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"O que é um fim de semana?" | Homem em uma vazia orla do Rio de Janeiro, em tempos de pandemia;
Uma das frases mais marcantes da personagem Violet Crawley na série de TV Downton Abbey, uma fala exclamada com surpresa pela aristocrata quando escuta em um jantar um hóspede falar de seu emprego, pode estar começando a fazer mais sentido para muita gente isolada socialmente por conta da pandemia de coronavírus.
Sem escolas, escritórios e espaços públicos abertos, compromissos que muitas vezes fazem o trabalho de definir nossas próprias agendas, o tempo tem se tornado algo estranho e amorfo, que não pode ser captado por um calendário.
Se você ainda estiver de pijama e a TV e o computador do trabalho estiverem ligados, importa mesmo que horas são? Se é preciso jogar uma espécie de pingue-pongue para realizar as tarefas do trabalho e atender à fome das crianças, é relevante saber que dia da semana é? O que é realmente um fim de semana em um mundo em quarentena?
Seres humanos: criaturas de hábitos
"Um dos desafios da crise atual é que muitos de nossos horários estão completamente desarrumados", diz Laurie Santos, professora de psicologia da Universidade de Yale, que ministra o popular curso "A ciência do bem-estar".
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"Os seres humanos são criaturas de hábitos, portanto, ter um horário regular para quando trabalhamos e quando temos lazer pode nos ajudar a reduzir a incerteza, especialmente em um período como o atual, ainda mais incerto."
Em condições normais, essa regularidade é determinada por forças externas a nós: horários da escola e do metrô, reuniões de trabalho e compromissos médicos. Sem esta agenda externa, pessoas em todo o mundo estão precisando usar a criatividade para gerar suas próprias maneiras de distinguir o tempo de ócio do tempo normal.
Chaney Kourouniotis é diretora de marketing de uma empresa de viagens em Seattle, EUA. Embora esteja trabalhando em casa agora, ela continuou a acionar o despertador para acordar e estar em sua mesa no horário normal de expediente. Dormir é um prazer que ela reserva para os fins de semana.
Quem tem crianças em casa está precisando fazer malabarismos para manter rotinas não só para si mesmo quanto para elas
Para quem tem crianças em casa, a possibilidade de lazer a qualquer dia costuma estar fora de questão. Emily Seftel trabalha na administração de uma organização internacional em Paris, seu marido trabalha com tecnologia, e ambos estão fazendo malabarismos para, além de cumprir o expediente e suas tarefas, garantir os cuidados e a educação do filho de 6 anos.
Para também garantir algum tempo de diversão para ambos no sagrado fim de semana, eles instituíram uma regra compartilhada: no sábado e no domingo, cada um deles tem três horas sozinho, em qualquer espaço que possam encontrar no apartamento.
"Os outros membros da família fingem que a pessoa descansando não está por perto", diz Seftel.
"Alternamos manhãs e tardes. No último fim de semana, consegui o sábado de manhã e domingo à tarde para ler na varanda ao sol, me trancar no quarto para assistir Netflix, para fazer o que quisesse."
Ciclo 'sintético'
Por que os fins de semana são importantes? Diferentemente da rotação diária de 24 horas da Terra ou de sua jornada de um ano ao redor do Sol, a semana de sete dias é uma construção puramente social, como observa a jornalista Katrina Onstad em seu livro The weekend effect: the life-changing benefits of taking time off and challenging the cult of overwork ("O efeito fim de semana: os benefícios arrebatadores de tirar um tempo de descanso e desafiar o culto ao trabalho excessivo", em tradução livre).
Na verdade, o fim de semana de dois dias nasceu de uma outra crise, uma econômica, lembra Onstad. Na Grande Depressão da década de 1930, muitos setores que ainda não haviam adotado a semana de 40 horas de trabalho concentraram o expediente dos funcionários para cinco dias por semana, com o objetivo de que menos horas de trabalho pudessem ser distribuídas entre mais pessoas.
Em 1938, a semana de trabalho de 40 horas foi consagrada na lei americana com o Fair Labor Standards Act; no Brasil, a Constituição de 1934 passou a prever oito horas de trabalho diário.
Para alguns, a atual pandemia também levará a mudanças de longo prazo.
"Mesmo antes da pandemia de coronavírus, a semana de trabalho tradicional já estava mudando", diz Brad Beaven, professor de História da Universidade de Portsmouth, citando o aumento do trabalho remoto e autônomo.
"Estranhamente, o isolamento social está permitindo ao trabalhador determinar seu próprio ciclo de produtividade, seus intervalos e sua própria rotina de trabalho."
'Traga alguma normalidade de volta'
Equipamento de ginástica interditado em Niterói por conta do coronavírus; consultores sugerem que pessoas 'simulem' rotina dos finais de semana no novo contexto, fazendo exercícios nos mesmos dias por exemplo
Como a atual crise mudará definitivamente os hábitos da sociedade será algo a ser respondido nas cenas dos próximos capítulos.
Para algumas pessoas, porém, estabelecer algum tipo de agenda para os dias e semanas é algo crucial para sobreviver à incerteza e à tensão das próximas semanas.
"Se você não se importar com que as coisas continuem caminhando, isso (controlar o tempo) não tem importância", diz Nir Eyal, consultor de produtividade e autor de Indistraível: como dominar sua atenção e assumir o controle de sua vida.
"Agora, se você precisa realizar as coisas, não é opcional. Precisamos de estrutura em nossos dias e sabemos que, sem ela, as pessoas enlouquecem. Literalmente. As taxas de depressão e ansiedade aumentam [em situações] quando há baixo controle e altas expectativas."
Eyal se refere precisamente a um estudo de 2006 que mostrou que pessoas em empregos onde tinham pouco controle sobre suas condições de trabalho, altas demandas psicológicas e assistência social mínima eram mais propensas a ter distúrbios de saúde mental, como depressão e ansiedade.
Traga isso à nossa situação atual, onde estamos a maioria confinados, sem poder encontrar parentes e amigos, e equilibrando as demandas simultâneas de trabalho, família e educação em meio a uma pandemia. Há muita coisa fora do nosso controle. Manter algum tipo de estrutura diária nos ajuda a focar no que podemos.
"Sugiro que as pessoas encontrem maneiras de replicar o que faziam nos finais de semana, por exemplo, de forma criativa. Você tomava um bom café da manhã aos domingos com as amigas? Faça algumas panquecas em casa e encontre-as no Zoom (plataforma de reuniões online). Sábado era seu dia de correr? Faça uma corrida ao ar livre, mantendo distâncias seguras, ou se exercite em casa", diz Laurie Santos.
"A ideia é encontrar maneiras de simular as rotinas que tínhamos anteriormente, tanto quanto possível, para trazer alguma normalidade de volta à situação estranha em que estamos."
O conteúdo da sua rotina não é tão importante quanto o fato de você ter uma, acrescenta Eyal. A crise atual pode ser uma oportunidade de mudar as coisas e criar um cronograma que acomode seus ritmos, em vez dos do empregador. E você também pode descobrir o que gosta ou não nisso.
Carol Horne, que trabalha para uma instituição de caridade para idosos em Londres, ofereceu aos filhos, de nove e sete anos, a opção de estudar de quarta a domingo, para que ela pudesse ter mais tempo para ajudá-los nos trabalhos escolares durante os fins de semana. Mas sua filha mais velha não se adaptou muito.
"Ela disse que gosta do fim de semana com um sábado e um domingo", conta Horne. "E como a normalidade fugiu pela janela, eu queria dar a ela um pouco de rotina regular para se sentir mais firme."
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Superação | Após uma noite de glória, em que foi decisivo para a vitória de Portugal contra a Inglaterra, o técnico Luiz Felipe Scolari afirmou que uma das chaves para o triunfo da seleção portuguesa foi a “superação” dos jogadores.
“A gente fica feliz porque Portugal é uma equipe que tem um bom trabalho, um bom toque de bola, mas muitas vezes faltava essa parte de ser mais aguerrida, e hoje a gente já tem isso”, afirmou o treinador.
Muito elogiado pela imprensa e pelos torcedores portugueses pelas mudanças que fez durante a partida, Scolari tem impressionado pela maneira como motiva os jogadores de uma equipe que, até pouco tempo atrás, tinha a apatia como ponto fraco.
Depois da vitória contra a Inglaterra, o técnico protagonizou uma das cenas mais marcantes da noite ao, emocionado, comemorar a vitória portuguesa, com abraços ao goleiro Ricardo (uma das apostas do treinador) e bandeiras do Brasil e de Portugal.
Eusébio
Um dos torcedores mais eufóricos com a classificação de Portugal para as semifinais da Eurocopa era o ex-jogador Eusébio, maior craque da história do futebol português.
Durante a disputa de pênaltis, Eusébio não controlou a emoção, desceu ao gramado e correu em direção ao goleiro Ricardo. “Lembrei-me de uma frase do meu amigo Yashin (lendário goleiro soviético) que dizia que, para defender um pênalti, o goleiro deve ficar parado e olhar quem vai bater a bola”, disse o ídolo português.
Quando o jogo acabou, em estado de euforia, Eusébio – que sofreu a derrota mais marcante de sua carreira contra a Inglaterra, na semifinal da Copa do Mundo de 1966 – entrou no campo, ajoelhou-se e beijou o gramado.
“Estávamos a chorar. Ele (Ricardo) disse ‘obrigado, king’. Eu respondi que o que interessava era a bandeira de Portugal. Hoje (quinta-feira), sou um homem feliz”, afirmou Eusébio.
Beckenbauer luso
Além do técnico Luiz Felipe Scolari e do goleiro Ricardo, os portugueses também elegeram outros heróis pela vitória contra a Inglaterra: o atacante Postiga, o meia Rui Costa e o zagueiro Ricardo Carvalho.
Apontado pela Uefa como o melhor jogador em campo, Ricardo Carvalho - campeão europeu com o Porto - já havia recebido muitos elogios por suas atuações contra a Rússia e a Espanha.
O zagueiro, que ganhou a posição do veterano Fernando Couto após a derrota de Portugal na estréia contra a Grécia, despertou o interesse de vários clubes europeus, incluindo Real Madrid, Barcelona, Manchester United e Inter de Milão.
O status de Ricardo Carvalho entre os portugueses chegou a tal ponto que, na edição desta sexta-feira, o diário esportivo A Bola descreve o jogador como o “Beckenbauer luso”.
A rótula de Nedved
Sensação da primeira fase da Eurocopa, a seleção da República Checa tem como principal destaque o meia Pavel Nedved, que recebeu no ano passado o tradicional prêmio Bola de Ouro (entregue pela revista France Football ao melhor jogador do futebol europeu).
Nos treinos que antecedem a semifinal contra a Dinamarca, o médico da seleção checa, Petr Krejci, revelou que Nedved não é especial apenas por seu talento, mas também por ter um joelho “diferente”.
“A maioria das pessoas tem apenas um osso na rótula. Um por cento possui dois ossos, mas três... só o Nedved”, afirmou Krejci.
O médico checo disse que a descoberta surgiu em exames realizados quando o jogador atuava na Lazio, da Itália. De acordo com Krejci, a rótula dividida em três faz com que Nedved corra de uma forma muito peculiar, como se estivesse se arrastando.
Bola redonda
A partida das quartas-de-final que vai definir o próximo adversário de Portugal, entre Holanda e Suécia, deve colocar o atacante Zlatan Ibrahimovic contra seus companheiro de clube no Ajax.
“Falei com alguns deles, mas não disse nada de especial. Vai ser engraçado jogar contra alguns dos meus colegas de equipe”, afirmou o camisa 10 da seleção sueca.
Ibrahimovic, que conta com o apoio no ataque do veterano Henrik Larsson, disse que a partida contra a Holanda será complicada, mas demonstrou confiança com as chances de vitória.
“Nos jornais, a Holanda é favorita, mas não devemos ser subestimados. É difícil, mas a bola é redonda e tudo pode acontecer”, filosofou o atacante sueco.
Adversários cordiais
O outro duelo do fim de semana pelas quartas-de-final da Eurocopa reúne as seleções da Dinamarca e da República Checa. A partida também terá um confronto entre jogadores que defendem o mesmo clube: o meia dinamarquês Martin Jörgensen e o lateral checo Marek Jankulovski, do Udinese, da Itália.
“Ele me disse que preferia nos enfrentar na final. Não pode ser, paciência”, comentou o jogador da seleção dinamarquesa.
O clima de cordialidade para o duelo entre as duas equipes ainda foi reforçado pelo treinador da Dinamarca, o ex-jogador Morten Olsen, que elogiou muito o estilo ofensivo da seleção checa.
“A República Checa é um dos bons exemplos. Tem um futebol atrativo e assume a vontade de ganhar. Será, seguramente, um bom jogo de futebol”, disse o técnico dinamarquês.
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As feridas continuam abertas. | Quase três anos depois dos ataques às torres, a investigação da tragédia provoca choros, gritos e bate-bocas em Nova York.
A mesma comissão “Nove Onze” que esteve em Wahington investigando por que os ataques não puderam ser evitados pelo governo passou dois dias em Nova York investigando como a cidade reagiu aos ataques e que lições aprendeu para o próximo encontro com Osama Bin Laden.
Nova York reagiu com coragem, rapidez, incompetência e a mais elementar falta de comunicação.
Entre outras falhas, o chefe das operações do corpo de bombeiros, Joseph Pfeifer, um homem com um currículo brilhante, apertou o botão errado do rádio.
No documentário dos franceses, o chefe aparece no comando das operações no lobby da torre norte dando ordens ao irmão dele e outros bombeiros para subir até o 70º andar.
O sistema de rádio que ele não conseguiu operar é conhecido como repetidor e, se tivesse funcionado, os bombeiros poderiam ter ouvido quando veio a ordem para evacuar o prédio, logo depois da queda da torre sul.
Nos dois prédios morreram 343 bombeiros, inclusive o irmão de Pfeifer.
A outra falta de comunicação elementar foi com o sistema 911 para emergências.
Nas crises, este é o número fundamental, mas em 11 de setembro, as operadoras não sabiam como responder às chamadas desesperadas vindas das torres.
Muitos foram aconselhados a ficar onde estavam, outros a descer dois andares abaixo do andar em chamas e aguardar novas instruções, e outros a tentar chegar ao teto do prédio.
Todas instruções mortais.
Pfeifer, o chefe do corpo de bombeiros no lobby e as operadoras do 911 sabiam menos sobre a tragédia em curso do que quem estava assistindo pela televisão.
Hoje a cidade tem vários planos de emergência, mas admite que os hospitais não podem lidar com mais de 10 mil feridos ao mesmo tempo.
A polícia e os bombeiros ainda não têm um sistema de rádio que funcione em todas as situações e ainda não ficou claro quem dará as ordens na próxima tragédia.
O novo comando unificado criado pelo prefeito Michael Bloomberg tem dois chefes, um da polícia e outro do corpo de bombeiros, uma das disputas mais antigas e mal resolvidas na história de Nova York.
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- Você é brasileiro?
| - Sou.
- Eu também, e tenho um banco. Porque você não deposita seu dinheiro comigo?
Entre brasileiros, isso é picaretagem pura, mas entre libaneses funciona. É uma das milhares de histórias verdadeiras de libaneses bem sucedidos no mundo.
A deste banqueiro aconteceu em Nova York. O imigrante George Atalla, chegou do Líbano em 78 e foi morar mal no bairro de Queens. Quase sem inglês, ralou daqui e dali e acabou empregado num banco.
Graças às suas conexões libanesas, telefônicas e outras, enriqueceu. Esta solidariedade da colônia, a ponto de entregar seu dinheiro só porque é patrício é uma das explicações do sucesso do imigrante libanês.
Mas serão eles os imigrantes mais bem sucedidos do mundo? Esta é uma sacada recente de Sthepen J. Dubner , jornalista, autor de quatro livros e mais conhecido como co-autor de Freaknonomics e Super- Freakonomics.
Um argumento mais forte do sucesso libanês é adversidade. Houve duas grandes ondas imigratórias libanesas, uma de 1870 até 1920 e outra a partir de 1975, na guerra civil. Os principais destinos foram Estados Unidos, Brasil, Canadá, Argentina, Austrália e África do Sul. Onde foram deram certo.
O libanês Nassim Taleb, no seu último livro, Antifragile: Things that Gain from Disorder (Antifrágil, coisas que ganham com a desordem), sustenta, entre tantas coisas que ganharam com a desordem, está o vigor libanês não só fora, mas também dentro do Líbano.
“Parece caótico, mas é mais estável do que o Egito que parecia tão sólido. A estabilidade saudita também é falsa”, afirma.
A pequena cidade onde ele vivia, completamente destruída na guerra civil, hoje está mais prospera do que nunca. “Com tantos problemas, o índice de homicídios no Líbano é mais baixo do que nos Estados Unidos e muito mais baixo do que no Brasil”, diz Taleb.
Carlos Slim, mexicano libanês, é o segundo homem mais rico do mundo. O brasileiro libanês Carlos Ghosn, super executivo, é modelo global.
A lista dos libaneses milionários e líderes em suas áreas é imensa. A dos bem educados não é menor. Nos Estados Unidos, a proporção de libaneses com teses de doutorado é uma das mais altas do país.
Guga Chacra, colega jornalista bem sucedido, neto de imigrante libanês e filho de um médico não menos bem sucedido, é um especialista no assunto que estudou na universidade Columbia.
Guga: "É impressionante como imigrantes de um país minúsculo se deram bem em New Hampshire, Montreal, São Paulo, Cidade do México, Porto Príncipe, Monrovia, Riad, Sidney e Paris. No Brasil, por exemplo, a revista Veja fez um levantamento para escolher os melhores médicos por especialidade em São Paulo. Sete dos 21, incluindo meu pai, são de origem sírio-libanesa. Sem falar no hospital Sírio-Libanês”.
Mas Chacra, que se refere aos imigrantes como sírio-libaneses, não afirma que sejam os mais bem sucedidos do mundo. Seguramente estão entre os mais bem sucedidos, mas coloca junto com eles os judeus alemães e os armênios. Mas qual a explicação do sucesso?
Chacra acha que o Líbano é o único país do mundo sem maioria religiosa. “Cristãos, xiitas, sunitas têm 30% cada e os druzos os outros 10%. Esta experiência de não ser maioria facilita muito na hora de imigrar, por saberem o que é ser minoria, assim como os judeus."
O Líbano tem hoje 4,5 milhões de habitantes. Entre 15 a 16 milhões de libaneses imigrantes e descendentes vivem mundo afora. Nenhum outro país tem esta proporcionalidade. Nosso colega jornalista, o judeu Caio Blinder, escreveu “que o grande negócio do pequeno Líbano é exportar libaneses”.
Obrigado, Caio, pela citação. Minha consciência diz que deveria mandar o dinheiro desta coluna para o Guga, que perdeu horas comigo, mas meu lado judeu falou mais alto. Vou ficar devendo.
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INTRODUÇÃO |
Os Estados Unidos são uma República federativa de 50 Estados. Os criadores da Constituição, escrita em 1787, queriam impedir
a concentração de poder nas mãos de indivíduos ou grupos, então estabeleceram um governo de instituições separadas que divide
poderes.
A autoridade é exercida em três camadas de governo, o nacional, o estadual e o local, com o povo americano elegendo seus representantes
em cada um deles.
No nível nacional, o governo é dividido em três poderes autônomos - Legislativo, Executivo e Judiciário. Cada um tem suas
responsabilidades distintas, e pode limitar parcialmente a autoridade dos outros através de um complexo sistema de monitoramento
e avaliação.
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O mundo parece ter uma nova obsessão. | Dennis Rodman e Michael Jordan celebrando mais um título da NBA com os Chicago Bulls
Num flashback aos anos 90, o documentário da ESPN e da Netflix The Last Dance conta a história do Chicago Bulls e sua estrela Michael Jordan na busca pelo sexto título da NBA na temporada 1997-98, com imagens inéditas.
Ele supostamente ultrapassou a série Tiger King como o documentário mais visto do mundo.
A obsessão pode ser em parte sintomática da triste ausência de esportes reais em nossas vidas agora.
Mas provavelmente também tem algo a ver com o fato de que esta série oferece uma visão fascinante de uma das maiores equipes esportivas de elite do mundo e, na figura de Jordan, um dos atletas mais emblemáticos.
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Aqui estão apenas algumas coisas que aprendemos.
Jordan teve que dar duro
Seis títulos da NBA, All-Star 14 vezes, MVP da NBA cinco vezes (ambos são premiações por desempenho no time), medalhista de ouro olímpico duas vezes, criador da linha de tênis Air Jordan e do filme Space Jam.
Conhecemos Jordan agora como o rei do basquete, mas ele teve que trabalhar para isso.
No início, ele não era nem o melhor jogador de sua família quando criança - na infância competia com seu irmão Larry. Foi também a rigidez de seu pai que o motivou a trabalhar duro.
"Se você quiser fazer o Michael dar seu melhor por alguma coisa, diga que ele não pode fazer algo", diz o pai, James.
Na Universidade da Carolina do Norte, ele não fez parte da equipe da faculdade em seu segundo ano, mas isso só o fez buscar mais. O ex-assistente de técnico da Universidade da Carolina do Norte, Roy Williams, diz que Jordan disse a ele: "Eu vou lhe mostrar - ninguém nunca vai se esforçar tanto quanto eu".
Uma história de sua segunda temporada no Bulls ilustra sua ética de trabalho. Depois de ser nomeado Novato do Ano da NBA pela temporada 1984-85, Jordan quebrou o pé. Frustrado por ter sido deixado de lado, ele conseguiu voltar para a faculdade e lá, sem o conhecimento da gerência da equipe, começou a praticar sozinho.
"Quando voltei ao Bulls, meus músculos da panturrilha na perna machucada estavam mais fortes do que os músculos da perna não lesionada", diz ele.
O médico da equipe disse a ele que ele tinha 10% de chance de encerrar ali sua carreira se jogasse, mas Jordan pediu tanto que, eventualmente, a administração permitiu que ele jogasse por sete minutos por jogo, nos quais ele arrastava uma equipe bastante medíocre até que ela chegou aos play-offs.
Em 1991, finalmente venceu seu inimigo, o Detroit Pistons, e levou o campeonato da NBA naquele ano contra o LA Lakers, de Johnson.
Johnson diz que Jordan "me abraçou e começou a chorar".
O contrato de Scottie Pippen
Namore alguém que olha para você como Pippen olhava para Michael Jordan
Scottie Pippen era o melhor número dois do mundo no basquete, um gigante do jogo e orgulhoso dono de uma voz de barítono extremamente suave.
"Sempre que as pessoas falam Michael Jordan, também devem falar do Pippen", diz Jordan. "Eu o considero meu melhor companheiro de equipe de todos os tempos."
Uma subtrama da série é como ele foi maltradado em seu contrato, em comparação com outros jogadores.
No episódio dois, ficamos sabendo que, durante a temporada 1997-98, ele foi classificado em segundo lugar no Bulls em pontuações, rebotes e minutos jogados e primeiro em assistências, mas estava apenas em sexto em termos de salário.
Ele também era o 122º na lista de salários da NBA na época.
Vindo de uma família pobre de 12 filhos de Hamburgo, no Estado do Arkansas, ele diz que assinou um contrato de longo prazo de US $ 18 milhões em 1991 por segurança.
"Eu senti que não podia me dar ao luxo de não conseguir um contrato", diz ele. "Eu precisava ter certeza de que as pessoas na minha família seriam atendidas".
Inevitavelmente, isso levou a um pouco de conflito em 1997-98 com o então gerente geral do Bulls, Jerry Krause, quando Pippen fez uma cirurgia e disse que nunca mais jogaria no Bulls. No final das contas, ele voltou.
Às vezes, Dennis Rodman só precisa de umas férias
Dennis Rodman era o 'bad boy' do basquete
Você deve lembrar de Dennis Rodman mais recentemente por seu trabalho com, sim, a Coreia do Norte.
Nos anos 90, ele era o 'bad boy' do basquete, famoso por seus penteados coloridos, roupas malucas e relacionamento com Madonna, além de suas habilidades de recuperação na quadra.
E, como aprendemos em The Last Dance, às vezes ele só precisava de umas férias. Provavelmente também é melhor ter um plano de contingência porque ele pode não voltar quando você pedir.
Há uma parte incrível do episódio três, em que Rodman pede férias, no meio da temporada. Pippen esteve fora por um pedaço da temporada e Rodman foi preencher a vaga.
Jordan diz: "Enquanto Scottie estava fora, Dennis fez tudo certinho, até o ponto em que começou a ficar louco, então, quando Scottie voltou, Dennis quis tirar férias".
O técnico Phil Jackson autoriza um descanso de 48 horas. Em Las Vegas. Jordan não leva fé.
"Phil, você deixou esse cara sair de férias, não vamos vê-lo de novo; você o largou em Las Vegas, definitivamente não o veremos mais", diz ele.
E de fato ele não voltou em 48 horas.
"Ele tinha necessidade de escapar, gostava de sair, gostava de ir a boates. Não parava", diz Carmen Electra, sua namorada na época.
Seus ex-companheiros de equipe e treinador parecem concordar que, para tirar o melhor proveito de Rodman, você tinha que deixar ele livre.
Como o ex-técnico Chuck Daly diz, "você não põe uma sela num Mustang (tipo de cavalo selvagem)".
Rodman, campeão por cinco vezes, certamente sabia de sua importância para o Bulls: "Eu amo Michael Jordan até a morte. Eu amo Scottie Pippen, todos esses caras. Mas eles realmente não fazem as coisas que eu faço".
Ensinamentos do treinador Phil Jackson
Phil Jackson foi treinador do Chicago Bulls and do Los Angeles Lakers e com eles venceu 11 títulos da NBA
O técnico Phil Jackson, que conduziu o Bulls por todos esses sucessos, é, como Rodman, um pouco independente. Ele inclusive escreveu um livro sobre ser um rebelde.
Maverick (dissidente ou rebelde, em inglês), livro de Jackson e Charles Rosen, lançado em 1975, descreve, entre outras coisas, a experiência de um jovem Jackson ao tomar ácido e pensar que era um leão, "rugindo pela praia em Los Angeles".
Ele integra técnicas Zen budistas e história dos americanos nativos no treinamento.
Jackson enxerga Rodman como um "Heyoka" ou "pessoa que anda para trás", descrito na cultura americana nativa como alguém que se move e reage de maneira oposta às pessoas ao seu redor.
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As mulheres ejaculam? | As jovens dizem que não é necessária a criação de uma 'Penepedia' porque já há muito mais informações sobre os genitais masculinos que femininos
Depois de conversar sobre o assunto com seu namorado da época, em 2016, a jornalista americana Zoe Mendelson decidiu fazer essa pergunta ao Google.
"Encontrei um monte de informação boba e de pouca qualidade. Assim, consultei publicações médicas e tentei compreender o que diziam. Mas não entendia nada, porque não sabia de que partes do corpo estavam falando e nem suas localizações e funções", lembra Zoe em uma conversa por telefone com a BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"Percebi que era um problema importante o fato de que toda a informação que eu podia acessar ou era besteira ou insuficiente para mim". Outra conclusão: "E que eu não sabia nada sobre o meu próprio corpo."
'Vergonha é perigosa'
Dois anos depois desse episódio, ela e uma amiga, a ilustradora mexicana María Conejo, acabam de estrear um projeto fruto dessa busca por - boas - respostas. É a Pussypedia, uma enciclopédia digital gratuita que se propõe a oferecer informações amplas e confiáveis sobre o corpo feminino.
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Ela é dedicada à pussy, termo coloquial em inglês que se usa para denominar a vulva - mas ao qual as criadoras do portal deram uma definição mais ampla, como explica a página delas: "Uma combinação de vagina, vulva, clitóris, útero, bexiga, reto, ânus e, quem sabe, alguns testículos".
Será que a pergunta de Zoe Mendelson sobre a ejaculação feminina foi respondida?
Mas, em pleno século 21, com movimentos feministas como o #MeToo e tantos outros na internet e nas ruas, além da educação sexual integrada a muitos currículos escolares e da internet ao alcance de boa parte da população, por que um projeto assim seria necessário?
María responde com duas frases: "A vergonha é perigosa" e "Conhecimento é poder".
"Acho que superestimamos a quantidade de progresso obtida (na igualdade de gênero). Seguimos vivendo com muitíssima desigualdade e vergonha de nossos corpos. E nossa sexualidade, ainda que mais aceita na sociedade, continua internalizada em nós", diz Zoe.
María concorda: "Todos temos uma atitude como se assumíssemos que já sabemos muitas coisas sobre nosso corpo. Por isso mesmo, não fazemos perguntas sobre certas coisas: porque supõe-se que já deveríamos sabê-las. Mas, na verdade, essa mesma atitude nos limita muito".
Com colaboradores, Zoe e María montaram um portal que tem conteúdo em inglês e em espanhol. Desde julho, quando entrou no ar, a enciclopédia recebeu 130 mil visitas.
Ali, são respondidas dúvidas que podem ir desde os assuntos mais simples, como a forma de lavar a vulva, aos mais complexos, como a relação entre agrotóxicos e fertilidade. Cada artigo inclui uma lista de fontes usadas.
Um próximo passo desejado pela dupla é acrescentar mais conteúdo sobre a saúde sexual transgênero.
María Conejo aplicou na 'Pussypedia' seu trabalho de anos representando o corpo feminino de uma forma incomum
E uma 'penepedia'?
Apesar dos objetivos pela transparência e qualidade, às vezes, há perguntas que simplesmente não têm resposta.
Segundo as fundadoras da Pussypedia, isso se deve ao fato de que os genitais femininos (deixando de lado sua função reprodutiva) foram menos estudados que os masculinos.
"Não pude nem responder à minha pergunta inicial", lamenta Zoe. "Falta muita informação que hoje é desconhecida ou que não tem acordo na comunidade científica. Por exemplo, de que tipo de tecido é feito a maior parte do corpo do clitóris."
Por isso, a dupla descarta a necessidade de uma "penepedia", uma enciclopédia sobre o pênis e o sistema reprodutivo masculino.
"Se você procurar qualquer livro médico ou de saúde, vai ver muitas seções. Sobre a vagina, menos", diz a jornalista.
Conejo comemora que a logo da Pussypedia tenha ilustrado uma 'vagina aberta' de uma forma não agressiva para quem lê
Mas, destaca María, ter mais informações disponíveis não significa que os homens tenham um interesse proporcional para buscá-las.
"Acho que eles sabem menos", diz a artista mexicana. "Apesar de existirem muitas informações sobre os pênis, acho que há na masculinidade uma atitude de não querer se inteirar sobre o que se passa nos corpos deles, e menos ainda nos nossos."
Já no caso das mulheres, o interesse foi expresso na vaquinha online que fizeram no Kickstarter para reunir fundos para a Pussypedia: o objetivo de arrecadação foi alcançado em apenas três dias. No final, elas conseguiram três vezes mais do que a meta inicial, chegando a US$ 22 mil (cerca de R$ 87 mil).
O dinheiro as ajudou no impulso inicial, mas depois de "dois anos trabalhando de graça", elas agora precisam que o projeto gere renda se quiserem cumprir a ambição de atualizá-lo continuamente e de pagar a colaboradores.
'Seguimos vivendo com muitíssima desigualdade e vergonha de nossos corpos. E nossa sexualidade, ainda que mais aceita na sociedade, continua internalizada em nós', diz Zoe.
Por isso, no site há a opção de patrocinar um artigo ou de comprar ilustrações de María.
"Tenho tentado há cinco anos fazer representações do corpo feminino que exploram a sexualidade ou a refletem de uma maneira diferente, como transformar a maneira como percebemos o corpo nu", diz a ilustradora.
"Então, acho que a Pussypedia foi um projeto no qual tudo que eu aprendi durante todo esse tempo finalmente se transformou em algo."
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Mistério resolvido. | Tumba de Tutancâmon: possibilidade de que túmulo guardasse ainda mais segredos foi levantada pelo arqueólogo britânico Nicholas Reeves, em 2015
Os trabalhos para descobrir o que havia dentro das câmaras ocultas supostamente encontradas na tumba do faraó Tutancâmon terminaram — e o resultado causou perplexidade.
A conclusão? As câmaras nunca existiram.
Antes da investigação mais recente, as autoridades egípcias chegaram a afirmar que tinham "90% de certeza" de que existiam espaços desconhecidos no túmulo do Faraó, visitado por centenas de milhares de pessoas desde que foi descoberto pelo britânico Howard Carter em 1922.
Uma das teorias apontava, inclusive, que o túmulo da rainha Nefertiti — que alguns especialistas consideram a mãe de Tutancâmon — poderia estar escondido no local.
No entanto, novas pesquisas concluíram que essas cavidades ocultas simplesmente não existem.
Nefertiti?
A possibilidade de que o túmulo de Tutancâmon tivesse mais segredos do que os já descobertos começou a ser levantada pelo trabalho do arqueólogo britânico Nicholas Reeves.
Ao examinar imagens digitalizadas e em alta resolução da câmara sepulcral da tumba, Reeves descobriu fissuras e rachaduras artificiais nas paredes que, em sua opinião sugeríam a existência de duas portas escondidas que levariam a cavidades ocultas.
Em um relatório de 2015 intitulado O enterro de Nefertiti?, o renomado arqueólogo argumentou que todo o local teria sido projetado para Nefertiti e depois adaptado para Tutancâmon, por isso, os restos mortais da rainha estariam na parede do lado oposto ao sarcófago do jovem faraó.
Os restos de Nefertiti nunca foram encontrados e têm sido objeto de grande especulação.
Busto de Nefertiti, exposto em Berlim: havia a expectativa de que restos mortais da rainha estivessem escondidos na tumba de Tutancâmon
Uma escultura de 3 mil anos de idade da rainha, imagem que hoje pode ser vista em Berlim, fez dela a mulher mais representativa do Egito Antigo.
Especialistas acreditam que Nefertiti governou o Egito no período entre a morte de seu marido e a ascensão de Tutancâmon - que foi faraó entre 1.332 e 1.323 a.C., aproximadamente.
Após a publicação do documento de Reeves, uma série de pesquisas foi realizada apoiando sua teoria das câmaras secretas.
Decepção
Os resultados da nova investigação encomendada para esclarecer o caso foram divulgados neste domingo.
Uma equipe de especialistas da Universidade Politécnica de Turim, liderada pelo doutor Francesco Porcelli, usou um radar de grande precisão para explorar a rocha e concluiu que atrás da parede da tumba não há nada, detalhou o Ministério de Antiguidades do Egito em um comunicado.
"Talvez seja um pouco decepcionante não haver nada atrás das paredes da tumba de Tutancâmon, mas, por outro lado, isso mostra uma boa pesquisa científica", disse Porcelli.
O arqueólogo britânico Nicholas Reeves viu fissuras e rachaduras artificiais nas paredes da tumba como indícios de possíveis câmaras secretas
Também não há indícios da existência de paredes de uma câmara funerária, como colunas ou vigas de portas, por trás dos afrescos que adornam a tumba.
Porcelli explicou que analisou três diferentes levantamentos de dados e comparou os resultados para eliminar as distorções que afetaram buscas anteriores.
O ministro de Antiguidades do Egito, Khaled al-Anani, aceitou os resultados e considerou o mistério resolvido.
E o sonho de encontrar Nefertiti acabou interrompido.
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Vela | Robert Scheidt assumiu a liderança da classe Laser nesta quinta-feira, mesmo sem ter obtido resultados bons.
Na primeira regata do dia Scheidt ficou em 19º. Na segunda, foi o 12º.
Na classificação geral o brasileiro tem 37 pontos perdidos, contra 42 do austríaco Andreas Geritzer, o segundo colocado.
A classe Laser tem mais duas regatas a serem disputadas nesta sexta-feira, e uma a ser corrida no domingo.
Mais vela
Ricardo Winicki, o Bimba, também está na liderança no iatismo, na classe Mistral.
Ele venceu uma regata pela primeira vez na competição nesta quinta-feira.
Bimba tem 13 pontos perdidos, seguido pelo israelense Gal Fridman, com 21 pontos perdidos.
Natação I
Thiago Pereira chegou em quinto lugar na final dos 200m medley, com 2m00s11.
A prova foi vencida pelo americano Michael Phelps, que nadou em 1m57s14, estabelecendo um novo recorde olímpico.
Phelps agora tem seis medalhas em Atenas: quatro de ouro e duas de bronze.
Natação II
Gabriel Mangabeira classificou-se para a final dos 100m borboleta com o quinto tempo (52s33).
O melhor nadador na semifinal foi o americano Michael Phelps, que tinha acabado de ganhar o ouro nos 200m medley e fez 51s61, batendo o recorde olímpico.
Ele foi seguido pelo ucraniano Andriy Serdinov e por outro americano, Ian Crocker.
A final dos 100m borboleta vai ser disputada nesta sexta-feira, às 13h37 (horário de Brasília).
Natação III
O nadador Fernando Scherer, o Xuxa, fez 22s27 na sua semifinal e não se classificou para as finais dos 50m.
Scherer conquistou a medalha de bronze nesta prova nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996.
“Faz tempo que eu não nado, nadei muito bem. É chato nadar bem e não ter a chance de nadar de novo amanhã", disse Xuxa.
“Foi muito rápido. Nadei 22s27, um tempo melhor do que quando ganhei bronze em Atlanta”.
Handebol
A seleção brasileira de handebol feminino está em quarto lugar em seu grupo, depois da derrota desta quinta-feira para a Ucrânia.
A partida terminou em 21 a 19 para as ucranianas. O Brasil agora tem uma vitória e uma derrota na competição.
O próximo jogo da seleção brasileira vai ser neste sábado, às 15h30 (horário de Brasília), contra a Hungria, que lidera o grupo, invicta.
Basquete
Quando parecia que o time americano de basquete masculino repetiria o resultado da estréia, quando perdeu para Porto Rico, Tim Duncan e Allen Iverson assumiram o comando da jogadas e levaram a equipe a uma vitória sobre a Austrália.
Os australianos lideraram os três primeiros quartos e chegaram ao último quarto ganhando por 67 a 65.
O resultado final foi 89 a 79 para os Estados Unidos, que continuam em segundo no grupo B, atrás de Porto Rico.
Judô
Edinanci Silva perdeu a final da repescagem da italiana Lucia Morico por waza-ari e não tem mais chances de disputar a medalha de bronze em Atenas.
Na luta anterior da repescagem, a brasileira venceu a americana Nicole Kubes.
Nas quartas-de-final, a judoca perdeu da francesa Celine Lebrun, medalhista de prata nos Jogos de Sydney, em 2000.
Em sua primeira luta na competição da categoria meio-pesado (até 78kg), Edinanci venceu Houda Ben Daya, da Tunísia, por ippon, em 3min17 de luta.
Mais judô
O judoca brasileiro Mário Sabino, que luta na categoria meio-pesado (até 100kg), perdeu a chance de disputar uma medalha de bronze em Atenas.
Em sua primeira luta, Sabino perdeu por ippon para o israelense Ariel Zeevi.
O brasileiro precisava que Zeevi chegasse à semifinal para disputar a repescagem, mas o israelense perdeu sua terceira luta para o coreano So Yeon Lee.
Remo
Anderson Nocetti venceu a final C do skiff simples com o tempo de 6min53s64 e ficou com a 13º colocação na classificação geral.
Já Fabiana Beltrame marcou 7min43s38, tempo que garantiu o segundo lugar na final C do skiff simples feminino. Ela terminou na 14ª colocação no geral.
Mais remo
Os brasileiros Thiago Gomes e José Carlos Sobral não conseguiram se classificar para a final C do skiff duplo peso leve, que define do 13º ao 18º colocado.
Os remadores chegaram em último lugar na bateria de que participaram, com o tempo de 6min26s98, e agora disputam a prova que vai definir o 19º lugar.
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Sósia italiano | Na defesa de Totti, suspenso por três jogos por cuspir no dinamarquês Poulsen, a advogada Giulia Bongiorno disse que o jogador italiano não se reconhecia nas imagens de TV.
"Eu, Francesco Totti, não me reconheço no Francesco que vocês viram nas imagens", dizia a declaração lida por Giulia Bongiorno.
A advogada também tentou argumentar que Totti teria sido vítima da fama, já que a imagem teria sido capturada por uma câmera que ficou os 90 minutos da partida focada no italiano.
"Isso pode ser uma armadilha no futuro, já que, na minha opinião, não existe nenhum jogador que, filmado por 90 minutos, não se envolva em nenhuma atividade mais ou menos ilícita ou tenha comportamento antiesportivo."
Os juízes da Uefa não parecem ter comprado o argumento.
Guerra de nervos
O jogo do próximo domingo entre Portugal e Espanha promete muita tensão, e os jornais dos dois países já iniciaram uma 'guerra de nervos' em torno do clássico.
A imprensa espanhola apelou à ironia para sugerir uma preocupação com a arbitragem e citou o lance que resultou na expulsão do goleiro russo Ovchinnikov como um exemplo de como Portugal poderia receber "uma mãozinha".
Já os portugueses acusaram os jornais do país vizinho de tentar desestabilizar a seleção nacional ao noticiar uma suposta "panelinha" de Luís Figo e Rui Costa contra Deco.
Scolari, o vermelho
Scolari se irritou com a palavra "revolução", usada pela imprensa portuguesa para qualificar sua decisão de substituir quatro jogadores da seleção nacional que haviam sido titulares contra a Grécia.
"Tenho 23 jogadores, e todos podem jogar", afirmou o treinador.
"Fiz apenas uma modificação tática no posicionamento do Figo e um conjunto de pequenos acertos face à velocidade do nosso adversário."
Revolução ou não, todos concordam que a nova formação deu resultado e pode ter marcado o fim de uma era com a presença de ídolos nacionais, como os veteranos Rui Costa e Fernando Couto, no banco de reservas.
Nem todos são hooligans
A polícia portuguesa prendeu 25 pessoas, a maioria durante os jogos Holanda x Alemanha e República Checa x Letônia, pela venda ilegal de ingressos e por pequenos furtos e infrações.
Na cidade do Porto, 17 cambistas foram presos antes do clássico entre alemães e holandeses. Duas romenas que entraram de maneira ilegal em Portugal e três ingleses e uma russa com dinheiro falso também foram detidos.
Em Lisboa, um português de 24 anos também foi preso após roubar objetos no valor de 700 euros de uma torcedora sueca.
Em outro incidente, cerca de dez romenos disfarçados de torcedores furtaram 300 carteiras na cidade de Guimarães durante o confronto entre Itália e Dinamarca no Estádio Dom Afonso Henriques.
Só falta assinar
Declaração de Deco, na zona mista, após a vitória contra a Rússia, sobre a ida para o Chelsea:
"Tenho praticamente tudo resolvido com o Chelsea. Só faltam os testes médicos e assinar o contrato, o que farei após a Eurocopa. Nem sei qual é a duração do contrato, mas está tudo encaminhado."
"É importante continuar a trabalhar com Mourinho (ex-técnico do Porto, agora no Chelsea). É um treinador que conheço bem. É sinônimo de sucesso."
O meia também confessou que o passe para Maniche marcar o primeiro gol de Portugal contra a Rússia saiu sem querer. "Não foi um passe. Eu errei o chute, errei o arremate, e a bola acabou sobrando para o Maniche."
Diferença salgada
Até agora os ingleses ainda estão se perguntando como Portugal conseguiu construir sete estádios e reformar mais três gastando apenas US$ 680 milhões.
Só os sete estádios novos têm uma capacidade combinada de 290 mil lugares.
O novo estádio de Wembley, no norte de Londres, vai custar quase o dobro: US$ 1,3 bilhão - se o orçamento não for revisto mais uma vez.
Especialistas ingleses dizem que a diferença se deve ao custo do terreno, da mão-de-obra e ao fato de que Wembley, com 90 mil assentos, exige solução de engenharia mais sofisticada para garantir evacuação rápida em caso de emergência.
* Com a redação em Londres
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Há uma distorção, uma discrepância. | No Uruguai, existem problemas que vão além de uma cultura de nostalgia no país
O Uruguai aparece como um dos melhores países das Américas em estudos que levam em consideração qualidade de vida, igualdade e democracia.
Mas localmente, o Uruguai não parece muito feliz.
Em termos econômicos, por exemplo, os uruguaios costumam responder a pesquisas com pessimismo e angústia, apesar de terem a maior renda por pessoa na região há 7 anos, uma taxa de pobreza de países europeus e a economia crescendo constantemente nos últimos 16 anos, o melhor registro de sua história moderna.
Em meio às crises políticas que eclodiram na América Latina nas últimas semanas, a natureza excepcional do Uruguai parece ainda mais evidente.
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Mas não é isso que costumam pensar os uruguaios.
Uma explicação que se costuma citar é que os uruguaios têm o hábito de menosprezar o que é seu e projetar um perfil discreto.
Mas existe outra segundo a qual existem problemas concretos e sérios no Uruguai, em comparação com seu próprio passado ou mesmo em termos regionais.
"As coisas parecem diferentes quando vistas de perto", diz Juan Grompone, engenheiro e escritor uruguaio.
Durante a campanha presidencial para as eleições de 27 de outubro, esse lado sombrio do Uruguai entrou em debate.
Não se acredita que tudo seja culpa da Frente Amplio, a coalizão que está no poder há 15 anos, mas que "quem vencer terá o desafio de não deixar o país ficar para trás em relação aos demais do mundo", segundo o filósofo e jornalista Facundo Ponce de León.
Após 15 anos de governos de esquerda, pela primeira vez a Frente Amplio poderia perder a presidência ou a maioria parlamentar
"Certamente somos piores do que vocês pensam lá fora", acrescenta o cientista político Adolfo Garcé.
"Quer dizer, em termos gerais, estamos bem, mas o Uruguai está bem porque é um país crítico, porque o inconformismo é uma tradição. E não podemos ficar satisfeitos com a situação de segurança, educação e trabalho."
A esses três aspectos, especialistas acrescentam outros, como a alta taxa de suicídios e o aumento do narcotráfico, que fazem parte daquele outro Uruguai que não consta do primeiro parágrafo da página da Wikipedia no país.
Velhos e crianças, vulneráveis
O Uruguai tem a segunda maior taxa de suicídio na América Latina depois da Guiana, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Com 20,25 mortes por 100.000 habitantes em 2018, um aumento de 3% em relação a 2017, esse número é o dobro da média mundial.
Para uma pergunta tão complexa quanto a razão pela qual tantos uruguaios cometem suicídio, existem várias respostas que combinam fatores sociais, familiares e pessoais, mas um fato repetido por especialistas é que os principais grupos de risco são idosos e adolescentes.
A expectativa de vida ao nascer no Uruguai é de 77, uma das mais altas da América Latina e do Caribe, segundo a Organização Mundial da Saúde
O Uruguai, com uma expectativa de vida de um país desenvolvido, possui a segunda população mais velha da região, depois de Cuba. Os críticos dizem que os sistemas de acompanhamento público são insuficientes e os incipientes e privados são muito caros.
O fato de 12% dos uruguaios terem mais de 60 anos também implica adaptar o trabalho, a saúde e os sistemas de pensão a uma realidade - envelhecimento da população - que países como o Japão ou a Alemanha não foram capazes de enfrentar.
A outra população em risco de suicídio no Uruguai também faz parte de uma situação social vulnerável: uma em cada cinco crianças nasce na pobreza.
Além disso, estudos locais descobriram que 60% sofrem algum tipo de abuso e as taxas de dislexia, obesidade e déficit de ferro são comparadas às de países três vezes mais pobres, segundo dados do Ministério da Saúde.
"As crianças não têm voz no Uruguai", diz Gonzalo Frasca, pesquisador e renomado designer de videogame com conteúdo político e educacional.
"Se você não conhece seus desejos e necessidades, se não os ouve, não pode forçá-los a estudar da mesma maneira que não pode forçar alguém a se apaixonar", acrescenta.
As crianças da América Latina nascem em situações complexas e o Uruguai não é exceção
Sistema educativo do passado
É difícil estabelecer relações causais, mas o que foi descrito acima é somado ao fato de que o abandono escolar no Uruguai é um dos mais altos da região: apenas 40% dos estudantes que ingressam no ensino médio concluem esse nível.
Desde os anos 50, o sistema educacional mais inclusivo e bem-sucedido da América Latina começou a ficar para trás, dizem os especialistas.
O problema da educação foi tratado com aumentos no orçamento e, por 10 anos, com um esquema para fornecer a cada professor e aluno um computador, o Plano Ceibal.
Mas não basta, de acordo com Frasca: "Estar à frente da educação continental criou um conformismo que eliminou a autocrítica. O Plano Ceibal nos levou de volta à liderança regional inovadora, o que é bom, mas nos deixou tão satisfeitos que esquecemos de lidar com outros problemas educacionais sérios".
"A ditadura (1973-1985) preocupava-se particularmente com a educação, mas isso gerou um estresse pós-traumático na esquerda e na intelectualidade, que consideravam que a maneira de proteger a educação era por meio da política. E de tanta proteção acabaram por sufocá-la", explica o acadêmico.
Por ter sido tão boa, paradoxalmente, a educação no Uruguai hoje é a mesma da primeira metade do século e sua modificação implica processos políticos complexos, burocráticos e políticos longos, concordam os analistas.
Além de fornecer computadores para crianças em idade escolar através do Plano Ceibal, o Estado uruguaio concede tablets a adultos mais velhos
O desafio de superar a exportação
Segundo dados oficiais de 2018, cerca de 3,5 milhões de pessoas vivem no Uruguai, enquanto cerca de 500.000 uruguaios vivem no exterior.
A fuga de cérebros é outro problema para a educação, porque a capacidade de ensino e pesquisa é perdida.
Mas isso também tem impacto no emprego, porque dificulta a modernização do sistema de produção em um país com uma tradição de exportação de carne e produtos agrícolas ameaçada pela automação.
O Instituto Nacional de Estatística informou que o desemprego no ano passado foi de 9,8%, a taxa mais alta desde 2007 e, segundo o Banco Mundial, uma das mais altas da América Latina.
"Desde 2014, vimos uma desaceleração da economia, que cresceu, mas houve setores que entraram em recessão, como construção e partes de indústrias", diz Laura Raffo, economista e consultora.
"Nesse cenário, muitos empreendedores reduziram a disposição de contratar", acrescenta.
Embora tenha se diversificado, a economia uruguaia ainda é muito dependente das exportações
Embora a economia uruguaia tenha se diversificado nos últimos 15 anos, ainda é muito dependente dos preços internacionais de matérias-primas. Uma preocupação comum entre especialistas e candidatos à presidência é que o país fique para trás do resto mundo.
"Ninguém diria que no Uruguai não precisamos de um treinamento melhor, especialmente técnico e digital, para preparar a mão de obra para o mundo no qual todas as empresas estão entrando no mercado de trabalho", conclui Raffo.
Insegurança
A calma que destacou o Uruguai nos últimos 30 anos parece ter sido interrompida na última década.
Somente em 2018, os homicídios aumentaram 45%, os roubos com violência 53% e os sem violência, 23% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério do Interior.
Embora os números permaneçam proporcionalmente baixos em comparação com o resto da América Latina, a mudança modificou a qualidade de vida de muitos, que - sobrecarregados por histórias de insegurança em conversas, redes sociais e mídia - colocam grades, cercas elétricas e alarmes em suas casas.
São histórias que os uruguaios não estavam acostumados a ouvir, nem era comuns as notícias reportarem a apreensão de centenas ou milhares de toneladas de cocaína, como é o caso agora.
Nos últimos anos, foi revelado que o Uruguai é um porto de saída para drogas produzidas na Colômbia, Peru e Bolívia, fenômeno que, para alguns especialistas, explica o aumento da criminalidade no país.
"Por fora, ainda existe uma imagem ligeiramente idílica de um país das maravilhas", diz Ponce de León. A realidade é mais complexa
Recuperar o que foi perdido
E então o que tudo isso significa? Que você não pode ir, viver, ficar calmo no Uruguai?
Não. O Uruguai continua sendo um dos países mais seguros, prósperos e iguais da América Latina.
"No exterior ainda existe uma imagem levemente idílica de um país das maravilhas. É verdade que se nos compararmos com o Brasil e a Argentina, há uma estabilidade institucional e econômica aqui", diz Ponce de León.
Frasca acrescenta: "Ou por causa do esnobismo e do racismo, nossa cultura sempre preferiu se comparar à Europa. Portanto, se um vizinho do Brasil ou da Argentina vier invejando nossa situação política, ainda reclamaremos porque não os usamos como referência".
Há também um componente histórico, segundo Garcé: "Fomos educados com a ideia de que na primeira metade do século 20 houve um tempo de glória. Então sempre houve o desejo de recuperar os tempos perdidos, na política, na economia, em cultura e futebol".
Nem país perfeito nem país fracassado: é o Uruguai, apenas.
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Créditos
| Reportagem e produção: Karenina Velandia
Direção e produção: Charlie Newland
Produção Executiva: Jenny Norton
Produção de campo: Kelvin Brown
Designers UX: Alice Grenie e Cecilia Tombesi
Consultor interativo 360º: Ben Fogarty (Holoscribe, fundador e diretor)
Agradecimento especial
A Celeste Olalquiaga pelos dados sobre o Helicóide e aos detentos, parentes, representantes legais e defensores dos direitos humanos que contribuíram com esta reportagem.
Imagens de arquivo
Celeste Olalquiaga, diretora do site proyectohelicoide.com e co-editora, junto com Lisa Blackmore, do livro Downward Spiral: El Helicoide's Descent from Mall to Prison
Arquivo Fotografía Urbana / Proyecto Helicoide.
Vídeos e fotos
Diana López, família González, Assembleia Nacional da Venezuela, David Smolansky, Getty.
Fontes
OEA, Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Human Right Watch, Anistia Internacional, Una Ventana a la Libertad, Foro Penal, Justicia y Proceso, Fundación Bengoa, Fundo Monetário Internacional, Cáritas e ONU.
Nota da redação
Alguns nomes e detalhes foram modificados para proteger a identidade dos entrevistados.
Os prisioneiros entrevistados para esta reportagem já foram libertados e muitos já não vivem mais na Venezuela.
Os espaços foram recriados a partir dos depoimentos dos entrevistados e correspondem ao período que passaram no Helicóide. Além disso, usamos fotografias recentes e material de arquivo.
O depoimento dos agentes penitenciários foi dublado pelos jornalistas da BBC News Mundo Rafael Chacón e José Miguel Pinochet.
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"Este é o meu corpo." | A religião é um fenômeno corporal porque a maneira religiosa de existência evoluiu por milhões de anos conforme os corpos de nossos ancestrais interagiam com outros corpos ao seu redor
Essas palavras, gravadas nos testamentos como tendo sido pronunciadas por Jesus durante a Última Ceia, são ditas diariamente em igrejas do mundo todo antes da comunhão. Quando cristãos ouvem essas palavras faladas no presente, somos lembrados do passado, que está sempre conosco.
Mas quanto do passado é lembrado pelos cristãos? Sem dúvida os últimos dois milênios, marcados também por disputas de doutrinas, divisão de igrejas, episódios de violência, excomunhões, pronunciamentos papais e vários debates metafísicos, todos orbitando em torno da comunhão.
Mas nós podemos ir ainda mais para trás no tempo, para o desenvolvimento das tradições orais que foram fixadas em textos que incorporaram o Novo Testamento. E podemos retroceder ainda mais, muito antes do surgimento do Cristianismo. Afinal de contas, Jesus era judeu e seu ato de partir o pão com os discípulos nos lembra da história inteira do povo judeu, incluindo sua fuga da escravidão egípcia e o recebimento do Torah no Sinai.
É possível, porém, ir ainda mais longe. Qualquer refeição religiosa é, antes de mais nada, uma refeição. É um ato de compartilhar uma mesa, certamente um ritual importante no Antigo Oriente. O sêder (jantar cerimonial judaico em que se recorda a libertação do povo de Israel), e depois a comunhão, foram "apropriados" teológica e liturgicamente, mas os sentimentos positivos sobre compartilhar uma refeição já estavam lá. Esses sentimentos existem desde a emergência dos humanos modernos, há 200 mil anos.
Fim do Talvez também te interesse
O compartilhamento de comida é comum em várias religiões antigas - e pode refletir algumas preocupações pré-históricas
E, ainda assim, o homo sapiens não foi a única espécie a descobrir os benefícios do compartilhamento de comida. Os neandertais certamente compartilhavam seus recursos, por exemplo.
"Pense em caçadores e coletores comendo", me disse um de meus professores de teologia quando comecei a me perguntar sobre a profunda história evolucionária por trás da eucaristia. "Os caçadores se orgulhavam de ter se dado bem e compartilhavam com sua família, os que preparavam a comida são reconhecidos e apreciados, todas as barrigas ficam cheias e todos se sentem bem. Surgem diversas interações sociais positivas. Não é à toa que tanto conteúdo mitológico é construído em torno da comida."
Mas o compartilhamento de comida precede nossos ancestrais humanos e é observada em chimpanzés e bonobos. Aliás, um artigo recentemente publicado documentou uma pesquisa sobre bonobos dividindo comida com bonobos de fora de seu grupo social. Barbara Fruth, uma das autoras do estudo, disse à revista digital Sapiens que a divisão de comida "deve ter origem no nosso último ancestral em comum". Com base no relógio molecular, o último ancestral em comum de humanos e macacos viveu há 19 milhões de anos.
Quando eu ouço as palavras "este é meu corpo", minha mente imediatamente me leva para uma linha da evolução humana.
Religião profunda
Comecei este texto com uma discussão sobre a eucaristia porque minha tradição religiosa em particular é a cristã. Mas o argumento que estou fazendo - que as experiências religiosas têm histórias muito específicas e longas - poderia ser feito com a maioria dos fenômenos religiosos. Isso é porque, nas palavras do sociólogo Robert Bellah, "nada é perdido". A história vai até o fim da linha para trás, e quem, como e onde estamos agora é o resultado de seu desenrolar. Qualquer fenômeno humano que existe é um fenômeno humano que se tornou o que é. Não há uma religião menos verdadeira.
Se nós formos pensar sobre a profunda história da religião, precisamos ser claros sobre que religião é essa. Em seu livro O Bonobo e o Ateu, o primatologista Frans de Waal conta uma história engraçada sobre sua participação em um painel da Academia Americana da Religião. Quando um participante sugeriu que eles começassem definindo o que é religião, alguém comentou que, da última vez que tentaram fazer isso, "metade da audiência raivosamente deixou o local". "E isso em uma academia com esse nome!", disse Waal.
Ainda assim, precisamos começar de algum lugar, então Waal sugere a seguinte definição: "a reverência compartilhada ao sobrenatural, sagrado ou espiritual, assim como os símbolos, rituais e adoração associados". A definição de de Waal ecoa outra dada pelo sociólogo Émile Durkheim, que também enfatizou a importância das experiências compartilhadas que "unem uma comunidade moral".
A importância da experiência compartilhada não pode ser desconsiderada já que, na história que estamos contando, a evolução da religião humana é inseparável da cada vez maior sociabilidade da linha hominídea. Como diz Bellah, a religião é uma maneira de ser. Nós também podemos encará-la como uma maneira de sentir, uma maneira de sentir juntos.
Seguidores da Igreja Batista de Nazaré escalam a Montanha sagrada de Nhlangakazi. Crenças e rituais religiosos ajudam a unir grupos de pessoas
Enquanto boa parte dos estudos científicos sobre religião serem sobre religiões com uma doutrina com base teológica, o psicólogo evolucionário Robin Dunbar acredita que essa é uma maneira limitada de estudar o fenômeno porque "ignora completamente o fato de que a maior parte das religiões da história humana tiveram um outro formato, de estilo xamânico, que não tinha deuses nem códigos morais". (Dunbar se refere a xamânico no sentido de religiões cujas experiências geralmente envolvem êxtase e viagem até mundos espirituais). Enquanto esses formatos baseados na teologia têm apenas alguns poucos milhares de anos e características de sociedades pós-agricultoras, Dubar afirma que os modelos xamânicos têm mais de 500 mil anos. São característicos de comunidades de coletores e caçadores, diz ele.
Se queremos entender como e por que a religião evoluiu, Dunbar diz que precisamos começar examinando as religiões "descascando os acréscimos culturais". Nós precisamos focar menos em questões sobre grandes deuses e crenças e mais nas capacidades que surgiram entre nossos antigos ancestrais que permitiram a eles criar uma maneira religiosa de estar junto.
Adaptação ou subproduto?
Afinal de contas, todas as sociedades têm algum tipo de religião. "Não há exceção para isso", diz Waal.
Há duas grandes perspectivas sobre o motivo disso. Uma é chamada funcionalismo ou adaptacionismo: a ideia de que a religião tem benefícios evolucionários positivos, que mais frequentemente são definidos em termos de sua contribuição para a vida em grupo. Como diz Waal: "se todas as sociedades têm religião, deve ter um propósito social".
Outros adotam a visão de que a religião é um "spandrel", um subproduto de processos evolucionários. A palavra "spandrel" aqui se refere a um formato arquitetônico que é um cruzamento entre arcos e o teto. A religião, segundo essa interpretação, é como um órgão obsoleto. Talvez foi um fator de adaptação nos ambientes em que originalmente se desenvolveu, mas, neste ambiente em que vivemos, não se adapta mais.
Ou talvez as crenças religiosas sejam o resultado de mecanismos psicológicos que evoluíram para resolver problemas ecológicos não relacionados com religião. De qualquer forma, a evolução não aspirava criar a religião, ela surgiu conforme a evolução buscava outras coisas.
Enquanto pessoas de ambos lados do debate têm seus motivos, não parece útil definir a evolução da religião em termos preto no branco. Algo que foi meramente um subproduto de um processo evolucionário pode muito bem ter sido usado por seres humanos para alguma função ou para resolver um problema específico.
Fiéis muçulmanos fazem suas orações da tarde (Isha) na Caba. Emoções como reverência, lealdade e amor são centrais para muitas celebrações religiosas
Isso pode ser verdade para muitos comportamentos - incluindo música - mas a religião apresenta um quebra-cabeça particular, já que frequentemente envolve comportamentos extremamente custosos, como altruísmo e, às vezes, até autossacrifício.
Por esse motivo, alguns teóricos como Dunbar argumentam que nós devemos também olhar além do indivíduo: para a sobrevivência do grupo.
Isso é conhecido como seleção de múltiplos níveis, que "reconhece que benefícios de saúde podem às vezes ter efeitos em nível de grupo, em vez de ser apenas o produto direto de ações individuais", define Dunbar.
Um exemplo é a caça coletiva, que permite que grupos cacem mais do que qualquer membro conseguiria caçar individualmente. Caçar coletivamente significa mais para mim, mesmo que eu tenha que dividir a carne (já que o animal sendo dividido já é maior do que qualquer coisa que eu conseguiria caçar sozinho).
Não há uma história da religião de uma criatura individualmente. Nossa história é sobre nós.
Sentimentos primeiro
Se queremos entender religião, então precisamos olhar para nossa história profundamente para entender como nossos ancestrais humanos evoluíram para viver em grupos em primeiro lugar.
Nós somos, afinal de contas, descendentes de uma longa linha de hominídeos com "laços sociais fracos e sem estruturas de grupo permanentes", diz Jonathan Turner, autor do livro A Emergência e Evolução da Religião. Isso levou Turner ao que ele considera a pergunta de US$ 1 milhão: "como a seleção de Darwin trabalhou na neuroanatomia dos hominídeos para fazê-los mais sociais para que eles pudessem gerar conexões sociais para formar grupos? Isso não é algo natural para macacos".
Nossa linha de macacos evoluiu do nosso último ancestral comum há 19 milhões de anos. Os orangotangos se separaram entre 13 e 16 milhões de anos atrás e o gorila entre 8 e 9 milhões. A linha do hominídeo se dividiu em duas entre 5 e 7 milhões de anos atrás, com uma das linhas levando aos chimpanzés e bonobos e outra até nós. Nós, humanos modernos, compartilhamos 99% dos nossos genes com chimpanzés - o que significa que somos os macacos mais próximos da linha inteira.
As semelhanças entre humanos e chimpanzés são bem conhecidas, mas uma diferença importante tem a ver com tamanho do grupo. Chimpanzés, em média, conseguem manter um grupo de 45 elementos, diz Dunbar. "Parece que esse é o maior tamanho de grupo que pode ser mantido por aliciamento", diz ele. O tamanho médio de um grupo humano é de 150, conhecido como "o número de Dunbar". O motivo disso, segundo ele, é que os humanos têm a capacidade de chegar a ter três vezes mais contatos sociais do que os chimpanzés devido uma certa quantidade de esforço social. A religião humana vem dessa capacidade maior de sociabilidade. Como?
Como nossos ancestrais símios se mudaram de habitats de florestas para ambientes mais abertos, como as savanas no leste e sul da África, as pressões de Darwin agiram sobre eles para torná-los mais sociáveis e assim ter maior proteção de predadores e um melhor acesso a comida. Também tornou mais fácil achar um parceiro. Sem a habilidade de manter novas estruturas - como pequenos grupos de cinco ou seis chamados famílias nucleares - esses macacos não teriam sido capazes de sobreviver, segundo Turner.
Então como a natureza realizou esse processo de socialização? Turner diz que a chave não está no que tipicamente entendemos como inteligência, mas com as emoções, que foram acompanhadas por algumas mudanças importantes na estrutura do nosso cérebro. Ele afirma que as alterações mais importantes têm a ver com as partes subcorticais do cérebro, o que deu aos hominídeos a capacidade de sentir um leque mais amplo de emoções. Essas emoções a mais promoveram a conexão, uma conquista crucial para o desenvolvimento da religião.
Sentimentos religiosos complexos muitas vezes são a combinação de muitas emoções. A reverência, por exemplo, é uma mistura de medo e felicidade
O processo de melhoramento da região subcortical a que Turner se refere data de 4,5 milhões de anos atrás, quando o primeiro Australopitecos surgiu. Inicialmente, a seleção aumentou o tamanho de seus cérebros em 100 centímetros cúbicos (cc) além do cérebro dos chimpanzés, para cerca de 450 cc (no Australopitecos afarensis). Para fazer uma comparação, isso é menor nos hominídeos mais recentes - o Homo habilis tinha uma capacidade cranial de 775 cc, enquanto o Homo erectus tinha uma um pouquinho maior, de 800-850. Os humanos modernos, por outro lado, tem um cérebro muito maior do que qualquer um desses, com uma capacidade cranial de até 1.400 cc.
Mas esse tamanho cerebral menor não significa que nada estava acontecendo no cérebro do hominídeo. Turner diz que o tamanho do cérebro não reflete o melhoramento subcortical que estava acontecendo entre o surgimento do Australopitecíneo (cerca de 4 milhões de anos atrás) e do Homo erectus (1,8 milhão de anos atrás). "Está na história de como esses mecanismos [subcorticais] evoluíram que as origens da religião podem ser descobertas."
Apesar do neocórtex dos humanos ser três vezes o tamanho da dos macacos, o subcórtex é apenas duas vezes maior - o que leva Turner a acreditar que o aprimoramento das emoções dos hominídeos estava em curso antes que o neocórtex começasse a crescer para o tamanho humano atual.
Como a natureza conseguiu isso? Você provavelmente já ouviu falar sobre as chamadas quatro emoções primárias: agressão, medo, tristeza e felicidade. Qual sua primeira impressão sobre essa lista? Três das emoções são negativas. Mas a promoção da solidariedade demanda emoções positivas - então a seleção natural teve que encontrar uma maneira de "desligar" as emoções negativas e aumentar as positivas, diz Turner. As capacidades emocionais dos grandes macacos (principalmente os chimpanzés) já eram mais elaboradas que as de muitos outros mamíferos, então a seleção natural já tinha uma boa base para começar o trabalho.
Nessa altura de seu argumento, Turner introduz o conceito de elaborações de primeira e segunda ordem, que são emoções que resultam de combinações de duas ou mais emoções primárias. Então, por exemplo, a combinação de felicidade e raiva gera vingança, enquanto a inveja é resultado de raiva e medo. A reverência, que está muito presente na religião, é a combinação de medo e felicidade. Elaborações de segunda ordem são ainda mais complexas e ocorreram na evolução do Homo erectus (1,8 milhão de anos atrás) para Homo sapiens (cerca de 200 mil anos atrás). Culpa e vergonha, por exemplo, duas emoções cruciais para o desenvolvimento da religião - e são a combinação de tristeza, medo e raiva.
Muçulmanos da Cashemira celebram o Eid-e-Milad-un-Nabi, o aniversário do profeta
É difícil imaginar a religião sem a capacidade de experienciar essas elaborações emocionais pelo mesmo motivo que é difícil imaginar grupos sociais próximos sem elas: essa paleta emocional nos une uns aos outros num nível visceral. "As solidariedades humanas só são possíveis por excitações emocionais que estão ligadas a emoções positivas - amor, felicidade, satisfação, cuidado, lealdade - e a mitigação do poder das emoções negativas, ou ao menos de algumas emoções negativas", diz Turner. "E uma vez que essas novas valências de emoções positivas são neurologicamente possíveis, elas podem se tornar interligadas com rituais ou outros comportamentos que geram emoções para aumentar as solidariedades e, eventualmente, produzir noções de deuses poderosos e forças sobrenaturais."
Sem querer pular muito para frente, é importante entender como alguns sentimentos cruciais estão presentes na evolução da religião. Não havia qualquer diferença entre sentimentos religiosos e outros sentimentos. "É um argumento para o materialismo", escreveu ele em um artigo, "aquela água fria na cabeça de repente, um estado de espírito análogo a esses sentimentos, que podem ser considerados realmente espirituais. Se isso é verdade, então isso significa que as causas dos sentimentos religiosos podem ser identificadas e estudadas assim como qualquer outro sentimento".
Ritual
Como a seleção trabalhou em estruturas cerebrais existentes, aumentando capacidades emocionais e interpessoais, algumas propensões a comportamentos de primatas começaram a evoluir. Entre elas estão: a habilidade de ler olhares e rostos e imitar gestos faciais, várias capacidades para sentir empatia, a habilidade de ficar emocionalmente excitado em contextos sociais, a capacidade de fazer rituais, um sentimento de reciprocidade e justiça e a habilidade de se enxergar como parte de um ambiente. Um aumento na paleta emocional disponível para os macacos resultaria em um aumento de todas essas capacidades comportamentais, segundo Turner.
Apesar de muitos, se não todos, desses comportamentos terem sido documentados em macacos, eu quero concentrar em dois deles - ritual e empatia - sem os quais a religião seria impensável.
Em uma gravação de arquivo, a primatologista e antropóloga Jane Goodal descreve a dança da cachoeira que foi observada em chimpanzés. Vale a pena citar seus comentários aqui:
"Quando os chimpanzés se aproximam, eles ouvem esse som estrondoso e você vê que seus cabelos ficam um pouco em pé e eles se movimentam com maior rapidez. Quando chegam lá, eles ficam se balançando ritmicamente, geralmente em pé, pegando pedras grandes e as jogando por uns 10 minutos. Às vezes, agarram cipós e se balançam até onde há borrifadas de água e eles ficam na água, que geralmente evitam. Depois, você os verá sentados em uma pedra que realmente fica na correnteza, olhando para cima, observando a água conforme ela cai e então assistindo a ela correr e desaparecer". Eu não consigo evitar a sensação de que essa dança é provocada pelo sentimento de reverência e espanto que sentimos."
O cérebro do chimpanzé é como o nosso: eles têm emoções que são claramente similares ou as mesmas que as que chamamos de felicidade, tristeza, medo, desespero e assim por diante - suas habilidades intelectuais incríveis que costumamos pensar que são únicas a nós. Então por que eles não teriam sentimentos de algum tipo de espiritualidade, que é se sentir impressionado por coisas maiores que você mesmo?
Goodall observou um fenômeno parecido acontecer durante uma chuva pesada. Essas observações levaram a pesquisadora a concluir que os chimpanzés são tão espirituais quanto nós. "Eles não conseguem analisar, não falam sobre, não podem descrever o que sentem. Mas você sente que está tudo trancado dentro deles e a única maneira de expressar isso é através dessa fantástica dança rítmica." Além dessas demonstrações que Goodall descreve, outros observaram demonstrações carnavalescas, sessões de bateria e vários rituais de gritos.
As origens do ritual estão no que Bellah chama de "brincadeira séria" - atividades feitas sem uma razão, que podem não servir imediatamente à sobrevivência, mas que têm "uma potencialidade muito grande de desenvolver mais capacidades". Esse ponto de vista se encaixa com várias teorias da ciência do desenvolvimento, que mostram que atividades de lazer são muitas vezes cruciais para o desenvolvimento de habilidades importantes como teoria da mente ou análise contrafactual.
A brincadeira, nesse sentido evolucionário, tem muitas características únicas: precisa ser perfomada "em um lugar relaxado" - quando o animal está alimentado e saudável e não estressado (por isso que é mais comum em espécies com maior cuidado parental). A brincadeira também acontece em saltos: tem um começo e um fim claros. Entre cachorros, por exemplo, a brincadeira é iniciada com uma reverência. A brincadeira envolve um senso de justiça, ou ao menos igualdade: animais grandes precisam se colocar em desvantagem para não machucar animais menores. Além disso, a brincadeira envolve o corpo.
Judeus ultraortodoxos participam de um ritual Tashlich, durante o qual os pecados são jogados na água para os peixes
Agora compare isso ao ritual, que é performado e que envolve o corpo. Rituais começam e terminam. Eles envolvem intenções e atenções compartilhadas. Há regras envolvidas. Eles acontecem em um horário durante um certo tempo - além do tempo do cotidiano. (Pense, por exemplo, em um jogo de futebol no qual a bola não pode ser pega além dos limites e o tempo pode ser pausado. Nós regularmente participamos de modos de realidade nos quais conscientemente "saímos do mundo real". A brincadeira também permite que façamos isso). O mais importante de tudo, diz Bellah, é que a brincadeira é uma prática em si mesma e "não algo com um fim externo".
Bellah chama o ritual de "forma primordial de brincadeira séria na história da evolução humana", o que significa que o ritual é o um aprimoramento das capacidades que tornam a brincadeira possível na linha mamífera. Há uma continuidade entre as duas. E, por mais que Turner reconheça que pode ser um pouco forçado se referir a uma dança da cachoeira de chimpanzés como um ritual com R maiúsculo, é possível afirmar que "essas propensões comportamentais ritualísticas sugerem que parte do que é necessário para o comportamento religioso faz parte do genoma dos chimpanzés e, portanto, dos hominídeos".
