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---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Ementa e Acórdão
05/09/2006
SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256 MINAS GERAIS
RELATOR
: MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S)
: EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S)
: VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S)
: PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE
GOVERNADOR VALADARES
E M E N T A: “HABEAS CORPUS” – ATO JUDICIAL QUE, EM SEDE DE
EXECUÇÃO CIVIL, DETERMINA A INDISPONIBILIDADE DE BENS DO DEVEDOR
(ORA PACIENTE) – INEXISTÊNCIA DE QUALQUER SITUAÇÃO DE DANO EFETIVO
OU DE RISCO POTENCIAL À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO FÍSICA DO PACIENTE -
DOUTRINA
BRASILEIRA
DO
“HABEAS
CORPUS”
-
CESSAÇÃO
(REFORMA
CONSTITUCIONAL DE 1926) - IMPOSSIBILIDADE DE OFENSA À LIBERDADE DE
LOCOMOÇÃO FÍSICA - DESCABIMENTO DA AÇÃO DE “HABEAS CORPUS” – RECURSO
DE AGRAVO IMPROVIDO.
A FUNÇÃO CLÁSSICA DO “HABEAS CORPUS” RESTRINGE-SE À
ESTREITA TUTELA DA IMEDIATA LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO FÍSICA DAS
PESSOAS.
- A ação de “habeas corpus” não se revela cabível, quando
inexistente qualquer situação de dano efetivo ou de risco potencial
ao “jus manendi, ambulandi, eundi ultro citroque”.
Esse entendimento decorre da circunstância histórica de a
Reforma Constitucional de 1926 - que importou na cessação da
doutrina brasileira do “habeas corpus” - haver restaurado a função
clássica desse extraordinário remédio processual, destinando-o,
quanto à sua finalidade, à específica tutela jurisdicional da
imediata liberdade de locomoção física das pessoas. Precedentes.
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a
Presidência do Ministro Celso de Mello, na conformidade da ata de
julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em
negar provimento ao recurso de agravo, nos termos do voto do
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Supremo Tribunal Federal
Supremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 11
Ementa e Acórdão
HC 89.256 AgR / MG
2
Relator. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Senhores
Ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso.
Brasília, 05 de setembro de 2006.
CELSO DE MELLO - RELATOR
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
2
Relator. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Senhores
Ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso.
Brasília, 05 de setembro de 2006.
CELSO DE MELLO - RELATOR
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 11
Relatório
05/09/2006
SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256 MINAS GERAIS
RELATOR
: MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S)
: EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S)
: VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S)
: PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE
GOVERNADOR VALADARES
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO - (Relator): Trata-se de
“agravo regimental” interposto contra decisão que, proferida pela
eminente
Ministra
ELLEN
GRACIE
(art.
13,
VIII,
do
RISTF
-
fls. 142/143), não conheceu da ação de “habeas corpus” ajuizada
perante esta Suprema Corte.
Eis o teor da decisão que sofreu a interposição do
presente recurso de agravo (fls. 142/143):
“1. Trata-se de ‘habeas corpus’ em que se aponta
como autoridade coatora o Presidente da Turma Recursal
do
Juizado
Especial
da
Comarca
de
Governador
Valadares/MG (fl. 02).
2. Narra a inicial que o ora paciente ajuizou ação
de rescisão contratual, cumulada com perdas e danos, no
Juizado Especial Cível, a qual foi julgada parcialmente
procedente (fls. 13/18). Todavia, em sede recursal, a
sentença foi reformada, tendo o acórdão condenado o
autor ‘a pagar 20 salários mínimos a título de dano
moral e multa contratual’ (fl. 03), em razão da
existência de pedido contraposto formulado pela ré.
Afirma, ainda, que, na execução de sentença, ‘mesmo o
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Supremo Tribunal Federal
05/09/2006
SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256 MINAS GERAIS
RELATOR
: MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S)
: EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S)
: VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S)
: PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE
GOVERNADOR VALADARES
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO - (Relator): Trata-se de
“agravo regimental” interposto contra decisão que, proferida pela
eminente
Ministra
ELLEN
GRACIE
(art.
13,
VIII,
do
RISTF
-
fls. 142/143), não conheceu da ação de “habeas corpus” ajuizada
perante esta Suprema Corte.
Eis o teor da decisão que sofreu a interposição do
presente recurso de agravo (fls. 142/143):
“1. Trata-se de ‘habeas corpus’ em que se aponta
como autoridade coatora o Presidente da Turma Recursal
do
Juizado
Especial
da
Comarca
de
Governador
Valadares/MG (fl. 02).
2. Narra a inicial que o ora paciente ajuizou ação
de rescisão contratual, cumulada com perdas e danos, no
Juizado Especial Cível, a qual foi julgada parcialmente
procedente (fls. 13/18). Todavia, em sede recursal, a
sentença foi reformada, tendo o acórdão condenado o
autor ‘a pagar 20 salários mínimos a título de dano
moral e multa contratual’ (fl. 03), em razão da
existência de pedido contraposto formulado pela ré.
Afirma, ainda, que, na execução de sentença, ‘mesmo o
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 11
Relatório
HC 89.256 AgR / MG
2
paciente possuindo bens passíveis de penhora, foi
determinado e quebrado seu sigilo fiscal e bancário
(fl. 253/255, 258, 260/262, 271 e 273/274), violando
frontalmente o direito constitucional do paciente ao
sigilo de dados’ (fl. 05).
Alega-se, em síntese, que a decisão da Turma
Recursal resultou em constrangimento ilegal ao seu
direito de locomoção, visto que, posteriormente, foi
determinada a restrição de numerário constante de
aplicação bancária do ora paciente, necessária ao
exercício de seu direito.
Requer a concessão de liminar para ‘determinar a
suspensão imediata dos bloqueios das contas-correntes
do paciente, posto serem atos nulos decorrentes de
processo manifestamente nulo’ (fl. 07). Ao final, roga
pela concessão da ordem para ‘declarar como nulo o
processo desde antes do julgamento do Acórdão, ou,
depois do julgamento do Acórdão, pois em ambos os casos
não ocorreu a devida intimação do paciente’ (fl. 07).
3. A Constituição Federal dispõe em seu art. 5º,
LXVIII, que ‘conceder-se-á ‘habeas corpus’ sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou
coação
em
sua
liberdade
de
locomoção,
por
ilegalidade ou abuso de poder’.
Na hipótese sob análise, constato que inexiste nos
autos qualquer elemento indicativo de que o paciente
possa estar sofrendo, ou vir a sofrer, de maneira
imediata, constrangimento em sua liberdade de locomoção
física. Leio na inicial (fl. 06):
‘(...) No caso vertente, o paciente não pode
gerir seus negócios e quitar seus compromissos pela
via
bancária,
como
de
resto
todo
tipo
de
compromisso nesse País e no mundo é feito, pelo
fato
de
suas
contas
bancárias
estarem
todas
bloqueadas.
De
igual
modo,
o
ato
constrangedor
da
autoridade coatora e seus frutos não tem permitido
ao paciente exercer a sua liberdade de locomoção,
mormente hodiernamente em que tudo é feito via
banco, seja por segurança dos indivíduos contra
assaltos seja para maior captação de renda via
CPMF.
E, vale ressaltar, isso tudo em virtude de um
processo manifestamente nulo que lhe está gerando
constrangimento ilegal.’
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.O
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
2
paciente possuindo bens passíveis de penhora, foi
determinado e quebrado seu sigilo fiscal e bancário
(fl. 253/255, 258, 260/262, 271 e 273/274), violando
frontalmente o direito constitucional do paciente ao
sigilo de dados’ (fl. 05).
