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0506058-51.2019.4.05.8202
2019-08-01 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:07:09
Sentença - Improcedente - SD (2017/2018)
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
1,653
1,029
0
0
15-PB
0
93.907743
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
0514538-58.2018.4.05.8200
2018-10-03 00:00:00
UNIÃO FEDERAL (CI) (26.994.558/0033-00)
UNIÃO
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-24 17:00:25
Sentença - GAS - Gratificação de Atividade de Segurança
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
EMILIANO ZAPATA DE MIRANDA LEITÃO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
10,220
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Servidor Público Civil
Regime Estatutário
1
PB019998
SENTENÇA Dispensado o relatório nos termos do art. 38, cabeça, da Lei n.o 9.099/95. A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba tem reconhecido, em interpretação do art. 3.o, § 1.o, inciso III, c/c o inciso I do mesmo parágrafo, da Lei n.o 10.259/01, a competência dos JEF's para conhecimento, processamento e julgamento de causas como a presente (relativa ao reconhecimento de vantagens remuneratórias de servidor público e pagamento de valores atrasados), razão pela qual, com a ressalva do entendimento deste Juiz, entendo presente a competência deste JEF para julgamento da presente lide, rejeitando a preliminar processual de incompetência deduzida pela parte ré. Quanto à prescrição, adoto o entendimento jurisprudencial dominante no sentido de que o pagamento das prestações anteriores ao ajuizamento da ação deve observar a incidência da prescrição quinquenal, nos termos do art. 1.o do Decreto n.o 20.910/32 e da Súmula n.o 85 do STJ, salvo se cuidar-se de parte autora civilmente incapaz, o que não é o caso dos autos. A pretensão inicial da parte autora visa, em síntese, ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, durante o período de maio/2014 a janeiro/2016, pois exerceu durante o referido período as atribuições/atividades de segurança inerentes ao seu cargo, bem como à indenização por danos morais. Examinando a documentação trazida aos autos, colhem-se as seguintes informações em relação aos elementos relevantes à solução da lide: I - Certidão do TRT da 13a. Região (anexo 06), datada de 19.09.2018, em que há a informação de que a parte autora "exerceu as seguintes atividades inerentes ao seu cargo, conforme informação do Diretor de Secretaria, Luciano E. Guimarães: "as atividades desenvolvidas pelo servidor requerente no período em referência são as designadas nas atribuições da função exercida pelo mesmo, ou seja: segurança de servidores e jurisdicionados, segurança patrimonial em todo o prédio do Fórum, controle no acesso de pessoas e atendimento e informação ao público. Tais atividades continuam sendo exercidas atualmente pelo referido servidor.""; II - Despacho no Protocolo Administrativo TRT n.o 26.603/2013 (anexo 08), datado de 14.05.2014, Assunto: Curso de reciclagem anual para agentes de segurança, referente ao exercício 2013 - Teste de Condicionamento Físico, em que é determinada a suspensão do pagamento da GAS para a parte autora, a partir do mês subsequente a conclusão do programa. Determina, ainda, que sejam tomadas as providências para que seja afastada imediatamente das atividades de segurança de dignatários, de pessoas e das instalações do Tribunal (conforme determinação expressa contida no art. 11 da Resolução n.o 108/2012 do CJST); III - Informação no Protocolo Administrativo TRT n.o 26.603/2013 da Secretaria de Gestão de Pessoas - SEGEPE (anexo 07), datada de 02.07.2014, Assunto: Curso de reciclagem anual para agentes de segurança, referente ao exercício 2013 - Teste de Condicionamento Físico, em que é informada que ocorreu a suspensão do pagamento da GAS para a parte autora, a partir de maio/2014; IV - Informação do TRT da 13a. Região (fl. 05 do anexo 09), em que há os seguintes dados quanto à percepção da GAS pela parte autora: (i) implantação do pagamento: a contar de 01.07.2008 - Protocolo TRT no 10.204/2008; (ii) suspensão do pagamento: de maio/2014 até dezembro/2015 - Protocolo TRT no 26.603/2013; (iii) restabelecimento do pagamento: a contar de janeiro/2016 - Protocolo TRT no 34.302/2014; V - Informação do TRT da 13a. Região (fl. 11 do anexo 09), em que é dito expressamente: "Em consulta aos registros desta Secretaria, temos a informar: o postulante não logrou aprovação no curso de reciclagem referente ao ano de 2013, cujos efeitos financeiros recaíram sobre o ano de 2014 (Protocolo TRT no 26.603/2013). No ano de 2014, o Tribunal não promoveu o curso de reciclagem em segurança. Em 2015 foi ofertado o Programa de Reciclagem Anual para os servidores que desempenham Atividades de Segurança. Observa-se, ainda, que o interessado participou do referido Programa e obteve aprovação. Observa-se, por fim, que o resultado final do citado Programa foi homologado em 22.01.2016 (Prot. TRT GPNo 34.302/2014 - docs. 369, 380 e 386)."; VI - Parecer do TRT da 13a. Região (fls. 13/17 do anexo 09), em que há as seguintes informações, em relação à parte autora: (i) não obteve desempenho no Curso de Reciclagem realizado no ano de 2013, tendo sua gratificação sido suspensa no mês subsequente ao término do curso e da homologação das avaliações; (ii) foi afastada das atividades de segurança de dignitários, de pessoas e das instalações do Tribunal; (iii) durante o período que esteve afastado do efetivo exercício das atribuições de segurança, não cabe falar em retribuição de Gratificação de Atividade de Segurança, pois para a sua percepção exige-se o efetivo exercício no cargo de Técnico de Apoio Especializado, na função de segurança; (iv) não há amparo legal para o pagamento retroativo da gratificação da atividade de segurança (2014/2015), em data anterior à conclusão do programa de reciclagem anual em que se deu a aprovação do requerente; VII - fichas financeiras da parte autora(fls. 01/06 do anexo 10), que demonstram a suspensão da rubrica "99005-00 GAS - GRAT ATIV SEGURANÇA", no período de maio/2014 a dezembro/2015. Registre-se que, em fevereiro/2016, a referida rubrica foi paga, com efeitos financeiros retroativos a janeiro/2016(fl. 06 do anexo 10). Da documentação anexada aos autos, obtêm as seguintes conclusões: I - a parte autora participou do Programa de Reciclagem Anual, referente ao exercício 2013, com efeitos financeiros no ano de 2014, tendo sido reprovada, razão pela qual foi suspenso o pagamento da GAS a partir de maio/2014; II - apesar de determinação expressa para afastar a parte autora das atividades de segurança de dignatários, de pessoas e das instalações do Tribunal (conforme determinação expressa contida no art. 11 da Resolução n.o 108/2012 do CJST) - anexo 08, ela continuou a exercer as atividades inerentes ao seu cargo conforme certidão emitida pela própria parte ré (anexo 06). A Lei n.o 11.416/06, que dispõe sobre as Carreiras dos Servidores do Poder Judiciário da União, instituiu a Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, devida exclusivamente aos ocupantes do cargo da Carreira de Analista Judiciário - área administrativa e da Carreira de Técnico Judiciário - área administrativa cujas atribuições estejam relacionadas às funções de segurança, quais sejam, Inspetor e Agente de Segurança Judiciária, respectivamente, para fins de identificação funcional (art. 17, caput, e art. 4o, § 2o, ambos da citada lei). Ademais, a supramencionada lei estabelece os requistos para a percepção da GAS: (i) não está no exercício de função comissionada ou nomeado para cargo em comissão; e (ii) participação obrigatória em programa de reciclagem anual, conforme disciplinado em regulamento (art. 17, §§ 2o e 3o, da citada lei), sendo que caberá ao Supremo Tribunal Federal, ao Conselho Nacional de Justiça, aos Tribunais Superiores, ao Conselho da Justiça Federal, ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho e ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, no âmbito de suas competências, baixar os atos regulamentares necessários à aplicação da supramencionada lei, observada a uniformidade de critérios e procedimentos (art. 26 da citada lei). A Portaria Conjunta n.o 01/2007, que regulamentou a Gratificação de Atividade de Segurança (Anexo III da supramencionada portaria conjunta), estabelece que é condição para continuidade da percepção da GAS a participação, com aproveitamento, em Programa de Reciclagem Anual, a ser oferecido pela Administração (art. 3o, caput, da referida portaria), sendo que a reciclagem anual constará do Programa Permanente de Capacitação de cada órgão do Poder Judiciário da União, o qual definirá em regulamento próprio seu conteúdo e execução (art. 3o, § 1o, da referida portaria). Por outro lado, a Resolução n.o 108/2012 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, que regulamenta a concessão da Gratificação de Atividade de Segurança no âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho, determina os requisitos para a percepção da GAS: (i) desempenho efetivo das atividades de segurança constantes das atribuições do cargo de Técnico Judiciário, Área Administrativa, Especialidade Segurança; (ii) não estar no exercício de função comissionada ou cargo em comissão; e (iii) - participação, com aproveitamento, em Programa de Reciclagem Anual a ser oferecido pela Administração (art. 2, incisos I, II e III, da referida resolução). Além disso, a Resolução n.o 108/2012 do CSJT estabelece que é condição para continuidade da percepção da GAS a participação do servidor, com aproveitamento (pontuação mínima - 70%; frequência mínima - 75%; e aprovação no teste de condicionamento físico - art. 6o, incisos I, II e III, da referida resolução), em Programa de Reciclagem Anual a ser oferecido pelo Tribunal em que o servidor estiver em exercício, sendo que somente serão aceitos os cursos do Programa de Reciclagem Anual realizados pelos órgãos do Poder Judiciário da União na forma do art. 17, § 3°, da Lei n° 11.416/2006, do Anexo III da Portaria Conjunta n° 1/2007 e do Anexo III da Portaria Conjunta n° 3/2007 (art. 4o, caput e § 1o, da referida resolução). Some-se, ainda, que, na hipótese de reprovação no Programa de Reciclagem Anual por falta de aproveitamento, deixará de perceber a GAS a partir do mês subsequente ao da conclusão do Programa, e somente poderá voltar a perceber a gratificação a partir do mês subsequente ao da conclusão de novo Programa de Reciclagem Anual, caso obtenha aprovação (art. 6o, §§ 1o e 2o, da referida resolução). Ademais, o servidor reprovado no Programa de Reciclagem Anual não poderá exercer a atividade de segurança de dignitários, de pessoas e das instalações do Tribunal (art. 11, caput e inciso II, da referida resolução). Por outro lado, a jurisprudência do STJ é no sentido de que: I - ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE SEGURANÇA. GAS. VANTAGEM RECONHECIDA AOS SERVIDORES QUE EFETIVAMENTE DESEMPENHAM ATIVIDADE DE SEGURANÇA. REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA A CONCESSÃO DA VANTAGEM: CURSO ANUAL DE RECICLAGEM. CARÁTER GERAL DA GRATIFICAÇÃO AFASTADO, O QUE INVIABILIZA SUA EXTENSÃO AOS SERVIDORES INATIVOS. AGRAVO INTERNO DO SINDICATO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Esta Corte firmou a orientação de que a Gratificação de Atividade de Segurança-GAS, disciplinada pela Lei 11.406/2006, não possui natureza geral, uma vez que sua percepção exige requisito específico, um curso anual de reciclagem. 2. Assim, a Gratificação de Atividade de Segurança-GAS, por não ter caráter genérico, não pode ser estendida indistintamente aos Servidores inativos. Precedente: REsp. 1.517.695/SC, Rel. Min. OG FERNANDES, DJe 20.3.2017..." . (grifo nosso - AgInt no REsp 1532568S/RS, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Órgão Julgador: Primeira Turma, Data do Julgamento: 19.02.2019, Data da Publicação: REPDJe 26/02/2019, DJe 25/02/2019); II - "...1. Nocaso, a pretensão recursal - de que a Gratificação de Atividade de Segurança (GAS), disciplinada pela Lei n. 11.416/2006, possui natureza geral e, portando, é extensível aos inativos - não demandanecessário revolvimento de matéria fática, descabendo falar no óbice contido na Súmula 7/STJ. ...5. A Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, disciplinada pela Lein. 11.406/2006,não possui natureza geral e, dessa forma, não podeser estendida aosinativos. É que a própria norma legal já condicionou a percepção da dita gratificação à participação em "programade reciclagem anual" (art. 17, § 3o), o que demonstra não se tratar de gratificação de natureza geral, não podendo ser paga de forma indistinta..." (grifo nosso - REsp 1517695/SC, Relator: Ministro OG FERNANDES, Órgão Julgador: Segunda Turma, Data do Julgamento: 14.03.2017, Data da Publicação: DJe 25/03/2017). Conclui-se, ainda, que há dois momentos distintos que devem ser analisados nesta sentença em relação ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS: o primeiro, referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros em 2014 e, o segundo, referente ao Exercício 2014, com efeitos financeiros em 2015. Passo a análise do período referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros em 2014. No caso dos autos, a parte autora participou do Programa de Reciclagem Anual, referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros no ano de 2014, tendo sido reprovada no referido programa, portanto, não preencheu requisito/critério legal supramencionado, qual seja, participação, com aproveitamento, em Programa de Reciclagem Anual oferecido pela Administração. Ademais, apesar de a parte autora arguir que continuou a desempenhar efetivamente as atividades de segurança constantes das atribuições do cargo de Técnico Judiciário, Área Administrativa, Especialidade Segurança, não é possível presumir que as atividades foram desempenhadas de forma plena, pois, conforme dito anteriormente, o Programa de Reciclagem Anual demonstrou que a parte autora não tinha capacidade plena para o exercício das referidas atividades, pois a mesma foi reprovada. Registre-se, inclusive, que entendimento deste Juízo em sentido contrário ao exposto no parágrafo anterior, presumiria que o Programa de Reciclagem Anual realizado pelo TRT da 13o Região não é o meio apropriado para avaliar as condições individuais de cada servidor para o desempenho das atribuições do cargo de Técnico Judiciário, Área Administrativa, Especialidade Segurança, o que não é plausível de ser adotado por este Juízo. Inclusive, a parte autora não questiona, em sua causa de pedir, os motivos para a sua reprovação no Programa de Reciclagem Anual. Por fim, em relação à argumentação da parte autora de que a gratificação em questão tem caráter geral, por isso extensiva aos servidores inativos e, consequentemente, paga independentemente do preenchimento dos requisitos/critérios legais supramencionados, não merece acolhida, pois conforme entendimento jurisprudencial acima transcrito adotado por este Juízo, há, sim, necessidade de preencher os requisitos legais específicos para a concessão da GAS, o que afasta o seu caráter geral, e inviabiliza sua extensão aos servidores inativos. Diante do exposto nos parágrafos anteriores, a parte autora não faz jus ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros em 2014. Passo a análise do período referente ao Exercício 2014, com efeitos financeiros em 2015. Inicialmente, a própria parte ré informa que, no ano/exercício de 2014, com efeitos financeiros no ano de 2015, o TRT da 13a. Região não promoveu o Curso de Reciclagem em Segurança (fl. 11 do anexo 09). Entretanto, posteriormente, a parte ré informar que o Programa de Reciclagem Anual para os Agentes de Segurança, relativo ao Exercício 2014, foi proposto, inicialmente, em 01/09/2014, mediante protocolo no 25.829/2015, tendo continuidade, em 14/11/2014, com o Protocolo TRT no 34.302/2015, tendo sido homologado em 22.01.2016 (fls. 12/17 do anexo 09), ou seja, mais de 01 ano após a data de propositura do referido programa. Ora, conforme determinado pela Portaria Conjunta n.o 01/2007, que regulamentou a Gratificação de Atividade de Segurança (Anexo III da supramencionada portaria conjunta), a reciclagem anual constará do Programa Permanente de Capacitação de cada órgão do Poder Judiciário da União, o qual definirá em regulamento próprio seu conteúdo e execução (art. 3o, § 1o, da referida portaria). Ademais, a Resolução n.o 108/2012 do CSJT determina que o Programa de Reciclagem Anual deva ser oferecido pelo Tribunal em que o servidor estiver em exercício, sendo que somente serão aceitos os cursos do Programa de Reciclagem Anual realizados pelos órgãos do Poder Judiciário da União na forma do art. 17, § 3°, da Lei n° 11.416/2006, do Anexo III da Portaria Conjunta n° 1/2007 e do Anexo III da Portaria Conjunta n° 3/2007 (art. 4o, caput e § 1o, da referida resolução). No caso dos autos, a parte ré não viabilizou o Programa de Reciclagem Anual, referente ao ano/exercício de 2014, com efeitos financeiros no ano de 2015, cuja responsabilidade legal lhe foi atribuída, conforme legislação acima transcrita. Por outro lado, como somente seriam aceitos os cursos do Programa de Reciclagem Anual realizados pelos órgãos do Poder Judiciário da União (expressa previsão legal), havia impossibilidade de a parte autora realizar diligência no sentido de viabilizar o referido programa de reciclagem anual. Diante do exposto nos parágrafos anteriores, e da inércia/desídia da parte ré para realização do Programa de Reciclagem Anual, referente ao ano/exercício de 2014, com efeitos financeiros no ano de 2015, observando-se que a periodicidade do programa de reciclagem é anual e que deveria constar do Programa Permanente de Capacitação de cada órgão do Poder Judiciário da União, a parte autora faz jus ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS referente ao Exercício 2014, com efeitos financeiros em 2015. Passo a analise do pedido de indenização por danos morais. Não há que se falar em danos morais, em razão do abuso de poder da Administração Pública ao proferir despacho determinando o imediato afastamento da parte autora das suas atividades de segurança, pois o referido ato está em consonância com a legislação acima transcrita, inclusive, o despacho supramencionado cita expressamente a legislação: art. 11 da Resolução n.o 108/2012 do CJST - anexo 08. Por outro lado, observa-se que inexiste nos autos qualquer elemento capaz de comprovar as lesões psicológicas e morais que a parte autora alega em sua inicial. Obviamente o demandante passou por aborrecimentos com a ausência/demora na realização do Programa de Reciclagem Anual, mas tal fato não transpõe o limite do razoável, não sendo, portanto, indenizável. Registre-se que a jurisprudência do STJ é no sentido de que nas hipóteses que o fato alegado pela parte representa, segundo as regras de experiência, um mero dissabor inerente à vida em sociedade, não há dano moral. Ademais, os limites entre o mero dissabor e o dano moral indenizável devem ser apurados mediante regras de experiência, pelo julgador (STJ, REsp 955031/MG, REL. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, data do julgamento: 20.03.2012, DJe 09.04.2012). Dessa forma, não restando comprovado nos autos a ocorrência de prejuízo capaz de caracterizar dano moral, impõe-se a improcedência do pedido inicial da parte autora quanto a esse pedido. Entendo que a renda mensal da parte autora, que, conforme fichas financeiras juntadas aos autos, é superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, afasta, concretamente, a possibilidade presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual indefiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado, ressalvada a possibilidade de produção concreta de prova em sentido contrário à conclusão supra, hipótese em que poderá ser reavaliada a questão. Ante o exposto: I - julgo improcedente o pedido inicial referente à indenização por danos morais, declarando a extinção do processo com resolução de mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015); II - julgo improcedente o pedido inicial referente ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros em 2014, declarando a extinção do processo com resolução de mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015); III - julgo procedente, em parte, o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015), para condenar a parte ré a pagar à parte autora os valores devidos a título de Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, referente ao Exercício 2014, com efeitos financeiros em 2015 (período: janeiro/2015 a dezembro/2015), devidamente comprovados nos autos, com a incidência de correção monetária e juros de mora nos termos indicados no item I abaixo (em relação aos cálculos judiciais), conforme planilha elaborada pelo Setor de Cálculos dos Juizados Especiais Federais da SJPB em João Pessoa, a qual homologo como parte integrante desta sentença. O valor devido à parte autora quanto à obrigação de pagar objeto da condenação acima é aquele indicado na planilha elaborada pelo Setor de Cálculos dos Juizados Especiais Federais da SJPB em João Pessoa, a qual homologo como parte integrante desta sentença. Em relação a esses cálculos, deve-se observar que: I - em face do entendimento firmado pelo Plenário do STF no julgamento, em sede de repercussão geral (Tema n.o 810), do RE n.o 870.947/SE, incide correção monetária pelo IPCA-E a partir de 07/2009 e pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente em relação ao período anterior a 07/2009, e incidem juros de mora segundo o índice de juros de mora aplicado às cadernetas de poupança, estes nos termos do art. 1.o-F, da Lei n.o 9.494/97, na redação dada pela Lei n.o 11.960/09, a partir de 07/2009, exceto para os créditos referentes a servidores e empregados públicos, em relação aos quais o marco temporal inicial de incidência destes é 08/2001, conforme previsto no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente, o qual aplica-se, também, quanto aos juros de mora em relação ao período anterior a esses marcos temporais; II - o cálculo observará a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação (a qual só pode atingir prestações vencidas no momento da propositura da ação, nos termos do entendimento da TNU - PEDILEF 00090195320094013200, Relator Juiz José Eduardo do Nascimento, DOU 07.10.2011); III - os valores devidos a título de contribuição previdenciária ao PSS, observados os limites de isenção estabelecidos no art. 40, §§ 18 e 21 da CF/88, na redação dada pelas ECs n.o 41/2003 e 47/2005, incidente sobre a obrigação de pagar foram apurados e informados na planilha de cálculo, mas não foram descontados do total da condenação, vez que serão individualizados na requisição de pagamento, conforme o disposto no art. 16-A da Lei n.o 10.887/2004; os valores devidos a título dessa contribuição sobre a obrigação de fazer serão descontados administrativamente, em cumprimento, também, à mesma disposição legal. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 17 da Lei n.o 10.259/2001 e da legislação então vigente sobre o pagamento de créditos e cumprimento de ordens judiciais pela Fazenda Pública, a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de pagar no prazo e forma legais, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação (a qual só pode atingir prestações vencidas no momento da propositura da ação, nos termos do entendimento da TNU - PEDILEF 00090195320094013200, Relator Juiz José Eduardo do Nascimento, DOU 07.10.2011). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o 9.099/95. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. Emiliano Zapata de Miranda Leitão
VOTO-EMENTA SERVIDOR PÚBLICO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE SEGURANÇA - GAS. VANTAGEM RECONHECIDA AOS SERVIDORES QUE EFETIVAMENTE DESEMPENHAM ATIVIDADE DE SEGURANÇA. REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA A CONCESSÃO DA VANTAGEM. CURSO ANUAL DE RECICLAGEM REALIZADO. HOMOLOGAÇÃO NO ANO POSTERIOR DECORRENTE DA INÉRCIA DA ADMINISTRAÇÃO. RECURSO DO ENTE PÚBLICO DESPROVIDO. 1.Trata-se de ação proposta contra a União Federal, objetivando o pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, durante o período de maio/2014 a janeiro/2016, pois exerceu durante o referido período as atribuições/atividades de segurança inerentes ao seu cargo, bem como à indenização por danos morais. 2. O MM Juiz julgou procedente, em parte, o pedido, condenando o ente público a pagar à parte autora os valores devidos a título de Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, referente ao Exercício 2014, com efeitos financeiros em 2015 (período: janeiro/2015 a dezembro/2015), devidamente comprovados nos autos, com a incidência de correção monetária e juros de mora, nos termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal em vigor. 3. O ente público recorre, pleiteando que o pedido seja julgado improcedente, sob o fundamento de que o curso realizado pela parte autora só foi homologado em janeiro de 2016. Subsidiariamente, requer que os atrasados sejam corrigidos monetariamente por meio do art. 1o-F da Lei no 9.494/97. 4. No termos da legislação relativa à matéria (arts. 4o, parágrafo 2o; 17, parágrafos 2o e 3o; e 28, da Lei 11.416/2006; arts. 5o e 6o da Portaria Conjunta 01/2007), a GAS: a) somente é percebida pelo servidor que esteja desempenhando função relacionada a segurança; b) não pode ser percebida pelo servidor designado para o exercício de função comissionada ou nomeado para cargo em comissão; c) exige, para ser recebida, a participação do servidor em programa de reciclagem anual; d) integra a remuneração contributiva utilizada para cálculos de aposentadoria; e) não é paga aos servidores inativos, justamente por estar sujeita ao atendimento do requisito específico de participação em programa de reciclagem anual. 4. Na hipótese, conforme bem observado na r. sentença: a própria parte ré informa que, no ano/exercício de 2014, com efeitos financeiros no ano de 2015, o TRT da 13a. Região não promoveu o Curso de Reciclagem em Segurança (fl. 11 do anexo 09). Entretanto, posteriormente, a parte ré informar que o Programa de Reciclagem Anual para os Agentes de Segurança, relativo ao Exercício 2014, foi proposto, inicialmente, em 01/09/2014, mediante protocolo no 25.829/2015, tendo continuidade, em 14/11/2014, com o Protocolo TRT no 34.302/2015, tendo sido homologado em 22.01.2016 (fls. 12/17 do anexo 09), ou seja, mais de 01 ano após a data de propositura do referido programa. Ora, conforme determinado pela Portaria Conjunta n.o 01/2007, que regulamentou a Gratificação de Atividade de Segurança (Anexo III da supramencionada portaria conjunta), a reciclagem anual constará do Programa Permanente de Capacitação de cada órgão do Poder Judiciário da União, o qual definirá em regulamento próprio seu conteúdo e execução (art. 3o, § 1o, da referida portaria). 5. E complementou o magistrado: “Ademais, a Resolução n.o 108/2012 do CSJT determina que o Programa de Reciclagem Anual deva ser oferecido pelo Tribunal em que o servidor estiver em exercício, sendo que somente serão aceitos os cursos do Programa de Reciclagem Anual realizados pelos órgãos do Poder Judiciário da União na forma do art. 17, § 3°, da Lei n° 11.416/2006, do Anexo III da Portaria Conjunta n° 1/2007 e do Anexo III da Portaria Conjunta n° 3/2007 (art. 4o, caput e § 1o, da referida resolução). No caso dos autos, a parte ré não viabilizou o Programa de Reciclagem Anual, referente ao ano/exercício de 2014, com efeitos financeiros no ano de 2015, cuja responsabilidade legal lhe foi atribuída, conforme legislação acima transcrita. Por outro lado, como somente seriam aceitos os cursos do Programa de Reciclagem Anual realizados pelos órgãos do Poder Judiciário da União (expressa previsão legal), havia impossibilidade de a parte autora realizar diligência no sentido de viabilizar o referido programa de reciclagem anual.” 6. Sendo assim, conclui-se que a parte autora não pode ser penalizada pela inércia da Administração no que concerne à realização do Programa de Reciclagem Anual (e a sua homologação), referente ao período reconhecido na sentença, de modo que esta deve ser mantida por seus próprios fundamentos. 7. No que tange à pretensão de aplicação da Lei 11.960/2009, esta não merece prosperar, tendo em vista que esta Turma Recursal vem considerando inconstitucional o art. 1o-F da Lei no 9.494/97 com relação à aplicação da Taxa Referencial para fins de atualização monetária, conforme fundamentação constante no seguinte precedente: 0502280-40.2014.4.05.8205, julgamento em 04/09/2015. Ademais, recentemente, o Pleno do STF, ao julgar o RE no. 870.947, com repercussão geral, decidiu no mesmo sentido desta TR que: “O artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina.” 8. Registre-se que não há que se falar em sobrestamento dos autos enquanto pendente decisão do STF acerca da modulação dos efeitos do julgado proferido no RE 870.947: a uma, porque o relator (Ministro Luiz Fux) não determinou a suspensão de todos os processos que versem sobre a matéria, quando do deferimento do efeito suspensivo aos embargos de declaração opostos pelos entes federativos estaduais (decisão proferida em 24/09/2018); a duas, porque esta Turma passou a reconhecer, incidentalmente, a inconstitucionalidade da TR para fins de atualização monetária, antes mesmo do julgamento do RE 870.947. 9. O recurso do ente público, pois, não merece provimento. 10. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou ao recurso do ente público, mantendo a sentença recorrida por seus próprios fundamentos. Condenação do recorrente em honorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação.
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13-PB
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356.279456
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba tem reconhecido, em interpretação do art. 3.o, § 1.o, inciso III, c/c o inciso I do mesmo parágrafo, da Lei n.o 10.259/01, a competência dos JEF's para conhecimento, processamento e julgamento de causas como a presente (relativa ao reconhecimento de vantagens remuneratórias de servidor público e pagamento de valores atrasados), razão pela qual, com a ressalva do entendimento deste Juiz, entendo presente a competência deste JEF para julgamento da presente lide, rejeitando a preliminar processual de incompetência deduzida pela parte ré. Quanto à prescrição, adoto o entendimento jurisprudencial dominante no sentido de que o pagamento das prestações anteriores ao ajuizamento da ação deve observar a incidência da prescrição quinquenal, nos termos do art. 1.o do Decreto n.o 20.910/32 e da Súmula n.o 85 do STJ, salvo se cuidar-se de parte autora civilmente incapaz, o que não é o caso dos autos. A pretensão inicial da parte autora visa, em síntese, ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, durante o período de maio/2014 a janeiro/2016, pois exerceu durante o referido período as atribuições/atividades de segurança inerentes ao seu cargo, bem como à indenização por danos morais. Examinando a documentação trazida aos autos, colhem-se as seguintes informações em relação aos elementos relevantes à solução da lide: I - Certidão do TRT da 13a. Região (anexo 06), datada de 19.09.2018, em que há a informação de que a parte autora "exerceu as seguintes atividades inerentes ao seu cargo, conforme informação do Diretor de Secretaria, Luciano E. Guimarães: "as atividades desenvolvidas pelo servidor requerente no período em referência são as designadas nas atribuições da função exercida pelo mesmo, ou seja: segurança de servidores e jurisdicionados, segurança patrimonial em todo o prédio do Fórum, controle no acesso de pessoas e atendimento e informação ao público. Tais atividades continuam sendo exercidas atualmente pelo referido servidor.""; II - Despacho no Protocolo Administrativo TRT n.o 26.603/2013 (anexo 08), datado de 14.05.2014, Assunto: Curso de reciclagem anual para agentes de segurança, referente ao exercício 2013 - Teste de Condicionamento Físico, em que é determinada a suspensão do pagamento da GAS para a parte autora, a partir do mês subsequente a conclusão do programa. Determina, ainda, que sejam tomadas as providências para que seja afastada imediatamente das atividades de segurança de dignatários, de pessoas e das instalações do Tribunal (conforme determinação expressa contida no art. 11 da Resolução n.o 108/2012 do CJST); III - Informação no Protocolo Administrativo TRT n.o 26.603/2013 da Secretaria de Gestão de Pessoas - SEGEPE (anexo 07), datada de 02.07.2014, Assunto: Curso de reciclagem anual para agentes de segurança, referente ao exercício 2013 - Teste de Condicionamento Físico, em que é informada que ocorreu a suspensão do pagamento da GAS para a parte autora, a partir de maio/2014; IV - Informação do TRT da 13a. Região (fl. 05 do anexo 09), em que há os seguintes dados quanto à percepção da GAS pela parte autora: (i) implantação do pagamento: a contar de 01.07.2008 - Protocolo TRT no 10.204/2008; (ii) suspensão do pagamento: de maio/2014 até dezembro/2015 - Protocolo TRT no 26.603/2013; (iii) restabelecimento do pagamento: a contar de janeiro/2016 - Protocolo TRT no 34.302/2014; V - Informação do TRT da 13a. Região (fl. 11 do anexo 09), em que é dito expressamente: "Em consulta aos registros desta Secretaria, temos a informar: o postulante não logrou aprovação no curso de reciclagem referente ao ano de 2013, cujos efeitos financeiros recaíram sobre o ano de 2014 (Protocolo TRT no 26.603/2013). No ano de 2014, o Tribunal não promoveu o curso de reciclagem em segurança. Em 2015 foi ofertado o Programa de Reciclagem Anual para os servidores que desempenham Atividades de Segurança. Observa-se, ainda, que o interessado participou do referido Programa e obteve aprovação. Observa-se, por fim, que o resultado final do citado Programa foi homologado em 22.01.2016 (Prot. TRT GPNo 34.302/2014 - docs. 369, 380 e 386)."; VI - Parecer do TRT da 13a. Região (fls. 13/17 do anexo 09), em que há as seguintes informações, em relação à parte autora: (i) não obteve desempenho no Curso de Reciclagem realizado no ano de 2013, tendo sua gratificação sido suspensa no mês subsequente ao término do curso e da homologação das avaliações; (ii) foi afastada das atividades de segurança de dignitários, de pessoas e das instalações do Tribunal; (iii) durante o período que esteve afastado do efetivo exercício das atribuições de segurança, não cabe falar em retribuição de Gratificação de Atividade de Segurança, pois para a sua percepção exige-se o efetivo exercício no cargo de Técnico de Apoio Especializado, na função de segurança; (iv) não há amparo legal para o pagamento retroativo da gratificação da atividade de segurança (2014/2015), em data anterior à conclusão do programa de reciclagem anual em que se deu a aprovação do requerente; VII - fichas financeiras da parte autora(fls. 01/06 do anexo 10), que demonstram a suspensão da rubrica "99005-00 GAS - GRAT ATIV SEGURANÇA", no período de maio/2014 a dezembro/2015. Registre-se que, em fevereiro/2016, a referida rubrica foi paga, com efeitos financeiros retroativos a janeiro/2016(fl. 06 do anexo 10). Da documentação anexada aos autos, obtêm as seguintes conclusões: I - a parte autora participou do Programa de Reciclagem Anual, referente ao exercício 2013, com efeitos financeiros no ano de 2014, tendo sido reprovada, razão pela qual foi suspenso o pagamento da GAS a partir de maio/2014; II - apesar de determinação expressa para afastar a parte autora das atividades de segurança de dignatários, de pessoas e das instalações do Tribunal (conforme determinação expressa contida no art. 11 da Resolução n.o 108/2012 do CJST) - anexo 08, ela continuou a exercer as atividades inerentes ao seu cargo conforme certidão emitida pela própria parte ré (anexo 06). A Lei n.o 11.416/06, que dispõe sobre as Carreiras dos Servidores do Poder Judiciário da União, instituiu a Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, devida exclusivamente aos ocupantes do cargo da Carreira de Analista Judiciário - área administrativa e da Carreira de Técnico Judiciário - área administrativa cujas atribuições estejam relacionadas às funções de segurança, quais sejam, Inspetor e Agente de Segurança Judiciária, respectivamente, para fins de identificação funcional (art. 17, caput, e art. 4o, § 2o, ambos da citada lei). Ademais, a supramencionada lei estabelece os requistos para a percepção da GAS: (i) não está no exercício de função comissionada ou nomeado para cargo em comissão; e (ii) participação obrigatória em programa de reciclagem anual, conforme disciplinado em regulamento (art. 17, §§ 2o e 3o, da citada lei), sendo que caberá ao Supremo Tribunal Federal, ao Conselho Nacional de Justiça, aos Tribunais Superiores, ao Conselho da Justiça Federal, ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho e ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, no âmbito de suas competências, baixar os atos regulamentares necessários à aplicação da supramencionada lei, observada a uniformidade de critérios e procedimentos (art. 26 da citada lei). A Portaria Conjunta n.o 01/2007, que regulamentou a Gratificação de Atividade de Segurança (Anexo III da supramencionada portaria conjunta), estabelece que é condição para continuidade da percepção da GAS a participação, com aproveitamento, em Programa de Reciclagem Anual, a ser oferecido pela Administração (art. 3o, caput, da referida portaria), sendo que a reciclagem anual constará do Programa Permanente de Capacitação de cada órgão do Poder Judiciário da União, o qual definirá em regulamento próprio seu conteúdo e execução (art. 3o, § 1o, da referida portaria). Por outro lado, a Resolução n.o 108/2012 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, que regulamenta a concessão da Gratificação de Atividade de Segurança no âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho, determina os requisitos para a percepção da GAS: (i) desempenho efetivo das atividades de segurança constantes das atribuições do cargo de Técnico Judiciário, Área Administrativa, Especialidade Segurança; (ii) não estar no exercício de função comissionada ou cargo em comissão; e (iii) - participação, com aproveitamento, em Programa de Reciclagem Anual a ser oferecido pela Administração (art. 2, incisos I, II e III, da referida resolução). Além disso, a Resolução n.o 108/2012 do CSJT estabelece que é condição para continuidade da percepção da GAS a participação do servidor, com aproveitamento (pontuação mínima - 70%; frequência mínima - 75%; e aprovação no teste de condicionamento físico - art. 6o, incisos I, II e III, da referida resolução), em Programa de Reciclagem Anual a ser oferecido pelo Tribunal em que o servidor estiver em exercício, sendo que somente serão aceitos os cursos do Programa de Reciclagem Anual realizados pelos órgãos do Poder Judiciário da União na forma do art. 17, § 3°, da Lei n° 11.416/2006, do Anexo III da Portaria Conjunta n° 1/2007 e do Anexo III da Portaria Conjunta n° 3/2007 (art. 4o, caput e § 1o, da referida resolução). Some-se, ainda, que, na hipótese de reprovação no Programa de Reciclagem Anual por falta de aproveitamento, deixará de perceber a GAS a partir do mês subsequente ao da conclusão do Programa, e somente poderá voltar a perceber a gratificação a partir do mês subsequente ao da conclusão de novo Programa de Reciclagem Anual, caso obtenha aprovação (art. 6o, §§ 1o e 2o, da referida resolução). Ademais, o servidor reprovado no Programa de Reciclagem Anual não poderá exercer a atividade de segurança de dignitários, de pessoas e das instalações do Tribunal (art. 11, caput e inciso II, da referida resolução). Por outro lado, a jurisprudência do STJ é no sentido de que: I - ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE SEGURANÇA. GAS. VANTAGEM RECONHECIDA AOS SERVIDORES QUE EFETIVAMENTE DESEMPENHAM ATIVIDADE DE SEGURANÇA. REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA A CONCESSÃO DA VANTAGEM: CURSO ANUAL DE RECICLAGEM. CARÁTER GERAL DA GRATIFICAÇÃO AFASTADO, O QUE INVIABILIZA SUA EXTENSÃO AOS SERVIDORES INATIVOS. AGRAVO INTERNO DO SINDICATO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Esta Corte firmou a orientação de que a Gratificação de Atividade de Segurança-GAS, disciplinada pela Lei 11.406/2006, não possui natureza geral, uma vez que sua percepção exige requisito específico, um curso anual de reciclagem. 2. Assim, a Gratificação de Atividade de Segurança-GAS, por não ter caráter genérico, não pode ser estendida indistintamente aos Servidores inativos. Precedente: REsp. 1.517.695/SC, Rel. Min. OG FERNANDES, DJe 20.3.2017..." . (grifo nosso - AgInt no REsp 1532568S/RS, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Órgão Julgador: Primeira Turma, Data do Julgamento: 19.02.2019, Data da Publicação: REPDJe 26/02/2019, DJe 25/02/2019); II - "...1. Nocaso, a pretensão recursal - de que a Gratificação de Atividade de Segurança (GAS), disciplinada pela Lei n. 11.416/2006, possui natureza geral e, portando, é extensível aos inativos - não demandanecessário revolvimento de matéria fática, descabendo falar no óbice contido na Súmula 7/STJ. ...5. A Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, disciplinada pela Lein. 11.406/2006,não possui natureza geral e, dessa forma, não podeser estendida aosinativos. É que a própria norma legal já condicionou a percepção da dita gratificação à participação em "programade reciclagem anual" (art. 17, § 3o), o que demonstra não se tratar de gratificação de natureza geral, não podendo ser paga de forma indistinta..." (grifo nosso - REsp 1517695/SC, Relator: Ministro OG FERNANDES, Órgão Julgador: Segunda Turma, Data do Julgamento: 14.03.2017, Data da Publicação: DJe 25/03/2017). Conclui-se, ainda, que há dois momentos distintos que devem ser analisados nesta sentença em relação ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS: o primeiro, referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros em 2014 e, o segundo, referente ao Exercício 2014, com efeitos financeiros em 2015. Passo a análise do período referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros em 2014. No caso dos autos, a parte autora participou do Programa de Reciclagem Anual, referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros no ano de 2014, tendo sido reprovada no referido programa, portanto, não preencheu requisito/critério legal supramencionado, qual seja, participação, com aproveitamento, em Programa de Reciclagem Anual oferecido pela Administração. Ademais, apesar de a parte autora arguir que continuou a desempenhar efetivamente as atividades de segurança constantes das atribuições do cargo de Técnico Judiciário, Área Administrativa, Especialidade Segurança, não é possível presumir que as atividades foram desempenhadas de forma plena, pois, conforme dito anteriormente, o Programa de Reciclagem Anual demonstrou que a parte autora não tinha capacidade plena para o exercício das referidas atividades, pois a mesma foi reprovada. Registre-se, inclusive, que entendimento deste Juízo em sentido contrário ao exposto no parágrafo anterior, presumiria que o Programa de Reciclagem Anual realizado pelo TRT da 13o Região não é o meio apropriado para avaliar as condições individuais de cada servidor para o desempenho das atribuições do cargo de Técnico Judiciário, Área Administrativa, Especialidade Segurança, o que não é plausível de ser adotado por este Juízo. Inclusive, a parte autora não questiona, em sua causa de pedir, os motivos para a sua reprovação no Programa de Reciclagem Anual. Por fim, em relação à argumentação da parte autora de que a gratificação em questão tem caráter geral, por isso extensiva aos servidores inativos e, consequentemente, paga independentemente do preenchimento dos requisitos/critérios legais supramencionados, não merece acolhida, pois conforme entendimento jurisprudencial acima transcrito adotado por este Juízo, há, sim, necessidade de preencher os requisitos legais específicos para a concessão da GAS, o que afasta o seu caráter geral, e inviabiliza sua extensão aos servidores inativos. Diante do exposto nos parágrafos anteriores, a parte autora não faz jus ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros em 2014. Passo a análise do período referente ao Exercício 2014, com efeitos financeiros em 2015. Inicialmente, a própria parte ré informa que, no ano/exercício de 2014, com efeitos financeiros no ano de 2015, o TRT da 13a. Região não promoveu o Curso de Reciclagem em Segurança (fl. 11 do anexo 09). Entretanto, posteriormente, a parte ré informar que o Programa de Reciclagem Anual para os Agentes de Segurança, relativo ao Exercício 2014, foi proposto, inicialmente, em 01/09/2014, mediante protocolo no 25.829/2015, tendo continuidade, em 14/11/2014, com o Protocolo TRT no 34.302/2015, tendo sido homologado em 22.01.2016 (fls. 12/17 do anexo 09), ou seja, mais de 01 ano após a data de propositura do referido programa. Ora, conforme determinado pela Portaria Conjunta n.o 01/2007, que regulamentou a Gratificação de Atividade de Segurança (Anexo III da supramencionada portaria conjunta), a reciclagem anual constará do Programa Permanente de Capacitação de cada órgão do Poder Judiciário da União, o qual definirá em regulamento próprio seu conteúdo e execução (art. 3o, § 1o, da referida portaria). Ademais, a Resolução n.o 108/2012 do CSJT determina que o Programa de Reciclagem Anual deva ser oferecido pelo Tribunal em que o servidor estiver em exercício, sendo que somente serão aceitos os cursos do Programa de Reciclagem Anual realizados pelos órgãos do Poder Judiciário da União na forma do art. 17, § 3°, da Lei n° 11.416/2006, do Anexo III da Portaria Conjunta n° 1/2007 e do Anexo III da Portaria Conjunta n° 3/2007 (art. 4o, caput e § 1o, da referida resolução). No caso dos autos, a parte ré não viabilizou o Programa de Reciclagem Anual, referente ao ano/exercício de 2014, com efeitos financeiros no ano de 2015, cuja responsabilidade legal lhe foi atribuída, conforme legislação acima transcrita. Por outro lado, como somente seriam aceitos os cursos do Programa de Reciclagem Anual realizados pelos órgãos do Poder Judiciário da União (expressa previsão legal), havia impossibilidade de a parte autora realizar diligência no sentido de viabilizar o referido programa de reciclagem anual. Diante do exposto nos parágrafos anteriores, e da inércia/desídia da parte ré para realização do Programa de Reciclagem Anual, referente ao ano/exercício de 2014, com efeitos financeiros no ano de 2015, observando-se que a periodicidade do programa de reciclagem é anual e que deveria constar do Programa Permanente de Capacitação de cada órgão do Poder Judiciário da União, a parte autora faz jus ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS referente ao Exercício 2014, com efeitos financeiros em 2015. Passo a analise do pedido de indenização por danos morais. Não há que se falar em danos morais, em razão do abuso de poder da Administração Pública ao proferir despacho determinando o imediato afastamento da parte autora das suas atividades de segurança, pois o referido ato está em consonância com a legislação acima transcrita, inclusive, o despacho supramencionado cita expressamente a legislação: art. 11 da Resolução n.o 108/2012 do CJST - anexo 08. Por outro lado, observa-se que inexiste nos autos qualquer elemento capaz de comprovar as lesões psicológicas e morais que a parte autora alega em sua inicial. Obviamente o demandante passou por aborrecimentos com a ausência/demora na realização do Programa de Reciclagem Anual, mas tal fato não transpõe o limite do razoável, não sendo, portanto, indenizável. Registre-se que a jurisprudência do STJ é no sentido de que nas hipóteses que o fato alegado pela parte representa, segundo as regras de experiência, um mero dissabor inerente à vida em sociedade, não há dano moral. Ademais, os limites entre o mero dissabor e o dano moral indenizável devem ser apurados mediante regras de experiência, pelo julgador (STJ, REsp 955031/MG, REL. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, data do julgamento: 20.03.2012, DJe 09.04.2012). Dessa forma, não restando comprovado nos autos a ocorrência de prejuízo capaz de caracterizar dano moral, impõe-se a improcedência do pedido inicial da parte autora quanto a esse pedido. Entendo que a renda mensal da parte autora, que, conforme fichas financeiras juntadas aos autos, é superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, afasta, concretamente, a possibilidade presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual indefiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado, ressalvada a possibilidade de produção concreta de prova em sentido contrário à conclusão supra, hipótese em que poderá ser reavaliada a questão. Ante o exposto: I - julgo improcedente o pedido inicial referente à indenização por danos morais, declarando a extinção do processo com resolução de mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015); II - julgo improcedente o pedido inicial referente ao pagamento da Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, referente ao Exercício 2013, com efeitos financeiros em 2014, declarando a extinção do processo com resolução de mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015); III - julgo procedente, em parte, o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015), para condenar a parte ré a pagar à parte autora os valores devidos a título de Gratificação de Atividade de Segurança - GAS, referente ao Exercício 2014, com efeitos financeiros em 2015 (período: janeiro/2015 a dezembro/2015), devidamente comprovados nos autos, com a incidência de correção monetária e juros de mora nos termos indicados no item I abaixo (em relação aos cálculos judiciais), conforme planilha elaborada pelo Setor de Cálculos dos Juizados Especiais Federais da SJPB em João Pessoa, a qual homologo como parte integrante desta sentença. O valor devido à parte autora quanto à obrigação de pagar objeto da condenação acima é aquele indicado na planilha elaborada pelo Setor de Cálculos dos Juizados Especiais Federais da SJPB em João Pessoa, a qual homologo como parte integrante desta sentença. Em relação a esses cálculos, deve-se observar que: I - em face do entendimento firmado pelo Plenário do STF no julgamento, em sede de repercussão geral (Tema n.o 810), do RE n.o 870.947/SE, incide correção monetária pelo IPCA-E a partir de 07/2009 e pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente em relação ao período anterior a 07/2009, e incidem juros de mora segundo o índice de juros de mora aplicado às cadernetas de poupança, estes nos termos do art. 1.o-F, da Lei n.o 9.494/97, na redação dada pela Lei n.o 11.960/09, a partir de 07/2009, exceto para os créditos referentes a servidores e empregados públicos, em relação aos quais o marco temporal inicial de incidência destes é 08/2001, conforme previsto no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente, o qual aplica-se, também, quanto aos juros de mora em relação ao período anterior a esses marcos temporais; II - o cálculo observará a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação (a qual só pode atingir prestações vencidas no momento da propositura da ação, nos termos do entendimento da TNU - PEDILEF 00090195320094013200, Relator Juiz José Eduardo do Nascimento, DOU 07.10.2011); III - os valores devidos a título de contribuição previdenciária ao PSS, observados os limites de isenção estabelecidos no art. 40, §§ 18 e 21 da CF/88, na redação dada pelas ECs n.o 41/2003 e 47/2005, incidente sobre a obrigação de pagar foram apurados e informados na planilha de cálculo, mas não foram descontados do total da condenação, vez que serão individualizados na requisição de pagamento, conforme o disposto no art. 16-A da Lei n.o 10.887/2004; os valores devidos a título dessa contribuição sobre a obrigação de fazer serão descontados administrativamente, em cumprimento, também, à mesma disposição legal. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 17 da Lei n.o 10.259/2001 e da legislação então vigente sobre o pagamento de créditos e cumprimento de ordens judiciais pela Fazenda Pública, a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de pagar no prazo e forma legais, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação (a qual só pode atingir prestações vencidas no momento da propositura da ação, nos termos do entendimento da TNU - PEDILEF 00090195320094013200, Relator Juiz José Eduardo do Nascimento, DOU 07.10.2011). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o . Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. Emiliano Zapata de Miranda Leitão
NÃO PROVIMENTO
0507277-02.2019.4.05.8202
2019-08-21 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-29 09:55:39
Sentença - Seguro-defeso 2017/2018
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
1,653
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0
15-PB
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99.874063
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
0507500-58.2019.4.05.8200
2019-05-27 00:00:00
APS JOÃO PESSOA - TAMBAUZINHO (13.001.070) (29.979.036/0461-32) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-02 15:34:30
Sentença - Improcedente - Amparo social
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
PB015639
SENTENÇA Dispensado o relatório do caso examinado, passo a fundamentar e, ao final, decido. A parte autora propõe contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS a presente ação especial objetivando a concessão do benefício assistencial ao idoso (NB 704.040.889-0), requerido na via administrativa em 25/07/2018. Desnecessária a colheita de prova em audiência e/ou complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o que pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. O laudo social apresentado pelo oficial de justiça vinculado a esse Juízo constatou que a autora reside em casa própria, “construído em alvenaria, coberto com telhas nuas e caibros cerrados, piso em cimento, contendo os seguintes cômodos: um terraço, uma sala, três quartos, cozinha, dois banheiros e área de serviço. · Mobílias e utensílios que guarnecem o imóvel: 1.Terraço: quatro cadeiras de plástico 2. Sala: um jogo de sofá para dois e três lugares, um rack, uma TV de tubo de 29’’ e um aparelho de som com duas caixas acústicas 3. Primeiro quarto: uma cama de casal, um guarda-roupa e uma cômoda 4. Segundo quarto: uma cama de casal e uma cômoda 5. Terceiro quarto: uma cama de solteiro e uma máquina de costura 6. Cozinha: duas geladeiras, um fogão, uma mesa com quatro cadeiras e um armário. 7. Área de serviço: uma mesa e duas cadeiras · Outras informações: · No segundo banheiro uma máquina de lavar tipo tanquinho.” O laudo social acima referido contém fotos da residência, cujos registros revelam que as condições de vida e habitação da autora se mostram incompatíveis com a renda declarada e com a situação de hipossuficiência necessária para fazer jus ao benefício assistencial pretendido. Nesse contexto, registre-se que a promovente declarou, tanto na via administrativa, quanto na petição inicial do presente processo, que a composição do grupo familiar se restringia a ela e sua filha, detentora de um benefício assistencial ao deficiente. O oficial de justiça, por sua vez, constatou que também residia no domicilio da autora o Sr. José Domingos de Souza, que se declarou ao oficial de justiça como esposo da promovente. Após intimação das partes acerca do laudo social, a parte autora peticionou nos autos alegando que o Sr. José Domingos de Souza, em verdade, não é seu esposo, posto que ele é casado e mantém apenas um relacionamento extraconjugal com a promovente. Nada obstante isso, independentemente de o Sr. José Domingos de Souza integrar ou não o grupo familiar, o caso é de improcedência, uma vez que, como afirmado linhas acima, as condições de vida e habitação da promovente se mostram incompatíveis com a situação de hipossuficiência financeira exigida para a concessão do amparo social pretendido, o que aponta para a possibilidade de haver renda não declarada ao INSS e ao Juízo. Não se pode perder de vista que a atividade assistencial do Estado possui natureza excepcional, havendo de prevalecer sempre – e ser constantemente incentivada, inclusive através das manifestações jurisdicionais – a regra social segundo a qual cabe a cada pessoa prover seu próprio sustento através do trabalho, que, como sabiamente se costuma dizer, dignifica o homem ao torná-lo produtivo, além de colaborar com o bem estar da coletividade, que se beneficia da riqueza produzida pelos indivíduos que a compõe. A intervenção assistencial do Poder Público, deste modo, somente tem lugar quando a pessoa – seja pela fragilidade corporal advinda da senilidade, seja pela incapacidade laboral decorrente de acidente ou moléstia – não puder manter-se materialmente através de seu próprio suor. E mais, esse provimento assistencialista a cargo do Estado possui natureza apenas subsidiária, já que, presente a impossibilidade do autossustento, caberá primeiramente à família, enquanto núcleo social fundamental ligada por vínculos de sangue e afinidade, prover o sustento da pessoa incapaz, emergindo o dever estatal de assistência apenas na hipótese dos membros da família também não poderem garantir a sobrevivência do parente. Com efeito, por força mesmo de previsão constitucional, a responsabilidade pelo sustento das pessoas é inicialmente do círculo familiar (arts. 229 e 230 da Constituição Federal de 1988), obrigação essa que é confirmada pela legislação ordinária. Nesse sentido, prevê o art. 1.694 do Código Civil as condições para os alimentos fixados em razão do vínculo, os quais devem observar a proporção entre as necessidades do familiar necessitado e dos recursos da pessoa obrigada (§1o), limitando-se aos indispensáveis à subsistência quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia (§2o). No mesmo sentido é o disposto no art. 1.695 do Código Civil, segundo o qual são devidos os alimentos quando o alimentando não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença. Por tudo quanto foi exposto, não havendo situação de miserabilidade ou vulnerabilidade social, tem-se que deve ser negada a prestação assistencial pleiteada. ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido de benefício assistencial, extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art. 3o da Lei n.1.060/50. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Adote a Secretaria as providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais, se for o caso. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE)
VOTO-EMENTA BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE. REQUISITO DA MISERABILIDADE NÃO SATISFEITO. SENTENÇA IMPROCEDENTE. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. O MM juiz sentenciante julgou improcedente o pleito autoral, ante o não preenchimento do requisito da miserabilidade. A parte autora recorre, alegando que os requisitos para a concessão do benefício encontram-se preenchidos. 2. Conforme entendimento firmado na Rcl 4.374/PE e no RE n.o 567.985/MT, o critério de 1⁄4 do salário-mínimo utilizado na LOAS encontra-se completamente defasado e inadequado para aferir a miserabilidade das famílias, motivo pelo qual o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidadedo artigo 20, §3o,da Lei no 8.742/93, sem determinar, no entanto, a nulidade da norma. 3. O critério de 1/2 salário-mínimo adotado pela legislação superveniente de outros benefícios assistenciais, tais como, Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação e Bolsa-Família, passou a ser critério objetivo adequado para a constatação da miserabilidade econômica familiar relativa aos benefícios assistenciais ao idoso e à pessoa com deficiência, nos termos da Lei n.o 8.742/93. Em contrapartida, enquanto não adotada resposta legislativa adequada à inconstitucionalidade reconhecida pelo STF, resta também a análise de outras circunstâncias indicativas dessa miserabilidade no caso concreto, como já vinha sendo sufragado na jurisprudência do STJ (AgRg no AREsp 262.331/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/02/2013, DJe 25/02/2013) e da TNU (Súmula n.o 11). 4. Na hipótese, verifica-se que a autora declarou no PA e na inicial que o grupo familiar era composto por ela e uma filha, que recebe amparo assistencial ao portador de deficiência. No auto de constatação, todavia, o oficial de justiça registrou que também residia no domicílio o Senhor José Domingos de Souza, que alegou ser esposo da demandante. 5. Assim, excluindo a filha do grupo (aplicação analógica do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso), percebe-se que a renda per capita familiar era inferior a 1⁄2 salário-mínimo, quando da DER. 6. Todavia, apesar de a promovente ter peticionado nos autos e informado que o Sr. José Domingos de Souza é casado e que mantém um relacionamento extraconjugal com ele, tendo em vista a possibilidade de haver renda não declarada ao INSS e ao Juízo, não há como se concluir como demonstrada a situação de hipossuficiência financeira exigida para a concessão do benefício assistencial. 7. O benefício de amparo assistencial ao idoso e ao portador de deficiência é destinado a amparar e proteger aqueles que se encontram em situação de miserabilidade que põe em risco a sua própria subsistência, o que não restou comprovado no caso em epígrafe. 8. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 9. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora mantendo-se a sentença por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n. 9.099/95, condenando-se o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios em R$ 1.000,00 (mil reais) e custas, nos termos do art. 55, caput, da Lei n.o 9.099/95, suspensa na hipótese de concessão de assistência judiciária gratuita.