Empatia
O segundo traço que consideramos é empatia, que não está primariamente na cabeça. Está no corpo - ao menos é onde ela é iniciada. Segundo Waal, começa "com a sincronização de corpos, correr quando outros correm, rir quando outros riem, chorar quando outros choram ou bocejar quando outros bocejam".
Monges budistas lançam lanternas ao céu durante o festival Yee Peng em Chiang Mai. O ritual simboliza a liberação de bondade e benevolência
A empatia é absolutamente central para o que chamamos de moralidade, diz Waal. "Sem empatia, você não tem moralidade humana. Ela nos torna interessados nos outros. Nos faz ter participação emocional." Se a religião, segundo nossa definição, é uma maneira de estar junto, então a moralidade, que nos instrui sobre as melhores maneiras de estar junto, é uma parte intrínseca disso.
De Waal foi criticado ao longo dos anos por oferecer uma interpretação cor de rosa de um comportamento animal. Em vez de ver o comportamento animal como altruísta e, portanto, advindo de um senso de empatia, nós deveríamos, segundo esses cientistas, ver esse comportamento como ele é: egoísmo. Os animais querem sobreviver, ponto. Qualquer ação que eles tomem precisa ser interpretada nesse ponto de vista.
O pesquisador, no entanto, acredita que essa é uma maneira enganosa de falar sobre altruísmo. "Nós vemos que os animais querem dividir a comida mesmo que isso tenha um custo. Nós fazemos experimentos e a conclusão geral é que a primeira reação dos animais é ser altruísta e cooperativo. Tendências altruísticas são muito naturais para muitos mamíferos."
Mas não seria isso autopreservação? Os animais não estariam agindo de acordo com seus interesses próprios? Se eles se comportam de uma maneira que pareça altruísta, não estariam eles apenas se preparando para um momento em que precisarão de ajuda? "Chamar isso de egoísta porque no final essas tendências sociais têm benefícios?". Para de Waal, isso é esvaziar o sentido da palavra egoísta.
Sim, é claro que há sensações prazerosas associadas com a ação de dar algo ao outro. Mas a evolução produziu sensações prazerosas para comportamentos que precisamos performar, como fazer sexo e comer. O mesmo é verdade para o altruísmo, diz Waal. Isso não altera fundamentalmente o que o comportamento é.
Manter uma linha tão dura entre altruísmo e egoísmo, portanto, é na melhor da hipóteses ingênuo e, na pior, mentiroso. E nós podemos ver o mesmo com discussões de normas sociais. Filósofos como David Hume distinguiram o que um comportamento "é" e o que "deve ser", o que virou a base para a deliberação ética. Um animal pode performar o comportamento x, mas ele faz isso porque ele sente que deveria - por causa de uma norma?
Mulheres preparam comida para pessoas sem-teto durante um evento natalino de caridade
Essa é uma distinção que Waal encontrou ao falar com filósofos segundo os quais nenhuma dessas observações de empatia ou moralidade nos animais podem determinar se eles têm ou não regras. De Waal discorda, argumentando que os animais reconhecem normas.
Há exemplos simples, como uma teia de aranha ou um ninho. Se você causar algum dano a eles, o animal vai reparar rapidamente porque eles têm regras sobre como ninhos e teias devem funcionar e que aparência devem te. Ou eles abandonam o objeto ou começam de novo e consertam. Os animais são capazes de ter objetivos e de se esforçar para realizá-los. No mundo social, se eles brigam, em seguida se reúnem e tentam reparar o prejuízo. Eles tentam voltar a um estado. Eles têm normas sobre como essa distribuição deve ser. A ideia de que normatividade é restrita aos humanos não é correta.
No livro O Bonobo e o Ateu, Waal diz que os animais parecem possuir um mecanismo para reparação social. "Cerca de 30 diferentes espécies de primatas se reconciliam após brigas e essa reconciliação não é limitada aos primatas. Há evidências desse mecanismo em hienas, golfinhos, lobos e cabras domésticas."
Ele também achou evidências de que os animais "ativamente tentam preservar a harmonia em sua rede social ao se reconciliar após o conflito, protestando contra divisões desiguais e acabando com brigas entre si. Eles se comportam normativamente no sentido de correção, ou tentativa de correção de desvios de um estado ideal. Eles também demonstram autocontrole emocional e antecipação de resolução de conflito para evitar esse tipo de desvio. Isso faz com que a diferença entre o comportamento primata e a moral humana não seja tão grande como pensado anteriormente".
Obviamente existe uma diferença entre reparação social primata e a institucionalização de códigos morais centrais no coração das sociedades modernas humanas. Mesmo assim, diz de Waal, todos esses "sistemas morais humanos usam tendências primatas".
Quão longe essas tendências vão? Provavelmente, assim como as capacidades que permitiram a brincadeira (e consequentemente o ritual), até o surgimento do cuidado parental. "Durante 200 milhões de anos de evolução mamífera, fêmeas preocupadas com suas crias se reproduziram mais do que as frias e distantes", diz de Waal. É claro que o cuidado com a cria é um comportamento visto em espécies de peixes, crocodilos e cobras, mas as capacidades de cuidado dos mamíferos representam um salto gigante na história da evolução.
O começo da religião
As religiões de hoje podem parecer muito distantes da brincadeira entre mamíferos e da empatia que surgiram no nosso passado distante, e, de fato, a religião institucionalizada é muito mais avançada que uma dança da cachoeira. Mas a evolução nos ensina que fenômenos complexos e avançados se desenvolvem a partir de começos simples. Como Bellah nos lembra, nós não viemos de lugar nenhum. "Nós estamos imersos em uma profunda história biológica e cosmológica".
As religiões de hoje podem parecer muito distantes de suas origens antigas, mas assim como todos os comportamentos, estão profundamente imersas na história da evolução
Conforme a linha do macaco evoluiu do nosso último ancestral comum em ambientes mais abertos, foi necessário pressionar macacos, que preferem viver sozinhos, a formar estruturas sociais mais permanentes. A seleção natural foi capaz de realizar essa impressionante proeza ao aprimorar as paletas emocionais que há muito tempo estavam disponíveis aos nossos ancestrais. Com um leque mais amplo de emoções, o cérebro do hominídeo foi capaz de aprimorar suas capacidades, algumas das quais naturalmente os levaram a uma maneira religiosa de existir no mundo. Como essas capacidades são mais desenvolvidas com o crescimento do cérebro humano e o desenvolvimento do neocortex, comportamentos como brincadeira e rituais entraram uma nova fase no desenvolvimento hominídeo, transformando a matéria bruta a partir da qual a evolução começaria a institucionalizar a religião.
Apesar dessa história não determinar quem somos - para cada nova fase na história da vida há um poder maior de agência - essa história biocosmológica influencia tudo que fazemos e como somos. Até a mais aparentemente autônoma decisão humana é tomada dentro de uma história. Essa é a ideia por trás disso tudo. É isso o que temos mantido em mente conforme voltamos para as sementes evolucionárias que floresceriam - de maneira muito devagar - na religião humana.
Apesar de interpretar teologicamente as palavras "este é meu corpo", eu não deveria ignorar o fato de que a comunhão é sobre corpos - o meu, o seu, o nosso. A religião é um fenômeno corporal porque a maneira religiosa de existência evoluiu por milhões de anos conforme os corpos de nossos ancestrais interagiam com outros corpos ao seu redor. Se alguém toma a comunhão ou se considera religioso, nós estamos navegando nossos mundos sociais com nossas capacidades evoluídas de brincar, empatizar e celebrar rituais entre nós.
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Cruyff dispara | Maior jogador da história do futebol holandês, Johan Cruyff disparou críticas para todos os lados ao comentar a maneira como as seleções de Portugal e Holanda se apresentaram até agora na Eurocopa 2004.
“Portugal começou mal a Eurocopa. É indiscutível que se trata de uma equipe com bons jogadores, mas tem um técnico um pouco medroso”, disse o ex-jogador sobre o brasileiro Luiz Felipe Scolari, treinador da seleção portuguesa.
“Quando está a ponto de perder, (Scolari) coloca em campo jogadores mais ofensivos, que eu colocaria desde o início. Então, Maniche recua, Deco também, e entra Rui Costa. Assim, quase sempre dominam e ganham as partidas”, acrescentou.
Apesar de dizer que torce “de coração” pela Holanda, Cruyff também reclamou do desempenho da seleção laranja. “Não é o que se espera de uma equipe holandesa. Eu esperava um jogo mais ofensivo e de mais coragem.”.
Beckenbauer escala
Como sempre acontece na reta final dos principais torneios de futebol, jornalistas e comentaristas já preparam as suas listas com os destaques da Eurocopa 2004.
Desta vez, quem iniciou o debate foi o ex-jogador, ex-técnico e ídolo do futebol alemão Franz Beckenbauer. O Kaiser revelou em sua coluna no jornal Bild quais os jogadores que formariam a sua equipe com os melhores da Eurocopa.
A lista do craque alemão é abrangente e inclui jogadores de oito países, mas nenhum das seleções da Itália, França e Espanha – que, assim como a Alemanha, decepcionaram e foram eliminadas do torneio de forma prematura.
O time de Beckenbauer é o seguinte: Ricardo (Portugal); Helveg (Dinamarca), Dellas (Grécia), Campbell (Inglaterra) e Lahm (Alemanha); Nedved (República Checa) e Ballack (Alemanha); Baros (República Checa), Rooney (Inglaterra), Van Nistelrooy (Holanda) e Larsson (Suécia).
Prêmio grego
A Federação Grega de Futebol e os jogadores da seleção da Grécia ainda não chegaram a um acordo sobre o prêmio que será pago aos atletas pelas classificação da equipe para as semifinais da Eurocopa 2004.
Aparentemente, a diferença entre os valores pedidos pelos jogadores, que pretendem receber cerca de 300 mil euros (R$ 1,12 milhão) cada um, e a quantia oferecida pela federação é grande.
Ao longo do torneio, a seleção grega acumulou aproximadamente 10,4 milhões de euros (R$ 39 milhões) em prêmios oferecidos pela Uefa pela participação na primeira fase, pelas vitórias da equipe e pela classificação para as fases seguintes.
No ranking de prêmios, a Grécia aparece atrás apenas da República Checa, que recebeu cerca de 11,4 milhões de euros, e de Portugal, com 10,8 milhões de euros.
Nedved pendurado
A seleção da República Checa entra em campo nesta quinta-feira, pelas semifinais da Eurocopa, contra a Grécia, com três jogadores pendurados com um cartão amarelo: o zagueiro Tomas Ujfalusi, o lateral Marek Jankulovski e o meia Pavel Nedved, principal astro da equipe.
A Federação Checa de Futebol havia pedido que a Uefa voltasse a analisar o lance em que Nedved recebeu o cartão amarelo nas quartas-de-final contra a Dinamarca, mas a solicitação foi rejeitada pela entidade, que manteve a decisão do árbitro russo Valentin Ivanov.
Com isso, se a seleção checa derrotar a Grécia e garantir um lugar na final do torneio, Nedved pode desfalcar a equipe na decisão caso receba outro cartão amarelo na partida desta quinta-feira.
Apesar da situação do craque checo, os jogadores mais jovens da seleção revelaram que têm uma motivação extra para conquistar o título da Eurocopa: homenagear o meia Karel Poborsky, um dos principais jogadores da equipe, que, aos 32 anos, deve abandonar a seleção após o torneio.
A pé e debaixo do sol
A organização da Eurocopa revelou que a estimativa era de que cerca de 10 mil torcedores holandeses acompanhariam à semifinal entre Holanda e Portugal no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Embora a maioria dos torcedores esteja de férias, uma cansativa caminhada estava prevista para a jornada dos holandeses rumo ao estádio.
Pouco mais de três horas antes do jogo, sob escolta policial, os holandeses partiriam, a pé, em direção ao local da partida por um percurso de oito quilômetros, da região conhecida como “baixa de Lisboa” até o Alvalade.
Em um teste às condições físicas dos torcedores holandeses, a temperatura no horário para o qual a caminhada foi marcada costuma girar em torno dos 32° C.
Jogo de risco
A Polícia de Segurança Pública (PSP) portuguesa preparou um esquema de segurança especial para a partida entre Holanda e Portugal, considerada pelas autoridades como um “jogo de risco elevado”.
Os policiais portugueses receberam o apoio de agentes holandeses para evitar o registro de episódios de violência e desordem.
Apesar das precauções, a porta-voz da PSP afirmou que os torcedores holandeses não tem um histórico de violência associado ao esporte e são conhecidos por apoiar também a seleção portuguesa em partidas contra equipes de outros países.
Para chegar a Lisboa, boa parte dos torcedores holandeses reservaram 150 ônibus, sendo que cem deles foram instruídos a levar os passageiros para o aeroporto da capital portuguesa após a partida.
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A mão humana é extraordinária. | Força de seu aperto de mão pode indicar velocidade com que você envelhece
Não só nos permite atirar, agarrar ou apanhar coisas, mas também é um indicador de saúde.
Ao avaliar a quantidade de força que uma pessoa pode gerar com sua pegada, os pesquisadores podem entender a força de uma pessoa, entender a taxa com que ela envelhece e até mesmo diagnosticar certas condições de saúde, como doenças cardíacas e câncer.
A força de preensão pode ser medida por meio de um dinamômetro, a partir do qual a pessoa agarra o aparelho da mesma forma que seguraria um copo, com o cotovelo voltado para o lado e posicionado em ângulo reto.
O instrumento é então pressionado por cerca de cinco segundos. O teste é realizado em ambas as mãos, geralmente com três apertos por mão, e a força média é então medida.
Fim do Talvez também te interesse
Os homens na casa dos 20 e 30 anos têm a maior força, enquanto as mulheres com mais de 75 anos têm a menor.
Homens e mulheres entre 20 e 29 anos são o grupo com maior média de força nas mãos
Em pessoas entre 20 e 29 anos, a pegada média é de 46 quilos de força nos homens e 29 quilos nas mulheres. Essa medida diminui para 39 e 23,5 quilos, respectivamente, quando a pessoa atinge entre 60 e 69 anos.
O que significa ter menos força nas mãos?
Algumas pesquisas mostraram que ter uma força de preensão menor do que a média em comparação com pessoas do mesmo sexo e faixa etária está associado a um risco aumentado de insuficiência cardiovascular. Uma força inferior indica mudanças prejudiciais na estrutura e funções do coração.
Da mesma forma, um aperto mais fraco pode prever uma morte cardíaca, morte por qualquer causa e internações hospitalares por insuficiência cardíaca.
A força de um aperto de mão também pode ser útil para prever a sobrevivência ao câncer. Embora a sobrevivência seja baseada em outros fatores, como tipo de câncer e tempo de diagnóstico, um estudo descobriu que pacientes eram mais propensos a superar o câncer de pulmão quanto mais forte fosse sua pegada.
Estudo diz que uma maior força na mão está associada a uma maior sobrevida ao câncer de pulmão
O diagnóstico de câncer colorretal, de próstata ou de pulmão em homens e de mama ou de pulmão em mulheres está associado a uma redução de cinco quilogramas da força manual em pessoas entre 60 e 69 anos.
Essa deterioração também foi associada a uma maior chance de morrer de câncer colorretal em homens e câncer de mama em mulheres.
A obesidade também está associada a uma pegada mais fraca mais tarde na vida. A presença de gordura ao redor de um músculo reduz sua eficácia.
Um estudo recente mostrou que as pessoas que desenvolvem diabetes tipo 2 têm um aperto de mão mais fraco. Provavelmente, isso é causado pela presença de gordura nos músculos, tornando-os menos eficientes e, consequentemente, causando inatividade e deterioração muscular.
Obesidade também está associada à perda de força nas mãos
A força da mão diminui com a idade. Conforme o corpo perde massa muscular com o passar dos anos, ele também perde força nas mãos.
O envelhecimento provoca uma diminuição da massa muscular (e função), a uma taxa de 1% ao ano a partir da meia-idade. Isso pode resultar em uma perda de até 50% da massa muscular entre as idades de 80 e 90 anos.
Mas o envelhecimento progride em taxas diferentes nas pessoas.
Isso significa que a força de preensão pode acabar reduzida por mudanças relacionadas à idade no sistema nervoso, quando os sinais não viajam tão rápido, ou pela perda de massa muscular nos braços.
Outro estudo mostrou que a redução da força de preensão em idosos está associada a uma função cognitiva inferior.
Perda muscular
A perda muscular ocorre em todo o corpo à medida que desenvolvemos certas doenças de saúde e envelhecemos.
No entanto, a força pode ser difícil de medir em várias áreas, razão pela qual as mãos são tão importantes. Sua capacidade de produzir movimentos refinados e poderosos as torna um bom indicador geral de saúde.
Um dos segredos para manter a saúde e a força muscular é o exercício
Quando ficamos doentes, incluindo diabetes, coração ou câncer, a capacidade de nossos músculos de gerar força é reduzida. Sua funcionalidade e mobilidade também se deterioram.
Isso resulta de uma combinação de fatores, como redução da função cardíaca por permitir movimentos prolongados, perda de eficiência e massa muscular e fadiga.
Certas condições de saúde também podem causar fadiga, tornando-nos menos propensos a nos mover e praticar exercícios, causando, assim, um ciclo de aumento da perda muscular e diminuição da força.
Quão forte é o seu aperto de mão?
O câncer, em particular, pode limitar o funcionamento de nosso sistema digestivo, dificultando a ingestão de alimentos e reduzindo nosso apetite.
Os alimentos que comemos, especialmente proteínas, são importantes para manter a massa e a força muscular. Sem uma alimentação adequada para nos dar energia, o corpo deve aproveitar suas reservas internas para gerá-la.
Uma das principais maneiras de fazer isso é queimando tecido que não está sendo usado, e o músculo é o combustível favorito para essa situação. A perda de massa corporal reduz as reservas naturais do corpo e, potencialmente, sua capacidade de resistir a doenças crônicas de longo prazo.
Um dos segredos para manter a saúde e a força muscular é o exercício. Os músculos se rompem se não forem usados.
Por exemplo, é sabido que fazer os pacientes caminharem após a cirurgia evita a perda de massa muscular e óssea e reduz o tempo de internação hospitalar.
De qualquer forma, um aperto de mão forte pode oferecer mais informações sobre você do que você imagina.
*Adam Taylor é professor de anatomia na Lancaster University, no Reino Unido.
Este artigo foi publicado originalmente no site The Conversation. Clique aqui para ler o artigo original em inglês.
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“Ajudem-nos, por favor!” | É com esta manchete em letras garrafais que o jornal The Times-Picayune voltou às bancas de Nova Orleans nesta sexta-feira, após vários dias de interrupção de sua circulação por causa da passagem do furacão Katrina.
“Após o desastre, o caos e os foras-da-lei dominam a cidade”, afirma o jornal.
Em editorial, o diário critica comentaristas que vêm perguntando se vale a pena reconstruir Nova Orleans no mesmo lugar, como seria o caso do presidente da Casa dos Representantes, o republicano Dennis Hastert.
“Como ousam?”, pergunta o jornal. “Eles deveriam mostrar compaixão e respeito por aqueles entre nós que estarão batalhando com dificuldade por um bom tempo para reconstruir as nossas vidas.”
Críticas e ataques
O Los Angeles Times, por sua vez, qualifica em editorial de “chocante” a falta de preparo mostrada pelas autoridades para reagir à passagem do Katrina.
O The New York Times segue linha parecida, qualificando a situação em Nova Orleans de “um desastre feito pelo homem” agravado pelo “que parece ser um colapso total da sociedade organizada”.
“Americanos que já foram mortificados pelos fracassos no Iraque viram que suas autoridades não conseguem responder com rapidez a um desastre natural em casa”, diz o editorial do jornal nova-iorquino.
Já o Washignton Times afirma que a solução para a desordem em Nova Orleans é que as tropas que estão sendo enviadas para lá se comportem como se estivessem em um campo de batalha em qualquer outro lugar.
“Está na hora de quebrar umas cabeças”, diz o jornal em editorial, que detalha a sua visão da missão dos soldados da seguinte maneira: “Proteger e ajudar os inocentes e eliminar os inimigos”.
Ódio do além-túmulo
Na Grã-Bretanha, os jornais destacam o vídeo que mostra o suposto líder dos ataques de 7 julho em Londres, Mohammad Sidique Khan.
“Estamos em guerra. Eu sou um soldado”, diz a manchete do The Daily Telegraph, resumindo o que o jornal interpreta ser a mensagem do vídeo.
O diário londrino diz que Khan transmite “sua mensagem de ódio” com um “cuidadoso sotaque de Yorkshire”, uma região no norte da Inglaterra.
O Daily Mail, por sua vez, qualifica o vídeo de “uma arrepiante mensagem do além-túmulo”.
Já o The Guardian prefere destacar que Khan culpa, no vídeo, a política externa do governo britânico pelos ataques de 7 de julho.
Novos rumos para Sharon?
Em Israel, o Jerusalem Post diz que o primeiro-ministro Ariel Sharon vai adotar uma linha “pacífica” para a Cisjordânia, caso tenha de deixar a liderança de seu partido, o Likud.
Isso significaria “uma visão para as fronteiras de Israel na Cisjordânia similar ao trajeto da barreira de segurança, com alguns acréscimos menores”.
O jornal também afirma que Sharon vai deixar o Likud, caso o comitê central do partido decidir convocar eleições internas, e tentará se manter no poder à frente de uma nova agremiação.
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Você se considera hipocondríaco? | Hipocondria leva pessoas a acreditar que estão com doença grave
Segundo o Manual de Transtornos Mentais, publicado pela Associação de Psiquiatria dos EUA, trata-se de uma condição que leva as pessoas a acreditarem que estão com uma doença grave.
Ou seja, o paciente considera que sintomas normais do corpo - como cansaço, cefaleia ou dores musculares - significam problemas de saúde de muito maior gravidade. Mas a hipocondria também pode se manifestar em quem não sente nada.
O SUS britânico (NHS, na sigla em inglês) criou um manual de autoajuda para quem sofre com o transtorno.
Se você responder "sim" à maioria das perguntas abaixo, é provável que você seja hipocondríaco e deva procurar ajuda médica.
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Nos últimos seis meses…
Apoio da família é fundamental
1. Você se preocupou com a ideia de ter uma doença grave devido a sintomas que duraram por um longo período?
Segundo o NHS, "quando prestamos muita atenção em uma parte do corpo, tendemos a notar sintomas dos quais não tínhamos conhecimento antes, como protuberâncias".
Em outras palavras: quanto mais nos concentrarmos em uma área ou em um sintoma, maior é a chance de notá-los. A partir daí, começaremos a nos preocupar e vamos acabar nos autoexaminando com mais frequência.
As dores de cabeça, por exemplo, costumam ser apenas um sinal de estresse.
Automedicação pode ser tentação para muitos pacientes
2. Essa preocupação gerou angústia?
Os hipocondríacos tendem a desenvolver preocupações desnecessárias sobre os sintomas que acham que estão tendo.
O NHS enumera quatro tipos de pensamentos que passam pela cabeça de quem está demonstrando ansiedade por causa de seu estado de saúde:
a) Aqueles que tiram conclusões infundadas
Exemplos:
"Se o médico me pediu para fazer esses exames, é porque está muito preocupado."
"Uma dor de cabeça como essa deve ser algo grave."
Alguns hipocondríacos tendem a não acreditar na opinião de médicos
b) Os catastróficos
Exemplos:
"Isso é câncer."
"Isso poderia me matar em meses."
"Meus filhos ficarão sem mãe antes que comecem a escola."
c) Tudo ou nada
Exemplos:
"Se tenho qualquer sintoma é porque algo muito ruim está acontecendo comigo."
"Preciso fazer todos os testes possíveis - ou algo pode ficar de fora."
d) Os que se baseiam em uma lógica emocional
Exemplos:
"Sinto que há algo ruim comigo. Por isso, alguma coisa está errada."
"Se me preocupo por isso, então pelo menos estou preparado para o pior."
"Essa tensão deve ter como causa uma doença grave."
Muitos hipocondríacos precisam que as pessoas digam que eles estão bem
3. Você acredita que a preocupação teve um impacto negativo em todos os aspectos de sua vida, incluindo família, vida social e trabalho?
"As preocupações com a saúde se tornam um problema no momento em que nos impedem a levar uma vida normal - quando não há razão para pensar em algo seriamente ruim", diz o NHS.
O britânico Morgan Griffin, por exemplo, suspeitava de que tinha um problema e que precisava de ajuda médica quando foi jogar boliche com a mulher e os sogros.
Com frequência, ia ao banheiro. Mas não porque tinha um problema fisiológico ou porque tinha bebido muito líquido.
Griffin queria, na verdade, medir sua temperatura.
"Tinha um termômetro no meu bolso todo o tempo. Quando minha mulher descobriu, me disse para parar; por isso, passei a me esconder para poder medir minha temperatura - e fazia isso mais de 25 vezes por dia", conta ele, que assume ser hipocondríaco, à BBC.
Griffin diz temer que, se abdicar do hábito, manifestará a doença.
Ele acrescenta que sempre pensa "no pior".
Hipocondria é vista como doença mental
4. Você está constantemente se autoexaminando e se autodiagnosticando?
Griffin media a temperatura 25 vezes por dia. Mas há pacientes que sentem que devem submeter-se a exames mais exaustivos.
Eles acreditam que fazê-los é a única maneira de confirmar que estão bem, justificando essa necessidade ao dizer que podem estar doentes e não saber.
Mas, segundo o NHS, não é recomendável fazer exames "o tempo todo" e que não há como sempre ter certeza de que você não está doente, pois doenças podem surgir a qualquer momento.
Não há cura para hipocondria, dizem especialistas
O sistema de saúde público britânico indica que, no caso de algumas pessoas, "buscar muita informação sobre uma doença pode incrementar suas preocupações e fazer com que se foquem em sintomas novos ou em outras áreas do corpo".
Outros pacientes fazem completamente o contrário: evitam tudo que tenha a ver com doenças. Por exemplo: trocam de canal quando um programa de saúde está começando ou passam rapidamente a página de uma revista quando uma reportagem fala sobre um transtorno em particular.
Algumas pessoas, inclusive, evitam fazer exercícios ou certas atividades físicas pelo temor de que possam ficar doentes. Outros tratam de permanecer em casa e ficar em repouso como se estivessem doentes.
"Isso pode provocar anemia ou até mesmo um aumento dos sintomas devido à falta de atividade física", indica o NHS.
Hipocondríacos estão a todo momento se autoexaminando
5. Não acredita no diagnóstico de seu médico ou não está convencido quando ele diz que está tudo bem?
"Os médicos se equivocam com frequência" é um pensamento recorrente entre os hipocondríacos.
Outro argumento das pessoas que se preocupam em excesso com a saúde é o histórico médico de sua família, especialmente quando está relacionado a uma doença em particular.
Nível de ansiedade com relação à saúde é característica comum a hipocondríacos
Neste sentido, é bastante comum ficar ansioso por causa de uma doença. No entanto, trata-se de um comportamento prejudicial, porque, como explica o NHS, se o médico falou com o paciente e disse que está tudo bem, não há motivo para se preocupar com a saúde.
No caso de Griffin, ele acredita que a motivação está em sua infância.
"Meu pai morreu inesperadamente aos 43 anos. Sou uma pessoa racional, e por causa do que ocorreu, quis entender por que isso havia acontecido. Acreditava que havia sintomas que nos passaram despercebidos. Se tivéssemos nos dado conta deles, poderíamos ter evitado sua morte", explica.
Griffin media a temperatura até 25 vezes por dia
6. Você precisa constantemente que os médicos, familiares e amigos o tranquilizem e lhe deem garantias de que está bem, incluindo quando não acredita no que estão dizendo?
É normal que, ao nos sentirmos preocupados, busquemos conforto em alguém em que confiamos. Mas no caso dos hipocondríacos, a necessidade de que buscar a todo momento essa validação é frequente e, em alguns casos, insaciável.
"O conforto funciona no início e faz com que os hipocondríacos se sintam um pouco menos preocupados", diz o NHS.
O problema é que a tranquilidade não dura muito e a preocupação acaba voltando.
"As pessoas podem desenvolver o hábito de pedir esse apoio o tempo todo. Isso mantém os sintomas presentes em suas mentes e, normalmente, faz com que se sintam pior", conclui o NHS.
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Um verdadeiro 'camaleão'. | William Ellis nasceu escravizado em uma pequena cidade do Texas
Ele era conhecido como Guillermo Enrique Eliseo ou Guillermo Ellis, um rico banqueiro da Cidade do México, que por sua vez tinha um escritório em Wall Street em Nova York e uma residência na área nobre a oeste do Central Park.
Seria loucura pensar que esse homem, sempre vestido com joias e roupas caras, nascera escravizado em uma plantação de algodão no sul do Texas.
William Henry Ellis era seu nome verdadeiro.
Ele foi investigado pelo FBI, a polícia federal americana, conheceu o então presidente Theodore Roosevelt, manteve relações estreitas com Porfirio Díaz, então mandatário mexicano, liderou uma missão diplomática na Etiópia e, entre outras façanhas, orquestrou "um dos mais audaciosos planos de imigração de afro-americanos na história dos Estados Unidos."
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Karl Jacoby, historiador da Universidade Columbia, em Nova York, deparou com a figura enigmática de Ellis por acidente.
Tamanho foi o seu fascínio que ele dedicou boa parte de sua carreira acadêmica a mergulhar na trajetória desse personagem, que viveu entre 1864 e 1923.
O esforço se materializou em um livro, lançado em 2016, intitulado The Strange Career of William Ellis: The Texas Slave Who Became a Mexican Millionaire ('A estranha carreira de William Ellis: o escravo do Texas que se tornou um milionário mexicano', em tradução livre).
No ano passado, o documentarista americano Phillip Rodríguez adquiriu os direitos para reproduzir o livro na TV e no cinema. O projeto está em andamento.
Uma das coisas que mais chamaram a atenção de Jacoby foi que Ellis "fez todas as coisas que um afro-americano de sua época não deveria fazer".
"Era o momento em que [as leis de segregação racial] Jim Crow estava se institucionalizando e, apesar disso, Ellis encontrou brechas no sistema e conseguiu fazer coisas notáveis", diz Jacoby à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Assim, apesar de todo o racismo da época, ele conseguiu conquistar seu espaço no topo da sociedade americana. Mas como?
William Ellis em uma foto de passaporte de 1919
De tradutor a empreendedor
O local onde Ellis cresceu o ajudou a aprender espanhol, uma ferramenta poderosa de que ele tirou proveito pelo restante de sua vida.
Ellis nasceu em Victoria, no sul do Estado americano do Texas, um ano antes da abolição da escravidão, em 1865.
Ali, ele cresceu rodeado de "mexicanos, texanos, anglo-americanos e afro-americanos que moravam perto uns dos outros", descreve Jacoby.
Na plantação de Joseph Weisiger, um patriarca branco de Kentucky, a família Ellis entrou em contato com os mexicanos que trabalhavam nas movimentadas estações de colheita de algodão.
Site criado por historiador Karl Jacoby sobre história de William Ellis, williamhellis.com
Assim, o jovem William aprendeu a falar espanhol fluentemente e depois se tornou assistente e tradutor do irlandês William McNamara, um poderoso comerciante de algodão e couro.
"McNamara não apenas comprava matérias-primas no Texas, mas ao longo de toda a fronteira com o México. O jovem Ellis o acompanhava, sendo uma espécie de porta-voz", descreve Jacoby.
Aos 20 anos, Ellis se despediu de sua terra natal, Victoria, e decidiu se mudar para San Antonio, uma cidade maior.
Foi então que sua vida começou a mudar: ao abrir seu negócio de comércio de couro e algodão, Ellis passou a dizer a seus clientes que seu nome era Guillermo Enrique Eliseo e que tinha origem mexicana.
Pesou a seu favor o fato de que, naquela época, no fim do século 19, "ninguém tinha passaporte, carteira de motorista ou certidão de nascimento", diz o historiador.
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento de ferrovias na década de 1880 facilitou viagens mais rápidas e longas.
Retrato de William Ellis no fim da década de 1880
Saudades do México
Desde antes do nascimento de Ellis, a ideia do México como uma terra de liberdade vivia no imaginário de muitos afro-americanos no sul dos EUA.
"Estima-se que 4 mil escravizados fugiram dos Estados Unidos para o México antes da Guerra Civil [entre 1861 e 1865]", afirma o livro.
Foi isso que Felix Haywood, um ex-escravo do Texas, descreveu em um testemunho citado no livro: "Não havia razão para correr para o norte. Tudo o que tínhamos que fazer era caminhar, mas caminhar para o sul, e estaríamos livres assim que atravessássemos o rio Bravo".
A escravidão de africanos existia no México desde 1519, diz Jacoby. Mas após a independência, em 1821, o país "tomou medidas para proibir o comércio de escravos e emancipar todas as crianças escravizadas com menos de 14 anos".
"É difícil para os americanos entenderem o fato de que o verdadeiro bastião de liberdade durante esses tempos não eram os Estados Unidos, mas o México", explica o historiador.
Construção abandonada de meeiros sobre o que costumava ser a plantação de Weisiger e onde William Ellis nasceu no sul do Texas
'Passing'
Com a abolição da escravidão nos Estados Unidos, os maus-tratos à população negra não cessaram, o que levou muitos no sul a ver o benefício - e correr o risco - de se apresentar como mexicanos ou cidadãos de outros países.
Esse tipo de comportamento - conhecido pelo termo passing em inglês - era geralmente usado para descrever alguém com "ascendência afro-americana, mas que se apresentava como branco", explica Jacoby.
Era comum aqueles que começavam uma nova vida como "brancos" se distanciarem de suas famílias para sempre e, portanto, a prática às vezes era mal vista, uma vez que "davam as costas para a comunidade à qual pertenciam".
Por fim, observa Jacoby, o que o passing indicava era que "todo o sistema racial dependia de classificações de senso comum e da ideia de que se 'conhecia' a raça de alguém apenas olhando para a pessoa".
"Mas isso não era possível, especialmente considerando que durante o período de escravidão, houve uma enorme exploração sexual de mulheres negras por seus escravizadores", diz ele.
Convenientemente, Ellis se fez passar por mexicano em San Antonio, uma cidade onde 20% da população era dessa origem.
Mais tarde, em Nova York, por exemplo, fingiu ser cubano. E em outras ocasiões, até havaiano.
A única vez em que ele admitiu ter recorrido à prática foi em 1891, em uma entrevista a um jornal de Chicago, segundo documenta o livro.
Ellis explicou que viajar de trem foi o que o motivou a fazê-lo. "Sou obrigado a me passar por mexicano, a fim de obter os confortos básicos de um viajante branco", afirmou.
Túmulo de William Ellis no Panteão espanhol da Cidade do México
Um empreendedor nato
Ellis enriqueceu durante a chamada "Era Dourada" ou Gilded Age dos Estados Unidos, quando o país passou por grandes mudanças com a chegada da industrialização, criando milionários.
Anos antes de se estabelecer como empresário e intermediador entre investidores de Wall Street e do México, Ellis embarcou em um ambicioso projeto no Texas.
O comerciante viajou para a Cidade do México em 1889 com um sócio, e ambos trouxeram cartas de apresentação aos membros do alto escalão do governo de Porfirio Díaz.
"Eles convenceram [Carlos] Pacheco (secretário de Desenvolvimento) a aprovar um contrato de 10 anos para assentar até 20 mil pessoas no México", explica o livro.
Durante os séculos 19 e 20, "houve uma discussão considerável sobre a chamada 'colonização' de afro-americanos pelas comunidades negra e branca", embora por razões diferentes, explica Jacoby.
Entre os brancos, observa ele, "havia essa fantasia de 'limpar' etnicamente o país, de não querer a escravidão, mas tampouco afro-americanos livres, assim que eles deveriam ser enviados de volta à África".
Entre os negros, por outro lado, o racismo estrutural abriu a porta para pensar que "fazia sentido mudar para outro lugar".
Karl Jacoby, historiador e autor da biografia de William Ellis
Paralelamente, durante o Porfiriato (como ficou conhecido o governo de Porfirio Díaz), o México investiu para atrair mais imigrantes, principalmente da Europa, para "modernizar-se como os Estados Unidos", diz Jacoby.
"Mas Ellis conseguiu convencê-los a trazer negros dos Estados Unidos."
Sob o argumento de que "os negros eram excepcionais produtores de algodão, 'os melhores do mundo'", o Senado mexicano aprovou em 1889 seu plano de imigração.
Mas os empreendedores não levantaram os recursos necessários para financiar o programa, mesmo que tenha havido interesse no Texas, explica Jacoby no livro.
Isso, combinado com mudanças internas na política do México (Pacheco faleceu), fez com que o plano fosse cancelado em 1891.
Estima-se que 4 mil escravizados fugiram dos EUA em direção ao México antes da Guerra Civil
Segunda tentativa
Mas Ellis não descansaria até conseguir.
Após breves ambições políticas que o levaram a se candidatar ao Congresso do Texas, em 1894, ele decidiu retomar seu plano de imigração.
A assinatura de um contrato com a Companhia Agrícola Limitada de Tlahualilo levou quase mil afro-americanos a migrar para esta enorme fazenda, localizada no norte do México, entre Durango e Coahuila, em 1895.
"Acho que este foi o maior número de afro-americanos a emigrar dos Estados Unidos como um grupo ao longo do século 19", diz Jacoby.
Ellis disse então: "Sete crianças nasceram [na fazenda] e o sonho da minha vida se tornou realidade. Vivi para ver o afro-americano na terra de Deus e da liberdade".
Logo, porém, seu desejo de criar uma comunidade próspera se frustou.
O aparecimento de doenças, "algo semelhante à malária", diagnosticado por um médico na época, e as queixas de más condições de trabalho para os moradores encerraram o projeto.
Mapa da fronteira entre México e EUA em 1911
Identidade descoberta
De volta a San Antonio, Ellis já havia se consolidado como uma figura de reputação, mas esse status não iria muito longe.
Em um incidente que Jacoby descreve no livro, um restaurante se negou a servi-lo por causa da cor de sua pele.
"Logo depois, o novo diretório da cidade de San Antonio foi publicado. Pela primeira vez, o nome de Ellis apareceu com uma letra 'c' ao lado, o que significava homem de cor", diz o livro.
"Sua história é revelada e, embora ele possa ficar ali como um homem afro-americano, ele decide sair", diz Jacoby.
Um ano depois, em 1898, documentos mostram que Ellis já tinha residência no Imperial Hotel em Nova York.
A partir de então, ressalta o historiador, seu ativismo em torno de sua comunidade "se torna muito mais moderado porque ele não quer que sua identidade seja revelada novamente".
Ellis, no entanto, não corta relacionamento com sua família, como foi o caso de muitos que decidiram "migrar" para o mundo dos brancos.
Um nobre mexicano em Nova York
Sua chegada a Nova York coincidiu com um crescimento "surpreendente" nas relações comerciais entre o México e os Estados Unidos, diz o autor.
"Ele se tornou uma pessoa muito útil porque em Wall Street eles estavam obcecados em investir no México e Ellis tinha muitas conexões com figuras-chave do Porfiriato", explica Jacoby.
Na capital da industrialização, Ellis "vendeu o discurso do México como uma terra de riquezas tropicais, e de si mesmo, Guillermo Eliseo, como a pessoa a ser procurada para chegar a isso".
Ellis apareceu em documentos revisados por Jacoby como presidente de pelo menos sete empresas, algumas avaliadas em milhões de dólares.
Durante esses anos, ele também comprou a maior fábrica de móveis do México e se tornou o representante naquele país da Hotchkiss Arms Company, uma fabricante francesa de armas.
Nesse período, coordenou duas viagens marcantes à Etiópia, uma delas uma missão diplomática para finalizar acordos comerciais com o então imperador Menelik II.
Também se tornou o primeiro afro-americano a visitar aquele país, diz Jacoby e, ao retornar aos EUA, realizou reuniões com o então presidente Theodore Roosevelt em 1904.
Durante esses anos, ele se casou com uma mulher branca de origem pobre chamada Maude Sherwood e eles tiveram seis filhos, dois deles morreram logo após o nascimento.
Por alguma razão, Ellis mentiu sobre as origens de sua esposa, afirmando em um comunicado à imprensa sobre seu casamento que ele pertencia à nobreza da Inglaterra.
"Uma das coisas difíceis no momento em que escrevi este livro foi que ele tentou esconder sua história de vida e sempre tentou se reinventar", explica Jacoby.
Tempos sombrios
Revolução Mexicana se estendeu de 1910 a 1917 e deixou mais de 1 milhão de mortos
Suas ambições de industrialização na Etiópia estagnaram, entre outros motivos, devido à falta de financiamento, como havia acontecido no passado.
Forçado a voltar suas atenções novamente para o México e com as finanças apertadas, Ellis teve que se adaptar aos novos tempos após a Revolução Mexicana em 1910 e o fim do Porfiriato.
Os tempos turbulentos e as constantes mudanças no poder levaram-no a perder contratos ambiciosos que havia assinado na era Díaz para estabelecer uma fábrica de borracha e uma usina hidrelétrica.
Tendo se envolvido nos assuntos políticos do país que adotou como seu, ele foi investigado pelo FBI (na época, chamado apenas Bureau of Investigations) em 1916, embora nenhum antecedente criminal tenha sido encontrado contra ele, lembra o historiador.
Em 1920, quando o general Álvaro Obregón depôs Venustiano Carranza, um dos líderes da Revolução Mexicana, Ellis estava ao seu lado, quando o então presidente mexicano fugiu da Cidade do México, lembra Jacoby.
E quando os EUA finalmente reconheceram o governo de Obregón em 1923, "Ellis já estava trabalhando em um novo projeto: um acordo de redução de tarifas para vários portos, a fim de atrair mais comércio".
Mas sua saúde não lhe permitiu realizar seus novos empreendimentos.
Em 24 de setembro de 1923, Ellis morreu na Cidade do México e seu corpo foi enterrado em um túmulo sem nome no Panteão Espanhol.
Durante seu período vivendo no México, Ellis evitou se envolver com a comunidade americana e sempre ficava em um hotel de propriedade de um imigrante inglês.
Surpreendentemente, o homem que se reinventou não deixou patrimônio, mas apenas US$ 5 mil de herança para sua esposa, Maude.
Alguns anos depois, ela e os filhos se mudaram para o México.
A imprensa americana fez um obituário de sua morte, destacando sua verdadeira origem, mas Jacoby destaca que, em vez de julgá-lo, sua vida foi celebrada.
"(...) Devido ao fato de sua vida ter sido espetacular, cheia de grandes ambições, entre as maiores do mundo, deveríamos sentir um certo grau de satisfação ao perceber que ele era um dos nossos", escreveu na época o jornal americano Dallas Express.
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Foi literalmente o show da poderosa. | 'Antes, tinha uma equipe comigo e eu era só artista. Mas não concordava com o modelo de negócio, o dinheiro era mal investido'
Entre um pelotão de figurões da política e do empresariado, incluindo o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, o presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE) e o CEO da maior cervejaria do mundo, Carlos Brito (Inbev), a personalidade mais aplaudida desta sexta-feira na Universidade Harvard, nos EUA, foi Anitta.
A carioca de 25 anos encerrou o primeiro dia da Brazil Conference, organizada por Harvard e pelo MIT, que há quatro anos trazem aos Estados Unidos alguns dos principais nomes do noticiário brasileiro - de Sérgio Moro e Dilma Rousseff, aos juízes Luis Roberto Barroso e Gilmar Mendes.
Em um ambiente diferente de sua audiência habitual, repleto de ternos e tailleurs escuros e embalado por linguajar corporativo (um palestrante insistia em dizer "insertar" em vez de colocar), Anitta apareceu de casaco dourado e salto agulha para defender a "música como instrumento de transformação", tema oficial de sua fala.
Por quase uma hora, deu lições de empreendedorismo e gestão de carreira para a plateia mais cheia do evento. Dono de uma fortuna de R$ 93,3 bilhões, o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, assistiu da primeira fila - ele não quis falar com a imprensa, mas bateu palmas de pé e seguiu a cantora para o camarim.
Anitta abriu a noite narrando a infância pobre em Honório Gurgel, "quase, quase na favela", e os primeiros passos da carreira em bailes funk, quando o cachê não ultrapassava R$ 150 (hoje ele pode superar R$ 200 mil).
Foi interrompida pelo menos quatro vezes por aplausos. A primeira leva veio quando ela defendeu o ritmo carioca - que chegou a ser alvo de debates no Senado sobre eventual criminalização, no ano passado.
"Antes de cantar, eu nunca tinha ido à zona sul do Rio de Janeiro. Então é muito difícil você cantar o 'barquinho vai, a tardinha cai' (referência à Bossa Nova) se você nunca viu essas coisas", disse.
"O funkeiro canta a realidade dele. Se ele acorda, abre a janela e vê gente armada e se drogando, gente se prostituindo, essa é a realidade dele", continuou. "Para mudar as letras do funk, você tem que mudar antes a realidade de quem está naquela área."
"O funkeiro canta a realidade dele. Se ele acorda, abre a janela e vê gente armada e se drogando, gente se prostituindo, essa é a realidade dele", diz
Da 'balada' para a sala de reuniões
Mas os olhos da plateia brilharam mesmo quando a cantora narrou suas estratégias para ganhar dinheiro e conquistar o público internacional.
Oito anos depois dos primeiros passos na trupe funkeira "Furacão 2000", Anitta é listada pela revista Vogue como uma das 100 pessoas mais influentes e criativas do mundo, pela Billboard dos EUA como a 10ª artista mais relevante do planeta em redes sociais e comemora mais de 240 milhões de visualizações do clipe Vai Malandra, que por semanas foi alvo de elogios apaixonados e críticas ferozes, de Bogotá a Nova York.
A virada veio quando ela demitiu sua empresária para construir a carreira por conta própria (a ex-colega hoje move um processo judicial contra Anitta).
"Antes, tinha uma equipe comigo e eu era só artista. Mas não concordava com o modelo de negócio, o dinheiro era mal investido. Abri minha empresa na cara e na coragem aos 21 anos. Eu achava que chegaria aonde queria no Brasil aos 30 e poucos. Aí, aos 22, já estava superbem."
Plano antigo, a carreira internacional foi antecipada.
"Fui sozinha para a Espanha conversar com empresários e produtores. Aí decidi ir para a rua. Comecei a pesquisar com o povo, na balada, perguntava quais sons eram aqueles, quem cantava, conversava com o DJ."
Repetiu a estratégia em Los Angeles, nos Estados Unidos, por meses. "Nessas baladas eu conheci vários artistas com quem depois cantei ou ainda vou cantar", lembrou.
Dormir não era prioridade. "Chegava da balada, tomava um banho e ia para a reunião com os produtores."
A uma plateia que se mostrava surpresa com a fluência da cantora sobre estratégias complexas de negócios, Anitta revelou passos calculados às paradas de sucesso estrangeiras em três idiomas.
Anitta encerrou o primeiro dia da Brazil Conference, organizada por Harvard e pelo MIT
"Vi que os três grandes mercados digitais são os de língua inglesa, língua espanhola e o português, porque o Brasil é muito grande. Eu pensei: se eu conseguir unir os números (de audiência) do Brasil e da América Latina, vou me equiparar aos do público em inglês", disse.
Se caísse no gosto dos brasileiros e dos vizinhos hispânicos, calculou, teria cacife - e público - suficiente para emplacar a carreira também nos Estados Unidos.
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro aceleraram as passadas mais uma vez.
"Caetano e Gil me chamaram para tocar na abertura da Olimpíada. Falei: vou cantar, claro, é um evento mundial, vai estar cheio de gringo no Brasil (...) Então, me programei para fazer uma música metade em inglês, metade em espanhol."
Anitta já se mantinha contato com fenômenos de audiência latino-americanos, como os colombianos J. Balvin e Maluma, com quem gravou duetos "que só fizeram sucesso anos depois".
"Quando as pessoas ouviam a voz deles, os reconheciam (porque eram famosos internacionalmente) e, automaticamente, também chegavam ao meu trabalho", contou.
Principal ritmo comercial dos vizinhos latino-americanos, o reggaeton (uma mistura de hiphop, reggae e ritmos latinos como a salsa) era novidade para a brasileira.
"Fui a Pedro Alvares Cabral do raggaeton", brincou. "O ritmo já estava lá, mas eu não conhecia".
"20 centavos fazem muita diferença"
Formada em Administração, Anitta relembrou os primeiros passos como mulher de negócios, quando estagiou na mineradora Vale, onde "cuidava de seguros e garantias internacionais".
Dividia o vale-transporte com o irmão, aprovado no vestibular da UFRJ.
"Ele passou, mas a gente nao tinha dinheiro para pagar a passagem. Muita gente não entendeu os protestos (de 2013), mas esses 20 centavos faziam muita diferença. Esses 20 centavos poderiam impedir meu irmão de ir para a faculdade", disse - novamente aplaudida.
Aos 17 anos, ouviu dos chefes uma proposta de contratação. Mas eles também queriam saber se ela se dedicaria 100% ao mundo corporativo.
"Falei, olha, eu prefiro tentar a minha carreira", lembrou. "Liguei para a minha mãe e contei. Ela apoiou e disse que viraria até faxineira para me ajudar. Meu pai ficou com ódio louco, disse que eu ia "rebolar para bandido'."
Ela continua, levando a plateia as gargalhadas. "Mas, depois que eu comecei a ganhar dinheiro, meu pai ficou ótimo. Agora jura de pé junto que estimulou desde o primeiro dia", brincou.
Após cantar à capela versos de Downtown (sucesso em espanhol com mais de 200 milhões de visualizações no YouTube), Anitta agradeceu e deixou o salão ainda sob assovios e palmas.
Fora do anfiteatro, uma estudante de Harvard guardava lugar em uma fila enorme, onde estava boa parte da plateia que havia pouco aplaudira a funkeira.
A jovem contou que esperava ali sua vez de ganhar autógrafos ou fotos com Anitta.
A reportagem precisou desapontá-la. Aquela era a fila da chapelaria.
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Babeth Bettencourt |
Programas como o Bolsa Escola e o Bolsa Criança-Cidadã, do Peti, (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), são muitas vezes criticados, apontados como programas assistencialistas. Além disso, o número de bolsas oferecidas pelo governo é menor do que a demanda, dificultando a seleção dos beneficiados.
O oficial de programas do Unicef (Fundo das Nações Unidas para as Crianças e Adolescentes) Mario Volpi acha que apesar de valores baixos, bolsas de estudo ajudam as famílias a se planejar melhor.
"Quando apoiamos a criação do Bolsa Escola aqui em Brasília, ouvimos muito a justificativa de que as crianças, hipoteticamente, não iam querer o programa porque elas tinham uma renda maior na rua. No entanto, a gente observou que essa renda é inconstante e irregular."
Para Maria Eneide Teixeira, coordenadora geral da organização não-governamental Circo de Todo Mundo, de Belo Horizonte, "a contrapartida financeira para tirar a criança do trabalho, mesmo que provisoriamente, é essencial".
Valor das bolsas
Eneide, que trabalha neste momento em um projeto com meninas envolvidas no trabalho infantil doméstico em Belo Horizonte, acredita que o problema precisa ser tratado por duas vias.
"De um lado é preciso ter políticas públicas preventivas, por outro lado é preciso compensar essas crianças."
Mario Volpi concorda que as bolsas são um atrativo. "A gente observou que as famílias, quando entravam no Bolsa Escola, apesar de receberem menos do que na rua, podiam se planejar. Elas tinham crédito e tinham como atestar uma renda mensal."
O Bolsa Escola, quando foi implementado no Distrito Federal, dava um salário mínimo por família que participasse do programa. Hoje, em nível nacional, a bolsa é de R$ 15 por criança, com um máximo de três crianças beneficiadas por família.
Para Volpi, o valor das bolsas afeta a participação das famílias nos programas. "O problema do trabalho infantil no país é que ele vem cumprir uma tarefa que o Estado não está cumprindo. De garantir os mínimos sociais para a família sobreviver."
Bolsa
A Bolsa Criança-Cidadã, concedida hoje pelo Peti às famílias cuja renda mensal per-capita é igual ou inferior a meio salário mínimo, é de R$ 25 nas zonas rurais e R$ 40 nas zonas urbanas, por criança.
America Ungaretti, oficial de programas do Unicef, afirma que o valor das bolsas é muito baixo nas zonas urbanas, mas em outras regiões faz diferença.
"Na zona rural e no Nordeste, devido ao percentual importante de famílias que ganham menos de um salário mínimo, quando recebem uma bolsa de R$ 25 ou R$ 40, tendo três filhos, muitas vezes, a única fonte de ingressos da família são as bolsas recebidas."
Inclusão das famílias
Na opinião da maior parte dos especialistas ouvidos pela BBC Brasil, não há como erradicar o trabalho infantil no Brasil sem a participação das famílias e sem políticas de geração de renda.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho, Eliane Araque, afirma que há melhora no desempenho escolar das crianças inscritas no Peti, "mas o desafio ainda é a geração de emprego e renda para as famílias".
Para o ministro da Educação, Cristovam Buarque, é possível incluir todas essas famílias.
"Não é possível construir uma sociedade igualitária. Mas garantir que todo o brasileiro tenha aquilo que o inclui, que é uma boa escola, um sistema de saúde razoável, um lugar para morar com água potável, coleta de lixo e esgoto, transporte... isso é possível."
O ministro também defende que o Peti e o Bolsa Escola sejam uma coisa só. Para ele, o Bolsa Escola deveria adotar medidas do Peti.
O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - que distribui bolsas para as crianças envolvidas com trabalho infantil - prevê também uma jornada escolar ampliada, com atividades esportivas, culturais e artísticas para as crianças envolvidas e ainda programas de geração de renda para as famílias.
"Eu sei que há formas de trabalho piores do que outras, mas o menino que não está na escola corre o risco de perder o futuro. Não há trabalho infantil de alto risco, todo o trabalho infantil é de alto risco."
Para Cristovam Buarque, hoje não há igualdade de oportunidade. Segundo o ministro, a classe média gasta, em média, R$ 25 mil ao longo da vida em educação. O pobre gasta R$ 3.200, porque só estuda durante quatro anos, a um custo de R$ 800 por ano.
"Nós gastamos mil reais por mês e ficamos 20 anos estudando", diz Cristovam Buarque. "Não é possível isso. Não pode, com R$ 800 por mês, dizer que vai ter igualdade de oportunidade. E igualdade de oportunidade é na escola."
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Nem da França, nem da Itália. | Descoberta do processo de fabricação do queijo permitiu que populações do Mediterrâneo intolerantes à lactose tivessem acesso à proteína do leite
A história do queijo, essa iguaria que é consumida por todo o mundo, pode ter suas origens no que hoje é a Croácia.
Cientistas do Instituto Heriot-Watt, em Edimburgo, na Escócia, e da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, revelaram nesta semana a descoberta de vestígios de queijos feitos há 7,2 mil anos, os mais antigos conhecidos até agora.
Mas não se trata de cheddar ou brie, mas, sim, de vestígios de ácidos graxos encontrados em fragmentos de porcelana localizados perto da cidade de Pokrovnik, no litoral da Croácia.
Com o material, os cientistas concluíram que as peças de cerâmica eram usadas para retirar o queijo dos recipientes nos quais eram produzidos. Os achados foram publicadas no periódico científico PLOS ONE, da Biblioteca Pública de Ciência dos EUA.
Embora antigos vestígios de gordura do leite já tenham sido encontrados no passado, o estudo utilizou o carbono 14 para determinar que as amostras encontradas em Pokrovnik eram provenientes do processo de fabricação de queijos. O carbono 14 é o meio mais usado para a datação, pois é absorvido por todos os vegetais e animais.
E o resultado da pesquisa surpreendeu: as amostras indicam que começamos a produzir queijo 2 mil anos antes do que se acreditava até agora. Ou seja, durante o Período Neolítico - anteriormente, se pensava que o processo tinha começado na Idade do Bronze.
A fabricação de queijo foi uma inovação que transformou a humanidade. Como era mais durável e "portátil" do que o leite, o queijo permitiu que os homens percorressem distâncias cada vez maiores e que a agricultura se espalhasse para as áreas mais frias do centro e do norte do continente.
Além disso, permitiu que muita gente que até então não conseguia consumir leite tivesse acesso à proteína. Estudos em genética indicam que a intolerância à lactose era comum entre os adultos que viviam na região do Mediterrâneo.
O processo de fermentação envolvido na produção do queijo reduziu o nível de lactose e, assim, apresentou àquelas populações uma fonte de alimento nutritiva e saborosa.
Cientistas identificaram vestígios de ácidos graxos em fragmentos de porcelana perto da cidade de Pokrovnik, no litoral da Croácia
Redução da mortalidade infantil
Para Calyton Magill, um dos cientistas que participaram da descoberta, a revelação "é incrível e deliciosa".
"Sabemos que o consumo de leite e outros produtos derivados teve muitas vantagens para as primeiras populações de agricultores, porque o leite, iogurte e queijo eram uma boa fonte de calorias e gordura", diz ele.
"E poderia ser um alimento fundamental entre as colheitas ou durante as secas e fomes", acrescenta.
Descobertas arqueológicas anteriores já davam pistas de que humanos produziam queijo no Período Neolítico.
Alguns objetos encontrados que pertenciam a esse período foram identificados como "escorredores ou raladores" de queijo, mas essa é a primeira vez que traços de leite fermentado são encontrados neles.
Queijo está presente na cultura do Ocidente há milênios
Intolerância à lactose
Sarah McClure, professora da Universidade da Pensilvânia, diz que, enquanto as crianças daquela época podiam beber leite, muitos adultos eram intolerantes à lactose.
A fabricação de queijo diminuiu essa restrição, porque os adultos conseguiam digeri-lo sem desconforto gastrointestinal.
"Encontramos indícios de que a produção de queijo e leite entre os primeiros agricultores da Europa conseguiu reduzir a mortalidade infantil e ajudou a estimular deslocamentos demográficos, impulsionando o movimento de famílias inteiras para o centro e norte do continente", explica McClure.
Mas ainda não se sabe como o queijo foi produzido pela primeira vez. Uma das teorias é que antes de a cerâmica ser desenvolvida, o leite era armazenado em baldes feitos com os estômagos dos animais. Essa combinação teria facilitado a fermentação natural do leite, dando origem ao queijo.
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Na região de Camden | De Olhos Bem Fechados (1999) – em Hatton Garden.
Quatro Casamentos e Um Funeral (1994) – no Hampstead Town Hall (sede da região administrativa de Hampstead).
Hamlet (1969) – na Roundhouse, antigo prédio circular na rua Chalk Farm.
Keep The Aspidistra Flying (1998) – na Red Lion Square e no St Pancras Chambers (antigo hotel da estação ferroviária de St. Pancras, que está sendo restaurado).
O Quinteto da Morte (1955) – nas ruas Clarence Passage e Cheney Road, e na praça Argyle Square.
O Homem que Sabia Demais (1934) – na Royal College Street.
Monty Python e o Cálice Sagrado (1975) – no parque de Hampstead Heath.
Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) - Kenwood House, prédio histórico que fica dentro do parque de Hampstead Heath.
A Profecia (1976) - Parliament Hill, um dos pontos elevados do parque de Hampstead Heath.
A Tortura do Medo (1959) – nas ruas Percy Street e Rathbone Place, na área de Fitzrovia, ao norte do Soho.
De Caso com o Acaso (1998) – no restaurante Bertorellis, na rua Charlotte Street (em Fitzrovia), e nos jardins Lincoln's Inn Fields e Primrose Gardens.
Os Desajustados (1987) – em um apartamento do bairro de Camden.
Traídos Pelo Desejo (1992) – em Dartmouth Terrace, Blackheath.
Quatro Casamentos e Um Funeral (1994) – na capela da Escola Naval (Royal Naval College).
O Mensageiro (1971) – no parque de Greenwich.
Violento e Profano (1997) – no conjunto habitacional Pepys Estate, em New Cross, e no hospital de Hither Green.
Jogos Patrióticos (1992) – Escola Naval (Royal Naval College).
Razão e Sensibilidade (1995) – na Queen's House, prédio histórico, e no Museu Marítimo, que ficam no parque de Greenwich.
Velvet Goldmine (1998) – na Bridge Street, em Blackheath.
007 – O Mundo Não é o Bastante (1999) – na Cúpula do Milênio, à margem do Tâmisa.
Alfie (1966) – na Chepstow Road e na rua Ladbroke Grove.
Os Vingadores (1998) – na casa de número 45 da Royal Avenue.
Blow-up, Depois Daquele Beijo (1966) – em Princess Place, na Pottery Lane e no Holland Park.
O Círculo do Crime (2000) – no Electric Cinema, na rua Portobello.
De Olhos Bem Fechados (1999) – na Kings Road, no hotel Lanesborough, em Knightsbridge.
Beatles – Os Reis do Iê-Iê-Iê (1964) – em várias locais da cidade, entre eles, Penzance Place, Portland Arms, Portland Road, Clarendon Road e Lancaster Road.
Assalto à Milanesa (1969) – na Portobello Road.
Keep the Aspidistra Flying (1998) – no museu Leighton House, na Holland Park Road.
Maybe Baby (2000) - Chelsea Embankment (à margem do Tâmisa) e na Whitstable House, Silchester Road.
Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) – na Portobello Road, na Westborne Park Road, no cinema Coronet, e nos jardins Elgin Square Garden e Hempel Garden Square.
Performance (1970) – em Paddington, e no número 25 de Powis Square.
Ricardo III (1995) – na sede da Royal Geographical Society, em Kensington Gore, e na Peacock House.
Escândalo (1988) – na ruazinha Bathurst Mews.
De Caso com o Acaso (1998) - na Kings Road; no Albert Embankment (à beira-rio); no pub Windsor Castle, em Campden Hill: e no café Mas, na All Saints Road.
Ten Rillington Place (1971) – na ruazinha Rushdown Mews.
Os Desajustados (1987) – em Tavistock Crescent.
O Diário de Bridget Jones (2001 ) – na Bedale Street.
O Homem Elefante (1980) – em Shad Thames.
Quatro Casamentos e Um Funeral (1994) – no centro cultural South Bank, à margem sul do Tâmisa.
A Mulher do Tenente Francês (1981) – em Shad Thames.
Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1999) – na Park Street.
Violento e Profano (1997) – no posto policial de Southwark e em Peckham.
Ricardo III (1995) – na antiga usina de energia elétrica de Bankside, à margem do Tâmisa.
Spiceworld: The Movie (1997) – no clube Ministry of Sound.
Armadilha (1999)
A Mulher do Tenente Francês (1981)
O Retorno a Howard's End (1992)
A Idade da Violência (1993)
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The story…
| The recycled-goods shopping mall
Learn language to describe…
the condition of goods
Need-to-know language
second-hand – used in the past by someone else; not new
upcycled – new things made of old or unwanted articles or materials
broken down – separated into parts
handmade – object made by people rather than machines in factories
worn-out – object which is damaged by too much use
Answer this…
What guarantees a steady stream of items to recycle?
Watch the video online
http://www.bbc.co.uk/learningenglish/english/features/lingohack/ep-190130
Transcript
This shopping mall in Sweden may look pretty normal. But look closely at the items for sale in its fourteen specialist shops. You'll realise there's something quite different about it.
Everything for sale here is second-hand. The mall only sells items that are recycled or ‘upcycled’, meaning unwanted items broken down and reinvented as something new.
Anna Bergstrom, ReTuna Mall Manager
You can come and just do sustainable shopping and Sweden loves it. And the world loves it. Everyone wants to be like us.
The clever thing about this mall in Eskilstuna near Stockholm is its location. It's right next to the city's recycling centre. So a steady stream of cars is already coming to drop off unwanted household items. This produces a regular supply of stock for the shops. When goods arrive, a team sorts everything into categories.
The mall’s shopkeepers can then pick out which things they want to sell or use as material for upcycling. One of the most popular shops in the mall specialises in handmade household ornaments. This is its best-selling item. It's made from worn-out leather jackets.
In 2018, the mall sold second-hand goods worth $1.3 million, meaning unwanted items found new homes.
Did you get it?
What guarantees to sellers a steady stream of items to recycle?
The mall is close to Eskilstuna's recycling centre, where people drop off unwanted household items.
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"Onde estão?" | "Encontramos uma probabilidade sustancial de que não haja outra vida inteligente no nosso universo observável", afirmam os autores do estudo
Foi a pergunta que o famoso físico italiano Enrico Fermi fez a seus colegas quando trabalhava no Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos, em 1950.
Fermi discutia a existência de outras civilizações inteligentes e a aparente contradição entre as estimativas que afirmam haver uma alta probabilidade de essas civilizações existirem no universo observável - e a falta de evidências delas.
Somente na Via Láctea, a estimativa mais conservadora indica a existência de cerca de 100 bilhões de estrelas, muitas rodeadas por planetas. Por que, então, ainda não temos a comprovação de vida inteligente além do nosso planeta?
A história do Universo em 4 minutos
Se existem bilhões de possibilidades de que haja civilizações inteligentes, por que ninguém procurou entrar em contato?
Essa disparidade, que é conhecida como o paradoxo de Fermi, foi agora reavaliada por três acadêmicos da Universidade de Oxford.
E em seu estudo, intitulado Dissipar o Paradoxo de Fermi, eles dizem que é mais provável que a humanidade "esteja sozinha no Universo".
Equação
Os três autores do estudo são Anders Sandberg, pesquisador do Instituto Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford, o engenheiro Eric Drexler, que popularizou o conceito de nanotecnologia, e Tod Ord, professor de Filosofia no mesmo centro acadêmico.
O paradoxo de Fermi aponta para a aparente contradição entre estimativas que apontam ser alta a probabilidade de existirem outras civilizações inteligentes e a ausência de evidências dessas civilizações
O novo trabalho deles analisa uma das bases matemáticas do paradoxo de Fermi, a chamada equação de Drake, proposta pelo astrônomo Frank Drake na década de 1960.
A equação foi concebida para estimar o número de civilizações detectáveis na Via Láctea e multiplica sete variáveis.
Duas delas, por exemplo, são N, o número de civilizações na Via Láctea cujas emissões eletromagnéticas são possíveis de detectar, e fp, a fração de estrelas com sistemas planetários.
Os três estudiosos de Oxford apresentaram uma versão atualizada da equação de Drake que incorpora "uma distribuição mais realista da incerteza".
'Sozinhos'
A equação de Drake foi usada no passado para mostrar que a quantidade de possíveis lugares onde poderia haver vida deveria produzir um grande número de civilizações.
Mas essas aplicações assumem "certeza em relação a parâmetros altamente incertos", apontam os autores do estudo.
A busca de inteligência extraterrestre deve continuar, segundo os acadêmicos de Oxford
"Nós examinamos esses parâmetros, incorporando modelos de transições químicas e genéticas nos caminhos em direção à origem da vida, e mostramos que o conhecimento científico existente corresponde a incertezas que abrangem várias ordens de magnitude. Isso faz uma grande diferença", acrescentaram Sandberg e seus colegas.
A revisão da equação com distribuições mais realistas de incerteza levou os autores a concluírem que "há uma probabilidade de 39% a 85% de que os seres humanos estejam sozinhos no Universo".
"Encontramos uma probabilidade substancial de que não haja outra vida inteligente em nosso universo observável e, portanto, não deveria haver surpresa quando não detectamos quaisquer sinais disso," dizem os cientistas.
A maior incerteza "nos leva a concluir que existe uma probabilidade razoavelmente alta de estarmos sozinhos".
Inteligência extraterrestre
Os autores do estudo não acreditam, no entanto, que os cientistas deveriam desistir de buscar inteligência extraterretre ou SETI, da sigla em Inglês.
Recentemente, por exemplo, cientistas descobriram a existência de complexas moléculas baseadas em carbono nas águas de Enceladus, uma lua de Saturno, que podem indicar que o local é capaz de abrigar vida - algo que só será comprovado após muitos anos de pesquisas.
"Não estamos mostrando que essa busca (por vida extraterrestre) é inútil, pelo contrário", declarou Sandberg. "O nível de incerteza que temos de reduzir é enorme, e a astrobiologia e a SETI podem desempenhar um papel importante na redução dessa incerteza de alguns parâmetros."
Não há respostas simples para o paradoxo de Fermi.
Se, apesar da baixa probabilidade, for detectada vida extraterrestre inteligente no futuro, Sandberg diz que "não devemos nos surpreender muito".
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"Todo mundo tem medo de todo mundo". | Amalia e sua mãe, Rosemere, estão isoladas em casa, na Itália
É assim que a dona de casa brasileira Rosemere Filliponi, de 52 anos, descreve a situação na área em que mora Lombardia, região da Itália que se tornou o novo centro da crise ligada ao surto do novo coronavírus.
Moradora da cidade de Stradella, ao lado da área mais atingida — a chamada "zona vermelha" —, ela e a filha de 18 anos estão isoladas em casa há uma semana, quando os primeiros casos começaram a surgir.
As aulas nas escolas foram suspensas e o comércio praticamente não abre as portas.
"Há muitos policiais na rua. Se você sair, eles mandam você voltar. Só deixam você seguir se for ao mercado porque a comida acabou em casa ou à farmácia se estiver doente", conta Rosemere.
Fim do Talvez também te interesse
O governo italiano montou postos de controle em 35 pontos de estradas na Lombardia, região mais atingida pelo coronavírus
Atualmente, a Itália tem o maior número de casos de coronavírus na Europa e tomou o lugar da China como principal foco de preocupação sobre a covid-19. São mais de 400 infectados e 12 mortes no país.
Silêncio e pânico
Num país em que a população tem a fama de falar alto, o silêncio agora predomina nas ruas das zonas mais afetadas pelo surto na Lombardia.
"Ninguém fala com ninguém. Mesmo no mercado, que é o lugar onde temos que ir, as pessoas estão todas de máscara, ninguém olha para o lado. As farmácias só atendem com vidro blindado, sem contato", relata Rosemere, que saiu de casa apenas duas vezes em uma semana, mesmo assim "com medo total".
Nas ruas, guardas fazem patrulha e perguntam para onde as pessoas estão indo. "Se alguém espirra ou tosse, fica todo mundo em alerta, com medo, em pânico."
A brasileira também conta que muitos alimentos já estão em falta nas prateleiras e que os preços de produtos de limpeza e máscaras mais que triplicaram. Segundo Rosemere, ela e a filha só têm comida em casa para mais duas semanas.
Ruas de Stradella estão praticamente sem movimento
Os ônibus e os trens partindo de Stradella também estão suspensos até para cidades próximas, como Milão, a maior metrópole da Itália e capital da Lombardia.
Dentro de casa, o tempo é preenchido por mãe e filha com horas em frente à televisão, além de músicas e conversas pelo celular. "É muita angústia, tédio, não está dando. Estou preocupada com a nossa saúde mental", conta Amalia Filliponi.
Mãe e filha dizem que os casos de pessoas infectadas estão perto, de professoras a donos de bar na vizinhança.
Rosemere tinha viagem ao Brasil marcada para o dia 10 de março, mas precisou adiar os planos. Amalia iria para Paris com a escola, mas teve o passeio cancelado.
O medo da jovem, agora, é perder o ano letivo e não poder tentar uma vaga na universidade no final do ano.
"Nunca imaginei passar por isso aqui. Estou com muito medo", conta Rosemere, que chegou ao país onde formou família há 24 anos.
O avanço da doença na Itália também já começa a afetar outros países. Casos na Áustria, Croácia, Grécia, Suíça, Argélia, França, Espanha, Alemanha e Brasil foram ligados a pessoas que estiveram no norte italiano.
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Com desgaste e sem crime | Um pouco menos carrancudo do que nos dias anteriores, o meia português Luís Figo encarou nesta terça-feira as perguntas dos jornalistas que acompanham a preparação da seleção de Portugal para a semifinal da Eurocopa, contra a Holanda.
Um dos principais assuntos abordados na coletiva foi, mais uma vez, a polêmica criada em torno da decisão de Figo de não acompanhar no banco de reservas o resto da partida contra a Inglaterra após ser substituído pelo técnico Luiz Felipe Scolari.
Questionado sobre a reação de Scolari, que defendeu o meia das críticas de torcedores e da imprensa e disse que tratava-se de um “ídolo nacional”, Figo foi seco: “Quando as palavras são positivas, a gente agradece, mas acho que não cometi nenhum crime para que tivesse que ser defendido.”
O astro da seleção portuguesa também reforçou as críticas ao excesso de jogos no futebol europeu.
“As temporadas são cada vez mais desgastantes”, disse Figo. “Se a Uefa e a Fifa querem ter espetáculo nos meses de julho, têm que ponderar a quantidade de jogos que existem ao longo do ano.”
Seleção contra o turismo
A boa fase da seleção de Portugal na Eurocopa criou um clima de euforia no país, mas as recentes vitórias da equipe acabaram causando também prejuízo para a indústria de turismo local.
Primeiro, a seleção treinada por Luiz Felipe Scolari eliminou do torneio a Espanha e, com isso, fez com que cerca de 20 mil turistas espanhóis encerrassem as férias no país vizinho.
Depois, a equipe de Portugal derrotou a Inglaterra e mandou para a casa o grupo mais numeroso de torcedores estrangeiros que acompanhavam o torneio.
O resultado privou o setor de turismo e serviços da economia portuguesa da receita adicional, ao frustrar os cerca de 50 mil ingleses que estavam no país apenas para seguir a seleção de David Beckham e Wayne Rooney.
Portugal, por Stoitchkov
Maior jogador da história do futebol búlgaro, o ex-jogador Hristo Stoitchkov é comentarista de uma emissora de televisão e está em Portugal para acompanhar a Eurocopa.
Depois da derrota da seleção portuguesa na estréia contra a Grécia, Stoitchkov disse que a equipe anfitriã do torneio não se classificaria para a segunda fase da competição. Confrontado com o comentário, o ídolo búlgaro creditou a recuperação de Portugal ao trabalho de Luiz Felipe Scolari.
“Tenho que reconhecer que o Scolari foi formidável na forma como mudou a equipe, que ficou mais sólida e compacta graças a algumas mudanças que ele fez”, disse Stoitchkov.
O ex-jogador do Barcelona também elogiou Figo, que chegou a ser seu companheiro de equipe no clube catalão, e afirmou que o português Ricardo Carvalho é o melhor zagueiro da Eurocopa até agora.
