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O governo boliviano do presidente Evo Morales deu prazo de até 72 horas para que o embaixador dos Estados Unidos na Bolívia, Philip Goldberg, deixe o país.
A informação foi dada, nesta quinta-feira, pelo ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca. Ao mesmo tempo, também nesta quinta-feira, o governo do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciou a "expulsão" do embaixador da Bolívia em Washington, Gustavo Guzmán. A informação foi confirmada à BBC Brasil pelo Ministério boliviano das Relações Exteriores. Pouco antes deste anúncio americano, Choquehuanca disse: "Quando um embaixador é declarado persona no grata já se sabe que ele deve deixar o país entre 48 e 72 horas." O chanceler afirmou ainda que o governo Morales tem a "firme vontade" de manter relações entre La Paz e Washington. Mas num comunicado, o governo do presidente George W. Bush classificou a decisão como "grave erro". "A ação do presidente (Evo) Morales é um grave erro que afetou seriamente as relações bilaterais", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack. Ele afirmou ainda que são "infundadas" as afirmações (de Morales) de que o embaixador incentivou protestos contra o governo. Morales anunciou a decisão de expulsão do embaixador durante discurso, na quarta-feira, no Palácio Queimado. Segundo a imprensa boliviana, a iniciativa do líder da Bolívia já teria sido comunicada, oficialmente, à secretária de Estado, Condoleezza Rice. A crise diplomática entre os dois países ocorre num momento de fortes enfrentamentos entre setores da oposição a Morales nos departamentos (Estados) de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando, forças de segurança e, nas últimas horas, contra seguidores do presidente. Os protestos são contra o corte no repasse de verbas do setor petroleiro para as regiões e contra a nova Constituição. O texto da Carta Magna foi aprovado no fim do ano passado, mas tem a aversão da oposição e depende de referendo para entrar em vigor. A carta inclui temas como a reforma agrária.
Uma das maiores geleiras da Antártida está perdendo espessura quatro vezes mais rápido do que há dez anos, de acordo com uma pesquisa liderada pela University College de Londres (UCL).
Cientistas afirmam que derretimento é mais rápido no centro da geleira Um estudo das medidas tomadas por satélite da geleira Pine Island, no oeste da Antártida revelou que a superfície do gelo está baixando 16 metros por ano. Desde 1994, a geleira baixou em até 90 metros, o que traz graves implicações para o aumento do nível do mar. Cálculos feitos com base na taxa de derretimento registrada há 15 anos sugeriram que a geleira poderia durar 600 anos. Mas, de acordo com as novas informações, a geleira poderá durar apenas mais 100 anos. A taxa de perda de gelo é mais rápida no centro da Pine Island e os pesquisadores temem que, se o processo continuar, a geleira poderá se quebrar e começar a afetar a camada de gelo do continente. A pesquisa foi liderada pelo professor Duncan Wingham, do University College de Londres e publicada na revista científica Geophysical Research Letters. Três centímetros O professor Andrew Shepherd, , da Universidade de Leeds, um dos autores da pesquisa, afirmou que o derretimento no centro da geleira vai aumentar em três centímetros o nível global do mar. "Mas o gelo preso atrás da geleira é de cerca de 20 a 30 centímetros de aumento do nível do mar e, assim que desestabilizarmos ou retirarmos a parte do meio da geleira, não sabemos o que vai acontecer com o gelo na parte traseira", disse Shepherd. "É algo sem precedentes nesta região da Antártida. Sabíamos que havia o desequilíbrio há algum tempo, mas nada no mundo natural está perdendo a uma taxa de aceleração exponencial como esta geleira", acrescentou. A geleira Pine Island vem sendo estudada nos últimos anos em meio ao temor de que poderá desabar e levar a uma rápida desintegração da calota polar no oeste da Antártida. Há cinco anos foi realizado um voo conjunto da Marinha do Chile e da Nasa (a agência espacial americana) que durou 11 horas para analisar a geleira com radar e equipamento a laser. A viagem, que saiu de Punta Arenas, incluiu uma série de sobrevoos baixos sobre a gigantesca geleira, que tem 32 quilômetros de largura e 1,6 quilômetro de espessura. Naquela época, os pesquisadores a bordo do voo já se preocupavam com a velocidade da mudança que detectavam na geleira. Este último estudo dos dados de satélite será mais uma informação para alarmar os especialistas polares. Mudança dramática Esta nova descoberta ocorre num momento em que os cientistas no continente Ártico encontram provas de uma mudança dramática. Os pesquisadores a bordo de um navio do Greenpeace estudaram a parte noroeste da Groenlândia. Um dos que participaram da pesquisa, o professor Jason Box, da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, foi surpreendido pela pouca quantidade de gelo no mar que encontraram no Estreito de Nares, entre a Groenlândia e o Canadá. Ele também instalou câmeras para monitorar a gigantesca geleira Petermann. Foram observadas novas rachaduras, enormes, e os cientistas acreditam que uma grande parte da geleira pode se romper em breve. "A comunidade científica ficou surpresa pela forma como estas grandes geleiras são sensíveis ao aquecimento", afirmou Box à BBC. "Primeiro foram as geleiras no sul da Groenlândia e agora, enquanto vamos mais para o norte da Groenlândia, descobrimos o recuo em grandes geleiras. É como retirar uma rolha de uma garrafa", acrescentou.
O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse nesta sexta-feira em uma visita ao Oriente Médio que a retomada da violência nos últimos dias aumentou a determinação de Washington em "destruir" os que estiverem impedindo o "objetivo da paz".
Powell afirmou que ficou otimista com as Israel de libertar prisioneiros palestinos e remover assentamentos judeus clandestinos. O secretário disse também que os primeiros-ministros israelense, Ariel Sharon, e palestino, Mahmoud Abbas, devem trabalhar juntos para conter a violência e criar instituições conjuntas. Já Ariel Sharon afirmou, em um discurso, que o processo de paz não terá progresso caso o "terrorismo" continue. Oportunidade Sharon declarou que não perderá nenhuma oportunidade de avanço no sentido de uma solução política para a crise envolvendo Israel e os palestinos. Ainda hoje, Powell deve se encontrar com Abbas na cidade palestina de Jericó. Os palestinos dizem que, para persuadir grupos militantes a aceitar um cessar-fogo, Israel precisa parar de tentar assassinar seus líderes. Também deve ser alvo de discussão um plano para Israel retirar suas forças da Faixa de Gaza e deixar que a Autoridade Nacional Palestina assuma a responsabilidade pela segurança da região. Enquanto isso, em Moscou, o presidente russo Vladimir Putin - cujo país faz parte do grupo que está apoiando o plano de paz - disse que o líder palestino Yasser Arafat não pode ser ignorado na busca por paz no Oriente Médio. Na quinta-feira, ao partir para a Jordânia, Powell havia minimizado as expectativas de progresso nas negociações e disse que não haveria nenhum "grande evento" em sua visita a Israel e aos territórios palestinos. Horas antes da chegada do secretário americano a Jerusalém, soldados israelenses entraram em confronto com colonos judeus durante a operação de remoção de um assentamento na Cisjordânia (leia mais sobre o confronto). Nos territórios palestinos, o primeiro-ministro Mahmoud Abbas, também conhecido como Abu Mazen, havia voltado a se reunir com grupos militantes palestinos, em uma nova tentativa de negociar um cessar-fogo.
Um estudo realizado pela conceituada Clínica Mayo, nos Estados Unidos, mostrou que mulheres que tiveram tumores benignos na mama correm um risco muito maior de desenvolverem a forma maligna da doença.
O estudo, publicado na revista New England Journal of Medicine, avaliou biópsias de tecidos mamários de 9.087 mulheres com idade de 18 a 85 anos. Os tecidos eram de tumores benignos que foram examinados na clínica entre 1967 e 1991. Os pesquisadores pediram que patologistas, que não conheciam o quadro clínico das mulheres, analisassem as amostras e as classificassem em três categorias: a que se prolifera (cresce rápido), a que não se prolifera (cresce mais devagar) e a atípica. Os cientistas depois checaram quantas mulheres acabaram desenvolvendo câncer de mama – 707 foram detectados em um período de 15 anos. Checagem Com essa informação, os cientistas puderam checar que categoria de tumor benigno estaria mais associada ao aparecimento de câncer de mama. As mulheres com as formas mais agressiva e atípica de tumor benigno mostraram-se mais suscetíveis a ter câncer de mama do que as que portavam a forma que não se prolifera da doença. Seis em cem mulheres com a forma menos agressiva de tumor benigno tiveram câncer até 15 anos depois do primeiro exame; enquanto dez em cada cem com a forma que prolifera desenvolveram a doença, e 19 em cada cem com a forma atípica tiveram câncer. A equipe da Clínica Mayo, no entanto, pede que todas as mulheres que tenham a forma benigna do tumor sejam sempre monitoradas para câncer de mama.
O ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos Paul O'Neill acusou o presidente George W. Bush de ter planejado a invasão do Iraque logo depois de ter tomado posse, há três anos.
"Desde o princípio, havia a convicção de que Saddam precisava sair de cena", disse o ex-secretário. O'Neill ficou no cargo durante quase dois anos até ser demitido em dezembro de 2002. Ele fez as declarações numa entrevista que foi ao ar no domingo pela rede de TV americana CBS. Na entrevista, ele dá uma visão nem um pouco elogiosa do estilo de liderança de Bush. Para ele, nas reuniões do governo, o presidente era "como um cego em uma sala cheia de surdos". Livro O ex-secretário deu a entrevista como parte da estratégia de lançamento do livro O Preço da Lealdade, de Ron Suskind, que é em grande parte baseado na visão de O'Neill sobre a administração Bush. Ainda à CBS, O'Neill disse que o goveno Bush parece acreditar que pode fazer o que bem entender em países estrangeiros. Em outra entrevista, à revista semanal Time, o ex-secretário diz que, enquanto trabalhou para o governo, nunca viu nenhuma prova da existência de armas de destruição em massa no Iraque. O autor do livro, Ron Suskind, contou à CBS ter recebido documentos do ex-secretário e de outras fontes comprovando que, durante os primeiros cem dias do governo Bush, assessores já estavam procurando opções militares para tirar Saddam Hussein do poder. Segundo o autor, existiria até mesmo um memorando com o título Plano para o Iraque Pós-Saddam. O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, não quis comentar as acusações, afirmando, com uma dose de ironia, não fazer "crítica literária".
Um relatório divulgado nesta quarta-feira pela organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) sugere que a repressão e a violação dos direitos humanos foi mantida em Cuba pelo governo de Raúl Castro.
Raúl mantém as violações dos direitos humanos no país O documento, intitulado New Castro, Same Cuba (“Novo Castro, Mesma Cuba”), é resultado de 60 entrevistas feitas em campo e mais de 40 casos registrados de prisões por “periculosidade social”. Esse tipo de detenção – prevista no Código Penal do país - prevê que o governo pode prender indivíduos antes que cometam algum crime, na suspeita de que possam vir a cometer uma ofensa no futuro. Segundo a ONG, a definição de “perigo”, no entanto, seria política e classificaria “qualquer comportamento que contradiga as normas socialistas de Cuba”. “Os cubanos que ousam criticar o governo vivem em medo permanente, sabendo que podem acabar na prisão por meramente expressarem suas opiniões”, disse José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da HRW. Segundo o relatório, além das prisões sem acusações, as condições carcerárias dos presos políticos também infringem os direitos humanos. O documento cita diversos casos de detentos que sofreram abusos violentos nas prisões, além de extenso confinamento solitário. De acordo com Vivanco, “em três anos no poder, Raúl Castro tem sido tão brutal quanto seu irmão”. Fidel Castro passou o poder para o seu irmão Raúl, primeiro interinamente em 2006 e depois de maneita permanente em fevereiro de 2008. EUA O relatório cita ainda os esforços do governo dos Estados Unidos para pressionar por uma mudança no cenário cubano, em especial o embargo. Mas afirma que o embargo não colaborou para uma melhoria da situação dos direitos humanos no país e teria “isolado os Estados Unidos e alienado aliados em potencial nessa questão”. “Apesar da nova liderança em Havana e Washington, Cuba continua a pressionar os dissidentes, enquanto os EUA persegue a mesma política fracassada do embargo”, afirmou Vivanco. O documento recomenda que o governo do presidente Barack Obama buscar uma aliança com a União Europeia, América Latina e Canadá para pressionar Cuba a libertar todos os prisioneiros políticos em seis meses. Uma vez que isso seja realizado, os EUA devem eliminar o embargo contra o país. "Acreditamos que o embargo perpetuou a repressão e o regime em Cuba. Acreditamos que a única forma de alcançar melhorias em Cuba é a pressão internacional, mas multilateral, ajustada", disse Vivanco à BBC Mundo. Caso o governo de Raúl Castro não cumpra com o compromisso de libertar os presos, os membros da aliança deveriam impor sanções contra a ilha, recomenda o relatório. “Essas medidas devem ser significativas o suficiente para causar impacto no governo cubano e ser cuidadosas para não impor sofrimento ao povo cubano como um todo”, afirma o texto.
O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev é a estrela de uma nova campanha publicitária da grife de luxo francesa Louis Vuitton.
Célebre por suas bolsas femininas, a marca também fabrica malas de viagem desde 1854 e escolheu personalidades internacionais para colocar esse produto em evidência e atingir um público mais amplo, também masculino. As imagens, realizada pela fotógrafa Annie Leibovitz, famosa por seus perfis de personalidades, mostram Gorbachev em uma limusine passando ao lado do muro de Berlim. Foi o próprio ex-presidente que sugeriu o local das fotos. Para convencer o novo garoto-propaganda, inicialmente reticente, a Louis Vuitton fez uma doação à organização Cruz Verde Internacional, fundada e presidida por Gorbachev. O nome da organização aparece na publicidade, mas sem grande destaque. Personalidades A marca francesa pretende mostrar nessa nova campanha “viagens pessoais de personalidades que marcaram suas áreas de atuação durante uma época”, diz Pietro Beccari, diretor de marketing e comunicação da Louis Vuitton. Além do ex-presidente soviético, também integram a primeira fase da nova campanha publicitária a atriz Catherine Deneuve, fotografada em uma estação de trem em Paris, e o casal de tenistas André Agassi e Steffi Graf em um quarto de hotel em Nova York. Mas a vedete da nova publicidade é mesmo o ex-presidente soviético, já que propagandas com atrizes famosas ou esportistas célebres são bem mais comuns. As publicidades da Louis Vuitton são normalmente vistas em revistas femininas. A nova campanha visa agora a imprensa econômica internacional e também maior visibilidade nos mercados da Rússia e da China. A Louis Vuitton também fez uma doação à organização The Climate Project, do ex-presidente norte-americano Al Gore, iniciativa apoiada por Catherine Deneuve, Agassi e Steffi Graf. Esta campanha é a primeira da nova colaboração da Louis Vuitton com a agência Ogilvy & Mather.
Por dois dias, a reportagem da BBC Brasil acompanhou aulas de português concedidas a refugiados na sede da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, no bairro do Maracanã, zona norte da cidade.
Há três meses no Brasil, Pascal trabalha como camelô para pagar o aluguel Mesmo com o calor registrado nos primeiros dias de março, crianças e adultos, em sua maioria provenientes da República Democrática do Congo, lotavam a varanda transformada em sala de aula para aprender as primeiras palavras da língua do país que os acolheu. Em comum, todos pareciam sentir um alívio por terem saído de uma situação que muitos descreveram como "infernal" em seu país. Mesmo assim, eles se mostravam preocupados com os meios para se sustentar no Brasil. A maior parte dos entrevistados, no entanto, parecia esperançosa e dizia esperar passar o resto de suas vidas no Brasil. Confira agora alguns dos depoimentos de refugiados e solicitantes de refúgio congoleses. Para evitar a identificação, seus nomes foram substituídos por outros fictícios. Pierre* "Sou de Kinshasa. Estou aqui há quase cinco meses. Ainda não saiu meu refúgio. Eu fugi da guerra na minha terra, porque era membro de um partido, eu fugi por causa dessas coisas de política. Se ficasse lá podiam me matar. Antes de fugir, eu estava preso. Depois consegui fugir e arranjei uma maneira de chegar aqui no Brasil. Não vim porque gostasse antes do Brasil, eu estava precisando de um lugar onde eu pudesse viver em paz, por isso fiquei aqui. Mas, desde que eu cheguei aqui, não está nada bom. Estou sozinho aqui. A gente fugiu do sofrimento, mas aqui está no fogo, dentro do sofrimento. Aqui não há consideração pelos refugiados. Se você solicita um trabalho em qualquer lugar e apresenta os documentos que mostram que você é refugiado, eles não deixam trabalhar. O brasileiro pensa que o refugiado é um homem que matou no país dele e fugiu para cá, mas não é. O refugiado é uma pessoa que estava sofrendo na terra dele e fugiu para viver uma nova vida." Carlos* "Eu fazia parte de um partido político opositor. A gente começou a fazer manifestação e isso causou problema para nós. Eu sou enfermeiro formado e trabalhava como socorrista. Muitos de nós foram presos e outros foram executados. Aí começou a dar muito medo. Eu decidi vir para o Brasil porque era o caminho mais fácil para conseguir o visto. Hoje, no país da gente, para conseguir o visto da França ou Canadá, é muito difícil, então o Brasil foi mais fácil. O Brasil abriu as portas. Demorei mais ou menos dois anos para conseguir trabalho. São essas as maiores dificuldades que a gente tem." Angelica fugiu do Congo porque quis denunciar o tráfico de crianças no orfanato onde trabalhava À primeira vista, as pessoas recebem muito bem a gente, com muito calor. São curiosos, fazem muitas perguntas. Tem também outros que têm preconceito. O fato de que a gente é da África já faz com que muitos tirem a conclusão de que a gente é traficante, não sei por quê. Pessoalmente, esse negócio de preconceito é muito difícil ter certeza. As pessoas fazem isso com muita inteligência, para não parecer ser racista, entendeu? É muito difícil. Uma vez, o que eu percebi foi na Cinelândia. Eu estava andando normalmente e tinha uma moça na minha frente. Ela se assustou do nada e começou a fugir. Mas isso não tem nada a ver com o fato de eu ser refugiado...acho que ela não sabia que eu sou estrangeiro, é por causa de ser negro. É uma coisa séria ser refugiado e também (ter) a cor da gente, os refugiados brancos acho que não encontram as mesmas dificuldades que a gente. Eu desejo fazer a minha vida aqui. Eu vivo com uma brasileira, penso em ter um filho com ela, então viver feliz aqui, porque não é muito diferente da minha terra não." Pascal* Cheguei no Brasil há três meses. Estou estudando português, eu era militar, tenho facilidade porque militar tem que estudar outras línguas. Sou carioca, um antepassado morou aqui, ele veio para cá como escravo e depois voltou para o Congo. Por isso eu sou carioca. Uma pessoa me ajudou, me trouxe aqui. Ele falou "vamos para a América", eu achei que estivéssemos indo para os Estados Unidos da América. Mas ele me deixou aqui, por isso eu estou estudando. Aqui estou morando na Central do Brasil. Estou alugando minha casa, porque aqui (na Cáritas) me ajudam, mas o dinheiro daqui às vezes não vem no tempo, às vezes fica dois meses sem vir. Aqui me pagam R$ 300. Só dá para pagar o quarto. Estou procurando emprego para trabalhar Se Deus permitir, eu não quero mais voltar para o Congo não, eu sou carioca. Estou vendendo água (como camelô) para pagar a casa, mas os guardas me perturbam muito." Ben* "Estou há seis meses no Brasil. Eu morava perto de Goma, na Província do Kivu do Norte (no Congo). Lá a situação está muito complicada. A minha esposa foi baleada e morreu e eu fugi para Uganda, onde consegui o documento para vir para cá para o Brasil. A vida aqui para o refugiado é muito complicada. Chegamos aqui e não tem casa. A gente paga aluguel e é muito caro. Um quartinho, um quitinete, é R$ 400, R$ 300, mas aqui (na Cáritas) nós recebemos R$ 300. Eu moro na favela. Tem outros congoleses perto, mas eles não podem me ajudar, eles também têm dificuldades. A favela é muito complicada, mas a gente tem que acostumar. É muito complicado, o barulho de tiro, fica complicado para nós. Estou feliz (de estar aqui). Eu cheguei há pouco, demora até a gente se acostumar com o país, mas vai dar certo. Vou ficar aqui, com certeza." Angelica* "Nasci em Kinshasa, na capital (da República Democrática do Congo). Eu era estudante e fui fazer um estágio em um orfanato. Lá havia pessoas traficando crianças. Eu sabia que lá tinha tráfico de crianças e queria denunciar, mas começou uma confusão, me ameaçaram. Eu moro na casa de um outro congolês, em uma favela de Brás de Pina. A maior dificuldade é a língua, que é um pouco difícil. Eu moro na favela, pode ter algum problema. Tem muitos tiros lá, eu ouço muitos tiros. Eu tenho vontade de sair de lá. Não posso voltar para o Congo, porque as pessoas que me ameaçaram estão lá. Eu vim sozinha para cá, é muito difícil. Mas, mesmo assim, quero ficar aqui pra sempre. Estou alegre porque não estou mais me sentindo ameaçada. Camille* "O país (Congo) não está bom, está em guerra. Foi uma grande história para chegar aqui. Eu vim de avião, uma pessoa me ajudou. Fizeram documentos falsos. Mas, depois que cheguei, a pessoa me deixou na rua com as crianças e foi embora. Tive que dormir na rua no primeiro dia com as três crianças. Tenho três filhos. O primeiro tem 9, essa tem 3 e um bebê que nasceu aqui e tem três meses. Não tenho ninguém que possa me ajudar, estou sozinha. Se não fossem os vizinhos, não sei como seria minha vida. O dinheiro (que ganho da Cáritas) só dá pra pagar o aluguel da casa. Eu estou triste porque meus filhos não têm leite para tomar, as outras estão com fome. Eu não tinha idéia de que no Brasil seria ruim assim, eu não imaginava que um dia fosse dormir com fome no Brasil." *Nomes fictícios
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse nesta quarta-feira que o Irã precisa dar mais explicações sobre suas intenções com o seu programa nuclear.
Falando durante uma visita ao Estado de Nebraska, Bush afirmou que o Irã precisa "falar toda a verdade" a respeito da extensão de seu programa nuclear ou correr o risco de se isolar ainda mais da comunidade internacional. "Os iranianos têm uma escolha estratégica a fazer. Eles podem confessar tudo para a comunidade internacional a respeito do alcance de suas atividades nucleares, aceitar totalmente a oferta de suspender o programa de enriquecimento (de urânio) e entrar em negociação", disse. "Ou então, eles podem continuar no caminho do isolamento. Isto não interessa ao povo iraniano. A escolha é do governo iraniano", acrescentou Bush. No início desta semana, um novo relatório dos serviços de inteligência americanos sobre o programa nuclear do Irã concluiu que o país paralisou seu programa de armas nucleares em 2003. Mas na terça-feira, Bush afirmou que o Irã ainda é uma ameaça. 'Vitória' Os Estados Unidos e seus aliados europeus querem aprovar novas sanções contra o Irã nas Nações Unidas, mas a China, país membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, questiona a necessidade de novas sanções em virtude do conteúdo do relatório americano. Nesta quarta-feira, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que o novo relatório dos serviços de inteligência americanos é uma "grande vitória". Em um discurso transmitido pela televisão iraniana, Ahmadinejad afirmou que o Irã não vai desistir do programa nuclear para fins pacíficos. "Eles (os Estados Unidos) anunciaram de forma explícita que a nação iraniana está no caminho certo na questão nuclear, que o Irã tem o direito", disse. Ahmadinejad disse que "o relatório que eles publicaram (...), em vista disso, visa resolver o problema do governo americano, para permitir que ele (o governo americano) se distancie dos problemas e do impasse em que foi pego, mas, na verdade, é uma declaração de vitória da nação iraniana na questão nuclear, frente às potências do mundo todo", acrescentou.
Um dia antes do referendo para ratificar a Constituição européia na Holanda, pesquisas de opinião mostram que, assim como na França, a maioria dos eleitores deve rejeitar o documento.
Um levantamento realizado pelo canal público de televisão NOS, na segunda-feira, mostra uma vantagem de 60% do "não". Outro levantamento, realizado pelo canal de televisão RTL, mostra uma rejeição de 51% à Constituição, ante uma aceitação de 37%, com o restante dos pesquisados dizendo que não sabe ainda se irá votar. A maior parte diz que não foi influenciada pelo resultado da votação francesa, no domingo, mas que quer mostrar que está insatisfeita com o ritmo das mudanças na União Européia. A maioria dos eleitores não leu o documento, mas as razões pelo "não" vão desde a preocupação com a liberalização da economia e imigração, até a entrada da Turquia no bloco e a perda da identidade holandesa. Para John Palmer, diretor do Centro de Políticas Européias, "os holandeses estão muito preocupados com questões domésticas". Razões "O que acontece é que o governo do primeiro-ministro Jan Peter Balkenende, a coalizão de centro-direita, é muito impopular, assim como o presidente Jacques Chirac, na França. No fundo, as pessoas estão demonstrando insatisfação com seus próprios governos", diz Palmer. No domingo, cerca de 55% dos eleitores franceses votaram pelo "não". O analista Maurice de Hond, que conduziu a pesquisa para o canal NOS, afirma que muita gente na Holanda vê o referendo como uma chance de finalmente protestar contra o que foi decidido há cinco anos, sem consulta popular. "O problema não é sobre o conteúdo da Constituição", diz de Hond, "porque quase ninguém a conhece e todos ainda discutem o que ela realmente significa". "No fim das contas, o referendo não é sobre a Constituição. Tem mais a ver com o fato de que, cinco anos atrás, não houve referendo para decidir a adesão da Holanda ao euro, e algumas pessoas ainda têm raiva disso, então, (muitos) vão votar pelo resultado que queriam ter votado antes", completa de Hond. A possível entrada da Turquia na UE e o medo da chegada de novos imigrantes a Holanda também vêm sendo apontadas como razões para o “não”. "Se a Turquia entrar na UE daqui a dez ou 15 anos, provavelmente será com uma população de mais de 80 milhões de pessoas - o maior país da Europa com a voz mais alta sobre os assuntos europeus e, indiretamente sobre os assuntos holandeses, já que cada vez mais temos que adotar legislações aprovadas em Bruxelas (pela UE)", explica Geert Wilders, membro do Parlamento que está formando um novo partido de direita na Holanda. Ratificação A Holanda tem legislação diferente do resto da Europa em questões como drogas, eutanásia e prostituição, e parte da população teme a perda das liberdades individuais caso o país adote a Constituição. Para que entre em vigor, a Carta deve ser ratificada por todos os 25 países membros da União Européia. Até agora, nove países já a aprovaram, a maioria por votação parlamentar. A França foi o primeiro país a rejeitar o documento. A Constituição tem como objetivo estabelecer o modo de trabalho na União Européia ampliada. Dez novos países se juntaram ao bloco no ano passado, sendo que oito deles são ex-repúblicas comunistas.
A senadora americana Hillary Clinton, mulher do ex-presidente Bill Clinton, desmaiou nesta segunda-feira quando estava fazendo um discurso na cidade de Buffalo, no nordeste dos Estados Unidos.
A agência de notícias Associated Press informou, citando uma fonte ouvida por uma rádio local, que Hillary havia começado a fazer um discurso sobre seguridade social quando desmaiou. Antes ela havia dito à multidão que estava se sentindo fraca e que estava sofrendo de uma virose estomacal. De acordo com o correspondente da BBC em Washington Matt Frei, não está claro se Hillary foi hospitalizada depois do incidente. Aborto Hillary Clinton é tida como uma das mais conhecidas senadoras do Partido Democrata e é cotada por muitos analistas como a futura candidata do partido nas próximas eleições presidenciais. Frei disse que a senadora por Nova York, de 58 anos, não tem problemas conhecidos de saúde. Segundo ele, a virose que pode ter derrubado Hillary está sendo registrada com freqüência naquela região dos Estados Unidos e é muito intensa, mas os afetados costumam ter recuperação rápida. A rádio local WBEN, de Buffalo, informou que manifestantes contrários à prática do abordo iriam aproveitar o discurso de Hillary para fazer um protesto. A senadora é uma conhecida defensora do direito de aborto, um tema que divide a sociedade americana. Em setembro passado, Bill Clinton se submeteu a uma cirurgia para colocar quatro pontes de safena.
O presidente americano, George W. Bush, nomeou o general-de-divisão Douglas Lute para coordenar a política americana nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Lute, que atualmente é diretor de operações do Pentágono, vai responder diretamente a Bush no novo cargo, que foi criado agora. Informalmente, ele tem sido apelidado de "czar da guerra". Ele foi indicado depois de uma demorada pesquisa. Outras autoridades convidadas para o posto antes de Lute teriam declinado da proposta. O anúncio oficial deve ser feito nesta quarta-feira por Bush. O general Lute precisará ser aprovado pelo Senado. Correspondentes internacionais afirmam que não está claro o que o general Lute fará, e se o posto incluirá amenizar disputas entre o Pentágono e o Departamento de Estado. Ele também teria de enfrentar o Congresso americano dominado pelo Partido Democrata, que tenta restringir as verbas para os conflitos, ou vinculá-las a um prazo para retirada do Iraque. Segundo a agência de notícias Associated Press, o novo indicado poderá falar em nome do presidente sobre as áreas de conflito.
Um tribunal dos Estados Unidos deu ganho de causa nesta quinta-feira a uma mulher que estava processando o governo de Cuba e determinou que ela receba cerca de US$ 86,5 milhões em indenização das autoridades cubanas.
A ação de Janet Ray Weininger se baseou na execução de seu pai, o piloto Thomas Pete Ray, depois que ele foi capturado por Cuba durante a invasão da Baía dos Porcos, em 1961. De acordo com o jornal The Miami Herald, o corpo congelado do piloto chegou a ser exibido em uma caixa de vidro em Cuba, e só foi liberado para seus parentes em 1979. Como em outros casos semelhantes, o governo de Cuba não se defendeu no tribunal e nem sequer enviou um representante para acompanhar o julgamento. Outra batalha No passado, pessoas que apresentaram ações contra o governo cubano receberam compensações, mas o potencial de pagamento não deixa de ser limitado. León Patrícios, um dos advogados de Janet Weininger, disse ao The Miami Herald que a “os esforços de coleta” da indenização “serão uma batalha separada”. “Há fundos cubanos (no exterior) que estão bloqueados e é verdadeiramente uma questão política e legal se podemos ter acesso a esses fundos”, disse. Na invasão da Baía dos Porcos, cerca de 1,5 mil exilados cubanos treinados pela CIA (Central de Inteligência Americana) invadiram a ilha num esforço para derrubar o regime de Fidel Castro. A ofensiva de três dias fracassou, e mais de mil invasores foram capturados e cerca de cem deles, mortos.
Cientistas de uma missão internacional revelaram informações que ajudam a entender um dos anéis mais misteriosos de Saturno.
Há muito tempo o anel G – um dos mais distantes do planeta, a cerca de 168 mil quilômetros do seu centro – intrigava cientistas, que tentavam explicar de que era feito e por que tomava sua forma. Os anéis de Saturno são um sistema composto de partículas de gelo e poeira que orbitam em torno do planeta. Mas essas partículas podem se dissipar se não houver algo que "abasteça" os anéis de mais poeira e gelo, e um grande objeto – como uma lua – para manter as partículas unidas através da influência da gravidade. Os cientistas sabiam que a lua Enceladus fornece material para o anel E, enquanto os satélites Prometeus e Pandora podem ajudar a manter unidas as partículas do anel F. Mas o anel G está a 15 mil quilômetros de distância da lua mais próxima, Mimas. Em um artigo na revista Science, os cientistas afirmam que, apesar da distância, existe uma interação entre o anel G e a lua Mimas. Imagens A pesquisa utilizou imagens inéditas enviadas pela sonda Cassini-Huygens, uma missão em que colaboram as agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa), União Européia (Esa) e da Itália (ASI). Elas mostraram que um arco brilhante, equivalente a cerca de um sexto da largura do anel, se comporta em ressonância com Mimas. Para cada sete vezes que o arco orbita Saturno, Mimas orbita seis, descobriu a equipe. As imagens mostraram ainda que o arco é formado por objetos de gelo que variam de poucos centímetros a alguns metros. Meteoritos se chocam contra este arco, gerando partículas menores de poeira que povoam o resto do anel, explicaram os pesquisadores. Os cientistas esperam que novas revelações podem vir em 2008, quando a sonda Cassini se aproximar de Saturno e atingir uma distância de mil quilômetros dos anéis.
Com 16 anos declarados, mas aparentando ter apenas 13, o eritreu M.S. chegou à Itália há duas semanas, em uma embarcação vinda da Líbia.
Cerca de 6 mil crianças e jovens imigrantes em situação de risco chegaram à Itália desde o início do ano "Saí da minha casa em agosto e levei oito meses para chegar à Itália, em abril", disse à BBC Brasil com a ajuda de um mediador cultural. Desde então, M.S. não falou com a família. "Pedi que avisassem meus familiares que consegui sobreviver à travessia do Mediterrâneo", afirmou. Assim como M.S., milhares de jovens e crianças em situação de risco têm desembarcado na Itália – foram 6 mil deles desde o início do ano, dos quais 3,8 mil chegaram desacompanhados, segundo a ONG Save the Children. Estes jovens são invisíveis para o Estado italiano, pois escapam ao controle das autoridades. M.S. não tem conhecidos na Itália e pretende chegar à Noruega. "Vou procurar um tio que mora lá e que para mim é como um pai." Desde 2011, Roma tem um centro de convivência conhecido como Cívico Zero para dar apoio a estes jovens imigrantes desacompanhados. Recentemente, outro centro deste tipo foi inaugurado em Milão. O apoio dado neles vai desde serviços simples como chuveiros, refeições e máquinas de lavar roupa a até assistência médica, jurídica e psicológica. Acima de tudo, os centros oferecem momentos de tranquilidade e distração após uma jornada difícil. Financiado pela Save the Children, a estrutura recebe cerca de 40 menores estrangeiros por dia e quase 100 novas inscrições por mês. Também foi criado um abrigo noturno, com capacidade de 24 leitos, que fica aberto o ano todo. Leia também: Imigração de crianças sozinhas cria 'geração órfã' e vulnerável na Itália Vendendo drogas Sem a família, Mohamed Keita deixou a Costa do Marfim quando tinha apenas 14 anos D.H. é um adolescente afegão extrovertido que chegou ao Cívico Zero de Roma há alguns dias. Ele deixou seu país há dois anos e conta que entrou na Itália pelo porto de Veneza, depois de uma viagem de três dias embaixo de um caminhão, que tinha partido da Turquia. "Fiquei estendido assim", disse o jovem de baixa estatura, simulando a posição adotada durante a travessia. Ele diz ter vivido nas ruas, vendendo cocaína e heroína. "Dez anos atrás, perdi toda a minha família. Tenho apenas um irmão menor, que vive no Irã, e um tio que foi para a Suíça, mas não sei onde ele está ou se continua vivo", disse D.H. No centro de convivência, ele conheceu outros jovem afegão de 16 anos como ele. Agora, os dois se preparam para deixar o país. "Meu futuro é hoje. Se penso no meu passado, vejo que agora eu sou feliz. Como é a vida na Itália, se eu quiser ficar aqui?", pergunta. Outro adolescente que decidiu partir, depois de ter perdido a família em uma guerra, é Mohamed Keita, de 20 anos. Ele deixou a Costa do Marfim quando tinha apenas 14 e levou três anos na viagem até a Itália. Pessou por Mali, Argélia e Líbia, onde esteve preso por cinco meses até conseguir fugir. "Éramos em 13 pessoas no caminhão na travessia do deserto. Evitávamos passar por estradas e por vilarejos por causa da guerra e por medo dos rebeldes", disse. De lá, foi para Malta, onde permaneceu por um ano até conseguir embarcar para a Sicília, em 2010. Dificuldades As dificuldades não terminaram para Keita com sua chegada à Europa. Pouco depois de ter desembarcado na Itália, ele foi erroneamente identificado como maior de idade. Como consequência, recebeu uma ordem de expulsão e foi acusado por crime de falsidade ideológica. O marfinense viveu por três meses na ruas de Roma, dormindo nas calçadas próximas à estação central, até ser abordado por um voluntário da organização Save the Children. Keita recebeu assistência legal, foi encaminhado para um abrigo da prefeitura e fez novos amigos. Entre as ofertas recebidas, uma delas é especial. "Ganhei de presente uma máquina fotográfica descartável para registrar a minha casa. Fotografei uma mochila e uma sacola plástica apoiadas sobre um papelão", diz. A partir daí, passou a retratar outras pessoas que viviam na mesma condição que ele e, pouco depois, a sua mostra "J’habite Termini", com imagens de moradores de rua da estação central de Roma, foi exposta em Nova York. Hoje, Keita frequenta o ensino médio, trabalha como porteiro em um hotel e continua a fotografar os habitantes da cidade.
"NEE NED... DEIBEDH SIEFI EBEEE". Não entendeu nada? É que a frase está em "marciano".
Não é a primeira vez que região é observada, mas imagens mostram mais detalhes em alta resolução. Na verdade, ela foi obtida a partir de pontos e linhas formados por dunas de Marte que, se vistas de cima, se assemelham a elementos do código morse. Ainda que tenham causado alvoroço entre algumas pessoas que acreditam em óvnis e teorias da conspiração, essas formas foram geradas de maneira natural, a exemplo do que ocorre com as dunas dos desertos daqui da Terra - ou seja, moldadas pela direção do vento. Mesmo assim, a cientista da Nasa (agência espacial americana) Veronica Brayn decidiu checar o que elas diriam se compusessem, de fato, alguma "mensagem alienígena" - e a resposta foi a sopa de letrinhas acima. Os cientistas já haviam detectado esse padrão nas areias de Marte, mas em 6 de fevereiro uma sonda conseguiu mostrar detalhes ao registrar a topografia de uma região próxima ao polo norte do planeta. Fim do Talvez também te interesse Isso revelou com mais clareza esses pontos e linhas. Complexidade eólica Em um comunicado para a imprensa, a Nasa explicou que o acentuado padrão das dunas se deve à topografia particular do local: uma depressão circular, provavelmente formada pelo impacto de um asteroide, e que tem uma quantidade limitada de areia para ser arrastada pelo vento. O resultado são as distintas linhas e pontos captados pela câmera do Experimento Científico de Imagens de Alta Resolução (HiRISE, na sigla em inglês), que está a bordo da Sonda Orbital de Reconhecimento de Marte, que fotografa o Planeta Vermelho desde a última década. Imagem detalhada dos pontos e linhas perto do polo norte marciano As imagens dão pistas sobre a complexidade dos padrões eólicos de Marte. As linhas largas são formadas por ventos bidirecionais, ventos que sopram em ângulos diretos contra a duna. Com o tempo, o vento que sopra de uma ou outra direção espalha o material como um funil em forma de largas e escuras linhas que podem ser vistas nas imagens detalhadas. Já os pontos, conhecidos como dunas "barcanoides", são um poucos mais misteriosos. Os geofísicos acreditam que eles se formam quando a produção de dunas lineares é subitamente interrompida. Mas os cientistas da Nasa não estão muito seguros do que se trata, e é por isso que estão fotografando a região. A nave Mars Reconnaissance Orbiter fotografa a superfície do planeta durante uma década. Base em Marte Enquanto isso, Bray, que integra o projeto, traduziu a "mensagem" escrita nas misteriosas areias de Marte: "NEE NED ZB 6TNN DEIBEDH SIEFI EBEEE SSIEI ESEE SEEE" Antes de pegar o dicionário interestelar, saiba que isso se trata apenas de um momento de diversão entre os cientistas. No entanto, a séria interpretação científica da formação das dunas de Marte poderá ajudar a entender melhor o que poderia ser viver em uma futura base no planeta.