884
577
0
0
7-PB
0
128.132292
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
caso examinado, passo a fundamentar e, ao final, decido. A parte autora propõe contra o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS a presente ação especial objetivando a concessão do benefício assistencial ao idoso (NB 704.040.889-0), requerido na via administrativa em 25/07/2018. Desnecessária a colheita de prova em audiência e/ou complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o que pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. O laudo social apresentado pelo oficial de justiça vinculado a esse Juízo constatou que a autora reside em casa própria, “construído em alvenaria, coberto com telhas nuas e caibros cerrados, piso em cimento, contendo os seguintes cômodos: um terraço, uma sala, três quartos, cozinha, dois banheiros e área de serviço. · Mobílias e utensílios que guarnecem o imóvel: 1.Terraço: quatro cadeiras de plástico 2. Sala: um jogo de sofá para dois e três lugares, um rack, uma TV de tubo de 29’’ e um aparelho de som com duas caixas acústicas 3. Primeiro quarto: uma cama de casal, um guarda-roupa e uma cômoda 4. Segundo quarto: uma cama de casal e uma cômoda 5. Terceiro quarto: uma cama de solteiro e uma máquina de costura 6. Cozinha: duas geladeiras, um fogão, uma mesa com quatro cadeiras e um armário. 7. Área de serviço: uma mesa e duas cadeiras · Outras informações: · No segundo banheiro uma máquina de lavar tipo tanquinho.” O laudo social acima referido contém fotos da residência, cujos registros revelam que as condições de vida e habitação da autora se mostram incompatíveis com a renda declarada e com a situação de hipossuficiência necessária para fazer jus ao benefício assistencial pretendido. Nesse contexto, registre-se que a promovente declarou, tanto na via administrativa, quanto na petição inicial do presente processo, que a composição do grupo familiar se restringia a ela e sua filha, detentora de um benefício assistencial ao deficiente. O oficial de justiça, por sua vez, constatou que também residia no domicilio da autora o Sr. José Domingos de Souza, que se declarou ao oficial de justiça como esposo da promovente. Após intimação das partes acerca do laudo social, a parte autora peticionou nos autos alegando que o Sr. José Domingos de Souza, em verdade, não é seu esposo, posto que ele é casado e mantém apenas um relacionamento extraconjugal com a promovente. Nada obstante isso, independentemente de o Sr. José Domingos de Souza integrar ou não o grupo familiar, o caso é de improcedência, uma vez que, como afirmado linhas acima, as condições de vida e habitação da promovente se mostram incompatíveis com a situação de hipossuficiência financeira exigida para a concessão do amparo social pretendido, o que aponta para a possibilidade de haver renda não declarada ao INSS e ao Juízo. Não se pode perder de vista que a atividade assistencial do Estado possui natureza excepcional, havendo de prevalecer sempre – e ser constantemente incentivada, inclusive através das manifestações jurisdicionais – a regra social segundo a qual cabe a cada pessoa prover seu próprio sustento através do trabalho, que, como sabiamente se costuma dizer, dignifica o homem ao torná-lo produtivo, além de colaborar com o bem estar da coletividade, que se beneficia da riqueza produzida pelos indivíduos que a compõe. A intervenção assistencial do Poder Público, deste modo, somente tem lugar quando a pessoa – seja pela fragilidade corporal advinda da senilidade, seja pela incapacidade laboral decorrente de acidente ou moléstia – não puder manter-se materialmente através de seu próprio suor. E mais, esse provimento assistencialista a cargo do Estado possui natureza apenas subsidiária, já que, presente a impossibilidade do autossustento, caberá primeiramente à família, enquanto núcleo social fundamental ligada por vínculos de sangue e afinidade, prover o sustento da pessoa incapaz, emergindo o dever estatal de assistência apenas na hipótese dos membros da família também não poderem garantir a sobrevivência do parente. Com efeito, por força mesmo de previsão constitucional, a responsabilidade pelo sustento das pessoas é inicialmente do círculo familiar (arts. 229 e 230 da Constituição Federal de 1988), obrigação essa que é confirmada pela legislação ordinária. Nesse sentido, prevê o art. 1.694 do Código Civil as condições para os alimentos fixados em razão do vínculo, os quais devem observar a proporção entre as necessidades do familiar necessitado e dos recursos da pessoa obrigada (§1o), limitando-se aos indispensáveis à subsistência quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia (§2o). No mesmo sentido é o disposto no art. 1.695 do Código Civil, segundo o qual são devidos os alimentos quando o alimentando não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença. Por tudo quanto foi exposto, não havendo situação de miserabilidade ou vulnerabilidade social, tem-se que deve ser negada a prestação assistencial pleiteada. ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido de benefício assistencial, extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art. 3o da Lei n.1.060/50. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Adote a Secretaria as providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais, se for o caso. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE
NÃO PROVIMENTO
0507616-61.2019.4.05.8201
2019-08-12 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-30 14:27:38
Sentença - Seguro-defeso
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB025431
SENTENÇA RELATÓRIO Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
897
1,029
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9-PB
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78.689329
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
PROVIMENTO
0503709-03.2018.4.05.8205
2018-12-03 00:00:00
APS SANTA LUZIA (13.021.170) (29.979.036/0543-13) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-01 18:37:54
Sentença - Parcialmente procedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso do ente público - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
CLAUDIO GIRAO BARRETO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei no 10.259/2001. Decido. Pretendea parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social -INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), nacategoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015a fevereiro de 2016. Aduz,em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defesoconcretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelosMinistros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente),o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e aconceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além dea parte autora preencher todos os requisitos legais, a referidaportaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015,acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticasno bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido asuspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer avalidade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foiproferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo paraque o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g.,qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendoesclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas naretromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lideà análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazotranscorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Comodito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador)referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em telaencontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescadorprofissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor deumsalário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividadepesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Nãoserá acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade depescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazoexcessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, semque tivesse diligenciado o seu cumprimento. ATurma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmadono sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão dainstabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas,patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes daRepública (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial(proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar),inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido noacórdão abaixo transcrito, extraído do processo no0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr.Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadoresartesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso.Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DASEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ.DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para onão pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado noMemorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, nosentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadoresabrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que nãofavoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso reguladopela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I- diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atosnormativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia operíodo de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerialn.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias;Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o períodode defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447,proferidaem 07.01.2016, que suspendeu os efeitos doDecreto-Legislativo n.o 293,de 10.12.2015, e decisão posterior do STF,em 11.03.2016, revogando amedida liminar monocrática deferidaanteriormente em 07.01.2016), o"razoável, portanto, é presumir que opescador permaneceu parado durantetodo o período do defeso (ou, nomínimo, a partir de 10.12.2015, datado Decreto Legislativo no 293)”,devendo, portanto, ser reconhecido aospescadores artesanais atingidospor essa situação de insegurançajurídica o direito ao pagamentointegral do seguro-defeso devido noperíodo de 01.12.2015 a 28.02.2016,em respeito à segurança jurídica eproteção da legítima confiança,devendo-se ressaltar que, mesmo quetomado como marco inicialalternativo para o início desse período a datade 10.12.2015, na qualiniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o293, como, após opagamento da primeira parcela do seguro-defeso, édevido o pagamentointegral das seguintes por fração igual ou superior a15 dias de defeso(art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 doCODEFAT), é devido opagamento integral das 3 parcelas do seguro-defesocabíveis em relaçãoao período findo em 28.02.2016; II- e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que nãohavia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimentodosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no casodospescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora,nãodeve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial daparteautora relativa ao preenchimento desses requisitos legais porela,devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe orequerimentoadministrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendopagá-lo emfavor da parte autora, desde que demonstrado, na esferaadministrativa, oimplemento dos demais requisitos necessários àconcessão dessebenefício, de acordo com as provas apresentadas no PA Aparte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação aoseguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o nãoprocessamento de seu requerimento administrativo de seguro-defesoocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesseperíodo, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pelaqual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autorado entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito eanalisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na formaacima explicitada.” 4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciárioflexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sobpena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso,tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte eoito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para opagamento do benefício. 5.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recursodo INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou oDecreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento doseguro-defeso na Paraíba? 6.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf.Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antesdo seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu peloperíodo de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorouaté o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016,revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7.No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar àapuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defesona Paraíba. 8.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidadedeexigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para opagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivasalterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração PúblicaFederal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas àdecisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusiveposteriormente revogada. 9.Se para o administrador público e para o operador do Direito talinstabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário doseguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoalnormativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador,costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíbaocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçadopelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenhacriado a justa expectativa de que receberia o benefício, sedesmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividadepesqueira. 11.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado peloseguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca,mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas dacúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e doSTF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu paradodurante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015,data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a talrecessoe com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento dodefeso,despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base nobenefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato deindeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridadescompetentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídionormativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, períodoeste no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar,com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido depescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídicasuprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência doperíodo de defeso. 13.Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que operíodo vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30(trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro.Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de umperíodo de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada,dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecidopelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurançajurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14.Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimentoadministrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciadopelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando oentendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo,como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão debenefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo(RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime darepercussão geral". 15.No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não haviadireito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimentodosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso emrelaçãoaos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parteautora. 16.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestaçãocomo no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida anecessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quantoao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso emrazão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria,havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitoslegais para a concessão do benefício. 17.Por fim, considerando que não houve sequer ato material deindeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitosao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao períodomínimode 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18.Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicadospela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III,da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput eparágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário doINSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus própriosfundamentos. 20.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamentoocorridana data constante da aba “Sessões Recursais” destes autosvirtuais, porunanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DOINSS, nos termosdo voto do Juiz-relator. Condenação em honoráriosadvocatícios fixadosem 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico.Sem custas. Noprocesso acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido odireito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) doseguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há,por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela deseguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003.PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS.SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentençaque julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecercomodevido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no períodode10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30(trinta)dias; e ii) determinar que o INSS recepcione eprocesse orequerimento de seguro-defeso que for apresentado pelaparte autora,Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada emUiraúna/PB,devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado,na esferaadministrativa, o implemento dos requisitos necessários àconcessão dobenefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que oIBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidasvulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções deáguas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas dodia1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro,conformeInstrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente,suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atosnormativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, MinistroRicardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na AçãoDireta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, parasuspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou oexercício da atividade pesqueira; e iv) em11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso,revogoua cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecerosefeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, deimediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensospela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. EstaTerceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais,nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao segurodesemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisaçãotemporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016,porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidosatos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO:08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHOMOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decididopelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveramciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferidadecisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixainstrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) areferida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o quejustifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendamaos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) Asolução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentoscontrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro,pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou nãodo defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela dapopulação não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, oentão presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou apossibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável queos beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento daliberação.A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou apesca), emdecisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois deencerrado oprazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”),mas, muitopossivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitosretroativos –“ex tunc”) porque isso poderia resultar em processoscriminais contraos pescadores: se a pesca estava proibida desde oinício do defeso(efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividadeteriam cometidocrimes ambientais. Emsíntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas doseguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016.Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquantoassim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos(CF, art. 100). Nãohá, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido decondenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou dopatamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situaçãovexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como jádecidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSONBEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Anteo exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTEPROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento doseguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimoslegais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicada. Apresentadorecurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam osautos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. RECURSO DO ENTE PÚBLICO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso, referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. 2. Em suas razões recursais o ente público argumenta que no Estado da Paraíba os pescadores artesanais só ficaram impedidos de pescar por 28 dias entre 2015/2016, no entanto, a sentença concedeu o direito ao pagamento de 90 dias de seguro defeso. Aduz que não se justifica o pagamento do seguro defeso durante o período em que não houve proibição da pesca e que não cabe ao judiciário flexibilizar os requisitos previstos na própria legislação de regência da matéria. 3. Extrai-se da sentença o seguinte: "Pretende a parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), na categoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016. Aduz, em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defeso concretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelos Ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente), o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e a conceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além de a parte autora preencher todos os requisitos legais, a referida portaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015, acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas no bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido a suspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer a validade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foi proferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo para que o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g., qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendo esclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas na retromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lide à análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazo transcorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Como dito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador) referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em tela encontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, 'caput'). Não será acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade de pescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento. A Turma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido no acórdão abaixo transcrito, extraído do processo no 0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr. Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2. A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que 'somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias', circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: 'I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o 'razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)', devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA A parte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso ocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada.' 4. Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5. Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 6. Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7. No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 8. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 9. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário do seguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 11. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 13. Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14. Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: '(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral'. 15. No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16. No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 17. Por fim, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítulo da sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18. Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19. Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário do INSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos. 20. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termos do voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. No processo acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido o direito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) do seguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há, por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da 5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela de seguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS. SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer como devido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de 10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta) dias; e ii) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora, Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que o IBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidas vulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções de águas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conforme Instrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente, suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atos normativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de 25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no 293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no 192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em 07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, para suspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou o exercício da atividade pesqueira; e iv) em 11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogou a cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecer os efeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. Esta Terceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais, nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao seguro desemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisação temporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016, porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidos atos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO: 08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decidido pelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveram ciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferida decisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixa instrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) a referida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o que justifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendam aos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) A solução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentos contrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro, pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou não do defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela da população não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou a possibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável que os beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação. A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), em decisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado o prazo do defeso, teve efeitos para o futuro ('ex nunc'), mas, muito possivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos - 'ex tunc') porque isso poderia resultar em processos criminais contra os pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso (efeitos 'ex tunc'), aqueles que exerceram a atividade teriam cometido crimes ambientais.Em síntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016. Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquanto assim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos (CF, art. 100). Não há, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido de condenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou do patamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situação vexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como já decidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO 08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Ante o exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento do seguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimos legais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal." 4. Alega-se no recurso do INSS que não houve a análise da condição de pescador artesanal da parte autora e que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5. Em relação à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal já decidiu a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência, nos seguintes termos (vide Processo no 0501824-97.2017.4.05.8201): "Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, quiçá para o beneficiário do seguro-defeso, por lei, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma a direcioná-lo no como proceder. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. Uma coisa é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra coisa é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. Neste contexto, observo que não houve descumprimento do julgado proferido pelo STF na ADIN 5447. Isto porque as razões ora expostas estão confluentes com a decisão revogatória da decisão liminar, ao entender vigente o período de defeso entre dezembro/2015 e fevereiro/2016. Ademais, quanto aos efeitos "ex nunc" do restabelecimento do DL 293/2010, a garantia da segurança alimentar e sobrevivência dos pescadores foi um dos fundamentos da decisão de revogação da liminar na ADIN, não sendo razoável entender-se, agora, que tal decisão impede o pagamento do benefício do seguro-defeso. Logo, entendo que a restrição da retroação dos efeitos do restabelecimento do DL 293/2010 não se destinou a invalidar os atos praticados conforme o DL 293/2010, mas, sim, limitou-se a vedar a invalidação dos atos praticados que não se harmonizem com o entendimento firmado a partir do julgamento da revogação da liminar da ADIN." 6. Portanto, no caso em questão, deve ser flexibilizada a exigência do prazo de 30 (trinta) dias referentes ao período de defeso ocorrido entre 2015-2016. 7. Além da questão referente aos efeitos da duração da vigência do Decreto Legislativo no 293/2015 (que restabeleceu o período do defeso suspenso pela Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA), o magistrado do JEF considerou que não seria acolhida na sentença qualquer impugnação à qualidade de pescador artesanal da parte autora, em razão de ter sido oportunizado ao INSS "prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento". 8. Analisando os autos observa-se que o magistrado do JEF em decisão prolatada no processo no 0501304-91.2018.4.05.8205 e trasladada para este feito, considerando que o benefício foi indeferido de plano pelo INSS por não haver decorrido, no entendimento da autarquia, o tempo mínimo de suspensão da pesca exigido pela Resolução n.o 759 do CODEFAT e considerando que caberia à autarquia previdenciária a análise dos demais requisitos, determinou que a parte autora requeresse na via administrativa o benefício de seguro defeso pleiteado neste feito e acompanhasse o trâmite administrativo. Estabeleceu também ao INSS que, no prazo de 90 (noventa) dias analisasse os requerimentos, não os indeferindo apenas pela portaria, mas também, pelos demais requisitos e, após encerrado o prazo concedido a parte ré, determinou ainda que a parte autora juntasse aos autos cópia integral do processo. 9. Decorrido o prazo dado pelo magistrado do JEF para que a parte autora solicitasse o benefício de seguro defeso na via administrativa e para que o INSS analisasse os requerimentos apresentados e, considerando que não houve cumprimento da decisão por parte do INSS, o juiz sentenciante, em 15.04.2019, proferiu despacho determinando o regular prosseguimento do feito com a citação do ente público, no entanto, esclareceu no referido despacho que não acataria qualquer impugnação à qualidade de segurado especial (pescador) da parte autora, por já ter oportunizado prazo excessivamente elástico para a análise daquela condição. 10. Embora o juiz do JEF tenha considerado que o prazo concedido ao INSS foi suficiente para que ele se manifestasse sobre a qualidade de pescador artesanal da parte autora, sem que ele tivesse se pronunciado, o fato é que é possível constatar que, no caso dos autos, na verdade não houve a análise administrativa ou judicial da condição de pescador artesanal da parte autora e não foi permitido à autarquia previdenciária questionar tal requisito em sede de contestação. Ressalte-se, ainda, que na sentença não foi acolhida qualquer impugnação a tal requisito. 11. Ao analisar o caso a sentença limitou-se a apreciar a questão tomando como base acórdão proferido por esta Turma Recursal (processo no 0510409-10.2018.4.05.8200), considerando que esta Turma tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada, sendo razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. 12. Quanto à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal, de fato, vem decidindo a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência. Todavia no acórdão que serviu como paradigma para a sentença, como o INSS entendeu que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01/12/2015 a 28/02/2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrangia a parte autora, foi considerada suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício, cabendo ao INSS processar o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão do benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA. 13. O posicionamento adotado no acórdão paradigma deve ser aplicado também no caso em questão, pois, como já mencionado anteriormente, não houve a apreciação da condição de pescador artesanal da parte autora na esfera administrativa ou judicial. Na verdade, sequer houve ato material de indeferimento do benefício, de modo que resta suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS para pagamento do defeso, não cabendo ao Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento dos demais requisitos legais, uma vez que cabe ao ente público receber e processar, inicialmente, os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do art. 2o da Lei n.o 10.779/2003, sob pena de nítida intervenção do Poder Judiciário na esfera da competência do Poder Executivo e, sobretudo, em razão do princípio da adstrição da sentença ao pedido formulado na inicial. 14. Diante do exposto, é o caso de se dar parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença do JEF para afastar a exigência expressa no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, no sentido de que "somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias", relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016 e determinar ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA. 15. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 16. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença para: a) afastar a exigência expressa no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, no sentido de que "somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias", relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016; e b) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso apresentado pela parte autora, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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14-PB
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302.009653
PROVIMENTO PARCIAL
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Decido. Pretendea parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social -INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), nacategoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015a fevereiro de 2016. Aduz,em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defesoconcretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelosMinistros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente),o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e aconceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além dea parte autora preencher todos os requisitos legais, a referidaportaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015,acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticasno bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido asuspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer avalidade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foiproferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo paraque o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g.,qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendoesclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas naretromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lideà análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazotranscorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Comodito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador)referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em telaencontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescadorprofissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor deumsalário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividadepesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Nãoserá acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade depescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazoexcessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, semque tivesse diligenciado o seu cumprimento. ATurma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmadono sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão dainstabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas,patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes daRepública (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial(proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar),inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido noacórdão abaixo transcrito, extraído do processo no0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr.Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadoresartesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso.Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DASEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ.DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para onão pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado noMemorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, nosentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadoresabrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que nãofavoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso reguladopela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I- diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atosnormativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia operíodo de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerialn.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias;Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o períodode defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447,proferidaem 07.01.2016, que suspendeu os efeitos doDecreto-Legislativo n.o 293,de 10.12.2015, e decisão posterior do STF,em 11.03.2016, revogando amedida liminar monocrática deferidaanteriormente em 07.01.2016), o"razoável, portanto, é presumir que opescador permaneceu parado durantetodo o período do defeso (ou, nomínimo, a partir de 10.12.2015, datado Decreto Legislativo no 293)”,devendo, portanto, ser reconhecido aospescadores artesanais atingidospor essa situação de insegurançajurídica o direito ao pagamentointegral do seguro-defeso devido noperíodo de 01.12.2015 a 28.02.2016,em respeito à segurança jurídica eproteção da legítima confiança,devendo-se ressaltar que, mesmo quetomado como marco inicialalternativo para o início desse período a datade 10.12.2015, na qualiniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o293, como, após opagamento da primeira parcela do seguro-defeso, édevido o pagamentointegral das seguintes por fração igual ou superior a15 dias de defeso(art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 doCODEFAT), é devido opagamento integral das 3 parcelas do seguro-defesocabíveis em relaçãoao período findo em 28.02.2016; II- e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que nãohavia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimentodosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no casodospescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora,nãodeve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial daparteautora relativa ao preenchimento desses requisitos legais porela,devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe orequerimentoadministrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendopagá-lo emfavor da parte autora, desde que demonstrado, na esferaadministrativa, oimplemento dos demais requisitos necessários àconcessão dessebenefício, de acordo com as provas apresentadas no PA Aparte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação aoseguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o nãoprocessamento de seu requerimento administrativo de seguro-defesoocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesseperíodo, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pelaqual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autorado entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito eanalisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na formaacima explicitada.” 4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciárioflexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sobpena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso,tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte eoito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para opagamento do benefício. 5.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recursodo INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou oDecreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento doseguro-defeso na Paraíba? 6.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf.Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antesdo seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu peloperíodo de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorouaté o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016,revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). URL entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar àapuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defesona Paraíba. 8.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidadedeexigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para opagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivasalterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração PúblicaFederal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas àdecisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusiveposteriormente revogada. URL para o administrador público e para o operador do Direito talinstabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário doseguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoalnormativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador,costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíbaocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçadopelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenhacriado a justa expectativa de que receberia o benefício, sedesmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividadepesqueira. 11.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado peloseguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca,mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas dacúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e doSTF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu paradodurante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015,data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a talrecessoe com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento dodefeso,despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base nobenefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato deindeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridadescompetentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídionormativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, períodoeste no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar,com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido depescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídicasuprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência doperíodo de defeso. 13.Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que operíodo vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30(trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro.Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de umperíodo de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada,dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecidopelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurançajurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14.Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimentoadministrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciadopelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando oentendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo,como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão debenefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo(RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime darepercussão geral". 15.No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não haviadireito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimentodosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso emrelaçãoaos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parteautora. 16.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestaçãocomo no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida anecessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quantoao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso emrazão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria,havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitoslegais para a concessão do benefício. 17.Por fim, considerando que não houve sequer ato material deindeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitosao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao períodomínimode 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18.Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicadospela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III,da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput eparágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário doINSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus própriosfundamentos. 20.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamentoocorridana data constante da aba “Sessões Recursais” destes autosvirtuais, porunanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DOINSS, nos termosdo voto do Juiz-relator. Condenação em honoráriosadvocatícios fixadosem 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico.Sem custas. Noprocesso acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido odireito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) doseguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há,por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela deseguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003.PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS.SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentençaque julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecercomodevido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no períodode10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30(trinta)dias; e ii) determinar que o INSS recepcione eprocesse orequerimento de seguro-defeso que for apresentado pelaparte autora,Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada emUiraúna/PB,devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado,na esferaadministrativa, o implemento dos requisitos necessários àconcessão dobenefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que oIBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidasvulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções deáguas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas dodia1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro,conformeInstrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente,suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atosnormativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, MinistroRicardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na AçãoDireta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, parasuspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou oexercício da atividade pesqueira; e iv) em11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso,revogoua cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecerosefeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, deimediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensospela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. EstaTerceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais,nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao segurodesemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisaçãotemporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016,porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidosatos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO:08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHOMOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decididopelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveramciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferidadecisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixainstrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) areferida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o quejustifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendamaos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) Asolução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentoscontrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro,pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou nãodo defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela dapopulação não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, oentão presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou apossibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável queos beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento daliberação.A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou apesca), emdecisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois deencerrado oprazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”),mas, muitopossivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitosretroativos –“ex tunc”) porque isso poderia resultar em processoscriminais contraos pescadores: se a pesca estava proibida desde oinício do defeso(efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividadeteriam cometidocrimes ambientais. Emsíntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas doseguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016.Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquantoassim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos(CF, art. 100). Nãohá, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido decondenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou dopatamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situaçãovexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como jádecidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSONBEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Anteo exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTEPROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento doseguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimoslegais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei , subsidiariamente aplicada. Apresentadorecurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam osautos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se
PROVIMENTO
0509235-23.2019.4.05.8202
2019-09-23 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-29 09:31:52
Sentença - Seguro-defeso2017/2018 - Improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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66.736019
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
0501876-19.2019.4.05.8203
2019-07-10 00:00:00
EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-09 18:23:01
Sentença - Parcialmente procedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
RODRIGO MAIA DA FONTE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB014379
SENTENÇA Tipo A Dispensado o relatório circunstanciado, nos termos do art. 38 da Lei n.o 9.099/95 e art. 1o da Lei n.o 10.259/2001, bastando dizer tratar-se de ação previdenciária promovida pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, através da qual se pretende o restabelecimento de benefício por incapacidade. Preliminarmente O INSS arguiu, em sua contestação (anexo 12), a preliminar de ausência de interesse processual, alegando, em síntese, que a parte autora não requereu administrativamente o benefício de auxílio-doença, em relação a nova incapacidade constatada no laudo judicial. Em consequência, requereu a extinção do feito, por falta de interesse processual, em razão da ausência de requerimento de prorrogação do benefício na via administrativa. Entendo que não lhe assiste razão, contudo. Da análise dos autos, constato que, de fato, a parte autora não efetivou novo pedido de concessão de benefício, que, friso, era de sua responsabilidade. Todavia, considerando que o feito se encontra devidamente instruído, uma vez que foi realizada perícia médica judicial na qual se constatou a incapacidade. Assim, apesar de, em tese, ser possível a extinção do feito sem resolução do mérito para exigir novo requerimento administrativo, tal alternativa não se mostra razoável, até mesmo porque, caso fosse negado administrativamente o novo pedido de auxílio-doença, acarretaria mais uma vez a movimentação da máquina judiciária, o que geraria mais custos para o Estado. Ademais, extinguir o feito sem resolução do mérito, quando este já se encontra devidamente instruído, destoaria das diretivas que norteiam o Novo CPC (Lei n.o 13.105/2015), nomeadamente a primazia do julgamento de mérito e o princípio da eficiência. Com essas considerações, rejeito a preliminar de falta de interesse processual. Dos requisitos do auxílio-doença, da aposentadoria por invalidez e do auxílio-acidente O auxílio-doença é o benefício devido ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social que ficar incapacitado temporariamente para seu trabalho ou para a atividade habitual. O período de carência para a concessão do auxílio-doença é de 12 (doze) contribuições mensais, sendo dispensada nos casos de acidente de qualquer natureza, doença profissional ou do trabalho e doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, conforme alteração introduzida pela Lei no. 13.135/2015 no texto da Lei no 8.213/1991. Na hipótese de segurado especial, faz-se necessária, apenas, a comprovação do exercício de atividade rural no período de 12 (doze) meses anteriores ao requerimento do benefício, conforme estatui o art. 25, I, c/c art. 39, I, ambos da Lei no. 8.213/91. Ademais, para a obtenção do benefício em comento mister se faz que a incapacidade laboral permaneça por mais de 15 (quinze) dias, consoante estabelece o art. 59 da Lei n. 8.213/91. Vejamos: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por outro lado, a aposentadoria por invalidez é concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição, conforme preceitua o art. 42 da Lei no. 8.213/91. Outrossim, para obter o benefício o segurado deve comprovar o período de carência, que é idêntico ao do auxílio-doença. Saliente-se, portanto, que a principal diferença entre o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez diz respeito à natureza temporária da incapacidade, que é protegida pelo auxílio-doença e não existe na aposentadoria por invalidez. O caso dos autos De início, no tocante à aptidão laborativa, segundo concluiu a perícia médica judicial (anexo 8), a demandante é portadora de “Arritmia cardíaca não especificada (CID 10 -I49.9); e Cegueira em um olho (CID 10 -H54.4)”, sendo a Arritmia cardiáca a patologia que lhe causa incapacidade total e temporária, com DII na data do exame pericial. Esclareceu ainda o expert que a postulante está acometida de uma incapacidade temporária para toda e qualquer atividade laboral por um período de 6 (seis) meses, contados da data da realização da perícia judicial, sendo indicado o tratamento medicamentoso, com prognóstico intermediário. Em relação à qualidade de segurada e à carência, entendo que tais requisitos encontram-se preenchidos. Isso porque houve concessão de auxílio-doença à demandante, pelo período de 15/03/2016 a 20/03/2019 (anexo 10) e a DII foi fixada na data do exame pericial (31/07/2019), dentro do período de graça. Assim, pelas razões acima expostas, merece ser acolhida a pretensão autoral, fazendo este jus à concessão do benefício de auxílio-doença. Entretanto, no que concerne ao pedido de conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, o prognóstico do perito, quando assevera ter a enfermidade caráter temporário, demonstra a possibilidade de a demandante, após a estabilização de seu quadro de saúde, recuperar a aptidão para o trabalho e voltar a exercer seu labor ou ser reabilitado para outra função, o que demandará reexame no momento oportuno. Em consequência, entendo que não lhe assiste, por ora, direito à aposentadoria por invalidez. Também não é o caso de concessão de auxílio-acidente, já que não estão presentes os seus requisitos de forma cumulada: a) acidente de qualquer natureza; b) sequela definitiva dele resultante; e c) redução da capacidade laborativa. Em verdade, não basta existir uma sequela decorrente de uma lesão. É imprescindível que haja a redução da capacidade laborativa. Desse modo, o benefício deve ser concedido desde a data da perícia (DIB =31/07/2019), e por considerar que apenas após a perícia judicial o INSS tomou conhecimento da incapacidade da requerente e, consequentemente, teve a oportunidade de conceder o benefício ora pleiteado. Por fim, entendo que a DCB do benefício deve ser fixada com o prazo a contar da efetiva implantação do benefício, porque, apenas a partir do dia de início do recebimento dos valores correspondentes ao benefício de auxílio doença, o postulante poderá custear seu tratamento e, consequentemente, se recuperar no prazo estipulado no laudo judicial. DISPOSITIVO Posto isso, com base no artigo 487, I, do NCPC (Lei no. 13.105/2015), JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para condenar o INSS: a) a conceder o auxílio-doença, em favor da parte autora, nos termos discriminados na tabela abaixo, mantendo-o pelo prazo de 6 (seis) meses (DCB), contados da efetiva implantação, necessários à recuperação da parte autora (art. 60, §8o, da Lei 8.213-91). Antes do prazo para a cessação, poderá a parte demandante, querendo, ciente de que não o fazendo cessará automaticamente seu benefício, pugnar a prorrogação do auxílio-doença e ser submetida à nova perícia administrativa, cujas conclusões poderão resultar: a.1) Na permanência do benefício – caso se verifique a manutenção do seu atual estado de saúde; a.2) Na cessação do benefício – caso não mais se detectar a doença que a acomete; ou a.3) Na conversão do benefício em aposentadoria por invalidez – caso fique comprovada a incapacidade total e definitiva. ESPÉCIE DE BENEFÍCIO Auxílio-doença DIB 31/07/2019 DIP 01/09/2019 b) No caso de a parte autora efetuar o pedido de prorrogação do benefício antes da data programada para sua cessação, o INSS apenas poderá cessar o benefício se, após a realização da nova perícia administrativa, for constatado que houve a recuperação da capacidade laborativa. c) Ao pagamento das parcelas entre a DIB e a DIP, acrescido de juros moratórios, na forma do art. 1o-F da Lei 9494/97, com redação dada pela lei 11.960/2009 (Taxa Referencial), e correção monetária de acordo com o índice IPCA-E, em conformidade com o que decidido pelo STF no RE n. 870.947/SE, julgado em setembro-2017. Os atrasados serão pagos mediante RPV, exceto se o valor da condenação ultrapassar esse montante em virtude do vencimento de parcelas no curso do processo, caso em que o pagamento poderá ser realizado por precatório, conforme inteligência do art. 17, § 4o da Lei no. 10.259/01. Por entender presentes os requisitos da plausibilidade jurídica - manifestada após cognição exauriente sobre o mérito da causa - e do perigo de dano irreparável (caracterizado pela impossibilidade de a parte autora exercer atividade remunerada), concedo a tutela antecipada, assinando ao INSS o prazo de 10 (dez) dias para cumprimento da obrigação de fazer, bem como para, no mesmo prazo, informar a RMI do benefício concedido, sob pena de multa diária que de logo arbitro em R$ 50,00 (cinqüenta reais). Em seguida, remetam-se os autos à contadoria para cálculo das verbas vencidas. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95. Registre-se. Intimações na forma da Lei n.o 10.259/2001. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Por fim, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE Juiz Federal - 11a Vara/PB
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL. RECURSO DO INSS. INTERESSE DE AGIR AUSENTE. INÍCIO DA INCAPACIDADE POSTERIOR À DER. FIXAÇÃO DA DIB NA DATA DA PERÍCIA. SENTENÇA FIXOU A DII NA DATA DA PERÍCIA.CONTAGEM DA DCB A PARTIR DA DATA DE REALIZAÇÃO DA PERÍCIA JUDICIAL. PRECEDENTE DO TRU DA 5a REGIÃO. PROVIMENTO PARCIAL. 1. A sentença foi de procedência parcial, para condenar o ente público a conceder o benefício de auxílio-doença desde a data da perícia (31/07/2019), além de determinar a sua manutenção pelo prazo de 6 (seis) meses, contado da efetiva implantação. 2. O ente público recorre, alegando a falta de interesse de agir do autor, em virtude da ausência de prévio requerimento administrativo, tendo em vista que a incapacidade surgiu em momento posterior à DER. Impugna também a DCB fixada, sustentando que o prazo de recuperação estabelecido pelo perito judicial deve ser contado da data da perícia, e não da implantação administrativa. 3. Com efeito, esta Turma tem entendido que, nos casos de indeferimento de benefício previdenciário por ausência de incapacidade, quando posteriores à edição da MP 739/2016, não é necessário novo requerimento administrativo, para caracterizar o interesse de agir, considerando o estado em que se encontra o processo, com instrução concretizada, perícia judicial realizada, sendo a ação julgada, em homenagem aos princípios que norteiam os Juizados Especiais, como celeridade e economia processual. 4. Desse modo, nos casos em que não restam comprovados os requisitos do benefício quando do requerimento administrativo e ausente novo pedido junto ao INSS baseado na nova causa de pedir, esta TR firmou entendimento no sentido de que o termo inicial do benefício deve ser fixado judicialmente na data da perícia, conforme disposto na sentença. 5. Esta Turma Recursal havia firmado o entendimento no sentido de que o prazo de recuperação indicado pelo perito judicial deveria ser fixado na data da efetiva implantação do benefício, seguindo o estatuído no art. 60, § 9o, da Lei n.o 8.213/91. No entanto, adequando-se à jurisprudência da Turma Regional de Uniformização da 5a Região (processo de n.o 0508469-72.2016.4.05.8202), o termo inicial para contagem do referido prazo deve ser estabelecido na data da realização da perícia judicial. 6. Em tais termos, o recurso do ente público, portanto, merece parcial provimento. 7. Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso do ente público para, reformando a sentença do JEF de origem, fixar o termo inicial do prazo de percepção do benefício, objeto da presente demanda, na data do exame pericial. Sem custas e sem honorários.
1,449
449
0
0
11-PB
1
61.28265
PROVIMENTO PARCIAL
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
bastando dizer tratar-se de ação previdenciária promovida pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, através da qual se pretende o restabelecimento de benefício por incapacidade. Preliminarmente O INSS arguiu, em sua contestação (anexo 12), a preliminar de ausência de interesse processual, alegando, em síntese, que a parte autora não requereu administrativamente o benefício de auxílio-doença, em relação a nova incapacidade constatada no laudo judicial. Em consequência, requereu a extinção do feito, por falta de interesse processual, em razão da ausência de requerimento de prorrogação do benefício na via administrativa. Entendo que não lhe assiste razão, contudo. Da análise dos autos, constato que, de fato, a parte autora não efetivou novo pedido de concessão de benefício, que, friso, era de sua responsabilidade. Todavia, considerando que o feito se encontra devidamente instruído, uma vez que foi realizada perícia médica judicial na qual se constatou a incapacidade. Assim, apesar de, em tese, ser possível a extinção do feito sem resolução do mérito para exigir novo requerimento administrativo, tal alternativa não se mostra razoável, até mesmo porque, caso fosse negado administrativamente o novo pedido de auxílio-doença, acarretaria mais uma vez a movimentação da máquina judiciária, o que geraria mais custos para o Estado. Ademais, extinguir o feito sem resolução do mérito, quando este já se encontra devidamente instruído, destoaria das diretivas que norteiam o Novo CPC (Lei n.o 13.105/2015), nomeadamente a primazia do julgamento de mérito e o princípio da eficiência. Com essas considerações, rejeito a preliminar de falta de interesse processual. Dos requisitos do auxílio-doença, da aposentadoria por invalidez e do auxílio-acidente O auxílio-doença é o benefício devido ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social que ficar incapacitado temporariamente para seu trabalho ou para a atividade habitual. O período de carência para a concessão do auxílio-doença é de 12 (doze) contribuições mensais, sendo dispensada nos casos de acidente de qualquer natureza, doença profissional ou do trabalho e doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, conforme alteração introduzida pela Lei no. 13.135/2015 no texto da Lei no 8.213/1991. Na hipótese de segurado especial, faz-se necessária, apenas, a comprovação do exercício de atividade rural no período de 12 (doze) meses anteriores ao requerimento do benefício, conforme estatui o art. 25, I, c/c art. 39, I, ambos da Lei no. 8.213/91. Ademais, para a obtenção do benefício em comento mister se faz que a incapacidade laboral permaneça por mais de 15 (quinze) dias, consoante estabelece o art. 59 da Lei n. 8.213/91. Vejamos: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por outro lado, a aposentadoria por invalidez é concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição, conforme preceitua o art. 42 da Lei no. 8.213/91. Outrossim, para obter o benefício o segurado deve comprovar o período de carência, que é idêntico ao do auxílio-doença. Saliente-se, portanto, que a principal diferença entre o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez diz respeito à natureza temporária da incapacidade, que é protegida pelo auxílio-doença e não existe na aposentadoria por invalidez. O caso dos autos De início, no tocante à aptidão laborativa, segundo concluiu a perícia médica judicial (anexo 8), a demandante é portadora de “Arritmia cardíaca não especificada (CID 10 -I49.9); e Cegueira em um olho (CID 10 -H54.4)”, sendo a Arritmia cardiáca a patologia que lhe causa incapacidade total e temporária, com DII na data do exame pericial. Esclareceu ainda o expert que a postulante está acometida de uma incapacidade temporária para toda e qualquer atividade laboral por um período de 6 (seis) meses, contados da data da realização da perícia judicial, sendo indicado o tratamento medicamentoso, com prognóstico intermediário. Em relação à qualidade de segurada e à carência, entendo que tais requisitos encontram-se preenchidos. Isso porque houve concessão de auxílio-doença à demandante, pelo período de 15/03/2016 a 20/03/2019 (anexo 10) e a DII foi fixada na data do exame pericial (31/07/2019), dentro do período de graça. Assim, pelas razões acima expostas, merece ser acolhida a pretensão autoral, fazendo este jus à concessão do benefício de auxílio-doença. Entretanto, no que concerne ao pedido de conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, o prognóstico do perito, quando assevera ter a enfermidade caráter temporário, demonstra a possibilidade de a demandante, após a estabilização de seu quadro de saúde, recuperar a aptidão para o trabalho e voltar a exercer seu labor ou ser reabilitado para outra função, o que demandará reexame no momento oportuno. Em consequência, entendo que não lhe assiste, por ora, direito à aposentadoria por invalidez. Também não é o caso de concessão de auxílio-acidente, já que não estão presentes os seus requisitos de forma cumulada: a) acidente de qualquer natureza; b) sequela definitiva dele resultante; e c) redução da capacidade laborativa. Em verdade, não basta existir uma sequela decorrente de uma lesão. É imprescindível que haja a redução da capacidade laborativa. Desse modo, o benefício deve ser concedido desde a data da perícia (DIB =31/07/2019), e por considerar que apenas após a perícia judicial o INSS tomou conhecimento da incapacidade da requerente e, consequentemente, teve a oportunidade de conceder o benefício ora pleiteado. Por fim, entendo que a DCB do benefício deve ser fixada com o prazo a contar da efetiva implantação do benefício, porque, apenas a partir do dia de início do recebimento dos valores correspondentes ao benefício de auxílio doença, o postulante poderá custear seu tratamento e, consequentemente, se recuperar no prazo estipulado no laudo judicial. DISPOSITIVO Posto isso, com base no artigo 487, I, do NCPC (Lei no. 13.105/2015), JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para condenar o INSS: a) a conceder o auxílio-doença, em favor da parte autora, nos termos discriminados na tabela abaixo, mantendo-o pelo prazo de 6 (seis) meses (DCB), contados da efetiva implantação, necessários à recuperação da parte autora (art. 60, §8o, da Lei 8.213-91). Antes do prazo para a cessação, poderá a parte demandante, querendo, ciente de que não o fazendo cessará automaticamente seu benefício, pugnar a prorrogação do auxílio-doença e ser submetida à nova perícia administrativa, cujas conclusões poderão resultar: a.1) Na permanência do benefício – caso se verifique a manutenção do seu atual estado de saúde; a.2) Na cessação do benefício – caso não mais se detectar a doença que a acomete; ou a.3) Na conversão do benefício em aposentadoria por invalidez – caso fique comprovada a incapacidade total e definitiva. ESPÉCIE DE BENEFÍCIO Auxílio-doença DIB 31/07/2019 DIP 01/09/2019 b) No caso de a parte autora efetuar o pedido de prorrogação do benefício antes da data programada para sua cessação, o INSS apenas poderá cessar o benefício se, após a realização da nova perícia administrativa, for constatado que houve a recuperação da capacidade laborativa. c) Ao pagamento das parcelas entre a DIB e a DIP, acrescido de juros moratórios, na forma do art. 1o-F da Lei 9494/97, com redação dada pela lei 11.960/2009 (Taxa Referencial), e correção monetária de acordo com o índice IPCA-E, em conformidade com o que decidido pelo STF no RE n. 870.947/SE, julgado em setembro-2017. Os atrasados serão pagos mediante RPV, exceto se o valor da condenação ultrapassar esse montante em virtude do vencimento de parcelas no curso do processo, caso em que o pagamento poderá ser realizado por precatório, conforme inteligência do art. 17, § 4o da Lei no. 10.259/01. Por entender presentes os requisitos da plausibilidade jurídica - manifestada após cognição exauriente sobre o mérito da causa - e do perigo de dano irreparável (caracterizado pela impossibilidade de a parte autora exercer atividade remunerada), concedo a tutela antecipada, assinando ao INSS o prazo de 10 (dez) dias para cumprimento da obrigação de fazer, bem como para, no mesmo prazo, informar a RMI do benefício concedido, sob pena de multa diária que de logo arbitro em R$ 50,00 (cinqüenta reais). Em seguida, remetam-se os autos à contadoria para cálculo das verbas vencidas. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. . Registre-se. Intimações na forma da Lei n.o . Defiro os benefícios da justiça gratuita. Por fim, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE Juiz Federal - 11a Vara/PB
PROVIMENTO
0503306-37.2018.4.05.8204
2018-11-09 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) APS JOAO PESSOA - BELA VISTA (13.001.040) (29.979.036/0542-32) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-03-25 16:04:12
Sentença - IMPROCEDENTE
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
TERCIUS GONDIM MAIA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
PB004007
TERMO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO,INSTRUÇÃO E JULGAMENTO Aos25 de março de 2019, no horário designado, na sala de audiências da 12aVara Federal, Subseção Judiciária de Guarabira/PB, onde se encontravampresentes o(a) MM. Juiz(a) Federal, comigo, técnico judiciário, abaixo assinados,teve lugar aaudiência designada nos autos em epígrafe. Apregoadas aspartes,constatou-se o comparecimento da parte autora, GERALDO BELARMINO DA SILVA, acompanhada de seu(sua) advogado(a). Presente o INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, na pessoa de seu (sua) Procurador (a), o(a) ALEXANDRE DE ANDRADE INOJOSA.O INSS apresentou contestação em momento anterior à audiência.INICIADOS OS TRABALHOS, o MM. Juiz Federal questionou as partes sobre apossibilidade de acordo, o que não foi aceito. Em seguida, colheu-se o depoimento pessoal da parte autora, que não apresentou testemunha portando documento de identificação, o(s) qual (quais) foi (foram) gravado(s) em arquivo tipo mp3 e será(ão) anexado(s) aos autos. Encerradaa instrução, novamente tentou-se a conciliação das partes, que restoufrustrada. Ao final, passou o(a) MM. Juiz(a) Federal a proferir sentença pela IMPROCEDÊNCIA do pedido. Paraconstar, eu, Ricardo Fernandes de Medeiros, técnico judiciário, lavrei o presentetermo, cuja subscrição pelos presentes fica dispensada pelo MM. Juiz,por se tratar de processo virtual. Encerrada a instrução, passou o (a) MM. Juiz (a) a proferir sentença: SENTENÇA RELATÓRIO: Dispensado (art. 38 da Lei 9.099/95). FUNDAMENTAÇÃO: Oral conforme consta em anexo no processo virtual. DISPOSITIVO: Isto posto, julgo improcedente o pedido da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no. 9.099/95. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Após o trânsito em julgado, certifique-se e arquivem-se os presentes autos. Guarabira-PB, conforme data de validação no sistema.
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA AOS FATOS QUE SE PRETENDE PROVAR. PROVA ORAL COLHIDA EM AUDIÊNCIA DESFAVORÁVEL.SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. O MM Juiz sentenciante julgou improcedente o pedido autoral, por não haver início razoável de prova material contemporânea aos fatos que se busca provar, além de não ter sido favorável a prova oral colhida em audiência. 2. Em sua peça recursal, o(a) recorrente informa haver o preenchimento dos requisitos legais à concessão do benefício, de modo que requer nova valoração das provas. 3. Nota-se dos autos, porém, que não há, no caso, início razoável de prova material contemporânea aos fatos a serem provados, além de ter sido a prova oral colhida em audiência frágil, desfavorável à caracterização de segurada especial da parte autora, podendo ser destacado: i) o certificado de dispensa de incorporação ao Exército, registrando a profissão do autor como agricultor, datado de 12/01/1976 (A10, fl. 13), perde sua força probatória, diante dos inúmeros vínculos urbanos firmados no Rio de Janeiro, entre 1976 e 1996 (A17); ii) a filiação a sindicato rural é recente (2017 – A11, fl. 08); iii) o demandante reside na zona urbana (A12, fl. 07). 4. Segundo a súmula n.o 34 da TNU, “para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar”. 5. Não é possível, pois, a concessão da aposentadoria por idade rural (artigo 143 da Lei n.o 8.213/91), quando não comprovado o desempenho de atividade em regime de economia familiar. A esse respeito, confira-se: (STJ, 3a Seção, AR 4.094-SP, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgada em 26.09.2012). 6. O recurso interposto pela parte autora, pois, não merece provimento. 7. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 8. Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, mantendo a sentença de primeiro grau por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n. 9.099/95. 9. Condenação em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (mil reais) e custas processuais, suspensa na hipótese de concessão de assistência judiciária gratuita.
288
452
1
1
12-PB
0
136.034861
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
TERMO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO,INSTRUÇÃO E JULGAMENTO Aos25 de março de 2019, no horário designado, na sala de audiências da 12aVara Federal, Subseção Judiciária de Guarabira/PB, onde se encontravampresentes o(a) MM. Juiz(a) Federal, comigo, técnico judiciário, abaixo assinados,teve lugar aaudiência designada nos autos em epígrafe. Apregoadas aspartes,constatou-se o comparecimento da parte autora, GERALDO BELARMINO DA SILVA, acompanhada de seu(sua) advogado(a). Presente o INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, na pessoa de seu (sua) Procurador (a), o(a) ALEXANDRE DE ANDRADE INOJOSA.O INSS apresentou contestação em momento anterior à audiência.INICIADOS OS TRABALHOS, o MM. Juiz Federal questionou as partes sobre apossibilidade de acordo, o que não foi aceito. Em seguida, colheu-se o depoimento pessoal da parte autora, que não apresentou testemunha portando documento de identificação, o(s) qual (quais) foi (foram) gravado(s) em arquivo tipo mp3 e será(ão) anexado(s) aos autos. Encerradaa instrução, novamente tentou-se a conciliação das partes, que restoufrustrada. Ao final, passou o(a) MM. Juiz(a) Federal a proferir sentença pela IMPROCEDÊNCIA do pedido. Paraconstar, eu, Ricardo Fernandes de Medeiros, técnico judiciário, lavrei o presentetermo, cuja subscrição pelos presentes fica dispensada pelo MM. Juiz,por se tratar de processo virtual. Encerrada a instrução, passou o (a) MM. Juiz (a) a proferir sentença: SENTENÇA RELATÓRIO: Dispensado (art. 38 da Lei 9.099/95). FUNDAMENTAÇÃO: Oral conforme consta em anexo no processo virtual. DISPOSITIVO: Isto posto, julgo improcedente o pedido da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei no. 9.099/95. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Após o trânsito em julgado, certifique-se e arquivem-se os presentes autos. Guarabira-PB, conforme data de validação no sistema
NÃO PROVIMENTO
0507904-06.2019.4.05.8202
2019-08-28 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:08:59
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 - IMPROCEDENTE
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
PROVIMENTO
0507010-33.2019.4.05.8201
2019-07-28 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-04 11:36:43
Sentença - Improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
RODRIGO MAIA DA FONTE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
2
PB025431
SENTENÇA Tipo A Dispensado o relatório por força do disposto no art. 1o da Lei n.o 10.259/01, combinado com o art. 38, caput, da Lei n.o 9.099/95, bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/01. Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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11-PB
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37.476192
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o c/c art. 1o da Lei n.o . Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
PROVIMENTO
0508304-23.2019.4.05.8201
2019-08-26 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
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2019-10-30 16:33:01
Sentença - Seguro Defeso
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
GILVÂNKLIM MARQUES DE LIMA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
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PB025431
SENTENÇA RELATÓRIO Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
896
1,029
0
0
9-PB
0
64.89515
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
PROVIMENTO
0509635-37.2019.4.05.8202
2019-10-01 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-29 09:55:39
Sentença - Seguro-defeso 2017/2018
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
1,653
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15-PB
0
58.794201
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
0507152-34.2019.4.05.8202
2019-08-20 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-22 14:23:52
Sentença - Improcedente - SD (2017/2018)
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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62.952685
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
0505709-48.2019.4.05.8202
2019-07-25 00:00:00
APS SOUSA (13.021.110) (29.979.036/0166-59) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-12 15:50:47
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 -Improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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49.286655
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
PROVIMENTO
0511121-57.2019.4.05.8202
2019-11-07 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-17 02:18:35
Sentença - Seguro-defeso 2017/2018
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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39.430266
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
0508127-56.2019.4.05.8202
2019-09-02 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-30 16:17:09
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 IMPROCEDENTE
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB021085A
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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58.007049
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
0500203-97.2019.4.05.8200
2019-01-08 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-30 04:35:48
Sentença - Seguro defeso - pescador artesanal
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso do ente público - desprovimento
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
EMILIANO ZAPATA DE MIRANDA LEITÃO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA Dispensado o relatório nos termos do art. 38, cabeça, da Lei n.o 9.099/95. Inicialmente, registre-se que o INSS, devidamente intimado para anexar o Processo Administrativo referente ao requerimento do Seguro Defeso de pescador artesanal da parte autora, realizado pela Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, juntou o PA relativo à Colônia Z-22 – “Teresinha Danielle Virgínio dos Anjos” cujo pedido refere-se ao mesmo período do Seguro Defeso objeto da pretensão inicial deste feito. Não há falta de interesse de agir no pedido formulado neste processo, vez que, embora não tenha sido juntado a íntegra do PA relativo à Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, verifica-se da análise do documento colacionado no anexo 03 que houve o protocolo do requerimento administrativo formulado pela Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, referente ao seguro defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em que consta o nome da parte autora na lista de pescadores requerentes do referido seguro. Além disso, em processo administrativo formulado pela Colônia Z-22, semelhante ao pedido analisado neste feito, sabe-se que houve posicionamento contrário da Administração Pública à postulação inicial, razão pela qual entendo suprido o interesse de agir da parte autora. Ressalte-se que, este juízo, em entendimento equivocado da questão processual acima analisada, chegou a entender pela existência de falta de interesse de agir nos processos n.o 0500165-85.2019.4.05.8200, 0500115-59.2019.4.05.8200, 0500233-35.2019.4.05.8200, 0500145-94.2019.4.05.8200, 0500195-23.2019.4.05.8200,0500135-50.2019.4.05.8200 e 0500236-87.2019.4.05.820, o primeiro julgado em 22.07.2019 e os demais, em 24.07.2019, mas, melhor examinando a questão jurídico-processual respectiva, modificou o posicionamento, reconhecendo, assim, a erronia do então exposto naqueles processos.A TR/JEFs/SJPB já enfrentou, reiteradamente, a questão relativa ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, sendo o entendimento firmado por aquele órgão julgador recursal adequadamente representado pelo voto-ementa abaixo transcrito extraído do processo n.o 0504280-51.2016.4.05.8202, julgado em 14.10.2016: “VOTO - EMENTAPREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSOS DO PARTICULAR E DO INSS DESPROVIDOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.1.Trata-se de recursos ordinários interpostos contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3.A questão fática foi bem descrita na sentença:“Observa-se que o art. 1o da Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA, proíbe no período de 01/12 a 28/02, anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas. Ocorre que a Portaria Interministerial de no. 192, de 09/10/2015, suspendeu, por até 120 dias, os períodos de defeso do pescador artesanal, estabelecido pelo IBAMA. Por sua vez, o Decreto Legislativo de no. 293, de 10/12/2015, sustou os efeitos normativos da Portaria Interministerial, acima citada, e manteve os períodos de defeso, nos quais é vedada a atividade pesqueira. Sendo assim, a partir de 10/12/2015, houve realmente proibição da pesca, na forma estabelecida inicialmente pelo IBAMA. Posteriormente, contudo, uma liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) de n.o 5447, de 07/01/2016, sustou os efeitos do Decreto Legislativo de n.o 293/2015, de forma que foi permitido o exercício da pesca. Sendo assim, após um período de 28 (vinte e oito) dias de defeso – 10/12/2015 até 07/01/2016 –, os pescadores da região puderam novamente exercer a atividade pesqueira. No entanto, em 11/03/2016, a cautelar deferida na ADI de n.o 5447 foi revogada, restabelecendo o Decreto Legislativo de no. 293/2015, passando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015, conforme consulta no site do STF. Com base nesta última decisão do STF, o Memorando-Circular Conjunto n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, orientou às Agências da Previdência Social quanto ao seguro-desemprego do pescador artesanal, dispondo que: (I) a decisão tem eficácia imediata, porém sem efeitos retroativos, o que implica a proibição da atividade pesqueira apenas a partir de 11/03/2016; (II) em resposta ao Ofício no 006/DIRAT/INSS, o Ministério do Trabalho e Previdência Social esclareceu que, nos termos da Resolução CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016, somente fazem jus ao Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal – SDPA aqueles abrangidos por período-defeso superior a 30 (trinta dias)”.4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5.No recurso do particular, se pugna pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar-se o pedido de indenização por danos morais. 6.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 7.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado,o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 8.No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 9.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 10.Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, quiçá para o beneficiário do seguro-defeso, por lei, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma a direcioná-lo no como proceder. 11.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 12.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 13.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 14.Uma coisa é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra coisa é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 15.Portanto, é o caso de manter-se a sentença, com base nos fundamentos supra. 16.Por outro lado, pugna-se no recurso do particular pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar o pedido de indenização por danos morais. 17.Sobre a matéria devolvida a esta Turma Recursal, consigno que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 18.No caso dos autos, o que se apresentou, a título de indeferimento administrativo, foi mera mensagem assinada por terceiro em que se noticia o inteiro teor do Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, donde se conclui que não houve sequer a apreciação administrativa pelo INSS quanto à questão referente ao prazo de vigência do seguro-defeso. 19.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 20.Quanto ao pedido de indenização por danos morais, rejeito-o, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS.21.Portanto, não há que se falar em danos morais decorrentes do seu indeferimento administrativo que, aliás, sequer ocorreu no caso concreto. 22.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário da parte-autora. 23.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AOS RECURSOS DO INSS E DA PARTE-AUTORA, nos termos do voto do Juiz-relator. Sem condenação em honorários advocatícios e custas processuais.Sérgio Murilo Wanderley QueirogaJuiz Federal Relator"Da leitura do referido precedente jurisprudencial da TR/JEFs/SJPB acima transcrito, extrai-se que:I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o "razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA.A parte autora encontra-se no sequencial de n.o 299 (fl. 09 do anexo 03) do protocolo de requerimento apresentado pela Colônia Z-26 em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 constante do anexo 03 destes autos, tendo sido demonstrado o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso, presumidamente, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada. No tocante ao pedido de indenização por danos morais, não merece prosperar a pretensão autoral, uma vez que não restou configurado qualquer dano à esfera moral da parte autora. É que, no caso dos autos, a autarquia federal não praticou ato ilícito hábil à concessão indenizatória. Na realidade, ao seguir a Resolução de no CODEFAT no 759/2016 e a orientação do Memorando-Circular Conjunto no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, o INSS procedeu no exercício regular de um direito. Registre-se, ademais, que o preenchimento dos requisitos, no caso concreto, ainda serão analisados pela autarquia federal. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado.Ante o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015), para: I - indeferir o pedido de indenização por danos morais;II - reconhecer como cabível o pagamento de seguro-defeso, pelo prazo de 90 (noventa) dias, no valor de um salário mínimo em relação ao período de defeso de 01.12.2015 a 28.02.2016;III - e condenar o INSS a processar o requerimento de seguro-defeso da parte autora (MARIA DAS MERCES DA SILVA) objeto do PA do anexo 03 (cujo nome encontra-se no sequencial de 299 (fl. 09 do anexo 03), devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA.Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma dos art. 16 da Lei n.o 10.259/2001, intimando-se a APSADJ a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de fazer, no prazo de 30 (trinta) dias.Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o 9.099/95.Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2. A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, no sentido de que "somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias", circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: "I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o 'razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)', devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016;II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA." 4. Alega-se, no recurso do INSS, que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5. Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo n.o 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 6. O período do defeso se iniciaria em 01/12/2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10/12/2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07/01/2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11/03/2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7. No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 8. Compreendo, sim, que a questão se centra na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 9. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário do seguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 11. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10/12/2015, data do Decreto Legislativo n.o 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 13. Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14. Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário n.o 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: "(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 15. No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01/12/2015 a 28/02/2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16. No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 17. Por fim, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítulo da sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18. Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário do INSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos. 19. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 20. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso do INSS, mantendo a sentença de primeiro grau por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n.o 9.099/95. 21. Condenação do ente público ao pagamento de honorários advocatícios em 10% sobre o proveito econômico. Sem condenação ao pagamento de custas processuais, em face do disposto no art. 4o, inciso I, da Lei n.o 9.289/96. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
2,776
1,610
0
0
13-PB
0
264.719306
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Inicialmente, registre-se que o INSS, devidamente intimado para anexar o Processo Administrativo referente ao requerimento do Seguro Defeso de pescador artesanal da parte autora, realizado pela Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, juntou o PA relativo à Colônia Z-22 – “Teresinha Danielle Virgínio dos Anjos” cujo pedido refere-se ao mesmo período do Seguro Defeso objeto da pretensão inicial deste feito. Não há falta de interesse de agir no pedido formulado neste processo, vez que, embora não tenha sido juntado a íntegra do PA relativo à Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, verifica-se da análise do documento colacionado no anexo 03 que houve o protocolo do requerimento administrativo formulado pela Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, referente ao seguro defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em que consta o nome da parte autora na lista de pescadores requerentes do referido seguro. Além disso, em processo administrativo formulado pela Colônia Z-22, semelhante ao pedido analisado neste feito, sabe-se que houve posicionamento contrário da Administração Pública à postulação inicial, razão pela qual entendo suprido o interesse de agir da parte autora. Ressalte-se que, este juízo, em entendimento equivocado da questão processual acima analisada, chegou a entender pela existência de falta de interesse de agir nos processos n.o 0500165-85.2019.4.05.8200, 0500115-59.2019.4.05.8200, 0500233-35.2019.4.05.8200, 0500145-94.2019.4.05.8200, 0500195-23.2019.4.05.8200,0500135-50.2019.4.05.8200 e 0500236-87.2019.4.05.820, o primeiro julgado em 22.07.2019 e os demais, em 24.07.2019, mas, melhor examinando a questão jurídico-processual respectiva, modificou o posicionamento, reconhecendo, assim, a erronia do então exposto naqueles processos.A TR/JEFs/SJPB já enfrentou, reiteradamente, a questão relativa ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, sendo o entendimento firmado por aquele órgão julgador recursal adequadamente representado pelo voto-ementa abaixo transcrito extraído do processo n.o 0504280-51.2016.4.05.8202, julgado em 14.10.2016: “VOTO - EMENTAPREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSOS DO PARTICULAR E DO INSS DESPROVIDOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.1.Trata-se de recursos ordinários interpostos contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3.A questão fática foi bem descrita na sentença:“Observa-se que o art. 1o da Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA, proíbe no período de 01/12 a 28/02, anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas. Ocorre que a Portaria Interministerial de no. 192, de 09/10/2015, suspendeu, por até 120 dias, os períodos de defeso do pescador artesanal, estabelecido pelo IBAMA. Por sua vez, o Decreto Legislativo de no. 293, de 10/12/2015, sustou os efeitos normativos da Portaria Interministerial, acima citada, e manteve os períodos de defeso, nos quais é vedada a atividade pesqueira. Sendo assim, a partir de 10/12/2015, houve realmente proibição da pesca, na forma estabelecida inicialmente pelo IBAMA. Posteriormente, contudo, uma liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) de n.o 5447, de 07/01/2016, sustou os efeitos do Decreto Legislativo de n.o 293/2015, de forma que foi permitido o exercício da pesca. Sendo assim, após um período de 28 (vinte e oito) dias de defeso – 10/12/2015 até 07/01/2016 –, os pescadores da região puderam novamente exercer a atividade pesqueira. No entanto, em 11/03/2016, a cautelar deferida na ADI de n.o 5447 foi revogada, restabelecendo o Decreto Legislativo de no. 293/2015, passando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015, conforme consulta no site do STF. Com base nesta última decisão do STF, o Memorando-Circular Conjunto n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, orientou às Agências da Previdência Social quanto ao seguro-desemprego do pescador artesanal, dispondo que: (I) a decisão tem eficácia imediata, porém sem efeitos retroativos, o que implica a proibição da atividade pesqueira apenas a partir de 11/03/2016; (II) em resposta ao Ofício no 006/DIRAT/INSS, o Ministério do Trabalho e Previdência Social esclareceu que, nos termos da Resolução CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016, somente fazem jus ao Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal – SDPA aqueles abrangidos por período-defeso superior a 30 (trinta dias)”.4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. URL recurso do particular, se pugna pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar-se o pedido de indenização por danos morais. 6.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 7.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado,o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). URL entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 9.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 10.Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, quiçá para o beneficiário do seguro-defeso, por lei, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma a direcioná-lo no como proceder. 11.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 12.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 13.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 14.Uma coisa é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra coisa é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 15.Portanto, é o caso de manter-se a sentença, com base nos fundamentos supra. 16.Por outro lado, pugna-se no recurso do particular pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar o pedido de indenização por danos morais. 17.Sobre a matéria devolvida a esta Turma Recursal, consigno que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 18.No caso dos autos, o que se apresentou, a título de indeferimento administrativo, foi mera mensagem assinada por terceiro em que se noticia o inteiro teor do Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, donde se conclui que não houve sequer a apreciação administrativa pelo INSS quanto à questão referente ao prazo de vigência do seguro-defeso. 19.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 20.Quanto ao pedido de indenização por danos morais, rejeito-o, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS.21.Portanto, não há que se falar em danos morais decorrentes do seu indeferimento administrativo que, aliás, sequer ocorreu no caso concreto. 22.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário da parte-autora. 23.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AOS RECURSOS DO INSS E DA PARTE-AUTORA, nos termos do voto do Juiz-relator. Sem condenação em honorários advocatícios e custas processuais.Sérgio Murilo Wanderley QueirogaJuiz Federal Relator"Da leitura do referido precedente jurisprudencial da TR/JEFs/SJPB acima transcrito, extrai-se que:I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o "razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA.A parte autora encontra-se no sequencial de n.o 299 (fl. 09 do anexo 03) do protocolo de requerimento apresentado pela Colônia Z-26 em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 constante do anexo 03 destes autos, tendo sido demonstrado o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso, presumidamente, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada. No tocante ao pedido de indenização por danos morais, não merece prosperar a pretensão autoral, uma vez que não restou configurado qualquer dano à esfera moral da parte autora. É que, no caso dos autos, a autarquia federal não praticou ato ilícito hábil à concessão indenizatória. Na realidade, ao seguir a Resolução de no CODEFAT no 759/2016 e a orientação do Memorando-Circular Conjunto no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, o INSS procedeu no exercício regular de um direito. Registre-se, ademais, que o preenchimento dos requisitos, no caso concreto, ainda serão analisados pela autarquia federal. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado.Ante o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015), para: I - indeferir o pedido de indenização por danos morais;II - reconhecer como cabível o pagamento de seguro-defeso, pelo prazo de 90 (noventa) dias, no valor de um salário mínimo em relação ao período de defeso de 01.12.2015 a 28.02.2016;III - e condenar o INSS a processar o requerimento de seguro-defeso da parte autora (MARIA DAS MERCES DA SILVA) objeto do PA do anexo 03 (cujo nome encontra-se no sequencial de 299 (fl. 09 do anexo 03), devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA.Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma dos art. 16 da Lei n.o 10.259/2001, intimando-se a APSADJ a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de fazer, no prazo de 30 (trinta) dias.Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o .Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra
NÃO PROVIMENTO
0504204-22.2019.4.05.8202
2019-06-15 00:00:00
APS POMBAL (13.021.100) (29.979.036/0539-37) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-12 15:50:47
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 -Improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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87.658183
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
PROVIMENTO
0508466-15.2019.4.05.8202
2019-09-09 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-18 18:11:01
Sentença - Improcedência - Seguro-defeso 2017/2018
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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70.104873
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se
PROVIMENTO
0506817-15.2019.4.05.8202
2019-08-17 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:07:09
Sentença - Improcedente - SD (2017/2018)
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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76.633438
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
0500913-20.2019.4.05.8200
2019-01-25 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) APS CABEDELO (13.001.140) (29.979.036/0709-47) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-02 18:22:23
Sentença - Aposentadoria por Invalidez
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
EMILIANO ZAPATA DE MIRANDA LEITÃO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,178
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Restabelecimento
1
PB004007
SENTENÇA Dispensado o relatório nos termos do art. 38, cabeça, da Lei no 9.099/95. A parte autora era beneficiária da aposentadoria por invalidez de no 111.147.675-3, objeto da lide, desde o dia 01/03/1999. Ocorre que, em exame pericial revisional realizado em 22/05/2018, não foi constatada a persistência da invalidez e seu benefício foi cessado na mesma data, estando a parte autora recebendo mensalidade de recuperação até o dia 22/11/2019 (anexo 1). Conforme consta no laudo judicial (anexo 8), a parte autora é portadora de lesão do nervo radial (CID10 G56.3), acarretando-lhe incapacidade permanente para o exercício de sua atividade habitual (pedreiro), evidenciada em 14/03/1996. A natureza da enfermidade, o recebimento prolongado do referido benefício, a idade da parte autora (50 anos), o seu relativo baixo grau de instrução (ensino médio incompleto), o esforço físico demandado no exercício de sua atividade habitual (pedreiro), bem como a constatação pelo perito judicial de que não houve melhora do seu quadro clínico conforme indicado pelo INSS administrativamente, levam à conclusão de que a conjunção das suas limitações com a sua realidade socioeconômica revela de fato que a parte autora é total e permanentemente incapaz, não podendo retornar às atividades antes exercidas e que se encontram ao seu alcance, nem sendo razoável presumir a ocorrência de possibilidade de reabilitação. O caráter permanente da incapacidade da parte autora somado às condições socioeconômicas em que ela vive e aos fatos descritos no parágrafo anterior permitem autorizar a concessão de aposentadoria por invalidez, nos termos da Súmula 47 da TNU. Conforme se verifica em consulta ao HISCRE (anexo à sentença), a redução de 50% (cinquenta por cento) só ocorreu a partir de 01/12/2018, ou seja, 06 (seis) meses após a revisão efetuada pelo INSS, ocorrida em 22/05/2018, e de 75% (setenta e cinco por cento) a partir de 01/06/2019, nos termos do inciso II do art. 47 da Lei no 8.213/91. Dessa forma, conclui-se que a parte autora segue com incapacidade total e permanente, impondo-se o restabelecimento do valor integral da aposentadoria por invalidez de no 111.147.675-3, nos termos do art. 42 da Lei no 8.213/91, com o pagamento das diferenças decorrentes da redução do valor do seu benefício no período de 01/12/2018 a 31/07/2019. Tendo o laudo judicial informado que a autora não apresenta incapacidade para os atos da vida diária, não necessitando, para tanto, de auxílio permanente de outra pessoa, mostra-se indevido o adicional de 25% sobre o valor da aposentadoria, nos termos do art. 45 da Lei no 8.213/91. Em face da natureza alimentar do benefício em apreço, constata-se a urgência do pedido da parte autora, impondo-se, portanto, a concessão, de ofício, da antecipação dos efeitos da tutela. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto: I - julgo procedente o pedido inicial, condenando o INSS: a) a restabelecer a aposentadoria por invalidez de no 111.147.675-3, em seu valor integral, a partir do dia 01/08/2019; b) ao pagamento, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação, das parcelas vencidas decorrente do pagamento a menor do referido benefício, no período de 01/12/2018 a 31/07/2019, com a incidência de correção monetária e juros de mora nos termos indicados no item I abaixo (em relação aos cálculos judiciais), conforme planilha elaborada pelo Setor de Cálculos dos Juizados Especiais Federais da SJPB em João Pessoa, a qual homologo como parte integrante desta sentença. II – antecipo, de ofício, os efeitos da tutela jurisdicional final, determinando que o INSS implante, em 10 (dez) dias, o benefício ora concedido, com efeitos financeiros a partir da DIP acima fixada, através de intimação dirigida à APSADJ, comprovando nos autos o cumprimento medida. Em relação aos cálculos judiciais acima homologados, deve-se observar que: I - em face dos entendimentos firmados pelo Plenário do STF no julgamento, em sede de repercussão geral (Tema no 810), do RE no 870.947/SE, pelo STJ, em sede de recurso repetitivo (Tema no 905), no REsp no 1.495.146/MG, e pela TNU no PEDILEF no 0002462-54.2009.4.03.6317, nas ações envolvendo benefícios previdenciários do RGPS e benefícios assistenciais da LOAS, incide correção monetária pelo INPC, a partir de 09/2006, nos termos do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente, e incidem juros de mora segundo o índice de juros de mora aplicado às cadernetas de poupança, estes nos termos do art. 1o-F, da Lei no 9.494/97, na redação dada pela Lei no 11.960/09, a partir de 07/2009, aplicando-se o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente quanto aos juros de mora e à atualização monetária em relação ao período anterior a esses marcos temporais; II – nos casos em que a condenação judicial for de restabelecimento e/ou restabelecimento com conversão de benefício previdenciário e nos quais não tiver sido acolhida eventual impugnação judicial deduzida no feito à metodologia de cálculo utilizada pelo INSS na concessão do benefício originário, a Contadoria Judicial elaborou os cálculos em questão de acordo com a metodologia administrativa aplicada pelo INSS, vez que não objeto da lide e/ou acolhida pela sentença qualquer alteração dos critérios administrativos de cálculo aplicados concretamente pelo INSS; III – e, fora da hipótese do item anterior, ou seja, quando o benefício previdenciário objeto da condenação judicial estiver sendo concedido em caráter original pela sentença, sem anterior concessão administrativa objeto de restabelecimento e/ou restabelecimento com conversão de benefício previdenciário, a regra do art. 29, § 5o, da Lei no 8.213/91 deve ser interpretada em conjunto com a disposição do art. 55, inciso II, da mesma Lei, como decidido pelo STF (RE 583834, Relator(a):Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 13-02-2012 PUBLIC 14-02-2012), de tal forma que os períodos de percepção de benefício por incapacidade só serão considerados no PBC se intercalados com períodos de atividade laborativa; bem como que a aposentadoria por invalidez decorrente de conversão de auxílio-doença deve ser calculada de acordo com o art. 36, § 7o, do Decreto no 3.048/99. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 17 da Lei no 10.259/2001 e da legislação então vigente sobre o pagamento de créditos e cumprimento de ordens judiciais pela Fazenda Pública, a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de pagar no prazo e forma legais, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação (a qual só pode atingir prestações vencidas no momento da propositura da ação, nos termos do entendimento da TNU - PEDILEF 00090195320094013200, Relator Juiz José Eduardo do Nascimento, DOU 07.10.2011), incluindo-se, na RPV/Precatório a ser expedido, os valores relativos ao ressarcimento à SJPB dos honorários periciais pagos ao(s) perito(s) judicial(ais). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/2001 e no art. 55 da Lei no 9.099/95. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra.