Robbenmania
Depois da febre criada na Inglaterra pelo bom desempenho do jovem atacante Wayne Rooney na primeira fase da Eurocopa, a Holanda também aderiu à nova onda de exaltação ao meia-esquerda Arjen Robben.
Os torcedores e a imprensa holandesa apontam o jogador como principal destaque holandês no torneio e não aceitam a hipótese de Robben perder lugar entre os titulares da Holanda.
O técnico Dick Advocaat, que sofreu muitas críticas por ter substituído a jovem revelação durante a derrota para a República Checa, também entrou na onda e disse que convocou Robben mesmo sem saber se ele estaria bem fisicamente para disputar o torneio.
“Robben esteve lesionado alguns meses antes do início da Eurocopa. A previsão era de que ele se recuperaria no limite para a nossa viagem a Portugal. Ele ainda estava contundido quando disse que não se preocupasse. No Algarve, aconteceu um milagre e ele se recuperou totalmente. É fantástico, um grande jogador”, disse o treinador.
Mais elogios
Outro jogador que anda com o moral muito alto com o seu treinador é o atacante checo Milan Baros, artilheiro da Eurocopa com cinco gols e único jogador a marcar em todas as partidas de sua equipe no torneio.
“Acho que não é necessário explicar, todos viram o que ele fez em campo. É simplesmente maravilhoso”, afirmou o técnico Karel Bruckner, treinador da seleção da República Checa.
Bruckner também destacou a recupeção de Baros, que sofreu uma grave contusão no ano passado e desfalcou o seu clube, o Liverpool, durante boa parte da temporada do futebol inglês.
“Depois de ter se recuperado da lesão e de ter ficado ausente do Campeonato Inglês, jogar dessa forma é brilhante. Trata-se de um grande jogador”, disse o treinador checo.
Balanço policial
A Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal divulgou um novo balanço sobre as operações especiais de segurança realizadas no país durante a Eurocopa.
De acordo com o órgão policial, 136 pessoas foram detidas por crimes como venda ilegal de ingressos, furtos, roubos, agressões, uso de dinheiro falso e distúrbios.
A lista de estrangeiros entre os detidos é grande e inclui 25 alemães, 24 ingleses, 14 romenos, sete franceses, cinco russos, cinco suíços e cinco croatas.
Desde o início do torneio, a polícia afirma que foram apreendidos 684 ingressos e 23,4 mil euros que circulavam no comércio ilegal de entradas para jogos da Eurocopa.
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Convocados: | 1- Abbondanzieri, goleiro (Boca Juniors, da Argentina)2- Ayala defensor (Valencia, da Espanha)3- Sorín, defensor (Villarreal, da Espanha)4- Coloccini, defensor (Deportivo La Coruña, da Espanha)5- Cambiasso, meia (Inter de Milão, da Itália)6- Heinze, defensor (Manchester United, da Inglaterra)7- Saviola, atacante (Sevilla, da Espanha)8- Mascherano, meia (Corinthians)9- Crespo, atacante (Chelsea, da Inglaterra)10- Riquelme, meia (Villarreal, da Espanha)11- Tévez, atacante (Corinthians)12- Franco, goleiro (Atlético Madrid, da Espanha)13- Scalone, defensor (Deportivo La Coruña)14- Palácio, atacante (Boca Juniors)15- Milito, defensor (Zaragoza, da Espanha)16- Aimar, meia (Valencia)17- Cufre, defensor (Roma, da Itália)18- Rodriguez, meia (Atlético Madrid)19- Messi, atacante (Barcelona, da Espanha)20- Júlio Cruz, atacante - (Inter de Milão)21- Burdisso, defensor (Inter de Milão)22- González, meia (Porto, de Portugal)23- Ustari, goleiro (Independiente, da Argentina)
Jogos (Grupo C)
Argentina x Costa do Marfim – 10 de junho, 16h (Brasília), Hamburgo
Argentina x Sérvia e Montenegro – 16 de junho, 10h (Brasília), Gelsenkirchen
Argentina x Holanda – 21 de junho, 16h (Brasília), Frankfurt
Como eles chegaram à Alemanha: Foram a primeira seleção sul-americana a garantir a vaga, três rodadas antes do final das eliminatórioas. Terminaram, porém, o torneio em segundo lugar. O Brasil ficou em primeiro pelo saldo de gols.
Destaque nas eliminatórias: Houve várias mundanças no time, com novas caras aos poucos tomando o lugar da geração de 2002. Ninguém jogou mais de 13 jogos, mas o habilidoso meio-campo Luis González é uma boa pedida para jogador mais regular.
Técnico: José Pekerman. Tem uma carreira magnífica desenvolvendo jogadores jovens e levando a Argentina aos títulos dos Mundiais sub-20 de 1995, 1997 e 2001. Será que poderá fazer o mesmo com a seleção principal?
Retrospecto em Copas: Duas vezes campeã (1978 e 1986) e duas vezes vice (1930 e 1990). Rumo à 14ª Copa do Mundo, eles são uma das principais forças do futebol mundial.
Momento para lembrar: O título no México em 1986, quando Diego Maradona chegou a alturas que poucos – se é que alguém – jamais alcançaram.
Momento para esquecer: Suécia 1958, quando eles retornaram à competição pela primeira vez desde 1934. Fora de ritmo, perderam de 3 a 1 para a Alemanha Ocidental e de 6 a 1 para os tchecos.
Astro de todos os tempos: Sem discussão. Ame-o ou odeio-o, a performance de Diego Maragona em 1986 é um dos marcos individuais da história do esporte.
Pontos fortes: Nenhum outro time no mundo troca passes com tanta eficiência no meio-de-campo. Eles também têm bons jogadores para quase todas as posições.
Pontos fracos: Uma superdependência de Riquelme, jogador que pode ter altos e baixos. Pekerman tem ainda que achar a escalação ideal e definir o sistema de jogo. Ele também deve estar preocupado pela falta de um goleiro de categoria internacional.
Você sabia? Depois da carreira como jogador, Pekerman deu um tempo do futebol e trabalhou como taxista para se reencontrar na vida.
Ranking mundial:9
Chances: 8/1
Opinião argentina: "Ainda não sabemos qual é a nossa melhor formação. Então, tudo depende das decisões que Pekerman vai tomar. Ele tem o material bruto e novos talentos maravilhosos. Se ele acertar a mão, a Argentina tem todas as possibilidades de se destacar.” Manuel Epelbaum, jornal La Nación.
Veredicto da BBC: Eles ainda não chegaram a uma semifinal na era pós-Maradona, e é difícil vê-los como campeões neste ano. Ao menos que, claro, Riquelme seja regular, e Messi incendeie a Copa. Mesmo se não, ainda devem jogar um futebol bonito e atraente.
Ranking e chances atualizados em 18 de maio. Chances fornecidas pela William Hill.
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O inverno chegou. | A série do canal HBO Game of Thrones continua triunfando
Com essa famosa frase de Game of Thrones, milhões de fãs se reuniram no mundo todo neste domingo para a estreia da sétima e penúltima temporada da série televisiva do canal HBO, uma das mais populares da história.
A série é baseada na popular saga de ficção científica escrita por George R.R. Martin chamada Song of Ice and Fire (As Crônicas de Gelo e Fogo, em português), e narra a guerra de dinastias pelo controle do continente Westeros.
Até a sexta temporada, a adaptação televisiva se baseou nos seis livros da saga de maneira livre, ainda que guiada por Martin, que é o produtor executivo.
A novidade da sétima temporada é que a série toma seu próprio caminho e não estará mais baseada na literatura, já que Martin não terminou de escrever os últimos livros da história.
Com uma mistura sagaz de intriga, violência, sexo e reviravoltas inesperadas e dramáticas, a audiência de Game of Thrones - GOT para os fãs - multiplicou-se a cada temporada.
A atriz Emilia Clarke interpreta Daenerys Targaryen
A primeira temporada, de 2011, teve 2,52 milhões de telespectadores, enquanto a última acumulou 8,1 milhões. Não é descabido pensar que a estreia da saga de Jon Snow e Daenerys Targaryen possa superar até mesmo esses últimos números.
GOT se destacou por quebrar vários recordes, alguns registrados no livro Guinness. Listamos os principais:
1. O programa de televisão mais popular do mundo
Segundo a Parrot Analytics, uma empresa de dados que mede a demanda mundial de audiência por conteúdo televisivo, GOT teria uma média diária global de 7.191.848 Demand Expressions (uma medida usada pela companhia para medir a audiência, assim como o compartilhamento entre as pessoas, as menções nas redes sociais e outros fatores para estimar a demanda de espectadores para vários programas),
De acordo com o livro Guinness dos Recordes, essas cifras fazem com que Game of Thrones possa ser considerada a série mais popular no mundo atualmente.
A última temporada da série será transmitida, segundo as previsões, em 2018
2. E o mais pirateado
Em 2016, o site de monitoramento TorrentFreak classificou Game of Thrones como o programa de TV mais baixado ilegalmente pelo quinto ano consecutivo.
O final da sexta temporada, lançada em 26 de junho de 2016, foi compartilhado através de 350 mil canais piratas simultaneamente.
Em segundo e terceiro lugar ficaram The Walking Dead e Westworld, respectivamente.
Game of Thrones conquistou 12 dos 23 prêmios Emmy para os quais foi indicada em 2016
3. Acumula a maior quantidade de prêmios Emmy para uma série em um mesmo ano
Durante a 68º edição dos Prêmios Emmy celebrada em Los Angeles em 2016, a série ganhou 12 prêmios - mais do que nenhuma outra série conseguiu em um mesmo ano.
4. Protagonizou a maior transmissão simultânea do mundo
Uma amostra do alcance global de GOT é a quantidade de seguidores que a série tem no mundo todo.
O segundo episódio da quinta temporada foi transmitido simultaneamente em 173 países e territórios diferentes a partir da madrugada de segunda-feira 20 de abril de 2015, sendo a maior transmissão realizada até agora.
5. GOT foi usada para a maior adaptação de um mundo fictício em Minecraft
A série gerou um projeto do videogame Minecraft para recriar seu cenário fictício, Westeros.
Até 4 de fevereiro de 2015, o projeto de WesterosCraft havia traçado cerca de 806,5 km² de Westeros - incluindo Riverrun e Winterfell - que cobre uma área de aproximadamente 22.000 x 59.000 blocos de Minecraft.
O objetivo do projeto é usar o ambiente para um jogo de personagens baseado na série.
Fingleton morreu em fevereiro de 2017
6. Teve o ator mais alto do mundo
O Livro Guinness dos Recordes afirma que GOT é a série que teve o ator mais alto em seu elenco.
Trata-se do britânico Neil Fingleton, que media 2,29 metros de altura e fez o papel de Mag the Mighty, o gigante do Exército de Mance Rayder.
Fingleton morreu em fevereiro de 2017 devido a insuficiência cardíaca.
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The story…
| Nesta série, os jornalistas da BBC te ajudam a aprender e praticar inglês com uma das notícias mais interessantes da semana. Assista ao vídeo e acompanhe o vocabulário.
Unknown bad habit causes tooth decay
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Tooth decay
Need-to-know language
eats away – gradually damages or destroys
chip – break off a small piece
swishing – causing a liquid to flow through or around something to clean it
acidic – containing acid: a liquid that dissolves materials
erode – gradually damage or reduce the strength of something
Answer this…
What does Rachel do that causes damage to her teeth?
Watch the video online: http://www.live.bbc.co.uk/learningenglish/english/features/lingohack/ep-180411
Transcript Back in the dentist's chair, even though she thought she looked after her teeth well. Rachel Coe-O’Brien has erosive tooth wear. It’s when acid eats away at them until they chip or get shorter. It turns out Rachel had a bad habit she didn't even know about.
Rachel Coe-O'Brien
When I drink normally, especially if it’s a kind of flavoured drink, I would just hold it in my mouth for a bit longer than I suppose the average person. I think it might be the taste or something like that. And I think, again, that kind of… more exposure to my teeth and it sits in my mouth longer than just swallowing it down.
As vices go, it doesn't sound so terrible. But researchers say it's bad news for your teeth.
Saiorse O'Toole, dentist
Lingohack ©British Broadcasting Corporation 2018
bbclearningenglish.com Page 2 of 2
We found that about maybe one in six people had habits like sipping things really slowly or swishing them round their mouth - people tend to rinse things round their mouth. If you're doing these behaviours on a daily basis for years and years and years, you can cause serious damage to your teeth. And that serious damage can mean that your whole mouth needs to be rebuilt.
It is preventable - mostly by cutting back on acidic food and drinks. Some things though, like fruit - are generally seen as the healthy option. But from the dental point of view, they can erode teeth.
So should people scrap their five-a-day to protect their teeth? The researchers say that's the last thing they want. But the advice is to be aware of overall eating patterns, and to consider snacks that are less acidic and higher in calcium.
Did you get it?
What does Rachel do that causes damage to her teeth?
The answer: Rachel holds the drink in her mouth longer than the average person, which exposes her teeth to the liquid for more time.
Did you know?
Humans have two sets of teeth. The first set of 20, which are informally referred to as ‘milk teeth’, are lost in childhood. The adult set has 32 and consists of four incisors, two canines, four premolars and six molars in each jaw.
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- Caiu o sinal! | - Merda de TV a cabo!
Como, no momento mais dramático dos últimos anos da televisão americana, tudo fica preto?
Não aquele preto de queda de sinal com chuvisco. Preto, preto, preto.
A audiência era a maior da noite tanto na TV aberta quanto no cabo e milhões agarraram os seus telefones.
"Aqui também deu preto. Vai ver que termina assim mesmo. Tudo preto."
Ou termina em pizza?
Três Sopranos, o chefão Tony com a mulher e o filho estão sentados para jantar num restaurante popular de Nova Jersey. A filha está atrasada porque não consegue estacionar direito, uma destas banalidades aflitivas que reforçam a tensão.
Estaciona, entra e senta no restaurante onde, além da família, estão vários personagens acompanhados pela câmera e pelos olhos de Tony. Vários parecem suspeitos.
Faltam dois minutos para acabar o programa. A matança precisa começar....tic tac tic tac.
Dez da noite em ponto no relógio da caixa do cabo. A família lê os cardápios e fala sobre o cotidiano...
Pá! Não é tiro. É tela preta. Silêncio. Trinta segundos. Rodam os créditos.
No dia seguinte era manchete nos jornais e na internet. Blogueiros e críticos brigavam entre o "genial" e um cocô. O cocô liderava com grande vantagem, maior ainda nos estados conservadores, "os vermelhos" de Bush.
Fiquei com o criador. Final de mestre. Conseguiu gerar um suspense de dar coceiras e contrariou todas as apostas, expectativas e lugares comuns. Vai ter senso de humor assim no inferno.
Durante oito anos Os Sopranos foram o digestivo cultural da televisão americana nas noites de domingo. Rico em violência, sexo, cultura com alusões e referências a grandes obras literárias. Podia ser visto como um filme de gangster ou, como preferiam os eruditos, como uma alegoria à decadência dos Estados Unidos e outros valores.
David Chase, criador da série, produtor executivo, roteirista de vários, inclusive do capítulo final, é homem culto e avesso a celebridades e entrevistas.
Antes do último episódio embarcou para a França em busca de vinhos, comida, boa companhia e distância dos chatos.
Deixou um aviso de que não queria ser importunado e informou a seus outros produtores e colaboradores que não tinham nada que explicar. Estava tudo ali, na cara do telespectador.
A tela preta faz parte da linguagem da televisão. Quando uma morte é anunciada, o nome aparece na tela com as datas do começo e do fim e, logo em seguida, alguns segundos de tela preta.
Nos Sopranos, os personagens várias vezes conversaram sobre a sensação e o significado da morte. Num capítulo recente, um mafioso diz para outro: na morte fica tudo preto. É só". Como se alguém apagasse a luz e desligasse o som.
Há outras versões, complicadas. Maureen Dowd, a controvertida colunistas do New York Times, faz uma destas associações elásticas e compara o fim de Tony Soprano com o de Tony Blair. Ela esperava um final baseado no poema de Yeats - The Second Coming.
No dia seguinte ao programa fui a Baltimore entrevistar o sociólogo Giovanni Arrighi para o programa Milênio. Ele está lançando seu terceiro livro anunciando a decadência americana.
- Dívida, ganância, concorrência asiática e incompetência, disse ele. Não tem final feliz.
- Vamos pro preto. Para a pizza ou para o filme?
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Juan Guaidó continua firme. | O opositor Juan Guaidó se autoproclamou presidente encarregado da Venezuela em 23 de janeiro
Cinco dias depois de se autoproclamar "presidente interino" da Venezuela, o líder oposicionista segue com sua agenda para tirar Nicolás Maduro da Presidência e assumir o poder no país.
O governo dos Estados Unidos e outros 20 países, incluindo o Brasil, o reconhecem como presidente interino da Venezuela, enquanto Maduro e seus aliados e seguidores classificam a autodeclaração de Guaidó como uma tentativa de golpe de Estado.
Em reação à ofensiva do oposicionista, o procurador-geral da Venezuela, o chavista Tarek Saab, disse nesta terça (29) ter pedido à Suprema Corte do país que congele as contas de Guaidó e o proíba de deixar a Venezuela, segundo a agência de notícias Reuters.
Neste contexto, como forma de aumentar a pressão contra Maduro, a Casa Branca determinou na segunda-feira (28) o congelamento dos ativos da estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), e proibiu, salvo algumas exceções, que cidadãos e empresas americanos mantenham negócios com a petroleira.
Fim do Talvez também te interesse
"Esperamos que as medidas de segunda-feira bloqueiem US$ 7 bilhões (aproximadamente R$ 26,14 bilhões) em ativos, bem como gerem mais de US$ 11 bilhões (R$ 41,07 bilhões) em perdas de exportações ao longo do próximo ano", disse o assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos John Bolton. Este, aliás, pediu aos militares venezuelanos que embarquem na transição conduzida pelo líder da oposição. China e Rússia classificaram a medida de interferência indevida.
Guaidó conversou com a BBC Mundo logo depois de anunciadas as novas sanções do governo dos EUA contra a petroleira estatal PDVSA
Poucos minutos depois desse anúncio, Guaidó conversou com a BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, em Caracas.
BBC - O senhor afirma ser o presidente legítimo da Venezuela. Mas nunca se apresentou como candidato. No entanto, Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais. Por que o senhor tem mais direito ao cargo do que ele?
Guaidó - O estado de Direito foi desmantelado na Venezuela. A eleição de 2018 não foi válida, e o mandato de Maduro expirou em janeiro de 2019.
O artigo 233 da Constituição diz que o presidente da Assembleia Nacional deve se encarregar da Presidência da República em caso de ausência absoluta do presidente a fim de convocar eleições livres.
Maduro classificou a autoproclamação de Guaidó como uma tentativa de golpe de Estado
Por isso, consideramos que há uma usurpação de poder e uma ditadura.
Eles perderam a legitimidade de origem e agora perderam a legitimidade do exercício, porque estão assassinando os jovens que participam das manifestações e estão obrigando os venezuelanos a viverem na pobreza.
BBC - Há alguma possibilidade de Nicolás Maduro sair do poder sem um derramamento de sangue na Venezuela?
Guaidó - Sim. Será graças à pressão social, à mobilização, às Forças Armadas se colocando do lado da Constituição e ao apoio da comunidade internacional.
Nós temos o roteiro pronto. Será o fim da usurpação e o chamado para uma eleição livre. É possível conseguir uma transição pacífica.
BBC - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garante que todas as opções estão sobre a mesa. O senhor está disposto a pagar o preço de uma intervenção militar americana para tirar Nicolás Maduro do poder?
Guaidó - A Venezuela é um país soberano. Aqueles que interferem nessa soberania são, por exemplo, o ELN (Exército de Libertação Nacional, guerrilha da Colômbia), um grupo irregular que se aventura na Venezuela para extrair ouro e trocá-lo por armas.
Tudo isso foi criado pelo governo de Nicolás Maduro.
EUA, Canadá e países latino-americanos, incluindo o Brasil, reconheceram a autoridade de Guaidó e exigiram a realização de novas eleições presidenciais na Venezuela
BBC - O que o senhor acha das sanções anunciadas por Washington contra a PDVSA, a estatal de petróleo? Isso afeta a firmeza de sua posição em relação a Nicolás Maduro?
Guaidó - Solicitamos ao Parlamento a proteção de ativos afetados pela corrupção. Eles roubaram US$ 400 bilhões (equivalente ao PIB venezuelano inteiro em 2014, cerca de R$ 1,5 bilhão).
Isso faz parte da proteção dos ativos da nação para poder dedicar-lhes a atenção da emergência humanitária.
BBC - Mas isso não equivale a um embargo petroleiro ao país?
Guaidó - O embargo petroleiro foi o que a Venezuela investiu US$ 300 bilhões (R$ 1,12 trilhão) nos últimos dez anos em sua indústria de petróleo e viu sua produção passar de 3,5 milhões de barris para apenas 2.
Esse foi um embargo por meio dos fatos. Endividaram a nação, e o tesoureiro da República se declarou culpado por todos esses atos. Foram US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 4,5 bilhões) em subornos. Quanto perdemos por isso?
BBC - Há algum indício de que militares de alta patente vão passar para o seu lado? Até agora eles se dizem leais a Nicolás Maduro.
Guaidó - Vinte e sete sargentos que decidiram expressar seu descontentamento foram detidos, 160 militares estão presos e há aqueles que estão recebendo a Lei da Anistia.
Juan Guaidó é o presidente da Assembleia Nacional, com maioria de oposição
BBC - Quais contatos o senhor tem no alto comando militar? Não temos visto nenhuma garantia de que eles vão passar para o seu lado.
Guaidó - Na Venezuela há uma ditadura. O chavista que ousa levantar a voz é preso, morto ou exilado.
A Casa Branca anunciou novas sanções contra o governo de Nicolás Maduro, tendo como alvo a PDVSA
Falo de Miguel Rodríguez Torres, que foi ministro de Chávez; de Nelson Martínez, que foi ministro do Petróleo e morreu em uma prisão; de Luisa Ortega Díaz, que está no exílio.
BBC - O senhor convocou novos protestos para esta semana (contra Nicolás Maduro). Não é uma estratégia muito perigosa, considerando tudo o que está em jogo e toda a tensão?
Guaidó - Sem pressão do cidadão, não se derrota uma ditadura. O usurpador Maduro já matou 40 jovens que voltavam para suas casas em áreas muito populares.
Hoje, morar na Venezuela já é um perigo. Nós não podemos permitir que se transforme em apenas sobreviver. A mobilização do povo é um risco necessário, e o nosso protesto é sempre pacífico.
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Você já viu um unicórnio? | A série de tapeçaria 'A dama e o unicórnio' já inspirou alguns artistas e tem inscrição enigmática: 'Mon seul desir'
Não me refiro a uma ilustração ou a alguma mercadoria purpurinada vendida para crianças. Estou falando de um unicórnio de verdade, ou seja, uma criatura parecida com um cavalo, barba de cabra e, é claro, um chifre longo e espiralado — sua característica mais reconhecível — saindo da testa. Porque eu já. Ou, pelo menos, posso dizer (juro) que vi o chifre de um unicórnio.
Deparei-me com um em Paris no ano passado, em uma exposição no Museu de Cluny, que tem uma coleção fascinante de arte medieval.
Lá estava, iluminado e colocado sobre uma base de bronze escuro: um pedaço de marfim marrom-alaranjado, espiralando por vários metros. A base foi projetada por Saint Clair Cemin, nascido no Brasil e radicado nos EUA. Ele se inspirou em um pedestal em forma de cabeça de unicórnio concebido pelo ourives do Renascimento italiano Benvenuto Cellini, que produziu a peça para um chifre semelhante que pertenceu ao papa Clemente VII.
Exceto, claro, que o pedaço de marfim na exposição do Cluny — e, presumivelmente, também o que pertencia ao papa do século 16 — nunca se projetou a partir do crânio de um unicórnio. Se fosse o caso, o pobre animal teria dificuldade em comer, porque ao abaixar, ele (tradicionalmente, os unicórnios foram quase sempre representados como do sexo masculino) ficaria com a ponta do seu chifre presa no solo, impedindo-o de mastigar uma única folha de grama.
Fim do Talvez também te interesse
A escultura de Saint Clair Cemin sustenta o chifre de um narval
Na verdade, o "chifre de unicórnio" em exibição no Museu de Cluny é a presa de um narval, uma baleia encontrada nas águas do Ártico na Groenlândia, na Rússia e no Canadá. A característica mais distintiva do macho da espécie é em realidade um dente canino saliente, que pode crescer até 3,5 m de comprimento.
E, de acordo com Béatrice de Chancel-Bardelot, a curadora da exposição Unicórnios Mágicos, que esteve no Cluny até o início de 2019, durante toda a Idade Média pessoas da Europa Ocidental acreditaram que as presas dessa baleia eram chifres de unicórnio. Consequentemente, estes itens se tornaram muito valorizados.
Como as presas do narval acabaram na Europa?
Na Groenlândia, onde estes pedaços de marfim ocasionalmente apareciam nas praias, a população local reconheceu que eles poderiam ter um potencial mercado em locais mais distantes.
Como resultado, as presas começaram a entrar na Europa através de uma rota que passava pela Escandinávia — e logo se tornaram objetos de prestígio, cobiçados por príncipes e papas.
Quem poderia culpá-los por ter acreditado que se tratava de unicórnios? Poucos europeus haviam batido os olhos em um narval. Confrontados com esses longos e misteriosos "chifres", estudiosos daquele tempo se voltaram para textos antigos, buscando esclarecimentos.
Erroneamente, os europeus assumiram que aqueles seres deviam ter tido origem nos monoceros, nome com que os gregos antigos descreviam uma besta com chifre. Plínio, o Velho, escritor romano do século 1, falou de "um animal muito feroz" com corpo de cavalo, cabeça de veado, pés de elefante e cauda de javali.
Supostamente, segundo Plínio, o monoceros emitiam um som forte e tinham um único e longo chifre preto. Ah, e era impossível, ele escreveu, capturar um desses seres vivo. Hoje, os estudiosos acreditam que o escritor estava descrevendo um rinoceronte. O latim para monoceros é unicornis, do qual nossa palavra, unicórnio, deriva.
No século 12, as presas de narval já eram o mesmo que chifres de unicórnio. Avaliados como maravilhas da natureza, esses itens valiosos eram guardados como tesouros em igrejas e, às vezes, usados para fazer castiçais.
Um desses exemplares, um item com mais de 1,8 de comprimento, registrado como parte do tesouro da Abadia de Saint-Denis (hoje Basílica de Saint-Denis) no fim do século 15, foi o mais antigo exposto pelo Museu de Cluny.
A conotação de pureza pode explicar por que o unicórnio tende a ser representado na cor branca
À medida que o tempo passava, os "chifres de unicórnio" continuaram a fascinar estudiosos, cada vez mais interessados em história natural.
Muitas enciclopédias medievais — incluindo alguns exemplares do século 13 que ficaram em exibição no Cluny — ilustram esses seres, mostrando os primeiros exemplos de unicórnios na arte ocidental.
Quando o comerciante e explorador italiano Marco Polo viajou para a Ásia, viu rinocerontes, que ele acreditou inicialmente que pudessem ser unicórnios.
"Ele ficou um pouco decepcionado", diz Chancel-Bardelot, "porque não eram brancos e seus chifres eram curtos e grossos, ao contrário da longa e bonita presa em espiral do narval".
Ainda assim, as pessoas pensavam que o unicórnio era um "animal selvagem e ameaçador", que vivia longe, em terras do Leste. Durante o século 15, um clérigo da Catedral de Mainz contou que, durante uma peregrinação à Terra Santa, havia visto um unicórnio, entre outros animais estranhos, no deserto do Sinai.
Com o tempo, o unicórnio foi acumulando lendas. Dizia-se que seus chifres tinham poderes mágicos: podiam ferver a água; ou, adicionados a uma bebida ou comida envenenadas, desintoxicá-las. Isso explica por que eles tiveram apelo entre governantes paranoicos em toda a Europa.
Diziam também que os chifres de unicórnio purificavam a água. A exibição de Cluny continha, por exemplo, um impressionante jarro do século 15, com liga de cobre moldada na forma de um unicórnio, usado para a lavagem simbólica das mãos durante a missa ou antes de uma refeição.
Essa associação com a pureza também se estendia à sexualidade feminina. Supostamente, apenas uma mulher virgem poderia encantar um unicórnio; em outros casos, eles eram vistos como bestas esquivas, rápidas demais para serem capturadas. (No final do século 20, um fabricante de automóveis francês produziu um carro conhecido como Licorne — francês para unicórnio —, fazendo referência à velocidade lendária da criatura.)
Este jarro do século 15 era usado para a lavagem de mãos na missa ou antes da refeição
Consequentemente, o unicórnio, apesar do formato fálico de sua característica principal, tornou-se um símbolo de castidade e pureza feminina. No final da Idade Média, os unicórnios eram usados como emblemas por várias princesas e nobres. Em 1447, por exemplo, o artista italiano Pisanello criou uma medalha com o retrato de Cecilia Gonzaga, filha do primeiro marquês de Mântua, ao lado de um unicórnio, símbolo de sua castidade.
Essa conotação de pureza pode explicar também por que o unicórnio é frequentemente representado na cor branca. Há outros aspectos de sua aparência, porém, que variam de lugar para lugar.
Na Idade Média, os unicórnios italianos pareciam cabras ou até camelos, com pelo desgrenhado; já nas regiões de língua alemã, o unicórnio geralmente tinha uma cobertura marrom ou manchada. De certa forma, essas variações fazem sentido, uma vez que o unicórnio ganhou vida apenas na imaginação.
As conotações do unicórnio também variam de acordo com o local.
Uma tapeçaria exposta em Cluny, emprestada pela Coleção Burrell em Glasgow, revela que, no Vale do Reno dos séculos 15 e 16, a caça ao unicórnio era associada à Anunciação. Na tapeçaria, vemos o Arcanjo Gabriel ao lado de um pequeno unicórnio branco no colo da Virgem Maria. Dessa forma, o unicórnio é "associado a Cristo e à sua pureza, livre de pecado", diz Chancel-Bardelot.
De acordo com curadora, porém, a verdadeira "idade de ouro" do unicórnio na arte da Europa Ocidental coincidiu com o final da Idade Média, nos séculos 14 e 15. Este foi o período que deu origem aos maiores tesouros expostos neste ano em Cluny, a série de tapeçarias "A dama e o unicórnio".
Um elegante unicórnio branco aparece em todas as seis requintadas peças do conjunto. Cada uma também apresenta uma mulher nobre com roupas opulentas, acompanhada por um leão, (quase sempre) uma dama de companhia — todos flutuando sobre um fundo vermelho repleto de plantas, flores e vários outros animais, como macacos e coelhos.
O significado da sexta tapeçaria, que contém uma tenda com a inscrição enigmática Mon seul désir ("Meu único desejo"), continua sendo debatido hoje. Os estudiosos concordam, no entanto, que as tapeçarias foram tecidas por volta de 1500 — quando o unicórnio havia se tornado um elemento popular na heráldica (a arte de estudar a criação e evolução de brasões). Ele é, por exemplo, um símbolo nacional da Escócia.
Um elegante unicórnio branco aparece em todas as seis requintadas peças do conjunto 'A dama e o unicórnio'
Durante o Renascimento, entretanto, ganhou força o ceticismo em relação às propriedades milagrosas dos chifres de unicórnio. No século 16, o cirurgião Ambroise Paré, médico de quatro reis franceses, se posicionou contra o suposto potencial medicinal.
Neste período, os unicórnios ainda apareciam ocasionalmente na arte. Conforme a crença nesse animal foi diminuindo, porém, também foi enfraquecendo a idade de ouro do unicórnio.
As coisas mudaram novamente nas décadas finais do século 19, com a redescoberta das tapeçarias "A dama e o unicórnio". Elas inspiraram artistas como o francês Gustave Moreau, que concluiu sua tela The Unicorns (os unicórnios) em 1887, depois que as tapeçarias foram adquiridas pelo Museu de Cluny.
Mais de meio século depois, na década de 1950, o polímata francês Jean Cocteau concebeu e projetou um balé também inspirado no conjunto.
Será que a cultura pop está rendendo uma nova era de ouro para o unicórnio?
Hoje, parece que estamos vivendo outra era de ouro do unicórnio. Olhe ao seu redor: criaturas de um chifre agora permeiam a cultura popular. Unicórnios chamativos estão em brinquedos e estampas de roupas de crianças e pré-adolescentes. No Instagram, a hashtag #unicorn tinha 13 milhões de posts no momento em que esse texto era escrito.
Para a comunidade LGBT, assim como a bandeira do arco-íris, o unicórnio é também um símbolo importante.
Graças às associações da criatura mítica com ideias de raridade, pureza e perfeição, a palavra unicórnio também ganhou novos usos nos últimos anos. No Vale do Silício, um unicórnio é uma start-up avaliada em mais de US$ 1 bilhão. Um vinho "unicórnio" é uma garrafa rara e difícil de encontrar.
Hoje, a palavra é ainda uma gíria sexual: alguém (geralmente uma mulher bissexual) que dorme com casais. Um passo largo diante da antiga associação do unicórnio com a virgindade.
Em suma, o unicórnio, o mais esquivo dos animais imaginários, continua cheio de vida, séculos depois de ter sido descrito pela primeira vez por escritores antigos. Como dizia um texto no final da exposição no Museu Cluny: "Embora a existência deste animal tenha sido debatida por cientistas desde o século 16, seu risco de extinção não é uma preocupação imediata".
*Alastair Sooke é o crítico do jornal britânico Telegraph.
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"A grande imperatriz oriental." | Ex-escrava, Roxelana ganhou amor e confiança do sultão Solimão
É assim que os historiadores definem Roxelana, a escrava que conquistou o coração do sultão Solimão, o Magnífico, e se tornou uma das mulheres mais poderosas do Império Otomano.
Sua inteligência e astúcia tiveram grande influência sobre o sultão, que governou o império entre 1520 e 1566 e expandiu seu poderio pela Europa, Ásia e África.
Mas quem foi quem essa mulher que conseguiu quebrar várias regras da época? E como ela conseguiu se libertar da escravidão e se tornar tão poderosa?
A favorita
Poucos registros que existem sobre aparência física de Roxelana ressaltam sua beleza
Roxelana, também conhecida no Ocidente como Roxolana, Roxana ou Rossa - por causa de seu cabelo ruivo - teria nascido em 1500 e morrido em 1558.
Fim do Talvez também te interesse
No Oriente, ela era conhecida como Hürrem - algo como "alegre" ou "sorridente". Presume-se que seu verdadeiro nome fosse Anastasia Lisowska, segundo a americana Leslie Pierce, autora do livro The Imperial Harem: Women and Sovereignty in the Ottoman Empire (O harém imperial: Mulheres e a Soberania no Império Otomano, em tradução livre).
Roxelana era filha de um humilde sacerdote da igreja ortodoxa. Ela chegou ao harém de Solimão adolescente, depois de ter sido sequestrada no território que hoje equivale à Ucrânia. Em Istambul, foi vendida como escrava.
"Enquanto fontes ucranianas e polonesas ressaltam a beleza de Roxelana que conquistou o poderoso sultão, informes venezianos afirmam que ela era pequena, elegante e modesta. O sorriso radiante e o temperamento divertido a tornaram irresistivelmente encantadora", diz Galina Yermolenko, professora de inglês da Universidade DeSales, na Pensilvânia (EUA), e autora do livro "Roxolana: The Greatest Empresse of the East" (Roxelana: A Grande Rainha do Oriente, em tradução livre).
Roxelana tornou-se rapidamente a mulher favorita do sultão.
Palácio Topkapi, em Istambul, foi cenário do amor entre Roxelana e sultão Solimão
"Solimão se casa com ela e a leva para viver em seus aposentos no lendário Palácio Topkapi, centro da vida política do império. Ela teve seis filhos com ele e se converteu em sua principal conselheira", escreve o colombiano Daniel Samper Pizano, em seu livro Camas y famas, las más raras y genuinas historias de amor (Camas e fama, histórias de amor mais raras e genuínas, em tradução livre)
O casamento de um sultão com uma escrava foi um acontecimento extraordinário para a época.
Solimão, um sultão com um harém de centenas de mulheres, se converteu à monogamia, jurou amor eterno a Roxelana e prometeu não ter mais relações sexuais com outras mulheres.
Mas nem tudo eram flores e inocência nessa história.
Azuleijos com inscrições em árabe no Palácio Topkapi, em Istambul.
O poder do sultão
Se alguém pode ser chamado de "magnífico" era Solimão. Ele acumulou uma grande quantidade de títulos - e seu império abrangia territórios em três continentes.
Entre os títulos de Solimão estão "Sultão dos Otomanos, deputado de Alá na Terra, Senhor dos Senhores deste mundo, Rei dos crentes e incrédulos, Rei dos Reis, Imperador do Oriente e do Ocidente, Majestoso César, Príncipe e Senhor da Mais Feliz Constelação, Refúgio de todas as pessoas desse mundo", segundo escreveu o historiador Jem Duducu em um artigo da revista BBC History Magazine.
E, sendo tão poderoso, era de se esperar que Solimão já tivesse uma mulher favorita quando Roxelana chegou ao harém. E tinha.
Mahidevran Gülbahar era sua concubina e tinha um filho dele: Mustafá. Tudo indicava que Mustafá herdaria o trono, mas Roxelana o impediu.
Um sultão poeta
Outro aspecto surpreendente sobre Solimão era de que "o Magnífico" tinha uma fraqueza para a poesia. Ele não apenas lia como também escrevia. E sua musa inspiradora foi muitas vezes Roxelana.
Um de seus poemas dedicados à imperatriz, em tradução livre:
"Me tornei soberano no mundo
plantado em sua porta com um pobre vagabundo
Meu amor voa sobre meu piso
como uma ave do paraíso.
Pouco a pouco, Roxelana conseguiu afastar amigos e parentes que cercavam e aconselhavam Solimão. Um a um, todos foram caindo diante da influência da imperatriz.
Primeiro, ele se livrou de sua concubina, aproveitando-se da rivalidade que havia entre as duas mulheres.
Em um encontro no Palácio Topkapi, Mahidevran Gülbahar se lançou contra Roxelana por inveja, machucando o rosto da imperatriz a ponto de sair sangue.
"À noite, Solimão pediu que o levassem até Roxelana. Habilmente, ela disse que tinha vergonha de se mostrar a ele, porque 'a outra' tinha arranhado seu rosto até ela ficar irreconhecível", conta Samper Pizano.
Como consequência, o sultão se enfureceu e expulsou a antiga amante da cidade.
Enquanto isso, o poder que Roxelana estava acumulando começou a incomodar altos comandantes do império, que decidiram conspirar contra ela.
Casamento de Solimão com escrava chocou império Otomano
Um deles era Ibrahim, amigo e poderoso embaixador do sultão em vários rincões do império. Mas a jogada terminou mal e ele foi assassinado em seu quarto no Palácio topkapi, em 1536.
O herdeiro
Roxelana acumulava poder enquanto gerava filhos. Mas, no império otomano, quem herdava o trono não era o filho mais velho, e sim o mais forte.
E todos apostavam que o herdeiro seria Mustafá, o filho que Solimão havia tido com sua antiga concubina.
No entanto, Roxelana conseguiu convencer seu marido de que Mustafá estava conspirando contra o próprio pai. Solimão então mandou matar o filho.
Tumba de Solimão, encontrada em 2015 na Hungria.
Primeira-dama
Na época, Roxelana não era uma mulher que se contentava apenas em ser esposa do imperador e mãe de seus filhos.
Como primeira-dama, ela participou de diversas ações e decisões governamentais, como a construção de escolas religiosas e de um hospital para mulheres.
Roxelana conquistou terrenos impensáveis para uma mulher do império Otomano
"Ela participou da política do sultanato, com aprovação de Solimão, que sabia usá-la com arma de simpatia e sedução para abrir portas para o governo", diz Samper Pizano em seu livro.
Por muitos anos, historiadores descreveram Roxelana a partir de preconceitos e de uma perspectiva "patriarcal", argumenta Galina Yermolenko, especialista na vida imperatriz, em seu ensaio.
"Sua inteligência, educação, força de vontade e outros talentos permitiram a ela não somente sobreviver no império Otomano, mas sair dele vitoriosa", conclui.
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1959: Nasce a Revolução | 01/01/1959 - Fulgencio Batista renunciou ao cargo de presidente de Cuba e fugiu do país quando guerrilheiros revolucionários, liderados
por Fidel Castro, entraram na cidade de Santiago de Cuba.
Enquanto uma coluna do Exército 26 de Julho de Fidel Castro entrou no porto da cidade, um outro grupo de rebeldes tomou a
capital, Havana, levando o general Batista a fugir às 3 horas da manhã para Ciudad Trujillo, na República Dominicana.
Depois de perder o apoio do governo dos EUA, o governo de Batista ficou em situação frágil quando a ofensiva contra os rebeldes
em meados de julho fracassou.
O general Batista havia liderado dois golpes. No segundo, em 1952, ele tomou o lugar do presidente eleito Carlos Prío.
16/02/1959 - O líder revolucionário Fidel Castro tornou-se o mais jovem premiê da história de Cuba, assumindo o cargo aos 32 anos. O
Exército 26 de Julho assumiu o controle do país no dia 1º de janeiro, após a fuga do presidente Fulgencio Batista.
Fidel sucedeu a José Miró Córdoba, que assumira o cargo no dia 5 de janeiro, mas renunciou dias depois sem explicação, juntamente
com todo o gabinete.
"Nós temos grandes planos", disse Fidel Castro. "Sofremos quando não conseguimos colocá-los (os planos) em prática rapidamente,
mas preparativos técnicos levam tempo."
15/04/1959 - Fidel Castro visita os EUA, numa viagem marcada por tensões com o governo americano, preocupado com sua retórica anti-americana.
Apesar de a Casa Branca ter reconhecido formalmente o novo regime cubano seis dias após Fidel ter tomado o poder, o presidente
Dwight D. Eisenhower não encontrou Fidel durante sua visita, devido principalmente a tensões causadas pela decisão cubana
de nacionalizar fábricas e propriedades agrárias controladas por americanos.
Os EUA romperam relações diplomáticas com Cuba em janeiro de 1961.
1960: Divergências entre os EUA e Cuba
05/07/1960 - O governo anunciou que todas as empresas americanas em Cuba seriam nacionalizadas sem indenização.
A ordem foi um dos primeiros passos na guerra econômica já em andamento entre os dois países, e ocorreu depois que os EUA
reduziram a cota de importação de açúcar em 700 mil toneladas.
O clima era de tensão desde que Fidel Castro sancionou a primeira Lei de Reforma Agrária, que permitiu a expropriação de latifúndios
por um preço considerado inadequado pelas prorietárias, as empresas americanas.
1961: Invasão da Baía dos Porcos
17/04/1961 - Um exército de contra-revolucionários invadiu a ilha com o objetivo de destruir o líder do país, Fidel Castro.
A força, com cerca de 1,4 mil exilados cubanos, desembarcou na Baía dos Porcos, com apoio de forças aéreas e navais dos EUA.
Miró Cardona, líder do movimento, disse que havia começado a batalha "para liberar nossa pátria do regime despótico de Fidel
Castro".
Fidel liderou, ele próprio, a operação para repelir a invasão, dizendo em um discurso na rádio cubana que "os gloriosos soldados
do Exército revolucionário e da milícia nacional estão lutando contra o inimigo em todos os pontos onde ele desembarcar".
19/04/1961 - A invasão da Baía dos Porcos terminou depois que os exilados cubanos que tentaram derrubar o governo de Fidel Castro foram
capturados.
Os contra-revolucionários apoiados pelos EUA tinham a intenção de penetrar na ilha e unir os cubanos em torno de sua causa.
Mas o apoio não veio, e a Brigada 2506 ficou atolada em um pântano na Baía dos Porcos.
Um total de 104 membros da Brigada 2506 foram mortos e 1.189 foram capturados.
01/05/1961 - O primeiro-ministro de Cuba, Fidel Castro, proibiu eleições no país depois de declarar a ilha uma "nação socialista".
Discursando em um desfile de 1º de Maio em Havana, Fidel disse que "a revolução não tem tempo para eleições".
"Não há governo mais democrático na América Latina do que o governo revolucionário", acrescentou ele.
De acordo com o correspondente da BBC Erik de Mauny, a revolução de Fidel Castro parecia então ser popular entre os agricultores,
mas não entre as classes mais abonadas que tiveram suas terras e propriedades confiscadas.
04/09/1961 - Os EUA aprovaram uma lei autorizando o presidente Kennedy a impor um "embargo comercial total" contra Cuba. A Lei de Ajuda
Externa proibiu qualquer auxílio à ilha.
Um embargo parcial já havia sido imposto pelo presidente Eisenhower em 1960, mas excluía alimentos e remédios.
1962: A Crise dos Mísseis
22/10/1962 - Após a descoberta de mísseis soviéticos em Cuba, o presidente Kennedy fez um pronunciamento na TV declarando um bloqueio
naval contra Cuba e ameaçando: "É política desta nação considerar qualquer lançamento de míssil nuclear contra qualquer nação
do Hemisfério Ocidental um ataque contra os Estados Unidos, exigindo uma resposta retaliatória completa à União Soviética."
Analistas disseram que o mundo estava à beira da guerra nuclear.
28/10/1962 - O líder russo Nikita Khrushchev concordou em desmobilizar todos os mísseis russos colocados em Cuba, pondo fim à ameaça
iminente de guerra nuclear.
O anúncio foi feito em uma mensagem pública ao presidente americano John F. Kennedy na Rádio Moscou.
Em resposta, Kennedy disse que a decisão era "uma importante contribuição à paz" e prometeu que os EUA não invadiriam Cuba.
O clima era de tensão desde que um avião de reconhecimento U2 havia revelado a existência de vários mísseis na ilha no dia
14 de outubro.
24/12/1962 - O último dos mais de mil prisioneiros da invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, foi enviado para os EUA antes do Natal. O
governo concordou em receber uma recompensa de US$ 53 milhões em alimentos e suprimentos médicos, doada por empresas de várias
partes dos EUA, como condição para a libertação dos exilados cubanos.
O transporte por via aérea dos prisioneiros começou no dia 23, quando os primeiros 107 homens embarcaram em um DC-6 da Pan
American World Airways em uma base militar perto de Havana.
Uma multidão de 10 mil exilados cubanos nos EUA receberam os 1.113 homens libertados por Cuba no Dinner Key Auditorium, no
subúrbio de Miami.
1963-1971: Morre 'Che' Guevara
09/10/1967 - Surgiram notícias de que o líder revolucionário marxista Ernesto "Che" Guevara fora morto durante uma batalha entre soldados
do Exército e guerrilheiros na selva boliviana.
Uma declaração emitida pelo comandante da 8ª Divisão do Exército Boliviano, coronel Joaquín Zenteno Anaya, anunciava que o
líder guerrilheiro de 39 anos havia sido morto a tiros perto do vilarejo de Higueras, no sudeste do país.
Guevara era um ex-braço direito do premiê cubano Fidel Castro, mas desaparecera em 1965 e seu paradeiro vinha sendo muito
debatido desde então.
Um exame necrológico no corpo de Che Guevara, realizado dois dias após sua morte, sugeriu que ele não foi morto num tiroteio,
mas capturado e executado um dia depois.
1071-1980: Vozes dissidentes
04/11/1975 - Começou um envio maciço de tropas cubanas para Angola, uma semana antes da data marcada pelos nacionalistas para declarar
a independência do país.
As tropas apóiam o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), que vinha lutando pela independência de Portugal
desde 1961.
As forças cubanas se confrontariam, em Angola, com as tropas da África do Sul, que apóiavam as forças da Unita.
Angola era o mais novo front das várias guerras “indiretas” entre a União Soviética, que entrou com as forças cubanas, e o
Ocidente, que apoiava a Unita.
27/03/1976 - Forças sul-africanas retiram-se de Angola, no que foi visto como uma vitória da presença militar cubana no país.
As tropas cubanas tinham sido enviadas a Angola antes da independência do país, em novembro do ano anterior, e vinham lutando
contra tropas sul-africanas que apoiavam as forças rebeldes da Unita.
As forças cubanas apoiavam o comunista Movimento Pela Libertação de Angola (MPLA), e receberam apoio da União Soviética.
02/12/1976 - Castro se tornou presidente de Cuba depois de mudanças na Constituição do país.
Ele vinha ocupando o cargo de primeiro-ministro desde 1959, após a vitória da revolução cubana e da fuga de Fulgencio Batista.
As mudanças constitucionais tinham o objetivo de institucionalizar a revolução e fazer de Fidel Castro presidente do Conselho
de Estado e Conselho de Ministros.
A Constituição foi aprovada por um referendo nacional no dia 15 de fevereiro deste ano.
1981-1990: Resistência no exílio
31/10/1980 - O êxodo em massa de cubanos para os EUA, conhecido como “Fuga de Mariel”, teve fim depois de um acordo entre os dois países.
Os cubanos começaram a seguir para os EUA no dia 15 de abril, quando, depois de uma desaceleração da economia do país, o governo
anunciou que quem quisesse poderia partir.
Um total de 125 mil migrantes havia deixado o porto de Mariel, em Cuba, para fazer a travessia para a Flórida.
Mas o êxodo se mostrou um problema para o presidente americano Jimmy Carter, depois que foi descoberto que vários dos exilados
eram ex-prisioneiros ou pessoas com problemas mentais.
25/10/1983 - Forças invasoras americanas entraram em choque com soldados cubanos na ilha caribenha de Granada.
Uma coalizão dos EUA e forças regionais entrou em Granada depois de uma luta de poder na ilha que se seguiu ao assassinato
do primeiro-ministro Maurice Bishop seis dias antes.
Bishop desenvolvera laços estreitos com Cuba desde que chegara ao poder na revolução de Granada, em 1979.
A invasão foi considerada pelas Nações Unidas como “uma violação flagrante das leis internacionais” por 122 votos a nove.
17/09/1989 - Os últimos soldados cubanos que haviam entrado na Etiópia em 1977, como parte da Guerra de Ogaden, deixam o país.
Cerca de 15 mil soldados cubanos tomaram parte inicialmente no conflito na conturbada região do leste da África durante uma
de várias guerras indiretas entre as potências.
Cuba apoiou os etíopes contra a Somália em uma batalha pelo deserto de Ogaden.
Cerca de 400 cubanos morreram durante o conflito inicial, que durou até 1978 – embora vários dos soldados tenham permanecido
no país até a década de 80.
1991-1995: Fim de uma longa relação
06/11/1993 - O governo cubano anunciou que as estatais cubanas seriam abertas ao investimento privado.
A iniciativa tinha o objetivo de estimular a economia de Cuba, gravemente afetada pela dissolução de seu principal parceiro
comercial, a União Soviética, em 1991.
Com o fim da União Soviética, Cuba permanece como um dos poucos países comunistas do mundo, ao lado de Coréia do Norte e Vietnã.
Os EUA mantém um embargo comercial com Cuba desde que Fidel Castro ordenou a nacionalização de todas as sua indústrias na
ilha em 1961.
12/03/1996 - O Congresso dos EUA aprovou lei reforçando o embargo comercial do país a Cuba.
A Lei Helms-Burton ampliou a medida, tornando passíveis de processo empresas estrangeiras que tenham relações comerciais com
Cuba.
A lei tinha o objetivo de trazer “uma transição pacífica para uma democracia representativa e uma economia de mercado em Cuba”.
A proposta não foi aprovada originalmente quando foi apresentada no Congresso em 1995, mas foi reapresentada depois que caças
cubanos derrubaram dois aviões privados operados por um grupo anti-castrista no mês anterior.
1996-2000: Entre a realidade e a esperança
21/01/1998 - O papa João Paulo 2º pediu reformas e a libertação de presos políticos em Cuba, ao mesmo tempo em que condenou tentativas
dos EUA de isolar o país.
Em pronunciamento na capital, Havana, o papa disse que a liberdade de consciência é “a base e o fundamento de todos os direitos
humanos”.
Um Estado moderno não pode tornar o ateísmo ou a religião um de seus ordenamentos políticos”, acrescentou.
João Paulo 2º foi o primeiro pontífice a visitar a ilha caribenha comunista. O presidente Fidel Castro, que estudou em um
colégio jesuíta, declarou Cuba um Estado ateu depois que assumiu o poder em 1959.
27/11/1999 - Um menino cubano e dois adultos que sobreviveram ao naufrágio de um barco que seguia para os EUA foram resgatados perto
do litoral da Flórida.
A Guarda Costeira encontrou também os corpos de outros sete passageiros que se afogaram, inclusive o da mãe do garoto.
O menino, Elián González, foi resgatado por um pescador a cerca de 3 quilômetros da costa de Fort Lauderdale.
07/12/1999 - Os cubanos realizaram protestos diante da embaixada dos EUA em Havana, exigindo a volta de Elián González, de seis anos.
Ele havia sobrevivido ao naufrágio em que sua mãe morreu, na costa da Flórida. Cubanos munidos de faixas gritavam palavras
de ordem anti-americanas; e o presidente cubano, Fidel Castro, acusou os EUA de “seqüestrarem” o menino. Os colegas de classe
de Elián também estavam na manifestação realizada na capital cubana.
22/04/2000 - Agentes federais dos EUA tomaram o menino de parentes depois de uma batida na casa deles em Miami nas primeiras horas da
manhã.
Cerca de 25 agentes derrubaram a porta da casa e saíram do imóvel com Elián enrolado em um cobertor.
O menino foi colocado em um veículo e levado do local em meio a cenas caóticas.
Elián foi colocado em um avião e levado para a base da Força Aérea de Andrews, no subúrbio de Washington, onde viu seu pai
pela primeira vez em cinco meses.
14/12/2000 - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, visitou Cuba, onde assinou um acordo para estimular o comércio bilateral.
Durante esta primeira visita de um líder russo desde a desintegração da União Soviética, Putin disse que vinha examinando
formas de perdoar a dívida cubana de US$ 11 bilhões.
O comércio da Rússia com Cuba diminuiu acentuadamente desde 1991, chegando agora a US$ 1 bilhão por ano, em comparação aos
US$ 3,6 bilhões no último ano de existência da União Soviética.
Mas Putin disse que há questões que ainda precisam ser resolvidas com Cuba, como o pagamento da dívida cubana para com Moscou.
2001-2009: Sem Fidel
06/05/2002 - Cuba foi incluída na lista de países do “Eixo do Mal” dos EUA e acusada de procurar desenvolver armas biológicas.
O subsecretário de Estado americano, John Bolton, colocou a ilha ao lado de Líbia e Síria em uma nova lista de países considerados
“Estados que patrocinam terrorismo”.
Os três estão “buscando armas de destruição em massa”, disse Bolton.
O “Eixo do Mal” original, identificado pelo presidente americano, George W.Bush depois dos ataques de 11 de setembro, era
formado por Coréia do Norte, Iraque e Irã.
12/05/2002 - O ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, chegou a Cuba para uma visita de seis dias que tem o objetivo de ajudar a aproximar
os dois vizinhos, que brigam há mais de 40 anos.
O governo cubano não está realmente interessado em ter relações normais com o governo dos EUA.
Carter foi recebido no aeroporto por Fidel Castro e conversou com políticos e dissidentes antes de um pronunciamento na TV.
O ex-presidente foi o político americano que ocupou cargo mais elevado a visitar Cuba desde que Fidel Castro subiu ao poder
há 43 anos.
Depois que deixou o cargo em 1981, Carter criou uma organização pela causa da paz e o entendimento entre os povos.
01/08/2006 - O veterano líder cubano, Fidel Castro, passou o poder temporariamente a seu irmão, Raúl, por causa de uma doença.
Uma nota escrita pelo presidente e lida na TV por seu secretário pessoal, dizia que Fidel Castro tinha se submetido a uma
cirurgia para estancar uma hemorragia interna.
O líder cubano, que completara 80 anos, disse que uma agenda muito cheia nas últiams semanas afetara sua saúde.
Esta foi a primeira vez que Fidel Castro abriu mão de algum de seus poderes desde que assumiu o governo, em 1959.
04/08/2006 - O presidente dos EUA, George W. Bush pediu aos cubanos que trabalhassem por uma transição democrática em suas primeiras
declarações desde que Fidel Castro passou por uma cirurgia no estômago.
Bush prometeu apoio de Washington aos cubanos que procurarem “construir um governo de transição em Cuba comprometido com a
democracia”.
Desde que Fidel Castro passara o poder a seu irmão, Raúl, três dias antes, nenhuma imagem de nenhum dos dois foi divulgada.
Os meios de comunicação cubanos destacaram que as Forças Armadas estavam preparadas para qualquer ataque ao sistema comunista.
11/08/2007 - Um conhecido dissidente cubano foi libertado depois de quase 15 anos na prisão por revelar segredos da segurança do Estado.
Francisco Chaviano, um ex-professor, foi condenado em 1995 e recebeu liberdade condicional.
A Comissão Cubana para os Direitos Humanos e a Reconciliação Nacional, que é independente, disse que ele era o prisioneiro
político preso há mais tempo no país.
Chaviano foi um dos principais dissidentes e ativistas pelos direitos humanos de Cuba em meados da década de 90. Em 2006,
a Anistia Internacional havia dito que o julgamento militar a que ele havia sido submetido não atendia aos padrões internacionais.
19/02/2008 - O debilitado líder cubano, Fidel Castro, anunciou que não aceitaria outro mandato como presidente, encerrando seus 49 anos
no poder.
O líder, de 81 anos de idade, passou o governo temporariamente a seu irmão, Raúl, em julho de 2006, quando foi operado, e
não foi visto em público desde então.
O novo Parlamento de Cuba se reuniria em seguida para eleger um novo presidente.
Washington pediu a Cuba que realize eleições livres, e disse que seu embargo que já dura décadas deve continuar em vigor.
25/02/2008 - Raúl Castro foi indicado por unanimidade sucessor de seu irmão, Fidel, como líder de Cuba, pela Assembléia Nacional.
Raúl, na verdade, vinha sendo presidente desde que Fidel foi operado em julho de 2006. Acredita-se que Raúl foi o único nome
em uma votação vista como uma formalidade.
Em discurso à nação depois da votação a portas fechadas, Raúl Castro disse que o governo cubano iria continuar a consultar
Fidel, de 81 anos, sobre as grandes decisões de Estado – uma iniciativa apoiada pelos integrantes da Assembléia Nacional.
”O comandante-em-chefe da Revolução Cubana é único, Fidel é Fidel, como todos bem sabemos, ele é insubstituível”, disse Raúl
Castro.
25/12/2008 - O presidente de Cuba, Raúl Castro, teve um encontro com o líder venezuelano Hugo Chávez em sua primeira viagem ao exterior
depois que assumiu o poder, substituindo Fidel Castro.
Os dois líderes assinaram uma série de acordos nas áreas comercial e de energia.
O encontro ocorreu poucas semanas antes do 50º aniversário da Revolução Cubana, e Chávez dusse que a viagem teve a “mesma
importância” que a primeira viagem internacional de Fidel, também à Venezuela, em 1959.
Na visita de Raúl, também foram anunciados mais de 300 projetos conjuntos nas áreas de saúde, educação, cultura e esporte.
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Parecia bom demais para ser verdade. | Atriz americana foi ao Twitter pedir para ser reincluída na plataforma
Quando um perfil supostamente pertencente à atriz americana Sharon Stone começou a circular no aplicativo de paquera Bumble, alguns usuários não pensaram duas vezes e o denunciaram como sendo falso.
Mas a protagonista de Instinto Selvagem não só era a dona da conta, como foi ao Twitter pedir para ser reincluída na rede.
"Hey @bumble, será que ser eu é motivo para ser excluída?", escreveu ela.
Pouco tempo depois, o aplicativo respondeu de forma bem-humorada à mensagem e comunicou que havia desbloqueado a conta da atriz de 62 anos.
Fim do Talvez também te interesse
O Bumble conecta pessoas em busca de romance ou amizade com base na localização dos usuários.
Como a maioria dos aplicativos com a mesma proposta, se duas pessoas "curtirem" o perfil uma da outra, elas dão "match" e podem começar a conversar.
A diferença, nesse caso, é que são as mulheres que enviam a primeira mensagem.
A fundadora da plataforma, Whitney Wolfe Herd, diz que a intenção é empoderar as mulheres também no mundo da paquera dando a oportunidade para que elas deem o primeiro passo.
Sharon Stone foi par de Michael Douglas em 'Instinto Selvagem'
A carreira de Sharon Stone decolou nas décadas de 80 e 90, quando ela estrelou filmes como Desafio Total, Sempre Amigos e Cassino.
Uma de suas cenas mais famosas é de Instinto Selvagem, de 1992, quando, de vestido curto, ela descruza as pernas durante um interrogatório.
A atriz foi casada duas vezes, com o produtor Michael Greenburg e com o jornalista Phil Bronstein, de quem se divorciou em 2004.
Para os usuários do app que andam se perguntando quem teria chance com a estrela, recentemente ela contou o que procura em um homem em entrevista a James Corden no talk show The Late Late Show.
"Gosto de todos", brincou.
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A fotografia acima salvou uma vida. | Foto de Rose, aos seis meses, levou a diagnóstico de retinoblastoma
Aos seis meses, Rose Lucking-Elhitmi, de Devon, no sul da Inglaterra, foi diagnosticada com retinoblastoma (tumor na retina), uma forma rara de câncer.
Os médicos identificaram a doença após o avô de Rose notar algo estranho na fotografia da neta.
"A gente estava de férias no Lake District e, por alguma razão, naquela ocasião usamos o flash, não sei por quê. Quando tiramos a foto, eu notei que ao invés dos olhos dela ficarem vermelhos, como era esperado, um ficou vermelho e o outro, branco", diz Terry Lucking, avô da menina.
Avô de Rose notou que um olho da neta ficou vermelho e outro branco em foto com flash
Rose estava com câncer no olho direto e com sinais iniciais de um tumor no esquerdo.
Os médicos conseguiram tratar o esquerdo, mas Rose terá que conviver com o tumor do olho direito por toda a vida.
Aos três anos, Rose recebeu prêmio por bravura na luta contra o câncer
Aos três anos, a menina recebeu nesta semana um prêmio especial por sua coragem, resiliência e paciência na luta contra o câncer.
"Ela ganhou esse prêmio pela bravura", conta Suzannah Lucking, mãe de Rose.
'Você foi muito corajosa e forte', diz a mãe para a filha
Se dirigindo à filha, ela completa:
"Você subiu ao palco, pegou seu certificado, sua medalha, seu urso de pelúcia, e todo mundo aplaudiu, não foi? Porque você foi muito corajosa e forte."
Câncer de Rose encontra-se atualmente em fase de remissão
O câncer de Rose hoje encontra-se em remissão - quando não há sinais da presença da doença, mas ainda não se pode dizer que está curado.
Segundo os pais da menina, apesar de a filha não ter a visão no olho direito, ela leva uma vida ativa e feliz.
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Claudia Silva Jacobs, de Salvador |
O Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) na Bahia é considerado modelo de organização no país. Recentemente, o governo baiano recebeu um pedido da OIT (Organização Internacional do Trabalho), para o envio de informações sobre o funcionamento do plano no Estado.
Segundo o assessor especial do governo para o Peti, Frederico Fernandes de Souza, a fórmula do sucesso do (Peti) na Bahia é a gestão pluralista, com representantes de vários segmentos da sociedade, como explica .
"A comissão que coordena o Peti foi estruturada com a participação de vários orgãos governamentais, diversas secretarias de Estado, União, delegacia regional do trabalho, Unicef, ONGs, Pastoral da Criança, sindicatos e ministério público. É um conjunto diversificado que tenta agrupar vários setores da sociedade", explica o assessor.
Mesmo com os avanços, Frederico Fernando diz que, no início, houve muita discussão em torno de como administrar o Peti no Estado.
Dificuldades
"Foi difícil construir essa articulação. Tivemos que vencer desconfianças e resistências mútuas. Hoje, efetivamente, mesmo que cada um mantenha seu ponto de vista, estamos conseguindo uma ação integrada".
Na opinião do assessor especial do governo da Bahia para o Peti, fica muito difícil optar por uma gestão que não privilegia vários segmentos da sociedade, deixando a responsabilidade apenas nas mãos do governo.
“Pelas dimensões e complexidades relacionadas ao trabalho infantil, um problema que envolve questões sociais e econômicas, é muito difícil tratar dele. Além disso, há muitas questões sociais que são profundas. Por isso, acredito ser impossível para um programa dessa natureza ser administrado apenas no âmbito das políticas governamentais", explica.
O preconceito e muitos valores pré-concebidos pela sociedade brasileira acabam, segundo Frederico Fernandes de Souza, dificultando a busca por soluções para a erradicação do trabalho infantil.
"Trabalho precoce não apenas interrompe a infância, como também prejudica a escolaridade. Não é à toa que eles encontram dificuldades na escolas. Existem mitos como 'eu também trabalhei, meu pai trabalhou', que 'o trabalho não mata', 'é melhor pedir do que roubar'.... Esse discurso só é usado para os filhos dos pobres. Os nossos filhos nós queremos que freqüentem a escola, façam aula de inglês, balé, mas nunca vamos cogitar que tenham que trabalhar."
"Existe um problema cultural no enfrentamento dessa questão, porque de certa forma, uma parcela da população legitima e justifica o trabalho infantil. Esse tipo de ação é vista como uma solução para um problema, e não como um problema a ser enfrentado, que é como deve ser visto o trabalho infantil."
Mitos
Um dos pontos importantes na busca pela erradicação do trabalho infantil é tentar discutir justamente alguns conceitos existentes na sociedade brasileira.
"Há um discurso aos filhos dos pobres de que é melhor o trabalho do que a rua, onde podem estar vulneráveis ao crime e às drogas. Mas esse discurso não se aplica aos que têm recursos", diz o assessor especial do Peti.
Na opinião de Floriano Fernandes, o Estado precisa assumir o papel de garantir que as crianças tenham o básico, se dedicando à escola e ficando longe do trabalho.
"Precisamos mostrar que é necessário que o Estado dê conta do problema. É necessário que o Estado dê às famílias carentes as condições para que as crianças estejam na escola e não no trabalho. Um dos caminhos é a complementação da renda, uma escola pública de qualidade, de tempo integral, como aponta a lei de diretrizes e bases", diz Fernandes.
"Se você não possibilita uma criança ter acesso à escola, você já decreta que essa criança não vai ter espaço nesse mercado cada vez mais competitivo."
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Maratona | O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima comemorou a medalha de bronze fazendo "aviãozinho" e jogando beijos para a torcida depois de em uma maratona dramática.
O corredor liderou boa parte da prova mas, já nos últimos quilômetros, foi agredido por um homem fantasiado.
No momento em que foi agarrado, a distância de Vanderlei para o segundo colocado era de cerca de 30 segundos.
No entanto, Vanderlei conseguiu se desvencilhar do homem com a ajuda do público e completou a corrida em 2h12m11.
Depois do incidente, o italiano Stefano Baldini e o americano Mebrahtom Keflezighi acabaram ultrapassando o brasileiro e levando as medalhas de ouro e de prata, respectivamente.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou que vai entrar com recurso contra o resultado da prova no Comitê Olímpico Internacional e na Associação Internacional das Federações de Atletismo.
Doping
A ciclista colombiana Maria Luisa Calle Williams deve perder a medalha de bronze na corrida por pontos depois que o exame antidoping detectou vestígios do estimulante heptaminol no corpo da atleta.
Erin Mirabella deve ficar com o bronze e se tornar a única ciclista de pista americana a ganhar medalhas em Atenas.
Williams ficou em terceiro na corrida, logo atrás da mexicana Belém Guerrero Mendez (prata) e da russa Olga Slyusareva (ouro), na quarta-feira.
Taekwondo
A paranaense Natália Falavigna foi derrotada neste domingo pela venezuelana Adriana Carmona por 9 a 4 na disputa pelo bronze do torneio de taekwondo.
Além da adversária, a lutadora foi obrigada a enfrentar uma contusão no pé esquerdo.
Pouco antes, Falavigna derrotara a italiana Daniela Castrignano por 8 a 4.
Na finalíssima, a chinesa Zhong Chen venceu a francesa Myriam Baverel e ficou com o ouro.
Vôlei
Depois da vitória da seleção masculina de vôlei sobre a Itália por 3 sets a 1, com com parciais de 25-15, 24-26, 25-20 e 25-22, e da conquista do bicampeonato olímpico, o atacante Giba foi escolhido o melhor jogador da competição.
Giba foi o terceiro jogador a marcar mais pontos em Atenas, com 126 pontos. A eleição foi realizada pelos jornalistas presentes
Sérgio Dutra, o Escadinha, também foi eleito o melhor líbero tanto na defesa quanto na recepção.
A Federação Internacional de Vôlei deve homenagear os dois jogadores com diplomas e um prêmio.
Com a vitória sobre a Itália, o Brasil fez em Atenas a sua melhor campanha nos Jogos Olímpicos, com quatro medalhas de ouro.
Boxe
O lutador cubano, Mário César Kindelan, conquistou a medalha de ouro na categoria peso-leve, após derrotar o britânico Amir Khan, de apenas 17 anos, na soma de pontos.
Com a vitória, Cuba acumula cinco medalhas de ouro no boxe nessas olimpíadas.
Nos dois últimos Jogos Olímpicos, o país havia ganhado quatro medalhas.
Handebol
O handebol feminino brasileiro derrotou neste domingo a seleção chinesa por 26 a 25, conquistando o 7º lugar dos Jogos Olímpicos de Atenas.
A jogadora Chicória foi a artilheira da partida com seis gols.
No fim do jogo, o técnico Alexandre Scheider ressaltou a evolução do handebol brasileiro.
"Nosso objetivo era ficar entre as seis primeiras, mas vimos um grande avanço aqui", analisou.
Revezamento masculino
A equipe brasileira – medalha de prata em Sydney, em 2000, e bronze em Atlanta, em 1996 – ficou com o oitavo lugar e último lugar na final do revezamento 4 X 100 masculino, neste sábado.
Claudio Roberto Sousa, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Vicente Lenílson terminaram a prova em 38s67.
A medalha de ouro na prova ficou com a equipe da Grã-Bretanha, com 38s07, deixando os americanos para trás por apenas um centésimo de segundo.
A equipe da Nigéria ficou com o bronze, com 38s23.
Vôlei feminino
A seleção brasileira feminina de vôlei ficou em quarto lugar nas Olimpíadas de Atenas, deixando escapar a medalha de bronze, depois de perder para Cuba por 3 sets a 1 neste sábado.
O jogo teve parciais de 22/25, 22/25, 25/14 e 17/25 e garantiu às cubanas o bronze.
Ouro duplo
O marroquino Hicham El Guerrouj conquistou uma segunda medalha de ouro em Atenas neste sábado, desta vez nos 5.000m.
O vencedor dos 1.500m ganhou uma disputa sensacional na última volta contra o etíope Kenenisa Bekele, ouro nos 10.000m e recordista mundial da prova.
O marroquino era considerado até Atenas o maior meio-fundista a nunca ter ganhado medalhas de ouro em Jogos Olímpicos.
El Guerrouj comemorou fazendo com os dedos o "vê da vitória", que também remete aos dois ouros conquistados na competição.
Basquete feminino
A Rússia derrotou o Brasil na disputa pelo bronze do basquete feminino neste sábado por 71 a 62.
As brasileiras ficaram com a quarta colocação.
Ginástica rítmica
O Brasil ficou na oitava posição na final de ginástica rítmica neste sábado. O desempenho foi o mesmo conseguido em Sydney, no ano 2000.
O conjunto brasileiro marcou um total de 44.400 pontos, 21.900 na apresentação de cinco fitas e 22.500 na de arco e bola.
A medalha de ouro foi para a Rússia, que marcou 51.100 pontos; a de prata ficou com a Itália, com 49.450; e o bronze foi para a Bulgária, com 48.600 pontos.
Tornado
O tripulação brasileira de Tornado, formada por Mauricio Santa Cruz e João Carlos Jordão, ficou em 16º lugar na décima-primeira e última regata, disputada na marina de Agios Kosmas.
A tripulação encerrou sua participação nos jogos em 17º lugar na colocação geral.
Ciclismo
O ciclista brasileiro Edvandro Souza Cruz completou o percurso olímpico do mountain bike nesta sexta-feira em 33º lugar, com o tempo de 2h30min35.
O francês Julien Absalon venceu a prova com o tempo de 2h15min03.
Futebol
A Argentina derrotou o Paraguai na manhã deste sábado por 1 a 0, conquistando a medalha de ouro no futebol em Atenas.
O primeiro e único gol da partida foi feito aos 17min do primeiro tempo.
Esse foi o primeiro ouro da Argentina em 52 anos de jogos.
Já o Paraguai, que ficou com a prata, recebe sua primeira medalha da história.
A Argentina entrou em campo como a favorita, tendo vencido todos os cinco jogos anteriores, sem conceder nenhum gol para seus adversários.
Handebol
A Seleção Brasileira feminina de handebol perdeu para a Hungria por 17 a 14, neste sábado em Atenas.
Com o resultado, vai disputar o sétimo lugar com a China neste domingo.
A Hungria disputa o quinto lugar com a Espanha, que derrotou as chinesas por 27 a 23.
Luta livre
O brasileiro Antoine Jaoude foi eliminado na categoria 96kg da luta livre ao perder para o atual bicampeão mundial, Eldar Kurtanidze, da Geórgia.
O brasileiro ainda luta, às 17h30 (11h30 de Brasília), contra o iraniano Alireza Heidari, mas ambos estão fora da disputa por medalhas.
Hipismo
O conjunto formado por Rodrigo Pessoa e Baloubet du Rouet conquistou a medalha de prata no hipismo.
Eles completaram o percurso da última série sem cometer nenhuma falta. Por terem feito uma série perfeita, eles levaram apenas os oito pontos perdidos na etapa anterior.
O irlandês Cian O'Connor, com quatro pontos perdidos, ficou com a medalha de ouro.
Pessoa é considerado o melhor cavaleiro brasileiro de todos os tempos. Ele conquistou o bronze por equipe em Atlanta 1996 e em Sydney 2000
Futebol
A Itália venceu o Iraque por 1x0 pela disputa do bronze no futebol masculino.