Há um mês e meio, dezenas de animais foram atingidos por manchas de petróleo no litoral do Nordeste brasileiro . O material de origem ainda desconhecida causou a morte de pelo menos duas aves e 15 tartarugas marinhas.
Tartaruga recebe cuidados no Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos do Aquasis (CRMM) na cidade de Caucaia, no Ceará Outras 11 tartarugas foram resgatadas após entrarem em contato com o petróleo, mas sobreviveram. Biólogos estimam, porém, que muitos dos animais atingidos morreram e não foram encontrados. Por isso, foram retiradas do mar, de maneira preventiva, 486 tartarugas para evitar que se contaminem ao serem transportadas para áreas com menor chance de serem afetadas. Biólogos e veterinários entrevistados pela BBC News Brasil dizem que as tartarugas atingidas podem demorar até seis meses para voltar para o mar. Nesse meio tempo, vivem uma saga até a recuperação completa. Depois que a tartaruga é recolhida, os especialistas iniciam um processo de limpeza, treinamento e uma bateria de exames até que esteja pronta para voltar ao seu habitat. Por ser um réptil e ter um metabolismo mais lento, sua recuperação é bem mais demorada do que a de uma ave, por exemplo. Fim do Talvez também te interesse Flávio Lima, coordenador-geral do Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), explica que o processo de higienização e recuperação física segue uma série de etapas. Tartarugas são limpas primeiro com óleo vegetal e depois detergente "A primeira é a descontaminação, para propiciar condições mínimas de sobrevivência. Fazemos uma lavagem das partes moles do corpo da tartaruga, como as nadadeiras e a cabeça. Depois, as mais rígidas, como o casco e o plastrão, que é a parte de baixo — onde fica o peito e a barriga. Fazemos isso usando esponjas, óleo vegetal e detergente neutro", conta Lima. Ele diz que esse processo é repetido até que o animal esteja completamente limpo. Essa fase pode demorar até cinco dias. As maiores preocupações são as cavidades, como boca, olhos, narina e cloaca — por onde as tartarugas também respiram. Thaís Pires, veterinária do Projeto Tamar, afirma que o petróleo gruda com facilidade nas nadadeiras. Isso aumenta o peso do animal e impede que consiga nadar. Para remover o excesso, é necessário usar uma outra gordura que consiga solubilizá-lo para só então fazer uma lavagem final com detergente neutro e água. "Na boca, usamos maionese, porque o óleo escorre e precisamos de algo mais sólido. Se a gente não usar essas gorduras, o detergente não consegue agir sozinho, porque o petróleo é muito denso. Precisaríamos de uma quantidade muito grande para termos o mesmo resultado", diz. A veterinária explica que uma das técnicas para tirar o petróleo do organismo dos animais é fazer com que eles ingiram carvão ativado em pó, que se liga aos compostos tóxicos, como o petróleo, e sai do corpo. Esse óleo causa muita irritação no organismo. Se ele fica muito tempo em contato com a pele, pode queimar. Caso o animal continue apático e sem força para respirar, ele é mantido em um ambiente úmido, mas fora da água. "Se a gente coloca ela debilitada na água, ela se afoga", diz Pires. Para isso, os veterinários colocam a tartaruga sobre uma grande esponja e cobrem sua carapaça com uma toalha molhada para que o permaneça sempre úmida. Exames, alimentação e treino Depois da limpeza, o animal precisa de uma pausa para reduzir o estresse causado tanto pelo óleo grudado no corpo quanto pelo tratamento inicial para retirá-lo. Nesse momento, os animais são alimentados e, em alguns casos, tomam soro fisiológico até que se recuperem fisicamente. Depois, são feitas diversas sessões de fisioterapia e, assim que a musculatura se fortalece, iniciam as "aulas de natação" com captura de alimento dentro de um tanque para que se adaptem ao retorno para o mar. Processo de limpeza pode ser repetido diversas vezes até que todo o petróleo seja retirado "Nesse período, a gente também deixa ela num recinto específico para avaliar se continua soltando óleo nas fezes. Uma reabilitação dura cerca de 2 meses. São feitos nesses períodos baterias laboratoriais para verificar se há alterações em exames de hemograma e bioquímico", afirma Lima. Os biólogos e veterinários ressaltam, porém, que esse trabalho de limpeza não pode ser feito por banhistas ou moradores locais. "As pessoas não devem tentar devolver a tartaruga ao mar, porque ela não vai sobreviver e, ainda por cima, voltará ao local contaminado. Também não devem tentar limpá-la, porque isso pode agravar ainda mais sua situação. Quem avistar um animal ferido ou com manchas de óleo, deve ligar para o Corpo de Bombeiros. Eles vão acionar o Ibama ou outro órgão ambiental, que fará o resgate com equipes especializadas", diz Lima. A veterinária afirma que a tendência é que a tartaruga atingida por manchas de óleo se recupere completamente e não necessite viver num tanque pelo resto da vida. Essa decisão só é tomada quando o animal nasce sob a proteção do instituto ou não tem condições físicas de voltar à natureza. Um exemplo disso é uma tartaruga que se machucou com objetos de pesca e perdeu os movimentos de sua nadadeira. Ela fez sessões de fisioterapia, estímulos elétricos e acumpuntura, mas, como sua nadadeira atrofiou, hoje vive no Projeto Tamar na Praia do Forte, na Bahia. Depois de todo o processo de recuperação, as tartarugas estão finalmente preparadas para voltar ao mar. Dois filhotes foram socorridos por biólogos do Projeto Tamar nesta semana e já foram soltos por ter apenas pequenas manchas de óleo. Geralmente, isso ocorre a partir da areia, mas, desta vez, foram deixados em alto mar, diz a veterinária Thaís Pires. "O mais importante é permitir que o filhote vença esse primeiro desafio e chegue à água. Com a barreira física do óleo que há hoje, eles não conseguem chegar até o mar. Nos primeiros dias, a gente mudava os filhotes de praias contaminadas para aquelas que estavam limpas. Agora, a gente precisa jogá-los diretamente em alto mar. Isso dá uma chance maior a eles, porque não sabemos quanto óleo há no mar nem como está se deslocando", afirmou. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O governo brasileiro lançou nesta quinta-feira uma política de desenvolvimento da biotecnologia que vai contar com R$ 10 bilhões para pesquisas nos próximos dez anos e pretende tornar o país um dos mais importantes nesta área neste prazo.
Para este ano, o orçamento dos vários ministérios para o setor é de R$ 1 bilhão, de acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. A maior parte dos recursos já existia nos orçamentos dos Ministérios do Desenvolvimento, da Saúde, Agricultura, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia, os cinco envolvidos no plano. A diferença, diz Furlan, é que agora eles serão canalizados para projetos de pesquisa com utilidade prática, que vão resultar em produtos e na criação de empregos. “Não temos falta de recursos. O que muitas vezes acontece é a falta de conectividade entre os fundos e o uso prático dessas pesquisas, em projetos que possam representar empregos”, afirmou o ministro A política que será lançada nesta quinta-feira, diz ele, é uma garantia de que o governo vai colocar recursos neste setor nos próximos dez anos. O governo quer ainda atrair investimentos privados, mas não tem uma estimativa de quanto dinheiro pode entrar no setor. Patentes O governo quer fazer um esforço para acelerar a concessão de patentes de medicamentos obtidos através de plantas nativas brasileiras. Neste caso, o que se patenteia não é a planta, nem o princípio ativo, mas o modo de extração do princípio ativo. Furlan diz que o programa que será lançado nesta quinta-feira já é a política oficial do governo para o setor, depois de ter sido discutido por quatro anos pelos cinco ministérios envolvidos. Será criado ainda um comitê para acompanhar a evolução das decisões que serão tomadas nos Ministérios. “As discussões sobre biotecnologia nunca estiveram tão presentes como agora. E o Brasil ocupa uma posição privilegiada”, diz Furlan. Com a nova política e a ação integrada dos vários ministérios, ele diz que ficam mais dificeis as ações de biopirataria ou o patenteamento de produtos brasileiros no exterior. Um dos projetos já em andamento é o desenvolvimento de kits de diagnóstico de doenças, atualmente importados. Com mais investimento em pesquisa, eles podem ser produzidos no país. O Ministério da Saúde também quer utilizar o poder de compra do governo para produzir no país vacinas que hoje são importadas. “Não é uma política de substituição de importações, mas de desenvolvimento de tecnologia para produção brasileira”, afirma Furlan.
A bactéria que causa a maior parte dos casos de úlcera estomacal está presente no sistema digestivo humano desde que o Homo sapiens saiu da África, há 60 mil anos, segundo uma pesquisapublicada nesta quarta-feira na revista científica Nature.
Cientistas liderados por Mark Achtman, do Instituto Max Planck para Infecções Biológicas na Alemanha, compararam variações no genoma do Helicobacter pylori com as variações encontradas no código genético humano. A equipe de Achtman descobriu padrões quase idênticos quando analisaram a variedade genética entre 769 amostras do Helicobacter pylori, retiradas de voluntários do mundo todo, pertencentes a 51 etnias diferentes. Colocados em um modelo de computador, os dados mostraram que a bactéria migrou do leste da África há cerca de 58 mil anos, o que coincide com a época em que os humanos começaram a se espalhar pelo mundo. África "Humanos anatomicamente modernos já eram infectados pela Helicobacter pylori antes de saírem da África. A Helicobacter pylori permaneceu intimamente associada com a população hospedeira humana desde então", afirma a pesquisa. Seguindo o modelo evolutivo "Saído da África", o Homo sapiens teria surgido no leste do continente por volta de 200 mil anos atrás. A saída da África é, variavelmente, colocada entre 50 e 70 mil anos atrás. Mas as rotas e a cronologia da grande diáspora não são bem entendidas, e a saída da África pode ter ocorrido em várias ondas. Se a Helicobacter pylori é um indicador confiável da migração humana, a bactéria pode ajudar a esclarecer estes pontos obscuros, segundo o estudo.
Cinco soldados dos Estados Unidos morreram neste sábado e outros três homens estão desaparecidos, depois de um ataque de insurgentes ao sul da capital do Iraque, Bagdá, segundo informações do comando militar americano.
A patrulha de sete americanos e um intérprete iraquiano foi atacada nas proximidades da cidade de Mahmudiya, de acordo com um porta-voz militar dos EUA. Ele disse que reforços americanos chegaram ao local uma hora depois do ataque, para procurar os soldados desaparecidos. Os militares americanos montaram barreiras ao redor da área para evitar que os soldados sejam levados para outros locais. O grupo teria sido atacado cerca de 11 quilômetros a oeste de Mahmudiya, um palco freqüente de confrontos entre americanos e insurgentes. Líderes locais O desaparecimento dos soldados levou a uma enorme operação de busca, envolvendo helicópteros, aeronaves automáticas de vigilância e aviões. O comando militar americano também está tentando convencer líderes da região a ajudar na busca. "Não tenha dúvidas: nunca vamos parar de procurar os nossos soldados, até que saibamos do estado deles e continuaremos a rezar para que voltem sãos e salvos", disse o porta-voz americano. No ano passado, seis soldados americanos foram seqüestrados e assassinados em dois episódios semelhantes. Os corpos de dois deles foram encontrados dias depois do desaparecimento na mesma região, em junho do ano passado, enquanto os outros quatro soldados foram seqüestrados e mortos em Karbala em janeiro.
Os Estados Unidos acordaram nesta sexta-feira com os relatos dramáticos do ataque, em Dallas, de franco-atiradores que mataram pelo menos cinco policiais e deixou outros seis feridos.
'Vidas negras importam'; protestos ocorreram em diversas cidades americanas As razões do ataque a policiais não estão claras, mas muitos dizem que podem estar ligadas às recentes mortes de negros pela polícia, que geraram protestos em várias cidades americanas. O ataque em Dallas veio durante um desses protestos, que mais uma vez levou americanos às ruas em manifestações contra o suposto racismo de forças policiais do país. Na raiz destes protestos estiveram as mortes de Philando Castile e Alton Sterling, na terça e na quarta-feira. Castile foi baleado por um policial quando supostamente pegava sua carteira de motorista no carro, a pedido de um policial, em St Paul, Minnesota, na quarta-feira. O caso teve grande notoriedade no país por causa de uma transmissão em vídeo feita ao vivo pelo Facebook de sua namorada, que estava no mesmo carro cercado por policiais. Fim do Talvez também te interesse Já Alton Sterling foi morto pela polícia em Baton Rouge, Louisiana, quando vendia CDs no estacionamento de uma loja de conveniência. Dois vídeos mostram a polícia partindo para cima dele para imobilizá-lo e o som de tiros sendo disparados. Saiba quem eram essas vítimas: Philando Castile Philando Castile era querido por alunos e funcionários, segundo relatos da mídia Castile, de 32 anos, trabalhava no refeitório de uma escola em St Paul havia mais de dez anos, contou seu tio Clarence a jornalistas de Minnesota. Ele era popular entre alunos e funcionários. Clarence compartilhou, em seu perfil no Facebook, a afirmação de um bispo de Minnesota, Divar Kemp, chamando Castile de "um homem saudável que foi morto porque obedeceu as ordens do policial". O primo de Castile, Antonio Johnson, disse ao jornal Star Tribune que seu primo havia se formado com mérito no ensino médio. "Castile era um negro dirigindo em Falcon Heights que foi imediatamente enquadrado em um perfil criminoso e perdeu sua vida", disse Johnson. O Star Tribune disse que Castile tinha apenas delitos leves em sua ficha criminal. A agonia de Castile, depois de ser baleado, foi transmitida ao vivo pelo Facebook por sua namorada, Diamond Reynolds, que queria denunciar a situação. Ela aparece sentada no banco do carona, ao lado da vítima, que está com a camisa ensanguentada e com o cinto de segurança afivelado. Segundo a namorada, Castile foi parado por causa de um farol quebrado e teria dito ao policial que o parou que tinha licença para portar arma e que estava com uma. Mas ela diz que ele estava se movimentando para pegar sua carteira de motorista quando foi baleado e morto. A filha deles, de quatro anos, estava no banco de trás. Alton Sterling Alton Sterling vendia CDs e DVDs Não há muitas informações públicas sobre Sterling, de 37 anos. O pai de cinco filhos vendia CDs e DVDs no estacionamento em que foi morto, disseram parentes dele a jornais de Lousiana. Segundo a CNN, ele era conhecido como "o cara do CD". A rede americana diz que a polícia foi chamado ao local por um morador de rua que pediu dinheiro a Sterling repetidamente e que teria sido ameaçado por ele com uma arma. Mas o dono da loja de conveniência em que ficava o estacionamento disse à rede que conhecia Sterling há seis anos e nunca o viu brigando com alguém. "Se você pedisse qualquer coisa a Alton, ele te dava", disse sua tia, Lorna, ao jornal The Advocate. "Alton te daria o mundo." Uma emissora, 9News, no entanto, disse que Sterling tinha uma longa ficha criminal, com condenações por agressão, drogas e roubo, e que ele havia sido preso em 2009 por resistir à prisão e portar arma ilegalmente. Mas Lorna disse que seu sobrinho procurava ganhar a vida trabalhando honestamente após sua última condenação, em 2011. Quinyetta McMillon, a mãe do filho de 15 anos dele, pediu que ele não fosse julgado por sua ficha criminal. "Estão sujando a imagem de um homem que não estava fazendo nada além de ganhar a vida para sustentar seus filhos", afirmou ela ao jornal USA Today. Um vídeo divulgado na quarta-feira mostra Sterling sendo imobilizado por dois agentes. Ele é levado ao chão e os agentes ficam sobre ele, apontando suas armas. Um deles dispara e a pessoa que filma afasta a câmera. Quando a imagem volta a focá-los, Sterling está deitado no chão, com o peito ensanguentado. Em seguida, o vídeo mostra o agente tirando algo - que segundo relatos seria uma arma - do bolso de Sterling.
Militantes palestinos ligados ao Fatah, o partido político do presidente Mahmoud Abbas, desafiaram neste sábado a determinação do primeiro-ministro Ismail Haniyeh, que é líder do Hamas, para ficarem fora das ruas.
Um grupo, calculado por algumas agências de notícias em 300 homens armados, fez demonstrações em Gaza, dando tiros para o ar e afirmando que querem a punição de um grupo rival. A ordem de Haniyeh para que militantes não fossem armados para as ruas de Gaza foi motivada por confrontos entre palestinos que aconteceram na sexta-feira. Na sexta, após a explosão de um carro ter matado um militante do grupo chamado Comitê da Resistência Popular, membros desse grupo acusaram agentes da polícia palestina ligados ao Fatah de ajudar os israelenses no susposto assassinato do militante. Israel negou qualquer envolvimento na explosão – cuja causa ainda é disputada –, mas mesmo assim o grupo militante entrou em confrontos com membros da força de segurança palestina. Na troca de tiros, três pessoas morreram. Os confrontos evidenciaram o grau de divisão que existem entre os diferentes grupos palestinos. Os confrontos entre palestinos ocorreram simultaneamente ao aumento de violência também no conflito com os israelenses. Na quinta-feira à noite, um suicida palestino matou três judeus – entre eles uma brasileira que vivia em um assentamento. O primeiro ataque suicida do ano provocou um forte reação de Israel, com batidas na casa de palestinos ligados ao suicida e ataques aéreos na Faixa de Gaza.
Trata-se de um pequeno grão de poeira que faz parte de uma estrela que deixou de existir há muito tempo.
O grão de poeira foi lançado por uma estrela que explodiu antes do nascimento do Sistema Solar Do tamanho de um micróbio, a amostra - lançada ao espaço por uma estrela que explodiu antes mesmo do nascimento do Sistema Solar - foi encontrada em um meteorito rochoso na Antártida. A descoberta pode colocar em xeque as teorias atuais sobre como estrelas mortas se dispersam e semeiam matérias-primas no universo para a formação de planetas e, em última análise, moléculas precursoras da vida. Raramente, esses grãos de poeira conseguem sobreviver ao caos, como a criação do Sistema Solar. Sendo assim, os cientistas esperam que a amostra ofereça pistas sobre a formação do mundo que nos rodeia. "Por ser uma verdadeira poeira estelar, estes grãos pré-solares nos dão uma ideia dos blocos de construção a partir dos quais nosso sistema solar foi formado", afirmou Pierre Haenecour, pesquisador da Universidade do Arizona, nos EUA, e principal autor do estudo publicado na edição digital da revista científica Nature Astronomy. Fim do Talvez também te interesse "Esses grãos também nos oferecem uma imagem instantânea das condições que existiam na estrela no momento em que eles se formaram." Explosão estelar O grão de poeira, chamado LAP 149, foi analisado no centro de microscopia do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona por meio de equipamentos sensíveis o suficiente para identificar átomos individuais. O LAP 149 é o único material conhecido de grafite e silicato que pode ser rastreado até um tipo específico de explosão estelar, chamada nova. As explosões estelares contribuíram para o enriquecimento químico do cosmo, culminando na variedade de elementos que conhecemos hoje Estima-se que o pequeno "mensageiro" tenha sobrevivido à jornada pelo espaço interestelar e chegado à região que viria a ser nosso Sistema Solar há cerca de 4,5 bilhões de anos. As novas são sistemas estelares binários em que remanescentes do núcleo de um estrela, chamada anã branca, estão em vias de desaparecer do universo, enquanto sua companheira é uma estrela de massa baixa. A anã branca começa a se apropriar do material da estrela secundária. E, uma vez que acumula material estelar novo o suficiente, explode de forma violenta o bastante para gerar novos elementos químicos e lançá-los no espaço. Logo após o Big Bang, quando o universo consistia apenas de hidrogênio, hélio e traços de lítio, as explosões estelares contribuíram para o enriquecimento químico do cosmos, dando origem à variedade de elementos que conhecemos hoje. Carbono e oxigênio Os cientistas descobriram que o grão de poeira era altamente enriquecido com um isótopo raro de carbono, chamado 13C. E a análise a nível atômico revelou ainda mais surpresas: diferentemente de grãos de poeira similares formados a partir de estrelas mortas, o LAP-149 é o primeiro grão constituído por grafite que contém silicato rico em oxigênio de que se tem conhecimento. "Nossa descoberta nos dá uma ideia de um processo que nunca poderíamos testemunhar na Terra", acrescenta Haenecour. Haenecour ao lado de um dos microscópios eletrônicos que permitiram analisar o grão de poeira a nível atômico "As composições isotópicas de carbono em qualquer amostra proveniente de qualquer planeta ou corpo celeste do nosso sistema solar variam normalmente por um fator da ordem de 50", disse Haenecour. "O 13C que encontramos no LAP-149 está enriquecido mais de 50 mil vezes. Estes resultados fornecem evidências de que grãos ricos em carbono e oxigênio das novas contribuíram para a construção do nosso sistema solar." Infelizmente, o LAP-149 não contém átomos suficientes para determinar sua idade exata. Por isso, os pesquisadores esperam encontrar amostras similares de tamanho maior no futuro. "Se conseguirmos datar esses objetos algum dia, poderemos ter uma ideia melhor de como nossa galáxia era vista em nossa região e do que desencadeou a formação do sistema solar", afirmou Tom Zega, professor associado do Laboratório Lunar e Planetário e do Departamento de Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade do Arizona. Grãos ricos em carbono e oxigênio de explosões estelares contribuíram para formação do Sistema Solar "Talvez a gente deva nossa existência à explosão de uma supernova próxima, comprimindo nuvens de gás e poeira com sua onda de choque, acendendo estrelas e criando viveiros estelares, semelhantes ao que vemos na famosa imagem 'Pilares da Criação', registrada pelo (telescópio espacial) Hubble." Acredita-se que o meteorito é similar ao material do asteroide Bennu, alvo da missão OSIRIS-REx, liderada pela Universidade do Arizona. A missão espera coletar uma amostra do asteroide e trazê-la de volta à Terra, o que permitiria estudar em detalhes o material praticamente inalterado desde a formação do Sistema Solar. Por enquanto, os pesquisadores dependem de descobertas extraordinárias, como o grão de poeira encontrado em um meteorito na Antártida. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
A fundação que determina a autenticidade das obras do artista americano Andy Warhol decretou que apenas aquelas em que ele se envolveu diretamente podem ser consideradas originais.
Com isso, 15% das obras reavaliadas pela empresa foram consideradas cópias, segundo reportagens nos jornais Independent on Sunday e Sunday Telegraph. Andy Warhol, que justamente questionava a idéia de "original" e "cópia" em sua arte, deixava seus assistentes fazer uma "produção em massa" de seus trabalhos, como as imagens das sopas Campbell ou de Marilyn Monroe, que, mesmo assim, continuavam sendo consideradas como obras de Warhol. Agora, segundo as informações dos jornais, pelo menos 20 colecionadores de arte prometem processar a fundação que cuida da autenticidade das obras do artista, afirmando que podem perder milhões de dólares se as obras que compraram forem consideradas cópias. Preço Os colecionadores acreditam também que a fundação está se recusando propositadamente a julgar originais obras antes desconhecidas de Warhol para não diminuir o preço das já existentes. O produtor de filmes Joe Simon, por exemplo, disse que teve várias de suas obras rejeitadas, inclusive um auto-retrato de Warhol em silkscreen que ele comprou há 14 anos por US$ 195 mil (R$ 560 mil). Ele afirmou que a fundação retirou a autenticação dessa obra, mesmo a tendo verificado como original duas vezes no passado. Ron Spencer, advogado da fundação, diz que sua função é tentar descobrir o "objetivo" do artista. "Se Warhol concebeu a idéia, dirigiu a pessoa que foi escolhida para preparar o silkscreen, supervisionou o processo de produção e 'assinou' no final, contanto que ele tenha dito 'Isso é bom, isso é o que eu queria', Warhol criou a obra", afirmou o advogado à revista Vanity Fair. As obras de Warhol são algumas das mais valiosas do século 20. Uma impressão de uma sopa Campbell chegou a R$ 48 milhões em um leilão e uma imagem de Marilyn Monroe atingiu R$ 53 milhões.
Parecia exagerada demais, algo típico de propaganda de guerra. Mas a notícia de que um comandante dos rebeldes sírios teria comido o coração de um soldado inimigo sob aplausos de seus homens acabou sendo confirmada – ao menos em partes.
Em entrevista à BBC, Sakkar questiona atenção do Ocidente a episódio 'canibal' Abu Sakkar, o líder do Exército Livre da Síria que aparece comendo um órgão em um vídeo divulgado na internet, não tinha tanta certeza sobre os detalhes quando o entrevistei. "Eu realmente não me lembro", disse ele, quando perguntei se tratava-se de um coração humano, como foi dito na época, ou um fígado, ou ainda um pedaço de um pulmão, como me relatou um médico que assistiu ao vídeo. "Eu não mordi, apenas segurei para mostrar aos outros", acrescentou. Nas imagens que rodaram o mundo, Sakkar está acima do corpo de um soldado inimigo, retalhando o cadáver. "Parece que você está fatiando um coração de Dia dos Namorados", diz um dos rebeldes. Pouco depois Abu Sakkar pega uma mão cheia de algum material não identificado e declara: "Nós vamos comer seus corações e seus fígados, seus soldados de Bashar, o cão" – em referência ao presidente sírio Bashar al-Assad. No momento seguinte, ele traz a mão até a boca e seus lábios se fecham ao redor daquilo que está segurando. Na época em que o vídeo foi divulgado, em maio, telefonamos para ele e Sakkar nos confirmou que havia dado uma mordida. Agora, frente a frente, ele parece mais sóbrio – embora fique com mais raiva quando pergunto por que fez isso. "Eu não quis fazer isso. Eu tive que", ele me conta. "Nós temos que aterrorizar o inimigo, humilhá-lo, da mesma forma que ele faz conosco. Agora, eles não vão ousar estar no mesmo lugar onde Abu Sakkar estiver", diz. Aos 27 anos, Sakkar é um beduíno parrudo, com olhar intimidador. Sírio do distrito de Baba Amr, na cidade de Homs, ele tem a pele queimada pela exposição ao sol durante as muitas horas seguidas de combate. Ele me conta a história do seu envolvimento na revolução, até chegar à sua atual notoriedade. Manifestações Antes de se juntar às manifestações na Síria, no início de 2011, Sakkar trabalhava como operário em Baba Amr. Na época, ele acompanhou o momento em que uma mulher e uma criança foram mortas durante um protesto. Seu irmão foi ajudar, e ele também foi assassinado. Meses depois, em um vídeo de junho de 2011, Abu Sakkar pode ser visto diante de uma multidão acenando com ramos de oliveira ao cumprimentar soldados que desertavam do Exército do presidente Bashar al-Assad. Abu Sakkar: 'Vocês ainda não viram nada' Na mesma época, ele acabou pegando em armas contra o regime, tornando-se um dos primeiros membros do então recém-criado Exército Livre da Síria (ELS). Em fevereiro de 2012, ele lutava na Brigada Farouq quando os rebeldes tentaram evitar, sem sucesso, que os homens de Assad tomassem Baba Amr. Ao final dos combates, com a retirada do ELS, Sakkar deu início a sua própria brigada, a Omar al-Farouq. Ao longo do caminho ele perdeu mais um irmão, muitos parentes, e muitos de seus homens. Seus pais foram presos e ele disse que a polícia ligou para ele para que pudesse ouvir o espancamento dos dois. "Coloque-se na minha pele", ele diz. "Eles levam seu pai e sua mãe. Massacram seus irmãos, assassinam seu tio e sua tia. Tudo isso aconteceu comigo. Eles massacraram meus vizinhos". "Canibal" Voltando a falar sobre o homem que aparece no vídeo, Sakkar dá mais detalhes do que se passou no dia. "Esse homem tinha vídeos no seu celular. Ele aparecia estuprando uma mãe e suas duas filhas. Ele as despiu enquanto elas imploravam que ele parasse, em nome de Deus. Finalmente ele as esfaqueou e assassinou. O que você teria feito?", ele me pergunta. Ele diz que meses atrás seus homens tinham ordens de alimentar os inimigos capturados e repassarem a mensagem de que todos são irmãos. "Mas eles começaram a estuprar nossas mulheres, matar crianças com facas". Abu Sakkar mostra cicatrizes de 14 diferentes ferimentos à bala em seu corpo. "Nós estamos sob ataque, já são dois anos agora. Há vídeos das shabiha (milícia do governo) que mostram coisas muito mais terríveis do que o que eu fiz. Vocês não se preocuparam. Não houve tanto alarde na mídia. Vocês não deram importância. Se vocês sofressem uma fração do que nós sofremos fariam o que eu fiz e muito mais". Argumento internacional "Se nós não conseguirmos ajuda, uma zona de exclusão aérea, armas pesadas, nós faremos muito pior (do que ele fez). Vocês ainda não viram nada", ele ameaça. Mas ao tornar-se o "rebelde canibal", Sakkar acabou fornecendo um argumento aos membros da comunidade internacional que se opõem aos planos de ajudar os revolucionários. Durante a última reunião do G8, o grupo das nações mais ricas do mundo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, citou o ocorrido. "Essas não são pessoas que simplesmente matam seus inimigos, elas abrem seus corpos, e comem seus intestinos diante do público e das câmeras. São essas pessoas que vocês querem ajudar com armas?", questionou. É possível que Abu Sakkar tivesse problemas psicológicos desde sempre. Ou talvez a guerra tivesse deixado-o assim. A guerra transforma as pessoas, e a da Síria não é diferente.
A Disney cortou seus laços com PewDiePie, o mais bem pago astro do YouTube, após ele ser acusado de antissemitismo por vídeos seus que continham referências nazistas e discriminatórias em relação a judeus.
PewDiePie, nome artístico do sueco Feliz Kjellberg, de 27 anos, concordou que o conteúdo dos clipes é ofensivo, mas afirmou não ter apoiado "nenhum tipo de atitude de ódio". Ele era, desde 2012, um dos contratados da Maker Studios, empresa comprada pela Disney em 2014 que promove, produz e distribui vídeos de youtubers famosos que atraem bilhões de visualizações por mês - e geram receita milionária pela publicidade veiculada em seus canais. O contrato firmado com a Maker Studios lhe dava independência editorial. No entanto, a empresa disse, em um comunicado, que "apesar de Feliz ter conquistado fãs sendo provocador e irreverente, ele claramente foi longe demais neste caso". O YouTube não removeu o material de seu site e não quis comentar especificamente sobre os vídeos de PewDiePie. Suástica e Hitler A controvérsia se intensificou após o jornal americano The Wall Street Journal fazer um levantamento e mostrar que nove vídeos publicados por PewDiePie desde agosto passado tinham referências nazistas ou antissemitas. Em um deles, dois indianos contratados por PewDiePie por meio do site de trabalhos freelancers Fiverr seguram um cartaz em que se lê "Morte a todos os judeus". Após ser questionado pelo jornal, ele teria tirado do ar três clipes que tinham juntos 23 milhões de visualizações. Em um deles, um homem vestido como Jesus Cristo dizia que "Hitler não havia feito nada de errado". Em resposta às críticas, ele disse que "estava tentando mostrar o quanto o mundo moderno é maluco, especialmente alguns serviços disponíveis online" e que as pessoas "dizem qualquer coisa por cinco dólares". Ele disse ser "risível" sugerir que ele apoia a mensagem passada, mas acrescentou que "não foi sua intenção" e que entende que "as piadas foram ofensivas". Em outro vídeo, ele fez piadas com uma suástica desenhada por um fã, tocou o hino do Partido Nazista e fez uma breve saudação a Hitler - tudo brincadeira, segundo ele. Sucesso Sueco de 27 anos concordou que vídeos são ofensivos, mas diz não ter incentivado nenhuma atitude de ódio Além de ser contratado da Maker Studios, PewDiePie também tinha, desde 2016, uma joint venture com a empresa Studios em uma rede de canais online chamada Revelmode, que produz vídeos, aplicativos para celular e produtos promocionais. No ano passado, ele teria faturado US$ 14,5 milhões (R$ 47 milhões) com patrocínios, aparições públicas e anúncios veiculados no YouTube, segundo estimativas da empresa de análise de dados de mídia social NeoReach. Com vídeos em que aparece jogando videogame, fazendo piadas e dando sua opinião sobre diversos assuntos, ele conquistou mais de 53 milhões de seguidores, acima do dobro do segundo youtuber mais popular do portal, e mais de 14 bilhões de visualizações, um número que não é igualado por nenhum outro canal do site. No ano passado, PewDiePie foi suspenso temporariamente do Twitter após fazer piadas com o grupo extremista Estado Islâmico.
A imprensa européia abre grande espaço nesta segunda-feira para discutir o significado e a repercussão do atentado que matou no domingo o líder checheno Akhamad Kadyrov, que era alinhado com a Rússia.
O diário alemão Der Tagesspiegel diz que a morte de Kadyrov destriuiu “a fachada de processo de paz” na Chechênia e que o governo russo agora vai ter que “começar do zero” na república rebelde. Outro jornal alemão, o Tageszeitung, diz que a política da Rússia para a Chechênia “fracassou totalmente”. Já o Der Standard, da Áustria, afirma que o atentado é uma “humilhação direta” ao presidente russo Vladimir Putin logo no começo de seu segundo mandato. Iraque Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha o foco continua se mantendo nas fotos que mostram prisioneiros iraquianos sendo torturados por soldados das forças de ocupação no país. O Washington Post publica uma reportagem segundo a qual os abusos contra prisioneiros foram aumentando na medida em que a resistência à ocupação foi se tornando mais acentuada. O jornal afirma que, com o aumento da ação dos grupos rebeldes, um general foi enviado para Bagdá com o objetivo de criar uma rede para coletar informações vitais para as tropas americanas por meios heterodoxos. Já o The Christian Science Monitor, de Boston, afirma que as fotos de abusos não causaram grande mudança na opinião dos americanos a respeito da guerra no Iraque. O jornal cita uma pesquisa feita após a emergência do escândalo que mostra que 35% dos americanos fazem “forte oposição” à guerra – na metade do ano passado, este número era de 27%. Já na Grã-Bretanha, onde também está havendo um escândalo envolvendo tortura de prisioneiros iraquianos por soldados do país, a reação parece mais enfática. Pesquisa publicada pelo The Independent mostra que 55% da população quer as tropas britânica fora do Iraque depois de 30 de junho. Além disso, o jornal publica um editorial com o título “Soldados britânicos têm tanta culpa pelo abuso de prisioneiros iraquianos quanto os americanos”. No outro lado do espectro ideológico, o The Daily Telegraph, também em editorial, diz que a “Grã-Bretanha precisa da verdade sem desculpas frágeis” no caso das torturas dos prisioneiros.
Na porta de seu quartinho, a boliviana Virginia Paulina explica como foi parar no 9º andar de uma ocupação sem-teto no centro de São Paulo: "Fui expulsa do apartamento onde eu morava".