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA PROCEDENTE. INCAPACIDADE TOTAL. RECURSO DO ENTE PÚBLICO. ALEGAÇÃO DE SER A INCAPACIDADE PARCIAL. DESPROVIMENTO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. A sentença julgou procedente o pedido autoral, para restabelecer o benefício da aposentadoria por invalidez. O ente público recorre e pugna pela sua reforma, aduzindo não ser o caso de concessão de aposentadoria por invalidez, haja vista ser a incapacidade parcial. 2. O perito judicial informou que o autor (pedreiro, com 50 anos, reside no município de Cabedelo/PB) é portador de “lesão do nervo radial (CID 10 -G56.3)”, enfermidade que lhe acarreta incapacidade parcial e permanente. 3. Importante registrar que o autor recebeu o benefício de aposentadoria por invalidez pelo período de 01/03/1999 a 22/11/2019 (A. 11). 4. Na sentença, restou assentado que: “A natureza da enfermidade, o recebimento prolongado do referido benefício, a idade da parte autora (50 anos), o seu relativo baixo grau de instrução (ensino médio incompleto), o esforço físico demandado no exercício de sua atividade habitual (pedreiro), bem como a constatação pelo perito judicial de que não houve melhora do seu quadro clínico conforme indicado pelo INSS administrativamente, levam à conclusão de que a conjunção das suas limitações com a sua realidade socioeconômica revela de fato que a parte autora é total e permanentemente incapaz, não podendo retornar às atividades antes exercidas e que se encontram ao seu alcance, nem sendo razoável presumir a ocorrência de possibilidade de reabilitação.” 5. Assim, deve-se destacar que, para a concessão da aposentadoria por invalidez, não é imprescindível que haja a constatação pericial da incapacidade total do segurado. Segundo entendimento já sumulado pela TNU, “uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez” (Súmula 47, 2012). No caso em epígrafe, tratando-se de pessoa humilde, de idade relativamente avançada e sem maiores qualificações profissionais, considerando, ainda, a grande dificuldade de sua reinserção no mercado de trabalho, afasta-se, de imediato, a possibilidade atual de o autor adaptar a sua condição física para o desempenho de atividade capaz de garantir seu sustento. 6. No que tange à pretensão de aplicação da Lei 11.960/2009, esta não merece prosperar, tendo em vista que esta Turma Recursal vem considerando inconstitucional o art. 1o-F da Lei no 9.494/97 com relação à aplicação da Taxa Referencial para fins de atualização monetária, conforme fundamentação constante no seguinte precedente: 0502280-40.2014.4.05.8205, julgamento em 04/09/2015. Ademais, recentemente, o Pleno do STF, ao julgar o RE no. 870.947, com repercussão geral, decidiu no mesmo sentido dos argumentos utilizados por esta TR e declarou a “impossibilidade jurídica da utilização do índice de remuneração da caderneta de poupança como critério de correção monetária imposta à Fazenda Pública”. 7. Diante de tais considerações, não merece provimento o recurso do ente público. 8. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso do INSS, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos e pelos fundamentos acima expendidos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n. 9.099/95. Condenação do recorrente em honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação. Sem custas.
1,235
551
0
0
13-PB
1
220.361377
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
parte autora era beneficiária da aposentadoria por invalidez de no 111.147.675-3, objeto da lide, desde o dia 01/03/1999. Ocorre que, em exame pericial revisional realizado em 22/05/2018, não foi constatada a persistência da invalidez e seu benefício foi cessado na mesma data, estando a parte autora recebendo mensalidade de recuperação até o dia 22/11/2019 (anexo 1). Conforme consta no laudo judicial (anexo 8), a parte autora é portadora de lesão do nervo radial (CID10 G56.3), acarretando-lhe incapacidade permanente para o exercício de sua atividade habitual (pedreiro), evidenciada em 14/03/1996. A natureza da enfermidade, o recebimento prolongado do referido benefício, a idade da parte autora (50 anos), o seu relativo baixo grau de instrução (ensino médio incompleto), o esforço físico demandado no exercício de sua atividade habitual (pedreiro), bem como a constatação pelo perito judicial de que não houve melhora do seu quadro clínico conforme indicado pelo INSS administrativamente, levam à conclusão de que a conjunção das suas limitações com a sua realidade socioeconômica revela de fato que a parte autora é total e permanentemente incapaz, não podendo retornar às atividades antes exercidas e que se encontram ao seu alcance, nem sendo razoável presumir a ocorrência de possibilidade de reabilitação. O caráter permanente da incapacidade da parte autora somado às condições socioeconômicas em que ela vive e aos fatos descritos no parágrafo anterior permitem autorizar a concessão de aposentadoria por invalidez, nos termos da Súmula 47 da TNU. Conforme se verifica em consulta ao HISCRE (anexo à sentença), a redução de 50% (cinquenta por cento) só ocorreu a partir de 01/12/2018, ou seja, 06 (seis) meses após a revisão efetuada pelo INSS, ocorrida em 22/05/2018, e de 75% (setenta e cinco por cento) a partir de 01/06/2019, nos termos do inciso II do art. 47 da Lei no 8.213/91. Dessa forma, conclui-se que a parte autora segue com incapacidade total e permanente, impondo-se o restabelecimento do valor integral da aposentadoria por invalidez de no 111.147.675-3, nos termos do art. 42 da Lei no 8.213/91, com o pagamento das diferenças decorrentes da redução do valor do seu benefício no período de 01/12/2018 a 31/07/2019. Tendo o laudo judicial informado que a autora não apresenta incapacidade para os atos da vida diária, não necessitando, para tanto, de auxílio permanente de outra pessoa, mostra-se indevido o adicional de 25% sobre o valor da aposentadoria, nos termos do art. 45 da Lei no 8.213/91. Em face da natureza alimentar do benefício em apreço, constata-se a urgência do pedido da parte autora, impondo-se, portanto, a concessão, de ofício, da antecipação dos efeitos da tutela. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto: I - julgo procedente o pedido inicial, condenando o INSS: a) a restabelecer a aposentadoria por invalidez de no 111.147.675-3, em seu valor integral, a partir do dia 01/08/2019; b) ao pagamento, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação, das parcelas vencidas decorrente do pagamento a menor do referido benefício, no período de 01/12/2018 a 31/07/2019, com a incidência de correção monetária e juros de mora nos termos indicados no item I abaixo (em relação aos cálculos judiciais), conforme planilha elaborada pelo Setor de Cálculos dos Juizados Especiais Federais da SJPB em João Pessoa, a qual homologo como parte integrante desta sentença. II – antecipo, de ofício, os efeitos da tutela jurisdicional final, determinando que o INSS implante, em 10 (dez) dias, o benefício ora concedido, com efeitos financeiros a partir da DIP acima fixada, através de intimação dirigida à APSADJ, comprovando nos autos o cumprimento medida. Em relação aos cálculos judiciais acima homologados, deve-se observar que: I - em face dos entendimentos firmados pelo Plenário do STF no julgamento, em sede de repercussão geral (Tema no 810), do RE no 870.947/SE, pelo STJ, em sede de recurso repetitivo (Tema no 905), no REsp no 1.495.146/MG, e pela TNU no PEDILEF no 0002462-54.2009.4.03.6317, nas ações envolvendo benefícios previdenciários do RGPS e benefícios assistenciais da LOAS, incide correção monetária pelo INPC, a partir de 09/2006, nos termos do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente, e incidem juros de mora segundo o índice de juros de mora aplicado às cadernetas de poupança, estes nos termos do art. 1o-F, da Lei no 9.494/97, na redação dada pela Lei no 11.960/09, a partir de 07/2009, aplicando-se o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente quanto aos juros de mora e à atualização monetária em relação ao período anterior a esses marcos temporais; II – nos casos em que a condenação judicial for de restabelecimento e/ou restabelecimento com conversão de benefício previdenciário e nos quais não tiver sido acolhida eventual impugnação judicial deduzida no feito à metodologia de cálculo utilizada pelo INSS na concessão do benefício originário, a Contadoria Judicial elaborou os cálculos em questão de acordo com a metodologia administrativa aplicada pelo INSS, vez que não objeto da lide e/ou acolhida pela sentença qualquer alteração dos critérios administrativos de cálculo aplicados concretamente pelo INSS; III – e, fora da hipótese do item anterior, ou seja, quando o benefício previdenciário objeto da condenação judicial estiver sendo concedido em caráter original pela sentença, sem anterior concessão administrativa objeto de restabelecimento e/ou restabelecimento com conversão de benefício previdenciário, a regra do art. 29, § 5o, da Lei no 8.213/91 deve ser interpretada em conjunto com a disposição do art. 55, inciso II, da mesma Lei, como decidido pelo STF (RE 583834, Relator(a):Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-032 DIVULG 13-02-2012 PUBLIC 14-02-2012), de tal forma que os períodos de percepção de benefício por incapacidade só serão considerados no PBC se intercalados com períodos de atividade laborativa; bem como que a aposentadoria por invalidez decorrente de conversão de auxílio-doença deve ser calculada de acordo com o art. 36, § 7o, do Decreto no 3.048/99. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 17 da Lei no 10.259/2001 e da legislação então vigente sobre o pagamento de créditos e cumprimento de ordens judiciais pela Fazenda Pública, a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de pagar no prazo e forma legais, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação (a qual só pode atingir prestações vencidas no momento da propositura da ação, nos termos do entendimento da TNU - PEDILEF 00090195320094013200, Relator Juiz José Eduardo do Nascimento, DOU 07.10.2011), incluindo-se, na RPV/Precatório a ser expedido, os valores relativos ao ressarcimento à SJPB dos honorários periciais pagos ao(s) perito(s) judicial(ais). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/2001 e no art. 55 da Lei no . Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra
NÃO PROVIMENTO
0502287-71.2019.4.05.8200
2019-02-19 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
N
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-30 04:32:18
Sentença - Seguro Defeso - Pescador Artesanal
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso do ente público - desprovimento
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
EMILIANO ZAPATA DE MIRANDA LEITÃO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA Dispensado o relatório nos termos do art. 38, cabeça, da Lei n.o 9.099/95. Inicialmente, registre-se que o INSS, devidamente intimado para anexar o Processo Administrativo referente ao requerimento do Seguro Defeso de pescador artesanal da parte autora, realizado pela Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, juntou o PA relativo à Colônia Z-22 – “Teresinha Danielle Virgínio dos Anjos” cujo pedido refere-se ao mesmo período do Seguro Defeso objeto da pretensão inicial deste feito. Não há falta de interesse de agir no pedido formulado neste processo, vez que, embora não tenha sido juntado a íntegra do PA relativo à Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, verifica-se da análise do documento colacionado no anexo 03 que houve o protocolo do requerimento administrativo formulado pela Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, referente ao seguro defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em que consta o nome da parte autora na lista de pescadores requerentes do referido seguro. Além disso, em processo administrativo formulado pela Colônia Z-22, semelhante ao pedido analisado neste feito, sabe-se que houve posicionamento contrário da Administração Pública à postulação inicial, razão pela qual entendo suprido o interesse de agir da parte autora. Ressalte-se que, este juízo, em entendimento equivocado da questão processual acima analisada, chegou a entender pela existência de falta de interesse de agir nos processos n.o 0500165-85.2019.4.05.8200, 0500115-59.2019.4.05.8200, 0500233-35.2019.4.05.8200, 0500145-94.2019.4.05.8200, 0500195-23.2019.4.05.8200,0500135-50.2019.4.05.8200 e 0500236-87.2019.4.05.820, o primeiro julgado em 22.07.2019 e os demais, em 24.07.2019, mas, melhor examinando a questão jurídico-processual respectiva, modificou o posicionamento, reconhecendo, assim, a erronia do então exposto naqueles processos.A TR/JEFs/SJPB já enfrentou, reiteradamente, a questão relativa ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, sendo o entendimento firmado por aquele órgão julgador recursal adequadamente representado pelo voto-ementa abaixo transcrito extraído do processo n.o 0504280-51.2016.4.05.8202, julgado em 14.10.2016: “VOTO - EMENTAPREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSOS DO PARTICULAR E DO INSS DESPROVIDOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.1.Trata-se de recursos ordinários interpostos contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3.A questão fática foi bem descrita na sentença:“Observa-se que o art. 1o da Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA, proíbe no período de 01/12 a 28/02, anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas. Ocorre que a Portaria Interministerial de no. 192, de 09/10/2015, suspendeu, por até 120 dias, os períodos de defeso do pescador artesanal, estabelecido pelo IBAMA. Por sua vez, o Decreto Legislativo de no. 293, de 10/12/2015, sustou os efeitos normativos da Portaria Interministerial, acima citada, e manteve os períodos de defeso, nos quais é vedada a atividade pesqueira. Sendo assim, a partir de 10/12/2015, houve realmente proibição da pesca, na forma estabelecida inicialmente pelo IBAMA. Posteriormente, contudo, uma liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) de n.o 5447, de 07/01/2016, sustou os efeitos do Decreto Legislativo de n.o 293/2015, de forma que foi permitido o exercício da pesca. Sendo assim, após um período de 28 (vinte e oito) dias de defeso – 10/12/2015 até 07/01/2016 –, os pescadores da região puderam novamente exercer a atividade pesqueira. No entanto, em 11/03/2016, a cautelar deferida na ADI de n.o 5447 foi revogada, restabelecendo o Decreto Legislativo de no. 293/2015, passando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015, conforme consulta no site do STF. Com base nesta última decisão do STF, o Memorando-Circular Conjunto n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, orientou às Agências da Previdência Social quanto ao seguro-desemprego do pescador artesanal, dispondo que: (I) a decisão tem eficácia imediata, porém sem efeitos retroativos, o que implica a proibição da atividade pesqueira apenas a partir de 11/03/2016; (II) em resposta ao Ofício no 006/DIRAT/INSS, o Ministério do Trabalho e Previdência Social esclareceu que, nos termos da Resolução CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016, somente fazem jus ao Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal – SDPA aqueles abrangidos por período-defeso superior a 30 (trinta dias)”.4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5.No recurso do particular, se pugna pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar-se o pedido de indenização por danos morais. 6.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 7.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado,o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 8.No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 9.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 10.Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, quiçá para o beneficiário do seguro-defeso, por lei, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma a direcioná-lo no como proceder. 11.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 12.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 13.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 14.Uma coisa é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra coisa é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 15.Portanto, é o caso de manter-se a sentença, com base nos fundamentos supra. 16.Por outro lado, pugna-se no recurso do particular pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar o pedido de indenização por danos morais. 17.Sobre a matéria devolvida a esta Turma Recursal, consigno que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 18.No caso dos autos, o que se apresentou, a título de indeferimento administrativo, foi mera mensagem assinada por terceiro em que se noticia o inteiro teor do Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, donde se conclui que não houve sequer a apreciação administrativa pelo INSS quanto à questão referente ao prazo de vigência do seguro-defeso. 19.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 20.Quanto ao pedido de indenização por danos morais, rejeito-o, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS.21.Portanto, não há que se falar em danos morais decorrentes do seu indeferimento administrativo que, aliás, sequer ocorreu no caso concreto. 22.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário da parte-autora. 23.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AOS RECURSOS DO INSS E DA PARTE-AUTORA, nos termos do voto do Juiz-relator. Sem condenação em honorários advocatícios e custas processuais.Sérgio Murilo Wanderley QueirogaJuiz Federal Relator"Da leitura do referido precedente jurisprudencial da TR/JEFs/SJPB acima transcrito, extrai-se que:I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o "razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA.A parte autora encontra-se no sequencial de n.o 179 (fl. 06 do anexo 03) do protocolo de requerimento apresentado pela Colônia Z-26 em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 constante do anexo 03 destes autos, tendo sido demonstrado o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso, presumidamente, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada. No tocante ao pedido de indenização por danos morais, não merece prosperar a pretensão autoral, uma vez que não restou configurado qualquer dano à esfera moral da parte autora. É que, no caso dos autos, a autarquia federal não praticou ato ilícito hábil à concessão indenizatória. Na realidade, ao seguir a Resolução de no CODEFAT no 759/2016 e a orientação do Memorando-Circular Conjunto no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, o INSS procedeu no exercício regular de um direito. Registre-se, ademais, que o preenchimento dos requisitos, no caso concreto, ainda serão analisados pela autarquia federal. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado.Ante o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015), para: I - indeferir o pedido de indenização por danos morais;II - reconhecer como cabível o pagamento de seguro-defeso, pelo prazo de 90 (noventa) dias, no valor de um salário mínimo em relação ao período de defeso de 01.12.2015 a 28.02.2016;III - e condenar o INSS a processar o requerimento de seguro-defeso da parte autora (JOSÉ ELIAS GOMES DA SILVA) objeto do PA do anexo 03 (cujo nome encontra-se no sequencial de 179 (fl. 06 do anexo 03), devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA.Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma dos art. 16 da Lei n.o 10.259/2001, intimando-se a APSADJ a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de fazer, no prazo de 30 (trinta) dias.Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o 9.099/95.Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2. A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, no sentido de que "somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias", circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: "I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o 'razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)', devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016;II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA." 4. Alega-se, no recurso do INSS, que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5. Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo n.o 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 6. O período do defeso se iniciaria em 01/12/2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10/12/2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07/01/2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11/03/2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7. No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 8. Compreendo, sim, que a questão se centra na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 9. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário do seguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 11. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10/12/2015, data do Decreto Legislativo n.o 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 13. Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14. Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário n.o 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: "(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 15. No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01/12/2015 a 28/02/2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16. No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 17. Por fim, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítulo da sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18. Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário do INSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos. 19. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 20. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso do INSS, mantendo a sentença de primeiro grau por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n.o 9.099/95. 21. Condenação do ente público ao pagamento de honorários advocatícios em 10% sobre o proveito econômico. Sem condenação ao pagamento de custas processuais, em face do disposto no art. 4o, inciso I, da Lei n.o 9.289/96. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
2,776
1,610
0
0
13-PB
0
222.651597
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Inicialmente, registre-se que o INSS, devidamente intimado para anexar o Processo Administrativo referente ao requerimento do Seguro Defeso de pescador artesanal da parte autora, realizado pela Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, juntou o PA relativo à Colônia Z-22 – “Teresinha Danielle Virgínio dos Anjos” cujo pedido refere-se ao mesmo período do Seguro Defeso objeto da pretensão inicial deste feito. Não há falta de interesse de agir no pedido formulado neste processo, vez que, embora não tenha sido juntado a íntegra do PA relativo à Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, verifica-se da análise do documento colacionado no anexo 03 que houve o protocolo do requerimento administrativo formulado pela Colônia de Pescadores e Agricultores Z-26 – “Antonio José da Silva”, referente ao seguro defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em que consta o nome da parte autora na lista de pescadores requerentes do referido seguro. Além disso, em processo administrativo formulado pela Colônia Z-22, semelhante ao pedido analisado neste feito, sabe-se que houve posicionamento contrário da Administração Pública à postulação inicial, razão pela qual entendo suprido o interesse de agir da parte autora. Ressalte-se que, este juízo, em entendimento equivocado da questão processual acima analisada, chegou a entender pela existência de falta de interesse de agir nos processos n.o 0500165-85.2019.4.05.8200, 0500115-59.2019.4.05.8200, 0500233-35.2019.4.05.8200, 0500145-94.2019.4.05.8200, 0500195-23.2019.4.05.8200,0500135-50.2019.4.05.8200 e 0500236-87.2019.4.05.820, o primeiro julgado em 22.07.2019 e os demais, em 24.07.2019, mas, melhor examinando a questão jurídico-processual respectiva, modificou o posicionamento, reconhecendo, assim, a erronia do então exposto naqueles processos.A TR/JEFs/SJPB já enfrentou, reiteradamente, a questão relativa ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, sendo o entendimento firmado por aquele órgão julgador recursal adequadamente representado pelo voto-ementa abaixo transcrito extraído do processo n.o 0504280-51.2016.4.05.8202, julgado em 14.10.2016: “VOTO - EMENTAPREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSOS DO PARTICULAR E DO INSS DESPROVIDOS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.1.Trata-se de recursos ordinários interpostos contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3.A questão fática foi bem descrita na sentença:“Observa-se que o art. 1o da Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA, proíbe no período de 01/12 a 28/02, anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas. Ocorre que a Portaria Interministerial de no. 192, de 09/10/2015, suspendeu, por até 120 dias, os períodos de defeso do pescador artesanal, estabelecido pelo IBAMA. Por sua vez, o Decreto Legislativo de no. 293, de 10/12/2015, sustou os efeitos normativos da Portaria Interministerial, acima citada, e manteve os períodos de defeso, nos quais é vedada a atividade pesqueira. Sendo assim, a partir de 10/12/2015, houve realmente proibição da pesca, na forma estabelecida inicialmente pelo IBAMA. Posteriormente, contudo, uma liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) de n.o 5447, de 07/01/2016, sustou os efeitos do Decreto Legislativo de n.o 293/2015, de forma que foi permitido o exercício da pesca. Sendo assim, após um período de 28 (vinte e oito) dias de defeso – 10/12/2015 até 07/01/2016 –, os pescadores da região puderam novamente exercer a atividade pesqueira. No entanto, em 11/03/2016, a cautelar deferida na ADI de n.o 5447 foi revogada, restabelecendo o Decreto Legislativo de no. 293/2015, passando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015, conforme consulta no site do STF. Com base nesta última decisão do STF, o Memorando-Circular Conjunto n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, orientou às Agências da Previdência Social quanto ao seguro-desemprego do pescador artesanal, dispondo que: (I) a decisão tem eficácia imediata, porém sem efeitos retroativos, o que implica a proibição da atividade pesqueira apenas a partir de 11/03/2016; (II) em resposta ao Ofício no 006/DIRAT/INSS, o Ministério do Trabalho e Previdência Social esclareceu que, nos termos da Resolução CODEFAT n.o 759, de 09/03/2016, somente fazem jus ao Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal – SDPA aqueles abrangidos por período-defeso superior a 30 (trinta dias)”.4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. URL recurso do particular, se pugna pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar-se o pedido de indenização por danos morais. 6.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 7.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado,o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). URL entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 9.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 10.Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, quiçá para o beneficiário do seguro-defeso, por lei, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma a direcioná-lo no como proceder. 11.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 12.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 13.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 14.Uma coisa é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra coisa é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 15.Portanto, é o caso de manter-se a sentença, com base nos fundamentos supra. 16.Por outro lado, pugna-se no recurso do particular pelo exame dos demais requisitos subjetivos para a concessão do seguro-defeso, delegado pela sentença ao exame administrativo do INSS, além de renovar o pedido de indenização por danos morais. 17.Sobre a matéria devolvida a esta Turma Recursal, consigno que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral". 18.No caso dos autos, o que se apresentou, a título de indeferimento administrativo, foi mera mensagem assinada por terceiro em que se noticia o inteiro teor do Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, donde se conclui que não houve sequer a apreciação administrativa pelo INSS quanto à questão referente ao prazo de vigência do seguro-defeso. 19.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 20.Quanto ao pedido de indenização por danos morais, rejeito-o, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS.21.Portanto, não há que se falar em danos morais decorrentes do seu indeferimento administrativo que, aliás, sequer ocorreu no caso concreto. 22.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário da parte-autora. 23.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AOS RECURSOS DO INSS E DA PARTE-AUTORA, nos termos do voto do Juiz-relator. Sem condenação em honorários advocatícios e custas processuais.Sérgio Murilo Wanderley QueirogaJuiz Federal Relator"Da leitura do referido precedente jurisprudencial da TR/JEFs/SJPB acima transcrito, extrai-se que:I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o "razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)”, devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA.A parte autora encontra-se no sequencial de n.o 179 (fl. 06 do anexo 03) do protocolo de requerimento apresentado pela Colônia Z-26 em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 constante do anexo 03 destes autos, tendo sido demonstrado o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso, presumidamente, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada. No tocante ao pedido de indenização por danos morais, não merece prosperar a pretensão autoral, uma vez que não restou configurado qualquer dano à esfera moral da parte autora. É que, no caso dos autos, a autarquia federal não praticou ato ilícito hábil à concessão indenizatória. Na realidade, ao seguir a Resolução de no CODEFAT no 759/2016 e a orientação do Memorando-Circular Conjunto no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, o INSS procedeu no exercício regular de um direito. Registre-se, ademais, que o preenchimento dos requisitos, no caso concreto, ainda serão analisados pela autarquia federal. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado.Ante o exposto, julgo procedente, em parte, o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015), para: I - indeferir o pedido de indenização por danos morais;II - reconhecer como cabível o pagamento de seguro-defeso, pelo prazo de 90 (noventa) dias, no valor de um salário mínimo em relação ao período de defeso de 01.12.2015 a 28.02.2016;III - e condenar o INSS a processar o requerimento de seguro-defeso da parte autora (JOSÉ ELIAS GOMES DA SILVA) objeto do PA do anexo 03 (cujo nome encontra-se no sequencial de 179 (fl. 06 do anexo 03), devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA.Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma dos art. 16 da Lei n.o 10.259/2001, intimando-se a APSADJ a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de fazer, no prazo de 30 (trinta) dias.Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o .Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra
NÃO PROVIMENTO
0508677-54.2019.4.05.8201
2019-09-03 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-21 13:45:56
Sentença - seguro defeso
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB013513
SENTENÇA (Tipo B) RELATÓRIO Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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9-PB
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79.28537
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
PROVIMENTO
0504575-23.2018.4.05.8201
2018-06-20 00:00:00
APS CAMPINA GRANDE - DINAMÉRICA - FLORIANO PEIXOTO (13.021.030) (29.979.036/0156-87) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-01-17 14:09:10
Sentença - Pensão por morte
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso do ente público - provimento
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,104
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Pensão por Morte (Art. 74/9)
1
PB022554
SENTENÇA Dispensado o relatório por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01, combinado com o caput, do art. 38, da Lei no 9.099/95. Passo à fundamentação. FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de ação especial cível ajuizada por Cícera Aires de Jesus em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por meio da qual requer a concessão de pensão por morte, em razão do óbito de seu filho Geraldo Aires, bem como o pagamento dos atrasados devidamente corrigidos. De início, cumpre esclarecer que a pensão por morte, a teor do entendimento jurisprudencial dominante, deve ser regulada pela lei vigente ao tempo do óbito do segurado. Nesse sentido é a súmula no. 340 do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: “A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado”. No caso em apreço, tendo em vista que o óbito do segurado ocorreu em 08/07/2014, as disposições concernentes ao benefício reclamado a serem aplicadas são aquelas previstas na Lei n.o 8.213/91, sem as alterações introduzidas pela Lei n.o 13.135, de 17 de junho de 2015. Esclarecida a legislação aplicável ao presente feito, é imprescindível analisar os requisitos para a concessão do benefício pleiteado. Para que seja concedida pensão por morte aos ascendentes do falecido, mister é que se comprove: (1) a qualidade de segurado do instituidor da pensão; (2) o parentesco entre o segurado e pretenso dependente; (3) a dependência econômica deste em relação àquele e (4) inexistência de dependentes preferenciais. O falecimento do Sr. Geraldo Aires, ocorrido em 08/07/2014, resta demonstrado pela Certidão de Óbito acostada aos autos (anexo 07, fl. 01). No caso, a controvérsia reside em saber se a autora enquadrava-se na qualidade de dependente do segurado. O rol dos beneficiários do RGPS na condição de dependente de segurado está previsto no art. 16 da Lei n/ 8.213/91, vejamos: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave;(Redação dada pela Lei no 13.146, de 2015) II - os pais; III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei no 13.146, de 2015) IV -(Revogada pela Lei no 9.032, de 1995) § 1o A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes. § 2o .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento.(Redação dada pela Lei no 9.528, de 1997) § 3o Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3o do art. 226 da Constituição Federal. § 4o A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.(Grifo nosso) Como se pode observar, os pais do segurado necessitam provar sua dependência econômica para se enquadrarem como dependentes e, então, gozar do benefício de pensão por morte. No caso dos autos, a parte autora é mãe do segurado Geraldo Aires, conforme certidão de nascimento do anexo 06. A qualidade de segurado do de cujus também se encontra demonstrada, tendo em vista que o último vínculo laboral constante do CNIS (anexo 29, fl. 06) teve início em 01/04/1998 e data final em aberto, constando a última remuneração em julho/2014 (mês do óbito), trabalhado junto ao Município de Pocinhos. Passemos, pois, à análise da qualidade de dependente da autora em relação a seu filho falecido. Como início de prova material da alegada dependência econômica, a parte autora juntou: Declaração de compra (anexo 08), emitida pela empresa Decorama, data de 11/08/2014, que informa que o falecido adquiriu junto à empresa, na data de 04/04/2008, o produto “DVD REF MDV437X78 MAGNAVOX”, no valor de R$ 184,00 (cento e oitenta e quatro reais); duplicata (anexo 09), emitida em 11/11/2006, assinada pelo cliente Geraldo Aires, no valor de R$ 43,00 (quarenta e três reais), em favor de Delmiro Evangelista Porto, juntamente com boleto de venda/proposta de abertura de crédito; declaração da Prefeitura do Município de Pocinhos (anexo 10), na qual fora declarado que “Geraldo Aires, filho de pai não declarado e Cícera de Jesus Aires, é quem sustenta sua mãe, pois seu pai abandonou sua família a 21 (vinte e um) anos, tomando destino ignorado”. Consta do processo administrativo um “Relatório Social” (anexo 15, fl. 13, e anexo 16, fl. 01), elaborado por uma assistente social do Município de Pocinhos, no qual consta que o falecido era funcionário público e morava com sua mãe, e que era ele o responsável pelas despesas do lar. Segundo o relatório, Geraldo Aires foi acometido de enfermidades que o levaram à morte, tendo passado 08 meses restrito ao leito, sob os cuidados de sua mãe e irmã. Foi dito, ainda, que a parte autora atualmente sobrevive de uma aposentadoria que recebe, morando sozinha, estando sob os cuidados de sua filha, que lhe dispensa toda atenção. Fora realizada audiência de conciliação, na qual a autora relatou o seu filho morrera há 4 anos atrás, em virtude de diabetes; que o filho sempre morou com ela, na Rua Simão de Barros, no 60, Bairro do Cruzeiro, nesta cidade, e que ele trabalhava à noite, como vigia; que não conhecia a declarante do óbito, Ivonete Cristino Aires, constante da Certidão de Óbito; que recebe uma aposentadoria por idade desde o ano 2000, mas que o seu sustento também dependia do seu filho falecido, que pagava as despesas de “bujão, água, energia, e comprava coisas pra casa, fazia feira”; que gasta com medicamentos a quantia mensal de R$ 200,00. As testemunhas ouvidas confirmaram o depoimento autoral, tendo dito que o falecido sempre residira com sua mãe, e que esta, apesar de ser aposentada, sempre recebia ajuda do filho para pagamento das despesas do dia-a-dia. Ao final da audiência de conciliação, o INSS considerou que não houve prova da dependência econômica da autora em relação ao seu falecido filho, tendo o advogado da autora requerido a designação de audiência de instrução e julgamento. Na data agendada para audiência de instrução e julgamento, a parte autora não compareceu. No entanto, o Juiz que presidiu audiência entendeu que, tendo em conta já ter havido a coleta do depoimento pessoal da parte autora e das testemunhas durante a audiência de conciliação, o feito já se encontra maduro para julgamento, tendo determinado a conclusão dos autos para exame do mérito da demanda. Com base na prova documental e oral constantes dos autos, entendo que ficou satisfatoriamente comprovada a dependência econômica da autora em relação ao seu filho falecido. A dependência econômica significa contribuição às despesas da família, implica participação significativa no orçamento doméstico, não sendo necessário que a subsistência dependa exclusivamente dos recursos advindos do segurado. Assim, para que configurada a dependência econômica dos pais em relação ao filho, não se exige que o trabalho do filho seja a única fonte de renda da família. Outrossim, pode ser comprovada por qualquer meio de prova, não se exigindo início de prova material. Para fins de percepção de pensão por morte, a dependência econômica entre os genitores e o segurado falecido deve ser demonstrada, não podendo ser presumida. Entendo que a prova produzida revelou com elevado grau de segurança que a autora (genitora) dependia financeiramente do filho (falecido), sem contar que a prova testemunhal, bastante firme, levou-me ao convencimento da viabilidade do pleito. Ademais, em se tratando de família humilde, é de se supor que os filhos auxiliem financeiramente os pais, de modo constante, porém informal, o que dificulta a comprovação documental da dependência econômica. Assim, a exigência de prova material merece atenuação, pois o juiz, ao aplicar a lei, deve estar atento aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (STJ - REsp 1706044, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Data da Publicação 21/11/2017). No Superior Tribunal de Justiça, há precedentes no sentido de que a dependência econômica dos pais em relação aos filhos pode ser comprovada por qualquer meio de prova, não sendo exigido início de prova material, verbis: PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DA MÃE EM RELAÇÃO AO FILHO FALECIDO. POSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO POR QUALQUER MEIO DE PROVA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. O Tribunal a quo firmou entendimento em sentido diverso ao da jurisprudência do STJ que se posicionou no sentido de que a dependência econômica dos pais em relação aos filhos, com o fim de obtenção do benefício pensão por morte, pode ser comprovada por qualquer meio de prova, não se exigindo início de prova material. Precedentes. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 617.725/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 26/05/2015) Logo, o STJ pacificou o entendimento de que não carece de exigência de início de prova documental a comprovação da dependência econômica, notadamente quando se trata de famílias humildes.Ademais, a referida dependência não precisa ser exclusiva, segundo aquele Sodalício. Recentemente, o tema foi novamente decidido naquele STJ, quando fora mantido o entendimento do TRF4 e negado o recurso especial do INSS: "... A Corte rechaçou a tese da Autarquia, nos seguintes termos: A propósito do tema, a dependência econômica não precisa ser exclusiva, admitindo-se o fato de que a subsistência familiar possui mais de uma fonte de renda que não unicamente a renda do segurado. Essa interpretação conforma-se com a orientação do enunciado 229 do extinto Tribunal Federal de Recursos: A mãe do segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, se provada a dependência econômica, mesmo não exclusiva. Assim, a mãe do segurado é considerada beneficiária na condição de dependente do filho solteiro, valendo lembrar o que normalmente acontece nas famílias humildes, cujos filhos continuam ajudando os pais mesmo apósingressarem no mercado de trabalho". (REsp 1468389 Relator(a) Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHOData da Publicação 04/06/2018). Assim, tenho que a prova dos autos revelou com elevado grau de certeza que, de fato, a autora (genitora) dependia economicamente do filho falecido. Portanto, mostra-se viável o acolhimento do pedido. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo PROCEDENTE o pedido para determinar que o INSS conceda o benefício previdenciário de pensão por morte (NB: 179.075.129-0) à autora, bem como pagar valores atrasados desde a data do requerimento administrativo (15/02/2017), acrescidos dos juros de mora, a contar da citação, em conformidade com o recomendado pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução n.o 267/2013, editada pelo Conselho da Justiça Federal, e correção monetária, de acordo também como referido Manual. Desta feita, declaro o feito resolvido, com resolução do mérito, segundo art.487, I, CPC. Considerando a natureza alimentar do benefício ora deferido, bem como a manifesta hipossuficiência da demandante, cujo direito à subsistência constitui consectário inafastável do direito fundamental à vida, insculpido no caput do art. 5o da Carta Magna de 1988, cuja tutela não pode e nem deve ser procrastinada, impõe-se o deferimento ex officio da TUTELA ANTECIPADA, com fundamento no art. 4o da Lei no 10.259/01, para determinar ao INSS a imediata implantação do benefício, no prazo de 10 (dez) dias. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 3o da Lei 1.060/50, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria com fito de realizar os cálculos. Ato contínuo, dê-se vista às partes, pelo prazo de cinco dias, da planilha elaborada. Não havendo impugnação, homologo, desde já, os cálculos em comento, para posterior expedição da requisição de pagamento observada a eventual renúncia do crédito excedente a 60 salários mínimos. Intimações necessárias por meio eletrônico. Cumpridas as determinações contidas nos itens acima, dê-se baixa e arquivem-se. Campina Grande, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. GENITORA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DO ENTE PÚBLICO. PREQUESTIONAMENTOS. AUSÊNCIA DE PRESUNÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. A DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO PODE SER DEMONSTRADA PELA PRESTAÇÃO DE SIMPLES AUXÍLIO, OFERTA DE PRESENTES NEM O EXERCÍCIO DE DIREITOS RELACIONADOS À SUCESSÃO HEREDITÁRIA POR PARTE DO(A) GENITOR(A) INTERESSADO(A). PROVIMENTO. REFORMA DA SENTENÇA. 1. A sentença foi de procedência, para condenar o INSS a conceder o benefício de pensão por morte pleiteado, a partir da DER (15/02/2017). 2. O INSS recorre, sustentando que a parte autora não logrou êxito em provar a existência de dependência econômica entre ela e seu filho Geraldo Aires, ora falecido. 3. Deve ser lembrado que a mãe não se encontra no rol de eventuais beneficiários da pensão por morte que ostentam a "presunção de dependência" e que o fato de o falecido ser solteiro e sem filhos não garante, por si só, essa presunção que a lei não outorgou. Para efeito do art. 16, §4.o, da Lei n.o 8.213/91, para que fique caracterizada a dependência econômica, é necessário demonstrar que o segurado falecido prestava mais do que simples auxílios eventuais. O fato de haver presenteado o pretenso dependente com algum bem durável, como eletrodoméstico, por exemplo, também não caracteriza dependência econômica. 4. Em suma, é preciso comprovar que o segurado respondia com habitualidade por uma parte importante das despesas com a manutenção do dependente, como moradia, vestuário, alimentação, saúde, dentre outras. Em tais termos, pagar uma conta de telefone, luz ou água com certa constância, por exemplo, não eleva uma pessoa à categoria de ter com outrem uma dependência econômica. Aliás, o pagamento de contas ou a compra de algum utensílio para o ambiente familiar só demonstra que há uma ajuda no orçamento, existindo uma solidariedade e fraternidade no seio familiar, mas que não cria laços de dependência econômica. Também não gera presunção de dependência o exercício de direitos sucessórios pelo pretenso beneficiário da pensão por morte. 5. As provas acostadas aos autos apontam para a ausência de dependência econômica da parte autora em relação ao seu filho Geraldo Aires, falecido em 08/07/2014. 6. A parte autora juntou, em nome de seu filho, declaração de compra (A08) de aparelho de DVD, em 04/04/2008, e duplicata (A09), emitida em 11/11/2006, em favor de Delmiro Evangelista Porto, acompanhado de boleto de venda/proposta de abertura de crédito. Há, nos autos, declaração da Prefeitura do Município de Pocinhos (A10), de 1983, referindo que "GERALDO AIRES, filho de pai não declarado e CÍCERA DE JESUS AIRES, é quem sustenta sua mãe, pois seu pai abandonou sua família há 21 (vinte e um) anos, tomando destino ignorado". Foi apresentado, outrossim, um "Relatório Social" (A15, fl. 13; A16, fl. 01), elaborado por uma assistente social do Município de Pocinhos/PB, no qual consta que o falecido era funcionário público, morava com sua mãe [autora] e era o responsável pelas despesas do lar. 7. Entretanto, observa-se que a autora já está em gozo do benefício de aposentadoria por idade rural desde 23/03/2000, percebendo o salário-mínimo mensal (A29, fl. 12), enquanto o pretenso instituidor recebia valor não muito superior (no ano de 2014, ele auferiu remuneração média de R$ 1.027,11 - A29, fl. 10). Ademais, é preciso esclarecer que a simples ajuda financeira que o filho (falecido) proporcionava a sua genitora não é suficiente para comprovar a efetiva dependência econômica, para fins de concessão da pensão por morte. 8. A prova oral, por si só, é insuficiente para comprovar a alegada dependência econômica. 9. Em tais termos, não tendo sido demonstrada a dependência econômica necessária, o recurso interposto pelo ente público, pois, merece provimento. 10. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei no 10.259, de 12/07/2001. 11. Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso do INSS para, reformando a sentença do JEF de origem, julgar improcedente o pedido autoral. Sem custas e sem honorários.
2,022
706
1
1
9-PB
0
211.117477
PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Passo à fundamentação. FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de ação especial cível ajuizada por Cícera Aires de Jesus em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por meio da qual requer a concessão de pensão por morte, em razão do óbito de seu filho Geraldo Aires, bem como o pagamento dos atrasados devidamente corrigidos. De início, cumpre esclarecer que a pensão por morte, a teor do entendimento jurisprudencial dominante, deve ser regulada pela lei vigente ao tempo do óbito do segurado. Nesse sentido é a súmula no. 340 do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: “A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado”. No caso em apreço, tendo em vista que o óbito do segurado ocorreu em 08/07/2014, as disposições concernentes ao benefício reclamado a serem aplicadas são aquelas previstas na Lei n.o 8.213/91, sem as alterações introduzidas pela Lei n.o 13.135, de 17 de junho de 2015. Esclarecida a legislação aplicável ao presente feito, é imprescindível analisar os requisitos para a concessão do benefício pleiteado. Para que seja concedida pensão por morte aos ascendentes do falecido, mister é que se comprove: (1) a qualidade de segurado do instituidor da pensão; (2) o parentesco entre o segurado e pretenso dependente; (3) a dependência econômica deste em relação àquele e (4) inexistência de dependentes preferenciais. O falecimento do Sr. Geraldo Aires, ocorrido em 08/07/2014, resta demonstrado pela Certidão de Óbito acostada aos autos (anexo 07, fl. 01). No caso, a controvérsia reside em saber se a autora enquadrava-se na qualidade de dependente do segurado. O rol dos beneficiários do RGPS na condição de dependente de segurado está previsto no art. 16 da Lei n/ 8.213/91, vejamos: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave;(Redação dada pela Lei no 13.146, de 2015) II - os pais; III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei no 13.146, de 2015) IV -(Revogada pela Lei no 9.032, de 1995) § 1o A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes. § 2o .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento.(Redação dada pela Lei no 9.528, de 1997) § 3o Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3o do art. 226 da Constituição Federal. § 4o A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.(Grifo nosso) Como se pode observar, os pais do segurado necessitam provar sua dependência econômica para se enquadrarem como dependentes e, então, gozar do benefício de pensão por morte. No caso dos autos, a parte autora é mãe do segurado Geraldo Aires, conforme certidão de nascimento do anexo 06. A qualidade de segurado do de cujus também se encontra demonstrada, tendo em vista que o último vínculo laboral constante do CNIS (anexo 29, fl. 06) teve início em 01/04/1998 e data final em aberto, constando a última remuneração em julho/2014 (mês do óbito), trabalhado junto ao Município de Pocinhos. Passemos, pois, à análise da qualidade de dependente da autora em relação a seu filho falecido. Como início de prova material da alegada dependência econômica, a parte autora juntou: Declaração de compra (anexo 08), emitida pela empresa Decorama, data de 11/08/2014, que informa que o falecido adquiriu junto à empresa, na data de 04/04/2008, o produto “DVD REF MDV437X78 MAGNAVOX”, no valor de R$ 184,00 (cento e oitenta e quatro reais); duplicata (anexo 09), emitida em 11/11/2006, assinada pelo cliente Geraldo Aires, no valor de R$ 43,00 (quarenta e três reais), em favor de Delmiro Evangelista Porto, juntamente com boleto de venda/proposta de abertura de crédito; declaração da Prefeitura do Município de Pocinhos (anexo 10), na qual fora declarado que “Geraldo Aires, filho de pai não declarado e Cícera de Jesus Aires, é quem sustenta sua mãe, pois seu pai abandonou sua família a 21 (vinte e um) anos, tomando destino ignorado”. Consta do processo administrativo um “Relatório Social” (anexo 15, fl. 13, e anexo 16, fl. 01), elaborado por uma assistente social do Município de Pocinhos, no qual consta que o falecido era funcionário público e morava com sua mãe, e que era ele o responsável pelas despesas do lar. Segundo o relatório, Geraldo Aires foi acometido de enfermidades que o levaram à morte, tendo passado 08 meses restrito ao leito, sob os cuidados de sua mãe e irmã. Foi dito, ainda, que a parte autora atualmente sobrevive de uma aposentadoria que recebe, morando sozinha, estando sob os cuidados de sua filha, que lhe dispensa toda atenção. Fora realizada audiência de conciliação, na qual a autora relatou o seu filho morrera há 4 anos atrás, em virtude de diabetes; que o filho sempre morou com ela, na Rua Simão de Barros, no 60, Bairro do Cruzeiro, nesta cidade, e que ele trabalhava à noite, como vigia; que não conhecia a declarante do óbito, Ivonete Cristino Aires, constante da Certidão de Óbito; que recebe uma aposentadoria por idade desde o ano 2000, mas que o seu sustento também dependia do seu filho falecido, que pagava as despesas de “bujão, água, energia, e comprava coisas pra casa, fazia feira”; que gasta com medicamentos a quantia mensal de R$ 200,00. As testemunhas ouvidas confirmaram o depoimento autoral, tendo dito que o falecido sempre residira com sua mãe, e que esta, apesar de ser aposentada, sempre recebia ajuda do filho para pagamento das despesas do dia-a-dia. Ao final da audiência de conciliação, o INSS considerou que não houve prova da dependência econômica da autora em relação ao seu falecido filho, tendo o advogado da autora requerido a designação de audiência de instrução e julgamento. Na data agendada para audiência de instrução e julgamento, a parte autora não compareceu. No entanto, o Juiz que presidiu audiência entendeu que, tendo em conta já ter havido a coleta do depoimento pessoal da parte autora e das testemunhas durante a audiência de conciliação, o feito já se encontra maduro para julgamento, tendo determinado a conclusão dos autos para exame do mérito da demanda. Com base na prova documental e oral constantes dos autos, entendo que ficou satisfatoriamente comprovada a dependência econômica da autora em relação ao seu filho falecido. A dependência econômica significa contribuição às despesas da família, implica participação significativa no orçamento doméstico, não sendo necessário que a subsistência dependa exclusivamente dos recursos advindos do segurado. Assim, para que configurada a dependência econômica dos pais em relação ao filho, não se exige que o trabalho do filho seja a única fonte de renda da família. Outrossim, pode ser comprovada por qualquer meio de prova, não se exigindo início de prova material. Para fins de percepção de pensão por morte, a dependência econômica entre os genitores e o segurado falecido deve ser demonstrada, não podendo ser presumida. Entendo que a prova produzida revelou com elevado grau de segurança que a autora (genitora) dependia financeiramente do filho (falecido), sem contar que a prova testemunhal, bastante firme, levou-me ao convencimento da viabilidade do pleito. Ademais, em se tratando de família humilde, é de se supor que os filhos auxiliem financeiramente os pais, de modo constante, porém informal, o que dificulta a comprovação documental da dependência econômica. Assim, a exigência de prova material merece atenuação, pois o juiz, ao aplicar a lei, deve estar atento aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (STJ - REsp 1706044, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Data da Publicação 21/11/2017). No Superior Tribunal de Justiça, há precedentes no sentido de que a dependência econômica dos pais em relação aos filhos pode ser comprovada por qualquer meio de prova, não sendo exigido início de prova material, verbis: PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DA MÃE EM RELAÇÃO AO FILHO FALECIDO. POSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO POR QUALQUER MEIO DE PROVA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. O Tribunal a quo firmou entendimento em sentido diverso ao da jurisprudência do STJ que se posicionou no sentido de que a dependência econômica dos pais em relação aos filhos, com o fim de obtenção do benefício pensão por morte, pode ser comprovada por qualquer meio de prova, não se exigindo início de prova material. Precedentes. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 617.725/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 26/05/2015) Logo, o STJ pacificou o entendimento de que não carece de exigência de início de prova documental a comprovação da dependência econômica, notadamente quando se trata de famílias humildes.Ademais, a referida dependência não precisa ser exclusiva, segundo aquele Sodalício. Recentemente, o tema foi novamente decidido naquele STJ, quando fora mantido o entendimento do TRF4 e negado o recurso especial do INSS: "... A Corte rechaçou a tese da Autarquia, nos seguintes termos: A propósito do tema, a dependência econômica não precisa ser exclusiva, admitindo-se o fato de que a subsistência familiar possui mais de uma fonte de renda que não unicamente a renda do segurado. Essa interpretação conforma-se com a orientação do enunciado 229 do extinto Tribunal Federal de Recursos: A mãe do segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, se provada a dependência econômica, mesmo não exclusiva. Assim, a mãe do segurado é considerada beneficiária na condição de dependente do filho solteiro, valendo lembrar o que normalmente acontece nas famílias humildes, cujos filhos continuam ajudando os pais mesmo apósingressarem no mercado de trabalho". (REsp 1468389 Relator(a) Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHOData da Publicação 04/06/2018). Assim, tenho que a prova dos autos revelou com elevado grau de certeza que, de fato, a autora (genitora) dependia economicamente do filho falecido. Portanto, mostra-se viável o acolhimento do pedido. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo PROCEDENTE o pedido para determinar que o INSS conceda o benefício previdenciário de pensão por morte (NB: 179.075.129-0) à autora, bem como pagar valores atrasados desde a data do requerimento administrativo (15/02/2017), acrescidos dos juros de mora, a contar da citação, em conformidade com o recomendado pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução n.o 267/2013, editada pelo Conselho da Justiça Federal, e correção monetária, de acordo também como referido Manual. Desta feita, declaro o feito resolvido, com resolução do mérito, segundo art.487, I, CPC. Considerando a natureza alimentar do benefício ora deferido, bem como a manifesta hipossuficiência da demandante, cujo direito à subsistência constitui consectário inafastável do direito fundamental à vida, insculpido no caput do art. 5o da Carta Magna de 1988, cuja tutela não pode e nem deve ser procrastinada, impõe-se o deferimento ex officio da TUTELA ANTECIPADA, com fundamento no art. 4o da Lei no , para determinar ao INSS a imediata implantação do benefício, no prazo de 10 (dez) dias. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei c/c art. 3o da Lei 1.060/50, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria com fito de realizar os cálculos. Ato contínuo, dê-se vista às partes, pelo prazo de cinco dias, da planilha elaborada. Não havendo impugnação, homologo, desde já, os cálculos em comento, para posterior expedição da requisição de pagamento observada a eventual renúncia do crédito excedente a 60 salários mínimos. Intimações necessárias por meio eletrônico. Cumpridas as determinações contidas nos itens acima, dê-se baixa e arquivem-se. Campina Grande, data supra. JUIZ FEDERAL
PROVIMENTO
0503405-73.2019.4.05.8203
2019-11-21 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-18 10:24:35
Sentença - Improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
RODRIGO MAIA DA FONTE
INDEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA Tipo A Dispensado o relatório por força do disposto no art. 1o da Lei n.o 10.259/01, combinado com o art. 38, caput, da Lei n.o 9.099/95, bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/01. Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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11-PB
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26.84485
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o c/c art. 1o da Lei n.o . Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
PROVIMENTO
0508587-43.2019.4.05.8202
2019-09-12 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-30 16:17:09
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 IMPROCEDENTE
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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48.052188
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
0508301-68.2019.4.05.8201
2019-08-26 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-21 14:35:42
Sentença - Seguro defeso 2017/2018 - improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB013513
SENTENÇA RELATÓRIO Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
898
1,029
0
0
9-PB
0
55.824097
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
PROVIMENTO
0507845-18.2019.4.05.8202
2019-08-27 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:08:59
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 - IMPROCEDENTE
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
1,653
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15-PB
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68.131238
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
PROVIMENTO
0503712-55.2018.4.05.8205
2018-12-03 00:00:00
APS SANTA LUZIA (13.021.170) (29.979.036/0543-13) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-01 18:37:54
Sentença - Parcialmente procedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso do ente público - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
CLAUDIO GIRAO BARRETO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei no 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei no 10.259/2001. Decido. Pretendea parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social -INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), nacategoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015a fevereiro de 2016. Aduz,em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defesoconcretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelosMinistros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente),o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e aconceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além dea parte autora preencher todos os requisitos legais, a referidaportaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015,acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticasno bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido asuspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer avalidade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foiproferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo paraque o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g.,qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendoesclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas naretromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lideà análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazotranscorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Comodito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador)referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em telaencontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescadorprofissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor deumsalário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividadepesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Nãoserá acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade depescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazoexcessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, semque tivesse diligenciado o seu cumprimento. ATurma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmadono sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão dainstabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas,patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes daRepública (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial(proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar),inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido noacórdão abaixo transcrito, extraído do processo no0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr.Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadoresartesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso.Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DASEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ.DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para onão pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado noMemorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, nosentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadoresabrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que nãofavoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso reguladopela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I- diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atosnormativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia operíodo de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerialn.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias;Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o períodode defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447,proferidaem 07.01.2016, que suspendeu os efeitos doDecreto-Legislativo n.o 293,de 10.12.2015, e decisão posterior do STF,em 11.03.2016, revogando amedida liminar monocrática deferidaanteriormente em 07.01.2016), o"razoável, portanto, é presumir que opescador permaneceu parado durantetodo o período do defeso (ou, nomínimo, a partir de 10.12.2015, datado Decreto Legislativo no 293)”,devendo, portanto, ser reconhecido aospescadores artesanais atingidospor essa situação de insegurançajurídica o direito ao pagamentointegral do seguro-defeso devido noperíodo de 01.12.2015 a 28.02.2016,em respeito à segurança jurídica eproteção da legítima confiança,devendo-se ressaltar que, mesmo quetomado como marco inicialalternativo para o início desse período a datade 10.12.2015, na qualiniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o293, como, após opagamento da primeira parcela do seguro-defeso, édevido o pagamentointegral das seguintes por fração igual ou superior a15 dias de defeso(art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 doCODEFAT), é devido opagamento integral das 3 parcelas do seguro-defesocabíveis em relaçãoao período findo em 28.02.2016; II- e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que nãohavia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimentodosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no casodospescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora,nãodeve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial daparteautora relativa ao preenchimento desses requisitos legais porela,devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe orequerimentoadministrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendopagá-lo emfavor da parte autora, desde que demonstrado, na esferaadministrativa, oimplemento dos demais requisitos necessários àconcessão dessebenefício, de acordo com as provas apresentadas no PA Aparte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação aoseguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o nãoprocessamento de seu requerimento administrativo de seguro-defesoocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesseperíodo, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pelaqual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autorado entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito eanalisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na formaacima explicitada.” 4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciárioflexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sobpena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso,tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte eoito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para opagamento do benefício. 5.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recursodo INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou oDecreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento doseguro-defeso na Paraíba? 6.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf.Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antesdo seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu peloperíodo de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorouaté o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016,revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7.No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar àapuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defesona Paraíba. 8.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidadedeexigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para opagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivasalterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração PúblicaFederal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas àdecisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusiveposteriormente revogada. 9.Se para o administrador público e para o operador do Direito talinstabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário doseguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoalnormativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador,costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíbaocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçadopelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenhacriado a justa expectativa de que receberia o benefício, sedesmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividadepesqueira. 11.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado peloseguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca,mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas dacúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e doSTF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu paradodurante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015,data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a talrecessoe com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento dodefeso,despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base nobenefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato deindeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridadescompetentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídionormativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, períodoeste no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar,com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido depescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídicasuprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência doperíodo de defeso. 13.Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que operíodo vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30(trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro.Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de umperíodo de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada,dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecidopelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurançajurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14.Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimentoadministrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciadopelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando oentendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo,como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão debenefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo(RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime darepercussão geral". 15.No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não haviadireito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimentodosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso emrelaçãoaos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parteautora. 16.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestaçãocomo no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida anecessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quantoao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso emrazão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria,havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitoslegais para a concessão do benefício. 17.Por fim, considerando que não houve sequer ato material deindeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitosao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao períodomínimode 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18.Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicadospela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III,da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput eparágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário doINSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus própriosfundamentos. 20.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamentoocorridana data constante da aba “Sessões Recursais” destes autosvirtuais, porunanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DOINSS, nos termosdo voto do Juiz-relator. Condenação em honoráriosadvocatícios fixadosem 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico.Sem custas. Noprocesso acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido odireito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) doseguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há,por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela deseguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003.PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS.SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentençaque julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecercomodevido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no períodode10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30(trinta)dias; e ii) determinar que o INSS recepcione eprocesse orequerimento de seguro-defeso que for apresentado pelaparte autora,Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada emUiraúna/PB,devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado,na esferaadministrativa, o implemento dos requisitos necessários àconcessão dobenefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que oIBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidasvulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções deáguas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas dodia1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro,conformeInstrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente,suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atosnormativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, MinistroRicardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na AçãoDireta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, parasuspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou oexercício da atividade pesqueira; e iv) em11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso,revogoua cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecerosefeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, deimediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensospela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. EstaTerceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais,nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao segurodesemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisaçãotemporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016,porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidosatos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO:08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHOMOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decididopelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveramciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferidadecisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixainstrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) areferida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o quejustifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendamaos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) Asolução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentoscontrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro,pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou nãodo defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela dapopulação não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, oentão presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou apossibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável queos beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento daliberação.A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou apesca), emdecisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois deencerrado oprazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”),mas, muitopossivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitosretroativos –“ex tunc”) porque isso poderia resultar em processoscriminais contraos pescadores: se a pesca estava proibida desde oinício do defeso(efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividadeteriam cometidocrimes ambientais. Emsíntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas doseguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016.Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquantoassim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos(CF, art. 100). Nãohá, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido decondenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou dopatamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situaçãovexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como jádecidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSONBEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Anteo exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTEPROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento doseguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimoslegais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicada. Apresentadorecurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam osautos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. RECURSO DO ENTE PÚBLICO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso, referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. 2. Em suas razões recursais o ente público, alega em sede de preliminar, a nulidade da sentença por ausência de instrução processual e ausência de fundamentação. Afirma que, aos litigantes em processo judicial, são assegurados o contraditório e a ampla defesa para que possam aduzir o que achar pertinente e necessário para o deslinde da demanda. Todavia, no caso dos autos, apesar de ter sido questionada a qualidade de segurado especial da parte recorrida na contestação o magistrado sentenciante não determinou a realização de audiência de instrução e julgamento para averiguar tal condição, considerando que apenas os frágeis documentos apresentados eram suficientes para a concessão do benefício pleiteado. Sustenta que a documentação juntada aos autos não comprova a condição de pescador(a) artesanal da parte autora. Que impugnou a prova documental e que seus argumentos não foram objeto de análise na sentença. No mérito argumenta que no Estado da Paraíba os pescadores artesanais só ficaram impedidos de pescar por 28 dias entre 2015/2016, no entanto, a sentença concedeu o direito ao pagamento de 90 dias de seguro defeso. Aduz que não se justifica o pagamento do seguro defeso durante o período em que não houve proibição da pesca e que não cabe ao judiciário flexibilizar os requisitos previstos na própria legislação de regência da matéria. 3. Extrai-se da sentença o seguinte: "Pretende a parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), na categoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016. Aduz, em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defeso concretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelos Ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente), o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e a conceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além de a parte autora preencher todos os requisitos legais, a referida portaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015, acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas no bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido a suspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer a validade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foi proferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo para que o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g., qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendo esclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas na retromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lide à análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazo transcorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Como dito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador) referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em tela encontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, 'caput'). Não será acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade de pescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento. A Turma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido no acórdão abaixo transcrito, extraído do processo no 0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr. Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ. DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2. A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para o não pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, no sentido de que 'somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias', circunstância que não favoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso regulado pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: 'I - diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atos normativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia o período de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerial n.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias; Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o período de defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447, proferida em 07.01.2016, que suspendeu os efeitos do Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, e decisão posterior do STF, em 11.03.2016, revogando a medida liminar monocrática deferida anteriormente em 07.01.2016), o "razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293)", devendo, portanto, ser reconhecido aos pescadores artesanais atingidos por essa situação de insegurança jurídica o direito ao pagamento integral do seguro-defeso devido no período de 01.12.2015 a 28.02.2016, em respeito à segurança jurídica e proteção da legítima confiança, devendo-se ressaltar que, mesmo que tomado como marco inicial alternativo para o início desse período a data de 10.12.2015, na qual iniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o 293, como, após o pagamento da primeira parcela do seguro-defeso, é devido o pagamento integral das seguintes por fração igual ou superior a 15 dias de defeso (art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 do CODEFAT), é devido o pagamento integral das 3 parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28.02.2016; II - e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no caso dos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora, não deve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento desses requisitos legais por ela, devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA A parte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação ao seguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o não processamento de seu requerimento administrativo de seguro-defeso ocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesse período, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pela qual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autora do entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito e analisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na forma acima explicitada.' 4. Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 5. Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? 6. Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). 7. No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. 8. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. 9. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário do seguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. 11. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. 13. Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14. Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimento administrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciado pelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em 03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando o entendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo, como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão de benefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo (RESP. 1369834/SP), decidiu: '(...) adesão à tese estabelecida no RE 631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime da repercussão geral'. 15. No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a 28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora. 16. No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestação como no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício. 17. Por fim, considerando que não houve sequer ato material de indeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítulo da sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitos ao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18. Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19. Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário do INSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos. 20. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba 'Sessões Recursais' destes autos virtuais, por unanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, nos termos do voto do Juiz-relator. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico. Sem custas. No processo acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido o direito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) do seguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há, por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da 5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela de seguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003. PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS. SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecer como devido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no período de 10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30 (trinta) dias; e ii) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso que for apresentado pela parte autora, Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada em Uiraúna/PB, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que o IBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidas vulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções de águas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro, conforme Instrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente, suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atos normativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de 25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no 293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no 192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em 07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, para suspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou o exercício da atividade pesqueira; e iv) em 11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso, revogou a cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecer os efeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, de imediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensos pela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. Esta Terceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais, nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao seguro desemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisação temporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016, porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidos atos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO: 08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decidido pelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveram ciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferida decisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixa instrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) a referida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o que justifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendam aos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) A solução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentos contrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro, pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou não do defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela da população não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Ricardo Lewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou a possibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável que os beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento da liberação. A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou a pesca), em decisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois de encerrado o prazo do defeso, teve efeitos para o futuro ("ex nunc"), mas, muito possivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitos retroativos - 'ex tunc') porque isso poderia resultar em processos criminais contra os pescadores: se a pesca estava proibida desde o início do defeso (efeitos 'ex tunc'), aqueles que exerceram a atividade teriam cometido crimes ambientais.Em síntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas do seguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016. Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquanto assim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos (CF, art. 100). Não há, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido de condenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou do patamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situação vexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como já decidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO 08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Ante o exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento do seguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimos legais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal." 4. A princípio deve ser esclarecido que as preliminares arguidas se confundem com o mérito e como tal serão apreciadas. 5. Alega-se no recurso do INSS que não houve a análise da condição de pescador artesanal da parte autora e que não cabe ao Poder Judiciário flexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sob pena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso, tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte e oito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para o pagamento do benefício. 6. Em relação à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal já decidiu a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência, nos seguintes termos (vide Processo no 0501824-97.2017.4.05.8201): "Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recurso do INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou o Decreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento do seguro-defeso na Paraíba? Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf. Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antes do seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu pelo período de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de 10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorou até o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em 07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016, revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). No entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar à apuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defeso na Paraíba. Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidade de exigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para o pagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada. Se para o administrador público e para o operador do Direito tal instabilidade gerou dúvidas, quiçá para o beneficiário do seguro-defeso, por lei, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoal normativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma a direcioná-lo no como proceder. Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador, costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíba ocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçado pelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenha criado a justa expectativa de que receberia o benefício, se desmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividade pesqueira. Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado pelo seguro-defeso acompanhar o vai-e-vém na liberação/proibição da pesca, mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas da cúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e do STF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu parado durante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015, data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a tal recesso e com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento do defeso, despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base no benefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato de indeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridades competentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídio normativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, período este no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar, com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido de pescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídica suprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência do período de defeso. Uma coisa é ter conhecimento, com a devida antecedência, que o período vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro. Outra coisa é ser surpreendido, no curso de um período de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada, dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecido pelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurança jurídica que não condiz com o Estado de Direito. Neste contexto, observo que não houve descumprimento do julgado proferido pelo STF na ADIN 5447. Isto porque as razões ora expostas estão confluentes com a decisão revogatória da decisão liminar, ao entender vigente o período de defeso entre dezembro/2015 e fevereiro/2016. Ademais, quanto aos efeitos "ex nunc" do restabelecimento do DL 293/2010, a garantia da segurança alimentar e sobrevivência dos pescadores foi um dos fundamentos da decisão de revogação da liminar na ADIN, não sendo razoável entender-se, agora, que tal decisão impede o pagamento do benefício do seguro-defeso. Logo, entendo que a restrição da retroação dos efeitos do restabelecimento do DL 293/2010 não se destinou a invalidar os atos praticados conforme o DL 293/2010, mas, sim, limitou-se a vedar a invalidação dos atos praticados que não se harmonizem com o entendimento firmado a partir do julgamento da revogação da liminar da ADIN." 7. Portanto, no caso em questão, deve ser flexibilizada a exigência do prazo de 30 (trinta) dias referentes ao período de defeso ocorrido entre 2015-2016. 8. Além da questão referente aos efeitos da duração da vigência do Decreto Legislativo no 293/2015 (que restabeleceu o período do defeso suspenso pela Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA), o magistrado do JEF considerou que não seria acolhida na sentença qualquer impugnação à qualidade de pescador artesanal da parte autora, em razão de ter sido oportunizado ao INSS "prazo excessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, sem que tivesse diligenciado o seu cumprimento". 9. Analisando os autos observa-se que o magistrado do JEF em decisão prolatada no processo no 0501304-91.2018.4.05.8205 e trasladada para este feito, considerando que o benefício foi indeferido de plano pelo INSS por não haver decorrido, no entendimento da autarquia, o tempo mínimo de suspensão da pesca exigido pela Resolução n.o 759 do CODEFAT e considerando que caberia à autarquia previdenciária a análise dos demais requisitos, determinou que a parte autora requeresse na via administrativa o benefício de seguro defeso pleiteado neste feito e acompanhasse o trâmite administrativo. Estabeleceu também ao INSS que, no prazo de 90 (noventa) dias analisasse os requerimentos, não os indeferindo apenas pela portaria, mas também, pelos demais requisitos e, após encerrado o prazo concedido a parte ré, determinou ainda que a parte autora juntasse aos autos cópia integral do processo. 10. Decorrido o prazo dado pelo magistrado do JEF para que a parte autora solicitasse o benefício de seguro defeso na via administrativa e para que o INSS analisasse os requerimentos apresentados e, considerando que não houve cumprimento da decisão por parte do INSS, o juiz sentenciante, em 15.04.2019, proferiu despacho determinando o regular prosseguimento do feito com a citação do ente público, no entanto, esclareceu no referido despacho que não acataria qualquer impugnação à qualidade de segurado especial (pescador) da parte autora, por já ter oportunizado prazo excessivamente elástico para a análise daquela condição. 11. Embora o juiz do JEF tenha considerado que o prazo concedido ao INSS foi suficiente para que ele se manifestasse sobre a qualidade de pescador artesanal da parte autora, sem que ele tivesse se pronunciado, o fato é que é possível constatar que, no caso dos autos, na verdade não houve a análise administrativa ou judicial da condição de pescador artesanal da parte autora e não foi permitido à autarquia previdenciária questionar tal requisito em sede de contestação. Ressalte-se, ainda, que na sentença não foi acolhida qualquer impugnação a tal requisito. 12. Ao analisar o caso a sentença limitou-se a apreciar a questão tomando como base acórdão proferido por esta Turma Recursal (processo no 0510409-10.2018.4.05.8200), considerando que esta Turma tem entendimento firmado no sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão da instabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial (proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar), inclusive posteriormente revogada, sendo razoável presumir que os pescadores artesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso. 13. Quanto à exigência do cumprimento de 30 dias de defeso para a obtenção do seguro defeso referente ao período de 2015-2016, esta Turma Recursal, de fato, vem decidindo a matéria no sentindo de flexibilizar tal exigência. Todavia no acórdão que serviu como paradigma para a sentença, como o INSS entendeu que não havia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01/12/2015 a 28/02/2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimento dos demais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso em relação aos pescadores artesanais elencados no PA que abrangia a parte autora, foi considerada suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso em razão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria, havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitos legais para a concessão do benefício, cabendo ao INSS processar o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão do benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA. 14. O posicionamento adotado no acórdão paradigma deve ser aplicado também no caso em questão, pois, como já mencionado anteriormente, não houve a apreciação da condição de pescador artesanal da parte autora na esfera administrativa ou judicial. Na verdade, sequer houve ato material de indeferimento do benefício, de modo que resta suprida a necessidade de demonstração da pretensão resistida, apenas quanto ao requisito referente ao período mínimo de 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS para pagamento do defeso, não cabendo ao Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial da parte autora relativa ao preenchimento dos demais requisitos legais, uma vez que cabe ao ente público receber e processar, inicialmente, os requerimentos e habilitar os beneficiários, nos termos do art. 2o da Lei n.o 10.779/2003, sob pena de nítida intervenção do Poder Judiciário na esfera da competência do Poder Executivo e, sobretudo, em razão do princípio da adstrição da sentença ao pedido formulado na inicial. 15. Diante do exposto, é o caso de se dar parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença do JEF para afastar a exigência expressa no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, no sentido de que "somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias", relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016 e determinar ao INSS que processe o requerimento administrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendo pagá-lo em favor da parte autora, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos demais requisitos necessários à concessão desse benefício, de acordo com as provas apresentadas no PA. 16. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 17. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso do ente público, reformando a sentença para: a) afastar a exigência expressa no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04/04/2016, no sentido de que "somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadores abrangidos por período defeso superior a 30 dias", relativamente ao período de defeso compreendido entre 2015/2016; e b) determinar que o INSS recepcione e processe o requerimento de seguro-defeso apresentado pela parte autora, devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado, na esfera administrativa, o implemento dos requisitos necessários à concessão do benefício. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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14-PB
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301.996458
PROVIMENTO PARCIAL
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Decido. Pretendea parte autora a condenação do Instituto Nacional do Seguro Social -INSS nos valores correspondentes ao seguro-desemprego (defeso), nacategoria de pescador artesanal, referente aos meses de dezembro de 2015a fevereiro de 2016. Aduz,em essência, que, em decorrência da suspensão do período de defesoconcretizada pela Portaria Interministerial 192/2015, assinada pelosMinistros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente),o INSS se recusou a recepcionar o requerimento administrativo e aconceder o benefício em tela. O indeferimento não procede, pois, além dea parte autora preencher todos os requisitos legais, a referidaportaria teve seus efeitos sustados pelo Decreto Legislativo 293/2015,acrescentando que o Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticasno bojo da ADI 5447, conquanto tenha inicialmente restabelecido asuspensão do período de defeso, revogou a liminar para reconhecer avalidade do ato oriundo do Congresso Nacional. Foiproferida, por este juízo, decisão de sobrestamento do processo paraque o INSS verificasse a presença de todos os requisitos (v.g.,qualidade de pescador artesanal) referentes ao benefício em tela, sendoesclarecido à autarquia que o indeferimento fundamentado apenas naretromencionada portaria interministerial restringiria a solução da lideà análise da suspensão (ou não) do período de defeso. O prazotranscorreu sem manifestação da parte ré. Citado, o INSS apresentou contestação. Passo ao mérito. Comodito, pretende a parte autora o pagamento do seguro-defeso (pescador)referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. O benefício em telaencontra-se disciplinado pela Lei 10.779/2003, sendo devido ao pescadorprofissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor deumsalário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividadepesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Nãoserá acolhida, nesta sentença, qualquer impugnação à qualidade depescador da parte autora, uma vez que foi oportunizado à demandada prazoexcessivamente elástico para que procedesse à análise da condição, semque tivesse diligenciado o seu cumprimento. ATurma Recursal da Seção Judiciária da Paraíba tem entendimento firmadono sentido do pagamento do seguro-defeso em tela, em razão dainstabilidade jurídica criada pelas sucessivas alterações normativas,patrocinadas por órgão da Administração Pública Federal e Poderes daRepública (IBAMA e Congresso Nacional), associadas à decisão judicial(proferida por ministro do STF) de caráter provisório (liminar),inclusive posteriormente revogada. Assim, como bem esclarecido noacórdão abaixo transcrito, extraído do processo no0510409-10.2018.4.05.8200 (relatoria do Exmo. Sr. Juiz Federal, Dr.Sérgio Murilo Wanderley Queiroga), razoável presumir que os pescadoresartesanais permaneceram parados durante todo o período do defeso.Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. SUSPENSÃO E RESTABELECIMENTO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DASEGURANÇA JURÍDICA NO VIÉS DE PROIBIÇÃO DA SURPRESA E BOA-FÉ.DEFERIMENTO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Trata-se de recurso ordinário interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente, em parte, o pedido autoral de pagamento de benefício de seguro-defeso. 2.A questão controversa reside no entendimento esposado pelo INSS para onão pagamento do benefício do seguro-defeso, consubstanciado noMemorando-Circular no 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS, de 04.04.2016, nosentido de que “somente fazem jus ao seguro-defeso os pescadoresabrangidos por período defeso superior a 30 dias”, circunstância que nãofavoreceria os pescadores da Paraíba quanto ao período defeso reguladopela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 3. A questão foi bem descrita na sentença: “I- diante da instabilidade jurídica gerada pela alternância de atosnormativos (Instrução normativa IBAMA n.o 210/2008, que estabelecia operíodo de defeso se iniciaria em 01.12.2015; Portaria Interministerialn.o 192/2015, que suspendeu o período de defeso pelo prazo de 120 dias;Decreto-Legislativo n.o 293, de 10.12.2015, que restabeleceu o períodode defeso) e decisões do STF (decisão liminar na ADI n.o 5447,proferidaem 07.01.2016, que suspendeu os efeitos doDecreto-Legislativo n.o 293,de 10.12.2015, e decisão posterior do STF,em 11.03.2016, revogando amedida liminar monocrática deferidaanteriormente em 07.01.2016), o"razoável, portanto, é presumir que opescador permaneceu parado durantetodo o período do defeso (ou, nomínimo, a partir de 10.12.2015, datado Decreto Legislativo no 293)”,devendo, portanto, ser reconhecido aospescadores artesanais atingidospor essa situação de insegurançajurídica o direito ao pagamentointegral do seguro-defeso devido noperíodo de 01.12.2015 a 28.02.2016,em respeito à segurança jurídica eproteção da legítima confiança,devendo-se ressaltar que, mesmo quetomado como marco inicialalternativo para o início desse período a datade 10.12.2015, na qualiniciada a vigência do Decreto-Legislativo n.o293, como, após opagamento da primeira parcela do seguro-defeso, édevido o pagamentointegral das seguintes por fração igual ou superior a15 dias de defeso(art. 1.o, § 3.o, da Resolução n.o 759/2016 doCODEFAT), é devido opagamento integral das 3 parcelas do seguro-defesocabíveis em relaçãoao período findo em 28.02.2016; II- e, como o INSS, administrativamente, limitou-se a entender que nãohavia direito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimentodosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso no casodospescadores artesanais elencados no PA que abrange a parte autora,nãodeve o Poder Judiciário examinar a parcela da pretensão inicial daparteautora relativa ao preenchimento desses requisitos legais porela,devendo, apenas, ser determinado ao INSS que processe orequerimentoadministrativo de seguro-defeso objeto daquele PA, devendopagá-lo emfavor da parte autora, desde que demonstrado, na esferaadministrativa, oimplemento dos demais requisitos necessários àconcessão dessebenefício, de acordo com as provas apresentadas no PA Aparte autora encontra-se na lista de pescadores [...] em relação aoseguro-defeso do período de 01.12.2015 a 28.02.2016 [...], tendo o nãoprocessamento de seu requerimento administrativo de seguro-defesoocorrido, apenas, com base no entendimento de que não houve, nesseperíodo, proibição da pesca por período mínimo de 30 dias, razão pelaqual resta demonstrado o cabimento da aplicação ao caso da parte autorado entendimento jurisprudencial da TR/JEFs/ SJPB acima transcrito eanalisado, com a procedência parcial de seu pedido inicial, na formaacima explicitada.” 4.Alega-se no recurso do INSS que não cabe ao Poder Judiciárioflexibilizar requisitos objetivos contidos em normativos legais, sobpena de violação ao princípio da separação de Poderes, e que, no caso,tendo o período de defeso vigorado, entre idas e vindas, por 28 (vinte eoito) dias, não se alcançou o mínimo de 30 (trinta) dias para opagamento do benefício. 5.Em resumo, a questão sobre a qual controvertem a sentença e o recursodo INSS centra-se na seguinte indagação: por quantos dias vigorou oDecreto Legislativo no 293/2015 e seus reflexos no pagamento doseguro-defeso na Paraíba? 6.Como visto, o período do defeso se iniciaria em 01.12.2015 (cf.Instrução Normativa de n.o 210, de 25/11/2008, do IBAMA). Porém, antesdo seu início, a Portaria Interministerial no 192/2015 o suspendeu peloperíodo de 120 dias. Em seguida, o Decreto-legislativo no 293, de10.12.2015, restabeleceu o período do defeso, decreto este que vigorouaté o advento da decisão liminar cautelar na ADI 5447, proferida em07.01.2016, quando iniciado, o período de defeso (o STF, em 11.03.2016,revogou a medida liminar monocrática deferida na ADI 5447). URL entanto, entendo que a solução da lide não deve se limitar àapuração da quantidade de dias que perdurou a vigência do seguro-defesona Paraíba. 8.Compreendo, sim, que a questão centra-se na análise da razoabilidadedeexigir-se a integralidade do período de 30 (trinta) dias para opagamento do defeso, quando os pescadores se deparam com sucessivasalterações normativas, patrocinadas por órgão da Administração PúblicaFederal e Poderes da República (IBAMA e Congresso Nacional), associadas àdecisão judicial de caráter provisório (liminar), inclusiveposteriormente revogada. URL para o administrador público e para o operador do Direito talinstabilidade gerou dúvidas, muito mais gerou para o beneficiário doseguro-defeso, pescador artesanal, de parcos recursos que, neste cipoalnormativo, viu-se desorientado, sem segurança jurídica alguma. 10.Em outras palavras, seria draconiano exigir-se que o pescador,costumeiramente ciente de que o período do seguro-defeso na Paraíbaocorre entre 01 de dezembro e 28 de fevereiro (entendimento reforçadopelo restabelecimento do defeso pelo decreto legislativo) não tenhacriado a justa expectativa de que receberia o benefício, sedesmobilizando quanto aos meios materiais para o exercício da atividadepesqueira. 11.Não me parece razoável exigir-se do pescador contemplado peloseguro-defeso acompanhar o vai-e-vem na liberação/proibição da pesca,mobilizando-se e desmobilizando-se conforme as alterações oriundas dacúpula da Administração Pública Federal e do Congresso Nacional e doSTF, numa autêntica mudança de regra durante o andamento do jogo. 12.O razoável, portanto, é presumir que o pescador permaneceu paradodurante todo o período do defeso (ou, no mínimo, a partir de 10.12.2015,data do Decreto Legislativo no 293), posto que, habituado a talrecessoe com a crença reforçada pelo advento do restabelecimento dodefeso,despreparou-se e confiou na sua manutenção familiar com base nobenefício, não sendo correto ser surpreendido com o ato deindeferimento, tão somente porque, entre idas e vindas das Autoridadescompetentes, a vigência do defeso não integralizou o trintídionormativo. Repita-se: quando já em curso o período do defeso, períodoeste no qual o pescador assume dívidas, sobretudo de natureza alimentar,com vistas a sua manutenção e da sua família, eis que proibido depescar, não se afigurando legítimo e ofensivo à segurança jurídicasuprimir-lhe o direito aos valores do seguro quando já da fluência doperíodo de defeso. 13.Uma situação é ter conhecimento, com a devida antecedência, que operíodo vindouro de defeso não alcançará lapso temporal superior a 30(trinta) dias, razão pela qual não será devido o respectivo seguro.Outra situação, bem diferente, é ser surpreendido, no curso de umperíodo de defeso de 120 dias, com a sua redução para 28 dias, motivada,dentre outras razões, por evitar o seu pagamento, conforme reconhecidopelo STF quando do julgamento da ADI 5447. É agressão à segurançajurídica que não condiz com o Estado de Direito. 14.Registre-se, ainda, que o tema da exigibilidade de prévio requerimentoadministrativo como condição de ingresso na via judicial foi apreciadopelo STF, ao julgar o Recurso Extraordinário no 631.240/MG, em03/09/2014, sob repercussão geral que pacificou a matéria, firmando oentendimento de que é necessário o prévio requerimento administrativo,como condição para o ajuizamento de ação judicial visando a revisão debenefício previdenciário. No mesmo sentido, o STJ, no recurso repetitivo(RESP. 1369834/SP), decidiu: “(...) adesão à tese estabelecida no RE631.240/MG, julgado pelo Supremo Tribunal Federal sob regime darepercussão geral". 15.No caso dos autos, contudo, o INSS limitou-se a entender que não haviadireito ao pagamento do seguro-defeso no período de 01.12.2015 a28.02.2016 com base no Memorando-Circular n.o 10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS,de 04.04.2016, sem, contudo, realizar efetivo exame do preenchimentodosdemais requisitos legais para a concessão do seguro-defeso emrelaçãoaos pescadores artesanais elencados no PA que abrange a parteautora. 16.No entanto, tal questão foi enfrentada pelo INSS, seja na contestaçãocomo no seu recurso ordinário, de maneira que entendo suprida anecessidade de demonstração da pretensão resistida, porém, apenas quantoao requisito referente ao tempo em que vigorou o período defeso emrazão dos exames pelo STF dos atos legislativos atinentes à matéria,havendo ausência de interesse processual quanto aos demais requisitoslegais para a concessão do benefício. 17.Por fim, considerando que não houve sequer ato material deindeferimento do benefício, cujo exame ainda se dará, conforme capítuloda sentença aqui confirmada, mediante a análise de todos os requisitosao recebimento do benefício, superada a questão quanto ao períodomínimode 30 (trinta) dias exigido no Memorando-Circular no10/DIRAT/DIRBEN/PFE/INSS. 18.Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicadospela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III,da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput eparágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12.07.2001. 19.Em conclusão, é o caso de negar provimento ao recurso ordinário doINSS, a fim de manter a sentença do JEF de origem por seus própriosfundamentos. 20.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamentoocorridana data constante da aba “Sessões Recursais” destes autosvirtuais, porunanimidade de votos, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO DOINSS, nos termosdo voto do Juiz-relator. Condenação em honoráriosadvocatícios fixadosem 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico.Sem custas. Noprocesso acima, consoante se vê na transcrição, foi reconhecido odireito ao pagamento de 3 (três) parcelas (i.e., integral) doseguro-defeso referente ao período de 01/12/2015 a 28/02/2016. Há,por outro lado, manifestações do colendo Tribunal Regional Federal da5a. Região que contemplam o pagamento de somente uma parcela deseguro-defeso. Confira-se (grifos não originais): PREVIDENCIÁRIO. SEGURO DESEMPREGO. PERÍODO DE DEFESO. PESCADOR ARTESANAL. ART. 1o DA LEI 10.779/2003.PARALISAÇÃO TEMPORÁRIA DA PESCA POR PERÍODO INFERIOR A TRINTA DIAS.SUCESSÃO DE ATOS NORMATIVOS E DECISÕES JUDICIAIS. INSEGURANÇA JURÍDICA.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. Apelação contra sentençaque julgou parcialmente procedentes os pedidos, para i) reconhecercomodevido o seguro-defeso, no valor de um salário mínimo, no períodode10.12.2005 a 07.01.2016, ampliando-se o referido prazo para 30(trinta)dias; e ii) determinar que o INSS recepcione eprocesse orequerimento de seguro-defeso que for apresentado pelaparte autora,Colônia de Pescadores e Agricultores Z-36, localizada emUiraúna/PB,devendo pagá-lo, em favor da mesma, desde que demonstrado,na esferaadministrativa, o implemento dos requisitos necessários àconcessão dobenefício. 2. Inicialmente, cumpre destacar que oIBAMA proibiu anualmente o exercício da pesca das espécies conhecidasvulgarmente por curimatã, piau, sardinha e branquinho, nas coleções deáguas continentais do Estado Paraíba, a partir das 00h00min horas dodia1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro,conformeInstrução Normativa no 210, de 25.11.2008 (art. 1o, parágrafo 2o, da Lei 10.779/2003). 3. Ocorre que houve uma sucessão de atos normativos e decisões judiciais, alterando as disposições sobre o período de defeso: i) a Portaria Interministerial no 192, de 05.10.2015, do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente,suspendeu, por até 120 dias, o período de defeso em diversos atosnormativos, inclusive da Instrução Normativa IBAMA no 210, de25.11.2008; ii) o Congresso Nacional, através do Decreto Legislativo no293, de 10.12.2015, sustou os efeitos da Portaria Interministerial no192/2015, restabelecendo o período de defeso; iii) em07.01.2016, o então Presidente do Supremo Tribunal Federal, MinistroRicardo Lewandowski, apreciando o pedido de medida cautelar na AçãoDireta de Inconstitucionalidade n o 5447, deferiu liminar, parasuspender os efeitos do referido Decreto Legislativo, o que autorizou oexercício da atividade pesqueira; e iv) em11.03.2016, o relator da ADI 5447/DF, Ministro Roberto Barroso,revogoua cautelar anteriormente deferida, para o fim de restabelecerosefeitos do Decreto-Legislativo no 293/2015, voltando a vigorar, deimediato e com efeitos ex nunc, todos os períodos de defeso suspensospela Portaria Interministerial no 192/2015. 4. EstaTerceira Turma já firmou entendimento de que os pescadores artesanais,nos termos do art. 1o, da Lei 10.779/2003, fazem jus ao segurodesemprego, no valor de um salário mínimo, em virtude da paralisaçãotemporária da pesca, no período de defeso referente a 2015/2016,porquanto evidenciou-se a insegurança jurídica causada pelos referidosatos normativos e decisões judiciais. Precedente: PROCESSO:08001885420164058202, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHOMOREIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 26/05/2017. 5. Ora, como bem decididopelo Juiz sentenciante, certamente os pescadores artesanais não tiveramciência da liberação da pesca em 07.01.2016, quando foi proferidadecisão liminar, nos autos da ADI 5447/DF, já que i) apresentam baixainstrução; ii) não figuram como parte na referida ação; e iii) areferida liminar foi disponibilizada no DJE em 20.01.2016, o quejustifica, portanto, o deferimento do benefício para aqueles que atendamaos requisitos legais. 6. Apelação improvida. (PROCESSO 08006666220164058202, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3a Turma, JULGAMENTO: 05/06/2018) Asolução mais adequada ao caso, com todas as vênias aos entendimentoscontrários, é no sentido do pagamento integral das parcelas. O quadro,pelo exposto acima, era de extrema insegurança quanto à vigência ou nãodo defeso, agravado pelo fato de as normas se destinarem a parcela dapopulação não afeita a questões jurídicas. Embora, em 07/01/2016, oentão presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro RicardoLewandowski, tenha deferido liminar na ADI 5447, o que significou apossibilidade de exercício da atividade pesqueira, é pouco provável queos beneficiários do seguro-defeso tenham tido conhecimento daliberação.A revogação da liminar (i.e., a revogação da liminar vedou apesca), emdecisão da lavra do Ministro Roberto Barroso, depois deencerrado oprazo do defeso, teve efeitos para o futuro (“ex nunc”),mas, muitopossivelmente, foi seguido tal caminho (e não o de efeitosretroativos –“ex tunc”) porque isso poderia resultar em processoscriminais contraos pescadores: se a pesca estava proibida desde oinício do defeso(efeitos “ex tunc”), aqueles que exerceram a atividadeteriam cometidocrimes ambientais. Emsíntese, é devido o pagamento integral das 3 (três) parcelas doseguro-defeso cabíveis em relação ao período findo em 28/02/2016.Cuida-se de condenação em obrigação de pagar (e não de fazer), porquantoassim se deve proceder quanto aos valores devidos pelos entes públicos(CF, art. 100). Nãohá, em outra direção, como acolher, caso formulado, o pedido decondenação em danos morais, eis que a situação em tela não desbordou dopatamar de mero aborrecimento, não restando demonstrada situaçãovexatória, com imposição de constrangimento ou humilhação, como jádecidiu o TRF 5a. Região em caso semelhante (PROCESSO08000955320144058205, Apelação Cível, DESEMBARGADOR FEDERAL JANILSONBEZERRA DE SIQUEIRA, 3a Turma, JULGAMENTO: 31/10/2017). Anteo exposto, com fulcro no art. 487, I, NCPC, JULGO PARCIALMENTEPROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL para condenar a parte ré ao pagamento doseguro-defeso do período de 01/12/2015 a 28/02/2016, com os acréscimoslegais em conformidade com o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei , subsidiariamente aplicada. Apresentadorecurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam osautos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquive-se
PROVIMENTO
0513287-96.2018.4.05.8202
2018-08-19 00:00:00
EBSERH - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (C.I.) (15.126.437/0001-43) Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) (05.055.128/0001-76) JUCIE FERREIRA DE MEDEIROS (CE018543B)
IFES
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-04-23 21:59:56
Sentença - Parcialmente Procedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
10,410
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Empregado Público / Temporário
Contrato Temporário de Mão de Obra L 8.745/1993
1
PB015166
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de cobrança ajuizada por EUZIANE DE CARVALHO CAROLINO, em face da UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG - e da EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES (EBSERH), pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora que, no ano de 2015, foi contratada verbalmente para trabalhar no Hospital Infantil de Cajazeiras, o qual passou a ser administrado pela UFCG e, em seguida, pela EBSERN. Esclarece, ainda, que recebeu remuneração correspondente a um salário-mínimo mensal até a rescisão do contrato de trabalho, em 31/07/2018. Ocorre que a parte promovida declarou, perante a Receita Federal, o pagamento de verba salarial em valor bem maior do que aquele efetivamente recebido em alguns meses. Ademais, a parte nunca gozou de período de férias, décimo terceiro, adicional noturno, salário-família, horas extras excedentes à 44a hora semanal, licença-maternidade e insalubridade. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento da diferença salarial, férias, décimo terceiro, adicional de insalubridade e adicional noturno. Citada, a UFCG apresentou contestação ao anexo 12, na qual requereu, de início, o reconhecimento da prescrição bienal. Asseverou, ainda, que o Hospital Universitário Júlio Bandeira surgiu da doação do Instituto Júlio Bandeira à UFCG e que, em um período de transição, o Município de Cajazeiras/PB se comprometeu a assegurar o custeio da folha de pagamento dos prestadores de serviços das atividades-fim. Esclareceu que, durante o ano de 2012, os profissionais foram contratados pela Prefeitura de Cajazeiras e cedidos para a prestação de serviços no hospital. Ademais, foi aprovado o Projeto de Lei no 02/2013, prorrogando a responsabilidade pela manutenção do quadro dos prestadores das atividades “fins”, até o dia 27/01/2014. Acontece que, com o término de tal período de transição, o MPF ajuizou a ACP de no 0001750-73.2012.4.05.8202, em trâmite perante a 8a Vara Federal da Paraíba, em face da UFCG, União e Município de Cajazeiras, com a pretensão de obter a condenação dos réus em obrigação de fazer que assegurasse a manutenção da prestação dos serviços e o funcionamento do HUJB, em Cajazeiras/PB. Na citada demanda, foi concedida liminar (07/05/2014) que obrigou a UFCG e União Federal a manterem os prestadores de serviços contratados pelo Município de Cajazeiras e a responderem pelo pagamento da folha de pessoal. Tal decisão perdurou até 31/07/2018, quando o TRF da 5a Região a reformou. A referida decisão impedia que a UFCG realizasse a contratação de mais pessoal. Assim, a única forma de continuar pagando os prestadores seria na modalidade de profissional liberal, com remuneração de acordo com o elemento de despesas “serviços técnicos profissionais pessoa física”. Portanto, foram mantidas as mesmas condições de “contrato” que vinham sendo praticadas pelo Município de Cajazeiras. Por fim, asseverando que todas as verbas foram pagas, pugnou pela rejeição dos pedidos formulados na exordial. Impugnação à contestação ao anexo 17. Por sua vez, a EBSERH apresentou contestação ao anexo 22. Ventilou, em sede de preliminar, a sua ilegitimidade passiva e, ao final, requereu a rejeição do pleito deduzido pela parte autora. Impugnação à contestação ao anexo 24. Não havendo necessidade de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo ao julgamento antecipado do mérito, nos termos do art. 355, I, do CPC/2015. É o relatório. Passo a decidir. II – FUNDAMENTAÇÃO Da legitimidade passiva da UFCG À luz das circunstâncias narradas, verifica-se que foi determinado, por decisão proferida no processo de no 0001750-73.2012.4.05.8202, que, a partir do dia 28/01/2014, a responsabilidade pela folha de pagamento dos prestadores de serviços das atividades-fim do HUJB seria da UFCG e da União. Com efeito, até o dia 27/01/2014, a responsabilidade pelo pagamento da folha dos prestadores de serviços era do Município de Cajazeiras/PB, nos termos da Lei no 02/2013. Desse modo, é forçoso o reconhecimento da legitimidade da UFCG para figurar no polo passivo da presente lide no que tange aos encargos decorrentes da prestação dos serviços realizados a partir de 28/01/2014. Da Ilegitimidade passiva da EBSERH Da análise dos documentos encartados aos autos, não se evidencia relação jurídica entre a autora e a EBSERH. Com efeito, a responsabilidade pelo pagamento dos encargos oriundos da prestação de serviço em discussão é da UFCG e da União, de forma solidária. Registre-se, inclusive, que, perante a 8a Vara Federal dessa Subseção Judiciária, tramita Ação Civil Pública, processo de no. 0001750-73.2012.4.05.8202, visando a solucionar justamente o problema relativo ao corpo de funcionários enfrentado pelo Hospital Universitário Júlio Bandeira, administrado, à época, diretamente pela Universidade Federal de Campina Grande. Em sede de liminar, deferida naqueles autos, no ano de 2014, foi determinado: “1) que a UFCG realize, através da EBSERH, concurso público para provimento do quadro de pessoal do Hospital Universitário Júlio Bandeira, no prazo máximo de 01 (um) ano, ante a notícia da adesão à EBSERH; 2) que nesse hiato temporal sejam mantidos os atuais prestadores de serviço até a contratação dos aprovados no certame público, respondendo a UFCG e a UNIÃO pelo pagamento da atual folha de pessoal. Determino, ainda, que UFCG e UNIÃO carreiem, mensalmente, os comprovantes de pagamento da folha enquanto perdurar a obrigação. O prazo de um ano correrá a partir da intimação do representante da UFCG”. Diante desse cenário, acolho a preliminar e reconheço a ilegitimidade passiva da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), excluindo-a do polo passivo da lide. DA PRESCRIÇÃO No que concerne ao prazo prescricional das ações ajuizadas em face da Fazenda Pública, o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que se aplica a regra do Decreto 20.910/32, em detrimento das normas do Código Civil de 2002. Com efeito, a Corte Superior entendeu que o Decreto 20.910/32, que regula a prescrição das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, se constitui em norma especial e, por tal razão, deve prevalecer em relação à disposição prevista no Código Civil, norma que regula o tema de maneira genérica. A seguir, colaciono a ementa do referido julgado: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ARTIGO 543-C DO CPC). RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL (ART. 1o DO DECRETO 20.910/32) X PRAZO TRIENAL (ART. 206, § 3o, V, DO CC). PREVALÊNCIA DA LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃO PACIFICADA NO ÂMBITO DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. A controvérsia do presente recurso especial, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC e da Res. STJ n 8/2008, está limitada ao prazo prescricional em ação indenizatória ajuizada contra a Fazenda Pública, em face da aparente antinomia do prazo trienal (art. 206, § 3o, V, do Código Civil) e o prazo quinquenal (art. 1o do Decreto 20.910/32). 2. O tema analisado no presente caso não estava pacificado, visto que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública era defendido de maneira antagônica nos âmbitos doutrinário e jurisprudencial. Efetivamente, as Turmas de Direito Público desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois existem julgados de ambos os órgãos julgadores no sentido da aplicação do prazo prescricional trienal previsto no Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública. Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp 1.238.260/PB, 2a Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011; REsp 1.217.933/RS, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp 1.182.973/PR, 2a Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 10.2.2011; REsp 1.066.063/RS, 1a Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de 17.11.2008; EREspsim 1.066.063/RS, 1a Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 22/10/2009). A tese do prazo prescricional trienal também é defendida no âmbito doutrinário, dentre outros renomados doutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho ("Manual de Direito Administrativo", 24a Ed., Rio de Janeiro: Editora Lumen Júris, 2011, págs. 529/530) e Leonardo José Carneiro da Cunha ("A Fazenda Pública em Juízo", 8a ed, São Paulo: Dialética, 2010, págs. 88/90). 3. Entretanto, não obstante os judiciosos entendimentos apontados, o atual e consolidado entendimento deste Tribunal Superior sobre o tema é no sentido da aplicação do prazo prescricional quinquenal - previsto do Decreto 20.910/32 - nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido do Código Civil de 2002. 4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32, que regula a prescrição, seja qual for a sua natureza, das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, ao contrário da disposição prevista no Código Civil, norma geral que regula o tema de maneira genérica, a qual não altera o caráter especial da legislação, muito menos é capaz de determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de Responsabilidade Civil". Editora Revista dos Tribunais, 7a Ed. - São Paulo, 2007; págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado ("Curso de Direito Administrativo". Editora Fórum, 2a Ed. - Belo Horizonte, 2010; pág. 1042). 5. A previsão contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por si só, não autoriza a afirmação de que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública foi reduzido pelo Código Civil de 2002, a qual deve ser interpretada pelos critérios histórico e hermenêutico. Nesse sentido: Marçal Justen Filho ("Curso de Direito Administrativo". Editora Saraiva, 5a Ed. - São Paulo, 2010; págs. 1.296/1.299). 6. Sobre o tema, os recentes julgados desta Corte Superior: AgRg no AREsp 69.696/SE, 1a Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 21.8.2012; AgRg nos EREsp 1.200.764/AC, 1a Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 6.6.2012; AgRg no REsp 1.195.013/AP, 1a Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.5.2012; REsp 1.236.599/RR, 2a Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 131.894/GO, 2a Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 26.4.2012; AgRg no AREsp 34.053/RS, 1a Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 36.517/RJ, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012; EREsp 1.081.885/RR, 1a Seção, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de 1o.2.2011. 7. No caso concreto, a Corte a quo, ao julgar recurso contra sentença que reconheceu prazo trienal em ação indenizatória ajuizada por particular em face do Município, corretamente reformou a sentença para aplicar a prescrição quinquenal prevista no Decreto 20.910/32, em manifesta sintonia com o entendimento desta Corte Superior sobre o tema. 8. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1251993/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2012, DJe 19/12/2012) (grifos acrescidos) Aplicando-se à hipótese em comento o prazo previsto no art. 1o do Decreto 20.910/32, tem-se que não há que se falar em prescrição da pretensão deduzida na exordial. Com efeito a parte autora pleiteia o recebimento de verbas referentes aos serviços prestados a partir de 2015, ao passo em que a ação foi ajuizada em 15/08/2018, portanto, antes do transcurso do prazo prescricional quinquenal. Nesse diapasão, afasto o pedido de reconhecimento da prescrição da pretensão deduzida na exordial e passo ao julgamento do mérito propriamente dito. II.3 – DO MÉRITO De início, cumpre destacar que, não obstante a parte promovente tenha alegado que nunca gozou de período de férias, décimo terceiro, adicional noturno, salário-família, horas extras excedentes à 44a hora semanal, licença-maternidade e insalubridade, os pedidos formulados na exordial se limitaram ao recebimento das verbas correspondentes à (1) diferença salarial, (2) férias, (3) décimo terceiro, (4) adicional de insalubridade e (5) adicional noturno, razão pela qual apenas os direitos relacionados a estas últimas prestações serão apreciados por esta sentença. Na situação posta nos autos, embora a parte demandante não tenha apresentado contrato, evidencia-se que ela foi contratada por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do art. 37, IX, CF, porquanto os documentos constantes do anexos 02, folhas 08/12 e anexos 03/09 indicam que ela prestou serviço ao Hospital Universitário Júlio Maria Bandeira de Mello, no período de 01/12/2015 a 31/07/2018, conforme determinação judicial, nos autos do processo de no. 0001750-73.2012.4.05.8202. Após análise daquela decisão, observa-se que, visando a solucionar o problema enfrentado pelo Hospital Universitário Júlio Bandeira, administrado, naquele momento, diretamente pela Universidade Federal de Campina Grande, aquele Juízo determinou: “1) que a UFCG realize, através da EBSERH, concurso público para provimento do quadro de pessoal do Hospital Universitário Júlio Bandeira, no prazo máximo de 01 (um) ano, ante a notícia da adesão à EBSERH; 2) que nesse hiato temporal sejam mantidos os atuais prestadores de serviço até a contratação dos aprovados no certame público, respondendo a UFCG e a UNIÃO pelo pagamento da atual folha de pessoal”. Desse modo, trata-se de vínculo jurídico-administrativo, decorrente de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público da Administração. – Dos valores correspondentes à diferença salarial Em que pesem os argumentos ventilados na exordial, não assiste razão à parte autora no que tange ao pleito de recebimento das diferenças salariais, com fundamento na discrepância entre o montante efetivamente percebido e os valores declarados pela demandada à Receita Federal. Com efeito, à luz dos fatos narrados na exordial, a parte promovente recebeu mensalmente o salário-mínimo devido pela prestação dos serviços durante o período trabalhado perante o Hospital Universitário Júlio Maria Bandeira de Mello, de acordo com o que foi ajustado com a parte promovida. Nesse tom, não havendo pagamento a menor do que aquele que foi ajustado pelas partes, não há que se falar em direito à percepção de diferença salarial. Consigne-se, por oportuno, que eventual incorreção dos valores declarados pela promovida à Receita Federal deve ser retificada para corresponder à realidade fática e pode implicar em infrações administrativas e criminais, no entanto, não atinge nem causa prejuízos de forma direta à parte, tampouco implica em direito à percepção de valores de forma distinta da prevista no contrato de prestação de serviços. Das verbas correspondentes às férias, ao terço constitucional das férias, ao décimo terceiro salário e ao adicional noturno A Lei 8.745/93, em seu art. 11, veio a estender aos servidores temporários inúmeras vantagens, dentre as quais, férias e seu respectivo adicional, décimo terceiro salário e adicional noturno, objetos da presente demanda. No caso em tela, a autora juntou documentos aos anexos 07/09 que indicam que trabalhou de janeiro de 2017 a julho de 2018 perante o Hospital Universitário Júlio Bandeira, em escalas de períodos noturnos, diurnos ou mistos. A autora não juntou a escala de trabalho refrente aos anos de 2015 e 2016, razão pela qual não é possível atestar a realização de trabalho no período noturno neste intervalo de tempo. Ademais, a parte promovida não apresentou impugnação específica em relação a tais fatos ou documentos. Desse modo, demonstrada a prestação dos serviços entre os anos de 2017 a 2018 em horário noturno e/ou diurno, caberia à parte demandada a comprovação do pagamento dos encargos correspondentes, por força do art. 373, II, do CPC/2015. Observe-se que a demonstração do adimplemento dos valores em discussão poderia ser feita pela parte promovida através de recibos, extratos, entre outros elementos, no entanto, a parte não se desincumbiu do ônus legal. Por conseguinte, à míngua de prova de que a autora gozou dos benefícios, entendo que a parte faz jus ao pagamento das férias, 1/3 de férias, e décimo terceiro salário correspondentes ao período de 01/12/2015 a 31/07/2018, e ao pagamento de adicional noturno de 01/01/2017 a 31/07/2018. Destaque-se que tais valores deverão ser apurados por ocasião do cumprimento da sentença. – Do adicional de insalubridade Quanto ao adicional de insalubridade, é mister esclarecer que o mero fato de a parte exercer suas atividades em um hospital não enseja, por si só, o reconhecimento automático do direito à percepção da verba salarial. Com efeito, para o recebimento do adicional de insalubridade, é necessária a demonstração de que o profissional se encontre efetivamente exposto a agentes nocivos à sua saúde, além dos limites estabelecido em lei. Ocorre que, no caso em tela, a autora não trouxe nenhum documento apto a demonstrar a efetiva exposição a agentes nocivos no ambiente de trabalho, não se desincumbindo do ônus imposto pelo art. 333, I, do CPC/2015, razão pela qual é forçosa a rejeição do pleito de recebimento da referida verba. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, acolho a preliminar de ilegitimidade passiva e extingo o feito sem resolução do mérito em relação Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), nos termos do art. 485, VI, do CPC/2015 e, no mérito, julgo parcialmente procedentes os pedidos formulados na exordial, para condenar a UFCG a pagar, em favor da parte autora, as férias não gozadas, acrescidas do terço constitucional e décimo terceiro salário, correspondentes ao período de 01/12/2015 a 31/07/2018, obedecida à proporcionalidade em cada período, e ao pagamento de adicional noturno de 01/01/2017 a 31/07/2018. Sobre o crédito da parte autora devem incidir juros de mora com base no “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”, conforme o disposto no art.1o-F da Lei no. 9.494/97, na redação dada pela Lei no. 11.960/2009, a contar da citação (súmula n.o204, STJ). A correção monetária, por sua vez, deve ser calculada com base no IPCA-E, a partir das respectivas competências (RE 870947). Com o advento do trânsito em julgado, intime-se a parte autora para apresentar planilha de cálculos atualizada no prazo de trinta dias. Uma vez apresentada a planilha, intime-se a parte ré para, no prazo de 5 (cinco) dias, manifestar-se sobre a mesma, havendo aquiescência, tácita ou expressa, quanto aos valores apresentados, ou impugnação meramente genérica, desde logo rejeitada, expeça-se RPV, ou precatório, caso ultrapassado o teto legal no curso da ação, com o vencimento das parcelas devidas após a propositura da ação. Interposto o recurso, tempestivamente, intime-se a parte contrária para oferecer resposta escrita, remetendo-se em seguida os autos à Turma Recursal. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c art. 55 da Lei no 9.099/95 e art. 3o da Lei 1.060/50, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. A publicação e o registro desta Sentença decorrerão automaticamente de sua validação no Sistema. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
VOTO-EMENTA ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. COBRANÇA DE VERBAS REMUNERATÓRIAS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DO ENTE PÚBLICO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. REJEIÇÃO. AUSÊNCIA DE CONTRATAÇÃO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INSURGÊNCIA QUANTO AO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA APLICADO. RECURSO DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1.A sentença julgou parcialmente procedente o pedido inicial, para condenar a UFCG a pagar, em favor da parte autora, as férias não gozadas, acrescidas do terço constitucional e décimo terceiro salário, correspondentes ao período de 01/12/2015 a 31/07/2018, obedecida à proporcionalidade em cada período, e ao pagamento de adicional noturno de 01/01/2017 a 31/07/2018. 2. No caso dos autos, a parte autora, no ano de 2015, foi contratada verbalmente para trabalhar no Hospital Infantil de Cajazeiras (HUJB), o qual passou a ser administrado pela UFCG e, em seguida, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH. Em razão do serviço prestado, houve o pagamento de remuneração correspondente a um salário-mínimo mensal até a rescisão do contrato de trabalho, em 31/07/2018. Contudo, a parte nunca gozou de período de férias, décimo terceiro, adicional noturno, salário-família, horas extras excedentes à 44a hora semanal, licença-maternidade e insalubridade. 3. A UFCG recorre, alegando, preliminarmente, a sua ilegitimidade passiva e, no mérito, alega a inexistência de contratação da autora pela Administração Pública. Pleiteia, ainda, que as parcelas pretéritas sejam atualizadas por meio do art. 1o-F da Lei no 9.494/97. 4.Inicialmente, quanto à preliminar suscitada, verifica-se que já restou devidamente debatida na sentença, no sentido de que foi determinado, por decisão proferida no processo no 0001750-73.2012.4.05.8202, que, a partir do dia 28/01/2014, a responsabilidade pela folha de pagamento dos prestadores de serviços das atividades-fim do HUJB (Hospital Universitário Júlio Bandeira) seria da UFCG e da União. 5.Quanto à alegação de inexistência de contratação, colhe-se dos autos que a parte autora prestou serviço ao Hospital Universitário Júlio Maria Bandeira de Mello no período de 01/12/2015 a 31/07/2018 (A. 02, fls. 08-12 e A. 03-09 - CNIS). Logo, restou devidamente comprovada a existência de vínculo. 6. No que tange à pretensão de aplicação da Lei 11.960/2009, esta não merece prosperar, tendo em vista que esta Turma Recursal vem considerando inconstitucional o art. 1o-F da Lei no 9.494/97 com relação à aplicação da Taxa Referencial para fins de atualização monetária, conforme fundamentação constante no seguinte precedente: 0502280-40.2014.4.05.8205, julgamento em 04/09/2015. Ademais, recentemente, o Pleno do STF, ao julgar o RE no. 870.947, com repercussão geral, decidiu no mesmo sentido dos argumentos utilizados por esta TR e declarou a “impossibilidade jurídica da utilização do índice de remuneração da caderneta de poupança como critério de correção monetária imposta à Fazenda Pública”. 7. Ante tais razões, o recurso não merece provimento. 8. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011) 9. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso do ente público, para manter a sentença por seus próprios fundamentos. Condenação do ente público ao pagamento de honorários advocatícios em 10% sobre o valor da condenação. Sem condenação ao pagamento de custas processuais em face do disposto no art. 4o, inciso I, da Lei no 9.289/96.
2,961
594
0
0
15-PB
0
246.894398
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação de cobrança ajuizada por EUZIANE DE CARVALHO CAROLINO, em face da UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG - e da EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES (EBSERH), pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora que, no ano de 2015, foi contratada verbalmente para trabalhar no Hospital Infantil de Cajazeiras, o qual passou a ser administrado pela UFCG e, em seguida, pela EBSERN. Esclarece, ainda, que recebeu remuneração correspondente a um salário-mínimo mensal até a rescisão do contrato de trabalho, em 31/07/2018. Ocorre que a parte promovida declarou, perante a Receita Federal, o pagamento de verba salarial em valor bem maior do que aquele efetivamente recebido em alguns meses. Ademais, a parte nunca gozou de período de férias, décimo terceiro, adicional noturno, salário-família, horas extras excedentes à 44a hora semanal, licença-maternidade e insalubridade. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento da diferença salarial, férias, décimo terceiro, adicional de insalubridade e adicional noturno. Citada, a UFCG apresentou contestação ao anexo 12, na qual requereu, de início, o reconhecimento da prescrição bienal. Asseverou, ainda, que o Hospital Universitário Júlio Bandeira surgiu da doação do Instituto Júlio Bandeira à UFCG e que, em um período de transição, o Município de Cajazeiras/PB se comprometeu a assegurar o custeio da folha de pagamento dos prestadores de serviços das atividades-fim. Esclareceu que, durante o ano de 2012, os profissionais foram contratados pela Prefeitura de Cajazeiras e cedidos para a prestação de serviços no hospital. Ademais, foi aprovado o Projeto de Lei no 02/2013, prorrogando a responsabilidade pela manutenção do quadro dos prestadores das atividades “fins”, até o dia 27/01/2014. Acontece que, com o término de tal período de transição, o MPF ajuizou a ACP de no 0001750-73.2012.4.05.8202, em trâmite perante a 8a Vara Federal da Paraíba, em face da UFCG, União e Município de Cajazeiras, com a pretensão de obter a condenação dos réus em obrigação de fazer que assegurasse a manutenção da prestação dos serviços e o funcionamento do HUJB, em Cajazeiras/PB. Na citada demanda, foi concedida liminar (07/05/2014) que obrigou a UFCG e União Federal a manterem os prestadores de serviços contratados pelo Município de Cajazeiras e a responderem pelo pagamento da folha de pessoal. Tal decisão perdurou até 31/07/2018, quando o TRF da 5a Região a reformou. A referida decisão impedia que a UFCG realizasse a contratação de mais pessoal. Assim, a única forma de continuar pagando os prestadores seria na modalidade de profissional liberal, com remuneração de acordo com o elemento de despesas “serviços técnicos profissionais pessoa física”. Portanto, foram mantidas as mesmas condições de “contrato” que vinham sendo praticadas pelo Município de Cajazeiras. Por fim, asseverando que todas as verbas foram pagas, pugnou pela rejeição dos pedidos formulados na exordial. Impugnação à contestação ao anexo 17. Por sua vez, a EBSERH apresentou contestação ao anexo 22. Ventilou, em sede de preliminar, a sua ilegitimidade passiva e, ao final, requereu a rejeição do pleito deduzido pela parte autora. Impugnação à contestação ao anexo 24. Não havendo necessidade de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo ao julgamento antecipado do mérito, nos termos do art. 355, I, do CPC/2015. É o relatório. Passo a decidir. II – FUNDAMENTAÇÃO Da legitimidade passiva da UFCG À luz das circunstâncias narradas, verifica-se que foi determinado, por decisão proferida no processo de no 0001750-73.2012.4.05.8202, que, a partir do dia 28/01/2014, a responsabilidade pela folha de pagamento dos prestadores de serviços das atividades-fim do HUJB seria da UFCG e da União. Com efeito, até o dia 27/01/2014, a responsabilidade pelo pagamento da folha dos prestadores de serviços era do Município de Cajazeiras/PB, nos termos da Lei no 02/2013. Desse modo, é forçoso o reconhecimento da legitimidade da UFCG para figurar no polo passivo da presente lide no que tange aos encargos decorrentes da prestação dos serviços realizados a partir de 28/01/2014. Da Ilegitimidade passiva da EBSERH Da análise dos documentos encartados aos autos, não se evidencia relação jurídica entre a autora e a EBSERH. Com efeito, a responsabilidade pelo pagamento dos encargos oriundos da prestação de serviço em discussão é da UFCG e da União, de forma solidária. Registre-se, inclusive, que, perante a 8a Vara Federal dessa Subseção Judiciária, tramita Ação Civil Pública, processo de no. 0001750-73.2012.4.05.8202, visando a solucionar justamente o problema relativo ao corpo de funcionários enfrentado pelo Hospital Universitário Júlio Bandeira, administrado, à época, diretamente pela Universidade Federal de Campina Grande. Em sede de liminar, deferida naqueles autos, no ano de 2014, foi determinado: “1) que a UFCG realize, através da EBSERH, concurso público para provimento do quadro de pessoal do Hospital Universitário Júlio Bandeira, no prazo máximo de 01 (um) ano, ante a notícia da adesão à EBSERH; 2) que nesse hiato temporal sejam mantidos os atuais prestadores de serviço até a contratação dos aprovados no certame público, respondendo a UFCG e a UNIÃO pelo pagamento da atual folha de pessoal. Determino, ainda, que UFCG e UNIÃO carreiem, mensalmente, os comprovantes de pagamento da folha enquanto perdurar a obrigação. O prazo de um ano correrá a partir da intimação do representante da UFCG”. Diante desse cenário, acolho a preliminar e reconheço a ilegitimidade passiva da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), excluindo-a do polo passivo da lide. DA PRESCRIÇÃO No que concerne ao prazo prescricional das ações ajuizadas em face da Fazenda Pública, o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que se aplica a regra do Decreto 20.910/32, em detrimento das normas do Código Civil de 2002. Com efeito, a Corte Superior entendeu que o Decreto 20.910/32, que regula a prescrição das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, se constitui em norma especial e, por tal razão, deve prevalecer em relação à disposição prevista no Código Civil, norma que regula o tema de maneira genérica. A seguir, colaciono a ementa do referido julgado: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ARTIGO 543-C DO CPC). RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL (ART. 1o DO DECRETO 20.910/32) X PRAZO TRIENAL (ART. 206, § 3o, V, DO CC). PREVALÊNCIA DA LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃO PACIFICADA NO ÂMBITO DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. A controvérsia do presente recurso especial, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC e da Res. STJ n 8/2008, está limitada ao prazo prescricional em ação indenizatória ajuizada contra a Fazenda Pública, em face da aparente antinomia do prazo trienal (art. 206, § 3o, V, do Código Civil) e o prazo quinquenal (art. 1o do Decreto 20.910/32). 2. O tema analisado no presente caso não estava pacificado, visto que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública era defendido de maneira antagônica nos âmbitos doutrinário e jurisprudencial. Efetivamente, as Turmas de Direito Público desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois existem julgados de ambos os órgãos julgadores no sentido da aplicação do prazo prescricional trienal previsto no Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública. Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp 1.238.260/PB, 2a Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011; REsp 1.217.933/RS, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp 1.182.973/PR, 2a Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 10.2.2011; REsp 1.066.063/RS, 1a Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de 17.11.2008; EREspsim 1.066.063/RS, 1a Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 22/10/2009). A tese do prazo prescricional trienal também é defendida no âmbito doutrinário, dentre outros renomados doutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho ("Manual de Direito Administrativo", 24a Ed., Rio de Janeiro: Editora Lumen Júris, 2011, págs. 529/530) e Leonardo José Carneiro da Cunha ("A Fazenda Pública em Juízo", 8a ed, São Paulo: Dialética, 2010, págs. 88/90). 3. Entretanto, não obstante os judiciosos entendimentos apontados, o atual e consolidado entendimento deste Tribunal Superior sobre o tema é no sentido da aplicação do prazo prescricional quinquenal - previsto do Decreto 20.910/32 - nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido do Código Civil de 2002. 4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32, que regula a prescrição, seja qual for a sua natureza, das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, ao contrário da disposição prevista no Código Civil, norma geral que regula o tema de maneira genérica, a qual não altera o caráter especial da legislação, muito menos é capaz de determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de Responsabilidade Civil". Editora Revista dos Tribunais, 7a Ed. - São Paulo, 2007; págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado ("Curso de Direito Administrativo". Editora Fórum, 2a Ed. - Belo Horizonte, 2010; pág. 1042). 5. A previsão contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por si só, não autoriza a afirmação de que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública foi reduzido pelo Código Civil de 2002, a qual deve ser interpretada pelos critérios histórico e hermenêutico. Nesse sentido: Marçal Justen Filho ("Curso de Direito Administrativo". Editora Saraiva, 5a Ed. - São Paulo, 2010; págs. 1.296/1.299). 6. Sobre o tema, os recentes julgados desta Corte Superior: AgRg no AREsp 69.696/SE, 1a Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 21.8.2012; AgRg nos EREsp 1.200.764/AC, 1a Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 6.6.2012; AgRg no REsp 1.195.013/AP, 1a Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.5.2012; REsp 1.236.599/RR, 2a Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 131.894/GO, 2a Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 26.4.2012; AgRg no AREsp 34.053/RS, 1a Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 36.517/RJ, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012; EREsp 1.081.885/RR, 1a Seção, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de 1o.2.2011. 7. No caso concreto, a Corte a quo, ao julgar recurso contra sentença que reconheceu prazo trienal em ação indenizatória ajuizada por particular em face do Município, corretamente reformou a sentença para aplicar a prescrição quinquenal prevista no Decreto 20.910/32, em manifesta sintonia com o entendimento desta Corte Superior sobre o tema. 8. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1251993/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2012, DJe 19/12/2012) (grifos acrescidos) Aplicando-se à hipótese em comento o prazo previsto no art. 1o do Decreto 20.910/32, tem-se que não há que se falar em prescrição da pretensão deduzida na exordial. Com efeito a parte autora pleiteia o recebimento de verbas referentes aos serviços prestados a partir de 2015, ao passo em que a ação foi ajuizada em 15/08/2018, portanto, antes do transcurso do prazo prescricional quinquenal. Nesse diapasão, afasto o pedido de reconhecimento da prescrição da pretensão deduzida na exordial e passo ao julgamento do mérito propriamente dito. II.3 – DO MÉRITO De início, cumpre destacar que, não obstante a parte promovente tenha alegado que nunca gozou de período de férias, décimo terceiro, adicional noturno, salário-família, horas extras excedentes à 44a hora semanal, licença-maternidade e insalubridade, os pedidos formulados na exordial se limitaram ao recebimento das verbas correspondentes à (1) diferença salarial, (2) férias, (3) décimo terceiro, (4) adicional de insalubridade e (5) adicional noturno, razão pela qual apenas os direitos relacionados a estas últimas prestações serão apreciados por esta sentença. Na situação posta nos autos, embora a parte demandante não tenha apresentado contrato, evidencia-se que ela foi contratada por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do art. 37, IX, CF, porquanto os documentos constantes do anexos 02, folhas 08/12 e anexos 03/09 indicam que ela prestou serviço ao Hospital Universitário Júlio Maria Bandeira de Mello, no período de 01/12/2015 a 31/07/2018, conforme determinação judicial, nos autos do processo de no. 0001750-73.2012.4.05.8202. Após análise daquela decisão, observa-se que, visando a solucionar o problema enfrentado pelo Hospital Universitário Júlio Bandeira, administrado, naquele momento, diretamente pela Universidade Federal de Campina Grande, aquele Juízo determinou: “1) que a UFCG realize, através da EBSERH, concurso público para provimento do quadro de pessoal do Hospital Universitário Júlio Bandeira, no prazo máximo de 01 (um) ano, ante a notícia da adesão à EBSERH; 2) que nesse hiato temporal sejam mantidos os atuais prestadores de serviço até a contratação dos aprovados no certame público, respondendo a UFCG e a UNIÃO pelo pagamento da atual folha de pessoal”. Desse modo, trata-se de vínculo jurídico-administrativo, decorrente de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público da Administração. – Dos valores correspondentes à diferença salarial Em que pesem os argumentos ventilados na exordial, não assiste razão à parte autora no que tange ao pleito de recebimento das diferenças salariais, com fundamento na discrepância entre o montante efetivamente percebido e os valores declarados pela demandada à Receita Federal. Com efeito, à luz dos fatos narrados na exordial, a parte promovente recebeu mensalmente o salário-mínimo devido pela prestação dos serviços durante o período trabalhado perante o Hospital Universitário Júlio Maria Bandeira de Mello, de acordo com o que foi ajustado com a parte promovida. Nesse tom, não havendo pagamento a menor do que aquele que foi ajustado pelas partes, não há que se falar em direito à percepção de diferença salarial. Consigne-se, por oportuno, que eventual incorreção dos valores declarados pela promovida à Receita Federal deve ser retificada para corresponder à realidade fática e pode implicar em infrações administrativas e criminais, no entanto, não atinge nem causa prejuízos de forma direta à parte, tampouco implica em direito à percepção de valores de forma distinta da prevista no contrato de prestação de serviços. Das verbas correspondentes às férias, ao terço constitucional das férias, ao décimo terceiro salário e ao adicional noturno A Lei 8.745/93, em seu art. 11, veio a estender aos servidores temporários inúmeras vantagens, dentre as quais, férias e seu respectivo adicional, décimo terceiro salário e adicional noturno, objetos da presente demanda. No caso em tela, a autora juntou documentos aos anexos 07/09 que indicam que trabalhou de janeiro de 2017 a julho de 2018 perante o Hospital Universitário Júlio Bandeira, em escalas de períodos noturnos, diurnos ou mistos. A autora não juntou a escala de trabalho refrente aos anos de 2015 e 2016, razão pela qual não é possível atestar a realização de trabalho no período noturno neste intervalo de tempo. Ademais, a parte promovida não apresentou impugnação específica em relação a tais fatos ou documentos. Desse modo, demonstrada a prestação dos serviços entre os anos de 2017 a 2018 em horário noturno e/ou diurno, caberia à parte demandada a comprovação do pagamento dos encargos correspondentes, por força do art. 373, II, do CPC/2015. Observe-se que a demonstração do adimplemento dos valores em discussão poderia ser feita pela parte promovida através de recibos, extratos, entre outros elementos, no entanto, a parte não se desincumbiu do ônus legal. Por conseguinte, à míngua de prova de que a autora gozou dos benefícios, entendo que a parte faz jus ao pagamento das férias, 1/3 de férias, e décimo terceiro salário correspondentes ao período de 01/12/2015 a 31/07/2018, e ao pagamento de adicional noturno de 01/01/2017 a 31/07/2018. Destaque-se que tais valores deverão ser apurados por ocasião do cumprimento da sentença. – Do adicional de insalubridade Quanto ao adicional de insalubridade, é mister esclarecer que o mero fato de a parte exercer suas atividades em um hospital não enseja, por si só, o reconhecimento automático do direito à percepção da verba salarial. Com efeito, para o recebimento do adicional de insalubridade, é necessária a demonstração de que o profissional se encontre efetivamente exposto a agentes nocivos à sua saúde, além dos limites estabelecido em lei. Ocorre que, no caso em tela, a autora não trouxe nenhum documento apto a demonstrar a efetiva exposição a agentes nocivos no ambiente de trabalho, não se desincumbindo do ônus imposto pelo art. 333, I, do CPC/2015, razão pela qual é forçosa a rejeição do pleito de recebimento da referida verba. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, acolho a preliminar de ilegitimidade passiva e extingo o feito sem resolução do mérito em relação Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), nos termos do art. 485, VI, do CPC/2015 e, no mérito, julgo parcialmente procedentes os pedidos formulados na exordial, para condenar a UFCG a pagar, em favor da parte autora, as férias não gozadas, acrescidas do terço constitucional e décimo terceiro salário, correspondentes ao período de 01/12/2015 a 31/07/2018, obedecida à proporcionalidade em cada período, e ao pagamento de adicional noturno de 01/01/2017 a 31/07/2018. Sobre o crédito da parte autora devem incidir juros de mora com base no “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”, conforme o disposto no art.1o-F da Lei no. 9.494/97, na redação dada pela Lei no. 11.960/2009, a contar da citação (súmula n.o204, STJ). A correção monetária, por sua vez, deve ser calculada com base no IPCA-E, a partir das respectivas competências (RE 870947). Com o advento do trânsito em julgado, intime-se a parte autora para apresentar planilha de cálculos atualizada no prazo de trinta dias. Uma vez apresentada a planilha, intime-se a parte ré para, no prazo de 5 (cinco) dias, manifestar-se sobre a mesma, havendo aquiescência, tácita ou expressa, quanto aos valores apresentados, ou impugnação meramente genérica, desde logo rejeitada, expeça-se RPV, ou precatório, caso ultrapassado o teto legal no curso da ação, com o vencimento das parcelas devidas após a propositura da ação. Interposto o recurso, tempestivamente, intime-se a parte contrária para oferecer resposta escrita, remetendo-se em seguida os autos à Turma Recursal. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c art. 55 da Lei no 9.099/95 e art. 3o da Lei 1.060/50, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. A publicação e o registro desta Sentença decorrerão automaticamente de sua validação no Sistema. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
NÃO PROVIMENTO
0507659-92.2019.4.05.8202
2019-08-24 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-29 09:55:39
Sentença - Seguro-defeso 2017/2018
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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95.274757
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
0510331-13.2018.4.05.8201
2018-12-17 00:00:00
UFPB - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (CI) (24.098.477/0001-10)
IFES
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-04-29 10:35:37
Sentença - Progressão funcional
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
10,220
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Servidor Público Civil
Regime Estatutário
1
PB016377
SENTENÇA RELATÓRIO Trata-se de ação de cobrança proposta por Rejane Maria Nunes Mendonça, em face da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, em que se requer o pagamento de valores atrasados atinentes a diferenças salariais decorrentes da concessão da progressão funcional horizontal, relativa ao período entre março de 2016 e dezembro de 2017. Alega, em suma, que obteve o reconhecimento administrativo do direito à concessão da Progressão Funcional Horizontal da Classe D de Professor Associado Nível III (703) para Classe D de Professor Associado Nível IV (704), com efeitos retroativos até 06/03/2016, pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, conforme Portaria PROGED/CPPD/N.o 0035/2018. No entanto, apesar do reconhecimento administrativo, não recebeu o pagamento integral dos valores devidos. Em fase de contestação, a Universidade Federal da Paraíba – UFPB arguiu a falta de interesse processual, visto que não haveria pretensão resistida por parte da universidade, que justifique o acionamento do Judiciário. FUNDAMENTAÇÃO Primeiramente, rejeito a preliminar de falta de interesse de agir, levantada pela ré, porquanto o pedido foi deferido em 2016 e até o presente momento (2019) não houve o pagamento, não podendo a parte autora restar inerte, enquanto perece seu direito. PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Preambularmente, deve ser analisado o pedido de concessão da assistência judiciária gratuita. NO CASO DOS AUTOS, o(a) autor(a) é servidor(a) público(a) federal, percebendo proventos em patamar bem acima da grande maioria da população de nosso país e além do limite de isenção do imposto de renda, o que, ao meu sentir, descaracteriza a condição de necessitado para fins de assistência judiciária gratuita. Isto posto, indefiro o pedido de justiça gratuita. Passo a analisar o mérito. Aqui, cumpre ressaltar que o artigo 355, I, do novo Código de Processo Civil, impõe o julgamento antecipado do pedido quando não houver necessidade de produção de outras provas. Além disso, quando for o caso, o julgamento antecipado não é uma faculdade, mas dever que a lei impõe ao julgador, em homenagem ao princípio da economia processual. Faz-se desnecessária digressão acerca da natureza ou da legitimidade das verbas pleiteadas pela parte autora, vez que a UFPB, como dito acima, reconheceu administrativamente serem devidos os valores postulados. Assim, conforme se observa dos documentos acostados, bem como dos termos da contestação, obteve a autora o direito ao pagamento de valores atrasados, por reconhecimento administrativo, referente ao retroativo de diferença de progressão funcional, sendo-lhe devido o valor de R$ 14.968,61 (catorze mil, novecentos e sessenta e oito reais e sessenta e um centavos) referente ao período de março de 2016 e dezembro de 2017 (anexo 5, fl. 5),não tendo sido satisfeito o débito referente aos valores atrasados até o presente momento em razão de suposta carência de dotação orçamentária. Ocorre que não se afigura legítimo frustrar direito reconhecido sob a alegação de falta de verba orçamentária por parte de pessoa jurídica de direito público. É que a solvabilidade do Estado é presumida de forma absoluta (ou se haveria de admitir a “falência estatal”?). Assim, reconhecido o débito do Poder Público, deve ele saldá-lo segundo a forma prescrita na lei e na Constituição. No caso em apreço, cuidando-se de condenação judicial, através de precatório ou requisição de pequeno valor. Logo, devem ser pagos à autora os valores atrasados referentes ao retroativo de diferença remuneratória de progressão funcional, no total de R$ R$ 14.968,61 (catorze mil, novecentos e sessenta e oito reais e sessenta e um centavos), conforme consta no procedimento administrativo. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo PROCEDENTE o pedido para, extinguindo o processo com resolução do mérito (art. 467, I, CPC), condenar a UFPB a pagar à parte autora os valores atrasados referentes ao retroativo de diferença remuneratória de progressão funcional, no total de R$ R$ 14.968,61 (catorze mil, novecentos e sessenta e oito reais e sessenta e um centavos), reconhecidos administrativamente. Sobre o crédito da parte autora devem incidir juros de mora com base no “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”, conforme o disposto no art.1o-F da Lei n.o9.494/97, na redação dada pela Lei n.o11.960/2009, a contar da citação (súmula n.o204, STJ). A correção monetária, por sua vez, deve ser calculada conforme os índices previstos no mencionado artigo, a partir das respectivas competências, até 25.03.2015. Após esta data, adota-se o IPCA-E. Ressalte-se que essa alteração dosíndices de correção monetária se faz necessária para observar a decisão de modulação dos efeitos, pelo STF em 25/03/2015, nas ADIs no 4.357/DF e 4.425/DF. Sem custas ou honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95. A par disso, indefiro o pedido de gratuidade judiciária, diante da condição de servidor público da parte autora. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria com fito de atualizar os cálculos. Ato contínuo, dê-se vista às partes, pelo prazo de cinco dias, da planilha elaborada. Não havendo impugnação, homologo, desde já, os cálculos em comento, paraposterior expedição da requisição de pagamento observada a eventual renúncia do crédito excedente a 60 salários mínimos. Registre-se. Intimem-se. Campina Grande, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO – EMENTA ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. VALORES RECONHECIDOS ADMINISTRATIVAMENTE E NÃO PAGOS. DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA. RECURSO DA PARTE RÉ DESPROVIDO. 1. Trata-se de recurso interposto em face de sentença que condenou a parte ré a pagar valores reconhecidos administrativamente e não pagos. A parte ré recorre, sustentando que o valor, embora reconhecido administrativamente, não foi pago em virtude de fatores orçamentários. 2. Não há que se falar em falta de interesse de agir, uma vez que, não obstante o direito tenha sido reconhecido, o atraso no pagamento por parte da Administração fundamenta a necessidade e a utilidade do provimento jurisdicional pleiteado. 3. O fato de a Administração estar adstrita ao princípio da legalidade, que a impede de proceder a qualquer pagamento sem prévia dotação orçamentária, não obsta que o servidor se socorra do Judiciário para a satisfação do seu crédito, visto que ele não está obrigado a se sujeitar ao juízo de conveniência e oportunidade da Administração em solicitar verba para o pagamento dos seus débitos. Admitir o contrário significaria institucionalizar, em prol da Administração Pública, a máxima "devo, não nego, pago quando puder", o que seria intolerável no contexto de um Estado de Direito. 4. Os valores pagos extemporaneamente pela Administração Pública são passíveis da incidência de atualização monetária em razão da adequação da moeda aos efeitos decorrentes da desvalorização do poder aquisitivo ao tempo em que deveria ter sido efetivamente realizado. Neste sentido, súmula no 05 do TRF 5a Região – “As prestações atrasadas, reconhecidas como devidas pela Administração Pública, devem ser pagas com correção monetária.” 5. No que tange à pretensão de aplicação da Lei 11.960/2009, esta não merece prosperar, tendo em vista que esta Turma Recursal vem considerando inconstitucional o art. 1o-F da Lei no 9.494/97 com relação à aplicação da Taxa Referencial para fins de atualização monetária, conforme fundamentação constante no seguinte precedente: 0502280-40.2014.4.05.8205, julgamento em 04/09/2015. Ademais, recentemente, o Pleno do STF, ao julgar o RE no. 870.947, com repercussão geral, decidiu no mesmo sentido dos argumentos utilizados por esta TR e declarou a “impossibilidade jurídica da utilização do índice de remuneração da caderneta de poupança como critério de correção monetária imposta à Fazenda Pública”. 6. Súmula do julgamento: Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso do ente público, mantendo a sentença de primeiro grau por seus próprios fundamentos. Condenação do recorrente em honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação. Sem custas.