Com o resultado, foram frustradas as esperanças iraquianas de conquistar uma medalha nos Jogos de Atenas.
Basquete
A Argentina venceu os Estados Unidos no basquete masculino e está na final do torneio.
O chamado “Dream Team” – o time dos sonhos, perdeu para os argentinos por 89 a 81 e disputa agora a medalha de bronze.
Atletismo
Vicente Lenílson, André Domingos, Cláudio Roberto Souza e Edson Luciano se classificaram para a final do revezamento 4x100 m masculino.
A equipe brasileira foi a terceira melhor da bateria disputada nesta sexta-feira, vencida pela equipe americana liderada por Shawn Crawford e Maurice Greene.
A prova final acontece no sábado, às 15h45 (horário de Brasília).
A equipe feminina do Brasil não conseguiu se classificar para a final.
Maria Almirão, Geisa Coutinho, Lucimar Teodoro e Josiane Tito ficaram em sexto lugar na sua bateria.
A final da competição também está marcada para o sábado.
Mais atletismo
O chinês Liu Xiang venceu a final dos 110 metros com barreira.
Com o tempo de 12.91 segundos, Xiang igualou o recorde mundial e estabeleceu o novo recorde olímpico.
O brasileiro Matheus Inocêncio terminou em 7º lugar na prova com o tempo de 13.49 segundos.
Ainda atletismo
A vencedora da prova dos 10 mil metros feminino foi a chinesa Xing Huina, seguida pelas etíopes Ejagayehu Dibaba e Tulu Derartu, no segundo e terceiro lugares, respectivamente.
A prova atraiu uma atençaão especial por contar com a presença da britância Paula Redccliff, uma das favoritas para a medalha de ouro na maratona.
Após se retirar da maratona, Redcliff surpreendeu aio anunciar que pretendia competir nos 10 mil metros. Ela, entretanto, desistiu da prova faltando oito voltas para o seu fim.
Redcliff declarou que “a mente estava segura, mas o corpo não aguentou”.
Vôlei
A Itália se classificou para a final masculina de vôlei ao vencer a Rússia por três a zero.
As parciais da partida foram 25/16, 25/17 e 25/16.
O destaque da partida foi Andrea Sartoretti, que marcou 20 pontos, sendo que seis deles foram aces.
O defensor Alessandro Fei disse que “talvez essa tenha sido nossa melhor partida até agora”.
Taekwondo
O brasileiro Diogo Silva foi derrotado há pouco, por 12 a 7, pelo sul-coreano Song Myeong Seob na decisão da medalha de bronze da categoria até 68kg do taekwondo.
O quarto lugar obtido por Diogo em Atenas é o melhor resultado do Brasil no esporte em Jogos Olímpicos. Em Sydney-2000, quando o taekwondo entrou no programa olímpico, o país levou como representante a lutadora Carmen Carolina, que perdeu na primeira luta e foi eliminada.
Nesta quinta-feira, Marcel Wenceslau, primeiro brasileiro a competir no taekwondo em Atenas, também caiu na rodada inicial da categoria até 58kg.
Doping
O atleta russo Anton Galkin, que competiu na prova de 400 m rasos, foi expulso dos Jogos de Atenas após ser pego em um exame antidoping.
O teste de Galkin apontou a presença de estanozol. Ele havia terminado na quarta colocação de sua semifinal, no sábado.
Galkin é o 18º atleta a ser expulso da Olimpíada por doping.
Saltos ornamentais
Os brasileiros Cassius Duran e Hugo Parisi não conseguiram se classificar para a semifinal da plataforma de 10 m.
Duran marcou 387,75 pontos e ficou na 24ª colocação. Parisi ficou na 32ª posição, com 325,08 pontos.
O australiano Mathew Helm foi o primeiro, com 513,06 pontos.
Basquete
Em uma partida apertada, a seleção feminina de basquete dos Estados Unidos venceu a Rússia por 66 a 62 e garantiu uma vaga na final da competição.
Agora, as norte-americanas enfrentam o vencedor do jogo entre Brasil e Austrália.
Mais atletismo
O brasileiro Sérgio Galdino chegou em 26° lugar, com o tempo de 4h05min02s, na marcha de 50 km disputada nesta sexta-feira.
O outro brasileiro na prova, Mário José dos Santos Júnior, ficou com a 40ª colocação, com 4h20min11s.
O medalhista de ouro foi o polonês Robert Korzeniowski, com 3h38min46s.
Mais Taekwondo
Bertrand Gbongou Liango, da República Centro-Africana, foi parar no hospital depois de receber um chute no rosto durante luta pelas eliminatórias do Taekwondo.
O atleta de 22 anos ficou desacordado após receber o golpe do austríaco Tuncay Caliskan em disputa na categoria até 68 kg.
Ciclismo
A brasileira Jaqueline Mourão chegou na 18ª colocação na prova de mountain bike dos Jogos de Atenas. Com um pneu furado logo na primeira volta, a atleta fez o tempo de 2h13min52s.
A norueguesa Gunn-Rita Dahle conquistou a medalha de ouro, com 1h56min51s; a canadense Marie-Helene Premont ficou com a prata, com 1h57min50s, e o bronze foi para a alemã Sabine Spitz, com 1h59min21s.
Protesto
O velocista grego Kostas Kenteris disse que ficou emocionado com a reação dos torcedores gregos que estavam presentes na final da prova de 200 m rasos, que foi disputada nesta quinta-feira.
Kenteris, que ganhou a medalha de ouro na prova em Sydney, desistiu de participar dos Jogos de Atenas depois de não ter comparecido a um exame antidoping.
Quando os competidores tomaram seus lugares na pista, o público começou a gritar "Hellas Hellas" ("Grécia Grécia") e "Kenteris Kenteris", vaiar e assoviar. A prova sofreu um atraso de cinco minutos.
O americano Shawn Crawford levou a medalha de ouro.
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Vôlei de praia | O confronto brasileiro por uma vaga nas semifinais do vôlei de praia feminino foi vencido por Adriana Behar e Shelda.
Elas derrotaram Ana Paula e Sandra Pires por 2 sets a 1 (15/21, 21/13 e 15/13).
Vela
Torben Grael e Marcelo Ferreira venceram as duas regatas que disputaram neste domingo, na classe Star.
Com os resultados, os brasileiros estão na liderança da competição, com 11 pontos perdidos, seguidos pelos dinamarqueses Nicklas Holm e Claus Olesen, com 20, e pelos suíços Flavio Marazzi e Enrico De Maria, com 21.
Torben é o atleta brasileiro de maior sucesso presente em Atenas. Ele conquistou uma medalha de ouro na classe Star em Atlanta-96, prata na classe Soling em Los Angeles-84, e dois bronzes também na classe Star nos Jogos de Sydney-2000 e Seul-88.
Vôlei feminino
A seleção brasileira de vôlei feminino terminou invicta a primeira fase, ao derrotar a da Coréia do Sul.
O último jogo da fase classificatória terminou com o placar de 3 sets a 0 para o Brasil (25/19, 25/18 e 25/23).
Basquete feminino
A seleção brasileira de basquete feminino perdeu para a Austrália por 84 a 66, na última etapa da fase classificatória dos Jogos Olímpicos.
O Brasil deve pegar a Espanha nas quartas-de-final. No Mundial de 2002, realizado na China, o Brasil perdeu para a Espanha por uma diferença de dez pontos.
Para o Brasil, a derrota pode ter sido, na verdade, um ponto favorável à equipe. É que a vitória contra a Austrália deixaria o Brasil na segunda colocação. Com isso, teria a República Tcheca, que é vice-campeã européia, como próximo adversário.
Além disso, passando pelas tchecas provavelmente pegaria os Estados Unidos na semifinal, confronto do qual as brasileiras estavam tentando escapar.
Doping
O grego Leonidas Sampanis perdeu sua medalha de bronze e foi expulso dos Jogos Olímpicos após seu teste anti-doping ter dado positivo.
Seu nível de testosterona estava duas vezes acima do permitido.
Sampanis ganhou o bronze na categoria 62kg na segunda-feira - a primeira medalha da Grécia na competição.
Mais Vôlei
Ricardo e Emanuel garantiram vaga nas semifinais do torneio de vôlei de praia, ao derrotarem os irmãos Martin e Paul Laciga, da Suíça, por 2 X 0 (21/13 e 21/16) neste domingo, dia 22. Os adversários dos brasileiros na próxima rodada serão os também suíços Heuscher e Kobel nesta segunda-feira.
Salto Triplo
O sueco Christian Olsson venceu a final do salto triplo coma marca de 17,79 m. O brasileiro Jadel Gregório ficou em quinto. O melhor salto de Gregório foi de 17,31m.
Hipismo
O cavaleiro Bernardo Resende Alves ficou em 9º lugar no primeiro dia da prova de saltos em Atenas - a melhor colocação entre a equipe brasileira.
Rodrigo Pessoa ficou em 27º lugar depois de perder cinco pontos, quatro por falta e um por excesso de tempo. Luciana Diniz terminou a primeira passagem também em 27º, com a mesma pontuação.
Doda perdeu oito pontos por falta e ficou em 40º na classificação geral.
Saltos ornamentais
O brasileiro Cássius Duran anunciou que não vai mais competir na prova de trampolim de três metros, cuja eliminatória começaria na segunda-feira. César Castro será o único representante do Brasil na competição.
Duran, que sofreu uma lesão no abdome, decidiu dar prioridade à disputa da plataforma de dez metros, sua especialidade.
A prova está marcada para a próxima sexta-feira, dia 27.
Hipismo
O Brasil faz sua primeira participação no hipismo, que conta a presença de 77 cavaleiros. O evento ocorre no Centro Equestre de Atenas, em Markopoulo.
"Nós temos uma grande chance de medalha. Ganhamos bronze em Atlanta e Sidney. Estamos mais fortes agora e lutaremos pelo bronze", disse o cavaleiro Álvaro Miranda Neto, o Doda, da equipe brasileira de hipismo.
Em sua primeira passagem da prova de saltos, Doda cometeu duas faltas e perdeu oito pontos.
Já o cavaleiro Rodrigo Pessoa, montando Baloubet du Rouet, perdeu cinco pontos em sua primeira passagem. O brasileiro perdeu mais um ponto por ter excedido o tempo limite de 94 segundos, terminando com 97s09.
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Livro é o melhor presente. | Pode ser, mas revista para multibilionário é muito mais interessante.
Os brasileiros, que, cercados de milhões de pobres por todos lados, tentam fugir do espetáculo deprimente, quando não do assédio dos miseráveis, buscam justificado refúgio tornando-se bilionários ou, de preferência, multibilionários, que, como festa de destituído, “quanto mais mió”.
Nossos multibilionários (chamemo-los de multibis), eu acompanho suas andanças, ou, melhor dizendo, suas jato-vagações, pelas colunas sociais, ou o que delas sobrou.
Agora, nossos heróis sociais são as telepessoas.
Mas, estas, deixemo-las todas para lá, entretidas com sua glória, fama e a mesa no restaurante da moda que vai fechar semana que vem.
Nossos multibis é quem nos – ou pelo menos a mim, neste momento – interessa.
Quejandos, não
Eles agora têm mais uma revista escrita em inglês a assinar (ils ne parlent pas le français, les multi-bis) e onde tentar se informar sobre assuntos de seu interesse: possivelmente esplendor e luxo e estampas multicoloridas de multibilhões de dólares, euros, pesos, reais e quejandos.
(Não, quejandos não. Os multibis, mesmo sem saber o que é, detestam “quejandos”.)
Com uma ajudinha de amigos e sychophants (conferir, remediados, conferir!), nossos multibis almejam, isto sim, entrar para a magnífica listona doirada dos 500 mais multibis do mundo.
O nome da nova publicação trimestral é destinado a enganar os pouco favorecidos e seqüestradores em potencial: Spear´s Wealth Management Survey.
Tem um senão: assinatura, só mediante convite.
Dois mil supermilionários (a designação também é aceitável) britânicos já receberam o número piloto, que acaba de pisar no acelerador e, como o mais pesado que o ar, alçou vôo.
Há lista de resorts exclusivos a alugar ou comprar, artigos sobre como ir às compras de helicóptero, além dos – afinal são a alma do negócio – anúncios, que vão dos relógios de 40 mil dólares aos carros esporte.
Espera-se uma circulação de 25 mil exemplares.
Não esbarra na nossa Modinha Ilustrada dos bons tempos, mas tem possibilidade.
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A história começou em 2011. | No começo, Trump não deu muita bola para o Twitter
Foi neste ano que Justin McConney, formado havia apenas três anos em cinema, tornou-se o primeiro diretor de redes sociais da Organização Trump, liderada pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Naquela época ele não usava o Twitter, nem sei se ele usava um computador", conta à BBC McConney, que deixou de trabalhar para o presidente no final de 2017.
Em 2009, foi criada a conta @realDonaldTrump - mas o então empresário não tuitava, e seus funcionários também não utilizavam a página com muita frequência.
Naquele período, McConney, que tinha então 24 anos, propôs uma nova estratégia para o Twitter e sugeriu a abertura de um canal no YouTube.
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"Quero que esteja envolvido em todo o processo, no desenvolvimento dos tuítes, do conteúdo e das respostas", disse o jovem a Trump.
McConney, recém-formado, começou a trabalhar com Trump em 2011
O dia da pizza com Sarah Palin
Trump aceitou e McConney passou a imprimir mensagens e comentários que a conta @realDonaldTrump recebia. Trump lia e usava uma caneta para escrever notas nas margens das folhas, escolhendo quem ele queria responder diretamente.
No início, o empresário não estava muito convencido da eficácia da estratégia. Mas tudo mudou em março de 2011, dia em que ele almoçou uma pizza com a republicana Sarah Palin, em Nova York, nos EUA.
Trump usou talheres para comer e muitos notaram esta particularidade - em Nova York, o costume é comer pizza com as mãos. McConney propôs então gravar um vídeo com uma explicação de por que comia desta maneira.
"Isto repercutiu em todos os canais de televisão, e isso pareceu incrível para Trump. Eu disse que ele não precisava de 20 jornalistas, câmeras ou funcionários de relações públicas: um tuíte garantiria sua presença na mídia", lembra McConney.
Foi assim que suas publicações na rede social se tornaram mais e mais pessoais.
Vingou
Conta de Trump no Twitter foi criada em 2009
McConney estava convencido de que esse estilo, no lugar do tradicional estilo de relações públicas de um empresário, permitiria alcançar um público muito maior.
E tinha razão, como seria provado nos anos posteriores.
"Acho que foi exitoso porque as pessoas ficaram surpresas que um empresário milionário pudesse comentar sobre o Oscar, ou sobre a nova versão do filme 'Os Caça-Fantasmas'", diz. "Elas não imaginam que este tipo de assunto possa interessá-lo".
Trump se envolveu cada vez mais - e procurava seu assessor tarde da noite, nos fins de semana, ou às 6h da manhã de sábado...
"Na primeira vez que você recebe uma ligação destas, acha que há uma emergência na família. Mas não, ele queria responder imediatamente a uma pessoa que havia mencionado seu nome na televisão".
O caminho para a Casa Branca
Hoje, Trump já tem mais de 40 mil tuítes publicados
Chegou então a fase em que o presidente começou a tuítar diretamente, em 2012, pouco depois de perguntar a McConney se ele preferia um celular iPhone ou um Android. O último parecia melhor para Trump porque tinha uma tela maior.
Quando Trump começou a pensar em se candidatar à Casa Branca, aventou uma mudança de estratégia nas redes sociais. Mas McConney achava isso desnecessário.
"Um vídeo engraçado, com conteúdo noticioso, e que acabe sendo reproduzido em um programa de televisão, é muito mais poderoso do que uma propaganda política tradicional na TV."
O resto é história. E alguns números ilustram a mudança.
De acordo com o site Politico, veículo de mídia dos EUA, em 2010 a conta @realDonaldTrump publicou 142 tuítes; em 2011, a cifra passou para 744; em 2013, já foram mais de 8 mil.
Atualmente, o número de tuítes na conta é superior a 40 mil, e Trump tem mais de 57 milhões de seguidores.
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A sociedade australiana está abalada. | Um programa de TV australiano publicou imagens de torturas em um centro para jovens infratores
Fotos e vídeos divulgados por um canal local de televisão que mostram adolescentes nus, feridos e acorrentados em um centro de detenção juvenil no norte do país desataram a indignação da opinião pública.
Em uma das imagens é possível ver um jovem encapuzado e algemado a uma cadeira de imobilização.
O centro de detenção Don Dale foi fechado em 2015.
O centro Don Dale alojava adolescentes delinquentes e foi fechado em 2015
Mas as imagens acabaram sendo divulgadas pelo programa Four Corners, do canal ABC, levantando questões sobre uma possível cultura institucionalizada de abuso em centros penitenciários do Território do Norte, distrito administrativo que cobre parte do norte da Austrália.
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'Emocionado e consternado'
O primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turnbull, anunciou a abertura de investigação sobre o tratamento de jovens no sistema correcional daquela parte do país.
"Como todos os australianos, estou profundamente emocionado, consternado e horrorizado pelas imagens de maus tratos no centro Don Dale", disse Turnbull.
Fotos e vídeos mostram adolescentes nus, feridos e acorrentados
O procurador-geral do Território del Norte, John Elferink, foi destituído do cargo.
O que o programa mostrou
Grande parte do programa se centrou no tratamento de um jovem que foi agredido, despido e colocado em isolamento entre 2010 e 2012, quando tinha entre 13 e 14 anos.
Em certo momento o jovem foi transferido a uma prisão de adultos e atado a uma cadeira de imobilização, encapuzado por quase duas horas.
A revelação dos maus tratos repercutiu fortemente na Austrália
O jovem também estava entre um grupo de sete jovens que em 2014 foi atacado com gás lacrimogêneo no centro.
O sistema correcional do Território do Norte, segundo esses informes, foi alvo de várias acusações de maus tratos.
Responsabilização
O chefe de governo do Território do Norte, Adam Giles, assumiu a responsabilidade pelo ocorrido nos centros de internação.
Ele disse que as imagens o deixaram "surpreso e enojado" e reiterou a defesa de uma investigação de alto nível.
O chefe de governo do chamado Território do Norte da Austrália, Adam Giles (ao centro), disse que as denúncias serão investigadas com profundidade
"Uma comunidade foi julgada pela forma como trata suas crianças e sérias questões foram colocadas, afirmou Giles.
O advogado John Lawrence comparou o tratamento dos jovens em Don Dale com os métodos da base americana de Guantánamo, em Cuba, que abriga suspeitos de terrorismo.
"Estamos falando de crianças acorrentadas com algemas nos tornozelos, punhos e cintura. Isso está acontecendo na Austrália em 2016", disse o advogado ao programa de TV.
"Se um de nós tratasse nossos filhos dessa maneira provavelmente seria acusado de um crime e as crianças seriam separadas de nós", acrescentou.
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Proust estava por fora. | Eu sempre quis começar uma crônica com essa frase. Vou repeti-la, já que tanto prazer me causa: Proust estava por fora.
Você pode molhar mil biscoitinhos no chá, você pode molhar o pão com manteiga na média que o passado não vem – à boca, à mente.
Nada trará o passado ou sua sombra de volta. Pode-se tentar, numa tentativa de driblar nosso querido Proust, apelar para todos os sentidos – paladar, olfato, tato, audição e visão -, valendo, inclusive, o sexto, que o passado passou e estamos conversados.
Ele lá e nós cá, tentando nos acostumar a essa história, que é a única maneira de se suportar o tempo que anda fazendo (maio, 13 graus, chuva todo dia). Presente é isso.
O passado, no entanto, é um prato feito para se encher linguiça no papo com os amigos na mesa do bar – e, nesse ponto sem vírgula, acabei de me preterizar, levando vocês comigo, em sutil acumulada: o jogo de palavras do “prato feito” acrescido de “linguiça”, tendo, ao fundo, na vitrola, Elizeth Cardozo cantando Tudo é Magnífico, de Haroldo Barbosa e Luiz Reis.
O passado pode ser magnífico, pode ser tudo que se quiser, embora seja mão única e nada, absolutamente nada, o trará de volta, nem mesmo a máquina do tempo do professor Papanatas, para quem se lembra das histórias em quadrinhos do Brucutu.
Brucutu, Ula, professor Bomba. Continuo tentando seduzir quem me ouve ou lê com o passado, que para isso ele serve. Danado de sedutor, o passado. Toda sua graça, no entanto, é ter acabado, deixado de existir, ficado para lá e para trás.
O passado tem a mais longa e a mais breve das vidas. Um exemplo de vida breve: eu mal me lembro de como comecei este papo todo. Um exemplo de vida longa: eu me lembro como se fosse hoje do Rio de 1804. O passado é tremenda enganação. E problema e solução para se sair da cama e enfrentar a rua.
Todas essas considerações pretensiosas vêm a propósito do mês brasileiro que uma vasta loja de departamentos, a Selfridges, está promovendo. Tem Elza Soares, exposição de Portinari, discussão de livro brasileiro, concerto com música de Carlos Gomes e, principalmente, 18 baianas cozinhando vatapá, acarajé e outras graças do Dorival Caymmi.
Comprei um saco de biscoito de polvilho, que chamávamos de “mentira carioca” na minha época, outro de amendoim japonês e um quindim. Provei, achei razoável e não aconteceu mais nada. Ficou nisso. Um quarto de século fora do Brasil e isso é isso.
Digo e repito: Proust estava por fora.
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"Quem for CV aqui vai morrer!" | Em 2017, região metropolitana de Fortaleza registrou 86,7 homicídios para cada 100 mil habitantes, maior taxa do país
Em um fim de tarde em novembro de 2018, na periferia da região sudeste de Fortaleza, duas mulheres e um homem anunciavam um assalto em um ônibus da linha 653-Santa Fé que passava pela BR-116.
Além de recolher as bolsas e celulares dos passageiros - a grande maioria de moradores da região - os bandidos ameaçavam matar quem entre eles fosse membro do Comando Vermelho, facção criminosa nascida no Rio de Janeiro que atua no Ceará.
No ano passado, os assaltos a ônibus como aquele, em que motorista e cobrador foram rendidos por bandidos armados, caíram pela metade na capital cearense - foram de pouco mais de 6 por dia para 3.
O número, entretanto, fazia pouco sentido pra quem estava dentro do coletivo naquela hora. De acordo com o Sindiônibus, que representa as empresas do setor, as áreas próximas da rodovia federal continuavam visadas pelos criminosos.
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E não por acaso: a periferia no extremo sudeste da cidade é uma das regiões mais disputadas pelas facções criminosas que promoveram ataques na capital cearense por quase 30 dias consecutivos no primeiro mês de 2019.
O mesmo rio Cocó que serpenteia por bairros nobres de Fortaleza antes de desaguar no mar da Praia do Futuro é a divisa natural de duas grandes áreas de influência do crime organizado no trecho antes da arena Castelão, onde o turismo não chega.
Parte da área imediatamente à esquerda do rio - bairros como Boa Vista, Barroso II, Passaré - é dominada pela facção local Guardiões do Estado (GDE).
No lado direito - Cajazeiras, Barroso I, Ancuri - atua o Comando Vermelho.
Mas as fronteiras são fluidas: pichações com as siglas de grupos criminosos e ameaças aos rivais são sintomas de uma disputa por território que transformou Fortaleza em uma das cidades com o maior número de mortes violentas no Brasil.
Entre as regiões metropolitanas, ela ocupa a pior posição, de acordo com dados mais recentes do DataSUS, que ainda são preliminares. São 86,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. Na grande Natal, que ocupa a segunda posição, o índice é de 83,3.
Contar a história dessa área da periferia de Fortaleza é como colocar uma lupa sobre essas estatísticas. Essa é a trajetória dos bairros do Conjunto Palmeiras, Ancuri e Pedras, contada por moradores de um conjunto habitacional chamado Santa Fé, que fica no Ancuri.
'Morria muita gente aqui'
A diarista Márcia*, que estava no ônibus sequestrado pelos bandidos quando voltava do trabalho, viu pela primeira vez as inscrições "CV" nos muros próximos à sua casa no Santa Fé há cerca de dois anos.
"Eu não sabia nem o que era aquilo."
Ela demorou a entender que aquelas iniciais estavam por trás do "acidente" que levou o irmão de um conhecido a perder uma perna e do assassinato brutal do marido de uma amiga, espancado até a morte com uma ripa de pau, à noite, no meio da rua.
"Morria muita gente aqui."
A Secretaria de Segurança Pública do Ceará não disponibiliza estatísticas por bairro da capital, mas um cálculo grosseiro feito a partir dos dados das Áreas Integradas de Segurança (AIS) dá dimensão do que a moradora quer dizer.
Em 2018 foram registrados 167 crimes violentos letais intencionais na AIS 3, que engloba o Ancuri, bairro onde o Santa Fé está localizado, e outros 12 da região - um total de 256 mil pessoas.
São 65,2 homicídios para cada 100 mil habitantes, praticamente o dobro do registrado na AIS 1 (33,6), que concentra a maior parte dos bairros nobres da cidade.
Quase 60% dos moradores do conjunto Santa Fé, que está no bairro do Ancuri, não completaram o ensino fundamental
O índice é alto, mas significativamente menor do que em 2017, quando a AIS 3 contabilizou 98 mortes para cada 100 mil habitantes, índice próximo ao registrado entre algumas das cidades mais violentas do México, por exemplo.
Taxas de homicídio acima de 10 são consideradas epidêmicas pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
No Santa Fé vivem cerca de 5 mil pessoas - um quarto do total do bairro do Ancuri, onde o conjunto habitacional está localizado - distribuídas em casas conjugadas em uma sequência de ruas quase todas sem calçamento.
A renda média por habitante, de acordo com uma pesquisa feita pela Igreja Batista Central da comunidade em parceria com o curso de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará (UFC), é de R$ 413. Quase 60% dos moradores não concluíram o ensino fundamental.
São diaristas como Márcia, costureiras, mecânicos, cozinheiras, vigias, descarregadores de caminhões, pedreiros, ambulantes, catadores. A grande maioria nunca teve a carteira de trabalho assinada.
A quase 20 km dali, os moradores do bairro Meireles - o mais rico da cidade - têm rendimento 9 vezes maior, de R$ 3.659,54, como consta nos dados mais recentes do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
O Ancuri ocupa a 102ª posição entre os 119 bairros mapeados no ranking da renda.
O último lugar é do vizinho Conjunto Palmeiras, berço da facção Guardiões do Estado.
Campo de concentração de flagelados da seca
O Conjunto Palmeiras tem origem na década de 1970, conta o professor do departamento de Arquitetura da UFC Renato Pequeno, quando a prefeitura de Fortaleza dá início a um processo de "periferização" de favelas localizadas em áreas da cidade que começavam a se valorizar.
Os primeiros moradores do bairro vinham do Arraial Moura Brasil, uma favela à beira mar que foi parcialmente removida e deslocada para o conjunto habitacional nos limites da cidade, a 17 km. No lugar dela surgiriam, anos mais tarde, a avenida Leste-Oeste e o Marina Park, ainda hoje o hotel mais luxuoso da cidade.
Visada pelo mercado imobiliário nos anos 70, essa área também nasceu em um contexto de pobreza e exclusão, destaca o pesquisador do Observatório das Metrópoles, muito anterior às remoções violentas patrocinadas pelo Programa Integrado de Desfavelamento (PID).
Antes de ser Arraial Moura Brasil, a comunidade tinha sido o Campo do Urubu - um dos 7 campos de concentração erguidos no Ceará nas primeiras décadas do século 20 para aglomerar os retirantes da seca que vinham do interior do Estado e "higienizar" a paisagem urbana.
"Fortaleza já nasceu segregada", diz Pequeno.
Os campos de concentração eram construídos pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs)
A capital assistiu a três grandes ciclos de migração de "flagelados": em 1877, em 1915 - processo retratado no livro O Quinze, de Rachel de Queiroz - e em 1932.
Ainda no fim do século 19, 30% das moradias na cidade de Fortaleza eram barracos de palha - nos quais viviam, na grande maioria, migrantes fugindo da seca.
Os campos de concentração, conforme relata a historiadora Kênia Rios, foram propostos - com essa nomenclatura - pela elite de Fortaleza como uma espécie de política humanitária, intenção que só existiu no papel.
Os dois que estavam localizados na capital - o Urubu e o Alagadiço - tinham capacidade para 2 mil ou 3 mil pessoas, mas chegaram a confinar até 8 mil.
A estruturas extremamente precárias dividiam homens e mulheres e eram vigiadas ininterruptamente por soldados de 23º Batalhão Policial. Só se podia sair com autorização - em geral concedida apenas àqueles empregados em obras públicas na capital.
"A exploração da mão de obra nesses lugares é uma coisa impressionante. As pessoas trabalhavam em troca de um prato de comida", diz a historiadora.
Em abril de 1933, a chuva voltou a cair no sertão e os campos de concentração do Estado começam a ser desativados.
O governo chegou a distribuir passagens de ônibus e algumas sementes para garantir que os retirantes voltassem para suas cidades de origem.
Sem perspectiva, entretanto, muita gente ficou.
"Esse é o momento em que o flagelado vira favelado", diz a professora do departamento de História da UFC.
Décadas depois, o Conjunto Palmeiras viraria destino não apenas daqueles que foram removidos da favela do Arraial Moura Brasil, mas de dezenas de famílias que habitavam comunidades pobres localizadas em áreas que se tornavam interessantes para o mercado imobiliário.
"Essa nova periferia era espacial e socialmente afastada da área central de Fortaleza. No José Walter (conjunto habitacional vizinho ao Palmeiras), pra você ter uma ideia, só passava ônibus duas vezes por dia - pra levar o morador para o serviço e trazê-lo de volta. Isso acaba sendo um novo confinamento."
As dezenas viraram centenas e hoje o Conjunto Palmeiras soma 36 mil moradores. Tem a pior renda média entre os 119 bairros da capital e é o segundo pior em termos de extrema pobreza.
Lá, 17,2% dos habitantes sobrevivem com renda domiciliar mensal menor que R$ 70, conforme o Ipece.
Entre os ataques promovidos no início do ano, criminosos incendiaram caminhão carregado de frangos vivos
Violências "invisíveis" como a falta de saneamento básico, de equipamentos de lazer, escolas, de hospitais e postos de saúde viraram terreno fértil para gangues locais que, depois dos anos 2000, se organizaram em torno das quadrilhas de traficantes e das facções que chegaram do Rio e de São Paulo.
O enredo é parecido em praticamente todo o "cinturão de pobreza" em volta da área mais central de Fortaleza, diz o pesquisador do Laboratório de Violência da UFC Luiz Fabio Paiva.
No Conjunto Palmeiras, particularmente, a equação deu origem, por volta de 2015, a uma facção batizada de Guardiões do Estado - que atua em paralelo, por sua vez, a PCC, CV e Família do Norte, que tem origem no Amazonas.
"As facções possibilitaram a organização do crime que atuava em regiões diferentes."
Do vazio demográfico ao vazio do Estado
Vizinha do Conjunto Palmeiras, Beth* lembra quando chegou ao conjunto Santa Fé, no início dos anos 90.
Não havia coleta de lixo e a Cagece distribuía água um dia sim, outro não - os moradores recorriam a uma "cacimba" nas proximidades quando as torneiras secavam.
Nos anos 2000, o serviço foi regularizado, três ruas como nomes de santas ganharam calçamento - Nossa Senhora de Lourdes, de Fátima e Aparecida - e, com pressão de uma igreja batista, a IBC, foi aberto um posto de saúde.
O pastor Armando Bispo, nascido na zona norte de São Paulo e com passagem pelos Estados Unidos, chegou ao conjunto habitacional em 98, quando decidiu tirar a igreja do ginásio de uma escola particular no bairro nobre do Papicu e levá-la a um lugar onde pudesse cumprir a "verdadeira vocação" de cuidar do outro.
"Foi quando a gente tomou a decisão de mudar para uma região considerada perigosa, abandonada, terra de ninguém."
O terreno de 210 mil metros quadrados em que até hoje funciona a igreja costumava ser um local de depósito de cargas roubadas de caminhões de cruzavam a BR-116.
Beth está entre os moradores que falam com entusiasmo da chegada da IBC. As latas de lixo instaladas na calçada ajudam a suprir a deficiência da coleta feita pela prefeitura e o espaço para as crianças durante o culto alivia o fardo das mães que trabalham e cuidam da casa. "O pastor Armando não se intimida com bandido", diz ela.
"O 'código de ética' do tráfico é não mexer com a igreja evangélica, e aqui não é diferente", sentencia o pastor.
Uma de suas histórias preferidas é sobre um menino de 14 anos que vinha causando problemas no bairro no ano passado. "Eu peitei ele, disse que não adiantava ficar ameaçando todo mundo. Quando cheguei na casa do garoto, a 300 metros da igreja, eram 9 pessoas vivendo em um quadrado. O banheiro era um buraco no quintal."
Com a ajuda da Casa de Misericórdia, a IBC ajudou a família a construir uma residência melhor, e vem fazendo isso gradativamente com moradores do conjunto. "Um quarto das casas aqui não tem banheiro."
'O que a gente vê aqui é a ausência absoluta do poder público', diz o pastor Armando
Beth mora em um espaço bom, que construiu com a ajuda de parentes e vizinhos em esquema de mutirão - como a maioria dos vizinhos, porém, ela não tem os documentos da casa própria.
Boa parte do conjunto foi erguido através de uma Sociedade Comunitária de Habitação Popular (SCHP) organizada pela própria prefeitura nos anos 90, mas que até hoje não foi regularizada.
O problema não é uma exclusividade do Santa Fé, segundo a professora Clarissa Freitas, do departamento de Arquitetura da UFC. Dezenas de comunidades estão na mesma situação.
"Isso talvez seja uma particularidade de Fortaleza: esses são conjuntos habitacionais ilegais. É o próprio Estado agindo na ilegalidade", ressalta a urbanista, que pesquisa a questão da regularização fundiária na cidade.
"Muita gente não faz essa ligação, mas isso está muito conectado à questão da violência. As pessoas se sentem menos cidadãs, com menos direitos. O Estado vira inimigo."
Toque de recolher
Dominado pelo tráfico, o Santa Fé é considerado por boa parte dos moradores um lugar "tranquilo, por incrível que pareça".
A disputa por território com os rivais da GDE, que domina o Conjunto das Palmeiras, e as punições àqueles considerados traidores fazem dos homicídios violentos parte do cotidiano, mas "eles se matam entre eles".
O medo, entretanto, regula a rotina.
Boa parte do Santa Fé tem saneamento inadequado
No início dos anos 90, Leda* e os amigos do bairro costumavam caminhar aos fins de semana pouco mais de 5 km pelo 4º Anel Viário, que cruza a BR-116 nos limites do conjunto, para chegar a um clube chamado Valeu Boi.
A casa noturna, frequentada pela elite de Fortaleza, cobrava caro pela entrada. "A gente ficava ouvindo forró do lado de fora. Era bom demais."
Hoje, pouca gente no Santa Fé sai depois das dez da noite.
Mesmo dentro de casa, fala-se baixo e não se comentam certos assuntos porque, com os imóveis colados uns nos outros, "todo mundo sabe o que todo mundo faz" - e ninguém quer ser considerado traidor pelos "grandões" do Comando Vermelho.
A disputa entre facções rivais impõe ainda um outro toque de recolher. Muita gente não se sente seguro para visitar os parentes que moram em comunidades dominadas por outras siglas.
Os vizinhos Curió e Santa Maria, por exemplo, são chefiados pelo Comando Vermelho, mas o Palmeiras e o Conjunto Alameda das Palmeiras são áreas de domínio da GDE, que tem fama de ser mais cruel do que as facções fluminense e paulista.
"A questão da crueldade acabou virando forma de demonstração de poder das facções. Com a GDE, que não tem 'regras' consolidadas e possui uma hierarquia menos clara, eram comuns as mutilações, casos em que as vítimas eram queimadas vivas", diz César Barreira, também do LEV-UFC.
Ao contrário de PCC e CV, a GDE não cobra filiação ou mensalidade.
"Isso atraiu todo tipo de jovem inconsequente, que queria brincar de ser bandido", diz uma fonte ligada à Segurança Pública do Estado que não quis se identificar.
A chegada do Minha Casa, Minha Vida
Os relatos de recrudescimento da violência entre os moradores do Santa Fé coincidem com a inauguração, em 2016, de um conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida (MCMV) do outro lado do anel viário, no bairro Pedras.
Hoje com 5 mil unidades, o Alameda das Palmeiras ganhou as manchetes locais quando, em 2017, um motorista de Uber foi morto a tiros na entrada do conjunto.
Guilherme Maia, na época com 22 anos, não viu o aviso no muro: "Adentra, tire o capacete e, carro abaichi (abaixe) os vidros. Se roubar na favela, morre. Assinado, crime 745 (sic)". Os números seriam uma suposta alusão à GDE.
Em dezembro do mesmo ano, dois corpos carbonizados foram encontrados também na entrada da comunidade.
"Aquele lugar foi construído de uma forma estranha, só tem uma entrada, um beco", diz o pastor Armando Bispo.
O professor Renato Pequeno ressalta que, até 2012, os projetos do MCMV na capital cearense tinham no máximo 500 unidades. Depois de um pedido feito pelas construtoras participantes do programa, a Caixa subiu esse limite para 5 mil.
"Aí você tem esses conjuntos enormes construídos em locais afastados - porque as empresas vão procurar os lugares mais baratos possíveis pra construir - e praticamente sem equipamentos públicos no entorno", ele critica.
Outra questão, acrescenta Clarissa Freitas, é a "privatização dos espaços públicos" nos empreendimentos, que são todos murados. "A polícia só entra lá com mandado."
Assim como o Alameda, conjuntos como o Cidade Jardim I e II, cada um com cerca de 5,5 mil unidades, e José Euclides da Cunha, com 5 mil, hoje são dominados por facções criminosas.
São frequentes os casos de expulsões de moradores por traficantes, que revendem os imóveis ou os repassam para amigos e parentes.
Em ação movida na Justiça Federal para devolver as residências aos proprietários legais, promotores do Ministério Público Federal e Estadual ponderaram que a Caixa Econômica não deveria financiar empreendimentos em áreas sem infraestrutura.
Região metropolitana
A história da periferia de Fortaleza transborda para a região metropolitana, onde os índices de homicídio são ainda maiores do que na capital.
Fabiano Lucas, pesquisador do departamento de Geografia da UFC que trabalhou com dados de mortes violentas da RM antes do contexto das facções criminosas, ressalta que os municípios em pior situação são aqueles mais integrados à dinâmica de Fortaleza - cidades como Maracanaú, Caucaia e Eusébio.
A região metropolitana soma 18 municípios - em praticamente todos eles, o índice de homicídios passa de 100 para cada 100 mil habitantes.
Uma dessas cidades, Aquiraz, foi palco do assassinato de um dos líderes do PCC. Em fevereiro de 2018, o corpo de Gegê do Mangue - que morava em um condomínio fechado na região - foi encontrado em uma reserva indígena no município.
"Nós tivemos grandes apreensões no Porto das Dunas (localizado no município de Aquiraz), e não por acaso: o lugar é uma cidade estruturada praticamente sem nenhum controle (do Estado)", diz uma fonte ligada à Segurança Pública do Estado de Ceará que não quis se identificar.
Gegê do Mangue não foi o único chefe da facção paulista que passou pelo Ceará: dois anos antes, Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior - irmão de Marcola, apontado como número 1 da facção paulista - foi preso na cidade de Fortaleza.
Ele, o irmão e outros 20 líderes do PCC foram transferidos em fevereiro do presídio de Presidente Venceslau (SP) para penitenciárias federais em Porto Velho (RO), Brasília e Natal (RN).
A segurança e a sensação de segurança
Em paralelo à pobreza e à total ausência de Estado nas regiões tomadas pelo tráfico, duas fontes ligadas à Segurança Pública apontaram falhas na política penitenciária e na gestão das polícias como as razões por trás do aumento exponencial da violência em Fortaleza na última década.
Ambos destacaram que diferentes gestões deram prioridade à sensação de segurança - com criação de dispositivos como o Ronda do Quarteirão, implantado na gestão Cid Gomes (PROS), e o Batalhão de Policiamento de Rondas de Ações Ostensivas e Intensivas (Raio), ampliado no governo de Camilo Santana (PT) - em detrimento da segurança em si.
Teria faltado investimento em inteligência e a promoção da integração das polícias.
"Eles demoraram a admitir que existia facção no Ceará", acrescenta uma das fontes, ligada à polícia militar. As apreensões de drogas com identificação do PCC no Estado começaram a pipocar em 2010, diz ela. O CV teria chegado ainda antes.
A administração das penitenciárias do Estado também foi criticada.
Nesse sentido, eles citam desde a separação dos detentos por facções dentro dos presídios - a promessa de revogação dessa prática prometida pelo novo secretário de Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, é apontada como uma das razões para a sequência de ataques realizados no Ceará em 2019 - a um excesso de permissividade dentro da cadeia.
Ao assumir a Secretaria de Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque afirmou que os presos não seriam mais divididos por facção nas cadeias do Estado
Além de liberar - se não no papel, mas na prática - a entrada de celulares e televisores, diz uma fonte, a administração chegou ao ponto de promover o que ficou conhecido como "pernoites do amor": desde o início dos anos 2000, os detentos podem receber parceiras sexuais no Dia do Presidiário, no Natal e no Dia das Mães.
"Houve um afrouxamento e o crime se fortaleceu", ressalta essa mesma fonte.
Coincidência ou não, os membros da GDE do Conjunto Palmeiras dizem que "saíram da faculdade" quando acabam de cumprir pena nos presídios do Estado.
Naquela tarde de novembro em que o ônibus que a trazia Márcia do serviço foi sequestrado, ela não chegou a ser roubada.
Estendeu a bolsa, mas os assaltantes, que pareciam ter pressa, foram embora antes de alcançá-la.
A ameaça do início se mostrou apenas frase de efeito - os bandidos não mataram nem feriram ninguém no coletivo.
O dinheiro que ela ganhou pelo dia de trabalho engordou as economias reservadas para realizar um sonho já de muitos anos: comprar uma casa no bairro de Messejana.
*Os nomes de todos os moradores entrevistados pela reportagem foram preservados por questões de segurança.
Colaborou Amanda Rossi, da BBC News Brasil em São Paulo
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Quem confia em político? | Muito pouca gente. No mundo inteiro.
O Serviço Mundial da BBC encarregou o Instituto Gallup de pesquisar 50 mil pessoas em 68 países, o que representa, para quem entende dessas coisas, a opinião de cerca de 1 bilhão e 100 milhões de pessoas.
Da sondagem foram excluídas a China e o Oriente Médio, uma vez que, segundo a BBC e o Gallup, por aquelas bandas, as restrições impostas pelos governos tornam qualquer pesquisa impossível.
Os resultados são interessantes.
O antigo bloco soviético é o que menos confiança deposita em seus líderes, já que 75% disseram que seus países não são governados pela vontade do povo.
O curioso é que tanto europeus quanto norte-americanos compartilham da mesma opinião, embora em escala ligeiramente menor: 64% dos europeus desconfiam desconfiando mesmo e os americanos, mesmo antes de Katrina, mas depois da invasão (a chamada “guerra”) do Iraque.
Eleições
De uma maneira geral, um pouco menos da metade dos pesquisados, ou sejam, 47%, acham que as eleições em seus países são realizadas de forma justa e democrática.
A Escandinávia e a África do Sul são líderes em matéria de acreditar na lisura dos escrutínios: 82% para uma, 76% para a outra.
A África Ocidental e a antiga União Soviética pegaram a lanterninha: 25% e 24%, respectivamente.
O mundo confia sabe em quem?
Em primeiro lugar, nos líderes religiosos, que pegaram 33% da popularidade, seguidos de – e peço atenção – militares e/ou policiais, com 26% dos (seriam?) votos, empatando, vejam vocês, com, há!, jornalistas.
E aí é que perco completamente a fé no mundo e nas pessoas que nele habitam.
O mundo, que me cerca a mim e a vocês, gostaria que “intelectuais” – aspas neles – o liderasse.
Ou então, os tais dos líderes religiosos.
Mundo, você não toma jeito mesmo, hem, cara?
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– Fala, Banha Rosa! | Era o insulto invariável que nos vinha à boca para ferir aquele menino gordinho que não estava – coitado – fazendo nada, em geral na ponta esquerda da pelada na praia.
Banha Rosa era uma marca popular do produto lá por meados do século passado.
Banha. E ainda mais de porco. Bleargh!
Tudo a ver com banha sempre me repugnou. Estou vendo umas imensas latas de outra marca de banha, a Carioca (azul, com palmeiras), cheias de um líquido incolor e oleoso, equilibradas na cabeça das pobres daquelas mulheres que, quando faltava água, começavam a dolorosa subida para o morro com o que, para elas e família, possivelmente constituía o precioso líquido.
Banha, em suma, era uma coisa de garoto desajeitado e gente pobre. Nada a ver comigo, residente de um belo apartamento de décimo andar na avenida Atlântica, bem em frente do mar. Na minha casa, isto era óbvio, nunca entrara a maldita da tal banha.
Era, pelo menos, o que eu preferia acreditar. Até hoje peço o obséquio de não me informarem que eu não podia estar mais enganado.
Nunca entendi nada de cozinha. Tal como hoje, só sei me sentar à mesa e esperar ser servido. Na cozinha, no máximo abrir a geladeira para pegar um refrigerante.
Mais: banha, para mim, era coisa de brasileiro. Puro subdesenvolvimento.
De ilusões sou feito, assim pretendia continuar.
Chocado, abro os jornais britânicos e lá vejo, em notícias de cinco colunas, com fotos, reportagens sobre a crise da banha que ameaça o país neste Natal. Quer dizer, vai faltar banha. Banha para fazerem todos aqueles bolos e sobremesas de Natal que, em mais de 30 anos, me acostumei a apreciar.
Era tudo enganação. Banhas Rosa e Carioca em cima de mim. Perseguindo-me para eu deixar de ser besta.
Tentarei. Ou então, como uma criancinha africana dependendo de roqueiro britânico, emagrecerei, definharei e, finalmente, morrerei.
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A notícia foi surpreendente para todos. | Os duques de Sussex, Harry e Meghan Markle, comunicaram sua decisão de 'dar um passo atrás' na quarta-feira
O duque e a duquesa de Sussex, Harry e Meghan, anunciaram na quarta-feira (08) a decisão de "dar um passo atrás" como "membros seniores" da família real britânica.
Trata-se de um "evento sem precedentes" na história recente da monarquia britânica. A última vez em que algo parecido havia ocorrido foi em 1936, quando o rei Eduardo 8 abdicou para se casar com a americana divorciada Wallis Simpson, algo inédito até então.
A família real está "magoada" com a decisão tomada pelos duques de Sussex. E nenhum outro membro sênior da monarquia sabia o passo que Harry e Meghan Markle estavam prestes a dar.
A declaração do casal foi uma surpresa e gerou grande choque na imprensa britânica
O correspondente de Assuntos Reais da BBC, Jonny Dymond, sublinhou o significado do fato, já que Harry e Meghan faziam parte da "renovação dos ares" da monarquia.
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O casal, em um post no Instagram, disse que pretende ser "financeiramente independente" e que quer "começar a forjar um novo papel progressivo dentro da instituição".
Mas Dymond se pergunta se esse "novo modelo" pode funcionar ou se trata de uma etapa no caminho de abandonar completamente a família real.
Mas o que significa ser um membro sênior da família real?
O termo sênior dentro da realeza refere-se aos membros que estão no topo da linha de sucessão e suas esposas, embora não seja exatamente delimitado até qual posição isso vale.
Harry ocupa a sexta posição, atrás de seu pai Charles, seu irmão William e os três filhos deste último.
Os seniores trabalham ativamente em questões de realeza, desempenham funções em nome da rainha Elizabeth 2º e são representantes internacionais da família real.
Entre eles, além disso, alguns ocupam a posição de Conselheiros de Estado e podem assumir algumas das funções da rainha no caso de ela estar doente ou fora do país.
A família real nomeia conselheiros que podem desempenhar algumas das funções da rainha em caso de indisposição
Mas eles não podem discutir assuntos da Comunidade das Nações, dissolver o Parlamento ou nomear um primeiro-ministro.
Por lei, os Conselheiros de Estado são o casal soberano e as próximas quatro pessoas na linha de sucessão ao longo de 21 anos.
Eles são atualmente o príncipe Phillip, duque de Edimburgo; o príncipe Charles, duque da Cornualha; príncipe William, duque de Cambridge; príncipe Harry, duque de Sussex; e o príncipe Andrew, duque de York.
Que outras funções Harry e Meghan desempenham?
Harry passou 10 anos nas Forças Armadas britânicas, e é por isso que ele trabalha para promover o bem-estar dos membros e veteranos desses órgãos.
Harry organiza os Jogos Invictus, para ex-membros das Forças Armadas com sequelas físicas
Ele insistiu especialmente em aumentar a conscientização sobre a reabilitação dos feridos e daqueles com sequelas físicas resultantes de missões do Exército. Para eles, organiza o evento esportivo The Invictus Games.
Ele também defende jovens de grupos sociais marginalizados envolvidos em violência de gangues, promovendo programas de orientação nas escolas primárias.
O príncipe também está envolvido em vários projetos de caridade na África, como a fundação Sentebale para crianças órfãs e com a proteção da biodiversidade e das comunidades locais.
Dentro da Royal Foundation, os duques de Sussex e de Cambridge lideram juntos projetos para combater o estigma das doenças mentais.
Meghan, por outro lado, colabora com a Organização das Nações Unidas para incentivar a participação e liderança feminina na política. Em uma ocasião, ela visitou Ruanda, na África, para aprender sobre como a conscientização política das mulheres era promovida em mulheres desde a infância.
A Duquesa de Sussex também é embaixadora global da organização humanitária World Vision, que se concentra em campanhas para purificar a água na África e promover um maior acesso à educação de meninas na Índia.
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Tênis | Gustavo Kuerten foi eliminado na primeira rodada do torneio de tênis em Atenas ao perder para o chileno Nicolás Massú por 2 sets a 1 (6/3, 5/7 e 6/4).
Guga perdeu o primeiro set sem oferecer resistência e reagiu no segundo. Mas no terceiro, Massú, cabeça-de-chave número 10, dominou a partida e não deu chances para o brasileiro.
Com a derrota de Guga, o Brasil não tem mais nenhum representante na chave de simples em Atenas, já que Flavio Saretta já tinha sido derrotado pelo americano Andy Roddick.
Duplas
Na chave de duplas, o Brasil estreou bem no tênis. André Sá e Flávio Saretta derrotaram Carlos Moyá e Rafael Nadal, da Espanha, por dois sets a zero (7/6 e 6/1).
Os próximos adversários dos brasileiros são a dupla Wayne Blake e Kevin Ullyett, do Zimbábue, cabeças-de-chave número 4.
Blake e Ullyett eliminaram Sá e Saretta do Torneio de Wimbledon, em junho, ao derrotarem os brasileiros por dois sets a um.Basquete
As meninas do basquete brasileiro derrotaram a equipe da Grécia por 87 a 75, pela segunda rodada do Grupo A.
Com o resultado, o Brasil está em primeiro lugar no grupo, com duas vitórias.
A seleção brasileira estreou vencendo o Japão por 128 a 62, estabelecendo o recorde olímpico de pontuação no basquete.
O próximo jogo do Brasil é contra a Rússia, na quarta-feira.Fora da final
O tempo de 2m15s43 não foi suficiente para garantir à brasileira Joanna Maranhão um lugar na final dos 200m medley.
Joanna ficou em quinto lugar na sua série e em 11º na classificação geral.
A primeira foi a ucraniana Yana Klochkova, com 2m13s30, seguida pela americana Amanda Beard.Recorde na natação
O australiano Ian Thorpe quebrou o recorde olímpico ao vencer os 200 m livre e ganhar seu segundo ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas.
O Thorpedo, como o nadador é conhecido, deixou em segundo o holandês Pieter van den Hoogenband, ouro em Sydney, com o tempo de 1min44s71.
O americano Michael Phelps viu se acabarem suas chances de igualar o recorde de seu compatriota Mark Spitz, que conquistou sete medalhas de ouro na natação na Olimpíada de 1976. Phelps ficou com o bronze.
Judô
O brasileiro Leandro Guilheiro derrotou o judoca Victor Bivol, da Moldávia, na diputa pelo bronze na categoria leve e garantiu a primeira medalha do Brasil na Olimpíada de Atenas.
Após perder para o francês Daniel Fernandes, vice-campeão mundial, nas quartas-de-final, Guilheiro venceu David Kevkhishvili, da Geórgia, e o israelense Yoel Razvozov na repescagem.
Nas lutas anteriores, o brasileiro venceu o polonês Krzysztof Wilkomirski, o haitiano Ernst Laraque e o espanhol Kiyoshi Uematsu.
Outra derrota
O handebol masculino do Brasil perdeu pela segunda vez nestas olimpíadas. Desta vez, a derrota foi por 20 a 19, para a equipe da Hungria.
No sábado, o time já havia perdido sua partida de estréia, contra a França, por 31 a 17. Com os resultados, o Brasil está em último luga na sua chave.
Acidente
Um atleta da equipe de vela da Dinamarca foi acusado de homicídio culposo pela morte de um britânico em Atenas.
Na noite do domingo, Niklas Holm, de 23 anos, dirigia seu carro na avenida Posidonos quando atropelou e matou Errol Strachan, de 45 anos.
Holm foi preso no domingo pela polícia, mas pagou fiança e foi solto nesta segunda-feira.
Eleito velejador do ano na Dinamarca em 2002, Holm não foi proibido de competir em Atenas. Ele disputa a classe Star, que começa neste sábado.
Boxe
O brasileiro Edvaldo Oliveira derrotou o porto-riquenho Carlos Velazquez na sua estréia no torneio olímpico de boxe em Atenas. O combate terminou empatado em 43 a 43 e foi decidido no desempate.
Lutando na categoria peso pena (até 57kg), ele enfrentará o cubano Luis Franco Velazquez na próxima fase.
Mais judô
A judoca brasileira Danielle Zangrando perdeu para a italiana Cinzia Cavazzuti pela repescagem da categoria leve (até 57kg) e ficou fora da disputa pelo bronze.
Danielle já havia sido derrotada por ippon pela holandesa Deborah Gravenstijn. Em sua primeira luta, a judoca venceu a chinesa Yuxiang Liu por ippon.
Mais natação
O nadador brasileiro Káio Márcio Almeida foi eliminado na prova classificatória para os 200m borboleta, disputada nesta segunda-feira.
Ele ficou em 19º lugar na classificação geral, com o tempo de 1min58s23. Em primeiro ficaram o americano Michael Phelps e o japonês Takashi Yamamoto, ambos com o tempo de 1min57s36, seguidos do polonês Pawel Korzeniowski, com 1min57s45.
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Sexta-feira | 10h00: Passageiros são evacuados da estação de Stockwell (na Nothern Line) depois de ouvirem tiros sendo disparados. A estação é fechada.
10h30: Testemunhas contam que viram a polícia atirar cinco vezes em um homem - possivelmente um dos suspeitos das tentativas de explosões na quinta-feira.
10h54: A polícia confirma ter atirado em um homem na estação e faz um cordão com uma área de 200 metros ao redor do local.
11h00: Policiais armados cercam uma mesquita no Leste de Londres e pedem para que os moradores fiquem em suas casas.
11h30: Funcionários da mesquita dizem à BBC que havia uma ameaça de bomba no interior da mesquita. A polícia realiza buscas.
11h35: A polícia deixa a mesquita, encerrando o cerco e afirmando que o incidente havia acabado.
11h50: A Scotland Yard confirma que o homem baleado em Stockwell foi morto na operação.
13h00: O Conselho Muçulmano Britânico pede que a polícia explique porque o homem em Stockwell foi morto. Um porta-voz diz que os muçulmanos estão preocupados que a polícia tenha "atirado para matar".
14h59: A Scotland Yard confirma que investigadores foram enviados a um endereço perto de Harrow Road, no bairro de West Kilburn, no oeste de Londres. Segundo a polícia, agentes armados foram enviados ao local como precaução e não foram feitas prisões.
Quinta-feira
12h38 (horário local, 8h38 em Brasília) - Ambulâncias são chamadas para a estação Oval, no sul da cidade. A estação é evacuada.
12h45 - Ambulâncias são chamadas para a estação Warren Street, no norte da cidade. A estação é evacuada.
13h11 - A estação Shepherd's Bush, no oeste da cidade, é evacuada.
13h21 - Bombeiros dizem que há fumaça saindo da estação de metrô Warren Street.
13h25 - O metrô de Londres anuncia que três linhas da cidade - Hammersmith & City, Victoria e Northern - tiveram seu funcionamento suspenso.
13h40 - O prefeito de Londres, Ken Livingstone, cancela um compromisso devido aos incidentes no metrô.
13h42 - A polícia investiga relatos de uma explosão em um ônibus da linha 26, que estava no bairro de Hackney, no leste de Londres.
13h48 - A Estação de metrô de Westminster, no centro de Londres, é evacuada.
13h54 - A polícia diz que ainda não está considerando a evacuação das estações como um incidente de grande gravidade.
14h01 - Um porta-voz da Casa Branca diz que está "acompanhando de perto a situação".
14h11 - A polícia isola o Hospital University College, informa a agência de notícias Reuters.
14h13 - Blair suspende uma visita que faria a uma escola no leste de Londres e um compromisso com o primeiro-ministro da Austrália.
14h30 - Representantes da força-tarefa de emergência do governo britânico, chamada de Cobra, têm uma reunião na residência do primeiro-ministro britânico, com a presença do próprio premiê, Tony Blair.
14h43 - A polícia pede à população que permaneça em casa.
15h03 - A polícia faz um apelo para que pessoas que tenham fotos do que ocorreu as entreguem às autoridades.
15h25 - A polícia prende um homem suspeito no portão de Downing Street, a residência oficial do premie britânico, no centro de Londres.
15h45 - O chefe da polícia de Londres, Ian Blair, afirma que a situação está "completamente sob controle". Ele diz que não há indícios de que houve algum ataque com armas químicas, e que apenas uma pessoa ficou ferida.
15h47 - O primeiro-ministro, Tony Blair, disse que os incidentes desta quinta-feira tiveram o objetivo de apavorar as pessoas. "Nós temos que reagir com calma e continuar com nossa vida normalmente, na medida do possível".
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Notícias falsas podem matar? | Brian Lee Hitchens pensava que o vírus fosse um boato, até que ele e a mulher foram infectados
Uma equipe da BBC investigou dezenas de casos de informações erradas sobre a covid-19, conversando com pessoas afetadas e autoridades médicas a fim de verificar os relatos. A reportagem encontrou relações entre as fake news propagadas durante a pandemia e episódios de ataques, incêndios provocados e mortes ao redor do mundo.
Especialistas afirmam que o potencial de estrago indireto causado por boatos e teorias da conspiração pode ser ainda muito maior.
“Achávamos que o governo estava usando a covid-19 para desviar nossa atenção ou que tivesse a ver com o 5G”, afirmou Brian Lee Hitches. “Daí, não seguimos as regras nem procuramos ajuda antes.“
Brian, 46, conversou com a BBC por telefone de um leito de hospital na Flórida. Sua mulher está em estado grave, sedada e com um respirador em uma sala ao lado.
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“Seus pulmões estão inflamados, e seu corpo simplesmente não responde”, afirma, com voz trêmula.
Após ler teorias conspiratórias na internet, o casal pensou que a doença era um engodo ou no máximo uma gripe. Mas no início de maio, sua mulher contraiu o coronavírus.
“Agora me dou conta de que o coronavírus definitivamente não é falso. Ele está lá fora, se espalhando.”
Desinformação perigosa
Uma equipe da BBC tem investigado o custo humano da desinformação a partir de dezenas de casos, alguns que não tinham vindo a público ainda. Foram entrevistadas pessoas afetadas e autoridades de saúde a fim de checar as histórias.
Os efeitos se espalham pelo mundo.
Boatos na internet levaram a ataques feitos por multidões na Índia e envenenamento em massa no Irã. Engenheiros de telecomunicações foram ameaçados e atacados e torres de transmissão de telefonia celular foram incendiadas no Reino Unido e em outros países. Tudo em decorrência de teorias conspiratórias.
Grafite anti-5G em Nova York
No Estado americano do Arizona, um casal ingeriu uma garrafa de um produto de limpeza de aquários ao pensar, erroneamente, que ele continha um remédio profilático contra a covid-19.
Envenenamento por produtos de limpeza
O mês de março se aproximava do fim quando Wanda e Gary Lenius começaram a ouvir sobre a hidroxicloroquina. O casal notou que havia um ingrediente aparentemente similar no rótulo de uma velha garrafa guardada na casa deles.
A droga hidroxicloroquina pode ter o potencial de combater o vírus, mas ainda há pesquisas em andamento sobre o remédio, por isso sua eficácia não pode ser comprovada ou descartada de modo seguro.
Nos últimos dias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu retirar temporariamente a hidroxicloroquina da sua lista de medicamentos em estudo para tratar a covid-19. Com base em um estudo publicado na Lancet, a instituição alegou que não estava claro que o medicamento apresentava o nível de segurança necessário. Mas o estudo em questão sofreu diversos questionamentos sobre a confiabilidade dos dados e foi retirado da plataforma. Em seguida, a OMS decidiu retomar os estudos com a droga.
Hidroxicloroquina tem sido defendida pelos presidentes Bolsonaro e Trump, mesmo sem estudos definitivos sobre sua eficácia
Especulações sobre a eficácia da hidroxicloroquina contra a covid-19 começaram a circular pela internet na China no fim de janeiro. Veículos de imprensa, inclusive estatais, citaram estudos antigos sobre seu uso como um remédio antiviral.
Pouco depois, um especialista francês anunciou resultados promissores. Ainda que a pesquisa tenha sido amplamente questionada, o interesse em hidroxicloroquina disparou. Ela foi citada, com níveis distintos de ceticismo, por diversos veículos de imprensa e figuras influentes, a exemplo do executivo-chefe da Tesla, Elon Musk, e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
A droga passou a figurar também em entrevistas de autoridades na Casa Branca e em tuítes do líder americano, Donald Trump. “O que nós temos a perder”, disse em 3 de abril. “Tome.”
Em meados de maio, ele disse ter tomado a droga, seguindo seu próprio conselho. Cada menção do presidente dos EUA resultava em picos de comentários e buscas sobre a droga, segundo dados da ferramenta de monitoramento online CrowdTangle.
São raros os relatos de overdose da hidroxicloroquina, mas a ansiedade decorrente da pandemia levou pessoas a medidas extremas.
Na Nigéria, um aumento do número de pessoas com envenenamento por hidroxicloroquina levou autoridades de saúde do Estado de Lagos a alertar a população contra o uso da substância.
No início de março, um vietnamita de 43 anos deu entrada em uma clínica especializada em envenenamento em Hanói após ingerir uma dose enorme de cloroquina. Ele estava avermelhado, trêmulo e incapaz de enxergar direito. O diretor da unidade de saúde, Nguyen Trung Nguyen, afirmou que o paciente teve sorte de ser atendido rapidamente, pois poderia ter morrido.
Presidente Trump disse que ele tem tomado hidroxicloroquina
O americano Gary Lenius não teve tanta sorte. O produto de limpeza que ele e a mulher Wanda ingeriram continha uma substância diferente e era venenoso.
Em poucos minutos, ambos sentiram tonturas e calor. Vomitaram e tiveram dificuldade para respirar. Gary morreu e Wanda acabou hospitalizada.
Ela explicou depois porque tomaram o produto de limpeza. “Trump ficava dizendo que isso era praticamente uma cura.”
Envenenamento por álcool
No Irã, autoridades afirmam que centenas de pessoas morreram envenenadas por álcool depois que viralizaram boatos sobre seus supostos efeitos terapêuticos.
Ao todo, o boato afetou ao menos 796 pessoas até o fim de abril, segundo Kambiz Soltaninejad, autoridade da Organização de Medicina Legal do Irã. Segundo ele, essas mortes foram resultado de “notícias falsas em redes sociais”.
A verdade por trás desse número é nebulosa em um país onde o álcool é proibido e o álcool ilegal é frequentemente contaminado. Mas, neste caso, a equipe da BBC viu rumores da suposta "cura" se espalhando no aplicativo de mensagens Telegram antes do anúncio oficial do governo sobre as mortes.
Autoridades do Irã, incluindo o presidente Hassan Rouhani, se encontram para debate pandemia
Shayan Sardarizadeh, da equipe de desinformação da BBC Monitoring, observa que o anúncio representou um constrangimento considerável para as autoridades iranianas - pela proibição ao álcool - e que o número pode estar subestimado.
A BBC investigou a veracidade de um dos casos e identificou que um menino de 5 anos ficou cego depois que seus pais o fizeram ingerir a bebida ilegal como uma tentativa de combater a doença.
'Meu amigo comeu sabão'
Para além da hidroxicloroquina, o presidente americano, Donald Trump, fez especulações também sobre diversas supostas curas da covid-19. No fim de abril, ele sugeriu que raios ultravioletas poderiam neutralizar o vírus.
“Daí vejo o desinfetante, que derruba o vírus em um minuto. Um minuto. Pode existir uma maneira de fazer algo desse tipo por dentro, com uma injeção, ou quase como uma limpeza?”
Ante a reação negativa de sua declaração, Trump afirmou depois que estava sendo sarcástico. Mas alguns americanos não viram dessa forma, e serviços de informação por telefone sobre controle de venenos afirmou ter recebido ligações acerca do conselho presidencial.
Uma autoridade do Estado americano do Kansas afirmou que uma pessoa ligou para pedir informações depois que um amigo ingeriu sabão desinfetante líquido após a fala do presidente.
Duncan Maru, médico do hospital Elmhurst, em Nova York, afirmou que colegas trataram pacientes que ficaram bastante doentes depois de ingerirem desinfetante.
“Esse consumo pode ter consequências de longo prazo, como câncer e sangramentos gastrointestinais.”
Incêndios, ataques e conspirações
Redes sociais têm sido um terreno fértil para teorias conspiratórias. Uma das muitas relacionadas ao coronavírus que circulam online levou a incêndios e ataques.
Torre de telefonia celular foi incendiada em Huddersfield em abril
No Reino Unido, mais de 70 torres de transmissão de telefonia celular foram vandalizadas por causa de falsos rumores de que a tecnologia de comunicação móvel 5G seria de alguma forma responsável pelo coronavírus.
Em abril, Dylan Farrell, engenheiro da Openreach, dirigia sua van próximo a Leicester. Havia sido um dia longo e ele encostou o carro para tomar um chá. Logo depois, começou a ouvir gritos.
Primeiramente, Farrell pensou que eles fossem voltados para outra pessoa. Mas quando ouviu “5G” sendo gritado pela janela do passageiro percebeu que era com ele mesmo.
“Você não tem moral alguma, o 5G está matando a todos”, gritou o homem.
Farrell relata que se não tivesse trancado as portas o homem teria invadido o carro e o agredido fisicamente. “Foi assustador.”
Dylan Farrell precisou fugir para não ser atacado por homem que gritava teorias conspiratórias contra o 5G
“Temos visto uma série de teorias conspiratórias há bastante tempo sobre o 5G. Elas acabaram evoluindo para se conectarem ao novo coronavírus”, afirma Claire Milne, da Full Fact.
Tensões raciais e ataques violentos
Em março, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que a pandemia poderia resultar em outro “inimigo perigoso”. Ele se referia ao racismo contra pessoas da China e do continente asiático, mas o vírus exacerbou tensões em diversos países.
Em abril, três muçulmanos foram atacados violentamente em incidentes separados em Nova Déli, na Índia. Segundo a polícia, eles foram agredidos depois que passaram a circular rumores de que muçulmanos estavam disseminando o vírus.
Em Sisai, uma pequena vila no leste da Índia, gangues rivais se confrontaram. Isso ocorreu após um ataque a um garoto muçulmano, novamente uma ação associada aos falsos rumores. Um jovem perdeu a vida e outro ficou seriamente ferido.
Informações falsas também circularam entre comunidades étnicas. Em Bradford, na Inglaterra, boatos afirmavam que pacientes não brancos estavam sendo abandonados à morte.
Muçulmano reza em frente ao comércio fechado em Nova Déli durante o Ramadã
Na cidade indiana de Indore, médicos que tentavam localizar um paciente infectado foram atacados com pedras em meio à circulação de vídeos no WhatsApp com acusações falsas de que muçulmanos saudáveis estavam sendo sequestrados por profissionais de saúde e contaminados propositalmente com covid-19. Dois médicos ficaram feridos gravemente.
Danos de conspirações
A desinformação online pode ter consequências diretas, e plataformas de rede social como o Facebook disseram que removerão as postagens ligadas ao coronavírus que representam uma ameaça imediata.
Mas a circulação de informações falsas também pode ter efeitos indiretos ou retardados.
Brian Lee Hitchens, paciente da Flórida que foi seduzido pelas teorias da conspiração por coronavírus, e sua esposa não tinham uma convicção firme sobre a doença. Oscilavam entre pensar que o vírus era uma farsa, ligada ao 5G, e que era uma doença real, mas não grave.
Então eles seguiram a vida normalmente, apesar dos alertas das autoridades. Brian não se preocupava com o distanciamento social ou o uso de uma máscara.
A contaminação pelo vírus o trouxe de volta à realidade. Ele voltou suas energias para as redes sociais, desta vez para alertar as pessoas sobre as teorias de desinformação e conspiração.
Especialistas dizem que publicações como a de Brian podem ser mais úteis no combate a conspirações do que artigos de notícias e checagens de fatos.
"Uma das maneiras mais eficazes de tentar corrigir uma informação", diz Claire Milne, da Full Fact, "é conseguir que a pessoa que fez a alegação original faça isso sozinha".
'Perdemos muitas vidas para a desinformação'
O caso de Brian pode ser um caso extremo, mas com a enorme quantidade de informações circulando — a OMS falou em infodemia — muitas outras pessoas foram enganadas pelo que leram na internet.
Eles não estão necessariamente se matando tomando curas falsas. Mas podem estar diminuindo suas chances de sobrevivência ao não considerar que o coronavírus é real e perigoso.
Em uma sexta-feira de maio, dois homens na casa dos 40 anos chegaram a um hospital de emergência no bairro de Queens, em Nova York. Eles moravam na mesma casa, trabalhavam em turnos longos e compartilhavam uma cama de solteiro. Ambos estavam gravemente doentes.
Em poucas horas, o médico Rajeev Fernando viu um deles morrer diante de seus olhos. O outro foi colocado em um respirador.
Médico Rajeev Fernando trabalha em uma emergência hospitalar em Nova York
Fernando perguntou aos dois por que eles não foram ao hospital antes, e ouviu deles que leram em algum lugar na internet que a ameaça do vírus não era séria.
"Eles tentaram terapias alternativas, achando que isso é exatamente como a gripe."
Ambos estavam no grupo de risco da covid-19, que inclui cardíacos, diabéticos e hipertensos, por exemplo. Mas o médico Rajeev Fernando acredita que eles poderiam ter se recuperado se tivessem ignorado os conselhos falsos e procurado ajuda especializada mais cedo.
O professor Martin Marshall, presidente do Royal College de Clínicos Gerais, afirmou que ele e seus colegas no Reino Unido constataram que vários de seus pacientes receberam dicas de postagens que viram na internet — como, por exemplo, de que é possível fazer um autodiagnóstico prendendo a respiração, ou de que tomar bebidas quentes ajuda a combater o coronavírus. Alguns citaram declarações do presidente Trump sobre desinfetante como justificativa.
Para Maru, médico do Hospital Elmhurst de Nova York, é difícil culpar os próprios pacientes.
"A desinformação é um problema estrutural. Culpar alguém por ingerir alvejante ou por ficar em casa e morrer é como culpar alguém que está andando na rua e é atropelado por um motorista bêbado."
Manifestantes promovem teorias conspiratórias sobre vacinas e 5G em ato em Londres
Em resposta à onda de desinformação, plataformas de redes sociais elaboraram novas regras. Em um comunicado, o Facebook disse: "Não permitimos informações erradas e removemos centenas de milhares de postagens, incluindo curas falsas, alegações de que o coronavírus não existe, que é causado pelo 5G ou que o distanciamento social é ineficaz". A empresa também diz que colocou alertas em 90 milhões de peças de conteúdo.
O YouTube diz que não permite conteúdo que promova curas perigosas e que possui uma série de políticas contra a desinformação ligada ao covid-19, incluindo contestar a existência da doença ou sugerir que ela é causada pelo 5G.
O que mais nos espera?
Enquanto as pesquisas avançam em busca de uma vacina contra o coronavírus, muitos grupos antivacina e ligados a teorias conspiratórias veem sua audiência crescer. Eles figuram um risco de saúde em potencial, mas ainda não imediato.
O que alguns médicos entrevistados pela BBC mais temem é que o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, que seria um feito incrível, seja minado pela desinformação.
Brian e sua esposa em festa antes da pandemia
O futuro é assustador, afirmam médicos, por causa do que estamos vendo atualmente.
Brian, o paciente de coronavírus na Flórida, tem uma mensagem para as pessoas que ainda acreditam nas teorias conspiratórias que ele apoiava antes.
“Não seja tolo como eu fui, e a mesma coisa que aconteceu comigo e com minha mulher não acontecerá a você.”
Com reportagem de Khue Luu Binh, Flora Carmichael, Alistair Coleman, Shruti Menon, Olga Robinson, Shayan Sardarizadeh, e um jornalista da BBC Persian.
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Vela | Ricardo Santos, o Bimba, reassumiu a liderança da classe Mistral nesta segunda-feira, restando apenas uma regata para o final da disputa.
O brasileiro garantiu o nono lugar na primeira regata do dia, e o primeiro lugar na segunda regata. Com o resultado, ele está com 37 pontos perdidos.
O israelense Gal Fridman, que fez um oitavo e um quinto lugares no dia, tem 40 pontos perdidos. A terceira colocação é do grego Nikolaos Kaklamanakis, com 42 pontos perdidos.
Para garantir a medalha de ouro, na quarta-feira, Bimba precisa terminar em terceiro lugar, independente do resultado dos adversários.