A boliviana Virginia Paulina, de 38 anos, foi morar em uma ocupação depois de ser despejada de um apartamento Para ela e o marido, trabalhadores da área têxtil, era difícil manter uma casa que custava R$ 1.500 por mês - sem contar a energia elétrica, água, telefone. "A gente trabalhava só para pagar o aluguel", conta. O bolso apertou e o aluguel atrasou um mês, dois, três. Um dia, o proprietário pediu que o casal e seus quatro filhos se retirassem. Essa trajetória tem sido comum entre muitos imigrantes e refugiados que chegam em São Paulo. Com dificuldades para se manter, eles acabam engrossando as fileiras de movimentos sociais de moradia e lotando quartos em ocupações da cidade. No prédio Wilton Paes de Almeida, que desabou e matou ao menos uma pessoa durante um incêndio, cerca de 25% dos moradores eram estrangeiros, segundo um cadastro feito pela prefeitura em março. A maior parte era de angolanos (17), mas havia também peruanos (4), bolivianos (3) e dominicanos (2), entre outros. Na ocupação Prestes Maia, onde a boliviana Virginia mora, há estrangeiros em quase todos os andares. São 21 pavimentos em um prédio e nove em outro, acessados apenas por escadas pois não há elevadores. O local tem 470 famílias - cerca de 2 mil moradores. Virginia encara a ocupação como um refúgio, um local onde encontrou certa calma depois das agruras de uma imigrante boliviana em São Paulo. Ela chegou ao Brasil em 2001, quando tinha apenas 21 anos. "Era uma época difícil na Bolívia", conta. Deixou La Paz com a promessa de que, em São Paulo, trabalharia como empregada doméstica. Porém, a esperança caiu por terra quando, no primeiro dia na cidade, descobriu que ficaria presa em uma oficina de costura na Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte. Foi escrava por um ano, trabalhando sem receber salário e sem poder sair do local. "O chefe da oficina me ameaçava, não deixava eu sair. Como eu não tinha visto, ele dizia que a Polícia Federal estava caçando bolivianos e que eu seria presa", conta, enquanto sua filha de quatro anos pinta um desenho em um livro didático. Virginia e seu marido tiveram de fugir da trabalho e da escravidão. Por anos, eles vagaram entre confecções da cidade, até abrir uma pequena oficina de costura em um apartamento do Bom Retiro. Ficaram dois anos, mas o preço do aluguel era impraticável. "Ou a gente comia ou pagava o aluguel", diz Virginia. Foram despejados. Na ocupação Prestes Maia, no centro de São Paulo, vivem cerca de 2.000 pessoas Burocracias do aluguel Segundo Marcelo Haydu, coordenador do Instituto de Reintegração do Refugiado, o preço alto do aluguel na cidade é um dos principais fatores que têm levado estrangeiros para ocupações. Em São Paulo, o valor médio por metro quadrado é de R$ 35,86 para locação, de acordo com o índice FipeZap. Isso significa que, para alugar uma casa de 30 m², por exemplo, seria preciso desembolsar R$ 1.075 por mês, em média. Haydu cita outro fator: para locar um espaço, imobiliárias exigem fiador, seguro ou depósito antecipado. "Como um imigrante que chega no país em situação de vulnerabilidade consegue ultrapassar essa burocracia? Ele chega às vezes sem falar uma palavra de português, com pouco dinheiro no bolso, sem documentos. Conseguir fiador já é difícil para brasileiros, imagina para eles", diz. O resultado é que muitos estrangeiros acabam se instalando em ocupações ou em bairros da periferia da cidade, como Guaianases e Itaquera, no extremo leste. Nesses locais, eles negociam o aluguel diretamente com o proprietário, que normalmente não faz as mesmas exigências das imobiliárias da região central. Casa ou comida Virginia foi morar na ocupação Prestes Maia depois do despejo. Ali, seus custos são menores. Situação parecida viveu o costureiro boliviano Adolfo Marma, de 48 anos, que também trabalhou em situação de escravidão antes de chegar ao prédio de sem-teto no centro. "Nossa renda é de R$ 1.400. Se você paga um aluguel de R$ 1.000, não sobra quase nada para comer", diz. O costureiro boliviano Adolfo Marma tem renda familiar de R$ 1.400; ele diz que não consegue pagar aluguel fora da ocupação A ocupação Prestes Maia é gerenciada pelo Movimento de Moradia Luta por Justiça (MMLJ), que cobra R$ 105 por família - o valor foi confirmado à BBC Brasil por outros moradores. Em outras ocupações, sem-teto pagam até R$ 400 mensais por uma vaga. Movimentos de moradia dizem que o valor não se trata de aluguel, mas sim de uma taxa que banca manutenção do edifício, limpeza e despesas com advogados. Nesta quinta, a Polícia Civil afirmou que vai investigar a "cobrança de aluguel" por movimentos sociais de moradia. "Há movimentos que são sérios, e que usam esse valor de forma correta. Mas há outros que realmente exploram os imigrantes, cobrando taxa sem dar nenhum retorno. É preciso separar quem é sério de quem não é", diz Haydu. 'Luta por moradia' No 14º andar da ocupação da Prestes Maia, vive a família de Angela (nome fictício), peruana de 50 anos. Ela e o marido vendem artesanato no centro de São Paulo. Quando procuraram alugar uma casa, empacaram em uma barreira inesperada: os locatários não aceitavam alugar um espaço para um casal com duas crianças pequenas. "É muito estranho: dizem que seus filhos vão estragar a casa, vão fazer barulho, dão um monte de desculpas. Eu só conseguiria se pagasse mais caro", conta. Pagar mais de R$ 1.000 de aluguel estava fora de cogitação para uma família com uma renda mensal de R$ 1.500, "nos meses bons", diz Angela. Preferiram a ocupação. Na ocupação Prestes Maia, moradores pagam R$ 105 por uma vaga no edifício "A situação dos imigrantes é muito parecida com a dos brasileiros que vão para ocupações. Eles não têm emprego formal e ganham pouco fazendo bicos. Com renda baixíssima, não conseguem acessar o mercado legal de aluguéis, que exige dinheiro e uma série de burocracias", explica Diana Thomaz, doutoranda na universidade canadense Wilfrid Laurier. Thomaz passou seis meses em São Paulo, pesquisando os motivos que levam refugiados e imigrantes em alta vulnerabilidade social a ocupações sem-teto. Segudo ela, os estrangeiros chegam aos prédios sem entender do que é um movimento por moradia. "Eles querem apenas um local para ficar. Há alguns grupos que explicam didaticamente o que siginifica o movimento, mas nem todos os estrangeiros aderem à luta de forma assídua", explica. Antes de entrar na ocupação Prestes Maia, todo morador passa por um "grupo de formação" para entender como funciona o movimento. O MMLJ diz que a fila de espera por uma vaga é de quatro meses. Moradores passam por "grupo de formação" antes de entrar na ocupação Prestes Maia Déficit habitacional Segundo a prefeitura, São Paulo tem um déficit habitacional de 358 mil moradias. Famílias chegam a esperar décadas por uma unidade social. Dados da prefeitura apontam que 46 mil pessoas moram nas 206 ocupações na cidade. A prefeitura diz que apoia imigrantes, com emissão de documentos e vagas em abrigos. Eles também têm direito à auxílio-moradia de R$ 400, caso se encaixem nos critérios do benefício, como renda e situação de vulnerabilidade. Segundo Fernando Chucre, secretário municipal de Habitação, as famílias estrangeiras do edifício Wilton Paes de Almeida foram cadastradas e estão recebendo atendimento da prefeitura. Família distante Uma das 70 ocupações do centro de São Paulo, na rua Cesário Motta Júnior, é quase integralmente formada por imigrantes africanos e haitianos. Na porta, o angolano Alexandre Kikos, de 38 anos, conta à BBC Brasil por que resolveu morar no local. "Eu pagava R$ 750 por uma casa em Itaquera. Era um preço muito alto, ainda mais depois que perdi o emprego", diz ele, que trabalhava como auxiliar em uma empresa de transportes. Desempregado, Kikos hoje atua como porteiro da ocupação. Ele interrompe a entrevista para mandar uma mensagem para sua mulher. "Ela ficou em Angola, junto com minhas duas filhas. Eu mandava dinheiro para elas, mas hoje não consigo mais", diz. Faz dois anos que ele não vê a família.
O Vaticano divulgou no final da manhã desta quinta-feira um importante documento que poderá indicar o caminho da reunificação entre católicos e ortodoxos, separados desde o cisma de 1054 – a ruptura formal da unidade da igreja cristã em Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica Ortodoxa.
Dividido em 46 pontos, o texto fixa definitivamente o reconhecimento do papa como "primeiro patriarca", Roma como a "primeira sede" e indica temas a serem aprofundados futuramente para superar as divisões do passado. "É o primeiro passo importante, mas a estrada para a plena unidade ainda é muito longa", disse o cardeal Walter Kasper, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em entrevista à Rádio Vaticana. A departamento presidido por Kasper é o órgão da Igreja Católica que compõe a administração da Santa Sé com função de buscar iniciativas oportunas para reunificar os cristãos. O novo documento é fruto do encontro realizado em Ravenna, no norte da Itália, em outubro, com representantes da Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre Católicos e Ortodoxos, coordenada pelo cardeal Kasper e por Ioannis Zizioulas, metropolita (arcebispo) de Pérgamo e membro do Sínodo do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Prerrogativas No ponto em que os ortodoxos reconhecem o primado do papa, em seguida vem esclarecido que ainda devem ser definidas suas prerrogativas no âmbito da comunidade eclesial. Isso significa que ainda precisam ser resolvidas as divergências sobre os poderes do papa, o principal obstáculo para a reunificação. Três conceitos fundamentais são descritos no texto de forma pontual: comunhão eclesial, conciliaridade ou sinodalidade e autoridade. Católicos e ortodoxos concordam que o bispo é quem comanda a igreja local. Também reconhecem que a "única e santa Igreja" se realiza contemporaneamente em cada igreja local, onde se celebra a eucaristia, e na comunhão de todas as igrejas. Há também acordo sobre a estrutura da Igreja universal. No nível local, a autoridade é o bispo. No âmbito regional, os bispos de cada província devem reconhecer que existe um protos (primeiro em grego) entre eles. O plano global ainda deverá ser aprofundado, já que o documento diz que aqueles que são os "primeiros" nas diferentes regiões devem cooperar, junto com todos os bispos, naquilo que concerne à totalidade da Igreja. "Os bispos não devem ser unidos apenas na fé, mas têm em comum a mesma responsabilidade e o mesmo serviço na Igreja", diz o texto sobre a concordância ecumênica, acrescentando que os concílios são o "instrumento principal" por meio do qual se expressa a comunhão da Igreja. Totalitarismo Segundo o vaticanista Marco Politi, "o mundo ortodoxo esclarece que o papa – nomeado no texto como bispo de Roma ou como um dos cinco patriarcas históricos – não pode ser um soberano totalitário, que decide sozinho". "Joseph Ratzinger também já afirmou, no passado, que o pontífice não pode se comportar como um monarca absoluto", diz Politi. "Este documento é um modesto primeiro passo e como tal dá esperança, mas não podemos exagerar a importância", afirmou o cardeal Kasper. "Na próxima vez, deveremos analisar o papel do bispo de Roma na Igreja universal no primeiro milênio, depois deveremos falar também do segundo milênio e do Concílio Vaticano 2º", acrescentou. No final do texto, os participantes do encontro de Ravenna dizem estar convictos de que as declarações sobre comunhão eclesial, conciliaridade e autoridade definidas por eles representam positivo e significativo progresso no diálogo. Afirmam também que o documento oferece uma base firme para futuras discussões sobre a questão do "primado" no nível universal na Igreja. O documento não conta com a adesão da Igreja Ortodoxa Russa, que abandonou a reunião de Ravenna em protesto contra a presença de representantes da Igreja Apostólica da Estônia, que não é reconhecida pelo Patriarcado de Moscou. De acordo com o cardeal Kasper, esse é um assunto que deverá ser resolvido entre Constantinopla e Moscou. No entanto, ele diz estar preocupado porque considera importante a participação da Igreja Ordodoxa Russa no futuro do diálogo.
Quinze palestinos foram mortos nesta quarta-feira em duas operações israelenses na Faixa de Gaza.
Em um dos incidentes, 12 pessoas foram baleadas e mortas quando tropas de Israel entraram na cidade de Gaza. Médicos palestinos que atenderam às vítimas dizem que entre os mortos havia um policial e cinco homens armados. As autoridades israelenses afirmam que invadiram a área de Shijaya para impedir ataques com morteiros contra assentamentos judaicos na Faixa de Gaza. Em outro incidente na Faixa de Gaza, um palestino foi morto no campo de refugiados de Rafah, no que Israel descreveu como uma operação para procurar túneis secretos supostamente construídos por militantes. Policial morto Relatos indicam que o policial morto na cidade de Gaza teria tentado impedir a entrada dos soldados, mas as tropas israelenses negam ter disparado tiros contra palestinos com uniforme oficial. De acordo com testemunhas, depois da primeira morte, os tanques israelenses invadiram a região. O Exército de Israel diz que suas tropas foram recebidas com mísseis anti-tanque e disparos de armas automáticas. Um porta-voz militar israelense, citado pela agência de notícias AFP, afirmou que as tropas identificaram "pelo menos 17" palestinos baleados, mas as autoridades não confirmaram o número de mortos. De acordo com testemunhas, pelo menos 18 palestinos ficaram feridos no confronto, incluindo um guarda-costas do xeque Ahmed Yassim, líder espiritual do Hamas. Um líder político do grupo militante palestino prometeu vingar as mortes em Gaza.
As Forças Armadas do Paquistão anunciaram nesta segunda-feira ter matado pelo menos 35 militantes islâmicos nas últimas horas em uma região na fronteira entre o país e o Afeganistão.
Além dos militantes, pelo menos dois soldados também morreram nos confrontos na província do Waziristão do Norte que começaram na noite de domingo e ainda não chegaram ao fim. Segundo os militares paquistaneses, os confrontos começaram quando dois postos de controle do Exército foram atacados pelos rebeldes no vilarejo de Mir Ali. O Exército respondeu com uma ofensiva com helicópteros e artilharia, de acordo com informações de um porta-voz das forças do Paquistão à BBC. Mesquita Dezenas de membros das forças de segurança do país foram mortos em ataques registrados no Paquistão desde que o governo invadiu uma mesquita ocupada por militantes radicais islâmicos na capital, Islamabad, no início deste mês. Na quarta-feira, pelo menos 17 soldados foram mortos em uma emboscada de militantes também na fronteira entre Paquistão e Afeganistão. A região é considerada um reduto de simpatizantes da rede extremista Al-Qaeda e de militantes do Talebã. Um relatório de inteligência americano, divulgado na semana passada, diz que a Al-Qaeda, culpada pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, se reagrupou e ganhou força na fronteira. Em uma entrevista à BBC, o ministro do Exterior do Paquistão, Khurshid Kasuri, disse que a situação no Waziristão do Norte é muito difícil, mas ainda não está fora de controle.
No dia em que se celebra o Dia da Pátria na Espanha, esquenta a polêmica sobre a independência da Catalunha, região no nordeste, cuja principal cidade é Barcelona.
Liana Aguiar De Barcelona para a BBC Brasil Aléx Garcia Fernández diz que sua prioridade é lutar pela independência. Fotos: Liana Aguiar Por um lado, estão os separatistas que afirmam que não se identificam com a festa nacional que comemora o descobrimento da América. Em desafio ao feriado, visto como uma celebração nacionalista espanhola, algumas instituições, escolas e comércio na região abrirão suas portas. Por outro lado, um grupo de catalães escolheu a data para expressar o sentimento contra a independência e convocaram em Barcelona um movimento cívico pela unidade da Espanha e da Catalunha. A concentração pretende ser uma resposta à manifestação pela independência do último dia 11 de setembro, que reuniu 1,5 milhão de pessoas nas ruas da cidade. Divulgada nesta semana, uma pesquisa do Centro de Estudos de Opinião do governo da Catalunha mostra que 74,1% dos catalães são a favor de que se convoque um referendo sobre se a região deve ser um novo Estado da Europa, e 19,9% se declararam contra. A enquete também indica que 31% se identificam somente como catalães, 28,3% se dizem mais catalães do que espanhóis e 31,9% se sentem tanto espanhóis quanto catalães. Recentemente, o Parlamento catalão aprovou a realização de um polêmico referendo para a próxima legislatura, que será formada após as eleições de 25 de novembro, que vão escolher o presidente do governo da Catalunha. Para ir adiante, no entanto, o referendo precisa de aprovação do governo central. Consequências Segundo o cientista político e escritor Josep Ramoneda, Madri não está aberta ao diálogo sobre o referendo. "Ao nacionalismo espanhol custaria muito aceitar a ferida narcisista se uma parte se desgarra", disse à BBC Brasil. A viabilidade política do projeto separatista esbarra no que Ramoneda chamou de "nacionalismo espanhol". Ele vê, no entanto, viabilidade econômica numa possível ruptura, uma vez que a região é rica e com expressivo potencial industrial e exportador. Ramoneda analisa que crise atual na Espanha não é fator desencadeante da onda separatista, mas sim o "catalanismo" político, que retomou o debate, e, principalmente, a mudança de mentalidade das gerações. Nos últimos 30 anos, com a restauração da democracia, questionamentos sobre a independência puderam vir à tona após um longo período de repressão da ditadura franquista. Ele ressalta que a crise serviu para fomentar a ideia da injustiça fiscal, "que é real". De tudo o que Catalunha arrecada com impostos, somente a metade é devolvida. Segundo ele, o maior temor para o governo central é que a economia espanhola sem a Catalunha se torne insolvente e isso represente a saída do euro. A ruptura significaria para a Espanha a perda de 18% a 20% do PIB. Josep Ramoneda diz que problema fiscal é real, pois Catalunha contribui com mais do que recebe Esta semana, o ministro da Educação, José Ignacio Wert, afirmou que o interesse do governo é "espanholizar os alunos catalães", o que esquentou ainda mais a polêmica. Para Ramoneda, o comentário reflete "um nacionalismo primitivo". "É um erro político grave, que pode influenciar o rumo das eleições na Catalunha", disse Ramoneda, referindo-se ao fortalecimento de políticos pró-independência. Clamor de gerações O arquiteto Aléx Garcia Fernández, 25 anos, é um jovem engajado pela independência da Catalunha. Desempregado, ele enfrenta as dificuldades de um país em crise, mas conta que sua prioridade é lutar pela independência. Garcia integra a ala jovem de um partido político, Jovens pela Independência. "Estamos cansados de tanto desemprego juvenil e dessa incerteza. Em um referendo, seremos maioria consolidada em favor da Catalunha independente", prevê. Manifestantes recriaram bandeira catalã em protesto na noite de quinta na cidade de Vic A catalã Montserrat Llopart Treviño, 59 anos, compartilha do mesmo sentimento e diz que este é um momento histórico. Ela viveu a infância e juventude sob a ditadura franquista, quando se proibiu o ensino de catalão, basco ou galego, línguas cooficiais da Espanha. Embora seu idioma materno seja o catalão, Llopart foi alfabetizada em castelhano. Filha de um soldado que combateu na guerra civil espanhola pelo lado dos republicanos, desde pequena ela tomou consciência do que historiadores chamam de "genocídio cultural". Com a morte de Franco, em 1975, e a restauração da democracia, Llopart decidiu estudar catalão e foi professora do idioma por quase 20 anos. Agora trabalha na Òmnium Cultural, entidade que atua na promoção e normalização da língua. Para ela, a falta de apoio ao movimento de independência fora da Catalunha, em outras regiões da Espanha, se explica pela falta de conhecimento sobre, por um lado, o processo de formação da identidade cultural catalã e, por outro, do traumático período em que o povo foi violentamente reprimido pelo governo central. A presidente da entidade, Muriel Casals, ressalta que o governo espanhol sempre teve um trato economicamente injusto com a Catalunha. "Para viver como catalães, é necessário uma separação amistosa. Vamos em um caminho imparável, mas temos de seguir a legalidade para que sejamos reconhecidos no exterior." Òmnium Cultural é uma das entidades que funcionará nesta sexta-feira normalmente, como faz há três anos. Para eles, não há o que comemorar. Movimento espanholista Na contramão da independência, o movimento espanholista na Catalunha ganhou força com a convocatória para a concentração desta sexta-feira. O porta-voz do movimento, Manel Parra, explica que será uma concentração cívica, festiva e apartidária. "Queremos seguir sendo catalães e espanhóis. Não desejamos mais riscos do que já temos com a crise econômica e social. Lutamos por um futuro longe de incertezas." A principal reivindicação da plataforma é que as forças políticas catalãs sejam claras. "A cidadania tem o direito de saber qual é o preço desse movimento (independentista). Essa ruptura não nos leva a nada." Leia mais sobre esse assunto Tópicos relacionados
Os sul-americanos são os que jogam mais sujo. Os africanos são ruins na defesa. A Inglaterra sofre da maldição dos pênaltis. Os brasileiros são reis na cobrança de falta.
Suárez resgatou a Celeste contra Gana Os mundiais estão cheios de clichês. Em cada Copa do Mundo, jogadores, treinadores, fanáticos por futebol e comentaristas repetem os mesmos lugares comuns dos torneios anteriores. Mas existe alguma verdade neles? Na matéria a seguir, Jonathan Jurejko analisa cinco dos clichês mais ouvidos na Copa do Mundo. 1. Os sul-americanos são os que jogam mais sujo As seleções da América do Sul ocupam os três primeiros lugares na lista de países que receberam mais cartões vermelhos nos mundiais. O Brasil recebeu 11, a Argentina recebeu 10 e o Uruguai, 8. Uma análise no número de faltas concedidas desde a Copa de 1966, com as equipes agrupadas por continentes, revela um quadro diferente. Apenas a Concacaf, composta pelas equipes das Américas Central e do Norte (16,83) e Europa a (17,37) cometeram um menor número médio de faltas por partida do que os sul-americanos (17,55). Isso significa que a África é o continente de jogo "mais sujo", com uma média de 18,32 faltas por partida. Dois incidentes ajudam a perpetuar, entre britânicos, o mito de que os sul-americanos jogam sujo. O treinador do time inglês campeão em 1966, Alf Ramsey, chegou a descrever os jogadores argentinos como "animais". Ele ficou furioso com a ousadia dos argentinos. No dia em que os ingleses eliminaram a Argentina nas quartas de final, o capitão Antonio Rattín foi expulso e, incomodado com a decisão, se negou a abandonar o campo. Foi se sentar em um tapete reservado para a rainha. O jogador da defesa inglesa, George Cohen, disse que os argentinos tinham cuspido, arrancado os cabelos e puxado as orelhas da equipe inglesa. Em 1986, a reputação uruguaia também não foi favorecida por uma série de manobras um tanto quanto agressivas. Isso ficou evidente quando o jogador da defesa uruguaia José Batista cometeu uma falta contra o escocês Gordon Strachan e recebeu o cartão vermelho mais rápido na história da Copa: haviam se passado 56 segundos desde o início da partida. 2. Os africanos são ruins na defesa A Alemanha venceu o Zaire por 9 a 0 em 1974 Depois do terrível desempenho da equipe do Zaire (hoje República Democrática do Congo) na Copa de 1974 (o time perdeu de 9 a 0 para a equipe da antiga Iugoslávia), muitos passaram a acreditar que os africanos não sabem se defender. Desorganização geral, falta de marcação e ausência de barreira em chutes livres explicam a derrota recorde na história do mundial. Em três partidas em 1974, o time sofreu 14 gols, o que também lhes assegura o título de pior defesa da Copa. Esse clichê foi reforçado, em 1990, pela indisciplina da equipe da República dos Camarões, que marcou dois pênaltis em partida contra a Inglaterra nas quartas de final, perdendo por 3 a 2. No entanto, uma inspeção mais cuidadosa das estatísticas revela que as equipes africanas têm o terceiro melhor recorde defensivo dos mundiais. Levaram uma média de 1,55 gols por partida, perdendo apenas para a América do Sul (1,28) e Europa (1,31). 3. Brasil é o rei na cobrança de falta Roberto Carlos marca de pé esquerdo contra a China em 2002 O Brasil fez mais gols por cobrança de falta em Copas do Mundo do que qualquer outro país. Nove gols com a bola parada fora da área. E a maioria é digna de aparecer em um vídeo com os melhores gols de falta da história da Copa. Rivelino contra a Alemanha Oriental, em 1974. Dirceu contra o Peru, em 1978. Zico contra Escócia, em 1982, ou Roberto Carlos contra China, em 2002. É possível encontrar estes gols no YouTube. Talvez os números não surpreendam, se levarmos em conta que o Brasil cobrou 166 faltas próximas da área, muito mais do que qualquer outra seleção. 4. A seleção da Inglaterra é a pior na cobraça de pênaltis Sim, os ingleses são os piores quando se tratam de pênaltis. A seleção inglesa participou de três decisões por pênaltis, em 1990, 1998 e 2006, desde que este tipo de decisão foi introduzida pela Fifa para a Copa de 1978. Nas semifinais da Copa da Itália, Gascoigne perdeu pênalti contra a Alemanha. E perdeu nas três vezes. Apenas a seleção da Itália também perdeu três por pênaltis, em 1990, 1994 e 1998. Mas, pelo menos ganharam uma vez, na final de 2006 tomando a taça da França. Mas há um consolo para os ingleses nesta Copa de 2014. Com um aproveitamento de 50% em 14 tentativas, eles estão melhores que a Suíça, que não conseguiu converter nenhuma de suas tentativas. E o clichê da eficiência alemã também se aplica aqui: conseguiram converter 94,4%, 17 de 18 pênaltis. Os alemães são os que mais ganharam quando se fala em decisão por pênaltis: em 1982, 1986, 1990 e 2006. 5. As seleções europeias são derrotadas na América do Sul Esta teoria surgiu depois que nenhuma seleção europeia conseguiu vencer nas quatro Copas disputadas na América do Sul. A Argentina derrotou a seleção da Holanda em casa, em 1978 E as estatísticas mostram que realmente os europeus têm dificuldades no continente. Considerando que cada vitória conta três pontos e cada empate, apenas um, as equipes europeias conseguiram 1,34 pontos por partida no Uruguai, em 1930, Brasil, em 1950, no Chile, em 1962 e na Argentina, em 1978. Menos se compararmos com 1,59 pontos por partida conquistados em torneios na Europa. O Uruguai organizou e venceu o primeiro mundial e, 20 anos, repetiram a vitória em terras brasileiras. Em 1962, no Chile, foi a vez do Brasil vencer e a Argentina conquistou sua primeira Copa em casa, em 1978. Ambas as seleções derrotaram equipes europeias na final, Tchecoslováquia e Holanda, respectivamente.
Manifestantes foram às ruas nesta quarta-feira pelo segundo dia consecutivo no Haiti em protesto contra os altos preços dos alimentos. As tropas da ONU, lideradas pelo Brasil, tiveram de ir às ruas para impedir saques e depredações.
O presidente do Haiti, René Preval, alvo dos manifestantes, foi à televisão para pedir calma à população. A porta-voz da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah) disse à BBC Brasil, por telefone, que a maior parte dos saques e depredações desta quarta-feira foram registrados na capital Porto Príncipe. Grande parte das lojas teve de fechar pelo terceiro dia consecutivo na cidade. Manifestantes atiraram pedras contra forças de segurança e tiros foram ouvidos pela capital. US$ 2 por dia Os protestos começaram na semana passada em diversas cidades do país. Alimentos como o arroz sofreram aumentos de quase 100%. Estima-se que cerca de 80% da população do Haiti vive com menos de US$ 2 por dia. Na terça-feira, tropas da ONU haviam sido chamadas para proteger o palácio presidencial de manifestantes que pediam a renúncia de Preval. Segundo a rádio local Metropóle, 14 pessoas ficaram feridas nos conflitos de terça entre forças de segurança e manifestantes. "A solução (para o problema dos alimentos) não é sair destruindo as lojas", disse o presidente nesta quarta-feira, em pronunciamento à nação. Ele propôs um corte de impostos para importação de alimentos como forma de amenizar a crise. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, divulgou nota nesta quarta-feira em que pede "a todos os manifestantes que parem com qualquer tipo de violência".
O general Augusto Pinochet, que chefiou a junta militar que governou o Chile de 1973 a 1990, pode ser liberado do regime de prisão domiciliar sob o pagamento de fiança, segundo decisão de um tribunal da capital chilena.
Seus advogados concordaram em pagar uma fiança de US$ 11,5 mil (o equivalente a cerca de R$ 25,7 mil) por dia. Ontem, Pinochet foi colocado em prisão domiciliar acusado de evasão fiscal e fraudes, relativas a contas bancárias secretas no exterior. O juiz Carlos Cerda acusa Pinochet de depositar uma quantia estimada em US$ 27 milhões de dólares (o equivalente a cerca de R$ 60,4 milhões) em contas secretas no exterior, registradas sob nomes falsos. Os advogados não apenas obtiveram a liberação do general, como também conseguiram reduzir pela metade o valor inicial da fiança, definido em US$ 23 mil. Documentos falsos O general, que completará 90 anos nesta sexta-feira, também é acusado de falsificar documentos e passaportes para ajudá-lo a abrir contas em mais de 100 bancos no exterior e de omitir bens em sua declaração de renda. Investigações iniciais tinham detectado fundos secretos do general no banco Riggs nos Estados Unidos. Cerda ordenou a prisão de Pinochet depois de questioná-lo três vezes nas duas últimas semanas sobre as acusações de falsificação e evasão fiscal. De acordo com a sentença de Cerda, o general chileno evadiu o equivalente a US$ 2,4 milhões em recursos de impostos entre 1980 e 2004. Abusos aos direitos humanos Em um inquérito separado, Pinochet enfrenta acusações ligadas à Operação Colombo, quando 119 ativistas do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionário) desapareceram em 1975 enquanto estavam sob a custódia do Estado. A Justiça tem tentado julgar o general Pinochet por outras acusações de abusos contra os direitos humanos durante o período em que chefiou a junta militar que governou o Chile entre 1973 e 1990. Porém, ele tem sido considerado inapto para comparecer aos julgamentos sob a alegação de que sua saúde está muito frágil. Agora, entretanto, os médicos dizem que Pinochet está apto a comparecer aos tribunais. Mais de 3 mil pessoas morreram por causa da violência política no Chile durante o regime militar, segundo conclusão de um inquérito oficial. O general teve anulada sua imunidade como ex-chefe de Estado, o que permitiu à Justiça formalizar uma série de acusações contra ele.
A Alemanha é um dos países mais poderosos do mundo, mas aparece pouco em debates militares. Em um contexto de tensões e conflitos na Ásia e no Oriente Médio, a questão é levantada interna e internacionalmente: seria a hora de os alemães também se tornarem uma força também militar?
Marinha alemã está participando de uma força de coalizão no combate ao Estado Islâmico na Síria; país não investe muito em ações militares O país tem bons motivos para se sentir inseguro diante de um cenário bastante instável, que inclui o autodenominado grupo Estado Islâmico no Oriente Médio e conflitos correlatos forçando uma onda de imigração à Europa, o russo Vladimir Putin fazendo antagonismo ao Ocidente, e Donald Trump questionando o papel da Otan (aliança militar ocidental). No mês passado, a chanceler (premiê) do país, Angela Merkel, disse aos alemães que eles "precisam lutar por seu futuro por si próprios como europeus". Tropas da Alemanha foram enviadas a lugares como Afeganistão e Mali. E Merkel prometeu aumentar os gastos do país com defesa. Mas a Alemanha e sua chanceler enfrentam um problema fundamental: a maioria dos alemães é bastante relutante a seguir esse caminho. Eles veem seu Exército com desconfiança - atitude reforçada por um escândalo recente. O envio de tropas ao exterior tem regras bastante rígidas na lei alemã e no Parlamento. E, acima de tudo, as atitudes relacionadas a esse tema são moldadas pela sombra da história. Fim do Talvez também te interesse A Alemanha desmilitarizada foi tão bem-sucedida - e os alemães são tão sensíveis sobre seu passado de guerra -, que o país mais poderoso da Europa hoje tende a se manter um campo de batalha fraco. Depois da Segunda Guerra Mundial, houve um grande debate sobre se a Alemanha deveria ou não ter forças armadas. Era preciso colocar um ponto final, argumentava-se, nesse ciclo violento que começou com o militarismo da Prússia e terminou com os crimes de guerra nazistas. Enquanto o lado comunista da Alemanha criou um "Exército do Povo", seguindo as tradições militares do país, na Alemanha Ocidental democrática - ocupada pelo Reino Unido, França e Estados Unidos - foi criado um serviço militar bem diferente. Depois da Segunda Guerra Mundial, boa parte do povo alemão não queria nem que o país tivesse forças armadas Chamado "Bundeswehr", o Exército surgiu em meados dos anos 1950 e era uma força militar deliberadamente modesta, que existia apenas para defender o território da Alemanha Ocidental. Seus recrutas eram motivados a se enxergarem apenas como "cidadãos com um uniforme". Desconfiança persistente É fato que o uniforme em si parecia mais um de motoristas de ônibus do que o de um soldado do Exército, conforme descreve o historiador James Sheehan. A Alemanha Moderna, conta ele, "pensa sobre seu Exército da mesma maneira que a maioria dos países pensa em suas polícias". Sheehan observa nos alemães uma "desconfiança persistente sobre as instituições militares" que se mantém até hoje. Além disso, o Exército alemão remete às terríveis memórias dos horrores da Segunda Guerra Mundial - não só pela vergonha nacional dos crimes nazistas, mas também pela devastação que impactou milhões de civis. Werner Kraetschell, pastor protestante de uma antiga família de origem prussiana que se tornou um capelão militar, cita os milhares de alemães que cresceram depois da guerra sem ter um pai por perto, algo que moldou a percepção de muitas pessoas a respeito da questão militar. "Por muito tempo, se você fosse um soldado (na Alemanha), não usaria seu uniforme no trem (porque) passageiros te xingariam de 'assassino'", diz Sophia Besch, especialista em questões militares do Centro de Reforma Europeia. Desafios de segurança Quando a Guerra Fria acabou e a Alemanha se reunificou, as pessoas acreditavam que a paz estaria mais ou menos garantida. Mas o político democrata cristão e ex-ministro da Defesa Franz Josef Jung diz que agora "a realidade nos alcançou". A tripulação do U-boat "HAI" a bordo em Kiel em agosto de 1958, as primeiras ações da Alemanha no pós-guerra Ainda assim, ele admite que "a população (atual alemã) tem uma atitude formada mais pelo pacifismo". Ele acredita que a Alemanha precisa de novas políticas para "vencer os desafios internos e externos sobre segurança." Depois da reunificação, a Alemanha começou a enviar tropas para outros países. Mas a sensibilidade segue à flor da pele. Em 2009, houve alegações de a Alemanha ter encoberto um ataque militar no Afeganistão que causou mortes de civis. Jung foi forçado a renunciar ao cargo de ministro, e até hoje qualquer envio de tropas passa por amplo escrutínio parlamentar. Relações de tortura Ao mesmo tempo, a Alemanha aboliu o recrutamento e está se concentrando, como outros exércitos modernos, em forças menores e especializadas. Mas a velha desconfiança sobre os militares ressurgiu no mês passado quando veio à tona um escândalo evidenciando a presença de grupo da extrema direita no Bundeswehr, promovendo celebrações de tradições nazistas e um plano para assassinar pessoas que pediam refúgio no país. Alguns minimizaram a amplitude do caso, mas ele de qualquer maneira evidencia as tensões entre o Bundeswehr e o povo alemão. Agora, há uma urgência real para o debate sobre o futuro militar na Alemanha. O discurso de Donald Trump dizendo que a Otan é "obsoleta" e seu questionamento sobre "segurança coletiva" foi uma grande surpresa para os alemães, segundo Bethold Kohler, editor do jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung. "Ninguém poderia imaginar que o presidente americano diria uma coisa dessas." Muitas cidades alemãs, como Dresden, tiveram que ser reconstruídas após a guerra (imagem de 1946) Kohler defende que a Alemanha debata até mesmo adquirir suas próprias armas nucleares, mas admite que isso é visto como algo impensável pela maioria de seus compatriotas. Enquanto alguns se opõem a armas nucleares por princípio, muitos outros passaram décadas vivendo confortavelmente sob o escudo nuclear dos Estados Unidos e da Otan. "Ninguém esperava que teríamos que pensar sobre isso", explica Kohler. E poucos alemães querem fazer isso agora. Gastos A Alemanha atualmente gasta apenas 1,3% de seu PIB em defesa. "Nós temos um enorme deficit comercial com a Alemanha e, além disso, eles pagam muito menos do que deveriam para a Otan em questões militares", afirmou Donald Trump recentemente pelo Twitter. "Isso é muito ruim para os Estados Unidos. E isso vai mudar." A Alemanha vai resistir aos pedidos de Trump por mais gastos com defesa, mas esse subfinanciamento tem sido um pouco embaraçoso em algumas situações, como por exemplo na revelação de que durante um teste da Otan em 2014, um tanque do Bundeswehr encobriu a falta de metralhadoras usando vassouras pintadas de preto. Cerca de 1.000 soldados Bundeswehr estão atualmente em Mali como parte de uma missão de paz das Nações Unidas Até onde Berlim irá com isso? Werner Kraetschell, que conhece Angela Merkel e o pensamento dela sobre a questão, diz que ela quer "uma Alemanha forte, capaz de assumir responsabilidades internacionais". Mas sua dificuldade é lidar com o povo alemão, que ainda é bastante contra o Exército. Talvez os alemães sigam adiante com sua bem-sucedida experiência histórica e única, ascendendo internacionalmente como potência sem esforços militares significantes. O fato é que o passado ainda pesa muito para os alemães. Mas o que quer que aconteça, também é sabido que não haverá uma ação violenta e pesada do país em território estrangeiro. Em vez disso, os militares alemães vão pisar em ovos em um futuro altamente incerto.
Para boa parte dos alunos de uma escola de chinês em São Paulo, aprender o idioma é uma oportunidade para abrir portas no competitivo mercado de trabalho, em especial na área de comércio exterior.
“Conhecer a língua e a cultura é um grande diferencial para você fechar um negócio ou trabalhar em outras empresas”, afirma Elen Milan Okada, que trabalha em uma companhia de transporte marítimo e há cerca de quatro meses é aluna do curso de chinês da escola Mandarim, no bairro do Paraíso. “A China é um país que está crescendo em ritmos alucinantes e, como eu trabalho na área comercial, tenho grande interesse em abranger o maior número de línguas possível”, diz André Cardoso, engenheiro recém-formado que atua no comércio de softwares e estuda chinês desde o final do ano passado. Cardoso, no entanto, admite que tem um outro interesse nas aulas de mandarim: quer se preparar para assistir de perto aos Jogos Olímpicos de Pequim. “Tenho grande interesse em ir à Olimpíada de 2008. Já comecei agora para ter um tempo de aprendizagem”, revela. Dificuldades Tanto Elen como Cardoso concordam sobre quais são as maiores dificuldades para aprender o idioma chinês: os diferentes tons das palavras e a necessidade de entender e desenhar os ideogramas. “Cada tom que você fala errado é um significado totalmente diferente”, conta Elen. “Por exemplo, comprar e vender. A palavra é a mesma, só o tom que é diferente: mai (com uma pequena inflexão) e mai (com terminação aguda), um significa comprar e o outro, vender. Agora, qual é qual eu não sei”, confessa. “É difícil decorar isso, e são difíceis também os ideogramas. Para cada sílaba, você tem um ideograma. Para o ocidental, é bem complicado até aprender a desenhar”, diz Cardoso. O engenheiro também admite que é muito comum para os alunos de chinês cometer uma gafe quando tentam praticar o idioma com alguém que conhece bem a língua. “Por exemplo, mãe é ma. Agora, se falar com um tom diferente: ma (maa), quer dizer cavalo. Então, você pode chamar a mãe do cara de cavalo”, brinca Cardoso. Perfil dos alunos O co-fundador da escola Mandarim, Victor Key Harada, afirma que mais de 95% dos cerca de 100 alunos inscritos no curso de chinês são de origem ocidental. Boa parte já trabalha na área de comércio exterior e outra parcela considerável é formada por estudantes universitários que querem aprender a língua de olho no futuro profissional. “Para uma comunicação básica, em cerca de dois anos a pessoa já consegue ir para a China e identificar alguns ideogramas do dia-a-dia”, estima Harada. “A idéia é que a gente forme alunos com fluência em cerca de quatro anos.” O taiwanês Ming Wu, um dos professores da escola Mandarim, afirma que, ao mesmo tempo em que aprendem o idioma chinês, os alunos também são educados sobre curiosidades e características da cultura e do comportamento dos chineses. “Todo mundo já sabe que o chinês cumprimenta com aperto de mão, nunca beijinhos”, diz Ming. “Além disso, é comum dar cartões de visitas com duas mãos e sempre observar bem o cartão, e nunca guardar o cartão do lado como os brasileiros fazem.” De acordo com o professor, os brasileiros consideram as pessoas mais importantes e, por isso, observam diretamente a pessoa, e não o cartão. Já o chinês, afirma Ming, vê o cartão como a própria pessoa. “É obrigação você observar o cartão com muita atenção e guardar em um lugar visível para as duas pessoas, ou até segurar na mão até o final da conversa”, ensina o taiwanês.
