de produzir no Brasil.Formado em design, o carioca cresceu no mundo do calçado. Trabalhou no negócio do pai, que foi dono da marca Andarella, com dezenas de lojas no país, e empreendeu no setor antes de se voltar para a sustentabilidade.A fábrica que produz para a marca está localizada no polo calçadista de Franca, em São Paulo. É chefiada por uma mulher e, segundo Dohmann, tem muitos empregados com longo tempo de casa, uma combinação que contribui para que o ambiente seja "quase familiar".O Brasil é, para o empresário, um lugar onde a atmosfera do local de trabalho e as condições físicas das unidades fabris têm um equilíbrio positivo de forma geral. Após ter conhecido mais de 30 fábricas, ele diz que, embora a estrutura "nem sempre seja a melhor", predomina "um ar muito amigável entre as pessoas".Não foi essa a impressão que ele teve das fábricas do Vietnã. O país asiático tem ganhado protagonismo no setor calçadista nos últimos anos, à medida que o custo da mão de obra aumenta na China, com a expansão da indústria de tecnologia no país.Depois de ter visitado cerca de 15 fábricas vietnamitas, entre unidades de pequeno, médio e grande porte, Dohmann saiu com a impressão de que muitas das grandes fábricas têm boa estrutura, são "grandes e bem iluminadas", mas que o balanço entre trabalho e qualidade de vida dos colaboradores talvez não seja o melhor.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Chamaram-lhe atenção a semana de trabalho de seis dias, de segunda a sábado, e o fato de muitos dos funcionários morarem em alojamentos montados pela própria empresa, já que algumas das plantas de maior porte ficam afastadas dos centros urbanos."Algumas pareciam verdadeiras cidades."Morillion chama atenção para um ponto parecido."Para nós, o que era muito importante era a questão das condições de trabalho. No Brasil, não existe essa coisa de dormir na fábrica. Parece bobo para um brasileiro, mas, quando você vai olhar para as fábricas de tênis do outro lado do planeta, as pessoas dormem em dormitórios nas fábricas", diz.Nesse sentido, ele cita como pontos positivos da legislação brasileira a jornada estabelecida em oito horas por dia, com pagamento de hora extra caso se trabalhe mais que isso."A gente comparou o Brasil com o que tinha visto na Ásia, e não é que o país tenha uma legislação incrível, mas tem uma legislação", pontua."Tem uma democracia. A maioria dos tênis do mundo vem da China, do Vietnã, que são dois países que não têm democracias —então um trabalhador não consegue acessar a Justiça se ele quiser processar a empresa, por exemplo."A produção das marcas Vert e Veja conta hoje com cerca de quatro mil funcionários. São 1.500 famílias envolvidas nas associações e cooperativas que fornecem borracha e 1.200 nas que fornecem algodão.Em relação aos fornecedores, Morillion diz ter sido surpreendido com as iniciativas de agroecologia com as quais se deparou no país, as quais ele associa diretamente aos movimentos sociais no campo, que deixaram como legado associações e cooperativas que há anos produzem com uma lógica da sustentabilidade."A gente estava muito pensando na ecologia [quando pesquisamos para começar o negócio]. Quando a gente chega no Brasil, se dá conta de que a ecologia é um movimento social. A agroecologia é uma luta pelos direitos dos povos originários e das populações tradicionais do campo."No Acre, diz ele, parte das associações e cooperativas que fornecem borracha para a marca são herdeiros dos "movimentos que nasceram com Chico Mendes"."No algodão, muitos são ligados aos movimentos de assentamento; muitos dos nossos produtores são assentados", acrescenta.Tudo isso custa mais caro do que produzir da forma como a indústria calçadista opera normalmente. No caso da Veja/Vert, o modelo de negócio busca compensar o custo maior com matéria-prima e mão de obra com gasto zero em publicidade, por exemplo. Não há propaganda com celebridades usando as peças da marca ou posts pagos em contas de influencers nas redes sociais."A gente não queria criar uma marca de luxo, queríamos fazer um tênis acessível. Não digo que ele é barato, mas pelo menos consegue ter um preço de aquisição que é comparável aos outros [marcas multinacionais]", diz Marillion.Dohmann, da Undo For Tomorrow, ressalta que o custo mais alto de se produzir no Brasil pode ser um problema com o qual terá que lidar em algum momento de expansão da marca, que deve estrear no mercado americano nos próximos meses."Um enorme percentual dos bens de consumo vendidos na Europa e nos Estados Unidos são produzidos na Ásia. Então, se eu quero concorrer com essas empresas, talvez chegue um momento em que vai ficar complicado, sabe?"A questão do custo também é algo que afeta a decisão dos consumidores, diz Camille Le Gal, fundadora da Fairly Made, empresa que oferece soluções para empresas do mundo da moda que querem rastrear e medir o impacto de seus produtos."Sou uma pessoa muito otimista, realmente acho que a indústria da moda está mudando para melhor. Mas acredito que a sustentabilidade ainda é um nicho, no sentido de que é pequena a porcentagem de pessoas que escolhe comprar produtos que tenham rastreabilidade e sejam responsáveis", avalia.Também contribui para esse cenário, ela acrescenta, o fato de que não há uma definição propriamente dita de sustentabilidade a nível internacional. Se não há um padrão, é difícil saber o que exatamente cobrar das empresas —reciclabilidade? durabilidade? uso de matérias-primas cuja extração não contribua para a destruição de ecossistemas naturais?Le Gal coloca ainda um terceiro fator: a formulação de novas leis que balizem o comportamento do mercado e das empresas caminha devagar.Nesse sentido, a engenheira ambiental Ligia Zottin, que é gerente de impacto e compliance da Veja/Vert, acha que essa frente avança ainda mais lentamente no Brasil."O que vejo é que essa pauta de ESG (sigla em inglês para "environment", "social" e "governance" —meio-ambiente, social e governança, em tradução literal) no Brasil é um pouco atrasada", diz a brasileira, que mora na Europa desde 2016. Mais "A gente está vendo muitas legislações na Europa e Estados Unidos surgindo, no âmbito do due diligence [diligência prévia, em tradução literal, que se refere à investigação dos riscos e a análise da cadeia de fornecedores, por exemplo], de greenwashing [o marketing enganoso de práticas de sustentabilidade que na realidade não existem nas empresas], de trabalho escravo... Observo em algumas discussões que a gente tem com fornecedores que o assunto ainda é muito novo."Mesmo na ausência de legislações mais em linha com a economia sustentável, entretanto, as empresas vêm sentindo cada vez mais pressão por mudanças, pontua Rafael Benke, CEO da Proactiva, que presta consultoria na área de ESG.De um lado, pelos próprios clientes —ainda que o consumo da sustentabilidade ainda não seja massificado—; de outro, pelos investidores."Alguns clientes nossos no ano passado tiveram financiamento suspenso porque certos quesitos ESG exigidos pelo financiador não estavam preenchidos. Isso é revolucionário", diz o executivo, que já foi diretor da Vale e líder da iniciativa de recursos naturais do Fórum Econômico Mundial.Para ele, as empresas com boa visão estratégica vão além das exigências da legislação local e se guiam pelas boas práticas internacionais."Se você relaxar agora, circunstancialmente, porque alguém está fazendo vista grossa ou porque passou um decreto, por exemplo, a conta vai vir na frente."Este texto foi publicado aqui.
2023-03-30 10:53:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/como-clt-e-agroecologia-viraram-propaganda-do-made-in-brazil-na-europa.shtml
Padilha diz que recepção a Bolsonaro 'flopou' na volta ao Brasil
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, aproveitou uma entrevista sobre o novo arcabouço fiscal para ressaltar a pequena adesão de pessoas na recepção ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em seu retorno ao Brasil."Mais uma vez ele [Bolsonaro] se demonstrou um líder de pé de barro, quando fugiu do país. Agora, fez uma semana inteira de mobilização e [mesmo assim] flopou a recepção no aeroporto", disse o petista.Padilha afirmou que, no antigo governo, havia uma "máquina de gerar conflitos" na Presidência da República, mas que a presença de líderes da oposição nas reuniões com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a disposição deles dialogar sobre as novas regras econômicas mostram que essa postura não existirá mais."Quem quiser criar um ambiente de conflito que existia no país no governo anterior, vai se dar mal, não vai ter sucesso, vai flopar, como flopou a recepção no aeroporto hoje do ex-presidente, que voltou ao país depois de ter fugido do país. Flopou", afirmou.Na reunião com senadores nesta quinta-feira (30) sobre o novo arcabouço fiscal, estiveram presentes, além de Padilha e Haddad, importantes senadores da oposição, como Hamilton Mourão (Republicanos-RS), vice-presidente de Bolsonaro, e Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil. Mais Dezenas de apoiadores de Bolsonaro se reuniam para recepcioná-lo no saguão do aeroporto de Brasília na manhã desta quinta-feira (30). Eles, porém, não sabiam que o ex-presidente sairia pelo hangar da Polícia Federal, a quilômetros dali.Apoiadores oscilavam entre cantar o hino nacional e gritos de "mito", "ei, Bolsonaro, cadê você, eu vim aqui só para te ver". Por vezes, xingavam o presidente Lula e a Globo.Ainda que Bolsonaro tenha saído discretamente do terminal, sua chegada mudou a rotina do aeroporto. Foi feito um bloqueio pela Polícia Militar na avenida principal que leva ao local, mas os carros não eram parados.O policiamento no próprio aeroporto também foi ostensivo, com ônibus e agentes em diferentes locais desde cedo.Autoridades eram esperadas apenas no PL. No aeroporto, só estava o ex-secretário de comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, que ora conversava com policiais ora com imprensa.Depois, chegou o filho 03 do ex-presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), causando tumulto no saguão. Os apoiadores o tietavam e perguntavam pelo pai. Eles só começaram a desmobilizar por volta das 8h, quando o deputado federal deixou o local.Apoiadores também esperaram o ex-presidente em frente ao complexo hoteleiro onde está localizada a sede do PL, na região central de Brasília. Os bolsonaristas vibravam e se aglomeravam para tirar selfies com ex-ministros e aliados de Bolsonaro.O ex-presidente chegou ao local por volta de 8h, mas frustrou os apoiadores ao entrar pela garagem. Mais
2023-03-30 12:02:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/03/padilha-diz-que-recepcao-a-bolsonaro-flopou-na-volta-ao-brasil.shtml
Karoline Lima revela que filha com Éder Militão nasceu surda
Após oito meses do nascimento da pequena Cecília, a influenciadora Karoline Lima revelou aos seus seguidores por meio das redes sociais que a menina, filha com o jogador Éder Militão, nasceu surda do ouvido esquerdo. Essa condição foi percebida logo após o parto, no segundo dia de vida, depois de o bebê não responder a estímulos."Ela nasceu deficiente auditiva. Zero audição. Foi o pior dia da minha vida porque eu já comecei a me culpar. Imaginando que, enquanto ela estava na minha barriga, eu devia ter ficado mais calma, que no processo de formação dela a culpa foi minha", desabafou.A partir disso, Karoline conta que começou a orar bastante e pedir que aquilo tivesse sido um erro do manuseio do aparelho. "Nenhuma das duas famílias tinha tido caso, mas eu imaginei que tinha sido no processo de formação porque a gente sabe que tudo o que acontece enquanto a gente está grávida reflete na formação do bebê." Mais Mas, felizmente, o cenário virou completamente quando, 15 dias depois, precisaram refazer os exames. "Não contei para ninguém sobre isso porque eu tinha esperança de que quanto a gente refizesse o teste ela tivesse nem que fosse um pouquinho de audição. Daí eu fui ao médico e a audição dela estava perfeita", contou.Foi só depois do resultado positivo que Karoline se sentiu menos culpada. Ela afirma que houve um milagre. "Mas a intenção de eu contar isso é para vocês verem que com a maternidade vem a culpa para a mãe. Tem coisa que nem precisa de a gente se culpar tanto, mas a gente se culpa e as pessoas culpam a gente por coisas que nem são da nossa responsabilidade."
2023-03-30 10:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/03/karoline-lima-revela-que-filha-com-eder-militao-nasceu-surda.shtml
Promotor de MG é condenado a 22 anos por feminicídio, mas mantém salário de R$ 33,6 mil
O promotor de Justiça do MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais) André Luís Garcia de Pinho foi condenado na noite desta quarta (29) a 22 anos de prisão pelo assassinato da mulher, Lorenza Maria de Pinho. Apesar da decisão, o promotor, que já está preso, permanece, ao menos por enquanto, com o cargo e com salário bruto de R$ 33,6 mil.O julgamento ocorreu ao longo do dia em sessão extraordinária do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em Belo Horizonte. O promotor tem foro privilegiado por pertencer ao MP. A decisão foi por unanimidade (20 votos a 0). A defesa do promotor informou que vai recorrer da decisão.Pinho está preso desde 4 de abril de 2021, dois dias depois da morte da mulher, no apartamento da família, no bairro Buritis, região oeste da capital. O casal tem cinco filhos.A denúncia apresentada pelo MP-MG, com base em laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Minas Gerais, apontou que a morte de Lorenza ocorreu por intoxicação causada pela mistura de medicamentos e álcool e esganadura.A condenação foi por homicídio qualificado por meio cruel, com emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima e em contexto de violência doméstica (feminicídio). O cumprimento da pena será em regime fechado e sem possibilidade de recurso em liberdade.A sentença estabeleceu ainda que o promotor só perderá o cargo após decisão de ação civil pública ajuizada para este fim. O MP-MG disse que essa ação só poderia ser aberta depois da condenação –e que isso será feito agora.O procurador André Estevão Ubaldino, durante sustentação oral no julgamento, afirmou não haver dúvidas de que o promotor é o assassino da mulher. "Gostaria de encontrar nesse caso oportunidade e meios para pedir absolvição do acusado, no entanto, quando examinamos as provas, percebe-se a absoluta impossibilidade", disse. Mais "Percebemos sinais indicativos muito claros registrados pela vítima de que ali havia um relacionamento bastante desgastado. O normal seria uma separação, mas vivemos um tempo muito estranho, em que as pessoas têm sido reduzidas a objetos descartáveis", afirmou o procurador, na sustentação.O procurador apontou ainda ter havido tentativa por parte do promotor de que o corpo de Lorenza não fosse levado para o IML, e, sim, direto para a cremação.O advogado de Pinho, Rodolfo Correa Reis, afirmou que irá buscar a absolvição do cliente no STJ (Superior Tribunal de Justiça)."Esperávamos um resultado diferente. Apresentamos laudos de especialistas que mostravam não ter havido nenhuma esganadura. Ela morreu de asfixia, mas engasgada pelo próprio vômito", disse Reis.O promotor Pinho faz parte dos quadros do MPMG desde 1992 e integrou a 11a Promotoria de Combate ao Crime Organizado e Investigação Criminal de Belo Horizonte de 2008 a 2015.Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...
2023-03-30 10:28:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/03/promotor-de-mg-e-condenado-a-22-anos-por-feminicidio-mas-mantem-salario-de-r-336-mil.shtml
Justiça mantém validade de abordagens policiais com noções vagas e preconceituosas
Na falta de provas concretas, prevalece na Justiça a percepção individual de policiais a respeito dos acusados de tráfico de drogas. E essa percepção se caracteriza por noções vagas e muitas vezes preconceituosas sobre a imagem e o comportamento dos réus.A conclusão consta de estudo do Núcleo de Justiça Racial e Direito da FGV (Fundação Getulio Vargas).O grupo analisou 1.837 decisões em segunda instância em que as defesas questionavam a validade das provas por, segundo elas, terem sido agravadas em razão de preconceitos raciais expressos pelo policial. Foram consideradas prisões em flagrante por tráfico de drogas ocorridas em residências.Em 98% dos casos aos quais o núcleo de estudo teve acesso ao inteiro teor do processo e ao testemunho policial (1.509), os juízes rejeitaram as argumentações dos advogados, levando à manutenção da condenação, e em apenas 2% (29) as nulidades são acolhidas, absolvendo os acusados. Outros 299 processos não apresentavam nulidades ou não apresentavam nulidades referentes a categorias analisadas no estudo.Nos acórdãos analisados, 69% das testemunhas são policiais e só 31% são civis, confirmando a tendência de sobrerrepresentação dos testemunhos policiais durante o processo.Em todo o país, episódios como os analisados pelos estudiosos, motivados pela cor da pessoa, não são raros, e a eles se dá o nome de perfilamento racial."Temos policiais que operam sob lógica de combate ao inimigo. Este, geralmente, tem a cara de um homem negro. É, para os agentes, a cara da criminalidade. O perfilamento racial é a lógica de justificar, corroborar e agravar uma suspeição pela cor da pele", diz Amanda Pimentel, pesquisadora do Núcleo de Justiça Racial e Direito da FGV.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Em uma tarde de junho de 2020, Rodrigo, um homem negro, então com 19 anos, caminhava por uma rua do Butantã, bairro da zona oeste de São Paulo, quando foi abordado por três agentes da Polícia Militar. Ele, que prefere não ser identificado pelo nome completo, voltava da casa de uma amiga.Segundo conta, os agentes o deixaram de joelhos. A primeira arma foi apontada para sua nuca, a segunda para a lateral de seu corpo e a última para sua testa. Não havia escapatória, pensou, e ele morreria e seria jogado em qualquer vala pela cidade.Mas Rodrigo carregava uma carteirinha da USP (Universidade de São Paulo), onde estudava audiovisual. Após longos minutos, um dos agentes de segurança, ao observar a identificação, pediu para os colegas soltarem o abordado.A suspeita sobre o jovem foi justificada pelos policiais por ele estar de touca e mascarado. O dia era frio, relata Rodrigo, e a pandemia de Covid que se iniciava demandava o uso da proteção facial. Mais Um julgamento em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o perfilamento racial pode criar legislação sobre o tema. O caso envolve um habeas corpus proposto pela Defensoria Pública de São Paulo em que se examina possível nulidade de prova decorrente de abordagem contra um homem negro.No inquérito, os agentes de segurança afirmam ter avistado "ao longe um indivíduo de cor negra, que estava em cena típica de tráfico de drogas, uma vez que ele estava em pé junto ao meio-fio da via pública e um veículo estava parado junto a ele como se estivesse vendendo algo".Com apreensão de 1,53 grama de cocaína, o homem alegou ser usuário, mas foi denunciado por tráfico e, com base no relato dos agentes, condenado a reclusão de sete anos, 11 meses e oito dias.Antes de chegar ao Supremo, a discussão sobre a ilicitude da prova começou no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Lá, o ministro Sebastião Reis se posicionou pela invalidade do relato policial em razão de a suspeita ter sido baseada na cor da pele. Reis foi vencido, mas a pena reduzida para dois anos e 11 meses.Quando, por insistência da defesa, o caso chegou à mais alta corte do país, no início deste mês, o ministro relator Edson Fachin votou favoravelmente ao habeas corpus, anulando a medida. Segundo ele, não há dúvidas da motivação por estereótipos raciais.Temos policiais que operam sob lógica de combate ao inimigo. Este, geralmente, tem a cara de um homem negroPesquisadora do Núcleo de Justiça Racial e Direito da FGV.Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Nunes Marques e André Mendonça não acompanharam a relatoria. No entanto, os ministros deixaram brecha para o debate sobre abordagem discriminatória. Sendo assim, jurisprudência sobre o tema pode ser criada sem aplicação no caso concreto. Após os votos dos colegas, Luiz Fux pediu vista, suspendendo o julgamento. Não há previsão de retomada.Para Amanda Pimentel, do Núcleo de Justiça Racial e Direito da FGV, a discussão no Supremo pode, além de fixar tese a regular a postura dos policiais durante a abordagem, aprimorar os relatos a serem utilizados como prova."Com a fundamentação de uma jurisprudência, o tribunal está dizendo ‘olha, vocês policiais precisam apresentar para a gente elementos objetivos e concretos. Nada de hipóteses preconceituosas, que serão anuladas’", opina.Na discussão, há ainda outro lado, o do argumento jurídico existente que protege os policiais durante suas abordagens. É a chamada fundada suspeita (art. 240 do Código de Processo Penal), que, com poucas ressalvas, permite buscas quando possível ilicitude é observada.Pimentel afirma que a lei brasileira nunca definiu com exatidão o que é o preceito de suspeita. Na ausência de objetividade legal, os policiais podem, em tese, decidir o que é uma atitude ou comportamento duvidoso a partir de suas convicções."Esse julgamento traz justamente a possibilidade da invalidação desses atos compostos de elementos racializados, vagos e imprecisos, deixando claro quando o policial está amparado de elementos legais para a abordagem ou não", afirma a pesquisadora. Mais Apesar da importância de se consolidar uma tese, isso não basta para mudar a conduta dos policiais, afirma Leopoldo Soares, professor de direito público da Universidade Presbiteriana Mackenzie."Para mudar essa realidade, uma decisão do Supremo deve vir acompanhada de outras tantas ações e circunstâncias a desconstruir algo estrutural, o racismo", declara.O especialista sugere a possibilidade de indenização do Estado após comprovada má-fé do sistema público de segurança. Para ele, isso inibiria ações policiais precipitadas pela discriminação racial.Ainda não há previsão para retorno do caso ao plenário do STF. Faltam os votos dos ministros Fux, solicitante de vista, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia.
2023-03-30 10:00:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/03/justica-ratifica-abordagens-policiais-baseadas-na-cor-da-pele-diz-estudo.shtml
Asma protege contra casos graves de Covid, sugere estudo
Desde o início da pandemia, em 2020, especula-se que a asma poderia contribuir para o agravamento e a letalidade da Covid-19. Divulgados recentemente na revista Frontiers in Medicine, os resultados do maior estudo feito até agora com pacientes que foram hospitalizados no Sistema Único de Saúde (SUS) por causa dos sintomas clínicos mais graves da Covid-19 sugerem exatamente o contrário.Além de não piorar o quadro, a asma pode ter um papel protetor na infecção pelo Sars-CoV-2, vírus causador da Covid. "Apesar de desenvolverem mais sintomas clínicos, os pacientes com asma foram menos propensos a morrer da Covid-19 em comparação com indivíduos sem asma", afirma um dos autores do trabalho, o biólogo e doutor em ciências da saúde Fernando Augusto Lima Marson, da Universidade São Francisco (USF), em Bragança Paulista (SP).Para chegar a essa conclusão, o grupo formado por cinco pesquisadores avaliou os registros clínicos e demográficos de 1.129.838 pacientes hospitalizados com Covid-19. Desse total, 43.245 (3,8%) eram pacientes com asma, uma prevalência baixa que já tinha sido apontada por estudos anteriores.Entre os doentes que precisaram de suporte ventilatório invasivo, por exemplo, 74,7% dos pacientes com asma morreram, enquanto o percentual de mortes entre os pacientes sem asma foi de 78%. No grupo que recebeu suporte ventilatório não invasivo, 20% dos pacientes com asma foram a óbito versus 23,5% entre os pacientes sem asma.Entre os que não precisaram de suporte ventilatório, 11,2% dos pacientes com asma morreram. Já o percentual de baixas dos pacientes sem asma na mesma situação foi de 15,8%. Todas as informações foram obtidas no banco de dados OpenDataSUS.A hipótese dos pesquisadores é que as especificidades da resposta imune dada pelo organismo à asma criam um cenário desfavorável à escalada inflamatória associada à forma mais grave da Covid-19.A pessoa com asma apresenta uma baixa produção de citocinas inflamatórias, um grupo de proteínas que aumenta a capacidade do corpo de destruir células tumorais, vírus e bactérias (os interferons, por exemplo). Isso estimula uma resposta imune mediada por células de defesa (linfócitos) TCD4+Th2, em detrimento do subtipo Th1. Mais "A predominância da resposta Th2 é benéfica porque pode regular e diminuir o impacto da fase tardia da hiperinflamação, que é um ponto crítico em infecções respiratórias graves", explica Marson, que coordena o Laboratório de Biologia Celular e Molecular da USF. Ele também é responsável pelos trabalhos de conclusão de curso na USF, onde 100% dos alunos de pós-graduação são bolsistas integrais.De acordo com a pesquisa, que recebeu financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a asma causaria ainda outras dificuldades ao Sars-CoV-2. A inflamação crônica dos alvéolos pulmonares das pessoas com asma diminui a quantidade de receptores ACE-2 (em português ECA-2, enzima conversora de angiotensina 2), uma proteína encontrada na superfície de diversas células do corpo, inclusive nas do epitélio do sistema respiratório. Ela é usada pelo vírus da Covid-19 para penetrar no interior das células, onde se multiplica."A menor produção de citocinas inflamatórias e a menor quantidade de receptores para o vírus resultam em menos chance de infecção grave", afirma Marson. Quantidades maiores de eosinófilos (glóbulos brancos) presentes no sangue de pessoas com asma igualmente desfavoreceriam a Covid-19 grave.Para os pesquisadores, o impacto de todas essas circunstâncias ajuda a entender por que embora a asma afete 10% da população, apenas 3,8% dos pacientes diagnosticados com Covid-19 e tratados pelo SUS tinham a doença.Na avaliação de Marson, o tamanho da amostra avaliada faz diferença e pode diluir alguns vieses. "Para se ter ideia, na mesma época em que o nosso estudo foi feito, um trabalho nos Estados Unidos que acompanhou entre 300 e 400 pacientes concluiu que a asma era um fator de risco", conta.Ele afirma ainda que o estudo da USF pode conter alguns dados equivocados por causa da natureza das informações analisadas. "Nosso estudo se baseou em dados coletados por uma agência de governo. Ainda que tenhamos nos aproximado do cenário real do Brasil no que concerne à resposta da Covid-19 em relação à asma, com a inclusão de muitos pacientes, o banco de dados ainda possui limitações. Não há, por exemplo, a descrição de testes laboratoriais que poderiam confirmar o diagnóstico de asma", diz Marson. Mais Nova análise e coleta de dados serão feitas pelo grupo da USF a partir deste mês, provavelmente com um universo de 4 milhões de pessoas hospitalizadas após a infecção pelo Sars-CoV-2. "Vamos trabalhar com um banco mais robusto e focar novamente no desfecho, mas também na influência da vacina contra o vírus", adianta o pesquisador.O estudo publicado na revista Frontiers in Medicine provocou desdobramentos. Um grupo de cientistas de dados pretende verificar as taxas de incidência da Covid-19 em pessoas com asma em nove municípios da região onde está situada a USF, no interior paulista.De Portugal, veio o convite da Universidade de Lisboa para uma parceria destinada a verificar a incidência da infecção em pessoas com fibrose cística. "Essa doença provoca alterações fisiológicas parecidas com as da asma e muito muco no pulmão, o que poderia dificultar a entrada do vírus na célula", observa Marson.