Alega-se, em síntese, que a decisão da Turma
Recursal resultou em constrangimento ilegal ao seu
direito de locomoção, visto que, posteriormente, foi
determinada a restrição de numerário constante de
aplicação bancária do ora paciente, necessária ao
exercício de seu direito.
Requer a concessão de liminar para ‘determinar a
suspensão imediata dos bloqueios das contas-correntes
do paciente, posto serem atos nulos decorrentes de
processo manifestamente nulo’ (fl. 07). Ao final, roga
pela concessão da ordem para ‘declarar como nulo o
processo desde antes do julgamento do Acórdão, ou,
depois do julgamento do Acórdão, pois em ambos os casos
não ocorreu a devida intimação do paciente’ (fl. 07).
3. A Constituição Federal dispõe em seu art. 5º,
LXVIII, que ‘conceder-se-á ‘habeas corpus’ sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou
coação
em
sua
liberdade
de
locomoção,
por
ilegalidade ou abuso de poder’.
Na hipótese sob análise, constato que inexiste nos
autos qualquer elemento indicativo de que o paciente
possa estar sofrendo, ou vir a sofrer, de maneira
imediata, constrangimento em sua liberdade de locomoção
física. Leio na inicial (fl. 06):
‘(...) No caso vertente, o paciente não pode
gerir seus negócios e quitar seus compromissos pela
via
bancária,
como
de
resto
todo
tipo
de
compromisso nesse País e no mundo é feito, pelo
fato
de
suas
contas
bancárias
estarem
todas
bloqueadas.
De
igual
modo,
o
ato
constrangedor
da
autoridade coatora e seus frutos não tem permitido
ao paciente exercer a sua liberdade de locomoção,
mormente hodiernamente em que tudo é feito via
banco, seja por segurança dos indivíduos contra
assaltos seja para maior captação de renda via
CPMF.
E, vale ressaltar, isso tudo em virtude de um
processo manifestamente nulo que lhe está gerando
constrangimento ilegal.’
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.O
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 11
Relatório
HC 89.256 AgR / MG
3
Conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal
no HC
82.880-AgR
(Rel.
Min.
Carlos
Velloso,
DJ 16.05.2003), ‘o ‘habeas corpus’ visa a proteger a
liberdade de locomoção - liberdade de ir, vir e ficar -
por ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser
utilizado para proteção de direitos outros’, como na
espécie, em que se pretendem o desbloqueio de contas
bancárias e a declaração de nulidade de processo cível
(fl. 07).
Vale ressaltar, contudo, a faculdade de o paciente
utilizar os instrumentos processuais pertinentes na
defesa
de
seus
direitos
supostamente
violados
(HC 81.003, rel. Min. Maurício Corrêa, 2ª Turma, DJ
19.10.2001).
4. Ante o exposto, sendo manifestamente incabível a
via utilizada, não conheço do presente ‘habeas corpus’
e determino o seu arquivamento (RISTF, art. 21, § 1º, e
Lei 8.038/90, art. 38).” (grifei)
Inconformada com esse ato decisório, a parte ora
recorrente interpõe o presente “agravo regimental”, alegando, em
síntese, o que se segue (fls. 150/151):
“O recorrente interpôs o presente ‘habeas corpus’
contra o recorrido pelo fato de que, em virtude de um
processo manifestamente nulo, não pode exercer sua
liberdade de locomoção, porquanto o paciente não pode
gerir seus negócios e quitar seus compromissos pela via
bancária, como de resto todo o tipo de compromisso
nesse País e no mundo é feito, pelo fato de suas contas
bancárias estarem todas bloqueadas.
Restou dito no ‘habeas corpus’ que o ato do
recorrido não permite ao recorrente exercer a sua
liberdade de locomoção, mormente hodiernamente em que
tudo é feito via banco.
Noutras palavras, não tem como uma pessoa na
realidade dos dias atuais se locomover pelo País sem
ter uma conta bancária, ressalvada a hipótese de querer
ser assaltado.
...................................................
No
caso
vertente,
há
sim
constrangimento
na
liberdade de locomoção, ao contrário do culto e elevado
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
3
Conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal
no HC
82.880-AgR
(Rel.
Min.
Carlos
Velloso,
DJ 16.05.2003), ‘o ‘habeas corpus’ visa a proteger a
liberdade de locomoção - liberdade de ir, vir e ficar -
por ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser
utilizado para proteção de direitos outros’, como na
espécie, em que se pretendem o desbloqueio de contas
bancárias e a declaração de nulidade de processo cível
(fl. 07).
Vale ressaltar, contudo, a faculdade de o paciente
utilizar os instrumentos processuais pertinentes na
defesa
de
seus
direitos
supostamente
violados
(HC 81.003, rel. Min. Maurício Corrêa, 2ª Turma, DJ
19.10.2001).
4. Ante o exposto, sendo manifestamente incabível a
via utilizada, não conheço do presente ‘habeas corpus’
e determino o seu arquivamento (RISTF, art. 21, § 1º, e
Lei 8.038/90, art. 38).” (grifei)
Inconformada com esse ato decisório, a parte ora
recorrente interpõe o presente “agravo regimental”, alegando, em
síntese, o que se segue (fls. 150/151):
“O recorrente interpôs o presente ‘habeas corpus’
contra o recorrido pelo fato de que, em virtude de um
processo manifestamente nulo, não pode exercer sua
liberdade de locomoção, porquanto o paciente não pode
gerir seus negócios e quitar seus compromissos pela via
bancária, como de resto todo o tipo de compromisso
nesse País e no mundo é feito, pelo fato de suas contas
bancárias estarem todas bloqueadas.
Restou dito no ‘habeas corpus’ que o ato do
recorrido não permite ao recorrente exercer a sua
liberdade de locomoção, mormente hodiernamente em que
tudo é feito via banco.
Noutras palavras, não tem como uma pessoa na
realidade dos dias atuais se locomover pelo País sem
ter uma conta bancária, ressalvada a hipótese de querer
ser assaltado.
...................................................
No
caso
vertente,
há
sim
constrangimento
na
liberdade de locomoção, ao contrário do culto e elevado
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 11
Relatório
HC 89.256 AgR / MG
4
entendimento
monocrático
da
eminente
Ministra.”
(grifei)
Por não me convencer das razões expostas pela parte ora
agravante, submeto, à apreciação desta colenda Turma, o presente
recurso de agravo.
É o relatório.
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
4
entendimento
monocrático
da
eminente
Ministra.”
(grifei)
Por não me convencer das razões expostas pela parte ora
agravante, submeto, à apreciação desta colenda Turma, o presente
recurso de agravo.
É o relatório.
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 11
Voto - MIN. CELSO DE MELLO
HC 89.256 AgR / MG
5
V O T O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO - (Relator): Não
assiste razão à parte ora agravante, eis que a decisão impugnada na
presente sede recursal ajusta-se, com absoluta fidelidade, ao
magistério jurisprudencial desta Suprema Corte.
Como se sabe, a ação de “habeas corpus” destina-se,
unicamente, a amparar a imediata liberdade de locomoção física das
pessoas,
revelando-se
estranha,
à
sua
específica
finalidade
jurídico-constitucional, qualquer pretensão que vise a desconstituir
atos que não se mostrem ofensivos, ainda que potencialmente, ao
direito de ir, de vir e de permanecer das pessoas.
