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Em meio à nova escalada de violência no leste ucraniano, Rússia, Estados Unidos, União Europeia e Ucrânia se reúnem nesta quinta-feira em Genebra para tentar debelar a crise. As expectativas para as negociações, no entanto, são baixas.
Soldados ucranianos entram em confronto com manifestantes pró-Rússia no campo, perto de Kramatorsk Três separatistas pró-Rússia foram mortos a tiros em um confronto com as forças ucranianas em Mariupol, perto do Mar Azov, segundo o ministro do Interior da Ucrânia. Em um post no Facebook, Arsen Avakov disse que cerca de 300 separatistas atacaram uma unidade militar em Mariupol durante a noite, jogando bombas de gasolina, e as tropas abriram fogo. As potências ocidentais dizem que a Rússia está ajudando os ativistas pró-Rússia a ocuparem edifícios no leste da Ucrânia. A divisão política no país levou à deposição do presidente em fevereiro e à pior crise entre os Estados Unidos e a Rússia desde a Guerra Fria. A posição da Rússia sobre a Ucrânia oriental e a anexação da Crimeia em março continuam a causar preocupação nos países membros da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) com países de minorias de língua russa, como a Letônia e Estônia. Por causa disso, a organização anunciou na quarta-feira que estava reforçando as defesas dos seus membros orientais. Mortes Não houve confirmação independente sobre as três mortes relatadas pelo governo ucraniano. A operação continua - a Ucrânia enviou reforços, incluindo helicópteros. Segundo Avakov, 13 dos autores do ataque foram feridos e 63 foram detidos. Ninguém das tropas do Ministério do Interior foi morto. Mariupol fica no extremo sul da região de Donetsk, onde separatistas tomaram dezenas de edifícios oficiais. Conflito em Mariupol deixou várias pessoas feridas e três mortos Forças especiais ucranianas e veículos blindados foram ao auxílio das tropas do Ministério do Interior, relatou a agência de notícias ucraniana Unian. Separatistas em retirada teriam ferido dois pedestres, incendiado um microônibus e também atirado em um prédio ao lado da unidade militar. "Por meio de esforços conjuntos, policiais armados e a guarda nacional dispersaram a gangue depois de uma curta batalha, a maioria deles foi encurralada e desarmada", disse Avakov. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reagiu. "O que eu disse de forma consistente é que, cada vez que a Rússia tomar esses tipos de medidas que visam desestabilizar a Ucrânia e violam sua soberania, haverá consequências", disse ele. Há relatos de que a Casa Branca está considerando enviar roupas e suprimentos médicos para as forças armadas da Ucrânia. Conflitos Enquanto isso, a operação militar contra os separatistas da Ucrânia enfrenta obstáculos. Chamada de "antiterrorista" pelo governo de Kiev, a operação começou na terça-feira e tem como objetivo desalojar militantes pró-Rússia de edifícios das autoridades locais em cidades e vilas no leste da Ucrânia. Ativistas pró-Rússia querem um referendo sobre maior autonomia para o Sudeste do país ou o direito de integrar a Rússia. Militantes pró-Rússia cercaram tanques do exército ucraniano Em vários distritos as tropas ucranianas enfrentaram na quarta-feira forte oposição de cidadãos que se opõem ao novo governo em Kiev. Na cidade de Kramatorsk, seis veículos militares foram interceptados por homens armados, que desarmaram os soldados ucranianos e enviaram alguns deles para casa de ônibus. Um oficial ucraniano disse que não tinha "vindo para lutar" e nunca obedeceria ordens para atirar em suas "próprias pessoas." Em outro incidente, centenas de moradores de Pchyolkino, ao sul de Sloviansk, cercaram uma coluna de 14 veículos militares ucranianos. Depois que a multidão foi reforçada por homens armados pró-Rússia, houve negociação e as tropas de Kiev foram autorizadas a se retirar com seus veículos, mas apenas depois de concordar em descarregar seus rifles. Putin voltou a alertar para risco de guerra civil no leste da Ucrânia Nesta quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, atendeu ligações de pessoas de todo o país - inclusive da Crimeia - em um programa televisivo que é realizado anualmente. Putin voltou a alertar para o risco de uma guerra civil e disse que a decisão da Ucrânia de enviar forças armadas para o leste em vez de tentar estabelecer um diálogo com a população de língua russa era um "crime grave". Genebra A reunião de Genebra é a primeira vez que ministros das Relações Exteriores dos Estados Unidos, da União Europeia, da Ucrânia e da Rússia vão discutir sobre a crise na Ucrânia desde que o impasse começou. Os Estados Unidos e a União Europeia querem o fim das ocupações no leste da Ucrânia e que as tropas russas posicionadas perto da fronteira, estimadas em 40 mil militares, recuem. John Kerry conversa com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia Uma autoridade dos EUA, que falou durante a chegada do secretário de Estado americano, John Kerry, em Genebra, sublinhou que a Rússia deve "aproveitar esta oportunidade de reduzir as tensões" ou enfrentará um endurecimento das sanções. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andriy Deshchytsya, pediu que a Rússia "não apoie atividades terroristas no leste da Ucrânia." Já o Ministério das Relações Exteriores da Rússia acusou Washington de "falta de vontade persistente ou incapacidade de ver a realidade como ela é de fato". E disse ainda que os Estados Unidos impõem ao resto do mundo "uma percepção distorcida do que está acontecendo no sudeste da Ucrânia". A Rússia, que se opôs fortemente à destituição do presidente ucraniano pró-Moscou Viktor Yanukovych, em fevereiro, propôs uma nova Constituição para o país, que dê mais poder para as regiões.
O veto a aglomerações públicas adotado em Paris chegou neste domingo a Lyon, onde, pela primeira vez desde que começaram os distúrbios das últimas duas semanas na França, os choques entre manifestantes e a polícia ocorreram em uma região central de uma grande cidade do país.
Com base em uma lei de emergência aprovada pelo governo após o início dos distúrbios, as autoridades de Lyon proibiram a formação de grupos de pessoas que possam levar a novos enfrentamentos. No sábado, policiais enfrentaram adolescentes no centro da cidade. Durante a noite, foram registrados novos confrontos no sul da França, em cidades como Toulouse e Carpentras. Uma creche foi queimada em Carpentras, enquanto um coquetel molotov foi lançado contra em mesquita em Lyon, mas não explodiu. Foi a 17ª noite consecutiva de distúrbios no país. Mas Paris teve uma noite calma, após a mobilização de milhares de policiais extras para garantir a tranqüilidade em suas ruas. Centro No sábado, em Lyon, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de adolescentes, em choques que ocorreram pouco antes da entrada em vigor do toque de recolher na cidade. Duas prisões foram feitas pelos policiais. Testemunhas relataram à agência de notícias Reuters que cerca de 50 adolescentes danificaram veículos e quebraram vitrines. Na Praça Bellecour, um ponto histórico de Lyon, os jovens se chocaram com tropas de choque da polícia, lançando pedras e latas de lixo contra os agentes, que responderam com gás lacrimogêneo. Consumidores fugiram da área e lojas fecharam suas portas após o início dos enfrentamentos, e os jovens foram rapidamente dispersados, segundo testemunhas. Em Paris, milhares de policiais saíram às ruas no sábado para impedir aglomerações públicas capazes de provocar distúrbios na capital francesa. A polícia diz ter interceptado e-mails e mensagens de telefone celular convocando "atos violentos" na cidade neste sábado.
Você está entediado com o trabalho de casa e fica sonhando em estar em uma praia paradisíaca?
Barbados diz que o novo visto "permite que se trabalhe remotamente no paraíso por até um ano" Essa oportunidade pode estar ao seu alcance se depender de um novo programa lançado pelo governo de Barbados, um país no Caribe. O Barbados Welcome Stamp é um tipo de visto recém-criado que permite que visitantes estrangeiros passem um ano fazendo seu home office na ilha. Palmeiras, sol e céu azul podem parecer o paraíso para a maioria, mas mesmo esse lugar incrível tem seus prós e contras, especialmente durante a pandemia. O que se pode esperar de uma oferta assim? 1. Quem pode ir? O visto em Barbados está aberto a inscrições de pessoas do mundo todo, com custo de US$ 2 mil por pessoa (pouco mais de R$ 10 mil) ou US$ 3 mil por família (mais de R$ 15 mil). É preciso ter renda anual comprovada de US$ 50 mil (cerca de R$ 260 mil) e seguro de saúde. O governo também se reserva o direito de vetar pessoas por razões de segurança nacional. Fim do Talvez também te interesse Depois de enviado o pedido, o governo responde em uma semana sobre se o visto será concedido ou não. O programa tem se provado popular entre cidadãos dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. A ilha faz parte da Commonwealth, a comunidade de ex-integrantes do império britânico, e conta com uma grande população de estrangeiros. 2. Clima espetacular "Nós temos um clima quase idílico", disse recentemente a premiê de Barbados, Mia Amor Mottley. Isso é verdade se você gosta de calor. Os dias são ensolarados quase que o ano inteiro. A temperatura média é de 27 graus. Barbados tem uma temporada de chuvas e furacões que começa em junho e termina em novembro. Nas ocasiões em que há chuvas, elas vêm em abundância, mas com curta duração, e são logo seguidas de céus limpos novamente. O sol nunca some por muito tempo em Barbados. O último furacão a atingir a ilha foi o Ivan, em 2004. Naquela ocasião uma pessoa morreu. O pior deles veio em 1955, quando o furacão Janet matou 38 pessoas. Por estar ao leste no Caribe, Barbados costuma estar fora da rota dos grandes furacões, mas o país está exposto a tempestades tropicais. Há relatos esporádicos de terremotos, mas eles costumam acontecer no mar. 3. Saúde Barbados se orgulha de seu sistema de saúde robusto. O Hospital Queen Elizabeth, conhecido como QE, é o principal da ilha. Também há policlínicas, postos de saúde e clínicas privadas. A ilha pede que as pessoas já venham com seu plano de saúde para ter acesso a esses serviços. Se visitantes não tiverem seus planos, há seguradoras locais que atendem estrangeiros. Tratamento médico pode sair caro em Barbados. O Reino Unido recomenda que seus cidadãos procurem planos adequados que consigam cobrir custos de tratamento e repatriação. A premiê de Barbados, Mia Amor Mottley, afirma que o clima da ilha é incrível A premiê Mottley foi elogiada pela Organização Mundial da Saúde por seu papel no combate ao coronavírus no seu país. Barbados impôs um toque de recolher no dia 28 de março, que em seguida se transformou em quarentena completa. Desde meados de abril, as pessoas puderam ir a supermercados e bancos em determinados dias da semana, de acordo com seus sobrenomes. Dias especiais de compras foram separados para idosos e pessoas com deficiências. De acordo com dados sobre coronavírus da universidade Johns Hopkins, 108 casos haviam sido registrados no país, com sete mortes. Há centros de isolamento e quarentena pela ilha, onde pessoas que chegam ao país com sintomas de covid-19 são tratadas. 4. Acomodações A ilha tem 33 km de comprimento e 22 km de largura, com população de 287 mil pessoas. Os barbadianos, também conhecidos como bajans, vivem por toda a ilha, mas a capital, Bridgetown, é a zona mais populosa. As casas mais atraentes — e mais caras — estão no litoral. As alternativas para turistas são as mansões, apartamentos, hotéis ou casas de aluguel. Casas no litoral costumam ser mais caras. De acordo com o site Expatistan, uma casa para duas pessoas em Barbados (com 85 metros quadrados) oscila entre R$ 3,4 mil a R$ 9,7 mil por mês. 5. Atividades Há muito o que se fazer nas praias, como surfe, mergulho e passeios de jet-ski, por exemplo. E há vários tours pelas destilarias de rum. Os bajans gostam de "fête" (festas) o dia todo, com vários eventos que incluem comida e música. Uma parte no sul da ilha, Oistins, é popular entre turistas que gostam de dançar nas noites de sexta. Críquete é o esporte nacional e costuma ser jogado no estádio Kensington Oval As lojas estão reabertas desde meados de junho, mas as pessoas devem usar máscaras e praticar distanciamento social de 1 metro. A maioria dos eventos com grande público foram cancelados devido ao coronavírus, como os jogos de críquete no estádio local e o festival cultural Crop Over. O cancelamento do festival, que é uma espécie de carnaval que atrai milhares de turistas todo ano, é uma das motivações para o governo de Barbados anunciar a nova modalidade de visto, na tentativa de atrair recursos de turismo para o país. 6. Escolas O governo também está disposto a acomodar crianças e adolescentes de até 18 anos em seu sistema escolar. Mas isso tem um preço extra. Pelas regras do novo visto, se uma criança for ter aulas nas escolas da ilha, os pais devem aplicar para um visto de estudante, com custo de quase R$ 800. As escolas públicas são gratuitas para os barbadianos, mas precisam ser pagas por turistas. Escolas privadas têm mensalidades distintas. Barbados tem um índice de alfabetização de 99,9% e é conhecido pela excelência em educação escolar. 7. Custo de vida diário Barbados tem internet rápida com velocidade média superior à do Reino Unido. Mas o preço também costuma ser mais alto. A principal rua comercial de Barbados se chama Broad Street O custo de comida também pode ser alto, já que grande parte dos alimentos da ilha são importados. Mas Barbados costuma ser mais barato que diversos destinos europeus em serviços como eletricidade e água. 8. Animais tropicais Este é uma das maiores desvantagens de Barbados: há muitos animais como centopeias e lagartos. Mosquitos estão por toda a parte. O governo usa pesticidas para tentar matá-los, mas a maioria dos turistas precisa constantemente usar repelente. 9. Um item proibido — surpreendentemente Para a surpresa da maioria dos turistas, é proibido usar roupas camufladas em Barbados. Esse item de vestuário é reservado apenas para soldados de Barbados. Quem usa roupas camufladas pode até ser preso.
Pelo menos 14 pessoas morreram e cem ficaram feridas na explosão de uma refinaria de petróleo no Texas.
A informação inicialmente divulgada dava conta de quatro mortes. A causa da explosão não foi divulgada. Imagens de TV mostraram bombeiros fazendo buscas em meio a ruínas da refinaria da British Petroleum de Texas City, a 35 km de distância de Houston. Serviços de emergência alertaram as pessoas que vivem perto do local da explosão para que fiquem em casa, de acordo com a agência de notícias Associated Press. A residente Judith Mantell, de 62 anos, disse ao jornal Houston Chronicle que a explosão levantou o seu carro que estava estacionado na sua casa, a oito km da refinaria. "Eu nunca vi chamas tão altas. Elas tinham um tom forte de laranja, com amarelo nos lados." Preço da gasolina O preço da gasolina nos Estados Unidos subiu depois que a notícia da explosão chegou aos mercados. A explosão aconteceu às 13h30, horário local (16h30 em Brasília), na parte oeste da refinaria, que ocupa uma área de quase 500 hectares. Ela é a terceira maior dos Estados Unidos, empregando 2 mil pessoas. A refinaria processa cerca de 450 milhões de barris de petróleo por dia. Este número corresponde a cerca de 3% do suprimento de petróleo dos Estados Unidos. No ano passado, a refinaria foi evacuada depois de uma explosão que custou 63 mil dólares à empresa em multas por causa de violações de normas de segurança.
Um grupo de israelenses e palestinos vai fazer uma expedição à Antartida para provar que as duas comunidades podem trabalhar juntas.
O projeto - chamado Quebrando o Gelo - vai levar a equipe, com oito homens, desde a Patagônia, no sul do Chile, até um pico no pólo sul. O homem por trás da iniciativa, Nathaniel Heskel, de 41 anos, quer mostrar que as pessoas podem trabalhar juntas como indivíduos, apesar de suas conturbadas histórias. "Na Antártida não há como voltar atrás", disse Heskel à BBC. Treinamento Dois dos israelenses são ex-membros de um comando de elite do Exército de Israel e um dos palestinos passou três anos na prisão por lançar bombas contra tropas israelenses. "Eles não são todos pombos da paz", disse Nathaniel. Entusiasmo e dedicação são mais importantes do que experiência anterior em viagens polares. Embora o líder da expedição, Doron Erel, seja um alpinista profissional, e o organizador, Nathaniel, tenha prática em esportes ao ar livre, a maior parte da equipe não tem qualquer experiência prévia em temperaturas abaixo de zero. A equipe praticou manobras marítimas perto de Tel Aviv no último fim de semana, e vai viajar para os Alpes franceses em novembro para receber treinamento na neve. Os homens vão navegar do Chile no dia de Ano-Novo. Uma vez no pólo, vão escalar um pico nunca escalado antes e dar nome a ele. Com relação ao nome, Nathaniel disse que a equipe terá "cerca de 20 dias para discutir isso durante o percurso". A expedição é a primeira organizada pela entidade Extreme Peace Missions, cujo objetivo é unir povos através da aventura e do esporte. Heskel Nathaniel não acredita que diferenças individuais e outras tensões aflorem em condições ambientais tão extremas. "Ou venceremos como um time, ou fracassaremos juntos. Temos de aprender a entender uns aos outros e a cooperar", ele disse.
Uma mulher que está sendo submetida a tratamento contra câncer conseguiu manter a fertilidade depois que médicos transplantaram seu ovário para um de seus braços.
Cirurgiões holandeses da Universidade de Leiden esperam que a paciente possa se tornar a primeira mulher no mundo a engravidar com esse procedimento. A técnica tem a vantagem de manter o ovário inteiro, com um bom suprimento de sangue, o que pode melhorar as chances de sucesso, segundo os médicos. As conclusões sobre a nova descoberta foram publicadas na revista Cancer. Congelamento Os cientistas já pesquisavam maneiras de evitar a infertilidade causada por tratamento de câncer há algum tempo. Alguns congelavam os óvulos, que mais tarde eram fertilizados in vitro e trasnferidos para o útero. Outros congelavam pedaços de tecido ovariano antes do tratamento contra o câncer e mais tarde os reimplantavam. O exemplo mais famoso é o de Ouarda Touirat, de 32 anos, que concebeu naturalmente e deu à luz uma menina neste ano, depois de ter tecido ovariano removido e congelado sete anos antes. Ouarda passou por quimioterapia e teve o tecido reimplantado no ano passado. Sangue O sucesso desse tipo de transplante pode, no entanto, ser prejudicado se o suprimento de sangue for deficiente. A médica Carina Hilders e sua equipe acreditam que remover totalmente o ovário e seus vasos sangüíneos e ligá-los a vasos do braço a taxa de sucesso aumenta. Em 1987, uma equipe francesa experimentou a mesma técnica em uma jovem com doença de Hodgkin, com bons resultados. Mas por razões pessoais a mulher não tentou engravidar. A equipe de Carina Hilders usou a mesma técnica, chamada autotransplante ovariano, em uma mulher de 29 anos que tinha câncer cervical. Depois do transplante, o ovário funcionou normalmente. Os médicos afirmam, no entanto, que esse tipo de autotransplante não é adequado para mulheres submetidas a quimioterapia, porque o tratamento afeta todo o corpo e pode causar danos aos ovários independentemente de onde eles estejam localizados.
Rogério Clementino, o primeiro cavaleiro negro classificado para competir em uma prova Olímpica de hipismo pelo Brasil, disse que ainda não parou de chorar desde que viu seu sonho de participar dos Jogos acabar às vésperas da competição.
O cavalo Nilo, que seria montado por Clementino na prova de adestramento, foi desclassificado na segunda-feira, por apresentar um trote irregular. Com isso, Clementino ficará de fora das provas de adestramento, cuja final será na próxima semana. "Ainda não parei de chorar até agora", disse ele em entrevista à BBC Brasil nesta terça-feira. "É um choque muito grande ficar assim de fora das Olimpíadas na véspera", lamenta Clementino. Impossibilitado de montar, Clementino acabou não conseguindo entrar para a história como o primeiro cavaleiro negro do Brasil a competir em uma Olimpíada. Origem humilde A equipe brasileira discordou da decisão dos juízes sobre o cavalo Nilo e acredita que o animal tinha condições de competir. Em comunicado à imprensa, o veterinário Thomas Wolff afirmou que "a decisão surpreendeu não apenas a nós brasileiros, mas também a outras delegações". "Ninguém esperava que o Nilo fosse reprovado, mas os juízes alegaram que ele apresentou uma andadura irregular. Infelizmente a decisão deles é definitiva", escreveu Wolff. Sem ressentimento dos juizes, Clementino se conforma: "esse tipo de julgamento acontece. É do esporte. Não acho que teve preconceito". Clementino conquistou a medalha de bronze por adestramento em equipe nos Jogos Pan-Americanos do Rio em 2007 e era a esperança brasileira ao lado dos companheiros de equipe Luiza Almeida e Leandro Aparecido. O atleta de origem humilde também é admirado pelos fãs pela sua difícil história neste esporte, considerado de elite. Ex-peão de rodeio, Clementino não vem de uma família rica como no caso dos outros atletas. Ele trabalha como professor de equitação no haras do empresário Victor Oliva em Araiçoaba da Serra, no interior de São Paulo, e se desdobra para treinar nas horas livres entre as aulas. Otimismo Mas apesar de abalado por ter a participação nestes jogos frustrada, Clementino demonstra forte determinação e otimismo para o futuro. "De uma derrota (como essa) nasce uma grande vitória. Deus sabe o que faz e eu tenho fé. Se não era para ser dessa vez, paciência", disse. "Não dá para ficar se lamentando, o negócio é erguer a cabeça e trabalhar. Aproveitar a oportunidade de estar aqui para observar e aprender com os feras do esporte e melhorar daqui pra frente", se motiva. Clementino só pensa em treinar e preparar mais cavalos para ter uma estrutura melhor nos Jogos de Londres em 2012. "Vou voltar ao Brasil e já pôr em prática uma tática para conquistar as próximas medalhas no Pan e nas Olimpíadas", promete. O atleta conta que falou por telefone com a esposa, que está dando "muito apoio" e "orando muito" por ele. Ele ressalta também o apoio recebido de seus colegas de equipe – a quem chama de "companheirões". Para fomentar as esperanças na longa campanha olímpica que ainda tem pela frente até 2012, Clementino disse se inspirar no jogador de futebol Ronaldo Fenômeno. "Ele teve o problema no joelho e deu a volta por cima na Copa do Mundo quando ninguém acreditava nele. Isso é que é exemplo de superação", diz.. "Creio muito em Deus. O sonho Olímpico não acabou. Isso aqui é apenas o começo", afirma com convicção.
Um pequeno fragmento de DNA pode se tornar o protetor solar do futuro, de acordo com pesquisadores americanos.
Cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Boston descobriram que um fragmento de DNA chamado pTT pode ajudar a reparar e prevenir danos à pele causados por radiação ultravioleta. O pTT aciona uma proteína, chamada p53, que surpime o crescimento de tumores e ajuda a reparar DNA danificado. As conclusões do estudo são mostradas na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences. Cientistas expuseram ratos de laboratório sem pêlos à radiação ultravioleta. Os ratos com pTT aplicado sobre sua pele tiveram uma probabilidade seis vezes menor de desenvolver um tumor. Simulação O fragmento de DNA funciona ao penetrar na pele, simulando uma reação normalmente causada por danos ao DNA. Essa reação ativa enzimas de reparação do material genético. Isso significa que quando a pele é exposta aos raios ultravioleta, as enzimas já estão presentes em células para prevenir danos ou ajudar a repará-las. O pesquisador David Goukassian disse que as enzimas "estavam dizendo às células para lidarem melhor com os raios ultravioleta". Segundo Goukassian, isso pode ter grandes conseqüências para pessoas com pele muito clara ou pessoas idosas, que apresentam alto risco de danos à pele relacionados aos raios ultravioleta. Estudos anteriores destacaram a habilidade do pTT de ajudar as células da pele, mas este é o primeiro a mostrar como esse fragmento funciona em um animal vivo. Goukassian disse que o próximo passo será realizar testes em seres humanos. O câncer de pele é um dos mais comuns tipos de câncer, e é causado, primeiramente, pelos efeitos nocivos dos raios ultravioleta.
Um homem que admitiu tentar extorquir mais de US$ 1 milhão do ator Tom Cruise foi encontrado morto em sua casa no Estado americano do Arizona.
Segundo investigadores, David Hans Schmidt, de 47 anos, cometeu suicídio. Schmidt podia pegar dois anos de cadeia em um caso envolvendo fotos do casamento do ator americano com a atriz Katie Holmes na Itália. Segundo sua advogada, Nancy Kardon, Schmidt estava sob prisão domiciliar e deveria se declarar culpado em audiência no dia 11 de outubro. Ela informou que planejava pedir liberdade condicional para seu cliente. Schmidt, preso em julho, é conhecido por chantagear celebridades com fotos e vídeos comprometedores. Alega-se que ele contactou repetidamente representantes de Cruise e ameaçou vender as fotos da festa de casamento do ator no mercado negro se não recebesse entre US$ 1,25 milhão e US$ 1,35 milhão. No passado Schmidt teria tentado vender os diários da socialite Paris Hilton.
Autoridades italianas informaram que aviões militares interceptaram um avião suspeito que estava entrando no espaço aéreo de Roma.
Dois F-16 obrigaram o avião - que se dirigia ao aeroporto de Ciampino - a pousar numa base aérea próxima, de acordo com agências de notícias italianas. Havia o temor de que existisse uma bomba a bordo, mas nada foi encontrado, de acordo com fontes militares. O espaço aéreo sobre Roma foi interditado como medida de segurança durante o funeral do papa João Paulo 2º. Segurança Uma grande operação de segurança foi montada na capital italiana, que recebeu dezenas de chefes de Estado para o enterro do pontífice. Milhares de policiais, com o apoio do exército italiano, foram mobilizados para garantir seguraça ao público e aos líderes mundiais. Há informações de que o avião interceptado é um jato executivo, vindo de Belgrado, de acordo com a agência de notícias Ansa. O aeroporto de Ciampino, que atende a aeronaves civis e militares, estava fechado nesta sexta-feira. O principal aeroporto de Roma, o Fiumicino, permaneceu aberto.
O ex-presidente argentino Raúl Alfonsín disse que os quatro países do Mercosul devem dizer "não" à Alca se a agenda do bloco não for atendida nas negociações.
Numa entrevista exclusiva à BBC Brasil em sua casa, em Buenos Aires, ele afirmou que, mesmo com uma "Alca Light", os países da região correm "vários riscos", até porque muitos itens da pauta de negociações não estão totalmente esclarecidos. Na sua opinião, o governo americano vai pressionar para que os países aceitem os "vários lobbies" de diferentes setores dos Estados Unidos interessados na Alca. "Nós, do Mercosul, vamos ter que nos unir, com firmeza. Até agora, como está, a Alca é uma política de Estado dos Estados Unidos que tem como objetivo usar nossos países como clientes de suas exportações sem nos oferecer compensações importantes. Devemos ser muito cautelosos ou a Alca não vai nos servir para nada." 'Pressão' Quando questionado sobre que tipo de "pressão" poderia ser exercida pelo governo americano, o ex-presidente respondeu: "Os Estados Unidos vão pressionar de todas as formas possíveis. Nas negociações com o FMI e com o Banco Mundial, na retaliação aos nossos produtos em matéria de comércio internacional e até na decisão de impor uma mesma legislação trabalhista. Devemos ter cuidado". Raul Alfonsín foi presidente da Argentina entre 1983 e 1989 e um dos "criadores" do Mercosul junto com o então presidente José Sarney. No seu entendimento, o bloco não corre risco de ficar isolado, caso desista da Alca. "Existem muitos países na face da Terra, começando pela Europa, que também tem esses problemas com os subsídios agrícolas, mas ainda existem a Ásia e a África", ressaltou. O ex-presidente criticou a administração do presidente George W. Bush, dizendo que ela demonstra um "comportamento doentio" em matéria política, o que explica, segundo ele, o ataque ao Iraque e a agora imprevisível resposta do terrorismo no mundo. Alfonsín acredita que é hora de o Mercosul se unir, mais do que nunca, e não se limitar a uma integração comercial, mas adotar também políticas macroeconômicas comuns. Ele acredita que os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Néstor Kirchner, estão retomando a agenda original do Mercosul, que inclui a integração cultural e econômica. Sobre a polêmica gerada na Argentina com as informações do projeto nuclear brasileiro, que inclui o enriquecimento de urânio e a construção de um submarino nuclear, ele comentou: "Não vejo por que tanto alarde em relação a essas decisões. Não há motivos para isso. Lembro que levei o presidente Sarney ao nosso projeto nuclear e que ele também me levou à base brasileira. Sei que o Brasil não vai utilizar o urânio com fins militares. Acho até que, na minha época de presidente, chegamos a pensar em fazer, juntos, um submarino nuclear porque a Argentina até já tinha esse projeto, naquela época".
Más notícias envolvendo o grupo EBX, de Eike Batista, reforçaram nesta terça-feira os temores do mercado quanto à capacidade de as companhias do biolionário brasileiro honrarem suas dívidas.
Índice da Bovespa (acima, em foto de arquivo) caiu contaminado por queda nas empresas de Eike Na última segunda-feira, a petroleira OGX anunciou que não vai mais investir no aumento da produção nos poços do Campo de Tubarão Azul (na bacia de Campos), que podem cessar sua produção ao longo de 2014. O revés de Eike não deve ter efeito direto sobre a economia brasileira, segundo analistas consultados pela BBC Brasil, mas já causa queda na bolsa, pode favorecer a fuga de capitais estrangeiros e deixa nova marca negativa num cenário macroeconômico já pouco favorável. A reação ao anúncio da OGX veio com a queda do preço das ações da empresa e, nesta terça-feira, a agência S&P rebaixou a classificação de risco da empresa para um nível próximo ao de situação de moratória. Ao mesmo tempo, o jornal Financial Times titulou que "crescem os temores de default da dívida do magnata brasileiro". A assessoria de imprensa da OGX diz, porém, que a empresa não entrou em recuperação judicial, ainda que não tenha detalhes sobre como as dívidas serão honradas. Levantamento feito recentemente pela Folha de S. Paulo estima que as dívidas de curto prazo (que têm de ser pagas em mais ou menos um ano) do "grupo X" cheguem a R$ 7,9 bilhões, segundo o balanço das empresas no primeiro trimestre. Bolsa em queda Ainda nesta terça, o Ibovespa caiu 4,24% - desempenho bem pior que o das bolsas internacionais -, influenciado, segundo analistas, pela queda das ações das empresas de Eike, mas também por outras más notícias macroeconômicas. A produção industrial brasileira sofreu queda de 2% entre abril e maio, informou o IBGE nesta terça. A isso se somam as baixas expectativas de crescimento econômico do país, o persistente temor com a inflação elevada e a saída de capitais estrangeiros rumo aos EUA – que, diante de sinais de melhora de sua economia, têm atraído mais aplicações. "(A crise nas empresas de Eike) ocorre em um momento péssimo para o governo brasileiro", avalia Samuel Aguirre, da consultoria FTI em São Paulo, citando também a onda de protestos e a dificuldade política em dar respostas às demandas populares. "Não acredito que os negócios (do grupo X) afetem diretamente o PIB brasileiro, mas são mais uma marca negra dentro de um contexto econômico ruim. Dependendo do cenário, podem estimular a fuga de capitais não no longo prazo, mas sim no curto." Pedro Galdi, economista-chefe da corretora SLW, não acredita, por sua vez, que a piora do cenário para Eike Batista provoque grande fuga de investimentos do Brasil, mas eleva o nervosismo do mercado financeiro. "Sua recuperação vai depender de ele conseguir transformar seus ativos em dinheiro (em referência aos bens que estão sendo vendidos para quitar dívidas)", opina. "Havia uma confiança do mercado na capacidade empreendedora (de Eike). Tudo isso acabou quando empresas como a OGX acabaram não entregando os resultados", opina Sérgio Lazzarini, professor do Insper. "(Mas) acho que é um caso particular. Os problemas da economia brasileira são mais gerais que isso - por exemplo, baixa produtividade, incerteza regulatória e intervenção excessiva do governo. Esses problemas estão prejudicando mais a economia do que o caso Eike em si." Investimentos em petróleo Para Adriano Pires, da consultoria energética Centro Brasileiro de Infraestrutura, o grupo de Eike "também foi vítima de uma política equivocada do governo, que ficou cinco anos sem fazer leilões (de áreas de exploração de petróleo)". Mas, com o bem-sucedido leilão realizado em maio e boas expectativas para o leilão previsto para o segundo semestre, Pires não acredita que investidores serão desestimulados pelo mau momento do grupo X. "A crise é mais uma questão de gestão. Se o governo continuar com os leilões, não comprometerá a credibilidade (do setor)."
Quase metade dos adultos reprime sentimentos de tédio, solidão e estresse por meio da comida, sugere um estudo.
A pesquisa, elaborada pela clínica médica britânica Priory, constatou que 43% dos adultos na Grã-Bretanha comem para reverter sentimentos negativos. Mas 25% se sentem culpados depois, e a mesma proporção acredita que o caminho para a felicidade é ser mais magro. A Associação de Desordens Alimentares da Grã-Bretanha diz que os resultados do estudo são "preocupantes" e refletem as pressões que a sociedade exerce para que as pessoas tenham uma certa imagem. Briga Peter Smith, especialista em desordens alimentares da Priory, afirma: "A veneração da magreza pela sociedade moderna, nossa aceitação de imagens de corpos distorcidos na mídia, e a pressão cruel contra mulheres e homens para se adequarem a um certo tipo de corpo significam que um crescente número de pessoas será afetado por doenças mentais, potencialmente letais, relacionadas a comida, peso e imagem corporal". A pesquisa com 2 mil pessoas mostrou que 47% dos adolescentes entre 16 e 24 anos e 40% dos adultos entre 35 e 44 anos comem porque estão entediados. Um quarto das mulheres e das pessoas entre 45 e 54 anos come por causa de estresse. Outros recorrem à comida após uma briga com seus parceiros. A equipe de pesquisadores também observou um aumento significativo no número de mulheres entre 17 e 30 anos que apresentam desordens alimentares e também problemas de vício. "Essas pacientes estão um pouco abaixo do peso normal, bebem e vomitam, daí não comem. Seus sintomas oscilam, refletindo uma constante luta com seus pesos, hábitos alimentares e emoções", disse Smith.
Tenho o privilégio, de vez em quando, de fazer um programa de televisão com Charles Gavin, ex-baterista de Os Titãs e enciclopédia ambulante da música brasileira.
No papo de bastidores, ele identificou o meu gosto e me deu um presente maravilhoso - o disco Edison Machado é Samba Novo, uma joia da primeira metade dos anos 60, quando a turma daqui, saindo da Bossa Nova, misturava samba com jazz moderno para fazer um coquetel cheio de suingue. Uma música me pegou tanto que eu ficava - e ainda fico - tocando sem parar. Chama-se Solo, com uma melodia cativante na qual Machado brilha na bateria, os metais têm uma conversa animada entre si e um jovem pianista rouba a cena, tocando com uma força e delicadeza que lembram McCoy Tyner. Ele se chama Tenório Júnior. Na verdade, chamava-se, porque faz 40 anos que não está mais entre nós. Estava em turnê em Buenos Aires com Vinicius de Moraes em 1976 quando desceu do quarto de hotel para comprar um remédio e nunca mais voltou. Foi pego pelas forças de repressão locais, confundido com um "elemento subversivo". Passou os dias seguintes sendo torturado pela ditadura argentina e também por representantes da ditadura militar brasileira, conforme admitiu um representante do Serviço de Informação Naval argentino. Fim do Talvez também te interesse Pianista brilhante, Tenório Júnior foi 'desaparecido' pelas forças repressivas durante turnê na Argentina Segundo o livro A Onda que se Ergueu no Mar, de Ruy Castro, a inocência do pianista era clara, mas, àquela altura, ele já tinha virado um perigo. Sabia demais, tinha visto e sofrido demais a respeito das ligações entre os governos vizinhos de ultradireita. Portanto, Tenório Júnior foi "desaparecido". Enquanto eu escutava a canção que Tenório Júnior toca tão cheio de vida, era impossível escapar de um pensamento: quatro décadas depois de seu trágico fim, qual seria a reação dos cinco filhos dele ao assistir, durante a Olimpíada, aos atletas brasileiros batendo continência no pódio? Fiquei surpreso pela pouca repercussão gerada por esse gesto incomum nos Jogos - um gesto que, se não violava, testava os limites da proibição às manifestações políticas naquele momento. A judoca Rafaela Silva, por exemplo, declarou que não bateu a continência com medo de perder sua medalha de ouro. Muitos argumentam que se trata simplesmente de uma obrigação de um militar diante da bandeira. Mas não é tão simples assim. Não se veem atletas da grande maioria dos países fazendo isso, militares ou não. E parece que muitos desses atletas militares brasileiros não são militares na plenitude da palavra. São patrocinados pelas Forças Armadas, sem ter uma vida no quartel. Na verdade, então, parece que o gesto de bater continência se trata de um ato de relações públicas. É uma maneira de os militares chamarem atenção pelo apoio, de R$ 18 milhões, dado ao esporte nacional. O fato de atletas militares baterem continência no pódio após receberem suas medalhas despertou polêmica na Rio 2016 Há aqui uma polêmica óbvia. Porque a verba utilizada na verdade sai dos cofres públicos. É, como escreveu o especialista em finanças esportivas Amir Somoggi, "dinheiro de todos os brasileiros". Ele chamou a continência de "um precedente absurdo, revoltante e inaceitável. (...) Nosso país é uma nação totalmente desmilitarizada e o mundo nos vê incrédulo, como se fôssemos uma Coreia do Norte". De fato, vários países (como aquele onde nasci) têm um passado - ou até mesmo um presente - muito mais militarizado, com histórico de guerras agressivas. Mas também não tem como negar que historicamente o Exército brasileiro tem sido um ator importante na política doméstica, culminando no capítulo infeliz da ditadura de 1964-85. E diante da turbulência atual, tem até alguns extremistas se manifestando a favor de mais uma intervenção militar. No ano passado, um general se encrencou ao convocar a juventude para "despertar para a luta patriótica". Nesse contexto, talvez o gesto de relações públicas mais eficaz - melhor do que o uso de atletas olímpicos - seria um repúdio aos erros do passado. *Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formado em História e Política pela Universidade de Warwick Leia colunas anteriores de Tim Vickery:
Forças de segurança iraquianas têm cometido abusos sistemáticos de prisioneiros sob sua custódia, afirma um relatório da organização Human Right Watch (HRW).
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, prisões, tortura e confinamento solitário – supostamente inclusive de crianças – são práticas "rotineiras". Dos 90 prisioneiros que a HRW diz ter entrevistado desde 2003, 72 teriam relatado abusos por tropas iraquianas. A diretora-executiva da entidade, Sarah Leah Whitson, acusa as forças iraquianas e observadores internacionais de fechar os olhos para os abusosem nome da estabilidade no Iraque. "Impunidade" Whitson disse que o povo iraquiano esperava uma mudança de postura em relação ao governo de Saddam Hussein e acusou o governo interino iraquiano de "não manter suas promessas de honrar e respeitar os direitos humanos". "Infelizmente a população iraquiana continua sofrendo por causa de um governo que atua com impunidade no tratamento dos seus detidos", afirmou a diretora da HRW. Entre os abusos relatados no relatório de 94 páginas estão casos de detidos que foram agredidos com cabos de metal, receberam choques elétricos e foram mantidos com os olhos cobertos e as mãos algemadas por dias; casos de presos que foram colocados em confinamento solitário por longos períodos, sem direito a água nem comida; e policiais corruptos que pediam suborno em troca do direito de ver a família ou receber água e refeições. Segundo a organização, alguns dos prisioneiros que foram vítimas desses abusos podem ter ficado com sequelas permanentes. A HRW disse reconhecer os "enormes desafios" enfrentados pelas forças de segurança iraquianas no combate à insurgência, mas acrescentou que isso não pode ser usado para justificar os abusos. "Nós inequivocamente condenamos a brutalidade dos insurgentes. Mas a lei internacional não tem ambiguidades neste ponto – nenhum governo pode justificar a tortura de detidos em nome da segurança." O relatório intitulado "O Novo Iraque? Tortura e Maus Tratos de Detidos sob Custódia Americana" não examina os casos de abusos cometidos por soldados americanos no país.
O uso constante de telefone celular por dez anos ou mais aumenta o risco de câncer no cérebro, segundo uma pesquisa realizada por cientistas suecos e publicado no jornal acadêmico Occupational Environmental Medicine.