2023-03-30 10:01:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/03/asma-protege-contra-casos-graves-de-covid-sugere-estudo.shtml
Papa Francisco volta a trabalhar do hospital, diz Vaticano
O Vaticano anunciou que o papa Francisco, internado em razão de uma infecção respiratória, retomou algumas de suas tarefas na manhã desta quinta-feira (30). Ele passou a noite no hospital Gemelli, em Roma."Sua Santidade descansou bem durante a noite. O quadro clínico melhora progressivamente e os tratamentos previstos continuam. Esta manhã, depois do café da manhã, leu alguns jornais e voltou ao trabalho", diz nota da instituição.O comunicado acrescenta que Francisco também rezou em uma capela dentro do hospital —uma indicação sutil de que ele não está confinado à cama.O texto não esclarece quando o argentino deixará o hospital. Na véspera, o Vaticano havia afirmado que ele deve seguir internado por alguns dias.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Em um vídeo divulgado pelo Twitter nesta quinta, Francisco falou sobre paz e conflitos armados. A guerra, disse, "é uma loucura". "Está além da razão. Qualquer guerra, qualquer confronto armado, sempre termina em derrota para todos", disse o papa. Já a paz duradoura, afirma, só pode existir sem armas. "Mesmo em casos de legítima defesa, a paz é o objetivo final", disse ele.Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, Francisco implorou pela paz praticamente semanalmente, mas inicialmente sem condenar Moscou. Este mês, ele disse à televisão italiana suíça RSI que a Guerra da Ucrânia foi alimentada "por interesses imperiais".O líder da Igreja Católica, que completou dez anos no posto este mês, conduziu sua audiência semanal no Vaticano normalmente na quarta-feira, e parecia bem. Antes de sua internação, seu porta-voz, Matteo Bruni, havia comunicado que ele daria entrada no Gemelli para exames de rotina. Depois, porém, o representante revelou que o pontífice vinha se queixando de dificuldade para respirar nos últimos dias. Mais Francisco está no geral mais exposto a doenças respiratórias por ter retirado parte de um dos pulmões quando tinha 20 e poucos anos.Ele também sofre de diverticulite, uma doença que pode infectar ou inflamar o cólon, sofre de dor ciática crônica, e há dois anos foi operado no mesmo hospital onde está internado agora para remover parte do intestino. Meses atrás, o pontífice disse que a condição havia retornado e estava gerando ganho de peso, mas que isso não era fonte de grande preocupação.O papa ainda tem uma osteoartrite que afeta um ligamento do joelho direito, e alterna entre o uso de uma bengala e de cadeira de rodas em suas aparições públicas.Sua hospitalização na quarta-feira ressuscitou especulações sobre uma possível renúncia por razões de saúde após o precedente histórico estabelecido por seu antecessor, Bento 16, papa emérito por quase uma década e morto no final do ano passado aos 95 anos. Mais Em dezembro, Francisco revelou à imprensa que assinou ainda no início de seu papado uma carta de renúncia na eventualidade de que seus problemas de saúde o impedissem de desempenhar suas funções. Aos 86 anos, ele reiterou em várias ocasiões que não descarta deixar o cargo caso seus problemas nesse âmbito se agravem —embora tenha declarado em viagem recente à República Democrática do Congo que renúncias do tipo não deveriam "virar moda".A agência de notícias italiana Ansa reportou nesta quarta que a equipe de enfermagem do Gemelli estava "muito otimista" com a possibilidade de que o papa receba alta a tempo da Semana Santa. Mas mesmo que isso aconteça, é provável que ele ainda não tenha forças para participar, quanto mais celebrar, a intensa sequência de missas relacionadas ao feriado.Em 2022, o papa se absteve pela primeira vez de presidir algumas das celebrações de Páscoa na Basílica de São Pedro em decorrência de uma dor no joelho. Delegou a tarefa a um arcebispo ou cardeal enquanto permanecia sentado durante as missas. Ele também lia a homilia sentado.A Ansa ainda noticiou que médicos que atendem o papa excluíram problemas cardíacos e pneumonia de suas suspeitas por ora. O Vaticano também havia declarado na véspera que o argentino não tem Covid-19.
2023-03-30 08:26:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/03/papa-francisco-volta-a-trabalhar-do-hospital-diz-vaticano.shtml
Inteligência artificial: o alerta de mil especialistas sobre 'risco para a humanidade'
Um grupo de especialistas em inteligência artificial e executivos da indústria de tecnologia pediu uma pausa de seis meses no treinamento de poderosos sistemas de inteligência artificial, argumentando que eles representam uma potencial ameaça à humanidade.Em carta aberta, eles alegam que os laboratórios que trabalham com essa tecnologia estão em "uma corrida fora de controle para desenvolver e implementar mentes digitais cada vez mais poderosas que ninguém, nem mesmo seus criadores, pode entender, prever ou controlar com segurança".A declaração foi assinada por mais de mil pessoas, incluindo o empresário Elon Musk, o cofundador da Apple, Steve Wozniak, e o CEO da Stability AI, Emad Mostaque, além de pesquisadores da DeepMind.Na carta, eles pedem que as empresas que desenvolvem esse tipo de programa "pausem imediatamente, por pelo menos seis meses, o treinamento de sistemas de inteligência artificial mais poderosos que o GPT-4".O GPT-4 é a versão mais avançada do ChatGPT, um dos sistemas de inteligência artificial mais poderosos do mundo, desenvolvido pela empresa OpenAI.Tanto o GPT-4 quanto o ChatGPT são um tipo de inteligência artificial generativa, ou seja, usam algoritmos e texto preditivo para criar novos conteúdos com base em instruções."Esta pausa deve ser pública e verificável, e incluir todos os principais atores. Se essa pausa não puder ser implementada rapidamente, os governos devem intervir e instituir uma suspensão", acrescenta o texto.Emitido pelo Instituto sem fins lucrativos Future of Life, que conta com Elon Musk entre seus consultores externos, o comunicado adverte que esses sistemas podem representar "riscos profundos para a sociedade e a humanidade".O instituto argumenta que poderosos sistemas de inteligência artificial podem gerar desinformação e substituir empregos por automação.Um relatório recente do banco de investimentos Goldman Sachs diz que a inteligência artificial poderia substituir o equivalente a 300 milhões de empregos em tempo integral.Esta tecnologia pode substituir um quarto das tarefas laborais nos EUA e na Europa, acrescenta, mas também pode gerar novos postos de trabalho que não existiam até agora e acarretar em um aumento da produtividade.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Especialistas ouvidos pela BBC dizem que por ora é muito difícil prever o efeito que essa tecnologia terá no mercado de trabalho.A carta assinada pelos especialistas faz a seguinte pergunta: "Devemos criar mentes não humanas que possam eventualmente nos superar, ser mais inteligentes, nos tornar obsoletos e nos substituir?"Em um post recente citado na carta, a OpenAI, empresa por trás do GPT-4 (um dos sistemas de linguagem usados pelo ChatGPT), também alertou sobre os potenciais riscos da tecnologia."A superinteligência desalinhada pode causar sérios danos ao mundo; um regime autocrático com superinteligência decisiva também pode fazer isso", escreveu a empresa em um blog.A OpenAI não comentou publicamente a carta.Elon Musk foi cofundador da OpenAI, embora tenha renunciado ao conselho de administração da organização há alguns anos e postado mensagens críticas no Twitter sobre a direção da empresa.Os recursos de direção autônoma desenvolvidos por sua montadora Tesla, como a maioria dos outros sistemas similares, usam tecnologia de inteligência artificial.Recentemente, várias propostas de regulamentação de tecnologia foram apresentadas nos EUA, no Reino Unido e na União Europeia. No entanto, o Reino Unido descartou a criação de um órgão regulador dedicado à inteligência artificial.Este texto foi publicado aqui.
2023-03-30 10:04:00
tec
Tecnologia
https://www1.folha.uol.com.br/tec/2023/03/inteligencia-artificial-o-alerta-de-mil-especialistas-sobre-risco-para-a-humanidade.shtml
Incêndio em balsa nas Filipinas deixa 31 mortos, incluindo bebê de 6 meses
Ao menos 31 pessoas morreram, incluindo duas crianças e um bebê de seis meses, depois de um incêndio em uma balsa no sul das Filipinas na noite de quarta-feira (29).A informação é das autoridades locais, que acrescentaram que é possível que a cifra de mortes cresça, uma vez que o número de passageiros superava os 205 registrados na lista de embarque da balsa.O Lady Mary Joy 3 viajava da cidade de Zamboanga para a ilha de Jolo, na província de Sulu. A embarcação estava próxima da ilha de Baluk-Baluk, na província de Basilan, quando o fogo começou a se espalhar, por volta das 23h do horário local (12h no horário de Brasília).Vários passageiros e membros da tripulação então se jogaram no mar —algumas delas se afogaram, inclusive as três crianças, enquanto outras morreram no incêndio.Outras 230 pessoas sobreviveram e foram resgatadas. Destas, 14 tiveram queimaduras, tendo sido encaminhadas a um hospital em Basilan. Mais A causa do incêndio ainda não foi determinada. O governador da província, Hadjiman Hataman Salliman, afirmou à estação de rádio local DZRH que a balsa ainda não pôde ser periciada porque ainda está muito quente.Arquipélago composto por mais de 7.600 ilhas, as Filipinas têm um histórico de acidentes marítimos e mantém uma frota de embarcações antiquadas, que com frequência leva mais passageiros do que sua capacidade permite. Em maio passado, ao menos sete pessoas morreram em um incêndio em uma balsa de alta velocidade que transportava 134 pessoas.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Em 1987, o país registrou o pior desastre de navio fora de uma situação de conflito. Na ocasião, cerca de 5.000 pessoas morreram quando a balsa Dona Paz, que levava mais passageiros do que o permitido, colidiu com um petroleiro perto da ilha de Mindoro, ao sul da capital, Manila.
2023-03-30 10:05:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/03/incendio-em-balsa-nas-filipinas-deixa-31-mortos-incluindo-bebe-de-6-meses.shtml
Fãs de Alcione usam músicas para criticar foto dela com Cláudio Castro
Seguidores de Alcione nas redes sociais usaram letras de músicas interpretadas pela sambista como reação a uma foto publicada pela artista nesta quarta-feira (29).Na imagem, ela aparece abraçada ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), a quem parabeniza pelo aniversário."Hoje é aniversário do governador Cláudio Castro, a quem eu deixo meu forte e caloroso abraço! Felicidades hoje e sempre!", escreveu a cantora. Mais Muitos fãs não gostaram. "Minha estranha loucura é tentar desculpar o que não tem desculpa", respondeu um deles, citando a música "Estranha Loucura", um dos grandes sucessos de Alcione."Você me vira a cabeça. Me tira do sério. Destrói os planos que um dia eu fiz pra mim. Me faz pensar porque a vida é assim", reagiu outro seguidor, usando letra de mais um sucesso.Uma seguidora buscou nos versos de "Sufoco" o jeito de responder, com elegância, à foto de Alcione com o político. "Não posso mais alimentar a esse amor tão loucoooo, que sufoco", escreveu."Garoto Maroto" também entrou no repertório dos que não gostaram da vinculação da sambista com o governador. "Garoto maroto, travesso no jeito de amar", reagiu um deles, com humor, ao abraço dos dois.E houve também quem tenha sido mais direto. "Apaga, Marrom", pediram alguns dos admiradores da sambista. "Todo mundo erra", disse outro, em um comentário mais compreensível.No ano passado, Alcione foi uma das artistas convidadas a se apresentar no aniversário de 43 anos do governador, no Jockey Club do Rio. A festa de 2022 teve também participações de Belo e Mumuzinho.A sambista será tema do enredo da Mangueira no Carnaval 2024. Segundo a escola de samba, o enredo era um sonho da presidente Guanayra Firmino há dez anos.O lançamento do enredo será no dia 28 de abril, no aniversário de 95 anos da Mangueira.
2023-03-30 05:00:00
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Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/03/fas-de-alcione-usam-musicas-para-criticar-foto-dela-com-claudio-castro.shtml
Bolsonaro e Lula apostam na polarização em cenário adverso
Após o inédito duplo abandono da Presidência, contando aí os dois meses em que ficou amuado no Palácio da Alvorada após perder a reeleição e a fuga para a Flórida dois dias antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) voltou ao Brasil.Passados três meses, seu desembarque esteve longe da consagração aeroportuária que marcou sua marcha à Presidência —na sede do PL, havia uma concentração pífia de apoiadores, mesmo Brasília sendo uma ilha bolsonarista. Mas esse é o menor de seus problemas.A questão central para ele é análoga à de seu ídolo político e modelo comportamental, o também ex-presidente americano Donald Trump. Após ser derrotado em 2020, o republicano não reconheceu a vitória de Joe Biden e instigou uma sublevação popular que levou destruição ao Capitólio no 6 de janeiro de 2021.Agora, Trump se prepara para tentar voltar à Casa Branca no ano que vem, mas a realidade política à sua volta é bastante adversa. Evidentemente, tem votos e conta com seu poder midiático, mas enfrenta uma renovada concorrência em seu partido e um leque de pendências judiciais graves.Resta-lhe, como mostrou o discurso amalucado que fez em Waco, cidade ícone de uma certa direita americana pelo cerco trágico de forças federais contra uma seita religiosa, redobrar a aposta na polarização com que se elegeu em 2016.Adaptando uma ou outra coisa, é a história que Bolsonaro após a derrota de outubro passado: sem reconhecer a vitória de Lula, incentivando os golpistas que criaram o 8 de janeiro de Brasília, vendo emergir lideranças no seu campo de jogo e enfrentando problemas que poderão tirar seus direitos políticos. Mais Assim, caberá ao ex-presidente a radicalização, apostar naqueles 25% que, em dezembro passado, disseram ao Datafolha se considerar bolsonaristas. Quantos são agora, após a reação institucional ao golpismo esposado pelo grupo, é algo a aferir, mas é ilusão achar que eles desapareceram.O que parece certo é que são uma força reduzida da quase metade do eleitorado que votou no então presidente no segundo turno, não menos porque aquele contingente abarcava antipetistas que reprovam o 8/1 e a lambança das joias árabes.Bolsonaro voltar ao país para liderar a direita, como quer o presidente de seu partido, cioso do enorme Fundo Partidário que os votos bolsonaristas lhe deram, é outra história. Como ele mesmo disse ao embarcar de volta a Brasília, esqueçam.Basta olhar para sua Presidência. Não faz parte de seu repertório a construção política, ao contrário. O que não quer dizer que ele não tenha voto. Resta saber o uso que será feito disso —nem montar a própria sigla, a tal Aliança, ele conseguiu no ápice do poder. Mais Este é um momento de readequação de forças, e a saída do Republicanos do centrão clássico com PL e PP rumo ao novo centrão de Lula, ao formar o maior bloco da Câmara (142 deputados) com o PSD, MDB e Podemos, é sinal eloquente disso.O cérebro por trás da operação é Gilberto Kassab, o presidente do PSD e secretário de Governo paulista, que quer transformar o seu governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em liderança nacional de uma centro-direita que agregue o voto conservador e também bolsonarista, de alguma forma convencido a deixar de lado o radicalismo e a tosquice.Sinal do pragmatismo adotado, PSD e MDB estão no ministério de Lula, mas sempre de olho no comportamento do presidente, que promete começar de fato seu governo no momento em que Bolsonaro desembarca, com a apresentação do novo arcabouço fiscal.Se fracassar em convencer o mercado e o Congresso de sua viabilidade, o governo Lula arrisca permanecer em estado letárgico ou coisa bem pior. Se funcionar, dificilmente o novo centrão irá largar o seu quinhão do governo, sobrando ao modelo original o papel de oposição e lago para pescaria de dissidentes.Bolsonaro terá de se manter no palanque para evitar a sangria de apoio. Para Lula, que sempre manteve relação simbiótica com o ex-presidente, é ótima notícia. Foi da lavra do bolsonarismo que saíram vários temas que ajudaram o governo a manter o foco na polarização, enquanto se digladia entre dificuldades de articulação política e a verborragia extremada do presidente. sobre o retorno de Bolsonaro ao Brasil Houve o 8/1, a crise yanomami (que é perene, mas ficou na conta de Bolsonaro por seu desdém por indígenas), as joias da Arábia Saudita, a demonização do Banco Central independente herdado de seu governo. Agora, haverá o ex-presidente em pessoa.Como notou o colunista Elio Gaspari, essa será uma situação inédita em que um ex-presidente fustigará diretamente o sucessor, de olho em sua cadeira. Se a agressividade de Lula contra seus antecessores já era deletéria do ponto de vista institucional, nada de bom deverá sair de um cenário de guerra aberta.
2023-03-30 07:40:00
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Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/03/bolsonaro-e-lula-apostam-na-polarizacao-em-cenario-adverso.shtml
Brasil chega a 700 mil mortos por Covid longe de resolver danos à saúde mental
O acesso ao ciclo vacinal completo e o fim do isolamento social pareciam indicar a especialistas melhora na saúde mental, deteriorada pela pandemia de coronavírus. O país chega aos 700 mil mortos, porém, com poucas perspetivas de superar os danos causados por doenças como ansiedade, depressão e transtorno do estresse pós traumático, segundo médicos e estudos.Trabalhos conduzidos no Brasil e no exterior sobre efeitos da Covid-19 mostraram um aumento expressivo da incidência de doenças mentais em todas as populações. De acordo com o médico e pesquisador Rodolfo Furlan Damiano, doutorando do IPq (Instituto de Psiquiatria) da USP (Universidade de São Paulo), a saúde física impacta o bem-estar mental e socioambiental.Damiano integrou estudos do instituto sobre os efeitos da infecção por coronavírus na parte neuropsíquica. Em um deles, publicado na revista General Hospital Psychiatry, mais da metade da grupo analisado (51,1%) relatou perda de memória após contrair a doença.Outros 13,6% desenvolveram TEPT (transtorno de estresse pós-traumático), enquanto 15,5% apresentaram transtorno de ansiedade generalizada e 8% depressão. Situações que, mesmo quando acompanhados por profissionais, podem levar anos de tratamento, além de serem somadas a outros obstáculos pessoais."Ao longo do tempo, com as medidas [sanitárias restritivas] sendo retiradas, as pessoas voltam a entrar em contato com os problemas da vida cotidiana delas, só que somados às novas dificuldades que o mundo pandêmico colocou, como falta de emprego, prejuízos financeiros, prejuízos nos casamentos e nas relações", indica Damiano.A associação entre perda de paladar e olfato com a morbidade de doenças neuropsiquiátrica na pandemia também foi investigada por pesquisadores do IPq. Publicado no European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience, o estudo, feito com dados de 701 adultos hospitalizados em estado moderado a grave, confirmou a forte relação entre os quadros físicos e mentais dos pacientes com a doença. Mais A infância é outra área que exigirá atenção. "A sociedade foi mudada de diversas formas. O contato não é mais o mesmo, a proximidade entre as pessoas não é mesma, e os mais jovens são os que mais vão sofrer com isso. Vai ter um impacto no desenvolvimento mental das crianças, que perderam um período muito importante de socialização", pontua Damiano.Dificuldade para fazer amigos e lidar com conflitos interpessoais são, portanto, alguns dos pontos que terão de ser abordados pela sociedade com frequência nos próximos anos, segundo o pesquisador. A falta de um sistema de saúde mental mais eficaz e acessível pela rede pública, por sua vez, agrava a situação do quadro brasileiro."Sabemos que os países que lidaram melhor com a pandemia foram consequentemente os que também tiveram menores índices de transtornos mentais ao longo do tempo. Como o Brasil não lidou muito bem com o período pandêmico, podemos esperar essa resposta um pouquinho mais retardada da melhora", afirma.Para o psiquiatra Antônio Geraldo, presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), o país possui um sistema privado de saúde mental entre os melhores do mundo, mas isso não chega a uma parte expressiva da população que depende da rede pública."Desinteresse, falta de prazer, de alegria, transtornos de ansiedade, de estresse pós-traumático, luto, é tudo muito presente e não temos nenhum trabalho específico nessa população que passou por esse estresse e convive com tudo isso", pontua.Geraldo afirma que a Covid não deve desaparecer e que, nos hospitais, o medo ainda é presente entre pacientes e profissionais de saúde. Estudos publicados na Revista Brasileira de Psiquiatria, da ABP, em 2020, apontavam que a negligência com a saúde mental durante a pandemia poderia trazer problemas econômicos e sociais, afetando diretamente o sistema público de saúde.No primeiro ano da pandemia, os pesquisadores monitoraram equipes que estavam na linha de frente nos hospitais e alertaram para a necessidade de prevenir o surgimento de transtornos mentais no ambiente de trabalho, especialmente os ligados à saúde."É preciso cuidar do cuidador. Ver um plano de carreira para esse profissional, médico, enfermeira, porque continuam trabalhando em mais de um emprego, às vezes três ou quatro, expostos nas UTIs [unidades de terapia intensiva] e em situação de insegurança", diz o psiquiatra.Outro estudos sobre os efeitos da doença na saúde mental realizados pela associação, também publicados na BJP, apontam que, no Brasil, o sofrimento psíquico foi alto ou muito alto em 13,4% dos profissionais de saúde e em 31,4% da população geral, sendo que no primeiro grupo 36% relataram histórico anterior à pandemia, contra 44,7% do público mais abrangente.Para a empresária Giselle Cristina da Silva, 35, em 2023 o luto ainda é forte. Ela perdeu o marido em novembro de 2020 em decorrência de complicações da Covid-19."Foi um momento que parece que foi congelado. Não sei dizer como consegui chegar até aqui, foi uma sobrevivência e ainda não lido bem com isso. O Ricardo foi arrancado de nós de forma abrupta, era uma pessoa saudável", diz. "Fui obrigada a suportar o insuportável e assim vem sendo até hoje."Silva, que tem dois filhos frutos do relacionamento, afirma que não buscou tratamento psicológico, apesar da insistência dos familiares. "Sempre tinha a impressão de que quando tentava fazer uma terapia, a pessoa estava tentando tirar o Ricardo do meu coração", relata.Ela buscou apoio em grupos nas redes sociais com pessoas que também perderam entes queridos e desabafa escrevendo em um perfil no Instagram."A questão da Covid afetou drasticamente a minha família. Quando as pessoas estavam voltando às suas rotinas, eu senti uma grande revolta, porque na minha cabeça ninguém tinha tido o impacto que teve na minha casa. A Covid veio, passou por muitas pessoas, mas ela fez um estrago grande em algumas", diz.
2023-03-30 07:00:00
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Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2023/03/brasil-chega-a-700-mil-mortos-por-covid-longe-de-resolver-danos-a-saude-mental.shtml
Mesmo com velocidade reduzida, linha 8-diamante tem novo descarrilamento nesta quinta-feira (30) em SP
Um trem de passageiros da linha 8-diamante, operada pela concessionária ViaMobilidade, descarrilou na manhã desta quinta-feira (30) na região da estação Júlio Prestes, em São Paulo.Os passageiros tiveram de descer da composição e caminhar sobre os trilhos.Os trens das linhas 8-diamante e 9-esmeralda em São Paulo, administradas pela ViaMobilidade, operam com velocidade reduzida e maior tempo de parada desde a segunda (20) como forma de melhorar a segurança das operações.As linhas têm registrado uma série de problemas, e a medida foi tomada após o caso mais recente, no último dia 18, quando um trem com passageiros descarrilou na linha 8, entre as estações Sagrado Coração e Itapevi —uma mulher passou mal e precisou ser socorrida.Nesta quinta, de acordo com a ViaMobilidade, o descarrilamento ocorreu às 7h, na região de Júlio Prestes, em decorrência de uma falha em um equipamento chamado Assistente de Mudança de Via."A ocorrência aconteceu na região de Júlio Prestes. Não houve feridos e todos os passageiros que estavam no trem desembarcaram em segurança com o auxílio dos agentes de atendimento e segurança, da ViaMobilidade. A linha opera normalmente entre Barra Funda e Itapevi. Passageiros com destino a Júlio Prestes devem descer na estação Barra Funda e utilizar a linha 7-rubi", explicou a concessionária.A composição atingiu a outra linha e por isso não é possível fazer a operação singela ou por via única.No site da CPTM, até por volta das 7h40 constava a informação de operação normal para a linha 8-diamante. Após esse horário, foi feita uma atualização, mas sem citar o descarrilamento. Consta apenas uma informação sobre problema em equipamento de via."Devido a uma falha em equipamento de via próximo à estação Júlio Prestes, os trens da linha 8-diamante estão circulando entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Itapevi. O trecho entre as estações Júlio Prestes e Barra Funda está sendo atendido pelos trens da linha 7-rubi", traz a informação no site.Diversos passageiros reclamaram nas redes sociais."Essa empresa tá fazendo o Governo de bobo e os usuários de cobaias. Estão esperando mortes para tomar providências? Aí não vai adiantar mais", escreveu Gilmar Cremaschi."Se um descarrilamento é apenas uma falha pra ViaMobilidade, dá pra entender porque quando os trens estão atrasados eles informam que está tudo normal", apontou Sebastián Aráguiz."Todo dia um descarrilamento. Nunca ocorria isso quando era administrado pela CPTM né. Até agora a pouco estava de boa pelo menos. Empresa incompetente", afirmou Lucas Silva."Será possível que será preciso acontecer uma tragédia pra tomarem vergonha e consertar esses trilhos?", questionou Paula Dundee."Cadê o governador que tanto defende a privatização mas não anda de trem? Até quando vão permitir essa operação perigosa da Via Calamidade? Até acontecer uma tragédia? Lamentável os riscos que a população tem que passar pra buscar o ganha pão", reclamou Caique Souza.A concessionária afirmou no dia 20 que identificou pontos importantes a serem corrigidos e que a redução da velocidade máxima (de 90 km/h para 70 km/h em alguns trechos) é necessária para o serviço de manutenção de trilhos e dormentes. Já o tempo de espera nas estações deve ter um acréscimo de 1 minuto. Nos trechos onde há a troca de trilhos a velocidade passou de 40 km/h para 25km/h.Administradas pela ViaMobilidade desde janeiro de 2022, as linhas 8-diamante e 9-esmeralda de trens vem apresentando uma série de falhas técnicas.Para o Ministério Público de São Paulo, os problemas se devem a falta de manutenção preventiva nos trilhos. Em razão disso, a promotoria propôs um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) à empresa. Mais Como a ViaMobilidade não aceitou o acordo, o Ministério Público anunciou que pediria à Justiça o fim da concessão das linhas, além de indenizações.