É por tal razão que o Supremo Tribunal Federal, atento
à destinação constitucional do “habeas corpus”, não tem conhecido do
remédio heroico, quando utilizado, como no caso, em situações de que
não resulte qualquer possibilidade de ofensa ao “jus manendi,
ambulandi, eundi ultro citroque” (RTJ 116/523 – RTJ 141/159).
A ação de “habeas corpus”, portanto, enquanto remédio
jurídico-constitucional revestido de finalidade específica, não
pode ser utilizada como sucedâneo de outras ações judiciais,
notadamente naquelas hipóteses em que o direito-fim (ou direito-escopo,
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
5
V O T O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO - (Relator): Não
assiste razão à parte ora agravante, eis que a decisão impugnada na
presente sede recursal ajusta-se, com absoluta fidelidade, ao
magistério jurisprudencial desta Suprema Corte.
Como se sabe, a ação de “habeas corpus” destina-se,
unicamente, a amparar a imediata liberdade de locomoção física das
pessoas,
revelando-se
estranha,
à
sua
específica
finalidade
jurídico-constitucional, qualquer pretensão que vise a desconstituir
atos que não se mostrem ofensivos, ainda que potencialmente, ao
direito de ir, de vir e de permanecer das pessoas.
É por tal razão que o Supremo Tribunal Federal, atento
à destinação constitucional do “habeas corpus”, não tem conhecido do
remédio heroico, quando utilizado, como no caso, em situações de que
não resulte qualquer possibilidade de ofensa ao “jus manendi,
ambulandi, eundi ultro citroque” (RTJ 116/523 – RTJ 141/159).
A ação de “habeas corpus”, portanto, enquanto remédio
jurídico-constitucional revestido de finalidade específica, não
pode ser utilizada como sucedâneo de outras ações judiciais,
notadamente naquelas hipóteses em que o direito-fim (ou direito-escopo,
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 11
Voto - MIN. CELSO DE MELLO
HC 89.256 AgR / MG
6
na expressão feliz de PEDRO LESSA) não se identifica – tal como
neste caso ocorre – com a própria liberdade de locomoção física.
É que entendimento diverso conduziria, necessariamente,
à descaracterização desse instrumento tutelar da liberdade de
locomoção. Não se pode desconhecer que, com a cessação da doutrina
brasileira do “habeas corpus”, motivada pela Reforma Constitucional
de 1926, restaurou-se, em nosso sistema jurídico, a função clássica
desse remédio heroico. Por tal razão, não se revela suscetível de
conhecimento a ação de “habeas corpus”, quando promovida contra ato
estatal de que não resulte, de modo imediato, ofensa, atual ou
iminente, à liberdade de locomoção física (RTJ 135/593 – RTJ 136/1226 –
RTJ 142/896 – RTJ 152/140 – RTJ 178/1231 – RTJ 180/962, v.g.):
“A função clássica do ‘habeas corpus’ restringe-se
à estreita tutela da imediata liberdade de locomoção
física das pessoas.
- A ação de ‘habeas corpus’ - desde que inexistente
qualquer situação de dano efetivo ou de risco potencial
ao ‘jus manendi, ambulandi, eundi ultro citroque’ - não
se revela cabível, mesmo quando ajuizada para discutir
eventual nulidade do processo penal em que proferida
decisão condenatória definitivamente executada.
Esse entendimento decorre da circunstância histórica
de a Reforma Constitucional de 1926 - que importou na
cessação da doutrina brasileira do ‘habeas corpus’ -
haver restaurado a função clássica desse extraordinário
remédio
processual,
destinando-o,
quanto
à
sua
finalidade, à específica tutela jurisdicional da imediata
liberdade de locomoção física das pessoas. Precedentes.”
(RTJ 186/261-262, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
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documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3882343
Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
6
na expressão feliz de PEDRO LESSA) não se identifica – tal como
neste caso ocorre – com a própria liberdade de locomoção física.
É que entendimento diverso conduziria, necessariamente,
à descaracterização desse instrumento tutelar da liberdade de
locomoção. Não se pode desconhecer que, com a cessação da doutrina
brasileira do “habeas corpus”, motivada pela Reforma Constitucional
de 1926, restaurou-se, em nosso sistema jurídico, a função clássica
desse remédio heroico. Por tal razão, não se revela suscetível de
conhecimento a ação de “habeas corpus”, quando promovida contra ato
estatal de que não resulte, de modo imediato, ofensa, atual ou
iminente, à liberdade de locomoção física (RTJ 135/593 – RTJ 136/1226 –
RTJ 142/896 – RTJ 152/140 – RTJ 178/1231 – RTJ 180/962, v.g.):
“A função clássica do ‘habeas corpus’ restringe-se
à estreita tutela da imediata liberdade de locomoção
física das pessoas.
- A ação de ‘habeas corpus’ - desde que inexistente
qualquer situação de dano efetivo ou de risco potencial
ao ‘jus manendi, ambulandi, eundi ultro citroque’ - não
se revela cabível, mesmo quando ajuizada para discutir
eventual nulidade do processo penal em que proferida
decisão condenatória definitivamente executada.
Esse entendimento decorre da circunstância histórica
de a Reforma Constitucional de 1926 - que importou na
cessação da doutrina brasileira do ‘habeas corpus’ -
haver restaurado a função clássica desse extraordinário
remédio
processual,
destinando-o,
quanto
à
sua
finalidade, à específica tutela jurisdicional da imediata
liberdade de locomoção física das pessoas. Precedentes.”
(RTJ 186/261-262, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
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Voto - MIN. CELSO DE MELLO
HC 89.256 AgR / MG
7
Vale insistir, bem por isso, na asserção de que o
“habeas corpus”, em sua condição de instrumento de ativação da
jurisdição constitucional das liberdades, configura um poderoso meio
de cessação do injusto constrangimento ao estado de liberdade de
locomoção física das pessoas. Se essa liberdade não se expõe a
qualquer tipo de cerceamento, e se o direito de ir, vir ou
permanecer sequer se revela ameaçado, nada justifica o emprego do
remédio heroico do “habeas corpus”, por não estar em causa a
liberdade de locomoção física:
“CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. ‘HABEAS CORPUS’:
CABIMENTO. C.F., art. 5º, LXVIII.
I. – O ‘habeas corpus’ visa a proteger a liberdade de
locomoção – liberdade de ir, vir e ficar – por
ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser utilizado
para proteção de direitos outros. C.F., art. 5º, LXVIII.
II. – H.C. indeferido, liminarmente. Agravo não
provido.”
(HC 82.880-AgR/SP, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, Pleno –
grifei)
Cabe
reafirmar,
desse
modo,
que
esse
remédio
constitucional, considerada a sua específica destinação tutelar, tem
por finalidade amparar, em sede jurisdicional, “única e diretamente,
a liberdade de locomoção. Ele se destina à estreita tutela da imediata
liberdade física de ir e vir dos indivíduos (...)” (RTJ 66/396 –
RTJ 177/1206-1207 – RT 423/327 – RT 338/99 – RF 213/390 – RF 222/336 –
RF 230/280, v.g.), excluída, portanto, a possibilidade de se
questionar, no âmbito do processo de “habeas corpus”, como ora
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
7
Vale insistir, bem por isso, na asserção de que o
“habeas corpus”, em sua condição de instrumento de ativação da
jurisdição constitucional das liberdades, configura um poderoso meio
de cessação do injusto constrangimento ao estado de liberdade de
locomoção física das pessoas. Se essa liberdade não se expõe a
qualquer tipo de cerceamento, e se o direito de ir, vir ou
permanecer sequer se revela ameaçado, nada justifica o emprego do
remédio heroico do “habeas corpus”, por não estar em causa a
liberdade de locomoção física:
“CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. ‘HABEAS CORPUS’:
CABIMENTO. C.F., art. 5º, LXVIII.