Mais vela
Torben Grael e Marcelo Ferreira terminaram em segundo lugar a primeira regata da classe Star desta segunda-feira.
Com o resultado, os brasileiros são os líderes da categoria, com 13 pontos perdidos no total.
Os canadenses Ross MacDonald e Mike Wolfs assumiram a vice-liderança, com 26 pontos perdidos. Os dinamarqueses Nicklas Holm e Claus Olesen caíram para o terceiro lugar, com 31 pontos perdidos.
Já a brasileira Carolina Borges terminou em 25º lugar a primeira regata da classe Mistral feminina disputada também nesta segunda-feira. Ela ocupa a mesma colocação na classificação geral, com 185 pontos perdidos. A líder é Jian Yin, da China, com 23.
E na classe Tornado, Maurício Santa Cruz e João Carlos Jordão ficaram com o 16º lugar na primeira regata desta segunda-feira. Na classificação geral, eles aparecem na 17ª colocação, com 60 pontos perdidos. John Lovell e Charlie Ogeltree, dos Estados Unidos, lideram a classe, com 11 pontos.
Saltos ornamentais
César Castro garantiu a classificação para as semifinais do trampolim de 3 metros ao terminar em 9º lugar a fase eliminatória.
Os 18 melhores da disputa conseguiram vaga na próxima fase da competição.
O brasileiro marcou 432,45 pontos. O primeiro lugar ficou com o canadense Alexandre Despatie, que somou 517,59 pontos. Bo Peng, da China, foi o segundo, com 495,45, e Alexander Dobroskok, da Rússia, terminou em terceiro, com 489,75.
Handebol
A seleção brasileira feminina de handebol perdeu para a China por 28 a 23.
Com o resultado, o Brasil terminou em quarto lugar no grupo A e deverá enfrentar o primeiro colocado do grupo B - Coréia do Sul ou Dinamarca.
Canoagem
O brasileiro Sebastián Cuattrin se classificou para a semifinal do K1 1000 m. Ele ficou em quinto em sua bateria na eliminatória disputada nesta segunda-feira.
As semifinais serão realizadas na quarta-feira.
Na terça-feira, Cuattrin também disputa as eliminatórias das categorias K1 500 m e K2 500 m (em dupla com Sebastian Szubski).
Atletismo
A velocista Lucimar Moura se classificou para a segunda fase das eliminatórias dos 200 m rasos.
Ela ficou em quarto na primeira série, com o tempo de 23s40.
Mais atletismo
Alessandra Picagevicz terminou na 48ª colocação a marcha atlética de 20 km.
A atleta, primeira brasileira a participar da prova em Jogos Olímpicos, registrou o tempo de 1h46min21s.
A medalha de ouro ficou com a grega Athanasia Tsoumeleka, que marcou o tempo de 1h29min12s. A russa Olimpiada Ivanova ficou com a prata com 1h29min16s, e a australiana Jane Saville, com 1h29min25s, levou o bronze.
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Novo governo, novas prioridades. | Imigrantes indocumentados com antecedentes criminais serão alvo de deportação em governo de Donald Trump
E para o governo de Donald Trump, como ele próprio havia adiantado na campanha eleitoral, deportar a maior quantidade possível de imigrantes em situação irregular é uma prioridade.
A iniciativa ganhou nova força na terça-feira com a divulgação das novas diretrizes com as quais sua gestão busca ampliar o número de expulsões e acelerar os processos.
Durante o governo anterior, de Barack Obama, a prioridade era deportar imigrantes indocumentados condenados por crimes graves ou que representassem uma ameaça à segurança nacional.
Mas com Trump o escopo foi ampliado e todo e qualquer tipo de infração ou crime é agora passível de deportação.
Dessa forma, todos os imigrantes que tiverem cometido qualquer tipo de delito, usado documentos falsos, representem um risco para a segurança pública ou tenham abusado de subvenções e auxílios governamentais, serão afetados pela medida.
Analistas estimam que os 11 milhões de imigrantes indocumentados que vivem atualmente nos Estados Unidos poderiam estar suscetíveis à deportação.
Mas a tarefa não é fácil.
Deportar um imigrante que está de forma ilegal nos Estados Unidos pode envolver um processo judicial de meses.
Além disso, localizar aqueles que receberam ordens de deportação pode ser complicado. Veja abaixo, as respostas a algumas perguntas sobre os procedimentos.
Trump prometeu expulsar 11 milhões de estrangeiros em situação irregular nos Estados Unidos durante campanha presidencial
1. Quando o processo é iniciado?
Antes que seja iniciado o processo de deportação, a pessoa terá de ter infringido a lei - desde uma simples regra de trânsito a um crime de maior gravidade.
Ele pode, por exemplo, ter violado a lei de imigração, como, por exemplo, ter permanecido no país após o fim do visto.
Nesse caso, pode ser descoberta em uma batida policial, como as que são feitas regularmente para localizar estrangeiros em situação irregular.
A deportação é o resultado de uma cadeia de ações: a polícia local - que não é a que persegue imigrantes indocumentados - detém uma pessoa por um delito e a identifica.
A partir daí, a situação do imigrante no país pode ser questionada, e, se comprovado seu status ilegal, as autoridades migratórias podem ser avisadas.
O processo de deportação é formalmente iniciado quando um tribunal de imigração recebe o caso. Se o juiz encontra uma violação na lei de imigração, autoriza a deportação, que é executada pelos agentes do Serviço de Imigração e Controle de Duanas (ICE, na sigla em inglês).
Lei americana permite série de benefícios a indocumentados detidos antes de expulsão definitiva
2. A saída do país ocorre de forma automática?
Não. Pelas leis americanas, um imigrante em situação irregular nos Estados Unidos não está cometendo um delito criminal, mas civil, e tem várias possibilidades para recorrer, evitando, assim, a deportação.
Ele pode solicitar alguns dos nove benefícios que a lei oferece, como, por exemplo, regularizar seu status, adiar a deportação ou solicitar asilo se não cometeu nenhum crime de maior gravidade.
"Se você for detido, tem direito a se apresentar frente a um juiz e a uma corte de imigração. Você saberá se pode permanecer no país ou terá de ser deportado", explica à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, a advogada de imigração Andrea Martini.
Até agora, mesmo um imigrante indocumentado detido pode permanecer em liberdade sob fiança se não tem um histórico criminal ou não recebeu uma ordem de deportação final.
Laços com a comunidade, familiares americanos ou residentes e trabalho fixo são fatores considerados pelas autoridades para que o benefício seja concedido até a decisão final da Justiça, explica Martini.
No entanto, pelas novas diretrizes, o Departamento de Segurança Interna (DHS na singla inglesa) estabelece o fim da política de "capturar e liberar" que até agora permitia soltar quem era detido por estar no país em situação irregular enquanto aguardava pelo julgamento de seu processo.
A partir de agora, o órgão quer que aqueles que forem detidos aguardem a resolução de seu caso em um centro de detenção.
A aplicação dessa nova diretriz dependerá da disponibilidade de vagas suficientes para a reclusão e de recursos econômicos para manter as pessoas detidas enquanto o processo corre.
3. Quando os imigrantes são deportados?
Os imigrantes que estavam em liberdade e perdem a ação têm que deixar o país.
Eles tem a opção de saída voluntária. O imigrante se apresenta, literalmente com sua bagagem em mãos, ante as autoridades e sai do país por conta própria.
A saída voluntária garante o benefício de que a pessoa não seja proibida de retornar aos Estados Unidos.
Mas quem estava detido por ter antecedentes criminais com a Justiça será enviado de volta a seu país de origem.
Mas nem mesmo assim o processo é mais rápido.
Há indocumentados que podem passar meses, em casos excepcionais, anos, em um centro de detenção à espera da decisão final da Justiça.
Não raro, imigrantes são deslocados de um centro de detenção a outro nos Estados Unidos. O objetivo é que eles sejam deportados em maior número e de uma vez só.
No entanto, as novas diretrizes ampliam a margem para a execução das chamadas "deportações imediatas", que permitam aos agentes do ICE e da guarda de fronteira deportar os imigrantes de forma mais rápida e sem necessidade de apresentá-los a um juiz de imigração.
Até então, só eram alvo de expulsões imediatas pessoas que tivessem entrado nos Estados Unidos nos últimos 14 dias e que se encontravam em uma área de 160 quilômetros de distância da fronteira.
A partir de agora, contudo, as diretrizes vão passar a afetar aqueles que tenham ingressado no país nos últimos dois anos, independentemente de onde estiverem.
Famílias acabam separadas durante batidas de autoridades de imigração
4. Há batidas contra imigrantes?
As leis de imigração são federais, por isso, os encarregados de cumpri-las são os agentes do ICE ou do Serviço de Cidadania e Imigração, conhecidos popularmente em espanhol como "la migra".
Existem operações ou batidas para a localização de indocumentados, mas elas são feitas em áreas rurais, no sul dos Estados Unidos, e raramente nas chamadas "cidades santuário", segundo a organização de proteção a imigrantes Ponte, sediada no Estado do Arizona.
Trump exigiu dos governos dessas cidades (Los Angeles, San Francisco, Chicago, Houston, Seattle, Phoenix, Nova York, entre outras) que colaborem com as agências federais - e ameaçou retirar delas recursos econômicos caso não o façam.
Os centros de detenção só podem abrigar pessoas que cometeram algum delito por 48 horas, e uma vez que as autoridades migratórias demoram vários dias para concluir um caso, as prisões muitas vezes optam por colocá-las sob liberdade condicional.
Embora haja batidas em locais públicos, os advogados de imigração alertam que nenhum integrante do ICE ou de qualquer outra agência federal pode entrar em uma propriedade privada sem uma ordem judicial.
"Você tem direito a permanecer em silêncio e solicitar um advogado. Além disso, não está obrigado a testemunhar contra si próprio", explica Martini.
Governo anunciou querer contratar 10 mil novos funcionários para serviços de controle migratório
5. Trump deportará os 11 milhões de indocumentados?
Nenhum outro presidente dos Estados Unidos deportou tantos imigrantes como Barack Obama.
Entre 2009 e 2017, 2,5 milhões de pessoas foram expulsas do país, segundo estatísticas do Departamento de Segurança Nacional.
Durante sua campanha presidencial, Trump prometeu retirar do país 11 milhões, uma cifra equivalente ao número total de indocumentados nos Estados Unidos.
Mas, já empossado presidente, ele reviu a meta e disse que removerá "até 3 milhões" que "tenham antecedentes criminais, sejam membros de gangues, ou traficantes de drogas".
"Vamos a expulsá-los do país e talvez prendê-los", disse.
Miami era considerada uma das "cidades-santuário"
O Migration Policy Institute (MPI, na sigla em inglês), um centro de análise sobre imigração nos Estados Unidos, indica que há cerca de 820 mil imigrantes indocumentados com condenações criminais, o que inclui delitos menores, e 1 milhão poderiam ser deportados do país por causa de seus antecedentes.
"Acreditamos que o grupo seja um pouco menor do que (Trump) está dizendo, mas não há dúvidas de que terá a capacidade de deportar 2 milhões de pessoas em seus primeiros quatro anos", estimou à BBC Mundo Randy Capps, do MPI, em novembro do ano passado.
"Mas é extremamente difícil que eles consigam executar esse plano na sua integralidade. A medida exige muitos recursos e o número de agentes da ICE é limitado", acrescentou ele.
No entanto, com o objetivo de aplicar as novas diretrizes, o DHS anunciou na terça-feira sua intenção de contratar 10 mil novos funcionários para serviços de controle migratório.
Anteriormente, a chefe dos Tribunais de Imigração, MaryBeth Keller, emitiu um memorando no qual indicou que as cortes terão como prioridade "programar audiências rápidas" para os detidos, segundo uma reportagem da agência de notícias AP.
Mesmo que a meta inicial não seja alcançada, o futuro dos indocumentados não parece promissor para os próximos anos nos Estados Unidos.
"Deportar 11 milhões é bastante difícil, mas o governo Trump pode tentar fazê-lo de maneira mais agressiva e tentar expulsar o maior número possível", concluiu Martini.
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Porto Rico não é mais o mesmo. | Porto Rico sofreu uma sequência de terremotos desde o fim de dezembro de 2019
A ilha caribenha, que foi devastada pelo furacão Maria em 2017, não para de tremer desde o fim de dezembro.
Uma sequência de mais de 2 mil terremotos — o maior deles com magnitude 6,4 — abalou a região sul da ilha, gerando um cenário de caos e devastação.
Segundo dados do governo, mais de 8 mil pessoas tiveram de ir para abrigos, enquanto muitas outras estão dormindo em barracas nas ruas, jardins ou espaços abertos por medo de tremores secundários.
Os serviços de água e eletricidade da ilha foram afetados, e cálculos preliminares estimam que as perdas cheguem a entre US$ 110 milhões e US$ 400 milhões.
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Mas as mudanças que a ilha sofreu nas últimas duas semanas não se resumem a casas, escolas e igrejas derrubadas, ou a milhares de pessoas em pânico dormindo nas ruas.
A série de terremotos que abalaram a ilha mudou, inclusive, o relevo na região sudoeste do território.
De acordo com a Nasa, agência espacial americana, os tremores mudaram a forma como Porto Rico é visto do espaço.
Milhares de porto-riquenhos estão dormindo nas ruas por receio de tremores secundários
Imagens feitas pelo satélite Copernicus Sentinel-1A da Agência Espacial Europeia (ESA) mostram que na área sudoeste da ilha, especialmente perto da cidade de Ponce, o terreno se deslocou até 14 centímetros.
Segundo a Nasa, os dados indicam que, entre 28 de dezembro e 9 de janeiro, o solo da região afundou e se moveu ligeiramente para oeste.
"Esses deslocamentos de terra ocorrem como consequência de grandes terremotos, como o de magnitude 6,4 que aconteceu em 7 de janeiro passado", explica à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, Victor Huérfano, diretor da Rede Sísmica de Porto Rico.
"Precisamos lembrar que um tremor é, em sua essência, uma ruptura ao longo de uma falha e isso implica em movimento de massas. Então, quando são grandes, deformações como essas que estamos vendo agora podem ocorrer, e foi isso que a Nasa documentou", acrescenta.
O que a Nasa detectou?
O mapa publicado pela Nasa mostra as mudanças no terreno da região sudoeste de Porto Rico após o terremoto de 7 de janeiro de 2020.
As áreas de deslocamento aparecem em vermelho, com uma cor mais escura nas áreas onde o movimento foi maior (14 centímetros).
Os círculos amarelos mostram, por sua vez, o conjunto de terremotos e tremores secundários que atingiram a ilha recentemente.
Os cientistas, segundo a agência, descobriram que o maior deslocamento ocorreu a oeste da cidade de Ponce (identificada pela estrela verde), não muito longe do epicentro do maior terremoto registrado até agora.
"O que esta imagem da Nasa mostra é que o relevo da ilha foi deformado. A área afetada é a região sudoeste de Porto Rico, e é isso que está refletido na imagem, a deformação da superfície" , explica Huérfano.
Como os danos são vistos do espaço?
Em outra imagem publicada na quarta-feira, a Nasa revelou os danos às estruturas vistas do espaço por meio de um mapa de contraste sobre imagens de satélite e de radar.
Os especialistas da agência compararam os dados de satélite de 14 de janeiro com dados de setembro de 2019 para produzir a imagem e, como explicam, a variação da cor amarela para vermelho escuro indica danos cada vez maiores.
"A análise mostra que Guánica, a oeste da cidade de Ponce, foi especialmente afetada", diz um comunicado da instituição.
Os cientistas advertiram, no entanto, que os dados mostraram principalmente danos a casas e edifícios, já que os satélites são menos sensíveis a mudanças em pequena escala ou danos estruturais parciais.
Quão incomuns são essas mudanças?
De acordo com Huérfano, embora os deslocamentos no terreno sejam comuns quando ocorrem grandes terremotos, não há registros de uma situação semelhante em Porto Rico há muito tempo.
"Historicamente, sabemos que houve outras deformações na ilha, porque há evidências de paleossismologia que datam de entre 4 mil e 5 mil anos atrás. Mas, desde então, não havia registros de deformações consideráveis do terreno dessa maneira", destaca.
Segundo o especialista, isso levou ao acúmulo de energia naquela área durante milhares de anos e, finalmente, os terremotos que atingiram a ilha agora mostram que está em processo de liberação.
Cerca de 8 mil pessoas estão em abrigos oficiais, diz o governo
"Mas, que se saiba, na história escrita ou material da ilha, não houve uma atividade no nível que estamos vendo agora", diz.
Reportagens publicadas pela imprensa porto-riquenha indicam que,houve deslizamentos de terra em várias áreas da região sul da ilha.
A formação rochosa Punta Ventana, um dos cartões-postais de Porto Rico, localizada próximo à cidade de Guayanilla, foi destruída por um dos terremotos.
"Perdemos um importante símbolo da nossa cidade e nosso patrimônio cultural", declarou o prefeito de Guayanilla, Nelson Torres.
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Punta Ventana antes e depois
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"Eu não consigo respirar." | Advogado diz que mudança na lei criou um limbo jurídico que favorece policiais agressivos
Há uma semana, um motoboy negro gritava por socorro ao ser imobilizado por uma policial militar durante uma abordagem na avenida Rebouças, área nobre de São Paulo. Ele foi contido por outros PMs e disse ter recebido choques ao ser levado de camburão.
Dois dias antes, o Fantástico, da TV Globo, exibiu imagens de uma mulher de 51 anos sendo imobilizada por um policial ajoelhado no pescoço dela.
O governador de São Paulo, João Doria, disse que as cenas de agressão "causam repulsa". Os dois policiais foram afastados e o caso está sendo investigado.
Em Carapicuíba, na Grande São Paulo, um jovem desmaiou duas vezes ao ser estrangulado por PMs durante uma abordagem. Em outro caso em João Ramalho, no interior paulista, um jovem foi estrangulado e retirado de sua casa por policiais após resistir a uma abordagem.
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Homem pisando no pescoço de mulher de 51 anos durante abordagem
O advogado membro do Grupo Tortura Nunca Mais e conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), Ariel de Castro Alves, disse em entrevista à BBC News Brasil que uma mudança na lei que trata de abuso de autoridade deu "carta branca" para policiais agredirem pessoas.
"Pela interpretação do texto, se a pessoa agredida não for detenta ou presa, o policial não pode responder pela agressão", afirmou.
Por outro lado, ele diz que essa violência também tem relação com problemas na formação dos policiais, preconceito com a população negra e pobre, além de incentivos em discursos de governadores.
Neste domingo, um policial militar foi preso após dar dois tiros nas costas de um suspeito de roubar uma moto em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo. Um dos disparos foi feito quando o rapaz descia do veículo.
"Os policiais não vão a ocupações para conhecer a situação das pessoas. Não vão a praças para conhecer a população de rua, as crianças e adolescentes nessas situação. E sempre aprendem com a mesma visão corporativista dos formadores."
Abaixo, a entrevista completa com o advogado.
BBC News Brasil - Hoje, a violência policial aumentou ou os casos se tornaram mais comuns por conta do acesso da população a celulares e à capacidade de gravar e divulgar esses crimes?
Ariel de Castro Alves - Aumentou e as comunidades estão mais atentas a esses casos. E a única forma das pessoas que moram na periferia se defenderem da violência policial tem sido por meio de celulares e filmagens. A população está cansada dessa violência. Ela gera descrédito nos policiais e instituições. A população poderia denunciar ações do tráfico e outros crimes.
Mas a partir do momento em que a polícia comete abusos, discrimina e atua de forma racista, isso gera descrédito. Uma desmoralização dos policiais e a própria população contribui menos para esclarecimento de crimes.
Isso é um problema grave de segurança, mas ao mesmo tempo a população da periferia já está cansada de abordagens violentas. As abordagens deveriam ser para fazer a identificação, mas muitas vezes ocorrem abusos. Abordam sem suspeita, sem indício.
A abordagem na maior parte das vezes é por serem jovens, negros e que moram na periferia. Obrigam a pessoa a deitar no chão, se virar de costas, colocar as mãos para trás e esticar as pernas. Isso gera um constrangimento, uma humilhação para uma pessoa que está indo trabalhar, saindo para o lazer. Muitas vezes os policiais chegam agredindo, dando rasteira.
A população da periferia está cansada dessas situações. E não podem contar muito com os órgãos. Na pandemia, é mais difícil ir até Ouvidoria, Corregedoria. A única forma de se protegerem desses abusos de maior intensidade é filmando.
A polícia nunca esteve tão encorajada para cometer abusos como atualmente. Nunca se sentiram tão à vontade tanto pelo Parlamento, omissão de órgãos de controle, Judiciário, Ouvidoria e Corregedoria. Tem um cenário muito favorável para os policiais. Ocorreu uma ideologização das tropas como nos protestos a favor do Governo Federal.
BBC News Brasil - Mas por que isso aconteceu?
Ariel - Ocorreu uma perda de controle generalizada por parte dos Estados. É como se as polícias tivessem mais ligadas afetivamente e politicamente ao governo federal, que é militarizado, e com um presidente com histórico de desrespeito aos direitos fundamentais.
'Tivemos governadores que estimularam a violência policial. O (João) Doria disse que a polícia estava autorizada a matar suspeitos'
Por outro lado, tivemos governadores que estimularam a violência policial. O (João) Doria disse que a polícia estava autorizada a matar suspeitos. Condecorou policiais envolvidos em 11 mortes em Guararema e disse que contrataria os melhores advogados para policiais que responderem processos por ações violentas.
O excludente de ilicitude para policiais que cometem abusos foi apresentado pelo então ministro Sergio Moro e pelo governo Bolsonaro, mas reprovado pelo Congresso. O texto prevê que situações de medo, surpresa, violenta emoção e iminência de conflito armado como situações de legítima defesa que atenuam ou excluem de penas, aumentando as hipóteses de excludentes de ilicitude. É uma licença para torturas, agressões e assassinatos. O Congresso rechaçou essa parte do pacote anticrime.
Nem 10% dos crimes cometidos por policiais são punidos. É mais fácil um policial ser punido por estar com a farda amassada ou coturno sem engraxar do que por cometer alguma violência.
Essa questão das polícias estarem mais alinhadas ao governo federal tem a ver com a Constituição de 1988, que prevê que a PM é uma reserva do Exército. A desmilitarização é retirar isso da Constituição para que elas sejam civis, como em outros países.
Elas vão ter hierarquia, regras, como qualquer instituição. Policiais muitas vezes são treinados como se estivessem numa guerra e os adversários, os inimigos, têm o estereótipo do jovem negro de periferia. Eles inclusive cantam refrões nesse sentido nos treinamentos. Até usam como alvos (de treinamento) jovens negros e como cenário, as favelas.
O próprio governador do Rio também estimulou a violência policial. Falou em mirar na cabecinha, atirar do helicóptero. Esses estímulos estão produzindo essa escalada de violência. Os governos de esquerda também não fogem desses estereótipos. No Ceará, na Bahia, no Sul.
É algo enraizado em diferentes governos, geralmente na Polícia Militar. São raros casos na Polícia Civil. Aparentemente, nos últimos anos eles se adaptaram aos poucos à Constituição Federal e foram superando isso. Ainda cometem corrupção, extorsões, mas casos que envolvem torturas para confissões, que eram muito comuns, hoje são bem menos.
BBC News Brasil - Qual foi efetivamente a mudança na lei de abuso de autoridade?
Ariel - A grande questão é que essa lei (4898/1965) era do período da ditadura e foi completamente revogada. O próprio site do Planalto mostra isso, pois quando ela está riscada é porque foi revogada. Ela previa penas relativamente baixas e isso era até um problema.
Foi revogado o artigo que coloca como abuso qualquer atentado contra a integridade física. Qualquer tipo de agressão era abuso de autoridade. A nova lei acabou pontuando questões e essa parte ficou de fora.
O artigo que mais se aproxima desse tema é o Artigo 13. Mas esse é sobre constranger o preso ou detento. Pela interpretação do texto, se a pessoa agredida não for detenta ou presa, o policial não pode responder pela agressão. Se a pessoa já recebeu voz de prisão e apanhou, ele vai dizer que não deu voz de prisão e bateu. E os colegas vão dizer a mesma coisa. Então não configura abuso de autoridade.
E como fica o caso do motoboy? Até o momento em que ele foi agredido, ele não era detento ou preso. Mas depois ele se tornou porque foi levado na viatura por resistência. Disse que sofreu choque durante o transporte no veículo, além de outras agressões e ameaças. Só que a lei só se aplica o que ele sofreu na viatura porque ele ainda não era preso antes disso.
Chamamos essa situação de fato atípico, pois não está prevista em lei.
A lei fala de situações vexatórias, como abordar alguém sem haver uma suspeita, algemá-la, deixá-la de cueca. São situações vexatórias, mas não falam de violência ou agressão. Não tem o que previa a lei anterior.
Essa nova lei prevê uma pena de 1 a 4 anos de detenção, mais alta que o abuso de autoridade anterior que era até seis meses. O policial também poderia ser demitido, afastado, o que essa nova lei também tem.
O problema é que essa lei de 5 setembro de 2019 abre uma brecha para a impunidade.
(Se o policial agredir) um repórter ou manifestante em um protesto ficará impune, assim como agressões em abordagens. As pessoas dizem que foi abuso de autoridade, mas na prática depois é possível que se concluam que não por causa dessas brechas na lei. A exceção é quando quando é identificada lesão corporal por laudo do IML.
Para advogado, formação dos policiais, preconceito com a população negra e pobre, além de incentivos em discursos de governadores favorecem PMs violentos
O problema é que nem sempre as agressões causam lesões. Uma pessoa pode tomar socos, chutes e cacetadas e não ter uma lesão. Também pode comprovar tortura, que precisa ser provada por testemunhas ou laudo de corpo de delito.
Hoje tem esse limbo legal, essa brecha que antes era preenchida. Esses casos de agressão são corriqueiros em dispersões de bailes funks, de jovens na periferia, manifestações. E até em situações mais graves pode existir essa dúvida. E quando existe dúvida o direito prevê que é pró réu.
Se for entendido que não foi uma lesão porque não ficou marca e não for configurada tortura, dificilmente os policiais vão receber punição por abuso porque até no momento em que aquele PM pisou no pescoço da senhora ela não era uma presa ou detenta. Ele pode ter dado voz de prisão depois disso.
BBC News Brasil - Mas ninguém viu esse limbo?
Ariel - Ninguém levantou essa lebre. A lei foi bem comemorada pelos advogados criminalistas e até defensores de direitos humanos. Ela prevê condutas para gerar investigações a promotores e juízes, inclusive. Mas acabou de alguma forma gerando brechas e tem falhas que podem favorecer policiais militares em situações que cometem violências.
Ela tem vários pontos positivos. O erro foi revogar essa do atentado à incolumidade física. Poderia haver uma revogação parcial e manter esse Artigo 3º e aumentar o período de detenção porque de 6 dias a 6 meses é extremamente baixo.
BBC News Brasil - Houve um aumento da violência policial nesse período?
Ariel - Houve um aumento de assassinatos cometidos por policiais. Mesmo com distanciamento e diminuição dos crimes, a violência aumentou. Aumentou porque aumentaram os confrontos, segundo as autoridades de segurança. Mas as estatísticas mostram o contrário.
Os crimes diminuíram enquanto os assassinatos cometidos por policiais aumentaram. É como se os policiais tivessem aproveitado esse período para cometerem mais abusos.
A nova lei só tratou da punição dos agentes públicos quando ocorre desrespeito às prerrogativas de advogados. Mas deixou de fora, médicos, jornalistas etc. As demais situações não estão previstas na nova lei.
Os policiais podem violar direito de reunião, de cultos religiosos, liberdade de associação, liberdade de consciência e crença, locomoção, liberdade de voto, sigilo de correspondência, além da incolumidade física, já que não estão previstas punições.
"'ma polícia violenta e descontrolada não deve interessar à sociedade, que paga os salários dos policiais'
Isso contraria o Artigo 5 da Constituição Federal, que garante expressamente esses direitos. A revogação desse artigo, essa alteração, pode ser considerada inconstitucional.
Acompanho casos de violência policial desde o caso da Favela Naval, em Diadema, em 1997. Uma polícia violenta e descontrolada não deve interessar à sociedade, que paga os salários dos policiais. Polícia eficiente não é aquela que abusa, tortura e mata. Mas sim a que evita e esclarece crimes.
Em 2019, as polícias americanas mataram 259 negros, já as brasileiras mataram 4.353. No total, 1.099 civis foram mortos em 2019 pelas polícias dos Estados Unidos, enquanto as polícias brasileiras mataram 5.804 pessoas. 75% dos mortos por policiais no Brasil são negros, conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em 2019, a polícia de São Paulo matou 867 pessoas, sendo 99% pobres e 65% jovens negros, conforme dados da Ouvidoria de Polícia. As autoridades do Governo de São Paulo minimizam casos de tortura policial tratando-os como meros excessos, assim como tratam assassinatos e execuções como confrontos ou resistências seguidas de morte.
A impunidade é garantida em mais 90% dos casos, já que quem investiga são os colegas dos acusados. O corporativismo e a complacência com a violência da polícia costumam prevalecer, inclusive quando os casos são levados ao Judiciário.
Houve também um aumento da violência policial na quarentena em São Paulo, com 442 mortes praticadas por policiais nos primeiros 5 meses do ano, números superiores aos anos anteriores. Uma polícia eficiente certamente não é a que mata e tortura pessoas, inclusive as suspeitas de crimes, mas sim uma polícia que previne e investiga crimes, cumprindo as leis e a Constituição Federal.
A sociedade não pode ser conivente com a violência policial. Uma polícia violenta e descontrolada pode atingir supostos criminosos, mas também podem ser vítimas pessoas inocentes, ou qualquer um de nós. O papel dos policiais é de proteger a sociedade e não o de cometer crimes contra as pessoas.
BBC News Brasil - Há um preconceito social e racial por parte das polícias?
Ariel - Eu nunca fui abordado. Branco de terno não sofre nenhum tipo de abordagem. Nem mesmo sendo estigmatizado como defensor de direitos humanos como sou.
Essa tradição de violência está arraigada. É uma grande discriminação com os mais pobres, negros e moradores de periferia. E esses policiais tem esse mesmo contexto de vida das pessoas que eles atacam. Se quer conhecer alguém, dê poder. Eles usam esse poder contra os seus pares, eles são dos mesmos bairros e mesmas regiões.
Ariel diz que violência tem relação com preconceito; na periferia da zona leste de SP, homem levou dois tiros nas costas durante abordagem
Outro problema é o governo tratar os casos como isolados ou pontuais. Meros excessos. São casos de tortura, gravíssimos, de violência policial. Isso acaba estimulando a violência policial. Eles deveriam dar o nome correto. É tortura, abuso de autoridade, e não excesso. Isso minimiza a situação e estimula a violência. Não são casos isolados.
Os que são filmados são a minoria. Até porque geralmente eles levam para locais ermos onde não é possível filmar. Ou locais entre quatro paredes. Às vezes usam até a casa da própria pessoa, como ocorreu recentemente na Favela do Moinho, ou no meio do mato.
BBC News Brasil - Nas últimas semanas, vimos casos de jovens negros e até uma senhora sendo agredida por policiais. Mas no mesmo período um PM foi xingado em um condomínio de alto padrão sem reagir. Por que isso ocorre?
Ariel - Esse caso do condomínio é muito emblemático. Lá, o policial foi humilhado e agiu de forma cordial, tentando dialogar. É muito diferente se ele tivesse na mesma situação num bairro periférico. Já teria atirado, agredido, dado rasteira.
Isso nos leva à rediscussão da desmilitarização. Acabar com essa previsão através de uma emenda constitucional. Tornar todas as polícias civis ou comunitárias. E principalmente mudar a formação policial.
Hoje existem matérias relacionadas a direitos humanos na formação das polícias. Os policiais decoram muito as legislações internacionais, contra tortura, normas às ações, não letalidade, tratados das Organizações dos Estados Americanos, leis brasileiras, Constituição, principalmente o artigo 5º e crimes em relação aos excessos. Isso eles sabem de cor. Mas quem leciona essas aulas são oficiais, policiais da própria carreira. Não são pessoas vinculadas à defesa dos direitos humanos nem vinculadas à realidade.
Os policiais não vão a ocupações para conhecer a situação das pessoas. Não vão a praças para conhecer a população de rua, as crianças e adolescentes nessas situação. E sempre aprendem com a mesma visão corporativista dos formadores.
Não existe uma contextualização. Eles deveriam ter a necessidade de ter uma formação mais vinculada ao ativismo, de movimentos sociais, de enfrentamento ao racismo e a favor dos direitos humanos. Teriam que ouvir as pessoas, associações comunitárias e entender porque as pessoas não confiam na polícia. Precisam de um treinamento mais humano e mais vinculado à prática. É um defeito não só das polícias, mas também das faculdades de direito, de jornalismo, e muitas outras.
Seria mais legal levar essas pessoas para as comunidades. Na faculdade de direito é raro os estudantes irem a comunidades periféricas para tirar dúvidas, verificar quais são as demandas. E retornar para dar orientação. Estudar uma situação de despejo. As formações são desvinculadas das práticas e da vivência de quem conhece o dia a dia. Há essa falta de sintonia.
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Transcript:
| Shimon Peres, the former president of Israel, has died at the age of 93. He was one of the defining figures of the Israeli state and played an essential role in forging a political deal with the Palestinians in the 1990s.
Doctors are warning about the dangers of those small round batteries that you find in watches, toys, greeting cards, and so many other things. The doctors have seen a rise in the number of children who’re suffering severe injuries after swallowing them accidentally.
A farmer in northern England has come up with a novel way to stop thieves stealing his sheep. Pip Simpson has decided to spray paint his entire flock bright orange. It's after 300 of his sheep were stolen over the past four years.
Tradução para o português:
O ex-presidente de Israel Shimon Peres morreu aos 93 anos de idade. Ele foi uma das figuras mais determinantes do Estado de Israel e desempenhou um papel essencial em forjar um acordo politico com os palestinos na década de 1990.
Médicos estão alertando para o perigos daquelas baterias redondinhas encontradas em relógios, brinquedos, cartões sonoros e vários outros objetos. Os médicos têm registrado um aumento no número de crianças sofrendo ferimentos graves após ingeri-las por acidente.
Um fazendeiro no norte da Inglaterra adotou uma novidade para impedir que os ladrões roubem suas ovelhas. Pip Simpson decidiu pintar todo o rebanho de spray laranja fosforescente. Isto foi depois ter 300 ovelhas roubadas nos últimos quatro anos.
Words and definitions:
forging
creating (something) that lasts
injuries
occurrences of physical damage to a person
novel
(here as an adjective) original; not seen before
Watch the video online: http://bbc.in/2cBZ6Jr
Exercise:
Use one of the words or phrases from Lingohack to complete each of these sentences. Note that you may have to change the form of a word or phrase to complete the sentence correctly.
forging / injuries / novel
1. Samantha was involved in a car accident. Fortunately, her ________ were not serious.
2. My son-in-law is always finding __________ ways to make money but his inventions never work!
3. The police are looking for ways to __________ good relations with the community. It makes their work easier.
Answers:
1. Samantha was involved in a car accident. Fortunately, her injuries were not serious.
2. My son-in-law is always finding novel ways to make money but his inventions never work!
3. The police are looking for ways to forge good relations with the community. It makes their work easier.
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É um número de 15 dígitos. | O interesse de Elon Musk em criptomoedas aumentou o preço de algumas, como bitcoin ou dogecoin
Elon Musk, por meio de sua montadora Tesla, anunciou a compra de US$ 1,5 bilhão em bitcoins, a principal criptomoeda do mercado.
A notícia fez com que o preço da moeda digital subisse 17%, o que levou cada unidade a um preço recorde de US$ 44.220.
A Tesla disse que a compra é uma tentativa de maximizar a rentabilidade do dinheiro que não é usado nas operações do dia-a-dia do negócio.
Isso aconteceu dias depois de Musk tuitar "#bitcoin", o que também aumentou o preço da criptomoeda.
Fim do Talvez também te interesse
Apesar de excluir a mensagem dias depois, o empresário sul-africano continuou a escrever sobre bitcoin e outras criptomoedas, como dogecoin, que teve valorização de 50% após ser mencionada.
Em uma apresentação ao mercado de ações, a Tesla disse que "atualizou sua política de investimento" em janeiro e agora deseja investir em "ativos de reserva", como moedas digitais, barras de ouro ou fundos negociados em bolsa de ouro.
A empresa explicou que já havia comprado US$ 1,5 bilhão em bitcoins e que poderia "adquirir e manter ativos digitais" no futuro.
"Além disso, esperamos começar a aceitar bitcoins como forma de pagamento por nossos produtos em um futuro próximo, sujeito às leis aplicáveis e inicialmente de forma limitada", informou a Tesla.
Musk disse há uma semana em um tuíte que o bitcoin estava "prestes" a ser mais aceito entre os investidores.
Ponto de inflexão?
Alguns analistas acreditam que o investimento da Tesla pode ser um ponto de inflexão para a criptomoeda.
"Acho que veremos uma aceleração de empresas que procuram destinar recursos para a compra de bitcoin agora que a Tesla deu o primeiro passo", disse Eric Turner, vice-presidente de inteligência de mercado da empresa de pesquisa de criptomoedas Messari.
"Uma das maiores empresas do mundo agora possui bitcoins e, por extensão, todos os investidores que possuem ações da Tesla, ou mesmo apenas um fundo S&P 500 [bolsa de valores], também estão expostos."
Mas Neil Wilson, analista-chefe de mercado da Markets.com, alertou que o bitcoin é uma criptomoeda "muito volátil".
"A Tesla agora está começando a assumir muitos riscos [cambiais]; isso pode não preocupar muitos investidores, mas os mais conservadores, sim", disse ele.
Sem lastro?
O Bitcoin, que atingiu recordes históricos nos últimos meses depois de uma montanha-russa na última década, também recebeu apoio de grandes instituições financeiras este ano.
Em 2021, um bitcoin já foi cotado a mais de US$ 40 mil
O maior gestor financeiro do mundo, Blackrock, alterou recentemente suas diretrizes de investimento para permitir que alguns de seus fundos investissem na moeda.
No entanto, os bancos centrais permanecem céticos em relação às moedas digitais.
Em outubro, presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, alertou sobre o uso do bitcoin como método de pagamento: "Tenho que ser honesto, é difícil ver que o bitcoin tem o que costumamos chamar de valor intrínseco", disse ele.
"Pode ter valor extrínseco no sentido de que as pessoas desejam obtê-lo", acrescentou.
E ele disse que os investidores devem perceber que seu preço é extremamente volátil.
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Vamos brincar. | De onde surgiram os sinais que todos hoje conhecemos?
1. Escolha um número de quatro dígitos em que pelo menos dois sejam distintos (zeros também podem ser usados).
2. Organize-o em forma ascendente e depois em ordem decrescente.
3. Subtraia o número menor do número maior.
4. Repita.
Fim do Talvez também te interesse
No máximo em sete operações, sempre se chegará ao número 6174, um processo conhecido como constante de Kaprekar - homenagem a seu descobridor, o matemático indiano Dattathreya Ramchandra Kaprekar (1905-1986).
Use, por exemplo, a combinação 1234.
4321 - 1234 = 3087; então, 8730 - 0378 = 8352; e agora, 8532 - 2358 = 6174.
Mesmo o próprio número 6174 não foge à regra.
7641 - 1467 = 6174.
Interessante, mas provavelmente o que as pessoas menos pensam é nos símbolos matemáticos usados, "-" ou "=".
Junto ao de adição ("+"), eles têm uma história interessante.
Nascido do aborrecimento
O símbolo que utilizamos para revelar um resultado foi criado há 460 anos, por um galês do século 16 que aos 14 anos já estudava na Universidade de Oxford e, aos 21, ensinava matemática enquanto estudava medicina.
Robert Recorde morreu aos 48 anos, na prisão.
Este gênio, apesar do final trágico, escreveu vários livros sobre astronomia, geometria e aritmética. E em inglês, ao contrário do costume da época de escrever em latim e permitir que apenas gente mais educada pudesse lê-los.
Recorde escrevia para o público mais comum, e seu último livro, A Pedra de Afiar, publicado em 1557, um ano antes de sua morte, deu ao mundo o símbolo de igual.
Recorde escrevia em inglês, em vez do latim, praxe no mundo acadêmico
Recorde em algum momento deixou a medicina, depois de trabalhar para a família real inglesa, cuidando do rei Eduardo 6º e da rainha Mary, a quem dedicou alguns de seus livros, e trabalhou como supervisor da Casa da Moeda.
Aborrecia-se quando precisava escrever por extenso que um lado da equação era igual ao outro. Decidiu usar um símbolo: um par de paralelas.
O motivo? "Não há outras coisas no mundo que possam ser mais iguais."
Recorde explica, em livro publicado no século 16 (e em uma forma arcaica do inglês), a criação do "="
Briga
Além de inventar o símbolo de igual, o galês introduziu no mundo anglófono o uso de "+" e "-". Mas o latim continuou dominando a literatura, mesmo com o "=" apresentando mais simplicidade que a palavra aequalis.
Atualmente, seu uso é universal.
Mas porque alguém com tantas contribuições positivas terminou sua vida atrás das grades? Bem, apesar de um gênio, Recorde ignorou uma regra básica de sua época: aristocratas sempre riam por último.
Ele perdeu o emprego na Casa da Moeda por decisão de um nobre, o conde de Pembroke. Resolveu processá-lo por conduta indevida. O conde respondeu com um processo por calúnia e difamação.
A Justiça deu ganho de causa a Pembroke.
Uma história nem mais nem menos interessante
A história dos símbolos "+" e "-" também é curiosa.
E talvez seja bom começar a contá-la com um exemplo prático: o Papiro de Ahmes, do ano 1550 a.C., que contém vários exercícios matemáticos. Neles, um par de pernas caminhando para a frente indica uma soma, e uma par caminhando para trás, uma subtração.
O Papiro de Ahmes, de 1500 a.C. tinha símbolos simétricos para somas e subtrações
Os gregos, por sua vez, esporadicamente usavam o símbolo "/" para somar, mas normalmente expressavam a adição por meio da justaposição.
Na Europa do século 15, matemáticos como o francês Nicolas Chuquet e o italiano Luca Pacioli usavam "p" (plus) para somas e "m" (minus) para subtrações.
Mas, em um documento do século 14, o filósofo e astrônomo francês Nicole d'Oresme já havia usado "+" como abreviação da partícula aditiva et (e, em latim).
A origem do "-", porém, não é tão clara.
Sabe-se que aparece em um manuscrito alemão de 1481, encontrado na Biblioteca de Dresden. E em um manuscrito em latim do mesmo período há tanto o "+" como o "-". Ambos são usados pelo autor Johannes Widman, que usa os símbolos como se fossem conhecidos.
Foi em seu livro Aritmética Mercantil, publicado em 1489, que os símbolos de mais e menos que hoje conhecemos aparecem pela primeira vez em uma obra.
Página de 'Aritmética Mercantil'
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Atividade 4: Jogo dos 4 erros | Nesta atividade final, o objetivo é exercitar as dicas de como identificar armadilhas comuns nas redes sociais.
As três primeiras notícias são acompanhadas de explicações quanto a por que elas são duvidosas e o que uma busca simples na internet nos leva a descobrir:
Nesta quarta notícia, o exercício muda um pouco: a intenção é mostrar uma história real em que um tuíte inocente, mas incorreto ganhou grandes proporções e influenciou a percepção do público a respeito de determinado assunto.
Pedimos que os professores que descrevam aos alunos uma situação em que, depois de uma eleição presidencial, o país está dividido, com parte da população apoiando o eleito e parte insatisfeita com o resultado do pleito.
Fim do Talvez também te interesse
Em meio a um protesto contra o presidente eleito, surge um tuíte, acusando os manifestantes de terem sido pagos para estar nas ruas:
"Vocês publicariam este tuíte em uma reportagem sobre os protestos? Sim ou não? Por quê? Enumere cinco ideias para checar essa informação". (Ideias que queremos suscitar: a) tentar contato com o autor do tuíte para pedir localização exata das fotos; b) entrar em contato com empresa de transporte; c) falar com a organização do protesto)
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The story…
| The harpoon that clears space junk
Learn language related to…
space
Need-to-know language
mission – (here) journey into space to do something
space station– place in which people can live and work in space
satellite – object that travels around Earth, often used for receiving and sending information
orbit – the path that an object in space takes around a planet, such as Earth
celestial – (here) of or from space
Answer this…
What is thought to have cracked the window on the International Space Station?
Watch the video online
http://www.bbc.co.uk/learningenglish/english/features/lingohack/ep-190220
Transcript
This is the moment a harpoon was fired in space striking a target almost dead centre.
It was filmed 400km above the Earth. It’s the latest experiment from the RemoveDEBRIS spacecraft. Led by Surrey University, it’s a mission that’s testing out the technologies that could clean up space junk.
Katie Bashford, Surrey Satellite Technology Limited
It was absolutely a success. And the goal of the experiment was to hit the target. And that's what we did. It's important because there's so much debris up in space – from spacecraft that are no longer operational to bits of rocket body. We really need to start clearing some of this debris out the way to make way for new spacecraft.
Space is becoming increasingly cluttered. It’s estimated that there are now nearly 8,000 tonnes of debris with 800,000 pieces the size of a marble or bigger. And each piece has the potential to do some serious damage.
In 2016, this crack in the window of the International Space Station was thought to have been caused when a tiny fleck of paint hit it. Bigger objects could do even more harm.
Scientists are particularly worried about a European satellite the size of a double-decker bus that stopped working in 2012. It’s now threatening other satellites in its path and needs to be removed from its orbit.
Last year, the RemoveDEBRIS spacecraft also tested a net, proving it could catch a passing satellite. It’s the first mission to try and address this problem. And it’s also used its on-board cameras to track a tumbling target - essential for hunting down any rogue space litter.
Its final test will be in the coming weeks. It’s set to burn up as it returns to Earth, preventing it from becoming a piece of space junk itself. The hope is now that future missions can be scaled up so the celestial deep clean can begin.
Did you get it?
What is thought to have cracked the window on the International Space Station?
A tiny fleck of paint is thought to have cracked the window.
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Eduardo*, 28. | Mexicano conta como foi crescer cercado por violência e ir parar no marketing de um cartel de drogas
Para ser honesto comigo, eu sabia para quem estava realmente trabalhando desde a primeira vez que vi meus chefes entrarem no escritório carregando uns pacotes enormes de dinheiro.
Todo dia era a mesma coisa: às 3 horas da tarde, 10 homens apareciam com quantias que deviam chegar à casa dos milhões, e uma funcionária levava o montante direto para o banco.
Ninguém fazia perguntas.
Naquele momento tive certeza de que meus temores eram verdade - eu estava trabalhando para um cartel de drogas.
Fim do Talvez também te interesse
Eu sempre soube da existência desses cartéis - grupos de crime organizado envolvidos com o tráfico de drogas. Mesmo quando eu era criança.
Crescendo no México, a ameaça que essas gangues representavam estava sempre como pano de fundo na vida cotidiana.
Quase sempre dava para "bloquear" as infindáveis notícias ou rumores que chegavam sobre assassinatos sangrentos, mas quando aquilo finalmente passou a fazer parte da minha vida, fiquei com medo de não conseguir escapar.
Eu cresci no tipo de lugar onde todo mundo se conhece e as notícias correm rápido.
Guerra às drogas
Meu entendimento de como os cartéis eram perigosos aumentou de verdade quando eu tinha 15 anos.
O ano era 2006 e um novo presidente, Felipe Calderón, havia acabado de assumir o cargo.
Ele chegou ao poder com a promessa de restaurar "o Estado de direito" no México, travando uma guerra sangrenta contra o tráfico de drogas.
Lembro de ele estar determinado a lutar contra os cartéis e de usar os militares nesse combate.
Calderón foi presidente até 2012, mas a batalha continuou depois que deixou o cargo.
Desde 2006, mais de 200 mil pessoas morreram ou desapareceram no México como resultado da guerra contra as drogas.
Os cartéis começaram a se dividir em grupos menores, se espalhando a partir de seus territórios originais.
Historicamente, grande parte do norte do México era controlada pelo cartel de Sinaloa - liderado pelo infame El Chapo - e o Los Zetas, um cartel formado por desertores do exército, controlava grande parte do leste.
As áreas controladas mudaram e se fragmentaram à medida que surgiram novos cartéis e grupos dissidentes.
"Eles (integrantes dos cartéis) usavam fuzis de assalto (AK-47) no meio da cidade - eu nunca tinha visto algo como aquilo", diz Eduardo
Eles usavam fuzis de assalto - como o AK-47 - no meio da cidade. Eu nunca tinha visto algo como aquilo.
Pessoas eram assassinadas e tinham seus corpos jogados na rua. Quando eu era adolescente, lembro de andar pela cidade ouvindo tiros à distância - e de um calafrio percorrendo todo o meu corpo.
Não vi o momento em que o assassinato aconteceu, mas vi o corpo caído depois na rua.
A primeira vez que vi algo desse jeito foi terrível. Fiquei profundamente chocado - mas, infelizmente, aquilo logo se tornou "normal" por ali.
É chocante para mim agora, olhando para trás, como essa violência brutal virou parte das nossas vidas.
Algumas pessoas que eu conhecia também passaram a ter medo de abrir um negócio, porque os integrantes do cartel apareciam e tentavam extorquir seus lucros.
Se eles vissem que você tinha um negócio, como uma loja, eles viriam e exigiriam uma parte dos lucros em troca de "proteção" - em outras palavras, "me dê seu dinheiro ou eu mato você".
Ameaças
Eu também os via quando saía para a balada com meus amigos no final da adolescência.
Geralmente era um cara grande cheio de correntes de ouro cercado de mulheres bonitas, e eu me perguntava o que ele tinha para chamar tanta atenção.
Certa vez, fui ameaçado por um dos "ajudantes" dele. Ele me acusou de ter pegado uma bebida da mesa do chefe e disse que não queria me ver por ali de novo. Fiquei apavorado - corri daquele clube com o coração disparado.
Quando criança, eu queria ser arqueólogo, porque adoro a história antiga - acho que me inspirei nos filmes de Indiana Jones. Mas quando chegou a hora de escolher uma carreira, eu resolvi fazer o que achei que daria mais dinheiro - marketing.
Um amigo me arrumou um emprego em uma revista local e, em pouco tempo, fiquei conhecido na área
Proposta de trabalho para restaurantes que tinham cartéis entre proprietários atraiu mexicano e levou medo para a vida dele
Então, um conhecido que trabalhava para uma agência bem sucedida - entre os clientes, estavam restaurantes e bares de propriedade dos cartéis de drogas - perguntou se eu queria trabalhar como freelancer ajudando com materiais de divulgação.
Os cartéis tinham de atuar como empresas regulares para poderem esconder o dinheiro que obtinham com atividades ilegais.
Quando descobri o pagamento que eles ofereciam (o equivalente a US$ 1.300, ou a R$ 5 mil, para o trabalho de um fim de semana), não consegui recusar a proposta.
Isso dá quase 25.000 pesos mexicanos - enquanto o salário mínimo no México é de 102 pesos por dia.
O dinheiro me atraiu.
Eu tinha 21 anos e comecei a me exibir, vivendo como uma estrela do rock, dando festas, pagando bebida pra todo mundo. Mas não saí da casa dos meus pais.
Não queria dar muita bandeira no caso de as pessoas começarem a fazer perguntas.
Tinha minhas suspeitas naquele momento de que essas pessoas estivessem envolvidas com os cartéis, mas não sentia que eu fazia parte disso - tudo o que eu estava fazendo era ajudá-los a promover seus bares e restaurantes.
#narcofashion
Meus pais ficaram preocupados com meu estilo de vida e com o tipo de gente para quem eu estava trabalhando.
Eles me disseram para ter cuidado, mas, no começo, estava tudo bem. Eu não conhecia ninguém do cartel, apenas fazia o meu trabalho e recebia o meu dinheiro.
Depois de algumas semanas, um dos chefes chegou ao escritório. De cara, eu tive a sensação de que tinha alguma coisa errada e de que eu não podia confiar nele.
Ele estava vestido da cabeça aos pés com roupas de grife e tinha um carrão. Esses caras gostam de se mostrar - e algumas pessoas até pensam que eles são ícones da moda.
Quando vários membros do cartel foram presos usando uma certa camisa polo de marca em 2010, todo mundo queria aquela camisa. Tem até uma hashtag no Instagram chamada #narcofashion.
Ele me perguntou se eu queria mais trabalho e mais dinheiro. Me disse que ia começar a fazer shows com cantores de corrido, que é um tipo popular de música folk mexicana, e queria que eu ajudasse na área de promoção.
Às vezes, os narcotraficantes fazem esses cantores escreverem canções sobre eles, para ficarem famosos. Em algumas partes do México, é ilegal cantar os chamados narcocorridos ou músicas sobre os traficantes.
Eles glamourizam a violência do mundo dos cartéis - há uma música, por exemplo, que diz: "Com um AK e uma bazuca mirando, arrancando a cabeça de quem estiver no caminho".
É perigoso também - cantores já chegaram a ser mortos por cartéis rivais por cantarem sobre o traficante errado.
Presença dos cartéis também existia no setor de entretenimento, em shows que passaram a ser o trabalho de Eduardo
Naquele momento, eu não sabia o quão envolvidos com os cartéis esses shows poderiam estar.
Eles aconteciam em fazendas locais e reuniam cerca de 30.000 pessoas. Eu comecei a frequentá-los, via caras lá com armas enormes como seguranças.
Não me sentia seguro - essa foi a primeira vez em que realmente tive medo de morrer, porque simplesmente não dava para saber se um cartel rival iria aparecer, estourando um confronto, ou se a polícia mesmo faria isso.
Nada disso aconteceu, mas só em ver nos jornais as disputas dos cartéis por território, eu sabia que a possibilidade existia.
Mas, estranhamente, também me sentia bastante protegido por causa de toda a segurança. E, de certa forma, sair com esses caras era divertido - se eu tentasse esquecer quem eles eram de verdade.
Depois que comecei a fazer os shows, eles passaram a nos levar (eu e meus colegas), para jantar e beber em lugares sofisticados. Mas sempre tive consciência de que um deles poderia atirar em mim se quisesse.
Dinheiro sujo
A questão moral de trabalhar para essa gente também estava pesando muito na minha cabeça.
Mesmo que eu não estivesse fazendo nenhuma das coisas realmente ruins, como transportar drogas ou matar pessoas - e que também não tivesse testemunhado eles fazendo esse tipo de coisa - eu sabia que isso estava acontecendo em algum lugar.
Eu não era membro de nenhuma gangue criminosa, mas ainda estava envolvido, estava sendo pago com o dinheiro deles. Parecia errado.
Foi nessa época que vi os caras chegando com os pacotes de dinheiro no escritório.
O chefe me levou para algumas mansões que estava construindo nas montanhas também - elas eram enormes.
Eu vi o chefe dele, o chefão, algumas vezes. Ele se mantinha distante dessas coisas e cuidava principalmente do lado comercial, trabalhando de casa. Ele tinha uma onça de estimação e uma mulher linda.
Chefão do tráfico, segundo ele, tinha uma onça de estimação e mantinha participação discreta em partes dos negócios
Perguntei ao meu chefe: "Você faz parte de um cartel de drogas?"
A resposta dele foi ambígua.
"Você quer saber mais, ou quer fingir que não sabe de nada?", ele me perguntou.
Eu olhei em volta desconfortável, pensando na situação em que tinha me metido.
"Vamos fingir", respondi.
Sem saída?
Continuei indo aos shows nas fazendas, mas estava ficando cada vez mais desconfortável. Não queria mais fazer isso, mas temia que parar fosse perigoso.
Comecei a me distanciar dos meus colegas na agência de marketing. Eu não me sentia mais protegido por estar perto desses caras - tinha noção de que, se alguma vez pedisse a ajuda deles, ficaria com uma dívida eterna.
Além disso, não sou o tipo de cara que se mete em problema, e aquilo tudo já estava ficando demais para mim. Um dia, recebi uma ligação do chefe.
"Você ainda quer trabalhar com a gente?", perguntou ele.
Eu respirei fundo e decidi dizer a verdade. "Para ser honesto, não, eu não quero", foi o que respondi.
"OK, boa sorte", disse ele.
Disse a ele que iria ao escritório pegar meu computador e a câmera que usava para tirar as fotos de divulgação. Houve uma pausa. "OK", disse ele de novo. "Boa sorte."
Comecei a entrar em pânico. "O que você quer dizer? São as minhas coisas", eu falei de volta.
"Bem, elas estão no meu escritório", respondeu ele.
Com medo, Mexicano pediu demissão e deixou para trás equipamentos que usava para trabalhar. Ele reconstruiu a vida fora da cidade
Senti que ele estava me ameaçando e que algo de ruim poderia acontecer comigo se eu fosse pegar meu equipamento.
Resolvi que seria perigoso demais ir até lá. Nunca mais vi minhas coisas.
Era um equipamento caro, mas não valia a pena correr o risco.
Eu bloqueei ele e as outras pessoas com quem trabalhei nas redes sociais, e me mudei por uns meses da cidade.
Ainda voltei à minha cidade natal, e tive medo de dar de cara com eles, mas procurei não chamar a atenção.
Continuei fazendo o mesmo tipo de trabalho, mas em shows e eventos que não estavam ligados aos cartéis. No total, trabalhei para eles por cerca de oito meses.
Sem apoio
Quando há um ataque terrorista, você ouve falar disso no mundo inteiro, e os mexicanos ficam realmente emocionados enviando apoio nas redes sociais para Paris, Londres, ou onde quer que o último desses ataques terríveis tenha acontecido. Mas, isso me faz pensar que não olhamos para dentro do nosso próprio país.
Se tem um assassinato aqui, a reação é algo como "ah, tem uma cabeça na rua".
Eu amo o México, mas acho triste estarmos tão acostumados com isso na nossa cultura.
Talvez contar minha história ajude as pessoas a terem noção de como é a vida lá, e como algo tão terrível pode parecer quase normal. Ainda bem que não sou mais parte desse mundo.
*O nome foi alterado.
Relato feito a Thea de Gallier, da BBC Three.
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"Justiça para Keishla!" | Verdejo (à direita) lutou nas Olimpíadas de 2012
O pedido é de Bereliz Rodríguez, irmã de Keishla Rodríguez Ortiz, uma mulher grávida de 27 anos que desapareceu em Porto Rico na quinta-feira passada (29/04) e cujo corpo foi encontrado no sábado (1/05) sob uma ponte na lagoa de San Juan, capital de Porto Rico.
E o suspeito de matá-la é o famoso boxeador portorriquenho Félix "Diamante" Verdejo. Ele é acusado de sequestro com resultado em morte, furto violento de veículo com resultado de morte e homicídio de um nascituro, acusações pelas quais pode receber pena de morte.
Verdejo, também de 27 anos, é lutador da categoria peso-leve e competiu nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012.
O crime chocou os cidadãos de Porto Rico, um arquipélago que fica no Caribe e é um Estado autônomo, associado aos Estados Unidos. O corpo da jovem foi identificado primeiro por meio de registros odontológicos, segundo o Instituto de Ciências Forenses de Porto Rico, e depois por sua família.
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Verdejo se entregou às autoridades no domingo (2/05) depois de se recusar a colaborar com as investigações, segundo a polícia. No dia seguinte, a Justiça decidiu que ele ficaria preso sem fiança.
O caso chocou os cidadãos da ilha. A investigação está sendo conduzida pela divisão do FBI de Porto Rico em colaboração com a polícia local.
Dezenas de pessoas bloquearam a ponte Teodoro Moscoso, sob a qual o corpo da jovem foi encontrado, para lembrar a vítima e protestar por mais um episódio de violência contra as mulheres. No final de janeiro, o governador de Porto Rico, Pedro Pierluisi, declarou estado de emergência na ilha pelo elevado número de casos de agressões e mortes de mulheres.
De acordo com o relatório do desaparecimento, Rodríguez Ortiz conversou pela última vez com sua mãe, Keila Ortiz, por volta das 7 horas da manhã de quinta-feira (29/04).
Ortiz disse ao jornal El Nuevo Día que, nessa última conversa, a jovem lhe disse que Verdejo estava a caminho para irem juntos ver o resultado do teste de gravidez.
A família de Keishla Rodríguez Ortiz relatou seu desaparecimento na noite de quinta-feira passada
"Eu disse a ela 'tome cuidado' porque ele a ameaçou para que não tivesse o bebê, dizendo que tinha família, que era boxeador, uma figura pública", disse Ortiz Rivera ao jornal portorriquenho.
Agentes das forças de segurança rastrearam os dados no celular da jovem para descobrir quais foram seus últimos passos e com quem ela falou antes de desaparecer.
Informações do telefone de Rodríguez Ortiz levaram as autoridades a Verdejo e à ponte. Os policiais também interrogaram a esposa do boxeador, que disse saber sobre a relação de Verdejo com Rodríguez Ortiz.
Uma testemunha decisiva
A investigação do assassinato de Keishla Rodríguez Ortiz progrediu rapidamente principalmente por causa da colaboração de uma testemunha que teria ajudado o autor do crime e que, depois, fez uma confissão ao FBI.
A jovem tinha 27 anos
O FBI descreve a testemunha como alguém "com conhecimento de primeira mão" sobre o que aconteceu. Sua identidade não foi divulgada.
Em seu depoimento, a testemunha acusou o boxeador olímpico Verdejo de cometer o crime.
A BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, entrou em contato com o escritório do FBI, que enviou o documento oficial contendo a denúncia.
De acordo com a denúncia federal assinada pelo agente especial do FBI Lorenzo Vilanova Pérez, o boxeador profissional entrou em contato com a testemunha e pediu sua ajuda "para acabar com a gravidez".
Félix Verdejo Sánchez compete na categoria peso-leve
Sempre de acordo com o depoimento, Verdejo, a testemunha e Rodríguez Ortiz se encontraram na noite de quinta-feira no veículo preto do boxeador.
A certa altura, ainda dentro do carro, Verdejo golpeou a jovem no rosto e injetou-lhe "uma seringa com substâncias" que não foram detalhadas na denúncia.
Então Verdejo e a testemunha amarraram as mãos e os pés de Keishla Rodríguez Ortiz com cabos.
Também amarraram um peso a ela, de acordo com a acusação, e colocaram o corpo no veículo que ela havia dirigido para se encontrar com Verdejo.
O boxeador e a testemunha dirigiram os dois veículos em direção à Ponte Teodoro Moscoso, perto da capital portorriquenha.
Porto Rico é um dos lugares com mais casos de violência de gênero, segundo dados da American Civil Liberties Union (ACLU).
Lá, os dois homens jogaram o corpo da mulher na lagoa San José. Mais tarde, eles abandonaram o carro dela. O veículo foi encontrado no dia seguinte.
O FBI conseguiu apurar que Verdejo e Rodríguez Ortiz se comunicaram por telefone no dia do sequestro.
Imagens de uma câmera de segurança mostram um carro semelhante ao do boxeador estacionado na via de emergência da ponte, corroborando o depoimento da testemunha e as suspeitas expressas pela família da jovem.
Sem fiança
Na segunda-feira (3/05), Verdejo compareceu perante uma juíza virtualmente. Ele falava de uma prisão federal.
"Devido à natureza das acusações e às circunstâncias do caso, senhor Verdejo, o senhor continuará detido sem fiança", ordenou a juíza.
Félix Verdejo Sánchez, apelidado de "Diamante", competiu nas Olimpíadas de Londres de 2012
Foi a audiência inicial, em que o Verdejo ainda não tinha de se declarar culpado ou inocente.
A Top Rank, empresa de Las Vegas que agencia o boxeador, removeu a página de Verdejo de seu site e divulgou um comunicado na noite de sábado (01/05): "Os pensamentos e orações da Top Rank estão com a família e amigos de Keishla Marlen Rodríguez Ortiz e o povo de Porto Rico neste momento de luto. Estamos profundamente incomodados com a notícia e continuaremos acompanhando a evolução do caso."
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Madaline foi a primeira. | Do reforço de preconceitos à falta de bom senso dos robôs: futura geração de funcionários não possui habilidades importantes
Em 1959, ela usou sua surpreendente inteligência para resolver uma questão até então sem solução: o eco nas linhas telefônicas. Na época, as chamadas interurbanas eram muitas vezes arruinadas pelo som da própria voz do interlocutor, que retornava toda vez que ele falava.
Ela corrigiu o problema identificando quando um sinal de entrada era idêntico ao que estava saindo e apagando-o eletronicamente. A solução foi tão elegante que é usada até hoje. E, é claro, ela não era humana. Mas, sim, um sistema de Múltiplos Elementos Lineares Adaptados (Madaline, na sigla em inglês). Foi a estreia da inteligência artificial no ambiente de trabalho.
Atualmente, há um consenso de que os computadores inteligentes estão chegando para roubar nossos empregos. Além de concluírem toda carga de trabalho semanal antes mesmo de você preparar uma torrada, eles não precisam de intervalos para tomar café, de fundos de pensão ou mesmo dormir.
Embora muitos postos de trabalho possam ser automatizados no futuro, pelo menos no curto prazo, é mais provável que essa nova geração de supermáquinas trabalhe ao nosso lado.
McKinsey sugere que 60% das profissões podem ter um terço de suas funções assumidas por robôs
Apesar dos feitos incríveis em diversas áreas, como a capacidade de antecipar e impedir fraudes e fazer o diagnóstico precoce de doenças, os sistemas de inteligência artificial mais avançados não contam, atualmente, com nada que se compare à inteligência geral de um ser humano.
De acordo com um levantamento da consultoria McKinsey, de 2017, apenas 5% dos empregos poderiam ser totalmente automatizados com base na tecnologia atual, mas 60% das profissões podem ter um terço de suas tarefas assumidas por robôs.
É importante lembrar que nem todos os robôs usam inteligência artificial - alguns sim, muitos não. O problema é que os mesmos pontos fracos que os impedem de dominar o mundo também fazem com que deixem a desejar como colegas de trabalho. Da tendência ao racismo a uma total incapacidade de definir metas próprias, resolver problemas ou aplicar o bom senso, essa nova geração de funcionários robóticos não possui habilidades que até as pessoas mais ignorantes poderiam facilmente desenvolver.
Então aqui está o que você precisa saber para se relacionar bem com seus futuros colegas de trabalho: os robôs.
1ª regra: robôs não pensam como seres humanos
Enquanto Madaline revolucionava os telefonemas de longa distância, o filósofo húngaro-britânico Michael Polanyi refletia sobre a inteligência humana. Ele percebeu que nem todas as habilidades podem ser facilmente explicadas e divididas em regras - como o uso preciso da gramática, por exemplo.
Os seres humanos contam com o chamado conhecimento tácito, habilidades que adquirimos sem ter consciência de como é possível desempenhá-las. Nas palavras de Polanyi, "sabemos mais do que podemos dizer". O princípio inclui tanto habilidades cotidianas - como andar de bicicleta - como tarefas mais sofisticadas. E, infelizmente, se não sabemos as regras, não podemos ensiná-las a um computador. Esse é o paradoxo de Polanyi.
Em vez de tentar fazer a engenharia reversa da inteligência humana, os cientistas de computação decidiram resolver essa questão desenvolvendo a inteligência artificial para pensar de uma maneira completamente diferente: orientada por dados.
"Você imaginaria que a inteligência artificial funciona a partir do modo como entendemos os seres humanos, que a desenvolvemos exatamente da mesma maneira", diz Rich Caruana, pesquisador sênior da Microsoft Research. "Mas não foi assim."
Ele dá o exemplo dos aviões, que foram inventados muito antes de se ter um conhecimento preciso sobre o voo das aves e que possuem, portanto, aerodinâmicas diferentes. Ainda assim, dispomos hoje de aeronaves que podem voar mais alto e mais rápido que qualquer pássaro.
Como Madaline, muitos sistemas de inteligência artificial funcionam a partir de "redes neurais", o que significa que usam modelos matemáticos para aprender processando grandes volumes de dados.
Por exemplo, o Facebook treinou seu software de reconhecimento facial, o DeepFace, por meio da análise de cerca de 4 milhões de fotos. Ao identificar padrões em imagens marcadas com a mesma pessoa, ele aprendeu a reconhecer os rostos corretamente 97% das vezes.
Aos 19 anos, Ke Jie, o melhor jogador humano do mundo, tenta vencer o programa AlphaGo de inteligência artificial
Aplicativos de inteligência artificial, como o DeepFace, são a menina dos olhos do Vale do Silício e já estão dando uma surra em seus criadores. Dirigem carros, reconhecem vozes, traduzem textos e, é claro, marcam fotos. No futuro, a expectativa é que a tecnologia seja introduzida em diversos campos, da saúde à área de finanças.
2ª regra: seus futuros colegas não são infalíveis - eles também erram
O comportamento orientado por dados também significa que eles podem cometer erros incríveis, como na ocasião em que uma rede neural confundiu uma tartaruga impressa em 3D com um rifle. Os programas não conseguem pensar conceitualmente, seguindo a lógica de que "se tem casco e escamas, então pode ser uma tartaruga".
Em vez disso, eles raciocinam em termos de padrões. No caso, padrões visuais em pixels. Consequentemente, alterar um único pixel de uma imagem pode ser a diferença entre uma resposta sensata e uma inacreditavelmente bizarra.
Isso também significa que eles não têm o menor bom senso, o que é primordial no ambiente de trabalho e requer utilizar o conhecimento existente e aplicá-lo a novas situações.
Um exemplo emblemático é a inteligência artificial capaz de jogar videogame criada pela empresa DeepMind. Em 2015, ela recebeu a missão de jogar o clássico de fliperama Pong. Como era de se esperar, foi uma questão de horas até o sistema derrotar os jogadores humanos e, inclusive, descobrir maneiras inéditas de ganhar.
Mas para dominar o Breakout, um jogo praticamente idêntico, a inteligência artificial teve que começar do zero - não houve transferência de aprendizagem.
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3ª regra: robôs não conseguem explicar por que tomaram uma decisão
Outra questão inerente à inteligência artificial remete ao paradoxo moderno de Polanyi. Como não entendemos completamente como nossos cérebros aprendem algo, fizemos a inteligência artificial raciocinar como estatísticos.
A ironia é que agora também temos pouca noção do que acontece dentro de suas "mentes". É a chamada "caixa preta" da inteligência artificial. Embora você saiba que dados forneceu e visualize os resultados, não sabe como a máquina à sua frente chegou a essa conclusão.
"Agora nós temos dois tipos diferentes de inteligência que de fato não entendemos", diz Caruana.
As redes neurais não têm habilidades linguísticas, por isso não conseguem explicar o que estão fazendo ou por quê. E como toda inteligência artificial, são desprovidas de bom senso.
Há algumas décadas, Caruana aplicou uma rede neural a alguns dados médicos, como sintomas e seus efeitos. A intenção era calcular o risco de cada paciente morrer num determinado dia, para que os médicos pudessem tomar medidas preventivas. Parecia funcionar bem, até a noite em que um estudante de graduação da Universidade de Pittsburgh notou algo estranho. Ele estava processando os dados com um algoritmo mais simples, que permitia ler a lógica de tomada de decisão linha por linha. E uma delas dizia "asma é bom para você, se você tem pneumonia".
"Perguntamos aos médicos e eles disseram: 'Isso está errado, vocês precisam consertar'", lembra Caruana.
A asma é um sério fator de risco para o desenvolvimento de pneumonia, uma vez que ambas as doenças afetam os pulmões. Eles nunca vão saber ao certo por que a máquina aprendeu essa regra. Uma teoria é que, quando pacientes com histórico de asma pegam pneumonia, eles buscam ajuda médica rapidamente. Isso poderia estar inflando suas taxas de sobrevivência.
Diante do crescente interesse em usar a inteligência artificial para promover o bem comum, muitos especialistas do setor estão ficando cada vez mais preocupados. Neste ano, entrarão em vigor novas regulamentações da União Europeia, que concedem aos indivíduos o direito a uma explicação sobre a lógica por trás das decisões da inteligência artificial.
Enquanto isso, nos EUA, a Agência de Pesquisa Avançada e Projetos da Defesa (Darpa) está investindo US$ 70 milhões em um novo programa de inteligência artificial explicável.
"Recentemente, houve uma melhoria significativa em quão precisos esses sistemas podem ser", afirma David Gunning, que está gerenciando o projeto na Darpa.
"Mas o preço que estamos pagando por isso é que esses sistemas são muito obscuros e complexos. Não sabemos por que está recomendando um determinado item ou se movimentando de determinada forma em um jogo."
4ª regra: robôs podem ser tendenciosos
Há ainda a preocupação de que alguns algoritmos possam reforçar acidentalmente certos preconceitos, como sexismo ou racismo. Recentemente, por exemplo, um programa de software que prevê a reincidência criminal revelou ser duas vezes mais rigoroso com os negros.
Tudo depende de como os algoritmos são treinados. Se os dados usados para alimentá-los são claros e evidentes, é muito provável que sua decisão seja correta. Mas muitas vezes há preconceitos humanos enraizados.
Podemos ver um exemplo no Google Tradutor. Como um pesquisador mostrou na revista Medium, no ano passado, se você traduz "Ele é enfermeiro. Ela é médica", para húngaro, e depois para inglês, o algoritmo te dá como resposta a frase oposta: "Ela é enfermeira. Ele é médico".
O algoritmo foi treinado a partir do conteúdo de cerca de um trilhão de páginas na web. Mas tudo o que ele pode fazer é encontrar padrões, como a referência de que médicos tendem a ser do sexo masculino e enfermeiros do sexo feminino.
O preconceito também pode aparecer na hora de ponderar. Assim como as pessoas, nossos futuros colegas de trabalho analisam os dados "botando na balança" - decidindo basicamente que parâmetros são mais ou menos importantes. Um algoritmo pode decidir que o CEP de alguém é relevante para sua análise de crédito - algo que já está acontecendo nos EUA -, discriminando, assim, pessoas de minorias étnicas, que costumam viver em bairros mais pobres.
E não se trata apenas de racismo e sexismo. Podem surgir formas de preconceito que nunca sequer havíamos imaginado. Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, passou a vida estudando os preconceitos cognitivos irracionais. Ele explicou a questão em entrevista concedida em 2011 ao blog Freakonomics:
"Por sua própria natureza, os atalhos heurísticos produzirão preconceitos, e isso é verdade tanto para os seres humanos quanto para a inteligência artificial, mas as heurísticas da inteligência artificial não são necessariamente as humanas."