2023-03-30 07:45:00
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Cotidiano
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Distribuição de vacina contra Covid a países mais pobres deve se tornar rotineira
A Covax, iniciativa desenvolvida para distribuir imunizantes contra a Covid-19, deve ser incorporada a um modelo de vacinação de rotina. Isso significa que os fármacos devem passar a ser distribuídos de maneira constante para população de maior risco em países mais pobres, como já acontece em relação a vacinas contra outras doenças, como o HPV.Fruto de uma parceria, a Covax foi criada na pandemia para fornecer vacinas contra a Covid para diversos países, doando as doses para nações pobres e agilizando a distribuição igualitária para as de média e alta renda."A decisão ainda não foi tomada, mas estamos discutindo [...] a ideia de integrar a Covax no âmbito da imunização de rotina. É o que faz sentido", afirma José Manuel Barroso, presidente do conselho da Gavi, uma aliança internacional para prover vacinas ao redor do mundo e uma das organizações que compõem a Covax.A expectativa é que a decisão seja tomada em junho, numa reunião do conselho da organização. Também lideram a Covax a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a Cepi (Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias), que contam com a parceria do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).No Brasil, foram mais de 25 milhões de doses dos imunizantes com eficácia contra a Covid distribuídos pela Covax, sendo 12 milhões de vacinas bivalentes. O país entrou no rol de nações que pagaram por essas doses, pois não é considerado de baixa renda.No entanto, se a Covax for aglutinada ao modelo de distribuição de rotina da Gavi, o Brasil deixará de ter acesso ao imunizante pelo programa, já que ele não entra no rol de países atendidos pela iniciativa. No total, são 78 países pobres que compõem essa lista dos aptos a receber as doações da Gavi visando à imunização rotineira da população de maior risco. Mais No entanto, isso não representa um grande problema porque, considerando o momento atual da pandemia, o Brasil já consegue ter acesso a fármacos suficientes para o público interno. Um exemplo é que as doses vindas pela Covax ao país representam só 5% das mais de 510 milhões já aplicadas.A importância maior do programa para a população brasileira foi de disponibilizar algumas doses em um momento em que havia pouca capacidade produtiva no mundo. As primeiras delas, um pouco mais de 1 milhão, chegaram em março de 2021, quando o Brasil sofria com falta de imunizantes.O objetivo da Gavi de integrar a vacinação da Covid ao esquema rotineiro da organização compactua com a leitura de especialistas de que o combate à doença demandará doses de reforços, principalmente para grupos de maior risco, como idosos e imunossuprimidos.Barroso explica que, conforme o diálogo que mantém com especialistas, a recomendação é se manter preparado contra o Sars-CoV-2, vírus causador da Covid. Dentro desse modelo, entraria a imunização de tempos em tempos de pessoas mais suscetíveis a quadros graves da doença.Desde o início, a Covax tinha o objetivo de reservar doses de vacinas para serem doadas a países pobres, mas também desenvolveu um modelo de distribuição mais equitativa entre outras nações. Nesse caso, os países de média e baixa renda ainda pagavam pelas doses, como ocorreu para o Brasil.Mas o projeto sofreu com o chamado nacionalismo vacinal, termo que designou o movimento de países mais ricos que monopolizaram grande parte das doses disponíveis. Mais "O que aconteceu dessa vez foi que os países mais ricos se puseram à frente da fila porque pagavam mais e quando nós, Gavi, criamos a Covax com a OMS, Unicef e Cepi, tivemos que perder tempo conseguindo financiamento para entrar nesse mercado", contou Barroso.Além das compras exageradas de doses em algumas nações, o presidente do conselho da Gavi cita que países com sede das farmacêuticas impuseram limites na exportação das vacinas. As empresas, segundo Barroso, também não agiram da melhor maneira possível."Nem tudo foi bom comportamento [...] nem da parte dos governos, nem da parte das companhias farmacêuticas."Mesmo reconhecendo as dificuldades, Barroso acredita que a iniciativa alcançou feitos importantes. "A Covax [...] fez o seu trabalho o melhor possível."
2023-03-30 06:00:00
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Equilibrio e Saúde
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Podcast explica por que acusação de Tacla Duran contra Moro voltou à tona
Uma audiência na 13ª Vara Federal de Curitiba nesta semana trouxe novamente à tona uma acusação contra o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Em depoimento ao juiz Eduardo Appio, que conduz processos remanescentes da Lava Jato, o advogado Rodrigo Tacla Duran repetiu denúncias feitas em 2017 contra Moro e o ex-procurador e hoje deputado federal, Deltan Dallagnol.O advogado foi ouvido em uma ação na qual é réu, no âmbito da operação, acusado de lavagem de dinheiro. Ele era considerado foragido até este mês, quando Appio revogou a prisão preventiva que tinha sido decretada por Moro.Tacla Duran acusa um amigo do ex-juiz de extorsão e afirma que Moro agiu de modo parcial em relação a ele e que Deltan o perseguiu, por não ter aceitado o pedido de pagamento. O advogado diz ter fotos e áudios como prova. Moro e Deltan negam irregularidades e dizem que investigações anteriores já descartaram as alegações.Appio decidiu que a ação deve ser remetida ao Supremo Tribunal Federal, devido ao foro especial do ex-juiz e do ex-procurador. Nesta quarta-feira (29), Moro disse que quer que o caso seja analisado na primeira instância, mas apontou suspeição de Appio.O Café da Manhã desta quinta-feira (30) explica os detalhes da denúncia de Tacla Duran contra Moro, conta por que ela voltou à tona agora e analisa o possível uso político da história. O podcast conversa com Felipe Bächtold, editor-assistente de Política da Folha, e Catarina Scortecci, repórter em Curitiba.O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Gabriela Mayer e Gustavo Simon, com produção de Carolina Moraes e Victor Lacombe. A edição de som é de Laila Mouallem.
2023-03-30 05:00:00
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Bolsonaro assumirá função de presidente de honra do PL e terá renda mensal de R$ 86,5 mil
Depois de três meses no exterior, Jair Bolsonaro (PL) deve começar a despachar como presidente de honra do PL na próxima semana, num escritório ao lado da sede nacional do partido. Pela função, ele deve receber da sigla um salário de R$ 39.293 —valor que se soma às pensões como militar e deputado e que eleva sua renda mensal para quase R$ 86,5 mil.Bolsonaro embarcou nos EUA no fim da noite desta quarta (29) e chegou a Brasília na manhã desta quinta (30). Ele havia deixado o Brasil antes do final do seu mandato para não entregar a faixa ao seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)."Na semana que vem, Jair Bolsonaro assume formalmente a função de presidente de honra do Partido Liberal e deverá despachar normalmente em seu escritório", afirmou o PL em nota.Com o salário do partido, pago a partir de abril, Bolsonaro passará a ter um rendimento mensal de quase R$ 86,5 mil. Isso porque ele também recebe R$ 11.945 como militar reformado e R$ 35.223 de aposentadoria parlamentar. Ele foi deputado por quase 30 anos.Nas negociações para que Bolsonaro fosse presidente de honra do PL, discutiu-se a possibilidade de o partido arcar com as despesas da casa alugada pelo ex-presidente em um condomínio no Jardim Botânico, região com casas de alta renda em Brasília. A hipótese, no entanto, não se concretizou. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e suas filhas Letícia e Laura já se mudaram para o imóvel.Michelle tornou-se presidente do PL Mulher. Ela despacha numa sala ao lado da reservada a Bolsonaro e recebe da sigla salário de cerca de R$ 33 mil.Em dezembro, Bolsonaro viajou à Flórida para evitar participar da posse de Lula e transmitir ao petista a faixa presidencial, um ato simbólico que marca a transferência de poder de um mandatário para outro. Agora, retorna sob a expectativa de assumir a posição de líder da oposição a Lula. sobre o retorno de Bolsonaro ao Brasil O PL organizou um evento para recebê-lo na sede do partido. Além do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, também o aguardava na sede do PL a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o secretário de Relações Institucionais do partido, general Walter Braga Netto, que foi candidato a vice na sua chapa nas últimas eleições presidenciais.O avião com o ex-presidente pousou no aeroporto internacional de Brasília às 6h38 desta quinta. Ele não saiu pelo saguão tradicional do terminal, mas por uma passagem que dá acesso ao hangar da Polícia Federal, seguindo determinação das autoridades de segurança. A justificativa das forças de segurança é que a passagem de Bolsonaro pelo terminal de passageiros poderia gerar tumulto e afetar o funcionamento do aeroporto.O ex-mandatário seguiu para a sede do PL, mas a imprensa não foi autorizada a acompanhar o evento, a pedido do próprio Bolsonaro.Na presidência de honra do PL, ele terá direito a montar uma equipe. A formação do grupo deve ser um dos primeiros temas na agenda de Bolsonaro com Valdemar Costa Neto.Bolsonaro tem atualmente oito assessores com recursos pagos pelo erário por ser ex-presidente. Uma parte deles retornou com o ex-presidente nesta quinta dos Estados Unidos. Outra permaneceu em Brasília durante esse período.Também ocupa cargo no partido o ex-ministro Walter Braga Netto, que foi vice na chapa derrotada de Bolsonaro no ano passado. Ele é secretário nacional de relações institucionais da legenda. Mais
2023-03-30 04:10:00
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Avanço da diversidade no setor público depende de acesso a poder de decisão, dizem servidores
As políticas transversais com a participação de representantes dos diversos polos da sociedade, como negros e pessoas LGBTQIA+, estão conquistando mais espaço dentro da administração pública. Para especialistas, esse seria o primeiro passo para construir um setor público mais inclusivo e com resultados concretos para demandas da diversidade."Se a gente quer novas políticas comprometidas com a desigualdade e sensíveis às necessidades dos diferentes grupos, temos que trazer dados, mas também a representatividade. Fazer dos representantes desses grupos parte do processo decisório", disse Ana Paula Rodrigues Diniz, professora no Insper.Ainda de acordo com a especialista, "pessoas com diferentes backgrounds e experiências vão olhar para os problemas de formas diferentes. E se todos nós temos limites na nossa percepção, na nossa análise da realidade, a gente pode ter diferentes pontos de observação que enriquecem o processo, isso inclusive identificando quais ações, políticas e comportamentos que contribuem para a desigualdade."Esta é a 8ª e última reportagem da série O Profissional Público do Futuro, parceria entre a Folha e a República.org, que debateu temas para a modernização do serviço público no Brasil vocação, formas de entrada e a capacitação para as novas tecnologias.Trabalhando desde 2005 na administração pública, a cientista social Ângela Guimarães, professora de sociologia concursada na rede estadual de educação, assumiu a secretária de Promoção e Igualdade Racial da Bahia em janeiro de 2023, na entrada da gestão Jerônimo Rodrigues (PT) no estado. Está desde 1999 militando pelo movimento negro."A presença de gestores e gestoras negras na estrutura do estado, participando da elaboração das políticas públicas, é reclamada há muitas décadas pelos movimentos da luta antirracista. O nosso papel nessas secretarias transversais é exatamente ecoar e abrir e costurar caminhos", disse Ângela.Apesar dos avanços, a secretária diz que são inúmeras as barreiras encontradas na administração pública. Esses obstáculos vão desde o baixo orçamento até a falta de reconhecimento."Até mesmo o processo de conseguir acesso a outros secretários e secretárias para transnacionalizar política [para discutir programas]. Ter acesso aos prédios públicos, porque as pessoas sempre questionam se é você mesmo a secretária ou em inaugurações de eventos perguntam se é você mesmo a pessoa que tem que ocupar aquele lugar. São ações cotidianas, mas a gente está aqui para enfrentá-las e derrubá-las."Para Juliana Cristina Teixeira, professora do programa de pós-graduação em administração da Universidade Federal do Espírito Santo, ter diversidade na composição de uma equipe cumpre algumas demandas por ocupação de quadro, no entanto, não significa que necessariamente se refere a uma diversidade que está sendo tratada dentro das suas diferenças."Quando a gente pensa em políticas públicas que vão colher a diferença, a gente está pensando em políticas públicas e mecanismos de gestão que estejam de fato alinhados com as pautas desses movimentos sociais. Não adianta colocar essa diversidade para dentro se ela não vai ser ouvida em sua plenitude. É um risco da superficialidade dessa ocupação."Em 2006, David Henrique da Silva Pereira, 37, começou a dar aulas de alfabetização e saberes tradicionais (estudo da etnia local) para anos iniciais em escola estadual dentro da aldeia Ekeruá, na terra indígena de Arariba, em Avaí (SP), onde cresceu e vive até hoje. Para ele, ensinar alunos de um grupo que ele representa é fortalecer e perpetuar a identidade cultural."Uma escola na aldeia com professores da aldeia tem o papel de formar um cidadão que possa ser inserido numa sociedade não indígena, mas que, ao mesmo tempo, tem garantido o reconhecimento da identidade cultural para que a história do seu povo não se perca", afirmou ele, que atualmente é professor especialista em currículo de educação escolar indígena da Diretoria de Ensino de Bauru, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Pereira diz que esse aluno aprende boa parte da sua cultura na própria escola, com professores indígenas, e também são alfabetizados na língua das aldeias ao qual pertencem, além de português e inglês. No caso da Ekeruá, a língua é a terena. "A representatividade é essencial para passar esse conhecimento para as gerações futuras."A delegada Jamila Jorge Ferrari, coordenadora das DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher), da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, já enfrentou machismo em sua carreira de mais de 20 anos, tanto de colegas de trabalho como dos próprios suspeitos —um deles se recusou a responder suas perguntas num interrogatório por ela ser mulher, mas foi solícito quando um homem fez os mesmos questionamentos.Por essas e outras, para ela, ter representação feminina nas delegacias pode evitar situações em que as vítimas não se sintam acolhidas ao denunciar as agressões que sofreram. Ela já trabalhou em casos de homicídio, feminicídio, violência contra mulher, crianças e adolescentes."As mulheres buscam solidariedade e sororidade. De alguma forma, elas se sentem mais encorajadas em contar para outra mulher o que aconteceu com elas porque a delegada ou escrivã, se não viveu aquilo, entende o que ela passa." Mais A terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) procurou dar um maior protagonismo à diversidade. Dos 37 ministros, 11 são autodeclarados negros ou pardos. Também há indígenas e uma mulher trans, Symmy Larrat, que assumiu a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, pasta ligada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania."É importante deixar nítido E não só falar que apoia uma pauta, não só falar que apoia um momento de visibilidade, não só falar que apoia as políticas. Há de se ter práticas que demonstrem que realmente nós estamos preocupadas com a promoção da vida e a proteção dessas pessoas e dessa população", diz a secretária."Ter no quadro funcional, no espaço de poder, uma pessoa transgênero é demonstrar que nós queremos que essas pessoas também falem por si, que essas pessoas também promovam o fazer público e contribuam com a gestão."Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Para a professora Juliana Teixeira, a presença dos grupos minoritários dentro da administração pública deve ser mais ampla, não apenas voltada a área em que a pessoa esteja inserida dentro da sociedade."É importante que esses grupos sejam diversamente ocupados em todas as áreas de governo. É muito comum a gente pensar, por exemplo, que as pessoas negras só pudessem estar nos espaços que pautem e gerem políticas diretamente raciais", diz a professora."É preciso que esses grupos diversos estejam nos espaços ligados ao desenvolvimento econômico, nas pastas do Ministério da Fazenda, do Planejamento, do Desenvolvimento Agrário. Não adianta só colocar nas pautas específicas de diversidade. É pensar que essas categorias de gênero, raça, orientação sexual definam a estrutura social como um todo."
2023-03-30 06:00:00
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Bolsonaro chega ao Brasil após 89 dias nos EUA sob pressão de investigações e desgaste político
Após uma temporada de 89 dias nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retornou ao Brasil na manhã desta quinta-feira (30) para tentar liderar a oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao mesmo tempo em que precisará se defender em investigações —que vão do caso das joias da Arábia Saudita aos ataques de 8 de janeiro.O avião comercial que partiu de Orlando pousou no aeroporto internacional de Brasília às 6h38 desta quinta. Ele não saiu pelo saguão tradicional do aeroporto, mas por uma passagem que dá acesso ao hangar da Polícia Federal, seguindo determinação das autoridades de segurança.O ex-mandatário seguiu para a sede do PL, onde participa de um evento com correligionários e apoiadores. A imprensa não foi autorizada a acompanhar, a pedido do próprio Bolsonaro.No saguão do aeroporto de Brasília, dezenas de apoiadores do ex-presidente se reuniam para recepcioná-lo. Não sabiam que Bolsonaro sairia por outro local. Eles oscilavam entre cantar o hino nacional e gritos de "mito", "ei, Bolsonaro, cadê você, eu vim aqui só pra te ver". Por vezes, xingavam Lula e a Globo.Bolsonaro, que segundo aliados deve comandar a oposição a Lula, mirou no petista em suas primeiras declarações após o retorno. Disse que Lula está "por pouco tempo no poder" e não poderá fazer o que quiser "com o destino da nossa nação"."Onde eu vou pra abraçar meu presidente?", questionou Tania Rocha Cezar. Decepcionada com a notícia, a dona de casa de 77 anos viajou de ônibus de São Vicente (SP) para Brasília apenas para acompanhar o retorno de ex-mandatário."Tô achando ótimo que ele está nos nossos braços outra vez e vamos levar ele para a Presidência novamente", disse Tânia, que questionou se a reportagem era lulista ou bolsonarista, porque não fala com eleitores de Lula. Mais Assim como Tania, Fernando Orlandi também foi para Brasília apenas para tentar ver o ex-presidente.O empresário de 30 anos carregava o filho Kemuel de 1 ano nos braços, enquanto esperava Bolsonaro sair pelo desembarque internacional."Ele motivou muito o agronegócio, pequenos e grandes [empresários]. A gente tem que dar uma força [para ele]. A terra dele é aqui, com vitória ou derrota, ele tem que ficar aqui no Brasil", disse à Folha.A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal preparou um esquema de segurança especial para a chegada do ex-presidente.Bolsonaro partiu para os Estados Unidos no dia 30 de dezembro, às vésperas do fim do seu mandato presidencial. O objetivo foi não precisar passar a faixa presidencial para Lula, ignorando dessa forma o ritmo democrático de transferir simbolicamente o poder a seu sucessor.Desde a derrota eleitoral para Lula, Bolsonaro adotou uma postura de reclusão, com raras aparições públicas.O silêncio do então mandatário, e sua resistência a reconhecer o resultado, ajudou a alimentar teorias golpistas entre seus apoiadores —em especial nos acampamentos montados em frente a quartéis pelo país.Ele viajou aos Estados Unidos em avião da FAB (Força Aérea Brasileira), utilizando a estrutura da Presidência da República.Durante sua temporada nos EUA, ficou hospedado na região de Orlando (Flórida), inicialmente na casa que pertence ao ex-lutador de MMA José Aldo. Costumava sair para conversar com apoiadores que se aglomeravam em frente à residência. O ex-mandatário também participou de eventos políticos conservadores.Como a Folha mostrou, os gastos com dinheiro público da viagem do ex-presidente já se aproximavam de R$ 1 milhão em fevereiro.Do território americano, viu os ataques golpistas promovidos por seus apoiadores, que invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal). Condenou os atos, mas afirmou que houve muitas injustiças."[Tem] muita gente sendo injustiçada lá. Aquilo não é terrorismo pela nossa legislação. Tem gente que tem que sim ser individualizada, invasão, depredação, e cada um que pague por aquilo que fez", afirmou em um evento conservador. sobre o retorno de Bolsonaro ao Brasil O retorno de Bolsonaro chegou a ser anunciado algumas vezes por ele próprio e aliados, que depois recuaram. O filho mais velho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), chegou a anunciar no início de março que seu pai retornaria ao Brasil no dia 15 do mês. No entanto, recuou 14 minutos depois.Agora Bolsonaro vai assumir o cargo de presidente de honra do PL, com salário de cerca de R$ 40 mil. Ele vai morar em uma casa dentro de um condomínio de alto padrão em Brasília.Ao chegar no PL, Bolsonaro elogiou o perfil do Congresso empossado no início do ano e sugeriu que os parlamentares serão uma contenção a políticas de Lula."Eu lembro lá atrás quando alguém criticava o Parlamento, Ulysses Guimarães dizia: 'espera o próximo'. Desta vez, o próximo melhorou e muito. O Parlamento tem nos orgulhando pelas medidas, pela forma de se comportar, agir lá dentro, fazendo o que tem que ser feito e mostrando para esse pessoal que, por ora, pouco tempo, está no poder, eles não vão fazer o que bem querem com o destino da nossa nação", afirmou.Mais tarde, em entrevista à rádio Jovem Pan, o ex-mandatário criou a primeira polêmica direta com o novo governo, criticando a equipe de Lula por não lhe ter fornecido veículos blindados. Bolsonaro afirmou que viu essa iniciativa como "um recado".A Casa Civil afirmou em nota que "nenhum ex-presidente tem direito à utilização de carro blindado" e que foi disponibilizada a Bolsonaro a mesma estrutura dada a outros ex-chefes do Executivo.O ex-mandatário vai buscar liderar a oposição ao governo Lula. Mas também terá que se dedicar a defender-se de diferentes investigações, inclusive sobre os ataques de 8 de janeiro.O próprio Bolsonaro foi incluído no inquérito que apura a instigação e autoria intelectual dos ataques golpistas, numa decisão do ministro Alexandre de Moraes. Além do mais, Bolsonaro vai precisar responder a ações judiciais que podem torná-lo inelegível ou até acusado em processos criminais.O ex-mandatário pode responder por vazar dados de investigação sigilosa da Polícia Federal, por interferir no órgão, por difundir fake news, entre outras acusações.Só no STF, seis inquéritos apuram condutas de Bolsonaro que podem configurar crimes. Além disso, há outras 16 ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que podem torná-lo inelegível.Há também mais de uma dezena de pedidos de investigação contra Bolsonaro mandados por ministros do Supremo para a primeira instância da Justiça, devido à perda do foro especial com a saída dele da Presidência. Esses pedidos começaram a ser enviados pelos ministros a esferas inferiores no dia 10 de fevereiro.Na entrevista à Jovem Pan, o ex-presidente disse não ver motivos para o TSE torná-lo inelegível."A questão do Tribunal Superior Eleitoral os advogados do partido estão tratando. Não vejo materialidade em nada. A ação mais forte contra mim é uma reunião que fiz com embaixadores em meados do ano passado. Não vejo motivo para me julgar inelegível por causa disso", declarou.No campo eleitoral, a principal ação em análise foi apresentada pelo PDT e tem como foco a reunião com embaixadores protagonizada pelo então presidente em julho de 2022, na qual ele repetiu teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas e promoveu ameaças golpistas. Mais Bolsonaro também vai precisar enfrentar o desgaste político e responder pelo caso das joias vindas da Arábia Saudita. Nesta quarta-feira (29), o ex-presidente e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, foram intimados pela Polícia Federal a depor sobre o caso. Os depoimentos foram marcados para o dia 5 de abril.Por meio de seus advogados, Bolsonaro entregou em 24 de março à Caixa Econômica Federal em Brasília parte das joias que recebeu de presente dos sauditas em 2021. O kit inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de diamantes Chopard.No mesmo dia, um kit de armas foi entregue à Polícia Federal, também por determinação do TCU (Tribunal de Contas da União).O tribunal ainda determinou que o conjunto de joias e relógio avaliado em R$ 16,5 milhões que seria para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, retido pela Receita no aeroporto de Guarulhos (SP) em 2021, seja enviado à Caixa. Mais
2023-03-30 06:39:00
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https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/03/bolsonaro-chega-ao-brasil-apos-89-dias-nos-estados-unidos.shtml
Bolsonaro volta ao Brasil na mira de STF, TSE e 1ª instância
De volta ao Brasil nesta quinta-feira (30), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta uma série de investigações e ações na Justiça que podem torná-lo inelegível ou até acusado em processos criminais.Só no STF (Supremo Tribunal Federal), seis inquéritos apuram condutas de Bolsonaro que podem configurar crimes. Além disso, há outras 16 ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que podem torná-lo inelegível.Há também mais de uma dezena de pedidos de investigação contra Bolsonaro que foram mandados por ministros do Supremo para a primeira instância da Justiça, devido à perda do foro especial com a saída dele da Presidência. Esses pedidos começaram a ser enviados pelos ministros no dia 10 de fevereiro.Bolsonaro ainda pode ser investigado no caso das joias da Arábia Saudita. Nesta quarta-feira (29), ele e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, foram intimados pela Polícia Federal a depor em 5 de abril —por enquanto, na condição de testemunha.O ex-presidente permaneceu por três meses nos Estados Unidos, para onde viajou às vésperas da posse de seu sucessor no Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Bolsonaro é investigado no Supremo Tribunal Federal em inquéritos que têm o ministro Alexandre de Moraes como relator.Há apurações relacionadas aos ex-presidentes nos inquéritos das fake news e das milícias digitais, por exemplo. Ele também é alvo de investigação que apura vazamento de dados sigilosos de investigação de suposto ataque ao sistema do TSE.Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...Bolsonaro é investigado ainda por suposta interferência na Polícia Federal, como foi apontado pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.Um inquérito que tramita no Supremo também apura a conduta do ex-presidente na live em que afirmou falsamente que a vacinação contra a Covid-19 está ligada ao risco de contrair o vírus da Aids.Além disso, o ex-presidente é investigado no inquérito que apura a conduta de suspeitos de incitarem e serem os autores intelectuais dos ataques às sedes dos três Poderes, no dia 8 de janeiro deste ano.No TSE, das 16 ações que tramitam contra Bolsonaro, duas têm como alvo principal os ataques ao processo eleitoral e às urnas.A principal delas foi apresentada pelo PDT e tem como foco a reunião com embaixadores protagonizada pelo então presidente em julho de 2022, na qual ele repetiu teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas e promoveu ameaças golpistas. sobre o retorno de Bolsonaro ao Brasil Em relação aos pedidos de investigação enviados à primeira instância, a maioria trata de falas feitas pelo então presidente antes e durante as comemorações do 7 de Setembro de 2021. Elas foram enviadas para a primeira instância da Justiça Federal pela ministra Cármen Lúcia.À época, Bolsonaro fez ameaças golpistas contra o Supremo, exortou desobediência a decisões da Justiça e disse que só sairia morto da Presidência da República.Houve ainda o envio de dois pedidos de investigação de Bolsonaro por suspeita de racismo quando ele disse que um apoiador pesava "mais de sete arrobas" na porta do Palácio da Alvorada. Essas solicitações foram feitas por deputados do PSOL e do PC do B.Cármen também declinou para a primeira instância um pedido de investigação tanto do ex-presidente como do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, feito pelo deputado Alencar Santana (PT-SP).O ministro Luiz Fux, por sua vez, enviou à Justiça Eleitoral no mês passado um pedido da Polícia Federal para ser instaurado inquérito contra Bolsonaro por suspeita de uso indevido de crianças e adolescentes na sua campanha em 2022.Segundo esse pedido, que está em segredo de Justiça, esses menores de idade foram usados em situações que incitariam o uso de armas. Mais
2023-03-30 04:05:00
poder
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https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/03/bolsonaro-volta-ao-brasil-na-mira-de-stf-tse-e-1a-instancia.shtml
Órgão que julga recursos de aposentadorias levará 16 anos para zerar fila, estima TCU
Auditoria realizada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) nos recursos apresentados por segurados contra decisões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) apontou falhas no julgamento dos processos no CRPS (Conselho de Recursos da Previdência Social).Dentre os problemas encontrados estão baixa capacidade operacional para julgar os recursos, falta de uniformização dos entendimentos que deveriam ser aplicados em ações sob o mesmo tema, ineficiência nos casos que tratam de perícia médica, falta de clareza para comunicar os motivos das negativas e baixo número de processos analisados por servidores que não recebem bônus.A auditoria foi feita em processos de 2021, por meio de amostras que representam um universo de 361,4 mil ações. Segundo o TCU, para julgar os 247,7 mil acórdãos pendentes na época, seriam necessários 16 anos, já que o ritmo de rotatividade fila é alto. Enquanto se julgavam, em média, 34,1 mil recursos mensais, entravam 48,8 mil novos a cada mês.Além disso, o prazo de finalização dos processos —da distribuição ao cumprimento da sentença— é quatro vezes maior do que a espera prevista em lei. No CRPS, a ação chegava ao final após 1.029 dias, o que dá dois anos e oito meses. O prazo deveria ser de 280 dias, ou seja, menos de um ano.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...O relatório aponta ainda que a automatização dos sistemas do INSS com o uso de robôs na análise inicial de pedidos de benefícios têm contribuído para o alto número de recursos no CRPS e excessiva judialização de casos contra o INSS.No relatório, o ministro relator Aroldo Cedraz defende a utilização da inteligência artificial, mas pondera que é preciso adequar os algoritmos para que não haja negativas excessivas. Segundo o documento, o INSS implantou algoritmos cuja resposta-padrão passou a ser negativa em 60% dos casos, sem explicações aos segurados sobre os motivos."É essencial que algoritmos sejam validados de forma criteriosa, com seus resultados sendo submetidos à revisão humana pelo período necessário para se obter segurança de que não existem falhas detectáveis que possam trazer prejuízo a qualquer das partes", afirma Cedraz."Essas fragilidades evidenciam a falta de foco no cidadão como destinatário da política pública previdenciária, uma vez que ficam à mercê de questões burocráticas, financeiras ou corporativistas que afetam a qualidade e a produtividade dos servidores, desestimulando o reconhecimento de direitos legítimos", diz parte do relatório. Mais A advogada Priscila Arraes Reino, do escritório Arraes & Centeno, afirma que os robôs têm tirado os brasileiros da fila de pedidos iniciais para colocá-los em outra fila, a de recursos. Segundo ela, enquanto a fila de requerimentos de benefícios caiu 25%, a de recursos e revisões aumentou 32%."O índice de benefícios negados é muito grande e não há clareza sobre a razão que levou ao indeferimento. O cidadão sequer sabe por onde começar a resolver, porque ele não entende qual é o problema que ele teve", afirma, lembrando que, sem saber por onde começar, o cidadão recorre da decisão negativa. No relatório, o TCU traz recomendações que devem ser seguidas pela Previdência e o INSS. Dentre elas está o aumento do nível de automatização no CRPS, com foco na análise de documentos e na unificação de decisões, jurisprudências e portarias que auxiliem nos julgamentos.Procurado, o Ministério da Previdência não respondeu até a publicação deste texto. A AGU (Advocacia-Geral da União), que defende o INSS em ações na Justiça, afirmou que não atuou no caso do TCU até o momento, mas afirma que tem desenvolvido ações para diminuir a judicialização.Uma delas foi não recorrer em 1,9 milhão de processos na Justiça entre junho de 2020 e fevereiro de 2023. Em geral, a AGU costuma agir assim em casos nos quais não há chance de vitória, o que traz economia para os cofres públicos.Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...