I. – O ‘habeas corpus’ visa a proteger a liberdade de
locomoção – liberdade de ir, vir e ficar – por
ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser utilizado
para proteção de direitos outros. C.F., art. 5º, LXVIII.
II. – H.C. indeferido, liminarmente. Agravo não
provido.”
(HC 82.880-AgR/SP, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, Pleno –
grifei)
Cabe
reafirmar,
desse
modo,
que
esse
remédio
constitucional, considerada a sua específica destinação tutelar, tem
por finalidade amparar, em sede jurisdicional, “única e diretamente,
a liberdade de locomoção. Ele se destina à estreita tutela da imediata
liberdade física de ir e vir dos indivíduos (...)” (RTJ 66/396 –
RTJ 177/1206-1207 – RT 423/327 – RT 338/99 – RF 213/390 – RF 222/336 –
RF 230/280, v.g.), excluída, portanto, a possibilidade de se
questionar, no âmbito do processo de “habeas corpus”, como ora
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Voto - MIN. CELSO DE MELLO
HC 89.256 AgR / MG
8
pretendido pelo impetrante, decisão judicial que decreta, em sede de
execução civil, a indisponibilidade de bens do devedor.
Sendo assim, e em face das razões expostas, nego
provimento ao presente “agravo regimental”, mantendo, por seus
próprios fundamentos, a decisão ora agravada.
É o meu voto.
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
8
pretendido pelo impetrante, decisão judicial que decreta, em sede de
execução civil, a indisponibilidade de bens do devedor.
Sendo assim, e em face das razões expostas, nego
provimento ao presente “agravo regimental”, mantendo, por seus
próprios fundamentos, a decisão ora agravada.
É o meu voto.
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Extrato de Ata - 05/09/2006
SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256
PROCED. : MINAS GERAIS
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S) : EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S) : VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL
CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES
Decisão: A Turma, por votação unânime, negou provimento ao
recurso de agravo, nos termos do voto do Relator. Ausentes,
justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Gilmar
Mendes e Cezar Peluso. 2ª Turma, 05.09.2006.
Presidência do Senhor Ministro Celso de Mello. Presentes à
sessão os Senhores Ministros Joaquim Barbosa e Eros Grau.
Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Gilmar Mendes e
Cezar Peluso.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Gonçalves.
p/ Carlos Alberto Cantanhede
Coordenador
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Supremo Tribunal Federal
SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256
PROCED. : MINAS GERAIS
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S) : EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S) : VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL
CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES
Decisão: A Turma, por votação unânime, negou provimento ao
recurso de agravo, nos termos do voto do Relator. Ausentes,
justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Gilmar
Mendes e Cezar Peluso. 2ª Turma, 05.09.2006.
Presidência do Senhor Ministro Celso de Mello. Presentes à
sessão os Senhores Ministros Joaquim Barbosa e Eros Grau.
Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Gilmar Mendes e
Cezar Peluso.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Gonçalves.
p/ Carlos Alberto Cantanhede
Coordenador
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 11
| https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3913985 | 2006-09-05T00:00:00 | 2013-06-05T00:00:00 | A Turma, por votação unânime, negou provimento ao recurso de agravo, nos termos do voto do Relator. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso. 2ª Turma, 05.09.2006. | AG.REG. NO HABEAS CORPUS | E M E N T A: “HABEAS CORPUS” - ATO JUDICIAL QUE, EM SEDE DE EXECUÇÃO CIVIL, DETERMINA A INDISPONIBILIDADE DE BENS DO DEVEDOR (ORA PACIENTE) - INEXISTÊNCIA DE QUALQUER SITUAÇÃO DE DANO EFETIVO OU DE RISCO POTENCIAL À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO FÍSICA DO PACIENTE - DOUTRINA BRASILEIRA DO “HABEAS CORPUS” - CESSAÇÃO (REFORMA CONSTITUCIONAL DE 1926) - IMPOSSIBILIDADE DE OFENSA À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO FÍSICA - DESCABIMENTO DA AÇÃO DE “HABEAS CORPUS” - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.
A FUNÇÃO CLÁSSICA DO “HABEAS CORPUS” RESTRINGE-SE À ESTREITA TUTELA DA IMEDIATA LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO FÍSICA DAS PESSOAS.
- A ação de “habeas corpus” não se revela cabível, quando inexistente qualquer situação de dano efetivo ou de risco potencial ao “jus manendi, ambulandi, eundi ultro citroque”.
Esse entendimento decorre da circunstância histórica de a Reforma Constitucional de 1926 - que importou na cessação da doutrina brasileira do “habeas corpus” - haver restaurado a função clássica desse extraordinário remédio processual, destinando-o, quanto à sua finalidade, à específica tutela jurisdicional da imediata liberdade de locomoção física das pessoas. Precedentes. | sjur232259 | - Acórdão(s) citado(s):
(HC, SUCEDÂNEO, AÇÃO JUDICIAL)
RTJ 116/523, RTJ 141/159.
(HC, INEXISTÊNCIA, OFENSA, LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO)
HC 82880 AgR (TP); RTJ 135/593, RTJ 136/1226, RTJ 142/896,
RTJ 152/140, RTJ 178/1231, RTJ 180/962.
(HC, OFENSA, LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO)
RTJ 66/396, RTJ 177/1206, RT 423/327, RT 338/99, RF
213/390, RF 222/336, RF 230/280.
Número de páginas: 11.
Análise: 19/06/2013, MJC. | CELSO DE MELLO | Segunda Turma | 89256 | null | HC-AgR | acordaos | HC 89256 AgR | [
""
] | AGTE.(S) : EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S) : VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES | [
""
] | Ementa e Acórdão
05/09/2006
SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256 MINAS GERAIS
RELATOR
: MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S)
: EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S)
: VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S)
: PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE
GOVERNADOR VALADARES
E M E N T A: “HABEAS CORPUS” – ATO JUDICIAL QUE, EM SEDE DE
EXECUÇÃO CIVIL, DETERMINA A INDISPONIBILIDADE DE BENS DO DEVEDOR
(ORA PACIENTE) – INEXISTÊNCIA DE QUALQUER SITUAÇÃO DE DANO EFETIVO
OU DE RISCO POTENCIAL À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO FÍSICA DO PACIENTE -
DOUTRINA
BRASILEIRA
DO
“HABEAS
CORPUS”
-
CESSAÇÃO
(REFORMA
CONSTITUCIONAL DE 1926) - IMPOSSIBILIDADE DE OFENSA À LIBERDADE DE
LOCOMOÇÃO FÍSICA - DESCABIMENTO DA AÇÃO DE “HABEAS CORPUS” – RECURSO
DE AGRAVO IMPROVIDO.
A FUNÇÃO CLÁSSICA DO “HABEAS CORPUS” RESTRINGE-SE À
ESTREITA TUTELA DA IMEDIATA LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO FÍSICA DAS
PESSOAS.
- A ação de “habeas corpus” não se revela cabível, quando
inexistente qualquer situação de dano efetivo ou de risco potencial
ao “jus manendi, ambulandi, eundi ultro citroque”.
Esse entendimento decorre da circunstância histórica de a
Reforma Constitucional de 1926 - que importou na cessação da
doutrina brasileira do “habeas corpus” - haver restaurado a função
clássica desse extraordinário remédio processual, destinando-o,
quanto à sua finalidade, à específica tutela jurisdicional da
imediata liberdade de locomoção física das pessoas. Precedentes.