Os robôs estão chegando e vão mudar para sempre o mercado de trabalho. Mas até que eles sejam um pouco mais parecidos com os seres humanos, vão precisar de nós ao lado deles. E, incrivelmente, tudo indica que nossos colegas do Vale do Silício vão nos deixar "bem na fita".
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Nome de humorista | Costinha é um dos jogadores mais regulares no meio-de-campo português. Mas é impossível para os brasileiros ouvir o nome do jogador e não lembrar o humorista morto em 1996.
Os dois têm mais uma semelhança: as frases de impacto. Leia abaixo algumas das declarações de Costinha, o jogador.
"Ainda na semana passada éramos, não digo anormais, mas uma porcaria, e hoje já somos os melhores do mundo outra vez."
"Confusão? Nada disso, estamos aqui para jogar. Confusões são os ingleses que fazem, nós estamos cá para jogar futebol."
"Se vou para o próximo jogo com receios, com medo de falhar e com medo de assumir o jogo, então mais vale não ir, porque certamente irei fazer uma cagada."
Gols inflacionários
Os gols do jovem Wayne Rooney na vitória da Inglaterra contra a Suíça deixaram os diretores do Everton esfregando as mãos.
Se o atacante repetir as suas atuações, o clube de Liverpool espera conseguir até US$ 80 milhões pelo jogador - quase o mesmo valor pago pelo Real Madrid por Zidane.
Chelsea e Manchester United estão interessados. Ou estavam, antes de conhecer o preço.
Família dividida
Com a seleção da França na liderança do grupo B e Portugal na dependência de uma vitória para se classificar, as quartas-de-final da Eurocopa podem ter um duelo entre franceses e portugueses.
Caso isso aconteça, o meia francês Robert Pires, descendente de portugueses, afirma que o jogo vai deixar a sua família dividida.
"Para a minha família, seria muito difícil. Não sei por quem vão torcer", disse. "O meu pai é português, tenho a família em Lisboa, que espero ver depois do jogo com a Suíça, e tenho certeza de que para eles vai ser muito difícil."
Apesar de dizer que torce pelo Benfica, Pires fez elogios a Deco e Ricardo Carvalho, jogadores do Porto, e não escondeu uma admiração pelo futebol que a equipe do norte de Portugal apresentou na última temporada.
Goleiro amigo
Na véspera da partida entre Letônia e Alemanha, os jornalistas queriam saber dos treinadores das duas equipes se o fato do goleiro alemão Oliver Kahn ter uma avó nascida na Letônia poderia ter alguma influência no jogo.
"Não sabia, e isso não me preocupa", disse o técnico alemão Rudi Völler sobre a informação. Além da avó, o pai do goleiro da Alemanha também nasceu na Letônia, em 1943, depois que o avô de Kahn - que integrava uma unidade da Marinha alemã - conheceu a sua mulher.
"É verdade que tenho uma relação especial com a Letônia, mas lamento: no sábado, não haverá presentes", afirmou o capitão da seleção alemã.
"Não espero qualquer oferta de Kahn por causa disso, mas ele que também não espere qualquer oferta nossa", disse o treinador da Letônia, Aleksandrs Starkovs.
Luís Fabiano perto de ser 'dragão'
Em plena Eurocopa, o diário esportivo português O Jogo resolveu dedicar a sua principal manchete de capa a outro assunto: a possível transferência do atacante Luís Fabiano do São Paulo para o Porto.
De acordo com o jornal, a eliminação do São Paulo da Taça Libertadores deve acelerar uma definição sobre o destino do atacante convocado para defender a Seleção Brasileira na Copa América.
"Luís Fabiano é um dos jogadores mais cobiçados do Brasil, mas nenhum dos outros pretendentes - com o Barcelona à cabeça - conseguiu bater a oferta portuguesa", diz O Jogo.
O diário afirma ainda que, apesar da cláusula de rescisão do contrato do atacante ser de 16,6 milhões de euros, dirigentes do Porto acreditam que a proposta do clube, de cerca de 13 milhões, pode ser suficiente para que o negócio seja fechado.
Holanda, sempre inovadora
O futebol que a seleção holandesa apresentou na estréia contra a Alemanha pode ter decepcionado, mas os jornalistas que acompanham a equipe rasgam elogios à maneira como a Federação Holandesa facilita o trabalho da imprensa.
Uma das inovações dos holandeses é o sistema de comunicação: quando há alterações no programa da seleção, as informações são enviadas aos jornalistas em mensagens de SMS.
Para receber os 'alertas', os interessados só precisam enviar uma mensagem ao número fornecido pela federação.
Além disso, mesmo quando o clima entre a equipe e a imprensa holandesa não é dos melhores, o ambiente na concentração da equipe é informal e há sempre jogadores à disposição dos jornalistas para fotos e entrevistas.
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Você temia por esse momento. | Lembre-se: virologistas dizem que gritar aumenta a chance de espalhar o coronavírus - mais uma razão para manter o tom sereno
Enquanto pede a seu tio para passar o pernil, ele casualmente menciona que uma vacina contra o coronavírus será usada para injetar microchips em nossos corpos para nos rastrear.
Ou seu cunhado, depois de algumas cervejas, começa a falar sobre como a covid-19 não passa de uma "gripezinha".
Na contramão de dezenas de países, o Brasil não estabeleceu nenhum tipo de restrição para reuniões de pessoas durante o Natal. Assim, as chances de você se deparar com situações como essas nos próximos dias não são desprezíveis.
Os especialistas seguem recomendando que os brasileiros evitem aglomerações, especialmente diante da aceleração do número de casos de covid-19. Apesar dos riscos evidentes, entretanto, muitas famílias planejam comemorar o Natal com um encontro presencial.
Fim do Talvez também te interesse
Infectologistas e outros especialistas explicam que há medidas que podem tornar os encontros menos inseguros, embora destaquem que não é possível eliminar os riscos, apenas contê-los.
Mas, seja nas confraternizações virtuais ou presenciais, como debater fake news e teorias da conspiração sem arruinar a festa?
Manter a calma é um dos conselhos
1) Mantenha a calma
Embora seja importante confrontar notícias falsas, de nada adianta se tudo termina em uma discussão inflamada.
"Minha regra número um é não estragar o Natal", diz o britânico Mick West, autor de livros de ciência. "Uma conversa raivosa e acalorada deixará todos se sentindo mal e ainda contribuirá para consolidar as crenças conspiratórias."
O psicólogo Jovan Byford, professor da Open University, observa que as teorias da conspiração costumam ter uma forte dimensão emocional.
"Elas não tratam apenas de certo e errado", diz ele, "mas são sustentadas por ressentimento, raiva e indignação sobre como o mundo funciona."
Essas teorias cresceram neste ano, diante da busca por explicações para a pandemia, das eleições americanas e dos grandes eventos mundiais.
Catherine, da Ilha de Wight, entende isso como ninguém. A britânica de 38 anos acreditava piamente em conspirações que pregavam que as vacinas eram usadas deliberadamente para prejudicar as pessoas. Mas mudou de opinião.
"É extremamente importante manter a calma o tempo todo", diz ela. "A pessoa com quem você está falando costuma ser tão apaixonada quanto você por suas próprias crenças e as defenderá até o túmulo."
E lembre-se: virologistas dizem que gritar aumenta a chance de espalhar o coronavírus.
Mais uma razão para manter a conversa em tom sereno.
As pessoas costumam acreditar em teorias da conspiração porque, no fundo, estão preocupadas ou ansiosas - tente entender esses sentimentos
2) Não desdenhe de seu interlocutor
"Fale com amigos e familiares com empatia em vez de sarcasmo", diz Claire Wardle, da First Draft, uma organização sem fins lucrativos que luta contra a desinformação. "Ouça o que eles têm a dizer com paciência."
A regra de ouro é: nunca envergonhe alguém publicamente por seus pontos de vista. É provável que o tiro saia pela culatra.
"Se você decidir discutir teorias da conspiração, não despreze as crenças da outra pessoa", concorda Byford. "Estabeleça algum tipo de consenso."
Lembre-se de que as pessoas costumam acreditar em teorias da conspiração porque, no fundo, estão preocupadas ou ansiosas. Tente entender esses sentimentos — principalmente em um ano como o que acabamos de ter.
3) Incentive o pensamento crítico
Pessoas que acreditam em teorias da conspiração costumam dizer: "Faço minha própria pesquisa."
O problema é que a pesquisa delas tende a se restringir a vídeos obscuros no YouTube, seguir pessoas aleatórias no Facebook e selecionar evidências de contas tendenciosas do Twitter.
Mas o espírito de dúvida que permeia a internet conspiratória possibilita abrir caminho para o pensamento racional, diz Byford.
"Muitas pessoas que acreditam em teorias da conspiração se consideram desconfiadas e pesquisadores autodidatas em questões complexas", diz ele. "Apresente isso como algo que, em princípio, você valoriza e de que compartilha".
"Seu objetivo não é torná-las menos curiosas ou céticas, mas mudar sobre o que elas estão curiosas ou céticas."
Isso foi o que ajudou Phil, de Belfast. Ele costumava acreditar em conspirações do 11 de setembro.
"Costumava apontar o fato de que havia vários especialistas que duvidavam das histórias oficiais. Isso foi muito convincente para mim", explica. "Por que esses especialistas mentiriam?"
Mas então ele começou a aplicar ceticismo não apenas às "fontes oficiais", mas também aos "especialistas" alternativos que acompanhava.
Ele desenvolveu uma compreensão mais profunda do método científico e do próprio ceticismo. Só porque um especialista acredita em algo, isso não significa que seja verdade.
"Você pode encontrar especialistas e pessoas muito inteligentes que dão crédito a qualquer posição", diz ele.
"Concentre-se em quem está promovendo essas ideias e em suas intenções", diz Claire Wardle. "Por exemplo, ganho financeiro com a venda de suplementos de saúde ou ganho de reputação na construção de seguidores."
Checagem de fatos é importante, mas muitas vezes não é a abordagem mais eficaz quando alguém acredita apaixonadamente em conspirações
4) Faça perguntas
Checagem de fatos é importante, mas muitas vezes não é a abordagem mais eficaz quando alguém acredita apaixonadamente em conspirações. As perguntas são muito mais eficazes do que as afirmações, dizem os especialistas.
"Focar nas táticas e técnicas usadas pelas pessoas que promovem a desinformação é uma forma mais eficaz de abordar essas conversas do que tentar desmascarar as informações", diz Wardle.
Pense em perguntas gerais que incentivem as pessoas a pensar sobre o que acreditam. Por exemplo, algumas de suas crenças são contraditórias? Os detalhes da teoria que elas descrevem fazem muito sentido? Elas pensaram sobre a contra-evidência?
"Ao fazer perguntas e levar as pessoas a perceber suas falhas, elas podem duvidar de sua própria confiança e ouvir pontos de vista alternativos", diz Phil.
5) Não espere resultados imediatos
Você pode estar esperando que uma conversa construtiva termine com algum tipo de epifania em meio às rabanadas — mas não aposte nisso.
Para aqueles que confiam absolutamente nas teorias de conspiração, deixá-las de lado pode ser um processo muito longo.
"Seja realista sobre o que você pode alcançar", diz Byford. "As teorias da conspiração instilam nos crentes um senso de superioridade. É um importante gerador de autoestima — o que os tornará resistentes a mudanças."
Para a checadora de informações Claire Wardle, não se trata apenas de egos feridos. Este ano foi assustador — e para muitos, as teorias da conspiração têm sido uma fonte de conforto.
"Reconheça que todos tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo e estão buscando explicações", diz ela.
"As teorias da conspiração tendem a ser histórias simples e poderosas que explicam o mundo. A realidade é complexa e confusa, o que é mais difícil para o nosso cérebro processar."
Mas os especialistas concordam que, mesmo que você não veja resultados imediatos, não desista.
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O ato sexual... | E eu dou uma meia-trava aqui para considerar o que acabei de dizer e escrever.
O ato sexual. Três palavrinhas.
Um monossílabo, seguido de um bissílabo e um trissílabo.
Um, dois, três.
Parece que vem aí uma mágica. Um arrepio coletivo cobre a seleta platéia.
Na terceira fila da arquibancada, uma senhorita, ligeiramente antiquada, ruboriza, e sua pele se cobre de uma fina camada de suor.
Houvesse uma duquesa, e ela seguramente pediria por seus sais.
Estudo
Disso e mais é capaz o sexo e suas artimanhas a fim de que a raça humana se perpetue.
Após essas considerações banais, dou mais um gole no uísque com água de coco, apago o cigarrinho e volto (“Desculpe a demora”, digo para ninguém e todos) e volto ao... o ato sexual.
O que há é que, nesta última semana de maio, está sendo publicado um estudo (mais um), em revista especializada, o Jornal de Sexo e Medicina, sobre os hábitos sexuais de cinco dos países, quatro dos quais... ahn, membros da Comunidade Européia.
Sob a batuta (um óbvio objeto fálico) do dr. Marcel Waldinger, um neuropsiquiatra da Universidade de Utrecht, 500 casais com mais de 18 anos tiveram seus hábitos sexuais investigados durante quatro semanas.
O que se queria saber era quem levava mais tempo no ato sexual, ou entretido nas artes de Cupido, se assim preferirem os mais pudicos.
Cada casal levou emprestado um cronômetro (tiveram que devolver no fim da experiência; verba magra, né?) e o pedido de que medissem o tempo que levavam do começo ao fim da pouca-vergonha, conforme a chama aquela duquesa dos sais.
Sem dúvida, é mais interessante do que concurso de canções da Eurovisão e até mesmo do jogo Arsenal contra o Manchester United.
Os resultados
Vamos lá.
De uma maneira geral, a festança leva, ao todo, 54 minutos.
Depois dos descontos e bateção de pênaltis, ganharam os britânicos: 7,6 minutos.
Seguidos dos espanhóis, com 5,8 minutos e os holandeses, com 5,1 minutos.
A surpresa da noite, ou do dia, foram os turcos: 3,7 minutos. Tsk, tsk, quem diria, hem?
Diversas outras conclusões foram tiradas, todas secundárias: ninguém quer saber que música tocava ao fundo ou qual era o papo depois.
Sabe-se, isso sim, que em nenhum país fez diferença o uso ou não de camisinha.
Quanto à presença do cronômetro nas intimidades, o estudo se faz de bobo.
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Alerta: Imagens chocantes
| Um conflito local entre rebeldes ligados ao grupo extremista autointitulado Estado Islâmico e o Exército de Moçambique está acontecendo no norte do país.
Ambos os grupos foram acusados de atrocidades e, em um vídeo recente da região, um grupo de homens aparece perseguindo, espancando e assassinando uma mulher nua com mais de 36 tiros.
O governo local prometeu investigar o vídeo, mas também sugere que as imagens podem ter sido adulteradas.
Na filmagem, é possível ver que os homens vestem uniformes idênticos ao do exército de Moçambique, mas sabe-se que rebeldes na região já se disfarçaram como militares para se infiltrar em cidades.
Questionado, o Exército diz que não concorda com "atos monstruosos que violam os direitos humanos".
O jornalista Andrew Harding, da BBC África, está em contato com pesquisadores de organizações como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, além de investigadores independentes, para tentar desvendar exatamente o que aconteceu.
Neste vídeo, veja o que foi possível descobrir até agora.
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Gosma é um negócio sério. | O quanto a febre do slime vai durar?
O mercado do slime, um tipo de massa de modelar que pode ser enfeitada com diferentes cores e purpurinas, não mostra sinais de que vá perder seu apelo grudento entre as crianças.
"Artesãos" de slime no YouTube, por exemplo, ganharam status de celebridade - com alguns conquistando centenas de milhares de seguidores.
Muitos fabricantes cresceram, como atesta a empresa Zimpli Kids, sediada em Blackburn, na Inglaterra.
A companhia mudou-se para uma fábrica maior para atender à demanda e agora fornece pó para a produção de slime em todo o mundo.
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Seu porta-voz, Paul Jackson, diz que o crescimento foi astronômico.
"Em 2016 crescemos mais de 300%, em 2017 crescemos 60%. Para 2018 (em resultados preliminares), estamos com cerca de 35%", diz Jackson.
O papel do YouTube e da internet na disseminação do slime
A fábrica da Zimpli Kids é repleta de vastos caixotes com pacotes de pó coloridos. Eles estão empilhados, e o chão da fábrica está cheio de enormes caldeirões e máquinas que canalizam os pós para pacotes.
Há um longo caminho até chegar aos YouTubers misturando slimes em suas cozinhas. Mas ainda é a internet o motor das vendas.
Produtos de slime prontos para serem transportados por todo o mundo a partir de fábrica em Blackburn
"O YouTube é para as crianças o que a TV era há cinco anos", diz Jackson. "É o site mais visitado do mundo por crianças, é tão influente. Se algo vira tendência no YouTube, ele será vendido no varejo."
"Trabalhamos com mais de mil youtubers. Fornecemos nosso pó de slime e eles fazem seus próprios vídeos", conta.
A empresa afirma que seus dois produtos mais populares atraíram mais de 4,5 bilhões de visualizações no YouTube graças a avaliações de influenciadores online. Seria preciso uma campanha publicitária de alcance global para chegar a esse número através das plataformas mais tradicionais.
As empresas podem usar influenciadores para impulsionar seus produtos, mas algumas destas estrelas da internet estão lançando seus próprios negócios no segmento.
Izzy Suss tem apenas 12 anos, mas criou a Slime's On The Rise, empresa online que fabrica diferentes slimes. Ela também organiza festas onde ensina outras crianças a fazer e personalizar seus próprios slimes em casa.
Parte de seu sucesso é creditado a seus 5 mil seguidores no Instagram.
"Eu vendia na escola, quando encontrei o Etsy, um site que é uma plataforma de vendas", diz.
"O Instagram realmente me ajudou a fazer meu negócio crescer", comemora Izzy. "(O slime) É muito fácil e divertido de se brincar, e é um verdadeiro alívio para o estresse. É um brinquedo muito simples, mas muito eficiente".
Preocupações com o slime
Organizações de defesa do consumidor já demonstraram preocupação com a fabricação artesanal de slime
Tanto a Zimpli Kids quanto Izzy dizem que seus produtos são feitos com ingredientes seguros - mas nem todos os fabricantes podem fazer essa afirmação.
Sempre que uma nova mania decola, há empresas que rapidamente começam a produção para lucrar, aumentando o risco de que os padrões de segurança não sejam rigorosamente respeitados.
A Which?, organização pela defesa dos consumidores no Reino Unido, testou recentemente 13 produtos do segmento de slime e constatou que quase metade trazia quantidades de borato de sódio (ou bórax) - substância que tem demonstrado afetar potencialmente a fertilidade - acima do limite considerado seguro por normas da União Europeia.
Nikki Stopford, diretora de pesquisa e publicação da Which?, diz: "Encontramos evidências preocupantes de que crianças poderiam estar sob risco com esses brinquedos".
"Os pais devem ter certeza de que os produtos que compram para os filhos são seguros, mas nossa mais recente investigação descobriu que produtos nocivos estão sendo vendidos até mesmo por grandes varejistas".
"Novamente, pedimos aos fabricantes que parem de fazer produtos inseguros", disse Stopford.
No Brasil, onde o slime também é popular - em boa parte, nas versões artesanais, em que as crianças produzem o slime desde o início, em contraposição a versões prontas -, o alarme também foi aceso.
Em agosto de 2018, a organização Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) publicou uma nota alertando para os riscos do slime produzido em casa. O comunicado lembra que sua fabricação artesanal envolve o contato com substâncias químicas diversas, como o bórax, cola branca e bicabornato de sódio. O contato com esta mistura pode causar alergias e até queimaduras, destacou a entidade.
"É fundamental acompanhar todos os processos de confecção do slime caseiro junto com as crianças. Porém, não é possível garantir que o produto final será inofensivo", diz a nota, recomendando a preferência por slimes prontos e industrializados, com selo do Inmetro.
Sucesso viscoso
Apesar das preocupações, não parece que elas estejam freando a mania do slime.
Pesquise no Google por "Como fazer slime" e veja que existem mais de 10 milhões de resultados. Visite o YouTube ou o Instagram e perceba que o conteúdo relacionado ao slime está sendo adicionado a cada poucos minutos.
E, também no mundo offline, veja em qualquer loja de brinquedos pilhas de ingredientes e slimes prontos empilhados pelos corredores.
Mas Paul Jackson, da Zimpli Kids, diz ser improvável que a febre dure para sempre.
"O slime vai deixar de ser tão popular, nada é tendência para sempre", diz ele.
"Acho que vamos capitalizar o crescimento e seremos realistas. O slime será menos tendência do que é agora, mas não acho que vá desaparecer por completo".
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Quer encarar um desafio visual? | Pesquisadores do MIT descobriram que uma ilusão visual clássica chamada "contraste de brilho simultâneo", como a que vemos aqui, se baseia na estimativa de brilho que existe na retina, não no córtex visual do cérebro. Nesta imagem, os dois círculos pequenos parecem ter brilhos diferentes apesar de terem brilhos idênticos
Dois pontos cinza sobre um fundo que consiste em um degradê que vai do cinza claro ao escuro.
Os dois pontos são idênticos mas parecem muito diferentes entre si, dependendo de onde estão posicionados em relação ao fundo.
Por mais de 100 anos, os cientistas tentaram decifrar o mecanismo por trás desta ilusão visual clássica chamada "contraste de brilho simultâneo" (simultaneous brightness contrast, em inglês).
E agora eles parecem ter encontrado a resposta.
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A retina
Até agora, os cientistas pensavam que essa ilusão era algo que acontecia no cérebro.
No entanto, um estudo realizado por cientistas do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, sugere que ela se baseia em uma estimativa do brilho que acontece antes que a informação chegue ao córtex visual do cérebro, possivelmente dentro da retina.
Chave para esse fenômeno estaria na retina
"Todos nossos experimentos apontam para a conclusão de que esse é um fenômeno de baixo nível", diz Pawan Sinha, professor de visão e neurociência computacional no Departamento de Ciências Cognitivas e do Cérebro do MIT.
"Os resultados ajudam a responder à pergunta sobre qual é o mecanismo subjacente neste processo fundamental de estimativa do brilho, que é um componente básico de muitos outros tipos de análise visual."
Esse efeito chamou a atenção de artistas ao longo de séculos e várias pesquisas sobre como percebemos os tons em contraste entre si também foram conduzidas desde o século 19, afirma a publicação científica Science Alert.
Mas nem todas as perguntas haviam sido respondidas.
Os experimentos
Os pesquisadores do MIT realizaram uma série de experiências para comprovar sua hipótese.
Em uma delas, eles criaram uma imagem de um cubo que parecia iluminado de um lado, com uma face que parecia um pouco mais brilhante do que a outra.
Quando se colocam pontos cinzas idênticos em cada face do cubo, o ponto que está na face que parece estar na sombra aparenta ser mais escuro do que o ponto idêntico colocado na face mais "iluminada".
"Isso é o contrário do que o que acontece com as telas de contraste simultâneo padrão, em que um ponto sobre um fundo escuro parece mais brilhante do que um ponto sobre um fundo claro", diz Sinha.
Neste segundo exemplo de contraste de brilho simultâneo, dois cubos parecem semelhantes, mas eles têm diferentes efeitos nos círculos que estão em suas faces. O cubo superior faz com que o círculo direito seja mais brilhante, enquanto o inferior faz com que o círculo esquerdo pareça mais brilhante
Apesar de nem sempre sermos conscientes, a luminância (magnitude que expressa o fluxo luminoso em uma determinada direção) contribui para as nossas estimativas de brilho, sugerindo que não são necessários processos de pensamento de alto nível para fazer esse juízo de contraste.
Essa descoberta sugere que a estimativa de brilho ocorre muito cedo, antes que a informação proveniente de cada olho se combine no processamento visual e chegue ao cérebro.
Os pesquisadores avaliam a hipótese de que o cálculo de brilho provavelmente acontece na retina.
"Isso é algo para que o sistema visual já está preparado para fazer, desde o nascimento", diz o pesquisador.
Mecanismo inato?
Para provar suas descobertas, os pesquisadores estudaram crianças cegas e que tiveram sua visão restaurada recentemente, mostrando a elas ilusões óticas.
"A previsão é de que se a estimativa de brilho fosse realmente um mecanismo inato, logo depois que as crianças com cegueira congênita começassem a enxergar, elas deveriam ser vítimas da ilusão de contraste simultânea."
Percepção desta ilusão de ótica seria algo que a retina capta e que temos desde o nascimento, segundo pesquisa
Essa foi exatamente a constatação dos pesquisadores.
Em um estudo com crianças e adolescentes entre oito e 17 anos operadas de catarata, todas foram suscetíveis a essa ilusão. Os testes foram feitos entre 24 e 48 horas depois de removidas as vendas cirúrgicas pós-cirurgia.
Sinha diz que as conclusões são consistentes com outras pesquisas, mas ainda há algumas dúvidas.
Isso pode significar que outros processos cerebrais também estão envolvidos em etapas posteriores.
"Muitos dos fenômenos que atribuímos com rapidez aos processos de alto nível na realidade podem ser instâncias em alguns mecanismos de circuito muito simples do cérebro que estão disponíveis de forma inata."
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"Nada menos que uma prisão". | Autoridades publicaram esta imagem com imigrantes em uma espécie de jaula; jornalistas disseram ter visto crianças em condições semelhantes
Foi assim que o congressista democrata americano Peter Welch descreveu, em um tweet, um centro de detenção no Texas (EUA) em meio à polêmica sobre a política de imigração "tolerância zero", na qual os filhos são separados dos pais. O comentário foi feito após uma visita do parlamentar juntamente com outros deputados e alguns jornalistas.
A instalação do Texas é conhecida como Ursula, embora os imigrantes a chamem de "La Perrera" ("O Canil", em tradução livre), referindo-se às gaiolas instaladas no local que, além de imigrantes adultos, agora também são usadas para albergar crianças separadas de seus pais depois de tentar atravessar ilegalmente a fronteira.
As autoridades não permitiram que fotografias ou vídeos fossem feitos dentro do centro, mas o Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, sua sigla em inglês) dos Estados Unidos publicou várias imagens.
"Acabei de sair de uma 'instalação de triagem' da patrulha fronteiriça, conhecida como 'geladeira'. É nada menos que uma prisão", disse Welch.
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Gaiolas com cadeados
O congressista não foi o único que comparou o complexo a uma prisão.
Ex-primeira-dama Laura Bush disse que complexo para imigrantes parece um dos campos de detenção usados contra nipo-americanos durante a Segunda Guerra
A ex-primeira-dama Laura Bush, mulher de George W. Bush, disse que a estrutura se assemelha aos campos de detenção usados para prender nipo-americanos nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial.
"Numa das gaiolas havia 20 crianças. Havia também garrafas de água, sacos de batatas fritas e folhas grandes destinadas a servir de cobertores", informa a agência AP.
O senador democrata Jeff Merkley liderou uma equipe de parlamentares durante a visita ao complexo de Ursula, no último domingo.
Merkley ganhou as manchetes no início deste mês quando tentou entrar em outra instalação que abrigava cerca de 1.500 crianças em uma loja desativada do Walmart - e não foi autorizado.
Após visitar Ursula, o senador disse à CNN que um grande número de menores de idade estavam dentro de "uma gaiola de arame de cerca de 10x10 metros trancada com cadeados".
"Devo dizer, no entanto, que eles eram muito menos do que quando estive aqui há duas semanas. Me disseram que ônibus cheios de crianças foram levados antes de eu chegar."
Além disso, o senador Chris Van Hollen, de Maryland, expressou choque e raiva com as condições que viu.
"Acabei de sair do Centro de Triagem da Patrulha de Fronteira em McAllen, também conhecida como 'canil'. Eu testemunhei como as crianças estavam amontoadas, separadas de suas mães e pais. @realDonaldTrump, mude hoje sua política vergonhosa! #FamiliesBelongTogether ", diz o tweet.
Três alas
Em Ursula, mais de 1.100 imigrantes aguardam para serem processados.
Eles estão separados em três alas: crianças desacompanhadas, adultos sozinhos e pais com seus filhos.
As autoridades disseram que quase 200 dos detidos eram menores desacompanhados e outros 500 eram pais com seus filhos.
Em uma das unidades, 1.100 imigrantes aguardam em três alas para serem processados: crianças desacompanhadas, adultos sozinhos e pais com seus filhos
O jornal Los Angeles Times, que também enviou uma equipe para o centro de detenção, descreveu a instalação de 22 mil m² como "limpa, espaçosa e com piso de concreto".
O agente de patrulha responsável pela área, John Lopez, disse ao jornal que os 42 banheiros químicos do local são limpos três vezes ao dia.
Há três paramédicos, dois membros da equipe médica e 310 funcionários, mas não há equipe de saúde mental ou treinamento, detalha o jornal.
As luzes do prédio ficam acesas o tempo todo.
Do tamanho de um Walmart
A cerca de 80 km de distância, na cidade de Brownsville, cerca de 1.500 crianças estão alojadas em um prédio que já foi um hipermercado da rede Walmart.
As crianças, entre 10 e 17 anos, foram detidas quando atravessavam a fronteira ilegalmente.
É a maior instalação nos Estados Unidos para crianças e o número aumentou em centenas no último mês.
Cerca de 1.500 pessoas estão alojadas em uma antiga loja do Walmart
No dia 4 de junho, o senador Merkley mostrou em uma transmissão ao vivo pelo Facebook que a equipe de segurança negou sua entrada no local, conhecido como "Casa Pai".
Esse fato gerou dúvidas sobre as condições em que as crianças estavam no local.
Na semana passada, vários meios de comunicação puderam entrar para ver as instalações. Nenhuma gaiola foi mencionada, mas eles compararam a acomodação a um armazém gigante.
Para abordar aqueles que chegam agora, com a nova política de "tolerância zero" em vigor, berços foram adicionados aos dormitórios da "Casa Pai".
O jornal New York Times descreveu o local como "limpo, grande e brilhante", com crianças recebendo aulas seis horas por dia e recreio ao ar livre durante duas horas por dia. O local conta com 48 trabalhadores, incluindo três médicos.
O presidente americano, Donald Trump, afirmou na última quarta-feira que irá acabar com a separação de pais e filhos detidos na fronteira.
Trump assinou um documento que determina que elas fiquem em um mesmo centro de detenção que os pais.
Trauma a longo prazo?
"As crianças que foram separadas de seus pais já estão traumatizadas", disse o senador Merkley.
Segundo Merkley, uma vez separados, não importa se o piso é varrido ou se estão bem agasalhados.
As autoridades dizem que estão tentando manter os irmãos juntos e não separar as crianças menores de quatro anos de seus pais.
As autoridades dizem que estão tentando manter os irmãos juntos e não separar as crianças menores de quatro anos de seus pais
Mas Anne Chandler, diretora do Centro de Justiça Tahirih em Houston, uma organização sem fins lucrativos que ajuda crianças imigrantes na fronteira sul dos Estados Unidos, disse à revista Texas Monthly que tinha ouvido histórias de "crianças muito jovens, inclusive algumas que precisam ser amamentadas, e com menos de três anos de idade, separadas dos pais em abrigos".
"Eu estava falando com uma mãe, quando ela disse: 'não levem meu filho', e a criança começou a gritar, vomitar e chorar histericamente. A mulher pediu aos funcionários: 'Posso tentar confortá-la pelo menos por cinco minutos?' Mas eles negaram", disse Chandler à revista.
A Academia Americana de Pediatria advertiu na semana passada que "experiências altamente estressantes, incluindo a separação da família, podem causar danos irreparáveis ao desenvolvimento ao longo da vida, alterando a arquitetura cerebral de uma criança".
Reportagem atualizada dia 21 de junho de 2018.
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Revezamento masculino | A equipe brasileira – medalha de prata em Sydney, em 2000, e bronze em Atlanta, em 1996 – ficou com o oitavo lugar e último lugar na final do revezamento 4 X 100 masculino, neste sábado.
Claudio Roberto Sousa, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Vicente Lenílson terminaram a prova em 38s67.
A medalha de ouro na prova ficou com a equipe da Grã-Bretanha, com 38s07, deixando os americanos para trás por apenas um centésimo de segundo.
A equipe da Nigéria ficou com o bronze, com 38s23.
Vôlei feminino
A seleção brasileira feminina de vôlei ficou em quarto lugar nas Olimpíadas de Atenas, deixando escapar a medalha de bronze, depois de perder para Cuba por 3 sets a 1 neste sábado.
O jogo teve parciais de 22/25, 22/25, 25/14 e 17/25 e garantiu às cubanas o bronze.
Ouro duplo
O marroquino Hicham El Guerrouj conquistou uma segunda medalha de ouro em Atenas neste sábado, desta vez nos 5.000m.
O vencedor dos 1.500m ganhou uma disputa sensacional na última volta contra o etíope Kenenisa Bekele, ouro nos 10.000m e recordista mundial da prova.
O marroquino era considerado até Atenas o maior meio-fundista a nunca ter ganhado medalhas de ouro em Jogos Olímpicos.
El Guerrouj comemorou fazendo com os dedos o "vê da vitória", que também remete aos dois ouros conquistados na competição.
Basquete feminino
A Rússia derrotou o Brasil na disputa pelo bronze do basquete feminino neste sábado por 71 a 62.
As brasileiras ficaram com a quarta colocação.
Ginástica rítmica
O Brasil ficou na oitava posição na final de ginástica rítmica neste sábado. O desempenho foi o mesmo conseguido em Sydney, no ano 2000.
O conjunto brasileiro marcou um total de 44.400 pontos, 21.900 na apresentação de cinco fitas e 22.500 na de arco e bola.
A medalha de ouro foi para a Rússia, que marcou 51.100 pontos; a de prata ficou com a Itália, com 49.450; e o bronze foi para a Bulgária, com 48.600 pontos.
Tornado
O tripulação brasileira de Tornado, formada por Mauricio Santa Cruz e João Carlos Jordão, ficou em 16º lugar na décima-primeira e última regata, disputada na marina de Agios Kosmas.
A tripulação encerrou sua participação nos jogos em 17º lugar na colocação geral.
Ciclismo
O ciclista brasileiro Edvandro Souza Cruz completou o percurso olímpico do mountain bike nesta sexta-feira em 33º lugar, com o tempo de 2h30min35.
O francês Julien Absalon venceu a prova com o tempo de 2h15min03.
Futebol
A Argentina derrotou o Paraguai na manhã deste sábado por 1 a 0, conquistando a medalha de ouro no futebol em Atenas.
O primeiro e único gol da partida foi feito aos 17min do primeiro tempo.
Esse foi o primeiro ouro da Argentina em 52 anos de jogos.
Já o Paraguai, que ficou com a prata, recebe sua primeira medalha da história.
A Argentina entrou em campo como a favorita, tendo vencido todos os cinco jogos anteriores, sem conceder nenhum gol para seus adversários.
Handebol
A Seleção Brasileira feminina de handebol perdeu para a Hungria por 17 a 14, neste sábado em Atenas.
Com o resultado, vai disputar o sétimo lugar com a China neste domingo.
A Hungria disputa o quinto lugar com a Espanha, que derrotou as chinesas por 27 a 23.
Luta livre
O brasileiro Antoine Jaoude foi eliminado na categoria 96kg da luta livre ao perder para o atual bicampeão mundial, Eldar Kurtanidze, da Geórgia.
O brasileiro ainda luta, às 17h30 (11h30 de Brasília), contra o iraniano Alireza Heidari, mas ambos estão fora da disputa por medalhas.
Hipismo
O conjunto formado por Rodrigo Pessoa e Baloubet du Rouet conquistou a medalha de prata no hipismo.
Eles completaram o percurso da última série sem cometer nenhuma falta. Por terem feito uma série perfeita, eles levaram apenas os oito pontos perdidos na etapa anterior.
O irlandês Cian O'Connor, com quatro pontos perdidos, ficou com a medalha de ouro.
Pessoa é considerado o melhor cavaleiro brasileiro de todos os tempos. Ele conquistou o bronze por equipe em Atlanta 1996 e em Sydney 2000
Futebol
A Itália venceu o Iraque por 1x0 pela disputa do bronze no futebol masculino.
Com o resultado, foram frustradas as esperanças iraquianas de conquistar uma medalha nos Jogos de Atenas.
Basquete
A Argentina venceu os Estados Unidos no basquete masculino e está na final do torneio.
O chamado “Dream Team” – o time dos sonhos, perdeu para os argentinos por 89 a 81 e disputa agora a medalha de bronze.
Atletismo
Vicente Lenílson, André Domingos, Cláudio Roberto Souza e Edson Luciano se classificaram para a final do revezamento 4x100 m masculino.
A equipe brasileira foi a terceira melhor da bateria disputada nesta sexta-feira, vencida pela equipe americana liderada por Shawn Crawford e Maurice Greene.
A prova final acontece no sábado, às 15h45 (horário de Brasília).
A equipe feminina do Brasil não conseguiu se classificar para a final.
Maria Almirão, Geisa Coutinho, Lucimar Teodoro e Josiane Tito ficaram em sexto lugar na sua bateria.
A final da competição também está marcada para o sábado.
Mais atletismo
O chinês Liu Xiang venceu a final dos 110 metros com barreira.
Com o tempo de 12.91 segundos, Xiang igualou o recorde mundial e estabeleceu o novo recorde olímpico.
O brasileiro Matheus Inocêncio terminou em 7º lugar na prova com o tempo de 13.49 segundos.
Ainda atletismo
A vencedora da prova dos 10 mil metros feminino foi a chinesa Xing Huina, seguida pelas etíopes Ejagayehu Dibaba e Tulu Derartu, no segundo e terceiro lugares, respectivamente.
A prova atraiu uma atençaão especial por contar com a presença da britância Paula Redccliff, uma das favoritas para a medalha de ouro na maratona.
Após se retirar da maratona, Redcliff surpreendeu aio anunciar que pretendia competir nos 10 mil metros. Ela, entretanto, desistiu da prova faltando oito voltas para o seu fim.
Redcliff declarou que “a mente estava segura, mas o corpo não aguentou”.
Vôlei
A Itália se classificou para a final masculina de vôlei ao vencer a Rússia por três a zero.
As parciais da partida foram 25/16, 25/17 e 25/16.
O destaque da partida foi Andrea Sartoretti, que marcou 20 pontos, sendo que seis deles foram aces.
O defensor Alessandro Fei disse que “talvez essa tenha sido nossa melhor partida até agora”.
Taekwondo
O brasileiro Diogo Silva foi derrotado há pouco, por 12 a 7, pelo sul-coreano Song Myeong Seob na decisão da medalha de bronze da categoria até 68kg do taekwondo.
O quarto lugar obtido por Diogo em Atenas é o melhor resultado do Brasil no esporte em Jogos Olímpicos. Em Sydney-2000, quando o taekwondo entrou no programa olímpico, o país levou como representante a lutadora Carmen Carolina, que perdeu na primeira luta e foi eliminada.
Nesta quinta-feira, Marcel Wenceslau, primeiro brasileiro a competir no taekwondo em Atenas, também caiu na rodada inicial da categoria até 58kg.
Doping
O atleta russo Anton Galkin, que competiu na prova de 400 m rasos, foi expulso dos Jogos de Atenas após ser pego em um exame antidoping.
O teste de Galkin apontou a presença de estanozol. Ele havia terminado na quarta colocação de sua semifinal, no sábado.
Galkin é o 18º atleta a ser expulso da Olimpíada por doping.
Saltos ornamentais
Os brasileiros Cassius Duran e Hugo Parisi não conseguiram se classificar para a semifinal da plataforma de 10 m.
Duran marcou 387,75 pontos e ficou na 24ª colocação. Parisi ficou na 32ª posição, com 325,08 pontos.
O australiano Mathew Helm foi o primeiro, com 513,06 pontos.
Basquete
Em uma partida apertada, a seleção feminina de basquete dos Estados Unidos venceu a Rússia por 66 a 62 e garantiu uma vaga na final da competição.
Agora, as norte-americanas enfrentam o vencedor do jogo entre Brasil e Austrália.
Mais atletismo
O brasileiro Sérgio Galdino chegou em 26° lugar, com o tempo de 4h05min02s, na marcha de 50 km disputada nesta sexta-feira.
O outro brasileiro na prova, Mário José dos Santos Júnior, ficou com a 40ª colocação, com 4h20min11s.
O medalhista de ouro foi o polonês Robert Korzeniowski, com 3h38min46s.
Mais Taekwondo
Bertrand Gbongou Liango, da República Centro-Africana, foi parar no hospital depois de receber um chute no rosto durante luta pelas eliminatórias do Taekwondo.
O atleta de 22 anos ficou desacordado após receber o golpe do austríaco Tuncay Caliskan em disputa na categoria até 68 kg.
Ciclismo
A brasileira Jaqueline Mourão chegou na 18ª colocação na prova de mountain bike dos Jogos de Atenas. Com um pneu furado logo na primeira volta, a atleta fez o tempo de 2h13min52s.
A norueguesa Gunn-Rita Dahle conquistou a medalha de ouro, com 1h56min51s; a canadense Marie-Helene Premont ficou com a prata, com 1h57min50s, e o bronze foi para a alemã Sabine Spitz, com 1h59min21s.
Protesto
O velocista grego Kostas Kenteris disse que ficou emocionado com a reação dos torcedores gregos que estavam presentes na final da prova de 200 m rasos, que foi disputada nesta quinta-feira.
Kenteris, que ganhou a medalha de ouro na prova em Sydney, desistiu de participar dos Jogos de Atenas depois de não ter comparecido a um exame antidoping.
Quando os competidores tomaram seus lugares na pista, o público começou a gritar "Hellas Hellas" ("Grécia Grécia") e "Kenteris Kenteris", vaiar e assoviar. A prova sofreu um atraso de cinco minutos.
O americano Shawn Crawford levou a medalha de ouro.
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Cai-cai | A americana Serena Williams deu início à sua caminhada rumo ao tricampeonato em Wimbledon vencendo a chinesa Jie Zheng por 6/3 e 6/1.
Mas o que tem deixado a tenista mais entusiasmada atualmente é o futebol, mais especificamente a seleção inglesa, que disputa a Eurocopa em Portugal.
“É estranho. Eu me tornei uma grande fã da Inglaterra. Sou uma grandetorcedora de Tim Henman agora”, brincou Serena.
Ela disse que gritou muito assistindo pela TV ao jogo em que a Inglaterra derrotou a Croácia na segunda-feira. “Cheguei a pensar: por que estou gritando tanto?”
Ela disse que adora Wayne Rooney, Michael Owen e David Beckham. Mas contou que ainda não sabe o que é um impedimento.
“Só sei que os jogadores caem muito em campo”, disse Serena. “Qualquer rajada de vento e eles já estão se jogando no chão.”
Tocha olímpica
A tocha olímpica, que tanto sucesso fez quando passou pelo Rio de Janeiro, chega a Londres neste fim de semana.
O revezamento vai começar na quadra central de Wimbledon, no sábado às 11h. A tocha segue até o centro da cidade, onde haverá um grande show em sua homenagem.
Entre as atrações estão Rod Stewart, James Brown, Ron Woods, Ozzy Osbourne e Jamelia.
Para todos os bolsos
Um ingresso para a final de Wimbledon custa 75 libras (R$ 430). Mas, por nove libras, o equivalente a uma entrada de cinema em Londres, pode-se assistir aos jogos das quadras secundárias.
Esse preço vale para a primeira semana do torneio, a partir das 17 horas.
Nesse horário, ainda há muitos jogos em andamento, e as partidas só são encerradas por volta de 21 horas, quando não há mais luz natural.
Outra opção barata é comprar ingressos de quem vai embora no meio do dia.
Essas pessoas são convidadas a depositar seus tíquetes usados em urnas que ficam ao lado dos portões, e a organização do torneio se encarrega de vendê-los por 5 libras (R$ 29), até as 17h, e por 3 libras (R$ 17) depois desse horário.
Será que agora vai?
Há uma pergunta repetida ano após ano na cabeça dos torcedores em Wimbledon, além de “será que vai chover?”.
O que eles querem saber é: “será que desta vez Tim Henman vai ganhar o título?”.
O jogador britânico de maior destaque atualmente carrega sobre seus ombros a responsabilidade de finalmente dar um novo título para a Inglaterra. O ultimo inglês a ser campeão em Wimbledon foi Fred Perry, em 1936.
Henman já jogou em Wimbledon 11 vezes. Seu melhor resultado foi ter chegado quatro vezes às semi-finais.
Ele diz que o nascimento de sua filha, Rose, mudou sua maneira de encarar o tênis.
“Ela não quer saber se você ganhou ou perdeu, só quer sua atenção”, afirma Henman. “Isso ajuda.”
De volta
A eslovaca Daniela Hantuchova derrotou a americana Samantha Reeves por 6/1 e 6/4 e voltou a sorrir.
Ela não lembrava em nada a jogadora que foi eliminada na segunda rodada de Wimbledon no ano passado e saiu da quadra aos prantos, deixando os torcedores preocupados com seu estado físico e psicológico.
Na época, Daniela estava tão magra que houve quem dissesse que ela sofria de anorexia.
De volta ao peso normal, 55 quilos, a jogadora de 1,80m diz ter encontrado de novo o prazer de jogar tênis.
“Eu acho que o principal é realmente gostar do que estou fazendo em quadra, me divertir e ficar relaxada porque eu acho que é assim que eu jogo o meu melhor tênis.”
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Eu coloco a culpa no frio. | Recentemente, motivos profissionais me levaram de volta à Inglaterra por dez dias. No último deles, acordei e vi tudo branco - a maior quantidade de neve em quatro anos, dizem.
Isso é a alegria da criançada: dá para fazer homem de neve, brincar com bola de neve e sonhar que não vai ter escola no dia seguinte. Mas, para quem tem de que se deslocar, é um pesadelo.
O aviso foi o seguinte: se não houver necessidade, não tente viajar para lugar nenhum. De carro, não saia sem uma pá para limpar o caminho.
Tive necessidade - queria voltar para o Rio na véspera do verão. Tem necessidade maior?
Táxi para o aeroporto? Nem pensar. Táxi para me pegar na casa da minha mãe? Também, sem chance. Tive que carregar a mala por pelo menos dez minutos com neve até os joelhos para encontrar um taxista que me levasse à estação de trem, para depois fazer conexão com o metrô e chegar ao aeroporto.
Uma viagem épica, então - divertida, é verdade, mas um pouco estressante, pois você sai de casa sem a certeza de que vai chegar.
Ou seja, foi o frio que causou o estresse, e o estresse que causou a perda que agora me deixa com um dilema.
Não sei onde eu coloquei, não sei como aconteceu, não sei nada. Só sei que perdi o meu celular brasileiro. Deixei-o em algum lugar no solo britânico.
Acho que é somente o meu terceiro aparelho em quase 20 anos. Como os dois anteriores, não faz grande coisa. Faz e recebe ligações, manda e recebe mensagens de texto. E só. Ou melhor, fazia essas coisas - não é fácil aceitar, mas tenho que começar a pensar nesse celular somente no passado.
Ter um celular assim, hoje em dia, é uma excentricidade quase imperdoável, algo além da imaginação da grande maioria. Já virei motivo de zoação ao vivo na televisão brasileira por usar um treco considerado peça de museu.
Quando os celulares eram vistos como 'tijolos'
O que me espanta aqui é a velocidade da mudança. Quase duas décadas atrás, quando adquiri o meu primeiro celular, eu estava à frente da curva. Ainda era raridade.
Lembro que quando fui assaltado, no final de 2000, entreguei tudo, menos o celular. O escondi, e, voltando para casa depois, o choque tomando conta, tentei enfiá-lo na meia para não perder - tarefa difícil devido ao tamanho do aparelho, hoje em dia visto como tijolo.
Então, ainda no século 20, eu era quase um pioneiro. Mas hoje parece que já fui ultrapassado várias vezes pela grande maioria da humanidade.
Lá estava eu, feliz com uma máquina que faz (fazia, desculpe) ligações e torpedos. Mas passado menos de um quinto do século 21, as pessoas já se acostumaram a viver olhando para baixo, com as suas fotos e aplicativos, obcecadas com a buginganga portátil.
Quando eu comprei o meu primeiro celular, nem existia no mundo um laptop capaz de utilizar conexão wi-fi, o que aconteceu em 1999. A banda larga chegou em 2000 - quantos ainda lembram do barulho do modem conectando pelo telefone? Tecnologia 3D chegou em 2001, Facebook (não, não tenho) foi lançado em 2004 e, no final da década, chegaram os tablets, o streaming de música e vídeos e a grande penetração das mídias sociais.
São mudanças incríveis, e parece que não sabemos ainda para onde isso tudo está nos levando. Entramos na época da informação - uma commodity muito difícil de precificar com modelos convencionais, já que o custo de reproduzir alguma coisa numa versão digital é perto de zero.
Colunista perdeu o celular durante viagem à Inglaterra, que enfrenta nevascas
E a distribuição gratuita de informação torna desnecessários vários empregos; pense em jornais, por exemplo. Além de pessoas para escrever o conteúdo, precisam de gente para imprimir e distribuir os exemplares em caminhões, além de jornaleiros para vender. Agora, o público pode receber notícias direto na tela, e muitos cresceram com a concepção de que a informação é grátis.
Novas tecnologias criam novas pessoas. Agora, os sociólogos falam em "gente conectada" - e hoje em dia até um operário de fábrica na China tem acesso à informação além da imaginação do maior tecno-nerd de poucas décadas atrás.
Qual vai ser o efeito disso nos rumos da humanidade? Realmente tem o potencial de unir as pessoas? Ou de separar cada um no seu mundinho? Houve esperanças de que as mídias sociais seriam tijolos para construir uma nova democracia - mas já estamos vendo os perigos, e como eles podem ser manipulados.
Será, então, que realmente quero fazer parte desse (admirável?) mundo novo? Ou seria melhor manter meu estilo e ficar com um aparelho que somente faça ligações e mensagens de texto? A verdade é que não sei. Acho que o frio congelou o meu cérebro.
*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formado em História e Política pela Universidade de Warwick.
Leia colunas anteriores de Tim Vickery:
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Existe vida fora da Terra? | Sonda do tamanho de um carro está sendo desenvolvida em um laboratório na Califórnia | Foto: Nasa
A Nasa, agência espacial americana, se prepara para lançar, em menos de três anos, uma sonda que vai vasculhar a superfície de Marte, coletando rochas para responder uma pergunta que povoa a imaginação da humanidade há muitas gerações.
"O que vamos aprender com as amostras coletadas durante a missão tem o potencial de responder se estamos sozinhos no universo", afirmou o cientista Ken Farley, em um comunicado recente da Nasa.
O robô Mars 2020 é peça central dessa empreitada. Do tamanho de um carro do tipo caminhonete, ele está sendo desenvolvido em um laboratório em Pasadena, na Califórnia.
Tem "corpo" bojudo, "pernas" finas e "pescoço" comprido, sobre o qual se eleva uma "cabeça" com um "olho" só.
Broca extrairá amostras do núcleo de rochas do tamanho de um bastão de giz | Foto: Nasa
O tamanho se deve à necessidade de cruzar terrenos acidentados e transportar consigo um grande arsenal de equipamentos. Batizada temporariamente com o mesmo nome do projeto, a sonda Mars 2020 é muito parecida com outra que percorre o Planeta Vermelho desde 2012, a Curiosity.
Segundo a Nasa, cerca de 85% do seu hardware foi "herdado".
"Essa é uma grande vantagem para essa missão", afirma Jim Watzin, diretor do programa de exploração de Marte da Nasa.
"Economiza dinheiro, tempo, e, acima de tudo, reduz os riscos."
Novas tecnologias
Baseado na sonda Curiosity, novo robô terá melhorias, como um laser capaz de vaporizar rochas | Foto: Nasa
Mas o novo robô terá uma série de melhorias quando for lançado em 2020, como rodas mais resistentes, câmeras coloridas, lentes com zoom, um sistema de navegação mais preciso, maior autonomia e um laser capaz de vaporizar as rochas e o solo para identificar sua composição química.
Também contará com novos instrumentos, como um tipo especial de raio-X e um laser ultravioleta, que vão buscar bioassinaturas – características semelhantes às da Terra – em escala microscópica e em áreas tão pequenas quanto a de um grão de sal.
Ao mesmo tempo, um radar capaz de penetrar a superfície será o primeiro instrumento a analisar o subsolo de Marte, mapeando camadas de rocha, água e gelo a até dez metros de profundidade.
A sonda terá ainda uma broca para extrair amostras do núcleo de rochas do tamanho de um bastão de giz. Cerca de 35 amostras serão encapsuladas, vedadas e depositadas na superfície do planeta para que sejam resgatadas por outra missão no futuro.
"Reuniremos dados científicos de uma forma que não era possível antes", disse George Tahu, que integra a equipe da missão da Nasa.
Pouso mais preciso
Nova tecnologia direcionará sonda para áreas mais seguras e de maior interesse para cientistas | Foto: Nasa
Além disso, está sendo criada uma tecnologia mais eficiente de aterrissagem, que fará correções no curso da descida da sonda para direcioná-la a áreas mais seguras e de maior interesse para os cientistas, minimizando a chance de erros e as distâncias a serem percorridas.
"Isso permitirá chegar a locais que eram muito arriscados para a Curiosity explorar", explica Al Chen, líder da equipe que desenvolve esse atributo da nova sonda.
Nos próximos anos, a equipe vai avaliar as vantagens e desvantagens de cada local de aterrissagem para determinar onde o Mars 2020 pousará.
"Essa é a decisão mais importante que temos pela frente", avalia Farley.
A missão pode finalmente trazer uma resposta para um trabalho que começou há duas décadas, quando a primeira sonda da Nasa pousou em Marte.
Se tudo correr conforme o planejado, a investigação obterá indícios inéditos sobre a existência ou não de vida nos primórdios do Planeta Vermelho, que hoje é inóspito.
Cientistas acreditam já ter existido uma atmosfera relativamente densa em Marte, com lagos e rios, há mais de 3,5 bilhões de anos.
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Como saber se uma melancia está madura? | Chineses acreditam que costume de bater na melancia é algo do seu país, mas estão equivocados aparentemente
Bem, diz-se que, ao bater na casca da fruta e escutar atentamente o som produzido, é possível checar se ela está boa para consumo.
A teoria esteve no centro de uma grande polêmica na China, onde milhares de pessoas discutiram na rede social Sina Weibo sobre o assunto por causa de uma controvérsia lançada em um país a milhares de quilômetros de distância.
Tudo começou quando um chinês publicou uma foto de um aviso de um supermercado na Itália que pedia aos clientes para não baterem nas melancias.
Sobre uma pilha de melancias, a placa diz: 'Pedimos gentilmente aos clientes para não baterem nas melancias. Elas não responderão!!!'
Não há qualquer sinal de que o supermercado estava se dirigindo especificamente aos clientes chineses. O aviso estava escrito em italiano, não em mandarim.
Fim do Talvez também te interesse
Ainda assim, os chineses o interpretaram como um ataque a uma prática considerada por muitos como um costume único de seu país.
Piadas
A foto foi originalmente publicada por um usuário chamado "Isolated Guardian" (guardião isolado, em inglês), que seria supostamente um chinês que vive em Milão.
A imagem já foi removida de sua página, mas, segundo o site What's on Weibo, foi muito compartilhada depois de a mídia da China divulgar que ele seria direcionado a clientes chineses.
Muitos fizeram piadas sobre o caso, enquanto outros postaram fotos em que "ouviam" a resposta das melancias após as batidinhas.
Usuária do Twitter diz: "Parem de bater na melancia. Na verdade, é uma forma de saber se a melancia está boa ou não
Mensagem publicada no Twitter diz: "Toc, toc. Quem é? A melancia. Que melancia? A melancia 'por favor não bata na minha porta de novo'
Após pedido viralizar, chineses publicaram fotos em que 'ouviam' melancias
Caso gerou um grande debate em uma rede social da China
Preocupação com imagem
Essa polêmica ilustra como muitas pessoas na China se preocupam com a forma como são vistas ao redor do mundo.
Recentemente, o ministro de Relações Exteriores da China desmentiu uma notícia de que empresas de alimentos do país estavam enlatando carne humana para vendê-la na África como carne de vaca. Autor da reportagem, o tablóide KACHEPA, da Zâmbia, retratou-se pelo fato.
Turistas chineses também estiveram no centro de controvérsias na Tailândia, depois de uma modelo local acusá-los de serem mal educados por furarem fila e deixarem os banheiros dos aeroportos sujos.
A verdade é que os chineses estão sempre a postos para rebater fatos falsos sobre o país e zelar por sua reputação - assim como a mídia chinesa com frequência considera relatos publicados em redes sociais como verdadeiros.
Costume quase universal
No caso da polêmica em torno das melancias, alguns explicaram que o costume de bater nas frutas foi passado a eles por seus pais.
Mensagem diz: 'Minha mãe tetou minha habilidade de bater na melancia para escolher uma boa fruta'
Mas uma rápida busca na internet revela que os chineses não são os únicos que fazem isso. Bater na melancia e esperar ouvir um som oco é, na verdade, um costume quase universal.
Há uma série de vídeos e textos de blogs na internet com conselhos sobre como escolher uma boa fruta. A prática aparece inclusive em filmes e animações - o "Nu, pagodi!", um popular desenho russo, a incluiu em um dos seus episódios.
Costume foi tema de um popular desenho animado russo
Não há uma técnica 100% eficaz para escolher uma boa melancia. Mas, mesmo sob o risco de causarmos um incidente diplomático, sugerimos algumas formas de checar a qualidade da fruta:
Claro que, se tudo isso falhar, você pode sempre dar uma batida na melancia - e esperar ela responder.
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The story…
| Nesta série, jornalistas da BBC te ajudam a aprender e praticar inglês com uma das notícias mais interessantes da semana. Assista ao vídeo e acompanhe o vocabulário.
An app to calm you down
Learn language related to…
Mental health
Need-to-know language
depressed – sad and hopeless
open up – talk about your feelings
comfort – (here) a pleasant feeling
counsellor – someone trained to give advice to people after hearing their problems
therapy – treatment to make people feel better
Answer this…
How do the app creators earn money from the software?
Watch the video online:
http://www.bbc.co.uk/learningenglish/english/features/lingohack/ep-180418
Transcript
It’s been less than a year since G. A. Sharma was laid off from his job in India’s IT sector. But the experience left Mr Sharma feeling angry and sometimes even depressed. And he found it difficult to open up to his family. But he did find some comfort in a chatting app called Wysa.
The chat robot, or chatbot, behaves like a counsellor, focusing on what users are feeling and how to respond to them.
So this is what the future of therapy looks like. An interface where people can ask questions and this chatbot will answer. So if I type in a question about, say, losing my job, the codes in the software process it and give you options.
I’d like to help but first could I do a quick check to see how this is affecting you? Option one – yes, sure; option two – maybe later.
The founders say the year-old chatbot has 200,000 clients, who are using this app for free. The company behind the chatbot makes money from professional therapists and firms that use the app.
Artificial intelligence-based counselling is a new field and there isn’t a clear consensus on how effective it is.
Did you get it?
How do the app creators earn money from the software?
The chatbot makes money from professional therapists and firms that use the app.
Did you know?
The first mobile phone call was made on 3 April 1973. In 2012, a report carried out by the International Telecommunication Union found that there were six billion mobile phone subscriptions worldwide. At the time, the global population was seven billion.
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Simples não significa fácil. | "Mapa fractal de Collatz na vizinhança de uma reta real" - belo mas indecifrável, sobretudo para quem não conhece a matemática
E este problema, um dos buracos negros da matemática, é prova disso.
Ele começa dando muitas possibilidades de como chamá-lo: talvez a denominação mais comum seja conjectura de Collatz, em referência ao matemático alemão Lothar Collatz, o primeiro a propô-lo, em 1937.
Mas é possível encontrá-lo como conjectura de Ulam (pelo matemático polonês-americano Stanisław Marcin Ulam), problema de Kakutani (pelo matemático nipo-americano Shizuo Kakutani), conjectura de Thwaites (pelo acadêmico britânico Bryan Thwaites), algoritmo de Hasse (pelo matemático alemão Helmut Hasse) ou problema de Siracusa.
E não é tudo: a sequência em questão também pode ser chamada de números de granizo ou números maravilhosos.
Fim do Talvez também te interesse
O nome mais descritivo talvez seja conjectura de 3n + 1.
Simplicidade complexa
Mas não é isso que desafia os matemáticos: seja qual for o nome, continua sendo o problema impossível mais simples de todos.
Qualquer pessoa que saiba somar, dividir e multiplicar pode entender do que se trata, seguir a sequência de números e até tentar resolvê-lo.
Desde os anos 1930, contudo, ninguém conseguiu explicá-lo, prová-lo ou refutá-lo.
Em algum momento especulou-se que a conjectura pudesse ser uma estratégia soviética para distrair os cientistas.
Deste modo, antes de apresentar o problema, vale lembrar uma advertência de um dos matemáticos mais produtivos - e excêntricos - do século 20:
A matemática não está pronta para este tipo de problema (...) Absolutamente impossível."
Eis o problema:
Comece com um número natural inteiro qualquer (1, 2, 3, 4, 5...).
Depois aplique essas mesmas regras simples ao resultado.
Comecemos com 10, que é par.
10 ÷ 2 = 5, que é ímpar, então aplicamos a segunda regra.
5 x 3 = 15 + 1 = 16.
Como é par... 16 ÷ 2 = 8
8 ÷ 2 = 4
4 ÷ 2 = 2
2 ÷ 2 = 1
Até aqui, simples.
O que torna o problema intrigante é que não importa com qual número comece, eventualmente sempre chegará a 4, que se converte em 2 e termina em 1.
Pelo menos é esse o caso com todos os números que foram testados, e já se tentou usar alguns quase absurdos.
Jason Davies, programador que faz excelentes visualizações de dados, criou um gráfico sobre a conjectura de Collatz: todos os números levam ao 1.
Supercomputadores fizeram o problema com números que vão até aproximadamente 5.764.607.500.000.000.000.
Todos eventualmente chegam a 2 ÷ 2 = 1.
Contudo, como os números são infinitos, isso não prova que esse seja o caso para todos os números naturais.
Mas como não se encontrou uma exceção, tampouco há provas de que não seja assim.
Outra questão é resolver o eterno por quê. Por que os números se comportam assim?
Devo avisá-los que não tentem resolvê-lo na mente ou calculá-lo na parte de trás de um velho envelope."
Granizo
O problema chega sempre ao mesmo ponto, não importa como.
A confusão é que na hora de resolvê-lo desenhando um algoritmo (sequência finita de regras, raciocínios ou operações que permite solucionar classes semelhantes de problemas), há pedras de gelo no caminho.
Como o granizo nas nuvens antes de cair, os números saltam de um lugar ao outro antes de chegar ao 4, 2, 1.
Uns mais e outros menos, sem sentido aparente.
Iterações necessárias para chegar a 4, 2, 1 para os números de 2 a 10.000.000
A maior quantidade de escalas que faz um número inicial menor de 100 milhões para chegar a 4, 2, 1 é 986.
Mas enquanto a "viagem" é mais curta para os múltiplos de 2, outros levam mais tempo.
Um exemplo citado com frequência é a comparação entre os números 8.192 e 27.
O 8.192 leva 13 passos para chegar ao final aparentemente inescapável: 4, 2, 1.
O número 27 não apenas leva 111 passos para chegar, mas no caminho sobe até 9.232 antes de poder alcançar o 4, 2, 1.
A ausência de padrões dificulta ainda mais resolver uma conjectura já classificada como impossível.
Se o problema é quase impossível, vale a pena continuar tentando desvendá-lo?
Curioso e relevante?
Se o problema é tão difícil, e talvez impossível, vale a pena continuar tentando resolvê-lo?
"Quando passar dias ou semanas tentando, em vão, resolver um problema, pense no pobre Sísifo e em sua pedra", aconselhou o geometrógrafo Coxeter.
"Como (o matemático alemão) Felix Behrend diz ao final de seu livro, 'Sísifo e sua pedra são símbolos do homem e de sua eterna luta, incessante, inalcançável e, contudo, sempre triunfal. O que mais se pode pedir?'"
Poético, mas se isso não o convence sobre a importância de esclarecer esse mistério, recorramos aos especialistas do Mathematics Stack Exchange, site de perguntas e respostas para pessoas que estudam matemática em qualquer nível e profissionais de áreas relacionadas.
"Os matemáticos suspeitam que solucionar a conjectura de Collatz abrirá novos horizontes e desenvolverá novas e importantes técnicas na teoria dos números", disse Greg Muller.
"O problema de Collatz é suficientemente simples para que qualquer pessoa o entenda, e não se relaciona apenas com a teoria dos números, mas com problemas de decidibilidade, o caos e com fundamentos da matemática de computação. Melhor impossível", escreveu o usuário Matt.
"Outra razão é que, por ser fácil de apresentar e entender, tem potencial de atrair jovens para a matemática. Eu mesmo soube de sua existência no ensino médio e não resisti a seu encanto", comentou Derek Jennings.
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A Itália vive tempos difíceis. | O objetivo da iniciativa "o direito de dizer adeus" é permitir que as pessoas doentes se despedam de seus entes queridos
Com cerca de 5,5 mil mortes registradas, o país ultrapassou a China em número de mortos por covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Apesar das várias medidas implementadas — como quarentena obrigatória a nível nacional, fechamento de bares e restaurantes e proibição de reuniões públicas — os italianos ainda não conseguiram superar a dramática crise de saúde resultante da disseminação do vírus.
A falta de profissionais de saúde, respiradores, máscaras faciais e outros equipamentos essenciais para combater a pandemia fez o sistema de saúde deste país praticamente entrar em colapso.
Em meio a este cenário desolador, algumas pessoas vivem uma situação particularmente dramática: os pacientes mais velhos que depois de contrair a doença são internados em hospitais com pouca chance de sobreviver e ficam completamente sozinhos.
Fim do Talvez também te interesse
Devido ao isolamento, muitos dos idosos que morreram na Itália não conseguiram se despedir de seus entes queridos.
Há pouca informação sobre o que realmente está acontecendo nos hospitais.
No entanto, uma entrevista recente com Francesca Cortellaro, médica do hospital San Carlo Borromeo, em Milão, retratou o pesadelo que vivem os pacientes infectados com covid-19.
"Você sabe o que é mais dramático? Observar os pacientes morrendo sozinhos, escutá-los pedir que se despeça seus filhos e netos por eles", disse ela ao jornal italiano Il Giornale.
A médica também disse que uma idosa lhe havia pedido que visse a neta por última vez antes de morrer. Então, Cortellaro pegou o telefone e ligou para ela em vídeo.
"Elas se despediram. Logo depois, ela se foi", contou.
A triste história contada por essa médica — que deu a volta pelo mundo — motivou um grupo de militantes do partido democrático na zona 6 de Milão a liderar uma iniciativa para que os idosos isolados tenham pelo menos a possibilidade de se despedir de seus entes queridos.
Dessa forma, eles compraram cerca de 20 tablets que mais tarde foram distribuídos no Hospital San Carlo e que permitem a realização de videochamadas.
A iniciativa foi chamada "o direito de dizer adeus".
Na Itália, autoridades tiveram que montar tendas fora dos hospitais devido ao colapso do sistema de saúde
'Dói mais que a própria morte'
Um dos líderes do projeto é o vereador do partido democrático Lorenzo Musotto.
Por meio de sua conta no Facebook, o político italiano indicou que o objetivo é permitir que "os doentes cumprimentem seus entes queridos pela última vez".
Devido ao isolamento, muitos dos idosos que morreram na Itália não conseguiram se despedir de seus entes queridos.
"A ideia de não ser capaz de dizer adeus me machuca mais do que a própria morte e existem outros locais com idosos, hospitais e asilos, onde não há mais a possibilidade de dizer adeus", disse ele.
Musotto também pediu que mais tablets fossem doados para esses pacientes.
"Estou profundamente convencido da importância de máscaras, luvas, máquinas, mas o direito de dizer adeus não deve ser menos importante", afirmou.
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Reportagem | The government in Nepal says it's banning women under the age of 30 from going to work in Middle Eastern countries. The move comes after growing concerns about the exploitation of young women employed there.
: Jill McGivering
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Officially almost 60,000 Nepalese women are now working in the Middle East but the unofficial estimate is closer to 200,000. Many of them are under 30 years old and will be directly affected by the new ban.
The government's been under growing pressure to do more to protect its workers. Women employed in the informal sector as part of a household are very vulnerable. Nepal's Embassies in the region say they deal with numerous cases of alleged physical or sexual abuse, as well as complaints about unpaid wages and terrible conditions.
Many run safe houses to support women who flee their employer's homes. It's only 18 months since the government ended a 12-year ban on all women workers to the Gulf. That was imposed after a young woman working in Kuwait committed suicide. Now they're adopting this partial ban in the hope that older women might be less at risk. Nepal has a high unemployment rate and the government is trying to strike a balance between protection and allowing women to pursue opportunities.
Other countries face the same dilemma. Two months ago, Kenya banned its citizens from working in the Middle East because, it said, increasing numbers were being mistreated. Last year, Indonesia introduced a ban on women working as maids in the region. That followed numerous cases of abuse and the execution of an Indonesian maid who was accused of killing her former employer.
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growing pressure (pressão crescente) increasing force
vulnerable (vulnerável) exposed to being hurt physically or emotionally
alleged (suposto) unproven
safe houses (abrigos) buildings in a secret location used to keep people who are in danger
imposed (imposto) put in place without any choice
strike a balance (encontrar um meio-termo) find a compromise
to pursue (buscar) to follow
dilemma (dilema) difficult sutuation
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O que seu coração te diz? | Jeff Bezos deixou um trabalho bem pago e seguro para seguir sua paixão e seu instinto.
Para Jeff Bezos, fundador e presidente da Amazon e, segundo a Forbes, o homem mais rico do mundo, essa é a questão que temos de nos perguntar antes de tomar decisões na vida.
Aparentemente foi o que ele fez há 25 anos, quando decidiu desistir da segurança de um bom e muito bem pago emprego para seguir seus instintos.
Mas não foi somente a coragem de enfrentar os riscos que fizeram de sua empresa um sucesso. Para fundar a companhia, ele teve uma boa ajuda dos pais, que investiram no negócio uma substancial quantia em dinheiro.
Bezos deixou seu emprego em um banco de investimentos em Wall Street, centro financeiro dos Estados Unidos, e atravessou todo o país. Na garagem da casa de seus pais em Seattle, fundou a Amazon.
Fim do Talvez também te interesse
Era 5 de julho de 1994.
Recebida com ceticismo nos anos 90, a Amazon atualmente domina o comércio eletrônico
Talento ou escolha
Em 2010, Bezos fez um discurso emocionado durante a formatura de alunos da Universidade Princeton, onde ele também se formou. Ele explicou como foi o processo que levou à criação do que é hoje a maior empresa de comércio eletrônico do mundo.
Na ocasião, contou uma anedota da sua infância que marcou sua concepção de vida.
Quando tinha dez anos de idade, em uma viagem de carro com seus avós, o pequeno Jeff fez um cálculo matemático sobre o efeito do tabaco na saúde das pessoas.
Ele fez isso para censurar sua avó pelos anos de vida que estava perdendo ao fumar cigarros. E ela começou a chorar.
Seu avô parou ao lado da estrada, saiu do carro e abriu a porta para Jeff.
"Ele era um homem inteligente e quieto, nunca havia me dito palavras duras e pensei que talvez fosse a primeira vez ou talvez ele quisesse que eu pedisse desculpas à minha avó", contou Bezos.
"Meu avô olhou para mim e, depois de um tempo, calmamente me disse: 'Jeff, um dia você vai entender que é mais difícil ser legal do que inteligente'".
Desde então, diz o empresário, ele não perdeu de vista a importância de dar prioridade às escolhas que fazemos sobre nossos talentos.
O fundador e presidente da Amazon alcançou em 2018 o seleto grupo daqueles que têm fortuna maior que US$ 100 bilhões
Assumir os riscos
Nascido no Novo México em 1964, Bezos foi um bom estudante, mas que, como muitos de seus colegas e amigos, teve seu primeiro emprego em uma unidade da lanchonete McDonald's.
Graduado em Ciência da Computação e Engenharia Elétrica pela Universidade Princeton, Bezos levou oito anos para se tornar vice-presidente da D.E. Shaw & Co., banco de investimento de Wall Street, onde ele trabalhava quando decidiu mudar sua vida.
Em suas mãos caiu um relatório que dizia que a internet estava crescendo a uma taxa de 2.300% ao ano.
"Eu não tinha visto nem ouvido nada parecido, e a ideia de fundar uma livraria online com milhões de títulos, algo que não poderia existir no mundo físico, foi muito emocionante para mim", disse Bezos no mesmo discurso em Princeton, em 2010.
O empresário tinha então 30 anos e estava casado havia um ano com MacKenzie Bezos, que também se formou em Princeton (o casal se separou no começo desse ano).
"Queria largar o emprego e fazer essa loucura, mesmo que não fosse funcionar, porque a maioria das startups não fazia. MacKenzie me incentivou. Sempre quis ser inventor e ela queria que minha paixão continuasse", disse.
"Eu tinha um chefe que eu admirava. Contei a ele sobre minha ideia. Ele me levou para uma longa caminhada no Central Park, me ouviu e finalmente me disse que parecia uma ótima ideia, mas seria ainda melhor para uma pessoa que não tivesse um bom emprego como eu", contou.
"Essa lógica fez sentido para mim e me convenceu a pensar sobre o assunto por 48 horas antes de tomar uma decisão. Foi uma escolha difícil, mas decidi que tinha que tentar."
Os pais de Bezos emprestaram US$ 300 mil para ele fundar a própria empresa
"Eu não iria me arrepender de tentar algo e falhar, mas eu seria assombrado pela decisão caso não tentasse (abrir a própria empresa). Tomei o caminho menos seguro para seguir minha paixão, e estou orgulhoso dessa escolha."
Ajudinha dos pais
O tempo mostraria que Bezos acertou quando apostou em abrir a Amazon. Na época, ele contou com o valioso apoio de seus pais, que investiram na empresa do filho algo em torno de US$ 246 mil (cerca de R$ 1,5 milhão em valores corrigidos e convertidos) de suas economias.