O risco é ainda maior, segundo a pesquisa, no lado do cérebro onde o celular é normalmente usado. Os pesquisadores afirmam que crianças são mais vulneráveis, já que têm um crânio mais fino e o sistema nervoso ainda em desenvolvimento. O grupo de cientistas da Orebro University, na Suécia, avaliou os resultados de 16 estudos realizados sobre o assunto ao redor do mundo - três dos Estados Unidos, quatro da Dinamarca, um da Finlândia, cinco da Suécia, um da Grã-Bretanha, um da Alemanha e um do Japão. Desses estudos, onze levavam em conta o uso prolongado do celular por pelo menos dez anos. Revisão de padrões Uma associação entre o uso do celular e o desenvolvimento de neuromas do acústico - tumores do nervo auditivo - foi encontrada em quatro estudos. Em seis estudos, os dados indicaram uma incidência maior de câncer no cérebro. Levando em consideração todos os estudos avaliados e a exposição à radiação no lado onde o celular é colocado, os pesquisadores suecos chegaram à conclusão de que o uso prolongado do celular aumenta em duas vezes e meia o risco de neuromas do acústico e em duas vezes o risco de glioma (tumor maligno que afeta células do cérebro). Os cientistas suecos querem uma revisão dos padrões internacionais de controle de emissão de radiação por celulares e outras fontes. O Mobile Manufacturers Forum (MMF) - uma associação internacional de fabricantes de equipamentos de comunicação via ondas de rádio - contestou o estudo sueco. Segundo a organização, a pesquisa contradiz o resultado de um projeto chamado Interphone, que reúne mais de 20 grupos de especialistas que vêm revisando o assunto nos últimos dez anos em vários países. "Cada um desses grupos concluiu que não existem provas consistentes de que existam efeitos adversos à saúde, a partir de exposição às ondas de rádio provenientes de telefones celulares e de suas estações radio-base", disse o diretor da MMF para a América Latina, Aderbal Bonturi Pereira. Um estudo recente financiado pelo governo britânico e pela indústria de telecomunicações na Grã-Bretanha - mas com um comitê de gerenciamento independente - concluiu que o uso de telefone celular não causa danos ao cérebro no curto prazo. Em relação ao câncer, o estudo foi mais ambíguo, dizendo que não há evidência de risco no curto prazo, mas ressaltando que a doença geralmente não emerge até dez ou 15 anos depois do evento causador.
Um gorila branco, que encantou visitantes do zoológico de Barcelona, está morrendo de câncer de pele, segundo veterinários espanhóis.
"Floco de Neve" (Copito de Nieve em espanhol) deve viver por apenas poucos meses. Os veterinários sabem desde 2001 que o gorila albino tem a doença, mas ela progrediu rapidamente. Visitantes têm formado fila em frente à jaula para se despedir. Único "Floco de Neve" vive no zoológico desde que foi capturado por um caçador na Guiné Equatorial, em 1966. Acredita-se que ele tenha entre 38 e 40 anos, o que corresponde a cerca de 80 anos em termos humanos. Estima-se também que ele é o único gorila branco vivo no mundo. "Por ser albino, ele é muito sensível ao sol", disse o veterinário-chefe do zoológico, Jesus Fernandez. "Embora tenhamos feito tudo para protegê-lo, essa é uma doença progressiva e incurável, e vai continuar seu curso natural". "Não sabemos quanto tempo de vida ele tem, mas provavelmente ele não vai viver por mais do que uns poucos meses", acrescentou. Homenagens O zoológico prometeu que vai assegurar uma "morte digna" para "Floco de Neve". "Não queremos prolongar sua vida desnecessariamente ou fazê-lo sofrer", disse o chefe do zoológico, Jordi Portabella. Autoridades de Barcelona estão estimulando as pessoas a visitarem o gorila, e pediram ao zoológico que permita que as famílias prestem suas últimas homenagens a ele sem pagar nada. "Floco de Neve" vem tomando antibióticos e antidepressivos e já sofreu três cirurgias. Netos Durante seu longo cativeiro, ele se mostrava desdenhoso e mal-humorado com freqüência, mas não foi improdutivo. Ele produziu 22 filhotes com três fêmeas diferentes e tem muitos netos. Funcionários do zoológico dizem que ele ficou mais suave na velhice, possivelmente em parte devido aos remédios que vinha tomando. A cidade pode homenageá-lo dando seu nome a uma rua ou construindo um monumento para ele. "Quando 'Floco de Neve' morrer, uma era vai acabar em Barcelona", disse o porta-voz do zoológico, Miguel San Llehy.
O caso de uma mulher holandesa que recebeu uma multa de €90 (cerca de R$ 340) por urinar na calçada no centro de Amsterdã acabou se transformando em um debate sobre sexismo no país.
Juiz disse a Geerte Piening que ela deveria ter usado urinol masculino A capital holandesa, de pouco mais de 800 mil habitantes, oferece 35 urinóis públicos para homens, comparado a apenas três banheiros para mulheres. Geerte Piening, 23, foi pega urinando em 2015, após passar a noite bebendo na badalada praça de Leidseplein, no centro. Já era tarde, o comércio estava fechado e o banheiro público mais próximo ficava a alguns quilômetros de distância. Foi então que ela decidiu procurar uma rua tranquila. Os amigos ficaram vigiando para alertar Piening caso alguém aparecesse enquanto ela urinava. Mas ela foi pega no flagra por três policiais. "Na época, eu realmente não queria me envolver em uma discussão", contou. "Mas no dia seguinte eu pensei: 'Espera aí... Eu vou lutar contra isso'", disse. O juiz do caso, um homem, disse a Piening que ela deveria ter usado um dos urinóis masculinos, em vez de urinar em público - ato punido com multa no país. Usando essa palavra como hashtag, algumas mulheres zombaram da sugestão do juiz e compartilharam fotos delas mesmas demonstrando as óbvias dificuldades relacionadas a usar um urinol masculino. Diferentemente dos homens, as mulheres não têm como usar as estruturas metálicas dos urinóis de forma discreta. O juiz também comparou a contravenção de Piening a jogar lixo na rua em vez de usar a lixeira, o que estimulou uma pessoa a destacar que cascas de banana e embalagens de chocolate podem ser guardadas no bolso e depois jogadas em qualquer lixeira de "gênero neutro". 'Grande questão feminina' Piening insistiu que teve de usar a calçada como último recurso e alegou que a provisão de banheiros públicos para mulheres em outras capitais europeias era muito melhor. "Não é embaraçoso para uma cidade turística como Amsterdã que mulheres não tenham onde ir (para urinar)?", questionou ela em entrevista ao jornal AD . "Não era minha intenção que essa questão se tornasse uma grande questão feminista. Por outro lado, é positivo que esse problema seja discutido", afirmou. O juiz reconheceu que existem menos banheiros para mulheres, mas disse que a prefeitura não é obrigada a disponibilizá-los. Além disso, mulheres são menos propensas a usar banheiro público, ele acrescentou, dizendo que o caso de Piening era raro. "Você é a segunda mulher que eu vejo na Corte em um caso sobre esse assunto", teria dito o juiz. Autoridades da cidade de Amsterdã questionaram se vale a pena investir dinheiro público em banheiros para mulheres A prefeitura de Amsterdã disse que nunca existiu na cidade uma política pública direcionada a banheiros públicos. "Tem mais toaletes para homens, porque é assim que sempre foi", disse à BBC Peter Ekker, porta-voz do prefeito. "Obviamente deveria ser igualitário e todos concordam que poderia ter sido feito melhor. Mas quais são os custos? Há espaço para isso? Vale à pena?", completou. Mas esse pode não ser o fim da história. Um grupo de Facebook foi criado para encorajar mulheres a se juntarem a um protesto na próxima sexta-feira para testar a proposta de usar urinóis masculinos. Mais de 5.000 pessoas expressaram interesse em comparecer ao evento.
O ministro de hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz Rada, pediu demissão, “em caráter irrevogável”, nesta sexta-feira.
Soliz Rada mandou a carta de demissão ao presidente Evo Morales, que está em Cuba, um dia depois de o governo ter congelado a medida que nacionalizava a comercialização do petróleo e do gás de cozinha e rebaixava as refinarias da Petrobras à condição de prestadoras de serviço. Poucas horas depois do pedido de demissão, o ministro do Planejamento, Carlos Villegas Quiroga, assumiu a pasta de Hidrocarbonetos. Para substituir Villegas Quiroga no Planejamento, foi escolhido Hernando Larrazábal, que era o vice-ministro de Inversão Pública. Os novos ministros foram empossados pelo vice-presidente, Alvaro García Linera, que atua como presidente em exercício enquanto Morales está em Cuba. Em discurso durante a cerimônia, García Linera afirmou que este é "o início de uma nova etapa" em um processo de nacionalização que "segue em marcha, e nada irá detê-lo". A saída de Soliz Rada ocorre depois que ele teria dito que o governo não voltaria atrás na resolução, anunciada na terça-feira, que afeta diretamente a Petrobras. Na carta de demissão, Soliz Rada lamenta que o decreto anunciado por Morales no dia primeiro de maio não tenha incluído a “expropriação das ações das petroleiras Chaco (que foi da Panamericana), Andina (da Repsol-YPF) e Transredes (consórcio com participação da Petrobras). Segundo ele, as ações eram "necessárias" para que a (estatal) YPFB passasse a ter controle imediato de 50% mais um do pacote acionário destas petroleiras. Mas para o ex-ministro, a nacionalização devolveu “representatividade” à estatal e o orgulho dos bolivianos. “A nacionalização incrementou, de forma decisiva, o processo de recuperação da dignidade e auto-estima do nosso povo, que as políticas neoliberais e racistas pretendiam arrasar de maneira definitiva”, escreveu. Segundo ele, graças à nacionalização, o país recuperou cerca de US$ 200 bilhões em reservas de gás e petróleo. “Valor que as petroleiras pretendiam anotar como próprias nas bolsas de valores”, condenou. “Contratos em condições vantajosas” Jornalista e escritor, Soliz Rada é conhecido como um dos maiores defensores da nacionalização do petróleo e do gás na Bolívia e um dos maiores críticos dos “lucros exorbitantes” das petroleiras no país. Soliz Rada já havia pedido demissão em duas ocasiões anteriores. Na carta, com dez parágrafos, ele faz um balanço do processo de nacionalização dos hidrocarbonetos. O ex-ministro afirma que, no dia 25 de agosto passado, a resolução ministerial 202/2006 obrigou a Petrobras, a Andina e a Repsol a pagar (ao Estado boliviano) US$ 32 milhões mensais, para atender um dos artigos do decreto de nacionalização. Essa medida, informa, determina a participação de 32% adicional para exploração nos poços de São Alberto e São Antonio. “Por isso, a YPFB arrecadou US$ 64 milhões e nos próximos meses contará com outros US$ 96 milhões”, afirma. O ex-ministro diz ainda que a pasta de hidrocarbonetos organizou, na sua gestão, “com total transparência”, as auditorias nas companhias petroleiras que operam na Bolívia. “Os resultados (das auditorias) permitirão que a YPFB assine contratos em condições vantajosas”. No fim da carta, ele afirma que nada disso teria sido possível “sem a luta heróica do nosso povo e dos movimentos sociais que no dia 17 de outubro de 2003 mudaram nossa história, ao expulsar os principais políticos neoliberais que tanto dano causaram à Bolívia”. Soliz Rada se referia ao ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, conhecido como “Goni”, responsável pela privatização do setor, que renunciou empurrado pelos protestos das ruas. Ele termina sua carta agradecendo a todos os integrantes do governo, começando pelo vice-presidente Alvaro García Linera. A decisão da sua saída foi tomada menos de vinte e quatro horas depois que García Linera anunciou o congelamento da última medida envolvendo a nacionalização e afetando diretamente a Petrobras. Os assessores diretos de Soliz Rada afirmaram estar “chocados” e “surpresos” com a demissão.
A preocupação com a alta taxa de cesarianas nos Estados Unidos levou à publicação recente de novas diretrizes sobre o tema por duas das principais sociedades médicas do país.
Cirurgia é usada em um a cada três partos nos Estados Unidos; Índice alto preocupa especialistas Atualmente, um em cada três partos realizados nos Estados Unidos é feito por meio da cirurgia e essa taxa vem aumentando desde 1996. Por isso, em fevereiro deste ano, o American College of Obstetricians and Gynecologists (Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, ou ACOG, na sigla em inglês) e a Society for Maternal-Fetal Medicine (Sociedade de Medicina Materno-Fetal, ou SMFM) divulgaram em conjunto uma série de novas recomendações. Os órgãos pediram aos médicos para esperar mais pelo nascimento do bebê durante o parto normal e para que eles tentem outras alternativas para ajudar no parto antes de recorrer à cesárea. "Muitas mulheres podem simplesmente precisar de um pouco mais de tempo em trabalho de parto para dar à luz de maneira natural", diz Aaron Caughey, membro do comitê responsável pelas novas diretrizes. Leia mais: 'Desvalorização' de parto normal torna Brasil líder mundial de cesáreas Recomendações Entre as recomendações estão a de que os médicos usem pressão externa para tentar reposicionar o bebê quando este não estiver de cabeça para baixo, em vez de recorrer imediatamente à cesárea. O documento também afirma que médicos não devem optar pela cesariana automaticamente em casos em que o bebê for muito grande. Segundo as diretrizes, é preciso permitir que a mulher faça força para empurrar o bebê por pelo menos duas horas, se já tiver dado à luz anteriormente, ou três horas, se for seu primeiro parto. Em determinados casos, como quando há anestesia peridural, esse tempo pode ser ainda maior. Outra recomendação é recorrer a técnicas que auxiliem na realização do parto normal, inclusive o uso de fórceps. Leia mais: Normal ou cesárea? Conheça riscos, mitos e benefícios de cada tipo de parto Crescimento As recomendações são dirigidas principalmente a mulheres que vão dar à luz pela primeira vez. Segundo Caughey, a maioria das mulheres que têm o primeiro filho por meio de cesariana acaba repetindo o procedimento nos partos seguintes. "É isso que estamos tentando evitar", afirma o médico. Em 1996, a taxa de cesariana nos EUA era de 20,7%. Nos 13 anos seguintes, deu um salto de 60%, chegando a 32,9% em 2009 e permanecendo nesse patamar desde então. Os números variam de Estado para Estado. O Kentucky tem a taxa mais alta, de quase 40% dos partos, enquanto a do Alasca é de 22,6%. Leia mais: Tradição de parteiras está no centro de incentivo ao parto normal na Grã-Bretanha Salvar vidas No documento, as entidades reconhecem que a cesariana pode salvar vidas, tanto do bebê quanto da mãe. "No entanto, o rápido aumento nas taxas de cesariana de 1996 a 2011, sem clara evidência de redução concomitante em mortalidade materna ou neonatal, levanta expressiva preocupação de que a cesariana esteja sendo usada em demasia", diz o texto. Segundo o documento, a taxa de mortalidade entre mulheres submetidas a cesariana é de 13 mortes em cada 100 mil mulheres, mais de três vezes maior do que em partos normais. O presidente da SMFM, Vincenzo Berghella, reconhece que em alguns casos a cesariana é realmente a melhor opção. No entanto, o médico diz que, na maioria dos casos, em que a gravidez é de baixo risco, "a cesariana pode representar um risco maior do que o parto normal", especialmente em relação a futuras gestações.
O francês Franck Dufourmantelle, de 33 anos, manipulava materiais químicos perigosos na fábrica onde trabalhava quando, de repente, houve uma explosão. Ele chegou ao hospital com 95% do corpo queimado, e tinha menos de 1% de chances de sobreviver. Tudo parecia perdido.
'Devo minha vida a ele', diz paciente de transplante de pele inédito entre gêmeos Mas o prognóstico dado pelos médicos naquele setembro de 2016 mudou tão logo eles descobriram que o rapaz tinha um irmão gêmeo, Eric, que doou sua pele para um ousado transplante, que salvou a vida de Franck. "Um paciente com queimaduras graves morre quando sua própria pele o envenena", explicou ao jornal britânico The Telegraph o cirurgião Maurice Mimoun, chefe de cirurgia plástica do hospital Saint-Louis, em Paris, onde a operação foi realizada. "Quando soube que ele tinha gêmeo idêntico, os céus se abriram. É como se a pele do irmão fosse a dele próprio." Franck contou à imprensa francesa que seu irmão "se recusou a aceitar" que ele tinha poucas chances de resistir. "Foi Eric quem disse aos médicos que queria me doar sua pele." Franck passou por dez implantes de pele nos quatro meses e meio que ficou no hospital Uma semana depois do acidente, Eric teria pela primeira vez sua pele transplantada ao irmão. Como eles têm o mesmo DNA, o organismo de Franck não rejeitou o material. Esse não é o primeiro transplante de pele entre gêmeos, mas era até então inédito um procedimento para cobrir uma área tão grande do corpo, disse Mimoun a jornalistas. Franck passou por dez cirurgias para o implante de enxertos de pele nos quatro meses e meio que passou internado. Ele recebeu finas camadas de pele do couro cabeludo, costas e coxas de Eric, com 5 cm a 10 cm de largura, contou o médico à imprensa. Os enxertos foram esticados com o auxílio de uma máquina especial. No total, Eric doou metade de sua pele a Franck. No início de 2017, Franck deu seus primeiros passos após os implantes Vida nova Esse material estimulou o crescimento de uma nova pele. No início de 2017, Franck deu seus primeiros passos. Hoje, ele faz tratamento em um centro de reabilitação, onde se exercita todos os dias para recuperar totalmente seus movimentos, que ainda são limitados. Os enxertos geralmente são retirados de um doador que já faleceu e costumam ser rejeitados pelo organismo em questão de semanas, mas esse período é suficiente para que a pele do próprio paciente comece a se recuperar. No caso de Franck, como a total compatibilidade genética evitou a rejeição, ele não teve de tomar os medicamentos fortes usados para suprimir a reação do sistema imunológico do paciente. "Não fiz isso por desespero, mas para termos esperança", disse Eric, que disse não se importar com as marcas deixadas em seu corpo pelo procedimento. Hoje, francês faz tratamento em um centro de reabilitação, onde se exercita todos os dias "O que eu fiz não se compara com o que meu irmão passou. Para mim, foi como um grande arranhão. Minha pele cicatrizou. Foi como ter uma queimadura de sol." Pele universal Fora do hospital, Franck hoje "pode prosseguir com suas atividades", disse Mimoun. "Seu rosto se regenerou bem." Segundo o médico, os fatos de ele estar com boa saúde no momento do acidente e não ser fumante ajudaram no resultado. Mimoun afirmou que um enxerto dessa dimensão é um "incentivo ao desenvolvimento de uma pele universal, que um dia salvará vidas". "Não estamos muito longe disso." Franck diz que a experiência o transformou Franck conta que, antes do acidente, tinha uma tatuagem que ia do ombro ao pulso. "Ficou tudo queimado a não ser por essa pequena parte - a palavra 'vida'. Isso significa muito para mim", conta. "A pele do meu irmão agora é a minha. Foi um gesto de amor. Devo minha vida a ele. Meu irmão é meu herói." O francês disse que essa experiência o transformou: "Hoje, aceito as coisas como elas são. Estou mais sereno. Enxergo tudo de outra forma."
Nos arredores da cidade de Albuquerque, no Estado do Novo México, uma equipe de especialistas da Força Aérea americana desenvolve uma arma pouco tradicional, mas que poderia ter um objetivo estratégico: deter os mísseis nucleares da Coreia do Norte.
Os mísseis de microondas estão desenhados para serem lançados a partir dos bombardeiros B-52 Não é um armamento qualquer. Trata-se de um tipo de arma eletromagnética que não é nociva para o ser humano e cuja base de funcionamento é a mesma tecnologia de um forno micro-ondas. E, segundo diversos especialistas em assuntos militares consultados pela BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, poderia ser uma alternativa para desativar as armas nucleares de Pyongyang de forma efetiva, sem gerar grandes prejuízos. O "Projeto de mísseis avançados de micro-ondas de alta potência de interferência eletrônica" (Champ, na sigla em inglês) prepara, em essência, projéteis que emitem ondas de altíssima frequência, capazes de fritar sistemas eletrônicos. Projeto é desenvolvido em um laboratório da base da Força Aérea de Kirtland, em Albuquerque | Foto: Força Aérea Americana "Tendo em conta o estado da tecnologia no mundo moderno, em que quase tudo funciona por meios digitais, esse tipo de míssil emite micro-ondas de altíssima frequência, capaz de interromper ou inativar os equipamentos eletrônicos", explica James Fisher, porta-voz da base Kirtland da Força Aérea americana, em Albuquerque, a sede do projeto. O espaço, que foi um dos lugares de apoio para o Projeto Manhattan (a investigação dos Estados Unidos para desenvolver a bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial), agora centra suas investigações neste novo tipo de armamento baseado no espectro eletromagnético. "O Champ é basicamente um míssil de cruzeiro, mas sem carga, que pode ser lançado por bombardeiros B-52 e que tem um alcance de uns 1.130 quilômetros", detalha Fisher. Mas sua utilidade como armamento transcende o potencial lançamento de um míssil atômico pela Coreia do Norte. Armas eletromagnéticas Não é a primeira vez que os Estados Unidos experimentam as ondas eletromagnéticas. Sharon Weinberger, editora-chefe da revista especializada Foreing Policy, afirma que a Força Aérea investigou e utilizou o potencial das micro-ondas como arma no decorrer das últimas décadas. Segundo ela, equipes militares que fazem bombardeios eletromagnéticos foram utilizadas no Afeganistão e no Iraque com o objetivo de desativar bombas e drones. Exército americano utilizou armas de micro-ondas para desativar drones no Afeganistão e no Iraque Mas a fascinação do Exército dos Estados Unidos com as micro-ondas parece remontar a várias décadas atrás. Uma divisão do Pentágono, chamada Projetos de Investigação Avançada de Defesa, foi encarregada nos anos 1960 de analisar os possíveis efeitos das micro-ondas no comportamento humano. "Tudo começou com um bombardeio de micro-ondas realizado pelo governo da União Soviética contra a embaixada dos Estados Unidos em Moscou", diz Sharon Weinberger, autora do livro The Imagineers of War: The Untold Story of Darpa, the Pentagon Agency That Changed the World ("Os imaginários da guerra: a história não contada de Darpa, a agência do Pentágono que mudou o mundo"). Esses fatos, que entraram para a história como "o sinal de Moscou", foram a base para o estudo de micro-ondas da Força Aérea americana, que chegou inclusive a irradiar macacos para estudar os possíveis efeitos nos seres vivos. Aquelas primeiras experiências com animais foram um fracasso, mas o desenvolvimento de armamentos baseados nessa tecnologia tomou novos rumos nos últimos anos. Macacos foram utilizados para medir o impacto das radiações de micro-ondas em mamíferos E ainda que os mísseis de micro-ondas lançados a partir de bombardeiros ainda não tenham sido utilizados em combate, os testes já efetuados deixaram o Pentágono otimista. Teste no deserto Ainda que os especialistas assegurem que já foram realizados diversos testes para provar sua efetividade, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos só liberou informação sobre um caso até agora: o primeiro. Ele teve lugar no deserto de Utah, em 2012, apenas três anos depois de se iniciarem oficialmente as primeiras investigações sobre esse tipo de armamento no laboratório da Força Aérea na base de Kirtland. De acordo com Fisher, em outubro desse ano, um bombardeiro B-52 lançou um míssil de micro-ondas sobre um deserto, uma área de mais de 4 mil quilômetros quadrados. Ali, os militares dispuseram, com antecedência, equipamentos elétricos em edifícios e construções similares. A quase totalidade dos aparelhos deixou de funcionar após o bombardeio. Míssil de teste foi lançado a partir de um bombardeiro B-52 "Um dos lados positivos desse tipo de armamento é que seu objetivo é danificar os sistemas eletrônicos sem afetar diretamente os seres humanos", comenta Philip Bleek, especialista do Centro James Martin de Estudos sobre a Não Proliferação em Monterey, Califórnia. O analista explica que, ainda que se baseiem na mesma tecnologia que um forno de micro-ondas, a diferença entre ambos é que a radiação que esse tipo de armamento gera é menor em tempo e maior em intensidade do eletrodoméstico. No caso do aparelho de cozinha, a alta potência a longo prazo tem um efeito nocivo sobre os tecidos humanos, enquanto a rapidez de um bombardeio com um míssil desse tipo é capaz de queimar um circuito eletrônico, mas não a pele. De fato, segundo dados da base de Kirtland, o nível de radiação emitida por um míssil foi testado em mais de 13 mil pessoas e apenas duas precisaram de atendimento médico. Princípio é similar ao funcionamento de um forno de micro-ondas - mas com diferente intensidade Mas como esse armamento poderia ser utilizado para desativar os mísseis nucleares da Coreia do Norte? Efetividade contra mísseis atômicos O porta-voz da base da Força Aérea de Kirtland afirma que o desenvolvimento desse tipo de armas não foi pensado como uma possível solução de defesa contra um ataque nuclear da Coreia do Norte. No entanto, seu uso com esse objetivo foi discutido na Casa Branca em agosto deste ano, segundo relataram dois funcionários do governo, sob condição de anonimato, à rede de TV americana NBC. De acordo com Bleek, um dos efeitos menos discutidos dos pulsos eletromagnéticos (emissão de energia eletromagnética de alta intensidade em um curto período de tempo) é a sua capacidade de prevenir detonações nucleares ao tornar os mísseis inoperantes. Armas de micro-ondas poderiam desativar os mísseis nucleares | Foto: Hulton Archive "Esse pulso eletromagnético pode fritar circuitos eletrônicos não blindados em uma área significativamente maior que a ameaçada por uma explosão atômica", explica o pesquisador. O especialista indica ainda que as armas que utilizam esse tipo de radiação danificariam qualquer tipo de dispositivo eletrônico, de telefones celulares a automóveis modernos. Assim, teoricamente também poderia fazer um míssil nuclear parar de funcionar. "Digo teoricamente porque, na prática, os dispositivos militares (ou outros) podem se proteger dos efeitos desses pulsos com uma espécie de escudo eletromagnético", explica. "Uma vez que as armas nucleares estão desenhadas para funcionar durante uma guerra nuclear, é provável que estejam protegidas contra os efeitos dos pulsos eletromagnéticos, assim como os sistemas de comando e controle associados", acrescenta. No entanto, o especialista, que trabalhou como assessor de temas de defesa para o Pentágono, acredita que o mais provável é que, dada a falta de experiência que Pyongyang tem no desenvolvimento de armamento nuclear, não conte com proteção eletromagnética. "Parece bastante plausível que os mísseis da Coreia do Norte e a infraestrutura para dispará-los não contem com esses sistemas, o que faria com que seus foguetes fossem muito sensíveis aos pulsos eletromagnéticos, se tornando inofensivos." Apesar disso, ele duvida que essas armas possam ser uma solução mágica para as ameaças do governo de Kim Jong-un. Teste em imagem liberada pela KCNA, a agência estatal norte-coreana: muitos especialistas duvidam do patamar do desenvolvimento do programa nuclear do país "Se os Estados Unidos lançarem mísseis de cruzeiro no território da Coreia do Norte, isso seria considerado uma provocação, não importa que seja uma carga explosiva ou um dispositivo de pulsos eletromagnéticos", sustenta. "As armas de micro-ondas poderiam desempenhar um papel estratégico em uma operação militar dirigida contra Pyongyang, se isso vier a ocorrer, mas estão longe de ser um remédio definitivo contra a ameaça nuclear da Coreia do Norte."
O governo de Israel rejeitou nesta sexta-feira uma proposta de "trégua informal" oferecida pelo grupo militante Hamas na Faixa de Gaza e, em um segundo momento, na Cisjordânia.
A proposta, levada a Israel por moderadores egípcios para a paz, previa o estabelecimento de um período de seis meses de calmaria, primeiro em Gaza e depois na Cisjordânia, se Israel concordasse em suspender o bloqueio econômico à Faixa de Gaza e as operações militares na região. "Obviamente, gostaríamos de calmaria no sul (de Israel), mas estamos preocupados de que seja apenas uma jogada do Hamas, de que eles não estejam interessados em calmaria nenhuma", disse o porta-voz israelense, Mark Regev, ao justificar a rejeição do plano. "O ponto mais importante, ou um dos mais importantes, aqui é acabar totalmente com os lançamentos de mísseis hostis a Israel a partir de Gaza. Como vocês sabem, há foguetes sendo lançados diariamente contra nossas cidades, nossos vilarejos", acrescentou o porta-voz. "O que o Hamas tem feito é terceirizar o serviço a outros grupos que têm lançado foguetes, mas todo mundo sabe que o Hamas controla a Faixa de Gaza e que isto não ocorreria sem o apoio ativo do Hamas." A correspondente da BBC em Jerusalém Katya Adler disse que o rechaço israelense "não surpreende" – segundo ela, os militares israelenses acreditam que o Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza, usaria a trégua para repor e reorganizar seus estoques de armas. Impasse O plano vem no momento em que a Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que pode ser obrigada a suspender o trabalho humanitário em Gaza por conta do boicote israelense que impede o fornecimento de combustível ao território. O governo israelense suspendeu a passagem de combustível para o território palestino como forma de forçar o Hamas a interromper o lançamento de foguetes contra Israel. Nesta sexta-feira, quatro mísseis foram lançados em território israelense a partir de Gaza, segundo relatos de correspondentes. Já na fronteira com a Cisjordânia, um homem armado palestino matou a tiros dois guardas israelenses em um complexo industrial, segundo autoridades de Israel. O incidente ocorreu perto da cidade palestina de Tulkarm, uma área onde fábricas israelenses empregam inúmeros empregados palestinos. Segundo as informações de Israel, os dois guardas estariam revistando empregados que chegavam para o trabalho, quando foram abordados pelo homem armado, que atirou e fugiu. Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado.
Um incêndio de grandes proporções causou mais de 60 mortes em uma região florestal no centro de Portugal, levando o país a declarar três dias de luto nacional.
Gareth Roberts registrou esta imagem do mortal incêndio qu atingiu uma floresta portuguesa neste domingo Acredita-se que o incêndio, iniciado no sábado, tenha sido causado por um raio sobre uma árvore e propagado pelo tempo seco, já que essa região de Portugal passa por uma onda de calor. Muitas das vítimas morreram em seus carros enquanto tentavam fugir das chamas. "Infelizmente, esta parece ser a maior tragédia do tipo que vimos nos últimos anos", disse o primeiro-ministro Antonio Costa. Sobreviventes relatam cenas de desespero e dizem que as chamas se espalharam rapidamente. O britânico Gareth Roberts, 36, que mora em Portugal há quatro anos, é um dos que conseguiram escapar das chamas - por muito pouco. Ele chegou a mandar um texto emocionado de adeus a seus pais. Veja seu depoimento: "Estávamos dirigindo de volta de Cadiz, na Espanha, e estávamos a cerca de 50 minutos de casa. Sabíamos que havia um incêndio em curso e conseguíamos ver a fumaça. Parecia muito feio, mas eu não tinha ideia do quanto até chegarmos mais perto. Dirigindo pelas montanhas, víamos as chamas do fogo passando de um lado para o outro do vale. O vento jogava galhos sobre o nosso carro, mas não podíamos parar - dava para sentir o calor (do fogo). Gareth Roberts foi ajudado por estranhos enquanto tentava escapar do incêndio Acabamos ficando presos em uma aldeia chamada Mó Grande, cercada por fogo. Nós e os moradores locais estávamos chorando, comovidos pelo calor e pela velocidade do fogo. Estava escuro, muito escuro, em meio às chamas. Um homem gritou oferecendo abrigo em sua casa, junto a sua mãe. Muitos de nós aceitamos. Sua mãe tinha um apartamento anexado à casa, onde estava mais fresco e fora do caminho do fogo. No período em que ficamos lá, mais pessoas chegaram. A mãe do homem nos serviu vinho, e teria sido algo prazeroso se fossem outras as circunstâncias. Ao chegar à aldeia, eu havia mandado uma mensagem aos meus pais dizendo 'o fogo está em todo o lugar, este é o fim'. Na casa (onde estava abrigado), não havia rede de celular, então me dei conta: 'A última coisa que disse a meus pais foi que estava morrendo'. Muitas das vítimas morreram em seus carros tentando escapar do incêndio Ficamos sem energia e as chamas vieram com tudo, como um tornado feroz e vermelho passando pelas janelas. Nos encolhemos no chão por uma hora, tentando respirar, rezando, chorando. Não sou um homem religioso, mas não tenho vergonha de dizer: estava rezando, todos estávamos. Não havia nada mais a fazer. Disse a mim mesmo: 'não posso morrer assim'. Comecei a chorar, fiquei emocionado. Não consegui fazer nada por 20 minutos. Até que o fogo passou e saímos para ver os destroços da aldeia, que ainda ardiam em chamas. Milagrosamente, nossa casa e a casa ao lado não pegaram fogo. Incêndio de grandes proporções deixou dezenas de vítimas Carro queimado na estrada entre Figueiro dos Vinhos e Castanheira de Pera, no centro de Portugal; luto de três dias foi declarado A devastação era indescritível. As pessoas (estavam) desnorteadas, restos de casas queimavam incontrolavelmente. Eu não conseguia acreditar no que via. Depois que o fogo passou, deveria estar claro, mas estava escuro. Havia uma película estranha sobre nossos olhos. Dava para ouvir botijões de gás explodindo, com flashes azuis. O silêncio era estranho. A sensação era estranha. Depois se transformou em alívio, e choramos. Até então, não havíamos recebido qualquer ajuda das autoridades. Toda a ajuda veio dos locais, sem telefones e sem internet, só do jeito que se costuma fazer. Se essas pessoas não tivessem sido generosas, eu não estaria aqui hoje. Agradeci a eles por terem salvado a minha vida. Mas um mero 'obrigado' não é nem de longe o suficiente. Eu poderia ter morrido. Deveria ter morrido. Um ato aleatório de bondade salvou a minha vida, e agora só o que posso fazer é rezar por Portugal."
Uma grande operação de resgate foi montada para a volta do cosmonauta Marcos Pontes do espaço, dez dias depois do lançamento da nave Soyuz TMA-8, marcado para esta quinta-feira às 8h29 (23h29 de quarta-feira, em Brasília) no Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.
De acordo com o médico da Aeronáutica brasileira, tenente-coronel Luiz Cláudio Lutiis, equipes estarão de plantão em helicópteros, veículos e aviões para resgatar os tripulantes da nave. No entanto, como não se sabe a localização exata de onde a cápsula vai tocar o solo, a expectativa para o reencontro com os astronautas é grande. "Está programado para ser de madrugada, por volta das 3h30 e é uma operação delicada, porque o local exato só na hora vamos saber. Três equipes ficam a postos em três helicópteros ou até já no ar esperando eles tocarem o solo." O médico afirma que a principal preocupação das equipes ao encontrar os cosmonautas é verificar se eles estão conscientes depois da descida brusca. "O impacto da queda pode ter feito alguns deles desmaiar, depois temos que ajudá-los a se desfivelar das cadeiras e sair das cápsulas", disse o médico. Para Lutiis, o astronauta brasileiro deve estar apenas muito cansado depois dos dez dias de missão, mas os outros dois podem estar com os músculos atrofiados e desorientados por terem ficado seis meses na falta de gravidade. "Mas todos têm o mesmo tratamento, são levados de maca para um local de repouso e de lá para uma base no Cazaquistão." Segundo o médico, Pontes está em excelentes condições físicas e não deve ter problemas para se recuperar. Nesta terça-feira, a Soyuz TMA-8 e os seus foguetes de propulsão foram transportados por um trem com duas locomotivas até a plataforma de lançamento 1 de Baikonur, batizada de Gagarin por ter sido o local de onde saiu o histórico primeiro vôo espacial tripulado. Ainda durante a manhã, os sistemas de propulsão da Soyuz foram içados à posição vertical e "abraçados" pelas torres de acesso para que os engenheiros possam realizar os últimos testes e ajustes dos equipamentos. A decolagem da missão rumo à Estação Espacial Internacional está marcada para as 8h29 de quinta-feira, no horário local (23h29 de quarta-feira, em Brasília). A nave Soyuz TMA-8 e os seus foguetes de propulsão foram transportados por um trem nesta terça-feira do galpão em que foram montadas, para a plataforma de lançamento 1 do Cosmódromo de Baikonur, no Casaquistão. A plataforma é a mesma de onde, em 1961, partiu o vôo de Yuri Gagarin, o primeiro homem a orbitar a Terra, e foi batizada de Gagarin em homenagem a ele. Às 7h00 em ponto na hora local - um horário que repete o cumprido pela histórica missão do russo e que, pela admiração dos russos por Gagarin, foi transformado em tradição na base – os foguetes e a nave que leva a bandeira do Brasil ao lado das americana e russa, deixou o hangar MIK na direção da plataforma. Deitado sobre um trem puxado lentamente por duas locomotivas, o sistema de propulsão e a nave, que juntos medem quase 40 metros, chegaram à plataforma Gagarin e foram içados por um braço mecânico instalado no próprio vagão de carga que os transportou. Em seguida, o sistema foi "abraçado" por duas torres que se uniram formando uma só plataforma de acesso aos equipamentos e à nave, que fica na ponta do sistema. Os objetos pessoais dos astronautas – entre eles uma camisa da seleção brasileira, uma bola verde e amarela e uma imagem de Jesus Cristo do brasileiro Marcos Pontes – já estão na nave. Por medida de segurança, os equipamentos para os experimentos científicos que serão realizados a bordo da Estação Espacial Internacional (EEI) só vão ser embarcados na quarta-feira, entre 10h e 11h (1h e 2h, na hora de Brasília). As últimas cargas a entrarem na nave, antes dos astronautas, serão as amostras biológicas que servirão aos testes a serem realizados pelo tenente-coronel aviador Marcos Pontes. Entre elas estão sementes de feijão para uma experiência que foi elaborada com a participação de alunos da rede pública Nas próximas horas, engenheiros da agência espacial russa devem testar e ajustar os equipamentos, para então autorizar o início do carregamento definitivo da Soyuz.
A credibilidade da comunidade internacional, dos Estados Unidos e do Congresso americano se não houver uma resposta ao suposto uso de armas químicas pelas autoridades da Síria, disse nesta quarta-feira o presidente dos EUA, Barack Obama.
Obama busca apoio internacional e interno para ação militar contra a Síria Obama tenta angariar apoio internacional para uma ação militar americana contra a Síria, alegando ter provas de que o regime de Bashar al-Assad usou armas químicas contra sua própria população em 21 de agosto, matando 1,4 mil pessoas (ainda que organizações e o governo da França tenham contabilizado um número inferior de mortes no episódio). Questionado, na Suécia, se sua decisão de pedir o aval do Congresso americano antes de atacar a Síria colocava sua credibilidade em jogo, Obama respondeu que "a credibilidade que está em jogo é a da comunidade internacional, dos EUA e do Congresso, porque (se nada for feito) falamos da boca para fora que as normas internacionais (que vetam o uso de armas químicas) são importantes". Nesta quarta-feira, o Comitê de Relações Exteriores do Congresso aprovou uma resolução que autoriza a ação militar americana na Síria para neutralizar armas químicas - com mandato "limitado e sob medida das Forças Armadas americanas contra a Síria" e vetando o uso de soldados. Porém, ela ainda precisa ser votada pelo Senado como um todo. Uma moção semelhante deve sera analizada ainda por um comitê na Câmara dos Representantes (deputados). Obama disse que acredita que o Congresso irá aprovar a ação, mas que, como comandante supremo das forças americanas, ele se reserva ao direito de tomar decisões em nome dos interesses nacionais americanos. Também nesta quarta-feira, o Parlamento francês debate a possibilidade de uma intervenção militar na Síria. "Terceira Guerra Mundial" O regime Assad, por sua vez, continua insistindo que não utilizou armas químicas. Em entrevista à agência de notícias AFP, o vice-chanceler sírio, Faisal Muqdad, disse que "o governo sírio não mudará de posição nem que ocorra a Terceira Guerra Mundial. Nenhum sírio pode sacrificar a independência do país". Muqdad disse também que Damasco já tomou "todas as medidas (para preparar) uma retaliação" a um possível ataque americano, sem entrar em detalhes sobre em que consistiria essa retaliação. Ao mesmo tempo, Vladimir Putin, presidente da Rússia - um dos principais aliados da Síria -, disse nesta quarta-feira que uma ação militar dos Estados Unidos e seus aliados na Síria sem o aval das Nações Unidas seria uma "agressão". Putin disse que a Rússia não descarta apoiar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU (onde o país tem exercido seu poder de veto em favor da Síria) que autorize o uso de força contra Damasco, caso haja provas "irrefutáveis" de que o governo sírio usou armas químicas no conflito interno do país. No entanto, ele acredita que é "ridículo" dizer que a Síria usou armas químicas em um momento em que está ganhando território dos insurgentes. "Se houver sinais de que armas químicas foram usadas, e pelo Exército normal, isso é uma prova que precisa ser apresentada ao Conselho de Segurança da ONU. E precisa ser convincente", disse Putin à rede de televisão Canal 1 e à agência de notícias Associated Press. A Rússia recentemente forneceu componentes do sistema de mísseis S-300 à Síria. No entanto, ele disse que a entrega deste tipo de material foi suspensa no momento. G20 A Rússia sediará a partir desta quinta-feira o encontro dos líderes do G20, grupo que reúne as principais economias do mundo. Inicialmente a pauta do encontro seria a economia global, mas a crise na Síria deve dominar as discussões. Na Suécia, Obama disse que irá continuar dialogando com a Rússia sobre a questão da Síria, lembrando que Moscou ainda pode mudar sua posição em relação a um ataque. A guerra civil no país árabe já matou 100 mil pessoas desde que o movimento de insurgência contra o regime Assad começou, em março de 2011. Cresce também o impacto humanitário do conflito. Segundo a ONU, mais de 2 milhões de sírios tiveram de se refugiar no exterior e 4,2 milhões foram forçados a se deslocar internamente.