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a
Presidência do Ministro Celso de Mello, na conformidade da ata de
julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em
negar provimento ao recurso de agravo, nos termos do voto do
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Supremo Tribunal Federal
Supremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 11
Ementa e Acórdão
HC 89.256 AgR / MG
2
Relator. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Senhores
Ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso.
Brasília, 05 de setembro de 2006.
CELSO DE MELLO - RELATOR
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
2
Relator. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os Senhores
Ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso.
Brasília, 05 de setembro de 2006.
CELSO DE MELLO - RELATOR
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 11
Relatório
05/09/2006
SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256 MINAS GERAIS
RELATOR
: MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S)
: EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S)
: VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S)
: PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE
GOVERNADOR VALADARES
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO - (Relator): Trata-se de
“agravo regimental” interposto contra decisão que, proferida pela
eminente
Ministra
ELLEN
GRACIE
(art.
13,
VIII,
do
RISTF
-
fls. 142/143), não conheceu da ação de “habeas corpus” ajuizada
perante esta Suprema Corte.
Eis o teor da decisão que sofreu a interposição do
presente recurso de agravo (fls. 142/143):
“1. Trata-se de ‘habeas corpus’ em que se aponta
como autoridade coatora o Presidente da Turma Recursal
do
Juizado
Especial
da
Comarca
de
Governador
Valadares/MG (fl. 02).
2. Narra a inicial que o ora paciente ajuizou ação
de rescisão contratual, cumulada com perdas e danos, no
Juizado Especial Cível, a qual foi julgada parcialmente
procedente (fls. 13/18). Todavia, em sede recursal, a
sentença foi reformada, tendo o acórdão condenado o
autor ‘a pagar 20 salários mínimos a título de dano
moral e multa contratual’ (fl. 03), em razão da
existência de pedido contraposto formulado pela ré.
Afirma, ainda, que, na execução de sentença, ‘mesmo o
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Supremo Tribunal Federal
05/09/2006
SEGUNDA TURMA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256 MINAS GERAIS
RELATOR
: MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S)
: EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S)
: VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S)
: PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE
GOVERNADOR VALADARES
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO - (Relator): Trata-se de
“agravo regimental” interposto contra decisão que, proferida pela
eminente
Ministra
ELLEN
GRACIE
(art.
13,
VIII,
do
RISTF
-
fls. 142/143), não conheceu da ação de “habeas corpus” ajuizada
perante esta Suprema Corte.
Eis o teor da decisão que sofreu a interposição do
presente recurso de agravo (fls. 142/143):
“1. Trata-se de ‘habeas corpus’ em que se aponta
como autoridade coatora o Presidente da Turma Recursal
do
Juizado
Especial
da
Comarca
de
Governador
Valadares/MG (fl. 02).
2. Narra a inicial que o ora paciente ajuizou ação
de rescisão contratual, cumulada com perdas e danos, no
Juizado Especial Cível, a qual foi julgada parcialmente
procedente (fls. 13/18). Todavia, em sede recursal, a
sentença foi reformada, tendo o acórdão condenado o
autor ‘a pagar 20 salários mínimos a título de dano
moral e multa contratual’ (fl. 03), em razão da
existência de pedido contraposto formulado pela ré.
Afirma, ainda, que, na execução de sentença, ‘mesmo o
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 11
Relatório
HC 89.256 AgR / MG
2
paciente possuindo bens passíveis de penhora, foi
determinado e quebrado seu sigilo fiscal e bancário
(fl. 253/255, 258, 260/262, 271 e 273/274), violando
frontalmente o direito constitucional do paciente ao
sigilo de dados’ (fl. 05).
Alega-se, em síntese, que a decisão da Turma
Recursal resultou em constrangimento ilegal ao seu
direito de locomoção, visto que, posteriormente, foi
determinada a restrição de numerário constante de
aplicação bancária do ora paciente, necessária ao
exercício de seu direito.
Requer a concessão de liminar para ‘determinar a
suspensão imediata dos bloqueios das contas-correntes
do paciente, posto serem atos nulos decorrentes de
processo manifestamente nulo’ (fl. 07). Ao final, roga
pela concessão da ordem para ‘declarar como nulo o
processo desde antes do julgamento do Acórdão, ou,
depois do julgamento do Acórdão, pois em ambos os casos
não ocorreu a devida intimação do paciente’ (fl. 07).
3. A Constituição Federal dispõe em seu art. 5...,
LXVIII, que ‘conceder-se-á ‘habeas corpus’ sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou
coação
em
sua
liberdade
de
locomoção,
por
ilegalidade ou abuso de poder’.
Na hipótese sob análise, constato que inexiste nos
autos qualquer elemento indicativo de que o paciente
possa estar sofrendo, ou vir a sofrer, de maneira
imediata, constrangimento em sua liberdade de locomoção
física. Leio na inicial (fl. 06):
‘(...) No caso vertente, o paciente não pode
gerir seus negócios e quitar seus compromissos pela
via
bancária,
como
de
resto
todo
tipo
de
compromisso nesse País e no mundo é feito, pelo
fato
de
suas
contas
bancárias
estarem
todas
bloqueadas.
De
igual
modo,
o
ato
constrangedor
da
autoridade coatora e seus frutos não tem permitido
ao paciente exercer a sua liberdade de locomoção,
mormente hodiernamente em que tudo é feito via
banco, seja por segurança dos indivíduos contra
assaltos seja para maior captação de renda via
CPMF.
E, vale ressaltar, isso tudo em virtude de um
processo manifestamente nulo que lhe está gerando
constrangimento ilegal.’
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
2
paciente possuindo bens passíveis de penhora, foi
determinado e quebrado seu sigilo fiscal e bancário
(fl. 253/255, 258, 260/262, 271 e 273/274), violando
frontalmente o direito constitucional do paciente ao
sigilo de dados’ (fl. 05).
Alega-se, em síntese, que a decisão da Turma
Recursal resultou em constrangimento ilegal ao seu
direito de locomoção, visto que, posteriormente, foi
determinada a restrição de numerário constante de
aplicação bancária do ora paciente, necessária ao
exercício de seu direito.
Requer a concessão de liminar para ‘determinar a
suspensão imediata dos bloqueios das contas-correntes
do paciente, posto serem atos nulos decorrentes de
processo manifestamente nulo’ (fl. 07). Ao final, roga
pela concessão da ordem para ‘declarar como nulo o
processo desde antes do julgamento do Acórdão, ou,
depois do julgamento do Acórdão, pois em ambos os casos
não ocorreu a devida intimação do paciente’ (fl. 07).
3. A Constituição Federal dispõe em seu art. 5...,
LXVIII, que ‘conceder-se-á ‘habeas corpus’ sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou
coação
em
sua
liberdade
de
locomoção,
por
ilegalidade ou abuso de poder’.
Na hipótese sob análise, constato que inexiste nos
autos qualquer elemento indicativo de que o paciente
possa estar sofrendo, ou vir a sofrer, de maneira
imediata, constrangimento em sua liberdade de locomoção
física. Leio na inicial (fl. 06):
‘(...) No caso vertente, o paciente não pode
gerir seus negócios e quitar seus compromissos pela
via
bancária,
como
de
resto
todo
tipo
de
compromisso nesse País e no mundo é feito, pelo
fato
de
suas
contas
bancárias
estarem
todas
bloqueadas.