830
435
0
0
9-PB
0
133.012928
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação de cobrança proposta por Rejane Maria Nunes Mendonça, em face da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, em que se requer o pagamento de valores atrasados atinentes a diferenças salariais decorrentes da concessão da progressão funcional horizontal, relativa ao período entre março de 2016 e dezembro de 2017. Alega, em suma, que obteve o reconhecimento administrativo do direito à concessão da Progressão Funcional Horizontal da Classe D de Professor Associado Nível III (703) para Classe D de Professor Associado Nível IV (704), com efeitos retroativos até 06/03/2016, pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, conforme Portaria PROGED/CPPD/N.o 0035/2018. No entanto, apesar do reconhecimento administrativo, não recebeu o pagamento integral dos valores devidos. Em fase de contestação, a Universidade Federal da Paraíba – UFPB arguiu a falta de interesse processual, visto que não haveria pretensão resistida por parte da universidade, que justifique o acionamento do Judiciário. FUNDAMENTAÇÃO Primeiramente, rejeito a preliminar de falta de interesse de agir, levantada pela ré, porquanto o pedido foi deferido em 2016 e até o presente momento (2019) não houve o pagamento, não podendo a parte autora restar inerte, enquanto perece seu direito. PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Preambularmente, deve ser analisado o pedido de concessão da assistência judiciária gratuita. NO CASO DOS AUTOS, o(a) autor(a) é servidor(a) público(a) federal, percebendo proventos em patamar bem acima da grande maioria da população de nosso país e além do limite de isenção do imposto de renda, o que, ao meu sentir, descaracteriza a condição de necessitado para fins de assistência judiciária gratuita. Isto posto, indefiro o pedido de justiça gratuita. Passo a analisar o mérito. Aqui, cumpre ressaltar que o artigo 355, I, do novo Código de Processo Civil, impõe o julgamento antecipado do pedido quando não houver necessidade de produção de outras provas. Além disso, quando for o caso, o julgamento antecipado não é uma faculdade, mas dever que a lei impõe ao julgador, em homenagem ao princípio da economia processual. Faz-se desnecessária digressão acerca da natureza ou da legitimidade das verbas pleiteadas pela parte autora, vez que a UFPB, como dito acima, reconheceu administrativamente serem devidos os valores postulados. Assim, conforme se observa dos documentos acostados, bem como dos termos da contestação, obteve a autora o direito ao pagamento de valores atrasados, por reconhecimento administrativo, referente ao retroativo de diferença de progressão funcional, sendo-lhe devido o valor de R$ 14.968,61 (catorze mil, novecentos e sessenta e oito reais e sessenta e um centavos) referente ao período de março de 2016 e dezembro de 2017 (anexo 5, fl. 5),não tendo sido satisfeito o débito referente aos valores atrasados até o presente momento em razão de suposta carência de dotação orçamentária. Ocorre que não se afigura legítimo frustrar direito reconhecido sob a alegação de falta de verba orçamentária por parte de pessoa jurídica de direito público. É que a solvabilidade do Estado é presumida de forma absoluta (ou se haveria de admitir a “falência estatal”?). Assim, reconhecido o débito do Poder Público, deve ele saldá-lo segundo a forma prescrita na lei e na Constituição. No caso em apreço, cuidando-se de condenação judicial, através de precatório ou requisição de pequeno valor. Logo, devem ser pagos à autora os valores atrasados referentes ao retroativo de diferença remuneratória de progressão funcional, no total de R$ R$ 14.968,61 (catorze mil, novecentos e sessenta e oito reais e sessenta e um centavos), conforme consta no procedimento administrativo. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo PROCEDENTE o pedido para, extinguindo o processo com resolução do mérito (art. 467, I, CPC), condenar a UFPB a pagar à parte autora os valores atrasados referentes ao retroativo de diferença remuneratória de progressão funcional, no total de R$ R$ 14.968,61 (catorze mil, novecentos e sessenta e oito reais e sessenta e um centavos), reconhecidos administrativamente. Sobre o crédito da parte autora devem incidir juros de mora com base no “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”, conforme o disposto no art.1o-F da Lei n.o9.494/97, na redação dada pela Lei n.o11.960/2009, a contar da citação (súmula n.o204, STJ). A correção monetária, por sua vez, deve ser calculada conforme os índices previstos no mencionado artigo, a partir das respectivas competências, até 25.03.2015. Após esta data, adota-se o IPCA-E. Ressalte-se que essa alteração dosíndices de correção monetária se faz necessária para observar a decisão de modulação dos efeitos, pelo STF em 25/03/2015, nas ADIs no 4.357/DF e 4.425/DF. Sem custas ou honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95. A par disso, indefiro o pedido de gratuidade judiciária, diante da condição de servidor público da parte autora. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria com fito de atualizar os cálculos. Ato contínuo, dê-se vista às partes, pelo prazo de cinco dias, da planilha elaborada. Não havendo impugnação, homologo, desde já, os cálculos em comento, paraposterior expedição da requisição de pagamento observada a eventual renúncia do crédito excedente a 60 salários mínimos. Registre-se. Intimem-se. Campina Grande, data supra. JUIZ FEDERAL
NÃO PROVIMENTO
0507214-74.2019.4.05.8202
2019-08-21 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:08:59
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 - IMPROCEDENTE
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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74.349988
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
PROVIMENTO
0509015-28.2019.4.05.8201
2019-09-10 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-14 14:17:45
Sentença - Seguro-defeso
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB013513
SENTENÇA RELATÓRIO Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
896
1,029
0
0
9-PB
0
64.974826
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
PROVIMENTO
0503151-03.2019.4.05.8203
2019-11-04 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-03 15:20:14
Sentença - Improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
RODRIGO MAIA DA FONTE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA Tipo A Dispensado o relatório por força do disposto no art. 1o da Lei n.o 10.259/01, combinado com o art. 38, caput, da Lei n.o 9.099/95, bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/01. Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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11-PB
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29.168912
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o c/c art. 1o da Lei n.o . Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
PROVIMENTO
0507786-33.2019.4.05.8201
2019-08-16 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-23 14:45:13
Sentença - Seguro-defeso
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB025431
SENTENÇA RELATÓRIO Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
PROVIMENTO
0511472-30.2019.4.05.8202
2019-11-13 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-09 12:31:07
Sentença - Seguro-defeso 2017/2018 - Improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
1,648
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15-PB
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26.152164
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
0505120-62.2019.4.05.8200
2019-04-11 00:00:00
APS CABEDELO (13.001.140) (29.979.036/0709-47) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-22 17:05:43
Sentença - AD - improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB004007
SENTENÇA Dispensado o relatório, (art. 1o da Lei n. 10.259/2001 c/c art. 38 da Lei n. 9.099/95), fundamento e decido. A presente ação foi ajuizada objetivando a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença, requerido em 22.02.2019, e sua conversão em aposentadoria por invalidez com acréscimo de 25%. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Em razão disso, indefiro o pedido de realização de audiência formulado na petição do anexo 19. O laudo da perícia judicial atestou que o(a) autor(a) é portador(a) de Outra degeneração especificada de disco intervertebral (CID 10 -M51.3);Vitiligo (CID 10 -L80). Outrossim, atesta o laudo que a parte demandante não é portadora de Radiculopatia (CID 10 -M54.1). A conclusão do perito é de que existe limitação leve (10%), que não impede o exercício da atividade profissional habitual (feirante). Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora não revelam a presença de doença/quadro clínico mais grave do que o identificado pelo perito, situação que, eventualmente, poderia fragilizar o laudo pericial. Ressalte-se que ser portadora de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Portanto, não havendo incapacidade, a autora não faz jus ao benefício de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE) ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO DESFAVORÁVEL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. A sentença foi de improcedência. Conclui o magistrado que a parte autora não faz jus à concessão do benefício de auxílio-doença, em razão da ausência de incapacidade laboral. 2. A autora, feirante, nasceu em 07/1970. Em seu recurso, pugna pela concessão do benefício, sustentando que apresenta incapacidade laboral suficiente ao deferimento da pretensão. Afirma que não tem condições de trabalhar em razão de sua enfermidade. 3. O laudo pericial atesta que a recorrente é acometida de “outra degeneração especificada de disco intervertebral (CID 10 - M51.3) e vitiligo (CID 10 - L80);”, doenças que, conforme o perito, provocam limitação leve, sem recomendação de afastamento das suas atividades laborais. 4. De acordo com o especialista: “O(A) periciado(a) é portador de limitações leves definitivas e se mostra apto a exercer quaisquer atividades laborais e para reabilitação profissional”. 5. Não resta configurado cerceamento de defesa pela não realização de audiência com o objetivo de comprovar o requisito da incapacidade, pois já restou analisado em laudo pericial suficientemente fundamentado. Segundo entendimento do STJ: “Não há falar em violação do art. 435 do CPC, por alegado cerceamento de defesa, porquanto, tendo o juiz, destinatário da prova, decidido, com base nos elementos de que dispunha, pela desnecessidade de realização de novas provas em audiência (...)” (AgRg no Ag 1378796/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 02/08/2012, DJe 10/08/2012). 6. Os argumentos do il. advogado da parte autora não foram suficientes para infirmar as conclusões do laudo pericial. Não foram demonstradas ou constatadas quaisquer imprecisões ou inconsistências do referido laudo, perceptíveis para um leigo no assunto, acerca da patologia apresentada pelo recorrente. Ademais, é de se destacar que a r. sentença não feriu os princípios que regem os juizados especiais. 7. Em tais termos, é de se manter a sentença pelos próprios fundamentos. 8. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela parte recorrente nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei no 10.259, de 12/07/2001. 9. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 10. Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, mantendo a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n. 9.099/95. Condenação em honorários advocatícios fixados em R$ 1000,00 (mil reais) e custas processuais, suspensa em razão da gratuidade judiciária deferida.
365
519
0
0
7-PB
1
133.343553
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
fundamento e decido. A presente ação foi ajuizada objetivando a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença, requerido em 22.02.2019, e sua conversão em aposentadoria por invalidez com acréscimo de 25%. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Em razão disso, indefiro o pedido de realização de audiência formulado na petição do anexo 19. O laudo da perícia judicial atestou que o(a) autor(a) é portador(a) de Outra degeneração especificada de disco intervertebral (CID 10 -M51.3);Vitiligo (CID 10 -L80). Outrossim, atesta o laudo que a parte demandante não é portadora de Radiculopatia (CID 10 -M54.1). A conclusão do perito é de que existe limitação leve (10%), que não impede o exercício da atividade profissional habitual (feirante). Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora não revelam a presença de doença/quadro clínico mais grave do que o identificado pelo perito, situação que, eventualmente, poderia fragilizar o laudo pericial. Ressalte-se que ser portadora de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Portanto, não havendo incapacidade, a autora não faz jus ao benefício de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE) ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
NÃO PROVIMENTO
0506932-36.2019.4.05.8202
2019-08-19 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:07:09
Sentença - Improcedente - SD (2017/2018)
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
1,653
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0
15-PB
0
76.102882
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
0507927-49.2019.4.05.8202
2019-08-28 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:39:57
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 - IMPROCEDENTE
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-20 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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67.187465
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
PROVIMENTO
0504207-74.2019.4.05.8202
2019-06-15 00:00:00
APS POMBAL (13.021.100) (29.979.036/0539-37) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-12 15:50:47
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 -Improcedente
2020-03-26T17:25:58
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-13 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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87.658183
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
PROVIMENTO
0532619-97.2019.4.05.8013
2019-10-08 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
null
2020-01-20 19:07:20
Sentença - SENTENÇA
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
INDEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
AL014640
SENTENÇA (Tipo A – Fundamentação Individualizada) Cuida-se de pedido de restabelecimento de benefício AMPARO SOCIAL (LOAS), cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge a parte demandada, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Passo a fundamentar e decidir. 1.O benefício assistencial, a teor do que dispõe o art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993, com nova redação dada pela Lei no 12.435/2011, consiste na prestação devida mensalmente pela seguridade social ao idoso e ao portador de deficiência, assim considerado esta como sendo à pessoa com impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas . 2.Adentrando ao mérito da causa, constato que o benefício em tela encontra-se regulado pelo art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993. Este, no seu parágrafo segundo, inciso II, estabelece que, para fim de concessão de benefício assistencial de prestação continuada impedimentos de longo prazo são aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. 3.Com efeito, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos,há incapacidade temporária para o trabalho habitual por um período de 06 MESES a partir do laudo pericial. 6.Nesses termos, tem-se que a doença relatada, dissociada de outras condições especiais, não se constitui em motivo hábil a ensejar o deferimento do benefício pleiteado, porque acarreta incapacidade temporária para o trabalho, pelo prazo inferior ao mínimo legal de 24 meses. 7.Ademais, a solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da assistência social, mas da saúde, através do fornecimento de medicamentos e acompanhamento médico adequado para o controle das patologias que acometem a parte autora. 8.A legislação pertinente à matéria exige incapacidade laboral a qual, diante das demais características pessoais da parte interessada, tais como idade e ambiente social, tornem-na permanentemente insuscetível de inserir-se no mercado de trabalho. Assim, seria uma afronta aos princípios constitucionais regedores da matéria conceder tal benefício à parte autora, razão pela qual não merece guarida a pretensão deduzida em juízo. 9.Nessa trilha, entendo que não prosperam as pretensões ao deferimento do benefício assistencial de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei n° 8.742/93 e à condenação do Instituto Nacional de Seguro Social ao pagamento de parcelas retroativas, em virtude do não preenchimento dos requisitos necessários à concessão do mesmo. 10.Por todo o exposto, julgo improcedentes os pedidos deduzidos na inicial, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95 (art. 55 da lei n.o 9.099/95). 11.Intimem-se. Maceió, 20 de janeiro de 2020.GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES Juiz Federal - 6a Vara de Alagoas Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011). Art. 20. (...) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011)
PROCESSO No 0532619-97.2019.4.05.8013 RECORRENTE: ANGELINA DE ALMEIRDA SANTOS RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ(A) IMPEDIDO(A): GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES DADOS: 42 ANOS;2a SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL; MACEIÓ/AL PROFISSÃO DECLARADA: DIZ QUE TRABALHOU COMO EMPREGADA DOMÉSTICA E QUE NÃO TEVE CTPS ASSINADA. VOTO-EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. SEGURIDADE SOCIAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE. LIMITAÇÃO DE CURTA DURAÇÃO PARA O TRABALHO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DO LAUDO PERICIAL. AUTORA PORTADORA DE HIV. SÚMULA 78 DA TNU. DOENÇA ESTIGMATIZANTE. NÃO HÁ EXTERIORIZAÇÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado contra sentença que julgou improcedente o pedido de benefício assistencial ao deficiente, ante a ausência de impedimento de longo prazo. 2. Pretensão recursal fundamentada nos seguintes argumentos: a) perícia judicial não levou em consideração o contexto social da autora, tendo em vista o preconceito que a sua patologia acarreta o que dificultaria sua inserção no mercado de trabalho; b) observância da súmula 78 da TNU e princípios constitucionais. 3. O art. 20, caput, da Lei n.° 8.742/93, estabelece que: “O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.”. 4. Hipótese em que a prova pericial (anexo 27) constatou que a parte autora, portadora de SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA CID B24, está incapaz para o trabalho, mas não por longo período de tempo (dois anos ou mais), conforme os quesitos: 4.O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. De acordo com o exame médico pericial, a periciada encontra-se incapaz de exercer sua função habitual por um período de 06 meses para tratamento dos sintomas referidos. A periciada não referiu sintomas de doença psiquiátrica 6.Tendoemvistaapatologia/deficiênciaidentificadaeaidade,opericiadose encontra impedido de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garantam o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Sim. Pelo exame médico pericial a periciada encontra-se incapaz de exercer atividade que lhe garanta o sustento. 8.Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e quadro clínico atual do periciado,épossívelinferiradatadoiníciodapatologia/deficiênciaeda incapacidadelaboral?Seanterior,contemporâneaouposteriorà datado requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Início da patologia há 03 anos segundo relato da periciada. Incapacidade para atividade laboral há 08 meses segundo atestado médico em anexo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das informações obtidas na anamnese, no exame físico e nos documentos apresentados, podemos concluir que o (a) autor (a) é: Quanto à capacidade para a atividade declarada: Incapaz para a atividade declarada por um período de 06 meses. Quanto à capacidade para o trabalho e restrições: Incapaz para o trabalho por um período de 06 meses. Quanto à capacidade para a vida independente: Capaz para a vida independente. 5. Destarte, apesar de frisar que há incapacidade para o trabalho, nota-se que o expert conclui que tal incapacidade é temporária, sendo possível concluir que, após a melhora, a parte recorrente poderá exercer suas atividades normalmente.Considerando a data do início da incapacidade fixada pelo perito – 10/04/19 -somado ao período indicado para cessação do benefício – 06 meses da data da perícia (27/11/19), tem-se incapacidade por um período de 13 meses, sendo este aquém dos 2 anos estipulados pela lei como sendo impedimento de longa duração, requisito indispensável para a concessão do benefício pretendido. 6. A parte autora é portadora do vírus HIV. De acordo com o entendimento da TNU, o portador do vírus HIV pode ser considerado como deficiente, desde que elementos demonstrem que, em virtude do estágio da doença, ele se encontra inválido, ressaltando que a Turma Nacional de Uniformização firmou entendimento consolidado no sentido de que a estigmatização da doença relacionada ao vírus HIV por si só não autoriza a presunção de incapacidade laborativa. Compreende, também, que os portadores do vírus da AIDS, mesmo que assintomáticos, devem ter sua incapacidade aferida com base nas condições pessoais, sociais, econômicas e culturais (PEDILEF 00212758020094036301, JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE, DOU 21/06/2013 pág. 105/162.). Neste sentido o enunciado no 78 da Súmula da TNU: "Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença." 7. No caso em tela, o autor reside em Maceió, capital do Estado que favorece a busca para requalificação profissional, ainda se encontra em idade produtiva (42 anos) do ponto de vista da biologia humana. Demais disso, a perícia judicial constatou que não há risco de sequela ou agravamento pelo exercício da atividade laboral, pois o grau pode ser revertido com o acompanhamento regular do quadro. 8. Ademais, como cediço, nos termos do art. 20, § 2°, da Lei Federal n.° 8.742/93: “Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.” 9. É fato que a TNU admite a possibilidade de concessão de benefício de prestação continuada para pessoas cuja incapacidade é temporária, porém, mesmo em se tratando de incapacidade transitória, não se pode prescindir da demonstração do impedimento de longo prazo, assim entendido aquele que produz efeitos por pelo menos dois anos, nos termos da LOAS. 10. Recurso inominado improvido, condenando-se a parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa (art. 54, parágrafo único, e art. 55 da Lei 9099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/01). Contudo, considerando a concessão da assistência judiciária gratuita, a condenação em honorários sucumbenciais fica suspensa pelo prazo de cinco anos até que sobrevenha a hipersuficiência, ou, persistindo a situação de pobreza, incida a prescrição (art. 98, §§ 2o e 3o, Novo CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO nos termos do voto do Relator.
595
1,007
0
0
6-AL
1
104.148148
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de pedido de restabelecimento de benefício AMPARO SOCIAL (LOAS), cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge a parte demandada, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Passo a fundamentar e decidir. 1.O benefício assistencial, a teor do que dispõe o art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993, com nova redação dada pela Lei no 12.435/2011, consiste na prestação devida mensalmente pela seguridade social ao idoso e ao portador de deficiência, assim considerado esta como sendo à pessoa com impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas . 2.Adentrando ao mérito da causa, constato que o benefício em tela encontra-se regulado pelo art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993. Este, no seu parágrafo segundo, inciso II, estabelece que, para fim de concessão de benefício assistencial de prestação continuada impedimentos de longo prazo são aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. URL efeito, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos,há incapacidade temporária para o trabalho habitual por um período de 06 MESES a partir do laudo pericial. 6.Nesses termos, tem-se que a doença relatada, dissociada de outras condições especiais, não se constitui em motivo hábil a ensejar o deferimento do benefício pleiteado, porque acarreta incapacidade temporária para o trabalho, pelo prazo inferior ao mínimo legal de 24 meses. 7.Ademais, a solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da assistência social, mas da saúde, através do fornecimento de medicamentos e acompanhamento médico adequado para o controle das patologias que acometem a parte autora. 8.A legislação pertinente à matéria exige incapacidade laboral a qual, diante das demais características pessoais da parte interessada, tais como idade e ambiente social, tornem-na permanentemente insuscetível de inserir-se no mercado de trabalho. Assim, seria uma afronta aos princípios constitucionais regedores da matéria conceder tal benefício à parte autora, razão pela qual não merece guarida a pretensão deduzida em juízo. 9.Nessa trilha, entendo que não prosperam as pretensões ao deferimento do benefício assistencial de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei n° 8.742/93 e à condenação do Instituto Nacional de Seguro Social ao pagamento de parcelas retroativas, em virtude do não preenchimento dos requisitos necessários à concessão do mesmo. 10.Por todo o exposto, julgo improcedentes os pedidos deduzidos na inicial, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95 (art. 55 da lei n.o 9.099/95). 11.Intimem-se. Maceió, 20 de janeiro de 2020.GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES Juiz Federal - 6a Vara de Alagoas Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011). Art. 20. (...) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de
NÃO PROVIMENTO
0503452-68.2019.4.05.8002
2019-05-31 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-16 11:27:12
Sentença - Auxílio-doença - improcedente
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL007452
SENTENÇA Cuida-se de pedido de auxílio-doença cumulado com pedido de conversão em aposentadoria por invalidez, proposto em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Fundamento e decido. Tem-se que o benefício pretendido está regulado nos artigos 59 e seguintes da Lei n.o 8.213/91, tendo os seguintes requisitos: a) incapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos; e b) qualidade de segurado na data do início da incapacidade (art. 59, caput), cumprida a carência exigida (art. 25, inciso I, da Lei n.o 8.213/91). Segundo o laudo acostado aos autos, a parte autora não apresenta quaisquer incapacidades para as funções habituais, bem como para os atos da vida independente. Dessa forma, o autor não apresenta quaisquer incapacitantes para o exercício de sua atividade laboral, conforme constatado no laudo pericial. Vê-se, portanto, com fundamento na legislação previdenciária, que não há como deferir o auxílio-doença pretendido, visto que não foi preenchido um dos requisitos do benefício vergastado. Do cotejo entre o exame particular e o exame realizado pelo perito do juízo, deve-se prestigiar este último, que é terceiro imparcial, cujo ato goza de presunção de veracidade e legitimidade. Com base nas assertivas do perito do Juízo, verifico que a parte autora não está incapacitada para o exercício de sua atividade laboral. Em que pese a impugnação veiculada pela parte autora, não se está dizendo que a demandante seja destituída de qualquer tipo de moléstia, mas que não se ajusta à definição de incapaz contida no artigo 59, da Lei no 8.213/91, para o fim de receber o auxílio-doença. A prova da incapacidade é técnica e depende do concurso de perito, auxiliar do juízo, que não precisar ser especialista e tal ou qual ramo da medicina, pois os peritos do INSS não o são. Somente se a autarquia lograr comprovar que submete os segurados a perícias administrativas executadas por especialistas em cada uma das áreas da medicina (psiquiatria, dermatologia, ortopedia, ginecologia, otorrinolaringologia, neurologia etc.) poderia este juízo ponderar a necessidade ou não do exame judicial ser realizado por especialista em tal ou qual ramo. Não fosse somente isso, o perito é auxiliar do juízo e não da parte, sem mencionar que a lei reclama apenas formação profissional na área de autuação enquanto gênero, não reclamando títulos desta ou daquela qualidade. Entender de modo contrário seria ir até o extremo de se exigir um ortopedista especialista em joelho a fim de se comprovar lesão no menisco. Mencione-se que o art. 156, § 5o, do CPC autoriza ao juiz nomear perito de sua livre escolha, sempre que na localidade não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos indispensáveis, o que apenas reforça a conclusão de que é do juiz a aferição da idoneidade e completude do laudo. Vale ressalvar, ainda, que todos os documentos anexados aos autos foram analisados, no entanto, privilegiou o laudo pericial, pois elaborado por profissional auxiliar do Juízo, equidistante das partes, que não possui interesse no feito. Sua nomeação constitui um munus público de colaborar com a Justiça na busca de verdade real. Frise-se, ainda, que as patologias mencionadas na petição inicial e nos anexos são similares às identificadas pelo perito. Inexistindo vício na elaboração do laudo pericial, bem como contradição em suas conclusões, não há razão às impugnações da autora apenas por inconformismo em relação à conclusão do expert. “O laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012). Apenas as condições sociais sem qualquer limitação para o exercício da atividade laboral não enseja a concessão do benefício. A análise das condições pessoais deve ser feita em consonância com a existência de patologia que acarrete alguma incapacidade/limitação para o desempenho da atividade habitual, o que não é o caso dos autos. O laudo foi claro ao atestar a capacidade da autora para o desempenho da atividade habitual. Desnecessária, portanto, alguma explicação em relação à perícia, uma vez que o experto prestou todos os esclarecimentos necessários para dirimir a questão. Logo, não faz jus ao benefício previdenciário de auxílio-doença. Assim, agiu com acerto a autarquia previdenciária ao indeferir o benefício na via administrativa. Indefiro o requerimento de esclarecimentos formulado pela parte autora, pelos motivos acima expostos. Isto posto, julgo IMPROCEDENTE a pretensão deduzida em juízo, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 1o da Lei n.o 10.259/2001 c/c os art. 55 da Lei n.o 9.099/95 e art. 4o da Lei n.o 9.289/96. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte recorrida para contrarrazões, no prazo legal. Após, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Certificado o trânsito julgado, ao arquivo, com as anotações necessárias. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) Certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) Intimem-se ambas as partes sobre este ou o retorno dos autos; c) Nada mais sendo requerido, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Concedo os benefícios da justiça gratuita. Intimem-se as partes.
PROCESSO0503452-68.2019.4.05.8002 RECORRENTE:JOSEFA MARCULINO DE BARROS RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ IMPEDIDO:ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR DADOS:55 ANOS ;FUNDAMENTAL INCOMPLETO;SANTANA DO MUNDAÚ - AL. PROFISSÃO DECLARADA:AGRICULTORA DIAGNÓSTICO:NÃO FORA DETECTADA PATOLOGIA/DEFICIÊNCIA CAPAZ DE PRODUZIR INCAPACIDADE LABORAL VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA COM CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE. LAUDO PERICIAL. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente o pedido de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez, ante a inexistência de patologia incapacitante. Pretensão recursal fundamentada na impossibilidade de o recorrente exercer a atividade, ante a existência de patologias incapacitantes; Aduz que a parte autora é portadora de Glaucoma primário de ângulo aberto, Ambliopia por anopsia e Cegueira, ambos os olhos. 2. O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, entre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do que dispõe o artigo 59 da Lei Federal n.° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, nos termos do artigo 42 da Lei n.° 8.213 de 1991. 3. A mera existência de limitações ao exercício laboral não constitui, por si só, direito subjetivo ao auxílio-doença ou mesmo à aposentadoria por invalidez, sendo reclamada pela legislação de regência (Lei Federal n.o 8.213/91) a existência de incapacidade laboral relativa (à função habitual) ou absoluta (a qualquer atividade). 4. Hipótese em que segundo a perícia médica judicial não fora detectada patologia/deficiência no autor capaz de produzir incapacidade laboral. 4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Sim. Não há impedimento para as funções habituais declaradas. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/ deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? Não fora detectada patologia/deficiência no autor capaz de produzir incapacidade laboral para o trabalho declarado. O autor corre os riscos naturais e mecânicos inerentes à última profissão declarada. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Sim. Não há restrições para o exercício da última atividade profissional declarada e/ou outras semelhantes. 7) O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? ENTENDIMENTO INICIAL DO PERITO QUESITOS PARA AFERIÇÃO DE EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE Sim, o autor não necessita de assistência ou supervisão para as atividades diárias. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Não fora comprovada patologia/deficiência no autor causadora de incapacidade para as funções declaradas. Incapacidade laboral é a impossibilidade temporária ou definitiva do desempenho das funções específicas de uma atividade ou ocupação, em consequência de alterações psíquicas ou morfo-fisiológicas, provocadas por doença ou acidente, para o qual o examinado estava previamente habilitado e em exercício. A existência de doença, lesão ou histórico de acidente em época pregressa, tratamentos clínicos ou cirúrgicos, não necessariamente significa estado de incapacidade. Várias pessoas portadoras de doenças bem definidas (como diabetes, hipertensão arterial, sequelas de poliomielite, amputações de segmentos corporais, etc) podem trabalhar. Entretanto, se houver um agravamento e este, seja de natureza anatômica, ou funcional, ou de esfera psíquica, impedir o desenvolvimento da atividade, tais achados, antes não incapacitantes, podem se tornar incapacitantes. Os exames complementares devem ser analisados considerando sua acurácia, especificidade e sensibilidade. O uso abusivo de termos polêmicos ou não reconhecidos como nomes diagnósticos, revela distanciamento das conclusões periciais com a técnica médica baseada em evidências. Há que se considerar, também, o fato de que os exames de imagem são "examinador-dependente", ou seja, sua interpretação não é objetiva com resultado único e sim, decorre da prática, experiência, conhecimento individual de cada profissional que realiza o exame e equipamentos utilizados. - não fora detectada patologia/deficiência no autor capaz de produzir incapacidade laboral para o trabalho declarado. Suas queixas são de natureza evolutiva da idade e/ou de natureza constitucional ou idiopática, não configurando estado de doença. - não apresenta incapacidade para as atividades declaradas. - pode exercer outras atividades laborais compatíveis com seu nível técnico e habilidades cognitivas. - não apresenta necessidade de supervisão ou auxílio para a vida independente. 6. “O laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012). A simples divergência de opiniões clínicas, sem respaldo em qualquer elemento concreto de prova, é insuficiente para afastar essa presunção, prevalecendo o laudo do perito judicial sobre o do assistente técnico da parte. 7. Sentença recorrida que não merece qualquer reparo, daí por que, ratificados todos os seus termos, deve a mesma ser mantida, por seus próprios fundamentos 8. Recurso improvido, condenando-se a parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação. Inexistindo esta, o referido percentual deverá incidir sobre o valor da causa atualizado. Contudo, considerando a concessão da assistência judiciária gratuita, a condenação em honorários sucumbenciais fica suspensa pelo prazo de cinco anos até que sobrevenha a hipersuficiência, ou, persistindo a situação de pobreza, incida a prescrição (art. 98, §§ 2o e 3o, Novo CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO nos termos do voto do Relator. ÂNGELO CAVALCANTI ALVES DE MIRANDA JUIZ FEDERAL RELATOR
891
998
0
0
7-AL
1
138.009861
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de pedido de auxílio-doença cumulado com pedido de conversão em aposentadoria por invalidez, proposto em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Fundamento e decido. Tem-se que o benefício pretendido está regulado nos artigos 59 e seguintes da Lei n.o 8.213/91, tendo os seguintes requisitos: a) incapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos; e b) qualidade de segurado na data do início da incapacidade (art. 59, caput), cumprida a carência exigida (art. 25, inciso I, da Lei n.o 8.213/91). Segundo o laudo acostado aos autos, a parte autora não apresenta quaisquer incapacidades para as funções habituais, bem como para os atos da vida independente. Dessa forma, o autor não apresenta quaisquer incapacitantes para o exercício de sua atividade laboral, conforme constatado no laudo pericial. Vê-se, portanto, com fundamento na legislação previdenciária, que não há como deferir o auxílio-doença pretendido, visto que não foi preenchido um dos requisitos do benefício vergastado. Do cotejo entre o exame particular e o exame realizado pelo perito do juízo, deve-se prestigiar este último, que é terceiro imparcial, cujo ato goza de presunção de veracidade e legitimidade. Com base nas assertivas do perito do Juízo, verifico que a parte autora não está incapacitada para o exercício de sua atividade laboral. Em que pese a impugnação veiculada pela parte autora, não se está dizendo que a demandante seja destituída de qualquer tipo de moléstia, mas que não se ajusta à definição de incapaz contida no artigo 59, da Lei no 8.213/91, para o fim de receber o auxílio-doença. A prova da incapacidade é técnica e depende do concurso de perito, auxiliar do juízo, que não precisar ser especialista e tal ou qual ramo da medicina, pois os peritos do INSS não o são. Somente se a autarquia lograr comprovar que submete os segurados a perícias administrativas executadas por especialistas em cada uma das áreas da medicina (psiquiatria, dermatologia, ortopedia, ginecologia, otorrinolaringologia, neurologia etc.) poderia este juízo ponderar a necessidade ou não do exame judicial ser realizado por especialista em tal ou qual ramo. Não fosse somente isso, o perito é auxiliar do juízo e não da parte, sem mencionar que a lei reclama apenas formação profissional na área de autuação enquanto gênero, não reclamando títulos desta ou daquela qualidade. Entender de modo contrário seria ir até o extremo de se exigir um ortopedista especialista em joelho a fim de se comprovar lesão no menisco. Mencione-se que o art. 156, § 5o, do CPC autoriza ao juiz nomear perito de sua livre escolha, sempre que na localidade não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos indispensáveis, o que apenas reforça a conclusão de que é do juiz a aferição da idoneidade e completude do laudo. Vale ressalvar, ainda, que todos os documentos anexados aos autos foram analisados, no entanto, privilegiou o laudo pericial, pois elaborado por profissional auxiliar do Juízo, equidistante das partes, que não possui interesse no feito. Sua nomeação constitui um munus público de colaborar com a Justiça na busca de verdade real. Frise-se, ainda, que as patologias mencionadas na petição inicial e nos anexos são similares às identificadas pelo perito. Inexistindo vício na elaboração do laudo pericial, bem como contradição em suas conclusões, não há razão às impugnações da autora apenas por inconformismo em relação à conclusão do expert. “O laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012). Apenas as condições sociais sem qualquer limitação para o exercício da atividade laboral não enseja a concessão do benefício. A análise das condições pessoais deve ser feita em consonância com a existência de patologia que acarrete alguma incapacidade/limitação para o desempenho da atividade habitual, o que não é o caso dos autos. O laudo foi claro ao atestar a capacidade da autora para o desempenho da atividade habitual. Desnecessária, portanto, alguma explicação em relação à perícia, uma vez que o experto prestou todos os esclarecimentos necessários para dirimir a questão. Logo, não faz jus ao benefício previdenciário de auxílio-doença. Assim, agiu com acerto a autarquia previdenciária ao indeferir o benefício na via administrativa. Indefiro o requerimento de esclarecimentos formulado pela parte autora, pelos motivos acima expostos. Isto posto, julgo IMPROCEDENTE a pretensão deduzida em juízo, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 1o da Lei n.o 10.259/2001 c/c os art. 55 da Lei n.o 9.099/95 e art. 4o da Lei n.o 9.289/96. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte recorrida para contrarrazões, no prazo legal. Após, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Certificado o trânsito julgado, ao arquivo, com as anotações necessárias. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) Certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) Intimem-se ambas as partes sobre este ou o retorno dos autos; c) Nada mais sendo requerido, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Concedo os benefícios da justiça gratuita. Intimem-se as partes
NÃO PROVIMENTO
0501230-27.2019.4.05.8003
2019-02-28 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-19 13:29:53
Sentença - com julgamento do mérito - procedente
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - Voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
CAMILA MONTEIRO PULLIN
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL008560B
SENTENÇA – TIPO A I – RELATÓRIO: Relatório dispensado (art. 38 da Lei no 9.099/95 e art. 1o da Lei no 10.259/2001). II – FUNDAMENTAÇÃO: Trata-se de ação proposta em face do INSS por meio da qual o autor postula o restabelecimento do benefício auxílio doença na condição de segurado especial com parcelas retroativas desde a data da cessação, e a posterior conversão em aposentadoria por invalidez, acaso constatada a incapacidade definitiva, alegando não possuir condições de exercer suas atividades laborativas. Houve proposta de acordo ofertada pelo INSS, recusada pela parte autora. O auxílio doença é benefício previdenciário que encontra seu primeiro fundamento na Constituição Federal, artigo 201, I, sendo devido ao trabalhador urbana e rural, nos termos do artigo 194, II, do mesmo diploma. A Lei n. 8213/91 regulamenta o auxílio doença, estabelecendo os requisitos para sua concessão, quais sejam: a) deve o requerente possuir a qualidade de segurado, b) preencher o requisito da carência de 12 meses - artigo 25, I, Lei 8.213/91, e c) estar incapacitado para sua atividade laboral habitual por mais de 15 (quinze dias) consecutivos (artigo 59, Lei n. 8213/91). Nos termos do artigo 62, da Lei de Benefícios, se o segurado em benefício do auxílio doença for insusceptível de recuperação para a sua atividade habitual, será submetido a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, prevista no artigo 42, da Lei de Benefícios, será devida ao segurado que, cumprida a carência de 12 meses, estando ou não em gozo do auxílio doença, seja considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. No que se refere aos segurados especiais, a norma de extensão de tais benefícios se encontra no artigo 39, inciso I, da Lei n. 8213/91, garantindo a concessão do auxílio doença e da aposentadoria por invalidez, dentre outros benefícios previdenciários, ao segurado que comprovar o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido. Esse o quadro normativo geral do auxílio doença e da aposentadoria por invalidez do segurado especial. Da capacidade para o trabalho: O perito oficial (anexo 19) atestou que o autor possui “Tremor (CID R25.1); Diabetes (CID E11.9); Lombalgia crônica (CID M54.5); Suspeita de epilepsia (CID G40)”, estando incapacitado para a sua atividade habitual (agricultor) desde 20/07/2018 (resposta ao quesito 11). Outrossim, o perito afirmou que a parte está definitivamente incapacitada para a atividade habitual. Portanto, há incapacidade laborativa para o trabalho habitual que se ajusta à definição de incapaz contida no art. 59, da Lei 8.213, de 1991, para o fim de receber o auxílio-doença. No que diz respeito ao pedido de conversão do auxílio doença em aposentadoria por invalidez, deve ser deferido, pois a autora encontra-se em gozo de auxílio doença há 10 anos em virtude da mesma patologia, estando atualmente com 50 anos de idade, fato que evidencia a inviabilidade de promoção do procedimento de reabilitação profissional. Ademais, a própria autarquia manteve-se inerte durante o período de pagamento do benefício de auxílio doença, inexistindo qualquer comprovação nos autos de que promoveu ou tentou promover a reabilitação profissional da autora, não sendo crível que venha a obter êxito no momento em que esta se encontra com 50 anos de idade e afastada do trabalho há 10 anos. Assim, como a parte autora encontra-se incapaz permanentemente para retornar ao trabalho habitual, havendo longo período de gozo do benefício de auxílio doença, entendo que a conversão deste em aposentadoria por invalidez demonstra-se aplicável ao caso dos autos. Posto isto, passa-se ao exame da qualidade de segurado e do período de carência a fim de possibilitar a concessão do benefício. Da qualidade de segurado e do período de carência: Analisado o pleito sob a ótica da incapacidade laboral, cumpre averiguar acerca da existência/inexistência da qualidade de segurado quando do início da incapacidade laborativa, bem como se a parte autora possuía a carência mínima de doze meses para obtenção do benefício. No caso dos autos, a consulta ao CNIS (anexo 22) revela que a parte autora, por ocasião da data de cessação do benefício (28/07/2018) e da data de início da incapacidade (DII em 20/07/2018), possuía a qualidade de segurado da previdência social, nos termos do art. 15, I, da Lei 8.213/91, uma vez que estava em gozo de benefício previdenciário, sendo incontroverso o cumprimento da carência. Data de início do benefício Quanto à data de início do benefício (DIB), ela deve retroagir ao primeiro dia posterior à data da cessação do benefício, pois a perícia foi conclusiva que o autor permaneceu incapacitado III. DISPOSITIVO: Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO PARA CONDENAR O INSS A RESTABELECER O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO DOENÇA (NB 533.477.480-3) E CONVERTÊ-LO EMAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ, FIXANDO A DIB EM 29/07/2018 e DIP em 01/12/2019. CONCEDO A TUTELA ANTECIPADA ante o caráter alimentar da verba, a inversão do ônus do tempo do processo e a previsão legal de recurso sem efeito suspensivo, devendo o INSS implantar o benefício em 20 (vinte) dias,contados da intimação desta sentença, sob pena de multa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) cumulada com astreintes no valor de R$ 100,00 (cem reais) por dia de descumprimento, a ser aplicada automaticamente a partir do 21o (vigésimo primeiro) dia de atraso, independentemente de nova intimação, sem prejuízo de outras consequências processuais e administrativas. Concedo o benefício da justiça gratuita requerido, consoante o disposto no art. 99 e seguintes do Código de Processo Civil. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Condeno o INSS ao pagamento dos honorários periciais. Considerando a função social, a hipossuficiência da parte autora e o caráter alimentar da verba, autorizo a retenção de honorários advocatícios contratuais, devendo o contrato ser impreterivelmente apresentado até a data da expedição do RPV/PRC(Resolução CJF 458 de 2017), e desde que não ultrapasse 50% do valor requisitado (conforme entendimento da TR/AL), sendo a quantia restante integralmente da parte autora. Condeno o réu ao pagamento de parcelas retroativas, desde o requerimento administrativo, mediante Requisição de Pequeno Valor - RPV, observada a prescrição quinquenal, devidamente corrigidas mediante o índice INPC, nos termos da planilha de cálculos anexa, que passa a fazer parte integrante desta sentença, valores estes limitados ao teto dos Juizados Especiais Federais. Por fim, caso haja a interposição de recurso, deverá ser aberto o prazo legal à parte contrária para entrega de contrarrazões. Após o prazo, comprovada a implantação do benefício, à Turma Recursal/AL. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) após, expeça-se requisição de pagamento; c) satisfeito o crédito, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Publique-se, registre-se e intimem-se. Santana do Ipanema/AL, data da validação. Juíza / Juiz Federal RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE AUXÍLIO-DOENÇA (CÓDIGO N.o B-31 NO INSS) BENEFICIÁRIO CLAUDIONORDA SILVA CPF 045.402.074-07 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 29/07/2018 DIP 01/12/2019
PROCESSO No 0501230-27.2019.4.05.8003 RECORRENTE: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL RECORRIDO: CLAUDIONOR DA SILVA JUÍZA IMPEDIDA: CAMILA MONTEIRO PULLIN DADOS: 51 ANOS; ANALFABETO; SÃO JOSÉ DA TAPERA/AL PROFISSÃO DECLARADA: AGRICULTOR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVA PARA O LABOR HABITUAL. CIRCUNSTÂNCIAS SOCIOECONÔMICAS DO SEGURADO DESFAVORÁVEIS À REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. EQUIPARAÇÃO À INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA. SÚMULA No 47 DA TNU. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado interposto em face de sentença que julgou procedente a pretensão autoral, restabelecendo auxílio-doença e convertendo-o imediatamente em aposentadoria por invalidez. 2.Razões recursais do INSS sob o fundamento de que não restou comprovada a incapacidade total e permanente para todo e qualquer trabalho, conforme concluiu a perícia médica judicial, estando a parte autora capaz para outras funções diversas de sua atividade habitual. Requer a reforma da sentença apenas para conceder o benefício de auxílio-doença. 3.A aposentadoria por invalidez será deferida ao segurado que for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição, conforme prescreve o art. 42 da Lei no 8.213/91. 4.Caso em que a perícia médica judicial (anexo 19) constatou que a parte autora é portadora de TREMOR (R25.1), DIABETES (E11.9), LOMBALGIA CRÔNICA (M54.5) e SUSPEITA DE EPILEPSIA (G40), incapacitando-a definitivamente para a atividade habitual declarada (agricultor), sem impedimento de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, devendo evitar trabalhos pesados, incompatíveis com o tremor ou em que haja riscos iminentes a sua vida ou a de terceiros em caso de episódio sincopal, conforme registrado no laudo médico pericial: “6. O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. Não vejo o periciado em condições de trabalhar como agricultor. Incapacidade permanente (não há como estipular a DCB). 7. Relate as limitações do periciado, respondendo, objetivamente, se ele pode trabalhar carregando “carros de mão”, pesos excessivos, sacas de grãos ou matos? trabalhar utilizando a enxada e ferramentas da roça? Trabalhos com exigência de maior esforço físico? Trabalhos com esforços repetitivos? Não. (...) 9. Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado se encontra impedido de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional (levar em consideração a idade do periciado e suas condições sócio-econômicas)? Não. Deve, apenas, evitar trabalhos pesados, incompatíveis com o tremor ou em que haja riscos iminentes a sua vida ou a de terceiros em caso de episódio sincopal. (...) 11. Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade laboral? A incapacidade descrita pode ser constatada a partir de 20/07/18, data do único atestado apresentado. (...) CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelas informações colhidas na entrevista, no exame físico e nos documentos apresentados podemos concluir: Há tremor, há dores lombares e há episódios sincopais recorrentes (suspeita de epilepsia), não vejo o periciado em condições de trabalhar como agricultor.” 5.De acordo com entendimento jurisprudencial, na aferição da incapacidade total e permanente apta à concessão de aposentadoria por invalidez, leva-se em consideração as limitações do segurado expostas pelo médico perito e outros aspectos relevantes, tais como, a idade e a dificuldade de reinserção no mercado de trabalho para reiniciar nova atividade. 6.Destarte, considerando a atividade habitual do autor (agricultor), a sua idade (51 anos), a ausência de grau de instrução (analfabeto), residir em município interiorano (São José da Tapera) longe de médios e grandes centros urbanos, bem como o longo período de gozo de benefício por incapacidade (de 01/11/2008 a 28/07/2018, conforme CNIS), não se vislumbra, na hipótese, êxito do segurado vir a ser reabilitado profissionalmente para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência, devendo a incapacidade parcial e definitiva, atestada pela perícia médica judicial, ser considerada como total e definitiva, para fins de concessão de aposentadoria por invalidez, com fulcro na Súmula 47 da TNU: "Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez." 7.Recurso inominado improvido, com condenação do recorrente, vencido, ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/2001), limitando-se o cálculo às prestações vencidas até a prolação da sentença (Súmula 111 do STJ). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, POR UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator.
1,166
769
0
0
11-AL
1
293.605475
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação proposta em face do INSS por meio da qual o autor postula o restabelecimento do benefício auxílio doença na condição de segurado especial com parcelas retroativas desde a data da cessação, e a posterior conversão em aposentadoria por invalidez, acaso constatada a incapacidade definitiva, alegando não possuir condições de exercer suas atividades laborativas. Houve proposta de acordo ofertada pelo INSS, recusada pela parte autora. O auxílio doença é benefício previdenciário que encontra seu primeiro fundamento na Constituição Federal, artigo 201, I, sendo devido ao trabalhador urbana e rural, nos termos do artigo 194, II, do mesmo diploma. A Lei n. 8213/91 regulamenta o auxílio doença, estabelecendo os requisitos para sua concessão, quais sejam: a) deve o requerente possuir a qualidade de segurado, b) preencher o requisito da carência de 12 meses - artigo 25, I, Lei 8.213/91, e c) estar incapacitado para sua atividade laboral habitual por mais de 15 (quinze dias) consecutivos (artigo 59, Lei n. 8213/91). Nos termos do artigo 62, da Lei de Benefícios, se o segurado em benefício do auxílio doença for insusceptível de recuperação para a sua atividade habitual, será submetido a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, prevista no artigo 42, da Lei de Benefícios, será devida ao segurado que, cumprida a carência de 12 meses, estando ou não em gozo do auxílio doença, seja considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. No que se refere aos segurados especiais, a norma de extensão de tais benefícios se encontra no artigo 39, inciso I, da Lei n. 8213/91, garantindo a concessão do auxílio doença e da aposentadoria por invalidez, dentre outros benefícios previdenciários, ao segurado que comprovar o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido. Esse o quadro normativo geral do auxílio doença e da aposentadoria por invalidez do segurado especial. Da capacidade para o trabalho: O perito oficial (anexo 19) atestou que o autor possui “Tremor (CID R25.1); Diabetes (CID E11.9); Lombalgia crônica (CID M54.5); Suspeita de epilepsia (CID G40)”, estando incapacitado para a sua atividade habitual (agricultor) desde 20/07/2018 (resposta ao quesito 11). Outrossim, o perito afirmou que a parte está definitivamente incapacitada para a atividade habitual. Portanto, há incapacidade laborativa para o trabalho habitual que se ajusta à definição de incapaz contida no art. 59, da Lei 8.213, de 1991, para o fim de receber o auxílio-doença. No que diz respeito ao pedido de conversão do auxílio doença em aposentadoria por invalidez, deve ser deferido, pois a autora encontra-se em gozo de auxílio doença há 10 anos em virtude da mesma patologia, estando atualmente com 50 anos de idade, fato que evidencia a inviabilidade de promoção do procedimento de reabilitação profissional. Ademais, a própria autarquia manteve-se inerte durante o período de pagamento do benefício de auxílio doença, inexistindo qualquer comprovação nos autos de que promoveu ou tentou promover a reabilitação profissional da autora, não sendo crível que venha a obter êxito no momento em que esta se encontra com 50 anos de idade e afastada do trabalho há 10 anos. Assim, como a parte autora encontra-se incapaz permanentemente para retornar ao trabalho habitual, havendo longo período de gozo do benefício de auxílio doença, entendo que a conversão deste em aposentadoria por invalidez demonstra-se aplicável ao caso dos autos. Posto isto, passa-se ao exame da qualidade de segurado e do período de carência a fim de possibilitar a concessão do benefício. Da qualidade de segurado e do período de carência: Analisado o pleito sob a ótica da incapacidade laboral, cumpre averiguar acerca da existência/inexistência da qualidade de segurado quando do início da incapacidade laborativa, bem como se a parte autora possuía a carência mínima de doze meses para obtenção do benefício. No caso dos autos, a consulta ao CNIS (anexo 22) revela que a parte autora, por ocasião da data de cessação do benefício (28/07/2018) e da data de início da incapacidade (DII em 20/07/2018), possuía a qualidade de segurado da previdência social, nos termos do art. 15, I, da Lei 8.213/91, uma vez que estava em gozo de benefício previdenciário, sendo incontroverso o cumprimento da carência. Data de início do benefício Quanto à data de início do benefício (DIB), ela deve retroagir ao primeiro dia posterior à data da cessação do benefício, pois a perícia foi conclusiva que o autor permaneceu incapacitado III. DISPOSITIVO: Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO PARA CONDENAR O INSS A RESTABELECER O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO DOENÇA (NB 533.477.480-3) E CONVERTÊ-LO EMAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ, FIXANDO A DIB EM 29/07/2018 e DIP em 01/12/2019. CONCEDO A TUTELA ANTECIPADA ante o caráter alimentar da verba, a inversão do ônus do tempo do processo e a previsão legal de recurso sem efeito suspensivo, devendo o INSS implantar o benefício em 20 (vinte) dias,contados da intimação desta sentença, sob pena de multa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) cumulada com astreintes no valor de R$ 100,00 (cem reais) por dia de descumprimento, a ser aplicada automaticamente a partir do 21o (vigésimo primeiro) dia de atraso, independentemente de nova intimação, sem prejuízo de outras consequências processuais e administrativas. Concedo o benefício da justiça gratuita requerido, consoante o disposto no art. 99 e seguintes do Código de Processo Civil. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei ). Condeno o INSS ao pagamento dos honorários periciais. Considerando a função social, a hipossuficiência da parte autora e o caráter alimentar da verba, autorizo a retenção de honorários advocatícios contratuais, devendo o contrato ser impreterivelmente apresentado até a data da expedição do RPV/PRC(Resolução CJF 458 de 2017), e desde que não ultrapasse 50% do valor requisitado (conforme entendimento da TR/AL), sendo a quantia restante integralmente da parte autora. Condeno o réu ao pagamento de parcelas retroativas, desde o requerimento administrativo, mediante Requisição de Pequeno Valor - RPV, observada a prescrição quinquenal, devidamente corrigidas mediante o índice INPC, nos termos da planilha de cálculos anexa, que passa a fazer parte integrante desta sentença, valores estes limitados ao teto dos Juizados Especiais Federais. Por fim, caso haja a interposição de recurso, deverá ser aberto o prazo legal à parte contrária para entrega de contrarrazões. Após o prazo, comprovada a implantação do benefício, à Turma Recursal/AL. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) após, expeça-se requisição de pagamento; c) satisfeito o crédito, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Publique-se, registre-se e intimem-se. Santana do Ipanema/AL, data da validação. Juíza / Juiz Federal RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE AUXÍLIO-DOENÇA (CÓDIGO N.o B-31 NO INSS) BENEFICIÁRIO CLAUDIONORDA SILVA CPF 045.402.074-07 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 29/07/2018 DIP
NÃO PROVIMENTO
0532397-32.2019.4.05.8013
2019-10-07 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
null
2020-01-29 08:19:31
Sentença - SENTENÇA
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - Voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL008973
Processo no:Autor(a):Réu: SENTENÇA (Tipo A - Fundamentação Individualizada) 1.Cuida-se de pedido de concessão de AUXÍLIO-DOENÇA e, sucessivamente, de APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho, nem mesmo para a função habitual. Passo a fundamentar e decidir. 2.O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do art. 59 da Lei Federal n° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, a teor do art. 42 da Lei Federal n° 8.213/91. 3.Objetivando a uma avaliação médica do estado físico da parte autora, foi determinada a realização de prova pericial a qual, depois de detalhado exame clínico e da análise dos documentos trazidos aos autos, concluiu que a parte autora não apresentara patologia incapacitante, estando totalmente apta para o exercício de sua função habitual, bem como de prover dignamente o seu próprio sustento. 4.Com efeito, a simples existência de limitações ao exercício laboral não constitui, por si só, direito subjetivo ao benefício auxílio-doença ou mesmo à aposentadoria por invalidez, sendo reclamado pela legislação de regência (Lei Federal n.o 8.213/91) a existência de incapacidade laboral relativa (à função habitual) ou absoluta (à qualquer atividade). 5.Por todo o exposto, julgo improcedente o pedido da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). 6.Intimem-se. Maceió, 29 de janeiro de 2020.
PROCESSO0532397-32.2019.4.05.8013 RECORRENTE: JOSE ROBERTO DOS SANTOS RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ(A) IMPEDIDO(A): GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE HABITUAL. LAUDO PERICIAL. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente a pretensão autoral ante a ausência de incapacidade laborativa. 2.Pretensão recursal escorada na existência de incapacidade laborativa, aduzindo ainda que o magistrado não está adstrito ao laudo pericial. 3.O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, entre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do que dispõe o artigo 59 da Lei Federal n.° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, nos termos do artigo 42 da Lei n.° 8.213 de 1991. 4.A mera existência de limitações ao exercício laboral não constitui, por si só, direito subjetivo ao auxílio-doença ou mesmo à aposentadoria por invalidez, sendo reclamada pela legislação de regência (Lei Federal n.o 8.213/91) a existência de incapacidade laboral relativa (à função habitual) ou absoluta (a qualquer atividade). 5.Hipótese em que a perícia médica (anexo 21) constatou que a parte autora, portadora deCERVICALGIA (CID M54.2), encontra-se capaz para exercer sua atividade habitual, conforme registrado: “4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? R: sim, encontra-se capaz. Não foi evidenciado ao exame físico alteração que gere incapacidade laboral. (...) 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? R: prejudicado, capaz para a atividade declarada. (...) 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? R: não foi constatada incapacidade laboral para a função declarada. (...) CONCLUSÕES - Diagnóstico do Autor: CID 10 M54.2 Cervicalgia - Capacidade para a função habitual: sim. - Capacidade para outras atividades laborais: prejudicado, capaz para a atividade declarada. - Capacidade para a vida independente: sim.” 6.“O laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012). A simples divergência de opiniões clínicas, sem respaldo em qualquer elemento concreto de prova, é insuficiente para afastar essa presunção, prevalecendo o laudo do perito judicial sobre o do assistente técnico da parte. 7.É de bom norte aduzir que somente as condições pessoais da parte recorrente, dissociadas de algum tipo de incapacidade para o exercício da atividade laboral, não ensejam por si só o deferimento do benefício pleiteado. 8.Desta maneira, constatada a capacidade para o trabalho da parte recorrente, assim como a regularidade do laudo pericial, o qual cumpriu devidamente com a incumbência que lhe foi designada, incabível o pleito exordial, motivo pelo qual a sentença merece ser mantida. 9.Recurso inominado improvido, condenando a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO nos termos do voto do Relator. ÂNGELO CAVALCANTI ALVES DE MIRANDA NETO
277
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6-AL
1
113.789248
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Autor(a):Réu: SENTENÇA (Tipo A - Fundamentação Individualizada) 1.Cuida-se de pedido de concessão de AUXÍLIO-DOENÇA e, sucessivamente, de APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho, nem mesmo para a função habitual. Passo a fundamentar e decidir. 2.O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do art. 59 da Lei Federal n° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, a teor do art. 42 da Lei Federal n° 8.213/91. 3.Objetivando a uma avaliação médica do estado físico da parte autora, foi determinada a realização de prova pericial a qual, depois de detalhado exame clínico e da análise dos documentos trazidos aos autos, concluiu que a parte autora não apresentara patologia incapacitante, estando totalmente apta para o exercício de sua função habitual, bem como de prover dignamente o seu próprio sustento. URL efeito, a simples existência de limitações ao exercício laboral não constitui, por si só, direito subjetivo ao benefício auxílio-doença ou mesmo à aposentadoria por invalidez, sendo reclamado pela legislação de regência (Lei Federal n.o 8.213/91) a existência de incapacidade laboral relativa (à função habitual) ou absoluta (à qualquer atividade). 5.Por todo o exposto, julgo improcedente o pedido da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). 6.Intimem-se. Maceió, 29 de janeiro de
NÃO PROVIMENTO
0534720-10.2019.4.05.8013
2019-10-24 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
null
2020-01-29 08:52:25
Sentença - SENTENÇA
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
AL006250
SENTENÇA (Tipo A – Fundamentação Individualizada) 1.Cuida-se de pedido de concessão de BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE (AMPARO SOCIAL), cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Passo a fundamentar e decidir. 2.Preliminarmente, esclareço que o(a) douto(a) perito(a) designado(a) avaliou de forma clara, precisa e fundamentada as patologias alegadas, bem como que o quadro médico da parte autora não é complexo. Desta forma, indefiro a impugnação formulada pela parte autora, mormente por ter o(a) perito(a) demonstrado cuidado e zelo com a feitura do laudo e exame clínico, tendo, inclusive, tendo analisado todos os exames e laudos trazidos pela parte autora. 3.Cumpre ressaltar que a parte autora, atendendo ao que dispõe o § 8o do art. 20 da Lei Federal n.o 8.742 de 1993, fez declarar em seu pedido a sua condição de miserabilidade, declaração esta contra a qual não se apresentou, concretamente, qualquer contraprova que pudesse ilidir a situação de pobreza apontada. 4.Assim, deve ser investigada, primeiramente, a renda das pessoas as quais tenham uma relação de dependência previdenciária, a teor do que dispõe o art. 20, § 1°, da Lei Federal n° 8.742/93, para somente depois, se ainda houver alguma relevância, analisar se coabitam sob o mesmo teto, sendo legalmente irrelevante a coabitação de pessoas que não se enquadram no art. 16 da Lei Federal n° 8.213 de 1991, desde o advento da Lei Federal n° 9.720/98, a qual alterou a redação do art. 20, § 1° da Lei Federal n° 8.742/93. 5.Nesta investigação, a propósito, o INSS detém todos os dados necessários a descoberta de renda familiar da parte autora, pois o CNIS e o IFBEN trazem todas as informações sobre vínculos empregatícios e previdenciários, não fazendo qualquer sentido exigir da parte autora prova de fato inexistente. 6.No caso em perspectiva, é importante anotar que o INSS não demonstrou concretamente, de acordo com as investigações que empreendeu em sede administrativa, que a parte autora dispunha de meios para garantir a sua subsistência, razão por que tenho por plenamente provada a sua situação de miserabilidade. 7.Passo, então, à análise da incapacidade da parte autora. 8.O benefício assistencial, a teor do que dispõe o art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993, com nova redação dada pela Lei no 12.435/2011, consiste na prestação devida mensalmente pela seguridade social ao idoso e ao portador de deficiência, assim considerado esta como sendo à pessoa com impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas . 9.Adentrando ao mérito da causa, constato que o benefício em tela encontra-se regulado pelo art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993. Este, no seu parágrafo segundo, inciso II, estabelece que, para fim de concessão de benefício assistencial de prestação continuada impedimentos de longo prazo são aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. 10.Com efeito, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos, a parte autora apresenta diagnóstico de Espondilartrose não especificada e poliartralgia não especificada, pelo que há incapacidade temporária para o trabalho em geral de seis meses a partir do laudo pericial. 11.Destarte, a incapacidade da parte autora somente foi constatada a partir da data em que foi sujeita a avaliação do perito médico em juízo, portanto, posterior a nova redação dada pela Lei no 12.435/2011. 12.Nesses termos, tem-se que a doença relatada, dissociada de outras condições especiais, não se constitui em motivo hábil a ensejar o deferimento do benefício pleiteado, porque acarreta incapacidade temporária para o trabalho, pelo prazo inferior ao mínimo legal, que é de 24 meses. 13.Ademais, a solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da assistência social, mas da saúde, através do fornecimento de medicamentos e acompanhamento médico adequado para o controle das patologias que acometem a parte autora. 14.A legislação pertinente à matéria exige incapacidade laboral a qual, diante das demais características pessoais da parte interessada, tais como idade e ambiente social, tornem-na permanentemente insuscetível de inserir-se no mercado de trabalho. Assim, seria uma afronta aos princípios constitucionais regedores da matéria conceder tal benefício à parte autora, razão pela qual não merece guarida a pretensão deduzida em juízo. 15.Nessa trilha, entendo que não prosperam as pretensões ao deferimento do benefício assistencial de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei n° 8.742/93 e à condenação do Instituto Nacional de Seguro Social ao pagamento de parcelas retroativas, em virtude do não preenchimento dos requisitos necessários à concessão do mesmo. 16.Por todo o exposto, julgo improcedentes as pretensões deduzidas em juízo, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95. Intimem-se. Maceió, 29 de janeiro de 2020. GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES Juiz Federal - 6a Vara de Alagoas Art. 20 (...) §8o - A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido (grifo nosso). § 1oPara os efeitos do disposto no caput, entende-se como família o conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que vivam sob o mesmo teto Redação primitiva: § 1o Para os efeitos do disposto no caput, entende-se por família a unidade mononuclear, vivendo sob o mesmo teto, cuja economia é mantida pela contribuição de seus integrantes. Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011). Art. 20. (...) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011)
PROCESSO No 0534720-10.2019.4.05.8013 RECORRENTE: EDVANIA MATIAS DA SILVA RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ(A) IMPEDIDO(A): GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES DADOS: 47 ANOS;8a SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL; MACEIÓ/AL PROFISSÃO DECLARADA: DIZ QUE TRABALHOU COMO EMPREGADA DOMÉSTICA E QUE NÃO TEVE CTPS ASSINADA. VOTO-EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. SEGURIDADE SOCIAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE. LIMITAÇÃO DE CURTA DURAÇÃO PARA O TRABALHO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DO LAUDO PERICIAL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado contra sentença que julgou improcedente o pedido de benefício assistencial ao deficiente, ante a ausência de impedimento de longo prazo. 2.Pretensão recursal fundamentada no argumento de que atende a todos os requisitos para a concessão do amparo social. 3.O art. 20, caput, da Lei n.° 8.742/93, estabelece que: “O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.”. 4.Hipótese em que a prova pericial (anexo 17) constatou que a parte autora, portadora de EPISÓDIO DEPRESSIVO MODERADO CID F32.1 E TRANSTORNO ANSIOSO CID F41.9, está incapaz para o trabalho, mas não por longo período de tempo (dois anos ou mais), conforme os quesitos: 4.O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não De acordo com o exame médico pericial, a periciada encontra-se incapaz de exercer sua função habitual por um período de 06 meses para tratamento do quadro ansioso e depressivo. Os documentos em anexo foram vistos. Não foi evidenciada incapacidade laboral definitiva. 6.Tendoemvistaapatologia/deficiênciaidentificadaeaidade,opericiadose encontra impedido de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garantam o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Sim. Pelo exame médico pericial a periciada encontra-se incapaz de exercer atividade que lhe garanta o sustento. 8.Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e quadro clínico atual do periciado,épossívelinferiradatadoiníciodapatologia/deficiênciaeda incapacidadelaboral?Seanterior,contemporâneaouposteriorà datado requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Início da patologia há 05 anos segundo relato da periciada. Incapacidade para a atividade declarada a partir do requerimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das informações obtidas na anamnese, no exame físico e nos documentos apresentados, podemos concluir que o (a) autor (a) é: Quanto à capacidade para a atividade declarada: Incapaz para a atividade declarada por um período de 05 meses. Quanto à capacidade para o trabalho e restrições: Incapaz para o trabalho por um período de 05 meses. Quanto à capacidade para a vida independente: Capaz para a vida independente. 5.Destarte, apesar de frisar que há incapacidade para o trabalho, nota-se que o expert conclui que tal incapacidade é temporária, sendo possível concluir que, após a melhora, a parte recorrente poderá exercer suas atividades normalmente.Considerando a data do início da incapacidade fixada pelo perito – 07/06/19 -somado ao período indicado para cessação do benefício – 05 meses da data da perícia (08/01/20), tem-se incapacidade por um período de 12 meses, sendo este aquém dos 2 anos estipulados pela lei como sendo impedimento de longa duração, requisito indispensável para a concessão do benefício pretendido. 6.Ademais, como cediço, nos termos do art. 20, § 2°, da Lei Federal n.° 8.742/93: “Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.” 7.Insta salientar que a Súmula 48 da TNU, alterada em 21/11/2018, estabelece que para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada, o conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde necessariamente com situação de incapacidade laborativa, é imprescindível a configuração de impedimento de longo prazo com duração mínima de 2 (dois) anos, a ser aferido no caso concreto, desde a data do início sua caracterização. 8.Registre-se que “o laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, Relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012).Havendo divergência entre as conclusões do perito do juízo e de outros profissionais consultados pelas partes deve-se prestigiar o laudo oficial, pois o auxiliar do juízo é terceiro imparcial, equidistante do interesse das partes, cujas conclusões possuem presunção de veracidade e legitimidade. O auxiliar do juízo desempenhou seu mister com competência e esmero, sendo certo que a irresignação da parte recorrente é compreensível diante do conjunto probatório francamente desfavorável a sua pretensão. 9.Ante o exposto, considerando a ausência de impedimento de longa duração, não há necessidade de avaliar a miserabilidade, pois, para concessão do benefício vindicado, é necessário o preenchimento dos requisitos cumulativos, a saber: miserabilidade e impedimento de longo prazo. A não configuração de um deles descaracteriza o direito ao benefício assistencial, restando desnecessária a análise do outro. Logo, impossível o deferimento do benefício requerido. 10.Recurso inominado improvido, condenando-se a parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa (art. 54, parágrafo único, e art. 55 da Lei 9099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/01). Contudo, considerando a concessão da assistência judiciária gratuita, a condenação em honorários sucumbenciais fica suspensa pelo prazo de cinco anos até que sobrevenha a hipersuficiência, ou, persistindo a situação de pobreza, incida a prescrição (art. 98, §§ 2o e 3o, Novo CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO nos termos do voto do Relator.