O presidente americano, George W. Bush, deixou o hotel Hilton na zona sul de São Paulo para a visita ao terminal da Transpetro (a empresa de transporte da Petrobras) em Guarulhos, onde se encontra com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os presidente almoçam juntos e devem fazer uma declaração conjunta à imprensa. Lula deve assinar sexta-feira o acordo de cooperação na área de biocombustíveis com Bush. O presidente brasileiro também deve aproveitar a reunião para reforçar o pedido para reduzir a tarifa cobrada pelos Estados Unidos ao álcool brasileiro. E os protestos também devem continuar nesta sexta-feira em São Paulo. Entidades estudantis e sindicais devem se concentrar no monumento às Bandeiras, em frente ao Parque Ibirapuera. De lá, segundo a página da União Nacional dos Estudantes (UNE), os manifestantes formam um chamado "Comando de Caça ao Bush" para localizar o presidente. A idéia é seguir em passeada para onde Bush estiver ou então para o consulado americano em São Paulo. As entidades também prometem uma manifestação em frente a uma lanchonete da rede McDonald's no centro da cidade. Ainda segundo a página da UNE, no Rio de Janeiro está previsto um protesto durante a tarde. Os estudantes planejam uma manifestação em frente ao Barra Shopping, que tem uma réplica da Estátua da Liberdade em sua fachada. Conselho de Segurança O dia para a comitiva americana em São Paulo começou com uma reunião a portas fechadas entre a secretária de Estado americana Condoleezza Rice e o ministro do Exterior Celso Amorim. De acordo com o Itamaraty, os dois ministros assinaram um memorando de cooperação na áera de biocimbustíveis. Amorim e Rice estiveram reunidos por cerca de 45 minutos e, além de biocombustíveis, conversaram sobre governança global, G8 e reforma do Conselho de Segurança da ONU. A viagem de Bush à América Latina foi decidida a partir da percepção da Casa Branca de que era preciso se reaproximar da região, depois do foco total no Oriente Médio a partir de 2001. Embora a Casa Branca não admita oficialmente, o "fantasma" do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, permeia a viagem do presidente americano. A crescente influência do presidente venezuelano no continente preocupa Washington. O Brasil é a primeira parada do roteiro de Bush, que inclui ainda Uruguai, Colômbia, Guatemala e México.
No domingo, às 9 horas da noite, o ilusionista Darren Brown jogou ao vivo, pela televisão, “roleta russa”.
Isso foi notícia antes de ser dado o tiro único. Os argumentos contra eram simples: uso indevido de armas de fogo, mau exemplo etc. Afim de não contrariar as leis britânicas, os cruciais 10 minutos finais foram transmitidos da ilha de Jersey, que não vive só da condição de paraíso fiscal. Na segunda-feira, a imprensa destacou o fato de o ilusionista quase ter entrado pelo cano. Plect Uma vez que, após colocar a bala no tambor do revólver, Darren Brown deu o primeiro tiro na cabeça. Plect, nada. O segundo, idem. No terceiro, ele apontou para o saco de areia no fundo da sala e disparou. Plect. Não, não era a bala. Refeita sua compostura, Darren Brown deu o quarto tiro na cabeça. Plect. E o quinto de novo no saco de areia: foi tiro… e queda de areia. Essa teria estourado os miolos do ilusionista. 3 milhões e 300 mil pessoas viram a ilusão. Nada mau para canal aberto, o Channel 4, que prima pelos seus documentários. Aí as coisas se complicam. O programa que antecedeu a ilusão foi precisamente um documentário. Sobre o suicídio do dr. David Kelly, inspetor de armas das Nações Unidas no Iraque, e fonte de um vazamento que poderia ter derrubado o governo do primeiro-ministro Tony Blair. Uma programação, no mínimo, de gosto dúbio. Quatro pessoas reclamaram às devidas autoridades da “roleta russa” do ilusionista. Nenhuma mencionou o programa anterior. Na terça-feira, muitos jornais britânicos davam destaque ao suicídio por enforcamento de um repórter de TV que falcatruara uma reportagem num submarino que estaria supostamente bombardeando o Iraque. O repórter, da Sky TV, foi desmascarado num documentário da BBC. De um lado e de outro, apenas a tentativa de se fazer jornalismo. Um deles, ilusão. Voltando à “roleta russa”. Curioso ninguém ter prestado atenção no fato de que se tratava de uma ilusão. Nem que Darren Brown se apresenta como ilusionista. Ele gosta de se dizer “ilusionista psicólogo”. Em nenhum momento da façanha ele correu perigo, concordam mágicos, produtores do programa e policiais que investigaram a possibilidade do “suicídio ao vivo”. Mágico não é besta. Besta somos nós. Que acreditamos, por exemplo, em “armas iraquianas de destruição em massa”.
Brasileiros que votaram em uma pesquisa feita pela internet desmonstraram de forma esmagadora que preferem o democrata John Kerry como presidente dos Estados Unidos.
Kerry recebeu mais de 83% dos votos na pesquisa Voto Global, que envolveu uma série de veículos de mídia, incluindo as páginas da BBC na internet. O atual presidente, George W. Bush, recebeu menos de 10% dos votos, quantia pouco maior do que a recebida pelo independente Ralph Nader (quase 7%) entre os mais de 2,6 mil internautas brasileiros que participaram da votação. O resultado brasileiro não destoa do que foi registrado globalmente. De cada dez votos, Kerry recebeu mais de sete, enquanto Bush ficou com dois. Irã "Os democratas são mais sensíveis aos problemas sociais", comentou Luiz Carlos do N. Sousa, um dos internautas que votaram no levantamento. "Além do mais, Bush teve o tempo dele e não convenceu." Já o curitibano que se identificou apenas como Carlos preferiu o atual presidente porque, na opinião dele, "nós, brasileiros, precisaríamos de um presidente igual a George W. Bush para o país ser mais respeitado em todo o mundo". O Voto Global recebeu mais de 74 mil escrutínios, e Kerry ficou na frente na maioria dos países. Bush registrou os melhores resultados no Oriente Médio e no Norte da África, regiões onde ficou só um pouco atrás de seu rival democrata. Curiosamente, entre internautas que se declararam cidadãos do Irã, o atual presidente, cujo governo mantém relações tensas com o regime dos aiatolás, foi o preferido por mais de dois terços dos que participaram da pesquisa.
Situada em meio a três conjuntos habitacionais do governo, a escola pública 55 é um retrato do sul do Bronx, distrito mais pobre da cidade de Nova York, que há várias décadas é sinônimo de violência, pobreza e desemprego.
Horta no Bronx: projeto recupera espaços abandonados Entre os alunos, 97% são provenientes de famílias que vivem abaixo da linha da pobreza, a incidência de doenças é alta e as oportunidades são poucas. "Temos crianças de quatro anos de idade já sofrendo de diabetes", diz o diretor da escola, Luis Torres. Nos últimos meses, porém, a escola também se tornou a imagem de outra face do Bronx: a revitalização por meio de hortas e jardins comunitários que estão transformando a paisagem da região. Os legumes e verduras orgânicos plantados por alunos de todas as idades representam não apenas uma alternativa de alimentação saudável em uma região onde há proliferação de cadeias de fast-food mas apenas um supermercado com alimentos frescos. São também uma forma de aumentar a renda das famílias - a produção será vendida para estabelecimentos locais - e integrar a comunidade. O mesmo modelo é seguido em diversas outras partes do Bronx, onde hortas e jardins comunitários florescem em terrenos abandonados, telhados e até paredes. "Os alunos cultivam os alimentos e vendem. Com as hortas, os pais e avós começam a vir até a escola. Falamos de lição de casa, de comportamento, aconselhamento. A comida se torna um denominador comum para outras questões", disse à BBC Brasil o professor Stephen Ritz, idealizador da Green Bronx Machine, organização sem fins lucrativos responsável pela horta na escola pública 55 e em mais de 30 outros locais no Bronx. "Além disso, estamos aumentando a renda das famílias em 15% ou 20%. As famílias no sul do Bronx têm em média seis membros e renda anual de 15 mil dólares (abaixo da linha de pobreza nos EUA)", diz Ritz. Oportunidades Professor no sul do Bronx há 30 anos, ele conhece bem a região. "Há 17 mil pessoas vivendo aqui e apenas um supermercado. Muitos dos alunos são sem-teto. Vivem cercados por um ambiente de gangues, tráfico de drogas, prostituição. Há pouquíssimas oportunidades para os jovens", afirma. Ritz diz que o objetivo da Green Bronx Machine é mudar essa realidade transformando qualquer espaço abandonado ou subutilizado em hortas e jardins, ensinando aos jovens técnicas de agricultura urbana que possam se transformar em uma profissão e melhorando a saúde das comunidades. Em algumas das hortas comunitárias do bairro, cultivadas por moradores voluntários, as frutas e verduras são distribuídas para a população carente. Segundo o professor, o interesse pelo projeto é tanto que a frequência nas aulas saltou de 40% para 93%. Um exemplo da empolgação gerada pelas hortas é a John V. Lindsay Wildcat Academy, escola destinada a dar uma segunda chance para adolescentes que fracassaram em todas as outras. Os 475 alunos têm em comum uma trajetória de expulsões, abandono das aulas e até prisões antes de ingressar na escola. Lá, em um prédio industrial de cujas janelas é possível avistar a ilha de Rikers, onde fica o principal complexo penitenciário de Nova York, um grupo de estudantes cuida de uma horta hidropônica e recebe treinamento culinário. Darrel Francis ensina estudantes e adultos a montarem suas hortas O projeto, em parceria com a cadeia de supermercados online Fresh Direct, foi iniciado há apenas oito semanas, mas já é possível ver o impacto entre os alunos. "Eu costumo me entediar rapidamente com as atividades, mas na horta é diferente. Já fiquei até quatro horas depois das aulas trabalhando aqui. Não me canso nunca", disse à BBC Brasil a estudante Tamika McLean, 16 anos, aluna do segundo ano do ensino médio. Tamika chegou à Wildcats após passar por várias outras escolas sem sucesso. "As escolas não eram ruins. Eu era. Estava em um buraco e não conseguia sair", diz. Além do trabalho na horta, ela faz um estágio remunerado, pago pela escola. "Antes eu não fazia nada o dia inteiro. Agora eu quero mais para a minha vida. Quero ir para a faculdade." Os estudantes também fazem jantares por encomenda e comandam um restaurante no local. "Agora esses jovens têm empregos sustentáveis e treinamento. E mesmo que não se tornem agricultores urbanos, eles aprenderam a se alimentar de maneira saudável", diz o diretor da Wildcats, Marc Donald. Movimento As hortas e jardins comunitários se inserem em um movimento maior de revitalização do Bronx. Lojas e hotéis de luxo têm se instalado recentemente no bairro, assim como muitos ex-moradores de Manhattan em busca de aluguéis mais baratos. Dados do Censo mostram que, no ano passado, pela primeira vez em décadas, o número de pessoas que se mudaram para o Bronx foi maior do que o de moradores que abandonaram a área. Nascido e criado no Bronx, Ritz diz que nos últimos 30 anos muita coisa mudou. "A população cresceu, a taxa de ocupação cresceu. Há menos prédios abandonados, os negócios estão florescendo. É o bairro da oportunidade", afirma. O idealizador da Green Bronx Machine diz que seus projetos servem de modelo para centenas de outras hortas. Servem também de inspiração para seus próprios alunos. Darrell Francis, de 20 anos, atua ao lado de Ritz desde os 16, quando seu então professor apresentou a ideia de criar uma horta na aula de Ciências. Hoje ele instala jardins verticais e dá treinamento para outros estudantes e adultos. "Antes eu não tinha nenhuma aspiração. A comunidade em que vivo é barra-pesada. Muitas pessoas sob influência de drogas. Gangues. Eu seria mais um deles. Mas esse programa mudou tudo", disse Francis à BBC Brasil. Ele afirma que pretende continuar o trabalho ao lado de Ritz. "Quando o tempo dele passar, eu quero continuar seu trabalho, levar adiante sua visão. E fazer com que mais e mais pessoas tenham uma alimentação saudável."
O ministro do Exterior de Israel, Silvam Shalom, disse que a escolha de fantasia do príncipe Harry, da Grã-Bretanha - que se vestiu de nazista numa festa - é algo pelo qual "não se deve mostrar compreensão ou simpatia".
"O uso de símbolos nazistas é intolerável (...) Especialmente quando estamos nos preparando para celebrar os 60 anos da libertação dos campos da morte, algo que vai ser marcado por eventos como uma conferência na ONU e em Auschwitz." Fotos do príncipe, o terceiro na linha de sucessão ao trono britânico, foram reproduzidas em jornais israelenses nesta quinta-feira. A foto original apareceu no tablóide britânico The Sun, com o título "Harry, o nazista". O vice-primeiro-ministro israelense, Shimon Peres, disse que a fantasia foi inapropriada. "Talvez na próxima vez ele se vista e se comporte como um príncipe. É muito bizarro, muito estranho", disse Peres. Ignorância A festa a fantasia aconteceu no sábado e teve como tema "Nativo e colonial". O anfitrião foi o cavaleiro da equipe olímpica britânica Richard Meade. O respeitado historiador judeu da Segunda Guerra Mundial David Cesarani disse que a atitude de Harry, filho do príncipe Charles e da princesa Diana, e neto da rainha Elizabeth, foi típica da ignorância entre as pessoas mais jovens. Uma pesquisa recente conduzida pela BBC revelou que cerca de 40% das pessoas com menos de 25 anos não sabe onde ficava nem o que era Auschwitz. "Acho que o príncipe Harry pode exemplificar a ignorância lamentável entre muitos jovens", disse. Mas há quem diga que, aos 20 anos, e com acesso a uma educação de qualidade, o príncipe deveria saber o que estava fazendo. Disciplina E há quem acredite que o príncipe pare de cometer gafes desse tipo e de se envolver em confusões em boates assim que tiver que enfrentar a disciplina do Sandhurst Military College, onde ele deve começar a estudar em três meses. Mas o parlamentar trabalhista Doug Henderson, ex-ministro das Forças Armadas, afirma não acreditar que Harry esteja pronto para entrar nessa faculdade. "Acho que a fantasia de nazista vai ofender muitas pessoas que lutaram na Segunda Guerra Mundial e parentes de pessoas que morreram na guerra. E eu realmente acho que isso desqualifica Harry para Sandhurst", afirmou. O próprio tema da festa fez muita gente protestar, lembrando de um passado que a Grã-Bretanha já teria deixado para trás. O líder da oposição, Michael Howard, que é judeu, quer que Harry peça desculpas pessoalmente em público. A Casa Real emitiu uma declaração em nome do príncipe desculpando-se por qualquer ofensa. Insensibilidade O chefe de Política Externa e Segurança da União Européia, Javier Solana, também criticou Harry. "Não é uma coisa apropriada a se fazer", disse. Em Israel, Robert Rozett, diretor do Yad Vashem, o memorial nacional aos seis milhões de judeus mortos durante a perseguição nazista, disse que Harry foi insensível. "Quando um príncipe da Grã-Bretanha veste o uniforme de um soldado nazista em uma festa, indica que as lições e o significado do Holocausto não entraram realmente no entendimento e na consciência das pessoas." A história também aparece nos jornais da Alemanha. Lá também houve surpresa e desapontamento.
Um executivo que congelou o disco rígido de seu computador achando que assim conseguiria consertá-lo ocupa o topo de um ranking de problemas esquisitos com equipamentos de informática elaborado por uma empresa americana.
O ranking da Ontrack, uma empresa especializada na recuperação de dados sediada em Minnesota, inclui também o caso de uma mulher que colocou seu laptop em cima do carro, esqueceu-se e, ao arrancar, derrubou-o no chão e passou por cima dele. A empresa afirma que problemas técnicos ainda são os motivos mais comuns do mau-funcionamento de computadores, mas a falta de intimidade dos usuários com as máquinas continua causando muitos transtornos. Não só porque muita gente tenta formas desastradas de consertar o computador – como o executivo que congelou o disco rígido, uma técnica sobre a qual havia lido na internet -, mas também porque é comum perder a paciência com algum problema e descarregar a raiva na máquina indefesa. Trapalhada A empresa relata o caso de um usuário que se irritou com seu laptop e o jogou no vaso sanitário, tocando a descarga algumas vezes para tentar se livrar do aparelho. “Erros humanos, incluindo casos de ‘fúria informática’, parecem ser um fenômeno crescente”, disse Adrian Palmer, diretor da Ontrack. Mas também são comuns os casos de trapalhadas, como a dos responsáveis pela construção de um prédio que deixaram uma barra de ferro cair sobre o laptop que continha o projeto da obra. Para evitar aborrecimentos, Palmer recomenda que as pessoas não se empolguem demais com a evolução dos equipamentos e continuem dedicando tempo a salvar arquivos que lhes são caros ou importantes.
A força de paz das Nações Unidas no Haiti lançou uma operação para assumir o controle de uma das favelas mais violentas da capital, Porto Príncipe.
Centenas de soldados entraram no distrito de Cité Soleil por terra, mar e ar. Soldados do Brasil, Chile e Sri Lanka participaram da operação, assim como policiais provenientes da China e da Jordânia, disse o porta-voz das Nações Unidas (ONU), Damian Anses Cardona. A ONU afirma que permanecerá pelo menos dois meses no local antes de passar o controle da área à polícia local. Cité Soleil, onde vivem cerca de 500 mil pessoas, é um reduto de partidários do ex-presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, e é palco de intensa violência entre facções. Há notícia de que dezenas de pessoas foram mortas desde a intensificação dos choques na área, em meados de setembro. Anarquia O governo interino do Haiti criticou as forças da ONU por não fazerem o suficiente para por fim à anarquia. O Haiti, o país mais pobre das Américas, ainda vive momentos conturbados depois que Aristide partiu para o exílio no começo do ano. Os haitianos também estão se recuperando de enchentes devastadoras que mataram centenas de pessoas em maio e setembro. Em meados de dezembro, o secretário de Estado americano, Colin Powell, pediu à ONU que tome providências depois que um tiroteio ofuscou sua visita ao Haiti.
Cientistas nos Estados Unidos estão fazendo experimentos para gerar órgãos humanos em porcos.
Porca grávida de embrião híbrido em pesquisa científica Em experimentos na Universidade da Califórnia (UC), em Davis, à qual a BBC teve acesso, os pesquisadores injetam células-tronco humanas em embriões de suínos para produzir embriões híbridos apelidados de"quimeras". O termo é uma referência à mitologia grega, em que as quimeras são monstros híbridos de diversos animais - parte leão, cabra ou serpente, por exemplo. Porém, os pesquisadores esperam que as suas "quimeras" humano-suínas tenham a aparência e o comportamento normais de porcos, exceto pelo fato de que terão um órgão composto de células humanas. As pesquisas têm por objetivo solucionar a falta de órgãos humanos para transplante. Fim do Talvez também te interesse Criando 'quimeras' A criação das quimeras ocorre em duas partes. No experimento da UC, os cientistas removem o gene de um embrião recém-fertilizado de porco que levaria ao desenvolvimento do pâncreas no feto. Isso é feito aplicando-se uma técnica de edição genética (CRISPR). O resultado é um "nicho genético" na estrutura genética do embrião animal. Células-tronco humanas (iPS), capazes de se desenvolver como qualquer tecido no corpo, são então injetadas no embrião suíno. Os pesquisadores esperam que as células-tronco humanas ocupem o nicho genético no embrião de porco e gerem um pâncreas com tecido humano no feto. Os fetos se desenvolvem em fêmeas de porco durante 28 dias - o período completo de gestação é cerca de 114 dias. Após isso, as gravidezes são interrompidas e o tecido é removido para análise. Células-tronco humanas são injetadas em embriões de porco - as células podem ser vistas no tubo à direita Polêmica "Esperamos que o embrião de porco se desenvolva normalmente, mas o pâncreas será feito quase exclusivamente de células humanas e será compatível com o de pacientes esperando transplantes", disse à BBC o coordenador da pesquisa, o biólogo reprodutivo Pablo Ross. Em experimentos passados, a equipe de pesquisadores injetou células-tronco humanas em embriões de porco sem criar antes o nicho genético. Pablo Ross explica que, embora eles tenham depois encontrado células humanas em diversas partes do corpo do feto, essas células tinham "dificuldade de competir" com as células suínas. Ao apagar um gene crucial no desenvolvimento do pâncreas do porco, os pesquisadores esperam poder contornar esse desafio. A pesquisa é polêmica. No ano passado, a principal agência americana de pesquisa médica, National Institutes of Health, suspendeu o financiamento de experimentos semelhantes até que surjam mais informações sobre suas potenciais implicações. A principal preocupação é que as células humanas migrem para o cérebro dos porcos ao longo do processo, tornado-os, de certa forma, mais humanos. "Achamos que existe um potencial muito pequeno de crescimento de um cérebro humano", disse Pablo Ross, "mas isto é algo que investigaremos." 'Incubadora biológica' Outras pesquisas nos EUA estão trabalhando com quimeras híbridas de humano e suíno. Nenhuma permite o desenvolvimento do feto até o fim. Walter Low, professor do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Minnesota, diz que os porcos são "incubadoras biológicas" ideais para gerar órgãos humanos, e poderiam ser usados não apenas para gerar pâncreas, mas corações, fígados, rins, pulmões e córneas. Ele diz que no futuro os cientistas poderiam tirar as células-tronco de um paciente na fila do transplante e injetá-las em um embrião de porco com a relevante informação genética apagada, como a referente ao fígado. "O órgão seria uma cópia genética exata do fígado humano, só que muito mais jovem e saudável e não seriam necessárias tantas drogas imunossupressoras (que tentam evitar a rejeição de um órgão transplantado pelo corpo), que têm efeitos colaterais." Mas ele salientou que sua pesquisa, que usa outra forma de edição genética chamada TALEN, ainda está em estágio preliminar, à procura de identificar os genes que precisam ser removidos para evitar que os porcos desenvolvam certos órgãos em particular. Seus pesquisadores também estão tentando criar neurônios humanos a partir de embriões de porco para tratar pacientes com doença de Parkinson. Estes embriões se desenvolvem durante 62 dias. Assim como seus colegas na Califónia, Walter Low diz que sua equipe está monitorando os efeitos da pesquisa no cérebro dos porcos. "Com cada órgão, vamos olhar para o que está acontecendo no cérebro, e se estiver parecendo muito humano, não deixaremos os fetos nascerem." Sofrimento animal A edição genética, imbuída nas novas técnicas, está revitalizando a pesquisa dos chamados xenoenxertos e o conceito de usar animais para produzir órgãos humanos. Na década de 1990, muitos esperavam que porcos geneticamente modificados pudessem suprir a demanda por órgãos humanos para transplante. Acreditava-se que os transplantes entre espécies fosse se tornar uma realidade em pouco tempo. Testes clínicos foram interrompidos por temores de que os humanos fossem infectados por vírus animais. Entidades que pedem o fim da criação em larga escala de animais para fim de consumo se disseram preocupadas com as novas pesquisas. "Fico nervoso de pensar em uma nova fonte de sofrimento animal sendo aberta", disse Peter Stevenson, da organização Compassion in World Farming (Compaixão na Pecuária Mundial). "Devemos primeiro aumentar o número de doadores humanos. Se ainda assim houver escassez de órgãos, podemos considerar usar os porcos, mas desde que comamos menos carne, para não elevar o número de porcos sendo usados para fins humanos", defendeu.
"Posso passar como uma pessoa normal, uma pessoa sexual." A chinesa Diane Xie não está preocupada por não sentir atração sexual e nunca se imagina fazendo sexo com alguém.
"Sinto como se nunca soubesse como é uma atração sexual", diz ela. "Mas acho que estar livre do desejo sexual é uma coisa boa para mim, pois acho que o sexo é realmente sem sentido e não é produtivo." Embora não haja dados exatos sobre o número de pessoas que se identificam como assexuais na China, o professor canadense de psicologia Anthony Bogaert estimou que, no Reino Unido, assexuais representam cerca de 1% da população adulta. Pesquisadores chineses estimam que existam cerca de 10,8 milhões de pessoas assexuais na China, país com 1,08 bilhão de pessoas com mais de 20 anos no país, de acordo com os números mais recentes. Fim do Talvez também te interesse Assexuais na China agora estão ativos em vários fóruns on-line hospedados em alguns dos aplicativos de mídia social mais populares do país. Muitos deles trocam e compartilham experiências regularmente e até desenvolveram um vocabulário próprio. Identidade assexual Em Xangai, para Diane e outras mulheres, esse status se refere a sua orientação sexual. É diferente do celibato, a opção voluntária pela abstinência sexual, geralmente por razões religiosas. Diane tem vinte e poucos anos e estudou em Hong Kong, Reino Unido e Holanda. Ela começou a se identificar como assexual após um encontro com um holandês que conheceu na universidade. Depois, ela ficou confusa por não ter sentido nenhuma atração sexual em relação ao homem, apesar de ter gostado do encontro romântico. Por causa da falta de atração, ela pesquisou "sintomas" na internet, indo pelo caminho do autodiagnóstico. Através desse processo, ela encontrou a Aven - a Rede de Visibilidade e Educação Assexual, a maior comunidade online do mundo para pessoas assexuais. Depois de ler sua definição de assexualidade, ela descobriu sua identidade. "Todas as garotas ao meu redor eram loucas por romances, celebridades e conversavam sobre garotos, mas eu nunca tive essa inclinação", explica ela. Diane diz que, como uma mulher chinesa, lidar com os pais sobre essa identidade foi muito difícil. A cultura chinesa valoriza muito a família, e os pais ficam alarmados com a menor possibilidade de que seus filhos permaneçam solteiros e sem filhos, ela explica. Pressão de cima A pressão para se casar e ter filhos não é só da família; o governo está de olho, preocupado com a crise demográfica na China. Se no passado o país restringia o número de filhos, hoje há uma preocupação especial de que o excedente de homens no país nascidos após a década de 1970 - como resultado de um aborto seletivo por sexo - enfrente cada vez mais dificuldades para encontrar uma noiva. "Tentei muitas vezes contar aos meus pais. Agora, finalmente, minha mãe entende, e ela prometeu não me empurrar para um casamento em que eu seja infeliz, mas meu pai é muito teimoso. Ele pensa que, se eu conhecer alguém de que eu goste, vou sentir atração sexual", diz Diane. É comum para pessoas que se identificam como assexuais não serem levadas a sério. Embora existam pesquisas sobre a assexualidade na China, a falta de conhecimento sobre o assunto ainda é generalizada. 'Enorme armadilha' Mas Diane é apenas uma entre várias mulheres chinesas que estão repensando não apenas temas como sexo e relacionamentos, mas também o valor de casamento e reprodução. "Acho que a instituição do casamento não é para o benefício das mulheres, é uma enorme armadilha", diz ela. "Se a reprodução puder ser feita sem sexo e casamento, as pessoas poderão desfrutar de mais liberdade pessoal." Termino minha entrevista com Diane perguntando se ela se vê tendo um relacionamento amoroso ou se se sente sozinha. Ela diz que tem amigos íntimos, mas acredita que ficará sozinha pelo resto da vida, pois será difícil encontrar outra pessoa assexual com quem seja romanticamente compatível. Professora Day Wong da Universidade Batista de Hong Kong pesquisa assexualidade na China Arromântico ou romântico? A assexualidade está gradualmente se tornando mais conhecida como orientação sexual na China, à medida em que comunidades assexuais pipocam na internet em diferentes plataformas sociais. Somente no grupo de assexualidade Douban, existem mais de 10 mil usuários. Aplicativos populares na China, como Zhihu, WeChat e QQ, também têm comunidades sobre assexualidade com dezenas de milhares de membros. Também surgiram agências de namoro e sites que atuam como "agentes de casamento" assexuais, como www.wx920.com. A professora Day Wong, da Universidade Batista de Hong Kong, tem estudado minorias sexuais na China nos últimos cinco anos. Sua pesquisa analisa as diversas maneiras pelas quais os chineses se identificam sexualmente. Wong diz que existem várias categorias, mas reconhece que houve pedidos para tornar a classificação ainda mais representativa na faixa entre sexual e assexual. Assexuais românticos não experimentam atração sexual, mas têm atração romântica. Algumas pessoas usam o termo "amor platônico" para descrever o tipo de amor não sexual ao qual aspiram. Você pode ser heterorromântico, homorromântico ou birromântico. Por extensão, assexuais panromânticos são romanticamente atraídos por outras pessoas, mas não são limitados pelo sexo ou gênero dos outros. Assexuais arromânticos variam de preferir apenas amizades a admitir que não sentem afeto por pessoas - mesmo os pais ou outros familiares. Xu, que mora em Pequim, identifica-se como assexual panromântica que conheceu o namorado, que não é assexual, na universidade. Eles ainda estão em um relacionamento."Ele me respeita: eu realmente não quero ter uma intimidade dessa maneira (sexual). Para mim, nosso relacionamento ainda é satisfatório ", diz ela. "Eu não acho que fazer sexo seja tão confortável, mas meu namorado é heterossexual e ele tem desejos sexuais, então realmente tivemos dificuldade para encontrar soluções". Xu parece bastante otimista de que ser assexual não causará nenhuma dificuldade para ela. "Eu não acho que é uma doença, você pode viver confortavelmente e feliz como uma pessoa assexual. As pessoas não precisam se 'patologizar'." Estigmas Mulheres assexuais enfrentam vários desafios na cultura chinesa, diz Wong. De acordo com uma pesquisa online com assexuais chineses, 80% dos entrevistados indicaram que seu sexo biológico é feminino e a maioria deles atingiu o ensino universitário ou superior. "Após reformas políticas e econômicas da China, foram abertas muitas clínicas de saúde sexual, o que reforçou a importância de um casamento harmonioso. Portanto, se você não tiver desejo sexual, ficará estigmatizado porque está ameaçando a harmonia conjugal e a estabilidade social", diz ela. Nos grupos assexuais online que a professora Wong monitorou, ela encontra homens heterossexuais dizendo coisas como "se você fizer sexo comigo, se sentirá diferente". "Na verdade, é uma forma de sexismo a ideia de que os homens são melhores fazendo sexo e podem ensinar uma mulher a se tornar mais sexual", diz ela. Uma nova linguagem Em vez de se curvar a essa hostilidade, a professora Wong explica que a comunidade assexual está forjando sua própria linguagem e identidade. A comunidade usa o termo "zen" ou "caráter verde" para descrever "estar em paz com o ambiente, mas não ter afeto pelas pessoas". Na China, está em ascensão a chamada família "Dink" (sigla em inglês para 'casal com duas rendas sem filhos'). Esse conceito também descreve a vida familiar ideal para alguns casais assexuais - um relacionamento com os benefícios de uma união conjugal, mas sem a dimensão sexual. Além de apoiar o desenvolvimento de uma nova gíria e cultura para assexuais, os fóruns online fornecem uma plataforma para se conectar com outras pessoas com essa identidade pela primeira vez. Guo Xu se lembra de ter conhecido um homem assexual homorromântico, enquanto estava na universidade. Ele compartilhou que não havia ninguém com quem pudesse conversar sobre sua identidade. "Fiquei realmente emocionada com o que ele disse, porque acho que é assim que a maioria das pessoas assexuais se sente, como se precisássemos manter isso em segredo." Ela enfatiza a importância de poder compartilhar sua identidade e ser aceita pelos outros. "Precisamos respeitar a diversidade de indivíduos assexuais." Ilustração: Sumi Senthinathan Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
As forças de segurança no Iraque encontraram uma vala comum contendo cerca de cem corpos em decomposição.
A cova, descoberta em Khalis, ao norte da capital iraquiana, Bagdá, é uma das maiores achadas nos últimos meses. Representantes iraquianos e americanos disseram que não foi estabelecido quem foram os responsáveis pelas mortes, mas a vala comum pode ter sido cavada em algum momento depois da invasão do país, liderada pelos Estados Unidos, em 2003. Um porta-voz militar americano disse que a maioria dos corpos são esqueletos, o que indica que eles podem ter sido enterrados há muito tempo. Grupos de defesa dos direitos humanos acreditam que existam muitas valas comuns desse tipo no Iraque, onde milhares de pessoas que morreram durante o regime do presidente Saddam Hussein foram enterradas. Centenas de iraquianos também morreram em combates sectários desde a invasão e recentemente várias covas coletivas foram descobertas. As autoridades dos Estados Unidos e do Iraque culpam com freqüência a rede extremista al-Qaeda por mortes. Em fevereiro, uma vala comum com cerca de 50 corpos foi encontrada perto de Samarra, 100 quilômetros ao norte de Bagdá, durante uma busca por militantes da al-Qaeda, de acordo com a agência de notícias Reuters.
Autoridades britânicas que trabalham no combate ao terrorismo afirmaram à BBC que a Al-Qaeda ficou mais organizada e sofisticada e transformou o país em seu principal alvo.
Fontes da área de segurança afirmam que a situação nunca foi tão ruim, disse a correspondente de política interna da BBC, Margaret Gilmore. As autoridades acreditam que a rede está atualmente operando uma estrutura de células na Grã-Bretanha - semelhante à que foi usada pelo grupo irlandês IRA - e acredita que os ataques ao sistema de transporte de Londres no dia 7 de julho de 2005 "eram apenas o começo". Cada célula tem um líder, um oficial responsável por obter armas e voluntários. Segundo Gilmore, cada célula trabalha em planos separados e diferentes, com outra pessoa planejando e controlando várias células diferentes. Os envolvidos com as células sabiam que estavam sendo seguidos e, por isso, se reuniam em locais públicos. O treinamento estaria ocorrendo na Grã-Bretanha e Paquistão. Cinco anos Há cinco anos acreditava-se que a Al-Qaeda tinha um número de "organizações com pouca conexão" e objetivos comuns. Mas agora a rede estaria mais organizada, disse Gilmore. Autoridades de segurança temem que o grupo tenha como alvo universidades e estão "menos preocupados" com mesquitas, afirmou a correspondente. Para recrutamento, a rede tem como alvo jovens no final da adolescência e de vinte e poucos anos, segundo Gilmore. "Eles estabelecem grupos parecidos com os escoteiros, totalmente legítimos. Os que se mostram particularmente interessados, começam a receber doutrinação religiosa. Os que se mostram realmente interessados, começam a ser introduzidos aos ensinos políticos e à retórica anti-ocidental", disse a correspondente. "E aqueles que ainda demonstram um interesse maior, começam a receber treinamento técnico. As organizações também começam enviar estes para sessões que desenvolvem a união, em esportes como canoagem", afirmou. "Então você acaba com uma pequena equipe de pessoas - a célula é preparada. Muito disso acontece fora de Londres", acrescentou Gilmore. Escritórios regionais do serviço secreto britânico, MI5, que reúnem informações secretas, e polícias antiterrorismo foram estabelecidos em Manchester, Birmingham e Sheffield. O correspondente do setor de segurança da BBC, Gordon Corera, afirmou que a visão de que a Grã-Bretanha é particularmente vulnerável existe pois "pode ser mais fácil para a Al-Qaeda atacar a Grã-Bretanha do que outros alvos". Ele acrescentou que esta visão é baseada "em atividades que realmente estão sendo observadas. Planos que estão sendo frustrados, julgamentos que podem ocorrer em breve".
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que os iranianos "ultrapassaram a linha vermelha" ao retomarem seu projeto nuclear.
A declaração foi feita depois de uma reunião nesta sexta-feira, em Berlim, com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, em que os dois líderes decidiram redobrar os esforços diplomáticos para que o Irã abandone o seu projeto nuclear. O primeiro-ministro britânico disse que os dois concordaram em insistir em uma solução por meios diplomáticos para a crise. Na quinta-feira, o ministro do Exterior da França acusou o governo do Irã de ter um programa militar nuclear secreto. Ele disse que as iniciativas civis seriam apenas uma fachada para as intenções bélicas do país. Reagindo aos comentários, Merkel disse que "o Irã está se isolando internacionalmente". Na agenda da reunião entre os primeiros-ministros estavam também o processo de paz no Oriente Médio e questões sobre o comércio e o futuro da União Européia. Retirada do Iraque Na entrevista que se seguiu à reunião, Blair rejeitou os pedidos do Irã de retirada das tropas britânicas do Iraque, afirmando que elas têm "um mandato da ONU". As exigências do governo do Irã para uma retirada britânica da cidade de Basra, no sul do Iraque, foram apresentadas nesta sexta-feira pelo ministro do Exterior iraniano, Manouchehr Mottaki. A crise nuclear do Irã vem se aprofundando desde que o país anunciou que iria retomar as operações de enriquecimento de urânio neste ano. A iniciativa acabou levando a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a denunciar o país ao Conselho de Segurança da ONU. O governo de Teerã também proibiu os inspetores da AIEA de vistoriar as suas usinas. O Conselho de Segurança deve se reunir em março para decidir quais os próximos passos a serem tomados. A instituição pode até baixar sanções contra o país. Angela Merkel afirmou depois da reunião em Berlim que os dias que restam até a reunião do conselho devem ser usados para resolver a situação diplomaticamente.
Uma onda de ataques com o gás cloro atingiu o Iraque, matando pelo menos oito pessoas e deixando cerca de 350 feridos, inclusive seis soldados americanos, segundo o Exército dos Estados Unidos.
"Cerca de 350 civis iraquianos e seis soldados estão sendo tratados por exposição ao gás cloro", disse o tenente Roger Hollenbeck, segundo a agência de notícias France Presse. "As vítimas estão recebendo tratamento para sintomas como irritações cutâneas e pulmonares, e vômitos", afirmou. O gás cloro pode provocar queimaduras graves na garganta e nos pulmões, e até matar. Dois dos ataques ocorreram perto da cidade de Fallujah, e um terceiro foi realizado perto de Ramadi. Ambas estão em áreas onde atuam militantes da rede Al-Qaeda. Desde fevereiro, já foram realizados ao menos três ataques deste tipo. Caminhões O pior incidente da recente onda ocorreu na noite de sexta-feira, em um ataque suicida na entrada de um condomínio popular ao sul de Fallujah. Seis pessoas morreram e, entre os feridos, estão pelo menos 27 crianças. Logo em seguida, outros ataque na mesma região matou dois policiais iraquianos. As autoridades dizem que nos dois casos, os alvos foram atingidos por caminhões carregados de bombas. Um dos caminhões teria um tanque de 900 litros de cloro e explosivos. Segundo o correspondente da BBC em Bagdá, Hugh Sykes, disse que dois dos atentados tinham como alvo líderes tribais que recentemente criticaram a Al-Qaeda. Ainda de acordo com Sykes, o cloro é fácil de ser obtido, já que é usado como produto de limpeza. Em fevereiro, o Exército americano disse ter encontrado uma fábrica, perto de Fallujah, onde estariam sendo produzidos carros-bomba com gás cloro.
O nome sugere que se trata apenas de um filme de terror, mas A Maldição da Mulher que Chora, longa-metragem da Guatemala que foi indicado ao Globo de Ouro de 2021, é muito mais do que isso.