De
igual
modo,
o
ato
constrangedor
da
autoridade coatora e seus frutos não tem permitido
ao paciente exercer a sua liberdade de locomoção,
mormente hodiernamente em que tudo é feito via
banco, seja por segurança dos indivíduos contra
assaltos seja para maior captação de renda via
CPMF.
E, vale ressaltar, isso tudo em virtude de um
processo manifestamente nulo que lhe está gerando
constrangimento ilegal.’
Documento assinado digitalmente conforme Medida Provisória n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.O
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 11
Relatório
HC 89.256 AgR / MG
3
Conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal
no HC
82.880-AgR
(Rel.
Min.
Carlos
Velloso,
DJ 16.05.2003), ‘o ‘habeas corpus’ visa a proteger a
liberdade de locomoção - liberdade de ir, vir e ficar -
por ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser
utilizado para proteção de direitos outros’, como na
espécie, em que se pretendem o desbloqueio de contas
bancárias e a declaração de nulidade de processo cível
(fl. 07).
Vale ressaltar, contudo, a faculdade de o paciente
utilizar os instrumentos processuais pertinentes na
defesa
de
seus
direitos
supostamente
violados
(HC 81.003, rel. Min. Maurício Corrêa, 2... Turma, DJ
19.10.2001).
4. Ante o exposto, sendo manifestamente incabível a
via utilizada, não conheço do presente ‘habeas corpus’
e determino o seu arquivamento (RISTF, art. 21, § 1..., e
Lei 8.038/90, art. 38).” (grifei)
Inconformada com esse ato decisório, a parte ora
recorrente interpõe o presente “agravo regimental”, alegando, em
síntese, o que se segue (fls. 150/151):
“O recorrente interpôs o presente ‘habeas corpus’
contra o recorrido pelo fato de que, em virtude de um
processo manifestamente nulo, não pode exercer sua
liberdade de locomoção, porquanto o paciente não pode
gerir seus negócios e quitar seus compromissos pela via
bancária, como de resto todo o tipo de compromisso
nesse País e no mundo é feito, pelo fato de suas contas
bancárias estarem todas bloqueadas.
Restou dito no ‘habeas corpus’ que o ato do
recorrido não permite ao recorrente exercer a sua
liberdade de locomoção, mormente hodiernamente em que
tudo é feito via banco.
Noutras palavras, não tem como uma pessoa na
realidade dos dias atuais se locomover pelo País sem
ter uma conta bancária, ressalvada a hipótese de querer
ser assaltado.
...................................................
No
caso
vertente,
há
sim
constrangimento
na
liberdade de locomoção, ao contrário do culto e elevado
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
3
Conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal
no HC
82.880-AgR
(Rel.
Min.
Carlos
Velloso,
DJ 16.05.2003), ‘o ‘habeas corpus’ visa a proteger a
liberdade de locomoção - liberdade de ir, vir e ficar -
por ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser
utilizado para proteção de direitos outros’, como na
espécie, em que se pretendem o desbloqueio de contas
bancárias e a declaração de nulidade de processo cível
(fl. 07).
Vale ressaltar, contudo, a faculdade de o paciente
utilizar os instrumentos processuais pertinentes na
defesa
de
seus
direitos
supostamente
violados
(HC 81.003, rel. Min. Maurício Corrêa, 2... Turma, DJ
19.10.2001).
4. Ante o exposto, sendo manifestamente incabível a
via utilizada, não conheço do presente ‘habeas corpus’
e determino o seu arquivamento (RISTF, art. 21, § 1..., e
Lei 8.038/90, art. 38).” (grifei)
Inconformada com esse ato decisório, a parte ora
recorrente interpõe o presente “agravo regimental”, alegando, em
síntese, o que se segue (fls. 150/151):
“O recorrente interpôs o presente ‘habeas corpus’
contra o recorrido pelo fato de que, em virtude de um
processo manifestamente nulo, não pode exercer sua
liberdade de locomoção, porquanto o paciente não pode
gerir seus negócios e quitar seus compromissos pela via
bancária, como de resto todo o tipo de compromisso
nesse País e no mundo é feito, pelo fato de suas contas
bancárias estarem todas bloqueadas.
Restou dito no ‘habeas corpus’ que o ato do
recorrido não permite ao recorrente exercer a sua
liberdade de locomoção, mormente hodiernamente em que
tudo é feito via banco.
Noutras palavras, não tem como uma pessoa na
realidade dos dias atuais se locomover pelo País sem
ter uma conta bancária, ressalvada a hipótese de querer
ser assaltado.
...................................................
No
caso
vertente,
há
sim
constrangimento
na
liberdade de locomoção, ao contrário do culto e elevado
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 11
Relatório
HC 89.256 AgR / MG
4
entendimento
monocrático
da
eminente
Ministra.”
(grifei)
Por não me convencer das razões expostas pela parte ora
agravante, submeto, à apreciação desta colenda Turma, o presente
recurso de agravo.
É o relatório.
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
4
entendimento
monocrático
da
eminente
Ministra.”
(grifei)
Por não me convencer das razões expostas pela parte ora
agravante, submeto, à apreciação desta colenda Turma, o presente
recurso de agravo.
É o relatório.
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 11
Voto - MIN. CELSO DE MELLO
HC 89.256 AgR / MG
5
V O T O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO - (Relator): Não
assiste razão à parte ora agravante, eis que a decisão impugnada na
presente sede recursal ajusta-se, com absoluta fidelidade, ao
magistério jurisprudencial desta Suprema Corte.
Como se sabe, a ação de “habeas corpus” destina-se,
unicamente, a amparar a imediata liberdade de locomoção física das
pessoas,
revelando-se
estranha,
à
sua
específica
finalidade
jurídico-constitucional, qualquer pretensão que vise a desconstituir
atos que não se mostrem ofensivos, ainda que potencialmente, ao
direito de ir, de vir e de permanecer das pessoas.
É por tal razão que o Supremo Tribunal Federal, atento
à destinação constitucional do “habeas corpus”, não tem conhecido do
remédio heroico, quando utilizado, como no caso, em situações de que
não resulte qualquer possibilidade de ofensa ao “jus manendi,
ambulandi, eundi ultro citroque” (RTJ 116/523 – RTJ 141/159).
A ação de “habeas corpus”, portanto, enquanto remédio
jurídico-constitucional revestido de finalidade específica, não
pode ser utilizada como sucedâneo de outras ações judiciais,
notadamente naquelas hipóteses em que o direito-fim (ou direito-escopo,
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
5
V O T O
O SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO - (Relator): Não
assiste razão à parte ora agravante, eis que a decisão impugnada na
presente sede recursal ajusta-se, com absoluta fidelidade, ao
magistério jurisprudencial desta Suprema Corte.
Como se sabe, a ação de “habeas corpus” destina-se,
unicamente, a amparar a imediata liberdade de locomoção física das
pessoas,
revelando-se
estranha,
à
sua
específica
finalidade
jurídico-constitucional, qualquer pretensão que vise a desconstituir
atos que não se mostrem ofensivos, ainda que potencialmente, ao
direito de ir, de vir e de permanecer das pessoas.
É por tal razão que o Supremo Tribunal Federal, atento
à destinação constitucional do “habeas corpus”, não tem conhecido do
remédio heroico, quando utilizado, como no caso, em situações de que
não resulte qualquer possibilidade de ofensa ao “jus manendi,
ambulandi, eundi ultro citroque” (RTJ 116/523 – RTJ 141/159).