2023-03-30 04:00:00
mercado
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/orgao-que-julga-recursos-de-aposentadorias-levara-16-anos-para-zerar-fila-estima-tcu.shtml
Não fazer nada leva a profecia autorrealizável na Argentina, diz pesquisadora
Para Gala Díaz Langou, 38, diretora-executiva do Cippec (Centro de Políticas Públicas para a Equidade e o Crescimento) na Argentina, há uma sensação no país de que não se pode fazer nada em um contexto de tanta incerteza."Mas é nesses momentos que precisamos projetar o futuro e tomar ações. Se não, acabamos por validar essa ideia de que há uma profecia autorrealizável. Não se pode fazer nada, não fazemos nada e nada acontece", afirma.Como avalia o aumento da pobreza, sobretudo entre os mais jovens, e seu impacto sobre o futuro da economia argentina? Há problemas estruturais de várias dimensões: social, econômica e institucional. No social, a crise é anterior à pandemia, quando os níveis de pobreza e indigência começaram a aumentar em resposta a uma crise estrutural na economia.A Argentina não cresce de maneira sustentável há mais de dez anos, e a pandemia só agravou o quadro, ampliando as desigualdades sociais. Os mais afetados nesse processo foram os lares que têm filhos pequenos e adolescentes.Na classe alta, há concentração de lares unipessoais, com pessoas mais velhas ou de casais sem filhos.Entre os 20% mais pobres, há grande quantidade de mães solteiras e de famílias desmembradas. Para elas, é uma dificuldade enorme conciliar a vida produtiva, no mercado de trabalho, com a familiar, sobretudo por causa das crianças.Isso interfere não apenas na qualidade de vida dessas famílias, mas no potencial de crescimento econômico da Argentina em nível agregado.Temos mais de 60% dos jovens vivendo em situação de pobreza e apenas 2 em cada 10 deles terminam a educação secundária no tempo normal e com os conhecimentos básicos em provas do Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes]. Isso tem implicações graves sobre o nível de produtividade que temos hoje e que teremos no futuro.Isso afeta as possibilidades de a Argentina estabelecer uma estratégia de desenvolvimento, de conquistar a estabilidade macroeconômica e de participar da economia global.Os principais setores estratégicos para a Argentina, como agronegócio, energia, economia do conhecimento e mineração, são também estratégicos para o mundo.Mas não conseguimos alavancar as exportações como deveríamos, a fim de melhorar nosso desempenho econômico e estabilizar a balança comercial e o déficit fiscal.Quase a maioria das crianças argentinas recebe algum tipo de subsídio do Estado. Isso é sustentável do ponto de vista orçamentário, já que o país convive há décadas com déficits fiscais? Cerca de 95% das crianças e adolescentes na Argentina recebem algum tipo de benefício, direta ou indiretamente, como nos casos da isenção de impostos por filho. Outros 5%, que são justamente as famílias mais vulneráveis, ainda estão de fora de qualquer tipo de programa. Falta chegar até eles.Há, porém, famílias mais ricas que acabam tendo grandes isenções de impostos, e faz-se necessário, usando os mesmos recursos atuais, melhorar sua distribuição de forma mais progressiva.No total, todos esses programas sociais representam entre 1% e 1,5% do PIB, dependendo do ano. É um volume adequado, sobretudo se o compararmos com os de outros países. Mas é preciso levar em conta que o sistema previdenciário na Argentina custa 12 pontos do PIB, sendo que, desses 12 pontos, 7 são para aposentadorias de fora do sistema geral.São o que chamamos de aposentadorias privilegiadas, em regimes especiais e de exceção. Há muitas aposentadorias que ultrapassam em 20 vezes o pagamento mínimo por aposentado. São 3,7 milhões de benefícios deste tipo.Entre eles, há de militares e medalhistas olímpicos a cantores líricos do teatro Colón e trabalhadores de minas, entre outros em regimes que possibilitam aposentadorias aos 45 anos de idade.Não há muito critério para a concessão. No final, gasta-se quase três vezes do equivalente ao déficit fiscal argentino com essas aposentadorias. Os subsídios à energia, na luz e no gás, se proliferaram na Argentina nos últimos anos para amortecer as crises econômicas. Como equacionar essas transferências com um programa de estabilização? O problema é que esses subsídios chegam a todas as pessoas que estão conectadas às redes [de gás e energia], sem diferenciação ou critério de progressividade. Foi planejado algo no ano passado para favorecer só mais os vulneráveis, mas não foi implementado.No ano passado, os subsídios para a energia representaram 82% do déficit fiscal. Em 2022, o Estado pagou 79% do custo da luz e 71% do gás para todos os que estão conectados à rede.A maioria está nas camadas mais ricas. Significa que estamos financiando a climatização de piscinas em bairros ricos. Muitos dos mais vulneráveis têm dificuldade de se conectar às redes e seguem comprando botijões, que têm menos subsídios que o gás na rede.Estamos trabalhando em proposta concreta que inclua a implementação de uma tarifa social e o pagamento do custo real [da energia] para quem pode pagar, além de um fundo compensador, pois há províncias que pagam muito mais pela energia do que outras. Tudo considerado, precisaríamos de menos subsídios.Com todos os subsídios à energia e às famílias, há argentinos passando fome? Sim. Essa questão afeta principalmente as famílias mais vulneráveis e a literatura é contundente a respeito de como isso afeta não apenas o presente dessas pessoas, mas a construção de capital humano no futuro.Na Argentina, estamos fazendo o contrário. Concentramos as piores condições nas famílias com crianças, e a fome é um exemplo concreto disso.Há um levantamento recente que mapeia melhor as dimensões da pobreza do que os do Indec [o IBGE argentino], que leva em conta apenas os rendimentos das pessoas. Adicionando outras variáveis, foi constatado que 66% das crianças argentinas sofrem algum tipo de privação.A Argentina parece precisar de medidas duras, como escalonar subsídios e mexer em privilégios de aposentados e no setor público. É possível? Certamente estamos em uma situação que demanda mudanças e a implementação de medidas urgentes, em várias dimensões. Isso tudo em um contexto de altíssima incerteza e desconfiança. Isso tem nos levado à imobilidade, com ninguém querendo tomar decisões e enfrentar os custos que serão assumidos, sem que os benefícios apareçam no curto prazo.É um problema que enfrentamos como país: há uma sensação de que não se pode fazer nada em um contexto de tanta incerteza.Mas é nesses momentos que precisamos projetar o futuro e tomar ações. Se não, acabamos por validar essa ideia de que há uma profecia autorrealizável. Não se pode fazer nada, não fazemos nada e nada acontece.RAIO-X | Gala Días Langou, 38 É diretora-executiva do Cippec (Centro de Políticas Públicas para a Equidade e o Crescimento). Tem mestrado em Políticas Públicas pela Universidade de Georgetown (EUA) e formação em Estudos Internacionais pela Universidade de Torcuato Di Tella (Argentina).
2023-03-30 04:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/nao-fazer-nada-leva-a-profecia-autorrealizavel-na-argentina-diz-pesquisadora.shtml
Argentinos têm equivalente a dívida externa 'embaixo do colchão'
Enquanto a taxa de pobreza na Argentina saltou 15 pontos percentuais em dez anos, levando 19,7 milhões dos 45 milhões de argentinos a essa condição e ao aumento da desigualdade, dados oficiais revelam que os mais ricos têm o equivalente a quase toda a dívida externa do país "embaixo do colchão".Isso inclui dólares e outras moedas estrangeiras guardadas em casa, em cofres de empresas e bancos e em contas externas regularizadas, mas fora do fluxo regular de transações do sistema bancário.Segundo o Indec, órgão que apura as contas nacionais, os argentinos tinham US$ 261,8 bilhões (R$ 1,3 trilhão) nessas condições ao final do ano passado. Já a dívida externa bruta fechou 2022 em US$ 276,7 bilhões (R$ 1,4 trilhão).Essa montanha de dólares fora do sistema reflete a desconfiança dos argentinos na moeda local (o peso), nos bancos e no governo. E é um dos principais motivos para o dólar paralelo (ou "blue") no país valer praticamente o dobro da cotação oficial —pela qual os argentinos não têm livre acesso à moeda norte-americana.Segundo a estimativa oficial, o valor entesourado aumentou 2,7% em um ano. No país, é comum aos argentinos trocar rapidamente pesos que pretendiam poupar por dólares, a fim de se proteger de uma inflação em aceleração que atingiu 102,5% nos 12 meses terminados em fevereiro. No período, a cotação do dólar também praticamente dobrou. Mais Para isso, a população recorre às centenas de "cuevas" espalhadas pela cidade, muitas operando atrás de um comércio de fachada onde o principal negócio é o câmbio paralelo. Na rua Florida, principal via comercial da cidade, há dezenas de cambistas operando dessa maneira.Segundo o economista Dante Sica, ex-ministro da Produção e do Trabalho no governo de Mauricio Macri (2015-2019), o nível de depósitos de correntistas nos bancos argentinos é um dos menores do mundo, equivalentes a 9% do Produto Interno Bruto.Contribui para isso o fato de muitos argentinos terem trauma de "corralitos" (confiscos) de depósitos em crises passadas. Uma das consequências é que o sistema financeiro não tem reservas para operar com financiamentos de bens de maior valor e prazos mais longos ao setor privado.Agrava o quadro, segundo Sica, o fato de o governo, altamente deficitário —por conta de excesso de funcionalismo, aposentadorias sem contribuição e subsídios à energia—, tomar cerca de 70% do crédito interno disponível.No país, transações para a compra de imóveis e automóveis, por exemplo, são normalmente feitas em dólar. Mais O crescimento da pobreza, por um lado, e dos dólares nas mãos dos argentinos e fora do sistema financeiro, por outro, reflete também a tendência de aumento da desigualdade social na Argentina, e o encolhimento cada vez mais acelerado de sua ainda grande classe média.A partir de 2010, houve um salto de mais de 25% no número de favelas no país, enquanto mais argentinos endinheirados passaram a morar fora dos centros urbanos —em condomínios fechados como os existentes no Brasil. Mais Segundo a base de dados sobre desigualdade WID (World Inequality Database), da Escola de Economia de Paris e da qual participa o economista Thomas Piketty, entre 2012 e 2018, a parcela da renda nacional apropriada pelos 10% mais ricos na Argentina subiu de 39% para 47%. A dos 50% mais pobres caiu de 15% para 13,5%.Os dados, até 2018 (últimos disponíveis para o país no WID), não captam a desorganização recente da economia argentina, com a aceleração da inflação —pior cenário para a conservação da renda dos mais pobres, que não conseguem poupar em dólares.
2023-03-30 04:00:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/argentinos-tem-equivalente-a-divida-externa-embaixo-do-colchao.shtml
Sindicato dos Metroviários registra boletim de ocorrência sobre ameaças
O Sindicato dos Metroviários registrou na manhã desta quarta-feira (29) um boletim de ocorrência devido a ameaças de morte recebidas pela presidente Camila Lisboa depois da greve da categoria nos dias 23 e 24 de março.O boletim foi registrado na Delegacia de Crimes Cibernéticos, no centro de São Paulo.Segundo o sindicato, três ameaças foram feitas por rede social, por meio de mensagens particulares enviadas via Instagram.Imagens de dirigentes sindicais também circularam nas redes sociais acompanhadas de ofensas e posicionamentos contra a greve."As ameaças de morte que recebi revelam grave conteúdo misógino e racista, característico da extrema-direita. Desde já reafirmamos que essas ameaças não irão nos calar", disse Camila.O sindicato cobra que o poder público investigue o ocorrido e atue pela proteção dos dirigentes sindicais.Quando iniciou a greve, o sindicato afirmou que o Metrô não pagava há três anos o abono salarial devido à categoria. Os funcionários pediram reposição do equivalente à participação nos lucros de 2020 a 2022.Para encerrar a greve, os metroviários aceitaram a proposta apresentada pelo Metrô para o pagamento, em abril, de abono salarial no valor de R$ 2.000, além da instituição do PPR (Programa de Participação nos Resultados) de 2023, a ser pago em 2024. Mais "A gente acha a proposta muito ruim, um desrespeito com a categoria que trabalhou durante a pandemia, que está sofrendo nas estações com pouquíssimos funcionários. A gente merece muito mais do que isso", discursou a presidente do sindicato durante a assembleia.Contudo, ela defendeu que a proposta da companhia fosse aceita pelos trabalhadores."Estou defendendo a gente aceitar essa proposta, com todas as críticas que ela merece, mas para a gente sair por cima. Porque nós temos uma campanha salarial daqui a duas semanas. Vai começar um novo enfrentamento. A gente quer sim um reajuste na campanha salarial, a gente quer sim melhorar o nosso acordo coletivo e a gente já viu que vai enfrentar um governo duríssimo", afirmou.
2023-03-30 01:43:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/03/sindicato-dos-metroviarios-registra-boletim-de-ocorrencia-sobre-ameacas.shtml
'Sou mulher, preta, favelada e bissexual', diz rainha do Carnaval do Rio 2023
Mariana Ribeiro, mais conhecida como Mari Mola, tem orgulho de ser mulher, preta e moradora da favela. Eleita recentemente Rainha do Carnaval do Rio 2023, ela também faz questão de exaltar a sua orientação sexual. Mari, 25, é a primeira ocupante do cargo a assumir publicamente que se relaciona com homens e mulheres. Uma Rainha bissexual é fato inédito nos 55 anos do concurso promovido pela prefeitura do Rio, que também elege o Rei Momo."Nunca escondi a minha orientação, mas sei que para muitas pessoas continua sendo um baque ver uma passista se relacionando com outra mulher. Infelizmente, carregamos um estigma de que 'atacamos os homens' e ir contra esse rótulo soa como algo espantoso, né? Só que eu não sou a única", afirma ela, que tem consciência de que serviu de exemplo para outras mulheres do samba, um meio historicamente machista. "Quando fui eleita, várias meninas vieram me dizer que se sentiram mais fortes para se livrarem das amarras e se relacionarem com quem elas quiserem."A "Corte Real" do carnaval carioca é formada pelo Rei Momo e pela Rainha, além de duas princesas. O Rei Momo é inspirado no personagem da mitologia grega "Momos", que personificava a ironia e o sarcasmo e, no Brasil, a figura foi adaptada para a folia. O Carnaval carioca começa oficialmente no dia em que o prefeito do Rio entrega as chaves da cidade ao Rei Momo e à Rainha. Mais Mari conta que houve comentários de que ela poderia se prejudicar ao declarar-se bissexual e ficou positivamente surpresa com a (não) reação das pessoas à sua revelação. "Até agora está tudo em paz. A verdade é sempre o melhor caminho e eu também não estou aqui para levantar bandeiras. Simplesmente porque não preciso. Essas bandeiras estão em mim. Eu sou mulher, preta, favelada e LGBTQIA+ com o maior orgulho".Ser sorridente faz parte dos requisitos para o cargo de Rainha do Carnaval, mas Mari fica séria quando o assunto é o preconceito e a falta de sororidade feminina, como ela sentiu na pele no tempo em que trabalhou em uma escola como professora de Educação Infantil. Ali ouviu algumas barbaridades."Recebi comentários de mães querendo saber se eu dava aulas com os figurinos que apareciam nas minhas redes. Eram fotos do meu visual como passista. Outra coisa, lógico. Foi duro", desabafa. Mari atualmente só trabalha com o samba, dando aulas e se apresentando em shows pelo Brasil.Ela quer mais e já tem planos a curtíssimo prazo. "Assim que o Carnaval acabar, vou voltar a estudar para entrar na faculdade de História. Sou do samba e quero entender e me aprofundar mais sobre esse universo."
2023-02-13 10:00:00
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Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/carnaval/2023/02/sou-mulher-preta-favelada-e-bissexual-diz-rainha-do-carnaval-do-rio-2023.shtml
Crise dos óvnis entre EUA e China traz ecos da Guerra Fria
A crise dos balões entre Estados Unidos e China escala dia após dia, trazendo consigo ecos da primeira edição da Guerra Fria entre superpotências, que opôs Washington a Moscou de 1945 a 1991.Primeiro foram os americanos a localizar e interceptar um suposto balão espião chinês vagando sobre seu território no dia 4, derrubando outros três objetos suspeitos de sexta (10) para cá. Agora, Pequim lembra que seu espaço aéreo foi violado por flutuantes semelhantes mais de dez vezes no ano passado.Ambos os lados negam o óbvio: a espionagem de rivais é algo tão antigo quanto a guerra em si, e a crise ganha dramaticidade por abalroar a reaproximação que estava em curso entre Xi Jinping e Joe Biden, por iniciativa do chinês. Os balões caem como uma luva para as alas contrárias a Pequim em Washington.O campo de batalha dessa modalidade específica de ação espiã remete à Guerra Fria, retomada em versão 2.0 em 2017. Trata-se da região norte do planeta, próxima ao Ártico, a linha de frente da defesa dos EUA por ser o caminho mais curto para bombardeiros ou mísseis intercontinentais com ogivas nucleares.De 1957 a 1993, uma linha de radares de alerta antecipado corria do Alasca até a Islândia, sendo substituída por um conjunto mais eficaz concentrado apenas no continente americano, com 4.800 km de extensão e 15 estações de radar de longo alcance, e 39, de curto. É operado conjuntamente por EUA e Canadá, unidos no sistema Norad (Comando de Defesa Aeroespacial Norte-americano). Daí que um dos objetos suspeitos foi derrubado sobre Yukon, território canadense, por um caça F-22 Raptor americano. Mais Além do risco de um ataque, incursões espiãs eram comuns de lado a lado, levando a incidentes graves, como a derrubada de um avião U2 americano sobre a União Soviética em 1960. Os comunistas, claro, tinham o seu sistema de defesa.Ao longo da Guerra Fria, propostas para reduzir o perigo foram feitas, desaguando num acordo de 1992, o Céus Abertos, no qual 34 países, Rússia e EUA inclusos, permitiam voos de reconhecimento periódicos de aviões dos rivais, estabelecendo confiança mútua de que ninguém estaria preparando uma ação iminente.Donald Trump, o mesmo presidente que lançou a Guerra Fria 2.0 para conter a ascensão chinesa em campos que vão do comércio exterior à autonomia de Hong Kong, achou por bem retirar os EUA do pacto em 2020, acusando os russos de violá-lo.A falta de regramento ajuda a criar incertezas, que estão em todos lados: o último acordo de controle de armas atômicas, o Novo Start, está travado porque não há inspeções de sítios nucleares na Rússia por americanos devido à Guerra da Ucrânia.A crise dos balões também evoca a paranoia que se demonstrava em surtos periódicos na Guerra Fria. Os agora repetidos casos de avistamento encontram paralelos no anticomunismo dos anos 1950 nos EUA.Naturalmente, dada a natureza digital dos tempos atuais, a febre deverá passar rapidamente, sem maiores efeitos no imaginário popular como no passado —a ideia de que os soviéticos estavam se infiltrando na sociedade americana para subvertê-la era disseminada, gerando o cancelamento dos suspeitos de simpatia comunista quando essa palavra nem era usada.O temor era tão espraiado que gerou um fenômeno que tem semelhanças com o da derrubada dos balões: o dos discos voadores. A sucessão de avistamentos de óvnis (Objeto Voador Não Identificado) ganhou ares de crise nos anos 1950, e a Força Aérea dos EUA criou um projeto para estudá-los, o Livro Azul.Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...De 1952 a 1969, a iniciativa recolheu e analisou centenas de aparições. Sempre houve os casos inconclusivos ou mal explicados, como de resto a mesma Força Aérea e a Nasa registraram recentemente, mas a ideia disseminada por Hollywood de uma guerra dos mundos iminente tinha mais a ver com explorar o temor do americano de ser atacado por soviéticos.Nem o Brasil escapou da onda no século passado, e não será surpreendente se agora algum balão acusado de espionagem para Pequim aparecer, digamos, sobre a Amazônia. Mas o fato é que a espuma da disputa política apenas escamoteia a realidade: países se espionam mutuamente.
2023-02-13 10:43:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/02/crise-dos-baloes-entre-eua-e-china-traz-ecos-da-guerra-fria.shtml
Dólar cai com otimismo sobre inflação nos EUA; Bolsa sobe impulsionada por bancos
A Bolsa subiu e o dólar fechou em baixa nesta segunda-feira (13). Os investidores estão otimistas em relação à inflação ao consumidor de janeiro nos Estados Unidos, que será divulgada nesta terça-feira (14). As ações dos bancos tiveram valorização, após o resultados do BTG Pactual no quarto trimestre de 2022 .O Ibovespa fechou em alta de 0,70%, a 108.836 pontos. O dólar comercial à vista fechou o dia em queda de 0,86%, a R$ 5,176.Os juros fecharam em alta nos vencimentos mais curtos, refletindo principalmente o aumento das projeções para a Selic no relatório Focus, do Banco Central, de 12,50% para 12,75% ao final de 2023.Os contratos para janeiro de 2024 subiaram de 13,44% do fechamento da última sexta-feira (10) para 13,51% ao ano. Para 2025, a taxa subiu de 12,87% para 12,95%. No vencimento em 2027, a taxa recuou de 13,10% para 13,08%.Para Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, o mercado já projeta que a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, conhecido pela sigla CPI, vai mostrar uma desaceleração. Segundo economistas ouvidos pela agência Bloomberg, a inflação em 12 meses vai desacelerar de 6,5% ao final de 2022 para 6,2% em janeiro."Com isso, haverá uma cobrança menor sobre Federal Reserve (o banco central americano) para ser agressivo no aumento da taxa de juros", projeta Calestine.No Brasil, as atenções estão voltadas para a meta de inflação. O encontro do CMN, órgão responsável por definir os objetivos oficiais de inflação, está agendado para quinta-feira (15).A reunião virá depois de notícias de que a equipe econômica do governo estaria estudando antecipar uma revisão das metas de inflação do país e possivelmente elevar o alvo a ser buscado pelo Banco Central, com boatos de que o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, aceitaria a mudança.Embora as metas de inflação oficiais do país sejam comumente definidas na reunião de junho do CMN, nada impede que os objetivos sejam alterados já no encontro desta semana.Caso o Banco Central concorde com alterações já na quinta-feira, investidores poderiam interpretar isso como fraqueza diante da pressão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem formado um coro insistente para reclamar do patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 13,75%, e questionar a autonomia da autarquia.Em meio a algum nervosismo do mercado antes da reunião, Campos Neto dará entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que irá ao ar a partir das 22h desta segunda-feira. O Banco Inter disse em nota que o mercado aguarda "seus comentários sobre os recentes ataques de Lula à sua pessoa e ao Bacen".O mercado financeiro se mobilizou para tentar melhorar a relação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o Banco Central. Os dois têm encontro marcado para a quinta (16), na primeira reunião do ano do CMN, integrado por eles e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet.Diversos agentes do mundo das finanças que têm interlocução com o PT e o BC se mobilizaram no mesmo sentido. A expectativa é a de que Lula também possa aderir a um armistício. O presidente tem mantido duras críticas à instituição.Analistas apontam que uma revisão da meta de inflação, eventualmente apoiada pelo BC, traria dúvidas sobre a efetividade da independência da autoridade monetária, o que poderia elevar ainda mais as projeções para inflação e juros."As projeções para a Selic poderiam recuar no curto prazo, já que a revisão permitiria ao Banco Central atingir a meta com uma taxa menor. Em contrapartida, nas curvas de juros longas, a influência dessa medida deve ser negativa, com o mercado precificando uma taxa de equilíbrio maior no futuro", diz João Bertelli, sócio da A7 Capital.Para a equipe de analistas do C6 Invest, há riscos de piora no ambiente econômico para o caso da meta ser mantida ou reduzida. Mas é preciso ter cautela na decisão. "Na nossa visão, para mudar a meta sem desancorar as expectativas, é preciso que o Brasil adote uma âncora fiscal rigorosa."O Itaú revisou para cima seus prognósticos para a alta do IPCA neste ano e no próximo, citando incertezas sobre o atual regime monetário do Brasil, e alertou para os riscos de eventuais mudanças nas metas oficiais de inflação do país.Agora, o banco espera que o IPCA avance 6,3% em 2023, contra 5,8% estimados antes. Para 2024, a projeção de inflação subiu a 4,2%, de 3,7% no cenário anterior. Mais No Ibovespa, as units do BTG Pactual subiram 2,45%. O banco divulgou nesta segunda que teve lucro líquido de R$ 1,64 bilhão, ante desempenho de R$ 1,74 bilhão no mesmo período de 2021. O BTG ainda fez provisão de R$ 1,12 bilhão, mas não citou a Americanas, empresa devedora do valor.Sobre o balanço do BTG, a equipe da Levante Investimentos afirma que o banco entregou um resultado operacional positivo. Para os analistas, a rentabilidade de 22%, sem contar o efeito Americanas, é uma boa notícia, "ainda mais considerando o cenário macro mais desafiador que afeta a receita de linhas bem relevantes dentro do banco."Os números do BTG ajudaram as ações de outros grandes bancos. As preferenciais do Itaú Unibanco subiram 3,52%. As preferenciais e ordinárias do Bradesco fecharam em alta de 3,55% e 2,93%, respectivamente.Ainda nesta segunda-feira, o Banco do Brasil apresenta seus números do quarto trimestre de 2022.Em Nova York, as bolsas fecharam com altas superiores a 1%, com o otimismo em relação à inflação. O índice Dow Jones subiu 1,11%. O S&P 500 fechou em alta de 1,14%, e o Nasdaq avançou 1,48%.Com Reuters
2023-02-13 10:48:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/02/dolar-cai-com-mercado-a-espera-de-declaracoes-de-campos-neto-e-reuniao-sobre-meta-de-inflacao.shtml
Economistas elevam projeção para taxa de juros em 2023 e 2024
Analistas consultados pelo Banco Central (BC) elevaram suas projeções para a taxa básica de juros tanto para este ano quanto no próximo, em meio às pressões inflacionárias e às críticas do governo à autoridade monetária.A pesquisa Focus divulgada pelo BC nesta segunda-feira (13) mostra que a projeção para a Selic este ano subiu de 12,50% para 12,75%. O cenário para o final de 2024, por sua vez, foi de 9,75% para 10%.No começo do mês, o BC manteve a Selic em 13,75% ao ano, na primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Para o próximo encontro, em março, o Focus mostra que a projeção dos especialistas segue sendo de manutenção da Selic.O aumento das projeções para a taxa básica de juros acontece em um momento de cautela no mercado, em meio a temores de que o BC ceda a críticas do governo sobre ao nível de juros e à meta de inflação —o presidente e aliados intensificaram recentemente as reclamações do patamar elevado da taxa Selic e as metas de inflação, além de questionarem a autonomia da autarquia. Mais O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, apontou ainda que a expectativa para a alta do IPCA (índice oficial de inflação) em 2023 foi ajustada para cima em 0,01 ponto percentual, subindo para 5,79%, enquanto para o ano que vem foi a 4%, um aumento de 0,07 ponto.O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e para 2024 é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.Para o PIB (Produto Interno Bruto), a estimativa de crescimento este ano caiu pela segunda vez seguida, em 0,03 ponto, para 0,76%. Para 2024 segue em 1,50% pela sétima semana seguida.