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0
6-AL
1
96.965567
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de pedido de concessão de BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE (AMPARO SOCIAL), cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Passo a fundamentar e decidir. 2.Preliminarmente, esclareço que o(a) douto(a) perito(a) designado(a) avaliou de forma clara, precisa e fundamentada as patologias alegadas, bem como que o quadro médico da parte autora não é complexo. Desta forma, indefiro a impugnação formulada pela parte autora, mormente por ter o(a) perito(a) demonstrado cuidado e zelo com a feitura do laudo e exame clínico, tendo, inclusive, tendo analisado todos os exames e laudos trazidos pela parte autora. 3.Cumpre ressaltar que a parte autora, atendendo ao que dispõe o § 8o do art. 20 da Lei Federal n.o 8.742 de 1993, fez declarar em seu pedido a sua condição de miserabilidade, declaração esta contra a qual não se apresentou, concretamente, qualquer contraprova que pudesse ilidir a situação de pobreza apontada. 4.Assim, deve ser investigada, primeiramente, a renda das pessoas as quais tenham uma relação de dependência previdenciária, a teor do que dispõe o art. 20, § 1°, da Lei Federal n° 8.742/93, para somente depois, se ainda houver alguma relevância, analisar se coabitam sob o mesmo teto, sendo legalmente irrelevante a coabitação de pessoas que não se enquadram no art. 16 da Lei Federal n° 8.213 de 1991, desde o advento da Lei Federal n° 9.720/98, a qual alterou a redação do art. 20, § 1° da Lei Federal n° 8.742/93. 5.Nesta investigação, a propósito, o INSS detém todos os dados necessários a descoberta de renda familiar da parte autora, pois o CNIS e o IFBEN trazem todas as informações sobre vínculos empregatícios e previdenciários, não fazendo qualquer sentido exigir da parte autora prova de fato inexistente. URL caso em perspectiva, é importante anotar que o INSS não demonstrou concretamente, de acordo com as investigações que empreendeu em sede administrativa, que a parte autora dispunha de meios para garantir a sua subsistência, razão por que tenho por plenamente provada a sua situação de miserabilidade. 7.Passo, então, à análise da incapacidade da parte autora. 8.O benefício assistencial, a teor do que dispõe o art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993, com nova redação dada pela Lei no 12.435/2011, consiste na prestação devida mensalmente pela seguridade social ao idoso e ao portador de deficiência, assim considerado esta como sendo à pessoa com impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas . 9.Adentrando ao mérito da causa, constato que o benefício em tela encontra-se regulado pelo art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993. Este, no seu parágrafo segundo, inciso II, estabelece que, para fim de concessão de benefício assistencial de prestação continuada impedimentos de longo prazo são aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. URL efeito, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos, a parte autora apresenta diagnóstico de Espondilartrose não especificada e poliartralgia não especificada, pelo que há incapacidade temporária para o trabalho em geral de seis meses a partir do laudo pericial. 11.Destarte, a incapacidade da parte autora somente foi constatada a partir da data em que foi sujeita a avaliação do perito médico em juízo, portanto, posterior a nova redação dada pela Lei no 12.435/2011. 12.Nesses termos, tem-se que a doença relatada, dissociada de outras condições especiais, não se constitui em motivo hábil a ensejar o deferimento do benefício pleiteado, porque acarreta incapacidade temporária para o trabalho, pelo prazo inferior ao mínimo legal, que é de 24 meses. 13.Ademais, a solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da assistência social, mas da saúde, através do fornecimento de medicamentos e acompanhamento médico adequado para o controle das patologias que acometem a parte autora. 14.A legislação pertinente à matéria exige incapacidade laboral a qual, diante das demais características pessoais da parte interessada, tais como idade e ambiente social, tornem-na permanentemente insuscetível de inserir-se no mercado de trabalho. Assim, seria uma afronta aos princípios constitucionais regedores da matéria conceder tal benefício à parte autora, razão pela qual não merece guarida a pretensão deduzida em juízo. 15.Nessa trilha, entendo que não prosperam as pretensões ao deferimento do benefício assistencial de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei n° 8.742/93 e à condenação do Instituto Nacional de Seguro Social ao pagamento de parcelas retroativas, em virtude do não preenchimento dos requisitos necessários à concessão do mesmo. 16.Por todo o exposto, julgo improcedentes as pretensões deduzidas em juízo, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95. Intimem-se. Maceió, 29 de janeiro de 2020. GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES Juiz Federal - 6a Vara de Alagoas Art. 20 (...) §8o - A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o deferimento do pedido (grifo nosso). § 1oPara os efeitos do disposto no caput, entende-se como família o conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que vivam sob o mesmo teto Redação primitiva: § 1o Para os efeitos do disposto no caput, entende-se por família a unidade mononuclear, vivendo sob o mesmo teto, cuja economia é mantida pela contribuição de seus integrantes. Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011). Art. 20. (...) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de
NÃO PROVIMENTO
0524820-03.2019.4.05.8013
2019-08-06 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
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2019-11-28 08:54:50
Sentença - Improcedente
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
AL006266
PROCESSO no 05248200320194058013T AUTOR: SAMUEL VICTOR LOUREIRO COSTA RÉU: INSS - Instituto Nacional do Seguro Social. SENTENÇA Cuida-se de pedido de restabelecimento de BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE, cumulada com pedido de pagamento de parcelas retroativas, negado administrativamente pela Autarquia Previdenciária. Fundamento e decido: O pedido administrativo foi protocolado, quando já estava em vigor a Lei no 12.435, publicada em 07/07/2011, cujas disposições acerca do benefício assistencial foram mantidas sem alteração de conteúdo pela Lei no 12.470, publicada em 1o/09/2011. Para efeito de concessão de benefício de amparo social, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (art. 20, § 2o, da Lei no 8.742/93). Considera-se impedimento de longo prazo aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos (art. 20, § 10, da Lei no 8.742/93). Segundo o laudo pericial, não há incapacidade para atividades próprias da idade do periciado. Intimadas as partes do laudo pericial, a parte autora/ré apresentou impugnação ao laudo pericial. Diante da solicitação o Médico Perito Dr. Adolfo Vasconcelos de Albuquerque apresentou os seguintes esclarecimento: ''O menor tem sintomas de transtorno de hiperatividade, também pode haver algum grau de déficit de atenção, esse quadro, no entanto, pode ser bem controlado com tratamento adequado como descrito no laudo, não vejo, até o momento, sinais doença ou de sequela que impeça seu desenvolvimento físico ou mental.'' “O laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012). A simples divergência de opiniões clínicas, sem respaldo em qualquer elemento concreto de prova, é insuficiente para afastar essa presunção, prevalecendo o laudo do perito judicial sobre o do assistente técnico da parte. Por isso, não procedem as impugnações ao laudo pericial, que analisou não apenas o estado clínico da parte autora como os documentos médicos por ela apresentados. Registre-se, ainda, nesse ponto, que a análise do laudo pericial evidencia que toda documentação médica apresentada nos autos foi efetivamente analisada pelo perito designado, constando as correspondentes referências expressamente consignadas quando da apreciação dos “EXAMES COMPLEMENTARES”, bem como posicionando-se quanto às possíveis limitações da parte autora no exercício de sua atividade laboral, de modo que se conclui que todas elas foram efetivamente avaliadas. Ante a ausência de incapacidade para atividade habitual, desnecessário proceder à análise das condições pessoais, sociais, econômicas e culturais da parte autora e do local em que vive. A própria Súmula 47 da TNU prescreve que somente é necessário efetuar essa análise quando houver sido reconhecida ao menos incapacidade parcial para o trabalho. Nem poderia ser diferente, pois se a parte autora pode exercer a atividade laborativa que sempre lhe garantira o sustento, não há impossibilidade de mantença da própria subsistência e de sua família. Inexistindo indicativo de que a parte autora tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, não se mostra possível a concessão do benefício de amparo social ao deficiente. Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTES as pretensões deduzidas em juízo. Defiro, no entanto, o benefício da assistência judiciária gratuita pleiteado pela parte autora. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Intimem-se. Oportunamente, arquivem-se os autos.
PROCESSO No 0524820-03.2019.4.05.8013 RECORRENTE: SAMUEL VICTOR LOUREIRO COSTA RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ(A) IMPEDIDO(A): FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY DADOS: 7 ANOS; 1o ANO ; MACEIÓ/AL DIAGNÓSTICO: TRANSTORNO DE HIPERATIVIDADE (R46.3) VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA. MENOR. LAUDO CAPAZ. RAZÕES RECURSAIS. DEFICIÊNCIA DA PARTE AUTORA. LAUDO PERICIAL. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE DO LAUDO OFICIAL.SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado contra sentença que julgou improcedente o pedido de amparo social ao deficiente, sob o fundamento de que não restou preenchido o requisito da deficiência da parte autora. 2.Razões recursais no sentido de ver reformada a sentença, sob o argumento de que a recorrente encontra-se impedida de exercer atividades inerentes à idade e que o requisito da deficiência foi devidamente cumprido de acordo com o laudo pericial. 3.O benefício de amparo social tem como objetivo a garantia de um salário mínimo de benefício mensal a pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou tê-la provida por sua família. Essa assistência promovida pelos art. 20 e art. 21 da Lei 8.742/93, pelo art. 34 da Lei 10.741/03, e pela Constituição Federal em seu art. 203, será prestada independentemente de contribuição. 4. O laudo pericial (anexo 25) constatou que a autora que conta com 07 (sete) anos de idade, e possui TRANSTORNO DE HIPERATIVIDADE (R46.3), no entanto, a perícia informou que o menor encontra-se capacitado para o exercício das atividades inerentes à idade, como se extrai dos quesitos abaixo: 4 – O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não há incapacidade para atividades próprias da idade do periciado. 5 – Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? Tratamento irregular pode ser prejudicial. O exercício de atividades próprias da faixa etária não tem o potencial de agravar sua condição clínica. 6 – Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Menor de idade. 7 – O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, assistência ou acompanhamento de terceiros? Não há incapacidade para atividades próprias da idade do periciado. 8 – Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma, anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou a cessação do benefício? Requereu benefício em 01/11/2017. Não há incapacidade para atividades próprias da idade do periciado. 5. Em sede de esclarecimentos (anexo 33) o perito judicial informou o seguinte: ‘’O menor tem sintomas de transtorno de hiperatividade, também pode haver algum grau de déficit de atenção, esse quadro, no entanto, pode ser bem controlado com tratamento adequado como descrito no laudo, não vejo, até o momento, sinais doença ou de sequela que impeça seu desenvolvimento físico ou mental.’’ 6. Em se tratando de menor de 16 anos, cuja incapacidade para o trabalho decorre da própria Constituição e a incapacidade para a vida independente da tenra idade, para concessão do benefício de amparo social deve-se observar se sua doença ou deficiência impõe-lhe limitação para as atividades próprias da idade, bem como se pode comprometer seu desenvolvimento físico, mental e intelectual. Art. 3o, I, do Decreto no 3.298/99 c/c art. 4o, § 1o, do Decreto no 6.214/2007. Ademais, faz-se necessário aferir as condicionantes estabelecidas em uniformização de jurisprudência pela TNU, exigindo-se deficiência comprovada por perícia médica (PEDILEF 2005.80.13.50.6128-6-AL) que: a) afete as possibilidades de o menor desempenhar atividades ou ter integração social compatíveis com sua idade; ou b) cause "significativo impacto econômico no seu grupo familiar, o que pode ocorrer basicamente por duas formas, quais sejam, pela exigência de dispêndios incompatíveis com a condição social da família, como com remédios ou tratamentos médicos, ou pela afetação na sua capacidade de angariar renda, como quando limita ou impossibilita algum de seus membros produtivos de trabalhar pelos cuidados necessários à deficiência do menor" (PEDILEF 2007.83.03.50.1412-5-PE). 7. As circunstâncias socioeconômicas e culturais do requerente não bastam para conferir direito ao benefício de prestação continuada, devido apenas à pessoa com deficiência cujo grau a impeça de, mesmo com restrições, prover o próprio sustento através do exercício de uma atividade produtiva, nem seja a deficiência impeditivo para que os familiares exerçam igualmente alguma atividade produtiva que garanta a subsistência do núcleo familiar. No caso em tela, por se tratar de menor de idade, o douto perito, opinou que o menor pode executar as atividades compatíveis com a sua idade e que é capaz de exercer os atos da vida diária, condizente com a jurisprudência da TNU já mencionada. 8. Portanto, não sendo a deficiência potencial ou comprovadamente limitadora do desenvolvimento físico e/ou intelectual do menor, o benefício não lhe é devido, pois ele necessitaria dele tanto quanto qualquer outra criança pertencente a um núcleo familiar miserável. E isso, no atual estágio de desenvolvimento do Estado brasileiro, infelizmente não é possível. 9. Incabível, portanto, a concessão do benefício vindicado, haja vista o não preenchimento dos requisitos legais para a concessão do amparo social. 10. Recurso improvido, deixando de condenar a parte recorrente nas despesas processuais e em honorários advocatícios, uma vez que beneficiária da assistência judiciária gratuita (art. 54, parágrafo único, e art. 55 da Lei n.o 9.099/95 c/c art.1o da Lei 10.259/2001). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO nos termos do voto do Relator. ÂNGELO CAVALCANTI ALVES DE MIRANDA NETO
607
973
0
0
14-AL
1
114.139468
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
AUTOR: SAMUEL VICTOR LOUREIRO COSTA RÉU: INSS - Instituto Nacional do Seguro Social. SENTENÇA Cuida-se de pedido de restabelecimento de BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO DEFICIENTE, cumulada com pedido de pagamento de parcelas retroativas, negado administrativamente pela Autarquia Previdenciária. Fundamento e decido: O pedido administrativo foi protocolado, quando já estava em vigor a Lei no 12.435, publicada em 07/07/2011, cujas disposições acerca do benefício assistencial foram mantidas sem alteração de conteúdo pela Lei no 12.470, publicada em 1o/09/2011. Para efeito de concessão de benefício de amparo social, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (art. 20, § 2o, da Lei no 8.742/93). Considera-se impedimento de longo prazo aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos (art. 20, § 10, da Lei no 8.742/93). Segundo o laudo pericial, não há incapacidade para atividades próprias da idade do periciado. Intimadas as partes do laudo pericial, a parte autora/ré apresentou impugnação ao laudo pericial. Diante da solicitação o Médico Perito Dr. Adolfo Vasconcelos de Albuquerque apresentou os seguintes esclarecimento: ''O menor tem sintomas de transtorno de hiperatividade, também pode haver algum grau de déficit de atenção, esse quadro, no entanto, pode ser bem controlado com tratamento adequado como descrito no laudo, não vejo, até o momento, sinais doença ou de sequela que impeça seu desenvolvimento físico ou mental.'' “O laudo pericial goza de presunção de veracidade, de maneira que, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de incapacidade do segurado” (AC 547.756, TRF-5, 4a Turma, unânime, relator Des. Fed. Ivan Lira de Carvalho, DJE de 11/10/2012). A simples divergência de opiniões clínicas, sem respaldo em qualquer elemento concreto de prova, é insuficiente para afastar essa presunção, prevalecendo o laudo do perito judicial sobre o do assistente técnico da parte. Por isso, não procedem as impugnações ao laudo pericial, que analisou não apenas o estado clínico da parte autora como os documentos médicos por ela apresentados. Registre-se, ainda, nesse ponto, que a análise do laudo pericial evidencia que toda documentação médica apresentada nos autos foi efetivamente analisada pelo perito designado, constando as correspondentes referências expressamente consignadas quando da apreciação dos “EXAMES COMPLEMENTARES”, bem como posicionando-se quanto às possíveis limitações da parte autora no exercício de sua atividade laboral, de modo que se conclui que todas elas foram efetivamente avaliadas. Ante a ausência de incapacidade para atividade habitual, desnecessário proceder à análise das condições pessoais, sociais, econômicas e culturais da parte autora e do local em que vive. A própria Súmula 47 da TNU prescreve que somente é necessário efetuar essa análise quando houver sido reconhecida ao menos incapacidade parcial para o trabalho. Nem poderia ser diferente, pois se a parte autora pode exercer a atividade laborativa que sempre lhe garantira o sustento, não há impossibilidade de mantença da própria subsistência e de sua família. Inexistindo indicativo de que a parte autora tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, não se mostra possível a concessão do benefício de amparo social ao deficiente. Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTES as pretensões deduzidas em juízo. Defiro, no entanto, o benefício da assistência judiciária gratuita pleiteado pela parte autora. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Intimem-se. Oportunamente, arquivem-se os autos
NÃO PROVIMENTO
0503881-32.2019.4.05.8003
2019-07-05 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2020-01-20 11:48:24
Sentença - sentença
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
CAMILA MONTEIRO PULLIN
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
1
AL013769A
PROCESSO: 0503881-32.2019.4.05.8003AUTOR (A): CLAUDIA MARIA DO NASCIMENTOADV.: Luana Pantaleão de AlmeidaRÉU: INSS - Instituto Nacional do Seguro Social Preposto: Joaquim Farias do Nascimento SENTENÇA Pretende a autora salário-maternidade, na condição de trabalhadora rural segurado especial. Em audiência, foi colhida a prova oral. O direito ao salário-maternidade é assegurado no art. 7o, XVIII, da CF/88. O pedido merece procedência. É notória a dificuldade de o agricultor apresentar documentação que demonstre a atividade exercida, conforme reconhecido pela jurisprudência (Súmula 14/TNU e 41/TNU). A autora requer o benefício em virtude do nascimento de ANTONIO FRANCELINO DA SILVA NETO. Disse que, durante a gravidez, trabalhou em terras próprias (assentamento PA Lagoa do Samuel), plantando milho e feijão, em três tarefas de terra. No caso dos autos, o conjunto probatório produzido demonstrou, de modo convergente e com segurança necessária, que a parte autora exerceu labor rural sob regime de economia familiar em tempo suficiente para a concessão do benefício. Em depoimento, respondeu com segurança às perguntas sobre o trabalho na roça. Afirmou que prestou serviço na militância do MST para o Centro de Capacitação Zumbi dos Palmares, disse que era articuladora em um projeto voltado para área rural, cadeias produtivas do caju, acompanhando a região do sertão, de 2014 a 2015. Afirmou ainda que possuía um lote de 35 tarefas, porém, quando se separou do companheiro, ficou com 15 tarefas, que planta em 3 tarefas, planta 30 kg de feijão e 10 kg de milho e que plantou caju, feijão e milho na terra do pai, em Olho d'água do Casado, em um terreno de uma tarefa de terra. Em inspeção judicial, exibiu mãos desprovidas de calos, mas o o perfil campesino. Prova documental – a parte autora comprovou ser assentada, residindo e trabalhando em terras próprias. Mitigando-se o rigor probatório da TNU e demais tribunais pátrios, basta a título de prova documental. Registros CNIS – a ausência de vínculos urbanos, no intervalo de carência, reforça a conclusão de que a parte dedicou-se por toda a vida ao ofício rural. Ante o exposto, nos termos do art. 487, I do CPC, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para conceder o salário maternidade NB: 178.852.726-4, fixando a DIB em 08/02/2018. Presentes os requisitos da Lei n. 1.060/50, defiro a gratuidade da justiça. Sem custas ou honorários em primeiro grau. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, comprovada a implantação do benefício, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Considerando a função social do contrato, a hipossuficiência, a condição de saúde da parte autora, a vedação ao enriquecimento ilícito, o benefício da gratuidade e o caráter alimentar da verba, honorários contratuais fixados em 20% do valor vencido até a sentença, sendo a quantia restante integralmente da parte autora, sendo certo que a retenção de honorários advocatícios exige juntada do respectivo contrato (Res. CJF 458/2017). Santana do Ipanema, data da assinatura eletrônica. Juíza/Juiz Federal RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE SALÁRIO-MATERNIDADE (CÓDIGO N.o B-80 NO INSS) BENEFICIÁRIO CLAUDIA MARIA DO NASCIMENTO INFANTE ANTONIO FRANCELINO DA SILVA NETO BENEFÍCIO No 178.852.726-4 CPF 029.044.154-40 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 08/02/2018 DIP - PARCELAS ATRASADAS DO BENEFÍCIO – PAGAMENTO VIA RPV/PRECATÓRIO -
PROCESSO No0503881-32.2019.4.05.8003 RECORRENTE: INSS- INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL RECORRIDO:CLAUDIA MARIA DO NASCIMENTO MAGISTRADO SENTENCIANTE: Camila Monteiro Pullin VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO MATERNIDADE. SEGURADA ESPECIAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. PROVA ORAL FAVORÁVEL.SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. 1. O salário maternidade é garantido à segurada especial que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 10 (dez) meses imediatamente anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do parto. O INSS recorre alegando que não há início de prova material. 2. A comprovação do exercício da atividade rural no período de carência não prescinde de início de prova material, nos termos do artigo 55, § 3o, da Lei n.o 8.213/91 e da Súmula 149 do STJ, mas não se exige relação de contemporaneidade com todo o período de carência, conforme Súmula 14 da TNU dos JEF’s, ou mesmo que se refira ao período de carência (PEDILEF no 2009.32.00.704394-5/AM, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, DOU 28 out. 2011). 3. A Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, na esteira da jurisprudência do STJ, tem abrandado o conceito de prova material, aceitando a eficácia probatória de rol não exaustivo de documentos, principalmente depois que a TNU decidiu que a inspeção judicial não supre a exigência de início de prova material. 4. Para o reconhecimento do exercício da atividade rural na condição de segurada especial, o início de prova material deve ser corroborado e ampliado por outros meios de prova, constituindo conjunto probatório harmônico, devendo-se sempre prestigiar a valoração da prova realizada pelo juízo monocrático, que participou diretamente de sua produção. 5. Sentença de procedência, contra qual o INSS recorre, aduzindo que não há elementos materiais de prova. 6. A jurisprudência da TNU tem como suficiente a própria certidão de nascimento do filho como início de prova material para a concessão do benefício do salário maternidade (PEDILEF 00164700320074013200, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, DOU 27/04/2012). 7. A sentença analisou bem o conjunto probatório: Em depoimento, respondeu com segurança às perguntas sobre o trabalho na roça. Afirmou que prestou serviço na militância do MST para o Centro de Capacitação Zumbi dos Palmares, disse que era articuladora em um projeto voltado para área rural, cadeias produtivas do caju, acompanhando a região do sertão, de 2014 a 2015. Afirmou ainda que possuía um lote de 35 tarefas, porém, quando se separou do companheiro, ficou com 15 tarefas, que planta em 3 tarefas, planta 30 kg de feijão e 10 kg de milho e que plantou caju, feijão e milho na terra do pai, em Olho d'água do Casado, em um terreno de uma tarefa de terra. Em inspeção judicial, exibiu mãos desprovidas de calos, mas o o perfil campesino. Prova documental – a parte autora comprovou ser assentada, residindo e trabalhando em terras próprias. Mitigando-se o rigor probatório da TNU e demais tribunais pátrios, basta a título de prova documental. Registros CNIS – a ausência de vínculos urbanos, no intervalo de carência, reforça a conclusão de que a parte dedicou-se por toda a vida ao ofício rural. Ante o exposto, nos termos do art. 487, I do CPC, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para conceder o salário maternidade NB: 178.852.726-4, fixando a DIB em 08/02/2018. 8. Sem razão o INSS. Existe início de prova material nos autos, com destaque para a declaração do PRONAF dos anos de 2017 e 2018 (anexos no 14 e 15), que se inserem no período de carência, vez que a criança nasceu em 08/02/2018. Além disso, há um .documento antigo informando que a autora foi beneficiária do programa de reforma agrária (anexo no 13). Registre-se, ainda, que vendo a gravação da audiência, a parte autora prestou um depoimento bastante favorável, demonstrando o domínio das técnicas de agricultura, de forma espontânea e convincente. 9. O STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Por esse motivo, fica restabelecida a sistemática vigente anterior ao advento da Lei 11.960/2009, que prevê atualização monetária pelo INPC, mantendo-se a taxa de juros de mora no mesmo patamar da caderneta de poupança (0,5% a.m ou 70% da taxa Selic, conforme o caso). 10. Portanto, deve-se aplicar o INPC como índice de correção monetária na espécie e juros moratórios no mesmo patamar da caderneta de poupança, razão pela qual a sentença vergastada não merece reparos. 11. Deste modo, a sentença ora vergastada não merece reparos. 12. Recurso improvido, condenando-se a parte recorrente, vencida, ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95 c/c o art. 1o da Lei no 10.259/2001). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
526
886
0
1
11-AL
0
199.014167
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
AUTOR (A): CLAUDIA MARIA DO NASCIMENTOADV.: Luana Pantaleão de AlmeidaRÉU: INSS - Instituto Nacional do Seguro Social Preposto: Joaquim Farias do Nascimento SENTENÇA Pretende a autora salário-maternidade, na condição de trabalhadora rural segurado especial. Em audiência, foi colhida a prova oral. O direito ao salário-maternidade é assegurado no art. 7o, XVIII, da CF/88. O pedido merece procedência. É notória a dificuldade de o agricultor apresentar documentação que demonstre a atividade exercida, conforme reconhecido pela jurisprudência (Súmula 14/TNU e 41/TNU). A autora requer o benefício em virtude do nascimento de ANTONIO FRANCELINO DA SILVA NETO. Disse que, durante a gravidez, trabalhou em terras próprias (assentamento PA Lagoa do Samuel), plantando milho e feijão, em três tarefas de terra. No caso dos autos, o conjunto probatório produzido demonstrou, de modo convergente e com segurança necessária, que a parte autora exerceu labor rural sob regime de economia familiar em tempo suficiente para a concessão do benefício. Em depoimento, respondeu com segurança às perguntas sobre o trabalho na roça. Afirmou que prestou serviço na militância do MST para o Centro de Capacitação Zumbi dos Palmares, disse que era articuladora em um projeto voltado para área rural, cadeias produtivas do caju, acompanhando a região do sertão, de 2014 a 2015. Afirmou ainda que possuía um lote de 35 tarefas, porém, quando se separou do companheiro, ficou com 15 tarefas, que planta em 3 tarefas, planta 30 kg de feijão e 10 kg de milho e que plantou caju, feijão e milho na terra do pai, em Olho d'água do Casado, em um terreno de uma tarefa de terra. Em inspeção judicial, exibiu mãos desprovidas de calos, mas o o perfil campesino. Prova documental – a parte autora comprovou ser assentada, residindo e trabalhando em terras próprias. Mitigando-se o rigor probatório da TNU e demais tribunais pátrios, basta a título de prova documental. Registros CNIS – a ausência de vínculos urbanos, no intervalo de carência, reforça a conclusão de que a parte dedicou-se por toda a vida ao ofício rural. Ante o exposto, nos termos do art. 487, I do CPC, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para conceder o salário maternidade NB: 178.852.726-4, fixando a DIB em 08/02/2018. Presentes os requisitos da Lei n. 1.060/50, defiro a gratuidade da justiça. Sem custas ou honorários em primeiro grau. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, comprovada a implantação do benefício, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Considerando a função social do contrato, a hipossuficiência, a condição de saúde da parte autora, a vedação ao enriquecimento ilícito, o benefício da gratuidade e o caráter alimentar da verba, honorários contratuais fixados em 20% do valor vencido até a sentença, sendo a quantia restante integralmente da parte autora, sendo certo que a retenção de honorários advocatícios exige juntada do respectivo contrato (Res. CJF 458/2017). Santana do Ipanema, data da assinatura eletrônica. Juíza/Juiz Federal RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE SALÁRIO-MATERNIDADE (CÓDIGO N.o B-80 NO INSS) BENEFICIÁRIO CLAUDIA MARIA DO NASCIMENTO INFANTE ANTONIO FRANCELINO DA SILVA NETO BENEFÍCIO No 178.852.726-4 CPF 029.044.154-40 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 08/02/2018 DIP - PARCELAS ATRASADAS DO BENEFÍCIO – PAGAMENTO VIA RPV/PRECATÓRIO
NÃO PROVIMENTO
0536524-13.2019.4.05.8013
2019-11-06 00:00:00
Caixa Econômica Federal (00.360.305/0001-04)
CEF
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2020-02-03 09:59:52
Sentença - improcedente
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - Voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,071
Direito Tributário
Contribuições
Contribuições Especiais
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AL010095
SENTENÇA Trata-se de demanda ajuizada em face da Caixa Econômica Federal, em que a parte autora pleiteia o reconhecimento da insubsistência da Taxa Referencial – TR como índice de correção de sua conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, pleiteando que mencionado referencial seja substituído por indicador que garanta a adequada correção monetária dos valores depositados. Requer, outrossim, o pagamento da importância paga a menor desde o ano de 1999. Citada, a Caixa Econômica Federal apresentou contestação, alegando, preliminarmente, a ausência de interesse processual e a necessidade de litisconsórcio passivo necessário com a União Federal e o Banco Central do Brasil. No mérito, defende o uso da Taxa Referencial – TR como índice de correção das contas vinculadas ao FGTS. Breve relatório, tendo em vista o que dispõe o art. 38 da Lei n.o 9.099/95. Antes de fundamentar e decidir, destaco que, apesar de haver sido determinada a suspensão do trâmite dos processos que versem sobre a questão ora posta a julgamento, nos termos de decisão do STJ (Recurso Especial n.o 1.381.683 – PE), o artigo 543-C, §2o, do CPC, dispõe que a suspensão recai sobre os recursos que versem sobre a controvérsia que esteja afeta ao colegiado do supracitado tribunal superior ou que exista jurisprudência dominante. Nesses termos, nada impede que a jurisdição seja exercida no presente caso, havendo sobrestamento do feito em fase posterior a sentença, notadamente em fase recursal. Fundamento e decido. PRELIMINARES Sobre a legitimidade da Caixa Econômica Federal para integrar o pólo passivo da lide, entendo que a matéria encontra-se pacificada na jurisprudência pátria, tendo em vista o que dispõe a Súmula 249 do Superior Tribunal de Justiça, verbete este que prescreve que “A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS”. A CEF é o agente operador do sistema e responsável por eventuais correções nos saldos, sendo, por isso, incabível trazer outros entes ao pólo passivo, tais como a União Federal e o Banco Central do Brasil (TRF 5, Segunda Turma, AC 200605000561040, DJ 12/08/2008, rel. Desembargadora Federal Amanda Lucena), pelo que, também, afasta-se a necessidade de chamamento desses entes. Cabem alguns comentários acerca dos documentos necessários ao ajuizamento da demanda, eis que item produtor de graves controvérsias no passado quando do julgamento (e liquidação) de causas pertinentes a mudanças nos saldos de contas fundiárias e de caderneta de poupança. Considerando que, nos anos noventa, inúmeras demandas foram ajuizadas sem que, ao menos, fosse demonstrada a existência de conta vinculada ao FGTS, passou-se a entender que documentos comprobatórios da existência da conta deveriam ser trazidos com a exordial ou, ao menos, provas de que foram feitas diligências para obtenção dos mesmos. Nesse sentido, os Enunciados 94 e 95 do Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais – FONAJEF: “Enunciado 94. Para a propositura de demandas referentes a contas de FGTS anteriores à centralização deverá a parte comprovar que diligenciou ou solicitou os extratos junto à Caixa Econômica Federal ou à instituição mantenedora das contas vinculadas anteriormente ao período de migração”. “Enunciado 95. Para a propositura de ação relativa a expurgos inflacionários sobre saldos de poupança, deverá a parte autora providenciar documento que mencione o número da conta bancária ou prova de relação contratual com a instituição financeira". No caso dos autos, observo que a parte autora trouxe extratos analíticos referentes ao período sobre o qual almeja produzir efeitos financeiros, demonstrando, com isso, a existência de conta vinculada ao FGTS, motivo pelo qual é possível julgar o mérito. Observo, por fim, que a parte autora, no tópico destinado aos pedidos, indica uma série de argumentos a serem analisados pelo órgão julgador. Como é lição assentada em doutrina e na jurisprudência, o Magistrado não precisa se manifestar sobre toda a argumentação utilizada (ou pretendida) pelo demandante, mas, apenas, resolver integralmente a lide, de maneira fundamentada, pois " (...) A garantia de acesso ao Judiciário não pode ser tida como certeza de que as teses serão apreciadas de acordo com a conveniência das partes" (...), muito menos que o magistrado está compelido a examinar todos os argumentos expendidos pelos jurisdicionados” (Superior Tribunal de Justiça, Primeira Turma, Agresp no 201301342245, DJE 12/09/2013, rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima). DO MÉRITO O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS foi criado em 1967 com o escopo de estabelecer uma garantia financeira para o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador. Atualmente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é regido pela Lei no. 8.036/90, tendo como agente operador a Caixa Econômica Federal (art.4o, daquele diploma), motivo pelo qual as lides envolvendo-o são aforados na Justiça Federal (art. 109, I, da CF/88). As ações visando à correção das contas vinculadas ao Fundo representaram, em fins dos anos noventa, a principal motivo de ajuizamento de demandas na Justiça Federal, constituindo, ainda no início dos anos 2000, um acervo considerável. Nos dias de hoje, embora não sejam numericamente tão representativas, ainda rendem ensejo a demandas promovidas por trabalhadores que visam questionar critérios de correção daquelas contas. Os motivos são, basicamente, dois: I) aplicação de juros progressivos; II) correção inflacionária sobre o saldo das contas. Tantas foram as demandas ajuizadas no passado que, no ano de 2001, foi editada a Lei Complementar no. 110, a qual previu o pagamento parcelado dos expurgos inflacionários para aqueles fundistas que aderissem ao termo de acordo ali previsto. Cada transação, para os indivíduos que eram partes em ações judiciais em trâmite na época, teve que ser homologada pelo respectivo Magistrado para produzir efeitos. No ano de 2007 foi feito o último pagamento do acordo, de forma que as pessoas que aderiram ao pacto não podem mais recorrer ao Judiciário, eis que nada mais têm a receber. Ao contrário das ações aforadas nos anos noventa, neste caso não se alega a inaptidão dos índices utilizados em certos e determinados meses, parâmetros então discutíveis, mercê da aplicação do direito intertemporal e das consequências de inúmeros planos econômicos. Nesta lide defende-se a ilegalidade no uso da Taxa Referencial – TR como fator de correção, em todos os meses e competências, desde o ano de 1999, ou seja, questiona-se, de uma maneira ampla e permanente, a higidez no uso da TR. Pede-se que, daqui em diante, o Judiciário estabeleça, em definitivo, outro parâmetro de correção, além de reconhecer a inadequação do índice desde aquela data. O melhor caminho para resolver a lide passa pela análise dos dispositivos legais aplicáveis à matéria. Nesse passo, observo que a Lei n.o 8.036/90 (Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências) estabelece: “Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano” Posteriormente, a Lei n.o 8.177/91 (Estabelece regras para a desindexação da economia e dá outras providências) fixou: “Art. 15. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia primeiro, mantida a periodicidade atual para remuneração. Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS são mantidas e consideradas como adicionais à remuneração prevista neste artigo.” Como se vê, pelo regime jurídico em vigor, as contas vinculadas ao FGTS devem ser corrigidas pela Taxa Referencial, acrescidas de juros de 3% ao ano. Estabeleceu-se, como se vê, um estreito vínculo entre a remuneração dos depósitos em cadernetas de poupança e a remuneração dos saldos das contas vinculadas ao FGTS. Inicialmente aquele diploma estabeleceu a Taxa Referencial Diária (TRD) como fator de correção. Após, a Lei no. 8.660/93 fixou que: Art. 2o. Fica extinta, a partir de 1o de maio de 1993, a Taxa Referencial Diária - TRD de que trata o art. 2o da Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (...) Art. 7o. Os depósitos de poupança têm como remuneração básica a Taxa Referencial - TR relativa à respectiva data de aniversário. Pelo que se extrai a partir do corpo normativo em vigor, o FGTS é um fundo criado com a finalidade de compensar os efeitos da estabilidade do contrato de trabalho, nas ocasiões onde esse é encerrado. É, pois, de natureza institucional, como expressamente proclamado pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário 226.855 (julgado no ano 2000), importante paradigma para o julgamento desta causa: O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ao contrário do que sucede com as cadernetas de poupança, não tem natureza contratual, mas, sim, estatutária, por decorrer da Lei e por ela ser disciplinado. - Assim, é de aplicar-se a ele a firme jurisprudência desta Corte no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. - Quanto à atualização dos saldos do FGTS relativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), não há questão de direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. - No tocante, porém, aos Planos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio de 1990) e Collor II, em que a decisão recorrida se fundou na existência de direito adquirido aos índices de correção que mandou observar, é de aplicar-se o princípio de que não há direito adquirido a regime jurídico. Recurso extraordinário conhecido em parte, e nela provido, para afastar da condenação as atualizações dos saldos do FGTS no tocante aos Planos Bresser, Collor I (apenas quanto à atualização no mês de maio de 1990) e Collor II. (RE 226855, Relator (a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2000, DJ 13-10-2000 PP-00020 EMENT VOL-02008-05 PP-00855 RTJ VOL-00174-03 PP-00916) Naqueles autos a Suprema Corte examinou as demandas que pretendiam modificar, para certos e determinados meses, os índices de correção dos saldos das contas do FGTS. A leitura dos votos dos julgadores revela que a Corte analisou o problema sob a ótica do direito adquirido, não adentrando no mérito dos índices de correção utilizados. Ademais – e o que se revela mais importante para esta demanda – o STF não afastou, por inconstitucionalidade, o uso da TR previsto na Lei no. 8.177/91. Ainda que em demanda cuja lide não era focada no mesmo tema ora em debate, é um indicativo poderoso o fato de o Supremo Tribunal Federal ter admitido o uso do parâmetro agora colocado em dúvida. Naquele caso o Supremo Tribunal Federal não estabeleceu se este ou aquele índice era, essencialmente, o mais adequado para corrigir os saldos das contas de FGTS, restringindo-se a dizer qual o diploma normativo estava em vigor em certo período. A Corte, é bom ressaltar, não buscou garantir uma plena e completa correção dos valores. Como se extrai do voto do Eminente Ministro Ilmar Galvão: “(...) Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários. É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata”. Relevante mencionar, como feito no trecho acima transcrito, que o FGTS presta-se a finalidades institucionais relevantes, servindo como elemento catalisador da economia. Não se trata, bem observando, de um fundo de investimentos ou congênere, tampouco de uma aplicação financeira. Trata-se do somatório de um conjunto de valores, cujos saldos devem “assegurar a cobertura de suas obrigações” (art.2o, da Lei no. 8.036/90). Ou seja, o escopo principal de sua existência é garantir o pagamento dos valores nas hipóteses previstas em lei, e não produzir, sempre, os melhores resultados financeiros aos depositantes. Mudanças definitivas na sua forma de cálculo devem, por absoluta necessidade contábil e coerência jurídica, repercutir em outros agentes do sistema financeiro, como os contratos de financiamento habitacional (via de regra, baseados na variação dos saldos do FGTS). Embora o argumento do custo a ser provocado não possa servir de óbice à correção de eventuais ilegalidades, a análise da envergadura das mudanças sugeridas é indicativa de que não se trata de simples mudança nos parâmetros de correção, mas de verdadeira reforma no sistema financeiro. Nesse passo, é de se questionar sobre a possibilidade de o Judiciário proceder a essa alteração sem afastar-se dos limites constitucionalmente estabelecidos para o seu agir (art.2o da Carta Magna). Chama atenção que o demandante não determina qual o índice específico entende ser aplicável, deixando ao julgador a tarefa de optar pelo INPC ou IPCA ou, ainda, algum outro parâmetro utilizado pelo mercado financeiro que reponha as perdas inflacionárias, reforçando o entendimento de que, a olhos vistos, há um forte componente de discricionariedade econômica (e política) envolvido na escolha de qual parâmetro utilizar. Embora as lições de seus criadores continuem a ser de grande valia, o primado da divisão dos Poderes não pode ser examinado como algo abstrato, dissociado dos pressupostos históricos, sendo imperiosa sua contextualização, merecendo ser compreendido tal como se apresenta, concretamente, na Constituição vigente. Ademais, não tem foros de absolutismo, convivendo que está com inúmeros outros princípios, como o da inafastabilidade do controle judicial, expressamente consignado no artigo 5o, XXXV, da mesma Constituição. Quer dizer, a ideia em si não está superada, mas apenas precisa ser vista sob uma nova perspectiva, mesmo porque o modelo jurídico do Estado Social – dotado de normas que buscam forjar certa realidade – exige um Poder Judiciário que interfira, alguma medida, nos demais organismos estatais em perfil estranho às Cartas existentes quando da gênese daquele primado. O foco da atuação judicial desloca-se, pois, da separação pura e simples dos Poderes para a necessidade de proteger e concretizar os direitos fundamentais. Por isso o sistema adotado no Brasil não seria o da "separação de poderes", mas sim o do "balanceamento dos poderes”. No caso dos autos, parece-me haver, diante das características do FGTS e na hipótese de acolherem-se os argumentos da exordial, uma indevia intromissão do Judiciário em arena própria da decisão política, adentrando em tema sobre a qual há regras claras e expressas tratando do tema. Desconsiderá-las, neste caso, parece-me inadequado. Parece mais razoável compreender que os aplicadores do direito (notadamente os juízes), para atingir as resoluções dos casos concretos (mesmo quando diante de preceitos de sentido abrangente), malgrado façam trabalho inventivo, perpetram-no dentro de fronteiras, balizas que estabelecem parâmetros decisórios. Os documentos legislativos enunciam conteúdos mínimos e vinculantes para o aplicador, que não dispõe de uma liberdade absoluta para encontrar as saídas (juridicamente válidas) para os problemas. Embora sob nova roupagem, não se deve olvidar que o trabalho do Judiciário continua a representar meio para corrigir e/ou prevenir ilegalidades. Quanto mais dilatado o atendimento espontâneo dos preceitos normativos, menores as necessidades corretivas. Isso se aplica, igualmente, à profundidade da análise judicial. Caso afirmada uma completa ineficiência ou precariedade de um determinado direito, o Poder Judiciário tende a atuar com mais vigor. Exigências de correções pontuais, por outro lado, implicam tarefa menos invasiva e atividades interpretativas/criativas menos abrangentes. A desconsideração das regras estabelecidas pelo legislador não pode ser feita sem critérios claros. O autor, bem visto, pretende a mudança de um critério eleito pelo Parlamento por outro parâmetro, esse último escolhido pelo Judiciário. Enfocar a importância das regras para a estabilidade das relações sociais e como fundamentos legítimos e democráticos na resolução de problemas jurídicos, ou para a salvaguarda do princípio da isonomia, não significa qualquer compromisso com a tese de que juiz é um aplicador autômato do direito e que deva haver uma exegese literal dos textos, afastada dos princípios constitucionais e dos valores influentes sobre o sistema jurídico. Quer em assuntos predominantemente privados, seja no funcionamento do Estado e suas diversas relações (internas e externas), existem regras normatizadoras, formadas a partir da estrutura típica dessas espécies normativas. Preceitos dessa categoria, quer pela quantidade, quer pelos assuntos que tratam, quer, enfim, por seu enquadramento sistemático, representam aspecto essencial do fenômeno jurídico. Apesar dessa insofismável realidade normativa, existe uma tendência a desconsiderar, como fundamentos decisórios, as regras jurídicas, relegando-as a plano secundário ou até mesmo totalmente eclipsadas pelo uso de outros padrões decisórios. No caso deste feito, há menção a alguns princípios constitucionais, sem que, no entanto, a parte autora tenha demonstrado, concretamente e através de apontamentos analíticos, a forma como se mostrariam vilipendiados neste caso. Faltaram indicações claras sobre a forma como tais primados alcançariam a situação concreta, inexistindo qualquer fundamentação consistente nesse sentido. Há um preconceito de que aplicar regras conduz a uma opção formalista ou de positivismo extremado, e que o uso dos princípios é sempre “avançado”, “progressista” e “socialmente responsável”. Essas conclusões são, a nosso sentir, equívocas. A aplicação dos princípios – e dentre tantos pontos controversos, esse apresenta algum consenso – é revestida de certa dose de incerteza, haja vista as características daquela espécie normativa. A ponderação, técnica largamente utilizada como parâmetro de manejo dos princípios, é um procedimento complexo, influenciado por fatores vários (inclusive de ordem social, valorativa e dogmática), inexistindo garantias de que resultados socialmente indesejáveis e mesmo retrógrados sejam alcançados. Mesmo porque, para uma boa parte dos problemas jurídicos, somente é possível alcançar uma resposta racionalmente fundamentada, não parâmetros de verdade. A depender das circunstâncias, nada impede que, no futuro, os mesmos raciocínios utilizados para conquistas sociais e superação de preconceitos sejam usados no sentido oposto, porquanto os resultados da interpretação e aplicação dos princípios nem sempre são orientados para a efetividade dos direitos. Não se está a dizer que a exegese e uso dos princípios seja procedimento irracional ou desprovido de qualquer base de coerência. Há excelentes métodos construídos pela dogmática e jurisprudência aptos a enfrentar o problema, mas que não afastam a indesejável incerteza sobre a maneira como os problemas são resolvidos no presente e serão deliberados no futuro. Não se pode, ademais, desmerecer o que ficou assentado pelo Superior Tribunal de Justiça no corpo da Súmula 459: “A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador mas não repassados ao fundo.” Segundo a mesma linha exposta nesta sentença, em decisório recente, o Egrégio TRF da 5a Região estabeleceu, in verbis: ADMINISTRATIVO. FGTS. APELAÇÃO. RECURSO ADESIVO. PEDIDO PARA AFASTAMENTO DA TR NA CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS AO FGTS. PEDIDO PARA REPOSIÇÃO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO DIVULGADOS PELO GOVERNO FEDERAL. REAJUSTE DAS CONTAS FUNDIÁRIAS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. APLICAÇÃO DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS PREVISTOS NA SÚMULA 252 DO STJ. SENTENÇA MANTIDA. (...) 3. O SINDIPETRO alega que a TR não pode ser utilizada como índice de correção monetária das contas vinculadas ao FGTS; terem sido violados o art. 11 da Lei no 7.839/89; o art. 13 da Lei no 8.036/90 e o art. 19 do Decreto 99.684/90; que deve ser afastada a TR, devendo ser utilizados índices que reponham a inflação oficial divulgada pelo Governo Federal (IPCA), preservando assim o real valor da moeda durante todo o período em que estiveram submetidos ao regime do FGTS; que se faça incidir, nas parcelas que são devidas aos substituídos, em razão da aplicação dos corretos índices de correção monetária os expurgos inflacionários constantes da súmula 252/STJ. (...) 7. A correção monetária aplicável aos saldos depositados nas contas vinculadas ao FGTS nunca estiverem equiparadas aos mesmos índices adotadas pelo governo para medir a inflação do período, razão por que, no caso dos autos, prevalecem os índices descritos nas Leis que disciplinaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, ou seja, as Leis nos 5.107/66, 7.839/89 e 8036/90. 8. Apelação da CEF improvida e recurso adesivo do SINDIPRETRO PE/PB improvido (Primeira Turma, AC 00081824220114058300, DJE 27/09/2012, rel. Desembargador Federal Manoel Erhardt). Em face do exposto, com fulcro no artigo 269, I, do Código de Processo Civil, resolvo o mérito e julgo IMPROCEDENTE o pedido inicial, deixando de condenar a parte autora em custas e honorários advocatícios, mercê do que prescreve o art.55, da Lei no. 9.099/95. Defiro os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita requerida, nos termos da Lei. Intimem-se as partes.