A ação de “habeas corpus”, portanto, enquanto remédio
jurídico-constitucional revestido de finalidade específica, não
pode ser utilizada como sucedâneo de outras ações judiciais,
notadamente naquelas hipóteses em que o direito-fim (ou direito-escopo,
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 11
Voto - MIN. CELSO DE MELLO
HC 89.256 AgR / MG
6
na expressão feliz de PEDRO LESSA) não se identifica – tal como
neste caso ocorre – com a própria liberdade de locomoção física.
É que entendimento diverso conduziria, necessariamente,
à descaracterização desse instrumento tutelar da liberdade de
locomoção. Não se pode desconhecer que, com a cessação da doutrina
brasileira do “habeas corpus”, motivada pela Reforma Constitucional
de 1926, restaurou-se, em nosso sistema jurídico, a função clássica
desse remédio heroico. Por tal razão, não se revela suscetível de
conhecimento a ação de “habeas corpus”, quando promovida contra ato
estatal de que não resulte, de modo imediato, ofensa, atual ou
iminente, à liberdade de locomoção física (RTJ 135/593 – RTJ 136/1226 –
RTJ 142/896 – RTJ 152/140 – RTJ 178/1231 – RTJ 180/962, v.g.):
“A função clássica do ‘habeas corpus’ restringe-se
à estreita tutela da imediata liberdade de locomoção
física das pessoas.
- A ação de ‘habeas corpus’ - desde que inexistente
qualquer situação de dano efetivo ou de risco potencial
ao ‘jus manendi, ambulandi, eundi ultro citroque’ - não
se revela cabível, mesmo quando ajuizada para discutir
eventual nulidade do processo penal em que proferida
decisão condenatória definitivamente executada.
Esse entendimento decorre da circunstância histórica
de a Reforma Constitucional de 1926 - que importou na
cessação da doutrina brasileira do ‘habeas corpus’ -
haver restaurado a função clássica desse extraordinário
remédio
processual,
destinando-o,
quanto
à
sua
finalidade, à específica tutela jurisdicional da imediata
liberdade de locomoção física das pessoas. Precedentes.”
(RTJ 186/261-262, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
6
na expressão feliz de PEDRO LESSA) não se identifica – tal como
neste caso ocorre – com a própria liberdade de locomoção física.
É que entendimento diverso conduziria, necessariamente,
à descaracterização desse instrumento tutelar da liberdade de
locomoção. Não se pode desconhecer que, com a cessação da doutrina
brasileira do “habeas corpus”, motivada pela Reforma Constitucional
de 1926, restaurou-se, em nosso sistema jurídico, a função clássica
desse remédio heroico. Por tal razão, não se revela suscetível de
conhecimento a ação de “habeas corpus”, quando promovida contra ato
estatal de que não resulte, de modo imediato, ofensa, atual ou
iminente, à liberdade de locomoção física (RTJ 135/593 – RTJ 136/1226 –
RTJ 142/896 – RTJ 152/140 – RTJ 178/1231 – RTJ 180/962, v.g.):
“A função clássica do ‘habeas corpus’ restringe-se
à estreita tutela da imediata liberdade de locomoção
física das pessoas.
- A ação de ‘habeas corpus’ - desde que inexistente
qualquer situação de dano efetivo ou de risco potencial
ao ‘jus manendi, ambulandi, eundi ultro citroque’ - não
se revela cabível, mesmo quando ajuizada para discutir
eventual nulidade do processo penal em que proferida
decisão condenatória definitivamente executada.
Esse entendimento decorre da circunstância histórica
de a Reforma Constitucional de 1926 - que importou na
cessação da doutrina brasileira do ‘habeas corpus’ -
haver restaurado a função clássica desse extraordinário
remédio
processual,
destinando-o,
quanto
à
sua
finalidade, à específica tutela jurisdicional da imediata
liberdade de locomoção física das pessoas. Precedentes.”
(RTJ 186/261-262, Rel. Min. CELSO DE MELLO)
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 11
Voto - MIN. CELSO DE MELLO
HC 89.256 AgR / MG
7
Vale insistir, bem por isso, na asserção de que o
“habeas corpus”, em sua condição de instrumento de ativação da
jurisdição constitucional das liberdades, configura um poderoso meio
de cessação do injusto constrangimento ao estado de liberdade de
locomoção física das pessoas. Se essa liberdade não se expõe a
qualquer tipo de cerceamento, e se o direito de ir, vir ou
permanecer sequer se revela ameaçado, nada justifica o emprego do
remédio heroico do “habeas corpus”, por não estar em causa a
liberdade de locomoção física:
“CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. ‘HABEAS CORPUS’:
CABIMENTO. C.F., art. 5..., LXVIII.
I. – O ‘habeas corpus’ visa a proteger a liberdade de
locomoção – liberdade de ir, vir e ficar – por
ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser utilizado
para proteção de direitos outros. C.F., art. 5..., LXVIII.
II. – H.C. indeferido, liminarmente. Agravo não
provido.”
(HC 82.880-AgR/SP, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, Pleno –
grifei)
Cabe
reafirmar,
desse
modo,
que
esse
remédio
constitucional, considerada a sua específica destinação tutelar, tem
por finalidade amparar, em sede jurisdicional, “única e diretamente,
a liberdade de locomoção. Ele se destina à estreita tutela da imediata
liberdade física de ir e vir dos indivíduos (...)” (RTJ 66/396 –
RTJ 177/1206-1207 – RT 423/327 – RT 338/99 – RF 213/390 – RF 222/336 –
RF 230/280, v.g.), excluída, portanto, a possibilidade de se
questionar, no âmbito do processo de “habeas corpus”, como ora
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
7
Vale insistir, bem por isso, na asserção de que o
“habeas corpus”, em sua condição de instrumento de ativação da
jurisdição constitucional das liberdades, configura um poderoso meio
de cessação do injusto constrangimento ao estado de liberdade de
locomoção física das pessoas. Se essa liberdade não se expõe a
qualquer tipo de cerceamento, e se o direito de ir, vir ou
permanecer sequer se revela ameaçado, nada justifica o emprego do
remédio heroico do “habeas corpus”, por não estar em causa a
liberdade de locomoção física:
“CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. ‘HABEAS CORPUS’:
CABIMENTO. C.F., art. 5..., LXVIII.
I. – O ‘habeas corpus’ visa a proteger a liberdade de
locomoção – liberdade de ir, vir e ficar – por
ilegalidade ou abuso de poder, não podendo ser utilizado
para proteção de direitos outros. C.F., art. 5..., LXVIII.
II. – H.C. indeferido, liminarmente. Agravo não
provido.”
(HC 82.880-AgR/SP, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, Pleno –
grifei)
Cabe
reafirmar,
desse
modo,
que
esse
remédio
constitucional, considerada a sua específica destinação tutelar, tem
por finalidade amparar, em sede jurisdicional, “única e diretamente,
a liberdade de locomoção. Ele se destina à estreita tutela da imediata
liberdade física de ir e vir dos indivíduos (...)” (RTJ 66/396 –
RTJ 177/1206-1207 – RT 423/327 – RT 338/99 – RF 213/390 – RF 222/336 –
RF 230/280, v.g.), excluída, portanto, a possibilidade de se
questionar, no âmbito do processo de “habeas corpus”, como ora
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 11
Voto - MIN. CELSO DE MELLO
HC 89.256 AgR / MG
8
pretendido pelo impetrante, decisão judicial que decreta, em sede de
execução civil, a indisponibilidade de bens do devedor.
Sendo assim, e em face das razões expostas, nego
provimento ao presente “agravo regimental”, mantendo, por seus
próprios fundamentos, a decisão ora agravada.