2023-02-13 09:59:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/02/economistas-elevam-projecao-para-taxa-de-juros-em-2023-e-2024.shtml
Corpo de criança levada por enxurrada no domingo é encontrado em SP
A forte chuva que atingiu a cidade e o estado de São Paulo neste domingo (12) provocou duas mortes. Além de um homem que morreu afogado em Biritiba Mirim, o corpo de um menino de 10 anos, que havia desaparecido por volta das 17h35, em Guaianases, foi encontrado nesta segunda (13) no rio Tietê.Mesmo com a chuva e as condições de visibilidade ruins, as buscas do Corpo de Bombeiros duraram até a noite de domingo, quando foram suspensas. Nesta segunda, as equipes voltaram ao trabalho às 6h30 e encontraram o corpo da criança no começo da tarde, preso na eclusa e barragem da Penha, no Rio Tietê, dentro do parque Ecológico do Tietê."Infelizmente, o Corpo de Bombeiros localizou o corpo da criança pela Barragem e Eclusa da Penha, nossos sentimentos aos familiares", publicou a corporação no Twitter.Cinco equipes dos bombeiros estiveram envolvidas nas buscas e contaram com o apoio de um helicóptero e um drone. Mais A outra morte ocorreu na noite de domingo, quando um homem de 52 anos morreu afogado em Biritiba Mirim, depois de ser levado por uma enxurrada. Ele foi encontrado dentro de um córrego pelos bombeiros e atendido pelo Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência), que constatou o óbito ainda no local.
2023-02-13 09:47:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/02/crianca-desaparece-e-homem-morre-levado-por-enxurrada-em-sp.shtml
Resultado do BTG no 4º tri foi impactado por fraude, diz presidente sobre Americanas
O presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, afirmou que o resultado no quarto trimestre de 2022 foi impactado por fraude de cliente. O banco divulgou nesta segunda (13) que teve lucro líquido de R$ 1,64 bilhão, ante desempenho de R$ 1,74 bilhão no mesmo período de 2021. O BTG ainda fez provisão de R$ 1,12 bilhão, mas não citou a Americanas, empresa devedora do valor.Em termos ajustados, o lucro líquido do BTG no quarto trimestre foi de R$ 1,8 bilhão, praticamente estável sobre o desempenho de um ano antes. Analistas, em média, esperavam lucro de R$ 2,27 bilhões no período, segundo dados da Refinitiv.O retorno ajustado anualizado sobre o patrimônio líquido médio do banco nos três últimos meses de 2022 foi de 16,7% ante 22% no terceiro trimestre e 19,4% um ano antes.Sem citar a Americanas, o banco fez uma provisão "não recorrente" de R$ 1,12 bilhão no quarto trimestre no segmento corporativo, mas não revelou o motivo, citando apenas que a reserva foi "relacionada a uma exposição de crédito específica".Em teleconferência com analistas sobre os resultados, Roberto Sallouti afirmou que a provisão extra para o caso é suficiente e que "por se tratar de uma fraude, podemos recuperar até mais do que isso".O executivo revelou que a Americanas foi "o único caso" de grande cliente em que o BTG avaliou o risco de crédito com base nos seus principais acionistas, não na empresa individualmente. Os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira são os acionistas de referência da Americanas.A batalha jurídica entre o BTG e a varejista teve início no mês passado, quando a Americanas conseguiu uma tutela cautelar que impedia a cobrança de dívidas pelos credores por um prazo de 30 dias. Logo em seguida, o banco entrou com pedido bloquear R$ 1,2 bilhão em depósitos feitos pela varejista e o caso se arrastou em diversas decisões divergentes.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Na decisão mais recente, o juiz titular Paulo Assed Estefan validou os pedidos do BTG feitos antes de a Americanas encaminhar o processo de recuperação no dia 19 de janeiro. Na quinta (9), a Justiça aceitou um novo recurso da instituição financeira contra a varejista.O valor de R$ 1,2 bilhão está aplicado pela Americanas em CDBs e Letras Financeiras do bancoVários bancos reportaram no quarto trimestre no segmento corporativo provisões para enfrentar perdas geradas com o pedido de recuperação judicial da Americanas.Na semana passada, o Bradesco divulgou balanço com uma provisão extra de quase R$ 5 bilhões para cobrir toda a exposição à rede varejista, segundo comentários de analistas.Na terça-feira (7), o Itaú anunciou uma provisão extra de R$ 1,3 bilhão para perdas com Americanas para o quarto trimestre de 2022, o que corresponde a 100% da exposição do banco à varejista.O Santander citou oito vezes a varejista no seu balanço do quarto trimestre de 2022, que deve ao banco R$ 3,65 bilhões.
2023-02-13 09:44:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/02/btg-tem-lucro-abaixo-do-esperado-e-faz-provisao-de-r-1-bi-sem-citar-americanas.shtml
Bot de Minecraft feito pela OpenAI abre caminho para carro autônomo e robô humanoide
Um bot que joga Minecraft tão bem quanto jogadores humanos de alto nível pode significar o novo marco da inteligência artificial. Seu diferencial é a técnica inovadora que permitiu treiná-lo com 70 mil horas de vídeo. Quem teve essa epifania foi a criadora do ChatGPT, OpenAI.Treinar redes neurais —tecnologia por trás das inovações de IA que simula o cérebro humano— com vídeos exige muito trabalho. Cada ação representada na imagem precisa de uma descrição.Por exemplo, um vídeo viral no Twitter de um homem cortando o pelo de um gato precisaria de dezenas anotações para cerca de dez segundos de imagem.Publicada primeiro na revista especializada MIT Technology Review, a solução que os pesquisadores da OpenAI encontraram para esse problema foi alimentar uma rede neural com 2.000 horas de vídeo a partir do trabalho de colaboradores em plataformas de serviço temporário —eles foram contratados para jogar Minecraft e tiveram as ações em seus teclados e mouse e as imagens de tela gravadas.Com esses dados, a primeira rede neural aprendeu a rotular vídeos de Minecraft com os comandos. Assim, pode tratar as 70 mil horas de vídeos que seriam usadas para treinar a segunda rede neural.Treinar uma segunda rede neural foi necessária porque uma rede neural reagia a imagens posteriormente, enquanto a segunda foi treinada para agir a partir dos dados que captava no jogo, afirma Eric Aislan Antonelo, professor de engenharia de automação da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).Outro diferencial do modelo foi misturar duas técnicas: o aprendizado por imitação e o aprendizado por reforço.A primeira consiste em fazer a inteligência artificial tentar imitar instruções e é chamada de aprendizado por imitação. Essa técnica já foi utilizada para treinar carros autônomos, braços robóticos autônomos e até atividades em computador.Na segunda, os pesquisadores dão uma instrução complexa e a inteligência artificial tenta executá-la por tentativa e erro à exaustão. É assim que adversários automatizados em videogames de corrida ou futebol são treinados.A newsletter da Folha com o que interessa sobre a indústria de games e com as dicas do que você ainda vai jogar.Carregando...O primeiro treinamento, por imitação, fez o bot ser capaz de executar jogadas que requerem 970 ações em sequência, como construir tábuas e torná-las em uma mesa.As técnicas do robô então foram refinadas com aprendizado por reforço, o que permitiu fazer sequências com mais de 20.000 comandos. Assim, a tecnologia conseguiu construir as chamadas ferramentas de diamante —que requerem 20 minutos de cliques em alta velocidade.Segundo o professor da Unicamp Leonardo Tomazeli Duarte, diretor científico do BI0S (Brazilian Institute of Data Science), o primeiro treinamento por imitação restringe as possibilidade de erro e acerto no aprendizado por reforço. Isso leva a melhores resultados em menos tempo.Esse método cria a possibilidade de usar bases de dados imensas de vídeos como o Youtube para treinar diversos modelos de Inteligência Artificial. Os especialistas ouvidos pela reportagem citam soluções em automação de carros, saúde e agronegócio.Embora o volume de dados disponível nessas fontes seja suficiente para o treinamento, antes de utilizá-los, é necessário incluir as anotações ou referências nestes dados. "Esta etapa, que é chamada de 'rotulação dos dados', é bastante trabalhosa e demanda, muitas vezes, especialistas para fazê-las, o que torna esse processo relativamente caro", diz o professor de engenharia elétrica da Unicamp Denis Gustavo Fantinato.Muito do trabalho humano foi reduzido com a estratégia de pré-treinamento da inteligência artificial.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Antonello, professor da UFSC, entretanto, aponta que ainda existem limitações técnicas para levar essas técnicas para além da fronteira das telas. Os pesquisadores da OpenAI conseguiram transformar os comandos de teclado e mouse em vários binários —informações de sim e não. Isso facilitou a cadeia de comandos."Quando vamos treinar um carro, por exemplo, as direções são variáveis contínuas, podem assumir vários valores. Isso torna a cadeia de comando mais complexa", afirma o docente da UFSC, que testa maneiras de automatizar veículos, inclusive, com técnicas de aprendizado por imitação.Por isso, as expectativas de que essa tecnologia seja utilizada para executar tarefas digitais, como preencher formulários ou planilhas são mais realistas do que esperar robôs humanoides treinados por tutoriais do Youtube.
2023-02-13 06:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/tec/2023/02/bot-de-minecraft-feito-pela-openai-abre-caminho-para-carro-autonomo-e-robo-humanoide.shtml
Podcast: A estrutura do garimpo ilegal e o caminho percorrido pelo ouro no Brasil
Na última sexta-feira (10), a Polícia Federal e as Forças Armadas deflagraram uma operação para ampliar o cerco ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A ideia é tirar de circulação maquinários como escavadeiras, balsas e aviões usados na atividade, além de instalar bases policiais permanentes na região, onde atuam mais de 20 mil garimpeiros.A atividade ilegal, apontada como principal responsável pela crise humanitária dos yanomamis, também é o ponto de partida de boa parte do ouro que pode ser comprado no país.Levantamento do Ministério Público e de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais mostrou que pelo menos 30% do ouro comercializado no país de 2021 a meados de 2022 tem indícios de procedência irregular. Normas de fiscalização ultrapassadas e brechas na legislação facilitam o caminho para "esquentar" o produto.O episódio desta segunda-feira (13) do Café da Manhã ouve a repórter da Folha Alexa Salomão. Ela detalha a estrutura do garimpo ilegal no Brasil, conta qual é o caminho que os criminosos traçam para o ouro e discute as consequências das operações contra a atividade na terra indígena.O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Gabriela Mayer e Magê Flores, com produção de Carolina Moraes, Laila Mouallem e Victor Lacombe. A edição de som é de Raphael Concli.
2023-02-13 05:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2023/02/podcast-a-estrutura-do-garimpo-ilegal-e-o-caminho-percorrido-pelo-ouro-no-brasil.shtml
Bomba da 2ª Guerra Mundial explode enquanto era desarmada na Inglaterra
Uma bomba de 250 kg da Segunda Guerra Mundial detonou na última sexta-feira (10) enquanto era desarmada em Great Yarmouth, cidade no leste da Inglaterra. A explosão não foi planejada, mas ninguém se feriu, segundo a Polícia de Norfolk, condado onde fica o município.Especialistas das Forças Armadas estudavam como desarmar o artefato desde a última terça-feira (7), quando ele foi descoberto perto de dois canos de gás por um operário que trabalhava na região. O dispositivo estava na passagem de um rio que cruza a cidade.Para proteger os moradores durante a operação, os prédios do entorno foram esvaziados, e a área foi isolada com cordões que ficavam a até 400 metros da bomba. Os serviços de emergência ainda construíram uma barreira de areia em seu entorno.A princípio, a ideia era fazer uma explosão parcial na quinta-feira (9) e, depois, levar o artefato a um ambiente seguro para uma nova detonação. Para isso, utilizaram um robô para cortar o fusível —processo que sofreu uma desestabilização, segundo a rede estatal britânica BBC. A solução, então, foi usar uma técnica que queima lentamente o explosivo. Era o que estava acontecendo antes da explosão."A abordagem foi a opção mais segura para desarmar o dispositivo, mas sempre trouxe o risco de detonação não intencional", afirmou Nick Davison, assistente-chefe da polícia local, à BBC. "Felizmente, todos estão a salvo, e as agências estão se reunindo para avaliar os danos à parede do rio."O impacto da explosão quebrou janelas de veículos próximos ao local, danificou o topo de um andaime e desgastou uma parede contra inundações. Os dutos próximos à área, porém, não tiveram danos, de acordo com a Cadent, administradora da rede local de gás. Nas redes sociais, usuários disseram ter ouvido a explosão e sentido os tremores a até 24 km de distância.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...O vice-líder do Conselho de Great Yarmouth, Graham Plant, agradeceu os envolvidos no desfecho seguro. "Continuaremos apoiando os moradores mais vulneráveis nesse processo, e nossa equipe de rodovias e seus parceiros da Agência Ambiental já podem começar a avaliar o impacto da explosão", continuou.Após o incidente, os cordões foram levantados, e as ruas, reabertas. Na noite de sexta-feira, os moradores já haviam sido autorizados a voltar para suas casas. Em 2021, uma bomba da Segunda Guerra Mundial explodiu perto de uma estação de trem de Munique, no sul da Alemanha, ao ser atingida durante perfurações para uma obra. O acidente deixou quatro feridos.
2023-02-13 04:00:00
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BBB 23: Key Alves e Gustavo são chamados de dissimulados pela web; entenda
A madrugada continuou com tretas envolvendo o nome de Cristian. A revolta de Paula com o empresário mexeu com a casa inteira e os assuntos giraram praticamente em torno disso após o Paredão deste domingo (12). Após ter as suas estratégias de jogo reveladas, o brother precisou lidar com (quase) toda a casa contra ele. Mais Mas nas redes sociais, os internautas estão percebendo que Gustavo e Key Alves estão se aproveitando da situação para se esconderem e não mostrarem quem realmente são.Key, inclusive, incentivou que Cristian tivesse algum tipo de envolvimento com Bruna Griphao para colher informações para o grupo. Os internautas relembraram o momento e chamaram o casal de "ardiloso".Atenta, Amanda conversou com Cristian e soube que ela já era opção do grupo para o Paredão. Para completar, Cezar contou para a médica que o quarto inteiro sabia do pacto de Cristian e Paula.A web também resgatou uma conversa do empresário com a jogadora de vôlei: "Se vocês forem votar na Amanda, eu não voto com vocês. Eu voto no Fred Nicácio."Mais tarde, Gustavo e Key conversaram no Quarto do Líder e revelaram que vão expor Cristian no Jogo da Discórdia, que acontece nesta segunda-feira (13).Já Bruna Griphao diz que também vai acabar com o empresário na dinâmica: "Eu queria ter uma hora pra falar no Jogo da Discórdia Porque do Cristian eu não tenho muita coisa pra falar, vou falar ‘Cristian: sociopata, mentiroso completo, tchau’! (…) Mas eu não vou deixar de falar do Nicácio."
2023-02-13 05:56:00
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https://f5.folha.uol.com.br/televisao/bbb23/2023/02/bbb-23-key-alves-e-gustavo-sao-chamados-de-dissimulados-pela-web-entenda.shtml
Criptos deixam anúncios do Super Bowl, Americanas quer seguir líder em ovos de páscoa e o que importa no mercado
Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta segunda-feira (13). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Os anúncios do universo das criptomoedas sumiram no Super Bowl deste ano depois de terem inundado os intervalos comerciais do evento mais assistido da TV americana em 2022.Por que importa: os anúncios do Super Bowl, a final da liga de futebol americano (NFL), estão entre os mais caros do mundo, o que os torna uma atração à parte ao jogo, além do show do intervalo –que neste ano foi protagonizado pela cantora Rihanna.Em números: os comerciais de 30 segundos para o jogo deste ano foram vendidos por mais de US$ 6 milhões (R$ 31,5 milhões), e em alguns casos por mais de US$ 7 milhões (R$ 36,7 milhões).O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que recebeu aporte recentemente. A startup: fundada em 2017 nos EUA por brasileiros, a startup aposta na "mineração verde" de bitcoins e deve chegar ao Brasil neste ano.Em números: a empresa anunciou na última semana ter recebido um aporte de US$ 4,6 milhões (R$ 24,1 milhões) e foi avaliada em US$ 100 milhões. Quem investiu: o aporte foi feito por familly offices, fundos que fazem a gestão de fortunas de famílias abastadas. Que problema resolve? A startup tem como diferencial a "mineração verde" de bitcoin, aproveitando como fonte de energia o gás que é gerado no processo de extração de petróleo. Por que é destaque: a empresa atua para solucionar um "calcanhar de aquiles" do bitcoin, o alto uso de energia –muitas vezes fóssil– para abastecer os computadores que mineram a cripto. A semana em resumo Foram oito rodadas anunciadas por startups da América Latina na última semana, com US$ 61,3 milhões (R$ 321 milhões) captados. Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.Apesar de tudo, a Americanas promete manter a tradição de ser a maior varejista de ovos de páscoa do país. Serão 13 milhões de ovos de chocolate, dos quais quase metade da marca própria, a D'elicce, e mais os chocolates da linha regular, segmento importante de vendas da rede. A varejista promete promover a "maior Páscoa de todos os tempos".A importância das vendas de Páscoa para a varejista foi citada até mesmo no pedido de recuperação judicial encaminhados à Justiça do Rio de Janeiro no dia 19 de janeiro. Mais sobre a Americanas:Muda o ano, mas não a estratégia de investimentos. Com os sinais de que a Selic deve cair pouco ou nem sair do lugar neste ano, os títulos de renda fixa seguem como maior atrativo para a carteira recomendada pelos especialistas para 2023.E a Bolsa? Segue como um fator importante de diversificação, destacam os analistas, até para o investidor não correr o risco de perder algum movimento inesperado de forte e rápida recuperação dos mercados. De olho lá fora: os especialistas reforçam que o investimento em dólar ou em ativos no exterior deve fazer parte do planejamento dos investidores.Mais sobre investimentos
2023-02-13 07:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/02/criptos-deixam-anuncios-do-super-bowl-americanas-quer-seguir-lider-em-ovos-de-pascoa-e-o-que-importa-no-mercado.shtml
Caixa começa a pagar Auxílio Brasil e Auxílio Gás de fevereiro
A Caixa Econômica Federal começa a pagar nesta segunda-feira (13) o Auxílio Brasil, que voltará a se chamar Bolsa Família, e o Auxílio Gás. O primeiro tem valor mínimo de R$ 600 e o segundo, liberado a cada dois meses, será de R$ 112 em fevereiro, um pouco acima do preço médio do botijão, calculado em R$ 110 pela ANP (Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).Neste mês, o calendário de pagamentos dos benefícios será interrompido por causa do Carnaval. Serão quatro dias sem depósitos: sábado (18), domingo (19), segunda-feira (20) e terça-feira (21). A liberação dos valores será retomada na Quarta-feira de Cinzas após o meio-dia.Ao todo, 21,86 milhões de famílias receberão o Auxílio Brasil e 5,95 milhões terão ao Auxílio Gás. O governo deve investir R$ 13,2 bilhões e R$ 667,2 milhões, respectivamente, nos dois programas de transferência de renda.Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome Parte das famílias receberá os dois benefícios neste mês, somando R$ 712 repassados pelo governo federal. Para ter direito aos benefícios, é preciso estar inscrito no CadÚnico e atender às regras determinadas pelo governo federal.O cadastro, no entanto, deverá passar por uma revisão, com cortes. As estimativas de Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, são de que ao menos 2,5 milhões de cadastros possam estar irregulares.Segundo o ministério, a atualização ocorre em parceria com estados e municípios, que envolve até mesmo uma busca ativa de cidadãos com direito à renda, mas que ainda não estão na lista.O objetivo é pagar o benefício a quem, de fato, tem direito. "Não é razoável que, em um país com tanta gente com fome, pessoas com oito, nove ou dez salários mínimos de renda recebam o benefício. Ao mesmo tempo, queremos dar as mãos a quem tem o direito e não está recebendo", disse o ministro.O valor médio a ser pago de Auxílio Brasil neste mês é de R$ 606, 91. Isso ocorre porque há famílias que recebem valores extras ligados ao programa. Mais Os cidadãos que fazem parte de famílias:As famílias inscritas no CadÚnico com renda familiar mensal per capita (por pessoa da família) menor ou igual a meio salário mínimo (R$ 651 neste ano). Também serão beneficiadas as famílias com integrantes no BPC (Benefício de Prestação Continuada). O valor recebido de Auxílio Brasil não vai contar na análise do critério de renda familiar.Mulheres chefes de família têm prioridade para receber o benefício, assim como as mulheres vítimas de violência. Para isso, foi feito convênio com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Mais O pagamento é feito com o cartão do benefício, por meio da poupança da Caixa, ou pela poupança social digital, movimentada pelo Caixa Tem. Neste caso, é possível fazer compras e pagar contas com o aplicativo de celular.O beneficiário também pode transferir os valores para outra conta ou sacar parte do dinheiro, gerando um código. O saque é feito com o código ou o cartão do benefício nas agências da Caixa, nos caixas eletrônicos, nas lotéricas e nos correspondentes Caixa Aqui.O Auxílio Brasil voltará a se chamar Bolsa Família e vai passar a pagar R$ 150 por criança de até seis anos que estiver na escola a partir de março. Além disso, segundo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será exigido que a carteira de vacinação das crianças esteja em dia. Para as grávidas, é necessário fazer o pré-natal completo.
2023-02-13 04:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/02/carnaval-interrompe-pagamento-de-auxilio-brasil-e-auxilio-gas.shtml
China diz que balões dos EUA invadiram seu território mais de 10 vezes desde 2022
Balões dos Estados Unidos sobrevoaram o território da China mais de dez vezes desde janeiro de 2022, afirmou o porta-voz da chancelaria do país asiático, Wang Wenbin, nesta segunda-feira (13)."Desde o ano passado, balões de alta altitude dos EUA operaram mais de dez voos ilegais no espaço aéreo chinês sem a aprovação das devidas autoridades", disse ele ao responder a perguntas de um jornalista.Wang não detalhou se os balões americanos foram usados para fins de espionagem, acusação feita pelo Pentágono em relação a artefatos chineses semelhantes. "A primeira coisa que os americanos deveriam fazer é olhar para si mesmos e alterar seus modos, não manchar [a reputação alheia] e incitar o confronto."Washington negou as acusações, dizendo, em nota, que elas nada mais eram que uma tática de controle de danos de Pequim. A Casa Branca ainda afirmou que o regime ainda não ofereceu justificativas factíveis para a presença de balões nos EUA e em outros 40 países em que supostamente teriam sido avistados.A falta de informações mais precisas sobre os objetos abatidos pelos Estados Unidos neste fim de semana gerou especulações de que os artefatos teriam origem extraterrestre, algo negado, em tom jocoso, pela porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, nesta segunda-feira. "Não existe nenhuma indicação de atividades alienígenas ou extraterrestres relacionadas aos objetos abatidos", afirmou ela logo no início de entrevista coletiva. "Eu amo o filme 'E.T.', mas vou parar por aqui."Nesta segunda, Alexus Grynkewich, comandante da Central de Forças Aéreas, responsável por ações da aeronáutica americana no Sudoeste Asiático, disse que balões chineses foram detectados sobrevoando o Oriente Médio e o Afeganistão nos últimos anos, sem detalhar os objetos ou eventuais incidentes.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...A disputa retórica se dá em um momento de acirramento das tensões entre as duas potências, depois que um balão chinês foi detectado no espaço aéreo americano no início do mês. Os EUA sustentam que o equipamento —que sobrevoou uma base militar em Billings, em Montana, que abriga silos de mísseis balísticos intercontinentais— foi enviado pela China para espionagem. Pequim, por sua vez, diz que se tratava de um instrumento de monitoramento para fins de pesquisa, sobretudo estudos meteorológicos.Desde o incidente, uma série de outros objetos voadores não identificados foram observados sobre a América Latina, o Canadá e os EUA. Segundo Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos americanos, os episódios integram uma tendência mais ampla de aumento de monitoramento dos países que integram o grupo por parte da China e também da Rússia.John Kirby, porta-voz da Casa Branca, disse que o presidente Joe Biden tem feito reuniões de inteligência sobre o assunto desde junho de 2021, além de se comunicar com o Congresso a respeito do tema.O Pentágono afirma ter derrubado três balões detectados no espaço aéreo americano e canadense nos últimos dias. No domingo, mirou um artefato de estrutura octogonal que sobrevoava o Lago Huron, na fronteira com o Canadá; no sábado, um objeto em Yukon, no extremo norte canadense, foi alvo de um esforço conjunto de Washington e Ottawa; e, na última sexta-feira, um balão que sobrevoava o Alasca a 12 km de altitude foi tirado de circulação por trazer riscos à aviação civil.Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional afirmou que nenhum desses objetos se parecem com o balão chinês derrubado no início do mês, recusando-se a caracterizá-los até que os destroços sejam recuperados. Kirby, por sua vez, disse em entrevista coletiva nesta segunda que os restos desses objetos caíram em áreas remotas de difícil acesso, mas que as buscas continuam. Enquanto isso, a China afirmou ter detectado um artefato do tipo perto da cidade portuária de Qingdao, também no domingo. Mais Os casos recentes contribuíram para deteriorar as relações sino-americanas e para o adiamento de uma visita do responsável pela diplomacia americana, o secretário Antony Blinken, à China. Pesa também a expansão da presença militar dos Estados Unidos no Sudeste Asiático, que acontece de forma paralela às ameaças da China contra Taiwan, ilha que Pequim considera uma província rebelde.Na semana passada, o regime chinês classificou de "totalmente irresponsáveis" as falas de Biden sobre o líder chinês, Xi Jinping. "Você consegue pensar em algum outro líder mundial que trocaria de lugar com Xi Jinping? Não é uma brincadeira. Não consigo pensar em nenhum", disse o presidente americano em entrevista ao programa PBS NewsHour. "Esse homem tem problemas enormes. Também tem muito potencial, mas, até agora, sua economia não está funcionando muito bem."No mesmo dia, a China disse ter recusado um telefonema do secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin. Ele queria falar com seu homólogo chinês, Wei Fenghe, após o primeiro balão ser derrubado. Pequim justificou a decisão dizendo que a medida foi irresponsável e não criou um clima "propício ao diálogo".