A revista Forbes tem um índice chamado "Self-made score" para medir como empresários muito ricos conseguiram suas fortunas. Quem tem nota 1 praticamente herdou todo seu dinheiro, enquanto a nota 10 se refere a pessoa que criaram tudo sozinhas, sem ajuda familiar. Bezos atingiu nota 8 nessa escala - ou seja, a maior parte da sua fortuna foi conseguida por ele mesmo, mas o empresário também recebeu uma ajudinha da família.
Neste mês, faz 25 anos da fundação da Amazon, embora o lançamento da loja online tenha ocorrido um ano depois, em 1995. Hoje, ela vale mais de US$ 1 trilhão.
Em 1997, as ações da companhia começaram a ser negociadas na Bolsa de Valroes, atingindo um valor de US$ 54 milhões, e Bezos entrou para a lista de milionários com apenas 35 anos.
A partir daí, a empresa se dedicou ao crescimento, reinvestindo o faturamento em depósitos, redes de distribuição e tecnologia para armazenamento de informação.
Em 2017, expandiu seus negócios com a compra da rede varejista de alimentos Whole Foods Market, por US$ 13,7 bilhões, apostando pela primeira vez em um negócio com lojas físicas.
A Amazon controla 42% do mercado de livros em papel, 88,9% do mercado de livros eletrônicos e metade de todas as vendas on-line nos EUA.
Em paralelo, a empresa se tornou uma das maiores criadoras de conteúdo original da indústria do entretenimento, produzindo séries de televisão originais.
Além disso, comprou os direitos de transmissão de esportes ao vivo, como o futebol da Premier League na Inglaterra e os torneios de tênis da ATP.
Embora a Amazon seja famosa pela venda online de produtos que vão desde roupas a equipamentos eletrônicos e até mesmo alimentos, também opera outro negócio menos conhecido: o armazenamento de dados na nuvem.
Apesar do ceticismo gerado por uma livraria virtual há 25 anos, quando a internet não estava tão amplamente disponível, a empresa prosperou e se tornou essa gigante que conhecemos hoje.
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Futebol masculino | Pelo grupo C, a Argentina goleou a seleção da Sérvia e Montenegro por 6 a 0. A equipe argentina é a favorita para ganhar o ouro olímpico, e o time que participa dos Jogos é quase o mesmo que perdeu do Brasil nos pênaltis na final da Copa América.
Pelo mesmo grupo, Tunísia e Austrália empataram em 1 a 1.
Apesar de a Grécia ser campeã européia, o time sub-23 decepcionou a torcida e empatou com a Coréia do Sul em 2 a 2. Também pelo grupo A, Mali e México ficaram no 0 a 0.
Atletismo
A campeã mundial dos 100 m rasos, Torri Edwards, foi suspensa por dois anos após ser pega em um exame antidoping realizado no início do ano.
A corredora americana de 27 anos apresentou quantidades da substância proibida niquetamida em abril. Ela disse que a ingeriu acidentalmente, em um tablete de glicose.
Ela herdou o título mundial depois que sua compatriota, Kelli White, foi banida por também ter sido pega em um exame antidoping.
A substituta de Edwards na equipe americana ainda não foi divulgada, mas acredita-se que a veterana Gail Devers deva ficar com a vaga.
Futebol feminino
A seleção brasileira de futebol feminino venceu a Austrália por 1 a 0 na primeira partida na Olimpíada de Atenas.
A meia Marta marcou para o Brasil aos 36 minutos do primeiro tempo.
Em outros jogos do futebol feminino na Grécia, os Estados Unidos venceram a Grécia por 3 a 0, a Alemanha goleou a China por 8 a 0, e o Japão ganhou de 1 a 0 da Suécia.
Tênis
A americana Serena Williams desistiu de disputar a Olimpíada.
A tenista, que ganhou a medalha de ouro nas duplas nos Jogos de Sydney, em 2000, foi aconselhada por seu médico a não jogar em Atenas para evitar o risco de uma contusão mais séria no joelho esquerdo.
Serena deveria atuar na competição de duplas ao lado de sua irmã, Venus Williams. A irmã mais velha da dupla famosa do tênis terá agora como parceira substituta Chanda Rubin.
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A Terra é redonda ou plana? | Quem acredita que a Terra é plana dizem haver uma conspiração para nos fazer crer que o planeta é redondo
Essa pergunta pode parecer ridícula para muitas pessoas, e sua resposta, óbvia. Ou talvez não?
A teoria de que a Terra é plana ganhou adeptos nos últimos anos, com a primeira conferência de "terraplanistas" realizada no fim do ano passado nos Estados Unidos. Há inclusive celebridades de Hollywood que a defendem. E, apesar de haver muitas provas (gráficas e físicas) de que o nosso planeta é redondo, o debate ressurge com frequência.
Por isso, a fim de acabar com as especulações, o geofísico James Davis, da Universidade de Columbia, em Nova York, membro do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, idealizou um cenário de como seria a Terra se ela fosse de fato plana, tendo como base pressupostos dos terraplanistas.
1. A gravidade
Quem acredita que a Terra tem a forma de um disco parte do pressuposto de que a gravidade exerceria sua força diretamente para baixo, mas não é assim que funciona esse fenômeno. Davis esclarece que, segundo o que sabemos sobre a força gravitacional, ela puxa tudo para o centro.
Fim do Talvez também te interesse
Então, quanto mais longe do centro do disco, mais a gravidade puxaria as coisas horizontalmente. Isso teria efeitos estranhos, como sugar toda a água do mundo para o centro do disco, e fazer com que árvores e outras plantas crescessem diagonalmente, já que elas se desenvolvem na direção oposta à da gravidade.
Caminhar também seria uma tarefa complicada, com uma força que nos empurraria rumo ao centro quando tentássemos chegar à borda do disco. Seria como subir uma encosta muito inclinada.
2. O Sistema Solar
O modelo de Sistema Solar que prevalece hoje situa o Sol no centro deste conjunto, onde a Terra circula ao redor da estrela - graças a uma órbita que nos aproxima e nos distancia desse astro de acordo com a época do ano.
Os terraplanistas colocam a Terra no centro do Universo, onde o Sol opera como uma lâmpada que irradia luz e calor de lado a outro do planeta, mas não falam de uma órbita.
Os planetas do Sistema Solar giram ao redor do Sol atraídos por sua gravidade
Davis acredita que, sem essa órbita ou a força gravitacional do Sol, nada impediria que o planeta fosse expelido para fora do Sistema Solar.
Uma Terra plana teria outra incongruência. Se o Sol e a Lua circulam sobre o planeta, seria possível haver dias e noites, mas não as estações, eclipses e outros fenômenos astronômicos que dependem do formato esférico da Terra.
Além disso, o Sol teria que ser menor do que a Terra, caso contrário poderia nos queimar ou cair sobre nós. Davis destaca, no entanto, haver medições suficientes que mostram que o Sol tem mais de 100 vezes o diâmetro da Terra.
3. Campo magnético
As leis da física que conhecemos hoje em dia estabelecem que o núcleo da Terra gera seu campo magnético.
As belas auroras boreais são produzidas quando o vento solar se choca com o campo magnético da Terra
Em um planeta plano, segundo os defensores desse modelo, esse campo não existe. Sendo assim, diz o especialista, não haveria uma atmosfera, o que faria com que o ar e os mares fossem parar no espaço. É o que ocorreu em Marte quando o planeta perdeu seu campo magnético.
4. Atividade tectônica
O movimento das placas tectônicas e os movimentos sísmicos são explicados apenas com uma Terra redonda. "Só em uma esfera as placas se encaixam de uma forma sensata", diz Davis.
Os movimentos das placas de um lado da Terra afetam os movimentos no outro lado. As áreas da Terra que criam formações para cima da crosta terrestre, como a Cordilheira dos Andes, são contrabalanceadas por outras que formam depressões, como os vales.
Nada disso seria explicado adequadamente com uma Terra plana. Não seria possível entender por que existem montanhas ou terremotos.
As cordilheiras e muitos outros fenômenos geofísicos, como os vulcões, são produzidos por movimentos das placas tectônicas
Também teria de haver uma explicação para o que acontece com as placas na borda do mundo. Poderíamos imaginar que elas cairiam, mas os terraplanistas defendem que existe um "muro de gelo" na borda, criado pela Antártida, algo muito difícil de acreditar, opina Davis.
Para concluir, diz o especialista, se vivêssemos em uma Terra plana, não teríamos nenhuma dúvida disso, porque tudo seria muito diferente de como conhecemos hoje.
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Convocados: | 1- Robinson, goleiro (Tottenham Hotspur, da Inglaterra)2- Garry Neville, defensor (Manchester United, da Inglaterra)3- Ashley Cole, defensor (Arsenal, da Inglaterra)4- Gerrard, meia (Liverpool, da Inglaterra)5- Rio Ferdinand, defensor (Manchester United)6- Terry, defensor (Chelsea, da Inglaterra)7- Beckham, meia (Real Madrid, da Espanha)8- Lampard, meia (Chelsea)9- Rooney, atacante (Manchester United)10- Micahel Owen, atacante (Newcastle, da Inglaterra)11- Joe Cole, meia (Chelsea)12- Sol Campbell, defensor (Arsenal)13- James, goleiro (Manchester City, da Inglaterra)14- Bridge, defensor (Chelsea)15- Carragher, defensor (Liverpool)16- Hargreaves, meia (Bayern de Munique, da Alemanha)17- Jenas, meia (Tottenham Hotspur)18- Carrick, meia (Tottenham Hotspur)19- Lennon, meia (Tottenham Hotspur)20- Downing, meia (Middlesbrough)21- Crouch, atacante (Liverpool)22- Green, goleiro (Norwich, da Inglaterra)23- Walcott, atacante (Arsenal)
Jogos (Grupo B)
Inglaterra x Paraguai – 10 de junho, 10h (Brasília), Frankfurt
Inglaterra x Trinidad e Tobago – 15 de junho, 13h (Brasília), Nuremberg
Inglaterra x Suécia – 20 de junho, 16h (Brasília), Colônia
Como chegaram à Alemanha: De forma sofrida. A classificação ficou ameaçada depois da surpreendente derrota para a Irlanda do Norte, mas, no final, ainda acabaram como primeiros do grupo.
Destaque nas eliminatórias: O defensor holandês Barry Opdam. O seu gol contra a República Tcheca não assegurou apenas a vitória da Holanda, mas também o lugar da Inglaterra na Copa.
Técnico: Sven-Goran Eriksson. Quando assumiu o time em 2001, era o sueco sofisticado, urbano, com um cérebro racional e frio para o futebol. Os tempos, e as opiniões, são outros.
Retrospecto em Copas: Quase sempre se classificam, e quase sempre não dão em nada. Em Copas, na disputa do troféu alarme-falso, só perdem para a Espanha.
Momento para lembrar: 1966, é óbvio.
Momento para esquecer: A última campanha, principalmente se considerado que a Turquia ficou entre as quatro primeiras. Tiveram um gol de vantagem contra o Brasil nas quartas, mas Beckham e Cia. não exploraram a vantagem, nem o fato de jogar os últimos 30 minutos com um a mais.
Astro de todas as Copas: Bobby Moore. O capitão de 1966, e o jogador que parecia passear em campo, tal era a sua habilidade para decifrar o jogo. Transferiu esse dom para a telona, quando interpretou Terry Brady, em “Fuga para a Vitória”.
Ponto forte: A inquestionável qualidade distribuída pelo time.
Ponto fraco: Apesar dos talentos individuais, o conjunto não decola. Eriksson também enfrenta um dilema: se Steven Gerrard e Frank Lampard podem jogar juntos.
Você sabia? Se Lampard não fosse jogador, ele tentaria o Direito. O maestro do meio-campo foi o único jogador da atual seleção que estudou em escola particular.
Ranking mundial: 10
Chances: 7/1
Opinião inglesa: "Há uma boa chance de que eles façam um bom torneio. Podem até ganhar, mas, se você me pressionar, o meu palpite é que o Brasil vai levar.” Glenn Hoddle, ex-técnico da seleção
Veredicto da BBC: É agora ou nunca.
Ranking e chances atualizados em 18 de maio. Chances fornecidas pela William Hill.
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"Nunca vimos algo assim." | O que se confirmou com o tempo, surpreendeu ou permanece desconhecido sobre a covid-19? Médicos entrevistados pela BBC discutem
Essa é uma frase dita por vários médicos de unidades de terapia intensiva (UTIs) do Reino Unido e outros países quando o assunto é a covid-19.
No início, o pouco que se sabia sobre a doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2 era que ela começou a afetar humanos pela primeira vez na China e se tratava de uma infecção respiratória semelhante a outras que causaram surtos no passado, como Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio).
Mas, hoje, as diferentes manifestações da covid-19 pegaram até mesmo os médicos de UTI mais experientes de surpresa.
Para a maioria das pessoas infectadas com o novo coronavírus, os sintomas são moderados ou simplesmente não aparecem. Entretanto, nos casos graves, a covid-19 se apresenta como uma doença extremamente complexa.
Fim do Talvez também te interesse
Então, nos últimos meses, o que os médicos aprenderam sobre a covid-19? Com o que foram surpreendidos? E o que permanece uma incógnita? Confira abaixo.
Mais do que uma pneumonia
Se no início a maioria dos médicos "esperava lidar com um vírus respiratório que causa pneumonia, algo como uma gripe sazonal, mas em escala muito maior", rapidamente ficou evidente que o vírus afetava muito mais do que a respiração das pessoas, diz Anthony Gordon, intensivista do hospital St. Mary em Londres.
A pneumonia pode ser preocupante — uma infecção grave dos pulmões que causa inflamação à medida que o corpo responde. Mas com a covid-19, os casos graves foram se mostrando ainda mais surpreendentes.
"É um tipo de doença muito distinta do que conhecíamos até agora e que difere de paciente para paciente como nenhuma outra", diz Ron Daniels, médico intensivista em Birmingham, no Reino Unido.
Pacientes graves têm apresentado inflamação sistêmica, aumento de coágulos e alterações em vários órgãos.
"Tivemos pacientes muito, muito doentes, cuja massa corporal está passando por profundas mudanças", disse à BBC Beverly Hunt, especialista em trombose que trabalha em uma UTI em Londres.
Nas UTIs, infecções pulmonares graves têm sido observadas, como esperado para uma doença para a covid-19 — mas não só nestes órgãos
Dúvidas sobre ventiladores mecânicos
Em março, quando o vírus começou a se espalhar mais rapidamente no Reino Unido, pessoas com falta de oxigênio foram chegando cada vez mais aos hospitais.
Algumas, porém, não necessariamente sentiam sinais disso ao dar entrada nos serviços de saúde.
"Ainda não sabemos por que alguns pacientes se sentem bem a princípio, mesmo que tenham níveis muito baixos de oxigênio no sangue", diz Hugh Montgomery, médico intensivista do Whittington Hospital, no norte de Londres.
Anthony Gordon explica que a infecção atrapalha a oferta de oxigênio no sangue, mas possivelmente "os pulmões não são afetados nesta fase inicial" em alguns casos.
É por isso que muitos médicos questionam se o uso de ventiladores mecânicos artificiais para ajudar os pacientes a respirar é sempre a melhor intervenção para tratar de casos mais graves de covid-19.
Embora tenha contribuído para a recuperação de muitas pessoas, em outras o foco nos pulmões acabou se mostrando equivocado, já que outros órgãos também podem ser afetados.
Outras precisam ficar "no ventilador por muito mais tempo (que o usual para doenças parecidas), e não entendemos o motivo", diz Danny Macauley, médico da UTI no Hospital Real Victoria em Belfast, Irlanda do Norte. Normalmente, pessoas afetadas com pneumonias virais graves devem ser auxiliadas por um ventilador por uma semana.
"Pode ser que o vírus continue causando danos por mais tempo, ou pode ser que a resposta do corpo ao vírus gere vários outros problemas ao próprio organismo."
E muitos desses problemas estão ligados ao sangue.
Efeitos no sangue
Alterações no sangue de pacientes com covid-19 também têm intrigado médicos
Quando as paredes dos vasos sanguíneos ficam inflamadas, é mais provável que o sangue forme coágulos. E o que tem sido observado em pacientes graves com covid-19 é que seu sangue se torna muito espesso e pegajoso.
"Encontramos pequenos coágulos nos pequenos vasos sanguíneos dos pulmões, mas também grandes coágulos nas principais artérias", diz Hugh Montgomery.
"Mais de 25% dos pacientes têm coágulos significativos, o que é um problema. E quanto mais espesso o sangue, maior o problema."
Esses pacientes "têm probabilidade muito maior de ter trombose venosa profunda" — quando um coágulo sanguíneo (trombo) se forma em uma ou mais veias profundas do corpo, geralmente nas pernas, explica Beverly Hunt.
"Há ainda maior risco de embolia pulmonar se um desses trombos circular pelo corpo e bloquear o suprimento de sangue para os pulmões, agravando o problema da pneumonia."
Os coágulos também dificultam o acesso de sangue a outros órgãos, como o coração ou o cérebro, deixando os pacientes gravemente doentes sob risco de um ataque cardíaco ou cerebral.
A principal proteína do sangue que forma coágulos é chamada fibrinogênio.
"Normalmente, temos entre dois e quatro gramas por litro dela (...), mas com a covid-19, o nível aumenta para entre 10 e 14 gramas. Nunca vi algo assim em todos os meus anos como médica", diz Hunt.
Outra maneira de medir o risco dos coágulos é através da detecção do dímero D — fragmentos de proteína relacionados ao processo de coagulação e cujo nível também aumenta drasticamente em pacientes com covid-19 grave.
Sistema de defesa sitiado
Em alguns casos, o alto nível de dímero D indica a presença de múltiplos coágulos.
Em outros, sinaliza também uma infecção tão grave que pode levar a uma reação desproporcional do sistema imunológico, e com risco de vida, conhecida como "tempestade de citocinas".
A inflamação é tal que pode prejudicar o resto dos órgãos.
Por outro lado, o número de linfócitos T — um tipo de célula sanguínea no sistema imunológico — diminui drasticamente em uma tempestade de citocinas.
Portanto, os pesquisadores esperam que o aumento do número de linfócitos T possa ajudar os pacientes a se recuperarem.
Todos esses fatores tornam a covid-19 altamente imprevisível — por isso, ela vem sendo considerada uma doença multissistêmica.
E isso torna mais difícil a decisão de como tratar cada paciente individualmente.
"Os pulmões não são os únicos afetados", aponta Hugh Montgomery. "Há danos também aos rins, ao coração e ao fígado."
Gama de efeitos e imprevisibilidade para cada paciente fazem da covid-19 uma doença multissistêmica
Mais de 2 mil pacientes admitidos em UTIs no Reino Unido sofreram insuficiência renal.
O cérebro de pacientes gravemente doentes também é motivo de preocupação.
"Agora sabemos que um grande número de pacientes (com covid-19) sofre inflamação significativa no cérebro", diz Montgomery.
"Isso se apresenta de várias formas, desde ilusões e confusão, até convulsões e o que chamamos de encefalite difusa", explica ele.
A falta de oxigênio e vasos sanguíneos danificados são claramente parte dessa equação.
Mas há evidências crescentes de que muitos órgãos são atacados diretamente pelo vírus e, surpreendentemente, as condições preexistentes mais comuns ligadas aos efeitos graves da covid-19 não são problemas respiratórios como a asma.
Por outro lado, condições vasculares como pressão alta, diabetes e doenças coronárias, além de outros fatores, como sexo, obesidade e principalmente idade têm bastante importância.
Segundo dados oficiais, mais de 70% dos pacientes admitidos nas UTIs na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte são homens e mais de 70% estavam com sobrepeso ou obesidade.
Mais de dois terços daqueles que foram admitidos em UTIs por conta da covid-19 e morreram tinham mais de 60 anos de idade.
Aprender em meses o que já levou centenas de anos
Profissionais de saúde no Marrocos; equipes e cientistas correm contra o tempo em busca de respostas sobre a covid-19
No entanto, condições anteriores não explicam por si só por que tantas pessoas infectadas são assintomáticas ou apresentam sintomas leves, enquanto outras ficam gravemente doentes rapidamente.
Muitos cientistas acreditam que a genética pode ser um dos fatores para quadros mais graves, mas ainda não há certeza.
É possível, por exemplo, que a variação genética que torna algumas pessoas mais suscetíveis à pressão alta ou diabetes também as torne mais vulnerável ao vírus.
Por ora, existem tantas perguntas quanto respostas.
Barbara Miles diz que lidar com a covid-19 lhe proporcionou a maior oportunidade de aprendizado de sua carreira.
"Gostaríamos de saber mais sobre como prevenir e tratar coágulos sanguíneos nesses pacientes", afirma.
É essencial acertar a combinação de medicamentos, já que tentar resolver um problema geralmente cria outros.
Mas outro grande desafio clínico é melhorar os prognósticos de pacientes internados em UTIs.
"Aprendemos muito e o trabalho em equipe tem sido incrível, mas também difícil", diz Anthony Gordon.
"Às vezes, cheguei em casa pensando: 'Não sei se o que fiz hoje foi a coisa certa'."
"Estamos tendo que aprender em alguns meses o que aprendemos ao longo de centenas de anos sobre outras doenças, e isso tem sido um verdadeiro desafio."
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A Véspera | Lucas Mendes
De Nova York para a BBC Brasil
No domingo, as eleições saíram dos jornais. Entrou "A Tempestade Perfeita", como no filme, um encontro de três tempestades em cima da região mais populosa do país: 65 milhões no caminho do furacão.
Já tinha visto preparativos antecipados e meticulosos para tempestades de neve, chuvas e para o furacão Gloria, mas Sandy foi anunciada com extraordinária antecedência e como a pior tempestade na história da região.
A cidade fica possuída de uma carga elétrica e solidária, uma atitude de confronto. A monumental Nova York, com sua vocação trágica e dramática, se transforma numa combinação de cenário de Hollywood e parque de aventuras.
Em 85 cobri o furacão Gloria. Por volta de dez da manhã, hora prevista para a entrada de Gloria, a cidade escureceu. Estava numa esquina da avenida Park quando fui avisado que Gloria ia passar ao largo da cidade e bater em Long Island. Saímos na perseguição.
A sensação de estar num carro numa auto-estrada de 8 pistas completamente vazia, debaixo d'água e ventos brutais, foi pior do que encontrar o furacão no subúrbio.
Depois de tantos preparativos e expectativas, Manhattan se sentiu traída. Queria enfrentar e vencer Gloria.
Vinte e quatro horas antes de Sandy, o prefeito anunciou a parada do metrô, dos ônibus, fechamento de túneis e pontes, evacuação obrigatória de milhares de residentes que vivem nas margens vulneráveis das ilhas que formam Nova York.
Só o bairro do Bronx fica em terra firme. O êxodo começou às cinco da tarde de sábado e as ruas do Village, meu bairro, ainda estavam em efervescência.
Novaiorquino tem fama de só pensar na natureza quando está tentando pegar um táxi na chuva. Diante de um furacão vira floridiano. Uma mulher na minha frente saiu do mercado com 84 ovos e 20 garrafas de água. Só para ela e o marido. Mal caminhava.
Água era o que menos faltaria nos próximos dias. Bastava colocar a panela na janela.
A Chegada
Estava prevista para sete e meia de segunda. Às cinco saí para uma caminhada pelas ruas vazias e percorri uns quarenta quarteirões.
Dois mercados pequenos ainda estavam abertos, um bar na University Place, uma confeitaria mexicana, apinhada, com um sinal na janela "não temos medo de Sandy" e a lanchonete coreana, campeã das lutas contra a natureza. Com seu time de quatro empregados latinos não fecha nunca. O patrão coreano fica de olho, ao lado do caixa.
A temperatura amena e a falta de vento forte e de chuva aumentam, em vez de diminuir, as expectativas. É a tal calmaria.
Duas horas depois, já com Sandy em terra, em Nova Jersey, faço outra exploração pelo bairro quase deserto com um áudio-livro sobre a passagem de Katrina por Nova Orleans, terra de furacões.
O escritor Walker Percy conta ao jornalista Walter Isaacson, que os furacões enriquecem, estimulam e tiram os moradores da apatia e da alienação.
Eles revigoram as cidades. Isto foi muito antes do Katrina e, neste caso, Percy que morreu bem antes, acertou na cabeça. Nova Orleans está em pleno vigor.
A televisão pulava de um repórter para outro debaixo da chuva, na ventania, mas as imagens fortes vinham do mar com ondas gigantes. Dali viria a maior destruição.
O Apagão
Pouco depois das oito na segunda e de uma explosão numa das estações da companhia Con Ed que ilumina a cidade, ficamos no escuro.
Na 5ª avenida, turistas e estudantes estrangeiros da New York University saíram para tirar fotos do Empire State ainda iluminado e da torre do Trade Center, em construção, também iluminada, no outro extremo.
Também tirei fotos. Péssimas. Tudo escuro.
A explosão, primeira suspeita pelo apagão, foi depois substituída pela explicação menos prosaica de invasão da Con Ed pelas águas do rio East, que na realidade é um braço de mar.
Da rua 33 para baixo, até o fim da ilha, para nós, mais de 300 mil moradores, era como se as luzes estivessem apagando e as cortinas abrindo para o começo do segundo ato.
A escuridão pouco a pouco conquistou outros bairros, as águas invadiram outras vizinhanças, incêndios queimaram centenas de casas e mais de quarenta pessoas que estavam conosco no começo do grande drama não estariam mais conosco para assistir o final.
Pelo gigantismo da destruição o número de mortes e feridos foi baixo. O alerta funcionou.
Luzes de Manhatan
Perto da grande tragédia dos outros, vivo meu mini drama: Falta energia no estúdio da Globonews.
Desde o apagão, computadores e celulares não funcionam. Me refugiei na casa de parentes na parte iluminada da cidade. Más notícias.
A previsão de normalidade na energia é só para o fim de semana. Os planos de fazer o programa Manhattan Connection ao vivo neste próximo domingo, sobre as eleições americanas estão ameaçados, não só porque o estúdio está na área apagada mas, Diogo Mainardi não consegue confirmar o voo dele para Nova York. Entre outros problemas, Veneza está alagada.
Sandy e a eleição
Nova York e Nova Jersey, dois Estados obamistas, foram as maiores vítimas, mas Sandy bateu noutros Estados, entre eles um que provavelmente vai definir a eleiçãao, Ohio.
No meio-oeste americano, Ohio é um mini Estados Unidos com redutos republicanos e democratas, indústrias e fazendas, estudantes liberais e evangélicos conservadores.
Se Obama perder o voto "blue collar", o do operariado, a eleição provavelmente está perdida.
Ohio foi o estado beneficiado pelo estímulo à indústria de automóveis.
Obama ou Romney, quem ganhou votos com Sandy?
O presidente demonstrou liderança e recebeu uma enxurada de elogios do governador de Nova Jersey, um ídolo republicano.
Criou constrangimento entre conservadores. Mas Obama talvez tenha perdido votos porque Sandy impediu que milhares de democratas votassem antes do dia 6. O presidente tem liderado por boa margem no voto antecipado.
Romney deve ter perdido votos porque uma das suas intenções é acabar com a FEMA, a agência federal que socorre Estados e cidades nestas crises.
Ele acha que os próprios Estados e a iniciativa privada sabem cuidar melhor das vítimas da natureza.
Estamos mais perto do que longe do final.
Uma parte da economia levou um tranco, outra vai ter um embalo. Sandy trouxe toneladas de areia, água salgada e destruição. Chega. Vamos votar e depois voltar para a apatia e alienação.
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The story…
| Nesta série, jornalistas da BBC te ajudam a aprender e praticar inglês com uma das notícias mais interessantes da semana. Assista ao vídeo e acompanhe o vocabulário.
World's largest glasshouse reopens
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Restoration
Need-to-know language
labour of love – hard work that is enjoyable and worthwhile
stripped back – reduced to its basic form
bare metal – basic hard and shiny chemical element, such as iron, which has not been painted
painstaking refurbishment – slow and careful improvement
architectural brilliance – skilful and excellent building design and construction
Answer this…
When did the Temperate House at Kew Gardens originally open?
Watch the video online
https://bbc.in/2IpYp4Q
Transcript
Five years, 15 thousand panes of glass and more than five thousand litres of paint: the restoration of the world's largest Victorian glasshouse has been a labour of love.
The garden inside this vast greenhouse is a snapshot of the life that grows in temperate climates all around the world. And for many of these plants, this is their only refuge.
Among the greenery are species that harbour natural medicines now used to treat potentially lethal diseases, including malaria. And in his first visit here, Sir David Attenborough highlighted the importance of Kew's scientific work, learning how to protect plants from which we still have so much to learn.
Sir David Attenborough, British naturalist
It's here that people come and study these consequences of not only diseases but invasive plants. Plants that can come in and be more vigorous than some of our native plants and drive them to extinction. So that kind of ecological, botanical knowledge is of extreme importance. And this is one of the great centres for it.
For the first time since it was opened in 1863, the house was stripped back to bare metal. Every part of its structure has been examined in detail. This was a painstaking refurbishment of a national treasure.
Georgie Darroch, Project co-ordinator, Kew Gardens
The Temperate House is the largest surviving Victorian glasshouse in the world. So, for Kew, this was a hugely important project, both to bring these plants back to their home but also to restore this building back to its beauty and its absolute architectural brilliance.
Open to the public once again, this great building is fulfilling its original Victorian purpose - providing a home for some of the world's most precious plants.
Did you get it?
When did the Temperate House at Kew Gardens originally open?
It opened for the first time in 1863.
Did you know?
This restored greenhouse is now home to a collection of 10,000 plants from temperate climates around the world. These include some of the rarest and most threatened specimens, for which the botanic garden is a final refuge.
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"É o fast food do sexo!" | Laura Morán é autora de "Orgas (mitos)"
A sexóloga basca Laura Morán refere-se assim à promessa que está em voga hoje em dia de atingir o orgasmo feminino em dois minutos, principalmente com os vibradores para clitóris.
Em um momento em que os números apontam para um aumento nas vendas de brinquedos sexuais, conversamos com a autora do livro Orgas (mitos) sobre como esses gadgets realmente são revolucionários e o impacto que podem ter em nossa sexualidade.
"Na verdade, não devemos ter pressa, a menos que você tenha que atingir o orgasmo em dois minutos porque sua casa está pegando fogo", disse ela em entrevista à BBC News Mundo, com seu estilo franco e direto.
"O tempo tem que ser deixado de fora da equação das relações sexuais. Se você chega ao clímax em dois minutos, maravilhoso. Se fizer isso em 20, ótimo. Se não chegar, conseguirá da próxima vez."
BBC News Mundo - De acordo com relatos de sex shops e consultores, durante a pandemia houve um aumento considerável nas vendas de brinquedos sexuais em muitos países, o que é atribuído à falta de opções e ao fato de as pessoas terem mais tempo. Mas isso existe mesmo e está sendo dada mais atenção à privacidade?
Laura Morán - Não poder sair, trabalhar em casa e economizar tempo no transporte fizeram com que durante o confinamento muitas pessoas e casais, aqueles que reuniam as condições adequadas de espaço e privacidade, cuidassem da parte sexual de uma forma que antes não podiam.
Embora seu "boom" seja recente, os chamados "sugadores" do clitóris estão no mercado há anos
Agora, nos países que saíram da quarentena, gostaria de acreditar que esses casais continuam encontrando tempo para dedicar mais atenção ao prazer.
Se eles estão conseguindo, não tenho certeza.
Eu mesma estou sobrecarregada de trabalho. Portanto, suspeito que trouxemos os antigos fatores estressantes para o novo normal.
BBC - Um dos brinquedos mais vendidos em vários países são os conhecidos sugadores. Embora seja um produto que está no mercado há anos, recentemente cresceu de maneira significativa. Por que isso ocorreu? É marketing puro?
Morán - Eu sou daquelas que preferem chamá-los de estimuladores, porque senão as pessoas imaginam que vão fazer um slurp, como uma espécie de ventosa ou aspirador.
Na verdade, mesmo antes do boom desses aparelhos, havia estimuladores clitorianos externos que foram acoplados a um vibrador tradicional projetado para ser introduzido.
E havia também o que em minha casa chamamos de "bolinhas do amor", vibradores do tamanho de uma pilha, bem pequenos, para estimular a glande do clitóris.
A masturbação feminina é um assunto que está em discussão
Os fabricantes de vibradores decolaram em uma campanha brutal, aproveitando o fato de que as mulheres têm cada vez menos medo de falar sobre masturbação.
Esse sucesso, não tenho dúvidas, foi puro marketing.
BBC - Coincide, como dizem, que muitas mulheres começaram a falar com naturalidade e publicamente sobre a masturbação. Existem até mesmo aqueles que afirmam que uma mudança de paradigma está ocorrendo. O que você acha?
Morán - Estou de acordo. Estamos diante de uma possível mudança de paradigma, mas de algo que começou há muitos anos.
Na revolução sexual dos anos 1960 e 70, a reivindicação do prazer sexual feminino começou a ser incluída na equação.
O que acontece é que se reivindicava o prazer feminino desfrutado graças ao trabalho do pênis de borracha ou do parceiro. Tínhamos o direito de sentir, mas dependíamos desse prazer de outra pessoa.
Agora, com os brinquedos sexuais que não têm forma fálica e não penetram, que são feitos para o clitóris, podemos falar de uma mudança de paradigma.
E esse é o reflexo de uma mudança social e da luta dos movimentos feministas.
Se a sociedade não estivesse preparada para abraçar esses tipos de brinquedos, eles teriam sido um fiasco.
As pessoas que promovem os vibradores garantem que com eles você pode chegar ao orgasmo em dois minutos. Não está claro para mim se isso é bom ou ruim, se contribui para a revolução sexual das mulheres ou apenas o contrário.
O tempo deve ser deixado de fora da equação das relações sexuais. Se você alcançar o orgasmo em dois minutos, maravilhoso. Se você fizer isso em 20, ótimo. Se você não tiver sucesso, terá na próxima vez.
Parece-me um erro vender o orgasmo em dois minutos, principalmente para aquelas mulheres que não tiveram a oportunidade de experimentar sua sexualidade sozinhas.
Isso as leva a ter essa expectativa e a se perguntar: "O que acontece comigo, já que no anúncio eles dizem...? O que acontece comigo, já que minha amiga disse... e eu não consigo?"
Acho que ter objetivos de duração, frequência, número de orgasmos é sempre contraproducente, porque cada pessoa é diferente. Existem tantas sexualidades quanto pessoas, e nisso também há os orgasmos.
BBC - Ser capaz de atingir o orgasmo rapidamente é algo tradicionalmente atribuído aos homens. Está se tornando evidente que o corpo feminino tem uma capacidade de prazer que não era conhecida? Ou será que o mito de que as mulheres precisam de preliminares está sendo quebrado?
Morán - As mulheres não demoram para chegar ao orgasmo. Na verdade, podemos chegar lá em média em quatro minutos, se fizermos da melhor maneira.
E tivemos a capacidade de experimentar esse prazer antes do vibrador.
Não quero tirar o mérito dele, mas também não quero que ele leve toda a fama porque isso não corresponde ao aparelho.
Sobre as preliminares, o problema não é o que elas abrangem, que vai desde um convite para jantar até o sexo oral, mas o que esse conceito implica.
A preliminar é definida como o aquecimento que a mulher precisa para desejar o ato sexual, a penetração. Mas a penetração não é a técnica pela qual uma mulher atinge o orgasmo com mais facilidade.
Se alguém da Black & Decker — marca famosa de brocas e furadeiras — está tendo relações sexuais comigo por 30 minutos e o clitóris não é estimulado, não vou chegar ao clímax com ou sem preliminares.
As mulheres não precisam de preliminares. O que precisamos é praticar técnicas ou posições sexuais que achamos prazerosas.
O sexo oral não é uma preliminar, é sexo. Masturbar-se não é uma preliminar, é sexo. A relação sexual é mais uma técnica.
Não acho que o prazer rápido seja uma vantagem para vender mais.
Na verdade, não devemos ter pressa, a menos que você tenha que atingir o orgasmo em dois minutos porque sua casa está pegando fogo.
No caso dos homens, chegar ao clímax em dois minutos é até mal visto. É considerada uma ejaculação precoce.
Nem todas as nossas relações sexuais devem seguir o mesmo padrão, diz Laura Morán
BBC - Mas estamos realmente priorizando o prazer expresso? É algo que está acontecendo?
Morán - A publicidade parece nos encorajar a fazer isso. É o fast food do sexo: assim como o fast food, agora o fast sex.
Não acredito que seja uma boa maneira de viver, pois, além da correria e da angústia, a ansiedade de ter que fazer rápido é o principal inimigo da excitação e do orgasmo.
BBC - Parece indissociável da lógica de uma sociedade acelerada, a otimização do tempo aplicada à sexualidade: dois minutos de prazer e prontos para a próxima tarefa…
Morán - Sim, responde sem dúvida ao ritmo acelerado com o qual vivemos, em que devemos ser autênticas super mulheres.
No rol de coisas que as mulheres que trabalham dentro e fora de casa, vão à academia, se cuidam, têm vida social, cuidado estético por e para si mesmas, também está o prazer sexual.
E, claro, esse prazer sexual que contamos por orgasmos tem que ser ágil e rápido, porque não temos tempo para nos dedicar a alcançá-lo sem pressa.
Não é surpreendente pensar que o orgasmo expresso é a consequência de que tudo em nossa vida é expresso.
A questão é dar-se tempo para sentir, para desfrutar, para descobrir quais são as suas zonas erógenas, que técnica sexual mais te excita e vivê-la.
Se precisar de cinco minutos, ótimo. Se você precisar de 50 e os tiver, também. Nem todos os nossos encontros sexuais têm que seguir sempre os mesmos padrões.
BBC - E sobre o que alguns dizem, que estamos caminhando para uma sexualidade cada vez mais robótica, mais desumanizada. O que você acha?
Morán - Acho que estão confundindo ter um liquidificador, o aparelho que te faz purê, com quem você vai se casar ou ter uma relação erótica.
Eu amo o liquidificador porque ele é capaz de picar vegetais de uma forma que não poderia ser alcançada de outra maneira, mas isso não o faz substituir um ser humano.
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2010 | Tupolev da Caspian Airlines caiu 16 minutos depois da decolagem
25 de janeiro: Um Boeing 737-800 da Ethiopian Airlines cai no mar, na costa do Líbano, com 90 pessoas a bordo, logo depois de decolar de Beirute.
2009
15 de julho: Um avião iraniano com 168 pessoas a bordo cai quando fazia a rota entre Teerã e Yerevan, capital da Armênia. O acidente ocorreu quando o avião, um Tupolev da companhia Caspian Airlines, sobrevoava a província de Qazvin, no noroeste do Irã.
30 de junho: Um Airbus da companhia aérea Yemenia cai próximo à Ilha de Comores, no Oceano Índico, com 153 pessoas a bordo, depois de enfrentar mau tempo. A adolescente Baya Bakari foi a única sobrevivente do acidente. Ela foi encontrada agarrada a um pedaço do avião, depois de boiar no mar por duas horas.
31 de maio: Um Airbus da companhia Air France que fazia o voo AF 447, do Rio de Janeiro para Paris, cai no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo após ter decolado do Rio de Janeiro. As operações de busca conseguiram recuperar 51 corpos, destroços e bagagens.
20 de maio: Um Hércules C-130 do Exército da Indonésia cai em um vilarejo da Ilha de Java, deixando ao menos 97 mortos.
6 de abril: Um Fokker-27 do Exército da Indonésia cai no pouso em Bandung, no oeste da ilha de Java, matando 24 pessoas.
25 de fevereiro: Um voo da Turkish Airlines que partiu de Istanbul cai pouco antes da aterrissagem perto da pista do aeroporto de Schipol, em Amsterdã. Das 135 pessoas a bordo, nove morrem e pelo menos 50 ficam feridas.
12 de fevereiro: Um avião de passageiros cai sobre uma casa em Buffalo, Estado de Nova York, matando todas as 49 pessoas a bordo e pelo menos uma pessoa no solo.
8 de fevereiro: Um avião de passageiros cai em um rio no Amazonas, causando a morte de 24 pessoas, a maioria delas da mesma família.
15 de janeiro: Um avião da US Airways, em um voo doméstico, faz um pouso forçado no rio Hudson, em Nova York. Todos os 150 passageiros e cinco tripulantes foram resgatados e ninguém morreu.
2008
14 de setembro: Um Boeing 737 sofre um acidente perto da cidade de Perm, no centro da Rússia, matando todos os 88 passageiros e tripulantes a bordo.
24 de agosto: Um avião de passageiros cai pouco depois da decolagem na capital do Quirguistão, Bishkek, causando a morte de 68 pessoas.
20 de agosto: Um avião da Spainair sai da pista durante a decolagem, no aeroporto de Barajas, em Madri, causando a morte de 154 pessoas e deixando 18 feridas.
2 de maio: O ministro da Defesa do Sudão está entre os 22 mortos no acidente de um avião que transportava uma delegação militar a oeste de Juba.
15 de abril: Cerca de 40 pessoas morrem quando um DC-9 sai da pista quando tentava decolar na cidade de Goma, na República Democrática do Congo, em meio ao mau tempo.
24 de janeiro: Dezenove pessoas morreram em um acidente com um avião de transporte militar polonês Casa C-295M no noroeste do país. A aeronave transportava oficiais que participaram de uma conferência sobre segurança aérea.
2007
30 de novembro: Todas as 56 pessoas a bordo de um avião da Atlasjet morrem em um acidente perto da cidade de Keciborlu, na província montanhosa de Isparta, na Turquia, a cerca de 12 km do aeroporto.
16 de setembro: Pelo menos 87 pessoas morrem de pois que um avião da companhia One-Two-Go derrapa na pista ao pousar, bate e se parte, em meio ao mau tempo no balneário tailandês de Phuket.
17 de julho: Avião da TAM não consegue parar na hora do pouso no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e se choca com casas do lado de fora do aeroporto. Foi o pior desastre aéreo já registrado no Brasil. Ao todo, 199 pessoas morreram - todas as 186 a bordo e outras 13 no solo.
5 de maio: Um Boeing 737-800 da Kenya Airways cai em um pântano na República dos Camarões, causando a morte de todas as 114 pessoas a bordo.
1 de janeiro: Um Boeing 737-400 da Adam Air sofre um acidente nas montanhas da ilha de Sulawesi, na Indonésia, durante um voo doméstico. Havia 102 pessoas a bordo.
2006
29 de setembro: Um Boeing 737 da Gol cai no norte do Estado do Mato Grosso, depois de se chocar no ar com um jato Legacy durante o voo, causando a morte de todas as 154 pessoas a bordo. Foi o segundo acidente aéreo mais grave da história do Brasil, em número de vítimas.
27 de agosto: Um jato da Comair CRJ-100 sofre acidente depois de decolar de Lexington, nos Estados Unidos, causando a morte de 49 pessoas.
22 de agosto: Um Tupolev 154 russo se acidenta no leste da Ucrânia com 170 pessoas a bordo.
9 de julho: Um Airbus A-310 da empresa russa S7 derrapa na pista durante o pouso no aeroporto de Irkutsk, na Sibéria. Cento e vinte e quatro das pessoas a bordo morreram, mas mais de 50 sobreviveram ao acidente.
3 de maio: Um Airbus A-320 da Armavia sofre acidente no Mar Negro perto de Sochi, matando todas as 113 pessoas a bordo.
2005
10 de dezembro: Um DC-9 da Sosoliso se acidenta na cidade de Port Harcourt, no sul da Nigéria, matando as 103 pessoas a bordo.
6 de dezembro: Um avião militar C-130 cai nos arredores de Teerã, capital do Irã, matando 110 pessoas, algumas delas no solo.
22 de outubro: Um Boeing 737 da Bellview airlines, transportando 117 pessoas, cai pouco depois de decolar da cidade de Lagos, na Nigéria, matando todos a bordo.
5 de setembro: Um avião da empresa Mandala, com 112 passageiros e cinco tripulantes a bordo se acidenta na cidade indonésia de Medan, matando quase todos a bordo e dezenas no solo.
23 de agosto: Um Boeing 737-200 da empresa aérea Tans sofre acidente num voo interno no Peru, perto da cidade de Pucallpa. As informações são de que 40 pessoas morreram e 58 sobreviveram.
16 de agosto: Um avião colombiano operado pela West Caribbean Airways cai em uma remota região da Venezuela, matando todas as 160 pessoas a bordo. O avião, que havia partido do Panamá, seguia para a Martinica.
14 de agosto: Um avião da empresa Helios que voava do Chipre para Praga com 121 pessoas a bordo sofre um acidente ao norte de Atenas, a capital grega, aparentemente depois de uma queda de pressão na cabine.
16 de julho: Um avião da Equatair se acidenta pouco depois de decolar de Malabo, capital da Guiné Equatorial, causando a morte de todas as 60 pessoas a bordo.
3 de fevereiro: Os restos do Boeing 737 da Kam Air são encontrados nas altas montanhas perto da capital afegã, Cabul, dois dias depois de o avião ter desaparecido dos radares em meio a fortes tempestades de neve. Havia 104 pessoas a bordo.
2004
21 de novembro: Um avião de passageiros cai em um lago congelado perto da cidade de Baotou, no norte da China, matando as 53 pessoas a bordo e duas no solo.
3 de janeiro: Um voo charter egípcio da empresa Flash cai no Mar Vermelho, matando as 141 pessoas a bordo. Acredita-se que a maioria dos passageiros eram turistas franceses.
2003
25 de dezembro: Um Boeing 727 cai pouco depois de decolar no Benin, matando as 135 pessoas a bordo. O voo seguia para o Líbano.
8 de julho: Um Boeing 737 sofre um acidente no Sudão pouco depois de levantar voo, causando a morte de 115 pessoas a bordo. Só um passageiro, uma criança, sobreviveu.
26 de maio: Um Yak-42 ucraniano caiu no balneário de Trabzon, no Mar Negro, noroeste da Turquia, matando todas as 74 pessoas a bordo. A maioria dos passageiros eram soldados espanhóis de uma força de paz que voltava do Afeganistão.
8 de maio: Cerca de 170 pessoas morreram na República Democrática do Congo, depois que a rampa traseira de um antigo avião soviético, um Ilyushin 76, aparentemente caiu, sugando todas as pessoas a bordo para fora.
6 de março: Um Boeing 737 argelino cai depois de decolar do remoto aeroporto de Tamanrasset, no sul da Argélia, causando a morte de 102 pessoas.
19 de fevereiro: Um avião militar iraniano cai no sul do país matando todos as 276 pessoas a bordo.
8 de janeiro: Um avião da Turkish Airlines com 76 passageiros mais a tripulação cai enquanto tentava pousar em Diyarbakir.
2002
23 de dezembro: Um Antonov 140 que transportava especialistas em ciências aeroespaciais cai no centro do Irã, matando todas as 46 pessoas a bordo.
27 de julho: Um avião de guerra cai em meio a uma multidão de espectadores na cidade de Lviv, oeste da Ucrânia, matando 77 pessoas no pior desastre já ocorrido em um show aéreo.
1 de julho: Setenta e uma pessoas, muitas delas crianças, morrem quando um Tupolev 154 russo, que transportava alunos de uma escola para a Espanha, se chocou contra um Boeing 757 durante o voo, sobre o sul da Alemanha.
25 de maio: Um Boeing 747 da companhia aérea nacional de Taiwan - a China Airlines - cai no mar perto da ilha de Penghu, com 225 pessoas a bordo.
7 de maio: Um avião da China Northern Airlines transportando 112 pessoas caiu no mar perto de Dalian, no nordeste da China.
4 de maio: Um avião BAC1-11-500 operado pela companhia aérea EAS se acidenta na cidade de Kano, na Nigéria, matando 148 pessoas - metade delas no solo.
15 de abril: O voo 129 da Air China sofre acidente ao se aproximar de Pusan, na Coreia do Norte, com mais de 160 pessoas a bordo.
12 de fevereiro: Um Tupolev 154 operado pela Iran Air cai nas montanhas do oeste do Irã, causando a morte das 117 pessoas a bordo.
29 de janeiro: Um Boeing 727 da empresa equatoriana TAME se choca contra montanhas na Colômbia, causando a morte de 92 pessoas.
2001
12 de novembro: Um A-300 da American Airlines que seguia para a República Dominicana cai pouco depois de decolar em uma área residencial do bairro do Queens, em Nova York, matando todas as 260 pessoas a bordo e pelo menos cinco pessoas no solo.
8 de outubro: Um avião da SAS se choca contra um pequeno avião em meio à forte neblina na pista do aeroporto Linate, em Milão, causando a morte de 118 pessoas.
4 de outubro: Um Tupolev 154 da empresa aérea russa Sibir, que seguia de Tel Aviv para Novosibirsk, na Sibéria, explode durante o voo e cai no Mar Negro, matando todas as 78 pessoas a bordo.
3 de julho: Um Tupolev 154 russo, que seguia de Yakaterinburgo para Vladivostok se acidenta próximo a cidade de Irkutsk, matando 133 passageiros e 10 tripulantes.
2000
30 de outubro: Um Boeing 747 da Singapore Airlines, que seguia para Los Angeles, sofre acidente pouco depois da decolagem no aeroporto de Taipei, em Taiwan, matando 78 das 179 pessoas a bordo.
23 de agosto: Um Airbus da Gulf Air caiu no mar pouco antes da hora do pouso, em Barein, causando a morte das 143 pessoas a bordo.
25 de julho: Um Concorde da Air France que seguia para Nova York se incendeia logo depois de decolar e se choca contra um hotel nos arredores de Paris, matando 113 pessoas, entre elas, quatro no solo.
17 de julho: o Boeing 737-200 da Alliance Air sofre acidente tentava pousar em Patna, na Índia, causando a morte das 51 pessoas a bordo e de quatro pessoas no solo.
19 de abril: O Boeing 737-200 da Air Phillippines que seguia de Manila para Davao se acidenta quando se preparava para pousar, matando as 131 pessoas a bordo.
31 de janeiro: O MD-83 da Alaska Airlines, que voava do México para San Francisco, cai no mar, perto da costa sul da Califórnia, matando todas as 88 pessoas a bordo.
30 de janeiro: O A-130 da Kenyan Airways cai no Oceano Atlântico pouco depois de decolar de Abidjan, na Costa do Marfim, a caminho de Lagos, na Nigéria. Apenas 10 das 179 pessoas a bordo sobreviveram.
1999
31 de outubro: O Boeing 767 da EgyptAir cai no Oceano Atlântico depois de decolar do aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, a caminho do Cairo. Todas as 217 pessoas a bordo morreram.
24 de fevereiro: Um avião da China Southern Airlines cai em um descampado na província costeira de Zhejiang depois de explodir durante o voo. Todas as 61 pessoas a bordo do TU-154 de fabricação russa morreram.
1998
11 de dezembro: O A-310 da Thai Airways International se acidenta na terceira tentativa de pouso em Surat Thani, na Tailândia, causando a morte de 101 pessoas.
2 de setembro: O MD-11 da Swissair, que seguia de Nova York para Genebra cai no Oceano Atlântico perto do Canadá, matando todas as 229 pessoas a bordo.
16 de fevereiro: O Airbus A-300 da China Airlines, de Taiwan, cai perto do aeroporto Chiang Kai-Shek, em Taipei, quando tentava pousar em meio à forte neblina e chuva, vindo de Bali, na Indonésia. Todas as 196 pessoas a bordo e sete pessoas no solo morreram.
2 de fevereiro: O DC-9 da Cebu Pacific Air se choca contra uma montanha no sul das Filipinas, matando todas as 104 pessoas a bordo.
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"Pode ser uma boa." | Pesquisa revela que muitas pessoas percebem o ponto final em mensagens como uma grosseria
Como você se sentiria se convidasse um amigo para jantar e ele respondesse com essa mensagem, incluindo o ponto final?
Preocupado? Ofendido? Ou simplesmente não lhe daria mais importância?
E se a resposta fosse mais ou menos assim:
"pode ser uma boa"
Fim do Talvez também te interesse
Ou:
"Pode ser uma boa!"
A linguista da internet Gretchen McCulloch diz que mais e mais pessoas consideram grosseiras as mensagens com um ponto final, algo que tem a ver com a maneira como usamos aplicativos de mensagens instantâneas como WhatsApp e Facebook Messenger.
"Se você é jovem e está escrevendo para alguém, por padrão, você envia uma mensagem por ideia", diz McCulloch.
"Então, como a coisa mais normal é usar o mínimo necessário de caracteres, qualquer outro símbolo adicional pode dar origem a uma interpretação diferente", diz ela.
Um estudo feito em 2015 pela Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos, no qual participaram 126 alunos, descobriu que as mensagens de texto que terminam com um ponto final eram percebidas como menos sinceras do que a mesma mensagem sem o ponto.
Gretchen McCulloch escreveu sobre como o mundo digital está transformando o idioma inglês
Na comunicação falada, o ponto final geralmente é acompanhado por uma diminuição da voz para indicar que é o fim de uma oração. E também tem conotações de formalidade ou seriedade, explica McCulloch.
Colocar um ponto final em uma mensagem do WhatsApp "pode ser bom, se a mensagem for séria", diz.
"O problema surge quando você recebe ou envia uma mensagem positiva com a seriedade do ponto final. É a justaposição dessas duas coisas que cria aquele sentimento de uma mensagem passivo-agressiva."
Então, como podemos saber se alguém está realmente chateado ou está simplesmente usando um ponto final no sentido tradicional?
Erika Darics, professora de linguística na Universidade de Aston, em Birmingham (Inglaterra), diz que tudo tem a ver com o contexto.
"Se você e seus amigos não costumam usar pontos no final de uma sentença em um grupo do WhatsApp e alguém faz isso, provavelmente você está tentando dizer algo sobre como se sente", diz Darics.
Essa professora acredita que a idade de alguém e a frequência com que ela usa um aplicativo de mensagens também podem afetar o modo como usa a pontuação.
Por exemplo, um jovem é mais propenso a enviar mensagens de uma só frase sem ponto final.
Preguiça ou criatividade linguística?
O uso de gramática informal e gírias em aplicativos de mensagens também pode levar à simplificação da comunicação e tornar as pessoas mais vagas ao escrever.
As mensagens instantâneas nos levaram a desenvolver um tipo diferente de linguagem e a encontrar novas maneiras de expressar emoções
Mas McCulloch observa que usar gírias ou ortografia incorretamente na verdade requer um esforço adicional na era do autocorretor e a ferramenta de autocompletar o texto.
As mensagens online também obrigam as pessoas a desenvolver novas maneiras de transmitir emoção e significado sem o uso de linguagem corporal ou tom de voz.
Para McCulloch, depois de anos vivendo na era da internet, no final "encontramos muitas maneiras de transmitir ironia e outros significados".
Por exemplo, o emoji de cabeça para baixo pode ser usado sarcasticamente.
"Os emojis aumentam a consciência da linguagem e podem nos ajudar a entender as sutilezas de outros tipos de comunicação, como política ou propaganda", diz Darics.
"Fomenta a criatividade linguística."
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Diego no Porto? | A edição desta quarta-feira do diário esportivo português A Bola destaca a informação de que o Porto está disposto a oferecer 13 milhões de euros (quase R$ 50 milhões) para contratar o meia Diego, do Santos.
O jornal afirma que o Santos já recebeu uma proposta do Porto e diz que o clube português está interessado no brasileiro para ocupar a vaga do meia Deco.
O craque do time teve o passe muito valorizado após a conquista da Liga dos Campeões da Europa e dificilmente permanecerá no Porto. O destino de Deco deve ser o Chelsea, da Inglaterra.
O jornal apresenta o jogador aos portugueses com elogios: "Diego Ribas da Cunha, 19 anos e 1,70 metro de pura genialidade",
Sinceridade espanhola
Raúl foi escolhido pela Uefa o melhor em campo no empate entre Espanha e Grécia nesta quarta-feira.
Até o atacante espanhol, que passou a maior parte do jogo bem marcado pela forte defesa grega e praticamente se limitou a dar o passe do gol, estranhou.
Questionado se tinha se surpreendido com a decisão, o companheiro de Ronaldo no ataque do Real Madrid foi lacônico:
"Um pouco."
Público de TV
A rodada inicial da Eurocopa registrou uma média de 35,5 mil espectadores nos sete estádios onde foram realizadas as primeiras oito partidas do torneio. O jogo que recebeu mais torcedores foi França x Inglaterra, em Lisboa, com 62,4 mil pessoas.
A decepção foi o público de Itália x Dinamarca, jogo realizado na segunda-feira, na cidade de Guimarães. O Estádio Dom Afonso Henriques, com capacidade para 30 mil pessoas, recebeu apenas 19,5 mil espectadores.
Na Grã-Bretanha, os índices de audiência da partida foram os maiores desde 1996, com 1,7 milhão de telespectadores a mais que o duelo entre Inglaterra e Brasil pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de 2002.
Em Portugal, mais de 83% dos televisores ligados no último sábado estavam sintonizados na transmissão de Portugal x Grécia, que registrou uma audiência de 2,5 milhões no país.
Sucesso na internet
O site oficial da Eurocopa 2004 superou, apenas três dias após o início do torneio, a audiência registrada pelo portal da edição anterior do evento ao longo de toda a competição.
Lançado em 31 de março, o euro2004.com acumulou 12 milhões de visitas e 130 milhões de page views.
O horário de maior tráfico de internautas no site foi registrado durante a partida entre Itália e Dinamarca, na segunda-feira.
Apesar de reunir apenas seleções européias, o "apelo global" da Eurocopa também ganhou mais um reforço: o site oficial do torneio foi visitado por usuários de mais de 200 países.
Bronca na imprensa
Irritada com os assentos vazios nos estádios onde foram realizadas as primeiras partidas do torneio, a Uefa decidiu colocar a culpa na imprensa e lançou um comunicado com o título "Mídia: Como marcar gols contra".
A entidade afirma que a unidade responsável pelo credenciamento para a Eurocopa recebeu 1,3 mil pedidos de cancelamento e registrou a ausência de 355 profissionais de mídia que haviam solicitado ingressos.
O comunicado diz ainda que, por causa desses problemas, os organizadores da Eurocopa foram colocados em uma situação difícil para explicar aos torcedores por que havia tantos lugares vazios no setor destinado à imprensa em jogos com ingressos esgotados.
Além da bronca, a Uefa ameaça cancelar a expansão das instalações de imprensa nos jogos realizados a partir das quartas-de-final caso a "decepcionante tendência" registrada nas primeiras partidas se repita nos próximos dias.
Crise russa
O meia Aleksandr Mostovoi foi cortado da seleção da Rússia após ter criticado a preparação da equipe para a Eurocopa.
Após a derrota por 1 a 0 para a Espanha, Mostovoi disse a equipe russa perdeu porque exagerou na intensidade dos treinamentos físicos e, por isso, estava "muito cansada".
Além disso, o meia afirmou que não acreditava mais nas chances da Rússia para avançar à fase seguinte da Eurocopa.
Os jornalistas que acompanham a seleção russa afirmam que a comissão técnica também está de olho no meia Dmitri Alenichev, amigo inseparável de Mostovoi.
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Lembrai-vos, lembrai-vos... | Os britânicos lembravam tudo. Se não conseguiam lembrar, comemoravam. Que é como deve ser. Nós, brasileiros, não nos lembramos
de nada. E comemoramos tudo. A vida, o mundo, isso tudo é de uma infinita falta de graça e é preciso esquentar nossos pandeiros
e rebolar nossos traseiros.
Os britânicos, no entanto, além de não ter, nada entendem de pandeiro. Também seus traseiros são murchos e tristes. Em 34
anos de observação, aprendi apenas isso. Inglês (como devem ser chamados os britânicos) não tem, ou sequer possui, bunda.
Feito o camarão daquele trote que passávamos ainda infantes e acreditando num mundo melhor não para nossos filhos, mas para
nós mesmos.
Também ligávamos e perguntávamos se penico de barro enferrujava. Desligávamos em seguida, rindo muito, e temendo que houvesse
uma maneira da pessoa (em geral o português do armazém da esquina) descobrir nosso telefone.
Deixo de lado, algo contrariado, traseiros e penicos. Eu quero falar de história. Do que o povão, cada vez mais ignorante,
vai esquecendo.
No dia 5 de novembro de 1605, um grupo de conspiradores católicos, liderados por um indivíduo, Robert Catesby, entre os quais
se encontrava um certo senhor Guy Fawkes, teve a bela idéia de fazer voar pelos ares o Parlamento, então tal como hoje, situado
em Westminster. A detonação com pólvora (gunpowder) objetivava explodir o então rei protestante Jaime I da Inglaterra (ou Jaime VI da Escócia; sim, é complicado) juntamente
com seus filhos mais velhos e a maioria de parlamentares, na ocasião ali então reunidos.
Um fiasco total. Os subversivos católicos não conseguiram ativar sequer um “traque de velha” (lembram-se?). Foram, por isso
mesmo, ou apesar disso, torturados e executados de acordo com os costumes da época, que eu nem pretendo descrever pois ainda
me resta alguma delicadeza de espírito.
Comemorando, o Reino Unido (agora sim, vale) acendeu fogueiras em todas cidades e aldeias do país. O povo, alegre e descontraído
que era, com a tradicional arte e engenho dos destituídos (vide cerâmica nordestina brasileira) espontaneamente improvisou
com seus parcos recursos (roupa velha roubada dos vizinhos) figuras representando a “canalha católica”, conforme jocosamente
os chamavam.
Nisso, havia o propósito simbólico de castigar aqueles que se atreviam a pensar não só em regicídio mas também em parlamentaricídio.
De fogueira em fogueira, em meio a uma profusão de fogos de artifício, queimavam um boneco de pano que levava o nome de Guy,
numa óbvia referência a Guy Fawkes, que, embora figura secundária no complô, tinha um nome mais sonoro que Robert Catesby.
É verdade, amigo. O povo é uma generalidade não muito ladina. Divertida, sim. Esperta, não.
Deu-se então que o costume pegou. Até 1963, se você ficasse parado mais de uma hora numa esquina britânica, virava imediatamente
parte da história do país e ganhava estátua. Mais ou menos como os cariocas fazem com seus cronistas sociais. Dia 5 de novembro
passou a ser Bonfire Night, a Noite das Fogueiras. Comemorava-se com os mesmos bonecos, em muito semelhantes aos nossos Judas malhados em postes nos
sábados de Aleluia, costume que foi proibido ou por Jânio Quadros ou um dos milicos que andaram mandando ninóis.
Só que eles, os ingleses britânicos não malhavam o Guy, como passou a ser conhecido. Deixavam-no passar o dia nos cantos, pediam uns trocados e, à noitinha, jogavam o boneco na
fogueira. Não é tão divertido quanto presenciar um enforcamento público ou esquartejamento seguido de queimação de conspirador
católico, mas dava, dá, para break the branch (quebrar o galho).
"A penny for the guy", pedia a molecada ao lado do judas lá, ou cá, deles. Um costume e bordão que perdurou por quase quatro séculos. TS Eliot
sapecou um “a penny for the guy” em seu poema clássico The Hollow Men (“Os Homens Ocos”).
Garotão metido a besta que fui, com a tola mania de ler tudo que me caía nas (hoje das) mãos, sempre gostei de citar Eliot.
Lembro de minha emoção, logo nos primeiros meses de Londres, em 1968, quando, no 5 de novembro, lá numa esquina do bairro
onde então morava, Willesden, vi um guy com dois garotos repetindo a para mim imortal linha de Eliot. Dei uns dois xelins,
que ainda os havia na época.
Moral da história: aqui em Londres tem fogos de artifício, tem um ou outro bairro que comemora o 5 de novembro. Guy? Nunca
mais vi. Na verdade, a tradição passou para o campo. No fim das contas, tudo acaba no campo. Lá, então, podem repetir as rimas
tradicionais:
Remember, remember, the Fifth of November etc.
Agora, neste ano, o Fifth of November serve apenas para comemorar a vitória de Obama.
***
Engraçado. Não vi ninguém comentar. Nem o prenúncio nem a semelhança. Repararam como o Lewis Hamilton é a cara do presidente
eleito Barack Obama? Deve ser por isso, somado ao massacre midiático imposto ao Reino Unido com as eleições norte-americanas,
que, no dia 4 de novembro, 17 milhões e 253 mil cidadãos britânicos foram às urnas e depositaram seus votos em Obama. 1359
apenas preferiram McCain.
Lewis Hamilton, como é residente na Suíça, onde há mais de um ano obteve domicílio a fim de, conforme suas afirmações na época,
fugir ao “assédio dos fãs”, votou em René Aschenbauer, um alto dignatário local.
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O relato é breve: | A maioria das mulheres diagnosticadas com a doença no país palpa o próprio nódulo. O problema, para muitas delas, vem depois: a dificuldade de marcar uma consulta ou fazer um exame pelo sistema público de saúde.
"Câncer de mama
6 meses esperando biópsia
Agora aguardando consulta com oncologista
Para começar quimioterapia."
Fim do Talvez também te interesse
No início do ano, a Femama, que reúne 72 entidades filantrópicas que apoiam mulheres com câncer de mama, colocou no ar uma página intitulada "Relatos de Espera", para que pacientes compartilhassem as dificuldades que tiveram para serem diagnosticadas e começarem o tratamento.
Entre as dezenas de mensagens está a de Cristiane, de Mangaratiba (RJ), enviada no dia 6 de fevereiro.
Com mais ou menos adjetivos, as histórias são parecidas, e não por acaso: as deficiências do Sistema Único de Saúde (SUS), na visão de muitos especialistas, postergam diagnóstico e tratamento de milhares de mulheres em todo o Brasil e aprofundam as desigualdades entre ricas e pobres.
Para especialistas como o mastologista Rodrigo Gonçalves, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), esse é um ponto central na luta do país contra o câncer de mama, que tem atingido - e matado - cada vez mais mulheres no Brasil.
Melhorar o acesso das mulheres ao SUS é uma das principais recomendações do paper Avaliação ética do rastreamento de câncer de mama no Brasil para se fazer frente às estatísticas negativas.
O trabalho, que está sendo submetido a uma publicação internacional, é assinado por ele e outros três colegas: José Maria Soares Jr, professor da Faculdade de Medicina da USP, Edmund Chada Baracat, pró-reitor de Graduação da USP, e José Roberto Filassi, professor chefe do setor de mastologia da FMUSP.
O texto ressalta o número elevado de diagnósticos da doença em estágio mais avançado. A proporção passa de 70%: 53,5% dos diagnósticos são em estágio 2 e 23,2% em estágio 3, de acordo com os dados do Estudo Amazona, assinado por pesquisadores de 19 instituições e que leva em conta dados de pacientes atendidos pelas redes pública e particular.
Em países como Estados Unidos, por exemplo, 62% dos casos são detectados em estágio inicial, quando os tumores ainda são localizados.
O paper dos pesquisadores brasileiros ressalta que, se tomadas apenas as mulheres com acesso à saúde privada, as proporções se invertem. A grande maioria recebe o diagnóstico no estágio inicial da doença.
Essa diferença, dizem, mostra como é "perverso" o sistema "dual" de saúde no Brasil, em que quem tem condições paga o sistema privado e quem não tem depende unicamente do SUS.
Quanto mais tardio o diagnóstico, menores as chances de sobrevivência da paciente e mais invasivo o tratamento - o número de sessões de quimio e radioterapia e a necessidade da retirada da mama, a mastectomia.
Um ano do nódulo à cirurgia
Cristiane da Silva Abreu realizou uma mastectomia radical com esvaziamento axilar no dia 26 de dezembro de 2018, quase um ano depois de descobrir um nódulo abaixo do mamilo.
Em busca de um diagnóstico, no começo do ano passado ela procurou a ginecologista da rede privada com quem costumava fazer sua prevenção.
Sem plano de saúde, a carioca separava pelo menos R$ 300 por ano para tentar fugir da fila do SUS, pagar a consulta com especialista e alguns exames.
Desta vez, a mamografia mostrou uma alteração do tipo bi-rads 4 na mama, que indica suspeita de malignidade e necessita de biópsia para confirmação.
Cristiane e os filhos, Gabriel, Rebeca e Raquel
Por conta da região delicada em que se encontrava o nódulo, o procedimento precisava ser cirúrgico - e não apenas por meio de uma punção -, com retirada e reconstituição do mamilo.
Isso foi em março. Abril, maio, junho, julho, agosto... A espera durou 6 meses - e poderia ter sido maior.
Cristiane decidiu acionar um cunhado que trabalhava na Secretaria de Saúde de Mangaratiba e que intercedeu por ela junto à secretaria da pasta, que transferiu seu caso para o hospital federal Cardoso Fontes.
"Fiz a biópsia e, na saída do procedimento, a médica alertou que muito provavelmente eu precisaria fazer a mastectomia."
Foram mais três meses até a cirurgia, que retirou a mama esquerda e parte do músculo peitoral. A reconstrução da mama seria delicada, demandaria uma série de enxertos - e, por isso, ela decidiu que não faria.
O relato de Cristiane é o que abre este texto. Ao contrário do que a mensagem econômica nas palavras pode sugerir, ela é uma dessas pacientes que tiram energia das dificuldades.
Dando risada, contou na conversa por telefone com a reportagem que, para fazer valer a isenção ao IPTU à qual tem direito, já que passou a ser considerada portadora de deficiência após a cirurgia, chegou a "invadir" a prefeitura de Mangaratiba.
"Fui no gabinete do prefeito e mostrei minha cicatriz", diz a funcionária pública, hoje com 47 anos.
Mesmo sendo paciente oncológica, a carioca tem tido dificuldade para marcar consulta com especialista
Cristiane não precisou fazer quimioterapia, como pensava em fevereiro de 2019. Por recomendação médica, entretanto, tem de acompanhar de perto a outra mama. Até hoje, porém, não conseguiu uma consulta.
"Liguei no começo do ano e disseram que a agenda de 2019 já estava fechada."
Mais de 60 dias entre diagnóstico e tratamento
Para as pacientes do SUS, a espera para realização de uma biópsia - fundamental para entender o tipo de câncer e as possibilidades de tratamento - leva entre 75 e 185 dias, conforme os dados citados no trabalho de Gonçalves.
O intervalo entre o diagnóstico do câncer de mama e o primeiro tratamento no SUS leva mais de 60 dias em mais de 50% dos casos, de acordo com os dados reunidos pelo Painel-Oncologia, do Instituto Nacional de Câncer (INCA) até 2017. Os números de 2018 apontam uma proporção ligeiramente menor, mas há um volume grande de casos sem informação (cerca de 7%), ou seja, em que não se sabe o intervalo do diagnóstico ao tratamento.
A médica mastologista Maira Caleffi, presidente voluntária da Femama e chefe do serviço de mastologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, lembra que uma lei aprovada em 2012 determina um prazo máximo de 60 dias para início do tratamento após o diagnóstico.
"Os gestores públicos já estão usando os 60 dias como indicador de eficiência, cobram dos hospitais - mas, como tudo no Brasil, as coisas demoram a mudar."
Agora, a entidade faz campanha pela aprovação da "Lei dos 30 dias", que estabelece um prazo máximo de um mês para que a mulher consiga ser diagnosticada. O projeto passou pela Câmara em dezembro do ano passado e está parado no Senado.
Caleffi conta que o PL já entrou e saiu da pauta algumas vezes e que agora está parado na Comissão de Finanças e Tributação.
"Eles dizem que não tem dinheiro (no sistema público de saúde para garantir o diagnóstico em 30 dias)", diz a médica, que defende pautas de interesse das pacientes com câncer de mama há 26 anos.
Nódulo de 14 centímetros
A gaúcha Katia Lopes recebeu o primeiro diagnóstico de câncer de mama aos 28 anos, em 2006. A cidade de Tramandaí, onde vive, não tem médicos especialistas. Assim, ela fez todo o tratamento em Porto Alegre, a uma hora e quarenta de ônibus.
Foi uma maratona.
Para as sessões de quimioterapia - que começaram cerca de 8 meses depois de ela sentir o nódulo no seio -, acordava de madrugada para chegar a tempo ao ponto de onde saia o transporte disponibilizado pela prefeitura, que partia às 4h30 da manhã.
Em 2015, quase dez anos depois da primeira mastectomia radical, ela sentiu um nódulo na outra mama. O fato de já ser paciente oncológica não fez diferença na fila de espera do SUS: foram três meses até que conseguisse se consultar com a mastologista que a acompanhava.
Outro diagnóstico de malignidade. O nódulo cresceu rápido e, quando ela foi operada, em 22 de janeiro de 2017, o tumor media 14 centímetros.
'Lei dos 30 dias', que estabelece prazo máximo de um mês para o diagnóstico do câncer de mama, está parada no Congresso
Em 2006, a médica deu encaminhamento na prefeitura para que Katia fosse submetida a um teste genético.
O procedimento ajudaria a medir o risco de ela desenvolver câncer na outra mama ou em outras partes do corpo, mas até hoje não foi liberado.
Katia conseguiu se aposentar por invalidez depois da primeira mastectomia, que foi bastante invasiva. Recentemente, entretanto, o pente fino que o INSS vem fazendo sobre aposentadorias por invalidez e auxílio doença cortou o benefício.
Ela entrou na Justiça, mas perdeu a causa.
Há 6 meses procura emprego, "alguma coisa que não seja pesada", já que sente dores quando força o movimento dos braços.
Seu advogado tenta garantir na Justiça um auxílio de meio salário mínimo por mês, que ela espera para ajudar a pagar as despesas de casa, com quem mora com o filho, de 25 anos.
'Fura fila'
As histórias de Cristiane e Katia, que foram diagnosticadas jovens, antes dos 50 anos, não são casos raros: 41,1% de todos os casos de câncer de mama no país atingem mulheres até essa idade, conforme os dados do Estudo Amazona, citados no trabalho do médico Rodrigo Gonçalves.
Nos EUA, por exemplo, o percentual de diagnósticos até os 54 anos de idade (parâmetro adotado pelo National Cancer Institute) é de 30,4%.
O mastologista afirma que ainda "não existe nenhuma explicação sólida sobre os motivos de termos mais mulheres jovens com câncer no Brasil", mas chama atenção para o fato de que as diretrizes para o rastreamento da doença estabelecidas pelo Ministério da Saúde recomendam a mamografia em mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos.
"O Brasil está copiando as recomendações de rastreamento de países desenvolvidos - e que não atendem a 41% da população afetada pela doença", ressalta.