O filme foi escrito e dirigido por Jayro Bustamante, e estrelado pela atriz guatemalteca María Mercedes Coroy Indicado na categoria "Melhor Filme em Língua Estrangeira", o longa é uma obra histórica, em todos os sentidos. Por um lado, porque é o primeiro filme da história da Guatemala a disputar um dos prêmios mais concorridos da indústria audiovisual. Mas ele também é um filme histórico porque leva um famoso mito latino-americano — a lenda da mulher que afogou seus filhos e cuja alma, arrependida e amaldiçoada, os procura chorando à noite — para relatar um fato verdadeiro: o genocídio da população maia da Guatemala, uma das piores atrocidades da história da América Latina. Os crimes aconteceram entre 1981 e 1983, durante a guerra civil na Guatemala (que durou 36 anos, de 1960 a 1996), quando o governo militar realizou uma série de massacres de camponeses maias, acusados ​​de colaborar com guerrilheiros marxistas financiados pela União Soviética e por Cuba. Dezenas de milhares de indígenas — adultos e crianças — foram brutalmente assassinados e suas aldeias, arrasadas. Fim do Talvez também te interesse O filme recria os abusos cometidos pelos militares contra a população indígena na década de 1980 O ex-chefe de Estado Efraín Ríos Montt (1982-83) foi condenado por esses fatos em 2013, mas sua sentença foi anulada poucos dias depois. Ele morreu cinco anos depois, deixando uma ferida aberta no país. A Maldição da Mulher que Chora ("La Llorona", no original), que é coproduzida pela Guatemala e pela França, é inspirado nesses eventos. História do país A protagonista se chama Alma, uma vítima indígena dos massacres, cujos filhos foram afogados na sua frente pelos militares que ameaçaram matá-la caso chorasse. Alma começa a trabalhar como empregada doméstica na mansão de um militar aposentado, que conseguiu evitar uma condenação por crimes contra a humanidade graças a supostos erros jurídicos durante seu julgamento. À noite, o homem, agora idoso e doente, começa a ouvir o choro de Alma, levando sua família a acreditar que ele sofre de demência. Sob essa premissa, o filme revê um dos momentos mais dolorosos da história recente da Guatemala. Jayro Bustamante e María Mercedes Coroy também trabalharam juntos no filme Ixcanul, premiado durante o Festival de Cinema de Berlim em 2015. "Além do orgulho de ter um filme guatemalteco indicado, a história que ele conta é muito relevante. Obrigado", escreveu no Twitter a deputada e ex-ministra da Saúde da Guatemala Lucrecia Hernández Mack. A política foi uma das muitas pessoas que usaram as redes sociais para parabenizar o escritor e diretor do filme, Jayro Bustamante. O cineasta também recorreu às redes para expressar sua alegria com a indicação ao Globo de Ouro. "Obrigado aos @goldenglobes pela nomeação, por abraçar o nosso cinema e a história recente do nosso país que merece chegar ao público internacional", publicou após o anúncio. Premiações Bustamante, 43 anos, natural da comunidade maia de Sololá, no sudoeste da Guatemala, formou-se em Cinema em Paris antes de retornar ao seu país para fundar La Casa de Producción, produtora da maior parte de suas obras. Antes de A Maldição da Mulher que Chora, que recebeu ótimas críticas e foi eleito o melhor filme estrangeiro pelo prestigioso New York National Board of Review, o diretor já havia sido elogiado por seu filme anterior, Ixcanul, de 2015. Esse filme, que aborda outro tema delicado — o tráfico de crianças na Guatemala —, tornou-se o primeiro de origem guatemalteca a ser selecionado para concorrer oficialmente no Festival de Cinema de Berlim, onde ganhou o prêmio Alfred Bauer, que distingue filmes que "abrem novas perspectivas na arte cinematográfica." Tanto Ixcanul quanto seu longa mais recente são estrelados pela atriz guatemalteca María Mercedes Coroy. Além de representar a Guatemala no Globo de Ouro, que será entregue no dia 28 de fevereiro, A Maldição da Mulher que Chora é um dos quatro filmes ibero-americanos que concorrem ao prêmio Goya, da Espanha, no dia 6 de março. Mas só no dia 15 de março se saberá se o filme poderá chegar ao mais alto posto da indústria cinematográfica: o Oscar, cujas indicações serão anunciadas nesse dia. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
A Mattel, a maior fabricante mundial de brinquedos, anunciou nessa terça-feira o recall de mais de 18 milhões de brinquedos em todo o mundo, inclusive no Brasil.
O recall, o segundo em duas semanas, atinge brinquedos que contêm ímãs, entre eles 345 mil bonecos do personagem Batman e 683 mil bonecas Barbie, fabricados nos últimos cinco anos na China. A empresa avaliou que peças como a pá usada pela boneca Barbie para recolher o cocô de mentirinha de seu cãozinho representavam um risco. Explica-se: o artefato contém um ímã que poderia se soltar e possivelmente ser engolido por crianças. O kit do Batman da Mattel também conta com peças magnéticas que, segundo a empresa, se engolidas podem causar perfuração no intestino ou infecções fatais. A companhia conta ter recebido relatos de ímãs terem se soltado, mas afirma que nenhum dos casos resultou em ferimentos. Brasil A Mattel do Brasil disse em um comunicado que, para que o maior número de consumidores seja informado sobre o recall, a empresa irá veicular mensagens em rádios e TVs de todo o país. A empresa disse querer a colaboração de consumidores, varejistas e parceiros para que informem o maior número de pessoas possível, a fim de recolher e substituir rapidamente os itens afetados. No Brasil, foram comercializadas cerca de 850 mil unidades dos produtos que fazem parte deste recall entre 2002 e 2007, entre eles brinquedos da linha Polly, a pá do conjunto Barbie e seu cãozinho Tanner e bonecos e acessórios magnéticos do Batman. Destes, a maioria já está nas mãos dos consumidores. Segundo a empresa, os pontos de vendas estão sendo notificados para que suspendam as vendas e que retornem os brinquedos à Mattel imediatamente. Tinta A matriz da Mattel nos Estados Unidos também anunciou que fará o recall de 436 mil brinquedos da linha de carrinhos Sarge (Sargento), inspirados no universo do filme de animação Carros. Os carrinhos, que reproduzem jipes militares, continham tinta à base de chumbo em uma quantidade que excede os padrões determinados pelos Estados Unidos. O recall do Sarge não atinge o Brasil, uma vez que o lote de produtos com excesso de chumbo na pintura não foi comercializado no Brasil. O recall anunciado pela Mattel há duas semanas já havia atingido 1,5 milhão de produtos, que supostamente continham um excesso de tinta à base de chumbo. Em uma série de anúncios publicados nesta terça-feira em grandes veículos de comunicação americanos, entre eles o jornal The New York Times, a Mattel disse que está ''trabalhando duro'' para atender as preocupações dos consumidores.
Pelo menos 17 pessoas morreram e 60 ficaram feridas depois da explosão de quatro carros-bomba na manhã desta sexta-feira, na capital do Iraque, Bagdá, de acordo com a polícia local.
As explosões, que parecem ter sido coordenadas, ocorreram um dia depois que o primeiro-ministro Ibrahim Jaafari apresentou seu novo gabinete, que foi aprovado pelo Parlamento. Os ataques aconteceram no distrito sunita de Adhamiya, segundo as autoridades. Há uma expectativa de que o número de vítimas entre civis iraquianos e forças de segurança possa aumentar. Testemunhas dizem que as explosões ocorreram com intervalo de poucos minutos uma da outra. Patrulhas da polícia iraquiana ou da guarda nacional, assim como um restaurante freqüentado por essas forças, foram alvo em Adhamiya, onde insurgentes têm realizado ataques constantes. A polícia afirma que os explosivos foram detonados por militantes suicidas. Há ainda notícia de ataques em pelo menos dois outros distritos de Bagdá, inclusive Dora, no sul da cidade. Dia de oração Os atentados ocorrem no dia de orações dos muçulmanos e são os mais recentes em uma série de atos de violência insurgente nas últimas semanas. A violência coincidiu com as etapas finais do longo processo de formação do novo governo iraquiano que se seguiu às eleições de janeiro. Mesmo após sua aprovação, o gabinete tem sete cargos que vão permanecer em aberto – incluindo os Ministérios da Defesa e do Petróleo. Jaafari disse que estes postos serão preenchidos em breve. Apenas cinco dos 185 parlamentares presentes à sessão não votaram a favor do gabinete. Outros 90 faltaram à votação. Alguns dos lugares que não foram preenchidos no gabinete estariam reservados à comunidade sunita. O atraso na formação do novo governo se deveu em grande parte às tentativas para integrar a ele a minoria sunita do país. Enquanto não forem escolhidos os titulares para os cargos, o próprio Jaafari vai acumular o cargo de ministro da Defesa, e o vice-primeiro-ministro Ahmed Chalabi, o de ministro do Petróleo. Jaafari pertence à coalizão xiita que foi a mais votada nas eleições parlamentares de janeiro. Chalabi, que foi um aliado próximo dos Estados Unidos, mas mais tarde esteve em baixa, também é xiita. Trazer representação sunita no gabinete foi um dos principais problemas na formação do governo, disse o correspondente da BBC em Bagdá, Jim Muir. Há esperança de que se sunitas com credibilidade puderem ser incluídos no processo, pode-se tomar algum terreno político dos insurgentes nas comunidades sunitas onde eles operam, afirmou Muir. Um líder sunita, o vice-presidente Gazi Yawar, disse que não há sunitas suficientes no governo. "É simples. Se os xiitas não satisfizerem os sunitas árabes, eu acho que os sunitas podem simplesmente retirar seus candidatos (do governo)", disse ele.
Quatro empresas americanas de internet - que estão sendo acusadas de terem cedido às exigências do governo chinês de bloquear sites e ajudar a localizar dissidentes que se comunicam pela rede em troca de acesso ao mercado de internet do país - defenderam a cooperação com Pequim nesta quarta-feira.
No mês passado, deputados americanos acusaram as empresas - Microsoft, Yahoo, Cisco Systems e Google - de ceder à pressão do governo chinês ao censurar páginas na internet. As companhias afirmam que o acesso restrito não é o ideal, mas argumentam que, ainda assim, sua presença é válida para os chineses. O número de usuário de internet da China é o segundo maior do mundo - 111 milhões de pessoas -, perdendo apenas para os Estados Unidos. Cerca de 64 milhões de chineses tem banda larga. Prisão O democrata Tom Lantos disse a representantes das empresas durante audiência nesta quarta-feira que eles acumularam muita riqueza e poder, "mas aparentemente com pouca responsabilidade social". "Suas ações abomináveis na China são uma desgraça. Eu simplesmente não entendo como sua liderança corporativa dorme à noite", disse Lantos. O democrata também afirmou que houve "uma série de incidentes perturbantes" em janeiro deste ano, em que empresas americanas "cederam a Pequim pensando em lucro". Em 2005, o Yahoo foi acusado de fornecer informações ao governo da China que levaram à prisão de um jornalista que teria supostamente "divulgado segredos de Estado". De acordo com o grupo Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o escritório do Yahoo em Hong Kong ajudou as autoridades a estabelecer ligações entre o e-mail e o computador do repórter Shi Tao e a transmissão de informações. Shi Tao, de 37 anos, trabalhava para o jornal Contemporary Business News, na província de Hunan, antes de ser preso e condenado a dez anos de reclusão em abril de 2005. O Google também foi criticado ao anunciar em janeiro deste ano a censura de determinados sites no país. Ajuda Em declaração prepara em conjunto e apresentada para o Congresso nesta quarta-feira, as empresas pedem uma ajuda de como melhor operar na China. O governo chinês impõe duras regras no uso da internet no país, bloqueando conteúdos que considera como ameaça, incluindo referências ao massacre da praça Tiananmen. Elliot Schrage, do Google, disse que "os requerimentos para se fazer negócio na China inclui autocensura - algo que vai contra os valores básicos da empresa". No entanto, disse ele, o Google optou por entrar no mercado chinês porque "vai fazer uma contribuição importante, apesar de imperfeita, para a expansão do acesso à informação na China". O fundador da Microsoft, Bill Gates, disse no mês passado no Fórum Econômico Mundial que a censura na China não era motivo para que empresas de tecnologia deixassem de fazer negócios no país. Gates afirma que a internet "está contribuindo para o engajamento político na China" já que "o acesso ao mundo está impedindo mais censura".
Uma vacinação para a prevenção da poliomielite no norte da Nigéria, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi suspensa depois que um líder islâmico declarou que a vacinação não era segura.
Datti Ahmed Datti Ahmed, presidente do Conselho Supremo da Sharia (lei islâmica) da Nigéria, disse que notícias na internet sugeriam que as vacinas poderiam estar contaminadas com vírus "causadores de câncer, Aids ou esterilidade". A OMS rejeitou as acusações, dizendo que as vacinas são totalmente seguras. A Nigéria tem a maior incidência de casos de pólio do mundo (quase a metade) e a suspensão do programa de vacinação pode ameaçar toda a região. Plano secreto A OMS lançou sua campanha na semana passada em uma tentativa de imunizar mais de 15 milhões de crianças nas regiões ocidental e central da África. Mas os três Estados predominantemente muçulmanos no norte da Nigéria – Kano, Kaduna e Zamfara – atrasaram a vacinação ou recusaram permissão para sua realização depois que influentes líderes islâmicos disseram que a vacinação é insalubre e faz parte de um plano secreto dos Estados Unidos contra a África. Circulam rumores na região de que o plano americano teria o objetivo de "limitar a população" do país através da propagação da Aids e da infertilidade. Ahmed disse que as autoridades do norte da Nigéria querem verificar primeiro a veracidade dos rumores antes de tomarem alguma decisão sobre o prosseguimento da vacinação. O diretor da campanha da OMS contra a pólio, David Heymann, disse à BBC que as vacinas utilizadas na Nigéria não são diferentes das utilizadas para combater a doença em qualquer outra parte do mundo. Segundo ele, a pólio já havia sido erradicada nos cinco países vizinhos da Nigéria, mas começam a surgir novos casos em Níger, Burkina Faso, Togo, Ghana e Chad. O impasse pode inviabilizar a meta da OMS de erradicar a pólio em todo o mundo até o final de 2004. A poliomielite é uma doença viral aguda que afeta principalmente crianças e pode se propagar pelo simples contato físico. Ela pode causar paralisia permanente das pernas e outros distúrbios.
As galerias e os museus de Londres têm para 2004 uma programação de deixar salivando os apreciadores tanto da arte pop quanto da arte clássica.
A maior exposição de El Greco montada até hoje na Grã-Bretanha promete ser a grande campeã de bilheteria do ano. Quadros raros, grandes pinturas para altares, desenhos e esculturas do grande mestre grego prometem gerar filas gigantescas na National Gallery, a partir de 11 de fevereiro (em cartaz até 23 de maio). A Royal Academy of Arts se antecipa e inaugura já no dia 31 de janeiro a mostra Vuillard: From Post-Impressionist to Modern Master ("De Pós-Impressionista a Mestre Moderno", em tradução livre). Essa primeira retrospectiva do francês Edouard Vuillard na cidade reúne 200 trabalhos do artista – de cenas parisienses de fin de siècle a cenários para teatro de vanguarda da época – e chega a Londres depois de ter feito um tremendo sucesso em Paris, Washington e Montreal. Na agenda das artes plásticas contemporâneas destacam-se duas mostras de peso. A recém-reformada Hayward Gallery traz uma alentada amostra do influente trabalho do americano Roy Lichtenstein (de 26 de fevereiro a 16 de maio). Enquanto isso, a Tate Britain garimpa talentos locais e apresenta, de 3 de março a 31 de maio, In-a-Gadda-Da-Vida, exposição reunindo três artistas amigos e ligados ao Freeze, movimento britânico de arte dos anos 80. Uma escolha que garantirá galeria cheia: Damien Hirst, Angus Fairhurst e Sarah Lucas.
Eu e um pequeno círculo exclusivo, cult e emblemático, fazemos parte daquele que é o último bastião contra o celular.
Somos todos provectos. Todos de um tempo, para citar o cronista Rubem Braga, que por sua vez citava outro alguém, em que todas as geladeiras eram brancas e todos os telefones eram pretos. Abríamos a geladeira branca e dela tirávamos a cerveja geladinha, casco escuro, pegávamos no telefone e discávamos para um amigo ou namorada e lá ficávamos, papeando. Jogando conversa fora, feito se diz agora, embora nenhuma conversa deva ser jogada fora. Conversa é para ser gravada, em microssulco, evidente, depois arquivada e escutada de novo pela vida afora. Como se fosse uma seresta na voz de Orlando Silva ou Sílvio Caldas. Último bastião, disse eu. Pois chamamo-nos a nós mesmos de Último Sebastião, uma vez que ninguém mais dá o nome de Sebastião aos filhos e é preciso que alguém em alguma parte não deixe essa peteca onomástica cair. Do saber e do sabor Que temos nós contra o celular? Resposta simples: não é só implicância com essas pessoas todas falando tolices com aquele ar idiota pelas ruas, aparentemente em animado papo com elas mesmas, como se fossem, não só tolas, mas também loucas varridas. O celular só se justifica se for instrumento em mãos, boca e ouvido de corretor de imóveis ou vendedor de “crack”. Sabemos, conforme as pesquisas e o bom senso ditam, que 98% de todas as chamadas são absolutamente inúteis, desnecessárias, queimação de dinheiro. Sabemos mais – e nesse ponto reside nossa atitude superior --, muito mais. Sabemos que esse papo todo é a maneira da humanidade dar o seu grito de solidão, proclamar às margens de suas dependências o insuportáveel de seu silêncio interior, a falta de assunto de sua alma. Daí então que nós, do Último Sebastião, da humanidade nos apiedamos. Não vamos salvar as baleias, não temos como impedir o dióxido de carbono, não sabemos o que fazer para impedir o derretimento das calotas polares. No entanto, apesar dos aborrecimentos e fastios que cercam uma vida por todos os lados, temos ainda um resto (já tivemos mais) de pena. Uma peninha, digamos. De nós todos. Dessa gentarada jovem e indômita, que um dia, há muito tempo, quando os bichos ainda falavam, fomos: muito moços e palermas, idealistas de meia tigela e um tostão furado, acreditando que a humanidade podia e devia ser salva, fosse pelo pseudo-cientificismo marxista ou pela fé numa (como dizíamos então) “coisa maior”. É, isso mesmo. Religião nos doía os dentes se pronunciássemos a palavra. Juventude, mocidade. A ciência a seus lábios e ouvidos Estão por toda parte os aparelhinhos. Reproduzindo-se como ratos. Neles se fala, se fotografa, se registra em vídeo, se naufraga na Net, se troca desaforos em emails, se inventa linguagem nova para dizer velhices, se vê filmecos e filmões, se ouve e se vê o que não deveria ter sido nem dito ou mostrado. “Paspalhões!”, berra do outro lado da rua o ancião datado. O iPhone chega para abafar Agora já chegou o iPhone. Nele, lato sensu, muito se fala. Muitas outras coisas se faz. Todas vergonhosas ou despudoradas. Chegou primeiro, como sempre, nos EUA. Teve gente que dormiu na rua para ser das primeiras a comprar. Vem agora aqui para o Reino Unido e a Europa toda, quero crer. Os suplementos informáticos dos jornais estão cheios de considerações e palpites. Um papo dos mais técnicos entre gente leiga de vida. Isso mesmo o que eu queria dizer: quem vai de celular, ou congênere, modelos avançados ou obsoletos, é gente leiga de vida, no viver. Viver é ao vivo, lá em cima no trapézio, e sem rede em parte alguma: em cima, para se comunicar, ou embaixo, para segurar a queda. Tem mais e é pior: viver é a um só. Pode ligar o quanto quiser para o outro, que o outro não está lá. No fim das contas, não há outro. Não havia quando discávamos o número do dial no telefone preto, não há quando subimos a ladeira falando e rindo sozinho. O outro, por mais que você procure, não atende, não tem secretária eletrônica, não deixa recado. Nunca houve um outro. Nunca haverá. Continue procurando nos livros, nos filmes, na televisão, nos bares. Não há outro, repito e insisto. Não há ninguém. Talvez nem mesmo você. Aí está uma possível surpresa: o Último Sebastião pode ser você. Esquece o celular. Não há ninguém em nenhum dos dois lados da linha. Fale sozinho à vontade. Baixinho, por favor. Para o mínimo de pessoas ficar sabendo.
A primeira vez que estive na presença intimidatória do ex-sargento do Exército colonial britânico foi há 26 anos, em uma cerimônia militar na Província do Nilo Ocidental, seu distrito tribal natal.
Eu cheguei a uma velha pista de pouso da era colonial britânica, a bordo de um dos aviões de carga Hércules, que era normalmente usado para importar bens de luxo para o ditador ugandense e seus asseclas. Era um dia de calor escaldante mas Amin trajava seu uniforme de marechal de campo, com sua túnica longa, quase na altura dos joelhos, para ter espaço para todas as medalhas que ele concedeu a si próprio. Reluzendo ao sol, via-se sua Cruz de Vitória, usada pelo auto-proclamado Conquistador do Império Britânico. Idi Amin era obviamente um brigão, mas capaz de usar de um charme ameaçador. Ele não era nem um pouco burro embora dedicasse sua energia à preservação de sua própria tirania assim como à destruição e seus inimigos e daqueles que possuíam algo que ele cobiçava, como, por exemplo, uma esposa atraente. Em volta dele estavam seus aduladores, liderados por um expatriado suspeito conhecido como Major Bob. Durante horas, Amin revistou suas tropas, um de seus passatempos favoritos. Em meados de 1979, o poder estava escapando de suas mãos. Uma série de ataques absurdamente patéticos ao território da Tanzânia, por seus soldados incompetentes e freqüentemente bêbados, acabou incomodando o Presidente Nyrere. Nyrere mobilizou suas tropas. Depois de vários meses, elas já se aproximavam da capital de Uganda, Campala. O Coronel Gadaffi, da Líbia, enviou sua própria força de intervenção para tentar ajudar Amin, mas o gesto foi vão e o Exército de Uganda bateu em retirada em direção a Jinja. Masmorras de concreto Nós fomos os primeiros jornalistas estrangeiros a chegar a uma Campala acéfala e, passando pela multidão que dançava nas ruas, seguimos para o quartel-general da polícia secreta, o Birô de Pesquisa do Estado. No subsolo não havia energia elétrica. Aos tropeços, descemos a escada do prédio vazio e chegamos a um ossuário. O chão estava encharcado de sangue e os corpos das últimas vítimas do Birô jaziam na escuridão, em suas masmorras de concreto. No andar de cima havia luz. Em outra sala ampla nós encontramos, ainda operante, o equipamento de escuta do Birô. Fileiras de gravadores Akai estavam ligados à rede telefônica de Campala. Rolos de fita ainda giravam, e os lápis e blocos de anotações de funcionários que fugiram ainda estavam sobre as mesas. Quem sabe quantos telefonemas os capangas da polícia secreta interceptaram ao longo dos anos, e que resultaram em mortes? Em outra sala cheia de pastas identificadas como "Top Secret", eu encontrei documentos que traziam uma descrição detalhada da vigilância sobre meu colega da BBC, Philip Short, que acabou expulso de Uganda por Idi Amin. Depois nós nos dirigimos para os aposentos de Amin. Nossa prioridade era abrir os refrigeradores para verificar a veracidade de notícias de que às vezes ele mantinha guardadas cabeças de suas vítimas. Aliviados, não encontramos provas de que isso era verdade. Dentro de poucas semanas, Idi Amin fugiu de Uganda, provavelmente com a ajuda de Gadaffi. Encontro em Jidá Um ano depois, junto com um cinegrafista da Visnews em Nairobi, eu comecei a procurar Idi Amin. Acabamos encontrando o ex-ditador na cidade saudita de Jidá. Os sauditas haviam sido seus aliados porque, quando no poder, Idi Amin se convertera ao islamismo e ordenara a construção de mesquitas em várias partes de Uganda. Depois de semanas de negociações através de um intermediário, nós acertamos um encontro com Amin em seu esconderijo em Jidá. Idi Amin exigiu que a entrevista fosse feita clandestinamente, sem o conhecimento das autoridades sauditas. Com saudades de casa Nós tocamos a campainha e a porta foi aberta por guarda-costas sauditas nervosos. Eles não nos deixavam entrar. Idi Amin apareceu por trás deles e disse: "Esses visitantes são meus convidados. Vocês todos sabem que eu vivo aqui a convite do Rei. Não interfiram." Intimidados pela menção da Família Real, os agentes da polícia secreta saudita retiraram-se para a cozinha. Amim levou-nos à sala onde se ouvia, no máximo volume, o som de gaitas de fole de um disco de uma banda de Edimburgo, na Escócia. Depois de nos apresentar a seus dois fihos - ambos com nomes escoceses - Amim concedeu-nos uma entrevista de 45 minutos. Ele estava relaxado e, saudoso de sua terra natal, jurava que retomaria o controle de Uganda. Amin rejeitou qualquer responsabilidade pelos anos de brutalidade, pelo assassinato de opositores, pelas cenas de terror que nós testemunhamos no quartel-general da polícia secreta ugandense. O ex-líder de Uganda insistiu que tudo era invenção de seus inimigos. O que ele nos disse naquela tarde de 1980 foram mentiras do princípio ao fim. Idi Amin era o mais extravagante de um grupo de ditadores africanos sobre quem eu noticiei durante aquele período turbulento. Entre eles, estavam o Imperador Bokassa, um outro sargento do Exército que se desencaminhou, na África Central; o louco e malvado General Siad Barre, na Somália; o psicopata Sargento Doe, governante da Libéria. Apesar de haver cometido crimes contra a humanidade, Idi Amin escapou da Justiça apenas por uma razão: as autoridades sauditas protegeram um dos grandes monstros do nosso tempo.
O Partido da Frente Nacional – principal representante da extrema direita francesa - perdeu espaço nas eleições este ano depois de uma surpreendente participação no segundo turno da disputa em 2002.
Este ano o líder Jean Marie Le Pen ficou em quarto lugar – segundo sondagens e resultados preliminares - nesta quinta eleição presidencial de que participa. Ele recebeu menos de 12% dos votos, segundo resultados preliminares e pesquisas de boca de urna. Na cidade portuária de Marselha - uma das áreas onde ele tem mais força e ficou em primeiro lugar nas últimas eleições - Le Pen ficou na terceira colocação (14% dos votos), depois do candidato da direita, Nicolas Sarkozy (33%) e da socialista Ségolène Royal. "Fiz um erro de avaliação: achei que os franceses estavam descontentes. Aparentemente a população está feliz com estes políticos da esquerda e da direita que fizeram a França chegar neste estado", disse Le Pen em entrevista à rede de TV TF1, depois da divulgação dos resultados das pesquisas de boca-de-urna. O pesquisador do Instituto de Estudos Políticos de Paris, Alfredo Valadão, diz que tanto a maior participação de eleitores como os esforços da direita para ganhar votos que foram dados em 2002 a Le Pen prejudicaram o desempenho do Partido da Frente Nacional. Sarkozy "As avaliações são de que Sarkozy conseguiu levar de 20% a 25% do eleitoral de Le Pen", diz Valadão. Mas ele observa que em 2002 cerca de 28% do eleitorado – grande parte de esquerda – se absteve de votar no primeiro turno das eleições o que prejudicou seriamente o socialista Lionel Jospin e beneficiou a extrema direita. Este ano, no entanto, o interesse dos franceses nas eleições foi bem maior e abstenção ficou na casa dos 15%. Sarkozy veio diversas vezes a esta região do sul da França para cortejar eleitores de Le Pen e aparentemente ganhou simpatizantes ao adotar idéias caras aos eleitores da extrema-direita, como um maior controle sobre a imigração e sobre os estrangeiros já presentes ilegalmente no país. "Mas veja que mesmo Ségolène Royal também apresentou algumas idéias nacionalistas que agradam o eleitorado de direita, como a sugestão de que todos deveriam ter uma bandeira da França para colocar na janela em dias nacionais importantes", disse. Moderação O eleitor Hervé Fontaine votou aqui em Marselha para Nicolas Sarkozy porque acredita que o candidato tem as melhores propostas para criar mais empregos e impulsionar a economia do país. Em 2002 ele diz que votou em Le Pen como um protesto contra os políticos franceses, mas que este ano ficou satisfeito com as propostas trazidas por Sarkozy. "Acho ele uma pessoa muito séria e com boas idéias. Acho que as pessoas aqui em Marselha não se impressionaram tanto com as idéias mais radicais este ano", diz. O tunisiano Mahmoud - que veio para a França com a família 30 anos atrás – espera que esta eleição tenha "acabado de vez com Le Pen". "Mesmo que ele ganhasse uma eleição nunca iria conseguir governar. Haveria uma revolução (dos imigrantes) neste país", diz o tunisiano, que por opção nunca tirou os documentos que o tornaria cidadão francês, com direito ao voto. Mas o comerciante admite que está torcendo agora pela vitória de Ségolène Royal no segundo turno das eleições. "Quero tranqüilidade e sei que se Sarkozy ganhar as comunidades imigrantes na França vão ficar muito revoltadas. Não sei o que pode acontecer", diz ele.
Mães que dão à luz naturalmente respondem mais ao choro dos filhos do que as que fazem parto por cesariana, sugere uma pesquisa americana.
Tomografias dos cérebros de 12 mães realizadas poucas semanas depois de elas darem à luz mostraram mais atividade em áreas ligadas à motivação e emoções nas que escolheram o método natural de nascimento. A equipe da Universidade de Yale afirma que as diferenças nos hormônios gerados no nascimento podem ser a peça-chave para explicar o fenômeno. As contrações, principal característica do nascimento natural, provocam a liberação da oxitocina, um hormônio que os cientistas acreditam que desempenha um papel fundamental no comportamento das mães. O parto por cesariana não libera o mesmo hormônio. Depressão O estudo mostrou que além das diferenças de atividade em áreas do cérebro responsáveis pela resposta aos filhos, a região do cérebro que regula o humor também foi afetada de forma diferente. Por isso, os cientistas acreditam que o parto por cesariana pode aumentar o risco de depressão pós-parto. O pesquisador James Swain, que liderou a equipe de Yale, disse que a pesquisa ajuda a explicar as reações químicas que envolvem a ligação afetiva entre mães e filhos. "Nossos resultados apóiam a teoria de que as variações de condições de parto como as que ocorrem na cesariana, que alteram experiências neuro-hormonais no nascimento, podem diminuir a resposta do cérebro da mãe no começo do período pós-parto", afirma o estudo. Para o professor James Walker, da faculdade britânica Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, já se observou que mães que fizeram cesariana às vezes têm problemas de se relacionar com seus filhos. No entanto, Walker afirma que os motivos por trás dessa diferença de comportamento ainda não são conhecidos. Walker ressalta que diferenças de personalidades – e não apenas a diferença no método dos partos – poderiam explicar a diferença na reação das mães analisadas pela pesquisa da equipe de Yale. Ele também afirma que não há estudos de longo prazo que comprovam que mães que deram à luz por cesariana mantém problemas de relação com o filho no longo prazo. "Não há dúvida de que muitas mães que fizeram cesariana se tornaram ótimas mães", diz.
Os restos mortais de um homem desaparecido há duas décadas, nos EUA, foram encontrados dentro de um carro submerso em um lago graças ao Google Earth.
William Moldt tinha 40 anos quando desapareceu na Flórida em 1997 William Moldt foi dado como desaparecido em Lantana, na Flórida, em 7 de novembro de 1997. Ele tinha 40 anos na época e não voltou para casa após uma noitada em uma boate. A polícia abriu um inquérito sobre seu desaparecimento, mas a investigação não avançou, e o caso acabou sendo encerrado. Em 28 de agosto deste ano, 22 anos depois, a polícia recebeu a denúncia de que havia um carro afundado em um lago em Moon Bay Circle, Wellington, na Flórida. Fim do Talvez também te interesse Quando retirou o veículo da água, se deparou com restos mortais dentro. Uma semana depois, foi confirmado que se tratava de Moldt. Ajuda do Google Earth Imagens de satélite do Google revelaram carro afundado em lago da Flórida Detalhe da imagem do veículo submerso A delegacia do condado de Palm Beach informou na quinta-feira que "um ex-morador de Grand Isles estava fazendo uma pesquisa no Google Earth, nessa região, quando notou o que parecia ser um veículo no lago". A pessoa entrou em contato imediatamente com um ex-vizinho para contar o que achava ter visto dentro do lago, que ficava logo atrás da casa dele. Este último ativou, por sua vez, seu drone pessoal, confirmando a descoberta. E, na sequência, notificou as autoridades, conforme informou a polícia em sua conta do Facebook. Quando a polícia chegou, constatou que havia um carro submerso no lago e que estava bem calcificado por estar há bastante tempo na água. Ao retirar o veículo, encontraram os restos mortais dentro dele. "Surpreendentemente, o veículo estava claramente visível em uma foto de satélite do Google Earth da área desde 2007, mas aparentemente ninguém percebeu até 2019", publicou o site do Charley Project, banco de dados online sobre casos não resolvidos nos EUA. 'Desapareceu da face da Terra' A polícia presume que Moldt tenha perdido o controle do veículo e caído no lago, conforme informou à BBC. E afirma que, durante a investigação inicial sobre seu desaparecimento, "não havia evidências de que isso tivesse acontecido". Apenas recentemente, uma mudança no nível da água tornou o carro visível. "Não é possível determinar o que aconteceu há tantos anos", explicou Therese Barbera, porta-voz da delegacia. "Tudo o que sabemos é que ele desapareceu da face da Terra e agora foi descoberto." Na noite em que desapareceu, Moldt deixou a casa noturna às 23h, de acordo com um relatório do Sistema Nacional de Pessoas Desaparecidas e Não Identificadas. O mesmo documento acrescenta que ele era um homem tranquilo que não socializava muito, não parecia embriagado e saiu do local sozinho dirigindo o carro. "Ele não bebia frequentemente, mas tomou várias bebidas no bar", especifica o relatório. Moldt ligou para a namorada por volta das 21h30 e disse que chegaria logo em casa, mas ele nunca mais foi visto, tampouco se ouviu falar dele. A polícia já informou a família sobre a descoberta de seus restos mortais. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Soldados paquistaneses isolaram na madrugada desta quarta-feira (noite de terça-feira pelo horário de Brasília) a área ao redor da Mesquita Vermelha, na capital do país, Islamabad, onde estudantes muçulmanos estão entrincheirados depois de confrontos com as forças de segurança que deixaram pelo menos 10 mortos.
Pouco antes do amanhecer, soldados isolaram com arame farpado as ruas que dão acesso ao complexo - que inclui a mesquita e dois colégios islâmicos (madrassas), um para homens e outro para mulheres - e expulsaram jornalistas da área. O governo paquistanês ordenou a rendição dos estudantes, impôs um toque de recolher de 24 horas na área ao redor da mesquita e cortou a eletricidade do complexo. O ministro do Interior do Paquistão, Zafar Iqbal Warraich, acusou os líderes da mesquita de traição e de "manchar a imagem do Islã". Em uma coletiva de imprensa na madrugada desta quarta-feira (noite de terça-feira pelo horário de Brasília), Warraich disse que homens da polícia, do Exército e de unidades paramilitares estão posicionados ao redor do complexo, com ordens para atirar em qualquer pessoa que saia da mesquita carregando uma arma. O ministro afirmou que membros da administração da mesquita e estudantes que se renderem receberão anistia. Tanto Warraich quanto o ministro de Informação, Mohammad Ali Durrani, disseram que há planos de invadir a mesquita. Durante a noite, clérigos que atuavam como intermediários mantiveram negociações com os dois lados, mas não havia sinal de entendimento. Segundo Syed Shoaib Hasan, correspondente da BBC em Islamabad, depois da meia-noite de terça-feira as ruas ao redor da mesquita estavam desertas, e apenas as unidades paramilitares eram vistas no local. Confrontos Os confrontos de terça-feira deixaram mais de 140 pessoas feridas. Entre os mortos, estão pelo menos dois estudantes, um soldado e um jornalista. Os confrontos começaram quando a polícia tentava intensificar o cerco ao complexo, que é considerado um centro de propagação de islamismo radical na cidade. Durante horas, houve troca de tiros entre os estudantes, policiais e soldados paquistaneses. Os estudantes também atearam fogo a um prédio onde funciona o Ministério do Meio Ambiente. Segundo Hasan, um cessar-fogo foi alcançado com a intermediação de um político de uma coalizão de partidos islâmicos. Nos últimos meses, os estudantes do complexo de madrassas ligado à Mesquita Vermelha vêm desafiando abertamente as autoridades paquistanesas, fazendo uma campanha em favor da adoção da sharia (lei islâmica). Eles também são acusados de cometer crimes como a ocupação de prédios públicos e o seqüestro de policiais e de pessoas que os líderes da mesquita dizem que estão envolvidas em atividades imorais, como prostituição. Depois dos episódios desta terça-feira, o governo do Paquistão foi criticado por não conseguir manter sua autoridade na capital. O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, havia dito anteriormente que as forças de segurança não podem invadir a mesquita por medo de ataques suicidas em represália. Segundo correspondentes da BBC no Paquistão, afirma-se que os administradores da mesquita têm amigos poderosos nos serviços de segurança, o que impediu que as autoridades agissem contra eles. No entanto, de acordo com os correspondentes, depois das mortes ocorridas nesta terça-feira a situação poderá mudar.
Eles já estão entre nós. Quem vive em uma das cidades-sede da Copa do Mundo já percebeu o maior número de estrangeiros circulando pelas ruas.