2023-02-13 08:22:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/02/china-diz-que-baloes-dos-eua-invadiram-seu-territorio-mais-de-10-vezes-desde-2022.shtml
Primeira parcela do Auxílio Gás de 2023 será de R$ 112
A primeira parcela de 2023 do Auxílio Gás será de R$ 112, segundo informações da Caixa Econômica Federal. O benefício, que é pago a cada dois meses, começa a ser depositado na segunda-feira (13), junto com o Auxílio Brasil, que voltará a se chamar Bolsa Família a partir de março.Ao todo, 5,95 milhões de famílias irão receber o vale-gás, que tem como base o preço médio do botijão de 13 quilos conforme levantamento da ANP (Agência Nacional de Gás, Petróleo e Biocombustíveis), em um montante que soma R$ 667,2 milhões.Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à FomeO levantamento da ANP mostra que a média do botijão de gás de cozinha entre agosto de 2022 e fevereiro de 2023 foi de R$ 110,23. No entanto, o governo decidiu pagar R$ 112, como foi feito em dezembro.O benefício fica disponível para saque por até 120 dias. A lei original que criou o vale-gás determina que o auxílio seja de 50% sobre o valor médio do benefício, mas, em janeiro deste ano, medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estabelece o pagamento integral até dezembro. As famílias inscritas no CadÚnico com renda familiar mensal per capita (por pessoa) menor ou igual a meio salário mínimo (R$ 651 neste ano). Também serão beneficiadas as famílias com integrantes no BPC (Benefício de Prestação Continuada).Mulheres chefes de família têm prioridade para receber o benefício, assim como as mulheres vítimas de violência. Para isso, foi feito convênio com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).O pagamento do auxílio pode ser acumulado com outros benefícios, auxílios e bolsas do governo federal. Os valores transferidos pelo Auxílio Gás não serão computados como renda no Cadastro Único. Mais O valor do auxílio é liberado na poupança fácil Caixa ou na poupança social digital, movimentada pelo Caixa Tem. O benefício é pago conforme o final do NIS (Número de Identificação Social).Os beneficiários podem utilizar o cartão do Auxílio Brasil para acesso ao Auxílio Gás, realizando compras nos estabelecimentos comerciais em débito ou por saques nos caixas eletrônicos, lotéricas, correspondentes Caixa Aqui e agências da Caixa.É possível consultar o valor e demais informações nos aplicativos Auxílio Brasil e Caixa Tem ou pelo telefone 111.O Auxílio Gás foi criado em 2021, pela lei nº 14.237, de 19 de novembro, e regulamentado pelo decreto nº 10.881, de 2 de dezembro de 2021.
2023-02-13 04:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/02/primeira-parcela-do-auxilio-gas-de-2023-sera-de-r-112.shtml
Walcyr Carrasco revela ter sido barrado do BBB 23 por Boninho: 'Seria expulso'
O autor de novelas Walcyr Carrasco, 71, revelou ter tido sua entrada no Big Brother Brasil 23 (Globo) barrada por Boninho, diretor do programa. Ele gravou um vídeo para os fãs e publicou em seu perfil do Instagram neste sábado (7). Na publicação, fala sobre sua vontade de participar de uma edição do BBB e aproveita para anunciar que está produzindo uma nova novela para a Globo."Gente, tem uma multidão querendo saber se eu vou fazer o Big Brother. Eu até gostaria, mas o Boninho já disse que não me aceita, porque disse que eu seria expulso na primeira semana", falou Walcyr no vídeo. "Mas estou com uma nova novela e isso é vida! Certamente eu seria um chato no BBB!", escreveu na legenda do post.O próprio Boninho respondeu com um comentário. "Walcyr, você pode tudo! Vou reservar uma vaga para você lá na casa agora!", disse. Outros famosos deixaram mensagens na publicação. O ator Henri Castelli, 41, comentou emojis de risada juntos à hashtag: "#teamcarrasco". Atores como Beth Goulart, 61, Wagner Santisteban, 39 e Rainer Cadete, 35, deixaram comentários rindo da brincadeira feita por Walcyr. Mais Os internautas também se divertiram com a possibilidade do dramaturgo participar de uma edição do BBB. Em um dos comentários, Jucimar Guilherme fez uma brincadeira usando nomes das novelas escritas pelo autor: "Walcyr, seria bacana demais! Pensa na casa com cortinas de vidro. Você iria apresentar o outro lado do Paraíso. Se bem que algumas verdades secretas iriam aparecer. Nem por isso deixaria de ser o Dono do pedaço, mesmo vivendo entre cravo e rosa! Êta mundo bom, o povo iria agradar demais! Pensa você dentro da casa! Que morde e assopra que seria! E, se ainda não achou, poderia até achar a sua Alma gêmea, já pensou! Eu apoio!".
2023-01-08 16:05:00
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https://f5.folha.uol.com.br/televisao/bbb23/2023/01/walcyr-carrasco-revela-ter-sido-barrado-do-bbb-23-por-boninho-seria-expulso.shtml
Aline Midlej anuncia que está grávida e revela sexo do bebê
A jornalista Aline Midlej, 39, contou aos seguidores do Instagram que está grávida. Ela ainda revelou que será mãe de uma menina, fruto do relacionamento com o diretor Rodrigo Cebrian.O casal está junto há três anos e se conheceu no ar, durante uma entrevista ao vivo. "A gente se apaixonou no ar. Fiz uma pergunta para ele, que não me achava e brinquei: 'Estou aqui, a voz do além'", disse em entrevista ao jornal O Globo.Na tarde de Natal neste domingo (25), Aline também revelou o nome escolhido: Celeste. O marido da apresentadora também compartilhou a novidade com fotos da barriguinha de Aline, já aparente, junto com uma reflexão sobre o ano. Mais "2022 foi um ano intenso e repleto de conquistas, superações, lutas, reconexões e que nos mostrou a importância do amor, das nossas redes de amor. A família é uma delas, para muitos a mais importante, seja a família herdada como a família construída", escreveu.O diretor disse que a filha é um sinal de esperança para um ano melhor e agradeceu parentes e familiares pelo acolhimento e união. "Nada melhor para esse final de ano, apontando para um 2023 repleto de esperança, do que compartilhar a gestação de uma nova vida! Celeste é fruto de um amor coletivo, da paixão de um encontro e do acolhimento das nossas muitas famílias", completou."Como falei, somos muitas famílias e a Celeste tem muita sorte de já estar crescendo dentro da melhor mãe do mundo", finalizou.
2022-12-26 09:43:00
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https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2022/12/jornalista-aline-midlej-anuncia-que-esta-gravida-e-revela-sexo-do-bebe.shtml
Por que 2023 promete ser um ano especial para Gabriel Leone
Ele já foi Roberto Carlos, interpretou também o bandido carioca Pedro Dom e o piloto Alfonso De Portago, tudo em uma década de carreira. Agora aos 29 anos, Gabriel Leone continua em ritmo intenso de trabalho, e com outros personagens igualmente interessantes surgindo no horizonte.Vêm por aí projetos como "Ferrari", seu primeiro filme internacional, e a segunda temporada de "Dom" (Amazon Prime Video), que estreia em março de 2023. "Estou há cinco meses fora de casa", conta, animado. O artista morou quatro meses na Itália para as gravações do filme sobre a história de Enzo Ferrari e, em seguida, já emendou com as filmagens de "Barba Ensopada de Sangue", projeto inspirado no livro homônimo de Daniel Galera, que deve estrear no ano que vem.Além disso, no primeiro semestre de 2023, ele já irá engatar a produção da terceira temporada de "Dom", confirmada pelo streaming. Leone não parou de trabalhar nos últimos anos, e longe dele reclamar de alguma coisa -cansaço, por exemplo. Não. Ele quer é mais. Mais "São 10 anos que eu não parei de trabalhar. Estou em um meio muito concorrido e difícil. Conseguir emendar as coisas do jeito que eu fiz foi incrível". Apesar da quantidade de títulos, Leone diz que ainda vive muitas experiências novas, em especial em seus últimos trabalhos."Em ‘Dom’ é a primeira vez que eu volto a fazer o mesmo personagem, para contar uma história que está caminhando e avançando, com novas cenas", conta, em entrevista por telefone ao F5. O artista classifica o personagem como um dos mais importantes de sua carreira, e afirma que a segunda temporada vem ainda mais intensa, mostrando mais consequências aos atos do protagonista.Quanto ao filme "Ferrari", o artista comenta que os quatro meses em que morou na Itália foram de muitos aprendizados, entre ele, pilotar carros de corrida e se comunicar totalmente em inglês. E ainda resgatou a história de sua família. "Meus bisavós vieram da Itália, então tive essa experiência de vida", completa.
2022-12-26 08:00:00
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Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2022/12/por-que-2023-promete-ser-um-ano-especial-para-gabriel-leone.shtml
Cientistas descobrem beija-flor da mata atlântica que canta em frequência ultrassônica
Uma espécie de beija-flor com um canto ultrassônico intriga a ciência desde 2015. Isso porque o tipo de vocalização aguda e acima do limite audível para nós, humanos, é até comum para outros mamíferos, como morcegos e cetáceos (baleias e golfinhos), mas é raro em aves.Mas um beija-flor brasileiro é único em apresentar esse tipo de frequência sonora, e a suspeita é de usá-la justamente para fugir da competição sinfônica de outras aves.A descoberta, liderada pelo neurocientista brasileiro e professor da Escola de Medicina de Oregon (EUA) Cláudio Mello, conta com a participação de pesquisadores da Universidade do Arizona e da Rockfeller University, ambas também americanas, e da Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte (PUC-BH) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).Chamada de beija-flor preto da cauda branca (Florisuga fusca), a ave, endêmica da mata atlântica, é capaz tanto de produzir sons quanto escutá-los acima de 10 quilo Hertz de frequência (considerado elevado).Para se ter uma ideia, a maioria das aves canta dentro da frequência sonora intermediária, de 0,5 a 6 kHz, com a média em 2 a 3 kHz. Já os indivíduos de Florisuga estudados cantavam em uma frequência média de 11,8 kHz. Já a faixa considerada audível para o ouvido humano vai de 0,2 a 20 kHz.As primeiras observações de vocalização da espécie foram feitas ainda na década de 70, na área da reserva do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), em Santa Teresa (ES), pelo fundador do parque, o naturalista Augusto Ruschi.À época, sofrendo de perda auditiva, o cientista descreveu que o beija-flor "cantava, mas ele não conseguia ouvir", achando que era uma condição dele próprio. Mal sabia ele que, na realidade, não era possível escutar o canto da ave.A descrição da frequência sonora, porém, foi concluída em 2018, em uma publicação na revista científica Current Biology. De lá para cá, Mello conta que recebeu uma bolsa da National Geographic Society para fazer uma nova expedição ao Brasil no início de 2020, mas, com a Covid, o trabalho de campo foi adiado.Passado o período mais restritivo da pandemia, ele e os colegas puderam fazer um estudo in loco em outubro último. Observaram 40 aves e viram que a frequência ultrassônica era, de fato, única para essa espécie de beija-flor."Quando voltamos com equipamentos especializados para captar ultrassom, comprovamos o que já havíamos constatado, que eles cantam em uma faixa que em geral outras aves não vão ouvir. E isso pode ser interessante, eles podem ocupar uma faixa em que a comunicação deles não é interrompida", descreve Mello.Segundo ele, a frequência mais alta, porém, viaja em ondas mais curtas, o que indicaria uma comunicação a curta distância. "Estamos analisando agora os dados coletados para obter a resposta de qual a distância em que essa informação [o canto] chega e, também, se os filhotes conseguem ouvir os pais."Nas aves, a vocalização é um instrumento importante até mesmo para o aprendizado dos filhotes. "O aprendizado vocal implica que o filhote de dentro do ninho ouça o canto do adulto e imite o canto, então é extremamente importante entender se eles conseguem ouvir os pais." Mais Como há poucos dados na literatura até mesmo sobre como funciona o comportamento de aprendizado em beija-flores, a pesquisa ainda deverá ser testada, inclusive tocando o gravador em outras localidades em que a espécie é encontrada, para saber se esse ensinamento é passado entre as gerações.De acordo com o cientista, um próximo passo da pesquisa é estudar a anatomia interna de Florisuga para avaliar as adaptações que podem existir nas cordas vocais e no ouvido interno desses animais."Agora vamos focar projetos de longo prazo. Estamos aguardando firmar alguma parceria com o INMA para estudar a ecologia dessa espécie, que é realmente única. Esse é um bom exemplo de como a gente conhece ainda muito pouco da biodiversidade, e em especial da mata atlântica", diz ele.A expectativa é que não seja tarde demais, uma vez que a mata atlântica é o bioma brasileiro que mais perdeu área nos últimos 40 anos. Os cientistas já comprovaram a importância da floresta, que é considerada um "hotspot" de biodiversidade mundial, para o entendimento da diversidade de espécies brasileiras e também para a descoberta de novas plantas e seres com potencial farmacológico e econômico.Como os equipamentos utilizados também são próprios para o estudo dos morcegos, o neurocientista afirma que parcerias desse tipo também são bem-vindas, até mesmo considerando o alto custo de cada aparelho, de até R$ 10 mil do captador ultrassônico e de R$ 15 mil a R$ 20 mil do gravador. "Os beija-flores cantam até umas cinco, seis da tarde, e depois vêm os morcegos, então dá para fazer duas pesquisas em um mesmo dia."
2022-12-26 10:00:00
ambiente
Meio Ambiente
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/12/cientistas-descobrem-beija-flor-da-mata-atlantica-que-canta-em-frequencia-ultrassonica.shtml
Exagerou na ceia? Veja como compensar a comilança nas festas de fim de ano
Exagerar no consumo de bebida e comida é comum durante as festas de fim de ano. Para compensar o aumento da ingestão de calorias motivado pelos momentos de confraternização, nutricionistas recomendam a manutenção de hábitos saudáveis.De acordo com a nutricionista Angéli Golfetto, o maior consumo de álcool, sódio e açúcar durante as festividades pode resultar não só no acúmulo de gordura, mas também na maior retenção de líquido no corpo."As mulheres, por exemplo, costumam consumir entre 1.800 e 2.200 calorias por dia. Numa ceia de Natal, facilmente consumimos de 4 a 6 mil calorias rapidinho, porque há muitos embutidos", afirma Golfetto.Alguns dos alimentos ingeridos também provocam uma ação inflamatória no corpo, o que resulta na maior retenção de líquido. Um exemplo são os salames, ricos em sódio."A cada 100 gr de alimento, temos uma ingestão de sódio que gira em torno de 400 mg. Em apenas 100 gr de salamito, há mais de 1.400 mg de sódio. É uma diferença muito grande", diz a nutricionista.Segundo Golfetto, alguns dos sintomas de que houve excesso na alimentação são os pés inchados e a barriga saliente. Quem já exagerou na ceia de Natal e quer amenizar o problema pode, afirma ela, apostar na adoção de pequenos hábitos saudáveis para ajudar a desinflamar o sistema metabólico.Algumas dicas de bons hábitos são caminhar e fazer drenagem linfática. A especialista também recomenda a ingestão de cálcio, encontrado em derivados do leite, de potássio, abundante na banana, e de magnésio, disponível em vegetais como o espinafre e em oleaginosas, como nozes e amêndoas. Mais "A gente também pode fazer um suchá, que é colocar frutas com chá, bater tudo junto e tomar com as fibras, sem coar, para aproveitar seus benefícios no intestino", diz Golfetto.A nutricionista Camilla Baffa, pós-graduada em nutrição em doenças crônicas pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, reforça que quem exagerou nas festas de fim de ano precisa buscar na alimentação saudável o caminho para contrabalançar os exageros.Baffa não recomenda a adoção de dietas milagrosas no dia seguinte às festas, como ficar à base de suco ou água. Segundo ela, o corpo já tem recursos suficientes para promover a desintoxicação e a desinflamação."A minha sugestão é voltar à rotina de alimentação saudável, hidratação, sono e atividade física regular, porque essas são a chave da saúde e do bem-estar. Voltar a se alimentar com frutas, legumes, verduras e manter a hidratação adequada é fundamental", afirma a profissional.Para saber quanto de água tomar, a nutricionista recomenda uma conta simples: basta multiplicar seu peso por 35. O resultado será a quantidade de água, em mililitros, a ser ingerida por dia.Aqueles que exageraram no Natal, mas querem aproveitar o cardápio da festa de virada de ano, Baffa aconselha intercalar as refeições mais pesadas com outras mais leves. Como o dia 31 é marcado por fartura no jantar, a nutricionista recomenda que se priorizem refeições mais leves durante o dia."No dia primeiro, em que comemos o almoço em clima de confraternização, recomendo fazer o contrário e se alimentar com comidas mais leves nas outras refeições, ingerindo frutas, legumes e verduras", afirma.Quanto ao consumo de álcool, a dica é intercalar um copo de água a cada drinque para se manter hidratado e evitar o consumo exagerado.A nutricionista Golfetto complementa as dicas sugerindo a ingestão de bons carboidratos durante a ceia, como arroz integral, batata e mandioca, para diminuir a ressaca no dia seguinte."A gente provoca os processos inflamatórios, mas a gente também tem um poder incrível de gerar o anti-inflamatório. Isso pode acontecer ao mesmo tempo, de forma concomitante: estou me inflamando, mas também estou pensando em como fazer para me desinflamar", afirma a nutricionista.Tentar acordar no mesmo horário, sem grandes mudanças na rotinaManter-se hidratado, principalmente nas primeiras horas do diaInvestir em alimentos ricos em cálcio, potássio e magnésioFazer atividades físicas simples, como caminhar e levantar os pésMassagear o corpoIntercalar as doses de álcool com copos de águaComer bons carboidratos, como arroz integral, batata e mandiocaOptar por alimentos mais leves em outras refeições;Dormir bem
2022-12-26 10:00:00
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Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2022/12/exagerou-na-ceia-veja-como-compensar-a-comilanca-nas-festas-de-fim-de-ano.shtml
Em 2022, dólar ficou mais caro que o euro pela primeira vez em 20 anos
O euro completou seu aniversário de 20 anos em 2022, mas o ano ficou marcado por um fato negativo: pela primeira vez, a moeda teve valor menor do que o dólar.Desde a criação, o dinheiro europeu sempre valeu alguns centavos a mais que o dólar. Em julho deste ano, as duas moedas atingiram a paridade. 22 de agosto, o euro foi cotado por menos de 1 dólar. Cada moeda europeia valia 97 centavos do dinheiro americano. Ou cada dólar valia 1,0061 euro.A queda do euro foi causada por diversos fatores. A Guerra da Ucrânia, iniciada em fevereiro, aumentou os preços do gás e de outros produtos no continente, gerando incerteza e inflação. Foi preciso buscar alternativas para o gás russo, que mantinha casas aquecidas e indústrias funcionando.Ao mesmo tempo, em março, o Fed (banco central americano) deu início a uma alta nos juros, o que atraiu dinheiro estrangeiro para os EUA e fortaleceu o dólar. Ao mesmo tempo, o BCE (Banco Central Europeu) teve postura mais contida e demorou a mexer nos juros, que estavam abaixo de zero.No entanto, o outono europeu veio com temperaturas mais quentes que o esperado, (o que gerou menor demanda por gás) e a atuação mais firme do BCE em subir os juros, a partir de setembro, ajudaram a moeda europeia a recuperar a força.O euro ficou cerca de três meses, até o começo de novembro, oscilando ao redor da taxa de 1 para 1, até retomar força a partir de 12 de novembro, quando se estabilizou na faixa de 1,03 euro por dólar. Perto do Natal, na segunda (19), cada euro valia 1,06 dólar. Há dois anos, em dezembro de 2020, esta cotação estava em torno de 1,20 dólarEm meados de dezembro, o BCE fez a terceira alta seguida de juros e elevou a taxa a 2% ao ano. Nos EUA, o Fed reduziu a velocidade da alta de juros, e elevou a taxa para 4,5%. No Brasil, a Selic foi mantida em 13,75% ao ano na última reunião do Banco Central.Cristine Lagarde, presidente do BCE, indicou que o banco deve seguir subindo a taxa no ano que vem, para conter o risco de inflação. "Com base na informação que temos hoje, há previsão de outro aumento de 50 pontos base na nossa próxima reunião, e possivelmente na depois daquela, e possivelmente depois também", disse Lagarde, em coletiva de imprensa em 15 de dezembro. Ela também disse esperar que uma possível recessão na Europa será "relativamente curta e rasa." Mais A moeda única europeia foi adotada em 1º de janeiro de 2002, e substituiu os dinheiros de quase todos os países da Europa Ocidental, como as pesetas da Espanha, os marcos alemães, os francos franceses e os escudos portugueses. Ao abrir mão da moeda nacional, os países facilitaram o comércio com seus vizinhos e passaram a ter um dinheiro mais forte e estável do que tinham antes. Por outro lado, perderam poder para definir a política monetária, que ficou sob comando do BCE (Banco Central Europeu).No entanto, cada país ainda tem liberdade para definir sua política fiscal, ou seja, decidir quanto arrecadar de impostos, como gastar o dinheiro público e pegar empréstimos se necessário.Como o continente tem países com economias mais fortes (Alemanha, França) e outras mais instáveis (Espanha, Grécia), houve um desequilíbrio. A Grécia, por exemplo, teve de se sujeitar a cortes de gastos públicos, na década passada, para obter ajuda dos vizinhos para superar uma forte crise na década passada. O país considerou deixar o euro na época mas, ao final, ficou. Mais Josilmar Cordenonssi, professor de economia na Universidade Mackenzie, explica que a vantagem do valor do euro sobre o dólar é fruto, em boa parte, da força da economia alemã, a quarta maior do mundo."A Alemanha é mais conservadora do ponto de vista fiscal que os Estados Unidos e tem dívida bem mais baixa do que o resto dos países avançados, em torno de 60% em relação ao PIB. Nos EUA e no Japão, elas passam de 100% do PIB. Dívidas altas geralmente fragilizam as moedas", explica Cordenonssi.O professor aponta que uma eventual desvalorização do euro frente ao dólar poderia atrapalhar as exportações brasileiras para a Europa, pois os produtos daqui ficariam mais caros para os consumidores de lá. A desvalorização também tornaria os produtos europeus mais competitivos no mercado internacional.Atualmente, o euro é usado em 19 países. Em 1º de janeiro de 2023, a Croácia adotará a moeda e se tornará o 20º membro da zona do euro. Há outros seis países candidatos a adotar o euro, mas que precisam antes cumprir uma série de requisitos de estabilidade econômica.
2022-12-26 10:00:00
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'Estamos desesperados': A cidade na fronteira dos EUA abarrotada de imigrantes a espera de mudanças na lei
Dylan Torres Reyes, 21, passou três noites na calçada em frente ao principal terminal de ônibus da cidade de El Paso, tremendo de frio no congelante inverno do Texas, nos Estados Unidos."Tem feito muito, muito frio aqui, e isso é tudo o que tenho para vestir", contou ele à BBC, apontando para o casaco azul fino com capuz que está usando. "Tem sido difícil dormir assim."Reyes é venezuelano e está longe de ser o único.À sua volta, dezenas de outros imigrantes se reúnem em pequenos grupos, a duas quadras do centro de El Paso. Entre eles, há mulheres e crianças dormindo a céu aberto, em temperaturas que caem abaixo de zero grau à noite. Eles são uma pequena parte de um número crescente de imigrantes na cidade.As autoridades e organizações humanitárias afirmam enfrentar dificuldades para lidar com a situação. Muitos são da Nicarágua e da Venezuela, mas muitos vêm de outros países, de toda a América Latina.A maioria dos imigrantes, como Reyes, espera uma oportunidade para viajar a outras partes dos EUA, para encontrar suas famílias depois de uma viagem longa, difícil e extremamente perigosa até a fronteira."Quero ir para Chicago... Não tenho ideia de como vou chegar lá", afirma Reyes. "Estou tentando conseguir passagens de ônibus, mas não sei como vou fazer." Ele acrescenta que as noites frias e a incerteza são dificuldades pequenas em comparação com o que enfrentou nos últimos meses —incluindo uma travessia pela selva na qual companheiros morreram, além de abuso e tentativas de extorsão por policiais corruptos. "Estou feliz por estar aqui. O tratamento tem sido excelente", conta ele. "Só tem feito muito frio."Enquanto El Paso enfrenta uma crise humanitária cada vez maior, o provável fim da política de imigração da era Trump deixou as autoridades e as ONGs preocupadas por talvez não conseguirem lidar com o aumento do fluxo de imigrantes e pessoas em busca de asilo.Conhecida como Título 42, a política concede ao governo o poder de expulsar automaticamente imigrantes sem documentos. Ela impediu milhares de cruzar a fronteira entre o México e os EUA. Mais Essa política deveria ter sido extinta em 21 de dezembro, mas a Suprema Corte americana a prorrogou temporariamente. No dia 19, o juiz-chefe da Suprema Corte, John Roberts, proibiu temporariamente o fim do Título 42, aguardando a decisão sobre um recurso emergencial apresentado por estados governados por republicanos. Eles pediram a manutenção da política em vigor.No dia seguinte, o governo Biden pediu ao tribunal que ignorasse o pedido para manter vigente o Título 42, defendendo que não há mais justificativa para a manutenção. Mas também pediu à corte que postergasse o fim da política ao menos até 27 de dezembro, para se preparar para o fluxo de entrada de imigrantes.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Se o governo for atendido, a política terminará em 27 de dezembro. Mas a intervenção da Suprema Corte trouxe pouco significado às ruas de El Paso, onde abrigos e serviços humanitários estão sobrecarregados.As autoridades municipais afirmam que estão fazendo o melhor que podem para ajudar diariamente a abrigar e a transportar imigrantes liberados pelo Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP, na sigla em inglês), mas os números crescentes vêm esgotando os recursos.Só de 12 a 18 de dezembro, mais de 10,3 mil imigrantes entraram na cidade, contra 8.000 na semana anterior. As autoridades locais e federais estimam que, se o Título 42 perdesse a vigência, o número diário de detenções de imigrantes em El Paso subiria de 1.500 para 4.000 a 6.000 —e a cidade seria incapaz de atendê-los com os recursos existentes. Mais "Não é possível administrar. Abrigos e esforços da comunidade estão sobrecarregados", diz Fernando García, diretor-executivo da ONG Border Network for Human Rights. "Temos um problema imediato.""Não podemos esperar para ver se o Título 42 perderá a vigência ou não", acrescenta ele. "Aqui e agora, temos pessoas em El Paso, nas ruas. Crianças, mulheres, sem roupas de frio, sem comida, sem água e sem dinheiro para serem transportadas até seus parentes."No dia 18, o prefeito de El Paso, o democrata Oscar Leeser, decretou estado de emergência por sete dias. Ele afirma que a decisão oferece às autoridades locais os recursos para lidar com o fluxo de entrada de imigrantes dormindo nas ruas da cidade. "Queremos garantir que as pessoas sejam tratadas com dignidade", disse ele aos repórteres. "Queremos fazer com que todos fiquem em segurança."Leeser alertou que os abrigos da cidade já estavam com capacidade máxima ocupada e estimou que havia outros 20 mil migrantes na fronteira, preparados para cruzar para os EUA.Prometendo "preparar-se para o que vier", Leeser afirmou que as autoridades municipais ainda estavam elaborando planos de emergência, incluindo a conversão de grandes edifícios em abrigos improvisados e o fretamento de ônibus para ajudar no transporte dos imigrantes para outras cidades do Texas.Mas grande parte do trabalho diário de ajuda aos imigrantes recaiu sobre um grupo de ONGs e grupos ativistas. Uma dessas organizações é o banco de alimentos El Pasoans Fighting Hunger Food Bank, que vem alimentando dezenas de imigrantes por vez em locais espalhados pela cidade."Essa é certamente uma crise humanitária", afirma a executiva-chefe da organização, Susan Goodell. "O número de imigrantes na nossa comunidade é enorme. Nunca vi números como esses." Ela afirma que sua organização, até agora, conseguiu lidar com o número de imigrantes, mas está tendo dificuldades para acompanhar a crise e precisou pedir auxílio a outras organizações, em outras partes dos EUA. Mais Moradores de El Paso e de áreas vizinhas contaram à BBC que o aumento do fluxo de imigrantes tem sido visível nos últimos dias. Alguns descreveram ruídos constantes à noite, estações de ônibus lotadas ou que encontram pessoas dormindo ao lado das suas casas ou veículos quando saem de casa pela manhã.Cerca de um quarto da população da região é composto de estrangeiros, e muitos moradores se compadecem das condições dos imigrantes. "Eles estão apenas tentando melhorar de vida. Se você estivesse no lugar deles, iria querer vir para os EUA para ter liberdade ou um emprego", afirma Mark Casavantes, morador de El Paso por toda a vida, a poucos quarteirões da fronteira com o México."São pessoas muito pacíficas e respeitosas. Eles realmente não causaram problemas."Sue Dickson é voluntária da Annunciation House, organização que oferece abrigo para os imigrantes em El Paso. Ela conta que "as mentes de mais pessoas se abririam" se vissem a realidade diária da situação dos imigrantes na sua cidade. "São pessoas que estão desesperadas, que precisam de asilo, que precisam fugir da violência e da opressão política", afirma ela. "Elas estão vindo para cá em busca de segurança."Autoridades federais afirmaram repetidamente que o governo —particularmente, o Departamento de Segurança Doméstica— está se preparando para o possível cancelamento do Título 42.Já os trabalhadores humanitários de El Paso questionam se o fim dessa política levará ao pico súbito de imigração previsto por alguns políticos. Muitos observam que eventuais cruzamentos em massa da fronteira não seriam algo normal. Mas o potencial de outros picos deixou muitos ansiosos. "Os números previstos nos deixam nervosos", afirma Goodell. "Estamos nos preparando da melhor forma possível."Este texto foi publicado originalmente aqui.