O Japão quer assemelhar-se às demais potências asiáticas e fazer com que nomes japoneses sejam escritos com o sobrenome à frente do nome de batismo - e não depois, como nos países ocidentais, afirmou o chanceler do país, Taro Kono.
Taro Kono, chanceler japonês, quer que seu nome seja grafado Kono Taro por veículos estrangeiros Na língua japonesa, assim como em outros idiomas orientais, é comum que o sobrenome seja dito antes do nome de batismo. No entanto, segundo o jornal Japan News, no século 19, em meio à crescente influência da cultura ocidental no país, essa ordem foi mudada na escrita de nomes japoneses em línguas estrangeiras. O debate de voltar à ordem sobrenome-nome existe há décadas e agora é revivido por Taro Kono (ou melhor, Kono Taro?). "Planejo pedir às organizações de imprensa estrangeira que façam isso (escrevam sobrenomes antes dos nomes)", afirmou o chanceler a jornalistas. "Veículos nacionais de imprensa que tenham serviços em inglês também devem considerar a questão." Com a mudança, o premiê japonês Shinzo Abe passaria a ser chamado de Abe Shinzo. É a mesma lógica de nomes de outros líderes asiáticos, como Xi Jinping (presidente da China) e Kim Jong-il (líder norte-coreano), em que o sobrenome é dito e escrito antes. Fim do Talvez também te interesse Japão sob holofotes Kono afirmou que seu ministério pretende considerar a mudança também em documentos oficiais, como passaportes. Agregou ainda que, com ascensão, em 1º de maio, do imperador Naruhito e a aproximação de elementos internacionais agendados no Japão - em junho, o país sediará a cúpula do G20 e, no ano que vem, a Olimpíada de Tóquio, tornam o momento adequado para pleitear a mudança na ordem dos nomes. Análise feita pelo jornal britânico The Guardian aponta que a medida parece ser uma tentativa de o governo demonstrar mais confiança na cultura e na história do país, no momento em que ele estará sob os holofotes globais. Kono também declarou que tem o apoio de outros órgãos do governo, já que o ministro da Educação, Masahiko Shibayama, também pediu que agências oficiais retomem a prática de colocar o sobrenome na frente do nome. Já o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, foi mais cauteloso, dizendo a repórteres que "vários fatores precisam ser levados em conta (para essa mudança), inclusive as convenções". Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
A Polícia Metropolitana de Londres foi considerada culpada nesta quarta-feira de colocar a segurança pública em risco no episódio que resultou na morte do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes.
O eletricista foi morto a tiros pela polícia em 22 de julho de 2005, ao entrar em um vagão de metrô na estação de Stockwell, no sul de Londres, depois de ser confundido com um homem-bomba. A promotoria identificou 19 falhas da operação policial nas horas anteriores à morte de Jean Charles. O eletricista foi morto um dia depois de atentados frustrados contra o sistema de transporte de Londres. A polícia foi condenada a pagar multa de 175 mil libras (cerca de R$ 634 mil) e mais 385 mil libras (cerca de R$ 1,394 milhão) pelos custos do processo. A comandante Cressida Dick, que estava à frente da operação, foi isenta de qualquer responsabilidade individual. Defesa Em um comunicado, o chefe da Autoridade da Polícia Metropolitana, Len Duvall, disse que policiar Londres é um "trabalho duro". "A gente pede à polícia que faça um trabalho difícil em nosso nome e, às vezes, eles cometem erros", disse Duvall. "Este caso elvou à morte trágica de um inocente", acrescentou. "Nosso objetivo é garantir que todos aprendam algo com essa tragédia." O advogado de defesa da polícia, Ronald Thwaites, disse ao júri que Jean Charles estava agindo "de maneira agressiva e ameaçadora" quando foi interpelado pelos policiais, mas ativistas reagiram com protestos e acusaram a polícia de tentar denegrir a imagem do brasileiro. A promotoria também acusou a defesa de manipular uma composição fotográfica juntando o rosto de Jean Charles e do suspeito Hussein Osman, com quem o brasileiro foi confundido, para fazer com que os dois ficassem mais parecidos. A estimativa é de que a investigação e o julgamento tenham custado 3,5 milhões de libras em dinheiro público (cerca de R$ 12,6 milhões). Antes do início do julgamento, o comandante da Polícia Metropolitana, Ian Blair, disse temer que um veredicto de "culpado" tivesse um impacto profundo no policiamento em toda a Grã-Bretanha. Falhas Durante o julgamento, a promotoria argumentou que "falhas fundamentais" em todos os níveis levaram à morte de Jean Charles. A operação começou quando detetives que investigavam os atentados fracassados da véspera ligaram um dos suspeitos, Hussein Osman, a um bloco de apartamentos no sul de Londres. Jean Charles morava no mesmo prédio e, quando saiu de casa, às 9h30 (hora local), os agentes de vigilância não estavam certos se ele era o alvo. A promotoria disse ao júri que a situação piorou porque os oficiais mais altos falharam em se ater ao plano antes acordado, enquanto a patrulha armada foi mal informada e nas ocasiões erradas. A polícia negou essas alegações e afirmou que os comandantes e agentes que participaram da operação fizeram o possível para interceptar o suspeito e minimizar os riscos para o público.
Os gordos e os carecas que me desculpem, mas a capacidade de se enxergar é fundamental.
Adoro a música Garota de Ipanema, com seu ar leve, ensolarado e otimista de bossa nova brasileira - até sua melancolia é para cima, sorridente. Mesmo assim, não dá para negar um aspecto perturbador na grande canção: trata-se de um quase cinquentão babando por uma ninfeta que passa cheia de exuberância adolescente, enquanto ele se mima com mais um copo de uísque. É verdade que "melhor amigo do homem, cachorro engarrafado" - como Vinícius de Moraes descreveu o uísque - é uma ótima frase. Mas um cão teria que morder muito o rosto para deixar alguém tão feio quanto um pinguço. Que, na maior cara de pau, ainda se reserva o direito de cobrar beleza. Será que hoje em dia alguém tão letrado comporia uma letra com as mesmas suposições subjacentes? Já passaram 55 anos desde que Garota de Ipanema nasceu, décadas em que os papéis tradicionais de homem e mulher mudaram bastante - ou pelo menos foram sacudidos. Trata-se, obviamente, de um processo ainda em curso, e que talvez não tenha saído da fase inicial. Às vezes fico chocado com papéis tradicionais de gênero assumidos naturalmente por jovens brasileiros. Houve muito progresso, mas ainda há mulheres decorativas e eternamente infantis que só podem ter vida independente nas brechas permitidas pelo homem provedor que manda, com a cola nociva de ciúmes mantendo as pessoas presas e incapazes de se desenvolver. Esse modelo ainda existe, se reproduz e contamina. A grande letra de 'Garota de Ipanema', de Vinicius de Moraes, leva colunista da BBC Brasil a refletir sobre os papéis dos homens e das mulheres na sociedade atual O Brasil, é claro, não passou pela ruptura que aconteceu na Segunda Guerra Mundial na Europa e nos Estados Unidos: como os homens foram para as Forças armadas, As mulheres tiveram que substituí-los nas fábricas. Depois do conflito, houve tentativas de botá-las de volta no papel anterior, o da submissa do lar. Mas muitas dessas tentativas foram resistidas pelas mulheres, que, depois de ter um gostinho de independência, só queriam mais. No Brasil as mudanças têm sido mais suaves, mas acontecem pelo mesmo motivo - é a economia (uma palavra feminina!) que manda. Avanços tecnológicos reduzem a necessidade do poder braçal. Cada vez mais os tradicionais empregos masculinos são destruídos - uma máquina faz melhor e nem cobra salário. Enquanto isso, a expansão do setor de serviços cria empregos onde as mulheres se destacam. O velho modelo, com as suas certezas, já não se aplica. E como estamos lidando com a mudança? Ouvi pouco tempo atrás, de um grande jornalista local com a experiência de quem morou em vários países, o seguinte: "A mulher brasileira sabe como poucas combinar força com ternura - realmente uma combinação admirável". Automatização da indústria representa uma ameaça muito maior do que a imigração aos empregos masculinos, diz colunista Claramente nem toda mulher pode ou quer virar uma titã da indústria. O livre desenvolvimento de todos permite a escolha de um papel mais tradicional, desde que se trate de uma escolha. Mais preocupante, eu acho, é a situação dos homens. Pesquisas na Europa mostram que são os homens que têm a maior probabilidade de apoiar os partidos políticos com programas anti-imigração, e dá para concluir que isso tem tudo a ver com a sensação de ameaça aos empregos. Mas a realidade é que, na luta para preservar os velhos empregos industriais, o imigrante é o de menos. É a tecnologia que tirou, tira, e vai tirar muito mais. Pode botar mais seguro-desemprego, que não resolve. O problema central é a perda de status, de papel e de autoestima representados por um emprego digno. Lidar com isso, se adaptar para a nova realidade, conviver com uma parceira que talvez ganhe mais e tenha mais possibilidades - tudo isso representa um desafio enorme para os homens. Precisamos de um novo homem brasileiro, capaz de mudar para não ficar desafinado no século 21. *Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formado em História e Política pela Universidade de Warwick. Leia colunas anteriores de Tim Vickery:
Uma britânica que mergulhava com um grupo nas ilhas de Galápagos, no Equador, morreu após supostamente ter sido esquecida embaixo da água por seus companheiros, segundo depoimentos colhidos em um inquérito britânico.
Donna sofreu uma intoxicação alimentar dias antes de morrer. Segundo informações de jornais do condado de Somerset, no sudoeste da Inglaterra, Donna Maria Newton, de 40 anos, foi encontrada morta boiando no mar, após uma sessão de mergulho liderada por um experiente instrutor. Ela fazia parte de um grupo de 16 pessoas que viajava de barco pelas águas do arquipélago e fazia mergulhos constantes. Na ocasião que resultou na morte de Dona, ela mergulhava acompanhada de um "parceiro de mergulho", uma pessoa indicada justamente por razões de segurança. Sua parceira era uma mergulhadora americana, que disse, no tribunal, que tinha sido instruída a voltar à superfície antes de seu oxigênio acabar. Ela não avisou Newton, que estava cerca de 4,5 metros abaixo dela, nadando com tartarugas. A ausência de Donna só foi notada mais tarde, quando o grupo estava reunido no barco. Após uma busca, seu corpo foi encontrado, boiando, com marcas de vômito ao redor de sua boca. Acredita-se que ela possa ter passado mal em algum momento do mergulho ou em uma tentativa de subir à superfície às pressas. Experiente O instrutor de mergulho do grupo, Fabricio Carbo, disse ser o mergulhador mais experiente de Galápagos e afirmou que este foi o primeiro acidente que ocorreu sob sua supervisão em 27 anos de experiência. Um casal francês, porém, que viajava na mesma excursão, conhecido apenas como Erik e Marie, criticou o instrutor por não checar a presença de todos os mergulhadores toda vez que mudava um ponto de mergulho. O juiz-legista que preside o inquérito deve dar o veredito do caso no final desta semana.
Para o professor de Harvard Henry Louis Gates Jr., o Brasil é a expressão máxima da miscigenação populacional e tem "a cara do futuro".
"No Brasil, ninguém é puro. E é por isso que o Brasil tem a cara do futuro", afirmou, prevendo que a miscigenação ao redor do mundo fará com que pessoas que descendem de um só grupo geográfico sejam cada vez mais raras. Em entrevista à BBC Brasil, Gates, coordenador de um projeto nos Estados Unidos que analisou as origens genéticas de 9 negros famosos, disse que, apesar disso, o Brasil "negou" sua ascendência africana até pouco tempo atrás. "O Brasil é a segunda maior nação africana depois da Nigéria", disse Gates. A idéia de que nenhum brasileiro é puro é confirmada pelo médico geneticista Sérgio Danilo Pena, professor titular de bioquímica da Universidade Federal de Minas Gerais e autor de vários estudos sobre a composição genética do brasileiro. "Tirando os imigrantes de primeira e de segunda geração, é praticamente impossível que um brasileiro não carregue um pouco de ancestralidade africana ou ameríndia", disse Pena. Senhores e escravas Como semelhança entre EUA e Brasil, o acadêmico americano destacou o fato de nos dois países os exames do cromossomo Y, que indica a linhagem paterna, mostrarem grande componente europeu, enquanto que a linhagem materna aparece bem mais diversificada entre européias, africanas e indígenas. A explicação, segundo Gates, é que nos dois países era comum que os colonizadores mantivessem relacionamentos sexuais - freqüentemente forçados - com escravas ou mulheres indígenas. O historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Manolo Florentino concorda que o relacionamento forçado fosse comum, mas destaca que análises recentes tem descoberto que a miscigenação também foi, em grande parte, resultado de relacionamentos consensuais entre portugueses pobres e mulheres negras e indígenas. "A riqueza aparta as pessoas, mas a pobreza une. Havia pelo Brasil, muitos portugueses pobres, aventureiros que vinham tentar a vida aqui. A miscigenação que existe hoje é também resultado dessa história de pobres amantes", disse Florentino. Identidade A principal diferença entre Brasil e Estados Unidos no que diz respeito à composição "racial" remete ao que aconteceu após a colonização, segundo o professor de Harvard. A união entre brancos e negros nos Estados Unidos foi proibida até o final do século 20, embora continuasse havendo mistura, enquanto no Brasil a miscigenação ocorreu de forma mais intensa. O geneticista Sérgio Danilo Pena corrobora a tese e chama atenção para o que acontece com o filho do casamento do branco europeu com a escrava negra. "No Brasil, se ele for claro, ele é considerado e tratado como branco a partir daí. Nos EUA, é irrelevante a cor da pele, ele é sempre um negro." Resultados nos EUA O projeto coordenado por Henry Louis Gates Jr. analisou o DNA de celebridades como a apresentadora de TV Oprah Winfrey e a atriz Whoopi Goldberg. O próprio Gates, um dos nove analisados, diz ter se surpreendido ao saber que seu DNA mitocondrial (linhagem materna) remete ao norte da Europa e o cromossomo Y (paterno) remete à Irlanda. "Sou 50% europeu e 50% africano, e o meu último parente branco viveu há 200 anos. Sou um 'mulato'", disse ele, ainda em tom de espanto, à BBC Brasil. Os exames mostraram que a atriz Whoopi Goldberg, por exemplo, descende de dois grupos de Guiné-Bissau, na África Ocidental, e Oprah Winfrey, da Libéria.
Um estudo realizado pela prestigiada Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres em parceria com a BBC em 2018 mostra que a forma como interagimos de acordo com nossa faixa etária pode influenciar no combate a doenças como o novo coronavírus.
Home office é uma das formas para combater coronavírus, diz estudo Segundo a pesquisa com mais de 30 mil voluntários, adultos com idades entre 20 e 50 anos concentram a maior parte de suas interações nos locais de trabalho. Por isso, "se alguns de nós começarmos a trabalhar agora remotamente, isso contribuirá para reduzir a transmissão geral na população", escreveu uma das autoras do estudo, Petra Klepac, professora-assistente de modelagem de doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. Já entre aqueles com mais de 65 anos, principal grupo de risco na pandemia atual, a metade de suas interações ocorre em outros ambientes (não em casa, na escola ou no trabalho), mas em lojas, restaurantes e centros de lazer. "Ao evitar essas interações, as pessoas que correm mais risco podem diminuir pela metade a chance de infecção", afirmou Klepac. "Ao mudar o nosso comportamento agora, e manter essas mudanças durante o surto, podemos reduzir significativamente nosso próprio risco de infecção, e o risco para os outros. Ao fazermos isso, protegemos os mais vulneráveis", acrescentou ela, em artigo no jornal britânico The Guardian sobre a pandemia de coronavírus. Fim do Talvez também te interesse A China, que conseguiu zerar os casos novos na cidade onde o surto surgiu, pode servir de exemplo: uma das principais medidas adotadas ali foi isolar pessoas com suspeita de covid-19 dos seus familiares, porque quase 8 em 10 casos novos surgiam dentro de casas onde as pessoas estavam isoladas. Coleta maciça de dados O estudo é baseado em dados de um imenso projeto de ciência da instituição realizado em colaboração com a BBC e liderado pela professora Julia Gog, da Universidade de Cambridge. Batizada de BBC Pandemic, a iniciativa coletou informações entre setembro e novembro de 2017 sobre como as pessoas de diferentes idades interagem com outras em diferentes contextos (casa, trabalho, escola etc.) de milhares de voluntários no Reino Unido. Entre as recomendações, Ministério da Saúde orienta cuidados com higiene, principalmente lavar as maos Por meio de um aplicativo no celular, as pessoas monitoravam e registravam todas suas interações sociais: com quem, onde e como (física ou verbal). Assim, esse vasto banco de dados pode servir para indicar que medidas poderiam seriam mais ou menos efetivas para conter a disseminação de um vírus, por exemplo, como fechamento de escolas, restaurantes ou ambientes de trabalho. Recentemente, os autores do estudo vêm trabalhando para divulgar os dados o mais rápido possível para subsidiar modelos matemáticos sobre a covid-19 e ajudar o Reino Unido a adotar as possíveis estratégias de intervenção. Klepac defende medidas como distanciamento social e autoisolamento para combater o vírus. Segundo ela, contudo, essas medidas têm que ser "sustentáveis" para reduzir o contágio. "Essas medidas talvez reduzam o número reprodutivo da doença (número de pessoas que podem ser contagiadas por um infectado), mas assim que elas são suspensas, podemos observar uma transmissão novamente, e outro surto", disse. Klepac atenta, portanto, para a importância da "ação individual" para "reduzir a transmissão do vírus e diminuir sua propagação, limitar o número de infecções e reduzir a pressão sobre o sistema de saúde, para que todos que precisam de cuidados médicos possam ser assistidos". "A partir de agora, e durante toda a epidemia, todos temos um papel a desempenhar e uma responsabilidade de modificar nosso comportamento, a fim de proteger aqueles que estão em maior risco", concluiu. Na opinião de Klepac, o cancelamento de grandes eventos, o trabalho de casa e o fechamento de escolas são medidas benéficas que "visam reduzir o número de contatos entre as pessoas, cada uma delas uma oportunidade para transmitir uma infecção". Ela ressalva, porém, que não se trata apenas "de cancelar eventos e fechar escolas por algumas semanas". "Serão necessárias medidas mais severas para reduzir as infecções a níveis baixos o suficiente para evitar a pressão do sistema de saúde a longo prazo. Como indivíduos, todos devemos reduzir o número de pessoas diferentes com as quais entramos em contato diariamente e estar preparados para fazê-lo por um período prolongado de tempo", defende. Críticas e mudança de rumo O governo britânico vinha sendo duramente criticado por não seguir as estratégias adotadas por outros países europeus no combate ao coronavírus. Enquanto Espanha, França e Itália colocaram toda a população em quarentena, o Reino Unido ainda não forçou nenhum tipo de veto a contato social. Não havia fechado escolas até meados da semana passada, por exemplo, uma das primeiras medidas tomadas pelos países europeus mais afetados pelo vírus. Inicialmente, o governo do primeiro-ministro Boris Johnson defendia a ideia de "imunidade de grupo", também chamada de "efeito rebanho". De acordo com esse conceito, aqueles que estão em risco de infecção podem ser protegidos porque estão cercados por pessoas resistentes à doença. A "imunidade de grupo" é normalmente usada por epidemiologistas para falar dos benefícios da aplicação de vacinas recebidos por pessoas que não as tomaram. Isso porque, uma vez vacinadas, elas ganham imunidade contra um determinado patógeno, beneficiando indiretamente toda uma comunidade, inclusive aqueles que não tiveram acesso à vacinação. 'Ao mudar o nosso comportamento agora, e manter essas mudanças durante o surto, podemos reduzir significativamente nosso próprio risco de infecção, e o risco para os outros' Mas de repente tudo mudou: um modelo matemático apresentado pelo Imperial College de Londres deu um panorama extremamente sombrio de como a doença ia se propagar pelo país, como ia impactar o sistema público de saúde (o SUS do Reino Unido, chamado de NHS) e quantas pessoas iam morrer. E a mensagem não poderia ser mais clara: ou mudava-se a estratégia ou mais de 80% dos habitantes iriam ser infectados e mais de 250 mil pessoas iriam morrer por causa do novo coronavírus, mesmo se o sistema puder atender todos os pacientes infectados. Estimou-se que a demanda pelo sistema de saúde poderia ser até oito vezes maior que a capacidade. Desde então, há cada vez mais medidas restritivas no Reino Unido. A exemplo: aulas foram suspensas e o comércio considerado não essencial (como bares e restaurantes) recebeu recomendações de fechar as portas. Até o momento, não há quarentenas vigentes no país. Uma das medidas mais radicais adotadas pelo governo do Reino Unido foi a decisão de bancar até 80% do salário de parte da população para evitar demissões em massa. Os dados do estudo do Imperial College de Londres mostram que a estratégia de supressão, que é a mistura de todas essas políticas restritivas de distanciamento social, reduziria em "dois terços" a demanda por atenção médica por parte dos serviços de saúde no ponto mais alto da crise e é "a política correta para responder à pandemia". Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
A Polônia, que tem o comando geral de um dos três setores militares no Iraque, está considerando retirar as suas tropas do país, depois que outras três nações anunciaram que não vão manter seus soldados no país.
O primeiro-ministro polonês, Leszek Miller, disse que o país não poderia ignorar a retirada dos soldados de Espanha, Honduras e da República Dominicana de setores no sul do Iraque. Ele disse, no entanto, que a permanência ou não dos soldados poloneses será um assunto para o seu sucessor, Marek Belka, que assume o posto no próximo mês. Um porta-voz do governo disse, no entanto, que não vão acontecer mudanças significativas antes e uma consulta com Washington. República Dominicana A República Dominicana havia informado na terça-feira que vai retirar os seus cerca de 300 soldados que estão servindo no Iraque. O anúncio foi feito pelo secretário de Defesa, José Miguel Soto Jimenez, que disse que a saída das tropas dominicanas deve começar "nas próximas duas semanas", segundo a agência de notícias Associated Press. Os dominicanos estavam servindo no Iraque junto com as forças de Honduras, sob o comando da Espanha. Mas a Espanha havia anunciado no domingo que estava retirando suas tropas no Iraque e, nesta segunda-feira, foi a vez de Honduras fazer o mesmo. Powell O anúncio das autoridades dominicanas foi feito apenas dois dias depois de o presidente do país, Hipólito Mejía, ter dito que os soldados iriam permanecer no país conforme o previsto, até agosto. Ainda segundo a Associated Press, o secretário de Defesa dominicano disse que Mejía tomou a decisão de ordenar o retorno das tropas devido à temores quanto à segurança dos soldados. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell, disse na terça-feira que conversou com líderes de grande parte dos países que fazem parte da coalizão militar que está no Iraque, e que alguns se comprometeram a permanecer no país junto com os americanos. Segundo ele, a coalizão continua dando "sólido apoio" aos esforços dos soldados americano no país.
Ari Fleischer, o ex-porta-voz do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, escolheu um momento curioso para publicar suas memórias, recheadas de reclamações sobre o suposto viés liberal da imprensa que, na prática, segundo ele, significa hostilidade ao governo republicano.
Um tal de James Guckert foi desmascarado. Ele era o pseudo-repórter que, com o codinome Jeff Gannon, fazia as perguntas amaciadas ao presidente nas entrevistas coletivas na Casa Branca. Comentaristas conservadores na folha de pagamentos do governo também foram desmascarados, e esta semana se confirmou que 20 ministérios e agências federais entopem emissoras locais de televisão com "infomerciais". O presidente disse que considera o procedimento normal, legal e que ele deve continuar. É claro que políticos preferem "infomerciais" a repórteres agressivos, embora sempre saudando a imprensa livre, como Bush fez questão de fazer no mês passado ao lado do seu colega Vladimir Putin, em uma oportunidade de ouro para dar uma espetada nos russos. Mas o presidente americano nutre uma antipatia especial pelo corpo de correspondentes na Casa Branca, evitando ao máximo entrevistas coletivas ou exclusivas. Propaganda Sempre sobra muito para o porta-voz, e Fleischer foi a face pública do governo em momentos dramáticos como os atentados de 11 de setembro, a invasão do Afeganistão e o começo da guerra do Iraque. No jargão dos jornalistas políticos, Fleischer era particularmente infatigável para despejar a "mensagem", ou seja, muita propaganda e pouca informação. Ele admite que grande parte do seu trabalho (como o de qualquer porta-voz) é se esquivar de perguntas incômodas, mas desmente (que, aliás, é uma das expressões mais abusadas no métier) que o briefing na Casa Branca seja uma completa perda de tempo. Fleischer rebate que o desperdício em parte é culpa dos próprios jornalistas, que adoram posar com perguntas agressivas ou "pegadinhas" quando o briefing é televisionado. E, de fato, Mark Knoller, o setorista na Casa Branca da rádio CBS, deixou de comparecer aos briefings televisionados, alegando estar frustrado com as perguntas e as respostas. Knoller prefere o briefing matutino, mais informal e sem câmeras. Sobre o constrangimento de ter martelado a imprensa nos seus briefings com "fatos indiscutíveis" sobre o programa de armas de destruição em massa de Saddam Hussein, Fleischer agora se esquiva com a resposta clássica. Ele lembra que não apenas a administração Bush, mas o governo Clinton e vários países europeus, a começar por França e Alemanha, também acreditavam na existência do arsenal. Para Fleischer, o papel do porta-voz é fazer pronunciamentos com base na melhor informação disponível. Caso o dado se revele falso, a responsabilidade do porta-voz é aprender com os erros. Infatigável na "mensagem", Fleischer diz que, apesar do erro de informação, a guerra no Iraque foi um acerto. Algo que Fleischer nunca aprendeu no pódio da sala de imprensa da Casa Branca foi despejar sua mensagem com humor. Ele não deve passar à história por seu desempenho memorável. Há um momento inesquecível. Logo após os atentados de 11 de setembro, o comediante Bill Maher fez uma piada politicamente incorreta para a ocasião. Fleischer advertiu que todos os americanos deveriam tomar cuidado com o que diziam. Assim falou o porta-voz. TAKING HEATAri FleischerEditora William Morrow, 381 páginas, US$ 26,95
A rede de TV árabe Al-Jazeera divulgou nesta sexta-feira um vídeo com o que aparenta ser uma nova mensagem gravada pelo líder da organização extremista Al-Qaeda, Osama Bin Laden.
Na mensagem, o suposto Bin Laden admite da forma mais clara até hoje a responsabilidade pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Logo nas primeiras afirmações feitas no vídeo, o suposto Bin Laden acusa o presidente George W. Bush de ludibriar os americanos desde os ataques, e comparou o governo americano ao que chamou de regimes corruptos do mundo árabe. A fita foi divulgada quatro dias antes da eleição presidencial americana, e também faz referências ao pleito. “Outro Manhattan” Na mensagem, o suposto Bin Laden fala com uma voz calma, olhando diretamente para a câmera e aparentando boa saúde. “Povo americano, minhas palavras para vocês são sobre a melhor maneira de evitar outro Manhattan; sobre a guerra, suas causas e resultados”, diz. “Sua segurança não está nas mãos de Kerry, Bush ou Al-Qaeda. Sua segurança está em suas mãos. Cada Estado que não estragar sua própria segurança vai garantir automaticamente sua própria segurança.” Ele acusa o presidente Bush de incompetência, dizendo que os ataques contra os Estados Unidos teriam sido menos graves se o presidente tivesse estado mais alerta, e sugere que o presidente americano abandonou o seu povo em um momento de crise. O suposto Bin Laden também ridiculariza Bush por continuar a ler um livro de histórias infantis no momento dos ataques de 2001, quando visitava uma escola no Estado da Flórida. Autenticidade Ele também rebateu uma acusação constante do presidente – a de que os militantes da Al-Qaeda odeiam a liberdade. “Nós lutamos contra vocês porque nós somos livres e não aceitamos injustiças”, disse. Em outro trecho, o suposto Bin Laden diz que pensou em atacar os Estados Unidos pela primeira vez depois de ver a destruição de edifícios no Líbano, depois da invasão israelense de 1982 – algo, ele enfatizou, foi permitido pelo governo americano. Um representante da Al-Jazeera disse que a fita de vídeo foi recebida na sexta-feira de manhã, mas não divulgou de que forma. Por sua vez, funcionários do governo dos Estados Unidos vieram a público dizer que acreditam que a mensagem é autêntica. Se de fato for verdadeira, ela é a primeira com imagens de Osama Bin Laden falando que é divulgada desde a ofensiva militar americana no Afeganistão, em 2001. Várias outras mensagens de áudio atribuídas a Bin Laden, entretanto, surgiram desde então. A mais recente, divulgada em um website usado por militantes islâmicos, criticava duramente os Estados Unidos e a coalizão militar liderada pelo país no Iraque.
O Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (CAN) anunciaram oficialmente nesta segunda-feira que fecharam um acordo de livre comércio entre os nove países que formam os dois blocos.
"Hoje damos um grande passo, é a culminância de um grande esforço que dá a base para a criação de uma área de livre comércio em toda a América do Sul", disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. O acordo foi assinado em Montevidéu pelos chanceleres dos países que ocupam a presidência pro-tempore dos dois blocos, o Brasil pelo Mercosul, e o Peru pela CAN. A CAN é formada por Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela. Alca Os nove países têm uma população de 350 milhões de pessoas. O acordo, anunciado ao final da reunião do Conselho de Ministros da Associação Latino-americana de Integração (Aladi), tinha sido fechado em julho, mas surgiram diferenças entre os países e, por isso, só foi oficializado nesta reunião. "Isto constitui um passo concreto e auspicioso para construir o espaço econômico sul-americano", disse o chanceler peruano, Manuel Rodríguez Cuadros. Amorim destacou também a importância da união dos países sul-americanos. "Se tivéssemos esse acordo há três anos, talvez as negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e com a União Européia tivessem sido mais fáceis, porque estaríamos mais unidos, seríamos mais fortes", disse Amorim. Segundo o ministro, o acordo do Mercosul com a CAN foi feito "respeitando as assimetrias e levando em conta os interesses dos países menos desenvolvidos, o que é um exemplo para as próximas negociações".
O Japão e os Estados Unidos prometeram trabalhar juntos para implementar as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Coréia do Norte.
A declaração foi feita em Tóquio pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, na primeira parada de sua viagem pela Ásia para buscar apoio às sanções. Rice visitará também a Coréia do Sul, a China e a Rússia. Os governos chinês e russo expressaram preocupação com algumas partes do texto da resolução da ONU, que condena o teste nuclear norte-coreano e estabelece as sanções. Há também o temor de que os testes norte-coreanos estimulem uma corrida armamentista na região. Defesa Após se reunir com o ministro das Relações Exteriores japonês, Taro Aso, Rice voltou a ressaltar o comprometimento dos Estados Unidos em ajudar a defender o Japão. "Eu quero garantir que todos entendam que os Estados Unidos irão agir e cumprir nossas obrigações sob o pacto mútuo de defesa", disse Rice em uma entrevista coletiva conjunta com Aso. O ministro japonês - que mais cedo havia pedido um debate sobre a possibilidade de o Japão obter armas nucleares - disse que o país não tem planos de possuir, desenvolver ou permitir bombas atômicas em seu solo. "Nós não precisamos adquirir armas nucleares com a garantia da secretária de Estado Rice de que a aliança bilateral irá funcionar sem falhas", disse Aso. Ele acompanhará Rice na viagem à Coréia do Sul, nesta quinta-feira. De acordo com o embaixador americano da Coréia do Sul, Alexander Vershbow, Rice irá pedir para que o governo sul-coreano amplie seu papel na inspeção de navios que entram e saem da Coréia do Norte em busca de armas de destruição em massa. O governo sul-coreano está relutante em realizar as inspeções por medo de incentivar confrontos navais com os norte-coreanos. Novos testes Enquanto isso a comunidade internacional continua preocupada com a possibilidade de a Coréia do Norte realizar um novo teste nuclear. Há relatos de novas atividades no local onde foi realizado o teste da semana passada. Tanto o Japão quanto a Coréia do Sul dizem ter informações de seus serviços de inteligência de que um segundo teste possa estar sendo planejado. A China - país mais próximo do governo norte-coreano - fez um apelo para que a Coréia do Norte não piore ainda mais a situação, resolvendo o atual impasse "através de diálogo e consultas". Mas a Coréia do Norte não dá sinais de que está cedendo à pressão internacional. Na terça-feira, a mídia estatal disse que as sanções da ONU são uma "declaração de guerra".
A polícia no sul da Grécia está procurando os assassinos de duas freiras idosas encontradas em seu convento em uma colina.
Aparentemente elas foram mortas em um assalto e os autores do crime teriam levado um crucifixo contendo madeira supostamente da cruz de Jesus Cristo. As duas freiras mortas tinham 83 e 61 anos. Elas eram as únicas ocupantes do mosteiro, perto de Astros, cerca de 130 quilômetros a sudoeste de Atenas. Um sobrinho da freira mais jovem disse que a madre superiora havia tido uma premonição de que ladrões viriam ao santuário, matariam as religiosas e levariam tudo. Segundo a polícia, as duas mulheres foram sufocadas com travesseiros. A região do Peloponeso abriga vários mosteiros e conventos históricos, e a maioria possui ícones valiosos e artefatos de ouro. Não há policiamento ou esquema especial para garantir a segurança dos locais. Os assassinatos se seguem ao roubo de um precioso ícone da Virgem Maria tido como possuidor de poderes miraculosos, roubado no ano passado. O artigo estava em um convento e o caso obteve grande destaque na mídia. Os crimes estão sendo retratados como o fim de uma 'era de inocência', e teólogos estão pedindo à Igreja para buscar fundos da União Européia com o objetivo de reforçar a segurança nos mosteiros.
A ilha de Kyushu, situada no extremo sul do Japão, foi atingida pelo terceiro tufão em três semanas.
Os fortes ventos e chuvas torrenciais que atingiram a região feriram 29 pessoas, impediram que mais de 400 aviões decolassem, interromperam trens e obrigaram diversas pessoas a abandonar suas casas. Antes de atingir Kyushu, o tufão atingiu a região da ilha de Okinawa, onde feriu pelo menos 21 pessoas e deixou muitas casas sem energia elétrica. O tufão Songda corre o risco de repetir a rota de seu predecessor, o Chaba, que na semana passada matou 13 pessoas e deixou um rastro de destruição. Essa é a quarta grande tempestade a atingir o Japão desde o final de agosto e a mais forte a atingir Okinawa desde 1972. Além do tufão, no domingo, a região oeste do Japão foi atingida por terremotos que feriram 38 pessoas. Um total de três terremotos atingiu o país. O Japão é um dos países mais propensos à ocorrência de terremotos no mundo.
Um inquérito israelense sobre o ataque que atingiu uma escola das Nações Unidas na Faixa de Gaza na semana passada teria concluído que ele foi provocado por um erro de pontaria, de acordo com o jornal israelense Haaretz.
A investigação teria descoberto que, depois de perceber uma falha no sistema de navegação de um "míssil inteligente", militares israelenses preferiram usar morteiros guiados pelo Satélite de Posicionamento Global (GPS, na sigla em inglês). Eles teriam disparado três morteiros equipados com o sistema de navegação GPS contra militantes palestinos e um deles teria atingido a escola. Segundo os militares israelenses citados pelo Haaretz, o sistema de pontaria com GPS tem uma margem de erro de 30 metros. O documento diz ainda que os militantes teriam disparado foguetes de perto da escola. Fontes médicas palestinas afirmam que mais de 40 pessoas morreram no ataque, mas militares entrevistados pelo diário israelense questionam o número que seria "inflado pelo Hamas". Representantes da ONU descreveram o incidente como "assustador" e "totalmente inaceitável". O ataque levou as Nações Unidas a suspenderem temporariamente a ajuda humanitária à Faixa de Gaza, até que Israel desse garantias de vida aos funcionários da ONU. Israel afirmou inicialmente que seus soldados tinham reagido a um ataque que teria sido lançado de dentro do prédio da escola. A afirmação já havia sido desmentida pela ONU. Centenas de pessoas estavam dentro da escola administrada pela ONU tentando se abrigar dos combates entre soldados israelenses e militantes que ocorrem nos arredores do campo de refugiados, ao leste da Cidade de Gaza. Este foi o segundo ataque israelense contra uma escola administrada pela ONU. Na terça-feira pelo menos três palestinos foram mortos quando uma escola foi atingida no campo de Bureij, segundo autoridades da ONU.
Milhares de pessoas amontoadas sem máscaras boiando em piscinas e cantando juntas em um festival de música.