Daniel (esq.) quer conhecer o país; Alfredo vem a trabalho; Ryan (dir.) tem um motivo muito pessoal. E muitos outros mais ainda estão por vir. Dos quase 2,2 milhões de ingressos vendidos pela internet, 40% foram comprados em outros países. A BBC Brasil conversou com torcedores estrangeiros para saber o que os trará ao país. Os motivos variam. Mas todos os três têm uma razão em comum: a paixão pelo futebol. Uma Copa especial para Ryan Ryan Milstein, de 22 anos, talvez seja um dos únicos australianos que virão ao Brasil durante a Copa do Mundo por uma razão tão pessoal. Ele não conseguiu acompanhar o pai e o irmão à Copa da África do Sul, em 2010, por causa de um novo trabalho na Austrália. Seu irmão Reagan sofreu um traumatismo craniano em um acidente enquanto mergulhava e não resistiu. "Era muito próximo do meu irmão, e nossa maior conexão era o futebol", diz Ryan. "Não ter estado com ele em seus últimos momentos na Copa me machucou muito. Prometi que iria ao Brasil para entender a experiência maravilhosa que ele teve, e me sentir mais conectado a ele." Será o primeiro Mundial de Ryan – e sua primeira vez no Brasil. Mas ele não fez muitos preparativos. Apenas tomou vacinas contra a hepatite A e a febre amarela. "Prefiro improvisar quando chegar. Quero eu mesmo testar as condições; faz parte da experiência." Mesmo assim, ele diz saber que precisa ter alguns cuidados ao viajar, especialmente a um pais conhecido por sua violência em assaltos. "Sei que tenho que ficar esperto para evitar situações negativas." Ryan conta ainda que sabe pelo o que foi publicado na mídia que é possível haver problemas e até mesmo hostilidades por conta das manifestações contra os gastos com a Copa. "Mas já estive no campeonato europeu na Ucrânia e na Polônia, onde a mídia alertava para o racismo e hostilidade," lembra. "Não tive problema algum, apenas energia positiva por parte dos cidadãos. Por isso, espero o mesmo do Brasil." Ele conta que está mais preocupado com os horários das viagens de uma cidade-sede para outra. "O país é muito grande, e os voos, bem caros. Será difícil chegar a alguns jogos”, diz Ryan, que viajará com a irmã e um amigo. Seu pai e a esposa também estarão no Rio de Janeiro durante toda a copa. Ele lamenta não ir a Cuiabá, onde será o primeiro jogo da seleção australiana, mas diz que a localização da cidade é “inconveniente”. "Isso faz parte. Espero que o clima de festa e celebração minimize esses contratempos”. Ryan vai para torcer pelo seu time, mas diz ser realista. "Não temos chances", diz. Ele espera que a França, onde morou quando era pequeno, ganhe. Ou o Brasil, "para vivenciar a euforia dos brasileiros". "Estou indo ao país num momento especial," explica. Além disso, a fundação criada em homenagem a Reagan, que é voltada ao futebol, doará materiais do esporte para crianças carentes no Brasil. "Isso dará um significado ainda maior para esta Copa." O 'outro' futebol americano Vindo de um país em que o futebol não tem tantos fãs quanto o beisebol, o basquete ou o futebol americano, o americano Daniel Wiersema viaja ao Brasil com a esperança de ver sua seleção avançar para a segunda fase e ajudar a popularizar o esporte nos Estados Unidos. "Os americanos adoram uma história de sucesso. Se a seleção for bem-sucedida, isso vai ajudar o futebol a crescer", disse Wiersema à BBC Brasil, enquanto finalizava os últimos preparativos para sua viagem. Na próxima sexta-feira, ele embarca para o Brasil ao lado da mulher, Anah, e de outros 530 integrantes da American Outlaws (Foras da Lei Americanos, em tradução livre), uma torcida organizada que reúne mais de 6 mil torcedores dos Estados Unidos. Às vésperas da viagem, o clima na casa do casal, em Austin, no estado do Texas, é de euforia. "Será minha primeira Copa do Mundo e primeira viagem ao Brasil", diz Wiersema. "Obviamente estamos muito empolgados. Sabemos o grande país do futebol que é o Brasil e queremos fazer parte das celebrações." Ele diz que ouviu falar sobre os protestos no Brasil e espera que as reivindicações da população brasileira sejam atendidas. "Mas também espero que, durante a Copa, possamos focar no futebol", afirma. Wiersema também pretende aproveitar as duas semanas para conhecer mais sobre a cultura brasileira e as cidades onde a seleção americana jogará - Natal, Manaus e Recife. "Queremos explorar o país ao máximo. Estamos planejando várias viagens curtas para conhecer a região onde estaremos", afirma. "É mais do que somente futebol. Quero vivenciar também o lado cultural do Brasil." Aos 31 anos, Wiersema se considera parte de uma das primeiras gerações que cresceram jogando futebol nos Estados Unidos e continuaram a acompanhar o esporte quando adultos. Neste Mundial, os Estados Unidos ficaram atrás apenas do Brasil no número de ingressos comprados para a Copa. Não é possível saber quantos desses ingressos foram vendidos para americanos e quantos para torcedores de outras nacionalidades que vivem no país, mas Wiersema acredita que o futebol vem ganhando cada vez mais espaço na cultura americana. “Cada vez mais pessoas estão virando torcedores", diz, observando que o esporte evoluiu muito desde a Copa em seu país, em 1994. Ele conta que passou a integrar a American Outlaws em 2008, um ano depois do grupo ser criado. Hoje em dia, ajuda na administração da torcida. "Somos voluntários. Todos temos outras profissões", diz Wiersema, que é professor de geografia do 6º ano do ensino fundamental. Apesar do otimismo em relação à sua seleção, o americano sabe que será difícil estar no Grupo G, o "grupo da morte", com partidas contra Alemanha, Portugal e Gana. Para ele, a seleção favorita para levar o título é a brasileira. "Especialmente sendo o país que recebe a Copa e tendo a torcida a seu favor. Em um estádio todo verde e amarelo, vai ser muito difícil para os adversários vencerem o Brasil", aposta. A dificuldade não impede, porém, que Wiersema mantenha a esperança. "Meu sonho, claro, é ver os EUA chegar à final e vencer o Brasil." Um italiano na torcida da Costa Rica O italiano Alfredo Freda sempre sonhou em ir à Copa no Brasil. Seu sonho se tornará realidade, mas não exatamente como queria. Ele acompanhará a seleção da Costa Rica e provavelmente só verá um jogo da seleção do seu país. Freda foi escolhido por sua uma fornecedora italiana de equipamentos esportivos que patrocina a seleção costa-riquenha para acompanhar o time durante o Mundial de 2014. Ele fará um blog sobre a viagem, intitulado "A caminho do Brasil com a Costa Rica". Escreve que "esta é uma grande aventura para um rapaz de Cassola", citando sua pequena cidade natal no norte da Itália. Ele diz que promoverá o time da Costa Rica – junto com a marca que representa – nas redes sociais e também com clipes no YouTube. No entanto, ter aceitado este trabalho significa que ele provavelmente verá só um jogo da Azzura. Por sorte, Itália e Costa Rica estão no mesmo grupo. Em 20 de junho, os times se enfrentarão em Recife. As duas equipes só se encontrarão de novo no torneio se ambas chegarem à final ou se disputarem o terceiro e quarto lugar. Freda verá os jogos da Costa Rica contra o Uruguai, em Fortaleza, e a Inglaterra, em Belo Horizonte. Ele torcerá para os "ticos", como são chamados os costa-riquenhos, avançarem na competição. No Brasil, Freda terá a companhia de muitos outros italianos. Segundo a Fifa, 9,5 mil italianos compraram ingressos para ver jogos da Copa. A demanda foi bem maior: 53 mil torcedores fizeram pedidos de ingressos. A Itália foi o segundo país europeu com o maior número de pedidos, atrás da Alemanha, com 58 mil. Freda, que adora futebol, está eufórico com a viagem. "Afinal, não é apenas uma Copa. É o Mundial no Brasil, a pátria do futebol”, diz.
O general Ratko Mladic foi chefe do Exército sérvio-bósnio durante a guerra da Bósnia (1992 a 1995), homem responsabilizado por muitos pelas mais graves atrocidades cometidas no conflito.
Mladic: prisão após mais de uma década foragido Ao lado do líder político sérvio-bósnio Radovan Karadzic, ele passou a simbolizar a campanha de "limpeza étnica" contra croatas e muçulmanos. Ele se tornou um dos homens mais procurados do mundo, e o fato de ter permanecido foragido por mais de uma década, se tornou uma fonte de constrangimento para a Sérvia - e o maior ponto nevrálgico na relação do país com o Ocidente. Mladic foi indiciado pelo Tribunal de Crimes de Guerra da ONU com acusações de genocídio e outros crimes contra a humanidade - incluindo o massacre de ao menos 7.500 homens e meninos muçulmanos na cidade de Srebrenica, em 1995. Depois de viver em liberdade por algum tempo, Mladic desapareceu quando o ex-presidente Iugoslavo Slobodan Milosevic foi preso, em 2001. Em outubro de 2004, ex-aliados do general Mladic começaram a se entregar ao tribunal de crimes de guerra, à medida que aumentava a pressão internacional sobre Belgrado por cooperação na caçada a responsáveis por atrocidades na guerra da Bósnia. Entre eles estavam Radivoje Miletic e Milan Gvero, ambos acusados de envolvimento na chamada limpeza étnica. A especulação aumentou sobre uma prisão iminente de Mladic após Radovan Karadzic ter sido preso em Belgrado, em julho de 2008. Comandante Imagens de corpos após ataque sérvio a Srebrenica Mladic nasceu na Bósnia, no vilarejo de Kalinovik, em 1942. Ele cresceu na Iugoslávia sob o regime de Tito, e se tornou um oficial do Exército do Povo Iugoslavo. Quando o país começou a se desintegrar em 1991, ele foi enviado para liderar a 9ª Corporação do Exército Iugoslavo contra as forças croatas, em Knin. Mais tarde, assumiu o comando do Segundo Distrito Militar do Exército Iugoslavo, baseado em Sarajevo. Em maio de 1992, a Assembléia Sérvio-Bósnia votou pela criação de um exército sérvio-bósnio, nomeando Mladic como seu comandante. Ele era considerado um dos principais artífices do cerco a Sarajevo, e, em 1995, liderou a matança promovida pelas forças sérvias em Srebrenica - a maior atrocidade cometida na Europa desde a Segunda Guerra. Forças sérvio-bósnias cercaram o enclave de Srebrenica, onde dezenas de milhares de civis - na maiorioa muçulmanos - tinham buscado refúgio de outras ofensivas sérvias no nordeste da Bósnia. O enclave estava sob proteção de forças da ONU. As forças sérvias bombardearam Srebrenica por cinco dias, antes de as forças de Mladic entrarem na cidade, acompanhadas de equipes de filmagem sérvias. No dia seguinte, ônibus chegaram para levar mulheres e crianças que se escondiam em Srebrenica a território muçulmano, enquanto sérvios separavam todos os meninos e homens muçulmanos - com idades entre 12 e 77 anos - "para interrogatório por suspeitas de crimes de guerra". Nos cinco dias após a entrada das forças sérvias em Srebrenica, ao menos 7.500 homens e meninos muçulmanos foram assassinados. Após o fim da guerra da Bósnia, Mladic voltou a Belgrado, onde gozava de apoio e proteção de Milosevic. Escondido Imagens divulgadas em 2009 mostram vida social de Mladic Ele vivia abertamente na cidade - visitando locais públicos, comenmdo em restaurantes caros e até participando de jogos de futebol. Até a prisão de Milosevic. Alguns relatos dão conta de que ele buscou refúgio em seu bunker em Han Pijesak, não muito longe de Saravejo, ou em Montenegro. Outros dizem que ele permanecer em Belgrado ou nos seus arredores. A ex-promotora do Tribunal de Crimes de Guerra Carla del Ponte afirmou que ele e Karadzic estavam na cidade em fevereiro de 2004. Ele teria problemas de saúde. Em abril de 2005, o chanceler sérvio Vuk Draskovic disse que agentes de segurança sérvios conheciam o paradeiro de Mladic. O chefe do serviço de inteligência sérvio descreveu as acusações então como "ridículas".
No país onde surgiu a covid-19, a economia está mais forte do que nunca neste ano.
China está liderando crescimento da economia mundial O governo chinês registrou na segunda-feira (19/10) um crescimento de 4,9% entre julho e setembro em comparação com o mesmo período do ano anterior. Embora seja inferior aos 5,2% esperados pelos analistas, esse número coloca a segunda maior economia do mundo na vanguarda da recuperação mundial em termos do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de riquezas produzidas por um país. No início de 2020, quando começou a pandemia, o crescimento chinês caiu acentuadamente e encerrou o primeiro trimestre com uma contração de 6,8%. O fechamento de fábricas e plantas industriais em todo o país foi um grande golpe para o gigante asiático, que, pela primeira vez, teve números trimestrais negativos desde 1992. Fim do Talvez também te interesse Nas últimas duas décadas, o país experimentou uma taxa média de crescimento econômico anual de cerca de 9%, embora o ritmo venha diminuindo gradualmente. Produção industrial cresceu 5,8%, importante reativação do setor após a pandemia "A economia da China continua a crescer a taxas que atualmente são inimagináveis para outros países afetados pela covid-19. Medidas de bloqueio draconianas para controlar o vírus, combinadas com alguns estímulos do governo, parecem ter funcionado bem", diz Robin Brant, correspondente da BBC na China. Quatro pilares podem explicar a recuperação da China neste ano. Confira. 1. O poder do comércio exterior Os principais números do crescimento econômico divulgados sugerem que a recuperação da China está se acelerando, embora os especialistas muitas vezes questionem a precisão de seus dados. "Não acho que o número exibido esteja errado", diz Iris Pang, economista-chefe para a China do banco holandês ING em Hong Kong. "A criação de empregos na China é bastante estável, o que gera mais consumo." Mas um dos principais números de setembro mostra que há uma forte recuperação das exportações de 9,9%, enquanto as importações aumentaram 13,2% em relação ao mesmo mês de 2019. "A China continua no caminho da recuperação impulsionada por uma recuperação nas exportações", diz Yoshikiyo Shimamine, economista-chefe do Dai-Ichi Life Research Institute, em Tóquio, no Japão. Fábricas paralisadas pela pandemia retomaram suas atividades por várias semanas, um dos pilares da recuperação Embora a pandemia da covid-19 tenha prejudicado as metas de crescimento neste ano, especialistas observam que a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos ainda não foi resolvida. "Embora o crescimento de 4,9% esteja um pouco abaixo de algumas projeções, a produção industrial, um bom termômetro da atividade controlada pelo Estado, superou as expectativas", diz Brant. 2. Injeções de dinheiro No início deste ano, o Banco Central da China intensificou o apoio ao crescimento e aos empregos depois que as restrições generalizadas às viagens sufocaram a atividade econômica. O governo chinês também injetou recursos na economia por meio de um pacote de estímulos fiscais. "Uma importante fonte de financiamento virá dos 'bônus especiais' do governo local", que foi de US$ 561 bilhões, disse a agência de classificação de risco Fitch, que afirma que isso triplica os recursos para projetos de infraestrutura. "Esse padrão de financiamento acabará se traduzindo em gastos", acrescenta. Governo destinou o equivalente a 3,6% do PIB para estimular a economia por meio de um pacote de ajuda fiscal. O primeiro-ministro, Li Keqiang, alertou no início de outubro que a China precisa fazer grandes esforços para atingir suas metas econômicas anuais. "Os governantes do Partido Comunista da China queriam ver um aumento na oferta de produtos, mas as vendas no varejo foram mais lentas do que o previsto" , explica Brant. 3. Retomada dos serviços No período abril-junho, o setor de serviços já apresentava uma recuperação sustentada que se consolidou entre julho e setembro. O setor terciário cresceu 4,3%, segundo dados oficiais, sustentado principalmente por empresas de software e informação, telecomunicações, transportes, além de serviços financeiros (estas últimas com alta de 7%). Vendas no varejo ainda estão aquém do previsto Analistas observam que a China, sendo o primeiro país a entrar na pandemia, também se recuperou dela muito antes das economias ocidentais, que estão vendo novas ondas de infecções e subsequentes restrições às atividades econômicas. Na China, "a recuperação de um setor de serviços muito importante" é evidente, diz o correspondente da BBC. 4. O poder do turismo A economia da China também está a caminho de obter um impulso com a chamada "Semana Dourada", um feriado anual em outubro durante o qual milhões de pessoas viajam. Com os destinos internacionais de portas fechadas, os chineses têm viajado e gastado no país, gerando um impulso para a recuperação. Segundo dados do Ministério da Cultura e Turismo, houve movimento de 637 milhões de viajantes na China durante o feriado de oito dias, com receitas equivalentes a US$ 69,6 bilhões. 'Semana Dourada' tem levado milhões de chineses a viajarem pelo país face às restrições internacionais As vendas isentas de impostos na província de Hainan mais que dobraram em relação ao ano passado — 150%, com base em dados da alfândega local. "Os turistas e viajantes domésticos provavelmente ajudaram a manter a recuperação, gastando seu dinheiro em casa, já que as restrições globais impedem que eles viajem para o exterior", diz Brant. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? 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A polícia italiana prendeu nesta semana o brasileiro Luiz Soares Marcos, de 39 anos, acusado de explorar um travesti, também brasileiro, cujo nome não foi divulgado.
O travesti, que estava ilegalmente no país, fazia ponto entre as cidades de Pisa e Follonica, na região central da Itália. De acordo com a polícia, ele entregava até 10 mil euros por mês (cerca de R$ 25 mil reais) a Luiz Soares Marcos. “Os lucros eram relevantes mas ele dava tudo para Soares porque tinha que pagar cerca de 15 mil euros só por ter sido trazido para a Itália”, disse à BBC Brasil o tenente Ângelo Murgia, da delegacia de Viareggio, cidade próxima de Pisa, que coordenou a investigação. Luiz Soares, que estava de forma regular no país, teria trazido o rapaz do Brasil, através da Hungria em 2006, com promessa de arranjar trabalho na Itália. Depois de um ano de exploração, contudo, ele resolveu denunciar o caso para a polícia, que agora está investigando para descobrir se Luiz Soares Marcos agia sozinho ou se fazia parte de uma rede de prostituição mais ampla, envolvendo italianos e brasileiros. “Soares tinha antecedentes penais por envolvimento com drogas e prostituição”, informou o tenente. Colaboração O travesti brasileiro resolveu colaborar com a polícia fornecendo informações que podem ajudar na segunda parte das investigações. A delegacia de Viareggio informou que não há dados estatísticos sobre o envolvimento de brasileiros com prostituição na região. Mas segundo o tenente Murgia, há muitos casos ente Viareggio e Torre del Lago, uma região turística, próxima ao mar, com muitos bares e boates freqüentados principalmente por homossexuais. “Há numerosos casos, principalmente envolvendo travestis brasileiros nesta área, mas houve também muitos casos de prostituição de mulheres. É só ver os anúncios nos jornais e em alguns sites na internet para entender o movimento”, informou Murgia. A maioria não tem permissão para entrar no país, segundo o policial. Eles chegam de forma clandestina, sob ameaça das pessoas que os exploram, sem conhecer ninguém nem falar a língua do país. Acabam com medo de denunciar a exploração à polícia e serem presos ou expulsos.
Os fãs de Michael Jackson retomaram sua vigília em frente ao Tribunal de Santa Maria, na Califórnia, onde os jurados do caso estão discutindo o destino do cantor.
Nesta quarta-feira os 12 jurados entraram em seu terceiro dia de deliberações para decidir se o artista é culpado ou inocente em dez acusações, incluindo a de ter abusado sexualmente de um garoto há dois anos. Jackson, 46 anos, nega as acusações, mas se for considerado culpado, pode ser condenado a 20 anos de prisão. Os fãs têm feito vigília diariamente, carregando cartazes de apoio ao cantor, incluindo um que diz "Não se meta com os fãs de MJ". Fariba Garmani, 44 anos, abriu uma caixa de onde saíram pombos brancos, enquanto os fãs gritavam "inocente". "Eles (os pombos) simbolizam a liberdade e eu tenho esperança de libertar um pombo a cada veredicto de inocência", disse ela. Viagem A fã Sudhir Kumra, de Londres, disse que tinha encontrado "algumas pessoas maravilhosas" na vigília do lado de fora do tribunal. "Você encontra algumas pessoas assustadoras também, mas isso é Michael Jackson, ele atrai todos os tipos de pessoas", acrescentou. Kumra, de 37 anos, disse que pagou 400 libras (cerca de R$ 2 mil) por um vôo de última hora para a Califórnia, porque queria dar seu apoio a Michael Jackson. Já Yukiko Kandu, 26 anos, estudante de medicina que se mudou do Japão para Los Angeles há quatro anos para ficar mais perto de seu ídolo, disse que a situação é "muito estressante". "Estou muito nervoso, posso sentir o nervosismo de todos os fãs", disse. Jackson está aguardando o resultado do julgamento em seu rancho Neverland, a cerca de 60 km de distância do tribunal, para onde muitos fãs se dirigem depois que terminam os procedimentos no tribunal.
A não ser que a situação se estabilize no Iraque logo, estrategistas americanos e britânicos terão de começar a pensar em um plano de retirada.
As forças de coalizão já estão tentando reduzir os embates com iraquianos, na esperança de que um período de relativa tranqüilidade possa emergir na véspera da entrega da soberania do país ao governo interino em 30 de junho. Essa estratégia pode levar a novas combinações de forças de segurança no Iraque, com alinhamentos mais complexos do que a coalizão imaginava inicialmente. A coalizão pode não ter alternativa senão aceitar esses alinhamentos. Mas se a política para o Iraque não funcionar e a entrega da soberania se tornar apenas um gesto simbólico, a estratégia terá que ser a redução de tropas no Iraque e, eventualmente, até a retirada total. O problema com o plano atual para o Iraque é que não existe uma data para as tropas estrangeiras deixarem o país. Não há uma estratégia clara de retirada. Todas as decisões estão em aberto para a série de três governos iraquianos que vai assumir o país nos próximos 18 meses: Como o governo interino ficará engessado por ter sido indicado pela coalizão, as eleições da Assembléia Nacional em janeiro podem ser atrapalhadas por esse assunto. Assim, o governo de transição, ao assumir, já deve exigir uma data para a retirada de tropas estrangeiras do Iraque. Mas mesmo o governo interino pode provocar tumultos já em junho, especialmente se seus integrantes se tornarem líderes políticos, em vez dos tecnocratas defendidos pelo enviado da ONU, Lakhdar Brahimi, que está coordenando os esforços de estabelecer um regime no Iraque. Desespero doméstico Um novo fator também está influenciando o cenário na região: a oposição cada vez maior nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha à ocupação. Esse sentimento tem sido alimentado pelo nojo e pelo desespero causados pelas imagens de maus tratos a prisioneiros iraquianos, e, agora, pela decapitação de um civil americano. Uma das principais lições do Vietnã é que uma guerra pode ser perdida tanto internamente como no campo de batalha. Também existe outro assunto. Acredita-se que o governo britânico possa romper com os estrategistas de Washington e exigir mudanças. Enquanto isso, a coalizão está tentando desenvolver um plano interino para reduzir a tensão. Isso ficou evidente em Falluja, onde, apesar de afirmações da coalizão de que “combatentes estrangeiros e terroristas” seriam derrotados, a cidade foi entregue a uma nova força de antigos soldados iraquianos. Agora, o general Martin Dempsey, comandante da 1ª Divisão Armada, diz que essa fórmula pode ser experimentada em outras cidades. “Nós vamos tentar esse modelo em qualquer lugar que eu estiver comandando, e acredito que vocês vão ver iniciativas semelhantes pelo Iraque”, disse Dempsey. Isso também ficou claro no episódio do clérigo xiita Moqtada al-Sadr. O general Dempsey chegou até a afirmar que ele pode entregar os assuntos de segurança na cidade santa de Najaf, onde Sadr está baseado, a tropas locais. Essas tropas incluem integrantes da milícia de Sadr. Isso seria, de fato, uma mudança significante na estratégia americana. Um oficial britânico com experiência nos assuntos iraquianos disse esta semana: “A estratégia é fazer com que iraquianos isolem Moqtada Sadr, através de líderes religiosos, governadores, conselhos provincianos e polícia.” Trata-se de uma grande mudança em relação a política anterior, que era prender o clérigo. No entanto, a última estratégia não exclui ações militares esporádicas contra a milícia de Sadr, onde for necessário, como já ocorreu em várias cidades. O Exército britânico teve que agir recentemente na cidade de Amara. “A coalizão precisa escolher o momento adequado e as táticas certas para neutralizar essas pessoas”, diz o oficial. Os americanos vêm atacando as milícias de Sadr em Karbala. A coalizão está se curvando a uma nova realidade no Iraque. Ela não consegue impor sua vontade e esse fato já é aceito por oficiais com experiência no campo de batalha. Em uma admirável série de entrevistas ao The Washington Post, importantes autoridades do Exército americano expressaram abertamente dúvidas de que os Estados Unidos conseguirão vencer no Iraque. O general Charles Swannack, comandante da 82ª Divisão Aérea, que esteve no oeste do Iraque no ano passado, disse que taticamente os Estados Unidos estão vencendo. Mas ao ser questionado sobre uma derrota “geral” americana, ele afirmou: “Acho que, estrategicamente, estamos perdendo.” O coronel Paul Hughes, primeiro diretor de planejamento estratégico no Iraque após a guerra, cujo irmão morreu no Vietnã, disse: “Aqui estou eu, 30 anos depois, pensando que vamos vencer todas as batalhas, mas que vamos perder a guerra, porque não compreendemos a guerra na qual estamos.”
Obrigar as crianças a seguirem uma dieta "vegan" – nome dado a vegetarianos radicais, que não consomem carne, leite e seus derivados – "não é ético" e pode afetar o desenvolvimento delas, segundo a cientista americana Lindsay Allen.
Allen, do Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, criticou os pais que insistem que seus filhos vivam de acordo com a máxima "carne é assassinato". A cientista disse durante encontro da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Washington, que alimentos de origem animal têm alguns nutrientes que não são encontrados em qualquer outro lugar. A Sociedade Vegan descartou essas alegações, dizendo que as pesquisas mostram que os vegans são normalmente mais saudáveis do que aqueles que comem carne. 'Desenvolvimento lento' "Já foram feitos estudos suficientes que mostram claramente que quando as mulheres evitam todos os alimentos de origem animal, os seus bebês nascem menores, crescem muito lentamente e seu desenvolvimento é retardado, possivelmente de forma permanente", disse a cientista. "Se estamos falando de alimentar crianças pequenas, mulheres grávidas ou que estão amamentando, eu chegaria ao ponto de dizer que não é ético eliminar esses alimentos (de origem animal) durante esse período da vida." Ela criticou especialmente os pais que impõem um estilo de vida vegan aos seus filhos, negando que eles tenham acesso a leite, queijo, manteiga e carne. "Não há absolutamente qualquer dúvida de que não é ético que os pais criem seus filhos como vegans rígidos", disse a cientista no encontro. Nutrientes Segundo a médica, o prejuízo para as crianças começa quando elas estão crescendo no útero e continua depois do nascimento. Pesquisa que ela fez entre crianças africanas em idade escolar sugere que duas colheres de carne por dia são o suficiente para fornecer nutrientes como vitamina B12, zinco e ferro. As 544 crianças analisadas foram criadas com dietas baseadas em farinhas e grãos de baixo valor nutricional. Durante dois anos, algumas dessas crianças receberam suplementação equivalente a duas colheres cheias de carne moída diariamente. Os dois outros grupos receberam ou um copo de leite ou um suplemento de óleo com mesmo equivalente de energia diariamente. A dieta de um terceiro grupo foi deixada inalterada. As mudanças observadas nas crianças que comeram carne e, em menor medida, beberam leite ou óleo foram dramáticas. Ao final de dois anos, essas crianças cresceram mais e tiveram melhor desempenho na solução de problemas e testes de inteligência do que as outras. Elas também se tornaram mais ativas, falantes e participativas na escola. A inclusão de carne ou leite às dietas das crianças praticamente eliminou as altas taxas de deficiência de vitamina B12 que foram observadas anteriormente. Sem solução rápida A professora Allen disse que, embora a pesquisa tenha sido feita em uma comunidade africana pobre, sua mensagem é altamente relevante para as pessoas em países desenvolvidos. Ela admite que os adultos podem evitar alimentos de origem animal se tomarem os suplementos necessários. Mas ela disse que adicionar alimento de origem animal à dieta é uma maneira melhor de atacar a desnutrição no mundo do que as soluções rápidas na forma de suplementos em pílulas. "Onde for possível, é muito melhor fazer isso por meio da dieta e não por meio de cápsulas", disse ela. "Com pílulas, é difícil ter certeza de que a quantidade de nutrientes é a correta para todo mundo." O professor Montague Demment, da Universidade da Califórnia em Davis, disse que deveria ser dada mais ênfase em alimentos de origem animal para combater a desnutrição global.
As divisões étnicas e religiosas que existem em quase todos os países árabes podem estar na origem do receio com a “federalização” do Iraque – expressado em entrevista à BBC pelo secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa – segundo analistas na região.
Embora apenas o Iraque e o Bahrein tenham maiorias xiitas entre as nações árabes, praticamente todos os outros países têm suas próprias divisões internas envolvendo outros grupos. E em todos eles – com exceção do Líbano, onde há uma divisão de poder entre sunitas, xiitas e cristãos –, são os sunitas que formam a classe dominante. Para o diretor adjunto do Centro Al-Ahram de Ciências Políticas, no Cairo, Hassan Abu Taleb, é a idéia de divisão do poder que assusta a vizinhança. “Quase todas as nações árabes têm diferentes grupos étnicos e a estratégia para lidar com isso sempre foi a centralização de poder”, diz o pesquisador. Exemplo “Se a idéia de federalização no Iraque der certo, isso pode servir de exemplo em outros países onde o poder é concentrado. Aqui no Egito, por exemplo, há uma minoria cristã copta que poderia ser inspirada a pedir mais participação no poder também”, opina.Mas Abu Taleb diz que os países árabes dificilmente vão se pronunciar abertamente a respeito do assunto. “Como quase todos enfrentam problemas semelhantes com minorias, a regra é evitar comentários com o que está acontecendo ao outro”, explica. Para o professor de Ciências Políticas da Universidade dos Emirados Árabes Unidos, Abdel Khaliq Abdallah, a discussão a respeito da Constituição mostra a dificuldade de substituir o regime centralizador ao estilo árabe adotado por Saddam Hussein. Novo sistema Para Abadallah o processo está mostrando o andamento da democracia “ao estilo iraquiano”. “É importante lembrar que este não é um documento pronto mas algo que ainda está sendo discutido e ajustado”, disse. “Este é um trabalho para os iraquianos e não para Amr Moussa (da Liga Árabe), para os Estados Unidos ou para outros países árabes”, disse. Abdallah discorda da reclamação dos sunitas iraquianos de que eles não estão sendo adequadamente representados nas discussões sobre a Constituição. “Os sunitas tiveram 15 representantes não eleitos na comissão que redigiu a Constituição, tiveram diversos artigos modificados atendendo interesses deles e ainda têm a possibilidade de rejeitar tudo no referendo de outubro.” Para o pesquisador, a preocupação das nações árabes agora é que o Iraque tenha estabilidade, independentemente de quem estiver no governo. Problemas internos Em um momento de muitas mudanças aqui no Oriente Médio, os países árabes também têm muitos problemas internos com quais se preocupar, o que pode estar diminuindo a atenção dada ao Iraque. Segundo o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento Egípcio, Mustafa Al-Fekky, é este o caso aqui no Egito. “Estamos agora chegando às eleições presidenciais no Egito. Já temos problemas suficientes aqui para nos preocuparmos também com o que está acontecendo no Iraque”, disse. Mas Al-Fekky afirmou que o governo egípcio está satisfeito em ver discussões e progressos políticos acontecendo no Iraque, mesmo que a situação por lá continue muito complicada.
O ex-presidente iraquiano Saddam Hussein saiu como o maior vitorioso das sete primeiras sessões de seu julgamento, na avaliação de um editorial publicado nesta sexta-feira pelo jornal árabe nacionalista Al-Quds Al-Arabi, publicado em Londres.
Para o jornal, Saddam “mostrou seu poder extraordinário de inflexibilidade e bravura, e se comportou todo o tempo como um estadista e um líder nacional experiente” durante o julgamento, que na quinta-feira foi suspenso até o dia 24. O editorial, assinado pelo editor-chefe do jornal, Abd-al-Bari Atwan, afirma que “a maioria dos líderes árabes não possui tais características e por isso ele é um homem livre em sua cela, enquanto os outros são prisioneiros em seus palácios”. O texto do Al-Quds Al-Arabi diz ainda que é cedo para saber o impacto que a performance de Saddam terá sobre os iraquianos, mas avalia que o julgamento é acompanhado com o maior interesse da história no Iraque e possivelmente de toda a região árabe. Para o jornal, os iraquianos “devem ter feito uma comparação com sua situação sob a ocupação estrangeira e a que tinham antes e concluído que a situação atual no Iraque e o nível de violações aos direitos humanos são muito piores do que antes da ocupação”. "Surreal" Em um texto intitulado “Hussein divide, mas não impressiona os iraquianos”, o diário americano The Christian Science Monitor afirma que muitos iraquianos acham “surreal” ver Saddam reclamando e esperando sua vez de falar e outros ficam desconcertados com a liberdade que o ex-líder vem recebendo para interromper os procedimentos. O jornal diz que as alegações de Saddam de que foi agredido pelos americanos podem estar convencendo sunitas, mas que entre os iraquianos de uma maneira geral o julgamento parece “divertido e espantoso” e que muitos duvidam da seriedade dos procedimentos. Porém o jornal diz que o julgamento ainda está longe de ser uma demonstração de grandes mudanças no país. “O fato de que grandes partes do julgamento não são mostradas, algumas vezes nos momentos mais sensíveis (há um atraso de 20 minuto em vez de uma transmissão ao vivo), leva à suspeita de que o Iraque ainda está longe de estar livre.” Maradona no Rio A curta detenção do ex-jogador argentino Maradona no Rio de Janeiro após uma confusão no aeroporto internacional Antonio Carlos Jobim ganhou destaque na mídia argentina nesta sexta-feira. O diário esportivo Ole chamou o episódio de “um dia de cinema”, dizendo que “Diego viveu de tudo no Brasil: perdeu o vôo e disse a um policial: ‘Quem você acha que é? Atira, seu p...`. Por sorte não atirou e ele pôde voltar”. O jornal relata a versão de Maradona de que foi acusado injustamente de provocar estragos no aeroporto ao não conseguir embarcar em um vôo para Buenos Aires, mas observa que a versão dos policiais e dos funcionários do aeroporto era diferente. O jornal La Nación diz que “um dia depois de participar de uma partida em homenagem ao ex-jogador brasileiro Zico, jogando 68 minutos e surpreendendo um estádio lotado de brasileiros com passes perfeitos que terminaram em gols, Maradona começou o dia de ontem detido pela polícia no aeroporto Antonio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro”. Para o jornal, “a passagem de Diego Maradona pelo Brasil teve como ingredientes um pouco da genialidade que o fez famoso no mundo e outro tanto do caráter conflituoso que persegue sua figura”. O diário Clarín, por sua vez, destacou a afirmação de Maradona de que o incidente não foi um problema relacionado com a rivalidade entre brasileiros e argentinos. Segundo o jornal, o argentino atribuiu o problema a “idiotas, que existem em todo o mundo”. Sobrinha de Bin Laden Fotos sensuais de uma sobrinha do saudita Osama Bin Laden, a aspirante a cantora Wafah Dufour, de 26 anos, foram publicadas nesta sexta-feira pelos principais tablóides britânicos. As fotos de Wafah, que vive em Nova York, foram tiradas para a edição americana da revista GQ. “O que o tio Osama vai pensar?”, diz o título do artigo publicado pelo Daily Mail, afirmando que o fato de ele ser “o homem mais procurado do mundo e sinônimo de fanatismo” torna a decisão de posar para as fotos “ou muito corajosa ou extremamente tola”. Segundo o jornal, Wafah é filha de Yeslam Bin Laden, um dos 54 filhos do pai de Osama, e trocou seu sobrenome pelo da mãe após os atentados de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos. Na ocasião, ela cursava direito na Universidade Columbia, em Nova York, mas no dia dos ataques estava visitando a mãe na Suíça. De acordo com o Daily Mail, Wafah diz nunca ter encontrado com o tio famoso e estima ter uns 200 primos. O jornal The Sun faz no seu título um trocadilho do nome do saudita com as fotos sensuais de mulheres, chamadas de “pin ups”, para dizer “It´s pins Laden”. “A pernuda sobrinha de Osama posa para fotos de revista masculina”, diz o subtítulo. Segundo o Sun, Wafah posou em Nova York, “a cidade devastada” pelo tio, mas ela tenta “enterrar a associação familiar enquanto tenta lançar sua carreira na música popular”.
Foi confirmada a presença do vírus letal H5N1 em frangos em um assentamento judaico na Cisjordânia, disse o Ministério da Agricultura de Israel, nesta quinta-feira.
Testes preliminares constataram que dezenas de aves morreram por causa do vírus na quarta-feira no assentamento de Bekaot, no Vale do Jordão. Uma zona de quarentena de dez quilômetros foi imposta em torno da granja e veterinários do governo começaram a sacrificar as aves. Na semana passada, milhares de aves morreram por causa do vírus em duas granjas israelenses a oeste de Negev, perto da Faixa de Gaza. Foi constatada a ocorrência de gripe aviária também na cidade de Rafah, no sul de Gaza, junto à fronteira com o Egito. O primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, instruiu funcionários públicos israelenses a oferecerem assistência à Autoridade Palestina para impedir a propagação do vírus em áreas palestinas. Na terça-feira, o Egito registrou seu quarto suposto caso de gripe aviária em seres humanos. No início deste mês, a emissora de televisão estatal do Egito disse que uma mulher morreu vítima do vírus H5N1. O vírus H5N1 já matou mais de 100 pessoas em todo o mundo. Ele não representa uma ameaça em larga escala para seres humanos, pois não pode ser transmitida facilmente de uma pessoa para outra. Mas, os especialistas temem que o vírus possa sofrer uma mutação e desenvolver a habilidade de fazer isso e que sua nova versão crie uma perigosa pandemia de gripe.
Um número maior de homens está desenvolvendo câncer de mama, alerta um estudo da Universidade do Texas, nos Estados Unidos.
Além da maior incidência da doença, o estudo sugere que, na maior parte dos casos, a doença somente é detectada em um estágio avançado - justamente porque câncer de mama é mais comum em mulheres do que em homens. Os pesquisadores, escrevendo na revista científica Cancer, afirmam que os "homens parecem desconhecer os riscos de desenvolverem a doença". Especialistas na Grã-Bretanha dizem que, apesar de raro, o câncer de mama masculino não deve ser ignorado. Dados Os cientistas americanos avaliaram dados sobre incidência e morte por câncer, coletados pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos entre 1973 e 1998. Eles descobriram que, nos últimos 20 anos, a incidência de tumores de mama no sexo masculino cresceu de 0.86 para 1.08 em cada cem mil homens. Os pesquisadores examinaram 2.524 casos de câncer de mama entre homens e 380.856 casos entre mulheres, diagnosticados durante este período. Uma das constatações é que os homens foram diagnosticados mais tarde do que as mulheres: aos 67 anos contra 62 anos. Os homens também estavam mais propensos a apresentar um estágio mais avançado da doença, com mais casos de metástase, quando o tumor atinge outras regiões do corpo como os nódulos linfáticos. "É irônico pensar que, na verdade, é muito mais fácil detectar tumores em mamas masculinas (pelo menor tamanho delas). Mas a doença vem sendo descoberta em estágios mais avançados nos homens. É algo ao qual eles precisam estar alertas", diz Sharon Giordano, autora principal da pesquisa. Segundo os cientistas, uma das causas da não detecção da doença é que os homens confundem câncer com uma condição benigna chama ginecomastia - ou crescimento do tecido ao redor da mama. "A ginecomastia afeta mais adolescentes, mas pode se prolongar ao longo da vida", diz Giordano. O estudo, no entanto, não percebeu diferenças no índice de mortalidade entre homens e mulheres. "Agora que estamos entendo melhor a biologia do câncer de mama masculino, mais estudos serão necessários para determinar, por exemplo, o tratamento e a prevenção ideal para os homens", completa a médica.
Os recentes assassinatos de policiais militares atribuídos à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), seguidos de outras mortes na mesma região dos ataques, sinalizam um ciclo cada vez mais intenso de retaliação e derramamento de sangue nas ruas de São Paulo, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.