É o meu voto.
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Supremo Tribunal Federal
HC 89.256 AgR / MG
8
pretendido pelo impetrante, decisão judicial que decreta, em sede de
execução civil, a indisponibilidade de bens do devedor.
Sendo assim, e em face das razões expostas, nego
provimento ao presente “agravo regimental”, mantendo, por seus
próprios fundamentos, a decisão ora agravada.
É o meu voto.
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 11
Extrato de Ata - 05/09/2006
SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256
PROCED. : MINAS GERAIS
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S) : EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S) : VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL
CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES
Decisão: A Turma, por votação unânime, negou provimento ao
recurso de agravo, nos termos do voto do Relator. Ausentes,
justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Gilmar
Mendes e Cezar Peluso. 2... Turma, 05.09.2006.
Presidência do Senhor Ministro Celso de Mello. Presentes à
sessão os Senhores Ministros Joaquim Barbosa e Eros Grau.
Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Gilmar Mendes e
Cezar Peluso.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Gonçalves.
p/ Carlos Alberto Cantanhede
Coordenador
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documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 3901640
Supremo Tribunal Federal
SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA
AG.REG. NO HABEAS CORPUS 89.256
PROCED. : MINAS GERAIS
RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO
AGTE.(S) : EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS
ADV.(A/S) : VICENTE AFONSO GOMES JR.
AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL
CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES
Decisão: A Turma, por votação unânime, negou provimento ao
recurso de agravo, nos termos do voto do Relator. Ausentes,
justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Gilmar
Mendes e Cezar Peluso. 2... Turma, 05.09.2006.
Presidência do Senhor Ministro Celso de Mello. Presentes à
sessão os Senhores Ministros Joaquim Barbosa e Eros Grau.
Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Gilmar Mendes e
Cezar Peluso.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Gonçalves.
p/ Carlos Alberto Cantanhede
Coordenador
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 11
| {
"JURISPRUDENCIA": [
"HABEAS CORPUS 89 . 256",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HABEAS CORPUS 89 . 256",
"HABEAS CORPUS 89 . 256 MINAS",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 82 . 880 - AgR",
"HC 81 . 003",
"HC 89 . 256",
"HC 82 . 880 - AgR",
"HC 81 . 003",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"RTJ 116 / 523",
"RTJ 141 / 159",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"RTJ 116 / 523",
"RTJ 141 / 159",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"RTJ 135 / 593",
"RTJ 186 / 261 - 262",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"RTJ 135 / 593",
"RTJ 136 / 1226",
"RTJ 186 / 261 - 262",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 82 . 880 - AgR / SP",
"RTJ 66 / 396",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 82 . 880 - AgR / SP",
"RTJ 66 / 396",
"RTJ 177 / 1206 - 1207",
"RT 423 / 327",
"RT 338 / 99",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HABEAS CORPUS 89 . 256",
"HABEAS CORPUS 89 . 256"
],
"LEGISLACAO": [
"Reforma Constitucional de 1926",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Constituição Federal",
"art . 5 . . . , LXVIII",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Constituição Federal",
"art . 5 . . . , LXVIII",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"RISTF , art . 21 , § 1 . . . ,",
"Lei 8 . 038 / 90 , art . 38",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"RISTF , art . 21 , § 1 . . . ,",
"Lei 8 . 038 / 90 , art",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Reforma Constitucional de 1926",
"Reforma Constitucional de 1926",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Reforma Constitucional de 1926",
"Reforma Constitucional de 1926",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001"
],
"LOCAL": [
"MINAS GERAIS",
"Brasília",
"Brasília",
"MINAS GERAIS",
"COMARCA DE GOVERNADOR",
"MINAS GERAIS",
"COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES",
"MINAS GERAIS",
"COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES"
],
"ORGANIZACAO": [
"SEGUNDA TURMA",
"TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DA COMARCA",
"Supremo Tribunal Federal",
"Segunda Turma",
"Infra",
"-",
"estrutura de Chaves Públicas Brasileira",
"ICP",
"-",
"Brasil",
"Supremo Tribunal Federal",
"Supremo Tribunal Federal",
"Infra",
"-",
"estrutura de Chaves Públicas Brasileira",
"ICP",
"-",
"Brasil",
"Supremo Tribunal Federal",
"Infra",
"-",
"estrutura de Chaves Públicas Brasileira",
"ICP",
"-",
"Brasil",
"SEGUNDA TURMA",
"Suprema Corte",
"Turma Recursal do Juizado Especial da Comarca de Governador Valadares / MG",
"Juizado Especial Cível",
"Infra",
"-",
"estrutura de Chaves Públicas Brasileira",
"ICP",
"-",
"Brasil",
"Supremo Tribunal Federal",
"SEGUNDA TURMA",
"TURMA",
"Suprema",
"Turma Recursal do Juizado Especial da Comarca de Governador Valadares / MG",
"Juizado Especial Cível",
"Infra",
"-",
"estrutura de Chaves Públicas Brasileira",
"ICP",
"-",
"Brasil",
"Infra",
"-",
"estrutura de Chaves Públicas Brasileira",
"ICP",
"-",
"Brasil",
"Supremo Tribunal Federal",
"Infra",
"-",
"estrutura de Chaves Públicas Brasileira",
"ICP",
"-",
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".",
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"-",
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"CELSO DE MELLO",
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"CELSO DE MELLO",
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"ELLEN GRACIE",
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"Maurício Corrêa",
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"CELSO DE MELLO",
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"PEDRO LESSA",
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"Gilmar Mendes",
"Cezar Peluso",
"Celso de Mello",
"Joaquim Barbosa",
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"05 de setembro de 2006",
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"2001",
"05",
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"/",
"2001",
"16",
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"05",
".",
"2003",
"19",
".",
"10",
".",
"2001",
"24",
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"08",
"/",
"2001",
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"JURISPRUDENCIA": [
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"HC 81 . 003",
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"RTJ 66 / 396",
"HC 89 . 256 AgR / MG",
"HC 82 . 880 - AgR / SP",
"RTJ 66 / 396",
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"HC 89 . 256 AgR / MG",
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"Reforma Constitucional de 1926",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
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"Constituição Federal",
"art . 5 . . . , LXVIII",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Constituição Federal",
"art . 5 . . . , LXVIII",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"RISTF , art . 21 , § 1 . . . ,",
"Lei 8 . 038 / 90 , art . 38",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"RISTF , art . 21 , § 1 . . . ,",
"Lei 8 . 038 / 90 , art",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Reforma Constitucional de 1926",
"Reforma Constitucional de 1926",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
"Reforma Constitucional de 1926",
"Reforma Constitucional de 1926",
"Medida Provisória n 2 . 200 - 2 / 2001",
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"LOCAL": [
"MINAS GERAIS",
"Brasília",
"Brasília",
"MINAS GERAIS",
"COMARCA DE GOVERNADOR",
"MINAS GERAIS",
"COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES",
"MINAS GERAIS",
"COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES"
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"ORGANIZACAO": [
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"-",
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"Infra",
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"-",
"Brasil",
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"-",
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"-",
"Brasil",
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"-",
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"-",
"Brasil",
"Infra",
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"-",
"Brasil",
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"-",
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"-",
"Brasil",
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"-",
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"-",
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"-",
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"Supremo Tribunal Federal",
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"-",
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"ICP",
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"PESSOA": [
"CELSO DE MELLO",
"EMÍLIO CLÁUDIO ALVARENGA FROIS",
"VICENTE AFONSO GOMES JR .",
"Celso de Mello",
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