A sugestão dele e dos colegas, entretanto, não é reduzir a idade de rastreamento - que representaria um custo elevado para o sistema de saúde sem necessariamente trazer benefícios na mesma proporção -, mas melhorar o acesso das mulheres ao SUS, especialmente aquelas com nódulos palpáveis e lesões suspeitas.
Nesses casos, eles recomendam que as pacientes tenham prioridade na fila para consulta e exames - o que já acontece em hospitais públicos como o Pérola Byington, em São Paulo, exemplifica o médico.
Segundo o mastologista Luiz Henrique Gebrim, diretor do Pérola Byington, 70% das mulheres com câncer diagnosticadas no SUS palparam o nódulo - é o que os médicos chamam de "self detected cancer" ("câncer autodetectado").
"Elas não precisam de mamografia, precisam de exame clínico e biópsia", concorda.
Antes de aumentar oferta de mamografia, Brasil precisa garantir que mulheres com sintomas terão acesso a consultas e exames de forma célere, dizem especialistas
Na unidade, que recebe os casos já triados, as pacientes são submetidas à biópsia no mesmo dia da consulta com o especialista. Detectado em estágio inicial, a mortalidade do câncer de mama cai em até 30%.
"Nós economizamos mais (porque reduzimos os tratamentos de alta complexidade) e salvamos mais gente."
Com apoio da fundação americana Susan Komen, o hospital está replicando seu modelo em outros Estados. Segundo Gebrim, já foram treinados cerca de 100 médicos em cidades como Manaus, Belém e Teresina.
A diretora geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Ana Cristina Pinho, respondendo a questionamentos da reportagem enviados ao Ministério da Saúde, afirmou que as áreas técnicas do instituto e a pasta defendem a hierarquização dos casos, para que as lesões suspeitas sejam verificadas de forma mais célere, e diz que a diretriz para o fast track já existe no SUS.
"Na prática ele não funciona a contento, de maneira organizada, estruturada. Não é isso que a gente vê. Precisa que a rede esteja funcionando mais adequadamente, e esse é um trabalho a ser feito", disse, por telefone.
Segundo ela, já existem protocolos de encaminhamento rápido nos casos suspeitos para investigação diagnóstica na atenção primária, que é de competência dos municípios.
"Nada disso é possível sem o envolvimento dos gestores municipais e estaduais. O SUS, na sua concepção, é um sistema tripartite, que funciona necessariamente em rede. Se a rede não funciona, o sistema não vai funcionar."
Aumento da mortalidade
Questionada sobre o aumento da mortalidade do câncer de mama no Brasil, que muitos especialistas consideram em parte reflexo da dificuldade de acesso de muitas mulheres ao SUS, a diretora geral do INCA aponta outras razões - a maior longevidade do brasileiro, o aumento no número de casos e de uma melhor "qualificação e apuração das bases de dados".
"A incidência do câncer de mama está aumentando na população, mas por quê? Porque a nossa população está vivendo mais. Então é um processo natural. A gente está seguindo a tendência no mundo. Isso mostra avanços, de um modo geral, para a saúde da população, proporcionado pela cobertura universal (do sistema de saúde)."
Segundo ela, "a tendência é que a mortalidade, pelo menos durante um período, aumente. E, a partir de um determinado momento, ela comece a reduzir, na média."
Ana Cristina Pinho também ressalta que a mortalidade, de forma geral, não aumentou de maneira proporcional ao aumento da incidência, e que ela chegou a cair em algumas regiões.
No lançamento da Campanha Outubro Rosa deste ano, a página do Ministério da Saúde destaca que a mortalidade no país está abaixo da média global, em linha com a de países como Estados Unidos, Reino Unido e França, mas não menciona que ela está crescendo.
O indicador passou de 9,15 por 100 mil habitantes para 12,11 por 100 mil entre 1980 e 2016 - alta de 32% -, conforme os dados da International Agency on Research on Cancer (Iarc), ligada à Organização Mundial de Saúde. A mesma base mostra que os países citados pela pasta em seu site têm reduzido a mortalidade desde meados dos anos 90.
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Preâmbulo |
Nós, os Chefes de Estado e de Governo das Américas, eleitos democraticamente, entre os quais se encontram 14 novos mandatários que assumiram seus cargos após a Terceira Cúpula das Américas realizada na Cidade de Québec, Canadá, reunimo-nos em uma Cúpula Extraordinária na cidade de Monterrey, Nuevo León, México. Nosso propósito é avançar na implementação de medidas para combater a pobreza, promover o desenvolvimento social, alcançar um crescimento econômico com eqüidade e reforçar a governabilidade de nossas democracias. Com uma visão renovada e fortalecida da cooperação, da solidariedade e da integração, enfrentaremos os contínuos e crescentes desafios do Hemisfério.
Guiados pela necessidade de trabalharmos juntos para incentivar a prosperidade, promover a inclusão social e uma distribuição mais eqüitativa do crescimento econômico, eliminar a fome, elevar os níveis de vida, gerar novas oportunidades de emprego e de investimento, promover o trabalho decente, bem como enfrentar as novas ameaças à segurança, entre as quais o terrorismo, o crime organizado e o tráfico ilícito de armas, reafirmamos nosso compromisso com a Carta Democrática Interamericana e reiteramos nossa firme intenção de continuar a implementar os mandatos das Cúpulas das Américas, bem como os compromissos assumidos com a Cúpula do Milênio, a Conferência Internacional sobre Financiamento do Desenvolvimento (Consenso de Monterrey) e a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentado de Joanesburgo.
Afirmamos que o bem-estar dos nossos povos requer a consecução de três objetivos estreitamente vinculados e interdependentes: crescimento econômico com eqüidade para reduzir a pobreza, desenvolvimento social e governabilidade democrática.
Declaramos, por conseguinte:
Crescimento econômico com eqüidade para reduzir a pobreza
Na busca de um crescimento econômico sustentado e eqüitativo que contribua para o desenvolvimento no longo prazo, reduza a pobreza, elimine a fome e eleve os níveis de vida da população, com atenção especial aos setores e grupos sociais mais vulneráveis, comprometemo-nos a continuar a implementar políticas macroeconômicas consistentes, políticas monetárias e fiscais prudentes, regimes de taxas de câmbio apropriados, uma administração prudente e apropriada da dívida pública, a diversificação da economia e a melhoria da competitividade. Comprometemo-nos também com a transformação qualitativa da administração pública mediante sua modernização, simplificação, descentralização e transparência. Redobraremos ainda nossos esforços para melhorar o clima de investimento nos nossos países e promover a responsabilidade social das empresas.
Reafirmamos nosso compromisso com o Consenso de Monterrey, adotado na Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento de 2002, no sentido de que cada país é o principal responsável por seu próprio desenvolvimento social e econômico mediante políticas consistentes, boa governança e o Estado de Direito. O cumprimento dessa responsabilidade permite o uso efetivo de recursos nacionais e internacionais para o desenvolvimento, o crescimento econômico e a redução da pobreza. Nesse contexto, reafirmamos o imperativo da comunidade internacional de apoiar os esforços nacionais de desenvolvimento. De acordo com as recomendações do Consenso de Monterrey, procuraremos articular esforços internacionais com vistas à mobilização de recursos para o desenvolvimento econômico sustentado e o combate à pobreza e à fome em todos os países do Hemisfério. Em especial, daremos continuidade a nossos esforços orientados para a identificação de fontes seguras de financiamento, que atendam às necessidades dos países em desenvolvimento e à abertura de mercados para seus produtos.
Continuaremos a implementar políticas públicas que estimulem maior poupança interna, atendam à necessidade da criação de empregos produtivos e contribuam para maior inclusão social.
Ressaltamos a importância da participação do setor privado para a consecução dos nossos objetivos. Reconhecemos que as micros, pequenas e médias empresas constituem um elemento fundamental para o crescimento econômico, a criação de empregos e a redução da pobreza nos nossos países. Apoiaremos as micros, pequenas e médias empresas mediante políticas e programas que facilitem sua consolidação e incorporação ao setor formal, permitam seu acesso efetivo aos mercados e às licitações do setor publico e, entre outros, promovam a formação de recursos humanos e facilitem o acesso ao crédito, aos serviços de desenvolvimento empresarial e às novas tecnologias, a fim de reduzir os custos administrativos. Também promoveremos a intensificação da cooperação internacional a fim de promover a transferência das melhores práticas destinadas ao desenvolvimento das micros, pequenas e médias empresas.
Tomaremos as medidas legais, normativas e institucionais necessárias e possíveis, antes da próxima Cúpula das Américas a ser realizada em 2005, para simplificar os procedimentos e reduzir significativamente o tempo e o custo de estabelecimento das empresas em cada país da região.
Apoiamos o trabalho do Banco Interamericano de Desenvolvimento para que, por intermédio de seus mecanismos e programas para o desenvolvimento do setor privado, triplique até 2007 seus empréstimos às micros, pequenas e médias empresas por meio do sistema bancário, procurando beneficiar todos os países que participam do processo de Cúpulas das Américas.
Reconhecemos o papel relevante desempenhado pelo comércio na promoção do crescimento e do desenvolvimento econômico sustentados. Reafirmamos nosso compromisso de avançar na Agenda de Doha para beneficiar todas as nossas economias, especialmente as economias em desenvolvimento, promovendo, entre outras medidas, melhor acesso aos mercados, eliminando os subsídios à exportação e reduzindo substancialmente as ajudas internas que destorcem o comércio.
Reconhecemos que a liberalização do comércio de produtos agrícolas constitui, entre outros, um elemento essencial para o desenvolvimento da agricultura nos países do Hemisfério. Portanto, reafirmamos nosso compromisso com as negociações comerciais para promover um acesso efetivo aos mercados.
Acolhemos o progresso alcançado até esta data para o estabelecimento de uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e tomamos nota com satisfação dos resultados equilibrados da Oitava Reunião Ministerial da ALCA realizada em Miami, em novembro de 2003. Apoiamos o acordo dos ministros sobre a estrutura e o calendário adotado para a conclusão das negociações da ALCA nos prazos previstos, o que promoverá, com a maior eficácia, o crescimento econômico, a redução da pobreza, o desenvolvimento e a integração por meio da liberalização do comércio, contribuindo para o alcance dos amplos objetivos da Cúpula*.
Continuaremos trabalhando na reforma da arquitetura financeira internacional, com os objetivos de, inter alia, contribuir para a prevenção e rápida solução das crises financeiras, que prejudicam particularmente os países em desenvolvimento da região, fortalecer o financiamento para o desenvolvimento, combater a pobreza e fortalecer a governabilidade democrática. Apoiamos os esforços dos países prestatários para trabalhar com o setor privado para explorar novos enfoques a fim de reduzir a carga do serviço da dívida nos períodos de desaceleração econômica. Reconhecemos a liderança dos países da região ao incluir cláusulas de ação coletiva em suas emissões internacionais de títulos. Fazemos um apelo às instituições financeiras internacionais e regionais a que fortaleçam a coordenação de suas atividades a fim de que respondam de maneira mais eficaz às necessidades de desenvolvimento de longo prazo dos países da região, para alcançar resultados mensuráveis em seus esforços de erradicação da pobreza por meio do uso mais efetivo de todas as fontes de financiamento disponíveis para o desenvolvimento.
Manifestamos que o crescimento econômico sustentado é o fator mais importante para a administração e o pagamento do serviço da dívida pública.
Reconhecemos que políticas macroeconômicas consistentes e uma administração fiscal prudente são também fundamentais para a consecução da sustentabilidade fiscal a longo prazo.
Consideramos também pertinente levar em conta, quando for o caso, as propostas sobre o alívio da dívida externa indicadas no parágrafo 48 do Consenso de Monterrey.
Reconhecemos, ademais, a responsabilidade de cada país quanto a seu próprio desenvolvimento econômico, mas também que existe um vínculo de interdependência entre as economias nacionais e o sistema econômico mundial.
No contexto da Iniciativa Reforçada para a Redução da Dívida dos Países Pobres Muito Endividados, fazemos um apelo a todos os credores a que participem do alívio da dívida em benefício dos países do Hemisfério que se qualificam, em apoio às reformas econômicas e à redução da pobreza.
Reconhecemos que a segurança jurídica sobre os direitos de propriedade é um dos elementos fundamentais para o crescimento econômico, uma vez que a verificação do título de propriedade ajuda as pessoas a obterem empréstimos e iniciarem negócios.
Portanto, comprometemo-nos, nos casos em que seja necessário e apropriado, a fortalecer os direitos de propriedade e ampliar seu uso como garantia, assegurando a aplicação de normas eficazes, transparentes, integrais e eqüitativas que rejam os contratos de propriedade, e a melhorar ou promover as medidas relativas à transferência da propriedade, aos registros de propriedade, ao estabelecimento da propriedade como forma de garantia e aos direitos e obrigações de devedores e credores.
No que se refere a essas medidas, comprometemo-nos a empreender ações concretas antes da próxima Cúpula das Américas, a realizar-se na Argentina em 2005, e a informar nessa oportunidade sobre os avanços alcançados. Poremos nosso empenho em assegurar que os direitos de propriedade beneficiem todas as pessoas sem discriminação.
Reconhecemos que o envio de remessas é uma fonte importante de capital em muitos países do Hemisfério. Comprometemo-nos a tomar ações concretas para promover o estabelecimento, o quanto antes possível, das condições necessárias para alcançar a meta de uma redução de pelo menos a metade do custo médio regional dessas transferências, se possível o mais tardar em 2008, e informar sobre os avanços obtidos à próxima Cúpula das Américas, a realizar-se na Argentina em 2005. Adotaremos, conforme seja necessário e apropriado, medidas como a promoção da concorrência entre os prestadores destes serviços, a eliminação de obstáculos normativos e outras medidas restritivas que afetam o custo dessas transferências, bem como o uso de novas tecnologias, mantendo normas de supervisão financeira efetivas.
Promoveremos a proteção dos consumidores, a concorrência leal e o aperfeiçoamento do funcionamento dos mercados, por meio de marcos regulatórios claros, efetivos e transparentes.
Desenvolvimento social
Reconhecemos que a superação da pobreza, da fome e da desigualdade social são grandes desafios enfrentados por muitos países do Hemisfério no século XXI. Estamos convencidos de que as políticas econômicas e sociais coordenadas e integradas são um requisito para o êxito no combate à desigualdade de oportunidades e à marginalização e de que essas políticas são pilares fundamentais para edificar uma sociedade mais justa. Enfatizamos que o trabalho, o emprego e a renda são essenciais para uma política social inclusiva.
Reiteramos que a atribuição de poderes à mulher, sua participação plena e igualitária no desenvolvimento de nossas sociedades e sua igualdade de oportunidades no exercício da liderança são fundamentais para a redução da pobreza, a promoção da prosperidade econômica e social e o desenvolvimento sustentado centrado no ser humano. Reafirmamos nosso compromisso de continuar promovendo a igualdade e eqüidade de gênero e os mandatos das Cúpulas das Américas nesta matéria.
Reconhecemos a urgência do fortalecimento dos mecanismos de luta contra a pobreza da Organização dos Estamos Americanos, como o Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral, a Comissão Interamericana de Desenvolvimento Social e o Programa Interamericano de Combate à Pobreza e Discriminação. Reconhecemos também a importância da promoção e do respeito dos direitos econômicos, sociais e culturais. Instamos a Organização dos Estados Americanos a que considere cuidadosamente as recomendações aprovadas na Reunião de Alto Nível sobre Pobreza, Eqüidade e Inclusão Social realizada na Ilha de Margarita, Venezuela, para fortalecer a agenda social hemisférica.
Promoveremos políticas que fortaleçam os sistemas de seguridade social em nossos países. Além disso, implementaremos, na medida de nossas capacidades e possibilidades financeiras, redes de proteção social ou outras modalidades apropriadas para atender aos setores mais vulneráveis de nossas sociedades. Incentivamos os países do Hemisfério que ainda não tenham estabelecido essas redes a explorar a possibilidade de fazê-lo no mais curto prazo possível.
Reconhecemos os esforços realizados por países do Hemisfério para atender aos problemas sociais suscitados por situações de desemprego, como a adoção dos sistemas de seguro-desemprego ou dos programas de renda de subsistência.
Reafirmamos que a diversidade de culturas que caracteriza o nosso Hemisfério enriquece imensamente as nossas sociedades e que o desenvolvimento cultural e a coesão social de nossos países são fortalecidos pelo respeito e valorização de nossa diversidade cultural.
Com relação aos direitos dos povos indígenas, reconhecemos o avanço substantivo alcançado nas negociações realizadas no âmbito da Organização dos Estados Americanos acerca da Declaração Americana sobre os Direitos dos Povos Indígenas, com a participação efetiva de representantes desses povos. Reiteramos nossa vontade política e apoio para a conclusão bem-sucedida das negociações e pronta aprovação da Declaração, que tem como objetivo promover e proteger seus direitos humanos e liberdades fundamentais.
Ressaltamos a importância da cooperação entre países de origem, trânsito e destino para assegurar a plena proteção dos direitos humanos de todos os migrantes, inclusive dos trabalhadores migrantes e suas famílias, e o respeito das leis trabalhistas que lhes são aplicáveis, em conformidade com os compromissos assumidos nas Cúpulas de Santiago e Cidade de Québec. Apoiamos a adoção de programas de migração ordenada como fator de desenvolvimento econômico e social e cooperaremos no combate ao tráfico de pessoas, o qual afeta especialmente as mulheres e crianças.
Estamos comprometidos com os princípios do trabalho decente, estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho, e promoveremos a aplicação da Declaração de Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, convencidos de que o respeito pelos direitos e pela dignidade dos trabalhadores é um elemento essencial para se alcançar a redução da pobreza e o desenvolvimento social e econômico sustentado de nossos povos. Também acordamos tomar medidas para combater as piores formas do trabalho infantil. Reconhecemos e apoiamos o importante trabalho da Conferência Interamericana dos Ministros do Trabalho para conseguir esses objetivos vitais.
A educação é fator decisivo para o desenvolvimento humano, por incidir na vida política, social, cultural, econômica e democrática de nossas sociedades. O aumento das taxas de analfabetismo em muitos países de nosso Hemisfério é um assunto que requer nossa ação imediata. Comprometemo-nos a continuar promovendo o acesso à educação básica de qualidade para todos, baseada nos princípios de participação, eqüidade, pertinência e eficácia, que gere as capacidades e habilidades necessárias para promover o processo de desenvolvimento de nossos povos, sem discriminação ou exclusão de qualquer tipo, e assim responder aos desafios do século XXI.
Comprometemo-nos a incrementar o acesso e a divulgação de informações sobre nossos sistemas educativos, com o objetivo de melhorar seu desempenho. Neste sentido, reiteramos nosso compromisso de continuar a implementação do Projeto Regional de Indicadores Educativos, referendado na Terceira Reunião Interamericana de Ministros da Educação, realizada na Cidade do México. Em especial, os países que ainda não o tenham feito elaborarão e divulgarão publicamente, antes da próxima Cúpula, um relatório com base nas metas de educação estabelecidas no Plano de Ação da Segunda Cúpula das Américas, para promover seu uso como uma ferramenta na tomada de decisões e melhorar os resultados.
Coincidimos em que a pesquisa e o desenvolvimento científico e tecnológico desempenham um papel importante na criação e sustentação de economias produtivas. Prosseguiremos formulando políticas e diretrizes que apóiem as associações de pesquisa públicas e privadas e promovam sua interação com os setores produtivos, levando em conta os requisitos e objetivos de nossos países. Continuaremos aumentando os investimentos na área da ciência e tecnologia, com a participação do setor privado e com o apoio das organizações multilaterais. Neste sentido, nos empenharemos em ampliar o acesso efetivo e eqüitativo às tecnologias e à sua transferência. Também intensificaremos esforços para incentivar nossas universidades e instituições superiores de ciência e tecnologia a multiplicarem e potencializarem seus vínculos e a aprofundarem a pesquisa básica e aplicada. Em relação a todas essas iniciativas, comprometemo-nos a proteger a propriedade intelectual, em conformidade tanto com as leis nacionais quanto com os convênios internacionais.
Estamos conscientes de que a revolução informática gera novas oportunidades para aumentar o acesso ao conhecimento para o desenvolvimento e ampliar a participação eqüitativa no desenvolvimento sustentado de nossas sociedades, particularmente nas áreas rurais, remotas e marginalizadas. No esforço para reduzir o hiato digital, tanto dentro de nossos países como entre eles, comprometemo-nos com a Declaração de Princípios da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação e com a continuidade da implementação da Agenda de Conectividade para as Américas e o Plano de Ação de Quito. Por isso, reafirmamos nosso compromisso de construir uma sociedade da informação enfocada no ser humano, inclusiva e orientada para o desenvolvimento, que esteja inspirada nos objetivos de inclusão social, redução da pobreza e progresso no âmbito de um desenvolvimento econômico e social equilibrado.
Procuraremos, no âmbito de nossas legislações e competências nacionais, incentivar preços acessíveis às tecnologias da informação e da comunicação para todos, e incentivaremos a plena e ativa participação da sociedade civil, incluindo o setor privado, para a consecução desta meta.
Destacamos que um dos pilares do desenvolvimento humano e do progresso das nações é a proteção social em matéria de saúde, pelo que continuaremos ampliando as estratégias de prevenção, atendimento e promoção, bem como o investimento neste âmbito, a fim de oferecer serviços de qualidade para todos e melhorar, na medida do possível, a proteção social a todas as pessoas, com ênfase particular nos grupos mais vulneráveis.
Estamos particularmente preocupados com o impacto do HIV/AIDS em nossas respectivas sociedades, sua proliferação e a ameaça que esta representa para a segurança de nossos povos. Reconhecemos que, para combater a pandemia do HIV/AIDS, é necessário realizar maiores esforços de prevenção, atendimento e tratamento no Hemisfério. Nossa liderança política é essencial para enfrentar o estigma, a discriminação e o temor que dissuadem as pessoas de se deixarem examinar e acederem ao tratamento e atendimento. Reconhecemos que, para enfrentar os desafios causados pela pandemia do HIV/AIDS, é necessário continuar aumentando os esforços de cooperação em nível mundial.
Em conformidade com as resoluções relevantes das Nações Unidas e de suas agências especializadas, as decisões pertinentes da Organização Mundial de Comércio e a Iniciativa de Três Milhões para 2005 (3x5) da Organização Mundial da Saúde, comprometemo-nos a facilitar o tratamento acessível do HIV/AIDS com o objetivo de oferecer tratamento anti-retroviral a todos os que dele necessitarem, o quanto antes possível e a pelo menos 600.000 indivíduos até 2005. Também solicitamos ao Fundo Mundial de Luta contra a AIDS, a Tuberculose e a Malária que identifique critérios que permitam aos países da América Latina e do Caribe terem um acesso maior a seus recursos.
Da mesma forma, estamos preocupados com as doenças emergentes e reemergentes, como a malária, o dengue, a febre amarela, a tuberculose, a hanseníase, a doença-de-chagas e outras, levando em conta o atual contexto econômico, social e de saneamento ambiental, bem como o impacto dos desastres naturais recorrentes e dos problemas de saúde associados ao crescimento não planejado em áreas densamente povoadas.
Por isso, comprometemo-nos a reforçar os programas de promoção, prevenção, controle e tratamento, a continuar desenvolvendo e fortalecendo estratégias de cooperação técnica entre os países da região e a aprofundar a cooperação técnica com a Organização Pan-Americana de Saúde, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e outros organismos interamericanos, bem como com outros atores-chave, com o propósito de implementar ações integrais de saúde pública para o controle e a eliminação dessas doenças.
Comprometemo-nos a manter um esforço sustentado para melhorar as condições de vida das populações rurais, promovendo os investimentos e criando um ambiente favorável que facilite a melhoria sustentada da agricultura, a fim de este que contribua para o desenvolvimento social, a prosperidade rural e a segurança alimentar. Nesse contexto, apoiamos a implementação do Plano de Ação AGRO 2003-2015 para a Agricultura e a Vida Rural das Américas, aprovado na Segunda Reunião Ministerial sobre Agricultura e Vida Rural, realizada na Cidade do Panamá em novembro de 2003, e esperamos que o Fórum Global de Biotecnologia, que será realizado no Chile, em março de 2004, contribua para combater a fome na região.
Assumimos o compromisso de aumentar a cooperação e fortalecer as instituições responsáveis pela coordenação e implementação das ações destinadas a reduzir o impacto dos desastres naturais nas pessoas e seu efeito nos planos nacionais de desenvolvimento, especialmente nas áreas de prevenção, mitigação, atendimento de emergências e gestão do risco em seus diferentes níveis.
Cremos que assegurar a saúde ambiental das nossas populações constitui um investimento para o bem-estar e a prosperidade de longo prazo. Sentimo-nos estimulados pela nova parceria entre os Ministros da Saúde e do Meio Ambiente das Américas e recomendamos que elaborem uma agenda de cooperação para prevenir e minimizar os impactos negativos no meio ambiente e na saúde humana.
Governabilidade democrática
Manifestamos nosso apoio à Declaração de Santiago sobre Democracia e Confiança Cidadã para definir uma agenda de governança para o Hemisfério que nos permita enfrentar os desafios políticos, econômicos e sociais com vistas a promover a credibilidade e a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas.
Reiteramos nosso compromisso com a plena aplicação da Carta Democrática Interamericana, elemento de identidade regional, cuja projeção internacional é uma contribuição de nosso Hemisfério à comunidade das nações. Reafirmamos nossa decisão de coordenar ações imediatas quando a democracia correr perigo em qualquer de nossos países. Também prosseguiremos em nossos esforços para fortalecer os mecanismos de defesa da democracia e para desenvolver e promover uma cultura e uma educação para a democracia.
Reconhecemos a participação de muitos países do Hemisfério na Comunidade das Democracias e fazemos um apelo a que a Terceira Conferência Ministerial continue apoiando o fortalecimento das instituições democráticas, em especial dos partidos políticos.
O fortalecimento e o respeito do Estado de Direito, a defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, o progresso econômico, o bem-estar e a justiça social, a transparência e a prestação de contas nos assuntos públicos, a promoção de diversas formas de participação do cidadão e a geração de oportunidades para todos são fundamentais para promover e consolidar a democracia representativa.
A governabilidade democrática se fortalece pelo diálogo entre todos os setores da sociedade. Continuaremos promovendo uma cultura democrática e de desenvolvimento baseada no pluralismo e na aceitação da diversidade social e cultural.
Reconhecemos que a corrupção e a impunidade enfraquecem as instituições públicas e privadas, deterioram a moral social, atentam contra o Estado de Direito e distorcem as economias e a atribuição de recursos para o desenvolvimento. Por isso, comprometemo-nos a intensificar nossos esforços para combater a corrupção e outras práticas não-éticas nos setores público e/ou privado, fortalecendo uma cultura de transparência e uma gestão pública mais eficiente.
Manifestamos nossa preocupação com práticas corruptas, ilegais e fraudulentas na administração de algumas empresas nacionais e transnacionais, que podem afetar negativamente as economias, em particular as dos países em desenvolvimento, seus produtores e consumidores.
A Carta Democrática Interamericana afirma que os povos da América têm direito à democracia e seus governos a obrigação de promovê-la e defendê-la, estabelecendo que são componentes fundamentais do exercício da democracia a transparência das atividades governamentais, a probidade e a responsabilidade dos governos na gestão pública. Por isso, aumentaremos nossa cooperação no âmbito da Convenção Interamericana contra a Corrupção, particularmente por meio do fortalecimento do seu Mecanismo de Acompanhamento. Incumbimos a próxima reunião da Conferência dos Estados Partes do Mecanismo de Acompanhamento da Convenção de propor medidas específicas para fortalecer esse mecanismo. Essas recomendações serão avaliadas em uma reunião dos Estados Partes da Convenção a realizar-se em Manágua, Nicarágua, em meados de 2004. Nessa reunião também serão consideradas medidas concretas adicionais para aumentar a transparência e combater a corrupção. Instruímos nossos Ministros das Relações Exteriores a que nos informem na Quarta Cúpula das Américas sobre o progresso alcançado.
Concordamos em realizar consultas no caso de a adesão aos nossos objetivos compartilhados de transparência e anticorrupção, de acordo com os dispositivos da Convenção Interamericana contra a Corrupção, vier a ser seriamente comprometida em qualquer um de nossos países.
Comprometemo-nos a promover a transparência nos processos políticos, na administração das finanças públicas, nas transações governamentais e nos procedimentos de licitações e contratos, de acordo com a legislação interna, para, entre outras coisas, prevenir abusos e manter a confiança pública.
No âmbito de nossa legislação nacional e das normas internacionais aplicáveis, comprometemo-nos a negar acolhida a funcionários corruptos, àqueles que os corrompem e a seus bens, e a cooperar em sua extradição, bem como na recuperação e na restituição dos ativos resultantes da corrupção a seus legítimos proprietários. Da mesma forma, comprometemo-nos a aperfeiçoar os mecanismos regionais de assistência jurídica mútua em matéria penal e sua implementação.
A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção é um valioso instrumento para enfrentar esse flagelo, pelo que nos comprometemos a considerar sua assinatura e promover sua ratificação.
Também nos comprometemos a aumentar a transparência das organizações internacionais de que somos membros pelo fortalecimento de seus mecanismos de prestação de contas.
Reconhecemos que o pluralismo político e partidos políticos sólidos são elementos essenciais da democracia. Destacamos a importância de normas que assegurem a transparência de suas finanças, evitem a corrupção e o risco de influências indevidas e estimulem um nível elevado de participação eleitoral. Por isso, promoveremos as condições que permitam aos partidos políticos desenvolver-se de forma autônoma do controle do governo. Promoveremos a formação política e a preparação de líderes, inclusive mulheres, jovens, indígenas, membros de grupos étnicos e populações marginalizadas. Ressaltamos o importante trabalho do Foro Interamericano de Partidos Políticos para facilitar que os partidos compartilhem as melhores práticas e se fortaleçam, bem como para promover reformas dos sistemas de partidos políticos.
Coincidimos em que, por meio da participação do cidadão, a sociedade civil deve contribuir para a formulação, execução e avaliação das políticas públicas promovidas pelas diversas ordens ou níveis de governo. Reconhecemos o papel da sociedade civil e sua contribuição para a boa gestão pública e reafirmamos a importância de continuar consolidando novas parcerias que permitam a vinculação construtiva entre governos, organizações não-governamentais, organismos internacionais e os diversos setores da sociedade civil para que trabalhem a favor do desenvolvimento e da democracia.
Promoveremos a participação da sociedade civil no processo das Cúpulas das Américas, para o que nos propomos institucionalizar os encontros com a sociedade civil, o setor acadêmico e o setor privado.
Promoveremos a modernização do Estado como elemento importante para o fortalecimento da governabilidade democrática e da boa governança, conjugando eficácia e eficiência com melhor acesso aos serviços, transparência e responsabilidade na gestão, bem como a consolidação e profissionalização da administração pública. Comprometemo-nos a incentivar o uso de novas tecnologias da informação e comunicação nos processos de gestão pública e a adotar estratégias que permitam o desenvolvimento do governo eletrônico.
O acesso à informação em poder do Estado, com o devido respeito às normas constitucionais e legais, incluindo aquelas sobre privacidade e confidencialidade, é condição indispensável para a participação do cidadão e promove o respeito efetivo dos direitos humanos. Comprometemo-nos a dispor de marcos jurídicos e normativos, bem como das estruturas e condições necessárias para garantir a nossos cidadãos o direito ao acesso à informação.
Tomamos nota com satisfação de que os governos do Hemisfério estão implementando o Consenso de Monterrey, explorando formas inovadoras para mobilizar financiamento para investimento privado e público e reforçar a gestão da dívida, considerando instrumentos financeiros como os bônus indexados ao crescimento e outros, a fim de promover a estabilidade macroeconômica e reduzir a vulnerabilidade financeira. A aplicação dessas medidas destinar-se-ia a acelerar o crescimento econômico, reduzir a pobreza e fortalecer a governabilidade democrática. Tomamos nota, ademais, do empenho dos governos da região em promover a discussão nesta área.
Destacamos o papel das atuais agências multilaterais na prestação de ajuda humanitária. Também tomamos nota das discussões e iniciativas orientadas para melhorar a efetividade da prestação de assistência humanitária e da erradicação da pobreza, como a proposta de criar um Fundo Internacional Humanitário, de caráter voluntário.
A justiça social e a redução da pobreza contribuem para a estabilidade, a democracia e a segurança de nossos Estados e da região. Reiteramos que, entre as principais causas de instabilidade na região, estão a pobreza, a desigualdade e a exclusão social, que devemos enfrentar de forma integral e urgente.
Os avanços no desenvolvimento econômico e social e o alcance de níveis mais elevados de eqüidade por meio de uma boa governança contribuirão para que se avance na estabilidade no Hemisfério e se aprofunde a dimensão humana da segurança.
Reiteramos nosso compromisso com os objetivos e propósitos constantes da Declaração sobre Segurança nas Américas aprovada na Conferência Especial sobre Segurança, realizada na Cidade do México em outubro de 2003, baseada, entre outros, no conceito multidimensional da segurança e no princípio de que o fundamento e o propósito da segurança é a proteção dos seres humanos.
Esta é nossa primeira reunião desde os trágicos acontecimentos de 11 de setembro de 2001. Reiteramos que o terrorismo, bem como a proliferação de armas de destruição em massa, constituem graves ameaças à segurança internacional, às instituições, aos valores democráticos dos Estados e ao bem-estar de nossos povos. Resolvemos intensificar nossos esforços e fortalecer nossa cooperação para enfrentar essas ameaças.
Tomaremos todas as medidas necessárias para prevenir e combater o terrorismo e seu financiamento, no pleno cumprimento de nossos compromissos no âmbito do Direito Internacional, incluindo o direito internacional dos direitos humanos, o direito internacional dos refugiados e o direito internacional humanitário. Comprometemo-nos igualmente a lutar contra todas as formas de crime transnacional, entre os quais o tráfico ilícito de drogas, armas e pessoas, em particular quando geram recursos utilizados em apoio às organizações terroristas. Também nos comprometemos a aderir às normas globais contra a lavagem de ativos e contra o financiamento do terrorismo.
Fazemos um apelo aos países que ainda não o fizeram a que ratifiquem a Convenção Interamericana Contra o Terrorismo, as 12 convenções e protocolos das Nações Unidas contra o terrorismo e outros instrumentos relacionados. Instamos todos os países a que considerem com urgência a assinatura e ratificação da Convenção Interamericana de Assistência Mútua em Matéria Penal e participem ativamente da Rede de Assistência Judiciária Mútua em Matéria Penal.
Recomendamos à Organização dos Estados Americanos, ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, à Organização Pan-Americana da Saúde, à Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe, ao Banco Mundial, ao Instituto Inter-Americano de Cooperação para a Agricultura, à Corporação Andina de Fomento, ao Banco Centro-Americano de Integração Econômica e ao Banco de Desenvolvimento do Caribe que fortaleçam sua coordenação e continuem intensificando seu apoio, por meio de suas respectivas atividades e programas, comprometendo os recursos apropriados para implementar os Planos de Ação das Cúpulas das Américas, assim como esta Declaração, e fazer seu acompanhamento, e que prestem assistência nos preparativos da Quarta Cúpula das Américas a realizar-se em 2005.
Agradecemos à Organização dos Estados Americanos e à sua Secretaria-Geral, em particular à Secretaria do Processo de Cúpulas das Américas e ao Grupo de Trabalho Conjunto de Cúpulas, por seu trabalho no seguimento das cúpulas e na preparação desta Cúpula Extraordinária.
Expressamos nosso agradecimento ao povo e ao Governo do México por ter hospedado esta Cúpula Extraordinária das Américas e ao Governo da Argentina por referendar o convite para a realização nesse país da Quarta Cúpula das Américas em 2005.
Nós, os Chefes de Estado e de Governo das Américas, acordamos que este documento seja conhecido como “Declaração de Nuevo León” e o aprovamos no décimo terceiro dia do mês de janeiro do ano de dois mil e quatro.
*A Venezuela faz reserva quanto ao parágrafo relativo à Área de Livre Comércio das Américas, por motivos de princípios e profundas diferenças acerca do conceito e da filosofia contidos no modelo proposto, bem como pelo tratamento dado às matérias específicas e aos prazos estabelecidos. Ratificamos nosso compromisso com a consolidação de um bloco regional e de comércio justo, como base para fortalecer os níveis de integração. Esse processo deve considerar as especificidades culturais, sociais e políticas de cada país; a soberania e a constitucionalidade; o nível e o tamanho de suas economias para garantir um tratamento justo.
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Vôlei | Num jogo eletrizante, com as duas equipes se alternando a todo momento na liderança, a seleção brasileira de vôlei masculino derrotou a da Itália, pela segunda rodada da competição em Atenas.
O jogo terminou 3 sets a 2 (25/21, 15/25, 25/16, 21/25 e 33/31).
A boa atuação de Nalbert deu ao técnico Bernardinho a certeza de que o jogador já está recuperado da cirurgia a que se submeteu no ombro.
O próximo adversário do Brasil, na quinta-feira, é a Holanda.
Vela
O brasileiro Robert Scheidt chegou em terceiro na quarta regata da classe Laser, disputada nesta terça-feira, e manteve a liderança da modalidade, com 15 pontos perdidos.
Scheidt é heptacampeão mundial e ganhou medalha de ouro em Atlanta, em 1996, e de prata em Sydney, em 2000.
O brasileiro assumiu a liderança na primeira regata desta terça-feira, quando chegou em primeiro.
Tênis
O tenista número 1 do mundo, o suíço Roger Federer, foi eliminado da competição em Atenas ao perder para o checo Thomas Berdych por 2 sets a 1, em uma das maiores surpresas do torneio.
Berdych, 74º do mundo, vai enfrentar o espanhol Tommy Robredo na próxima rodada.
Outras surpresas do torneio de tênis foram as derrotas do russo Marat Safin e do espanhol Juan Carlos Ferrero.
Com a saída de Federer, o favorito passar a ser o americano Andy Roddick, cabeça-de-chave número 2, que salvou dois match points nesta terça-feira e derrotou o alemão Tommy Haas por 2 sets a 1.
Mais tênis
Os brasileiros André Sá e Flávio Saretta foram eliminados na segunda rodada da chave de duplas em Atenas ao perder para a dupla do Zimbábue, Wayne Black e Kevin Ullyett.
O jogo terminou em 2 sets a 0 (6/3 e 6/4). Black e Ullyett já tinham eliminado os brasileiros na segunda rodada do torneio de Wimbledon, em junho.
Phelps
Embora não possa superar o recorde de seu compatriota Mark Spitz e ganhar oito medalhas de ouro nas piscinas em Atenas, o nadador Michael Phelps está fazendo uma bela colheita nestes jogos.
Nesta terça-feira, Phelps ganhou dois ouros, somando cinco medalhas (três ouros e dois bronzes) na competição até agora.
Phelps começou o dia ganhando os 200m borboleta, com novo recorde olímpico (1m54s04). Logo depois, caiu na piscina com a equipe de revezamento 4 x 200m livre americana e conquistou mais um ouro.
Ele abriu o revezamento e viu seu colega Klete Kelle fechar a prova, chegando 13 centésimos à frente de Ian Thorpe, que fechou o revezamento pela equipe australiana.
Os australianos eram os favoritos da prova, na qual vinham mantendo a hegemonia nos últimos quatro anos.
Judô
O brasileiro Flávio Canto venceu o polonês Robert Krawczyk por um waza-ari e garantiu a medalha de bronze na categoria meio-médio (até 81kg).
Esta é a segunda medalha do Brasil nos Jogos. O outro bronze também foi conseguido no judô, na categoria leve (até 73kg), por Leandro Guilheiro.
Doping
Um relatório médico lançou dúvidas sobre os ferimentos sofridos pelos gregos Kostas Kenteris e Katerina Thanou, que teriam se envolvido em um acidente de moto depois de não terem comparecido a um exame anti-doping
A agência de notícias Reuters afirmou que Kenteris teve arranhões leves, enquanto Thanou não apresentou ferimentos visíveis.
Os dois negaram ter usado substâncias proibidas.
Os corredores – Kenteris é o atual campeão olímpico dos 200 metros e Thanou foi medalha de prata nos 100 metros em Sydney – foram suspensos pelo Comitê Olímpico Grego, e uma comissão do Comitê Olímpico Internacional (COI) deve decidir na quarta-feira se mantém a punição.
Remo
O brasileiro Anderson Nocetti acabou em segundo lugar na repescagem do skiff simples, com o tempo de 7min03s08, atrás do cubano Yuleidys Cascaret Iznaga, que fez 6min58s44.
Com o resultado, o brasileiro garantiu vaga na semifinal da modalidade, que deve acontecer na quarta-feira.
Mais judô
A judoca brasileira Vânia Ishii, que luta na categoria meio-médio (até 63kg), perdeu a chance de disputar uma medalha de bronze em Atenas.
Em sua primeira luta, Ishii perdeu por ippon da belga Gella Vandecaveye, que aplicou o golpe após apenas 44 segundos de combate.
A brasileira precisava que Gella chegasse à semifinal para disputar a repescagem, mas a belga perdeu por ippon da eslovaca Urska Zolnir.
Natação
O nadador Jader Souza não conseguiu se classificar para as semifinais dos 100m livre. Ele ficou na 32ª colocação geral na prova classificatória, com o tempo de 50s67.
Em primeiro lugar ficou o holandês Pieter Van den Hoogenband, com o tempo de 48s70. Em seguida ficaram empatados com 48s85 Rolandas Gimbutis, da Lituânia, e Ryk Neethling, da África do Sul.
O nadador australiano Ian Thorpe ficou em sexto na classificação geral e também participa da semifinal.
Pela primeira vez na história dos Jogos, os Estados Unidos não terão nenhum nadador na final da modalidade. As duas esperanças americanas, Ian Crocker e Jason Lezak, não conseguiram se classificar para a semifinal.
Mais natação
O nadador brasileiro Eduardo Fischer ficou na 24ª colocação nas eliminatórias dos 200m peito e não conseguiu se classificar para as semifinais da modalidade.
Fischer concluiu a prova em 2min16s04. O nadador mais rápido foi o húngaro Daniel Gyurta, com 2min11s29, seguido pelo japonês Kosuke Kitajima, com 2min11s97, e pelo italiano Paolo Bossini, com 2min12s09.
Revezamento
A equipe de revezamento 4x200m livre masculino do Brasil ficou em 9º na classificação geral da modalidade e não conseguiu uma vaga na final.
O grupo brasileiro, representado por Rodrigo Castro, Bruno Bomfim, Carlos Jayme e Rafael Mosca, marcou 7min22s70 e ficou apenas 1s39 atrás da França, último país a se classificar, com 7min21s31.
Os Estados Unidos ficaram em primeiro lugar, com 7min12s80, a Austrália foi a segunda colocada, com 7min14s85, e Alemanha conseguiu o terceiro melhor tempo, com 7min16s75.
Esgrima
A brasileira Élora Pattaro foi eliminada da disputa do sabre ao perder para Elena Jemayeva, do Azerbaijão, por 15 a 8.
Jemayeva é bicampeã mundial da modalidade.
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Cassuça Benevides | Os Estados Unidos admitem discutir a eliminação dos subsídios à exportação de produtos agrícolas na Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
O gesto de boa vontade para avançar nas negociações e manter o prazo original de 2005 para a criação da Alca pode ser anunciado pelo representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick, ao final do encontro com chanceleres de 15 países da região em Washington nesta sexta-feira.
A concessão americana seria um "gesto mais simbólico do que efetivo", na avaliação de um dos integrantes da equipe de negociadores brasileiros.
Pelo acordo fechado na Rodada do Uruguai de liberalização do comércio, os subsídios à exportação são vinculados à performance, e os Estados Unidos só podem conceder até US$ 200 milhões desses subsídios ao ano.
Subsídios internos
Segundo a proposta levantada junto aos negociadores brasileiros, os subsídios internos permanecem intocados e fora das negociações.
No caso americano, eles se traduzem na chamada Farm Bill, a lei agrícola revista em 2002 que garante até US$ 113 bilhões em subsídios nos próximos 10 anos.
Mesmo assim, a promessa de acabar com subsídios à exportação dentro das Américas seria uma concessão simbólica dos americanos e um fortalecimento da posição de países em desenvolvimento dentro das negociações agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC), onde as propostas para o fim desses subsídios enfrentam forte resistência da União Européia.
Brasil e Estados Unidos dividem a presidência da negociação da Alca. Zoellick esteve no Brasil no final de maio para iniciar as discussões com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, sobre a proposta de uma agenda mais restrita e pragmática, que permita o encerramento das negociações no prazo previsto.
Pauta reduzida
A pauta, que vai ser discutida nesta sexta com representantes de outros países, deve propor uma agenda menos ambiciosa e negociações em dois estágios.
Paraa segunda e última fase, que deve começar depois da reunião de representantes dos 34 países que vão formar a Alca, marcada para novembro em Miami, devem ser retiradas da pauta de negociações os subsídios agrícolas internos e políticas de defesa comercial, como salvaguardas e antidumping, que não são do interesse dos Estados Unidos e serão discutidas na Rodada de Doha de liberalização do comércio da OMC.
Em contrapartida, o Brasil vai propor retirar as discussões nas áreas de investimentos, compras governamentais e propriedade intelectual, que são do interesse dos Estados Unidos e nas quais os brasileiros teriam pouco a ganhar.
No caso das compras de governo, por exemplo, os Estados Unidos têm uma extensa legislação de proteção a pequenas e microempresas.
Protecionismo
Um técnico envolvido nas negociações explica que, pela lei americana, uma empresa pequena pode ter até 500 funcionários, o que no Brasil seria uma grande empresa. Além disso, a legislação dá preferência a vários tipos de empresas de minorias, que vão de mulheres negras a veteranos de guerra.
"Com todo este protecionismo, o Brasil teria pouco acesso para vencer licitações e vender produtos para o governo americano. Nossa competitividade seria restrita à obras públicas e poucos outros setores", explica o técnico.
Permanecem dentro da negociação da Alca a questão de acesso a mercados (sem compras governamentais), mecanismos de solução de controvérsias, questões de meio ambiente e trabalho, facilitação de comércio (desburocratização de práticas aduaneiras) e regras de origem.
Além das negociações "quatro por um" na questão de acesso a mercados, na qual o Mercosul negociaria em bloco com os Estados Unidos, o Brasil quer que, dentro da nova pauta da Alca, o Mercosul possa fazer ofertas diferenciadas para os países andinos e para os países do Caribe.
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Vela | Com quatro medalhas olímpicas no currículo, o iatista Torben Grael começou sua jornada em Atenas com a segunda colocação na classificação geral ao fim do primeiro dia de competição na classe Star.
Ao lado do companheiro Marcelo Ferreira, Torben ficou em quinto e quarto lugares nas duas regatas disputadas neste sábado.
Torben é o atleta brasileiro presente em Atenas mais bem sucedido. Ele conquistou uma medalha de ouro na classe Star em Atlanta-96, prata na classe Soling em Los Angeles-84, e dois bronzes também na classe Star nos Jogos de Sydney-2000 e Seul-88.
Vôleo masculino
A seleção brasileira masculina de vôlei derrotou os adversários russos neste sábado por 3 sets a 0 (25-19, 25-13 e 25-23) e manteve a liderança do grupo B da Olimpíada.
A equipe do técnico Bernardinho agora enfrenta os Estados Unidos na próxima segunda-feira.
Handebol
No hadebol feminino o Brasil sofreu sua segunda derrota. Desta vez contra a Hungria por 35 a 26 (19 a 14 no primeiro tempo). A equipe húngara é a vice-campeã do mundo. Mesmo tendo sido derrotada, a equipe brasileira está classificada para a próxima fase.
Atletismo
No atletismo, a final feminina dos 100m rasos foi vencida por Yuliya Nesterenko, da Belarus, em 10.93 segundos. A norte-americana Lauryn Williams ficou com a medalha de prata, depois de ter liderado a competição nos primeiros 60 metros.E o bronze ficou com a jamaicana Veronica Campbell. As ex-campeãs olímpicas Gail Devers, dos EUA e Christine Arron, da França, ficaram de fora da final.
Mais vela
Na classe Mistral, o iatista Ricardo Winicki, o Bimba, terminou o sábado na segunda colocação geral, atrás do israelense Gal Fridman.
Tanto Bimba quanto Fridman têm 27 pontos perdidos, mas no desempate o israelense leva vantagem, porque tem uma vitória a mais.
Apesar de ter perdido a liderança, Bimba se disse satisfeito.
"Saí frustrado ontem, hoje não. Tem muita gente boa aqui que não está se dando bem. Aqui não adianta só a velocidade, conta mais a atenção de cada um."
Natação
Flávia Delaroli encerrou a participação brasileira na competição de natação ficando com o oitavo lugar na final dos 50m livre.
A brasileira marcou o tempo de 25s20. A prova foi vencida pela holandesa Inge de Bruijn com 24s28.
Atletismo
Dos brasileiros que participaram das eliminatórias dos 100m rasos neste sábado, apenas Vicente Lenílson se classificou para as semifinais.
Ele chegou em terceiro lugar na sua série, vencida pelo americano Shawn Crawford com 9s89. Lenílson marcou 10s26.
André Domingos foi o último em sua série, com 10s34.
Jarbas Mascarenhas terminou em sétimo na bateria vencida pelo americano Maurice Greene, que busca o bicampeonato olímpico.
Maurice fez 9s93 e foi seguido por seu principal adversário na luta pelo ouro, o jamaicano Asafa Powell, que marcou 9s99.
A final dos 100m rasos, a prova mais nobre do atletismo, vai ser disputada neste domingo.
Vôlei de praia
Márcio e Benjamin foram eliminados do torneio de vôlei de praia, ao perder para os irmãos suíços Martin e Paul Laciga.
A partida, válida pelas oitavas-de-final, terminou em 2 sets a 1 (21/19, 19/21 e 15/12).
Se vencessem, Márcio e Benjamin teriam como adversários nas quartas-de-final, neste domingo, outra dupla brasileira, Ricardo e Emanuel.
Mais atletismo
As atletas brasileiras Maria Laura Almirão e Geisa Coutinho não conseguiram se classificar para as semifinais dos 400m na prova disputada neste sábado no Estádio Olímpico de Atenas. Maria Laura ficou no 26º lugar geral, com o tempo de 52s10, e Geisa fez a prova em 52s18, ficando duas posições atrás.
Resta às duas o revezamento 4x400m, cuja classificatória será disputada na sexta-feira, dia 27.
Saltos ornamentais
A representante brasileira na prova do trampolim de 10m foi eliminada no segundo dia de competição.
Juliana Veloso reconhecia na sexta-feira que seu desempenho não devia ser suficiente para classificá-la entre as 12 primeiras atletas que vão disputar a final.
Mais vôlei de praia
No vôlei de praia feminino a vitória de Shelda e Adriana Behar colocou duas duplas brasileiras em confronto direto nas quartas de final.
As duas venceram as búlgaras Petia e Tzvetelina Yanchulova no jogo que terminal pouco depois da meia-noite em Atenas (18h no horário de Brasília) e agora enfrentam Ana Paula e a Sandra neste domingo, às 15h30 (9h30 de Brasília).
"O intervalo dos jogos é muito pequeno. Vamos dormir muito tarde e fazer o primeiro jogo do dia seguinte," reclamou Shelda.
Basquete
A vitória sobre a Nigéria, na sexta-feira, carimbou o passaporte do Brasil para as quartas-de-final do basquete feminino nos Jogos Olímpicos de Atenas. O objetivo do grupo agora é conquistar o primeiro lugar da chave no jogo diante da Austrália, neste domingo. Para isso, precisa vencer por diferença mínima de 15 pontos.
O técnico Antônio Carlos Barbosa é o primeiro a garantir que o Brasil vai buscar a vitória diante da Austrália, descartando a possibilidade de o time perder o jogo para evitar o cruzamento com os Estados Unidos na semifinal.
"Vamos entrar para ganhar por mais de 15 pontos, para terminarmos em primeiro lugar da chave", afirmou Barbosa, acrescentando que a equipe brasileira ainda tem sido instável, errando bolas fáceis. "Contra adversários mais fortes isso não pode acontecer", disse.
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Esta frase é falsa. | Solução de paradoxos é desafio para matemáticos e filósofos há milênios
Este é um dos paradoxos mais populares e ilustrativos: se é realmente falsa, o que a frase enuncia é verdadeiro, mas se a falsidade enunciada é real, a frase não pode ser falsa.
Paradoxo vem das palavras em latim e grego que significam "o contrário da opinião comum" e é, de acordo com o dicionário Houaiss:
1. Proposição ou opinião contrária ao comum;
2. Aparente falta de lógica ou nexo; contradição.
Fim do Talvez também te interesse
Há vários tipos, mas o que eles geralmente têm em comum é o fato de conseguirem nos fazer parar e pensar, mesmo por um momento. Como quando se lê a frase "para chegar rápido, nada melhor do que ir devagar".
Outras nos acompanharam por anos, às vezes séculos, e algumas têm impulsionado importantes avanços em ciência, filosofia e matemática.
Ainda é seu navio?
Mudança e identidade. Sobre isso nos fez refletir o historiador, biógrafo e filósofo grego Plutarco (46 - 120 d.C.) durante quase 2.000 anos com o paradoxo de Teseu, o mítico rei fundador de Atenas, filho de Etra e Eseo, ou, segundo outras lendas, de Poseidon.
"O navio em que Teseu e a juventude de Atenas retornaram de Creta tinha trinta remos e foi conservado pelos atenienses até o tempo de Demetrio de Falero. Suas tábuas antigas foram removidas à medida em que introduziram novas madeiras e mais resistentes em seu lugar, de modo que o navio se tornou um exemplo permanente entre filósofos para discutir a questão lógica das coisas que crescem. Um lado sustenta que o navio permanece o mesmo, e o outro diz que não".
Reforma de navio criou o paradoxo sobre o que seria o velho e o novo: Quantas vezes é possível mudar sem perder a identidade?
Se o navio fosse preservado pelos atenienses até o tempo de Demetrius de Phalerus, isso significaria cerca de 300 anos.
Com tantas reformas, o navio era o mesmo?
E foi além. Se com a madeira velha construíssem outro barco idêntico, qual dos dois seria o original: aquele com as placas originais ou aquele que foi restaurado?
O movimento não existe
Para ir a qualquer lugar, você deve percorrer primeiro a metade da distância, logo, a metade da distância que falta percorrer, depois, a metade da distância que falta, e assim até o infinito, então você nunca chegará lá.
O movimento é uma ilusão? É assim que este paradoxo de Miranche é ilustrado na Wikipedia
Este é mais um da série de paradoxos do movimento que o filósofo grego Zenão de Elea criou para demonstrar que o Universo é singular e que a mudança, inclusive o movimento, é impossível, como argumentou o seu professor Parmênides.
Se te parecer absurdo, você não está sozinho: foi rejeitado por anos.
No entanto, a matemática ofereceu uma solução formal no século 19 que foi aceitar que 1/2 + 1/4 + 1/8 + 1/16... somam 1.
Embora essa solução teórica atinja determinados propósitos, não respondeu o que estava acontecendo na realidade: como algo pode chegar ao seu destino.
Isso, que entendemos intuitivamente porque o experimentamos diariamente, é mais complexo e, para resolvê-lo, tivemos que esperar até o século 20 para usar teorias que mostrem que a matéria, o tempo e o espaço não são infinitamente divisíveis.
Aquele que fez a matemática cambalear
Agora que já esquentamos os motores, vamos falar sobre um paradoxo que abalou a comunidade matemática no início do século 20, incluindo aquele que o formulou: o filósofo, matemático, lógico e escritor britânico vencedor do Prêmio Nobel de Literatura Bertrand Russell.
Russell era um dos que estavam impulsionando o logicismo - a tese filosófica que diz que a matemática, ou a maior parte dela, pode ser reduzida à lógica.
"Eu nunca morreria por minhas crenças porque eu poderia estar errado", é uma das frases brilhantes de Russell
Esse projeto incluía em sua base a teoria de conjuntos de Cantor-Frege. Ambos, o alemão Georg Cantor e seu compatriota Gotlob Frege, assumiram que todo predicado definia um conjunto. Assim, o predicado "ser de ouro" define o conjunto de todas as coisas que são de ouro.
Soa mais do que óbvio.
Mas Russell descobriu que havia um predicado particular que contradisse a teoria: "não pertence a si mesmo".
Esse é o paradoxo de Russell, e é complexo, mas felizmente encontramos uma das explicações mais claras, criada por M. Carmen Márquez García para um curso de Saem Thales - Formação à Distância pela Internet.
Suponhamos que um conhecido especialista em obras de arte decida classificar os quadros de todo o mundo em uma das duas categorias mutuamente excludentes.
Uma categoria, de poucos quadros, consiste em todas as pinturas que incluem uma imagem de si mesma na cena apresentada na tela. Por exemplo, podemos pintar um quadro, intitulado "Interior", de uma sala e seus móveis - obras penduradas, uma estátua, um piano de cauda - que inclui, pendurado acima do piano, uma pequena pintura da pintura "Interior". Assim, nossa tela incluiria uma imagem de si mesma
A outra categoria, muito mais comum, consistiria em todos os quadros que não incluem uma imagem de si mesmo. Chamaremos essas obras de "pinturas de Russell". A Mona Lisa, por exemplo, é uma pintura de Russell porque não tem dentro dela mesma uma pequena pintura da Mona Lisa.
Suponhamos também que nosso especialista em arte reúna em uma enorme exposição todas as pinturas de Russell do mundo. Depois de imensos esforços, ele as reúne e as pendura em uma sala enorme.
Orgulhoso de sua façanha, o especialista instrui um artista a pintar uma imagem da sala e seu conteúdo.
Quando a pintura ficar pronta, o artista a intitula, com toda propriedade, de "Todas as pinturas de Russell do mundo".
O galerista examina cuidadosamente a pintura e descobre uma pequena falha: na tela, ao lado da pintura da Mona Lisa, há uma representação de "Todas as pinturas de Russell do mundo". Isso significa que "Todas as pinturas do mundo" é uma imagem que inclui uma imagem de si mesma e, portanto, não é uma pintura de Russell. Consequentemente, não pertence à exposição e certamente não deve estar pendurado na parede.
Quadros pendurados em uma imensa galeria representa um dos grandes paradoxos
O especialista pede ao artista para apagar a pequena representação.
O artista a apaga e retorna para mostrar a imagem ao especialista. Depois de examiná-la, ele percebe que há um novo problema: a pintura "Todas as pinturas de Russell do mundo" agora não inclui uma imagem de si mesma e, portanto, é uma pintura de Russell, que deveria pertencer à exposição. Consequentemente, deve ser pintado e pendurado em alguma parte das paredes, para que o trabalho não inclua todas as pinturas de Russell.
O especialista chama o artista novamente e pede que ele retoque com uma pequena imagem o "Todas as pinturas de Russell do mundo".
Mas uma vez que a imagem foi adicionada, estamos novamente no início da história. A imagem deve ser apagada, posteriormente deve ser pintada e depois excluída, e assim por diante.
Eventualmente, o artista e o especialista perceberão que algo não está funcionando: eles encontraram o paradoxo de Russell.
Tendo em mente que Russell estava tentando reduzir a matemática para a lógica e o que ele descobriu foi uma brecha nos fundamentos da ciência, sua reação não surpreende.
"Eu sentia sobre essas contradições o mesmo que deve sentir um católico fervoroso sobre papas indignos".
Mas não tinha volta: as descobertas não poderiam voltar a ser cobertas novamente.
Embora para alguns matemáticos o assunto era indiferente e não merecia muita reflexão, outros dedicaram a maior parte do seu trabalho intelectual na primeira metade do século 20 a superar o paradoxo de Russell... até que se decidiu que um conjunto que contenha a si mesmo realmente não é um conjunto.
A solução não agradou a muitos, nem mesmo a Russell.
M. Carmen Márquez García diz que "a tensão intelectual e sua conclusão desanimadora cobraram um preço muito caro".
Russell lembraria como depois disto ele "se afastou da lógica matemática com uma espécie de náusea".
Ele voltou a pensar em suicídio, mas decidiu não concretizá-lo porque, observou ele, certamente se arrependeria.
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Isto é um gugol: | Um gugol é 1 seguido de 100 zeros; termo inspirou nome do mecanismo de pesquisa do Google
10. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000. 000.
Não precisa contar: trata-se de um número 1 seguido de 100 zeros - ou, como preferem os matemáticos, 10 elevado a 100 (10^100). O gugol é tão grande que supera a quantidade de átomos que existem no Universo (estima-se hoje que eles seriam em torno de 10 elevado a 80 - ou 10^80).
Em 1937, durante uma conferência, o matemático americano Edward Kasner disse que "para a maioria das pessoas, o número é tão grande que é infinito, tão grande que não se pode nomeá-lo ou falar dele".
"Portanto, falarei dele. Direi a vocês exatamente o que ele é", acrescentou Kasner na ocasião.
Fim do Talvez também te interesse
Foi ele próprio quem criou o termo gugol, palavra que mais tarde serviria de inspiração para uma das marcas mais valiosas e influentes do planeta: Google.
Muitos 'o's
Como professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Kasner buscava explicar conceitos matemáticos complexos e gerar interesse pela ciência.
O matemático "queria chamar atenção para números enormes por meio de seus significados e quantidades", explica à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC, o matemático Javier Aramayona, pesquisador do Instituto de Ciências Matemáticas (ICMAT) da Espanha.
Edward Kasner teve ideia de batizar um número 'enorme' e pediu ao sobrinho de 9 anos para batizá-lo
Para isso, ele inventou um nome atraente para um destes números grandes - particularmente, o 1 seguido de 100 zeros.
Na virada dos anos 20 para os anos 30, Kasner recorreu à ajuda de seu sobrinho Milton Sirotta, de 9 anos, e pediu que ele batizasse o número. A única condição era que ele tivesse muitas letras "o" para representar a sequência de zeros.
Milton não só cunhou o termo gugol ("googol" em inglês), como também gugolplex ("googolplex"), que se refere a um 1 seguido de uma quantidade gugol de zeros. O termo também se popularizou.
Sem uso prático
"Os nomes servem simplesmente para que possamos nos referir de forma concisa ao que representam", diz Aramayona.
Após lembrar que existem infinitos números naturais (1, 2, 3, 4...), o matemático explica que há certos números "enormes" que são conhecidos por nomes específicos porque estão associados a problemas concretos.
Um exemplo é o número de Shannon (um 1 seguido de 120 zeros), que "surge ao se estudar a complexidade do xadrez", ou seja, na estimativa da quantidade de partidas possíveis que o jogo oferece.
Se por um lado o nome gugol provou seu objetivo de divulgação e segue conhecido 100 anos depois, por outro, Aramayona explica que ele "não tem uma utilidade prática concreta".
Em sua opinião, "possivelmente, grande parte da fama do termo gugol se deve ao fato de ele ter servido de inspiração para o nome Google".
'Estimativa atual do número total de átomos no universo é 10 elevado a 80', diz matemático Javier Aramayona
De Backrub a Google
"A história do Google começa em 1995, na Universidade Stanford", narra a página oficial do buscador, que se tornou um império tecnológico, comercial e de comunicações.
Foi lá que Larry Page e Sergey Brin se conheceram e, alguns anos depois, "trabalhando em seus quartos, criaram um mecanismo de pesquisa que usava links para determinar a importância de páginas individuais na rede mundial de computadores" - o qual eles chamaram de Backrub.
"Depois, o Backrub passou a se chamar Google", diz a empresa. "O nome era um jogo de palavras com a expressão matemática usada para o número 1 seguido de 100 zeros, e refletia com precisão a missão de Larry e Sergey de 'organizar as informações do mundo e as tornar universalmente acessíveis e úteis'", diz o texto.
Até alguns anos atrás, a biografia corporativa dizia também que o jogo de palavras refletia sua "missão de organizar a vasta quantidade de informações aparentemente infinitas disponível na web".
Diferentemente do que alguns pensam, o best-seller Google (editora Dell), de David A. Vise e Mark Malseed, conta que os criadores não soletraram o nome do número de Kasner de maneira diferente para diferenciá-lo ou torná-lo mais exclusivo.
A grafia teria sido resultado de um simples erro.
Já a sede da empresa em Mountain View, no Estado americano da Califórnia, é chamada Googleplex. A escolha é justificada como um uso lúdico dos termos "gugolplex" e "complex", em referência ao complexo de edifícios.
Um gugol
Apesar de ter um nome atraente e de referências como o número de átomos no Universo ou o de informações disponíveis na web, dimensionar um número tão grande quanto o gugol pode ser difícil.
Foi isso que o designer holandês Daniel de Bruin se propôs fazer ao comemorar seu "um bilhão de segundos de vida", completado em 1º de março, exatamente às 14h52.
No "aniversário", De Bruin apresentou uma máquina que exibe o gugol.
"A máquina é composta por 200 engrenagens, das quais 100 têm 100 dentes e as outras 100, 10 dentes", explica.
"As engrenagens são conectadas de forma que, quando a primeira marcha gira, a segunda gira 1/10 de uma rotação. Em outras palavras, é dez vezes mais lenta", acrescenta.
A terceira engrenagem gira dez vezes mais devagar que a segunda; portanto, a primeira marcha deve girar 100 vezes para girar a terceira. E assim sucessivamente.
Em outras palavras, explica, "para que a última engrenagem rode uma só vez vez, a primeira terá que girar um gugol de vezes".
O vídeo de apresentação tem mais de 900 mil visualizações no YouTube e outras 230 mil no Instagram.
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Denise Telles |
O tenista Gustavo Kuerten lamentou as chances desperdiçadas em pequenos detalhes que o levaram à derrota para o americano Todd Martin por 3 sets a 0 (7/6, 6/4, 6/4), na segunda rodada do Torneio de Wimbledon.
"Nesses jogos, com caras que sacam bem, o jogo se define em detalhes. No primeiro set, eu tive mais oportunidades do que ele. Tive umas três ou quatro chances de quebrar o saque dele e não consegui", afirmou na entrevista coletiva após o jogo.
Com a eliminação, Guga continua sem conseguir pelo menos igualar o seu melhor resultado no torneio, conseguido em 1999, quando atingiu as quartas de final.
Martin quebrou o saque de Guga apenas uma vez em cada um dos últimos dois sets, o suficiente para lhe garantir a vitória.
Interrupção
A partida foi interrompida no fim do primeiro set por causa da chuva. O jogo ficou parado por cerca de 20 minutos, mas a interrupção não foi suficiente para mudar o panorama para Guga.
"Ele foi afunilando. Martin é um cara perigoso. Eu sabia que ele ia dar trabalho. Ele estava inspirado", disse.
Martin tem 32 anos e é um veterano de Wimbledon. Ele já chegou às semifinais duas vezes no torneio, em 1994 e 1996.
O tenista americano gosta de subir à rede e usou essa característica para não dar espaço ao adversário.
Guga não acredita que tenha mais tempo para se preparar melhor nas próximas vezes em que voltar a Wimbledon.
"Até hoje, não aconteceu de chegar aqui com antecedência. Roland Garros (disputado no fim de maio) acaba atrapalhando a preparação. O ideal seria jogar em Queens, me preparando. Mas ficar na correira com certeza não vai dar mais resultados", afirmou.
O tenista brasileiro fez uma boa availiação de seu desempenho este ano. "Tive um começo de ano excelente. Tive vários bons resultados no saibro. Agora, vim para cá já pensando no segundo semestre", disse.
Guga é o 10º colocado na Corrida dos Campeões e o 13º no ranking de entradas.
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Reportagem: | Para especialistas, desperdício de comida é 'tragédia'
Up to half of the world's food is wasted due to inefficient production in poorer countries and over-fussy consumers in the rich world, says a new report from the UK-based Institution of Mechanical Engineers.
Mark Doyle
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The world has limited resources and a growing population. By the end of this century there could be three billion extra mouths to feed. So wasting food, this new report says, is a tragedy that should not continue. The study says changing the way consumers in the rich world reject less-than-perfect-looking vegetables in the shops, and eat large quantities of meat - which requires a lot of resources to bring to market - could have an impact.
But the engineers who wrote this report also recommend better use of scarce land and water around the whole world. They say that putting more land to agriculture will be difficult without damaging the environment, so improving the efficiency of farming is vital. The report says better irrigation is the key here, because water used in agriculture is often sourced badly: from aquifers which are poorly managed. In some cases, the engineers say, governments and aid agencies have exacerbated this problem by sinking boreholes in the wrong places.
The report also says that irrigating crops through spraying or flooding fields is wasteful because so much of the water evaporates. It says that drip or trickle methods of irrigation, while more expensive to install, can be as much as a third more efficient.
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a growing population an increasing number of people living in a particular area or place
tragedy a serious situation or disaster
consumers people who buy things
agriculture farming; growing and producing food
irrigation supplying land with water by artificial means to help crops to grow
aquifers rocks which contain groundwater
exacerbated made worse
boreholes spaces drilled into the ground in order to extract water, gas or minerals
evaporates loses moisture into the air
trickle tiny flow of liquid
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Atletismo | Com o tempo de 13s33, o melhor de sua carreira, Matheus Inocêncio venceu a quarta série eliminatória dos 110m com barreiras, se classificando para as semifinais da categoria.
A marca foi a sétima melhor entre os 16 semifinalistas. Em segundo lugar ficou o haitiano Dudley Dorival, seguido do jamaicano Maurice Wignall, ambos com 13s39. Matheus está na segunda semifinal, que será disputada na quinta-feira, dia 26, às 21h09min (15h09 de Brasília).
Primeiro brasileiro a disputar os Jogos Olímpicos de Verão e Inverno, Matheus ficou contente com seu desempenho na prova.
"Estou feliz demais. Estes são os meus primeiros Jogos Olímpicos de Verão e não vim somente para participar, mas também para brigar de igual para igual com todo mundo", afirmou o barreirista.
O outro brasileiro na distância, Márcio Simão de Souza, ficou em quinto na terceira bateria, com 13s54, e não conseguiu a classificação na prova.
Márcio, quinto colocado no Mundial de Paris ficou inconformado com seu resultado, já que uma pisada em falso pôs por terra seu sonho de ser finalista olímpico. "Eu derrubei uma barreira e acabei pisando em falso. Isso me atrapalhou, já que perdi velocidade. Em uma prova de velocidade você não pode vacilar ", disse.
A segunda série eliminatória dos 110m com barreiras desta quarta-feira foi marcada pelo tombo de um recordista olímpico e medalha de ouro em Atlanta-96. Depois de derrubar cinco barreiras, o americano Allen Johnson, um dos favoritos à vitória, perdeu o equilíbrio e caiu na pista, sendo eliminado da disputa.
Mais atletismo
Osmar Barbosa se classificacou para as semifinais dos 800m ao completar sua série eliminatória em 1min45s90. Foi a segunda melhor marca do brasileiro este ano na prova. Ele só havia conseguido tempo melhor no GP de Roma - 1min45s64.
Classificavam-se para as semifinais os dois primeiros colocados de cada série, além dos seis melhores tempos. Osmar ficou em quarto lugar na terceira bateria, a mesma em que correu o queniano naturalizado dinamarquês Wilson Kipkeper, recordista mundial da prova (1min41s11), e medalhista de prata em Sydney-2000.
O brasileiro ficou satisfeito com seu desempenho na prova, sobretudo porque sofreu muitas lesões musculares nas duas pernas este ano. Há três dias, ele precisou se submeter a uma ressonância magnética, que constatou um pequeno estiramento na panturrilha direita. "Se minha prova fosse no fim de semana, não correria. Mas na segunda-feira (dia 23) fiz um teste e percebi que estava ok", disse.
Osmar corre agora atrás de resultado melhor que o de Sydney. Nos Jogos de 2004, ele não conseguiu passar das semifinais. Já em Atlanta-96, foi eliminado nas eliminatórias dos 400m e chegou às semifinais no 4x400m. "Minha cabeça está boa. Meu corpo é que não está agüentando", finalizou o atleta de 35 anos, medalha de bronze nos 800m no Mundial Indoor de Budapeste, na Hungria, em abril.
Saltos ornamentais
Juliana Veloso conseguiu 265,29 pontos em cinco saltos na eliminatória desta quarta-feira e se classificou em 18º lugar para a semifinal da modalidade.
A russa Yulia Pakhalina foi a primeira, com 347,04 pontos. Em segundo, veio a canadense Blythe Hartley com 321,33, e, em terceiro, a chinesa Guo Jingjing, com 319,71.
Em Sydney, Juliana ficou na 35ª posição na mesma prova, na qual o melhor resultado olímpico brasileiro havia sido um 19º lugar em Seul, em 1988, obtido pela atleta Angela Mendonça Ribeiro.
Canoagem
Sebástian Cuattrin terminou em sétimo lugar a sua semifinal e não conseguiu vaga para a final do K1 1000 m.
O brasileiro fez a prova em 3min37s682. O campeão da série foi o canadense Adam van Koeverden, com 3min27s502, seguido pelo húngaro Roland Kokeny, com 3min29s134, e pelo português Emanuel Silva, com 3min29s942.
Na quinta-feira, Sebástian ainda disputa a semifinal do K1 500 m e do K2 500 m, esta última ao lado de Sebastian Szubski.
Vela
Torben Grael e Marcelo Ferreira garantiram o segundo lugar na sétima regata da classe Star nesta quarta-feira.
Com o resultado, os brasileiros mantiveram a liderança na classificação geral, com 15 pontos perdidos.
Os vices-líderes agora são os americanos Paul Cayard e Phill Trinter, que venceram a regata desta quarta-feira e têm 27 pontos perdidos. Os canadenses Ross MacDonald e Mike Wolfs ficaram em oitavo na regata e caíram para o terceiro lugar geral, com 28,2 pontos perdidos.
Atletismo
A brasileira Mariana Ohata ficou com a 37ª colocação na prova de triatlo, com o tempo de 2h16min52s97.
As outras duas brasileiras que disputavam a prova, Sandra Soldan e Carla Moreno, abandonaram no percurso de ciclismo.
A vencedora foi a austríaca Kate Allen, com 2h04min43s45, seguida pela australiana Loretta Harrop, com 2h04min50s17. O bronze ficou com a americana Susan Williams, com 2h05min08s92.
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