Luis Kawaguti Da BBC Brasil em São Paulo Policiais militares participam de operação contra tráfico de drogas e roubo de carros em São Paulo Os sinais de uma onda de crimes de vingança se destacam no mesmo momento em que as estatísticas de criminalidade no Estado se elevam. Neste ano, mais de 80 policiais militares, da ativa e da reserva, foram assassinados. O número geral de homicídios entre janeiro e agosto também já é 7,6% mais alto que o do mesmo período do ano anterior. Nos últimos 15 dias, os conflitos se intensificaram ainda mais, com os assassinatos de quatro PMs e 21 cidadãos em quatro diferentes cidades. A maioria dos policiais sofreu emboscadas durante seus horários de folga. As investigações sobre esses últimos crimes ainda não comprovaram que os PMs foram mortos por ordem do PCC. No entanto, em casos anteriores, como o do assassinato do policial Edison Avelino de Sales, no Guarujá, em maio de 2012, o Ministério Público diz ter provas dessa relação. "Sales foi morto por membros do PCC por ser combativo e aguerrido", diz o promotor público Cássio Conserino, de Santos, em entrevista à BBC Brasil. Seguindo um mórbido padrão, em três dos quatro casos mais recentes de assassinatos de policiais, diversas pessoas foram mortas em seguida, no mesmo local, por homens mascarados. "É impossível negar que há uma linha ligando as mortes de civis e as de policiais militares", afirma o procurador Márcio Christino, especialista em investigações sobre o PCC. "Os casos estão relacionados." Uma das hipóteses investigadas pela polícia é de que os homicídios tenham sido praticados por esquadrões da morte integrados por policiais. Eles agiriam para vingar os colegas mortos. Entretanto, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, tem afirmado que outros criminosos podem estar explorando a situação e acertando contas com rivais para que a culpa recaia sobre policiais. Estratégia Para Christino, os recentes assassinatos de policiais marcam uma mudança de estratégia do PCC após uma série de ataques em maio de 2006 - que deixaram quase 500 civis e 50 servidores mortos. Segundo ele, na ocasião, as operações de grande envergadura da polícia após os ataques acabaram com a capacidade de venda de drogas e armas nas cidades onde a facção opera no oeste do Estado. "Depois de 2006, o PCC adotou a estratégia de conflitos de baixa intensidade", diz Christino, "sem a característica espetacular e midiática de antes, atingindo agora apenas seu oponente mais efetivo, a Polícia Militar". Ele acrescenta ser pouco provável que ataques da escala dos ocorridos há seis anos se repitam. Analistas sugerem, porém, que o aumento nas mortes de PMs acontece simultaneamente a um endurecimento das ações da polícia. No fim de maio, a Rota - tropa de elite da PM designada pelo governo para combater o PCC - protagonizou uma das ações mais violentas deste ano contra a facção. Seis suspeitos de integrar o grupo criminoso e acusados de planejar resgatar um detento foram mortos pela polícia. Um deles teria sobrevivido ao tiroteio inicial e sido supostamente executado a tiros pelos PMs no caminho para o hospital. Três membros da Rota foram presos durante as investigações sobre o episódio. Mensagens da prisão Facção criminosa estaria enviando ordens de vingança contra policiais de dentro de prisões Segundo Camila Nunes Dias, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do ABC, a recente onda de violência não é uma reação dos criminosos a ações mais eficientes da polícia, como sugere o governo estadual. Seria, sim, uma resposta a operações policiais mais violentas. Um sinal disso seria o fato de lideranças do PCC passarem a enviar mensagens - conhecidas como "salves" - para seus subordinados em liberdade, ordenando assassinatos de policiais militares. Uma das mensagens, enviada em maio, teria partido do detento Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, uma liderança do PCC. Segundo promotores, ele estaria ordenando vingança contra a polícia devido ao assassinato de um traficante de drogas. "Uma das diretrizes do PCC diz que, se um policial capturar um de seus membros e executá-lo ao invés de prender, a célula do PCC da região deve se vingar matando PMs", afirma Dias. Ela afirma que, dadas as circunstâncias das ações policiais que resultam em mortes de suspeitos, não se pode descartar a possibilidade que a Rota tenha tido acesso a informações de inteligência - tais como escutas telefônicas feitas pela Poliícia Militar. Essas informações deveriam ser usadas para fazer prisões de surpresa, evitando possíveis confrontos. Contudo, as características de ações ocorridas neste ano levantam a possibilidade de que elas tenham sido utilizadas apenas para encontrar os membros do PCC e entrar em confronto com eles. Procurada, a Secretaria da Segurança Pública preferiu não comentar o assunto. Controle O ex-secretário nacional da segurança pública Luiz Eduardo Soares, atualmente professor da Universidade Estácio de Sá, no Rio, afirma que picos de violência já ocorreram antes em São Paulo e ainda é impossível saber se o atual cenário é temporário ou representa uma escalada da violência. "A raiz (do problema) está na ingovernabilidade das polícias civil e militar, organizadas segundo parâmetros herdados da ditadura, associada à leniência com que autoridades da segurança pública - apoiadas por autoridades políticas - tacitamente autorizam a brutalidade policial letal em nome do rigor no combate ao crime", avalia Soares. Para ele, a tolerância com ações ilegais da polícia não reduz, mas aumenta a criminalidade e intensifica sua violência, "projetando o ciclo vicioso da brutalidade letal contra os próprios policiais". O índice de letalidade da Rota, por exemplo, vem subindo ao longo dos anos. Entre 2007 e 2011, essa elevação foi de 78% - de 46 pessoas para 82. Neste ano, 229 suspeitos foram mortos pela PM como um todo. Camila Nunes Dias diz que, ao não refrear a violência dos policiais, o Estado ajuda a legitimar o discurso do PCC - que afirma existir para proteger seus membros dos abusos do governo. "Foi feita em São Paulo uma opção pelo conflito armado", afirma a pesquisadora. "Os criminosos matam um policial, e acredito que não por coincidência, naquele local são executadas outras pessoas. Isso gera mais sede de vingança dos criminosos", acrescenta. "A meu ver, a tendência é isso se agravar se não houver uma tentativa de romper com esse ciclo vicioso. Não dá para esperar que os bandidos vão interromper isso, então a iniciativa tem que partir do lado das forças da ordem." Já o analista político Bruno Garschagen, do Instituto Millenium, avalia que não é possível afirmar que uma suposta tolerância a ações duras da polícia seja uma política do atual governo de São Paulo. Segundo ele, as forças de segurança governamentais promovem ações de maior intensidade em determinados momentos - como após atentados ou crimes que geraram comoção pública. Leia mais sobre esse assunto
A ex-candidata à Presidência da Colômbia Ingrid Betancourt completou nesta sexta-feira o seu milésimo dia em cativeiro, desde que foi seqüestrada por guerrilheiros marxistas.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) a capturaram quando ela estava em campanha eleitoral em fevereiro de 2002. Os rebeldes se negam a libertá-la, junto com outros 60 reféns políticos, até que o governo de Bogotá concorde em libertar guerrilheiros presos. As chances de Betancourt ser solta em breve parecem remotas. Carismática na política, ela é uma das principais moedas de troca mantidas pelas Farc. Eles tentam convencer o presidente Alvaro Uribe a aceitar uma troca de prisioneiros: cerca de 60 políticos, membros das forças de segurança e três americanos, em troca de centenas de guerrilheiros que estão presos. Algumas negociações incipientes para a libertação dos reféns políticos já ocorreram. Mas o governo afirma que os rebeldes condenados por assassinato ou seqüestro não serão trocados por civis inocentes. Os rebeldes das Farc não tem pressa. Alguns de seus prisioneiros foram capturados há mais de cinco anos.
A nova lei de contratos de trabalho na China deve dar maior proteção aos trabalhadores mas irá aumentar os custos com mão-de-obra, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
A lei esteve sendo debatida no decorrer da semana pelo Comitê Legislativo do Congresso Nacional Popular da China e, se aprovada, deve ser anunciada nesta sexta-feira. Entre as prováveis medidas estão o estabelecimento de um salário mínimo regional para os trabalhadores de meio-expediente, o pagamento de indenização ao fim de contratos temporários, o reconhecimento de que representantes sindicais podem assinar contratos em nome de grupos de trabalhadores e a garantia de que empregadores não podem forçar empregados a conduzir tarefas arriscadas, nem limitar a liberdade deles. “A nova lei deve encarecer o custo de produzir na China, pois prevê o pagamento obrigatório de compensações ao fim de cada contrato temporário”, explicou à BBC Brasil a advogada especializada em China, Pattie Walsh, da firma Minter Ellison de Hong Kong. Além disso, as empresas terão de apresentar justificativas para não contratar empregados depois do período de experiência. “Monitorar o desempenho desses funcionários para justificar a demissão deve aumentar os custos administrativos também”, acrescenta Walsh. Contratos temporários A lei também prevê que contratos temporários não podem ser renovados mais de duas vezes. As empresas que quiserem manter o funcionário por mais tempo precisam oferecer uma posição permanente. “Isso vai forçar as empresas a efetivar mais gente e vai dar mais segurança aos trabalhadores”, explicou o pesquisador chefe da organização de direitos trabalhistas China Labour Bulletin, Robin Munro à BBC Brasil em Hong Kong. Segundo Munro, outro ponto importante é o fato de que remunerações devem ser pagas dentro de 15 dias. “É comum os empregadores ficarem 'enrolando' e acabarem não pagando o funcionário”, diz. “O problema é que nem sempre as leis são corretamente implementadas”, pondera ele. De acordo com o pesquisador, na prática não há controle e reina a informalidade, o que dá margem a abusos por parte dos empregadores. O especialista acredita que a maior deficiência da nova legislação está no poder dado aos líderes sindicais, que são aprovados pelo Partido Comunista. Eles podem assinar contratos coletivos em nome de grupos de trabalhadores. “Não há liberdade de associação na China. Só existe um sindicato único, que é comandado pelo partido comunista. As pessoas não têm como se organizar e barganhar de verdade. A vontade do representante do governo vai sempre prevalecer”, defende Munro. Críticas Durante o processo de elaboração da lei o governo convidou a população a submeter sugestões. Mais de 190 mil idéias foram enviadas. Organizações empresariais européias e americanas submeteram cartas criticando a lei. De acordo com elas a legislação poderia encarecer muito o custo de produzir na China, forçando as empresas estrangeiras e migrar para outros paises da Ásia. As pressões dos grupos empresariais tiveram repercussão negativa na China. O jornal estatal China Daily publicou matéria com o titulo “Lei trabalhista: Não cedendo à pressão ” , na qual Xie Liangmin, um oficial da união sindical chinesa disse que as empresas estrangeiras que "...dependem de mão de obra barata para obter lucro violando direitos dos trabalhadores devem ser finalmente banidas". Segurança do Trabalho e escravidão A legislação deve determinar que é ilegal aos patrões forçar os trabalhadores a conduzir tarefas perigosas e restringir a liberdade deles. E as autoridades que ignorarem o desrespeito aos direitos dos trabalhadores poderão ser punidas. Essas medidas ganham especial importância após o enorme escândalo de escravidão descoberto neste mês. O governo estima que mais de 50 mil pessoas foram vítimas de maus tratos e trabalho forçado em olarias na província de Shanxi e outras regiões. Segundo a agencia de notícias Xinhua, o Departamento Nacional de Segurança do Tarabalho calcula que em 2005 acidentes no trabalho causaram perdas econômicas de 25 bilhões de yuans (R$ 6,4 bilhões). No mesmo ano, foram registradas por volta de 6 mil mortes por acidentes em minas de carvão.
O serviço de segurança da Rússia disse ter encontrado sinais de explosivos nos destroços de um dos dois aviões que caíram no país nesta semana.
As duas aeronaves decolaram do mesmo aeroporto de Moscou (Domodedovo) e se acidentaram com poucos minutos de diferença, deixando 89 mortos. A descoberta reforça a tese de atentado. Um correspondente da BBC na capital russa afirma que o material encontrado é o hexogênio, mesmo produto utilizado numa série de explosões de edifícios em 1999, que, segundo a Rússia, foi organizada por separatistas da Chechênia. Os resquícios de explosivos foram encontrados no local do acidente do maior dos dois aviões, um Tupolev-154, que voava rumo ao resort do mar Negro de Sochi. Versão anterior No início desta semana, o serviço de segurança russo, o FSB, afirmou que não acreditava que a queda dos aviões tivesse sido provocada por ações terroristas. Mas a empresa Sibir, que operava um dos aviões, afirmou ter encontrado indícios de que o veículo se dividiu ainda no ar, depois de uma explosão. A Sibir também disse que o avião emitiu um alerta de emergência pouco antes de ser destruído, o que poderia ser uma indicação de seqüestro. Há especulações de que rebeldes chechenos pudessem estar envolvidos, uma vez que serão realizadas eleições presidenciais na província no domingo. Os líderes dos militantes negaram envolvimento.
O ministro da Fazenda da Argentina , Hernán Lacunza, anunciou nesta quarta-feira (28) que o governo de Mauricio Macri pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) prazos maiores para pagar a dívida bilionária do país com o organismo.
O governo de Mauricio Macri (foto) tentará alongar o prazo para pagamento das dívidas, de modo que os prazos não caiam todos no próximo mandato O anúncio está de acordo com o que defendem os candidatos da oposição à Presidência. Falaram a favor da renegociação o candidato Alberto Fernández, da chapa Frente de Todos - cuja vice é a ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner - e o ex-ministro da Fazenda Roberto Lavagna, da coalizão Consenso Federal. Fernández e Lavagna reclamam que os vencimentos da dívida argentina - de cerca de US$ 57 bilhões - estão concentrados no próximo mandato, enquanto a maior parte da liberação do dinheiro já foi realizada durante o governo Macri. Segundo Lacunza, a Argentina pedirá a renegociação dos prazos previstos para pagar a dívida de um acordo assinado no ano passado, mas sem a reduzir do valor do que deve ser pago ao Fundo. O governo argentino tenta assim deixar claro que não se trata de um calote ou tentativa de redução da dívida, como confirmaram economistas ouvidos pela BBC News Brasil. "Nosso objetivo é a estabilidade cambial e econômica da Argentina, dando as ferramentas necessárias para o próximo governo", disse Lacunza ao falar sobre a iniciativa, ressaltando que o próximo governo pode ser de Macri, que busca a reeleição, ou da atual oposição. Fim do Talvez também te interesse A chapa de Fernández (dir.) e Kirchner abriu 15 pontos de vantagem em relação a Macri nas primárias argentinas, em 11 de agosto Lacunza assumiu o Ministério da Fazenda argentino dias atrás após a renúncia do antecessor, Nicolas Dujovne. Pouco depois da fala dele, a pasta divulgou uma nota oficial sobre o tema. "Depois de ter cumprido estritamente todas as metas fiscais e monetárias do acordo com o Fundo, e para dar continuidade ao acordo em vigor, propusemos a este organismo internacional iniciar o diálogo, que deverá ser concluído no próximo mandato, para mudar o perfil os vencimentos da dívida com o FMI", diz o texto. Em Washington, segundo a imprensa argentina, o FMI informou que "continuará ao lado da Argentina" e que o país "tomou um passo importante para preservar a liquidez e as reservas (do Banco Central argentino)", mas que "analisará" o impacto da proposta de Buenos Aires. Para o economista argentino Orlando Ferreres, da consultoria econômica Ferreres e Associados, o pedido de maior prazo para o pagamento da dívida ao FMI "não será resolvido de um dia para o outro". Segundo ele, o pedido argentino "pode não ser algo fácil de ser atendido", já que dependerá da decisão dos países que lideram o Fundo e "colocam o dinheiro neste empréstimo" para a Argentina. Além do pedido ao FMI, Lacunza informou que os prazos de pagamentos de títulos do país comprados pelo setor privado serão modificados. Para Ferreres, nesse caso o governo está declarando moratória, que significa atraso ou revisão dos prazos de pagamentos previstos. Macri e a francesa Christine Lagarde, quando ela dirigia o FMI O ministro justificou as iniciativas, dizendo que elas foram tomadas após a volatilidade registrada nos últimos dois dias no mercado financeiro argentino, com nova alta do dólar. Os argentinos costumam poupar na moeda americana, e variações no dólar têm grande impacto sobre a inflação no país. Nesta quarta-feira, o dólar fechou na casa dos 60 pesos. O economista Matías Rajnerman trabalha na empresa de consultoria econômica Ecolatina, fundada pelo ex-ministro Lavagna. Para ele, a renegociação com o setor privado representa "uma ruptura de contrato", já que a Argentina não pagará aos investidores no prazo prometido. "A Argentina está dizendo (aos que compraram títulos do país): 'vou pagar, mas no prazo que posso pagar'", afirma o economista. Ele também observou que, neste caso, como no do FMI, não se trata de "calote" ou "redução da dívida", ou de "moratória": "A Argentina está dizendo 'devo e pagarei, mas num prazo maior'". 'Default técnico' Para o economista Diego Martínez Burzaco, ao mudar os prazos de pagamentos dos títulos do setor privado, a Argentina "está em um virtual default técnico" e não se sabe como o mercado financeiro reagirá. Para o economista Martín Vauthier, a Argentina "vive principalmente um problema político, que está contaminando o (sistema) financeiro". A decisão do governo Macri foi tomada após dois dias de forte incerteza no mercado financeiro e na política local. No fim de semana, Macri recebeu o apoio de simpatizantes num ato em frente à Casa Rosada, a sede da Presidência argentina. Esta foi a primeira manifestação registrada após Macri ser derrotado pelo candidato opositor Alberto Fernández e sua candidata a vice-presidente, a ex-mandatária argentina Cristina Kirchner. Jair Bolsonaro e Macri em junho, durante visita do presidente brasileiro à Argentina: o país vizinho é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil Os dois abriram mais de 15 pontos de vantagem sobre a chapa de Macri nas primárias partidárias argentinas, realizadas em 11 de agosto. O desempenho da chapa opositora deixou a impressão, segundo analistas, de que o país viveu um primeiro turno eleitoral antecipado. Agora, a dois meses do primeiro turno, no dia 27 de outubro, cada fala de Alberto Fernández tem forte influência no mercado financeiro e no tabuleiro político local. Nesta semana ele emitiu comunicado criticando fortemente o acordo assinado por Macri com o FMI. Fernández responsabilizou Macri e o organismo pela "catástrofe social" vivida pela Argentina. Fernández disse ainda que o empréstimo não serviu para melhorar a economia do país e que, ao contrário, só piorou o quadro recessivo. Sua fala provocou críticas do governo e alimentou especulações de que ele, se eleito, poderia decidir não cumprir com os pagamentos da dívida. O candidato a vice de Macri, senador Miguel Ángel Pichetto, disse que Fernández e Cristina "querem incendiar o país" antes da posse do novo presidente. O eleito pelos argentinos neste ano assumirá o poder em 10 de dezembro. Nesta quarta-feira, após os anúncios de Lacunza, analistas políticos e econômicos diziam que a reação dos mercados dependerá também de "como Fernández reagirá aos anúncios do governo Macri". Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
A dependência de smartphones e da tecnologia moderna pode trazer o Anticristo à Terra, alertou o patriarca Kirill, líder da Igreja Ortodoxa Russa.
'O Anticristo é a pessoa que estará à frente da internet, controlando toda a humanidade', disse Kirill Nas redes sociais, muitos usuários reagiram à declaração do religioso com humor e ceticismo, enquanto outros acusaram a Igreja de "servir ao governo". Em entrevista à rede de televisão estatal russa, Kirill disse que quem usa smartphone deve ter cuidado ao utilizar a "internet móvel" porque representa "uma oportunidade de ganhar controle global sobre a raça humana". "O Anticristo é a pessoa que estará à frente da internet, controlando toda a humanidade", afirmou. "Toda vez que você usa seu gadget (dispositivos como celulares, tablets e laptops), quer você goste ou não, quer você habilite ou não a localização, alguém pode descobrir exatamente onde você está, saber exatamente quais são seus interesses e do que você tem medo", disse o religioso ao canal Rossiya 1. Fim do Talvez também te interesse "Mais dia, menos dia os dispositivos e a tecnologia não vão apenas fornecer acesso a todas as informações, mas também vão permitir o uso dessas informações." "Você imagina o poder que estará concentrado nas mãos daqueles que ganham conhecimento sobre o que está acontecendo no mundo?" "Esse controle de um ponto é um presságio da vinda do Anticristo". Kirill afirmou que a sua Igreja não é contra o "progresso tecnológico", mas contra "o desenvolvimento de um sistema que visa controlar a identidade de uma pessoa". Nas redes sociais, no entanto, nem todos os usuários estavam convencidos. "A Igreja não é contra a ciência e o progresso tecnológico, mas está preocupada com a liberdade do indivíduo. Aham, claro", brincou um usuário do Twitter. "Sorria, o Anticristo está prestes a chegar", tuitou outro, publicando a foto de uma mulher tirando uma selfie com Kirill e outros representantes da igreja. Kirill é próximo ao presidente russo, Vladimir Putin, que participa de celebrações importantes da Igreja e já fez uma peregrinação ao Monte Athos, na Grécia, e a outros locais ortodoxos considerados sagrados. Muitos sacerdotes ortodoxos russos se identificam com a agenda nacionalista do presidente. Em uma época em que a liberdade para navegar na internet está cada vez mais restrita na Rússia - e as autoridades estão tentando criar uma internet russa independente - essa proximidade levou alguns usuários a acusar Kirill de emprestar sua autoridade divina à política do governo. "Eles proíbem a internet internacional na Rússia para que o Anticristo não apareça", observou um usuário no Twitter. No último sábado, a Igreja Ortodoxa da Ucrânia se separou da Igreja Ortodoxa Russa, a que estava subordinada por séculos, formalizando uma decisão anunciada em outubro. O movimento de independência provocou uma reação furiosa em Moscou e aprofundou a cisão na Igreja Ortodoxa mundial. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O maior grupo rebelde da Libéria, Liberianos Unidos pela Reconciliação e Democracia (Lurd), declarou um cessar-fogo nos combates contra tropas do governo, na capital Monróvia.
Mas de acordo com um porta-voz do grupo, os rebeldes voltarão à ofensiva se forem atacados. A agência de noticias Reuters diz que o Ministério da Defesa do país também aceitou a trégua. Segundo um correspondente da BBC, houve realmente uma pausa no conflito. Ele contou ainda que as forças do governo empurraram os rebeldes para fora da cidade. Subúrbios Assustadas, nos últimos dias aproximadamente 250 mil pessoas dormiram ao relento para fugir dos combates realizados nos subúrbios. Mediadores do Oeste da África haviam suspendido as conversas de paz depois de perceberem que o confronto continuava na manhã desta sexta-feira. Os rebeldes declararam ter pedido o cessar-fogo para evitar "uma grotesca catástrofe humana em Monróvia". Soldados do governo chegaram a desfilar anunciando vitória na reconquista do porto da cidade. Mas refugiados que estavam na região mostraram-se preocupados com a violência. "Se o porto foi ou não reconquistado não é importante", disse uma refugiada. "O que nós queremos é voltar para casa em paz." Agências humanitárias dizem que estão trabalhando contra o relógio para instalar serviços de água e saúde para impedir o surgimento de doenças nos acampamentos de refugiados. Segundo autoridades, o principal hospital da cidade está superlotado. A comida está acabando em vários lugares e os preços dispararam. Além do porto, soldados tentam recapturar o bairro de Doala, no noroeste de Monróvia. O presidente George W. Bush pediu a renúncia do líder liberiano, Charles Taylor, "para que o país se livre de um banho de sangue", disse Bush. Os rebeldes também pedem a renúncia imediata do presidente. Tropas do governo retiraram as forças rebeldes da cidade na quinta-feira, mas novas batalhas foram registradas durante a madrugada. Também há relatos de saques dos dois lados. Do lado de fora da embaixada americana, vários corpos foram estendidos inclusive os de crianças. Manifestantes pediam uma intervenção americana para colocar fim ao conflito. Os Estados Unidos disseram que não têm planos de enviar tropas para a Libéria, que foi fundada no século 19 por escravos americanos libertos. O cessar-fogo da semana passada fracassou depois que o presidente Taylor disse que não sairia do governo antes de janeiro. Um tribunal de guerra supervisionado pela ONU em Serra Leoa emitiu uma ordem internacional de prisão contra Taylor, acusado de sustentar grupos rebeldes brutais em Serra Leoa.
A polícia da Índia isolou grande parte da capital do país, Nova Déli, e fez um apelo por calma após a morte de uma mulher que foi vítima de um estupro coletivo que causou revolta em todo o país.
Mulheres estão entre policiais convocadas para conter protestos A mulher de 23 anos de idade, que não foi identificada, morreu na manhã de sábado em um hospital de Cingapura, onde tinha sido levada para tratamento especializado. A jovem já havia passado por três cirurgias em Nova Déli antes de ser transferida para Cingapura. De acordo com os médicos, a causa da morte foi dada como falência múltipla dos órgãos causada por severos ferimentos ao corpo e ao cérebro. Seu corpo deverá ser levado de volta para a Índia. O ataque realizado no dia 16 de Dezembro desencadeou violentos protestos de rua na Índia, que deixaram um policial morto. Seis homens foram presos em conexão com o estupro e dois policiais foram suspensos. Reuniões proibidas Após a divulgação da morte da jovem, a polícia isolou uma vasta área do centro de Nova Déli, fechou uma série de estações ferroviárias e pediu a viajantes que não venham à cidade. Centenas de policiais armados e tropas de choque foram convocados, entre elas muitas mulheres policiais. A polícia da Índia e o comissário de Nova Déli, Neeraj Kumar, pediram que a população mantenha a calma. Manifestante exibe cartaz com a frase 'Enforquem o estuprador' Reuniões de mais de cinco pessoas foram proibidas no centro da cidade. Mas na manhã deste sábado, centenas de pessoas se reuniram no observatório Jantar Mantar, uma das áreas da cidade onde os protestos estão permitidos, segundo o repórter da BBC na cidade, Sanjoy Majumder. E ativistas indianos já estão pedindo a realização de protestos por todo o país. Quadro delicado A equipe do Hospital Mount Elizabeth, em Cingapura, onde a jovem estava internada, disse que ela ''faleceu em paz'', neste sábado, tendo sua família a seu lado. Seu quadro era extremamente delicado, ela sofrera uma parada cardíaca, uma infecção no pulmão e no abdômen, além de dano cerebral. Ela havia pego um ônibus com seu amigo na região de Dwarka, no sudoeste de Nova Déli. Dentro do ônibus ela foi violentada durante uma hora por diversos homens. Depois, ela e o amigo foram espancados com barras de ferro e lançados para fora do ônibus nus e com o veículo em movimento. Somente neste ano, mais de 630 casos de estupro já foram registrados em Nova Déli, conhecida no país como "capital do estupro". Medidas do governo O governo está tentando conter a indignação popular por meio de novas medidas punitivas e de prevenção contra crimes sexuais. Entre as propostas está o aumento no número de patrulhas noturnas, a checagem de motoristas de ônibus e a proibição de vidros escuros ou de cortinas em veículos de transportes público. O governo também prometeu publicar na internet fotos, nomes e endereços de estupradores condenados pela Justiça. Duas comissões foram estabelecidas – uma para acelerar o julgamento de casos de estupro e outra para examinar os erros cometidos no incidente específico de Nova Délhi. Leia mais sobre esse assunto Tópicos relacionados
O massacre na escola de Newtown, Connecticut, horrorizou os EUA. Mas que impacto, se é que haverá algum, isso terá no debate sobre as leis de armas no país?
Jon Kelly BBC News Magazine EUA têm 88,8 armas de fogo para cada 100 habitantes Até numa nação com um histórico de ataques a tiros - Columbine, Virginia Tech, Aurora e muitos outros -, as mortes de 20 crianças na Escola Sandy Hook são particularmente chocantes. A tragédia reabre o debate sobre mais controle na venda de armas. Logo depois do massacre, o presidente Barack Obama pediu "ações significativas", acrescentando: "Como país, passamos por isto vezes demais". Segundo um estudo de julho da revista de esquerda Mother Jones de 62 massacres ocorridos no país desde 1982, 75% das 139 armas usadas pelos atiradores haviam sido obtidas legalmente. Dessas, mais de 60 eram semiautomáticas e mais de 30 eram armas de combate. Mas num país com estimados 300 milhões de armas, onde o direito de portá-las é mencionado na Constituição, defensores do controle de armas estão cansados de advogar que uma mudança é possível. Menos apoio a restrições Trata-se, afinal, do país onde a National Rifle Association (NRA), organização pró-armas, tem mais de 4 milhões de membros. Segundo a pesquisa Small Arms Survey, havia 88,8 armas de fogo para cada 100 americanos em 2007. Para James Jacobs, diretor do Centro de Pesquisas em Crime e Justiça da Universidade de Nova York, o apoio a uma legislação mais dura para o porte de armas tem declinado nos últimos anos, junto com a queda na taxa de crimes violentos. "Todo o ímpeto político dos últimos 20 anos tem sido favorável aos direitos dos portadores de armas", diz. Ímpeto político tem favorecido defensores do porte de armas, diz especialista Em 2008, a Suprema Corte decidiu que a Segunda Emenda constitucional dá aos americanos o direito de possuir armas para uso pessoal, e não apenas para proteger o direito coletivo dos Estados de manter milícias. A Câmara dos Representantes (Deputados) é atualmente controlada pelo Partido Republicano, que tem laços com o NRA. O ex-presidente republicano George W. Bush permitiu que um veto a armas de combate expirasse, em 2004. Ao mesmo tempo, os reveses de políticos democratas que apoiaram leis de controle de armas em 1993 e 94 assustaram os liberais, que passaram a manter distância desse debate, diz Kristin Gross, da Universidade Duke. "Os democratas creem que não é um tema em que podem ganhar", afirma. Como resultado, o porte de armas praticamente não foi discutido na campanha eleitoral de 2012, exceto quando Obama, questionado a respeito em um debate, reafirmou seu apoio a um veto a armas de combate. Outros exemplos Outros países palcos de massacres responderam com leis mais duras para o porte de armas. No Reino Unido, o acesso a armas de fogo foi restrito após o massacre de Hungerford, em 1987, quando 16 pessoas foram mortas por um atirador; revólveres foram banidos após outro massacre, em Dunblane, em 1996, quando um homem matou 16 crianças e uma professora em uma escola escocesa. Clique Leia mais: Massacre em escola escocesa levou Grã-Bretanha a proibir armas em 1997 A Austrália também reforçou as leis de armas após um massacre em 1996, e a Finlândia - país com uma das legislações de armas mais permissivas da Europa e um dos maiores índices de porte de armas - dificultou a emissão de porte após a morte de 11 pessoas em uma universidade em 2008. A Noruega, porém, não reforçou suas já duras leis de armas após os ataques de Anders Behring Breivik em 2011. Tragédia em Connecticut foi tão chocante que pode ter força no debate Nos EUA, atrocidades prévias tampouco provocaram mudanças. O impacto de Newtown A escala e a natureza do massacre de Connecticut, porém, colocaram o controle de armas de novo em debate, de uma maneira que outras tragédias não foram capazes de colocar. E liberais esperam que o novo mandato de Obama dê ao presidente força para enfrentar o tema. Uma nova legislação mais dura não é impossível, mas ainda de difícil alcance, opina Robert Spitzer, professor da Universidade Estadual de Nova York e autor do livro The Politics of Gun Control. "As pessoas estão genuinamente chocadas (pelo ocorrido em Newtown)", diz ele. "Obama está em posição de exercer alguma liderança nesse assunto. Mas acho difícil imaginar o novo Congresso aprovando novas leis de armas." Mesmo que Obama tome a iniciativa, prossegue Spitzer, o presidente enfrentará barreiras institucionais. O sistema político americano prevê que a maioria das leis de armas sejam estaduais, e não federais. Connecticut, por sinal, tem legislação relativamente rígida para os padrões americanos. Além disso, uma nova lei federal teria que driblar diversas brechas. O Brady Act (assinado por Bill Clinton em 1993) determina que a União deve supervisionar as compras de armas, cadastrando compradores com antecedentes criminais e histórico de problemas mentais. Mas 40% das vendas não são afetadas por essa lei, porque ocorrem entre indivíduos (por exemplo, em feiras de armas ou pela internet). Loja de armas nos EUA; controles de vendas têm brechas difíceis de serem corrigidas Mesmo quando a venda é checada, ainda há empecilhos. Jared Laughner, que atirou contra a congressista Gabrielle Giffords e matou seis pessoas no Arizona em 2011, comprou uma arma Glock 19 apesar de ter antecedentes criminais e de ter sido expulso da universidade por seu comportamento errático. Mas ele nunca havia sido condenado nem avaliado por profissionais de saúde mental. Defensores Nesse cenário, defensores do porte de armas argumentam que nem as regulações nem a abordagem clínica são a saída para evitar massacres. "Acho que se trata de um problema de saúde mental, mais do que um problema de controle de armas", diz James Jacobs. Defensores de mais regulação ressaltam o fato de os EUA terem altos índices de homicídios com armas de fogo em comparação a outros países desenvolvidos, mas também admitem que, num país em que há quase uma arma para cada cidadão, é difícil imaginar leis rígidas de controle. Para Kristin Gross, a pressão por mudanças só será eficiente se partir da população. "Não acho que líderes (políticos) vão liderar esse movimento", diz ela. "Acho que só vão segui-lo." Leia mais sobre esse assunto Tópicos relacionados
Pressionado pelos Estados Unidos, Ahmed Korei, que aceitou nesta quarta-feira o cargo de premiê palestino, anunciou que pretende formar um governo de emergência para tratar do que chamou de "essa crise".
O presidente americano, George W. Bush, havia afirmado pouco antes que a tarefa de Korei é tomar o controle das forças de segurança palestinas e, então, "lançá-las contra os assassinos". "Ainda acredito fortemente que a existência de dois países vivendo lado a lado é um projeto de esperança para o futuro do Oriente Médio", disse Bush. Pouco antes das declarações de Korei (cuja indicação ainda precisa ser aprovada pelo Legislativo palestino), aviões israelenses atacaram a casa de um líder do grupo militante Hamas na cidade de Gaza, deixando dois mortos. Mísseis No ataque, realizado com mísseis, além dos dois mortos, 15 pessoas ficaram feridas, segundo fontes de um hospital local. O alvo do atentado, o líder político do Hamas Mahmud al-Zahar, teria sofrido apenas ferimentos leves. Os mortos seriam um filho de Zahar e um de seus guarda-costas. O bombardeio também destruiu um mosteiro e boa parte de uma casa vizinha à do militante. A ação israelense está sendo interpretada como uma reação aos dois atentados suicidas realizados pelo Hamas, na terça-feira, que deixaram pelo menos 15 mortos nas cidades de Jerusalém e Tel Aviv. Atentados No mais recente incidente, uma explosão em frente a um café em um bairro residencial do oeste de Jerusalém (região de maioria judaica) deixou pelo menos sete pessoas mortas e até 40 feridas. O ataque ocorreu apenas horas depois de um outro, que deixou oito mortos e dezenas de feridos, perto de uma base do Exército israelense nos arredores de Tel Aviv. No entanto, mesmo antes dos atentados em Israel, forças israelenses já vinham ampliando suas operações contra líderes de grupos militantes palestinos, com tentativas de assassinato como a desta quarta-feira. O principal alvo dessas ações tem sido o Hamas, a quem o governo israelense prometeu "caçar e destruir". Em uma dessas operações, um comandante do grupo foi morto na cidade de Hebron, na Cisjordânia. O Hamas, por sua vez, havia jurado vingança no fim de semana depois que forças israelenses tentaram matar o líder espiritual do grupo, xeque Ahmed Yassin. Desde então, os israelenses estavam esperando uma represália em algum momento, mas, segundo o correspondente da BBC em Jerusalém, Richard Galpin, o fato de dois militantes suicidas terem conseguido realizar os atentados em diferentes partes do país, apesar de um esquema especial de segurança, causou choque entre os israelenses. O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, que estava na Índia quando ocorreram os atentados, antecipou sua volta a Israel. Comentando o primeiro atentado, Sharon disse que a "guerra contra os militantes palestinos" irá continuar.
Tornados e tempestades atingiram cidades da região central dos Estados Unidos provocando destruição e pelo menos oito mortes.
O Estado mais atingido é o Iowa. Sete pessoas morreram quando um tornado atingiu Parkersburg e New Hartford, duas cidades no nordeste de Des Moines. Pelo menos 50 pessoas teriam ficado feridas. Em Parkersburg, muitos prédios ficaram totalmente destruídos, incluindo uma escola. Pelo menos cinco pessoas morreram na cidade. Outras duas morreram em New Hartford. Em Minnesota, tempestades destruíram diversas casas e mataram uma criança de dois anos de idade. O irmão da criança está em estado grave. A temporada de tornados, cujo ápice é a primavera e o começo do verão americano, atingiu os estados do Meio Oeste com mais força este ano. Mais de 100 pessoas já morreram neste ano.
O primeiro-ministro britânico,Tony Blair, disse nesta quinta-feira que respeita completamente a independência da BBC.
Segundo ele, o pedido de desculpas sem reservas do conselho curador da BBC significa que a empresa e o governo podem continuar com suas respectivas tarefas. O presidente em exercício da BBC, Richard Ryder, apresentou o pedido de desculpas nesta quinta-feira, pouco depois da demissão do diretor-geral da empresa, Greg Dyke. O pedido de desculpas foi feito depois que o governo britânico disse que a BBC deveria se desculpar por transmitir uma "alegação falsa". Blair disse que recebia bem a nota da BBC. "Para mim isso sempre foi uma questão muito simples de uma acusação séria que fora feita. Ela agora foi retirada, e isso era tudo o que eu sempre quis", disse o primeiro-ministro. O premiê disse esperar que a BBC continue a questionar o governo "de forma apropriada".
Pesquisadores japoneses divulgaram nesta sexta-feira um vídeo com imagens que podem ser as primeiras já registradas de uma lula gigante viva.
Os cientistas do Museu Nacional de Ciência do Japão afirmam que encontraram a lula gigante, no último dia 4, a 640 metros de profundidade, na costa das ilhas Ogasawara, cerca de 1 mil quilômetros ao sul de Tóquio. De acordo com Tsunemi Kubodera, chefe da equipe de pesquisadores, a lula tinha 3,5 metros de comprimento e pesava 50 quilos. Durante o processo de captura, o molusco, que tentava comer uma espécie menor de lula quando o barco dos pesquisadores apareceu, acabou morto. "Como mostra o vídeo, a lula gigante lutou muito para escapar da captura ao lançar água de seu sifão. Isso significa que elas podem nadar muito rápido", disse Kubodera, em entrevista coletiva. "Provavelmente, esse é o primeiro vídeo já feito de uma lula gigante viva, embora eu não tenha confirmado isso ainda", acrescentou o pesquisador.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) acredita que o vírus zika se espalhará por todo o continente americano. Até agora, 21 países, sobretudo o Brasil, já registraram casos do vírus desde maio.
Agente de saúde borrifa jardim em Tegucigalpa, a capital de Honduras, em que ainda não houve surto do zika Segundo a OMS, a falta de imunidade natural nas Américas seria um dos fatores determinantes para a velocidade com que o vírus está se espalhando. Em um comunicado oficial, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço continental da OMS, afirmou que a doença só não atingirá os países em que não há presença do Aedes aegypti - o Chile e o Canadá. "A Opas prevê que o vírus zika continuará a avançar e provavelmente alcançará todos os países e territórios na região onde mosquitos Aedes são encontrados", diz a organização. Isso, porém, apenas se epidemiologistas não confirmarem a possibilidade de transmissão sexual do vírus: a Opas confirmou que o zika foi detectado em amostras de sêmen e diz haver o que chamou de pelo menos um possível caso de transmissão sexual - mas a entidade diz que ainda são necessárias mais evidências dessa forma de transmissão. Fim do Talvez também te interesse Os sintomas mais comuns da zika são febre e erupção cutânea ou urticária, muitas vezes acompanhados por conjuntivite, dores musculares ou nas articulações. O mal-estar começa entre dois e sete dias após a picada de um mosquito infectado. Mas cerca de 80% das infecções pelo zika são assintomáticas, o que também dificulta o diagnóstico. No Brasil, estão sendo investigados ao redor de 3,3 mil casos suspeitos de bebês que podem ter microcefalia associada à zika, segundo o mais recente boletim do Ministério da Saúde. Um total de 282 casos foram descartados e 230 foram confirmados até a segunda semana de janeiro. Siga a BBC Brasil no Facebook e no Twitter Leia também: Zika: cientista americano que pode ter infectado mulher defende pesquisas sobre contágio sexual Apenas Chile e Canadá não têm o mosquito Aedes aegypti Gestantes 'especialmente cuidadosas' A Opas engrossou o coro de entidades preocupadas com os casos de microcefalia associados ao zika e recomendou que gestantes "sejam especialmente cuidadosas" e consultem um médico antes de visitar áreas afetadas pelo vírus. A entidade, porém, ressaltou que a decisão de engravidar deve ser apenas de responsabilidade da família e dos médicos. Nos últimos dias, autoridades de saúde de Colômbia, Equador, El Salvador e Jamaica emitiram comunicados recomendando que mulheres adiassem os planos de engravidar - os salvadorenhos, por exemplo, querem moratória até 2018. "Antes de viajar, a grávida deve consultar o seu médico para aconselhamento sobre qual ação tomar. O principal é evitar picadas de mosquito para prevenir a infecção por zika, dengue ou chikungunya", diz a Opas em seu site. A organização dá as seguintes recomendações aos viajantes, sobretudo a mulheres em idade reprodutiva: Leia também: Bananas correm risco de extinção
Duas semanas após chegarem a Nova Déli, capital da Índia, para trabalhar como modelos, a paulista Monique Menezes, de 21 anos, e a gaúcha Thelma Kaminski, 19, estranharam quando sua agente disse que elas passariam a noite numa festa.