Milhares de pessoas lotaram um festival de música em Wuhan Não é uma imagem que condiz muito com o mundo de 2020, mas foi o que aconteceu no fim de semana passado na cidade chinesa de Wuhan, onde a covid-19 surgiu, no final do ano passado. Fotos de pessoas fazendo festas no parque aquático de uma praia em Wuhan foram compartilhadas no mundo todo, enquanto a maior parte do resto do planeta ainda luta para conter a pandemia. Sem máscara e distanciamento social em Wuhan A imagem parece ter sido feita em outra cidade — e não naquela que em janeiro deste ano estava sob estrita quarentena, sem pessoas ou carros nas ruas. A quarentena foi encerrada em abril e não houve mais casos de transmissão doméstica em Wuhan ou na província de Hubei desde maio. Fim do Talvez também te interesse Lenta volta ao normal Wuhan fez uma quarentena estrita a partir de 23 de janeiro, quando o vírus havia matado 17 pessoas e infectado mais de 400. Isso aconteceu uma semana depois de a China confirmar que havia registrado transmissão do vírus entre humanos, algo que não havia ainda sido comprovado. Wuhan ficou silenciosa durante a quarentena A cidade de 11 milhões de pessoas ficou totalmente isolada do resto da China, com milhares de pessoas sendo testadas e colocadas sob quarentena ao longo dos meses. Todas as grandes aglomerações foram canceladas e as pessoas receberam ordens para evitar multidões. Em março, a quarentena começou a ser aliviada lentamente. Apena um morador de cada casa tinha permissão para deixar a residência ou condomínio por um máximo de duas horas. Shoppings reabriram, o transporte público começou a funcionar e as pessoas lentamente voltaram para as ruas — apesar de ainda haver distanciamento social e uso de máscaras. No dia 8 de abril, a quarentena de Wuhan finalmente foi encerrada. Imediatamente veio uma onda de casamentos, com noivos finalmente concretizando os planos de se casar — adiados por vários meses. Casais correram para se casar após o fim da quarentena em Wuhan Por um tempo, parecia que a vida estava voltando ao normal, com escolas reabrindo e empresas e o transporte público retomando suas atividades. Alunos mais velhos voltaram às aulas em maio Mas no dia 12 de maio foram registrados seis novos casos de coronavírus. A cidade rapidamente passou a testar 11 milhões de pessoas e o surto foi contido. Em junho, mercados noturnos — com camelôs ao longo de ruas estreitas — foram reabertos. E no mês seguinte, em julho, a vida realmente voltou ao normal na maior parte da China. Cinemas reabriram; alguns parques, bibliotecas, museus e outros estabelecimentos puderam abrir com metade da capacidade. Grandes aglomerações voltaram a ser permitidas. Um cinema em Wuhan em julho Hoje, parece que a vida voltou ao normal em Wuhan. As imagens de pessoas fazendo festa e participando do festival de música no fim de semana provou isso. Organizadores ofereceram descontos para mulheres, em uma tentativa de atrair mais visitantes. O Wuhan Happy Valley — o parque temático onde foi realizado o festival — havia sido reaberto em 25 de junho, mas os diretores dizem que o fluxo de visitantes só voltou a ser grande em agosto. O parque recebe 15 mil visitantes por fim de semana, o que ainda é metade do número do ano passado. Nas mídias sociais chinesas, algumas pessoas expressaram surpresa com um evento tão grande sendo realizado em Wuhan. Também houve espanto no Twitter e no Facebook. Mas Wuhan não registra nenhum caso novo de coronavírus desde maio. Cerca de 9,9 milhões de pessoas na cidade foram testadas para o vírus. E não há restrições para multidões. No entanto, Sanjaya Senanayake, professor associado de doenças infecciosas da Universidade Nacional da Austrália, diz que, enquanto a maioria dos residentes da cidade foram testados, ainda há o risco de o vírus voltar para a Wuhan vindo de fora. "O problema é que não erradicamos a covid-19, e isso significa que enquanto a doença não for erradicada ainda há o risco de introduzi-la através do exterior ou de outro lugar", disse o especialista à BBC. Ele cita o exemplo da Nova Zelândia, que deixou de registrar casos de contágio doméstico por três meses, mas que agora está vendo a volta da covid-19. "Um estudo de Londres sugere que 10-20% das pessoas com covid-19 são responsáveis por 80% dos casos", diz ele. "Então se você está juntando grandes grupos de pessoas, você tem que ter cuidado. Mesmo que uma pessoa tenha o vírus, você tem que se preparar para dias difíceis." Enquanto isso, o vírus segue fazendo estragos em outras partes do mundo. Há mais de 21 milhões de casos. Países com a Coreia do Sul — que pareciam ter sido bem-sucedidos na luta contra o coronavírus — estão enfrentando novas ondas. Ainda pode levar muito tempo para que muitos países se sintam seguros o suficiente a ponto de permitir aglomerações como a que ocorreu em Wuhan. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Quadrilhas africanas que operam no Brasil estão enviando drogas de forma sistemática para a Espanha, a China e o Reino Unido por meio de serviços postais. A Polícia Federal faz cerca de 50 apreensões por mês dessas remessas. A maioria é de cocaína.
Traficantes escondem drogas em todos os tipos de produtos mandados pelo correio, até brinquedos Para tentar enganar a polícia e a Receita Federal, os traficantes usam esconderijos inusitados para esconder a droga. Entre as técnicas já identificadas estão rechear com pequenas quantidades de cocaína objetos como brinquedos, roupas, ferramentas e utensílios domésticos – e depois enviá-los ao exterior por meio do correio e de empresas de entregas internacionais. Segundo o delegado Ivo Roberto Costa da Silva, da Polícia Federal, os grupos criminosos são formados majoritariamente por nigerianos. "Eles não chegam a formar uma facção ou uma máfia, mas às vezes se associam para traficar", afirmou o policial. Os destinos preferidos para as remessas são Espanha e, em menor escala, China e Grã-Bretanha. Segundo Silva, as quadrilhas de africanos também têm ramificações nesses países. Seus membros se encarregam de receber os entorpecentes. O crescimento do narcotráfico para a China, especificamente, tem chamando a atenção das autoridades. O país pulou do quinto lugar no ranking em 2009 para segundo em 2012. Uma hipótese investigada é que o crescimento econômico chinês tenha estimulado também o tráfico de drogas. De acordo com o policial, alguns motivos explicam o porquê de quadrilhas africanas terem se instalado no Brasil. Um deles é a grande fronteira com países onde há produção de cocaína (Colômbia, Bolívia e Peru). Outro fator de estímulo seria o Brasil possuir grande número de voos de passageiros e de carga para a Europa. Apreensões Utensílios domésticos também são usados como esconderijos Em 2012, a Receita e a Polícia Federal apreenderam mais de 140 quilos de cocaína em cerca de 580 remessas ilegais por meio de serviços postais no Brasil. O número representa uma queda de 35% em relação à quantidade de drogas apreendidas em 2009 – o ano em que essa modalidade de tráfico passou a ser combatida de forma mais intensa. A diminuição da quantidade de apreensões seria um reflexo do combate feito pelas autoridades brasileiras a esse tipo de narcotráfico, na opinião de Hugo Garcia, chefe do Serviço de Remessas Postais Internacionais, da Receita Federal. "Hoje 100% dos pacotes (enviados ao exterior) são examinados em um aparelho de raio-X. Alguns também são submetidos a um cão de faro", disse Garcia. Roupas são usadas para ocultar drogas enviadas pelo correio do Brasil para a Europa O raio-X é semelhante ao utilizado em aeroportos. Sem ter que abrir os pacotes, as autoridades conseguem identificar substâncias suspeitas de serem entorpecentes. As remessas são então submetidas à análise de cães treinados para detectar cocaína pelo odor e abertas por agentes. Segundo o delegado Silva, a alta taxa de apreensões no correio estaria fazendo com que as quadrilhas africanas se concentrassem em outra modalidade de tráfico internacional: o aliciamento de "mulas" – viajantes recrutados para engolir pacotes de cocaína e embarcar em voos para a Europa e para a África. De acordo com a Polícia Federal, mais de uma tonelada de cocaína foi apreendida no ano passado só no aeroporto de Cumbica, em São Paulo. Investigações Segundo autoridades, os serviços postais são largamente usados por traficantes internacionais por oferecer a eles uma suposta sensação de segurança. Mas, quando um pacote com drogas é encontrado pela Receita Federal, segundo Garcia, começa um trabalho de investigação policial. Ele envolve o rastreamento da agência onde a remessa foi enviada e até a busca por impressões digitais do traficante. Quadrilhas africanas se especializaram em usar serviços postais no Brasil para traficar drogas Em 2012, a Polícia Federal prendeu 12 membros das quadrilhas de origem africana operando no Brasil. Porém, segundo Silva, a resistência de autoridades de outros países em colaborar com as investigações tem prejudicado as operações da Polícia Federal. De acordo com ele, uma parte importante da investigação é permitir que remessas suspeitas entrem de forma controlada em seus países de destino – com o objetivo de identificar quem são os receptadores. Contudo, autoridades da Espanha e de alguns países europeus não teriam cooperado em ações dessa natureza. Uma exceção é a Grã-Bretanha, segundo Silva, onde ao menos duas operações do gênero foram realizadas.
Em todo o mundo, dos Estados Unidos à Alemanha ou Reino Unido, diversas pessoas decidem desaparecer sem deixar rastros, abandonando suas casas, empregos e famílias para começar outra vida.
Desaparecimento é facilitado no Japão graças à legislação sobre privacidade Muitas vezes fazem isso sem nem olhar para trás. No Japão, essas pessoas são conhecidas como jouhatsu. O termo significa "evaporação", mas também se refere a pessoas que desaparecem propositalmente e escondem seu paradeiro, por anos ou às vezes até décadas. "Fiquei farto das relações humanas. Peguei uma mala e desapareci", diz Sugimoto, de 42 anos, que pediu para que seu primeiro nome fosse ocultado nesta reportagem. Fim do Talvez também te interesse "Eu simplesmente fugi." Ele afirma que em sua pequena cidade natal todos o conheciam por causa da família dele e de seu próspero negócio local, que Sugimoto deveria ter tocado adiante. Mas ter esse papel imposto a ele causou-lhe tanta angústia que Sugimoto deixou cidade para sempre e não disse a ninguém para onde estava indo. De dívidas inevitáveis ​​a casamentos sem amor, as motivações que levam ao jouhatsu variam. O sociólogo Hiroki Nakamori pesquisa jouhatsu há mais de uma década Mas muitos, independentemente de seus motivos, procuram empresas para ajudá-los no processo. Essas operações são chamadas de "mudança noturna", um sinal da natureza secreta do processo para quem deseja virar um jouhatsu. Essas empresas ajudam as pessoas que desejam desaparecer a se retirarem discretamente de suas vidas e ainda fornecem hospedagem em locais distantes. "Normalmente, os motivos para a mudança costumam ser positivos, como ir para a universidade, conseguir um novo emprego ou um casamento. Mas também há mudanças tristes, quando o motivo é ter desistido da faculdade, perder o emprego ou quando você quer fugir de alguém que o persegue." Assim conta Sho Hatori, que fundou uma empresa de "mudança noturna" na década de 1990, quando a bolha econômica japonesa estourou. Segundas vidas Quando criou a empresa, ele acreditava que o motivo pelo qual as pessoas decidem fugir de suas vidas problemáticas era a ruína financeira, mas logo descobriu que também havia "motivos sociais". "O que fizemos foi ajudar as pessoas a começar uma segunda vida", diz ele. O sociólogo Hiroki Nakamori pesquisa o fenômeno jouhatsu há mais de dez anos. Ele diz que o termo começou a ser usado na década de 1960 para descrever pessoas que decidiram desaparecer. As taxas de divórcio eram (e ainda são) muito baixas no Japão, então algumas pessoas decidiram que era mais fácil sair e abandonar seus pares do que passar por procedimentos de divórcio complexos e formais. "No Japão é mais fácil desaparecer" do que em outros países, diz Nakamori. Privacidade é algo que é protegido com unhas e dentes. Seria capaz de fugir e deixar tudo para trás? Pessoas desaparecidas podem sacar dinheiro em caixas eletrônicos sem serem descobertas,. E membros da família não podem acessar vídeos de câmeras de segurança, que poderiam ter gravado seus entes queridos enquanto fugiam. "A polícia não vai intervir a menos que haja outro motivo, como um crime ou um acidente. Tudo o que a família pode fazer é pagar caro a um detetive particular. Ou simplesmente esperar. É isso." 'Fiquei chocada' Para os que ficam para trás, o abandono e a busca por seu jouhatsu podem ser insuportáveis. "Fiquei chocada", disse uma mulher que conversou com a reportagem da BBC, mas optou por permanecer no anonimato. O filho dela, de 22 anos, desapareceu e nunca mais entrou em contato. "Ele ficou desempregado duas vezes. Ele deve ter ficado muito triste com isso." Quando parou de ter notícias dele, ela dirigiu até onde morava, procurou no local e então esperou em seu carro por dias para ver se ele aparecia. Isso nunca aconteceu. Ela disse que a polícia não tem ajudado muito e que apenas informou que só poderiam se envolver no caso se houvesse suspeitas de que ele havia cometido suicídio. Mas como não havia nenhuma pista disso, eles não investigam nada. "Eu entendo que existem agressores e que a informação pode ser mal utilizada. Talvez a lei seja necessária, mas criminosos, agressores e pais que querem procurar seus próprios filhos são tratados da mesma forma por causa da proteção. Como isso pode acontecer?", questiona. "Com a lei atual e sem dinheiro, tudo o que posso fazer é verificar se meu filho está no necrotério. É tudo o que me resta." Os desaparecidos Para muitos jouhatsu, embora tenham deixado suas vidas para trás, a tristeza e o arrependimento continuam. "Tenho a sensação constante de que fiz algo errado", diz Sugimoto, o empresário que deixou esposa e filhos na pequena cidade. "Não vejo (meus filhos) há um ano. Disse a eles que faria uma viagem de negócios." Seu único arrependimento, diz ele, foi deixá-los. Sugimoto vive escondido em uma região residencial de Tóquio. A empresa de "mudança noturna" que o abriga é comandada por uma mulher chamada Saita, que prefere não dizer seu sobrenome para manter o anonimato Ela mesma é uma jouhatsu que desapareceu há 17 anos. Fugiu de um relacionamento fisicamente abusivo. "De certa forma, sou uma pessoa desaparecida, inclusive agora." Tipos de clientes "Tenho vários tipos de clientes", continua. A polícia raramente ajuda famílias que procuram seus entes queridos "Há pessoas que fogem da violência doméstica e outras que fazem isso por ego ou interesse próprio. Eu não julgo. Nunca digo: 'Seu caso não é sério o suficiente'. Todo mundo tem suas angústias." Para pessoas como Sugimoto, a empresa ajudou a enfrentar sua própria batalha pessoal. Mas mesmo que ele tenha conseguido desaparecer, isso não significa que os rastros de sua antiga vida não permaneçam. "Só meu primeiro filho sabe a verdade. Ele tem 13 anos", diz ele. "As palavras que não consigo esquecer são: 'O que o pai faz da vida é problema dele, e não posso mudar isso'. Soa mais maduro do que eu, não?"
Livros reveladores escritos pelo jornalista Bob Woodward têm sido uma espécie de rito de passagem para presidentes do país. Agora, é a vez de Donald Trump ser colocado sob o microscópio.
Em livro, Bob Woodward (na foto, à esq.) revela bastidores da atuação de Trump e sua equipe Woodward fez seu nome revelando o envolvimento do ex-presidente Richard Nixon no escândalo do Watergate. Agora, ele descreve o governo do republicano como uma administração em "colapso nervoso do poder executivo". Defensores de Trump dirão, não sem razão, que Woodward representa o establishment de Washington contra o qual o presidente está lutando. Também é verdade, no entanto, que o jornalista tem acesso incomparável aos corredores do poder. Na capital americana, é como um consenso a ideia de que é melhor falar com o repórter do que deixar de fazê-lo - uma vez que colegas, e no pior dos casos inimigos, estão dando a ele o seu lado da história. O presidente Donald Trump reagiu de forma raivosa à divulgação de trechos da publicação. No Twitter, o republicano disse que Woodward não tem credibilidade e questionou se o jornalista não seria um "agente" do partido Democrata. Trump ainda falou que as aspas de membros de sua administração citadas no livro foram "fabricadas". "O livro de Woodward já foi refutado e desacreditado pelo general (secretário de Defesa) James Mattis e o general (chefe de Gabinete) John Kelly. As falas deles são fraudes fabricadas, uma trapaça com o público, assim como outras histórias e aspas", diz um dos tuites de Trump. A Casa Branca já vinha classificando o livro como um conjunto de "histórias fabricadas" por "ex-funcionários insatisfeitos". A previsão é que o livro seja lançado nos Estados Unidos na próxima semana, mas trechos aos quais alguns jornalistas tiveram acesso dão pistas do que vem por aí. 'Eu posso fazer isto parar. Vou apenas retirar o papel da mesa dele.' - Gary Cohn Woodward descreve várias ocasiões em que funcionários do alto escalão do governo Trump - o ex-conselheiro econômico titular Gary Cohn e o ex-secretário da Casa Branca Rob Porter, em particular - removeram documentos da mesa do presidente para impedir que Trump os assinasse. Tudo fazia parte de um esforço para blindar a administração e o país do que os funcionários viam como os impulsos mais perigosos do presidente. Caso tivessem recebido a firma de Trump, alguns documentos poderiam ter levado à retirada dos EUA do Acordo de Livre Comércio da América do Norte e de um acordo comercial com a Coreia do Sul. Com as atitudes de sua equipe, o país acabou se comprometendo a renegociar estes pactos. Woodward classifica estes atalhos para contornar Trump como "nada menos que um golpe de Estado administrativo". Livro descreve uma equipe receosa diante da intempestividade de Trump 'Não testemunhe.' - John Dowd Em 27 de janeiro, de acordo com Woodward, o advogado pessoal do presidente, John Dowd, encenou uma entrevista com Trump para mostrar que, se o republicano se dispusesse a falar com o procurador especial Robert Mueller e sua equipe, as perspectivas seriam desastrosas. Mueller faz parte do conselho que investiga se Trump recebeu ajuda do governo da Rússia na campanha eleitoral. Não deu certo, pois o presidente ficou cada vez mais frustrado com a intensidade da sabatina simulada - a certa altura, chamou a investigação de "farsa". Dowd teria então indo ao encontro de Mueller - a quem teria dito não concordar com a proposta de um testemunho pois não queria ver o presidente "parecer um idiota" e envergonhar a nação. Quando, mais tarde, houve indícios de que Trump havia mudado de ideia e iria testemunhar, Dowd renunciou. 'Vamos matá-lo. Vamos entrar.' - Donald Trump Segundo Woodward, uma das fontes de considerável insatisfação entre a equipe de Trump era o potencial impacto de seus impulsos na política externa. Depois que os EUA passaram a acreditar, em abril de 2017, que o governo sírio pudesse ter lançado outro ataque químico, Trump disse ao secretário da Defesa, James Mattis, que assassinasse o presidente Bashar Assad. "Vamos matá-lo", disse o republicano, segundo o livro. Depois do diálogo, Mattis teria dito a um assistente que não faria "nada daquilo". Woodward diz que funcionários também ficaram preocupados quando o presidente ordenou planos para um ataque militar preventivo contra a Coreia do Norte durante o auge de sua rivalidade com Kim Jong-un. O presidente também humilhou generais em relação à guerra no Afeganistão, dizendo que soldados "no terreno" poderiam ter feito um trabalho melhor. "Quantas mais mortes?", ele perguntou. "Por quanto tempo mais estaremos lá?" 'Mentiroso profissional.' - Gary Cohn Woodward pinta um retrato de uma equipe da Casa Branca constantemente abatida e menosprezada por um presidente temperamental. Quando o então conselheiro econômico da Casa Branca, Cohn, tentou renunciar depois que o presidente fez comentários simpáticos aos nacionalistas brancos que se manifestaram violentamente em Charlottesville em 2017, Trump o acusou de "traição". Cohn, de acordo com Woodward, via o presidente como um "mentiroso profissional". Trump também disse ao secretário de Comércio, Wilbur Ross, que não confiava nele. Mueller lidera investigações sobre influência da Rússia nas eleições "Não quero que você faça mais negociações", teria dito o presidente. "Você já passou do seu auge." Ele também teria comparado seu primeiro chefe de gabinete, Reince Priebus, a um rato. "Ele apenas fica perambulando por aí." Quanto ao procurador-geral Jeff Sessions, que o presidente criticou publicamente, o republicano foi ainda mais depreciativo. "Esse cara é mentalmente retardado", disse Trump a um secretário, segundo Woodward. "Ele é um sulista idiota. Ele nem poderia advogar para uma pessoa no Alabama". 'Oficina do diabo.' - Reince Priebus Se o presidente foi abusivo em relação à sua equipe, parece que os funcionários encontram alguma medida de vingança no livro de Woodward, que está repleto de citações ácidas sobre o presidente. O chefe de gabinete, John Kelly, repetidamente chamaria Trump de "idiota" e diz ser "inútil tentar convencê-lo de qualquer coisa". Segundo o livro, o secretário de Defesa, Mattis, disse a um assessor que o domínio do presidente de temas de política externa seria como o de um aluno de "quinta ou sexta série". O antecessor de Kelly, Reince Priebus, descreve a suíte presidencial como "a oficina do diabo", onde Trump dispara tuítes intempestivos no início da manhã e nos finais de semana. O relacionamento de Trump com Rex Tillerson supostamente nunca se recuperou depois de notícias de que, em uma ocasião, o ex-secretário de Estado chamou o presidente de "idiota". 'Ninguém me falou sobre isso, e eu adoraria ter falado com você. Você sabe que sou muito aberto a você. Acho que você sempre foi justo.' - Donald Trump Em uma prévia do que certamente será uma furiosa reação da Casa Branca ao livro, o jornal Washington Post divulgou uma gravação de áudio e a transcrição de uma ligação que o presidente fez a Woodward no início de agosto. Nele, o presidente alega que nunca foi contatado para uma entrevista ou informado sobre o trabalho que será publicado em breve por Woodward - uma afirmação que o repórter refuta com veemência. Trump faz várias tentativas de conduzir a conversa na direção de suas conquistas na política externa e na economia. "Ninguém nunca fez um trabalho melhor do que eu como presidente", diz ele. "Isso eu posso te dizer." Woodward diz que, através de entrevistas, conseguiu reunir muitas informações e documentação - e que seu livro seria um "olhar duro sobre o mundo, sua administração e você". "Suponho que isso signifique que será um livro negativo", responde o presidente. Woodward conclui a ligação dizendo: "Acredito em nosso país e, como você é nosso presidente, te desejo boa sorte".
Um tribunal federal americano congelou todos os bens que a Autoridade Nacional Palestino possui nos Estados Unidos – estimados em US$ 1,3 bilhão.
A decisão do tribunal de Rhode Island foi tomada porque a ANP deixou de pagar indenizações à família de um casal judeu morto por militantes do grupo islâmico Hamas em 1996. Tanto a ANP como o Hamas foram condenados nos Estados Unidos a pagar indenização à família, de acordo com uma lei americana que permite processos contra grupos que matam cidadãos do país. O representante do governo palestino, Hasan Abdel Rahman, diz que a decisão paralisou os trabalhos de seu escritório. Salários atrasados O americano Yaron Ungar e sua mulher, Efrat, que era israelense, foram mortos em Israel quando voltavam de um casamento perto da Cisjordânia. Seu carro foi atacado com tiros por militantes, e três integrantes do Hamas foram presos em conexão com o crime. Os parentes de Ungar entraram com uma ação contra o Hamas em Rhode Island em 2000, em uma tentativa de fazer a liderança do grupo ser responsabilizada pelo episódio. A Organização pela Libertação da Palestina (OLP) e a ANP também foram indiciadas por supostamente proverem o Hamas de um lugar seguro para planejar suas operações. Em maio, o tribunal já havia proibido a ANP de fazer uso de seus recursos nos Estados Unidos enquanto era tomada uma decisão sobre a decisão, e Rahman diz que há três meses não consegue pagar seus funcionários.
Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) descobriram em testes laboratoriais que um medicamento reduz em até 94% a carga viral do novo coronavírus.
Experimentos feitos em laboratório são o primeiro passo de um longo caminho O anúncio foi feito pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, nesta quarta-feira (15/04). Os pesquisadores analisaram mais de 2 mil medicamentos e selecionaram seis que tiveram potencial de reduzir a reprodução do vírus. Esses fármacos foram submetidos a testes com células infectadas por coronavírus em testes de laboratório. Segundo os cientistas, um deles reduziu a carga viral em 94%. Os pesquisadores não vão revelar o nome do medicamento até que testes clínicos em pacientes com covid-19 comprovem a eficácia. Fim do Talvez também te interesse Segundo os cientistas, porém, esse medicamento tem baixo custo, ampla distribuição em farmácias brasileiras e não tem efeitos colaterais graves. O remédio é inclusive indicado para uso pediátrico. Os pesquisadores do centro de pesquisa localizado em Campinas, no interior de São Paulo, usaram técnicas de biologia molecular e estrutural, computação científica, quimioinformática, inteligência artificial e informações da literatura científica para avaliar as moléculas de medicamentos que já são usados para tratar outras doenças. Laboratórios no mundo todo correm para tentar desenvolver vacina e medicamentos contra o coronavírus Cloroquina O próximo passo dos cientistas é buscar outros medicamentos para compor um coquetel que possa aumentar ainda mais a eficácia do tratamento. De acordo com os pesquisadores do CNPEM, a cloroquina, recomendada como tratamento já na fase inicial da covid-19 pelo presidente Jair Bolsonaro, foi usada como referência, mas não está entre as drogas testadas. A cloroquina, ou hidroxicloroquina, é um dos fármacos já aprovados no Brasil e utilizados para outras doenças que são vistos como alternativas imediatas na luta contra o coronavírus. Isso ocorre porque eles já passaram as inúmeras etapas de avaliação necessárias para lançar um remédio no mercado, como testes em animais, por exemplo. Mas não há evidências conclusivas sobre a eficácia destas drogas contra o vírus, nem sobre a segurança de seu uso em pacientes da nova doença. Grande parte desses estudos clínicos é feita diretamente com pacientes infectados. Alguns são realizados in vitro. O combate contra o novo coronavírus inclui ainda testes com plasma sanguíneo, células do cordão umbilical e até mesmo sangue de vermes marinhos. Luz síncrotron A expectativa dos cientistas do CNPEM é que as pesquisas deem um salto após o início das atividades do acelerador de partículas Sirius, que promete ser a mais avançada fonte de luz síncrotron do mundo. Por esse motivo, a estação de pesquisa projetada para experimentos com moléculas de fármacos deve ser priorizada para entrar o quanto antes em operação. O Sirius poderá analisar de maneira inédita a estrutura e o funcionamento de estruturas micro e nanoscópicas, como nanopartículas, átomos, moléculas e vírus. É como se os pesquisadores pudessem tirar um raio-x em três dimensões, e em movimento, de materiais e partículas extremamente pequenas e densas, como pedaços de aço e rocha, e até de neurônios. O equipamento será o segundo acelerador de partículas de 4ª geração do mundo, mas será o mais moderno por diversos fatores, principalmente por emitir luz com o brilho mais intenso e ter uma capacidade superior de análise. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos decidiu impor restrições à produção de carne bovina e derivados no país.
Uma das medidas que foram adotadas é a proibição do uso da carne, para consumo humano, de vacas doentes, que não conseguem andar sozinhas no abatedouro. Os produtores de itens alimentícios para humanos à base de carne também passarão a enfrentar restrições ou ser proibidos de usar o cérebro, os olhos, o intestino delgado e a medula dos animais. Também foi proibido o uso de injeções de ar comprimido para matar os animais, pois isso pode fazer com que o cérebro dos animais se desloque dentro do crânio. Grupo de análise A secretária de Agricultura, Ann Veneman, disse que as medidas "são passos no sentido de adotar salvaguardas que protejam a saúde pública". Ela explicou ainda que os Estados Unidos estão trabalhando no sentido de criar um "sistema verificável" de identificação animal. Dessa forma, caso surjam no futuro mais animais com mal da vaca louca ou outra doença, a origem deles poderia ser traçada rapidamente, ajudando a conter o avanço do mal. Veneman também anunciou que vai nomear um grupo internacional de cientistas para avaliar como foi a resposta do país ao surgimento de seu primeiro caso de mal da vaca louca. Segundo ela, o grupo de estudiosos vai fazer uma análise "objetiva" e identificar áreas para "melhorias adicionais potenciais".
O anúncio de que a Coreia do Norte testou com sucesso seu segundo míssil de longe alcance em menos de um mês redobrou os temores sobre a real capacidade militar do país, um dos mais isolados do mundo.
Todos os anos, Coreia do Norte exibe arsenal militar em parada para comemorar o Taeyangjeol (Festival do Dia do Sol) O governo norte-coreano afirmou que o lançamento, ocorrido na última sexta-feira, foi uma "advertência" aos Estados Unidos e sua vontade de impor novas sanções contra Pyongyang, ao mesmo tempo em que reforçou que responderá a qualquer intervenção de Washington. Analistas dizem que esse segundo teste foi mais poderoso do que o primeiro, em 4 de julho, já que dessa vez o míssil poderia atingir o leste dos Estados Unidos, como a cidade de Nova York, por exemplo. Em retaliação, o governo americano subiu o tom e enviou bombardeiros para a Península da Coreia, onde foram feitos exercícios militares conjuntos com caças japoneses. Para a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, o tempo de falar sobre a Coreia do Norte "acabou" e a China - tida como um dos raros países a manter relações próximas com o vizinho comunista - precisa "agir". Fim do Talvez também te interesse "Não é apenas um problema dos Estados Unidos. Isso exigirá uma solução internacional", disse ela em sua conta oficial no Twitter. Mas qual é a real capacidade militar da Coreia do Norte? Em primeiro lugar, não se sabe o verdadeiro alcance desses mísseis intercontinentais, ou seja, se poderiam atingir os EUA, como advoga a Coreia do Norte. Além disso, restam dúvidas sobre se o país conseguiria evitar que os projéteis explodam ao entrar novamente na atmosfera terrestre. A única certeza é de que o arsenal de mísseis norte-coreano avançou nas últimas décadas, de foguetes de artilharia criados a partir de modelos da 2ª Guerra Mundial para mísseis de médio alcance capazes de atingir alvos no Oceano Pacífico. Agora, a Coreia do Norte parece focada em construir mísseis de longa distância, que teriam o potencial de atingir a parte continental dos Estados Unidos. Dois tipos de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), conhecidos como KN-08 e KN-14, vêm sendo exibidos em paradas militares desde 2012. Carregados e lançados da traseira de um caminhão modificado, o KN-08 teriam um alcance de 11,5 mil km, enquanto o KN-14, de 10 mil km. ICBM Os mísseis balísticos intercontinentais são vistos com preocupação porque permitem a um país manejar um significativo poder de fogo contra um oponente do outro lado do planeta. O único motivo para gastar dinheiro, tempo e esforço em construí-los é para poder usar armas nucleares. Durante a Guerra Fria, Rússia e Estados Unidos buscaram formas diferentes para proteger e lançar tais mísseis, que foram escondidos em silos, caminhões pesados e submarinos. Todos os ICBMs seguem um modelo parecido. Os mísseis são alimentados por combustível sólido ou líquido, e saem da atmosfera rumo ao espaço. A carga do projétil - normalmente uma bomba termonuclear - então entra novamente na atmosfera e explode ora acima ou diretamente sobre o seu alvo. Alguns ICBMs consistem em "Mísseis de Reentrada Múltipla Independentemente Direcionados" (MIRV, na sigla em inglês). Os MIRVs são projéteis lançados em terra ou mar (de um submarino) o qual, após ativar sua pós-combustão e deixar a atmosfera, fragmentam-se em diversas partes com orientação independente, atingindo múltiplos alvos e causando maior impacto pela alta velocidade atingida, confundindo os sistemas de defesa. Durante a Guerra Fria, o alcance e o potencial de destruição dos ICBMs foram considerados chave para o conceito de "Destruição mútua assegurada" (MAD, na sigla em inglês), doutrina de estratégia militar pela qual o uso maciço de armas nucleares por um dos lados acabaria por resultar na destruição de ambos - agressor e defensor. Arsenal O programa de mísseis da Coreia do Norte começou com os Scuds (míssil balístico móvel, de origem soviética, com curto alcance), importados do Egito em 1976. Mas, menos de dez anos depois, em 1984, o país já estava construindo sua própria versão do projétil, chamada de Hwasong. Tais mísseis têm um alcance estimado de cerca de 1 mil km, e carregam ogivas convencionais, químicas ou possivelmente biológicas. Em uma análise publicada em abril de 2016, o Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, think tank global especializado em conflitos militares e políticos, avaliou que esses projéteis podem "atingir todo o território da Coreia do Sul e grande parte do Japão". As relações entre as duas Coreias são tensas e se mantêm, tecnicamente, em constante alerta de guerra. Os Hwasong-5 e Hwasong-6, também conhecidos como Scud-B e Scud-C, contam com alcances de 300 km e 500 km respectivamente, segundo o Centro de Estudos de Não Proliferação de Armas dos Estados Unidos. Ambos os mísseis já foram testados e utilizados - inclusive, o Hwasong-6 já foi vendido ao Irã. Já os Nodong têm médio alcance. Desenhados com base no Scud, mas 50% maiores e com motores mais poderosos, podem atingir alvos a até mil quilômetros de distância. Míssil Musudan poderia alcançar base americana de Guam, na Micronésia No entanto, uma variante desse projétil desenvolvida em outubro do ano passado poderia alcançar 1,6 mil quilômetros. Nesse caso, representaria um risco real para as bases americanas na ilha de Okinawa, no sul do Japão. Os Musudan, por sua vez, são mísseis de alcance intermediário, testados várias vezes. Mas as estimativas sobre seu alcance variam. A inteligência de Israel afirma que eles atingem alvos a até 2,5 mil quilômetros de distância, enquanto a Agência de Defesa de Mísseis dos Estados Unidos calcula que cheguem a 3,2 mil quilômetros. Outras fontes dizem que podem alcançar 4 mil quilômetros. De qualquer modo, os Musudans - também conhecidos como Nodong-B - poderiam ameaçar a Coreia do Sul e o Japão. E, caso a última estimativa seja verdadeira, chegariam, inclusive, à base americana de Guam, na Micronésia. Além disso, a Coreia do Norte afirma ter testado um "míssil balístico de médio a grande alcance", o Pukguksong, em agosto de 2016, lançado a partir de um submarino. Em fevereiro deste ano, país voltou a realizar testes desses mísseis, desta vez partindo da terra. O governo norte-coreano diz que usa combustível sólido, o que faz o lançamento desses mísseis ser mais rápido. O alcance deles, porém, ainda é desconhecido. A Coreia do Norte também possui em seu arsenal os chamados mísseis multietapa (mísseis lançados em duas ou mais partes - ou "etapas"- e cada uma delas têm seus próprios motores e propulsores). O Taepodong-1, conhecido como Paektusan-1 no país, foi o primeiro míssil multietapa do país, testado em 1998 como lançador espacial. A Federação Americana de Ciências (FAS, na sigla em inglês), um centro de estudos independente, acredita que o Tapodong-1 estava composto em sua primeira etapa por um míssil Nodong e na segunda por um Hwasong-6. Depois desse, veio o Paektusan-2, que também é um míssil de duas ou três etapas, mas com avanços significativos. Tais projéteis foram testados várias vezes na última década. Míssil multi-etapa, Taepodong, tem um alcance intermediário Seu alcance é calculado entre 5 mil e 15 mil quilômetros. A Coreia do Norte se refere ao lançador do Taepodong-2 como "Unha", que significa galáxia, em coreano. Ele foi utilizado com sucesso em fevereiro de 2016 para lançar um satélite. Apesar desse tipo de lançamento ter uma trajetória distinta - e seus foguetes serem otimizados para um propósito diferente -, a tecnologia básica utilizada é a mesma. Isso inclui a estrutura, os motores e o combustível. Se tiver seu lançamento bem-sucedido, o Taepodong-2 chegará ao alcance máximo estimado, o que significa que poderia ir até a Austrália e partes dos Estados Unidos - além de outros países dentro desse perímetro. Atualmente, acredita-se que a Coreia do Norte tenha um arsenal de mil mísseis, com capacidades distintas.
Um grupo de defesa dos direitos humanos acusa o Exército de Israel de usar dois adolescentes e um jovem palestino como escudos humanos durante uma recente operação na Cisjordânia.
O grupo israelense B'Tselem afirma que obteve os depoimentos de um adolescente palestino de 15 anos, seu primo de 24 anos e uma menina de 11 anos. Os três afirmaram que os soldados os obrigaram a entrar em casas à frente dos soldados durante a operação em Nablus. O uso de escudos humanos é proibido segundo a lei israelense e as leis internacionais. A Força de Defesa de Israel afirma que está investigando as alegações. Buscas O Exército israelense ocupou a Kasbah, ou Cidade Velha, em Nablus durante cinco dias no final de fevereiro alegando que estava procurando militantes palestinos e suas armas. Soldados conduziram buscas casa a casa. Foi imposto o toque de recolher por dias a dezenas de milhares de civis palestinos. Amid Omeira, 15 anos, disse ao B'Tselem que um grupo de soldados usou os canos de seus rifles para forçar a entrada do adolescente em várias casas, à frente dos soldados. Seu primo de 24 anos, Samah, contou ao B'Tselem e à BBC uma experiência semelhante, assim como a adolescente Jihan Dadush, de 11 anos. A partir dos testemunhos dos três, o B'Tselem disse que acredita que os soldados israelenses expuseram deliberadamente Samah e os dois adolescentes ao perigo, pois esperavam encontrar homens armados nas casas. O B'Tselem acusou as autoridades militares de Israel de não informarem adequadamente os soldados a respeito das leis israelenses e internacionais que proíbem o uso de civis como escudos humanos. O grupo B'Tselem afirma que o atraso nas investigações de supostos incidentes parecidos que ocorreram no passado sugerem condescendência na atitude do Exército em relação a soldados que usam civis desta forma.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta quinta-feira que os EUA ''não irão torturar'' em seu combate a atividades terroristas e na perseguição aos perpetradores de tais atos.
Obama afirmou que “uma nova era na liderança americana está começando”, pouco após ter assinado um decreto que determina o fechamento dentro de um ano da prisão da base militar americana na Baía de Guantánamo, em Cuba. Nesta quarta-feira, o presidente também assinou medidas que determinam a revisão de tribunais militares de suspeitos de terrorismo e vetam o uso de métodos extremos de interrogatório de prisioneiros. Os comentários do líder americano foram feitos na sede do Departamento de Estado, durante o primeiro dia de trabalho da nova titular da pasta, a ex-senadora Hillary Clinton. Obama fez seu pronunciamento pouco após o anúncio de que os Estados Unidos contarão com um enviado especial ao Oriente Médio, o ex-líder da maioria no Senado americano, George Mitchell, e um enviado especial ao Afeganistão e Paquistão, o ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU, Richard Holbrooke. Os dois nomes têm um histórico de êxito em negociações em áreas de conflito. Mitchell foi o negociador americano na Irlanda do Norte e Holbrooke cumpriu papel idêntico na Bósnia. Enviados Mitchell irá ao Oriente Médio para tentar garantir a implementação de um cessar-fogo duradouro na Faixa de Gaza, território palestino que foi devastado por 22 dias de ofensiva militar israelense contra o movimento Hamas, que controla a região. Apesar de mais conhecido por sua participação na resolução do conflito irlandês, o ex-senador também foi indicado pelo ex-presidente Bill Clinton para negociar acordos de paz entre israelenses e palestinos. Ele é autor de um relatório, datado de 2001, no qual pedia o fim da construção de assentamentos israelenses em territórios palestinos e a repressão por parte dos palestinos de atos terroristas. Richard Holbrooke é reconhecido por seu envolvimento com os acordos de paz de Dayton, que puseram fim à guerra na Bósnia. Ele era um dos favoritos para o posto de secretário de Estado na gestão de Bill Clinton, mas acabou perdendo o cargo para Madeleine Albright. Faixa de Gaza Durante o anúncio, Obama deu as primeiras declarações sobre o conflito entre israelenses e palestinos na Faixa de Gaza desde que tomou posse, na última terça-feira. O presidente dos Estados Unidos afirmou que o enviado especial para o Oriente Médio, George Mitchell, irá “assim que possível” para a região para tentar alcançar um cessar-fogo “duradouro e sustentável” no conflito. “Será uma política de meu governo procurar ativamente e agressivamente a paz entre israelenses e palestinos, assim como de Israel com seus vizinhos árabes”, disse. Obama afirmou que, para que um cessar-fogo seja atingido, o grupo palestino Hamas deve interromper o lançamento de foguetes contra Israel e o país deve completar a retirada de suas tropas da região. “Os Estados Unidos e seus aliados apoiarão medidas para o fim do contrabando na região, para que o Hamas não possa se rearmar”, disse. Obama, no entanto, também pediu que Israel abra as fronteiras de Gaza, “para permitir a entrada de ajuda e o comércio, com um regime apropriado de monitoramento internacional e com a participação da Autoridade Palestina”. “Assim como o terror do lançamento de foguetes contra israelenses inocentes é intolerável, também é intolerável um futuro sem esperança para os palestinos”. O presidente dos EUA também se disse “profundamente” preocupado com as mortes de palestinos e israelenses na última ofensiva na Faixa de Gaza e com a crise humana na região. “Nossos corações estão com os civis palestinos, que estão necessitando urgentemente de comida, água limpa e auxílio médico básico”. Reiterando o apoio americano “ao direito de defesa de Israel”, o presidente sinalizou que a solução dos conflitos passa pela construção de um Estado palestino. “Uma paz duradoura necessita de mais que um cessar-fogo longo. É por isso que eu sustento um compromisso ativo para a busca de dois Estados vivendo em paz e segurança lado a lado”, disse.