2022-12-26 08:34:00
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https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/12/estamos-desesperados-a-cidade-na-fronteira-dos-eua-abarrotada-de-imigrantes-a-espera-de-mudancas-na-lei.shtml
Xi pede medidas eficazes contra Covid, e China derruba quarentena para viajantes
Nos primeiros comentários públicos desde que a China relaxou as restrições de combate à Covid, no começo do mês, o líder Xi Jinping pediu nesta segunda-feira (26) às autoridades do país que tomem medidas para "proteger com eficiência" as vidas de seus compatriotas diante do avanço da doença.A declaração foi feita no mesmo dia em que o regime anunciou a revogação, a partir de 8 de janeiro, da quarentena obrigatória para todos que viajarem ao gigante asiático, retirando regra que estava em vigor desde o início da pandemia. Segundo a Comissão de Saúde, que tem funções equivalentes à de um ministério, será exigido apenas um teste negativo para quem quiser ingressar no território chinês."Deveríamos lançar uma campanha sanitária patriótica de maneira mais afinada, para fortalecer a prevenção e o controle [da pandemia] e proteger de forma eficaz a vida, a segurança e a saúde da população", afirmou Xi, em declaração citada pela emissora estatal CCTV. O premiê Li Keqiang, segundo a agência Xinhua, destacou ainda que todos os níveis do regime devem intensificar esforços para garantir que as demandas de tratamento e suprimentos médicos sejam atendidas.Três anos depois do surgimento dos primeiros casos de Covid na cidade de Wuhan, na região central do país, o gigante asiático tenta conter uma alta explosiva do número de contaminados pelo vírus.Muitos hospitais estão lotados, e as farmácias sofrem com a falta de remédios. Diversos crematórios indicaram à agência de notícias AFP o recebimento de uma cifra elevada de cadáveres. A metrópole de Guangzhou, com 19 milhões de habitantes, chegou a anunciar que adiaria cerimônias fúnebres para depois de 10 de janeiro em razão de um "aumento significativo de demanda" —a justificativa depois foi retirada da nota oficial.Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...Ainda assim, muitos lotaram os metrôs de Pequim e Xangai, numa atmosfera que, nesta cidade, contrasta com o cenário em abril e maio, quando restrições pesadas foram impostas. "Estou preparado para viver com a pandemia", disse o morador Lin Zixin, 25. "Lockdowns não são uma solução de longo prazo."Um mercado de Natal montado anualmente em Bund, distrito comercial de Xangai, recebeu muitos visitantes durante o fim de semana, e multidões encheram o parque da Disney na cidade e o da Universal Studios na capital. O número de viagens a turismo partindo de Guangzhou cresceu 132% em duas semanas, segundo o jornal local The 21st Century Business Herald. "Agora todos voltaram à rotina normal", disse um residente de Pequim de 29 anos e sobrenome Han.Ainda assim, o setor do turismo permanece prejudicado pelas medidas que têm como objetivo conter a disseminação do vírus. A China é a única grande potência que continua a exigir quarentena de viajantes —atualmente o confinamento dura pelo menos cinco dias. Recentemente, porém, a Comissão de Saúde já havia indicado a possibilidade de mudanças ao comunicar que já não considera a Covid uma pneumonia, mas uma doença contagiosa menos perigosa. Mais Nesta segunda, o regime chinês também anunciou que a gestão do coronavírus será rebaixada para a categoria B, menos rigorosa que a A hoje em vigência —a mudança permite flexibilizações no turismo. Além de não exigir mais quarentena obrigatória para viajantes, a China deve reabrir as fronteiras com Hong Kong, fechadas desde o início da crise sanitária, no começo de 2020.Até agora, o país só reconheceu oficialmente seis mortos por Covid desde a retirada das restrições, mas, de acordo com analistas, o balanço é muito inferior ao número real de óbitos —parte considerável dos idosos não está vacinada contra o coronavírus.No domingo, a Comissão Nacional de Saúde anunciou que deixará de divulgar os dados diários de casos e mortes por Covid. O órgão não deu justificativas para a decisão. Dez dias antes, porém, declarou que o rastreamento de diagnósticos se tornara praticamente impossível desde as flexibilizações, porque, com o fim da obrigatoriedade dos testes PCR e a permissão para quarentena domiciliar, os chineses passaram a realizar exames em casa, e a maior parte deles não comunica os resultados às autoridades.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...A comissão acrescentou que o Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC) chinês publicará informações sobre o surto, mas não especificou que dados serão divulgados e com que frequência. Também o CDC tinha anunciado que não publicaria relatórios diários sobre o coronavírus.Outra controvérsia que pôs os dados oficiais em xeque foi uma nova metodologia imposta pelo regime. Só as mortes decorridas de pneumonia ou insuficiência respiratória ocasionadas pelo vírus são contabilizadas como óbitos relacionados à doença. A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma não ter recebido nenhum dado sobre novas hospitalizações a partir da flexibilização da Covid zero.Diante do apagão de dados, algumas províncias passaram a divulgar as próprias estatísticas. É o caso da província de Zhejiang, a cerca de 200 km de Xangai, que conta com cerca de 65 milhões de habitantes. Mais Segundo as autoridades, os contágios diários superam 1 milhão e a quantidade de pacientes que visitaram clínicas aumentou 14 vezes desde a semana passada. Pedidos de internação no centro de emergência da capital local, Hangzhou, mais do que triplicaram em relação à média do ano passado.A mudança no curso da controversa política de Covid zero, que incluía práticas como confinamentos em larga escala e internação sistemática de pessoas contaminadas, vem na esteira de uma série de mobilizações populares realizadas nas principais cidades e universidades do país no final de novembro.Os protestos foram o desafio público mais forte à liderança de Xi e vieram cerca de um mês após ele ser coroado com um inédito terceiro mandato à frente do regime. Também se inseriram na desaceleração da economia chinesa, com o país registrando a maior queda no fluxo do comércio em dois anos e meio.
2022-12-26 09:40:00
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Podcast: neonazismo nas escolas brasileiras e os caminhos para impedir atentados
No segundo semestre de 2022, o Brasil registrou quatro ataques armados a escolas. Na cidade de Aracruz, no Espírito Santo, um adolescente usando um símbolo nazista no braço abriu fogo contra professores e alunos e deixou quatro mortos e sete feridos.Especialistas veem ligação entre o aumento de grupos extremistas de direita e a violência direcionada às escolas.Um relatório elaborado pelo grupo de trabalho em educação da equipe de transição do governo eleito aponta estratégias para combater a radicalização dos jovens. Ele foi coordenado pelo professor da Faculdade de Educação da USP Daniel Cara, junto com as pesquisadoras Andressa Pellanda, Catarina de Almeida Santos, Claudia Maria Dadico, Fernanda Rasi Madi, Fernanda Orsati, Juliana Meato, Letícia Oliveira, Lola Aronovich, Luka Franca, Marcele Frossard e Paola da Costa Silveira.O Café da Manhã desta segunda-feira (26) discute as razões que levam ao aumento desses ataques, analisa o apelo que símbolos extremistas têm para os jovens e quais são os caminhos para impedir atos violentos em escolas. O episódio entrevista o professor Daniel Cara.O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelas jornalistas Angela Boldrini e Magê Flores, com produção de Jéssica Maes. A edição de som é de Thomé Granemann.
2022-12-26 05:00:00
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Veja quem pode pedir a aposentadoria do INSS com regras mais vantajosas
O trabalhador que atendia aos requisitos para se aposentar antes da reforma da Previdência, de 13 novembro de 2019, mas não solicitou o benefício à época, não pode ser prejudicado pela mudança na legislação. Este é o chamado direito adquirido, ou seja, o segurado não pode sofrer prejuízo pela implementação de nenhuma lei posterior ao preenchimento dos requisitos para receber a aposentadoria.Isso significa que quem completou 30 anos de contribuição, no caso das mulheres ou 35 anos, se homem, antes de a reforma entrar em vigor tem o direito de pedir o benefício por tempo de contribuição pelas regras antigas, que não exigem idade mínima ou pedágio da regra de transição.O mesmo vale, por exemplo, para segurados que aguardavam processo trabalhista, antes da mudança, para comprovar ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que haviam cumprido as regras. Ao solicitar a aposentadoria, o sistema faz os cálculos com base nas contribuições registradas e deve conceder o benefício mais vantajoso. "Uma vez preenchidos os requisitos, o direito adquirido se incorpora ao patrimônio jurídico do interessado, mesmo que ele só peça sua aplicação ao INSS posteriormente. Como o direito previdenciário é uma área que muda frequentemente, é importante que o trabalhador fique atento, pois pode interferir no planejamento previdenciário, adiando ou antecipando o benefício", explica Rômulo Saraiva, advogado previdenciário e colunista da Folha.Já o trabalhador que tem o direito adquirido, mas continua contribuindo, precisa ficar atento ao solicitar o benefício, uma vez que a regra de transição pode ser mais vantajosa. Por lei, o INSS deve conceder o benefício que for mais vantajoso ao trabalhador.Para saber qual regra vale mais a pena, o ideal é fazer um planejamento previdenciário, analisando os requisitos antigos e os atuais, assim como o tempo de contribuição até 13 de novembro de 2019."O segurado pode fazer uma simulação das regras de transição e das regras antigas no site do Meu INSS, mas ali ele não consegue saber o valor do benefício. O ideal seria procurar um advogado especializado na área previdenciária para que obtenha essa análise e saiba requerer o benefício na hora certa e com a melhor renda", orienta Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário).Saraiva alerta de que não é incomum que a calculadora do INSS ofereça estimativas equivocadas, já que pode haver inconsistência no banco de dados do CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais). Por isso, além de procurar um especialista para auxiliar no pedido de aposentadoria, é necessário reunir o maior número de documentos possível para comprovar o direito adquirido.Os documentos exigidos variam de acordo com o histórico profissional de cada segurado. Contudo, os principais meios de comprovação são a carteira de trabalho, a GPS (Guia da Previdência Social) e o próprio extrato previdenciário fornecido pelo INSS.A comprovação de serviço militar exige uma certidão específica, assim como profissionais expostos a ambientes nocivos precisam apresentar o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário). Quem processou o ex-empregador também precisa comprovar salários e valores conquistados na Justiça trabalhista com documentos processuais.Além disso, Bramante lembra que períodos como trabalhador rural, em outro regime previdenciário, a exemplo de sistemas de previdência municipal ou estadual, e contribuições individuais como autônomo, empresário, eventual ou ministro de confissão religiosa, por exemplo, também entram na conta.Se o pedido de aposentadoria foi negado ou não considerou a regra mais vantajosa, a primeira coisa que o segurado deve fazer é entrar com um recurso administrativo. "O Conselho de Recursos da Previdência Social é um órgão autônomo e pode ser uma saída estratégica em alguns casos, em vez de ingressar com ação judicial", diz Bramante, do IBDP.A recomendação é recorrer à Justiça apenas quando a possibilidade de recurso administrativo se esgotar. Porém, Saraiva afirma que há situações controversas nas quais o INSS não costuma reconhecer o direito ao benefício —como é o caso da revisão da vida toda, aprovada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no início de dezembro.Nestes casos, os tribunais se tornam a única opção. "Mesmo o STF tendo acatado o direito aos trabalhadores, o INSS não costuma reconhecer essa demanda administrativamente", diz o advogado previdenciário.Vale lembrar que todas as etapas administrativas —pedido inicial, envio de documentos adicionais e solicitações de recursos administrativos– podem ser feitas pelo aplicativo Meu INSS. Toda a comunicação entre a Previdência e o usuário —como necessidade de documentos extras, bem como as justificativas para indeferimento— também é feita pela plataforma. Mais
2022-12-26 04:00:00
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Cinco pessoas da mesma família morrem afogadas em Dois Córregos (SP)
Os corpos de quatro pessoas da mesma família que morreram afogadas no sábado (24), véspera de Natal, em Dois Córregos (SP), serão sepultados nesta segunda-feira (26) em Sumaré, na região de Campinas.As vítimas são avó, mãe e duas filhas de 9 e 3 anos. A quinta vítima do afogamento, pai das duas crianças, teve o corpo encontrado na tarde deste domingo (25) e ainda não foi liberado pelo IML (Instituto Médico Legal) de Jaú, para onde todos foram levados.A família viajou de Sumaré, onde morava, para passar o Natal em um rancho à beira do rio Tietê, no interior de São Paulo.Segundo informações do Corpo de Bombeiros, uma das crianças se afogou ao entrar no rio e os demais integrantes da família tentaram socorrê-la, mas também não conseguiram sair e morreram.A avó, a mãe e as duas meninas foram retiradas do rio no sábado. Os bombeiros fizeram buscas para encontrar o corpo do pai, o que ocorreu neste domingo.Os mortos são Denise Aparecida Dias da Silva, 51, Cynthia Silva dos Santos, 25 anos, Kervellin Wallace da Silva, 29, Nicolly Luize Dias da Silva, 9, e Emily Camile Dias da Silva, 3.Segundo o presidente da Câmara Municipal de Sumaré, Willian Souza (PT), o Legislativo e a Prefeitura de Sumaré ofereceram assistência aos familiares das vítimas.
2022-12-26 05:49:00
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Cientistas dão novo passo para declarar o Antropoceno, a era dos humanos
A linha do tempo oficial da história da Terra –das rochas mais antigas aos dinossauros e à ascensão dos primatas, do Paleozoico ao Jurássico e todos os pontos anteriores e posteriores– poderá em breve incluir a era das armas nucleares, das mudanças climáticas causadas pelo homem e da proliferação de plásticos, lixo e concreto em todo o planeta.Em suma, o presente.Dez mil anos depois que nossa espécie começou a formar sociedades agrárias primitivas, um painel de cientistas deu no último dia 17 um grande passo para declarar um novo intervalo de tempo geológico: o Antropoceno, a era dos humanos.Nossa atual época geológica, o Holoceno, começou há 11,7 mil anos com o fim da última grande era glacial. Os cerca de 35 estudiosos do painel parecem estar perto de endossar que, na verdade, passamos as últimas décadas em uma unidade de tempo totalmente nova, caracterizada por mudanças em escala planetária induzidas pelo homem que estão incompletas, mas em andamento."Se você estivesse nos anos 1920, sua atitude seria: 'A natureza é muito grande para os humanos influenciarem'", disse Colin N. Waters, geólogo e presidente do Grupo de Trabalho do Antropoceno, o painel que tem deliberado sobre o assunto desde 2009. O século passado mudou esse pensamento, disse Waters. "Foi um evento de choque, um pouco como um asteroide atingindo o planeta."Os membros do grupo de trabalho completaram no dia último 17 a primeira de uma série de votações internas sobre detalhes, incluindo quando exatamente eles acreditam que o Antropoceno começou. Assim que essas votações terminarem, o que poderá ocorrer no próximo trimestre, o painel apresentará sua proposta final a três outros comitês de geólogos cujos votos tornarão o Antropoceno oficial ou o rejeitarão.Sessenta por cento de cada comitê precisará aprovar a proposta do grupo para que ela avance para o seguinte. Se falhar em algum deles, o Antropoceno talvez não tenha outra chance de ser ratificado durante anos.Se chegar até o fim, porém, a linha do tempo alterada da geologia reconheceria oficialmente que os efeitos da humanidade no planeta foram tão importantes que encerraram o capítulo anterior da história da Terra. Reconheceria que esses efeitos serão perceptíveis nas rochas durante milênios. Mais "Eu ensino a história da ciência –você sabe, Copérnico, Kepler, Galileu", disse Francine McCarthy, cientista da Terra na Universidade Brock, no Canadá, e membro do grupo de trabalho. "Estamos realmente fazendo isso", disse ela. "Estamos vivendo a história da ciência."Ainda assim, há críticas ao Antropoceno, embora todos tenhamos uma familiaridade de primeira mão com ele, ou talvez por isso mesmo.Stanley C. Finney, secretário-geral da União Internacional de Ciências Geológicas, teme que o Antropoceno tenha se tornado uma forma de os geólogos fazerem uma "declaração política".Na vasta extensão do tempo geológico, observa ele, o Antropoceno seria um pontinho ínfimo. Outras unidades de tempo geológico são úteis porque orientam os cientistas em trechos de tempo profundo que não deixaram registros escritos, apenas observações científicas esparsas. O Antropoceno, por outro lado, seria uma época na história terrestre que os humanos já documentaram extensamente."Para a transformação humana, não precisamos dessas terminologias, temos os anos exatos", disse Finney, cujo comitê seria o último a votar na proposta do grupo de trabalho se ela chegar tão longe.Martin J. Head, membro do grupo de trabalho e cientista da Terra na Universidade Brock, argumenta que se recusar a reconhecer o Antropoceno também teria repercussões políticas."As pessoas diriam: 'Bem, isso significa que a comunidade geológica está negando que mudamos o planeta drasticamente?'", disse ele. "Teríamos que justificar nossa decisão de qualquer maneira."Philip L. Gibbard, geólogo da Universidade de Cambridge, é secretário-geral de outro dos comitês que votarão a proposta do grupo de trabalho. Ele tem sérias preocupações sobre como a proposta está se moldando, preocupações que a comunidade geológica mais ampla compartilha, na opinião dele."Não será fácil", disse.Como os zoólogos que regulam os nomes das espécies animais ou os astrônomos que decidem o que conta como um planeta, os cronometristas da geologia trabalham de forma conservadora, por padrão. Eles estabelecem classificações que serão refletidas em estudos acadêmicos, museus e livros didáticos para as próximas gerações."Todo mundo critica o Grupo de Trabalho do Antropoceno porque eles demoraram muito", disse Lucy E. Edwards, cientista aposentada do Serviço Geológico dos Estados Unidos. "Em tempo geológico, isso não é muito." Mais Desenhar linhas no tempo da Terra nunca foi fácil. O registro das rochas é cheio de lacunas, "um quebra-cabeça com muitas partes faltando", como diz Gibbard. E a maioria das mudanças em escala global acontece gradualmente, tornando difícil identificar quando um capítulo termina e o próximo começa. Não houve muitos momentos em que o planeta inteiro mudou de uma vez só."Se um meteoro atinge a Península de Yucatán, é um marcador muito bom", disse Edwards. "Mas, fora isso, não há praticamente nada no mundo geológico que seja a melhor linha."O início do Período Cambriano, cerca de 540 milhões de anos atrás, viu a Terra explodir com uma surpreendente diversidade de vida animal, mas seu ponto de partida exato tem sido contestado há décadas. Uma longa controvérsia levou ao redesenho do nosso atual período geológico, o Quaternário, em 2009."É um negócio confuso e controverso", disse Jan A. Zalasiewicz, geólogo da Universidade de Leicester. "E, claro, o Antropoceno traz toda uma nova gama de dimensões para a confusão e as disputas."Demorou uma década de debate –em emails, artigos acadêmicos e reuniões em Londres, Berlim, Oslo e além– para o Grupo de Trabalho do Antropoceno definir um aspecto fundamental de sua proposta.Em uma votação por 29 a 4 em 2019, o grupo concordou em recomendar que o Antropoceno começasse em meados do século 20. Foi quando as populações humanas, a atividade econômica e as emissões de gases de efeito estufa começaram a disparar em todo o mundo, deixando vestígios indeléveis: isótopos de plutônio de explosões nucleares, nitrogênio de fertilizantes, cinzas de usinas de energia. Mais O Antropoceno, como quase todos os outros intervalos de tempo geológicos, precisa ser definido por um local físico específico, conhecido como "cavilha de ouro", onde o registro da rocha claramente o diferencia do intervalo anterior.Depois de anos de busca, o grupo de trabalho terminou no dia 17 de votar em nove locais candidatos para o Antropoceno. Eles representam a gama de ambientes nos quais os efeitos humanos estão gravados: uma turfeira na Polônia, o gelo da Península Antártica, uma baía no Japão, um recife de coral na costa da Louisiana (EUA).Muitos estudiosos ainda não têm certeza se o limite de meados do século 20 faz sentido. É desajeitadamente recente, especialmente para arqueólogos e antropólogos que teriam que começar a se referir aos artefatos da Segunda Guerra Mundial como "pré-antropocênicos".E o uso de bombas nucleares para marcar um intervalo geológico parece abominável para alguns cientistas, ou pelo menos irrelevante. Os radionuclídeos são um marcador global conveniente, mas nada dizem sobre a mudança climática ou outros efeitos humanos, disse Erle C. Ellis, ecologista da Universidade de Maryland.Usar a Revolução Industrial pode ajudar, mas essa definição ainda deixaria de fora milênios de mudanças causadas no planeta pela agricultura e pelo desmatamento. Mais Canonizar o Antropoceno é um chamado à atenção, disse Naomi Oreskes, membro do grupo de trabalho. Para a geologia, mas também para o resto do mundo."Fui criada em uma geração em que fomos ensinados que a geologia terminava quando as pessoas apareciam", disse Oreskes, historiadora da ciência na Universidade Harvard. O Antropoceno anuncia que "na verdade, o impacto humano faz parte da geologia como ciência", disse ela. Exige que reconheçamos que nossa influência no planeta vai além do nível superficial.Mas Gibbard, de Cambridge, teme que, ao tentar adicionar o Antropoceno à escala de tempo geológico, o grupo de trabalho possa na verdade estar diminuindo a importância do conceito. As regras estritas da linha do tempo forçam o grupo a impor um único ponto de partida em uma história extensa, que se desenrolou em diferentes épocas em diferentes lugares.Ele e outros argumentam que o Antropoceno merece um rótulo geológico mais flexível: um evento. Os eventos não aparecem na linha do tempo; nenhuma burocracia de cientistas os regula. Mas eles têm sido transformadores para o planeta.Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
2022-12-26 04:00:00
ciencia
Ciência
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2022/12/cientistas-dao-novo-passo-para-declarar-o-antropoceno-a-era-dos-humanos.shtml
Defesa Civil alerta para chuvas intensas a partir desta terça (27) em SP
A Defesa Civil do Estado de São Paulo emitiu alerta um alerta para todo o estado indicando chuvas intensas, que podem vir acompanhadas de raios, granizo e rajadas de vento, entre esta terça-feira (27) e sexta (30).De acordo com os dados do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), a onda de temporais é causada pela aproximação de uma frente fria vinda do Sul a partir desta madrugada. Há risco de transtornos como enchentes, alagamentos, desabamentos e deslizamentos de terra, principalmente em áreas mais vulneráveis.Em especial, a Defesa Civil alerta para a possibilidade de chuva com acumulado de 155 mm na região de Campinas e Sorocaba, de 150 mm na Serra da Mantiqueira, de 145 mm na região do Vale do Paraíba e de 140 mm em Araraquara e Bauru.Outras regiões, como próximo aos municípios de Barretos, Ribeirão Preto e Franca (125 mm), Itapeva e Registro (135 mm) e na Baixada Santista (130 mm) terão precipitação acumulada acima de 120 mm.A Defesa Civil recomenda medidas preventivas como não atravessar ou adentrar enchentes e ficar atento ao menor sinal de movimentação do solo.Na última semana de 2022, a expectativa é de pancadas de chuva e leve queda na temperatura na cidade de São Paulo e no litoral paulista.Na terça, a cidade de São Paulo deve ter mínima de 19°C e máxima de 26°C, e o céu deve permanecer nublado ao menos até quinta (29), segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).Quem estiver na Baixada Santista e no litoral norte do estado deve encontrar clima semelhante. Haverá sol entre nuvens e pancadas de chuva isoladas a qualquer hora do dia nesta segunda-feira, com tempo nublado a partir de quarta (28).Segundo a agência Climatempo, a ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul) deve se formar entre a noite de quarta e a manhã de quinta-feira, intensificando as chuvas e provocando leve queda nas temperaturas. A previsão indica mínima de 20°C até quarta em todo o litoral, mas a temperatura cai um pouco a partir de quinta, com mínima de 17°C.O volume de chuvas na capital e no litoral paulista aumenta com a formação da zona de convergência, porém ainda ficará abaixo de outras regiões que já enfrentam fortes temporais, como o norte de Minas Gerais e o Espírito Santo.Na quinta, quando a chuva deve se intensificar, a precipitação pode chegar a 50 mm em Santos —mais do que o registrado em qualquer dia de dezembro.No Vale do Paraíba e na Serra da Mantiqueira, bem como no sul de Minas, pode haver tempestades com alto volume de chuvas e rajadas de vento, aumentando o risco de alagamentos e deslizamentos de terra nessas localidades. Mais A chuva persistente e as temperaturas ligeiramente mais baixas devem marcar este verão. A estação começou na última quarta-feira (21) sem o calorão esperado para esta época do ano.Segundo o CGE da Prefeitura de São Paulo, o verão na capital deve ser marcado por chuvas irregulares, e a expectativa é que o volume de água fique próximo ao esperado para o período.