No evento, que terminou de madrugada e não estava previsto no acordo fechado no Brasil, afirmam que tiveram de servir uísque na boca de homens, que as assediaram e tentaram acariciá-las. Foi o primeiro sinal de que a viagem, até então encarada como uma valiosa chance de ascensão profissional, não acabaria bem. "Depois daquele dia, ficamos assustadas, mas continuamos trabalhando", diz Menezes à BBC Brasil. "Estava lá para juntar dinheiro, pretendia comprar uma casa quando voltasse." As condições, porém, se agravaram. Segundo elas, em vez dos US$ 2.100 que deveriam receber por mês da agência Be One Talent, gerida pela francesa Sabrina Savouyaud, ganhavam US$ 160. As sessões de fotos eram progressivamente substituídas por novos trabalhos em festas como hostesses ou balconistas, quando eram continuamente assediadas. Savouyaud, dona da casa onde estavam hospedadas, passou a maltratá-las. "Ela nos insultava, dizia que estávamos gordas", conta Kaminski. "Uma vez, tomou a comida das nossas mãos." A paulista Monique Menezes diz que sofreu assédio e maus tratos durante temporada na Índia A falta de higiene na residência, dizem as modelos, fez com que adoecessem. "A casa tinha 18 cachorros e três gatos. Os cachorros comiam nas nossas panelas e os gatos urinavam nas camas", afirma Menezes. Alarmadas com a situação, buscaram na internet informações sobre a agente. Encontraram numerosos relatos na imprensa indiana de outras modelos que acusavam a francesa de maus-tratos. Multa Em fevereiro deste ano, pouco após completarem um mês na Índia, as duas procuraram o consulado brasileiro em busca de ajuda. Só então souberam que os contratos que haviam assinado ainda no Brasil, em inglês, previam multa de US$ 500 mil caso abandonassem o trabalho antes do prazo de seis meses. Os acordos haviam sido propostos por "scouters" (olheiros) brasileiros. Por temer represálias, elas preferem não nomeá-los. "Ele me explicou que eu ganharia 50% de todos os trabalhos que fizesse, mas não disse nada sobre a multa nem sobre as festas", diz Menezes. "Como não falava inglês na época, assinei na base da confiança." Os diplomatas lhes disseram que o exagerado valor da multa invalidava os contratos e ofereceram ajuda para hospedá-las caso quisessem deixar a casa da agente. Antes, porém, as duas procuraram Savouyaud para exigir os cachês pelos trabalhos, que, conforme o contrato, só seriam pagos no final da viagem. Menezes calcula que tinha US$ 5 mil a receber; Kaminski, US$ 10 mil. "Mas ela disse que, como tínhamos quebrado o contrato, não pagaria nada e ainda cancelou nossos bilhetes de volta", diz Menezes. As duas deixaram a casa e se hospedaram no hotel pago pelo consulado. A passagem de Kaminski foi comprada por seus pais; a de Menezes, por um empresário indiano que se compadeceu ao ouvir a história. "Ao entrar no avião, nos abraçamos e choramos", lembra Kaminski. A BBC Brasil tentou contatar a Be One Talent, mas as mensagens enviadas à agência não foram respondidas. Relatos frequentes Segundo o Ministério de Relações Exteriores, relatos como esse têm se tornado cada vez mais comuns. "É um fenômeno recente, estimulado pelo grande sucesso das tops brasileiras nos últimos anos", diz à BBC Brasil Luiza Lopes da Silva, diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior. Ela diz que, nos últimos anos, ao menos 20 modelos brasileiras relataram ter sofrido maus-tratos na Ásia. Lopes afirma, no entanto, que "essa é apenas a ponta do iceberg". "Calculamos que entre 100 e 200 modelos brasileiras possam estar nessa situação na Ásia neste momento." Além da Índia, país com maior número de queixas, já foram registrados casos na China, Coreia do Sul, Filipinas, Malásia e Tailândia. "Pouquíssimas denunciam as condições, por temerem represálias no Brasil", diz a diplomata. "Como muitas estão irregulares, acham que não têm direitos." Segundo Lopes, o Itamaraty tem orientado sua rede consular a colher o máximo de informações sempre que receber denúncias de modelos no exterior, para identificar outras brasileiras que estejam na mesma situação. Os esforços do órgão, no entanto, têm se concentrado na prevenção. "Fazer o trabalho de detetive é difícil e o faremos, mas sem uma ação de prevenção estaremos enxugando gelo." Cartilha Para evitar novas ocorrências, o Itamaraty lançou em maio uma Cartilha de Orientações para o Trabalho no Exterior. A publicação, disponível na internet e distribuída à rede consular brasileira, têm como principais públicos-alvo modelos e jogadores de futebol. A cartilha faz uma série recomendações a quem receber oferta de trabalho no exterior, como preferir a negociação com empresas de grande porte e registrar-se na Embaixada brasileira assim que chegar ao país de destino. O compêndio também lista entidades privadas e representações diplomáticas que podem auxiliá-lo se enfrentar dificuldades. Nos casos em que a vítima estiver debilitada e não puder arcar com a volta, diz a diplomata, o Itamaraty poderá bancá-la. Segundo Lopes, entre as modelos, as principais vítimas estão no começo da carreira. Costumam ser recrutadas por olheiros em shoppings, concursos de beleza e discotecas. No exterior, o trabalho consiste geralmente em sessões fotográficas em galpões nas periferias de grandes cidades, para estampar catálogos de lojas e sites. Vivem confinadas e recebem menos do que deveriam. A diplomata afirma que não foram identificados casos de modelos aliciadas para exploração sexual, mas que algumas dançarinas brasileiras na Turquia disseram ter sido pressionadas para se prostituir. Embora ainda pouco denunciados, os casos de modelos brasileiras exploradas na Índia estão sendo tratados por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados que investiga o tráfico de pessoas. Em sessão fechada no último dia 19, a modelo Ludmila Verri, de 21 anos, relatou ter enfrentado no país asiático condições semelhantes às denunciadas por Kaminski e Menezes. O caso de Verri, que passou três meses em Mumbai em 2010 com duas colegas, também é objeto de uma ação do Ministério Público Federal (MPF). Fim da carreira Enquanto o MPF age para desnudar o esquema, Monique Menezes diz tentar reorganizar sua vida em São Paulo. Após voltar da Índia, ela deixou de ser modelo e perdeu o contato com os pais. "Eles tinham muitas expectativas com a viagem e não aceitaram minha volta antes do prazo", ela conta. "Acham que voltei porque fui fraca, porque quis." Hoje, a jovem trabalha como recepcionista de uma transportadora. "Além de voltar sem nada, essa experiência destruiu minha vida." *Colaboraram Luís Guilherme Barrucho e Jessica Fiorelli da BBC Brasil em São Paulo.
O ministro da Defesa Nelson Jobim justificou a quantia gasta pelo Brasil na manutenção de forças de paz no Haiti, afirmando que o Brasil ''não pode ficar alheio'' às questões do continente americano e nem descuidar de seu ''papel de liderança'' na região.
O ministro respondeu a uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo que afirmou que os custos de manter 1.200 soldados no país caribenho representaram até o momento cerca de R$ 431 milhões, um valor 34% a mais do que a quantia investida no reaparelhamento das forças policiais no Brasil. Os comentários do ministro foram feitos pouco antes de ele partir da capital haitiana, Porto Príncipe, com destino a Brasília, nesta quarta-feira. Jobim lembrou que a operação do Brasil, que comanda as ações da Minustah (Missão de Estabilização da ONU no Haiti, na sigla em francês), é em parte reembolsada pela Organização das Nações Unidas. Prática de combate O ministro da Defesa voltou a afirmar que a experiência do país no Caribe é necessária para que o Brasil adquira prática em operações de combate em ambientes urbanos. Logo no início de seu giro pelo Haiti, na segunda-feira, Jobim comentou que o know-how obtido pelas tropas brasileiras em confrontos nas favelas haitianas poderia servir de base para ações semelhantes em locais como as favelas do Rio de Janeiro. ''Na medida em que o Brasil mostra eficácia, nós podemos otimizar a memória dessas ações'', afirmou. Mas ele acrescentou que para que isso ocorra, no entanto, será necessário promover um debate sobre possíveis reformas na legislação brasileira. Reivindicações Jobim diz não ser possível dizer se as reivindicações dos soldados brasileiros no Haiti serão atendidas. Os militares da divisão de engenharia querem mais cem homens para atuar em obras de restauração da infra-estrutura local e dizem necessitar de cerca de R$ 10 milhões para intensificar trabalhos como perfuração de poços, reforma de casas e escolas e pavimentação de ruas. ''O nosso mandato (no Haiti) é determinado pela ONU e cabe à ONU decidir. A nós, cabe levantar os insumos necessários para cumprir a decisão que for tomada.'' Na terça-feira, o presidente do Haiti, René Preval, disse, após um encontro com ministros da Defesa de países latino-americanos com tropas no Haiti, entre eles Jobim, que gostaria que as forças da Minustah atuassem também na fiscalização de fronteiras e da região costeira do Haiti. O pedido de Preval depende da aprovação da ONU, uma vez que o atual mandato das tropas de paz não contempla ações de militares nas divisas da nação caribenha.
A exibição Back to Black, em cartaz na galeria Whitechapel, em Londres, celebra imagens icônicas da cultura negra no período das décadas 1960 e 1970.
A época viu transformações dramáticas para as comunidades negras em todo o mundo, com o nascimento de grupos de defesa dos direitos dos negros como os Panteras Negras, nos Estados Unidos, e a popularização de símbolos como os cortes de cabelo black power ou o rastafari e a consolidação de ídolos como Mohammed Ali e Bob Marley. A mostra traz exemplos de pintura, escultura, fotografia e desenho, englobando elementos da moda, música e cinema, além de filmes, sons e imagens ligadas ao soul, funk e reggae. Trabalhos de artistas representativos de três países - Estados Unidos, Grã-Bretanha e Jamaica - fazem parte da exposição. O ministro da Cultura britânico, David Lammy, disse na abertura da mostra que ela "não trata apenas de cultura negra". "É sobre o radicalismo das décadas de 60 e 70, os movimentos pelos direitos civis, a independência de muitos países caribenhos e o legado cultural que esta época deixou."
Três mulheres foram resgatadas pela polícia com a ajuda de um vizinho em Cleveland, no Estado americano de Ohio, após dez anos de cativeiro. Três homens foram presos em conexão com o caso, que chocou a opinião pública americana.
Ao menos uma delas havia sido dada como morta após ampla cobertura na mídia do país, anos atrás, e familiares de outra menina acreditavam que ela tinha fugido de casa. Amanda Berry foi vista pela última vez em 2003, aos 16 anos, e Gina DeJesus desapareceu aos 14 anos, em 2004. A terceira mulher, Michelle Knight, tinha 19 anos quando foi sequestrada, em 2002. Acredita-se que a menina de seis anos vista nos braços de Amanda durante a fuga seja sua filha. Saiba mais sobre as três mulheres: Amanda Berry Amanda Berry desapareceu um dia antes de completar 17 anos, em 21 de abril de 2003, após sair de seu emprego em uma lanchonete da rede Burger King, em Cleveland, por volta de 19h30 locais. A garota ainda ligou para sua irmã para avisar que tinha conseguido uma carona para casa, distante apenas algumas quadras, mas nunca chegou em casa. Na época, o FBI (polícia federal americana) a descreveu como uma menina de 16 anos que usava piercings nas orelhas e na sobrancelha e que tinha uma cicatriz no abdômen. Amanda desapareceu um dia antes de completar 17 anos Sua mãe, Louwana Miller, morreu em 2006, três anos depois do desaparecimento e em meio às operações de busca e intensa cobertura do caso na mídia americana. Em 2009, tanto o FBI como a polícia de Cleveland disseram estar investigando centenas de pistas sobre o desaparecimento de Amanda e Georgina DeJesus, acreditando em uma ligação entre os dois casos. Em 2012, um homem entrou em contato com as autoridades locais alegando que tinha uma pista sobre o paradeiro dos restos de Berry na cidade de Cleveland. Uma escavação foi feita no local, mas a pista era falsa. O homem que alertou as autoridades foi sentenciado a quatro anos e meio de prisão, acusado de fazer denúncias falsas e obstruir a Justiça. Amanda, junto com Georgina DeJesus e Michelle Knight, escapou na segunda-feira, quando um vizinho escutou seus gritos vindos de dentro de uma casa ao sul da cidade de Cleveland. Georgina DeJesus Georgina DeJesus foi vista pela última vez perto de um telefone público em Cleveland na tarde de 2 de abril de 2004, quando tinha 14 anos. Ela voltava da escola para casa com uma colega. As meninas ligaram para a mãe de Georgina para perguntar se a colega poderia dormir na casa da adolescente, mas a mãe de Georgina disse não. As duas então seguiram caminho diferentes. Ao descrever Georgina, o FBI afirmou que a adolescente tinha uma marca de nascença na perna direita e orelhas furadas. Amigos e familiares a chamavam de Gina. Georgina desapareceu aos 14 anos Em 2006 dois homens foram detidos para interrogatórios a respeito do desaparecimento de Georgina. Eles foram liberados depois que a polícia não conseguiu encontrar o corpo da adolescente no imóvel dos dois. No final daquele ano a polícia fez escavações no chão de uma garagem de Cleveland e usou um cão farejador depois de receber uma pista de que os restos da garota poderiam estar no local. Mas, novamente, a pista era falsa. Apesar disso, a prima de Georgina, Sylvia Colon, disse à BBC na terça-feira que a família "nunca perdeu as esperanças". "A mãe de Gina liderou a cruzada; ela sabia que a filha estava viva. Como mãe, ela sentiu", afirmou. "Ela (Gina) era muito próxima dos pais e irmãos. Eles tinham um relacionamento muito próximo. Nós nunca acreditamos que ela tivesse fugido." "Todo ano havia uma vigília para Gina. (...) Nós vivíamos a cada dia na esperança de que ela voltaria para casa, e ela voltou", disse Sylvia. Michelle Knight Michelle Knight desapareceu em Cleveland em 2002 e teria entre 18 e 20 anos na época. Ao contrário das duas outras mulheres, pouco se sabe sobre as circunstâncias do desaparecimento, que não atraiu muita atenção da imprensa local. Após dez anos de cativeiro, mulheres foram encontradas em uma casa em Cleveland Michelle não foi registrada oficialmente no site da polícia de Ohio dedicado a pessoas desaparecidas. Segundo a avó de Michelle, Barbara Knight, a família da jovem acreditava que ela tinha ido embora por vontade própria, pois tinha perdido a custódia do filho. No entanto, a mãe da jovem também disse que nunca acreditou nessa possibilidade e, muito depois de a polícia ter parado de procurar, ela distribuiu panfletos pela cidade e continuou a buscar pela filha mesmo depois de ter se mudado de Cleveland. Barbara afirmou ainda que acredita ter visto a filha junto com um homem mais velho em um shopping de Cleveland há alguns anos. Quando a mulher ficava para trás, durante a caminhada, o homem a puxava pelo braço, de acordo com Barbara. Ela conta que gritou o nome de Michelle, mas a mulher não olhou.
O grupo da Fiocruz Minas que pesquisa a vacina contra covid-19 está há semanas esperando uma encomenda chegar dos Estados Unidos para dar início aos testes de eficácia.
Camundongo usado na pesquisa do novo coronavírus foi batizado de k18-hACE2 O pedido foi feito em abril: três casais de camundongos transgênicos, um dos poucos no mundo capazes de serem infectados pelo vírus que causa a covid-19. Mas, além da demanda dos brasileiros, o Jackson Laboratory tem uma fila de pedidos de cientistas do mundo inteiro. Camundongos de laboratório comuns não são suscetíveis ao vírus que causa a covid-19. Ou seja, mesmo em contato direto com o agente patogênico, a probabilidade de ficarem doentes é pequena. O k18-hACE2, como foi batizado o modelo vendido pela instituição, foi geneticamente modificado justamente para ser infectado pelo Sars-Cov-2 — e, por isso, é um ingrediente fundamental nas pesquisas envolvendo o novo coronavírus. Fim do Talvez também te interesse A demanda é concentrada, diz o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCTV) e coordenador da equipe da Fiocruz Minas, Ricardo Gazzinelli, porque o laboratório é possivelmente o único a produzir em escala "comercial" esses camundongos geneticamente modificados. Neurocientista Cat Lutz, diretora do Jackson Laboratory, diz que espera zerar a fila de espera pelos camundongos transgênicos no fim de julho Um e-mail de Wuhan e uma amostra de Iowa A história começa com um e-mail de um funcionário do Jackson Laboratory de Xangai, que escreveu à diretora do repositório de camundongos e do Centro de Doenças Raras do laboratório nos EUA, Cathleen Lutz, no início de fevereiro. Assustado com a proporção que a epidemia tomava na China — e em lockdown em Wuhan, onde vive parte de sua família —, ele perguntava se a equipe não poderia ajudar de alguma forma. Daí veio a ideia de desenvolver um camundongo que pudesse ser usado nas pesquisas para entender melhor a doença. Lutz então entrou em contato com o cientista Stanley Perlman, da Universidade de Iowa, que em 2007, junto com o colega Paul McCray, já havia desenvolvido um animal geneticamente modificado para estudar a Sars, também causada por um coronavírus, o Sars-Cov. "Perlman chegou a escrever que os coronavírus continuavam sendo uma ameaça potencial, e ele estava certo", disse a neurocientista à BBC News Brasil. Animais são enviados por via aérea em caixas adaptadas Em 48 horas, o pesquisador enviou as amostras de sêmen do camundongo transgênico, então usadas pelo laboratório para inseminar fêmeas dos camundongos de laboratório "comuns". A primeira ninhada nasceu em março e, a partir daí, a instituição vem construindo uma colônia de camundongos suscetíveis ao coronavírus. O volume de animais vendidos é mantido em confidencialidade, mas Lutz estima que a demanda chegue nos próximos meses a "dezenas de milhares". Ratos de laboratório 'comuns' não são infectados pelo novo coronavírus - por isso as pesquisas usam animais geneticamente modificados O que eles têm de diferente Os camundongos modificados receberam o gene humano para o receptor ECA2 (enzima conversora da angiotensina 2), a principal porta de entrada para o novo coronavírus nas células humanas. O Sars-Cov-2 se liga à proteína ECA2, que fica na superfície da célula, como uma chave em uma fechadura, o que facilita sua entrada. Uma vez lá dentro, o vírus usa a estrutura celular para se reproduzir, depois a destrói e passa a infectar outras células, usando-as como uma espécie de fábrica de novos vírus. A previsão inicial para a entrega dos animais aos cientistas brasileiros era junho, mas, segundo Lutz, o laboratório reduziu a velocidade inicialmente prevista de expansão da colônia porque queria ter certeza de que os animais, originalmente criados para pesquisas com outro tipo de coronavírus, responderiam como esperado. O modelo do camundongo é exatamente o mesmo desenvolvido por Perlman e McCray. Conforme o retorno que têm recebido dos laboratórios que já receberam os animais, a infectividade é alta e rápida, o que é considerado positivo. "É tudo muito rápido. Você sabe em 5 dias se os anticorpos funcionam ou não", acrescenta, referindo-se ao estudo de vacinas. A neurocientista diz saber que "parece uma eternidade quando você está esperando seu camundongo", e emendou que espera "zerar" a fila de pedidos até o fim de julho. Em funcionamento desde 1929, laboratório armazena 11 mil linhages de camundongos geneticamente modificados O papel dos camundongos transgênicos na pesquisa Enquanto isso, a equipe coordenada por Gazzinelli tem feito testes com camundongos tradicionais para estudar a resposta imunológica dos animais à vacina — para isso, não é preciso que eles fiquem "doentes". Os camundongos geneticamente modificados serão usados nos chamados estudos de desafio, para se verificar a eficácia: depois de aplicada a vacina, tenta-se infectá-los com o vírus. Caso isso não aconteça, tem-se um indicativo de que a substância funciona. Mas a previsão, no cronograma atual, é que essa etapa tenha início em setembro. Até lá, quando a encomenda finalmente chegar, o laboratório da Fiocruz Minas deve trabalhar para criar sua própria colônia de camundongos transgênicos. "Assim podemos distribuir para outros laboratórios no país", diz Gazzinelli. A pesquisa da Fiocruz é uma das que está em estágio mais avançado entre as iniciativas brasileiras. O cientista explica que há outros animais usados nas pesquisas de vacinas, como hamsters, por exemplo, mas os camundongos são mais baratos e mais "versáteis". Não por acaso, o Jackson Laboratory tem 11 mil linhagens de camundongos geneticamente modificados em seus tanques de criopreservação. Cada um deles foi criado com um propósito diferente — uns para o estudo de alguns tipos de câncer, outros para a pesquisa da diabetes ou de doenças raras, por exemplo. A instituição sem fins lucrativos foi criada em 1929 e é uma referência em genética. Um de seus pesquisadores, George Snell, foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1980 pela pesquisa sobre o complexo principal de histocompatibilidade (MHC, na sigla em inglês), que foi de grande importância para a área de transplantes de órgãos. Amostras de sêmen dos animais são mantidos em câmaras de criopreservação Vacinas brasileiras A pesquisa brasileira da Fiocruz Minas pela vacina é uma das 160 catalogadas até o início de julho pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Além dela, estão também em curso no país as conduzidas pelo Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor), pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto Butantã, em São Paulo. A iniciativa da Fiocruz Minas é voltada para o desenvolvimento de uma vacina com o vírus da influenza atenuado — que funcionaria, assim, tanto para a imunização contra a influenza quanto contra a covid. A ideia é que ela seja administrada por via nasal, local em que há grande concentração dos receptores usados pelo novo coronavírus. A substância então entraria nas células e induziria a produção de anticorpos contra o Sars-Cov-2. Gazzinelli está à frente do INCT-Vacinas desde 2005. Trabalhou no desenvolvimento da vacina contra leishmaniose e nas pesquisas de vacinas contra malária e doença de chagas. Segundo ele, a expectativa "otimista" é que a vacina contra a covid-19 esteja pronta no fim de 2021. Apesar de haver iniciativas em outros países, inclusive em estágio clínico, com testes em seres humanos, ele ressalta que as pesquisas brasileiras continuam sendo importantes porque não se sabe ainda o que de fato funcionará e, em caso positivo, qual grau de acesso o Brasil teria a uma substância produzida fora. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O Irã não vai se curvar à pressão do Ocidente sobre o seu programa nuclear, disse nesta quinta-feira o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, de acordo com a mídia estatal iraniana.
A declaração de Khamenei é feita em um momento em que as divergências sobre as ambições nucleares do país são discutidas na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Mas o embaixador do Irã junto à AIEA, Ali Asghar Soltanieh, disse que seu país está analisando seriamente uma proposta formulada para persuadir o Irã a suspender sua operação de enriquecimento de urânio, de acordo com a agência de notícias Reuters. Soltanieh afirmou que o Irã espera uma "solução amigável" para a disputa. Ele advertiu, contudo, contra a "linguagem da ameaça", e disse que seu país só vai negociar sem pré-condições. Proposta O conjunto de medidas apresentadas ao Irã foram formuladas por Estados Unidos, França, Alemanha, Rússia e China. O Irã insiste que o seu programa nuclear é totalmente pacífico e tem o objetivo de anteder às suas necessidades energéticas, mas os Estados Unidos e outras potências suspeitam que o país deseja se capacitar para desenvolver armas nucleares. Khamenei disse que o Irã vai continuar a enriquecer urânio, um de seus principais objetivos científicos. "A República Islâmica do Irã não vai sucumbir a estas pressões e considera a continuação (de seu programa nuclear) um objetivo primordial." Energia nuclear é mais importante para o Irã do que a prospecção de petróleo, ele acrescentou. O petróleo representa 80% das arrecadações de moeda estrangeira do Irã. A AIEA está discutindo no momento dois relatórios de seu diretor, Mohammad ElBaradei, que dizem que o Irã continua a obstruir suas investigações sobre as intenções nucleares do país e se recusa a interromper suas operações de enriquecimento de urânio.
O ministro do Exterior da Grã-Bretanha, David Miliband, anunciou nesta segunda-feira que o país está expulsando quatro diplomatas russos em resposta à recusa das autoridades de Moscou em extraditar o ex-espião Andrei Lugovoi, o principal suspeito em um caso de assassinato.
Lugovoi é acusado de ter tido participação no homicídio do também ex-espião russo Alexander Litvinenko, que morreu em Londres em novembro passado depois de ter sido envenenado com polônio-210, um elemento radioativo. O Ministério do Exterior britânico não divulgou o nome dos diplomatas, mas a BBC apurou que eles trabalham na área de inteligência. Diante do Parlamento, Miliband ressaltou que é necessário mandar um sinal "claro e proporcional" à Rússia sobre a seriedade com a qual a Grã-Bretanha encara as acusações contra Lugovoi. Vistos "Em primeiro lugar, vamos expulsar quatro diplomatas da embaixada russa em Londres", disse o ministro. "Em segundo, devemos rever a extensão de nossa cooperação com a Rússia em várias áreas e, como passo inicial, suspender negociações para facilitar vistos e fazer outras mudanças relacionadas a vistos." O ministro também ressaltou que há acordos internacionais que determinam que Lugovoi possa ser extraditado para a Grã-Bretanha caso deixe a Rússia. Lugovoi nega as acusações de que envenenou Litvinenko. Uma convenção assinada em 1957 garante aos russos o direito de se recusar a extraditar um cidadão do país. Miliband disse, no entanto, que a decisão russa no caso é "extremamente decepcionante" e que tanto a ONU como a União Européia estão preocupados com o fato de que a Rússia aparentemente está aplicando a convenção de acordo com seus próprios interesses. A morte de Alexander Litvinenko, aos 43 anos, provocou grande preocupação em Londres, onde locais freqüentados pelo ex-espião antes de morrer tiveram que ser testados para detectar a presença de radioatividade, e estremeceu as relações diplomáticas entre Rússia e Grã-Bretanha. Antes de morrer, o ex-espião escreveu uma carta em que culpava o presidente russo, Vladimir Putin, de estar por trás de sua morte. O governo russo sempre negou a alegação. No mês passado, o procurador-geral russo, Yuri Chayka, disse que a extradição de Lugovoi para a Grã-Bretanha está "fora de questão" por violar a Constituição russa. O próprio Putin descreveu o pedido de extradição como "tolo".
Um médico de uma área rural no delta do rio Mekong, no Vietnã, usou seu computador pessoal e algumas peças baratas para criar um endoscópio.
Nguyen Phuoc Huy passou dois anos desenvolvendo o aparelho, usado para fazer exames com imagens no estômago e outros órgãos internos sem a necessidade de cirurgia. Huy afirmou que o hospital em que ele trabalha, que fica numa área muito pobre, jamais poderia pagar os cerca de US$ 30 mil (cerca de R$ 73,5 mil) necessários para a compra do aparelho. O sistema de saúde do Vietnã sofre com a falta de endoscópios, geralmente há apenas um para cada província do país. Baixo custo A endoscopia é um exame que evita procedimentos cirúrgicos. Para a avaliação, um pequeno tubo com uma câmera é inserido no corpo do paciente, o que permite que os médicos avaliem a situação do paciente. "O adaptador custa quase nada, é simplesmente um sistema de lentes ligado a uma webcam, custando apenas US$ 30 (cerca de R$ 73). No total, tive que comprar apenas o tubo, que custou cerca de US$ 800 (R$ 1,9 mil)”, disse o médico. "O que é necessário é um computador com processador Pentium 4 com uma impressora colorida. Usando o sistema Windows temos programas para gravar as imagens e colocar em um banco de dados dos pacientes. E agora posso construir um sistema completo para endoscopia em apenas uma semana", acrescentou. Até o momento, Huy construiu um endoscópio para ele e outros dois para colegas. Conhecimento tecnológico Nguyen Phouc Huy começou a carreira como médico local. Ele sabia muito sobre sua profissão, mas não era um especialista em tecnologia. Ele teve que aprender sozinho o básico em computação, ótica e matemática. "No começo eu tive problemas para instalar novos programas em meu computador e muitas vezes tive que pedir ajuda para algum professor de tecnologia que morasse perto de minha casa", disse. "Também consegui orientações com professores de física a respeito de ótica. Assim pude desenvolver todo o aparato ótico e as lentes do meu endoscópio. Até tive que consultar de novo meus livros de física que usei quando estudava no ensino secundário, revisar matemática", afirmou. Huy deve construir outros aparelhos como este para outros hospitais pobres no Vietnã e mesmo para centros médicos em outros países. Mas o médico afirma que as pessoas ainda não sabem muito sobre seu produto. Por isso, o próximo passo de Huy, depois de aprender sobre tecnologia, é aprender técnicas de marketing, para fazer a propaganda de seu endoscópio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito neste domingo para mais quatro anos de mandato como presidente da República.
Com 100% dos votos apurados, Lula conquistou 60,83% dos votos válidos. O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, ficou atrás, com 39,17%. A vitória de Lula foi reconhecida pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio de Mello. Segundo Mello, não há mais possibilidade matemática de virada. "Venceu a democracia", disse o presidente do TSE. Hora do voto Os dois candidatos votaram no Estado de São Paulo neste domingo. Por volta das 10h, Lula se dirigiu ao colégio eleitoral onde votou, em São Bernardo do Campo. "Agora, o Brasil vai virar um país muito melhor, mais produtivo e mais generoso com o seu povo", disse o presidente, ao deixar o local. Já em tom de vitória, Lula afirmou ainda que pretende conversar com todos os partidos políticos para discutir as prioridades do país. O presidente insistiu que pretende "conversar com todos os partidos políticos, da oposição, da situação, e com os governadores" nos próximos dias. "Vamos ter de discutir o Brasil com muito mais amor, com mais compromisso para os próximos anos", acrescentou. O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, que votou por volta de 10h30 no bairro do Morumbi, deixou a urna sinalizando um 'V de vitória' e disse acreditar em uma virada. "Nós estamos confiantes. O que vai valer é hoje. É o voto na urna e eu tenho absoluta confiança que esse será um voto para corrigir o que está errado. Para o país ter mais oportunidade", disse o ex-governador de São Paulo. "Não podemos nos conformar com um Brasil que cresce 2% e melhorar os serviços públicos, cuidar de gente, cuidar com carinho, prestar serviços de qualidade, melhorar a vida das pessoas", acrescentou. Alckmin foi votar acompanhado do governador eleito de São Paulo, José Serra, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O governador eleito também resistiu a dar a eleição como encerrada e disse que "hoje é o dia de pensar em voto e aguardar a vitória". Fernando Henrique, no entanto, já refletia em voz alta sobre que tipo de oposição o PSDB deverá fazer num segundo mandato de Lula. "Se o PSDB perder, continua sendo pólo de poder. O Alckmin demonstrou que tem tutano e enfrenta com galhardia", disse. O ex-presidente descartou a possibilidade de questionar o resultado na Justiça caso se confirme a reeleição de Lula. "Isso é coisa de golpista", afirmou.
Ao discursar na Assembleia Geral da ONU, Dilma Rousseff voltou a expor seu descontentamento com as revelações de que os Estados Unidos espionaram seu governo.
Questão nuclear do Irã, guerra cambial e intervenções militares são pontos de atrito. As denúncias, baseadas em informações divulgadas pelo ex-consultor da Agência Nacional de Segurança americana (NSA) Edward Snowden, fizeram Dilma adiar uma viagem a Washington programada para outubro. "Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos fundamentais dos cidadãos de outros países", afirmou Dilma, que nesta quarta-feira permanece em Nova York e participa de um seminário sobre investimentos no Brasil. O desentendimento quanto às denúncias de espionagem se soma a uma série de questões polêmicas na relação entre Brasil e Estados Unidos. A BBC Brasil listou outros nove pontos sensíveis no relacionamento. Conselho de Segurança da ONU O Brasil almeja uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e gostaria que os Estados Unidos apoiassem seu desejo, a exemplo do que fizeram em relação à Índia quando o presidente Barack Obama visitou o país, em 2010. Hoje, o conselho tem cinco membros permanentes (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China). O Brasil defende uma reforma para permitir a entrada de novos membros, por avaliar que a composição do órgão não reflete mais a realidade geopolítica. Os Estados Unidos, porém, têm se recusado a apoiar publicamente o desejo brasileiro. Programa nuclear do Irã Ainda que as relações entre Brasil e Irã tenham esfriado desde que Dilma tomou posse, brasileiros e americanos ainda digerem um desentendimento ocorrido no governo Lula acerca do programa nuclear iraniano. Em 2010, os americanos articulavam uma votação no Conselho de Segurança da ONU para impor uma nova rodada de sanções contra o Irã e pressioná-lo a interromper seu programa nuclear. O Brasil e a Turquia, então, negociaram um acordo com Teerã para evitar a aplicação das sanções. Os Estados Unidos rejeitaram o acordo e pressionaram pela votação no conselho, que acabou aprovando as sanções. Intervenções militares Tradicionalmente crítico de intervenções armadas unilaterais, o Brasil tem criticado a disposição dos Estados Unidos de atacar a Síria, país imerso em conflito armado desde 2011. Os planos americanos foram suspensos nas últimas semanas com o início de negociações para que o governo sírio entregue todas as suas armas químicas para serem destruídas. Em outras ocasiões, o Brasil também criticou ações militares de que os Estados Unidos participaram, como o ataque à Líbia, em 2011, que resultou na queda do coronel Muamar Khadafi. Segundo o governo brasileiro, a intervenção na Líbia desestabilizou a região e teve consequências no Mali, onde o governo central enfrentou ofensiva de grupos rebeldes. 'Novo protecionismo' brasileiro O governo americano tem se queixado da decisão do governo brasileiro de aumentar tarifas para produtos industriais importados e de dar incentivos fiscais a fabricantes locais. Em conversa recente com jornalistas, o mais alto funcionário americano encarregado do comércio exterior, Michael Froman, disse que o Brasil tem criado uma "nova forma de protecionismo" com seus incentivos. O governo brasileiro diz, porém, que as medidas não configuram protecionismo e que o Brasil tem grande deficit comercial com os Estados Unidos, por comprar dos americanos muito mais produtos do que lhes vende. Guerra cambial Em vários discursos nos últimos anos, Dilma criticou a estratégia com que os Estados Unidos e países europeus têm combatido a crise econômica. Segundo a presidente, as "políticas expansionistas" adotadas por americanos e europeus, com impressão de moeda e grande volume de empréstimos para estimular o consumo, prejudicam países emergentes como o Brasil. De acordo com Dilma, a estratégia faz com que parte do dinheiro aplicado nas economias desenvolvidas se desloque para as emergentes, onde os juros mais elevados atraem investimentos de curto prazo. Isso provoca, como efeito colateral, a valorização das moedas desses países emergentes, o que prejudica as indústrias locais e desequilibra o comércio. O ministro Guido Mantega descreveu a prática como "guerra cambial". Já Obama diz que a impressão de dólares é uma atribuição do Banco Central americano (Fed) sobre a qual não exerce controle. Ainda assim, ele afirma que o objetivo do banco e de seu governo é fazer a economia americana crescer, o que, segundo ele, é benéfico não só para os Estados Unidos, mas para todo o mundo. Subsídios agrícolas Os subsídios concedidos pelo governo americano a seus produtores rurais provocam divergências entre os dois países há um bom tempo. Em 2009, num dos últimos capítulos da disputa, o Brasil foi autorizado pela OMC (Organização Mundial do Comércio) a retaliar os Estados Unidos em US$ 829 milhões (R$ 1,8 bilhão) por conta dos subsídios aos produtores americanos de algodão. A retaliação foi adiada, porém, depois que os dois países firmaram um acordo para buscar uma solução. A eliminação dos subsídios, porém, não depende de Obama, e sim do Congresso. Como o tema enfrenta forte resistência de vários setores, é pouco provável alguma mudança no curto prazo. América Latina O governo brasileiro é bastante sensível às ações dos Estados Unidos na América Latina. Um dos últimos desentendimentos veio à tona em abril, quando, após a vitória apertada do chavista Nicolás Maduro na eleição presidencial venezuelana, os Estados Unidos pediram a recontagem dos votos. Um mês depois, ao receber Maduro em Brasília, Dilma defendeu a legitimidade de sua vitória e, em clara referência aos Estados Unidos, criticou a "ingerência externa" no país. Brasil e Estados Unidos também têm divergência histórica quanto a Cuba. Brasília condena o embargo americano a Havana e cobra a inserção do país na OEA (Organização dos Estados Americanos). Os Estados Unidos, porém, insistem em manter o embargo e se opõem ao ingresso de Cuba no órgão, por avaliar que é preciso pressionar o governo cubano a promover reformas democráticas. Venda de caças Desde 2008, a empresa americana Boeing disputa com a francesa Dassault e a sueca Saab uma concorrência para a venda de 36 caças para a Força Aérea Brasileira, em negócio estimado em US$ 4 bilhões (R$ 8,8 bilhões). O governo brasileiro exige contrapartidas — como transferência de tecnologia — do país vendedor para fechar o negócio. Em maio, o vice-presidente americano, Joe Biden, esteve no Brasil e tratou do tema com autoridades brasileiras. Alguns analistas apostavam que, caso viajasse aos Estados Unidos em outubro, Dilma fecharia o negócio com a Boeing. Com o adiamento da visita e a nova crise, porém, o acerto segue incerto. Investimentos em petróleo Grandes petrolíferas americanas, tradicionalmente apoiadas pelo governo dos Estados Unidos em suas demandas, têm se queixado das regras brasileiras no setor do petróleo. No mais recente sinal desse descontentamento, as duas maiores petrolíferas do país — a Exxon Mobil e a Chevron — abriram mão de participar do leilão para Libra, o primeiro campo do pré-sal a ser ofertado. O leilão ocorrerá no dia 21. Segundo analistas do setor, as empresas desistiram por avaliar que faltam dados geológicos sobre os poços, pelos riscos do investimento e pelo modelo de exploração brasileiro do setor. O modelo exige participação da de 30% da Petrobras na operação e uso de alto percentual de equipamentos nacionais na exploração dos poços.
Na fortaleza improvisada que normalmente é usada como centro de conferências em Londres onde participou de uma conferência nesta semana, o líder palestino Mahmoud Abbas conseguiu as promessas de apoio que esperava – e em troca fez as promessas também esperadas de paz e bom governo.
O governo britânico, que organizou o encontro, ficou suficientemente satisfeito. O porta-voz do Ministério do Exterior John Williams, que, quando era jornalista em outros tempos, gostava do inesperado, mostrou que agora é um diplomata e elogiou o planejamento do encontro. “As conversas estão andando como previmos”, disse Williams durante um intervalo da conferência. “E, enquanto elas estiverem dentro do previsto, estarão indo bem.” De antemão Elas foram bem. Na verdade, o comunicado final já havia sido escrito anteriormente. Um amigo que compunha uma das delegações nacionais participantes me entregou uma cópia por volta do meio-dia. O documento permaneceu inalterado. Até aqui, portanto, tudo bem. Agora vem a parte difícil: colocar Israel e a Autoridade Palestina em uma posição na qual terão que negociar de verdade e então fazê-los chegar a um acordo. Estes momentos ainda estão consideravelmente longe. Em primeiro lugar, os compromissos assumidos pelos dois lados vão ter que ser cumpridos. Terá que haver paz e tranqüilidade. Israel terá então que sair, como planejado, da Faixa de Gaza e de partes da Cisjordânia. Isto não vai começar até julho. Daí o velho plano para a paz apoiado pelos Estados Unidos terá que sair da prateleira. E finalmente as velhas questões – as pedras nas quais esperanças se despedaçaram anteriormente – vão ressurgir. Começo O que tivemos em Londres foi um começo. “Pedras fundamentais”, como disse Tony Blair. Mas isto não é tudo. O projeto do edifício ainda existe, em um rascunho vago. Mas nada foi acertado de forma detalhada. E os detalhes são tudo. Também houve novas palavras. Todos condenaram o ataque a bomba suicida na semana passada em Tel Aviv, por exemplo, com Abbas até mesmo chamando o caso de terrorismo. Uma linha a respeito disso foi acrescentada ao comunicado final sem contestação. Eu notei que Abbas recebeu a cortesia de ser chamado de "presidente" pelos representantes dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Yasser Arafat só era chamado de "chairman" (que também pode ser traduzido como presidente, mas acarreta um tom menos solene). Palavras são importantes na diplomacia. Elas são os sinais que os governos usam para confirmar ou mudar políticas. Quando a palavra “terrorismo” é usada para descrever um ataque a bomba palestino, você sabe que algo está mudando. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, usou outra expressão útil. “Um Estado de territórios espalhados não vai funcionar”, disse Rice sobre uma futura Palestina, em um aviso a Israel para que não restrinja demais o território de que está disposto a abrir mão. Ela estava tão satisfeita com a frase que conseguiu que o chamado “Quarteto” que supostamente fiscaliza o processo de paz (EUA, União Européia, Rússia e ONU) a incluísse em seu próprio comunicado. Um esforço assim dos americanos também é importante. Otimismo e cautela Eu fiquei espantado com o otimismo nos corredores e nas salas de reunião. Abbas trouxe uma mudança. A comissária de Assuntos Externos da União Européia, Benita Ferrero-Waldner, deu um soco no ar quando declarou aos jornalistas: “Este momento não pode ser perdido”. A União Européia tem direito a dizer isto. Ela deu 2 bilhões de euros para os palestinos desde 1994. Mais está a caminho. Mas também fiquei impressionado com os comentários do príncipe Turki al-Faisal, o embaixador saudita em Londres. “Já estivemos aqui antes”, disse ele. “Devemos manter os pés no chão.” Esta não foi uma sessão de negociação – Israel, por escolha própria, não estava presente. O mais próximo de uma representação israelense era o correspondente da Rádio Estatal de Israel em Londres, Jerry Lewis. Ele também tinha palavras de cautela. “Por enquanto isto está ok”, disse ele. “Agora os palestinos precisam cumprir sua parte.” Acordos Talvez o acordo mais importante a emergir do encontro tenha sido a criação de um grupo de segurança multinacional liderado pelo novo coordenador de segurança americano, general William Ward. A Grã-Bretanha, o Egito e a Jordânia estarão entre os integrantes. Este grupo vai assessorar, treinar e ajudar de forma geral os palestinos em seu trabalho de reduzir as suas forças de segurança de 13 entidades separadas para 3. Mas o grupo também vai ajudar a garantir que a Autoridade Palestina tenha controle sobre os militantes. Outro acordo prevê ajuda para aposentar a velha guarda das forças palestinas. Isto parece modesto, mas na verdade é bastante importante, pois vai ajudar a tirar esta velha guarda de cena. E uma mudança de guarda era a que este encontro se referia.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, disse nesta segunda-feira que o biocombustível é apenas um dos caminhos para o mundo enfrentar o problema do aquecimento global.