PROCESSO No0536524-13.2019.4.05.8013 RECORRENTE: JOSÉ LUIZ ROSENDO TORRES RECORRIDO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL JUIZ(A) IMPEDIDO(A): RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO VOTO-EMENTA ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS DO FGTS. APLICAÇÃO DA TR. SUBSTITUIÇÃO POR OUTRO ÍNDICE QUE REFLITA A INFLAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente pedido de alteração do índice de correção (TR) dos valores depositados na sua conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, para o IPCA, INPC ou outros índices capazes de recompor o valor monetário corroído pela inflação. 2.Pretensão recursal ancorada, em síntese, no fundamento de que há muito tempo a TR não reflete mais a correção monetária, visto que a Taxa Referencial afastou-se completamente dos índices oficiais da inflação, havendo necessidade de recomposição das perdas financeiras por índices de correção monetária condizentes com a realidade inflacionária. 3.Os critérios de correção do FGTS são estabelecidos por força de lei, não podendo ser alterados através de escolha de indexador diverso reputado pela parte autora mais favorável em determinada época. 4.O estatuto que rege a matéria é a Lei 8.036/90, que disciplina os parâmetros a serem observados sobre os depósitos de FGTS, entre eles a forma de correção e remuneração dos valores depositados, prescrevendo, em seu art. 13, que a atualização monetária a incidir sobre os depósitos do FGTS deve ser pelos mesmos índices aplicados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança, cuja atualização é regida pela Lei no 8.660/90, que fixa a TR como índice. 5.Não se pode esquecer, ademais, que o Superior Tribunal de Justiça adota a constitucionalidade da TR como índice de correção monetária para a correção do FGTS na Súmula 459: “A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador, mas não repassados ao fundo”. 6.Ressalte-se, ainda, que, nas contas vinculadas ao FGTS, os titulares, como sujeitos de direito futuro, têm direito à manutenção monetária de acordo com os patamares legitimamente definidos pelo legislador. Se o legislador tivesse optado por regime de exceção dessa poupança diferida até que se poderia investigar potencial inconstitucionalidade, mas o que fez foi aplicar o mesmo regime de atualização monetária da poupança tradicional. 7.Ademais, os recursos do FGTS deverão ser aplicados, dentre outros, em habitação (art. 9o, § 2o, da Lei n. 8.036/90). Nos termos da Súmula 454 do STJ: "Pactuada a correção monetária nos contratos do Sistema Financeiro de Habitação pelo mesmo índice aplicável à caderneta de poupança, incide a taxa referencial (TR) a partir da vigência da Lei 8.177/1991". Ora, deve haver compatibilidade entre o índice de correção monetária da fonte de recursos dos financiamentos imobiliários - e o FGTS é um deles - e aquele utilizado para atualizar os débitos dos mutuários. Assim, se a TR é utilizada para a correção do saldo devedor do crédito imobiliário, este índice deve ser também adotado na correção da fonte de recursos (FGTS), sob pena de se inviabilizar esse modelo de financiamento. 8.Por fim, cumpre mencionar o julgamento recente da 1a Seção do STJ - REsp no 1614874 / SC - em julgamento de recurso especial repetitivo representativo de controvérsia, o colegiado, de forma unânime, estabeleceu a tese de que “a remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir o mencionado índice”. 9.Sentença recorrida que não merece qualquer reparo, daí por que, ratificados todos os seus termos, deve a mesma ser mantida, por seus próprios fundamentos (arts. 38 e 46 da Lei no 9.099/95 e art. 25, p.u, do Reg. Interno da TR/AL). 10.Inocorrência de violação aos dispositivos legais e constitucionais mencionados na peça recursal, o que se destaca para fins de prequestionamento. 11.Recurso inominado improvido, condenando-se a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. 12.No mais, o Supremo Tribunal Federal – STF, em sede de medida cautelar, na ADI 5090/DF, determinou a suspensão de todos os processos que tratem da correção dos depósitos vinculados ao FGTS até o julgamento do mérito da matéria pelo Plenário. Assim, em respeito ao que determinou o STF, suspenda-se o trâmite processual até a decisão final na ADI 5090/DF. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, POR UNANIMIDADE, em NEGARPROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator. ÂNGELO CAVALCANTI ALVES DE MIRANDA NETO
3,497
768
0
0
9-AL
0
88.643657
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de demanda ajuizada em face da Caixa Econômica Federal, em que a parte autora pleiteia o reconhecimento da insubsistência da Taxa Referencial – TR como índice de correção de sua conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, pleiteando que mencionado referencial seja substituído por indicador que garanta a adequada correção monetária dos valores depositados. Requer, outrossim, o pagamento da importância paga a menor desde o ano de 1999. Citada, a Caixa Econômica Federal apresentou contestação, alegando, preliminarmente, a ausência de interesse processual e a necessidade de litisconsórcio passivo necessário com a União Federal e o Banco Central do Brasil. No mérito, defende o uso da Taxa Referencial – TR como índice de correção das contas vinculadas ao FGTS. Breve relatório, tendo em vista o que dispõe o art. 38 da Lei n.o 9.099/95. Antes de fundamentar e decidir, destaco que, apesar de haver sido determinada a suspensão do trâmite dos processos que versem sobre a questão ora posta a julgamento, nos termos de decisão do STJ (Recurso Especial n.o 1.381.683 – PE), o artigo 543-C, §2o, do CPC, dispõe que a suspensão recai sobre os recursos que versem sobre a controvérsia que esteja afeta ao colegiado do supracitado tribunal superior ou que exista jurisprudência dominante. Nesses termos, nada impede que a jurisdição seja exercida no presente caso, havendo sobrestamento do feito em fase posterior a sentença, notadamente em fase recursal. Fundamento e decido. PRELIMINARES Sobre a legitimidade da Caixa Econômica Federal para integrar o pólo passivo da lide, entendo que a matéria encontra-se pacificada na jurisprudência pátria, tendo em vista o que dispõe a Súmula 249 do Superior Tribunal de Justiça, verbete este que prescreve que “A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS”. A CEF é o agente operador do sistema e responsável por eventuais correções nos saldos, sendo, por isso, incabível trazer outros entes ao pólo passivo, tais como a União Federal e o Banco Central do Brasil (TRF 5, Segunda Turma, AC 200605000561040, DJ 12/08/2008, rel. Desembargadora Federal Amanda Lucena), pelo que, também, afasta-se a necessidade de chamamento desses entes. Cabem alguns comentários acerca dos documentos necessários ao ajuizamento da demanda, eis que item produtor de graves controvérsias no passado quando do julgamento (e liquidação) de causas pertinentes a mudanças nos saldos de contas fundiárias e de caderneta de poupança. Considerando que, nos anos noventa, inúmeras demandas foram ajuizadas sem que, ao menos, fosse demonstrada a existência de conta vinculada ao FGTS, passou-se a entender que documentos comprobatórios da existência da conta deveriam ser trazidos com a exordial ou, ao menos, provas de que foram feitas diligências para obtenção dos mesmos. Nesse sentido, os Enunciados 94 e 95 do Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais – FONAJEF: “Enunciado 94. Para a propositura de demandas referentes a contas de FGTS anteriores à centralização deverá a parte comprovar que diligenciou ou solicitou os extratos junto à Caixa Econômica Federal ou à instituição mantenedora das contas vinculadas anteriormente ao período de migração”. “Enunciado 95. Para a propositura de ação relativa a expurgos inflacionários sobre saldos de poupança, deverá a parte autora providenciar documento que mencione o número da conta bancária ou prova de relação contratual com a instituição financeira". No caso dos autos, observo que a parte autora trouxe extratos analíticos referentes ao período sobre o qual almeja produzir efeitos financeiros, demonstrando, com isso, a existência de conta vinculada ao FGTS, motivo pelo qual é possível julgar o mérito. Observo, por fim, que a parte autora, no tópico destinado aos pedidos, indica uma série de argumentos a serem analisados pelo órgão julgador. Como é lição assentada em doutrina e na jurisprudência, o Magistrado não precisa se manifestar sobre toda a argumentação utilizada (ou pretendida) pelo demandante, mas, apenas, resolver integralmente a lide, de maneira fundamentada, pois " (...) A garantia de acesso ao Judiciário não pode ser tida como certeza de que as teses serão apreciadas de acordo com a conveniência das partes" (...), muito menos que o magistrado está compelido a examinar todos os argumentos expendidos pelos jurisdicionados” (Superior Tribunal de Justiça, Primeira Turma, Agresp no 201301342245, DJE 12/09/2013, rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima). DO MÉRITO O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS foi criado em 1967 com o escopo de estabelecer uma garantia financeira para o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador. Atualmente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é regido pela Lei no. 8.036/90, tendo como agente operador a Caixa Econômica Federal (art.4o, daquele diploma), motivo pelo qual as lides envolvendo-o são aforados na Justiça Federal (art. 109, I, da CF/88). As ações visando à correção das contas vinculadas ao Fundo representaram, em fins dos anos noventa, a principal motivo de ajuizamento de demandas na Justiça Federal, constituindo, ainda no início dos anos 2000, um acervo considerável. Nos dias de hoje, embora não sejam numericamente tão representativas, ainda rendem ensejo a demandas promovidas por trabalhadores que visam questionar critérios de correção daquelas contas. Os motivos são, basicamente, dois: I) aplicação de juros progressivos; II) correção inflacionária sobre o saldo das contas. Tantas foram as demandas ajuizadas no passado que, no ano de 2001, foi editada a Lei Complementar no. 110, a qual previu o pagamento parcelado dos expurgos inflacionários para aqueles fundistas que aderissem ao termo de acordo ali previsto. Cada transação, para os indivíduos que eram partes em ações judiciais em trâmite na época, teve que ser homologada pelo respectivo Magistrado para produzir efeitos. No ano de 2007 foi feito o último pagamento do acordo, de forma que as pessoas que aderiram ao pacto não podem mais recorrer ao Judiciário, eis que nada mais têm a receber. Ao contrário das ações aforadas nos anos noventa, neste caso não se alega a inaptidão dos índices utilizados em certos e determinados meses, parâmetros então discutíveis, mercê da aplicação do direito intertemporal e das consequências de inúmeros planos econômicos. Nesta lide defende-se a ilegalidade no uso da Taxa Referencial – TR como fator de correção, em todos os meses e competências, desde o ano de 1999, ou seja, questiona-se, de uma maneira ampla e permanente, a higidez no uso da TR. Pede-se que, daqui em diante, o Judiciário estabeleça, em definitivo, outro parâmetro de correção, além de reconhecer a inadequação do índice desde aquela data. O melhor caminho para resolver a lide passa pela análise dos dispositivos legais aplicáveis à matéria. Nesse passo, observo que a Lei n.o 8.036/90 (Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências) estabelece: “Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano” Posteriormente, a Lei n.o 8.177/91 (Estabelece regras para a desindexação da economia e dá outras providências) fixou: “Art. 15. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia primeiro, mantida a periodicidade atual para remuneração. Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS são mantidas e consideradas como adicionais à remuneração prevista neste artigo.” Como se vê, pelo regime jurídico em vigor, as contas vinculadas ao FGTS devem ser corrigidas pela Taxa Referencial, acrescidas de juros de 3% ao ano. Estabeleceu-se, como se vê, um estreito vínculo entre a remuneração dos depósitos em cadernetas de poupança e a remuneração dos saldos das contas vinculadas ao FGTS. Inicialmente aquele diploma estabeleceu a Taxa Referencial Diária (TRD) como fator de correção. Após, a Lei no. 8.660/93 fixou que: Art. 2o. Fica extinta, a partir de 1o de maio de 1993, a Taxa Referencial Diária - TRD de que trata o art. 2o da Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (...) Art. 7o. Os depósitos de poupança têm como remuneração básica a Taxa Referencial - TR relativa à respectiva data de aniversário. Pelo que se extrai a partir do corpo normativo em vigor, o FGTS é um fundo criado com a finalidade de compensar os efeitos da estabilidade do contrato de trabalho, nas ocasiões onde esse é encerrado. É, pois, de natureza institucional, como expressamente proclamado pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário 226.855 (julgado no ano 2000), importante paradigma para o julgamento desta causa: O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ao contrário do que sucede com as cadernetas de poupança, não tem natureza contratual, mas, sim, estatutária, por decorrer da Lei e por ela ser disciplinado. - Assim, é de aplicar-se a ele a firme jurisprudência desta Corte no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. - Quanto à atualização dos saldos do FGTS relativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), não há questão de direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. - No tocante, porém, aos Planos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio de 1990) e Collor II, em que a decisão recorrida se fundou na existência de direito adquirido aos índices de correção que mandou observar, é de aplicar-se o princípio de que não há direito adquirido a regime jurídico. Recurso extraordinário conhecido em parte, e nela provido, para afastar da condenação as atualizações dos saldos do FGTS no tocante aos Planos Bresser, Collor I (apenas quanto à atualização no mês de maio de 1990) e Collor II. (RE 226855, Relator (a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2000, DJ 13-10-2000 PP-00020 EMENT VOL-02008-05 PP-00855 RTJ VOL-00174-03 PP-00916) Naqueles autos a Suprema Corte examinou as demandas que pretendiam modificar, para certos e determinados meses, os índices de correção dos saldos das contas do FGTS. A leitura dos votos dos julgadores revela que a Corte analisou o problema sob a ótica do direito adquirido, não adentrando no mérito dos índices de correção utilizados. Ademais – e o que se revela mais importante para esta demanda – o STF não afastou, por inconstitucionalidade, o uso da TR previsto na Lei no. 8.177/91. Ainda que em demanda cuja lide não era focada no mesmo tema ora em debate, é um indicativo poderoso o fato de o Supremo Tribunal Federal ter admitido o uso do parâmetro agora colocado em dúvida. Naquele caso o Supremo Tribunal Federal não estabeleceu se este ou aquele índice era, essencialmente, o mais adequado para corrigir os saldos das contas de FGTS, restringindo-se a dizer qual o diploma normativo estava em vigor em certo período. A Corte, é bom ressaltar, não buscou garantir uma plena e completa correção dos valores. Como se extrai do voto do Eminente Ministro Ilmar Galvão: “(...) Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários. É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata”. Relevante mencionar, como feito no trecho acima transcrito, que o FGTS presta-se a finalidades institucionais relevantes, servindo como elemento catalisador da economia. Não se trata, bem observando, de um fundo de investimentos ou congênere, tampouco de uma aplicação financeira. Trata-se do somatório de um conjunto de valores, cujos saldos devem “assegurar a cobertura de suas obrigações” (art.2o, da Lei no. 8.036/90). Ou seja, o escopo principal de sua existência é garantir o pagamento dos valores nas hipóteses previstas em lei, e não produzir, sempre, os melhores resultados financeiros aos depositantes. Mudanças definitivas na sua forma de cálculo devem, por absoluta necessidade contábil e coerência jurídica, repercutir em outros agentes do sistema financeiro, como os contratos de financiamento habitacional (via de regra, baseados na variação dos saldos do FGTS). Embora o argumento do custo a ser provocado não possa servir de óbice à correção de eventuais ilegalidades, a análise da envergadura das mudanças sugeridas é indicativa de que não se trata de simples mudança nos parâmetros de correção, mas de verdadeira reforma no sistema financeiro. Nesse passo, é de se questionar sobre a possibilidade de o Judiciário proceder a essa alteração sem afastar-se dos limites constitucionalmente estabelecidos para o seu agir (art.2o da Carta Magna). Chama atenção que o demandante não determina qual o índice específico entende ser aplicável, deixando ao julgador a tarefa de optar pelo INPC ou IPCA ou, ainda, algum outro parâmetro utilizado pelo mercado financeiro que reponha as perdas inflacionárias, reforçando o entendimento de que, a olhos vistos, há um forte componente de discricionariedade econômica (e política) envolvido na escolha de qual parâmetro utilizar. Embora as lições de seus criadores continuem a ser de grande valia, o primado da divisão dos Poderes não pode ser examinado como algo abstrato, dissociado dos pressupostos históricos, sendo imperiosa sua contextualização, merecendo ser compreendido tal como se apresenta, concretamente, na Constituição vigente. Ademais, não tem foros de absolutismo, convivendo que está com inúmeros outros princípios, como o da inafastabilidade do controle judicial, expressamente consignado no artigo 5o, XXXV, da mesma Constituição. Quer dizer, a ideia em si não está superada, mas apenas precisa ser vista sob uma nova perspectiva, mesmo porque o modelo jurídico do Estado Social – dotado de normas que buscam forjar certa realidade – exige um Poder Judiciário que interfira, alguma medida, nos demais organismos estatais em perfil estranho às Cartas existentes quando da gênese daquele primado. O foco da atuação judicial desloca-se, pois, da separação pura e simples dos Poderes para a necessidade de proteger e concretizar os direitos fundamentais. Por isso o sistema adotado no Brasil não seria o da "separação de poderes", mas sim o do "balanceamento dos poderes”. No caso dos autos, parece-me haver, diante das características do FGTS e na hipótese de acolherem-se os argumentos da exordial, uma indevia intromissão do Judiciário em arena própria da decisão política, adentrando em tema sobre a qual há regras claras e expressas tratando do tema. Desconsiderá-las, neste caso, parece-me inadequado. Parece mais razoável compreender que os aplicadores do direito (notadamente os juízes), para atingir as resoluções dos casos concretos (mesmo quando diante de preceitos de sentido abrangente), malgrado façam trabalho inventivo, perpetram-no dentro de fronteiras, balizas que estabelecem parâmetros decisórios. Os documentos legislativos enunciam conteúdos mínimos e vinculantes para o aplicador, que não dispõe de uma liberdade absoluta para encontrar as saídas (juridicamente válidas) para os problemas. Embora sob nova roupagem, não se deve olvidar que o trabalho do Judiciário continua a representar meio para corrigir e/ou prevenir ilegalidades. Quanto mais dilatado o atendimento espontâneo dos preceitos normativos, menores as necessidades corretivas. Isso se aplica, igualmente, à profundidade da análise judicial. Caso afirmada uma completa ineficiência ou precariedade de um determinado direito, o Poder Judiciário tende a atuar com mais vigor. Exigências de correções pontuais, por outro lado, implicam tarefa menos invasiva e atividades interpretativas/criativas menos abrangentes. A desconsideração das regras estabelecidas pelo legislador não pode ser feita sem critérios claros. O autor, bem visto, pretende a mudança de um critério eleito pelo Parlamento por outro parâmetro, esse último escolhido pelo Judiciário. Enfocar a importância das regras para a estabilidade das relações sociais e como fundamentos legítimos e democráticos na resolução de problemas jurídicos, ou para a salvaguarda do princípio da isonomia, não significa qualquer compromisso com a tese de que juiz é um aplicador autômato do direito e que deva haver uma exegese literal dos textos, afastada dos princípios constitucionais e dos valores influentes sobre o sistema jurídico. Quer em assuntos predominantemente privados, seja no funcionamento do Estado e suas diversas relações (internas e externas), existem regras normatizadoras, formadas a partir da estrutura típica dessas espécies normativas. Preceitos dessa categoria, quer pela quantidade, quer pelos assuntos que tratam, quer, enfim, por seu enquadramento sistemático, representam aspecto essencial do fenômeno jurídico. Apesar dessa insofismável realidade normativa, existe uma tendência a desconsiderar, como fundamentos decisórios, as regras jurídicas, relegando-as a plano secundário ou até mesmo totalmente eclipsadas pelo uso de outros padrões decisórios. No caso deste feito, há menção a alguns princípios constitucionais, sem que, no entanto, a parte autora tenha demonstrado, concretamente e através de apontamentos analíticos, a forma como se mostrariam vilipendiados neste caso. Faltaram indicações claras sobre a forma como tais primados alcançariam a situação concreta, inexistindo qualquer fundamentação consistente nesse sentido. Há um preconceito de que aplicar regras conduz a uma opção formalista ou de positivismo extremado, e que o uso dos princípios é sempre “avançado”, “progressista” e “socialmente responsável”. Essas conclusões são, a nosso sentir, equívocas. A aplicação dos princípios – e dentre tantos pontos controversos, esse apresenta algum consenso – é revestida de certa dose de incerteza, haja vista as características daquela espécie normativa. A ponderação, técnica largamente utilizada como parâmetro de manejo dos princípios, é um procedimento complexo, influenciado por fatores vários (inclusive de ordem social, valorativa e dogmática), inexistindo garantias de que resultados socialmente indesejáveis e mesmo retrógrados sejam alcançados. Mesmo porque, para uma boa parte dos problemas jurídicos, somente é possível alcançar uma resposta racionalmente fundamentada, não parâmetros de verdade. A depender das circunstâncias, nada impede que, no futuro, os mesmos raciocínios utilizados para conquistas sociais e superação de preconceitos sejam usados no sentido oposto, porquanto os resultados da interpretação e aplicação dos princípios nem sempre são orientados para a efetividade dos direitos. Não se está a dizer que a exegese e uso dos princípios seja procedimento irracional ou desprovido de qualquer base de coerência. Há excelentes métodos construídos pela dogmática e jurisprudência aptos a enfrentar o problema, mas que não afastam a indesejável incerteza sobre a maneira como os problemas são resolvidos no presente e serão deliberados no futuro. Não se pode, ademais, desmerecer o que ficou assentado pelo Superior Tribunal de Justiça no corpo da Súmula 459: “A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador mas não repassados ao fundo.” Segundo a mesma linha exposta nesta sentença, em decisório recente, o Egrégio TRF da 5a Região estabeleceu, in verbis: ADMINISTRATIVO. FGTS. APELAÇÃO. RECURSO ADESIVO. PEDIDO PARA AFASTAMENTO DA TR NA CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS AO FGTS. PEDIDO PARA REPOSIÇÃO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO DIVULGADOS PELO GOVERNO FEDERAL. REAJUSTE DAS CONTAS FUNDIÁRIAS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. APLICAÇÃO DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS PREVISTOS NA SÚMULA 252 DO STJ. SENTENÇA MANTIDA. (...) 3. O SINDIPETRO alega que a TR não pode ser utilizada como índice de correção monetária das contas vinculadas ao FGTS; terem sido violados o art. 11 da Lei no 7.839/89; o art. 13 da Lei no 8.036/90 e o art. 19 do Decreto 99.684/90; que deve ser afastada a TR, devendo ser utilizados índices que reponham a inflação oficial divulgada pelo Governo Federal (IPCA), preservando assim o real valor da moeda durante todo o período em que estiveram submetidos ao regime do FGTS; que se faça incidir, nas parcelas que são devidas aos substituídos, em razão da aplicação dos corretos índices de correção monetária os expurgos inflacionários constantes da súmula 252/STJ. (...) 7. A correção monetária aplicável aos saldos depositados nas contas vinculadas ao FGTS nunca estiverem equiparadas aos mesmos índices adotadas pelo governo para medir a inflação do período, razão por que, no caso dos autos, prevalecem os índices descritos nas Leis que disciplinaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, ou seja, as Leis nos 5.107/66, 7.839/89 e 8036/90. 8. Apelação da CEF improvida e recurso adesivo do SINDIPRETRO PE/PB improvido (Primeira Turma, AC 00081824220114058300, DJE 27/09/2012, rel. Desembargador Federal Manoel Erhardt). Em face do exposto, com fulcro no artigo 269, I, do Código de Processo Civil, resolvo o mérito e julgo IMPROCEDENTE o pedido inicial, deixando de condenar a parte autora em custas e honorários advocatícios, mercê do que prescreve o art.55, da Lei no. 9.099/95. Defiro os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita requerida, nos termos da Lei. Intimem-se as partes
NÃO PROVIMENTO
0538152-37.2019.4.05.8013
2019-11-17 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-11-19 10:51:43
Sentença - Extinção sem Resolução de Mérito
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - Voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,104
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Pensão por Morte (Art. 74/9)
2
AL014761
SENTENÇA Cuida-se de ação previdenciária em que a parte autora apresenta, como tese preliminar, a de que, em havendo sido ultrapassado o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias a partir da entrada do requerimento administrativo, sem que tenha havido uma decisão da autarquia administrativa, estar-se-ia diante do que se convencionou denominar indeferimento tácito. É o que importa relatar. Decido. - DA AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR Como é cediço, somente se tem por caracterizada a lide diante de um conflito de interesses, caracterizado por uma pretensão resistida, sem a qual a parte requerente se mostra carecedora do direito de ação. Foi nesse sentido que o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do RE 631.240/MG, fixou que "a concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise". In casu, a parte autora assinala que o prazo legal para análise do requerimento administrativo, com vistas a caracterizar o interesse de agir, seria de 45 dias, lapso temporal mencionado pelo Ministro Barroso em seu voto no RE acima citado, mas que não constou no acórdão. Entendo que não assiste razão ao demandante. A uma porque no próprio Acórdão foi estabelecida regra de transição para processos já ajuizados sem requerimento administrativo, na qual se estabeleceu que “Nas ações sobrestadas, o autor será intimado a dar entrada no requerimento administrativo em 30 dias, sob pena de extinção do processo. Comprovada a postulação administrativa, o INSS será intimado a se manifestar acerca do pedido em até 90 dias, prazo dentro do qual a autarquia deverá colher todas as provas eventualmente necessárias a proferir decisão”. Assim, o STF entendeu, segundo o acórdão publicado, razoável o prazo de 120 dias (30 + 90) para que o segurado faça o requerimento e tenha seu pleito analisado pela autarquia previdenciária. A duas porque ainda que se entendesse cabível prazo menor que 120 dias, as atuais circunstâncias permitem fazer um distinguish do suporte fático que embasou o julgamento da repercussão geral no RE 631240/MG, já que sucessivas alterações legislativas (MP 736/20186, Lei no. 13.457/2017 e MP 871/2019) ocasionaram um aumento substancial de processos previdenciários. Nesse sentido, informações prestadas pelo INSS dão conta de que em 08.06.2019 havia 28.542 tarefas de requerimento inicial de benefícios pendentes de análise na Gerência Executiva de Maceió, sendo que destes, 19.253 estão atrasados por mais de 45 dias desde a entrada do requerimento administrativo, sendo o tempo médio de conclusão das tarefas 137 dias. Destarte, entendo que não há pretensão resistida se, não obstante apresentado requerimento administrativo, não houve o indeferimento expresso e não tenha sido ultrapassado o prazo de 120 dias para conclusão do procedimento. Dessa forma, ausente o interesse de agir da parte autora – haja vista a não apresentação do indeferimento administrativo, sem que configurada a situação fática consistente em levar à admissão a ocorrência de negativa tácita – deve o processo ser extinto sem a resolução do mérito. Ante o exposto, extingo o processo, sem resolução de mérito, com fulcro no artigo 485, VI, do Novo Código de Processo Civil. Sem custas, nem honorários advocatícios, em face do disposto no artigo 55, da Lei no 9.099/95. Providências necessárias. Maceió, 19 de novembro de 2019.
PROCESSO No 0538152-37.2019.4.05.8013 RECORRENTE:CARLOS HENRIQUE GOMES DA SILVA E OUTROS RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ IMPEDIDO: GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES VOTO-EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. NÃO APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO SOLICITADA. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. SENTENÇA DE EXTINÇÃO MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado interposto em face de sentença que extinguiu o processo sem exame de mérito, sob o fundamento de que não há interesse processual, porquanto não houve comprovação da resistência (indeferimento) da parte ré. 2.Pretensão recursal escorada em síntese nos seguintes fundamentos: “Os Autores protocolaram a presente ação face o falecido de CLAUDINEI DASILVAJOVÊNCIO,ocorridoem08/01/2019,inicialmentecabemencionarque agendaramopedidonaviaadministrativaem06/02/2019às15:45(protocolono 1510320466),napresentedataapresentaramtodaadocumentaçãopessoaldos requerentes e da falecida instituidora. AAutarquiaPrevidenciáriademoroumaisde8(oito)mesespara finalizaraanáliseorequerimentoadministrativo, eosautorespacientemente aguardaramaanálise,mesmosabendodaletargiaendêmicadoInstituto Previdenciário. Transcorridoaproximadamente6(seis)meses,súbitooagente administrativo,alegouinsuficiênciadedocumentos eabriuprazoparaexigênciaem 16/07/2019, com prazo de 30 dias. Assim o cumprimento da exigência tinha prazo final em 17/08/2019. Conformefazprovadocumentoemanexo,em13/08/2019atravésdo protocolo no 2091695042 foi agendado o serviço “cumprimento de exigência” para o dia 15/08/2019às08:20.Novamente,nodiaehoraagendadofoiapresentadotodosos documentos,oAgenteAdministrativodoINSSrecolheuosdocumentos,fezo scaneamentodosmesmoseanexounatarefaGET,eretirouamarcadeexigência, ficando a tarefa com o status de ‘pendente’. Noentanto,em07/10/2019,oservidordoinstitutoprevidenciário, simplesmente, fez a desistência do requerimento administrativo através do sistema GET, não tendo procotolado nos sistemas corporativos do INSS, que pudesse gerar número de benefício.” 3.Para propor uma demanda judicial é necessário que a parte autora demonstre o interesse de agir, consubstanciado no binômio necessidade/utilidade. Necessidade da intervenção do judiciário para obtenção do resultado pretendido e utilidade do provimento jurisdicional, no sentido do mesmo ser adequado a reparar a lesão que ensejou a procura ao Poder Judiciário. 4.Na espécie, falta ao demandante interesse de agir na modalidade necessidade, porquanto não restou demonstrado nos autos a existência de uma pretensão resistida. 5.Em que pese as alegações constantes na recursal, analisando os autos constata-se que não há provas quanto aos fatos alegados pelos recorrentes. Fora acostado aos autos protocolo de requerimento com data de 13/08/19 (anexo 35), constando como serviço – cumprimento de exigência – informando que o atendimento presencial seria dia 15/08/19, contudo não há qualquer informação/cópia dos documentos que teriam sido apresentados perante a autarquia na mencionada data ou no prazo concedido. Pelo contrário, fora acostado aos autos documento com data de 07/10/19 (anexo 05), informando que fora disponibilizado o prazo de 30 dias para que fosse apresentado algum documento que contivesse a naturalidade do representante legal, mas que o prazo venceu sem a referida apresentação. 6.Ante o exposto, considerando que não restou comprovada as alegações da parte recorrente, não há se falar em pretensão resistida, porquanto o que consta nos autos é que a parte autora não apresentou a documentação requerida pela autarquia. 7.Recurso improvido, condenando a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
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6-AL
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1.436609
NÃO PROVIMENTO
EXTINTO SEM MÉRITO
AUTOR
Cuida-se de ação previdenciária em que a parte autora apresenta, como tese preliminar, a de que, em havendo sido ultrapassado o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias a partir da entrada do requerimento administrativo, sem que tenha havido uma decisão da autarquia administrativa, estar-se-ia diante do que se convencionou denominar indeferimento tácito. É o que importa relatar. Decido. - DA AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR Como é cediço, somente se tem por caracterizada a lide diante de um conflito de interesses, caracterizado por uma pretensão resistida, sem a qual a parte requerente se mostra carecedora do direito de ação. Foi nesse sentido que o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do RE 631.240/MG, fixou que "a concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua análise". In casu, a parte autora assinala que o prazo legal para análise do requerimento administrativo, com vistas a caracterizar o interesse de agir, seria de 45 dias, lapso temporal mencionado pelo Ministro Barroso em seu voto no RE acima citado, mas que não constou no acórdão. Entendo que não assiste razão ao demandante. A uma porque no próprio Acórdão foi estabelecida regra de transição para processos já ajuizados sem requerimento administrativo, na qual se estabeleceu que “Nas ações sobrestadas, o autor será intimado a dar entrada no requerimento administrativo em 30 dias, sob pena de extinção do processo. Comprovada a postulação administrativa, o INSS será intimado a se manifestar acerca do pedido em até 90 dias, prazo dentro do qual a autarquia deverá colher todas as provas eventualmente necessárias a proferir decisão”. Assim, o STF entendeu, segundo o acórdão publicado, razoável o prazo de 120 dias (30 + 90) para que o segurado faça o requerimento e tenha seu pleito analisado pela autarquia previdenciária. A duas porque ainda que se entendesse cabível prazo menor que 120 dias, as atuais circunstâncias permitem fazer um distinguish do suporte fático que embasou o julgamento da repercussão geral no RE 631240/MG, já que sucessivas alterações legislativas (MP 736/20186, Lei no. 13.457/2017 e MP 871/2019) ocasionaram um aumento substancial de processos previdenciários. Nesse sentido, informações prestadas pelo INSS dão conta de que em 08.06.2019 havia 28.542 tarefas de requerimento inicial de benefícios pendentes de análise na Gerência Executiva de Maceió, sendo que destes, 19.253 estão atrasados por mais de 45 dias desde a entrada do requerimento administrativo, sendo o tempo médio de conclusão das tarefas 137 dias. Destarte, entendo que não há pretensão resistida se, não obstante apresentado requerimento administrativo, não houve o indeferimento expresso e não tenha sido ultrapassado o prazo de 120 dias para conclusão do procedimento. Dessa forma, ausente o interesse de agir da parte autora – haja vista a não apresentação do indeferimento administrativo, sem que configurada a situação fática consistente em levar à admissão a ocorrência de negativa tácita – deve o processo ser extinto sem a resolução do mérito. Ante o exposto, extingo o processo, sem resolução de mérito, com fulcro no artigo 485, VI, do Novo Código de Processo Civil. Sem custas, nem honorários advocatícios, em face do disposto no artigo 55, da Lei no 9.099/95. Providências necessárias. Maceió, 19 de novembro de
NÃO PROVIMENTO
0539628-13.2019.4.05.8013
2019-11-29 00:00:00
IFAL - Instituto Federal de Alagoas (24.464.083/0001-38)
IFES
N
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2020-03-03 14:21:39
Sentença - procedente
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
10,288
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Servidor Público Civil
Sistema Remuneratório e Benefícios
1
AL010002A
SENTENÇA Trata-se de Ação Especial Cível proposta por Luiza Glaciete Freire Gonçalves, devidamente qualificado na inicial, em face do IFAL, através da qual pleiteia a implantação de auxílio-transporte em sua remuneração, bem como o pagamento das parcelas pretéritas. O Demandante, servidor público federal, aduz que tem direito a percepção do auxílio transporte, pois, a finalidade de tal benefício é custear as despesas realizadas pelos servidores públicos com transporte referente ao deslocamento entre a residência e o local de trabalho e vice-versa. In caso, o autor argumenta utilizar veículo próprio para descolamento até a unidade de trabalho e vice-versa. Citado, o réu se pronunciou preliminarmente pelo acolhimento da prescrição quinquenal e, no mérito, pugnou pela improcedência da demanda ao argumento de que a demandante não tem direito à percepção do auxílio ora pleiteado, argumento de que o benefício é concedido apenas a servidores que utilizam o transporte coletivo municipal, intermunicipal ou interestadual para o trajeto entre sua casa e o local de trabalho, e não aqueles que utilizam veículo próprio. Este é, em síntese, o relatório. Fundamento e decido. Inicialmente, reconheço a prescrição das parcelas anteriores ao qüinqüênio que antecedeu a propositura desta ação, nos termos do art. 1o, do Decreto no 20.910/06 e da Súmula no 85 do e. Superior Tribunal de Justiça – STJ. No tocante a inépcia da inicial levantada pela demandada, eis de afastá-la, pois, o preço da passagem do transporte e a parcela dedutível não prejudica a sua defesa, uma vez que podem ser apuradas na fase de liquidação do julgado em caso de procedência do pedido. A matéria do auxílio-transporte é tratada pela MP n. 2.165-36, de 2001, vigente por força do art. 2o da Emenda Constitucional n. 32, nos moldes a seguir: “Art. 1o Fica instituído o Auxílio-Transporte em pecúnia, pago pela União, de natureza jurídica indenizatória, destinado ao custeio parcial das despesas realizadas com transporte coletivo municipal, intermunicipal ou interestadual pelos militares, servidores e empregados públicos da Administração Federal direta, autárquica e fundacional da União, nos deslocamentos de suas residências para os locais de trabalho e vice-versa, excetuadas aquelas realizadas nos deslocamentos em intervalos para repouso ou alimentação, durante a jornada de trabalho, e aquelas efetuadas com transportes seletivos ou especiais. § 1o É vedada a incorporação do auxílio a que se refere este artigo aos vencimentos, à remuneração, ao provento ou à pensão. (...) Art. 2o (...) § 2o O valor do Auxílio-Transporte não poderá ser inferior ao valor mensal da despesa efetivamente realizada com o transporte, nem superior àquele resultante do seu enquadramento em tabela definida na forma do disposto no art. 8o.” Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça, a partir de interpretação teleológica do referido dispositivo, firmou jurisprudência no sentido de que o servidor público, que se utiliza de veículo próprio para deslocar-se ao serviço, faz jus ao recebimento de auxílio-transporte, vez que não há justificativa razoável para beneficiar os servidores que utilizam transporte coletivo em detrimento daqueles que utilizam veículo próprio. Assim, a concessão do benefício está em plena consonância à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. AUXÍLIO-TRANSPORTE DEVIDO. AUTOMÓVEL PARTICULAR UTILIZADO POR SERVIDOR PÚBLICO PARA DESLOCAMENTO AO SERVIÇO. POSSIBILIDADE. ARTIGO 1o DA MP 2.165-36. VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência no sentido de que o servidor público que se utiliza de veículo próprio para deslocar-se ao serviço faz jus ao recebimento de auxílio-transporte, nos termos interpretados do art. 1o da MP n. 2.165-36/2001. 2. Não há falar em incidência da Súmula 10/STF ou em ofensa ao art. 97 da CF/1988, nos casos em que o STJ decide aplicar entendimento jurisprudencial consolidado sobre o tema, sem declarar inconstitucionalidade do texto legal invocado. 3. Agravo Regimental não provido. (grifos nossos). (STJ - AgRg no AREsp: 436999 PR 2013/0388480-1, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 20/03/2014, T2 – SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/03/2014) Destarte que, a partir de uma análise atenta desta orientação emanada daquela Corte Superior, revela-se que a referida verba é uma vantagem pecuniária do tipo propter laborem, a qual diz respeito ao efetivo exercício das funções, e se destina, portanto, à necessidade dos servidores se locomoverem, enquanto estiverem prestando serviços ao órgão a que estão vinculados. Daí por que, desaparecendo os motivos que justificaram a sua concessão, extingue-se a razão de seu pagamento (RMS 11436/PI, 6a Turma, Rel. Min. Paulo Medina, julgado em 06/04/2004). Neste sentido, não é razoável a restrição da concessão de tal benefício apenas para àqueles que utilizam transporte coletivo, pois, a sua finalidade é o custeio das despesas com transporte para o deslocamento até o serviço. In caso, o autor utiliza de veículo próprio para deslocamento até a unidade de trabalho. Ora, se a finalidade do benefício em tela é o custeio pela Administração Pública de parte dos gastos realizados com o deslocamento do servidor da residência para o trabalho e vice-versa, o único critério norteador razoável é a efetiva necessidade de gastos com transporte. Existente essa, não há como negar o direito ao recebimento da parcela, independentemente do meio de transporte utilizado, evidenciado que está o decréscimo remuneratório que a norma visa abrandar (TRF 4a Região, AC 5000652-21.2013.404.7212, 3a Turma, Rel. p/ Acórdão Des. Fed. Fernando Quadros da Silva, julgado em 10/09/2014). Nessa linha de raciocínio, o critério que melhor atende ao objetivo da norma é o ressarcimento com base nas despesas que seriam realizadas caso fosse utilizado o transporte coletivo existente para a localidade, ou o menos dispendioso (dos meios de transporte coletivo disponíveis), já que o custo deste é que serve como parâmetro para fixação do quantum indenizatório devido aos servidores usuários de tal sistema de transporte. No tocante a forma do cálculo do auxílio transporte, deve-se aplicar a regra contida no art. 2o da MP no 2.165-35/2001 pala qual estabelece que o valor mensal do Auxílio-Transporte será apurado a partir da diferença entre as despesas realizadas com transporte coletivo, nos termos do art. 1o e o desconto de seis por cento do: I - soldo do militar; II - vencimento do cargo efetivo ou emprego ocupado pelo servidor ou empregado, ainda que ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial; III - vencimento do cargo em comissão ou de natureza especial, quando se tratar de servidor ou empregado que não ocupe cargo efetivo ou emprego. Por fim, considerando que o STF, ao julgar as ADI’s 4.357/DF e 4.425/DF, relator para o acórdão ministro Luiz Fux, declarou, por arrastamento, a inconstitucionalidade do art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com redação dada pela Lei no 11.960/2009, ao fundamento de que o índice aplicável aos depósitos em cadernetas de poupança não se presta para atualização monetária, porquanto não corresponde à desvalorização da moeda em certo período de tempo. Embora não publicados os acórdãos, a notícia foi divulgada no Informativo no 698 do STF. Dada à eficácia repristinatória da declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, voltou a viger a legislação pretérita, segundo a qual os créditos de benefícios previdenciários devem ser corrigidos monetariamente pelo IPCA-E, desde o vencimento de cada prestação, e sofrerem incidência de juros moratórios de 0,5% ao mês a partir da citação. Em face do exposto, julgo procedentes os pedidos formulados na inicial, para determinar que o IFAL implante o benefício de auxílio-transporte na remuneração do autor, ao tempo em que condeno ao pagamento das parcelas vencidas, não alcançadas pela prescrição qüinqüenal, corrigidas monetariamente pelo IPCA-E e acrescidas de juros legais desde a citação, devendo a elaboração dos cálculos retro mencionados ser realizada após o trânsito em julgado da presente sentença, em conformidade com o Enunciado n.o 32 do FONAJEF[i]. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099 de 1995 c/c o art. 1o da Lei Federal no 10.259 de 2001).
PROCESSO No 0539628-13.2019.4.05.8013 RECORRENTE: IFAL – INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS RECORRIDO: LUIZA GLACIETE FREIRE GONÇALVES JUIZ(A) IMPEDIDO(A): RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO VOTO-EMENTA ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. AUXÍLIO-TRANSPORTE. POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E DO TRF DA 5a REGIÃO. TERMO INICIAL DOS RETROATIVOS FIXADO NA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. CONFIRMAÇÃO. RECURSO INOMINADO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido de pagamento de Auxílio-Transporte, bem como o pagamento das parcelas pretéritas. 2.Interposição de recurso, requerendo a reforma da sentença nos seguintes pontos: a) ilegitimidade passiva da autarquia; b) impossibilidade de concessão de aumento remuneratório pelo Poder Judiciário; c) no mérito, não faz jus ao referido direito. 3.De início, rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva, uma vez que a parte autora compõe o quadro de servidores públicos de cargo efetivo daquela autarquia, pessoa jurídica de direito público dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, possuindo poderes para dar aplicabilidade concreta às disposições normativas emanadas dos Poderes constituídos. 4.Sobre o tema, ressalto que o art. 1o da Medida Provisória no 2.165-35/2001 dispõe o seguinte: Art. 1o. Fica instituído o Auxílio-Transporte em pecúnia, pago pela União, de natureza jurídica indenizatória, destinado ao custeio parcial das despesas realizadas com transporte coletivo municipal, intermunicipal ou interestadual pelos militares, servidores e empregados públicos da Administração Federal direta, autárquica e fundacional da União, nos deslocamentos de suas residências para os locais de trabalho e vice-versa, excetuadas aquelas realizadas nos deslocamentos em intervalos para repouso ou alimentação, durante a jornada de trabalho, e aquelas efetuadas com transportes seletivos ou especiais. [...]. 5.Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça, a partir de interpretação teleológica do referido dispositivo, firmou jurisprudência no sentido de que o servidor público que se utiliza de veículo próprio para deslocar-se ao serviço faz jus ao recebimento de auxílio-transporte (AgRg no REsp 1418492/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/10/2014, DJe 03/11/2014; AgRg no AREsp 436.999/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/03/2014, DJe 27/03/2014; AgRg no REsp 1143513/PR, 5a Turma, Rel. Des. Conv. Marilza Maynard, julgado em 05/02/2013). 6.A partir de uma análise atenta da orientação emanada daquela Corte Superior, revela-se que referida verba é uma vantagem pecuniária do tipo propter laborem, a qual diz respeito ao efetivo exercício das funções, e se destina, portanto, à necessidade de os servidores se locomoverem, enquanto estiverem prestando serviços ao órgão a que estão vinculados. Daí porque, desaparecendo os motivos que justificaram a sua concessão, extingue-se a razão de seu pagamento (RMS 11436/PI, 6a Turma, Rel. Min. Paulo Medina, julgado em 06/04/2004). Atente-se que, muito embora faça uso de veículo próprio, o servidor, ainda assim, detém despesas com transporte para o deslocamento ao serviço, dando ensejo à necessidade do pagamento. 7.Da mesma forma, a própria jurisprudência do TRF da 5a Região alinha-se ao entendimento esposado, consoante adiante se vê: ADMINISTRATIVO. AUXÍLIO-TRANSPORTE. SERVIDOR PÚBLICO. MP No 2.165-36/01. TRANSPORTE INTERMUNICIPAL. USO DE VEÍCULO PRÓPRIO. POSSIBILIDADE. 1. "O Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência no sentido de que o servidor público que se utiliza de veículo próprio para deslocar-se ao serviço faz jus ao recebimento de auxílio-transporte, nos termos interpretados do art. 1o da MP n. 2.165-36/2001". (STJ, AgRg no AREsp 436999/PR, rel. Min. Herman Benjamin, DJ 27/03/14) 2. Hipótese em que o servidor não tem outra escolha para o deslocamento ao município onde trabalha, sendo necessário optar pelo uso de veículo próprio, de modo que faz jus ao auxílio-transporte previsto no art. 1o da MP no 2.165-36/01. 3. Apelação desprovida. (PJE: 08004375820144058401, AC/RN, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO MACHADO CORDEIRO (CONVOCADO), Terceira Turma, JULGAMENTO: 29/01/2015) 8.Deve-se concluir que o fato gerador da referida verba é a realização de despesa de transporte para o deslocamento atinente ao serviço, e, portanto, não é razoável restringir a concessão desse benefício aos que se utilizam de transporte público, vedando-a a quem faz uso de veículo próprio. 9.Ora, se a finalidade do benefício em tela é o custeio, pela Administração, de parte dos gastos realizados com o deslocamento do servidor da residência para o trabalho e vice-versa, o único critério norteador razoável é a efetiva necessidade de gastos com transporte. Existente essa, não há como negar o direito ao recebimento da parcela, independentemente do meio de transporte utilizado, evidenciado que está o decréscimo remuneratório que a norma visa abrandar (TRF 4a Região, AC 5000652-21.2013.404.7212, 3a Turma, Rel. p/ Acórdão Des. Fed. Fernando Quadros da Silva, julgado em 10/09/2014). 10.Nessa linha de raciocínio, o critério que melhor atende ao objetivo da norma é o ressarcimento com base nas despesas que seriam realizadas caso fosse utilizado o transporte coletivo existente para a localidade, ou o menos dispendioso (dos meios de transporte coletivo disponíveis), já que o custo deste é que serve como parâmetro para fixação do quantum indenizatório devido aos servidores usuários de tal sistema de transporte. 11.Ademais, o art. 2o da MP no 2.165-35/2001 estabelece que o valor mensal do Auxílio-Transporte será apurado a partir da diferença entre as despesas realizadas com transporte coletivo, nos termos do art. 1o, e o desconto de seis por cento do: I - soldo do militar; II - vencimento do cargo efetivo ou emprego ocupado pelo servidor ou empregado, ainda que ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial; III - vencimento do cargo em comissão ou de natureza especial, quando se tratar de servidor ou empregado que não ocupe cargo efetivo ou emprego. 12.Para além, é assente na jurisprudência da Turma Recursal a desnecessidade de comprovação das despesas realizadas, tendo em vista que, uma vez existentes os requisitos do cabimento da matéria, desnecessária comprovação a esse título, máxime quando o critério de pagamento da verba a ser adotado leva em consideração o transporte público. 13.Na espécie, restou comprovado, por meio dos documentos anexados aos autos (anexo 12), que houve requerimento administrativo, devendo este ser o termo inicial dos retroativos, consoante definido por esta Turma Recursal. 14.Por fim, no que se refere à correção monetária, o STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Portanto, deve-se aplicar o IPCA-E como índice de correção monetária na espécie e juros moratórios no mesmo patamar da caderneta de poupança. 15.Ante o exposto, a sentença recorrida deve ser mantida. 16.Recurso inominado improvido, para condenar a parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios no total de 10% sobre o valor da condenação. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
1,296
1,163
0
0
9-AL
0
95.155313
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de Ação Especial Cível proposta por Luiza Glaciete Freire Gonçalves, devidamente qualificado na inicial, em face do IFAL, através da qual pleiteia a implantação de auxílio-transporte em sua remuneração, bem como o pagamento das parcelas pretéritas. O Demandante, servidor público federal, aduz que tem direito a percepção do auxílio transporte, pois, a finalidade de tal benefício é custear as despesas realizadas pelos servidores públicos com transporte referente ao deslocamento entre a residência e o local de trabalho e vice-versa. In caso, o autor argumenta utilizar veículo próprio para descolamento até a unidade de trabalho e vice-versa. Citado, o réu se pronunciou preliminarmente pelo acolhimento da prescrição quinquenal e, no mérito, pugnou pela improcedência da demanda ao argumento de que a demandante não tem direito à percepção do auxílio ora pleiteado, argumento de que o benefício é concedido apenas a servidores que utilizam o transporte coletivo municipal, intermunicipal ou interestadual para o trajeto entre sua casa e o local de trabalho, e não aqueles que utilizam veículo próprio. Este é, em síntese, o relatório. Fundamento e decido. Inicialmente, reconheço a prescrição das parcelas anteriores ao qüinqüênio que antecedeu a propositura desta ação, nos termos do art. 1o, do Decreto no 20.910/06 e da Súmula no 85 do e. Superior Tribunal de Justiça – STJ. No tocante a inépcia da inicial levantada pela demandada, eis de afastá-la, pois, o preço da passagem do transporte e a parcela dedutível não prejudica a sua defesa, uma vez que podem ser apuradas na fase de liquidação do julgado em caso de procedência do pedido. A matéria do auxílio-transporte é tratada pela MP n. 2.165-36, de 2001, vigente por força do art. 2o da Emenda Constitucional n. 32, nos moldes a seguir: “Art. 1o Fica instituído o Auxílio-Transporte em pecúnia, pago pela União, de natureza jurídica indenizatória, destinado ao custeio parcial das despesas realizadas com transporte coletivo municipal, intermunicipal ou interestadual pelos militares, servidores e empregados públicos da Administração Federal direta, autárquica e fundacional da União, nos deslocamentos de suas residências para os locais de trabalho e vice-versa, excetuadas aquelas realizadas nos deslocamentos em intervalos para repouso ou alimentação, durante a jornada de trabalho, e aquelas efetuadas com transportes seletivos ou especiais. § 1o É vedada a incorporação do auxílio a que se refere este artigo aos vencimentos, à remuneração, ao provento ou à pensão. (...) Art. 2o (...) § 2o O valor do Auxílio-Transporte não poderá ser inferior ao valor mensal da despesa efetivamente realizada com o transporte, nem superior àquele resultante do seu enquadramento em tabela definida na forma do disposto no art. 8o.” Com efeito, o Superior Tribunal de Justiça, a partir de interpretação teleológica do referido dispositivo, firmou jurisprudência no sentido de que o servidor público, que se utiliza de veículo próprio para deslocar-se ao serviço, faz jus ao recebimento de auxílio-transporte, vez que não há justificativa razoável para beneficiar os servidores que utilizam transporte coletivo em detrimento daqueles que utilizam veículo próprio. Assim, a concessão do benefício está em plena consonância à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. AUXÍLIO-TRANSPORTE DEVIDO. AUTOMÓVEL PARTICULAR UTILIZADO POR SERVIDOR PÚBLICO PARA DESLOCAMENTO AO SERVIÇO. POSSIBILIDADE. ARTIGO 1o DA MP 2.165-36. VIOLAÇÃO DA CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO. NÃO OCORRÊNCIA. 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência no sentido de que o servidor público que se utiliza de veículo próprio para deslocar-se ao serviço faz jus ao recebimento de auxílio-transporte, nos termos interpretados do art. 1o da MP n. 2.165-36/2001. 2. Não há falar em incidência da Súmula 10/STF ou em ofensa ao art. 97 da CF/1988, nos casos em que o STJ decide aplicar entendimento jurisprudencial consolidado sobre o tema, sem declarar inconstitucionalidade do texto legal invocado. 3. Agravo Regimental não provido. (grifos nossos). (STJ - AgRg no AREsp: 436999 PR 2013/0388480-1, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 20/03/2014, T2 – SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/03/2014) Destarte que, a partir de uma análise atenta desta orientação emanada daquela Corte Superior, revela-se que a referida verba é uma vantagem pecuniária do tipo propter laborem, a qual diz respeito ao efetivo exercício das funções, e se destina, portanto, à necessidade dos servidores se locomoverem, enquanto estiverem prestando serviços ao órgão a que estão vinculados. Daí por que, desaparecendo os motivos que justificaram a sua concessão, extingue-se a razão de seu pagamento (RMS 11436/PI, 6a Turma, Rel. Min. Paulo Medina, julgado em 06/04/2004). Neste sentido, não é razoável a restrição da concessão de tal benefício apenas para àqueles que utilizam transporte coletivo, pois, a sua finalidade é o custeio das despesas com transporte para o deslocamento até o serviço. In caso, o autor utiliza de veículo próprio para deslocamento até a unidade de trabalho. Ora, se a finalidade do benefício em tela é o custeio pela Administração Pública de parte dos gastos realizados com o deslocamento do servidor da residência para o trabalho e vice-versa, o único critério norteador razoável é a efetiva necessidade de gastos com transporte. Existente essa, não há como negar o direito ao recebimento da parcela, independentemente do meio de transporte utilizado, evidenciado que está o decréscimo remuneratório que a norma visa abrandar (TRF 4a Região, AC 5000652-21.2013.404.7212, 3a Turma, Rel. p/ Acórdão Des. Fed. Fernando Quadros da Silva, julgado em 10/09/2014). Nessa linha de raciocínio, o critério que melhor atende ao objetivo da norma é o ressarcimento com base nas despesas que seriam realizadas caso fosse utilizado o transporte coletivo existente para a localidade, ou o menos dispendioso (dos meios de transporte coletivo disponíveis), já que o custo deste é que serve como parâmetro para fixação do quantum indenizatório devido aos servidores usuários de tal sistema de transporte. No tocante a forma do cálculo do auxílio transporte, deve-se aplicar a regra contida no art. 2o da MP no 2.165-35/2001 pala qual estabelece que o valor mensal do Auxílio-Transporte será apurado a partir da diferença entre as despesas realizadas com transporte coletivo, nos termos do art. 1o e o desconto de seis por cento do: I - soldo do militar; II - vencimento do cargo efetivo ou emprego ocupado pelo servidor ou empregado, ainda que ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial; III - vencimento do cargo em comissão ou de natureza especial, quando se tratar de servidor ou empregado que não ocupe cargo efetivo ou emprego. Por fim, considerando que o STF, ao julgar as ADI’s 4.357/DF e 4.425/DF, relator para o acórdão ministro Luiz Fux, declarou, por arrastamento, a inconstitucionalidade do art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com redação dada pela Lei no 11.960/2009, ao fundamento de que o índice aplicável aos depósitos em cadernetas de poupança não se presta para atualização monetária, porquanto não corresponde à desvalorização da moeda em certo período de tempo. Embora não publicados os acórdãos, a notícia foi divulgada no Informativo no 698 do STF. Dada à eficácia repristinatória da declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, voltou a viger a legislação pretérita, segundo a qual os créditos de benefícios previdenciários devem ser corrigidos monetariamente pelo IPCA-E, desde o vencimento de cada prestação, e sofrerem incidência de juros moratórios de 0,5% ao mês a partir da citação. Em face do exposto, julgo procedentes os pedidos formulados na inicial, para determinar que o IFAL implante o benefício de auxílio-transporte na remuneração do autor, ao tempo em que condeno ao pagamento das parcelas vencidas, não alcançadas pela prescrição qüinqüenal, corrigidas monetariamente pelo IPCA-E e acrescidas de juros legais desde a citação, devendo a elaboração dos cálculos retro mencionados ser realizada após o trânsito em julgado da presente sentença, em conformidade com o Enunciado n.o 32 do FONAJEF[i]. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099 de 1995 c/c o art. 1o da Lei Federal no 10.259 de
NÃO PROVIMENTO
0503702-04.2019.4.05.8002
2019-06-10 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-27 14:41:27
Sentença - Sentença - Aposentedoria por tempo de contribuição - improcedente
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - Voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,118
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Tempo de Contribuição (Art. 55/6)
1
AL010678
SENTENÇA Trata-se de ação de rito sumaríssimo, na qual se postula a concessão de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, bem como o pagamento de diferenças retroativas devidas a esse título. Dispensado o relatório, nos termos da Lei. Fundamento e decido. (i) Considerações gerais sobre Aposentadoria Especial e por Tempo de Contribuição A legislação previdenciária estabelece o direito subjetivo dos segurados à obtenção, dentre outros, dos seguintes benefícios: a) Aposentadoria especial, quando, cumprida a carência, o segurado tiver trabalhado em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física durante 15, 20 ou 25 anos (conforme o caso), com renda mensal de 100% do salário-de-contribuição (art. 201, § 1o, da Constituição Federal e art. 57 da Lei n. 8.213/91); b) Aposentadoria integral por tempo de contribuição quando, cumprido o período de carência, o segurado tiver 35 anos de contribuição, se homem, ou 30 anos, se mulher (art. 201, § 7o, I, da Constituição Federal e art. 53 da Lei n. 8.213/91); c) Aposentadoria proporcional por tempo de contribuição, para aqueles já filiados ao RGPS em 16/12/1998 (data da publicação da Emenda Constitucional n. 20), desde que atendidas, cumulativamente, as seguintes condições: c.1) contar com 53 anos de idade, se homem, e 48 anos, se mulher; c.2) contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de 30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher; c.3) complementar um período adicional de contribuição equivalente a 40% do tempo que, na data da publicação da Emenda, faltaria para atingir os limites de tempo constantes no item anterior (30 anos para homem e 25 anos para mulher) (art. 9o, § 1o, I, da Emenda Constitucional n. 20/98). Na hipótese de Aposentadoria Proporcional (alínea “c”), a renda mensal será equivalente a 70% do valor da Aposentadoria Integral por Tempo de Contribuição (alínea “b”), acrescido de 5% por ano de contribuição que supere a soma a que se refere o item “c.3”, até o limite de 100% (art. 9o, § 1o, II, da Emenda Constitucional n. 20/98). Cumpre ressaltar que a Lei no 13.183/15 acrescentou o art. 29-C à Lei no 8.213/91, determinando-se a exclusão do fator previdenciário no cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição do segurado que preencha os requisitos cumulativos de idade e tempo de contribuição, nos seguintes termos: Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. § 1o Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de tempo de contribuição e idade. § 2o As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em: I - 31 de dezembro de 2018; II - 31 de dezembro de 2020; III - 31 de dezembro de 2022; IV - 31 de dezembro de 2024; e V - 31 de dezembro de 2026. § 3o Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2o, o tempo mínimo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição. § 4o Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que trata o caput e deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da pontuação exigida na data do cumprimento do requisito nos termos deste artigo. Trata-se de uma opção do segurado, que poderá adotar a nova regra, passando a ser contemplado com um benefício que lhe proporcionará uma renda mensal inicial mais elevada, ante a exclusão do fator previdenciário do cálculo do benefício. Contudo, para se alcançar essa opção mais favorável, passa-se a exigir do segurado o requisito etário, conjugado com o tempo mínimo de contribuição de 35 anos para o homem e 30 anos para a mulher. (ii) Presunção relativa de veracidade dos vínculos empregatícios anotados na CTPS As anotações na CTPS não têm valor absoluto, conforme Súmula 225 do STF (“não é absoluto o valor probatório das anotações da carteira profissional”). Todavia, estas gozam de presunção relativa de veracidade, a teor da Súmula 12 do TST (“As anotações apostas pelo empregador na Carteira Profissional do empregado não geram presunção juris et de jure, mas apenas juris tantum”). Essa presunção tem fundamento legal no art. 40 do Decreto-lei n. 5.452/43, que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho, e, apesar de restringir-se à comprovação do rol de dependentes, possibilita sua aplicação em desfavor também da Previdência Social (inciso II). A jurisprudência do STJ é no sentido de que as anotações de vínculos empregatícios constantes na CTPS podem ser utilizadas em desfavor do INSS, a quem caberá infirmar a presunção de veracidade delas decorrentes, in verbis: PREVIDENCIÁRIO. CARTEIRA PROFISSIONAL. ANOTAÇÕES FEITAS POR ORDEM JUDICIAL. PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. SENTENÇA TRABALHISTA. PROVA MATERIAL. ALUNO-APRENDIZ. ESCOLA TÉCNICA FEDERAL. CONTAGEM. TEMPO DE SERVIÇO. POSSIBILIDADE. REMUNERAÇÃO. EXISTÊNCIA. SÚMULA N.o 96 DO TCU. 1. As anotações feitas na Carteira de Trabalho e Previdência Social gozam de presunção juris tantum, consoante preconiza o Enunciado n.o 12 do Tribunal Superior do Trabalho e da Súmula n.o 225 do Supremo Tribunal Federal. 2. O fato de o empregador ter descumprido a sua obrigação de proceder ao registro do empregado no prazo devido, o que foi feito extemporaneamente e por força de ordem judicial, não tem o condão de afastar a veracidade da inscrição. 3. Consoante remansosa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a sentença trabalhista pode ser considerada como início de prova material, desde que fundada em elementos que demonstrem o labor exercido na função e os períodos alegados pelo trabalhador; tornando-se, dessa forma, apta a comprovar o tempo de serviço enunciado no art. 55, § 3o da Lei n.o 8.213/91, ainda que a Autarquia Previdenciária não tenha integrado a respectiva lide. Precedentes. (...) 5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. (RESP 200301514894, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA, 05/04/2004); PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. TRABALHADOR URBANO. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL. ANOTAÇÃO NA CTPS POR FORÇA DE SENTENÇA TRABALHISTA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE RELATIVA NÃO AFASTADA. RECURSO ESPECIAL. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 07/STJ. (...) - Tendo as anotações na CTPS sido feitas por força de sentença trabalhista, gozam de presunção relativa de veracidade, só podendo ser afastadas pela produção de provas que ateste sua falsidade ou as contradiga. (...) Recurso especial não conhecido. (RESP 200101805003, VICENTE LEAL, STJ - SEXTA TURMA, 17/06/2002); Não tendo o INSS impugnado os vínculos empregatícios anotados na CTPS da parte autora e, ao revés, sendo os mesmos corroborados por outras provas emitidas pelo(s) empregador(es), devem tais vínculos ser considerados existentes, sendo os respectivos tempos de serviço contados para fins de aposentadoria. iii) Análise das atividades laborativas exercidas pela parte autora e das provas juntadas aos autos Com base nas razões anteriormente expostas, examinando-se detidamente os presentes autos virtuais, especialmente os documentos comprobatórios dos vínculos laborais e das condições de trabalho (CTPS e CNIS), as informações e conclusões extraídas são as seguintes: Empresa Período Atividade Agente Nocivo Enquadramento legal Provas (e Anexos) Fator Conv. Tempo de serviço em condições especiais Tempo de serviço comum incluindo conversão Usina Serra Grande S/A 02/01/1986a 28/04/1995 Trab. rural Categoria Prof. 2.2.1 do Anexo do Decreto 53.831/64. CTPS e CNIS 1,4 9 anos, 3 meses e 27 dias 13 anos e 20 dias Usina Serra Grande S/A 29/04/1995a 16/01/2011 Trab. rural - - CTPS, CNIS e PPP - - 15 anos, 8 meses e 18 dias Laginha Agro Industrial S/A 15/01/2011a 10/05/2011 Trab. Rural - - CTPS e CNIS - - 3 meses e 24 dias Laginha Agro Industrial S/A 12/09/2011a 13/03/2012 Trab. rural - - CTPS e CNIS - - 6 meses e 2 dias Usina Santa Clotilde 22/10/2012a 21/11/2012 Trab. Rural - - CTPS e CNIS - - 30 dias S/A Leão Irmãos 08/07/2013a 11/04/2015 Trab. rural - - - - - 1 anos, 9 meses e 4 dias Cooperativa Agrícola 03/11/2015a 01/03/2016 Trab. rural - - - - - 3 meses e 29 dias Tempo deserviço comum (cálculo para após. Tempo contribuição): 31 anos, 9 mesese 7 dias - 31 anos, 9 meses e 7 dias Os cálculos estão limitados até a Data da Entrada do Requerimento (DER) para que se analise o direito da parte autora com base na situação existente no momento do pleito administrativo indeferido que, aqui, questiona-se. Se, por eventualidade, a parte autora pretender computar tempo de contribuição posterior, caso não seja suficiente à obtenção do benefício aquele prestado até a DER, deverá formular um novo requerimento administrativo junto ao INSS. Outrossim, não constam os tipos de agrotóxicos em que o autor foi submetido, mas sim uma genérica indicação no PPP – “defensivos agrícola” –, impossibilitando, portanto, a análise dos agentes nocivos à saúde no período após 28/04/1995. Somando-se a este o tempo comum laborado pelo autor, aufere-se, na data do requerimento administrativo, um total de 31 anos, 09 meses e 7 diasde tempo de contribuição, o que é insuficiente para a concessão do benefício pretendido. Diante do exposto, julgo improcedente o pedido deduzido, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Sem despesas processuais e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Concedo os benefícios da assistência judiciária gratuita. Intimem-se.
PROCESSO No 0503702-04.2019.4.05.8002 RECORRENTE: JOSÉ CARLOS DOS SANTOS SILVA RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ IMPEDIDO: ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM. EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS. ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECER A NOCIVIDADE GENÉRICA POR SIMPLES "REGRAS DA EXPERIÊNCIA COMUM". NECESSÁRIA ANÁLISE TÉCNICA DO PRINCÍPIO ATIVO. FATORES DE RISCO INESPECÍFICOS. ÓBICE À QUALIFICAÇÃO DA ATIVIDADE COMO ESPECIAL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, com conversão de períodos especiais em tempo comum. Caso em que o magistrado sentenciante deixou de reconhecer como especial o período de 29/04/1995 a 16/01/2011 devido à informação genérica do PPP sobre os agentes nocivos agrotóxicos. 2.Razões recursais alegando que o período de 29/04/1995 a 16/01/2011 deve ser reconhecido como tempo especial por ter o recorrente exercido atividade laboral exposto a agrotóxicos, agente nocivo previsto no quadro anexo ao Decreto no 53.831/64, bem como no Decreto no 83.080/79. 3.Aposentadoria por tempo de contribuição é o benefício previdenciário devido ao segurado que tiver contribuído para a Previdência Social durante 35 anos (se homem) ou 30 anos (se mulher), conforme artigo 56 do Decreto no 3.048/99. O art. 57, § 5o, da Lei no 8.213/91, garante ao trabalhador a conversão do tempo de serviço prestado em condições especiais para tempo comum, ou seja, os períodos em que se sujeitou a atividades insalubres, que prejudiquem a sua saúde e/ou integridade física, serão objeto de conversão com vistas à contagem do tempo de serviço. Conforme enunciado no 50 da súmula da TNU: “É possível a conversão do tempo de serviço especial em comum do trabalho prestado em qualquer período”. 4.Em relação às atividades especiais, o tempo de serviço é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado. De tal sorte, até o advento da Lei 9.032/95, publicada no D.O.U em 29/04/95, era possível o reconhecimento do tempo de serviço especial com base na categoria profissional do trabalhador, nos moldes disciplinados pelo Decreto no 53.831/64, independentemente de exposição a agentes nocivos à saúde do trabalhador, haja vista a presunção legal, até 28/04/1995, de nocividade pelo exercício da profissão. A partir de então, a comprovação da atividade especial passou a ser realizada por intermédio dos formulários SB-40 e DSS-8030, e, posteriormente, pelo Perfil Profissiográfico Previdenciário (formulário PPP). 5.O Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP – é prova hábil a comprovar submissão efetiva a agentes nocivos, posto tratar-se de documento baseado nas informações contidas em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho – LTCAT, que atesta a efetiva exposição aos agentes nocivos nos períodos trabalhados. 6.O direito ao reconhecimento do exercício de atividade especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde ou integridade física. Assim sendo, não se pode reconhecer como especial tempo de serviço pela exposição à agente químico, sem que haja a especificação de qual substância ou elemento químico se trata o referido agente. Precedente: AC 0026808-74.2010.4.01.3800 / MG, Rel. JUIZ FEDERAL RODRIGO RIGAMONTE FONSECA, 1a CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE MINAS GERAIS, e-DJF1 de 07/12/2015. 7.Também não se pode atribuir o efeito nocivo genérico a determinado agente químico apenas por meio de “regras da experiência comum”, sendo necessária a análise técnica do princípio ativo presente no agente químico. Nesse sentido, uniformização da jurisprudência pela TRU/5aRegião (Recurso 05022525720144058307), com a seguinte ementa: EMENTA PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. DISCUSSÃO SOBRE A NOCIVIDADE GENÉRICA DE AGROTÓXICOS "SEGUNDO REGRAS DE EXPERIÊNCIA" OU NECESSIDADE DE INDICAÇÃO DOS AGENTES NOCIVOS PRESENTES NOS AGROTOXICOS UTILIZADOS. QUESTÃO DE DIREITO. INTELIGÊNCIA DOS CÓDIGOS 1.2.9 DO DECRETO N. 53.831/64, 1.2.6 DO DECRETO 83.080/79 E 1.0.1, "E", E 1.0.12, "B" DO DECRETO 3.048/99. IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DE NOCIVIDADE GENÉRICA DE AGROTÓXICOS POR "REGRAS DA EXPERIÊNCIA COMUM". ANÁLISE TÉCNICA DO PRINCÍPIO ATIVO NECESSÁRIA. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL PROVIDO. (grifos nossos) 8.Hipótese em que o PPP apresentado pela parte autora (anexo 6) informa que, no período de 29/04/1995 a 16/01/2011, o trabalhador (parte autora) esteve exposto aos agentes nocivos defensivos agrícolas (agrotóxicos) - item 15.3 do PPP -, avaliados de forma qualitativa, sem qualquer especificação da concentração e da composição química desses pretensos agentes nocivos. 9.Logo, a ausência de especificação quanto às substâncias químicas que compõem os agentes agressivos “agrotóxicos" impede a análise para enquadramento segundo os agentes considerados nocivos pela legislação. Portanto, frise-se, para analisar a exposição a produtos químicos é necessário especificar a composição (princípios ativos) dos mesmos, bem como o nível de sua concentração no ambiente de trabalho, ônus dos quais a parte autora não se desincumbiu. 10.Assim sendo, não há como reconhecer a natureza especial da atividade laboral exercida no período de 29/04/1995 a 16/01/2011. 11.Ante o exposto, a sentença recorrida deve ser mantida na íntegra. 12.Recurso inominado improvido, condenando a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, POR UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator.