Imagens feitas por satélite divulgadas pela ONU e divulgadas em conferência no Japão nesta quarta-feira sugerem que uma porção de 40% da área de pântanos do Iraque drenada durante o regime do presidente deposto Saddam Hussein apresenta recuperação.
O Japão doou US$ 11 mihões para um projeto da ONU para ajudar a recuperação da área, cujo progresso foi descrito como "fenomenal" pelo Programa Ambiental da organização. A ONU disse, contudo, que deverá levar muitos anos para restaurar a área toda a sua condição original. A área, que tinha quase 9 mil quilômetros quadrados e era conhecida como Pântano da Mesopotâmia, fica perto da confluência dos rios Tigre e Eufrates, e foi alvo de programas de drenagem pela primeira vez na década de 50. Mas ela ficou mais ameaçada em 1991, quando Saddam Hussein começou a construir uma extensa rede de diques e canais para retirar a água, punindo a população local por “atos de rebelião”. Imagens de satélite mostraram que em 2002 a região alagada estava reduzida a apenas 760 quilômetros quadrados, e cerca de 70 mil de seus moradores foram forçados a ir para acampamentos de refugiados no Irã. "A destruição quase total do pântano iraquiano no regime de Saddam Hussein foi uma grande catástrofe ecológica e humana, roubando dos árabes do pântano uma cultura e um estilo de vida de séculos, assim como seu alimento na forma de peixes e, de maneira mais crucial, de recursos naturais como água potável", de acordo com declaração do diretor-executivo do Programa Ambiental da ONU, Klaus Toepfer. Chizuru Aoki, coordenador do projeto no Iraque, disse que os moradores da área começaram a romper diques assim que o regime de Saddam acabou, em abril de 2003. Segundo Aoki, a incidência de neve e chuvas naquele ano também contribuiu para uma recuperação rápida. Mas um alto representante do Ministério de Recursos Hídricos do Iraque, Hassan Janabi, disse que não está claro se a restauração dos pântanos pode ser mantida sem a cooperação dos países cujos rios correm para o território iraquiano. Represas na Turquia, Síria e Irã também reduzem o volume de água que corre para os rios Tigre e Eufrates.
O novo ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Saul Ávalos, disse que à BBC Brasil que "não há volta no caminho revolucionário" introduzido pelo presidente Evo Morales no país.
Para Ávalos, que assumiu o cargo na semana passada, a crise entre o governo e a oposição não vai deter a nacionalização no setor energético. "Nada vai deter este processo de mudanças", disse ele. "A oposição deve saber que não vai nos intimidar. Vamos continuar esse processo de mudanças", disse o novo ministro por telefone, de La Paz. Segundo ele, a Bolívia vive uma "revolução", dentro da democracia e não há volta neste caminho "revolucionário". Ávalos, que chegou ao cargo graças à reforma ministerial realizada por Morales na semana passada, criticou a postura com tons racistas da oposição. "Não tenho intenção de ser mártir, nada disso, sempre fui de esquerda e há três anos apoio o governo do companheiro Evo Morales. Mas acho que a oposição pensa assim: como pode ser esse 'branquelo', com certa estabilidade econômica, apoiando um índio". Nascido e criado em Santa Cruz de la Sierra, capital do Departamento (Estado) de Santa Cruz, Ávalos assumiu o cargo um dia antes de ocorrer a explosão num gasoduto que abastece o mercado brasileiro. Para o governo, o incidente foi provocado pela oposição que, por sua vez, responsabiliza o governo pela explosão. O fornecimento de gás para o Brasil já foi normalizado. Atentado Na segunda-feira, a casa do ministro foi alvo de um atentado. Segundo ele, jogaram uma dinamite na varanda da residência, em Santa Cruz de la Sierra, reduto da oposição. "Não foi a primeira vez. Agora, a dinamite quebrou vidros e poderia ter machucado alguém. No ano passado, quando eu era (deputado) constituinte do partido do governo, já tinham jogado uma bomba caseira na minha casa", contou Ávalos à BBC Brasil. O ministro e a família não estavam no lugar na hora do atentado, cujos estragos foram mostrados nas TVs bolivianas. Ávalos disse que ainda recebe ameaças no seu celular, no telefone de casa e por e-mail. O novo ministro ficou conhecido politicamente quando era constituinte, durante as discussões da nova carta magna – um dos principais pontos de diferença entre governo e oposição. "Acho que vamos nos enfrentar mais vezes (governo e oposição), mas com idéias. Nos últimos dias, a oposição usou a força, ocupando prédios públicos do governo central, bloqueando estradas, fechando válvulas (de gasodutos)", disse. "Aqui na Bolívia, a oposição pensa assim: os bloqueios feitos pelo MAS (Movimento ao Socialismo, partido oficial) devem ser liberados à força. Já os bloqueios de estradas feito por eles, são normais", afirmou à BBC Brasil. Nacionalização Durante mais de dez dias, as estradas da Bolívia estiveram bloqueadas em 35 pontos. No último domingo, a oposição anunciou que liberava o trânsito, mas seguidores de Morales afirmam que só vão desbloquear as estradas quando a oposição desocupar os prédios públicos do governo central, nos Estados. "Como pode ser a oposição ocupando prédios? Está errado", disse Ávalos à BBC Brasil. O novo ministro é defensor "ferrenho" do processo de nacionalização do setor de petróleo e gás lançado por Morales em 1º de maio de 2006. "A nacionalização é um dos principais méritos desse governo. Sou defensor ferrenho desta medida", disse. "Graças à nacionalização, contamos com mais recursos para distribuir entre os bolivianos. Quando este setor (de petróleo e gás) estava com as empresas transnacionais, a oposição não reclamava. Mas agora fizeram esse boicote de fechar válvulas para afetar o abastecimento (interno e externo)". Para ele, a demanda da oposição contra cortes no repasse de verbas do setor petroleiro para as regiões, "não faz sentido". Segundo o ministro, os Departamentos recebem mais recursos depois da nacionalização. O repasse de verbas será um dos assuntos na mesa de negociações entre governo e oposição, em La Paz. A expectativa é de que o diálogo entre o governo e a oposição possa ter início assim que o presidente Evo Morales voltar da reunião da Unasul, em Santiago do Chile, o que pode acontecer já nesta terça-feira.
Mais de um milhão de pessoas no sudeste dos Estados Unidos foram aconselhadas a deixar as suas casas por conta do furacão Dennis, que pode passar pelo Golfo do México neste domingo.
Segundo meteorologistas, Dennis estaria ganhando força. A previsão é que o fenômeno provoque ventos de até 200 km/h. Espera-se que o furacão atinga a terra entre os estados da Flórida e da Louisiana ainda neste domingo. Plataformas e refinarias de petróleo localizadas na costa já foram esvaziadas. As comunidades ao longo da costa do Golfo México mal se recuperaram da devastação causada por outro furacão, o Ivan, há 10 meses. Antes de seguir rumo aos Estados Unidos, Dennis provocou a morte de dez pessoas em Cuba quando passou pela ilha na sexta-feira. Entre as vítimas estava um bebê de um ano e meio. Com ventos de quase 240 quilômetros por hora, o furacão está em segundo lugar na escala de classificação de violência para esse tipo de tempestade. O presidente de Cuba, Fidel Castro, disse em um programa de televisão que oito dos mortos estavam na província de Granma, no leste do país e outros dois em Santiago. "O furacão chegou com toda a sua força diabólica", disse o líder de Cuba. Na sexta-feira, as autoridades cubanas retiraram um milhão e meio de pessoas de áreas onde havia mais risco. Entre elas havia milhares de turistas que se encontravam nas províncias de Santiago, Cayo Largo del Sur e na Ilha da Juventude. Nos Estados Unidos, o governador da Flórida, Jeb Bush, declarou estado de emergência por causa da iminente chegada do furacão na área. O arquipélago de Flórida Keys ordenou a retirada de turistas antes da chegada de Dennis. Mais forte desde 1851 O furacão ganhou força depois de passar por Jamaica e Haiti, onde pelo menos uma pessoa morreu e quatro outras estão desaparecidas. Dennis é o primeiro furacão neste ano e o mais forte a se formar no Atlântico no começo da estação de furacões desde o início do recolhimento de dados, em 1851, disse o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos. Até quarta-feira, a tempestade era considerada de categoria 1 na escala escala Saffir-Simpson, que vai até 5. Na quinta-feira, foi elevado para a categoria 3 e agora passou para a categoria 4.
Uma ex-agente da CIA cuja identidade foi vazada para a imprensa entrou com um processo contra o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney.
Valerie Plame está processando Cheney, seu ex-assistente Lewis Libby e o conselheiro da presidência Karl Rove, afirmando que todos tentaram destruir sua carreira. O nome de Plame apareceu na imprensa em 2003 depois que seu marido criticou o governo do presidente George W. Bush pela ação no Iraque. Um porta-voz de Karl Rove, Mark Corallo, disse que as alegações são "absolutamente sem mérito". Uma porta-voz do vice-presidente, Lea Anne McBride, disse que Cheney não faria comentários, pois o assunto está "perante a Justiça". Libby foi acusado de falso testemunho e obstrução da justiça com envolvimento no vazamento da informação. Ele nega as acusações e renunciou ao cargo. Foi revelado em junho que Rove não poderia ser acusado pelo vazamento da informação. 'Punição' O nome de Plame apareceu em um artigo escrito pelo colunista Robert Novak uma semana depois que o marido de Plame, o ex-embaixador americano Joseph Wilson, ter dito no jornal The New York Times que o governo distorceu informações secretas para iniciar a guerra no Iraque. A CIA enviou Wilson ao Níger em 2002 para descobrir se o então presidente iraquiano Saddam Hussein estava tentando comprar urânio do país africano. Wilson relatou que a alegação não era verdadeira, mas ainda apareceu em um discurso de Bush feito em 2003. Plame e Wilson, que também entrou com um processo, acusam as três autoridades junto com outras dez pessoas de colocarem suas vidas e as vidas de seus filhos em perigo. O casal afirma que autoridades violaram sua privacidade e direitos constitucionais como uma "punição" pelos comentários de Wilson. O processo pede uma compensação ainda não divulgada. “Sem mesmo ter a chance de avaliar o processo, está claro que as alegações são absolutamente sem mérito", disse o porta-voz de Karl Rove, Mark Corallo. O jornalista Robert Novak não revelou o nome da fonte que contou a ele sobre a identidade de Plame. Na quarta-feira Novak disse que Rove confirmou que Plame era contratada da CIA quando foi perguntado.
Nas últimas décadas o mundo viu cidades e regiões metropolitanas ficarem tão grandes a ponto de ultrapassarem alguns países quando se comparam suas populações ou mesmo sua riqueza.
Segundo estudo, a cidade de Lagos, na Nigéria, será a mais populosa do mundo em 2100 Apocalípticas ou distópicas, submersas pelo mar ou cheias de carros voadores… não importa como você imagina os centros urbanos no futuro, mas o certo é que a velocidade com que a população cresce em alguns deles vai mudar a geografia do planeta. Um estudo recente aponta que as regiões metropolitanas que hoje são as mais populosas do mundo não devem permanecer no topo do ranking no ano de 2100. A projeção foi feita pelos pesquisadores Daniel Hoornweg, da Universidade de Ontário, no Canadá, e por Kevin Pope, da Universidade Memorial da Newfoundland, no mesmo país. Tóquio, por exemplo, atualmente é o centro metropolitano mais populoso do mundo, com 36 milhões de habitantes. O estudo aponta que ela cairá para a 28º colocação nessa lista, com 26 milhões de pessoas em 2100. A região metropolitana de Tóquio é hoje a mais populosa do mundo, com 36 milhões de pessoas Já a Cidade do México, atualmente na segunda posição, com pouco mais com 20 milhões, deve ver sua população crescer em dois milhões até 2100, mas cairá para a posição 34, de acordo com as projeções feitas pelos demógrafos canadenses. Fim do Talvez também te interesse São Paulo, considerada a quinta maior região metropolitana pelos pesquisadores, com 19,5 milhões, despencaria para a 44ª posição, com uma população ligeiramente menor, de 19,1 milhões. Assim, os primeiros lugares serão assumidos por cidades de países africanos - Lagos, na Nigéria, Kinshasa, na República Democrática do Congo, e Dar es Salaam, na Tanzânia -, rearranjo que deve provocar uma série de mudanças demográficas, migratórias, socioeconômicas, políticas e ambientais. Mumbai e Nova Déli, ambas na Índia, são as únicas que permanecem entre as sete maiores. A primeira, que hoje conta com 18,8 milhões de habitantes, passaria do terceiro para o quarto lugar, enquanto Nova Déli, que soma 17 milhões de pessoas, ganharia duas posições. "O poderes econômico e político seguem transitando pelas grandes cidades", diz Daniel Hoornweg à BBC News Mundo, serviço da BBC em espanhol. "Essas megacidades fazem uma diferença gigantesca e desproporcional para as economias locais e global. Também influenciam a concentração de riqueza e a poluição." Os pesquisadores utilizaram como base de cálculo os dados populacionais do Banco Mundial, de 2006. Os números divergem dos dados da ONU, que utiliza metodologia distinta em relação ao ano base para o cálculos - as Nações Unidas também têm uma definição diferente para os limites geográficos das cidades. Considerando estes diferentes critérios, a ONU publicou em relatório que também aponta Tóquio como a cidade mais populosa do mundo, com 37 milhões de habitantes, seguida por Déli (29 milhões), e Xangai (26 milhões). Nesse levantamento, as regiões metropolitanas da Cidade do México e de São Paulo vêm logo atrás, com 22 milhões de pessoas cada uma. Mudança de tendência Segundo projeções, a partir de 2030, as cidades chinesas devem diminuir sua população, enquanto as africanas vão crescer mais rapidamente Historicamente, as maiores cidades do mundo têm desempenhado um papel-chave na economia, representando consideráveis parcelas de tudo que é consumido e produzido nos países. No entanto, o futuro parece incerto. "Existe um temor de que as grandes cidades africanas possam ser uma exceção. Elas crescem em população, mas, em proporção, isso não acontece na economia", diz Hoornweg. Se o crescimento não for equilibrado, pode haver riscos para a qualidade de vida dos habitantes. Acredita-se que, à medida que este século avance, pode ocorrer "uma mudança do poder político para a Ásia - primeiro para o leste e, em seguida, para o sul - e depois para a África". O estudo estima que, até o ano de 2050, nenhuma cidade da China estará entre as dez mais populosas, e que São Paulo e Cidade do México também devem deixar a lista. Mas por que o ranking muda? "Todos os países atingem um teto de crescimento populacional, que é uma relação entre taxa de nascimento, mortalidade e migração", diz Hoornweg. "Nesse momento, Rússia e Japão estão acima desse teto, e isso traz consequências. A China, por outro lado, começará a declinar rapidamente em termos demográficos a partir de 2030. A América Latina passará por fenômeno parecido, mas mais lentamente", afirma. Muitas cidades não estão preparadas em termos de infraestrutura para o futuro crescimento populacional O desafio das cidades sustentáveis Os pesquisadores advertem que as regiões metropolitanas com mais 50 milhões de pessoas serão um desafio monumental para os governos, pois serviços básicos como saneamento, educação e saúde pública precisarão ser ampliados exponencialmente. Projetos de infraestrutura, como estradas e sistemas de trem e metrô, também podem levar décadas para serem finalizados - normalmente, eles crescem em ritmo mais lento que as taxas populacionais. O crescimento urbano também pode influenciar mudanças climáticas. Das 101 megacidades analisadas, 47 ficam em zonas costeiras, incluindo Lagos, Dar es Salaam e Mumbai, tida como as maiores do futuro. Estudos apontam que o nível do mar pode subir e cobrir parte do território desses centros urbanos. Já que muitas cidades do sul da Ásia e da África vão assumir as primeiras posições da lista, as megalópoles que hoje estão no topo vão perder esse "status". Contudo, as projeções populacionais podem variar conforme taxas de urbanização, mudanças socioeconômicas, disponibilidade de recursos, sustentabilidade, conflitos e guerras, além de possíveis desastres naturais e climáticos.
Uma série de protestos pela solução do conflito em Darfur, no oeste do Sudão, acontece neste domingo em 30 países da Europa, Ásia, África e Oceania.
Em Londres, representantes muçulmanos, cristãos e judaicos organizaram passeatas em frente às embaixadas do Sudão e da China, cujo governo é criticado por ter vendido armas ao governo sudanês. Outros países da Europa, além dos Estados Unidos e da Austrália organizaram manifestações. Na África, nove países promovem shows, orações e passeatas, entre elas, uma em Ruanda, contra o genocídio. Na Ásia, foi realizada uma vigília à luz de velas em Phnom Penh, no Camboja, para chamar a atenção e alertar para o horror das mortes em massa que o país enfrentou. O governo do Sudão minimizou a importância do dia internacional de mobilização global, afirmando que os envolvidos foram induzidos ao erro pela imprensa internacional. 'Inaceitável' No sábado, o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, voltou a rejeitar a recomendação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que autoriza o deslocamento de uma missão de paz internacional para Darfur. No mesmo dia, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, escreveu a outros líderes da União Européia, classificando a situação em Darfur de "inaceitável" e pedindo uma posição comum do bloco sobre o assunto. Já um representante da organização não-governamental Anistia Internacional alertou para o risco de um agravamento da situação com saída das tropas da União Africana, cujo mandato expira no fim de setembro. "A situação já é grave em Darfur, e só vai piorar com a saída dos soldados, a não ser que o governo autorize a entrada dos soldados da ONU", disse Steve Ballinger. A estimativa da ONU é de que 200 mil pessoas foram mortas nos três anos de conflito em Darfur. Quase 2 milhões teriam perdido as suas casas.
O papa Bento 16 se encontrou com vítimas de abusos sexuais perpetrados por padres nos Estados Unidos, em um exemplo sem precedentes na história do Vaticano.
Por cerca de 25 minutos, o pontífice se encontrou com um grupo de seis vítimas na Embaixada vaticana em Washington. Um porta-voz da Santa Sé disse que Bento 16 rezou com as vítimas e pelas vítimas, algumas das quais estavam em lágrimas. Ele escutou as histórias contadas pelo grupo e ofereceu palavras de incentivo e esperança, afirmou o porta-voz. O encontro, não agendado, foi realizado na quinta-feira a pedido das vítimas, durante a viagem que Bento 16 faz pelos Estados Unidos. Da capital americana, o papa vai para Nova York, onde suas palavras são esperadas na sede da Organização das Nações Unidas (ONU). Após o encontro, a diretora de uma organização de vítimas de abuso, Bárbara Dorris, qualificou a reunião de "um gesto maravilhoso", mas insuficiente. "Esperamos que a reunião tenha ajudado as vítimas a se restabelecer, e que isto as ajude em seu caminho para encontrar paz", avaliou Dorris. "Mas nossa preocupação é que, apesar deste gesto maravilhoso, e dos pedidos de desculpa, e de saber que o Santo Padre está sofrendo, nosso temor é que ele ainda não esteja tomando medidas decisivas." Reconhecimento Mais cedo na quinta-feira, Bento 16 lamentou o comportamento de padres americanos que cometeram abusos de menores seminaristas, em uma missa para quase 50 mil pessoas em Washington. "Reconheço a dor que a Igreja nos Estados Unidos viveu como resultado do abuso sexual de menores. Nenhuma palavra minha pode descrever a dor e o mal infligidos por tais abusos", disse o papa. O repórter da BBC David Willey, que acompanha a viagem do papa, diz que o pontífice "foi até onde pôde, até agora, para responder aos pedidos de reconhecimento da gravidade do que ocorre dentro da Igreja Católica dos Estados Unidos". O repórter da BBC lembrou que, em 2002, o ex-arcebispo de Boston, cardeal Bernard Law, foi obrigado a se demitir acusado de acobertar escândalos sexuais em sua diocese. Hoje, ele vive em Roma e é responsável pela importante basílica de Santa Maria Maior.
Uma colher de chá de óleo, medida com exatidão. É assim que o professor Tim Benton se lembra de sua mãe preparando a fritura dos alimentos.
O comércio globalizado barateou os óleos que se tornaram um produto abundante, usado sem restrições em diferentes pratos e produtos industrializados. Durante a sua infância, nos anos 1960, o óleo de cozinha ainda era um produto precioso, utilizado com parcimônia. Hoje em dia, no entanto, ele é tão abundante e barato que o usamos sem restrições em tudo: desde o tempero da salada às frituras. Isso não se limita à culinária: o óleo é também um ingrediente comum da maior parte dos produtos que compramos no supermercado. Na verdade, o óleo vegetal, especialmente o de soja e o de palma (ou dendê), está entre os oito ingredientes - os outros sendo trigo, arroz, milho, açúcar, cevada e batata - que fornecem 85% das calorias consumidas mundialmente. A cada dia que passa, não importa o país em que vivemos, todos temos uma dieta parecida - rica em calorias e pobre em nutrientes. Calorias muito baratas É um processo que o professor Benton, pesquisador da Universidade de Leeds especializado em segurança alimentar e sustentabilidade, relaciona diretamente ao comércio global. A produção de óleos vegetais e as culturas oleaginosas cresceram consideravelmente nas últimas três décadas. Esse crescimento foi incentivado por uma combinação de acordos comerciais, que tornaram mais barato e fácil exportar e importar óleo, e políticas governamentais. Por exemplo, os subsídios em países como Malásia e Indonésia, destinados a aumentar a produção para exportação, ajudaram a baixar o preço do óleo vegetal. As pesquisas mostram que a obesidade mais do que dobrou em todo o mundo desde 1980. "Competir em um mercado global exige uma escala de produção altamente eficiente e barata. Agora nós temos um sistema alimentar construído sobre calorias incrivelmente baratas", diz o professor Benton. Em muitos casos, esse comércio de alimentos ajudou a reduzir a fome ao dar "aos mais pobres acesso a calorias baratas", destaca. Mas ele afirma que isso significa que mais pessoas estão consumindo produtos importados menos saudáveis do que os disponíveis a nível local - e isso também teria ajudado a nos tornar mais gordos. Estamos mais gordos Mais de 50 por cento da população mundial não têm um "peso saudável", de acordo com uma recente pesquisa coordenada pelo professor Benton. E a obesidade em todo o mundo mais do que dobrou desde 1980. "Os mais pobres ainda lutam para consumir as calorias necessárias e estão abaixo do peso. Nos países ricos, porém, a pobreza geralmente não impede que as pessoas deixem de ingerir calorias, mas faz com que parem de ter uma dieta rica em nutrientes", diz a pesquisa. A professora Corinna Hawkes, diretora do Centro de Política Alimentar da Universidade de Londres, diz que o grande aumento das fontes de calorias desde o início da era da globalização vem do cultivo de oleaginosas. "Houve um súbito e forte aumento da oferta de óleos de soja e palma e, a meu ver, isso está diretamente relacionado com as políticas que tornaram a sua comercialização mais fácil", explica. Os pesquisadores buscam resposta para a 'questão da quinoa' : teria a globalização beneficiado de maneira desproporcional populações que já tinham um cardápio privilegiado? As oleaginosas estão atualmente entre as sementes mais vendidas e a maior parte dos alimentos processados contém óleos de soja ou de palma, porque isso ajuda a aumentar o seu prazo de validade nas prateleiras dos supermercados, acrescenta a professora. "Como se tornou muito mais fácil e barato para a indústria de alimento importá-los, não houve um desestímulo ao uso desses óleos", continua. Uma pequena quantidade de gordura é parte essencial de uma dieta saudável e balanceada. Mas gorduras são ricas em calorias, por isso consumi-las em grande quantidade pode aumentar o risco de sobrepeso ou obesidade. Gorduras saturadas ou trans também são associadas a doenças cardíacas. A professora Hawkes diz que o baixo custo e a grande oferta de óleo levaram a mudanças de hábitos culinários de alguns países. Na China, por exemplo, a comida é preparada em grandes quantidades de óleo, assim como no Brasil. Mas além do aumento do comércio de oleaginosas, acrescenta a professora, é importante notar que a venda de frutas e vegetais também aumentou e isso significa que muitas pessoas viram a sua dieta melhorar. Desequilíbrio A professora Hawkes chama atenção para um outro fator, que ela chama de "a questão da quinoa". A crescente procura por este "superalimento", cultivado há milênios nos Andes - os incas o chamavam de "grão dos deuses", pois era a sua principal fonte de proteína -, tem feito seu preço disparar e tirado ele das prateleiras de países onde a quinoa se originou, como Peru, Bolívia, Equador e Colômbia. A questão que surge está no centro da controvérsia que envolve a globalização: o aumento do consumo de quinoa beneficiou de maneira desproporcional populações que já tinham um cardápio privilegiado. Ou seja, enquanto quem tem acesso a informações sobre nutrição e saúde estaria se tornando mais saudável graças ao comércio globalizado, pessoas que não possuem esse conhecimento estariam vendo a qualidade da sua dieta piorar. Atualmente podemos trabalhar, comprar e nos relacionar sem sair de casa e praticamente sem termos que nos movimentar. Isso engorda, alertam os pesquisadores. 'Globalização social' No entanto, isso é desmentido por um recente estudo da London School of Economics (LSE), que analisou 26 países entre 1989 e 2005, período de grande expansão da globalização. A pesquisa concluiu que a chamada "globalização social" - as mudanças na maneira como trabalhamos e vivemos - é o que está nos tornando gordos, e não a maior oferta de alimentos baratos e mais calóricos. A culpa pela obesidade deve ser atribuída ao fato de que agora estamos cada vez mais sujeitos a trabalhar, a comprar e a socializar sem precisar se movimentar, diz a autora do estudo, Dr. Joan Costa-Font. Ela diz que o consumo continua o mesmo dos tempos pré-globalização, em que as necessidades eram outras, quando "as pessoas tinham que andar até os lugares e não havia tantas atividades que nos faziam poupar energia como hoje". "Os indivíduos tinham contatos sociais mais próximos, cozinhavam e gastavam mais tempo com as tarefas domésticas diárias", analisa. Costa-Font diz que as pessoas têm novas necessidades e por isso, por se movimentarem menos, deveriam comer menos - ou se movimentar mais. Ele cita os Estados Unidos como exemplo. Embora os índices de obesidade no país cheguem a quase 35 % da população, este percentual vem se mantendo praticamente o mesmo na última década. "Esta é uma boa notícia. Pode ser que os EUA estejam começando a aprender como comer e adaptar o seu estilo de vida à globalização. A hipótese é de que este aumento da obesidade seja apenas transitório".
A presidente Dilma Rousseff atribuiu, em entrevista ao jornal Le Monde, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "uma nova etapa de governança" no Brasil.
Daniela Fernandes De Paris para a BBC Brasil Presidente fez visita de Estado de dois dias à França, antes de viajar à Rússia "O Ministério Público é independente e a Polícia Federal investiga, prende e pune. E quem começou essa nova etapa de governança foi o ex-presidente Lula", afirmou a presidente ao jornal. "Eu não tolero a corrupção e meu governo também não. Se as suspeitas forem fundamentadas, a pessoa tem de deixar o cargo. É necessário, claro, não confundir essas investigações com a caça às bruxas que ocorre nos regimes totalitários", disse Dilma. "Todos que utilizam recursos públicos devem prestar contas, caso contrário a corrupção se alastra." O vespertino francês, com a data de sexta-feira, publica uma grande foto de Dilma na capa, com o título, entre aspas, "Eu não tolero a corrupção". O Le Monde escreve sobre as recentes denúncias envolvendo Lula, acusado de envolvimento no mensalão pelo condenado como operador do esquema, Marcos Valério, segundo revelações do jornal O Estado de São Paulo, que teve acesso a um depoimento de Valério à Procuradoria Geral da República. De acordo com Valério, Lula teria dado seu aval para empréstimos bancários que ajudaram a financiar o mensalão e teria tido parte de suas despesas pessoais pagas com os recursos utilizados para a compra de votos de parlamentares. Lula disse que as declarações são uma "mentira". 'Instituições virtuosas' Ao Le Monde, Dilma afirmou também que "não são as pessoas que devem ser virtuosas, mas as instituições" e que a sociedade deve ter acesso a todos os dados governamentais. Dilma encerrou ontem uma visita de Estado de dois dias à França. Na terça-feira, a presidente declarara, em uma coletiva conjunta com o líder francês, François Hollande, considerar "lamentável essa tentativa de desgastar a imagem de Lula". A entrevista exclusiva de Dilma ao Le Monde, realizada na quarta-feira, pouco antes de a presidente viajar para a Rússia, aborda também a fraca taxa de crescimento da economia brasileira, a desigualdade social e até a questão dos índios e a usina hidrelétrica de Belo Monte. Dilma afirmou ainda que "não é o momento" de pensar em sua reeleição e que isso seria "colocar a carroça antes dos bois", já que ela ainda tem "dois anos intensos de governo pela frente". A presidente declarou ao jornal que a economia brasileira "está em uma frase de transição", se referindo às recentes reduções nas taxas de juros do país, que provocaram mudanças na rentabilidade dos investimentos financeiros. "O aumento do investimento produtivo ainda não foi substituído pela queda dos investimentos financeiros", explicou Dilma, acrescentando que a valorização do real prejudicou a economia brasileira. Trem e petróleo Dilma também reiterou declarações feitas durante um evento com empresários franceses, na quarta-feira, de que o Brasil vai investir em infraestrutura e elevar sua competitividade para estimular o crescimento econômico. "Se não aumentarmos os níveis de investimentos (em infraestrutura), não atingiremos um crescimento acelerado, capaz de dar continuidade à inclusão social", afirmou. "Nós lançamos nesta quinta-feira o edital para a licitação do Trem de Alta Velocidade. Dois blocos de petróleo em águas profundas serão licitados em 2013 (em março e novembro). Nós abriremos portos e aumentaremos a capacidade dos aeroportos e também vamos construir 15 mil quilômetros de ferrovias." "Agora, queremos superar os obstáculos ao crescimento com a redução dos encargos trabalhistas, a expansão do crédito, mas sem bolhas, e a desvalorização do real", afirmou a presidente ao jornal. Leia mais sobre esse assunto Tópicos relacionados
O subsecretário de Estado americano, John Negroponte, se encontrou neste sábado em Islamabad com o presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, para discutir a crise no país.
Diplomatas disseram que Negroponte pressionou Musharraf pelo fim do estado de emergência. Espera-se que o americano tente também retomar o acordo entre o presidente e a líder oposicionista e ex-primeira-ministra paquistanesa, Benazir Bhutto. Mas, segundo assessores de Musharraf, o presidente voltou a insistir que o estado de emergência só será cancelado quando a situação de segurança melhorar no país. “O presidente Musharraf deixou claro para o enviado americano que o estado de emergência só pode ser relaxado quando a situação relacionada à lei e à ordem melhorar”, disse o assessor à agência AFP. “Ele disse ao enviado que o estado de emergência serve para reforçar o aparato de cumprimento da lei na luta contra a militância e o extremismo”, disse. Eleições Negroponte também se encontrou com o general Ashfaq Kiyani, o sucessor apontado por Musharraf para quando deixar o comando do Exército. Musharraf prometeu deixar o posto militar quando a Suprema Corte ratificar seu próximo mandato como presidente. Na sexta-feira, Musharraf havia dito em entrevista à BBC que as armas nucleares de seu país estão seguras enquanto os militares permanecerem no comando. Segundo o general, caso as eleições tivessem sido levadas adiante sob o que ele classificou de "condições tumultuadas", havia o risco de o arsenal nuclear do Paquistão cair em mãos erradas. No último dia 3, Musharraf decretou estado de emergência no Paquistão, suspendeu a Constituição, demitiu juízes da Suprema Corte e prendeu opositores políticos. O presidente disse, no entanto, que as eleições parlamentares vão transcorrer como programadas, em janeiro. Para a oposição, as eleições não terão credibilidade caso sejam realizadas sob o estado de exceção. Benazir Bhutto Em entrevista a um programa de rádio da BBC, o presidente Musharraf descartou as chances de a líder da oposição e ex-primeira-ministra Benazir Bhutto vencer as eleições e disse que, na verdade, ela teme participar do pleito. O presidente chamou Bhutto de "queridinha do Ocidente", mas disse que "ela não gostaria de concorrer em uma eleição porque seu partido não está em condições de vencer". Nos últimos tempos, Bhutto, que lidera o Partido do Povo Paquistanês (PPP), principal sigla da oposição, vinha negociando um acordo de divisão de poder com Musharraf. Nesta semana, no entanto, a ex-premiê, que foi colocada duas vezes em prisão domiciliar nos últimos dias, afirmou que a possibilidade de um acordo com o general havia sido descartada completamente. Bhutto foi libertada de seu segundo período de prisão domiciliar na madrugada desta sexta-feira e disse que pretende se reunir com outros líderes de oposição para discutir um boicote às eleições parlamentares de janeiro. Na entrevista à BBC, o presidente rebateu as críticas sobre o estado de exceção e disse que eram os juízes e os políticos de oposição - e não ele - que estavam tentando desestabilizar o processo político e democrático no Paquistão. "Eu fiz algo constitucionalmente ilegal? Sim, eu fiz, no dia 3 de novembro. Mas eu havia feito isso antes? Nunca", disse Musharraf. "Quem está tentando desestabilizar o processo político e democrático? Sou eu? Ou são alguns elementos da Suprema Corte (...) e agora alguns elementos do campo político?"
O líder da Líbia, Muamar Khadafi, afirmou nesta quarta-feira que haveria "um banho de sangue" se forças estrangeiras decidissem intervir no país. Khadafi voltou a acusar a rede Al Qaeda pelos protestos e disse que não há oposição a seu regime dentro da Líbia.
Líder da Líbia diz que protestos estão ligados à Al Qaeda "Eles querem que nos tornemos escravos mais uma vez, como fomos escravos dos italianos? Nunca aceitaremos isso. Eles entrarão em uma guerra sangrenta, e milhares e milhares de líbios morrerão se os Estados Unidos entrarem ou a Otan entrar (na Líbia)", afirmou Khadafi. Em proncunciamento feito na capital, Trípoli, que contou com a presença de partidários do governo e de jornalistas estrangeiros, Khadafi afirmou que as manifestações contra seu regime partiram ''de fora da Líbia e de membros da Al Qaeda'' e ''gangues armadas''. O líder líbio acrescentou ainda: ''Não há oposição na Líbia, a oposição vem do exterior''. O coronel Khadafi, que tomou o poder por meio de um golpe militar, em 1969, não exerce um cargo formal. ''Não sou nem presidente e nem primeiro-ministro. Não tenho um cargo ao qual renunciar'', afirmou, acrescentando apenas que tem ''legitimidade revolucionária''. Ele afirmou ainda que estrangeiros não compreendem as especificidades do modelo político líbio, onde "o poder é exercido pelo povo". ''O povo da Líbia é livre para exercer o poder da maneira que julgar adequado. Khadafi não tem poder algum, vocês sabem. Na Líbia, o poder é exercido pelas massas'', afirmou. O líder líbio comentou ainda que estaria disposto a receber inspetores internacionais para avaliar a situação no país. ''Nós pedimos ao mundo e às Nações Unidas que enviem missões de reconhecimento para descobrir onde as pessoas que morreram foram mortas, se foram mortas nas ruas ou em frente a estações de polícia ou em quartéis, se eram policiais e soldados ou apenas civis? Elas descobrirão que alguns deles eram civis que atacaram estações policiais e quartéis. E que policiais e soldados defenderam as suas posições.'' ''Referência'' ''Liderei uma revolução, voltei para minha tenda, sou uma referência, as pesquisas me suplicam para usar minha influência'', afirmou. O pronunciamento do Líder da Líbia foi interrompido por slogans cantados por seus partidários, que exclamavam: ''Deus, Muamar Khadafi, Líbia e nada mais'' ou ''Khadafi é nosso líder, nunca deixaremos que ele se vá''. Ao ouvi-los, o coronel comentou: ''Estes slogans, este tipo de grito são novos. É a primeira vez que os escuto. As massas surgiram com tais slogans. Os jovens. Milhares de pessoas estão cantando tais slogans''. Grande parte do leste da Líbia está sob controlde de forças contrárias ao regime. Os ativistas anti-Khadafi fizeram de Benghazi, a segunda maior cidade do país, a sua capital. Mas forças leais ao coronel estão procurando conter o avanço de rebeldes, após terem perdido uma série de regiões estratégicas, no começo da rebelião. O Alto Comisariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) pediu que sejam enviados centenas de aviões para a região na fronteira entre a Líbia e a Tunísia, onde milhares de estrangeiros, na maioria de origem egípcia, estão refugiados em acampamentos improvisados.
Representantes do Departamento de Defesa dos Estados Unidos em Washington disseram que uma investigação militar está convencida de que soldados americanos usaram uma intensidade de força adequada em um incidente em Ishaqi, ao norte de Bagdá, em março.