"Ao tratar do aquecimento global, não há apenas uma solução. O biocombustível é um dos caminhos e temos que usar todas as tecnologias e todos os recursos existentes", disse o secretário-geral em Lisboa, em resposta a uma pergunta da BBC Brasil. Ban Ki-Moon está em Lisboa para reuniões com a presidência portuguesa da União Européia. Ele ressaltou que o problema do aquecimento global é urgente. "Precisamos tratar dessa questão agora. É absolutamente necessário ter uma visão global e a participação de toda a comunidade internacional." Na reunião na capital portuguesa, o secretário-geral da ONU discutiu as posições do bloco sobre a missão de paz européia no Kosovo, a situação no Darfur, o processo de paz no Oriente Médio – em que a ONU, a União Européia, os Estados Unidos e Rússia constituem o quarteto que vai propor soluções para o conflito – e as eleições no Timor Leste. Na semana passada, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgaram um relatório que indica que a produção de biocombustíveis pode provocar um aumento no preço dos alimentos. "Este fenômeno [de uso de alimentos como combustíveis] vai fazer subir os preços dos cereais e, de forma indireta, através do custo mais alto das rações, também dos produtos da criação animal", afirma o relatório Perspectivas Agrícolas para 2007-2016.
Um representante do Vaticano lamentou a ausência de uma referência explícita às 'raízes cristãs da Europa' na nova Constituição da União Européia (UE).
O Papa João Paulo II e outros representantes de países católicos vinham pressionando os responsáveis pela formulação da Constituição a reconhecer por escrito a importância do crisitianismo no bloco. A introdução do documento – sobre o qual os líderes dos 25 países do bloco conseguiram chegar a um acordo na sexta-feira – explica que a União Européia se baseia na herança cultural, religiosa e humanista da Europa, baseada na liberdade, na democracia e na lei, não fazendo nenhuma menção religião cristã. Essa referência poderia representar um obstáculo à possível, porém controversa, adesão da Turquia, país onde o islamismo é religião oficial, ao bloco europeu. O governo turco elogiou a escolha de palavras na elaboração da introdução do documento. Progresso lento O acordo sobre a Constituição aconteceu depois que a Grã-Bretanha e a França trocaram críticas publicamente sobre o lento progresso das discussões em Bruxelas. Mas a França e a Alemanha apoiaram o rascunho da Constituição apresentado pela Irlanda - que ocupa a presidência rotativa da União Européia. No entando, a escolha do novo presidente da Comissão Européia (braço executivo do bloco), outro ponto-chave da reunião na Bélgica, foi adiada. "Eu acredito que o conselho deva ficar satisfeito por termos chegado a um acordo sobre a Constituição", disse Dick Roche, ministro da Irlanda no Parlamento Europeu. Na cúpula da UE de dezembro passado, Espanha e Polônia vetaram um acordo sobre direitos de voto porque eles não queriam perder um acordo mais favorável a eles obtido anteriormente. A situação política mudou nos dois países recentemente. A Espanha tem um novo governo, com o Partido Socialista que antes estava na oposição, e os poloneses estão à beira de uma crise política. Mesmo assim, um grupo de cerca de dez países menores europeus, entre eles Áustria e Finlândia, dizem que vão rejeitar novas propostas sobre o sistema de tomada de decisões na UE. O novo plano estabelece que medidas sejam aprovadas quando tenham o apoio de Estados que representem 55% dos países do bloco e 65% do total da população. Os membros pequenos reclamam que essa fórmula daria influência demais aos países com grandes populações. Os líderes europeus devem adotar formalmente as novas medidas assim que receberem as versões traduzidas do documento. Impasse A França e a Alemanha apóiam a indicação do primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, para o cargo de presidente da Comissão Européia, mas a Grã-Bretanha se opõe, pois acha que ele tentaria fazer da UE uma entidade mais federalista. O correspondente da BBC em Bruxelas Chris Morris diz que o cargo de presidente da Comissão é importante, já que essa pessoa terá de articular uma visão sobre o futuro da Europa. Segundo Morris, o problema é que há muitas visões distintas sobre como a União Européia deve funcionar, e isso tem dificultado a tarefa de encontrar o candidato certo. Um candidato surpresa para o cargo surgiu na última hora: o britânico Chris Patten, atual comissário europeu para as Relações Exteriores. Mas a França, um dos vários Estados contrários à candidatura de Patten, prefere Verhofstadt. Chirac declarou que não acha uma boa idéia o apoio a um candidato "de um país que não toma parte em todas as políticas européias". O comentário parecia ser uma referência velada à Grã-Bretanha, que ainda não adotou a moeda comum européia, o euro. O atual presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, disse não haver um favorito para a sua sucessão. Prodi deixa o posto ao término de seu mandato de cinco anos, em outubro. Outros nomes aventados incluem o de Bertie Ahern, do chanceler (primeiro-ministro) da Áustria, Wolfgang Schuessel, do ex-diretor da Otan e atual comissário para Defesa e Relações Exteriores, Javier Solana, do comissário português Antonio Vitorino e do presidente do Parlamento europeu, Pat Cox.
Mais de duas mil pessoas passaram a noite presas no Eurotúnel depois que cinco trens do Eurostar quebraram por causa das baixas temperaturas.
Alguns passageiros foram transferidos para outros trens Especialistas acreditam que o problema foi causado por um choque térmico quando os trens deixaram o ar frio na França e entraram no túnel quente e úmido. Dois dos trens foram rebocados para fora do túnel, enquanto outros tiveram de ser evacuados. Todos os serviços do Eurostar foram cancelados neste sábado. O problema também acabou afetando as pessoas que planejavam atravessar o eurotúnel de carro. 'Situação intolerável' Entre as principais reclamações dos que ficaram presos no túnel está a falta de informações. "Foi tão frustrante, nós não tínhamos ideia do que estava acontecendo", disse James Brownell. Os passageiros também reclamavam da falta de circulação de ar e de excesso de calor ou de frio causado por problemas no ar condicionado dos trens. Alguns disseram ter visto pessoas tendo crises de pânico e crianças cansadas e aflitas com a situação. Muitos também reclamaram de não ter recebido água ou comida durante as várias horas que ficaram presos no túnel. O porta-voz do Eurostar Bram Smets disse, no entanto, que todos os passageiros "passam bem".
A Rússia e a China assinaram nesta um acordo para enviar grandes quantidades de gás da Sibéria para a China.
Autoridades dizem que os gasodutos, que podem começar a funcionar em cinco anos, irão transferir até 80 bilhões de metros cúbicos de gás por ano. O negócio é parte de um pacote de 15 acordos econômicos assinado entre os dois países durante a visita de dois dias do presidente russo, Vladimir Putin, a Pequim. Putin está liderando uma delegação de 90 membros, incluindo representantes das indústrias de gás e petróleo e de outros setores econômicos da Rússia. O presidente disse que os dois lados concordaram em realizar o suprimento de gás de dois campos, localizados no oeste da Sibéria e no leste russo. Alexei Miller, chefe da empresa Gazprom, que detém o monopólio de gás na Rússia, disse que o cronograma e as dimensões do acordo foram definidos com a empresa de gás e petróleo chinesa, a CNPC, mas que os detalhes finais ainda serão negociados. Petróleo Mas o acordo que a China realmente quer é um oleoduto vindo da Sibéria, de acordo com o correspondente da BBC em Pequim, Rupert Wingfield-Hayes. O ministro da Indústria e Energia da Rússia, Viktor Khristenko, disse, no entanto que não haverá discussões sobre um cronograma para o fornecimento de petróleo até a conclusão de estudos sobre sua viabilidade. Putin e o presidente chinês, Hu Jintao, manifestaram interesse em aumentar os laços entre os dois países nas áreas de transportes e telecomunicações. Os dois também discutiram a questão do programa nuclear iraniano e disseram que estão comprometidos com a resolução do problema “através de canais políticos e diplomáticos”, de acordo com a agência russa Itar-Tas. A cooperação entre os dois países nunca foi tão grande. O crescimento econômico da China cria um enorme mercado para os recursos energéticos da Rússia. Além disso, a China compra bilhões de dólares em equipamentos militares de última geração russos e os dois países realizarão a segunda etapa de exercícios militares conjuntos neste ano. Mas a ligação entre os dois países não pode ser superestimada, de acordo com o correspondente da BBC. No ano passado, o comércio entre os dois países chegou a US$ 30 bilhões, apenas um décimo do que a China negocia com os Estados Unidos. Uma comissão de senadores americanos está visitando Pequim nesta semana para tentar convencer o governo chinês a reavaliar sua moeda. A preocupação nos Estados Unidos é que o yuan possa ser desvalorizado artificialmente, permitindo que a China exporte produtos mais baratos.
Os evangélicos voltarão a ser uma força-chave nas eleições de 2020 nos EUA?
Donald Trump com o pastor cristão evangélico Andrew Brunson orando no Salão Oval em 2018. Brunson passou dois anos em uma prisão turca sob acusação de espionagem e terrorismo Quatro décadas depois de abalar a política deste país, o grupo religioso é hoje um pilar eleitoral do Partido Republicano e do presidente Donald Trump, que busca novo mandato em novembro. Na eleição de 2016 nos EUA, um em cada quatro eleitores se identificou como cristão evangélico branco, de acordo com as pesquisas. E a grande maioria deles (81%) votou em Trump. O presidente "vai precisar disso e talvez de mais ainda para vencer em novembro, logo eles são muito influentes", disse em entrevista à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) John Fea, professor de História da Universidade Messiah da Pensilvânia e autor do livro "Confie em mim: o Caminho Evangélico até Donald Trump". Donald Trump recebeu amplo apoio evangélico nas eleições de 2016, que ele vem conseguindo manter, apesar de diversas polêmicas Mas para entender o verdadeiro peso político dos evangélicos nos Estados Unidos e sua improvável aliança com Trump, é necessário voltar um pouco no tempo. Fim do Talvez também te interesse O fim e os meios Os evangélicos entraram na cena política dos Estados Unidos em 1973, em reação à legalização do aborto no caso Roe contra Wade na Suprema Corte e durante o governo do democrata Jimmy Carter (1977-1981), quando houve um avanço na agenda progressista. Líderes religiosos conservadores que eram contrários ao aborto e à diversidade sexual, liderados pelo pastor televangelista Jerry Falwell, fundaram a organização Moral Majority em 1979 para mobilizar fiéis em favor de políticos que defendessem suas causas. Nas eleições de 1980, dois em cada três eleitores evangélicos brancos apoiaram o candidato presidencial republicano Ronald Reagan, que derrotou Carter com seu discurso conservador de oposição ao comunismo. Ronald Reagan prevaleceu sobre Jimmy Carter na eleição de 1980 com amplo apoio de evangélicos brancos Assim surgiu a união política entre republicanos e evangélicos, que até hoje mantêm no topo de suas aspirações de anular o resultado de Roe contra Wade e colocar juízes conservadores na Suprema Corte. Os evangélicos brancos têm sido um eleitorado mais conservador e numeroso do que os evangélicos afro-americanos, que priorizam a "justiça racial" e, portanto, tendem a apoiar esmagadoramente os democratas, explica Fea. E ele destaca que, ao contrário dos protestantes não-evangélicos ou dos católicos, os evangélicos brancos "são muito mais unidos, eles formam um bloco de eleitores". "Em certo sentido, eles querem que suas aspirações políticas sejam realizadas, então o fim justifica os meios", diz ele. "Mas desde o final dos anos 70 e 80, os evangélicos brancos também têm sido tentados pelo poder político: eles gostam de estar no Salão Oval" da Casa Branca. A batalha contra o aborto tem sido prioridade constante dos evangélicos por décadas Greg Smith, diretor associado do Pew Research Center, aponta que a ligação do setor religioso com o Partido Republicano continua até hoje. "Há muito tempo vemos que protestantes evangélicos brancos estão entre os eleitores republicanos mais consistentes nos Estados Unidos e entre os apoiadores mais fortes, leais e consistentes de Donald Trump", disse Smith à BBC News Mundo. 'Salve os EUA' O peso eleitoral dos evangélicos brancos nos Estados Unidos hoje é muito maior do que sua presença demográfica, que está em declínio. Em 2016, eles eram 17% da população total, seis pontos percentuais a menos que uma década antes, de acordo com o Research Institute of Public Religion, em Washington. Estima-se que nos últimos quatro anos a proporção de evangélicos brancos nos Estados Unidos caiu mais dois pontos percentuais, para 15% da população. Os evangélicos brancos representavam um quarto dos eleitores dos EUA em 2016, embora fossem apenas 17% da população No entanto, nas últimas eleições eles representaram 26% do total de eleitores. Sarah Posner, autora do recente livro Profano: Por que Evangélicos Brancos Rezam no Altar de Donald Trump, aponta que o movimento não só depende de líderes da igreja, como também de sua própria TV e meios de comunicação sociais. "A direita religiosa tem uma operação muito sólida e bem organizada para incentivar o voto, por isso é muito importante para o Partido Republicano vencer as eleições", disse Posner à BBC News Mundo. A união de evangélicos e de Trump costuma ser vista como algo estranho dentro da política americana: religiosos que pregam sobre moral aliados a um homem acusado de infidelidade conjugal, casado três vezes, que se expressou de forma obscena sobre as mulheres e agressiva sobre os imigrantes. Mas Trump recebeu um apoio ainda maior de evangélicos brancos em 2016 do que seus antecessores republicanos. Biden fue vicepresidente de Estados Unidos durante el gobierno de Barack Obama. E enquanto a aprovação dos evangélicos brancos a Trump caiu alguns pontos percentuais em meio à crise do coronavírus e protestos por injustiça racial, cerca de oito em cada 10 eleitores neste grupo ainda estão inclinados a votar nele, de acordo com as pesquisas. O baixo nível de apoio dos brancos evangélicos ao candidato democrata Joe Biden contrasta com o amplo apoio que ele recebe entre os protestantes negros (cerca de 90% em uma pesquisa Pew recente) e o fato de ele ser o favorito nas pesquisas eleitorais em geral. O apoio dos evangélicos brancos a Trump é atribuído à ansiedade que eles sentem sobre as mudanças raciais e culturais que os Estados Unidos tiveram nas últimas décadas. "Trump representa o homem forte que eles acham que precisam para salvar os Estados Unidos do liberalismo", diz Posner. "Eles o veem não necessariamente como um cristão como eles, mas como um líder improvável que Deus ungiu para salvar a América." Teste de força Trump tem um vice-presidente evangélico — Mike Pence — e vários integrantes de seu gabinete pertencem a esse movimento religioso ou cultivam laços com ele. Nesta campanha, Trump buscou garantir que os evangélicos votassem nele novamente. Por exemplo, ele repetiu que já nomeou dois ministros para a Suprema Corte e no mês passado nomeou outro que, se confirmado pelo Senado, pode dar aos conservadores uma maioria firme na mais alta corte. Trump tentou garantir o voto evangélico em novembro de várias maneiras, algumas delas polêmicas Trump também acusou Biden de ser "contra Deus" e "contra a Bíblia", embora o ex-vice-presidente seja católico praticante e tenha recebido apoio recente de alguns líderes evangélicos brancos. Além disso, Trump causou polêmicas que lhe renderam críticas de figuras religiosas, por exemplo, ao posar para as câmeras com a Bíblia nas mãos em frente a uma igreja, para a qual um protesto pacífico foi dispersado à força na área. Sua campanha aposta também em atrair eleitores evangélicos negros e latinos, que possuem posturas conservadoras em questões como o aborto, mas mais abertos à imigração e às políticas sociais. Essa parte do eleitorado poderia estar inclinada a votar em Biden. A eleição será um novo teste de força para os evangélicos americanos e sua aliança peculiar com o presidente. "A participação eleitoral dos evangélicos brancos será muito importante para Trump: ele precisa que eles saiam em grande número para votar. Caso contrário será muito mais difícil para ele vencer", acredita Posner. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
A empresa de Elliot Klug não está no ramo de segurança – mas bem que poderia estar.
Medicine Man é uma das maiores revendedoras de maconha do Colorado "Digamos que eu tenho alguns funcionários armados", diz ele. O empresário é dono da Pink House, uma das lojas de maconha vendida legalmente no Estado americano do Colorado. Klug conta que não conseguiu achar um banco que aceite os milhares de dólares em espécie que a empresa recebe diariamente desde a legalização da maconha por motivos recreacionais no Estado, ocorrida em 1º de janeiro deste ano. "Até mesmo carros blindados receberam a orientação de não trabalhar conosco", diz Klug. A maconha foi legalizada no Estado, mas as instituições bancárias são reguladas por leis federais que as proíbem de receber dinheiro relacionado ao cultivo e venda da droga – que, tecnicamente, ainda é considerada ilegal no âmbito nacional. O governo de Barack Obama tentou convencer os bancos de que não pretende processá-los por fazer negócio com as empresas de maconha do Colorado, e divulgou novos procedimentos na semana passada. Ainda assim, os bancos não estão convencidos. "Um ato do Congresso é a única forma de resolver esse problema", diz o presidente da Associação de Banqueiros do Colorado, Don Childears, que continua recomendando que os bancos recusem dinheiro oriundo da venda de maconha, para se protegerem de possíveis acusações de lavagem de dinheiro. Vander Veer diz que empresas de maconha são legais, mas não recebem esse tratamento Mas a indústria da maconha não para de crescer. A previsão é de que ela movimente cerca de US$ 10,2 bilhões até 2018, e a pergunta continua: o que fazer com esse dinheiro todo? 'Não somos traficantes' O uso recreacional da maconha passou a ser permitido no Colorado apenas desde o começo deste ano, mas a utilização medicinal já está vigor há dez anos. A maioria das empresas estabelecidas no ramo medicinal consegue usar os bancos de forma legal. Uma delas, a Simply Pure, trabalha desde 2010 no ramo de alimentos com maconha – produzindo brownies, biscoitos, molhos e pasta de amendoim. Em um ano de fundação, a empresa já fazia negócios com 400 lojas de venda de maconha. Mas tudo isso foi interrompido de forma súbita em 2012 quando o banco Wells Fargo suspendeu a conta corrente da Simply Pure. "Eles disseram que estavam pondo fim a todas as relações com pessoas que tivessem alguma ligação com maconha. Mesmo tendo a certeza de quem éramos – de que não éramos traficantes nem integrantes de cartéis", diz Wanda James, que é dona da empresa. A Simply Pure acabou fechando cinco meses depois da decisão do banco. Nos últimos dois anos, o governo Obama já emitiu quatro comunicados diferentes sobre a relação entre bancos e maconha. O problema é que o Executivo – que está sob controle do presidente – não é quem dita as regras do jogo neste caso. Isso cabe ao Legislativo. Maconha deve movimentar US$ 10,2 bilhões até 2018 Banqueiros temem não só a possibilidade de serem presos, como também multas e a suspensão de suas licenças. Medicine Man Denver, que é um dos maiores fornecedores da região, conseguiu costurar um acordo com um banco local. Ainda assim, os termos não são os melhores, e o banco não fornece empréstimos. A empresa pensa agora em como operar quase que exclusivamente com dinheiro em espécie. "É muito duro, somos uma indústria legítima, estamos dentro do escopo da legislação do Colorado, mas ainda somos tratados como cidadãos de terceira classe em muitos níveis", diz Sally Vander Veer, diretora da empresa. O sentimento é o mesmo de Wanda James, que promete reabrir a Simply Pure no futuro. "O Estado do Colorado recebeu mais de US$ 20 milhões em receitas, e eles podem receber o dinheiro e depositar no banco. Mas nós não podemos depositar o mesmo dinheiro no nosso banco", diz ela.
Militares filipinos afirmam que abortaram um plano para derrubar a presidente Gloria Arroyo.
O golpe estava sendo planejado por jovens oficiais de baixo escalão. A presidente Arroyo fez um pronunciamento à nação pela televisão no qual determinou a prisão de cerca de 60 oficiais, além de militares que desertaram de seus postos. O General Narciso Abaya, chefe do comando militar filipino, disse que os suspeitos vão ser acusados de motim e conspiração para tentar fazer uma rebelião. Nenhum dos acusados foi preso ainda. Alerta O chefe da Igrega Católica nas Filipinas, cardeal Jaime Sin, havia alertado para a existência de planos de um golpe para derrubar o governo. Desde a eleição de Arroyo, em 2001, o país enfrenta freqüentes rumores de insatisfação entre os militares. Arroyo foi eleita como vice-presidente e chegou a chefe de estado quando o presidente Joseph Estrada foi afastada em meio a alegações de corrupção e revoltas populares.
Tropas governistas que guardam a capital liberiana, Monróvia, repeliram um ataque de grupos rebeldes a uma importante ponte da cidade.
Os rebeldes rejeitaram um cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos. Segundo um correspondente da BBC em Monróvia, os combates do domingo com este grupo - o Liberianos Unidos pela Reconciliação e Democracia (Lurd, em inglês) - foram dos mais violentos dos nove dias de batalha pela cidade. A sudeste da capital, um grupo menor - o Movimento para Democracia na Libéria (Model) - estaria se deslocando em diração ao porto de Buchanan, que esta repleto de refugiados. Ponte O Lurd combate para derrubar o presidente Charles Taylor. Na ação de hoje, os rebeldes tentaram destruir a ponte que liga o porto ao centro de Monróvia. Mas as forças do governo avançaram sobre a ponte lançando tiros e granadas e conseguiram protegê-la, além de terem repelido os inimigos para os subúrbios da capital. Pelo menos três civis morreram e ao cair da noite os dois lados já haviam voltado às suas posições originais. Tropas de paz O líder do Lurd, Sakou Conneh, rejeitou a proposta do embaixador americano John Blaney de estabelecimento de uma linha de cessar-fogo. "Porque deveriamos recuar? Podemos entregar nossas posições a tropas internacionais de paz, mas não a (o presidente Charles) Taylor", disse. Forças de paz nigerianas devem entrar na Libéria nesta semana e o presidente George W. Bush já ordenou que a marinha americana dê apoio logístico às operações. Mas no domingo, o sub-secretário de Defesa, Paul Wolfwitz insistiu que forças americanas não vão entrar na Libéria enquanto não acontecerem um cessar-fogo e a renúncia do presidente Charles Taylor.
O casal britânico Frank e Anita Milford comemora nesta segunda-feira o aniversário de 80 anos de casamento.
Acredita-se que o casamento dos dois é o mais duradouro em existência na Grã-Bretanha. Frank, de 100 anos, e Anita, de 98, se conheceram em 1926 e se casaram dois anos depois. Eles têm dois filhos, Marie e Frank, ambos com mais de setenta anos, e dezenas de netos e bisnetos. Eles se casaram na cidade de Torpoint. Desde 2005, o casal mora em um lar para idosos em Plymouth, no sul da Inglaterra. Em entrevistas, Anita costuma dizer que um dos segredos do casamento feliz e longevo é "dar um beijinho" toda noite antes de dormir. "É nossa regra de ouro", diz ela. Segundo o jornal britânico The Guardian, o casal vai comemorar as bodas de carvalho em uma festa no lar de idosos em Plymouth, ao lado de parentes e amigos. O Livro dos Recordes Guinness registra que o casamento mais duradouro da Grã-Bretanha foi entre Thomas e Elizabeth Morgan. Eles se casaram em maio de 1809 e ficaram juntos por 81 anos e 260 dias.
Os EUA reviram significativamente para cima o seu crescimento econômico no terceiro trimestre deste ano. A mudança alimentou uma nova rodada de especulações sobre os próximos passos na sua política monetária – capaz de influenciar economias no resto do mundo.
Compras feitas pela internet estão ajudando no crescimento da economia americana Nos cálculos revisados do Departamento de Comércio americano divulgados nesta quinta-feira, o produto interno bruto (PIB) do país registrou no terceiro trimestre de 2013 um crescimento anualizado de 3,6% (a projeção anterior era de 2,8%). No segundo trimestre, a alta do PIB foi de 2,5%. Os números oficiais refletem aumentos nos estoques privados, que cresceram ao ritmo mais rápido desde 1998. A princípio, o dado pode ser interpretado como uma confiança das empresas em futuros negócios. Entretanto, o gasto dos consumidores cresceu a um ritmo de 1,4%, o mais lento em quatro anos. Os gastos de governos locais compensaram a queda nos desembolsos federais. A menos de duas semanas da reunião mensal de política monetária do Federal Reserve (Fed), o novo dado reforça a percepção de parte dos analistas do mercado de que a autoridade monetária americana possa começar a reduzir imediatamente – nos dias 17 e 18 próximos – os estímulos monetários em vigor. Entretanto, outros expressaram cautela diante dos números. “Na superfície, é um dado bonito. Embaixo, não é tão bom”, disse à agência Reuters o estrategista de mercado Fred Dickson, da corretora D.A. Davidson & Co, no estado do Oregon. O economista-chefe da corretora Nomura em Nova York, Lewis Alexander disse à Bloomberg que "o ingrediente ausente é a confiança das empresas suficiente para elevar as contratações e efetuar gastos de capital". Onde estamos, para onde vamos? Não obstante essas dúvidas, o indicador levou as bolsas na Europa, Ásia e EUA imediatamente para o vermelho, pela possibilidade de que o Fed veja essa expansão acentuada do PIB americano como razão para começar a retirar já os estímulos monetários da economia. Uma atuação nesse sentido seria interpretada como uma espécie de início oficial do fim da crise econômica. O problema é que, diante de indicadores ambíguos, já existe até um debate acadêmico sobre como qualificar o estado da economia dos EUA. Para o colunista do Washington Post Robert J Samuelson, os EUA estão vivendo algo como como uma "carência abastada": continuam sendo uma sociedade rica, porém menos exuberante que antes da crise econômica. Optando por um termo mais forte, o colunista do New York Times Paul Krugman acha que o país vive "condições parecidas à depressão", que sobreviverão por muitos anos. Só nesta semana, os EUA já vivenciaram os dois estados: no início da semana, a notícia econômica predominante foi a redução – pela primeira vez em sete anos – nos gastos dos consumidores ao longo do feriado prolongado do dia de Ação de Graças. A queda foi de 3%, de US$ 59,1 bilhões no ano passado para US$ 57,4 bilhões neste ano, segundo a Federação Nacional do Varejo. A data responde por 10-15% do faturamento do setor no ano. Mas essas projeções sombrias foram compensadas pelas estimativas do mercado apontando um crescimento recorde nas compras feitas online. Os valores chegaram a US$ 2 bilhões só na chamada Cyber Monday, segunda-feira passada. O retrato mais gabaritado da economia americana veio na quarta-feira, quando o Fed divulgou o seu chamado "Livro Bege", uma compilação de dados produzidos pelas 12 unidades regionais da autoridade monetária. Em conjunto, estes indicadores apontam para uma expansão econômica "de modesta a moderada" nos EUA entre outubro e meados de novembro, disse o Fed, apesar da incerteza gerada pelo fechamento parcial do governo em outubro. A instituição avaliou que o ritmo de atividade foi moderado na indústria e forte no setor imobiliário. Retrato completo O retrato da economia americana ficará completo na sexta-feira, quando saírem os números oficiais do desemprego em novembro. Um levantamento da agência Reuters junto a analistas indicou que o mercado espera a criação de 180 mil vagas de trabalho (ante 240 mil em outubro), com uma ligeira redução da taxa de desemprego de 7,3% para 7,2%. Oferecendo uma prévia do indicador, a firma privada ADP apontou em seu próprio relatório mensal que os empregadores do setor privado americano abriram 215 mil vagas em novembro – acima das expectativas. No auge da crise, a taxa de desemprego americana chegou a 10% (em outubro de 2009). De lá para cá, a trajetória tem sido de declínio. Entretanto, desde abril deste ano, quando bateu 7,5%, o indicador tem se comportado de maneira volátil, relutante em romper a barreira dos 7%. O Fed já disse que está decidido a manter as taxas de juros próximas de zero até que o desemprego diminua para pelo menos 6,5%, o que deve levar meses. Já os novos indicadores reforçam as especulações sobre quando a autoridade monetária começará a reduzir o valor das suas compras de títulos do governo – hoje em US$ 85 bilhões – com as quais vem abastecendo o mercado de dólares. Efeitos sobre o Brasil A saída de dólares da economia brasileira diante da simples menção desta possibilidade, em meados deste ano, colocou o país dentro do grupo dos considerados mais vulneráveis à decisão, junto com Turquia, Índia, África do Sul e Indonésia. A iminente mudança na política monetária americana levou à desvalorização das moedas e a questionamentos quanto à capacidade destes países de botar sua situação fiscal em ordem. "As incertezas quanto ao início da redução das compras de ativos pelo Fed continuará sendo uma fonte de volatilidade para os mercados financeiros”, avaliou a consultoria Capital Economics em uma análise divulgada nesta quinta-feira. "Quando a remoção dos estímulos finalmente começar, esses países mais uma vez estarão na linha de fogo.”
Ao menos 13 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nesta quarta-feira em uma série de ataques a bomba em uma movimentada área comercial no sul de Bagdá.
Segundo a polícia, houve ao menos três explosões, que causaram ainda danos a vários edifícios. A primeira explosão teria sido provocada por um carro-bomba, seguida de duas explosões de artefatos deixados na rua. Cerca de 75 pessoas ficaram feridas. Funcionários dos serviços de segurança disseram que o alvo dos ataques pode ter sido um comboio de veículos do Ministério da Indústria que estava presente no local. Porém o ministro da Indústria, Fawzi al-Hariri, disse à BBC que não estava no local no momento das explosões. Ministros e outros membros do governo são freqüentemente alvos de ataques a bomba e de atiradores no Iraque e requerem segurança constante para garantir sua segurança. Peças para carros O local onde ocorreu a explosão é usado por comerciantes para vender equipamentos e peças de reposição para carros. Os corpos dos mortos podiam ser vistos espalhados pela rua e as dezenas de pessoas feridas esperavam a chegada das ambulâncias deitadas no chão. Uma mulher chorava sobre o corpo mutilado de seu filho, impedindo que ele fosse retirado pelas equipes de resgate, segundo a agência de notícias France Presse.
O físico britânico Stephen Hawking, que morreu nesta quarta-feira na Inglaterra, colecionou muitas vitórias ao longo de 76 anos de vida.
O talento de Hawking - que, para muitos, o faz digno de um Nobel que não veio durante sua vida - era combinar distintos campos da física Foi considerado um dos cientistas mais influentes do mundo desde Albert Einstein, não só por suas decisivas contribuições para o progresso das teorias que explicam o Universo, mas também por sua constante preocupação em aproximar a Ciência das pessoas. Ele também enfrentou com coragem uma doença motora degenerativa, que o deixou em uma cadeira de rodas e sem capacidade para falar de maneira natural. Por anos usou um sintetizador de voz para se comunicar. O cientista morreu por complicações da doença diagnosticada quando tinha 22 anos. Hawking sofria com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Hawking desafiou o prognóstico dos médicos, que lhe previram uma vida curta, e continuou elaborando teorias e divulgando a Ciência por mais de 50 anos. A BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, selecionou cinco das grandes contribuições que o físico britânico deu ao mundo. Fim do Talvez também te interesse 1 - Buracos negros Stephen Hawking dedicou toda a carreira a pesquisar as leis do Universo. Muitos dos teoremas elaborados por ele, contudo, estão relacionados aos buracos negros. Trata-se de regiões do espaço que possuem forças gravitacionais tão intensas que nada consegue escapar delas. Nem mesmo a luz - daí o nome "buracos negros". A ideia data do século 18 e é, portanto, anterior a Hawking. Mas foi a Teoria Geral da Relatividade, elaborada por Albert Einstein em 1915, que ajudou a entender que a deformação no espaço-tempo causada pela massa de corpos celestes está ligada à força da gravidade. Quanto maior a massa do corpo, maior a deformação e, por sua vez, maior a força da gravidade. Stephen Hawking dedicou anos da vida pesquisando os buracos negros Nos anos 1970, Stephen Hawking usou os estudos de Einstein para descrever a evolução dos buracos negros do ponto de vista da física quântica. E descobriu que não retêm tudo dentro deles. "Se você cair em um buraco negro, não desista. Existe uma forma de sair de lá", disse numa palestra em 2015 na Suécia. "Eu acho que minha maior conquista será (mostrar) que os buracos negros não são completamente negros", disse o físico à BBC no ano passado. "Efeitos quânticos", continuou ele, "faz com que eles brilhem como corpos quentes com uma temperatura menor, quanto maior o buraco negro". Esse resultado foi completamente inesperado e mostrou que existe uma relação profunda entre gravidade e termodinâmica. Com o matemático britânico Roger Penrose, Hawking se deu conta que os buracos negros eram como o Big Bang ao contrário Para Hawking, essa é a chave para ajudar a resolver os paradoxos da mecânica quântica e a relatividade geral, duas áreas da física que ainda estão em busca de consenso. 2 - Radiação Hawking Ao desenvolver o conceito chamado Radiação Hawking, o físico explicou como informações das partículas ficariam na fronteira, ou no horizonte dos buracos negros. Para ele, a física quântica ajuda a entender que os buracos negros são capazes de emitir energia, perder matéria e até desaparecer. E os efeitos quânticos seriam os responsáveis pelos buracos negros perderem parte de sua característica. Roland Pease, repórter de Ciências da BBC, explica: "Um buraco negro levaria muito tempo para evaporar dessa maneira, mas em seus últimos anos, Hawking disse que ele expiraria em uma explosão de energia equivalente a um milhão de megatons de bombas de hidrogênio". O trabalho de Hawking ajudou a comprovar a existência do Big Bang Em 2008, quando o maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor Elétron-Pósitron (LHC, na sigla em inglês), foi inaugurado na Suíça, criou-se uma grande expectativa de que miniburacos negros seriam criados, provando, na prática, a teoria de Hawking. Se isso tivesse acontecido, Roland Pease afirma que o britânico teria "com certeza" recebido o Prêmio Nobel. Mas não foi o caso. O LHC não permitiu comprovar a teoria do físico britânico. 3 - O Big Bang O trabalho que Stephen Hawking conduziu sobre os buracos negros ajudou a provar a ideia de que uma grande explosão, chamada Big Bang, foi o princípio de tudo. Ainda que tenha sido desenvolvida na década de 1940, a teoria do Big Bang não foi aceita imediatamente por todos os estudiosos do cosmos. Em colaboração com o matemático britânico Roger Penrose, Hawking se deu conta de que os buracos negros eram como o Big Bang ao contrário. Segundo o físico, os cálculos usados para descrever os buracos negros também serviam para descrever "a grande explosão". 'Estamos profundamente tristes pela morte do nosso pai hoje', disseram, em um comunicado, os filhos Lucy, Robert e Tim quando confirmaram a notícia Roland Pease explica que, "enquanto outros pesquisadores lutavam para descrever um breve momento na vida de uma molécula usando leis quânticas, Hawking (juntamente com o físico James Hartle) mostrou que era possível encapsular a história de todo o Universo em uma única equação matemática". A equação ficou conhecida como o Estado de Hartle-Hawking, que os dois pesquisadores britânicos costumavam chamar de "função de onda do universo". Sobre essa forma de explicar o Universo, Roland Pease afirma: "Porque a equação é autossuficiente, ela começa em uma singularidade no início dos tempos e se fecha com outra no fim dos tempos e, se necessário, o histórico pode saltar entre estes dois extremos". Juntando todos esses conceitos, uma das afirmações mais ousadas de Hawking foi considerar que a Teoria Geral da Relatividade de Einstein implicava que o espaço e o tempo começaram no Big Bang e acabaram em buracos negros. "Einstein estava errado quando disse que 'Deus não joga dados'. A existência dos buracos negros sugere não apenas que Deus brinca de dados, mas também nos confunde ao jogá-los onde não podem ser vistos", disse o físico no livro A Natureza do Espaço e do Tempo, publicado em 1996. Stephen Hawking acreditava que o Universo evoluia segundo leis estabelecidas Para Hawking, nenhuma lei da física se aplica até a ocorrência do Big Bang. O Universo evoluiu de maneira independente ao que havia antes. Até a quantidade de matéria no Universo pode ser diferente do que havia antes da explosão, porque a Lei de Conservação da Matéria não se aplicaria ao Big Bang. 4 - A Teoria de Tudo Stephen Hawking atraiu muita atenção ao sugerir, por meio da Teoria de Tudo, que o Universo evolui segundo leis bem definidas. No livro de mesmo nome, Hawking mergulha nas histórias das teorias do universo. Começa com Aristóteles, que afirmou que a Terra era redonda, e vai até à descoberta da lei de Hubble, mais de dois mil anos mais tarde, que mostrava que o universo se encontra em expansão. Na obra, ele traz elementos da física moderna, fala dos buracos negros, do tempo-espaço e das perguntas ainda sem respostas. E defende combinar teorias parciais em uma única. "Esse conjunto de leis pode nos dar respostas a perguntas como qual foi a origem do Universo", declarou Hawking. Em 2008, ele fez uma palestra em Washington e falou sobre por que a humanidade precisa explorar o espaço | Foto: Jim Watson "'Até onde vamos - e haverá um final? E se for assim, como terminará?' Se encontrarmos uma resposta para isso, será o maior triunfo da razão humana, porque conheceríamos a mente de Deus", prometeu em Uma Breve História do Tempo, publicado em 1988. 5 - Breve história do tempo Apesar da complexidade de todos esses conceitos, Hawking fez um grande esforço para difundir a cosmologia em termos fáceis de serem compreendidos pelo público em geral. "Eu quero que meus livros sejam vendidos em lojas de aeroporto", declarou em uma entrevista ao jornal americano The New York Times, em dezembro de 2004. O livro Uma Breve História do Tempo vendeu mais de 10 milhões de cópias no mundo. Ainda assim, Hawking tinha consciência de que as vendas não eram sinônimo de leitura completa da obra. Anos depois, ele publicou uma versão mais leve e fácil de digerir. O grande talento de Hawking, que, para muitos, o faz digno de um Prêmio Nobel que não veio durante sua vida, era combinar distintos campos da física, mas igualmente importantes: gravitação, cosmologia, teoria quântica, termodinâmica e teoria da informação.
O Parlamento do Mercosul foi inaugurado nesta quinta-feira em Brasília ainda num estágio inicial, sem parlamentares específicos para a função e sem poder de legislar para os cinco países do bloco – Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
A primeira eleição geral para parlamentares do bloco só acontece em 2014. Antes, cada país elegerá deputados específicos para o Mercosul junto com suas eleições legislativas. Segundo o Itamaraty, no caso brasileiro os eleitores escolherão os deputados do Mercosul nas eleições de 2010, junto com os deputados federais e estaduais. Na instalação do Parlamento, numa cerimônia no Senado, o presidente Lula reconheceu que o bloco ainda enfrenta problemas de institucionalidade, mas disse que a criação do órgão vai ajudar a aproximar o Mercosul do dia-a-dia das populações dos países integrantes do bloco. “Os obstáculos que enfrentamos na construção do Mercosul só podem ser superados com mais diálogo, mais integração e mais Mercosul”, afirmou o presidente. Primeira fase Nesta primeira fase, cada um dos cinco países vai indicar 18 deputados para o Parlamento, que começa a se reunir em março. A sede do órgão será em Montevidéu, no Uruguai. O presidente Lula lembrou que o Parlamento do Mercosul não terá o poder de aprovar leis, mas acha que ele terá “um papel decisivo para fazer avançar a harmonização das legislações nacionais e, quando for necessária aprovação legislativa, tornará mais ágil a incorporação das normas do Mercosul aos ordenamentos jurídicos internos”. O presidente também defendeu sua política externa, de privilegiar as relações entre os países em desenvolvimento, e disse que o Brasil precisa ajudar os países menores da região para atraí-los para o bloco. “Se nós quisermos que o Mercosul se transforme num espaço legítimo de aspiração do povo do Mercosul, o Brasil tem que assumir a responsabilidade de ajudar no desenvolvimento dos países menores”, afirmou. Assimetria O mesmo racicíonio deve ser usado, na avaliação do presidente, para atrair a Bolívia para o bloco. “É preciso que nós tenhamos consciência de que precisamos ajudar a Bolívia, precisamos trabalhar projetos conjuntos, precisamos trabalhar o desenvolvimento porque, senão, esses países não encontrarão nenhuma razão para estar no Mercosul”, completou. A chamada “assimetria” entre os membros grandes – Brasil e Argentina e agora também Venezuela – do bloco e os pequenos – Paraguai e Uruguai – é um dos temas na reunião de ministros de Relações Exteriores do Mercosul, que acontece nesta sexta-feira em Brasília. O bloco aprovou há poucos meses a criação do Focem (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul), com um orçamento de US$ 100 milhões para 2006, dos quais o Brasil entrou com 70%. O fundo tem o objetivo de financiar projetos que beneficiem os países pequenos para que eles se integrem mais facilmente ao bloco.