2022-12-26 04:05:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/12/chuva-e-tempo-nublado-devem-marcar-ultima-semana-de-2022-em-sao-paulo.shtml
Muere Fernando Campana, diseñador brasileño que hacía muebles a partir de piezas inusitadas
El diseñador Fernando Campana murió este miércoles 16 en São Paulo. La información fue divulgada por la galería Luciana Brito, que no reveló la causa del fallecimiento del artista paulista de 61 años. Mitad del dúo formado con su hermano Humberto, Fernando adquirió importante fama en las últimas tres décadas por el diseño de muebles elaborados principalmente con materiales inusuales, como sus sillones tapizados con ositos de peluche. Pero su obra también se extiende por el interiorismo, la arquitectura, el paisajismo, la escenografía, el arte y la moda.Licenciado en arquitectura, Fernando era el menor de los hermanos, ambos criados en Brotas, en el interior de São Paulo. Humberto, a su vez, era licenciado en Derecho. Ambos firmaron proyectos para empresas como Alessi, Baccarat, Edra, Fendi, H. Stern, Lacoste, Louis Vuitton o Melissa.Los Campanas se consolidaron como referencia del diseño nacional frente a la corriente constructivista corbusieriana que imperaba en los trópicos y cuyo principal exponente era Oscar Niemeyer.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original
2022-11-17 10:24:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/internacional/es/cultura/2022/11/muere-fernando-campana-disenador-brasileno-que-hacia-muebles-a-partir-de-piezas-inusitadas.shtml
Bolsonaro furou teto de gastos em R$ 795 bi em 4 anos de governo
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tenta aprovar no Congresso uma alteração da Constituição que permitirá ao governo gastar em 2023 até R$ 198 bilhões fora do teto de gastos —regra constitucional que limita o aumento das despesas ao crescimento da inflação.O grosso desse valor (R$ 175 bilhões) vem da proposta de retirar o programa Auxílio Brasil —que deve voltar a se chamar Bolsa Família— definitivamente do orçamento limitado pelo teto. Além disso, o próximo governo tenta uma licença para gastar uma parte de eventuais receitas extraordinárias (por exemplo, a arrecadação com leilões de campos de petróleo) com investimentos fora do limite constitucional, montante que pode chegar a R$ 23 bilhões em 2023.As medidas constam em um proposta de emenda à constituição, chamada de PEC da Transição, que foi apresentada na quarta-feira (16) pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin.O pedido para tirar despesas do teto não é novidade. Segundo levantamento do economista Bráulio Borges, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), feito a pedido da BBC News Brasil, os gastos do governo Bolsonaro acima do teto somam R$ 794,9 bilhões de 2019 a 2022.Esse valor representa a soma de autorizações que a atual gestão obteve no Congresso para gastar acima do limite constitucional e outras manobras que driblaram o teto, como o adiamento do pagamento de precatórios (dívidas do governo reconhecidas judicialmente) e a mudança do cálculo para definir o teto em 2022.A maior parte dos quase R$ 800 bilhões acima do limite constitucional gastos pelo atual governo foram empregados em 2020, ano em que o Congresso liberou amplamente as despesas devido à pandemia de Covid-19. Mas a flexibilização da regra começou já no primeiro ano de governo e continuou após o arrefecimento da pandemia. Neste último ano, os furos no teto impulsionaram a expansão de benefícios sociais pouco antes da eleição, em uma ação que tentava impulsionar a reeleição de Bolsonaro, na visão de Borges.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Foram R$ 53,6 bilhões em 2019, R$ 507,9 bilhões em 2020, R$ 117,2 bilhões em 2021 e serão R$ 116,2 bilhões neste ano, segundo os cálculos do economista (entenda melhor os números ao longo da reportagem).O valor agora solicitado pela futura gestão Lula (R$ 198 bilhões) é considerado exagerado por atores do mercado financeiro, que defendem maior controle das despesas com objetivo de evitar o aumento do endividamento público, atualmente em 77% do PIB (Produto Interno Bruto). O governo eleito, por sua vez, afirma que esse montante é necessário para garantir despesas para o bem-estar da população mais pobre."Aos críticos vai aí uma informação. Orçamento de 2023 de Bolsonaro não tem recurso previsto pra merenda escolar, Farmácia Popular, creches e auxílio de 600 reais. Estamos trabalhando para reverter a terra arrasada que estamos encontrando e colocar o povo no orçamento", argumentou no Twitter a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, ao defender a ampliação dos gastos.A PEC de Transição precisa ser aprovada com texto idêntico no Senado e na Câmara para entrar em vigor, e o Congresso pode alterar pontos da proposta. Um ponto que está em negociação é retirar o Bolsa Família do teto apenas em 2023 ou até 2026, último ano do mandato de Lula, em vez de fazer essa mudança definitivamente.A proposta de Orçamento atual, apresentada pelo governo Bolsonaro, prevê R$ 105 bilhões para o Auxílio Brasil em 2023, valor que garante um benefício mensal de R$ 405 a partir de janeiro.A promessa de Lula, porém, é manter o atual valor de R$ 600, que foi elevado poucos meses antes da eleição e tem previsão para durar apenas até dezembro. Além disso, o próximo governo quer pagar R$ 150 a mais por criança de até seis anos na família.Essas duas medidas estão estimadas em R$ 70 bilhões, o que elevaria para R$ 175 bilhões o total do programa.Se o Congresso aprovar a proposta do governo eleito de retirar os R$ 175 bilhões do teto, os R$ 105 bilhões que hoje estão previstos para o benefício seriam remanejados para outras despesas, como o aumento de transferências de renda, do programa Farmácia Popular e de investimentos em obras públicas.Já no primeiro ano de governo, o teto de gastos gerava atritos dentro da gestão Bolsonaro. Em setembro de 2019, o presidente chegou a defender a flexibilização do limite constitucional.Naquele momento, havia um debate sobre o risco de paralisação da máquina pública devido ao limite de despesas imposto pelo teto. Como algumas despesas obrigatórias seguiam crescendo automaticamente, caso das aposentadorias, a regra do teto exigia que outras fossem cortadas, ameaçando o funcionamento de serviços públicos essenciais.Nesse contexto, o presidente respondeu "que era questão de matemática", quando foi questionado sobre a necessidade de mudar a regra."Eu vou ter que cortar a luz de todos os quarteis do Brasil, por exemplo, se nada for feito", disse ainda na ocasião.No dia seguinte, após resistência do ministro Paulo Guedes (Economia) à ideia, Bolsonaro recuou de sua fala."Como conversei com Paulo Guedes, seria uma rachadura em um transatlântico", disse, sobre a flexibilização do teto. Mais Apesar disso, já em 2019 o governo furou o teto. Naquele ano, o Congresso alterou a Constituição para permitir que o governo transferisse para Estados e municípios cerca de R$ 46 bilhões relativos à arrecadação com cessão onerosa (leilão para exploração de campos de petróleo).Isso foi necessário porque apenas as transferências obrigatórias para governos estaduais e municipais ficam fora do teto, o que não era o caso do compartilhamento dessa arrecadação.Um dos objetivos do teto é impedir o governo de gastar mais do que arrecada, ampliando seu endividamento. Idealmente, os defensores da medida esperavam que ela forçasse o governo, inclusive, a economizar (gastar menos do que arrecada) para pagar o custo da dívida, permitindo sua redução.No entanto, ao decidir compartilhar os recursos dessa arrecadação extra em 2019 fora do teto, por exemplo, o governo evitou que outros gastos fossem cortados para permitir esse repasse a Estados e municípios.Além disso, em 2019 o governo registrou fora do teto a capitalização da Emgepron, estatal ligada à Marinha, em R$ 7,6 bilhões, com objetivo de usar esses recursos na compra de novos navios.Segundo Borges, a regra do teto permite capitalização de estatais fora do limite de gastos, mas isso foi pensado para situações específicas, como dificuldades financeiras dessas empresas públicas ou em operações de preparo dessas companhias para privatização.No caso da Emgepron, porém, a operação foi entendida pelo Tribunal de Contas da União como uma forma de driblar o teto para fazer investimentos do Ministério da Defesa que deveriam estar dentro do limite constitucional. Mais Em maio de 2020, com o Brasil e o mundo enfrentando a grave crise de Covid-19, o Congresso aprovou o chamado orçamento de guerra, que suspendeu o teto no caso de gastos relacionados à pandemia.Naquele ano, foram gastos R$ 507,9 bilhões fora do limite constitucional. Esses recursos cobriram despesas como recursos extras para o Sistema Único de Saúde (SUS), o programa de redução de jornada de trabalho para evitar demissões em empresas, compensações a Estados e municípios que tiveram forte perda de arrecadação, e o Auxílio Emergencial de R$ 600, que substituiu o Bolsa Família.Depois, quando novas ondas da Covid ganharam força no ano seguinte, parte dessas despesas foi novamente liberada acima do teto em 2021, somando R$ 117,2 bilhões, segundo o levantamento de Borges.Além da pandemia, a gestão Bolsonaro também usou a guerra da Ucrânia como justificativa para ampliar as despesas acima do teto em 2022. Segundo o governo, o conflito, iniciado em fevereiro deste ano, teve reflexos na inflação brasileira, afetando os mais pobres. Mais Braulio, porém, questiona esse argumento, já que parte dos gastos acima do teto neste ano foram aprovados no final de 2021, quando a pandemia já havia arrefecido e a guerra ainda não havia começado.Na sua visão, o objetivo principal era ampliar despesas que pudessem melhorar a avaliação do governo e atrair votos para Bolsonaro na eleição, em especial com a ampliação de programas sociais. Já o governo rebateu que a intenção fosse "eleitoreira"."Tem que escolher: se há fome no Brasil, se as pessoas estão cozinhando à lenha, se isso tudo é verdade, esse programa [o pacote de benefícios sociais] não é eleitoreiro. Ou então esse programa é eleitoreiro e não tinha ninguém passando fome", argumentou o ministro da Economia, Paulo Guedes, em julho deste ano.No final de 2021, o governo conseguiu que o Congresso aprovasse a chamada PEC dos Precatórios, com objetivo de abrir espaço no Orçamento para manter o Auxílio Brasil em R$ 400 reais neste ano.A PEC trouxe duas medidas. Um delas foi alterar o cálculo do teto de gastos. A regra original estabelecia que o valor autorizado para as despesas do governo era atualizado pela inflação acumulada em 12 meses até junho do ano anterior. Funcionava assim porque o Orçamento é formulado ao longo do segundo semestre do ano anterior. Dessa forma, isso era feito já com a informação exata do reajuste do teto.Com a mudança proposta pelo governo Bolsonaro, o reajuste do teto passou a ser fixado com a inflação acumulada até dezembro. Ou seja, o Orçamento agora começa a ser formulado com base na inflação esperada para o ano e ao final isso é ajustado, caso necessário.O governo adotou essa mudança porque já se projetava que a inflação fecharia 2021 mais alta do que o acumulado em 12 meses até junho daquele ano. Essa manobra permitiu ao governo gastar, em 2022, R$ 26 bilhões a mais do seria autorizado pela regra original do teto, aponta o levantamento do economista. Mais Além disso, a PEC autorizou o atraso no pagamento de precatórios (dívidas da União com pessoas e empresas já reconhecidas pela Justiça). O adiamento desses gastos abriu uma folga de mais R$ 49 bilhões no teto.Depois, em julho deste ano, o Congresso aprovou a chamada PEC Kamikaze, autorizando uma série de de benefícios acima do limite constitucional, como o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e novos auxílios para caminhoneiros e taxistas. Foi necessário modificar a Constituição, não só devido ao limite do teto, mas para contornar também a legislação eleitoral, que veda a criação de benefícios às vésperas da eleição.Borges calcula que serão gastos R$ 41,2 bilhões acima do teto até o final deste ano, devido à PEC Kamikaze. Somando isso ao atraso dos precatórios e a mudança do cálculo do teto, o governo terá usado R$ 116,2 bilhões acima do que a regra original permitiria para este ano."Eles (o governo Bolsonaro) enfrentaram realmente um cenário bem adverso. E não foi só a pandemia e a guerra. Teve uma seca muito, muito severa aqui no Brasil em 2021. Isso afeta muito a nossa economia, que depende de hidroeletricidade, de agronegócio. Então, realmente, teve muito choque negativo na economia", nota o pesquisador da FGV."Mas toda essa bagunça [nas contas públicas] que a gente está discutindo para o ano que vem começou com a PEC dos Precatórios no ano passado, que foi para aumentar espaço [fiscal] no ano da eleição", crítica.Para o pesquisador da FGV, a discussão precisa avançar para uma nova regra fiscal que substitua o teto, já que claramente essa regra não está funcionando. O próprio Lula defendeu o fim do atual limite constitucional durante a eleição."Isso (o debate sobre a licença de gastos acima do teto) é só a ponta do iceberg, porque a discussão é o que vamos colocar no lugar do teto de gastos", ressalta Borges.Alguns especialistas em contas públicas, como o secretário da Fazenda de São Paulo, Felipe Salto, defendem que o teto seja substituído por uma regra que atrele o aumento de gastos ao comportamento da dívida pública. Um cenário de alta da dívida levaria a uma restrição de despesas, enquanto uma redução do endividamento abriria espaço para expansão dos gastos. Mais "A vantagem da proposta é que você reorienta a política fiscal para aquilo que realmente importa, que é trajetória da dívida, e evita ter uma política fiscal excessivamente contracionista (de corte de gastos quando a economia já está fraca)", explicou, em entrevista recente à Folha."A regra do teto, na verdade, já não existe mais. Quem acabou com ela chama-se Paulo Guedes, com uma série de emendas à Constituição", disse ainda Salto.A proposta é defendida também pela economista e professora da Universidade Johns Hopkins, Monica de Bolle. Na sua visão, isso já deveria ser tratado na PEC de Transição. A tendência, porém, é que essa discussão seja feita após a posse de Lula."A PEC da Transição precisa abrir o caminho para que se modernize o arcabouço fiscal brasileiro. Será lastimável se as lideranças eleitas não tiverem a capacidade de perceber isso", escreveu de Bolle no Twitter.Este texto foi publicado aqui.
2022-11-17 11:41:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/11/bolsonaro-furou-teto-de-gastos-em-r-795-bi-em-4-anos-de-governo.shtml
Irã registra noite violenta com ao menos 15 mortes em protestos por Mahsa Amini
Imerso em uma onda de protestos, o Irã registrou nesta quarta (16) um dos momentos mais violentos de enfrentamento entre agentes de segurança e civis. Balanço do jornal The Guardian aponta que ao menos 15 pessoas morreram em diferentes partes do país.Em Izeh, ao sul, ao menos sete pessoas morreram, entre elas um menino de 9 anos, após um confronto em um mercado da cidade. O regime afirma que dois homens, que descreve como terroristas, atiraram contra forças de segurança, que então revidaram.Manifestantes, porém, atribuem as mortes à milícia Basij, ala paramilitar da Guarda Revolucionária do Irã, controlada pelo líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei. A milícia tem atuado na repressão à dissidência no país do Oriente Médio.Segundo agências de notícias ligadas ao Estado, outras cinco pessoas foram mortas na área de Isfahan, em um episódio separado, e há mais relatos de mortes na região do Curdistão, no noroeste, que elevaram o número de vítimas para ao menos 15.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...As manifestações e a repressão do regime foram intensificados desde terça (15), quando organizadores dos protestos conclamaram três dias de ação para celebrar o aniversário dos atos de novembro de 2019, a última grande onda de pressão contra o regime teocrático iraniano, motivada pelo aumento do preço dos combustíveis.Relatos e vídeos publicados em redes sociais ao longo da quarta-feira mostram cenas de repressão policial em estações de metrô de Teerã. Em um deles, policiais são vistos atirando e batendo em mulheres dentro dos trens, mas as imagens não puderam ser confirmadas de maneira independente.A onda de protestos atual teve início após a morte da curda Mahsa Amini, em setembro. Em visita a Teerã com a família, ela foi detida pela chamada polícia moral por supostamente não usar o véu islâmico de maneira correta. Amini morreu após ser levada para a delegacia.O regime afirma que sua morte se deve a problemas cardíacos da jovem, versão que a família e ativistas contestam desde então.O chanceler do país, Hossein Amirabdollahian, acusou Israel, país com o qual o Irã tecnicamente está em guerra, e serviços de inteligência de países do Ocidente —sem especificar quais seriam— de conspirarem para iniciar uma guerra civil no país. É a retórica oficial do regime para minimizar os atos."Os inimigos visam a destruição da integridade e da identidade iranianas, mas devem saber que o Irã não é como uma Líbia ou um Sudão", escreveu no Twitter nesta quinta, em referência aos ditadores Muammar Gaddafi, morto em 2011, e Omar al-Bashir, deposto em 2019 após três décadas no poder.O Irã tem investido no assédio judicial contra manifestantes e, até o momento, condenou cinco pessoas à morte por participarem dos protestos.Segundo a ONG Anistia Internacional, os chamados Tribunais Revolucionários do Irã buscam pena de morte para ao menos 21 pessoas. "Isso visa reprimir ainda mais o levante popular que abalou o país e instaurar medo entre o público", disse, em nota. Mais
2022-11-17 10:48:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/11/ira-registra-noite-violenta-com-ao-menos-15-mortes-em-protestos-por-mahsa-amini.shtml
A depressão da Covid é real. Aqui está o que você precisa saber
A Organização Mundial da Saúde observou este ano que a ansiedade e a depressão aumentaram 25% em todo o mundo apenas no primeiro ano da pandemia de Covid-19. E os pesquisadores continuaram a encontrar mais evidências de que o coronavírus causou estragos em nossa saúde mental: em um estudo de 2021, mais da metade dos adultos americanos relataram sintomas de transtorno depressivo sério após a infecção por coronavírus. O risco de desenvolver esses sintomas –assim como outros distúrbios de saúde mental– permanece alto até um ano após a recuperação.Não é de surpreender que a pandemia tenha tido um impacto tão grande. "É um evento sísmico", disse o doutor Ziyad Al-Aly, epidemiologista clínico da Universidade de Washington em St. Louis e chefe de pesquisa e desenvolvimento do Sistema de Saúde de Veteranos de St. Louis.Preocupações com a saúde, luto pela perda de entes queridos, isolamento social e interrupção das atividades cotidianas foram uma receita para angústia, especialmente no início da pandemia. Mas, em comparação com aqueles que conseguiram evitar a infecção (mas também lidaram com os difíceis impactos da pandemia), as pessoas que contraíram Covid-19 parecem ser muito mais vulneráveis a uma série de problemas de saúde mental."Há algo no coronavírus que realmente afeta o cérebro", disse o doutor Al-Aly. "Algumas pessoas sofrem depressão, enquanto outras podem ter derrames, ansiedade, distúrbios de memória e distúrbios sensoriais." Outras, ainda, não têm qualquer condição neurológica ou psiquiátrica, disse ele.Os cientistas ainda estão aprendendo exatamente como o coronavírus altera o cérebro, mas a pesquisa começa a destacar algumas explicações possíveis. Alguns estudos, por exemplo, mostraram que o sistema imunológico entra em ação acelerada quando certas pessoas adoecem. Elas podem acabar com inflamação em todo o corpo e até no cérebro. Há também algumas evidências de que as células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos no cérebro são interrompidas durante um surto de Covid-19, o que pode inadvertidamente permitir a passagem de substâncias nocivas, afetando a função mental. E as células chamadas micróglias, que normalmente agem como guardiãs do cérebro, podem se tornar rebeldes em alguns pacientes, atacando neurônios e danificando sinapses, disse o doutor Al-Aly.É possível que a Covid-19 até comprometa a diversidade de bactérias e micróbios no intestino. Uma vez que os micróbios no intestino demonstraram produzir neurotransmissores como serotonina e dopamina, que regulam o humor, essa mudança pode estar na origem de alguns problemas neuropsiquiátricos. Mais Um dos maiores fatores de risco para desenvolver depressão após a Covid-19 –ou após qualquer doença grave– é ter um distúrbio de saúde mental diagnosticado antes de adoecer. As pessoas que tiveram sintomas graves de Covid-19 e tiveram que ficar hospitalizadas durante a doença também tinham maiores chances de depressão, disse Megan Hosey, psicóloga de reabilitação que trabalha com pacientes de UTI no Hospital Johns Hopkins.De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde, os jovens correm um risco desproporcional de comportamentos suicidas e de autoagressão após a Covid. As mulheres são mais propensas do que os homens a relatar efeitos na saúde mental após a Covid. E pessoas com problemas de saúde física preexistentes, como asma, câncer e doenças cardíacas, têm maior probabilidade de desenvolver sintomas de transtornos mentais após a doença.Além disso, as pessoas que experimentam extensa interrupção do sono, isolamento social ou uma mudança significativa em outros comportamentos, como a quantidade de álcool que consomem ou o tipo de medicamentos prescritos que ingerem, podem ter maior probabilidade de enfrentar depressão depois que os sintomas físicos da Covid-19 desaparecem. "Sabemos que ter fatores de estresse adicionais pode predizer sintomas depressivos mais tarde", disse a doutora Hosey. Alguns estudos sugerem que as pessoas que experimentam esses estressores podem ser mais vulneráveis a desenvolver Covid longa em geral.Enquanto você está no meio da luta contra a infecção viral, é normal sentir-se cansado e com dor de cabeça. "Quando você se sente fisicamente péssimo, isso pode interferir no seu humor", disse Hosey. "Eu nunca diagnosticaria alguém com depressão clínica nas fases agudas de uma infecção por Covid."Mas se a exaustão e a sensação de estar arrasado persistirem por duas a seis semanas após a infecção por Covid e começarem a interferir nas atividades do dia a dia ou afetar negativamente seus relacionamentos com outras pessoas, pode ser um sinal de depressão, explica a doutora Hosey.Algumas pessoas com depressão também podem experimentar tristeza persistente, choro, irritabilidade, alterações no apetite ou no peso, dificuldade para pensar ou se concentrar, ou sentimentos intensos de culpa, inutilidade ou desesperança. Aquelas com depressão severa podem pensar frequentemente na morte e desenvolver ideias suicidas, alerta Hosey.Se você está preocupado com o fato de você ou um ente querido ter sintomas de depressão após a infecção por Covid, é importante conversar com um médico ou profissional de saúde mental. "Nem todo mundo precisa consultar um psiquiatra para ser avaliado quanto à depressão", disse o doutor Al-Aly. As pessoas podem compartilhar o que estão passando com seu médico de atenção primária para obter ajuda também, disse ele. "O mais importante é procurar ajuda. E o mais cedo possível."A depressão não é algo que você normalmente consegue superar sozinho, disse a doutora Hosey. Pode ser tentador usar recursos online e ferramentas de autodiagnóstico e solicitar suplementos que prometem acalmar a inflamação relacionada à Covid ou reparar sua saúde intestinal. Mas muitas dessas intervenções não são confiáveis ou apoiadas por evidências.É uma boa ideia fazer um balanço de sua dieta, sono e uso de drogas e álcool. Consumir alimentos mais nutritivos e estabelecer uma boa rotina de sono, por exemplo, podem ter um pequeno impacto positivo na sua saúde mental. A pesquisa sugere que exercício e meditação também podem ajudar a curar a mente em alguns casos. Mas se as mudanças comportamentais não funcionarem um profissional pode recomendar terapia ou medicação, dependendo de suas necessidades.Durante a pandemia, o acesso aos serviços de telemedicina e saúde mental se expandiu, disse a doutora Hosey. Vários estados americanos agora permitem que psicólogos licenciados prestem atendimento a pacientes em outros estados que fazem parte do Pacto Interjurisdicional de Psicologia. Isso significa que você pode procurar mais facilmente um provedor de saúde mental presencial ou online, mesmo que haja escassez de atendimento especializado na sua área, disse Hosey.Ainda não está claro quanto tempo leva para superar os sintomas de depressão pós-Covid. "A recuperação da depressão é um processo muito individualizado", explica a médica. Muitas pessoas se recuperam após um breve período de tratamento. Algumas experimentam recaídas, quando seus sintomas melhoram e pioram, e podem precisar tentar um tratamento diferente, disse ela. Às vezes, a depressão desaparece sem tratamento, embora seja mais provável que isso aconteça em pessoas com casos leves."Após uma infecção por Covid, você deve se dar um tempo e ser paciente", disse a doutora Hosey. "Uma infecção pode ser difícil de tratar."Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
2022-11-17 10:48:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2022/11/a-depressao-da-covid-e-real-aqui-esta-o-que-voce-precisa-saber.shtml
Muere Isabel, ícono del voleibol brasileño y activista
La jugadora de voleibol Isabel Salgado murió la madrugada de este miércoles (16), a los 62 años, en el hospital Sírio Libanês, en São Paulo. La exdeportista sufrió una neumonía que empeoró y le provocó un síndrome respiratorio agudo. "Confirmamos el fallecimiento de una de las deportistas más importantes que ha tenido este país. Por el momento, la familia está unida y no hará ninguna declaración. Pedimos la comprensión de todos", rezaba el comunicado.La jugadora se encontraba bien hasta la semana pasada, según el testimonio de amigos. El lunes pasado (14), Isabel había sido anunciada por el vicepresidente electo, Geraldo Alckmin, como integrante del grupo de trabajo deportivo en la transición al gobierno de Lula.Isabel Salgado nació en Río de Janeiro, el 2 de agosto de 1960. Empezó a jugar voleibol en el club Flamengo a los 12 años y fue campeona de Brasil en 1978 y 1980. Su éxito la llevó a la selección brasileña.Defendió a Brasil en los Juegos Olímpicos de Moscú (1980) y Los Ángeles (1984), el primer equipo en la historia del país en competir en campeonatos importantes. Si bien su medalla más importante con la selección nacional fue un bronce en los Juegos Panamericanos de 1979, en San Juan, donde Isabel hizo historia.Ella fue una de las responables de poner el voleibol brasileño en el mapa del deporte mundial y abrió camino a deportistas que luego llevarían el país a la cima de la categoría.Isabel migró de las canchas a la arena en 1992 y fue campeona mundial de la etapa de Miami en pareja con Roseli, dos años después. La modalidad se popularizó y debutó en los Juegos Olímpicos de Atlanta en 1996, pero Isabel ya no compitió, dando por finalizada su carrera en 1997.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original
2022-11-17 10:42:00
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