Policiais iraquianos alegaram que soldados americanos mataram a tiros onze civis, inclusive mulheres e crianças, em uma batida em uma casa. Um vídeo recebido pela BBC parece sustentar essas alegações, mas a investigação do Pentágono apurou que apenas quatro pessoas morreram quando soldados americanos abriram fogo para revidar um ataque. Novas alegações O Departamento de Defesa dos Estados Unidos recebeu detalhes de novas alegações feitas pela BBC sobre a conduta de soldados americanos no Iraque. As alegações, até agora sem comprovação, foram feitas por um desertor do Exército americano, Chris Mogaoay, que fugiu para o Canadá durante treinamento para ser enviado ao Iraque. Segundo Mogaoay, ele e outros integrantes de seu pelotão receberam recomendação de que, caso atirem em um civil, devem simplesmente jogar uma metralhadora AK-47 perto do corpo e alegar que a vítima era um insurgente. Mogaoay disse que foram informados de que o resto do pelotão confirmaria a estória. Este é um dentre centenas de soldados americanos que fugiram para o Canadá para não servir no Iraque. Não houve resposta do Pentágono. As Forças Armadas americanas estão investigando vários casos de suposta má-conduta no Iraque, inclusive a morte de civis na cidade de Haditha, em novembro passado. O primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, criticou os militares americanos pelo que ele descreveu como ataques rotineiros contra civis. Maliki disse a jornalistas que a violência contra civis é "comum entre muitos nas forças multinacionais". Ele disse que muitos soldados "não têm respeito pelos cidadãos, quebrando carros civis e matando simplesmente por causa de uma suspeita". Maliki disse nesta sexta-feira que vai pedir aos Estados Unidos os arquivos da investigação sobre o incidente em Haditha.
Os líderes dos ruralistas na Argentina anunciaram, na noite desta sexta-feira, através de um comunicado, que vão suspender no domingo o protesto iniciado há quase três meses, com alguns períodos curtos de trégua.
No comunicado, divulgado através da imprensa argentina, mas que não foi lido por nenhum dos ruralistas, informa-se que voltará a ser permitida a passagem dos caminhões com grãos para exportação. Os ruralistas afirmaram ainda que grupos de produtores rurais que quiserem poderão se manter em vigília na calçada das estradas. Os fazendeiros pararam suas atividades em março, logo depois que o governo da presidente Cristina Kirchner anunciou o aumento dos impostos às exportações, principalmente de soja. Nesse período, houve desabastecimento durante os 21 dias nos quais eles bloquearam o trânsito em diferentes pontos do país e ainda a saída do então ministro da Economia, Martin Lousteau. A expectativa agora é que as negociações sejam reabertas na segunda-feira, na tentativa de se colocar fim a um impasse que não foi superado nas três diferentes reuniões que governo e ruralistas tiveram recentemente. Preocupação Apesar do anúncio dos ruralistas, ainda há preocupação com o desabastecimento no país, já que os caminhoneiros, que bloqueiam estradas desde a última quarta-feira, não tinham anunciado, na noite de sexta-feira, quando suspenderiam o protesto. A manifestação que realizam, segundo seus líderes, é a favor do entendimento entre governo e ruralistas para que eles possam voltar a trabalhar. "Estamos há quase três meses parados. Caminhoneiro parado é viver sem salário", disse um deles diante das câmeras de televisão. Nesta sexta-feira, foram registrados vários incidentes entre os ruralistas e os caminhoneiros nas províncias de Santa Fé e de Córdoba, onde o trânsito esteve bloqueado por grupos dos dois setores.
A polícia francesa prendeu neste domingo 20 pessoas suspeitas de serem integrantes do grupo separatista basco ETA.
A maioria dos presos é espanhola e vive na região basca do sudoeste da França. Um arsenal de armas também foi encontrado enquanto uma pessoa na Espanha foi presa, suspeita de fazer parte da operação. O correspondente da BBC em Madri diz que a prisão é resultado de uma operação conjunta mais eficiente das polícias da Espanha e da França - que ocorre desde os atentados de 11 de setembro. Mortes evitadas Os suspeitos foram presos em cidades incluindo Saint Pierre d Irubek, Briscous, Ayherre e Hendaye. As informações foram divulgadas pelo ministro do Interior da Espanha. O governo espanhol descreveu a operação como extremamente importante, afirmando que ela pode ter salvo centenas de vidas. A polícia francesa continua neste domingo vasculhando casas da área, enquanto as autoridades espanholas trabalham na identificação dos suspeitos sob custódia. O ETA é responsável por uma série de atentados há mais de 30 anos na Espanha. O grupo deseja a independência do país basco do governo espanhol.
O Irã prometeu uma "vingança severa" depois que o general iraniano Qasem Soleimani foi morto em um ataque por drone dos Estados Unidos. Se houver retaliação, é provável que ela seja comandada por Esmail Qaani, o vice de longa data de Soleimani.
Esmail Qaani, o novo líder da força Quds do Irã Após o assassinato, Qaani se tornou o novo chefe da Quds, força de elite do Irã. A Força Quds é o braço de operações no exterior da Guarda Revolucionária do Irã, criada após a revolução iraniana em 1979 para defender o sistema islâmico do país. O general Qaani, de 63 anos, nasceu na cidade de Mashad, no nordeste do país. É a segunda cidade mais populosa do Irã e um importante local de peregrinação para os muçulmanos xiitas. Ele ingressou na Guarda em 1980. Como Soleimani, o general Qaani é um veterano da sangrenta guerra Irã-Iraque, de 1980 a 1988, que opôs as forças do novo governo iraniano contra as de Saddam Hussein, o então presidente iraquiano. Fim do Talvez também te interesse "Somos filhos da guerra", disse Qaani sobre a longa amizade forjada entre ele e seu superior. Após a guerra, ele se juntou à Força Quds e foi enviado à província de Khorasan, que faz fronteira com o Afeganistão e o Turcomenistão. Pouco se sabe sobre suas atividades, mas acredita-se que enquanto Soleimani se focava nas fronteiras a oeste do país, Qaani cuidava das prioridades iranianas no leste — como combater o contrabando de drogas e ajudar a Aliança do Norte do Afeganistão em suas batalhas contra o Talebã. Diz-se também que o general Qaani desempenhava um papel mais administrativo, ligado mais ao dia a dia dos integrantes da Força Quds. Homenagem a Soleimani em Bagdá no sábado mostrou popularidade do iraniano entre parte da população iraquiana O fato de ter estado na lista de indivíduos sob sanções dos EUA em 2012 pelo seu trabalho financiando as operações da Força Quds dá uma ideia da importância de Qaani dentro da força de elite. Soleimani tinha sido o principal organizador de ações de interesse militar aos iranianos no Oriente Médio, desempenhando um papel ativo na Síria, no Iraque, Líbano e Iêmen. O desafio de Qaani é dar continuidade ao seu antecessor, um homem aclamado como herói por muitos no Irã e alguém amplamente visto como a pessoa mais poderosa do país depois do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. Ele rapidamente repetiu as promessas de vingança da liderança do Irã após a morte de Soleimani. "Deus todo poderoso prometeu vingar o mártir Soleimani. Certamente serão tomadas medidas", disse Qaani à televisão estatal. Ao anunciar Qaani como sucessor de Soleimani, o aiatolá Khamenei disse que a Força Quds seria "inalterada". Embora haja dúvidas sobre se o novo chefe da Força Quds terá a mesma influência de Soleimani, analistas dizem que a força da Guarda Revolucionária do Irã não está ligada apenas a indivíduos. "É difícil esperar que Qaani, o burocrata, imite a liderança carismática de seu antecessor", escreve Ali Alfoneh, membro sênior do Instituto Árabe dos Estados do Golfo, em Washington. "No entanto, Qaani exercerá influência devido ao poder institucional da própria Força Quds." Afshon Ostovar, professor assistente da Escola Naval de Pós-Graduação nos EUA, publicou no Twitter que a Guarda Revolucionária "depende muito menos de indivíduos do que muitos analistas acreditam". "A morte de Soleimani terá um impacto, mas não haverá mudanças discerníveis na rede ou nas operações regionais do Irã. Vingança à parte", escreveu. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, colocou suas forças de segurança em estado de alerta depois dos choques ocorridos na Faixa de Gaza e Cisjordânia.
Abbas ordenou que soldados assumissem o controle depois que militantes correligionários de seu grupo, o Fatah, incendiaram os escritórios do Hamas em Ramallah. O escritório estava vazio. Ismail Haniya, que lidera o governo da Autoridade Palestina, controlado pelo Hamas, costuma ficar na Faixa de Gaza. A violência ocorreu depois de choques na Faixa de Gaza, nos quais duas pessoas foram mortas. O Hamas e facções do Fatah, organização de Abbas, estão envolvidos em confrontos e disputas desde a vitória do Hamas nas eleições gerais palestinas, em janeiro passado. Lei e ordem O negociador-chefe palestino Saeb Erekat, um aliado de Abbas, disse à BBC que está preocupado com a extensão da violência e teme pelo colapso da lei e da ordem. "Estou tão amedrontado e preocupado, as coisas estão escapando por entre nossos dedos como areia. Acho que estamos realizando o máximo de esforço, mas não estamos minando as dificuldades e complexidades", disse. A violência começou na segunda-feira, quando duas pessoas morreram e outras 15 ficaram feridas em um choque de militantes do Hamas com forças de segurança leais ao Fatah em Rafah, na Faixa de Gaza. Ambos os lados acusam o outro de ter iniciado o confronto. Em protesto contra o confronto, centenas de atiradores do Fatah foram às ruas em Ramallah. Depois deste incidente os atiradores, muitos da Brigada dos Mártires de al-Aqsa, ligada ao Fatah, atiraram nas janelas do parlamento palestino em Ramallah. Em seguida, eles invadiram os escritórios do gabinete de governo, destruindo móveis e computadores. As tensões entre o Hamas e o Fatah se agravaram desde que Abbas convocou um referendo sobre um plano que implicaria no reconhecimento do Estado de Israel, o que é rejeitado pelo Hamas. Pelo menos 20 pessoas morreram, a maioria integrantes de milícias, nos confrontos entre os grupos nos últimos dois meses.
Uma megaofensiva realizada por Israel no campo de refugiados palestinos de Khan Younis, no sul de Gaza, matou pelo menos 11 palestinos e feriu outros 25.
A operação teve início no domingo à noite. Israel promoveu uma série de ataques aéreos contra o campo de refugiados enquanto tanques invadiam o local. O Exército de Israel disse estar tentando impedir que militantes lancem ataques de morteiros contra alvos israelenses. A ação militar aconteceu pouco antes de um debate no Parlamento de Israel sobre o plano de retirada de Gaza, que deve ser votado na terça-feira. De acordo com o primeiro-ministro Ariel Sharon, a retirada de colonos judeus de Gaza e a desativação de assentamentos judaicos na região tornará mais fácil defender Israel. Mísseis Relatos de Gaza dizem que pelo menos quatro mísseis foram lançados de um avião israelense. Um deles teria atingido um posto de segurança palestino, matando dois agentes palestinos. Autoridades palestinas disseram que há civis entre os mortos no ataque. O Exército de Israel disse à agência de notícias Reuters que a operação militar pretendia impedir ataques contra colonos judeus na região de Gush Katif. Um porta-voz israelense disse que, neste fim de semana, militantes palestinos dispararam 28 morteiros a partir do campo de refugiados de Khan Younis. O gabinete israelense aprovou no domingo uma lei que oferece indenização financeira aos colonos que terão que deixar Gaza. Há expectativas de que o plano de retirada de Gaza seja aprovado pelo Parlamento israelense nesta terça-feira, graças ao apoio de partidos de esquerda. O projeto de retirada será apresentado ao Parlamento pelo premiê Sharon nesta segunda-feira. Mesmo com a retirada, o plano prevê que Israel mantenha controle das fronteiras, do litoral e do espaço aéreo de Gaza. O projeto prevê ainda o desmantelamento de quatro assentamentos na Cisjordânia.
O Ministério da Defesa da Rússia informou nesta sexta-feira que um ataque aéreo pode ter matado o líder do Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, e outros 330 combatentes. O alvo teria sido uma reunião do conselho militar do grupo em Raqqa, no norte da Síria, realizada no dia 28 de maio.
Baghdadi saiu das sombras e apareceu em Mossul em junho de 2014 Num comunicado publicado na agência de notícias estatal russa, Sputnik, o ministério afirmou que 30 comandantes e até 300 soldados do EI estavam na reunião. "De acordo com informações checadas por vários canais, o líder do EI, Ibrahim Abu-Bakr al-Baghdadi, estava presente na reunião e foi morto em consequência do ataque aéreo". No entanto, sua morte já foi divulgada outras vezes equivocadamente. O coronel John, porta-voz da coalizão americana de combate ao EI, disse que os EUA não conseguiram confirmar se Baghdadi de fato foi morto. Já o governo sírio não comentou o caso. A localização de Baghdadi é desconhecida há tempos. A seguir o especialista William McCants explica como Baghdadi chegou ao posto máximo do grupo extremista. Ferrenho religioso Ibrahim Awwad Ibrahim al-Badri, também conhecido como Abu Bakr al-Baghdadi, nasceu em 1971 em Samarra, no Iraque, numa família sunita de classe média. Sua família era conhecida por sua religiosidade, e a comunidade acredita que ele seja descendente do profeta Muhammad. Fim do Talvez também te interesse Como jovem, Baghdadi tinha paixão por recitar o Corão e seguia meticulosamente a lei religiosa. Sua família deu-lhe o apelido de "O crente", porque ele costumava repreender seus parentes por não seguir os padrões com rigor. Baghdadi deu sequência a seus interesses religiosos na universidade, onde concluiu a graduação em estudos islâmicos na Universidade de Bagdá, em 1996, além de mestrado e doutorado em Estudos do Corão na Universidade de Saddam para Estudos Islâmicos, no Iraque, em 1999 e 2007, respectivamente. Até 2004, Baghdadi passou seus anos de estudo vivendo no bairro de Tobchi, em Bagdá, com suas duas mulheres e seis filhos. Ele ensinava o Corão a crianças da vizinhança na mesquita local, onde também era a estrela de seu time de futebol. Na época, seu tio o persuadiu a participar da Irmandade Muçulmana. Baghdadi rapidamente se aproximou dos poucos ultraconservadores violentos no movimento islâmico e, no ano 2000, abraçou o jihadismo salafista. De ativista a insurgente Em poucos meses da invasão liderada pelos EUA no Iraque em 2003, Baghdadi ajudou a fundar o grupo insurgente Jaysh Ahl al-Sunnah wa al-Jamaah (Exército de Pessoas da Suna e da Solidariedade Comunal). Em fevereiro de 2004, as forças americanas prenderem Baghdadi em Faluja, no Iraque, e o encaminharam ao Camp Bucca - um centro de detenção clandestino de prisioneiros dos EUA no deserto no sul do Iraque, onde permaneceu por dez meses. Na prisão, Baghdadi dedicou-se a temas religiosos, liderando rezas e o sermão da sexta-feira, além de dar aulas a prisioneiros. Os EUA detiveram Baghdadi por dez meses numa prisão no Iraque Segundo um colega prisioneiro, Baghdadi era calado, mas tinha a habilidade de se movimentar entre as facções rivais da unidade, onde se misturavam seguidores de Saddam Hussein e jihadistas. Baghdadi formou alianças com vários grupos, que mantiveram contato quando ele foi libertado em dezembro de 2004. Depois de sua libertação, Baghdadi procurou o porta-voz da al-Qaeda no Iraque (AQI), uma afiliada local da al-Qaeda liderada pelo jordaniano Abu Musab al-Zarqawi. Impressionado com o conhecimento religioso de Baghdadi, o porta-voz o convenceu a ir para Damascus, onde deveria trabalhar para que a propaganda do AQI aderisse aos princípios do islamismo ultraconservador. Zarqawi foi morto em junho de 2006 por forças aéreas americanas e foi sucedido pelo egípcio Abu Ayyub al-Masri. Em outubro daquele ano, Masri dissolveu a AQI e fundou o Estado Islâmico (EI) no Iraque. O grupo continuou a prometer fidelidade à al-Qaeda. O novo emir Com credenciais religiosas e habilidade de conciliar os estrangeiros que fundaram o EI com os iraquianos locais que se reuniram ao grupo, Baghdadi cresceu progressivamente na hierarquia da organização. Ele foi indicado como orientador do Comitê da Sharia e nomeado para o Conselho da Shura, de 11 membros, que aconselhava o emir do EI, Abu Omar al-Baghdadi. Carro bomba explode em Homs em 2015. Baghdadi levou a Síria ao caos para estabelecer uma base para o EI Baghdadi depois foi indicado como coordenador do comitê do EI e gerenciava a comunicação com os comandantes do grupo no Iraque. Após as mortes do fundador e do emir do EI em abril de 2010, o Conselho da Shura escolheu Abu Bakr al-Baghdadi para se tornar o novo emir. Baghdadi começou a reconstruir a organização, que tinha sido dizimada pelas forças de operações especiais dos Estados Unidos. Esperando capitalizar a crescente crise na Síria em 2011, com a intenficação dos confrontos entre tropas do governo e grupos rebeldes que se insurgiam contra o presidente Bashar al-Assad, Baghdadi ordenou que um de seus agentes sírios estabelecesse um braço do EI no país, que mais tarde ficou conhecido como Frente al-Nusra. Surgimento do EI Baghdadi logo se desentendeu com o líder do al-Nusra, Abu Mohammed al-Julani, que queria colaborar com a principal corrente sunita de rebeldes lutando contra o governo sírio. Baghdadi queria estabelecer seu estado através da força antes de perseguir Assad. Na primavera de 2013, Baghdadi anunciou que a al-Nusra fazia parte do EI, que ele renomeou como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL). O autroproclamado Estado Islâmico foi formado pela dissidência da liderança da al-Qaeda Mais tarde, o dirigente da al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, cobrou que Baghdadi reconhecesse a independência da al-Nusra, mas ele se recusou a fazê-lo. Em fevereiro de 2014, Zawahiri expulsou o EI da al-Qaeda. O EI respondeu lutando contra a al-Nusra e consolidando seu domínio no leste da Síria, onde Baghdadi impôs leis religiosas duras. Com sua fortaleza segura, Baghdadi ordenou que seus homens se expandissem para o oeste do Iraque. O califa Em junho de 2014, o EI tomou a segunda maior cidade do Iraque, Mossul, e logo depois, o porta-voz do grupo proclamou o retorno do califado, renomeando o EIIL de volta como "Estado Islâmico". Dias depois, Baghdadi pregou um sermão de sexta-feira em Mossul e se autodeclarou um califa - o chefe de Estado de um governo islâmico. Se confirmada a morte de Baghdadi, a organização perderá seu habilidoso mediador, político implacável, religioso erudito e homem de linhagem nobre - uma combinação incomum para um líder de uma organização militante global, muito menos para um quase-Estado. *William McCants é autor do livro "The ISIS Apocalypse: The History, Strategy, and Doomsday Vision of the Islamic State" (O Apocalipse do Isis: A História, Estratégia e a Visão do Juízo Final do Estado Islâmico, em tradução livre). Ele coordena o projeto das Relações Americanas com o Mundo Islâmico na Instituição Brookings e dá aulas na Universidade Johns Hopkins.
O presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, venceu a disputa com o primeiro-ministro palestino, Ahmed Korei, sobre o importante posto de ministro do Interior.
Korei anunciou que o posto será ocupado por Hakam Balawi, partidário de Arafat, e não pelo candidato que havia sido indicado pelo premiê. Balawi será responsável pela polícia, defesa civil e segurança preventiva dos territórios ocupados. Uma disputa pelo mesmo cargo causou a renúncia do ex-premiê palestino, Mahmoud Abbas, há dois meses. Os governos americano e israelense, que vem tentando restringir o poder de Arafat, reprovaram a decisão. Na quarta-feira, Korei deve submeter seu gabinete para a aprovação do Parlamento palestino. "Nós concluímos com o irmão Arafat a fórmula final do novo gabinete palestino", afirmou Korei. Segurança "Nós também chegamos a um acordo sobre uma fórmula para unificar o trabalho dos serviços de segurança da Autoridade Palestina para conseguir acabar com o caos e chegar à segurança." A área de seguraça ficará a cargo do Conselho Supremo de Segurança Nacional, do qual Arafat e Korei são membros. O Conselho foi criado em setembro para cuidar da segurança dos territórios palestinos. O governo israelense já se manifestou contra o novo gabinete. "Esse é um dia triste para a reforma, porque nós vemos que o controle dos serviços de segurança continuará nas mãos do cartel de terror de Arafat", disse Raanan Gissin, um conselheiro do primeiro-ministro Ariel Sharon. O governo americano também criticou o gabinete. "O primeiro-ministro precisa ter controle de todas as forças de segurança e insistir no desarmamento de terroristas e organizações militares que não sejam controladas pela Autoridade Palestina", afirmou Amanda Batt, porta-voz do Departamento de Segurança americano. Mas, para o negociador chefe da Autoridade Palestina, Saeb Erekat, a reação de Israel é inaceitável. "O foco deveria estar em retomar o processo de paz e implementar o plano de paz", afirmou à agência AP.
A capa da Rolling Stone que traz uma imagem de John Lennon nu abraçando sua mulher, Yoko Ono, foi escolhida como a maior primeira página de revista dos Estados Unidos nos últimos 40 anos.
A imagem foi feita pela fotógrafa Annie Leibovitz e ilustrou a edição da Rolling Stone publicada em janeiro de 1981 – um mês após o assassinato de Lennon, em Nova York. A escolha foi feita por editores, artistas e designers que participam da conferência da Sociedade Americana dos Editores de Revistas, em Porto Rico. A segunda colocada foi a capa da Vanity Fair, publicada em agosto de 1991, que estampa uma célebre imagem da atriz Demi Moore, grávida e também nua. Cachorro Em terceiro lugar ficou a capa da edição de abril de 1968 da Esquire, ilustrada com uma foto do pugilista Mohammad Ali com o corpo crivado de flechas, à moda de São Sebastião. Em seguida, veio a The New Yorker de março de 1976, cuja capa traz uma gravura de Saul Steinberg em que o West Side nova-iorquino aparece sobrepujando o resto dos Estados Unidos. A Esquire voltou a aparecer na quinta posição, com sua capa de maio de 1969, em que o artista plástico Andy Warhol aparece afundando em uma lata de sopa. A sexta colocada é uma capa toda negra publicada pela The New Yorker após os ataques de 11 de setembro de 2001, e a sétima, a da National Lampoon de janeiro de 1973, em que um cachorro é mostrado com uma arma apontada na cabeça e a seguinte legenda: "Se você não comprar esta revista, nós vamos matar este cachorro".
Cinco modelos que iriam participar do evento anual de moda mais importante da Espanha foram rejeitadas pelos organizadores por serem magras demais.
O Pasarela Cibeles, que começa nesta segunda-feira, adota um índice mínimo se massa corporal para as modelos, a fim de evitar que a aparência excessivamente magra delas possa acabar influenciando pessoas a seguir esse padrão. O índice, que mede a relação peso/altura, deve ser de no mínimo 18 – o equivalente ao de uma pessoa com 1,75m e 56 kg - para as participantes do evento. Sessenta e nove modelos foram pesadas para garantir que a regra fosse seguida. No entanto, a endocrinologista Susana Monereo, uma das encarregadas de acompanhar o peso das modelos, disse ao jornal espanhol El Pais que algumas das modelos não superaram o índice 16 – o equivalente a ter 1,80m e menos de 50 kg. Segundo Monereo, a presença dessas modelos nos desfiles “poderia influenciar negativamente a população e ser causa de problemas relacionados à anorexia”. As cinco modelos rejeitadas vinham de desfiles em Nova York, e duas delas vinham de 25 desfiles seguidos, disse ao El Pais a diretorda do Pasarela Cibeles, Leonor Pérez Pita. Os organizadores do evento espanhol haviam decidido em setembro passado rejeitar as modelos com Índice de Massa Corporal inferior a 18.
"Parece uma necessidade constante de provar que você merece estar naquela posição. É uma angústia permanente. Antes de cada reunião que eu vou, penso... será que vou parecer um idiota, será que as pessoas vão olhar além da fachada e achar que não há nada que vale a pena atrás?
Profissionais bem-sucedidos que duvidam do seu valor costumam trabalhar mais e mais para compensar as supostas 'falhas' O desabafo é de Jeremy Newman. Até pouco tempo atrás, ele era o diretor executivo global da BDO, uma das maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo. E, atualmente, é membro do conselho de importantes órgãos do governo e de uma série de outras instituições. O fato é que ele é extremamente bem-sucedido profissionalmente, mas está dizendo que se preocupa internamente em não ser bom o suficiente. Ele não está sozinho. Em 25 anos pesquisando liderança e empresas prestadoras de serviço (como escritórios de contabilidade e advocacia, consultorias e bancos de investimento), ouvi diversas pessoas brilhantes, bem-sucedidas e aparentemente confiantes se descreverem como inseguras. São profissionais excepcionalmente capazes e extremamente ambiciosos, mas movidos por uma forte crença em sua própria inadequação. Quando escrevi sobre o tema em meu último livro, Leading Professionals: Power, Politics e Prima Donnas (Lideranças Profissionais: Poder, Política e Prima Donnas, em tradução livre), tive um retorno fenomenal de pessoas de vários setores ao redor do mundo, dizendo que tinham se identificado com esse perfil de profissional. Embora sejam bem-sucedidos, esses profissionais se preocupam internamente em não serem bons o suficiente Os indivíduos não nascem duvidando da sua capacidade, é algo que acontece no decorrer da vida - normalmente na infância ao passar por experiências de insegurança psicológica, financeira ou física. Por exemplo, crianças que vivenciaram uma situação de pobreza súbita e inesperada podem acreditar que, quando adultas, nunca vão conseguir ganhar o suficiente para superar o medo de que isso aconteça novamente. Outras crescem achando que só são percebidas e valorizadas pelos pais quando se destacam. E esse tipo de atitude pode continuar muito tempo depois de terem saído de casa, uma vez que internalizam essa insegurança como parte de sua identidade. Não é de se admirar que pessoas com esse perfil tradicionalmente se candidatem a vagas em companhias de elite - o tipo que oferece os empregos mais procurados por profissionais com MBA em todo o mundo. Para alguns, a sensação de agregar valor à empresa é quase uma droga Essas empresas, na verdade, estão dizendo aos novos funcionários: "Somos os melhores no mercado e, como você trabalha para a gente, isso faz com que você seja o melhor também". Para quem duvida do seu próprio valor, isso é ótimo - até o momento em que a pessoa começa a se preocupar com a possibilidade de ser demitida por não corresponder às expectativas. Os sistemas de avaliação e recompensa dentro dessas companhias tornam os medos muito reais. As promoções são altamente competitivas e, pior, pouco transparentes. "O bônus no fim do ano depende da sua avaliação em relação aos outros. E você não sabe o que eles estão produzindo. Você sabe que eles são superinteligentes e estão trabalhando muito bem", explica a pesquisadora Alexandra Michel, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, que estudou a carreira de funcionários de bancos de investimento. Eles estão cientes de que estão sendo avaliados em comparação aos colegas. Mas como não sabem como está a performance dos "concorrentes", acabam definindo padrões incrivelmente altos, só por garantia. E como todos adotam essa postura, os padrões se tornam cada vez mais elevados, exigindo que todos trabalhem cada vez mais. Os funcionários novos acabam repetindo os padrões da chefia Para os profissionais inseguros que buscam sempre se superar, esse modelo é uma constante. Durante minha pesquisa, um alto executivo de uma empresa de consultoria descreveu dois colegas assim: "Eles sentem que vou dizer a eles: 'Desculpe, você não tem um desempenho satisfatório. Vai ter que sair (da empresa)'... Então eu digo: 'Você está louco? Por que você não vai para casa mais cedo curtir a família?' E eles respondem: 'Não, não, não, não, eu tenho que trabalhar'." Funcionários mais novos veem seus gestores se comportando dessa maneira e supõem que é esse tipo de atitude que os fará progredir. Assim, o padrão se repete, sendo constantemente reforçado. Por outro lado, há quem veja o lado positivo. David Morley, até recentemente sócio do escritório de advocacia Allen e Overy, compara o papel de um advogado sênior em uma transação ao mestre de cerimônias de um grande circo que acontece ao seu redor. "Se você é bom nisso e gosta, é muito estimulante", diz ele. "Você pode representar uma conta grande, que no final é paga por um cliente agradecido, e com isso você tem um número bastante tangível para ilustrar o valor que você agregou." "O telefone toca e você vai para o próximo... É quase uma droga, esse fluxo de excitação. E se você é bom nisso, há muitas recompensas positivas", acrescenta. Cobrança interna constante pode levar a problemas de saúde física e mental No entanto, se levadas a extremos, as longas horas de trabalho e a cobrança interna constante para se sobressair podem levar a sérios problemas de saúde física e mental - da simples exaustão a dores crônicas, dependência, distúrbios alimentares e depressão. Então, se você tem esse perfil, o que você pode fazer em relação a isso? Como já expliquei, os fatores que geram insegurança remetem à infância, então há pouco a fazer para controlar essa sensação. No entanto, você pode mudar a forma como responde a ela. Primeiro, reconheça seus gatilhos. Preste atenção à maneira pela qual a empresa está tentando manipular seu comportamento e como você reage. Observe quem são os colegas que fazem com que você se sinta mais ansioso por meio de comentários ou atitudes - esteja pronto para aumentar suas defesas psicológicas, se necessário. Em segundo lugar, defina o sucesso com suas próprias medidas, e não dos outros. Se você vai se dedicar de corpo e alma ao trabalho, escolha um emprego em que você tenha mais chance de ser bem-sucedido e de desfrutar do que faz. Não insista em um trabalho que não combina com você - sair de um emprego com o qual você "não consegue lidar" não é sinal de fracasso, mas uma demonstração de bom senso e maturidade emocional. E, terceiro, respeite as evidências e celebre seu sucesso. Uma vez que um profissional supercompetente inseguro atinge um objetivo, ele tende a descartá-lo rapidamente e estabelecer uma meta ainda mais alta. Então, quando você conquistar algo, lembre-se de como estava preocupado em não ser bem-sucedido, com que frequência você teve êxito apesar das preocupações, e se desafie a acreditar na evidência do seu padrão contínuo de sucesso. *Laura Empson é professora de gestão de empresas prestadoras de serviço na Cass Business School, no Reino Unido, e pesquisadora sênior da Escola de Direito de Harvard, nos EUA. Seu livro mais recente se chama Leading Professionals: Power, Politics e Prima Donnas (Oxford University Press). Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Capital. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
As piores previsões sobre as mudanças climáticas feitas pela Organização das Nações Unidas há dois anos podem já estar se concretizando, afirmaram nesta quinta-feira cientistas reunidos em uma conferência em Copenhague, na Dinamarca.
Aumento no nível dos mares pode ser maior que esperado Em um comunicado final onde delinearam seis pontos-chave para alertar os líderes políticos do mundo, os cientistas afirmam que há um risco crescente de mudanças climáticas abruptas e irreversíveis. "Observações recentes confirmam que, dados os altos índices de emissões, as piores projeções do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), ou ainda piores, estão sendo percebidas", diz o documento. "O clima já está se modificando além dos padrões de variabilidade natural. (...) Há uma possibilidade significativa de que muitos desses padrões irão se acelerar, levando a um risco crescente de mudanças climáticas abruptas e irreversíveis". Os pesquisadores também alertaram que mesmo aumentos modestos de temperatura afetarão milhões de pessoas, particularmente em países em desenvolvimento. Mas, segundo eles, a maioria das ferramentas necessárias para diminuir as emissões de dióxido de carbono já existe. Mais de 2.500 pesquisadores e economistas de 80 países participaram do encontro que teve como objetivo apresentar os últimos estudos na área como preparação para a Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, que acontece em dezembro deste ano. Novos dados Novos dados apresentados no encontro apontam que as projeções feitas pelo IPCC há dois anos sobre o aumento nos níveis dos oceanos já estão desatualizadas. Segundo as novas previsões, o nível das águas pode subir mais de um metro em várias partes do globo, com enormes impactos para milhões de pessoas. Leia também na BBC Brasil: Cientistas preveem aumento do nível do mar maior do que o esperado Foram divulgadas também novas informações sobre como a Floresta Amazônica irá sofrer com os aumentos nas temperaturas. Um estudo do Centro Meteorológico da Grã-Bretanha concluiu que pode haver uma perda de 75% na cobertura florestal em um século se a temperatura mundial aumentar em 3ºC. "Nós observamos muitos dados novos. Podemos ver onde estamos e temos um problema", afirmou Katherine Richardson, que liderou o comitê científico que organizou a conferência. Migrações em massa O economista britânico Nicholas Stern, autor de um impactante relatório sobre as consequências econômicas das mudanças climáticas, publicado em 2006, também participou do encontro. Durante a reunião, ele afirmou que seu relatório subestimou a escala dos riscos e a velocidade com que o planeta está se aquecendo. Ele pediu aos cientistas que alertem os políticos sobre o que pode acontecer com o planeta caso medidas para combater o aquecimento global não sejam tomadas. Segundo ele, se a temperatura do planeta aumentar em 5º C até o próximo século, as consequências serão dramáticas para milhões de pessoas. Stern afirmou que o aumento do nível dos oceanos fará com que muitas áreas se tornem inabitáveis, levando a migrações em massa e conflitos violentos. "Nós poderemos ver centenas de milhões de pessoas, provavelmente bilhões, que terão que se mudar, e sabemos que isso pode causar conflitos. Então, poderemos ver um grande período de conflitos em todo o mundo, de décadas ou séculos", afirmou Stern. "Acho que é importante que entendamos a magnitude do risco que estamos correndo". Stern ainda afirmou que um acordo global sobre as mudanças climáticas é urgentemente necessário para evitar esse cenário, e que a crise econômica pode ajudar de alguma maneira. "A inação é indefensável. Esta é uma oportunidade, já que os recursos ficarão mais baratos do que no futuro. Agora é o momento de fazer com que os desempregados da Europa trabalhem em (projetos) de eficiência energética", disse. O primeiro-ministro dinamarquês, Andres Fogh Rasmussen, afirmou que as tecnologias sustentáveis são a solução para os problemas climáticos e econômicos. "Os negócios não serão mais como antes. O crescimento verde é a resposta para nossos problemas econômicos e climáticos", afirmou.
O potencial do Brasil para o estabelecimento de grandes empresas e, em especial, as vantagens oferecidas por São Paulo, são destacados nesta quinta-feira em uma longa reportagem do jornal britânico The Times, parte de uma série que apresenta as principais cidades do mundo para se fazer negócios.
Já foram incluídas na série Madri, na Espanha; Varsóvia, na Polônia; Reykjavik, na Islândia e Budapeste, na Hungria. "O Rio pode ser a meca dos turistas, mas a maior cidade do Brasil é sua casa para grandes negócios. Se você quer ser global, o que está esperando?", pergunta a reportagem, publicada na seção de negócios do jornal. Entre os dados que mostram a força de São Paulo, o artigo lembra que é lá que fica o maior mercado de ações da América Latina, embora "o Rio tenha o carnaval e as garotas de Ipanema". A reportagem fala ainda dos sucessos da economia brasileira, dizendo que o real, "teve uma valorização de mais de 100% frente ao dólar durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e parece que vai se fortalecer ainda mais em 2008". Ele ressalta, contudo, que a própria comunidade empresarial de São Paulo admite que a imagem da cidade projetada no mundo não corresponde, ainda, ao seu potencial. Marcelo Vivieros de Moura, do escritório Pinheiro Neto Advogados, ouvido na reportagem, "admite que o país nunca foi bom em se vender, apesar de uma ampla gama de privatizações em oferta e crescentes oportunidades para parcerias público-privadas". Segundo o Times, Moura contou que achou "inapropriado" quando "recentemente, em uma feira comercial, o estande brasileiro estava servindo caipirinha entre cartazes de mulheres nuas". "Privadamente, líderes empresarias brasileiros de destaque se preocupam sobre por que o país recebeu menos atenção do que Índia, China e Rússia, seus mercado emergentes rivais", diz a reportagem. Depois de relatar o sucesso da experiência do banco HSBC no Brasil, "a companhia britânica com a maior operação" no país, a reportagem do Times alerta os empresários para algumas peculiaridades do Brasil para negócios. "Há alguns truques para se fazer bons negócios no Brasil, tais como desenvolver um gosto por cafezinho." Segundo o jornal, Francisco Itzaina, que está à frente da Rolls-Royce no Brasil, disse que "se você assina um contrato e alguma coisa dá errado, em algumas partes do mundo ocidental os advogados começam a trabalhar. No Brasil, os homens de negócios se reúnem e formulam a solução mais pragmática. Aqui, dar murro na mesa não funciona. Uma boa conversa no café vai muito mais longe". Os paulistanos estão cientes das dificuldades de se investir no Brasil, diz a reportagem do Times. "Os processos legislativo e judiciário são dolorosamente lentos. Leva cerca de 180 dias para se estabelecer uma empresa em São Paulo e anos para fechar. Questões fiscais podem ser complexas com mais de 50 impostos para empresas só em São Paulo. Muito menos gente fala inglês do que, por exemplo, na Índia", diz o jornal.
Os governos de Venezuela, Cuba e Nicarágua declararam nesta quarta-feira "apoio incondicional" ao presidente boliviano, Evo Morales, contra supostos planos para "desestabilizar" a Bolívia.
A declaração foi interpretada como uma referência à pressão de províncias bolivianas que pretendem realizar referendos no mês que vem para exigir maior autonomia. O apoio ao governo boliviano foi anunciado em Caracas, ao final de uma reunião de emergência dos líderes dos países que integram a Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas): Bolívia, Cuba, Nicarágua e Venezuela. O texto final do encontro oferece "apoio incondicional ao presidente (da Bolívia) Evo Morales e ao seu governo nos esforços que realizam para derrotar os planos desestabilizadores e para seguir trilhando o processo de transformação histórica da Bolívia em paz e democracia". A Alba é uma organização internacional que reúne países latino-americanos contrários à Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Autonomia Quatro das nove províncias da Bolívia discutem a possibilidade de se tornarem regiões autônomas. Autoridades da principal delas, Santa Cruz, anunciaram recentemente que realizarão um referendo no dia 4 de maio para que a população decida se quer pedir a autonomia da região. A reunião da Alba foi convocada especificamente para tratar da questão de Santa Cruz. Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Bolívia, Evo Morales, e da Nicarágua, Daniel Ortega, além do vice-presidente de Cuba, Carlos Lage, participaram do encontro. Todas as províncias bolivianas que pedem maior autonomia ficam na região leste do país, que é rica em gás natural, o principal recurso energético da Bolívia. Em entrevista à BBC, o presidente boliviano acusou os líderes da oposição de tentar dividir o país com o pedido de autonomia regional da província. "O suposto referendo sobre o estatuto autônomo é anticonstitucional, não é nem mesmo inconstitucional, porque as autonomias não estão na Constituição vigente", disse Morales. Morales acusa o movimento pró-autonomia de ser uma tentativa da elite branca e rica do país de tentar manter privilégios, em detrimento da maioria indígena e pobre do país. A Bolívia também deve passar por um referendo para aprovar um esboço de uma nova Constituição. O texto ampliaria o poder dos povos indígenas no país. No entanto, ainda não há data para a realização desta votação.
A ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto decidiu dar um tiro no escuro ao voltar ao seu país, depois de oito anos de exílio voluntário.
Quando ela fixou uma data para o retorno, esperava-se que os problemas políticos e legais vividos pelo Paquistão nos últimos meses já tivessem sido resolvidos e que ela pudesse colocar em prática uma aliança com o presidente Pervez Musharraf, possivelmente reassumindo o cargo de primeira-ministra. Mas os problemas continuam. A Justiça ainda discute a situação legal de Musharraf, reconduzido à Presidência nas eleições de 6 de outubro. A Suprema Corte ainda precisa decidir se ele poderia ter se candidatado, e um parecer não é esperado em pelo menos duas semanas. Enquanto isso, uma lei que torna inválidos processos por corrupção contra Benazir Bhutto está sendo contestada nos tribunais, o que significa que a ex-primeira-ministra ainda pode ser presa. Negociações Desde as eleições gerais de 2002, Benazir Bhutto, que é líder do maior partido do país, o PPP, tem participado de negociações para dividir o poder com Musharraf. Com a aproximação de eleições parlamentares (que devem ocorrer até a metade de janeiro) e a diminuição da popularidade de Musharraf, Benazir Bhutto pode usar o limbo legal a seu favor, pressionando o governo para que faça mais concessões, como dar garantias de que as eleições serão livres. Com seu apelo popular, Benazir Bhutto também poderia competir de forma mais agressiva com Musharraf por espaço para seus aliados no governo. Mas, além da possibilidade de ser presa, a ex-primeira-ministra também enfrenta as ameaças de atentados suicidas de ativistas do Talebã, que já prometeram assassiná-la. O problema dos militantes islâmicos não é novo para a ex-primeira-ministra, cujo partido tem um histórico de sucesso no combate a esse tipo de problema em Karachi e no noroeste do país na metade dos anos 90. Com suas credenciais seculares e liberais, ela pode ser o nome ideal para deter os militantes islâmicos que atuam no Paquistão, caso volte a ser primeira-ministra. Desavenças Benazir Bhutto ocupou o cargo duas vezes, de 1988 a 1990 e de 1993 a 1996. Em ambas ocasiões, seu governo foi dissolvido de forma prematura por ordens presidenciais. Ela deixou o Paquistão em 1999, dois anos depois de seu marido ter sido preso e de uma série de acusações de corrupção, das quais se diz inocente, terem sido apresentadas contra ela. Em 2006, as negociações com Musharraf em busca de uma aliança deram sinais de avanço, mas Bhutto não conseguiu convencer os representantes do presidente de que ele deveria abandonar o cargo de comandante do Exército antes de tentar um novo mandato presidencial. Musharraf viu sua popularidade diminuir em 2007, depois de tentar, sem sucesso, afastar o presidente da Suprema Corte, considerado um crítico de seu regime. A tentativa de Musharraf provocou protestos em todo o país e foi considerada a mais séria ameaça a seu governo desde que ele assumiu o poder, em 1999, em um golpe de Estado. Antes das eleições presidenciais, o general prometeu que abandonaria o comando do Exército antes de fazer o juramento de seu novo mandato – o que não deve acontecer antes que o Supremo decida se ele podia ou não ser candidato. Com isso, caiu um dos principais empecilhos à aliança entre Musharraf e o PPP de Benazir Bhutto. Mas outras desavenças entre a ex-primeira-ministra e o presidente ainda não foram resolvidas – como as disposições constitucionais que proíbem uma pessoa de servir mais de dois mandatos como primeiro-ministro ou que dão ao presidente poderes especiais para dissolver o governo. O PPP quer que os dois dispositivos sejam dissolvidos, mas, ao menos por ora, parece ter deixado a questão em suspenso.
O Brasil é o país com o maior número de cidades entre as 50 áreas urbanas mais violentas do mundo, segundo ranking divulgado nesta semana pela organização de sociedade civil mexicana Segurança, Justiça e Paz, que faz o levantamento anualmente com base em taxas de homicídios por 100 mil habitantes (veja lista completa abaixo).
Enterro de vítimas assassinadas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, no ano passado; capital amazonense é uma das citadas em relatório de violência urbana | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil São 17 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes listadas no ranking, que é encabeçado pela mexicana Los Cabos (com 111,33 homicídios por 100 mil habitantes em 2017) e pela capital venezuelana, Caracas (111,19). Natal (RN) aparece em quarto lugar, com 102,56 homicídios por 100 mil habitantes - para se ter uma ideia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera uma taxa acima de 10 homicídios por 100 mil habitantes como característica de violência epidêmica. Outras cidades brasileiras que aparecem no ranking são Fortaleza (CE), Belém (PA), Vitória da Conquista (BA), Maceió (AL), Aracaju (SE), Feira de Santana (BA), Recife (PE), Salvador (BA), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Macapá (AP), Campos de Goycatazes (RJ), Campina Grande (PB), Teresina (PI) e Vitória (ES). Fortaleza, em especial, é destacada no relatório por sua taxa de homicídios ter subido 85% entre 2016 e 2017 - de 44,98 para 83,48. Fim do Talvez também te interesse O crescimento da violência em cidades menores - e, sobretudo, do Norte e Nordeste brasileiros - alarma especialistas há mais de uma década. Como o Brasil não investiga seus homicídios (mais de 90% deles ficam impunes), é difícil identificar com total certeza as relações de causa e consequência no que diz respeito à violência urbana. Mas estudiosos do tema apontam fenômenos como guerra de facções criminosas, avanço do tráfico de drogas e crescimento urbano sem a oferta de serviços de segurança eficazes como alguns dos motivos mais prováveis para a explosão da taxa de homicídios em cidades outrora pacatas. Em grandes capitais, onde pode haver maior número absoluto de homicídios, a taxa é menor, já que resulta do cálculo do total de assassinatos dividido pelo tamanho da população. São Paulo, por exemplo, teve taxa de 8,02 homicídios por 100 mil habitantes em 2017; o Rio, que vive uma crise de segurança pública, viu sua taxa crescer de 29,4 em 2016 para 32 homicídios por 100 mil habitantes no ano passado. América Latina Los Cabos, que encabeça o ranking, é um popular destino turístico com taxa de homícios crescente O ranking mostra ainda que a América Latina é o continente com o maior número de cidades violentas do mundo: das 50 listadas no ranking, apenas oito não são latino-americanas. Doze das cidades estão no México, país que vive anos de enfrentamentos entre cartéis de drogas e forças de segurança. Los Cabos, uma das cidades mais turísticas do país, entrou pela primeira vez na lista já assumindo o topo do ranking. Segundo o relatório da Segurança, Justiça e Paz, Los Cabos passou de 61 homicídios em 2016 para 365 em 2017. Reportagem de 2017 do jornal The New York Times diz que a cidade virou um "paraíso para turistas e um inferno para moradores", em grande parte por conta de brigas de gangues que disputam entre si o controle de rotas viárias e pontos de venda de drogas. Acapulco, também no México, aparece em terceiro lugar do ranking por apresentar um cenário semelhante. Segundo a Segurança, Justiça e Paz, o país não tem "uma ação para a erradicação sistemática das milícias privadas e dos grupos criminosos e permitiu que a impunidade chegasse aos piores níveis já registrados". Jovem armado em Caracas; cidade venezuelana é a capital em posição mais alta no ranking de violência Há também cinco cidades venezuelanas com as maiores taxas de homicídio do mundo, no momento em que o país enfrenta uma grave crise política e aguda escassez de alimentos, medicamentos e bens básicos. A organização mexicana destaca, porém, a dificuldade em obterem-se dados estatísticos oficiais confiáveis na Venezuela: "Quatro milhões de venezuelanos deixaram o país, mais da metade deles nos últimos três anos", diz o relatório. "Como resultado, as estimativas oficiais de população não são reais, nem as taxas de homicídio baseadas nelas - mas sim mais altas." A surpresa hondurenha Mas nem tudo são notícias ruins: em muitas violentas cidades centro-americanas, a taxa de homicídios caiu. O principal destaque nesse ponto é San Pedro Sula, em Honduras, que caiu do terceiro para o 26º posto do ranking entre 2016 e 2017. Os homicídios caíram 54% em apenas um ano. "Essa mudança extraordinária não ocorreu por acaso, mas sim por resultado de um esforço do governo em erradicar células criminosas, agir contra delitos (...) cometidos pelas gangues e colocar ordem nas prisões", diz o relatório. Três cidades brasileiras que figuravam no ranking de 2016 deixaram de aparecer em 2017. São elas: Curitiba (PR), Cuiabá (MT) e São Luís (MA). Mulher em Honduras; cidade mais violenta do país centro-americano viu homicídios decrescerem A Segurança, Justiça e Paz diz que elabora o ranking com "o objetivo político cidadão de chamar atenção à violência nas cidades, sobretudo na América Latina, para que governantes se vejam pressionados a cumprir com seu dever de proteger os governados e garantir seu direito à segurança pública". A organização usa como critério a taxa de homicídios por 100 mil habitantes oficial em cidades de 300 mil habitantes ou mais, além de fontes jornalísticas e informes de ONGs e organismos internacionais. São excluídas do levantamento cidades de países em conflito bélico aberto, como Síria, Iraque, Afeganistão e Sudão, sob a justificativa de "a maioria das mortes violentas (nessas cidades) não corresponderia à definição universalmente aceita de homicídio, mas sim mortes provocadas por operações de guerra, segundo a classificação da OMS". As 50 cidades mais violentas
Com o afastamento definitivo de Dilma Rousseff e agora que se livrou do termo "interino", o presidente Michel Temer pretende tirar do papel os planos de fazer várias viagens internacionais até o fim de seu mandato.
Temer afirma que buscará investimentos para o país em viagens internacionais Ele partiu já nesta quarta-feira rumo à China e deve ir a Nova York e Buenos Aires até o início de outubro. Segundo o Palácio do Planalto, também há visitas previstas à Índia, ao Japão, ao Paraguai e à Colômbia nos próximos meses. Em seu primeiro discurso após ser empossado como presidente, Temer afirmou que as viagens têm o objetivo de "trazer recursos" para o Brasil e "revelar ao mundo que nós temos estabilidade política e segurança jurídica" "Quero que divulguem isso para que não digam 'foi à China passear'. Faremos quatro discursos em quatro reuniões do G20", afirmou. Em entrevista ao jornal ValorEconômico em agosto, Temer disse também que buscaria atrair investimentos para o Brasil e acelerar a recuperação econômica do país. O governo se prepara para privatizar uma série de estradas, portos e aeroportos nos próximos meses e quer contar com investidores estrangeiros nos leilões. "Eu fiz viagens quando era vice-presidente e via que todo mundo queria aplicar no Brasil", ele disse na entrevista. "Eu vou voltar a esses lugares e incentivar." Melhorar imagem Analistas ouvidos pela BBC Brasil afirmam que a estratégia de Temer não tem apenas fins econômicos. Professora de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Norma Breda dos Santos diz que, com as visitas, ele adotará uma postura comum entre líderes recém-eleitos - muitos dos quais fazem várias viagens antes mesmo de tomar posse - e tentará melhorar sua imagem em círculos internacionais. Ela lembra que vários jornais estrangeiros - entre os quais o americano The New York Times e o britânico The Guardian - publicaram editoriais ou artigos questionando a legalidade do impeachment de Dilma Rousseff. "É compreensível que Temer tenha a preocupação de ganhar alguma simpatia e reconhecimento como presidente definitivo", afirma a professora. O processo que destituiu Dilma vem provocando reações variadas mundo afora. Grande parte dos países - entre os quais nações europeias, os EUA e vizinhos como Colômbia e Peru - adotaram um tom neutro e evitaram comentar o tema. Entre os críticos do processo, estão líderes de esquerda - como o venezuelano Nicolás Maduro e o equatoriano Rafael Correa -, os secretários-gerais da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Unasul, sindicatos e grupos de parlamentares de alguns países. Já o governo da Argentina, investidores e empresários estrangeiros com negócios no Brasil têm se mostrado favoráveis à mudança no governo. Palcos internacionais Presidida por Xi Jinping, a China é o principal parceiro comercial do Brasil Por enquanto, a maioria das viagens planejadas pela equipe de Temer nos próximos meses será para cúpulas internacionais, eventos em que líderes dos países-membros são convidados automaticamente. Na China, ele participará de um encontro do G20, grupo formado pelas 20 maiores economias globais. Em Nova York, em 20 de setembro, falará na abertura da reunião de chefes de Estado da Assembleia Geral da ONU (desde 1947, cabe ao Brasil o discurso inaugural do evento) e se encontrará com investidores. Em 15 e 16 de outubro, comparecerá a uma reunião dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na Índia e, no fim do mês, participará da Cúpula Ibero-Americana, na Colômbia. Este deverá ser o primeiro teste regional de Temer, quando poderá ser confrontado por líderes vizinhos críticos ao impeachment. Filho de libaneses, Temer também disse querer visitar países árabes em seu giro internacional. Fortalecer posição interna Para Marcos Guedes, professor de relações internacionais e ciência política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Temer também buscará reforçar sua posição interna por meio das viagens. "Ele tentará usar a presença dele junto a líderes internacionais para ganhar crédito junto à população brasileira", diz. Mas o professor afirma ter dúvidas sobre a efetividade da estratégia, argumentando que muitos brasileiros ficaram "traumatizados com o processo de impeachment e que, historicamente, Temer sempre teve baixa aceitação popular".
Uma pesquisa realizada por estudiosos britânicos indica que a aspirina pode reduzir a formação de vasos sangüíneos que ajudam tumores cancerígenos a crescer.
De acordo com os cientistas, o efeito da aspirina restringe o tumor ao tamanho de uma ervilha, fato que pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos. Estudos anteriores já haviam revelado que, se for utilizado por longos períodos, o analgésico poderia reduzir o risco de vários tipos de câncer, como os de ovário, cólon e pulmão. O estudo do Instituto de Genética Humana da Universidade de Newcastle foi publicado na revista científica Journal of the Federation of American Societies for Experimental Biology. Várias funções Para investigar mecanismos por trás do efeito da aspirina na prevenção do câncer, os cientistas observaram a ação da droga no crescimento de um tumor. Eles aplicaram diferentes concentrações de aspirina nas células que formam vasos sanguíneos, chamadas de células endoteliais. Eles descobriram que, em doses pequenas, a droga tem um extraordinário efeito sobre a capacidade das células de formar os vasos. “Os vasos sanguíneos alimentam o tumor com sangue e oxigênio, ajudando-os a crescer”, disse Helen Arthur, principal autora do artigo “O câncer usa esses vasos para se espalhar pelo corpo, levando ao desenvolvimento de tumores secundários”, afirmou. “A aspirina age sobre o tumor de várias formas, sendo que uma delas é restringindo o fornecimento de sangue. Sem o sangue, ele não tem como crescer mais do que o tamanho de uma ervilha”, afirmou. Mais pesquisa “Um dos problemas mais comuns decorrentes da ingestão de aspirina por períodos maiores é o risco de sangramento no estômago. Queremos analisar as moléculas da aspirina, ver o que ocasiona a formação de vasos, o que pode nos dar uma oportunidade de criar drogas mais seguras”, disse Arthur. Kat Arney, do Centro Britânico para a Pesquisa do Câncer, lembrou que os testes só ocorreram em laboratórios e que ainda há um longo caminho a ser trilhado. “Certamente não recomendaríamos pacientes a tomar aspirina sem supervisão médica, já que doses altas podem ser perigosas”, disse ela. Além de ser usada como analgésico, a aspirina já é recomendada para prevenir a ocorrência de ataques cardíacos.
O Brasil raramente pune os responsáveis por violações de direitos humanos, afirma um relatório da organização Human Rights Watch, que identifica a tortura como um "problema sério no país".
"Relatórios apontam que policiais e agentes penitenciários torturam pessoas sob sua custódia como forma de punição, intimidação e extorsão", diz a ONG na sua avaliação anual sobre a situação dos direitos humanos em 75 países, divulgada nesta quinta-feira. "A polícia também usa a tortura como meio de obter informações ou confissões forçadas de pessoas suspeitas de terem cometido crimes." A Human Rights Watch afirma, no entanto, que o país tem se esforçado para combater a tortura e outras formas de abuso de direitos humanos. O relatório cita a criação, em junho de 2006, da Comissão Nacional para a Prevenção e Controle da Tortura pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. Também é destacada a decisão do Brasil de reconhecer a competência do Comitê das Nações Unidas contra a Tortura para receber e avaliar denúncias de torturas apresentadas por cidadãos brasileiros. A organização baseada em Nova York ressalta, no entanto, que mesmo com as tentativas de combater os abusos, a maior parte deles permanece impune no Brasil. "Embora tenha feito esforços para reparar abusos de direitos humanos, o governo brasileiro raramente levou à Justiça aqueles responsáveis pelas violações", diz a ONG. Procurada pela BBC Brasil, a Secretaria Especial de Direitos Humano afirmou que se pronunciaria após receber oficialmente o documento. PCC Na seção dedicada ao Brasil, a Human Rights Watch aponta, além da tortura, outros abusos cometidos por uma polícia "abusiva e corrupta", condições carcerárias "péssimas" e os freqüentes episódios de violência no campo. "A violência policial - incluindo uso excessivo de força, execuções extrajudiciais, tortura e outras formas de maus tratos - persiste como um dos problemas de direitos humanos mais intratáveis do Brasil", afirma a entidade, que critica a reação da polícia aos ataques atribuídos ao Primeiro Comando da Capital (PCC) no ano passado em São Paulo. A Human Rights Watch diz que a polícia reagiu de forma "agressiva" e em algumas situações com "força excessiva". Justiça Federal A entidade chama a atenção para a aprovação de uma emenda constitucional que permite transferir casos de direitos humanos para o âmbito federal, iniciativa que vê como um esforço do governo para diminuir a impunidade. Por outro lado, o relatório afirma que a emenda, aprovada em 2004, "teve pouco impacto real", porque até agora nenhum caso foi transferido. "Durante anos o governo federal argumentou que para combater a impunidade, se tem que extrair esses crimes do âmbito estadual, onde tem jogo de influência, corrupção, para permitir que os funcionários oficiais que cometem crimes contra os direitos humanos possam ser persguidos. Mas nenhum caso ainda foi entregue ao âmbito federal", disse Brody. A ONG também cobra a melhora do sistema prisional brasileiro - que diz ser caracterizado por "condições desumanas", violência, corrupção e superlotação. Para a entidade, o Poder Judiciário e outras instituições "falharam" também no propósito de supervisionar os centros de detenção juvenil, onde, diz o documento, prevalecem a violência e condições desumanas. A lista de abusos denunciados pela ONG inclui ainda os ataques contra índios, trabalhadores sem-terra e ativistas de direitos humanos. O combate ao trabalho forçado foi a única área em que a organização afirma ter havido progressos concretos. A HRW destaca que desde 1995 cerca de 21 mil trabalhadores "foram libertados", embora faça a ressalva de que o problema continua no campo, com as estimativas indicando que entre 25 mil e 40 mil pessoas sejam forçadas a trabalhar no país. Apesar da melhora, a impunidade continua sendo, como nos outros tipos de abusos cometidos no Brasil, o principal obstáculo ao fim da prática, diz o relatório. "Um projeto propondo a expropriação da terra onde for usado trabalho escravo se arrasta no Congresso brasileiro desde 2001."
O Brasil, a Alemanha, o Japão e a Índia vão pleitear em conjunto vagas permanentes para estes quatro países e também para algum país africano no Conselho de Segurança da ONU.
O recém-formado G-4 teve a primeira reunião em Nova York com a presença do presidente Lula, do primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, do primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi e do ministro das Relações Exteriores alemão, Joschka Fischer. "Pelo menos os quatro que estão aqui e mais um país africano teriam de entrar (no Conselho de Segurança), mas estes países não têm uma visão excludente. Estamos em um processo de discussão e pode surgir um sexto país", disse o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, depois da reunião. Celso Amorim disse que, entre os atuais membros permanentes do Conselho de Segurança, a candidatura brasileira tem o apoio aberto de França, Reino Unido e Rússia, enquanto os chineses teriam dito que também seriam favoráveis à inclusão do Brasil, se a reforma de fato acontecer. México e Argentina Sempre que surgem discussões sobre a ampliação do Conselho de Segurança da ONU incluir um país latino-americano, também o México ou a Argentina mostram algum interesse na vaga. Em relação à Argentina, o ministro Celso Amorim disse que o Brasil está ampliando sua "parceria estratégica" com o sócio do Mercosul e que isto pode ajudar também nas discussões a respeito do Conselho de Segurança. "Atualmente o Brasil está ocupando uma das vagas rotativas no Conselho de Segurança, e nós temos um diplomata argentino fazendo parte da nossa representação. Até onde eu saiba, isso nunca aconteceu na história da ONU e não pode haver prova maior de confiança entre os dois países", afirmou. A respeito do México, o diplomata evitou fazer uma análise. "Vocês têm que perguntar ao México sobre o interesse deles e perguntar a quem convocou a reunião porque eles não foram convidados", disse. Japão O encontro em Nova York foi pedido pelo Japão que, como a Alemanha, há dez anos pleiteia a vaga no Conselho de Segurança. Analistas dizem que se aliar aos países em desenvolvimento nesta questão faz parte da estratégia japonesa para quebrar a resistência dos outros membros do Conselho de Segurança à inclusão do país. Segundo o ministro Amorim, o primeiro-ministro japonês abriu o encontro em Nova York dizendo que "uma potência hoje em dia não se define apenas pelo tamanho de seu exército ou de sua economia, mas também pela liderança em diversas outras questões internacionais".
O hormônio feminino estrogênio pode explicar porque as mulheres se envolvem em menos acidentes do que homens quando estão ao volante.
Cientistas cientistas da Universidade de Bradford, na Grã-Bretanha, fizeram a afirmaram nesta segunda-feira, em uma conferência em Londres. Segundo eles, o estrogênio ajuda as mulheres a mudar sua atenção de uma situação ou objeto para outro de forma mais rápida e mais eficaz do que os homens. Essa flexibilidade mental ajudaria as mulheres na hora de perceber alterações no trânsido de forma mais rápida – o que, segundo a tese apresentada em Londres, ajudaria na prevenção de acidentes. Atividade dos neurônios Os pesquisadores chamaram 43 homens e mulheres com idades de 18 a 35 anos para realizar uma série de testes neuropsicológicos, que avaliaram habilidades como memória de reconhecimento espacial, aprendizado de regras, atenção, planejamento e controle motor. As mulheres conseguiram mudar seu foco de atenção de um estímulo para outro com mais facilidade, o que melhorou a performance em tarefas cotidianas como dirigir e leitura. Isto poderia explicar por que meninas têm menos dificuldades do que meninos para se concentrar em uma aula e por que mulheres são motoristas mais cuidadosas, segundo os cientistas. "Esta pesquisa demonstra que tarefas que pedem flexibilidade mental favorecem as mulheres. Dirigir poderia ser um exemplo de como isto pode ser aplicado ao cotidiano", afirmaram os pesquisadores. "Nossa pesquisa sugere que o estrogênio pode influenciar positivamente a atividade neuronal nos lobos frontais, área do cérebro estimulada por tarefas de atenção e aprendizado de regras, o que pode explicar porque as mulheres têm vantagens quando executam estas tarefas." Várias habilidades Outras pesquisas no passado sugeriam que habilidades espaciais como leitura de mapas e estacionamento podem ser difíceis para mulheres porque elas teriam pouco hormônio masculino, testosterona. Peter Marsh, autor do livro Driving Passion: The Psychology of the Car (Paixão por Dirigir: A Psicologia do Carro, em tradução livre), acredita que homens e mulheres têm diferenças inerentes que se manifestam no volante. Ele acredita que homens gostam de correr riscos, das emoções de uma caçada, enquanto mulheres são mais cautelosas. Acidentes envolvendo mulheres ocorrem em velocidades mais baixas. Homens se envolvem em acidentes mais graves pois não conseguem frear rapidamente. "Dirigir envolve várias habilidades, habilidade motora, aprendizado de leis, atenção, noção de espaço e também confiança. O que descobrimos é que, em alguns aspectos, homens são melhores: navegação, noção de espaço e confiança. Mas eles sofrem mais acidentes", disse Nick Neave, psicólogo da Universidade de Northumbria, na Grã-Bretanha, estudioso da área de diferença entre sexos. "Para coisas como atenção, há prova de que mulheres são melhores", afirmou.
Pelo menos três fortes explosões atingiram a sede da missão da ONU em Pristina, capital de Kosovo.
Apesar do estrondo, que pôde ser sentido em várias regiões da cidade, ninguém ficou ferido. Houve ainda a explosão de uma bomba na porta da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (PSCE) e de outra num prédio do governo. De acordo com um correspondente da BBC no local, houve uma retomada da violência motivada pela política nos últimos meses. Estacionamento Testemunhas dizem que a primeira explosão ocorreu no estacionamento na sede da missão da ONU. O porta-voz da missão das Nações Unidas, Remi Dourlot, disse à agência de notícias France Presse que ainda é muito cedo para saber as razões dos atentados. "Não é a primeira vez que algo desse tipo acontece. Tivemos alguns ataques em março quando o primeiro-ministro Ramush Haradinaj renunciou", disse ele. "Agora, não sei se éramos os alvos desses ataques."
O cantor Michael Jackson substituiu os dois advogados que o representavam no processo em que o astro da música pop é acusado de abuso sexual.
Os advogados Mark Geragos e Benjamin Brafman não explicaram o motivo da decisão, mas disseram que ambos "desejam o melhor a Michael". Na próxima sexta-feira, quando deve comparecer ao tribunal, o cantor será agora representado por outro conhecido advogado criminal, Thomas Mesereau. Até há pouco tempo, Mesereau representou o ator Robert Blake, astro da TV nos anos 70, em um caso de assassinato. A relação profissional entre os dois, no entanto, foi rompida em fevereiro, por causa do que as duas partes chamaram de "diferenças irreconciliáveis". Reputação O correspondente da BBC em Los Angeles, Peter Bowes, afirma que Geragos e Brafman têm a reputação de serem os melhores no ramo. Os dois advogados tinham trabalhado com outras celebridades antes de deixarem a defesa de Jackson. Geragos defendeu o ator Robert Downey Jr. da acusação de uso de drogas. Relatos sugerem ainda que ele foi decisivo para que a atriz Winona Ryder escapasse da prisão no caso em que ela foi acusada de furto em uma loja. O advogado também defendeu o irmão do ex-presidente Bill Clinton, Roger, acusado de dirigir embriagado. Brafman já representou o rapper Sean Combs, também conhecido como P. Diddy. Acusações Michael Jackson foi preso em novembro, sob a acusação de ter molestado um garoto de 12 anos. O cantor enfrenta sete acusações de conduta lasciva contra um adolescente de menos de 14 anos, e duas por oferecer álcool ao garoto com o objetivo de seduzi-lo. O caso chegou a um novo estágio na semana passada, quando Jackson foi secretamente acusado de abuso contra criança. As novas acusações serão reveladas apenas quando o cantor comparecer ao tribunal. Michael Jackson afirmou que as acusações são "uma grande mentira", com o objetivo de extorquir dinheiro. O cantor deve se declarar inocente na audiência de sexta-feira no tribunal.
A polícia prendeu 27 homens em várias partes da Espanha na maior operação no país contra pedofilia pela internet.
Detetives descobriram fóruns eletrônicos e uma complexa rede para troca de imagens pornográficas de crianças com idades que chegavam a cinco anos. As investigações começaram em maio de 2003. Atenção especial foi dispensada para pessoas suspeitas de pedofilia que usaram salas de bate-papo na internet para troca de fotografias. As autoridades apreenderam 30 computadores com discos rígidos contendo pornografia infantil e vídeos. As buscas foram feitas em 18 províncias do país. Gravações Segundo a imprensa espanhola e estrangeira esta foi a maior investigação da história do país contra pedofilia na internet. Uma rádio espanhola afirmou que cerca de 5 mil gravações continham o que foi descrito como ''imagens muito desagradáveis e realmente horríveis''. Segundo a rádio a maioria das gravações são da Ásia, Estados Unidos e Suécia. Os suspeitos foram acusados de prostituição infantil e corrupção de menores. Segundo a agência de notícias AFP, os investigadores afirmam que têm informações que podem levar à identificação de alguns dos responsáveis pela produção das imagens.
A Organização das Nações Unidas (ONU) delineou um plano para lidar com a mancha de óleo que está se espalhando pela costa do Líbano e da Síria, no Mar Mediterrâneo.
O desastre ambiental aconteceu no mês passado, depois que as Forças israelenses bombardearam uma estação de energia durante o conflito com a milícia xiita Hezbollah. Na opinião de especialistas, para limpar as 15 mil toneladas de combustível derramadas no mar Mediterrâneo, serão necessários cerca de US$ 64 milhões (aproximadamente R$ 137 milhões) só este ano. As medidas - que foram aprovadas por Líbano, Síria, Grécia, Turquia e União Européia numa reunião nesta quinta-feira - incluem vôos para definir a extensão dos danos causados pelo óleo e uma equipe de 300 pessoas para trabalhar nos locais mais afetados. "Natureza vítima do conflito" O diretor executivo do Programa ambiental da ONU, Achim Steiner, disse que era triste que a natureza se tornasse vítima do conflito. "Agora que os bombardeios pararam e as armas se silenciaram, temos a oportunidade de avaliar rapidamente a verdadeira magnitude do problema e finalmente mobilizar o apoio para a limpeza do óleo e a restauração da costa", afirmou ele. "Eu sinceramente espero que tenhamos conseguido o apoio financeiro para cumprirmos tranqüila e amplamente nossa promessa ao povo libanês, depois desse pedido de ajuda que foi feito pelas autoridades do Líbano à ONU". Voluntários de grupos ecológicos locais já começaram o trabalho de limpeza em algumas praias. Eles avisaram as autoridades que o vazamento poderia prejudicar espécies como o atum e uma espécie ameaçada de tartaruga que vive na região.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que a insurgência no Iraque faz parte de uma estratégia muito maior da al-Qaeda e de outros militantes islâmicos de acabar com a influência dos Estados Unidos no Oriente Médio e aproveitar o vácuo resultante para tentar derrubar governos de países da região.
Ele citou o Egito, a Jordânia e o Paquistão como exemplos de locais onde os insurgentes acreditam que isso seja possível. "Os militantes acreditam que ao controlar um país eles irão reagrupar as massas muçulmanas, possibilitando, assim, a derrubada de todos os governos moderados da região e estabelecendo um império radical islâmico que se estenderá da Espanha à Indonésia", afirmou. No discurso realizado na Fundação Nacional para a Democracia, Bush admitiu que o Iraque está caindo nas mãos de militantes da al-Qaeda e explicou que os americanos deveriam ter paciência. "Aqueles que pensam que nós podemos ignorar nossas derrotas e deixar o país estão perigosamente iludidos. Os Estados Unidos estariam mais ou menos seguros com Zarqawi e Bin Laden dominando o Iraque e seu povo?" O presidente americano afirmou que, depois de retirar um ditador da dimensão de Saddam Hussein do poder, os Estados Unidos não ficariam assistindo a assassinos tomando o controle do Iraque. "Guerras não são vencidas sem sacrifício e essa guerra vai exigir mais sacrifício, mais tempo e mais determinação", disse Bush. Entretanto, o presidente americano fez questão de ressaltar que estavam sendo feitos progressos no Iraque e classificou as recentes disputas sobre a constituição iraquiana de "a essência da democracia". Perda de apoio "O inimigo considera todo recuo do mundo civilizado um convite para mais violência. No Iraque não existe paz sem vitória. Nós vamos manter nossa calma e alcançar essa vitória", disse Bush. Pesquisas de opinião mostram que o apoio da população à guerra no Iraque está diminuindo cada vez mais. De acordo com a pesquisa CNN/USA Today/Gallup, realizada no fim de setembro, apenas 32% dos entrevistados aprovam a forma como Bush está conduzindo o conflito no Iraque. Ainda segundo a pesquisa, 59% dos entrevistados acreditam que a invasão do Iraque liderada por forças americanas foi um erro e 63% dos participantes afirmaram querer que algumas tropas americanas sejam retiradas do país. Recentemente, foi registrada nova escalada de violência no Iraque e analistas temem que a situação piore ainda mais até o dia 15 de outubro, para quando está marcado o referendo sobre a nova constituição iraquiana. Na opinião de analistas, o discurso realizado por Bush na Fundação Nacional para a Democracia faz parte de uma tentativa para reconquistar apoio para sua administração em relação ao conflito no Iraque.
Pesquisadores da Universidade de Bath, na Inglaterra, desvendaram o mistério do vôo das abelhas, na tentativa de desenvolver uma aeronave menor que a mão humana.
A "abelha mecânica", acreditam os cientistas, teria câmeras e sensores embutidos e poderia fazer vôos em situações arriscadas, como dentro de um prédio em chamas. Outra possibilidade seria utilizar o artefato em vôos militares de reconhecimento. O projeto, que conta com recursos comerciais e militares, vai utilizar as descobertas feitas durante a observação do vôo de abelhas reais. Impulso Os pesquisadores notaram que as asas dos insetos têm um formato flexível, que lhes permite aumentar o impulso e voar com eficiência. Com asas rígidas na frente e asas flexíveis atrás, a abelha consegue produzir redemoinhos – os chamados vórtices – que a suspendem no ar, ajudando-a a se mover. "Grandes aeronaves como as que nós voamos não têm que produzir vórtices para propulsão, então elas podem ter asas fixas e motores", comparou o coordenador da pesquisa, Ismet Gursul, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Bath. "Aeronaves menores terão que tomar emprestada uma página do livro da natureza para funcionar com eficiência." A co-autora do estudo, Sam Heathcore, afirmou que a "abelha mecânica" poderia ser usada em situações de emergência. "Em um incêndio, uma aeronave em miniatura poderia voar através de uma janela quebrada, talvez subir uma escada e ver se é seguro entrar em um prédio em chamas ou em uma fábrica onde houve uma explosão", ela disse. Segundo os cientistas, uma aeronave de poucos centímetros já foi construída nos Estados Unidos, mas só permaneceu no ar por alguns minutos.
Milhares de refugiados da Síria estão deixando o país e cruzando a fronteira em direção ao Curdistão iraquiano, uma região autônoma do Iraque, de acordo com a agência de refugiados da ONU.
Cerca de 17 mil refugiados podem ter deixado a Síria rumo ao Iraque Curdistão Pelo menos 10 mil sírios teriam cruzado a região fronteiriça de Peshkhabour no sábado, número que se acrescenta ao fluxo de 7 mil pessoas que teriam passado pelo local na quinta-feira. Agências da ONU, o governo do Curdistão e entidades filantrópicas estão tendo grande dificuldade em atender o número excessivo de pessoas, afirmam correspondentes que estão no local. A ONU afirma que as razões para tamanho fluxo em tão pouco tempo ainda não estão claras, mas há relatos do aumento de confrontos violentos entre sírios curdos e militantes islâmicos que são contra o governo. O Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) diz que este é um dos maiores fluxos de refugiados que a entidade está ajudando desde o levante contra o presidente Bashar al-Assad começou em março de 2011. Ao mesmo tempo, continua na Síria a guerra civil que se estende por mais de dois anos. Neste final de semana, inspetores internacionais chegaram a Damasco - em missão que já fora adiada diversas vezes - em busca de indício do uso de armas químicas no conflito. Novo campo O correspondente da BBC no Líbano, Jim Muir, diz que o grupo recente de refugiados deixando o país são em sua maioria famílias que partiram de diversas regiões de fronteira do norte da Síria. O ACNUR, o governo regional do Curdistão e entidades de assistência filantrópica estão trabalhando contra o tempo para atender o grande número de pessoas, organizando comboios para deslocarem as pessoas para as cidades vizinhas. Há planos de se montar um campo de refugiados para garantir um local para que as pessoas fiquem. Entretanto, alguns refugiados estão sendo retirados dessas áreas por familiares e amigos. ONU afirma que poderá criar um campo de refugiados na região Cerca de 150 refugiados sírios já estão registrados no Iraque, número que representa uma porção dos cerca de 2 milhões que teriam deixado a Síria depois do levante contra o governo. O ACNUR afirma que oficiais que atuam na região encontraram o primeiro grupo de 750 sírios antes do meio-dia, na última quinta-feira, que teriam sido seguidos no decorrer do dia por um número de 5 a 7 mil pessoas. A ONU confirmou que os grupos mais recentes de refugiados vieram de Aleppo, Hassakeh, Qamishli, e outras áreas da Síria que ainda estão em conflito. Na sexta-feira, o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, contou a repórteres em Genebra, na Suíca, que "os fatores que estão permitindo esse movimento tão repentino (de pessoas) ainda não estão claros". A ONU disse estar trabalhando com o governo local do Iraque Curdistão e outras agências de ajuda para estabelecer um campo de refugiados perto de Darashakran. "Este (campo) poderá ser aberto em duas semanas e nossa esperança é de que isso amenize a pressão", afirmou Edwards. Curdos Até o momento, ainda não foi confirmado a que etnia pertencem os refugiados desta semana. Curdos representam cerca de 10% da população Síria e estão concentrados sobretudo no nordeste do país. Elestambém fizeram protestos contra o regime do presidente Bashar al-Assad depois do início dos conflitos no país, em março de 2011. As áreas curdas são controladas por governos curdos locais e outras milícias desde que o governo parou de controlar a região ano passado. Entretanto, as milícias curdas já lutaram contra o grupos anti-Assad denominado al-Nusra Front, deixando dezenas de mortos. O presidente do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani, ameaçou recentemente intervir para defender a população curda que foi capturada durante os conflitos na Síria. Ele disse que se os curdos estiveram "sob ameaça de morte e terrorismo" o Curdistão iraquiano vai se "preparar para defendê-los". O Curdistão iraquiano é composto de três províncias no norte do Iraque. A região tem seu próprio exército e força policial.