1,643
874
0
0
7-AL
0
78.008646
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de rito sumaríssimo, na qual se postula a concessão de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, bem como o pagamento de diferenças retroativas devidas a esse título. Dispensado o relatório, nos termos da Lei. Fundamento e decido. (i) Considerações gerais sobre Aposentadoria Especial e por Tempo de Contribuição A legislação previdenciária estabelece o direito subjetivo dos segurados à obtenção, dentre outros, dos seguintes benefícios: a) Aposentadoria especial, quando, cumprida a carência, o segurado tiver trabalhado em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física durante 15, 20 ou 25 anos (conforme o caso), com renda mensal de 100% do salário-de-contribuição (art. 201, § 1o, da Constituição Federal e art. 57 da Lei n. 8.213/91); b) Aposentadoria integral por tempo de contribuição quando, cumprido o período de carência, o segurado tiver 35 anos de contribuição, se homem, ou 30 anos, se mulher (art. 201, § 7o, I, da Constituição Federal e art. 53 da Lei n. 8.213/91); c) Aposentadoria proporcional por tempo de contribuição, para aqueles já filiados ao RGPS em 16/12/1998 (data da publicação da Emenda Constitucional n. 20), desde que atendidas, cumulativamente, as seguintes condições: c.1) contar com 53 anos de idade, se homem, e 48 anos, se mulher; c.2) contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de 30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher; c.3) complementar um período adicional de contribuição equivalente a 40% do tempo que, na data da publicação da Emenda, faltaria para atingir os limites de tempo constantes no item anterior (30 anos para homem e 25 anos para mulher) (art. 9o, § 1o, I, da Emenda Constitucional n. 20/98). Na hipótese de Aposentadoria Proporcional (alínea “c”), a renda mensal será equivalente a 70% do valor da Aposentadoria Integral por Tempo de Contribuição (alínea “b”), acrescido de 5% por ano de contribuição que supere a soma a que se refere o item “c.3”, até o limite de 100% (art. 9o, § 1o, II, da Emenda Constitucional n. 20/98). Cumpre ressaltar que a Lei no 13.183/15 acrescentou o art. 29-C à Lei no 8.213/91, determinando-se a exclusão do fator previdenciário no cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição do segurado que preencha os requisitos cumulativos de idade e tempo de contribuição, nos seguintes termos: Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. § 1o Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de tempo de contribuição e idade. § 2o As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em: I - 31 de dezembro de 2018; II - 31 de dezembro de 2020; III - 31 de dezembro de 2022; IV - 31 de dezembro de 2024; e V - 31 de dezembro de 2026. § 3o Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2o, o tempo mínimo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição. § 4o Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que trata o caput e deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da pontuação exigida na data do cumprimento do requisito nos termos deste artigo. Trata-se de uma opção do segurado, que poderá adotar a nova regra, passando a ser contemplado com um benefício que lhe proporcionará uma renda mensal inicial mais elevada, ante a exclusão do fator previdenciário do cálculo do benefício. Contudo, para se alcançar essa opção mais favorável, passa-se a exigir do segurado o requisito etário, conjugado com o tempo mínimo de contribuição de 35 anos para o homem e 30 anos para a mulher. (ii) Presunção relativa de veracidade dos vínculos empregatícios anotados na CTPS As anotações na CTPS não têm valor absoluto, conforme Súmula 225 do STF (“não é absoluto o valor probatório das anotações da carteira profissional”). Todavia, estas gozam de presunção relativa de veracidade, a teor da Súmula 12 do TST (“As anotações apostas pelo empregador na Carteira Profissional do empregado não geram presunção juris et de jure, mas apenas juris tantum”). Essa presunção tem fundamento legal no art. 40 do Decreto-lei n. 5.452/43, que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho, e, apesar de restringir-se à comprovação do rol de dependentes, possibilita sua aplicação em desfavor também da Previdência Social (inciso II). A jurisprudência do STJ é no sentido de que as anotações de vínculos empregatícios constantes na CTPS podem ser utilizadas em desfavor do INSS, a quem caberá infirmar a presunção de veracidade delas decorrentes, in verbis: PREVIDENCIÁRIO. CARTEIRA PROFISSIONAL. ANOTAÇÕES FEITAS POR ORDEM JUDICIAL. PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE. SENTENÇA TRABALHISTA. PROVA MATERIAL. ALUNO-APRENDIZ. ESCOLA TÉCNICA FEDERAL. CONTAGEM. TEMPO DE SERVIÇO. POSSIBILIDADE. REMUNERAÇÃO. EXISTÊNCIA. SÚMULA N.o 96 DO TCU. 1. As anotações feitas na Carteira de Trabalho e Previdência Social gozam de presunção juris tantum, consoante preconiza o Enunciado n.o 12 do Tribunal Superior do Trabalho e da Súmula n.o 225 do Supremo Tribunal Federal. 2. O fato de o empregador ter descumprido a sua obrigação de proceder ao registro do empregado no prazo devido, o que foi feito extemporaneamente e por força de ordem judicial, não tem o condão de afastar a veracidade da inscrição. 3. Consoante remansosa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a sentença trabalhista pode ser considerada como início de prova material, desde que fundada em elementos que demonstrem o labor exercido na função e os períodos alegados pelo trabalhador; tornando-se, dessa forma, apta a comprovar o tempo de serviço enunciado no art. 55, § 3o da Lei n.o 8.213/91, ainda que a Autarquia Previdenciária não tenha integrado a respectiva lide. Precedentes. (...) 5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. (RESP 200301514894, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA, 05/04/2004); PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. TRABALHADOR URBANO. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO. INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL. ANOTAÇÃO NA CTPS POR FORÇA DE SENTENÇA TRABALHISTA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE RELATIVA NÃO AFASTADA. RECURSO ESPECIAL. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 07/STJ. (...) - Tendo as anotações na CTPS sido feitas por força de sentença trabalhista, gozam de presunção relativa de veracidade, só podendo ser afastadas pela produção de provas que ateste sua falsidade ou as contradiga. (...) Recurso especial não conhecido. (RESP 200101805003, VICENTE LEAL, STJ - SEXTA TURMA, 17/06/2002); Não tendo o INSS impugnado os vínculos empregatícios anotados na CTPS da parte autora e, ao revés, sendo os mesmos corroborados por outras provas emitidas pelo(s) empregador(es), devem tais vínculos ser considerados existentes, sendo os respectivos tempos de serviço contados para fins de aposentadoria. iii) Análise das atividades laborativas exercidas pela parte autora e das provas juntadas aos autos Com base nas razões anteriormente expostas, examinando-se detidamente os presentes autos virtuais, especialmente os documentos comprobatórios dos vínculos laborais e das condições de trabalho (CTPS e CNIS), as informações e conclusões extraídas são as seguintes: Empresa Período Atividade Agente Nocivo Enquadramento legal Provas (e Anexos) Fator Conv. Tempo de serviço em condições especiais Tempo de serviço comum incluindo conversão Usina Serra Grande S/A 02/01/1986a 28/04/1995 Trab. rural Categoria Prof. 2.2.1 do Anexo do Decreto 53.831/64. CTPS e CNIS 1,4 9 anos, 3 meses e 27 dias 13 anos e 20 dias Usina Serra Grande S/A 29/04/1995a 16/01/2011 Trab. rural - - CTPS, CNIS e PPP - - 15 anos, 8 meses e 18 dias Laginha Agro Industrial S/A 15/01/2011a 10/05/2011 Trab. Rural - - CTPS e CNIS - - 3 meses e 24 dias Laginha Agro Industrial S/A 12/09/2011a 13/03/2012 Trab. rural - - CTPS e CNIS - - 6 meses e 2 dias Usina Santa Clotilde 22/10/2012a 21/11/2012 Trab. Rural - - CTPS e CNIS - - 30 dias S/A Leão Irmãos 08/07/2013a 11/04/2015 Trab. rural - - - - - 1 anos, 9 meses e 4 dias Cooperativa Agrícola 03/11/2015a 01/03/2016 Trab. rural - - - - - 3 meses e 29 dias Tempo deserviço comum (cálculo para após. Tempo contribuição): 31 anos, 9 mesese 7 dias - 31 anos, 9 meses e 7 dias Os cálculos estão limitados até a Data da Entrada do Requerimento (DER) para que se analise o direito da parte autora com base na situação existente no momento do pleito administrativo indeferido que, aqui, questiona-se. Se, por eventualidade, a parte autora pretender computar tempo de contribuição posterior, caso não seja suficiente à obtenção do benefício aquele prestado até a DER, deverá formular um novo requerimento administrativo junto ao INSS. Outrossim, não constam os tipos de agrotóxicos em que o autor foi submetido, mas sim uma genérica indicação no PPP – “defensivos agrícola” –, impossibilitando, portanto, a análise dos agentes nocivos à saúde no período após 28/04/1995. Somando-se a este o tempo comum laborado pelo autor, aufere-se, na data do requerimento administrativo, um total de 31 anos, 09 meses e 7 diasde tempo de contribuição, o que é insuficiente para a concessão do benefício pretendido. Diante do exposto, julgo improcedente o pedido deduzido, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Sem despesas processuais e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Concedo os benefícios da assistência judiciária gratuita. Intimem-se
NÃO PROVIMENTO
0504655-65.2019.4.05.8002
2019-07-21 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-04 12:47:06
Sentença - Aposentadoria - improcedente
2020-03-27T07:09:21
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
AL015942A
PROCESSO No 0504655-65.2019.4.05.8002T SENTENÇA Pretende a parte autora aposentadoria na qualidade de segurado rural especial. Dispensado o relatório, nos termos da lei. Fundamento e decido. O benefício de aposentadoria por idade configura benefício etário com sede na Constituição Federal e disciplina na Lei 8.213/91, exigindo-se: 1) idade de 60 anos para homem e 55 anos para mulher; e 2) e tempo de efetiva atividade rural, pelo período correspondente ao estipulado como carência (arts. 48 e 142, Lei de Benefícios). Em princípio, não se deve ignorar a dificuldade de o agricultor apresentar documentação que demonstre a atividade, o que é reconhecido pela jurisprudência (Súmula 14/TNU e 41/TNU), com temperamento (Súmula 149/STJ, 27/TRF 1 e 14/TNU). No caso dos autos, verifico não restar demonstrado que a autora preencheu os requisitos necessários à concessão do benefício. Vejamos. Há início de prova material, a exemplo das certidões de nascimento e de casamento de seu filho (docs. 04/05). Em audiência, a autora informou que não trabalha na roça desde que aconteceu a enchente na região.A enchente referida data de aproximadamente nove anos, tempo que a autora estaria afastada do labor rural. Da analise dos autos ressai que a autora é titular de pensão por morte proveniente da atividade de ferroviário, desde 1992 (doc. 21, fl. 02). Inspeção identificou aspereza lateral interna nas mãos. Nesse espeque, entendo não completado o período de carência e descaracterizada a qualidade de segurado especial. Nesse contexto, entendo que a improcedência da ação se constitui em medida de rigor, por não restar comprovada a carência em tempo suficiente para perceber o benefício ora vindicado e a qualidade de segurada especial. Diante do exposto, julgo improcedente o pedido deduzido, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Sem despesas processuais e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Concedo os benefícios da assistência judiciária gratuita. Intimem-se. Havendo recurso, remetam-se os autos à E. Turma Recursal de Alagoas. Oportunamente, arquivem-se os autos. ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR Juiz Federal
PROCESSO:0504655-65.2019.4.05.8002 RECORRENTE:Elizabete Maria da Conceição RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS JUIZ IMPEDIDO:ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADO ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DO LABOR RURAL QUANDO DO ATENDIMENTO DO REQUESITO ETÁRIO OU QUANDO DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. CONJUNTO PROBATÓRIO FRÁGIL PARA A COMPROVAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL DE SUBSISTÊNCIA DURANTE 180 MESES. SÚMULA 54 DA TNU. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado contra sentença que julgou improcedente pedido de aposentadoria rural, fundamentada na ausência dos requisitos necessários para a concessão do benefício. 2. Pretensão recursal da parte autora escorada, em início de prova material válido e tempo de carência cumprido para a concessão do benefício. 3. A aposentadoria por idade é devida ao segurado especial, no valor de 1 (um) salário mínimo, com 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, a teor dos arts. 39 e 48, § 1o, da Lei de n.o 8.213/91, e comprove, cumulativamente, a carência necessária para tanto, ainda que de forma descontínua no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, nos termos e dos arts. 142 e 143 desta mesma Lei. 4. Nos termos do art. 55, § 3o, da Lei n. 8.213/91, e da Súmula n.o 149 do STJ, a comprovação do exercício de tais atividades deverá ser feita por meio de início de prova material, não se admitindo a prova exclusivamente testemunhal. Tal documentação, entretanto, não precisa guardar estrita correspondência com o tempo que se pretende provar como de efetivo exercício de atividade campesina, segundo pondera a TNU, por meio da Súmula n.o 14. 5. No caso em exame, a parte autora nascida em 19/04/1946implementou a idade de 55 anos em 2001, sendo-lhe exigido o cumprimento do período de carência correspondente a 120 meses, ainda que de forma descontínua. 6. Conforme a Súmula 54 da TNU, para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima. 7.O magistrado sentenciante analisou bem o conjunto probatório: No caso dos autos, verifico não restar demonstrado que a autora preencheu os requisitos necessários à concessão do benefício. Vejamos. Há início de prova material, a exemplo das certidões de nascimento e de casamento de seu filho (docs. 04/05). Em audiência, a autora informou que não trabalha na roça desde que aconteceu a enchente na região.A enchente referida data de aproximadamente nove anos, tempo que a autora estaria afastada do labor rural. Da analise dos autos ressai que a autora é titular de pensão por morte proveniente da atividade de ferroviário, desde 1992 (doc. 21, fl. 02). Inspeção identificou aspereza lateral interna nas mãos. Nesse espeque, entendo não completado o período de carência e descaracterizada a qualidade de segurado especial. Nesse contexto, entendo que a improcedência da ação se constitui em medida de rigor, por não restar comprovada a carência em tempo suficiente para perceber o benefício ora vindicado e a qualidade de segurada especial. Diante do exposto, julgo improcedente o pedido deduzido, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. 8.Assim, com base no conjunto probatório, quando completou o requisito etário, a autora já não trabalhava na roça há 9 anos. Registre-se que a autora não adquiriu nenhum direito, conforme jurisprudência do STJ firmada em sede de recurso repetitivo (TEMA 642), o labor rural deve existir quando do requisito idade: “PROCESSUALCIVILE PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DACONTROVÉRSIA.APOSENTADORIAPORIDADERURAL.COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADERURALNO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. REGRADETRANSIÇÃOPREVISTANOARTIGO143DALEI 8.213/1991. REQUISITOSQUE DEVEM SER PREENCHIDOS DE FORMA CONCOMITANTE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1.Tese delimitada em sede de representativo da controvérsia, sob a exegesedoartigo55,§3ocombinadocomo artigo 143 da Lei 8.213/1991,nosentidodequeo segurado especial tem que estar laborandonocampo,quandocompletaraidademínimaparase aposentarporidaderural,momentoemquepoderá requerer seu benefício.Se,aoalcançar a faixa etária exigida no artigo 48, § 1o,daLei8.213/1991,oseguradoespecialdeixarde exercer atividaderural,sem ter atendido a regra transitória da carência, nãofará jus à aposentadoria por idade rural pelo descumprimento de umdosdois únicos critérios legalmente previstos para a aquisição dodireito.Ressalvadaahipótesedo direito adquirido em que o seguradoespecialpreencheuambososrequisitosdeforma concomitante, mas não requereu o benefício. 2.RecursoespecialdoINSS conhecido e provido, invertendo-se o ônus da sucumbência. Observância do art. 543-C do Código de Processo Civil.REsp 1354908 / SP, Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 10/02/2016” 9.Recurso improvido, condenando-se a parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação. Inexistindo esta, o referido percentual deverá incidir sobre o valor da causa atualizado. Contudo, considerando a concessão da assistência judiciária gratuita, a condenação em honorários sucumbenciais fica suspensa pelo prazo de cinco anos até que sobrevenha a hipersuficiência, ou, persistindo a situação de pobreza, incida a prescrição (art. 98, §§ 2o e 3o, Novo CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator.
334
814
0
1
7-AL
0
134.522292
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Pretende a parte autora aposentadoria na qualidade de segurado rural especial. Dispensado o relatório, nos termos da lei. Fundamento e decido. O benefício de aposentadoria por idade configura benefício etário com sede na Constituição Federal e disciplina na Lei 8.213/91, exigindo-se: 1) idade de 60 anos para homem e 55 anos para mulher; e 2) e tempo de efetiva atividade rural, pelo período correspondente ao estipulado como carência (arts. 48 e 142, Lei de Benefícios). Em princípio, não se deve ignorar a dificuldade de o agricultor apresentar documentação que demonstre a atividade, o que é reconhecido pela jurisprudência (Súmula 14/TNU e 41/TNU), com temperamento (Súmula 149/STJ, 27/TRF 1 e 14/TNU). No caso dos autos, verifico não restar demonstrado que a autora preencheu os requisitos necessários à concessão do benefício. Vejamos. Há início de prova material, a exemplo das certidões de nascimento e de casamento de seu filho (docs. 04/05). Em audiência, a autora informou que não trabalha na roça desde que aconteceu a enchente na região.A enchente referida data de aproximadamente nove anos, tempo que a autora estaria afastada do labor rural. Da analise dos autos ressai que a autora é titular de pensão por morte proveniente da atividade de ferroviário, desde 1992 (doc. 21, fl. 02). Inspeção identificou aspereza lateral interna nas mãos. Nesse espeque, entendo não completado o período de carência e descaracterizada a qualidade de segurado especial. Nesse contexto, entendo que a improcedência da ação se constitui em medida de rigor, por não restar comprovada a carência em tempo suficiente para perceber o benefício ora vindicado e a qualidade de segurada especial. Diante do exposto, julgo improcedente o pedido deduzido, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil. Sem despesas processuais e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Concedo os benefícios da assistência judiciária gratuita. Intimem-se. Havendo recurso, remetam-se os autos à E. Turma Recursal de Alagoas. Oportunamente, arquivem-se os autos. ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR Juiz Federal
NÃO PROVIMENTO
0540964-52.2019.4.05.8013
2019-12-11 00:00:00
Caixa Econômica Federal (00.360.305/0001-04)
CEF
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-13 15:08:23
Sentença - Improcedência
2020-03-27T07:22:29
Acórdão - .
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
7,690
Direito Civil
Obrigações
Adimplemento e Extinção
1
AL012654
SENTENÇA Vistos etc. 1. Trata-se de demanda ajuizada em face da Caixa Econômica Federal, onde a parte autora pleiteia o reconhecimento da insubsistência da Taxa Referencial – TR como índice de correção de sua conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, pleiteando que mencionado referencial seja substituído por indicador que garanta a adequada correção monetária dos valores depositados. 2. A contestação fora depositada em cartório, consoante certidão acostada ao autos, razão pela qual prolato, desde logo, sentença. É o relatório, no essencial. Fundamento e decido. 3. Quanto à preliminar suscitada, afasto-a por, no entender deste Magistrado, não haver obrigatoriedade de suspensão imediata do processo na primeira instância, eis que o objetivo da medida seria evitar o trânsito em julgado de eventual título. Bem por isso, nada impede que a Turma Recursal suspenda o feito quando do exame de eventual recurso. 4. Sobre a legitimidade da Caixa Econômica Federal para integrar o pólo passivo da lide, entendo que a matéria encontra-se pacificada na jurisprudência pátria, tendo em vista o que dispõe a Súmula 249 do Superior Tribunal de Justiça (“A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS”). A CEF é o agente operador do sistema e responsável por eventuais correções nos saldos, sendo, por isso, incabível trazer outros entes ao pólo passivo, tais como a União Federal e o Banco Central do Brasil (TRF 5, Segunda Turma, AC 200605000561040, DJ 12/08/2008, rel. Desembargadora Federal Amanda Lucena), pelo que, também, afasta-se a necessidade de chamamento desses entes. 5. Cabem alguns comentários acerca dos documentos necessários ao ajuizamento da demanda, eis que item produtor de graves controvérsias no passado quando do julgamento (e liquidação) de causas pertinentes a mudanças nos saldos de contas fundiárias e de caderneta de poupança. 6. Considerando que, nos anos noventa, inúmeras demandas foram ajuizadas sem que, ao menos, fosse demonstrada a existência de conta vinculada ao FGTS, passou-se a entender que documentos comprobatórios da existência da conta deveriam ser trazidos com a exordial ou, ao menos, provas de que foram feitas diligências para obtenção dos mesmos. Nesse sentido, os Enunciados 94 e 95 do Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais – FONAJEF: “Enunciado 94. Para a propositura de demandas referentes a contas de FGTS anteriores à centralização deverá a parte comprovar que diligenciou ou solicitou os extratos junto à Caixa Econômica Federal ou à instituição mantenedora das contas vinculadas anteriormente ao período de migração”. “Enunciado 95. Para a propositura de ação relativa a expurgos inflacionários sobre saldos de poupança, deverá a parte autora providenciar documento que mencione o número da conta bancária ou prova de relação contratual com a instituição financeira". 7. No caso dos autos, observo que a parte autora trouxe extratos analíticos referentes ao período sobre o qual almeja produzir efeitos financeiros, demonstrando, com isso, a existência de conta vinculada ao FGTS, motivo pelo qual não vislumbro a necessidade de emenda à exordial. DO MÉRITO 8. Vencida as questões prejudiciais, passo a enfrentar o mérito propriamente dito. 9. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS foi criado em 1967 com o escopo de estabelecer uma garantia financeira para o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador. Atualmente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é regido pela Lei no. 8.036/90, tendo como agente operador a Caixa Econômica Federal (art.4o, daquele diploma), motivo pelo qual as lides envolvendo-o são aforados na Justiça Federal (art. 109, I, da CF/88). 10. As ações visando à correção das contas vinculadas ao Fundo representaram, em fins dos anos noventa, a principal motivo de ajuizamento de demandas na Justiça Federal, constituindo, ainda no início dos anos 2000, um acervo considerável. Nos dias de hoje, embora não sejam numericamente tão representativas, ainda rendem ensejo a demandas promovidas por trabalhadores que visam questionar critérios de correção daquelas contas. Os motivos são, basicamente, dois: I) aplicação de juros progressivos; II) correção inflacionária sobre o saldo das contas. 11. Tantas foram as demandas ajuizadas no passado que, no ano de 2001, foi editada a Lei Complementar no. 110, a qual previu o pagamento parcelado dos expurgos inflacionários para aqueles fundistas que aderissem ao termo de acordo ali previsto. Cada transação, para os indivíduos que eram partes em ações judiciais em trâmite na época, teve que ser homologada pelo respectivo Magistrado para produzir efeitos. No ano de 2007 foi feito o último pagamento do acordo, de forma que as pessoas que aderiram ao pacto não podem mais recorrer ao Judiciário, eis que nada mais tem a receber. 12. Ao contrário das ações aforadas nos anos noventa, neste caso não se alega a inaptidão dos índices utilizados em certos e determinados meses, parâmetros então discutíveis, mercê da aplicação do direito intertemporal e das consequencias de inúmeros planos econômicos. Nesta lide defende-se a ilegalidade no uso da Taxa Referencial – TR como fator de correção, em todos os meses e competências, desde o ano de 1999, ou seja, questiona-se, de uma maneira ampla e permanente, a higidez no uso da TR. Pede-se, por consequencia, que, daqui em diante, o Judiciário estabeleça, em definitivo, outro parâmetro de correção, além de reconhecer a inadequação do índice desde aquela data. 13. Penso que o melhor caminho para resolver a lide passa pela análise dos dispositivos legais aplicáveis à matéria. Nesse passo, observo que a Lei n.o 8.036/90 (Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências) estabelece: “Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano” 14. Posteriormente, a Lei n.o 8.177/91 (Estabelece regras para a desindexação da economia e dá outras providências) fixou: “Art. 15. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia primeiro, mantida a periodicidade atual para remuneração. Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS são mantidas e consideradas como adicionais à remuneração prevista neste artigo.” 15. Como se vê, pelo regime jurídico em vigor, as contas vinculadas ao FGTS devem ser corrigidas pela Taxa Referencial, acrescidas de juros de 3% ao ano. Estabeleceu-se, como se vê, um estreito vínculo entre a remuneração dos depósitos em cadernetas de poupança e a remuneração dos saldos das contas vinculadas ao FGTS. Inicialmente aquele diploma estabeleceu a Taxa Referencial Diária (TRD) como fator de correção. Após, a Lei no. 8.660/93 fixou que: Art. 2o. Fica extinta, a partir de 1o de maio de 1993, a Taxa Referencial Diária - TRD de que trata o art. 2o da Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (...) Art. 7o. Os depósitos de poupança têm como remuneração básica a Taxa Referencial - TR relativa à respectiva data de aniversário. 16. Pelo que se intui a partir do corpo normativo em vigor, o FGTS é um fundo criado com a finalidade de compensar os efeitos da estabilidade do contrato de trabalho, nas ocasiões onde esse é encerrado. É, pois, de natureza institucional, como expressamente proclamado pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário 226.855 (julgado no ano 2000), importante paradigma para o julgamento desta causa. Vejamos a ementa daquele julgado: O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ao contrário do que sucede com as cadernetas de poupança, não tem natureza contratual, mas, sim, estatutária, por decorrer da Lei e por ela ser disciplinado. - Assim, é de aplicar-se a ele a firme jurisprudência desta Corte no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. - Quanto à atualização dos saldos do FGTS relativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), não há questão de direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. - No tocante, porém, aos Planos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio de 1990) e Collor II, em que a decisão recorrida se fundou na existência de direito adquirido aos índices de correção que mandou observar, é de aplicar-se o princípio de que não há direito adquirido a regime jurídico. Recurso extraordinário conhecido em parte, e nela provido, para afastar da condenação as atualizações dos saldos do FGTS no tocante aos Planos Bresser, Collor I (apenas quanto à atualização no mês de maio de 1990) e Collor II.(RE 226855, Relator (a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2000, DJ 13-10-2000 PP-00020 EMENT VOL-02008-05 PP-00855 RTJ VOL-00174-03 PP-00916) 17. Naqueles autos a Suprema Corte examinou as demandas que pretendiam modificar, para certos e determinados meses, os índices de correção dos saldos das contas do FGTS. A leitura dos votos dos julgadores revela que a Corte analisou o problema sob a ótica do direito adquirido, não adentrando no mérito dos índices de correção utilizados. Ademais – e o que se revela mais importante para esta demanda – o STF não afastou, por inconstitucionalidade, o uso da TR previsto na Lei no. 8.177/91. Ainda que em demanda cuja lide não era focada no mesmo tema ora em debate, e um indicativo poderoso o fato de o Supremo Tribunal Federal ter admitido o uso do parâmetro agora colocado em dúvida. 18. Naquele caso o Supremo Tribunal Federal não estabeleceu se este ou aquele índice era, essencialmente, o mais adequado para corrigir os saldos das contas de FGTS, restringindo-se a dizer qual o diploma normativo estava em vigor em certo período. A Corte, é bom ressaltar, não buscou garantir uma plena e completa correção dos valores. Como se extrai do voto do Eminente Ministro Ilmar Galvão: “(...) Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários. É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata”. 19. Relevante mencionar, como feito no trecho acima transcrito, que o FGTS presta-se a finalidades institucionais relevantes, servindo como elemento catalisador da economia. Não se trata, bem observando, de um fundo de investimentos ou congênere, tampouco de uma aplicação financeira. Trata-se do somatório de um conjunto de valores, cujos saldos devem “ assegurar a cobertura de suas obrigações” (art.2o, da Lei no. 8.036/90). Ou seja, o escopo principal de sua existência é garantir o pagamento dos valores nas hipóteses previstas em lei, e não produzir, sempre, os melhores resultados financeiros aos depositantes. 20. Mudanças definitivas na sua forma de cálculo devem, por absoluta necessidade contábil e coerência jurídica, repercutir em outros agentes do sistema financeiro, como os contratos de financiamento habitacional (via de regra, baseados na variação dos saldos do FGTS). Embora o argumento do custo a ser provocado não possa servir de óbice à correção de eventuais ilegalidades, a análise da envergadura das mudanças sugeridas é indicativa de que não se trata de simples mudança nos parâmetros de correção, mas de verdadeira reforma no sistema financeiro. 21. Nesse passo, é de se questionar sobre a possibilidade de o Judiciário proceder a essa alteração sem afastar-se dos limites constitucionalmente estabelecidos para o seu agir (art.2o da Carta Magna). Chama atenção que o demandante não indica qual o índice entende aplicável, deixando ao julgador a tarefa de optar por algum dos vários parâmetros utilizados pelo mercado financeiro, reforçando o entendimento de que, a olhos vistos, há um forte componente de discricionariedade econômica (e política) envolvido na escolha de qual parâmetro utilizar. 22. Embora as lições de seus criadores continuem a ser de grande valia, o primado da divisão dos Poderes não pode ser examinado como algo abstrato, dissociado dos pressupostos históricos, sendo imperiosa sua contextualização, merecendo ser compreendido tal como se apresenta, concretamente, na Constituição vigente.Ademais, não tem foros de absolutismo, convivendo que está com inúmeros outros princípios, como o da inafastabilidade do controle judicial, expressamente consignado no artigo 5o, XXXV, da mesma Constituição. 23. Quer dizer, a ideia em si não está superada, mas apenas precisa ser visto sob uma nova perspectiva, mesmo porque o modelo jurídico do Estado Social – dotado de normas que buscam forjar certa realidade – exige um Poder Judiciário que interfira, alguma medida, nos demais organismos estatais em, perfil estranho às Cartas existentes quando da gênese daquele primado. O foco da atuação judicial desloca-se, pois, da separação pura e simples dos Poderes para a necessidade de proteger e concretizar os direitos fundamentais. Por isso o sistema adotado no Brasil não seria o da "separação de poderes", mas sim o do "balanceamento dos poderes”. 24. No caso dos autos, parece-me haver, diante das características do FGTS e na hipótese de acolherem-se os argumentos da exordial, uma indevia intromissão do Judiciário em arena própria da decisão política, adentrando em tema sobre a qual há regras claras e expressas tratando do tema. Desconsiderá-las, neste caso, parece-me inadequado. Parece mais razoável compreender que os aplicadores do direito (notadamente os juízes), para atingir as resoluções dos casos concretos (mesmo quando diante de preceitos de sentido abrangente), malgrado façam trabalho inventivo, perpetram-no dentro de fronteiras, balizas que estabelecem parâmetros decisórios. Os documentos legislativos enunciam conteúdos mínimos e vinculantes para o aplicador, que não dispõe de uma liberdade absoluta para encontrar as saídas (juridicamente válidas) para os problemas. 25. Embora sob nova roupagem, não se deve olvidar que o trabalho do Judiciário continua a representar meio para corrigir e/ou prevenir ilegalidades. Quanto mais dilatado o atendimento espontâneo dos preceitos normativos, menores as necessidades corretivas. Isso se aplica, igualmente, à profundidade da análise judicial. Caso afirmada uma completa ineficiência ou precariedade de um determinado direito, o Poder Judiciário tende a atuar com mais vigor. Exigências de correções pontuais, por outro lado, implicam tarefa menos invasiva e atividades interpretativas/criativas menos abrangentes. 26. Isso porque a desconsideração das regras estabelecidas pelo legislador não pode ser feita sem critérios claros. O autor, bem visto, pretende a mudança de um critério eleito pelo Parlamento por outro parâmetro, esse último escolhido pelo Judiciário. Enfocar a importância das regras para a estabilidade das relações sociais e como fundamentos legítimos e democráticos na resolução de problemas jurídicos, ou para a salvaguarda do princípio da isonomia, não significa, importante ressaltar, qualquer compromisso com a tese de que juiz é um aplicador autômato do direito e que deva haver uma exegese literal dos textos, afastada dos princípios constitucionais e dos valores influentes sobre o sistema jurídico. 27. Quer em assuntos predominantemente privados, seja no funcionamento do Estado e suas diversas relações (internas e externas), existem regras normatizadoras, formadas a partir da estrutura típica dessas espécies normativas. Preceitos dessa categoria, quer pela quantidade, quer pelos assuntos que tratam, quer, enfim, por seu enquadramento sistemático, representam aspecto essencial do fenômeno jurídico. Apesar dessa insofismável realidade normativa, existe uma tendência a desconsiderar, como fundamentos decisórios, as regras jurídicas, relegando-as a plano secundário ou até mesmo totalmente eclipsadas pelo uso de outros padrões decisórios. 28. No caso deste feito, há menção a alguns princípios constitucionais, sem que, no entanto, a parte autora tenha demonstrado, concretamente e através de apontamentos analíticos, a forma como se mostrariam vilipendiados neste caso. Faltaram indicações claras sobre a forma como tais primados alcançariam a situação concreta, inexistindo qualquer fundamentação consistente nesse sentido. 29. Há um preconceito de que aplicar regras conduz a uma opção formalista ou de positivismo extremado, e que o uso dos princípios é sempre “avançado”, “progressista” e “socialmente responsável”. 30. Essas conclusões são, a nosso sentir, equívocas. A aplicação dos princípios – e dentre tantos pontos controversos, esse apresenta algum consenso – é revestida de certa dose de incerteza, haja vista as características daquela espécie normativa. A ponderação, técnica largamente utilizada como parâmetro de manejo dos princípios, é um procedimento complexo, influenciado por fatores vários (inclusive de ordem social, valorativa e dogmática), inexistindo garantias de que resultados socialmente indesejáveis e mesmo retrógrados sejam alcançados. Mesmo porque, para uma boa parte dos problemas jurídicos, somente é possível alcançar uma resposta racionalmente fundamentada, não parâmetros de verdade. 31. A depender das circunstâncias, nada impede que, no futuro, os mesmos raciocínios utilizados para conquistas sociais e superação de preconceitos sejam usados no sentido oposto, porquanto os resultados da interpretação e aplicação dos princípios nem sempre são orientados para a efetividade dos direitos.Não se está a dizer que a exegese e uso dos princípios seja procedimento irracional ou desprovido de qualquer base de coerência. Há excelentes métodos construídos pela dogmática e jurisprudência aptos a enfrentar o problema, mas que não afastam a indesejável incerteza sobre a maneira como os problemas são resolvidos no presente e serão deliberados no futuro. 32. Não se pode, ademais, desmerecer o que ficou assentado pelo Superior Tribunal de Justiça no corpo da Súmula 459: “A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador mas não repassados ao fundo.” Segundo a mesma linha exposta nesta sentença, em decisório recente, o Egrégio TRF da 5a Região estabeleceu, in verbis: ADMINISTRATIVO. FGTS. APELAÇÃO. RECURSO ADESIVO. PEDIDO PARA AFASTAMENTO DA TR NA CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS AO FGTS. PEDIDO PARA REPOSIÇÃO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO DIVULGADOS PELO GOVERNO FEDERAL. REAJUSTE DAS CONTAS FUNDIÁRIAS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. APLICAÇÃO DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS PREVISTOS NA SÚMULA 252 DO STJ. SENTENÇA MANTIDA. (...) 3. O SINDIPETRO alega que a TR não pode ser utilizada como índice de correção monetária das contas vinculadas ao FGTS; terem sido violados o art. 11 da Lei no 7.839/89; o art. 13 da Lei no 8.036/90 e o art. 19 do Decreto 99.684/90; que deve ser afastada a TR, devendo ser utilizados índices que reponham a inflação oficial divulgada pelo Governo Federal (IPCA), preservando assim o real valor da moeda durante todo o período em que estiveram submetidos ao regime do FGTS; que se faça incidir, nas parcelas que são devidas aos substituídos, em razão da aplicação dos corretos índices de correção monetária os expurgos inflacionários constantes da súmula 252/STJ. (...) 7. A correção monetária aplicável aos saldos depositados nas contas vinculadas ao FGTS nunca estiverem equiparadas aos mesmos índices adotadas pelo governo para medir a inflação do período, razão por que, no caso dos autos, prevalecem os índices descritos nas Leis que disciplinaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, ou seja, as Leis nos 5.107/66, 7.839/89 e 8036/90. 8. Apelação da CEF improvida e recurso adesivo do SINDIPRETRO PE/PB improvido (Primeira Turma, AC 00081824220114058300, DJE 27/09/2012, rel. Desembargador Federal Manoel Erhardt). 33. Em face do exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido inicial, deixando de condenar a parte autora em custas e honorários advocatícios, mercê do que prescreve o art.55, da Lei no. 9.099/95. 34. Defiro a assistência judiciária gratuita requestada, nos termos da petição inicial, a teor da Lei n.o 1.060/50. 35. Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
PROCESSO No0540964-52.2019.4.05.8013 RECORRENTE:José Feliciano dos Santos RECORRIDO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL JUIZ IMPEDIDO:GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES VOTO-EMENTA ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS DO FGTS. APLICAÇÃO DA TR. SUBSTITUIÇÃO POR OUTRO ÍNDICE QUE REFLITA A INFLAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ADI 5090/DF. CAUTELAR. SUSPENSÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente pedido de alteração do índice de correção (TR) dos valores depositados na sua conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, para o IPCA, INPC ou outros índices capazes de recompor o valor monetário corroído pela inflação. 2. Pretensão recursal ancorada, em síntese, no fundamento de que há muito tempo a TR não reflete mais a correção monetária, visto que a Taxa Referencial afastou-se completamente dos índices oficiais da inflação, havendo necessidade de recomposição das perdas financeiras por índices de correção monetária condizentes com a realidade inflacionária. 3. Os critérios de correção do FGTS são estabelecidos por força de lei, não podendo ser alterados através de escolha de indexador diverso reputado pela parte autora mais favorável em determinada época. 4. O estatuto que rege a matéria é a Lei 8.036/90, que disciplina os parâmetros a serem observados sobre os depósitos de FGTS, entre eles a forma de correção e remuneração dos valores depositados, prescrevendo, em seu art. 13, que a atualização monetária a incidir sobre os depósitos do FGTS deve ser pelos mesmos índices aplicados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança, cuja atualização é regida pela Lei no 8.660/90, que fixa a TR como índice. 5. Não se pode esquecer, ademais, que o Superior Tribunal de Justiça adota a constitucionalidade da TR como índice de correção monetária para a correção do FGTS na Súmula 459: “A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador, mas não repassados ao fundo”. 6. Ressalte-se, ainda, que, nas contas vinculadas ao FGTS, os titulares, como sujeitos de direito futuro, têm direito à manutenção monetária de acordo com os patamares legitimamente definidos pelo legislador. Se o legislador tivesse optado por regime de exceção dessa poupança diferida até que se poderia investigar potencial inconstitucionalidade, mas o que fez foi aplicar o mesmo regime de atualização monetária da poupança tradicional. 7. Ademais, os recursos do FGTS deverão ser aplicados, dentre outros, em habitação (art. 9o, § 2o, da Lei n. 8.036/90). Nos termos da Súmula 454 do STJ: "Pactuada a correção monetária nos contratos do Sistema Financeiro de Habitação pelo mesmo índice aplicável à caderneta de poupança, incide a taxa referencial (TR) a partir da vigência da Lei 8.177/1991". Ora, deve haver compatibilidade entre o índice de correção monetária da fonte de recursos dos financiamentos imobiliários - e o FGTS é um deles - e aquele utilizado para atualizar os débitos dos mutuários. Assim, se a TR é utilizada para a correção do saldo devedor do crédito imobiliário, este índice deve ser também adotado na correção da fonte de recursos (FGTS), sob pena de se inviabilizar esse modelo de financiamento. 8. Por fim, cumpre mencionar a decisão da 1a Seção do STJ no REsp no 1614874 / SC - em julgamento de recurso especial repetitivo representativo de controvérsia -, onde o colegiado, de forma unânime, estabeleceu a tese de que “a remuneração das contas vinculadas ao FGTS tem disciplina própria, ditada por lei, que estabelece a TR como forma de atualização monetária, sendo vedado, portanto, ao Poder Judiciário substituir o mencionado índice”. 9. Sentença recorrida que não merece qualquer reparo, daí por que, ratificados todos os seus termos, deve a mesma ser mantida, por seus próprios fundamentos (arts. 38 e 46 da Lei no 9.099/95 e art. 25, p.u, do Reg. Interno da TR/AL). 10.Inocorrência de violação aos dispositivos legais e constitucionais mencionados na peça recursal, o que se destaca para fins de prequestionamento. 11. Recurso inominado improvido, condenando a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. 12. No mais, o Supremo Tribunal Federal – STF, em sede de medida cautelar, na ADI 5090/DF, determinou a suspensão de todos os processos que tratem da correção dos depósitos vinculados ao FGTS até o julgamento do mérito da matéria pelo Plenário. Assim, em respeito ao que determinou o STF, suspenda-se o trâmite processual até a decisão final na ADI 5090/DF. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, POR UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator.
3,316
777
0
0
6-AL
0
1.98985
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de demanda ajuizada em face da Caixa Econômica Federal, onde a parte autora pleiteia o reconhecimento da insubsistência da Taxa Referencial – TR como índice de correção de sua conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, pleiteando que mencionado referencial seja substituído por indicador que garanta a adequada correção monetária dos valores depositados. 2. A contestação fora depositada em cartório, consoante certidão acostada ao autos, razão pela qual prolato, desde logo, sentença. É o relatório, no essencial. Fundamento e decido. 3. Quanto à preliminar suscitada, afasto-a por, no entender deste Magistrado, não haver obrigatoriedade de suspensão imediata do processo na primeira instância, eis que o objetivo da medida seria evitar o trânsito em julgado de eventual título. Bem por isso, nada impede que a Turma Recursal suspenda o feito quando do exame de eventual recurso. 4. Sobre a legitimidade da Caixa Econômica Federal para integrar o pólo passivo da lide, entendo que a matéria encontra-se pacificada na jurisprudência pátria, tendo em vista o que dispõe a Súmula 249 do Superior Tribunal de Justiça (“A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS”). A CEF é o agente operador do sistema e responsável por eventuais correções nos saldos, sendo, por isso, incabível trazer outros entes ao pólo passivo, tais como a União Federal e o Banco Central do Brasil (TRF 5, Segunda Turma, AC 200605000561040, DJ 12/08/2008, rel. Desembargadora Federal Amanda Lucena), pelo que, também, afasta-se a necessidade de chamamento desses entes. 5. Cabem alguns comentários acerca dos documentos necessários ao ajuizamento da demanda, eis que item produtor de graves controvérsias no passado quando do julgamento (e liquidação) de causas pertinentes a mudanças nos saldos de contas fundiárias e de caderneta de poupança. 6. Considerando que, nos anos noventa, inúmeras demandas foram ajuizadas sem que, ao menos, fosse demonstrada a existência de conta vinculada ao FGTS, passou-se a entender que documentos comprobatórios da existência da conta deveriam ser trazidos com a exordial ou, ao menos, provas de que foram feitas diligências para obtenção dos mesmos. Nesse sentido, os Enunciados 94 e 95 do Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais – FONAJEF: “Enunciado 94. Para a propositura de demandas referentes a contas de FGTS anteriores à centralização deverá a parte comprovar que diligenciou ou solicitou os extratos junto à Caixa Econômica Federal ou à instituição mantenedora das contas vinculadas anteriormente ao período de migração”. “Enunciado 95. Para a propositura de ação relativa a expurgos inflacionários sobre saldos de poupança, deverá a parte autora providenciar documento que mencione o número da conta bancária ou prova de relação contratual com a instituição financeira". 7. No caso dos autos, observo que a parte autora trouxe extratos analíticos referentes ao período sobre o qual almeja produzir efeitos financeiros, demonstrando, com isso, a existência de conta vinculada ao FGTS, motivo pelo qual não vislumbro a necessidade de emenda à exordial. DO MÉRITO 8. Vencida as questões prejudiciais, passo a enfrentar o mérito propriamente dito. 9. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS foi criado em 1967 com o escopo de estabelecer uma garantia financeira para o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador. Atualmente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é regido pela Lei no. 8.036/90, tendo como agente operador a Caixa Econômica Federal (art.4o, daquele diploma), motivo pelo qual as lides envolvendo-o são aforados na Justiça Federal (art. 109, I, da CF/88). 10. As ações visando à correção das contas vinculadas ao Fundo representaram, em fins dos anos noventa, a principal motivo de ajuizamento de demandas na Justiça Federal, constituindo, ainda no início dos anos 2000, um acervo considerável. Nos dias de hoje, embora não sejam numericamente tão representativas, ainda rendem ensejo a demandas promovidas por trabalhadores que visam questionar critérios de correção daquelas contas. Os motivos são, basicamente, dois: I) aplicação de juros progressivos; II) correção inflacionária sobre o saldo das contas. 11. Tantas foram as demandas ajuizadas no passado que, no ano de 2001, foi editada a Lei Complementar no. 110, a qual previu o pagamento parcelado dos expurgos inflacionários para aqueles fundistas que aderissem ao termo de acordo ali previsto. Cada transação, para os indivíduos que eram partes em ações judiciais em trâmite na época, teve que ser homologada pelo respectivo Magistrado para produzir efeitos. No ano de 2007 foi feito o último pagamento do acordo, de forma que as pessoas que aderiram ao pacto não podem mais recorrer ao Judiciário, eis que nada mais tem a receber. 12. Ao contrário das ações aforadas nos anos noventa, neste caso não se alega a inaptidão dos índices utilizados em certos e determinados meses, parâmetros então discutíveis, mercê da aplicação do direito intertemporal e das consequencias de inúmeros planos econômicos. Nesta lide defende-se a ilegalidade no uso da Taxa Referencial – TR como fator de correção, em todos os meses e competências, desde o ano de 1999, ou seja, questiona-se, de uma maneira ampla e permanente, a higidez no uso da TR. Pede-se, por consequencia, que, daqui em diante, o Judiciário estabeleça, em definitivo, outro parâmetro de correção, além de reconhecer a inadequação do índice desde aquela data. 13. Penso que o melhor caminho para resolver a lide passa pela análise dos dispositivos legais aplicáveis à matéria. Nesse passo, observo que a Lei n.o 8.036/90 (Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências) estabelece: “Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano” 14. Posteriormente, a Lei n.o 8.177/91 (Estabelece regras para a desindexação da economia e dá outras providências) fixou: “Art. 15. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia primeiro, mantida a periodicidade atual para remuneração. Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS são mantidas e consideradas como adicionais à remuneração prevista neste artigo.” 15. Como se vê, pelo regime jurídico em vigor, as contas vinculadas ao FGTS devem ser corrigidas pela Taxa Referencial, acrescidas de juros de 3% ao ano. Estabeleceu-se, como se vê, um estreito vínculo entre a remuneração dos depósitos em cadernetas de poupança e a remuneração dos saldos das contas vinculadas ao FGTS. Inicialmente aquele diploma estabeleceu a Taxa Referencial Diária (TRD) como fator de correção. Após, a Lei no. 8.660/93 fixou que: Art. 2o. Fica extinta, a partir de 1o de maio de 1993, a Taxa Referencial Diária - TRD de que trata o art. 2o da Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (...) Art. 7o. Os depósitos de poupança têm como remuneração básica a Taxa Referencial - TR relativa à respectiva data de aniversário. 16. Pelo que se intui a partir do corpo normativo em vigor, o FGTS é um fundo criado com a finalidade de compensar os efeitos da estabilidade do contrato de trabalho, nas ocasiões onde esse é encerrado. É, pois, de natureza institucional, como expressamente proclamado pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário 226.855 (julgado no ano 2000), importante paradigma para o julgamento desta causa. Vejamos a ementa daquele julgado: O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ao contrário do que sucede com as cadernetas de poupança, não tem natureza contratual, mas, sim, estatutária, por decorrer da Lei e por ela ser disciplinado. - Assim, é de aplicar-se a ele a firme jurisprudência desta Corte no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. - Quanto à atualização dos saldos do FGTS relativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), não há questão de direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. - No tocante, porém, aos Planos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio de 1990) e Collor II, em que a decisão recorrida se fundou na existência de direito adquirido aos índices de correção que mandou observar, é de aplicar-se o princípio de que não há direito adquirido a regime jurídico. Recurso extraordinário conhecido em parte, e nela provido, para afastar da condenação as atualizações dos saldos do FGTS no tocante aos Planos Bresser, Collor I (apenas quanto à atualização no mês de maio de 1990) e Collor II.(RE 226855, Relator (a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2000, DJ 13-10-2000 PP-00020 EMENT VOL-02008-05 PP-00855 RTJ VOL-00174-03 PP-00916) 17. Naqueles autos a Suprema Corte examinou as demandas que pretendiam modificar, para certos e determinados meses, os índices de correção dos saldos das contas do FGTS. A leitura dos votos dos julgadores revela que a Corte analisou o problema sob a ótica do direito adquirido, não adentrando no mérito dos índices de correção utilizados. Ademais – e o que se revela mais importante para esta demanda – o STF não afastou, por inconstitucionalidade, o uso da TR previsto na Lei no. 8.177/91. Ainda que em demanda cuja lide não era focada no mesmo tema ora em debate, e um indicativo poderoso o fato de o Supremo Tribunal Federal ter admitido o uso do parâmetro agora colocado em dúvida. 18. Naquele caso o Supremo Tribunal Federal não estabeleceu se este ou aquele índice era, essencialmente, o mais adequado para corrigir os saldos das contas de FGTS, restringindo-se a dizer qual o diploma normativo estava em vigor em certo período. A Corte, é bom ressaltar, não buscou garantir uma plena e completa correção dos valores. Como se extrai do voto do Eminente Ministro Ilmar Galvão: “(...) Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários. É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata”. 19. Relevante mencionar, como feito no trecho acima transcrito, que o FGTS presta-se a finalidades institucionais relevantes, servindo como elemento catalisador da economia. Não se trata, bem observando, de um fundo de investimentos ou congênere, tampouco de uma aplicação financeira. Trata-se do somatório de um conjunto de valores, cujos saldos devem “ assegurar a cobertura de suas obrigações” (art.2o, da Lei no. 8.036/90). Ou seja, o escopo principal de sua existência é garantir o pagamento dos valores nas hipóteses previstas em lei, e não produzir, sempre, os melhores resultados financeiros aos depositantes. 20. Mudanças definitivas na sua forma de cálculo devem, por absoluta necessidade contábil e coerência jurídica, repercutir em outros agentes do sistema financeiro, como os contratos de financiamento habitacional (via de regra, baseados na variação dos saldos do FGTS). Embora o argumento do custo a ser provocado não possa servir de óbice à correção de eventuais ilegalidades, a análise da envergadura das mudanças sugeridas é indicativa de que não se trata de simples mudança nos parâmetros de correção, mas de verdadeira reforma no sistema financeiro. 21. Nesse passo, é de se questionar sobre a possibilidade de o Judiciário proceder a essa alteração sem afastar-se dos limites constitucionalmente estabelecidos para o seu agir (art.2o da Carta Magna). Chama atenção que o demandante não indica qual o índice entende aplicável, deixando ao julgador a tarefa de optar por algum dos vários parâmetros utilizados pelo mercado financeiro, reforçando o entendimento de que, a olhos vistos, há um forte componente de discricionariedade econômica (e política) envolvido na escolha de qual parâmetro utilizar. 22. Embora as lições de seus criadores continuem a ser de grande valia, o primado da divisão dos Poderes não pode ser examinado como algo abstrato, dissociado dos pressupostos históricos, sendo imperiosa sua contextualização, merecendo ser compreendido tal como se apresenta, concretamente, na Constituição vigente.Ademais, não tem foros de absolutismo, convivendo que está com inúmeros outros princípios, como o da inafastabilidade do controle judicial, expressamente consignado no artigo 5o, XXXV, da mesma Constituição. 23. Quer dizer, a ideia em si não está superada, mas apenas precisa ser visto sob uma nova perspectiva, mesmo porque o modelo jurídico do Estado Social – dotado de normas que buscam forjar certa realidade – exige um Poder Judiciário que interfira, alguma medida, nos demais organismos estatais em, perfil estranho às Cartas existentes quando da gênese daquele primado. O foco da atuação judicial desloca-se, pois, da separação pura e simples dos Poderes para a necessidade de proteger e concretizar os direitos fundamentais. Por isso o sistema adotado no Brasil não seria o da "separação de poderes", mas sim o do "balanceamento dos poderes”. 24. No caso dos autos, parece-me haver, diante das características do FGTS e na hipótese de acolherem-se os argumentos da exordial, uma indevia intromissão do Judiciário em arena própria da decisão política, adentrando em tema sobre a qual há regras claras e expressas tratando do tema. Desconsiderá-las, neste caso, parece-me inadequado. Parece mais razoável compreender que os aplicadores do direito (notadamente os juízes), para atingir as resoluções dos casos concretos (mesmo quando diante de preceitos de sentido abrangente), malgrado façam trabalho inventivo, perpetram-no dentro de fronteiras, balizas que estabelecem parâmetros decisórios. Os documentos legislativos enunciam conteúdos mínimos e vinculantes para o aplicador, que não dispõe de uma liberdade absoluta para encontrar as saídas (juridicamente válidas) para os problemas. 25. Embora sob nova roupagem, não se deve olvidar que o trabalho do Judiciário continua a representar meio para corrigir e/ou prevenir ilegalidades. Quanto mais dilatado o atendimento espontâneo dos preceitos normativos, menores as necessidades corretivas. Isso se aplica, igualmente, à profundidade da análise judicial. Caso afirmada uma completa ineficiência ou precariedade de um determinado direito, o Poder Judiciário tende a atuar com mais vigor. Exigências de correções pontuais, por outro lado, implicam tarefa menos invasiva e atividades interpretativas/criativas menos abrangentes. 26. Isso porque a desconsideração das regras estabelecidas pelo legislador não pode ser feita sem critérios claros. O autor, bem visto, pretende a mudança de um critério eleito pelo Parlamento por outro parâmetro, esse último escolhido pelo Judiciário. Enfocar a importância das regras para a estabilidade das relações sociais e como fundamentos legítimos e democráticos na resolução de problemas jurídicos, ou para a salvaguarda do princípio da isonomia, não significa, importante ressaltar, qualquer compromisso com a tese de que juiz é um aplicador autômato do direito e que deva haver uma exegese literal dos textos, afastada dos princípios constitucionais e dos valores influentes sobre o sistema jurídico. 27. Quer em assuntos predominantemente privados, seja no funcionamento do Estado e suas diversas relações (internas e externas), existem regras normatizadoras, formadas a partir da estrutura típica dessas espécies normativas. Preceitos dessa categoria, quer pela quantidade, quer pelos assuntos que tratam, quer, enfim, por seu enquadramento sistemático, representam aspecto essencial do fenômeno jurídico. Apesar dessa insofismável realidade normativa, existe uma tendência a desconsiderar, como fundamentos decisórios, as regras jurídicas, relegando-as a plano secundário ou até mesmo totalmente eclipsadas pelo uso de outros padrões decisórios. 28. No caso deste feito, há menção a alguns princípios constitucionais, sem que, no entanto, a parte autora tenha demonstrado, concretamente e através de apontamentos analíticos, a forma como se mostrariam vilipendiados neste caso. Faltaram indicações claras sobre a forma como tais primados alcançariam a situação concreta, inexistindo qualquer fundamentação consistente nesse sentido. 29. Há um preconceito de que aplicar regras conduz a uma opção formalista ou de positivismo extremado, e que o uso dos princípios é sempre “avançado”, “progressista” e “socialmente responsável”. 30. Essas conclusões são, a nosso sentir, equívocas. A aplicação dos princípios – e dentre tantos pontos controversos, esse apresenta algum consenso – é revestida de certa dose de incerteza, haja vista as características daquela espécie normativa. A ponderação, técnica largamente utilizada como parâmetro de manejo dos princípios, é um procedimento complexo, influenciado por fatores vários (inclusive de ordem social, valorativa e dogmática), inexistindo garantias de que resultados socialmente indesejáveis e mesmo retrógrados sejam alcançados. Mesmo porque, para uma boa parte dos problemas jurídicos, somente é possível alcançar uma resposta racionalmente fundamentada, não parâmetros de verdade. 31. A depender das circunstâncias, nada impede que, no futuro, os mesmos raciocínios utilizados para conquistas sociais e superação de preconceitos sejam usados no sentido oposto, porquanto os resultados da interpretação e aplicação dos princípios nem sempre são orientados para a efetividade dos direitos.Não se está a dizer que a exegese e uso dos princípios seja procedimento irracional ou desprovido de qualquer base de coerência. Há excelentes métodos construídos pela dogmática e jurisprudência aptos a enfrentar o problema, mas que não afastam a indesejável incerteza sobre a maneira como os problemas são resolvidos no presente e serão deliberados no futuro. 32. Não se pode, ademais, desmerecer o que ficou assentado pelo Superior Tribunal de Justiça no corpo da Súmula 459: “A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador mas não repassados ao fundo.” Segundo a mesma linha exposta nesta sentença, em decisório recente, o Egrégio TRF da 5a Região estabeleceu, in verbis: ADMINISTRATIVO. FGTS. APELAÇÃO. RECURSO ADESIVO. PEDIDO PARA AFASTAMENTO DA TR NA CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS AO FGTS. PEDIDO PARA REPOSIÇÃO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO DIVULGADOS PELO GOVERNO FEDERAL. REAJUSTE DAS CONTAS FUNDIÁRIAS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. APLICAÇÃO DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS PREVISTOS NA SÚMULA 252 DO STJ. SENTENÇA MANTIDA. (...) 3. O SINDIPETRO alega que a TR não pode ser utilizada como índice de correção monetária das contas vinculadas ao FGTS; terem sido violados o art. 11 da Lei no 7.839/89; o art. 13 da Lei no 8.036/90 e o art. 19 do Decreto 99.684/90; que deve ser afastada a TR, devendo ser utilizados índices que reponham a inflação oficial divulgada pelo Governo Federal (IPCA), preservando assim o real valor da moeda durante todo o período em que estiveram submetidos ao regime do FGTS; que se faça incidir, nas parcelas que são devidas aos substituídos, em razão da aplicação dos corretos índices de correção monetária os expurgos inflacionários constantes da súmula 252/STJ. (...) 7. A correção monetária aplicável aos saldos depositados nas contas vinculadas ao FGTS nunca estiverem equiparadas aos mesmos índices adotadas pelo governo para medir a inflação do período, razão por que, no caso dos autos, prevalecem os índices descritos nas Leis que disciplinaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, ou seja, as Leis nos 5.107/66, 7.839/89 e 8036/90. 8. Apelação da CEF improvida e recurso adesivo do SINDIPRETRO PE/PB improvido (Primeira Turma, AC 00081824220114058300, DJE 27/09/2012, rel. Desembargador Federal Manoel Erhardt). 33. Em face do exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido inicial, deixando de condenar a parte autora em custas e honorários advocatícios, mercê do que prescreve o art.55, da Lei no. 9.099/95. 34. Defiro a assistência judiciária gratuita requestada, nos termos da petição inicial, a teor da Lei n.o 1.060/50. 35. Publique-se. Registre-se. Intimem-se
NÃO PROVIMENTO
0505589-23.2019.4.05.8002
2019-08-26 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2020-01-07 16:20:05
Sentença - Improcedente
2020-03-27T07:23:37
Acórdão - Voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
1
AL013055
SENTENÇA (TIPO A) Pretende a parte autora salário-maternidade, na condição de segurada contribuinte individual. O direito ao salário-maternidade é assegurado no art. 7o, XVIII, da CF/88. O INSS contestou a ação alegando falta de carência para concessão do benefício. No presente caso, a autora alega que trabalhou como contratada pela Prefeitura de União dos Palmares entre nov/2015 e jun/2017. Posteriormente, passou a recolher como contribuinte individual a partir de jan/2019 até o nascimento do filho em jul/2019 (doc. 15). Logo, podemos concluir que a autora, ao encerrar seu contrato com a prefeitura em jun/17, teve a perda da qualidade de segurada ocorrida após 12 meses da cessação das contribuições, conforme determina o art. 15, II da Lei n° 8.213/91. Assim, mesmo voltando a recolher para Previdência como contribuinte individual em jan/19, necessário se faz cumprir novamente os períodos de carência para gozo dos benefícios, sendo, no caso da autora, exigido 10 contribuições mensais (vide art. 25, III da Lei de Benefícios da Previdência) Portanto, como a autora comprovou ter, na data do nascimento do filho, apenas 7 contribuições mensais, incabível é a concessão do salário-maternidade. Assim, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista ao INSS para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Publique-se, registre-se e intimem-se.
PROCESSO No0505589-23.2019.4.05.8002 RECORRENTE: CLARISSA LAIS ALVES DE AZEVEDO RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ(A) IMPEDIDO(A): ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. CARÊNCIA. FATO GERADOR. VIGÊNCIA DA LEI 13.846/2019. REFILIAÇÃO. METADE DA CARÊNCIA.TEMA 176 DA TNU. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA NO STF E NO STJ. CARÊNCIA CUMPRIDA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA REFORMADA. RECURSO PROVIDO. 1.Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão de salário-maternidade, ante o não cumprimento dos requisitos necessários para a concessão do benefício, notadamente a carência mínima. 2.Pretensão recursal aduzindo em síntese que o fato gerador ocorreu na vigência da Lei 13.846/2019 que dispõe que na hipótese de perdadaqualidadedesegurado, o segurado deverá contar, a partir da data da novafiliaçãoàPrevidênciaSocial,commetadedos períodos previstosnos incisosI,IIIeIVdo caput doart.25 da lei 8.213/91 3.O salário maternidade é garantido à segurada da Previdência Social durante cento e vinte dias, com início no período entre vinte e oito dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade, sendo pago diretamente pela Previdência Social exigindo-se, no tocante às seguradas facultativas, a carência de 10 (dez) contribuições mensais, nos termos no art.25, III da Lei no 8.213/91. 4.Na hipótese dos autos, a recorrente requer o salário-maternidade em face do nascimento de PEDRO AZEVEDO MARTINS, ocorrido em 08/07/2019 (anexo 06), registrando-se que o benefício fora requerido administrativamente em 27/06/19 (anexo 07). 5.A discussão cinge-se quanto ao cumprimento da carência ao tempo do fato gerador, sendo cediço que quando do nascimento – 08/07/2019 – já estava em vigor a Lei 13.846/2019 que conferiu a seguinte redação ao art. 27-A da Lei 8.213/91: “Art. 27-A Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos benefícios de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de auxílio-reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à Previdência Social, com metade dos períodosprevistos nos incisos I, III e IV do caput do art. 25 desta Lei.(Redação dada pela Lei no 13.846, de 2019)” 6.Restou consignado o seguinte na sentença: “No presente caso, a autora alega que trabalhou como contratada pela Prefeitura de União dos Palmares entre nov/2015 e jun/2017. Posteriormente, passou a recolher como contribuinte individual a partir de jan/2019 até o nascimento do filho em jul/2019 (doc. 15). Logo, podemos concluir que a autora, ao encerrar seu contrato com a prefeitura em jun/17, teve a perda da qualidade de segurada ocorrida após 12 meses da cessação das contribuições, conforme determina o art. 15, II da Lei n° 8.213/91. Assim, mesmo voltando a recolher para Previdência como contribuinte individual em jan/19, necessário se faz cumprir novamente os períodos de carência para gozo dos benefícios, sendo, no caso da autora, exigido 10 contribuições mensais (vide art. 25, III da Lei de Benefícios da Previdência) Portanto, como a autora comprovou ter, na data do nascimento do filho, apenas 7 contribuições mensais, incabível é a concessão do salário-maternidade.” 7.Destarte, convém mencionar que a TNU quando do julgamento do Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei No 5001792-09.2017.4.04.7129/RS - afetado como Representativo de Controvérsia (Tema 176), manifestou-se pela observância do princípio tempus regit actum, conforme excerto abaixo transcrito: “Pois bem, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido do respeito ao princípio tempus regit actum em questões que envolvem a concessão de benefício previdenciário. Veja-se o seguinte julgado: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DO TEMPO COMUM EM ESPECIAL. REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. LEGISLAÇÃO EM VIGOR. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. SÚMULA 279 DO STF. TEMPUS REGIT ACTUM. ADI 3.104. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. É inviável o processamento do apelo extremo quando a divergência em relação ao entendimento adotado pelo juízo a quo demanda a reanálise da legislação infraconstitucional e do conjunto fático-probatório, incidindo a Súmula 279 do STF. Hipótese em que a violação ao Texto Constitucional, se houver, é meramente reflexa ou indireta. 2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3.104, de relatoria da Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJE 09.11.2007, decidiu que “em questões previdenciárias, aplicam-se as normas vigentes ao tempo da reunião dos requisitos de passagem para a inatividade”, não havendo falar-se, portanto, em violação ao princípio tempus regit actum. 3. Agravo regimental a que se nega provimento, com previsão de aplicação da multa prevista no art. 1.021, §4o, CPC. Verba honorária majorada em 25%, nos termos do art. 85, §§ 2o, 3o e 11, CPC. (RE 974195 AgR / PR Relator(a):Min. EDSON FACHIN Julgamento:28/10/2016 Órgão Julgador:Primeira TurmaPublicação PROCESSO ELETRÔNICODJe-244 DIVULG 17-11-2016 PUBLIC 18-11-2016). O Superior Tribunal de Justiça, por sua fez, de há muito firmou jurisprudência no mesmo sentido, isto é, de que a concessão de benefício previdenciário deve ser regulado pela lei vigente ao tempo do fato que lhe determinou a incidência, momento em que se produziu o direito subjetivo à sua percepção. Vejam-se, por todas, as seguintes ementas: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. LEI APLICÁVEL. SÚMULA 340/STJ. ÓBITO POSTERIOR À EC 41/2003. INCIDÊNCIA À ESPÉCIE DOS EFEITOS DA REFERIDA EMENDA CONSTITUCIONAL.1. O acórdão recorrido encontra-se em consonância com o entendimento jurisprudencial desta Corte de que os benefícios previdenciários regulam-se pela lei vigente ao tempo da implementação dos requisito spara a sua concessão, o que, no caso de pensão por morte, é a lei em vigor na data do óbito do servidor público. Tal entendimento já foi sumulado no seguinte enunciado: "A lei aplicável à concessão depensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado" (Súmula 340/STJ).2. Na hipótese dos autos, o fato gerador do direito somente foi implementado em 1o/7/2013, com a morte do esposo da Impetrante (fl.28). Nessa data, já estava em vigor a Emenda Constitucional 41/2003,que deu nova redação ao art. 40, § 7o, I, da Constituição Federal,com base no qual a autoridade impetrada calculou o valor do benefício de pensão paga à impetrante.3. Recurso Ordinário não provido. (RMS 48837 / PB Relator Ministro HERMAN BENJAMIN Orgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 13/09/2016 Data da Publicação/Fonte DJe 07/10/2016). PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SEGURADO PORTADOR DE MIOCARDIOPATIACHAGÁSICA COM ARRITMIA VENTRICULAR. INCAPACIDADE EVIDENCIADA QUANDO DA CESSAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO NADATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. IRRELEVÂNCIA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO NO MOMENTO DO SURGIMENTO DAINCAPACIDADE. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.1. A posterior perda da qualidade de segurado especial, no presente caso, não deve interferir no reconhecimento do direito ao benefícioauxílio-doença, pois incontroverso nos autos que o segurado possuía a qualidade de segurado à época do surgimento da incapacidade para o trabalho. 2. Recurso especial conhecido e provido, para reconhecer ao recorrente o direito ao auxílio-doença, a partir do requerimento administrativo, o qual poderá ser convertido em aposentadoria por invalidez, quando das avaliações periódicas de acompanhamento da incapacidade por parte da Autarquia previdenciária. Condeno, ainda,o INSS no pagamento do ônus sucumbencial, fixando os honorários advocatícios em 10% sobre o valor da condenação. (REsp 1405173 / SP Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 20/05/2014 Data da Publicação/Fonte DJe 26/05/2014). (...) o benefício é devido quando o segurado, cumprido o período de carência, ficar incapacitado, ou seja, quando atingida essa condição - a incapacidade - ele deve ter cumprido a carência exigida pela Lei no 8.213/91. Não há como dissociar o evento que dá origem ao benefício por incapacidade e a lei vigente ao tempo de sua ocorrência, com todas as prescrições legais quanto à condição de segurado e carência para efeito de concessão do benefício de auxílio doença, e dar um caráter de ultratividade à lei revogada. A ultratividade da lei previdenciária pode ocorrer, mas sob determinadas condições e sempre considerando o cumprimento dos requisitos ao tempo de sua vigência, como se lê, por exemplo, nos §§2o e 3o do art. 102 da Lei no 8.213/91. Novamente aqui avulta o princípio tempus regit actum. Os requisitos legais estão previstos na legislação vigente ao tempo da ocorrência do fato que gera o direito ao benefício, conforme a doutrina acima transcrita. Por essas razões, entendo que deve ser dado provimento ao incidente de uniformização, resolvendo-se o Tema 176 pela adoção da seguinte tese: constatada que a incapacidade do(a) segurado(a) do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) ocorreu ao tempo da vigência das Medidas Provisórias 739/2016 e 767/2017, aplicam-se os novos prazos de carência nelas previstos.(...)" 11.Neste sentido, considerando que quando do fato gerador – 08/07/19 – estava vigente a Lei 13.846/2019 e que após a perda da qualidade de segurado a recorrente havia vertido 5 contribuições até o nascimento de sua filha (competências de 02 a 06/2019 – anexo 07), a sentença combatida merece reparos, porquanto considerando essas contribuições cumuladas com o período laborado para a Prefeitura de União dos Palmares (11/2015 a 06/2017 - anexo 08), conclui-se que a parte autora atendeu a carência mínima. 12.No que se refere à correção monetária, o STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Portanto, deve-se aplicar o INPC como índice de correção monetária na espécie e juros moratórios no mesmo patamar da caderneta de poupança. 13.Recurso inominado provido para, reformando a sentença: a) condenar o INSS ao pagamento, mediante RPV, das parcelas devidas a título de salário-maternidade em razão do nascimento de PEDRO AZEVEDO MARTINS, ocorrido em 08/07/2019, corrigidas monetariamente pelo INPC e acrescidas de juros de mora (da citação), no mesmo patamar da caderneta de poupança, segundo cálculo a ser elaborado pelo juízo da execução; c) tanto que transitado em julgado o presente acórdão, expeça-se RPV; d) sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. ÂNGELO CAVALCANTI ALVES DE MIRANDA NETO
270
1,733
0
0
7-AL
0
133.788252
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AGU
Pretende a parte autora salário-maternidade, na condição de segurada contribuinte individual. O direito ao salário-maternidade é assegurado no art. 7o, XVIII, da CF/88. O INSS contestou a ação alegando falta de carência para concessão do benefício. No presente caso, a autora alega que trabalhou como contratada pela Prefeitura de União dos Palmares entre nov/2015 e jun/2017. Posteriormente, passou a recolher como contribuinte individual a partir de jan/2019 até o nascimento do filho em jul/2019 (doc. 15). Logo, podemos concluir que a autora, ao encerrar seu contrato com a prefeitura em jun/17, teve a perda da qualidade de segurada ocorrida após 12 meses da cessação das contribuições, conforme determina o art. 15, II da Lei n° 8.213/91. Assim, mesmo voltando a recolher para Previdência como contribuinte individual em jan/19, necessário se faz cumprir novamente os períodos de carência para gozo dos benefícios, sendo, no caso da autora, exigido 10 contribuições mensais (vide art. 25, III da Lei de Benefícios da Previdência) Portanto, como a autora comprovou ter, na data do nascimento do filho, apenas 7 contribuições mensais, incabível é a concessão do salário-maternidade. Assim, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista ao INSS para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias. Publique-se, registre-se e intimem-se
PROVIMENTO
0500002-44.2020.4.05.8015
2020-01-01 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2020-01-13 09:27:22
Sentença - Extinção - falta de indício de prova material
2020-03-27T07:26:59
Acórdão - Voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL016696
SENTENÇA O processo deve ser extinto sem resolução de mérito. A existência de início de prova material constitui pressuposto processual de validade nos benefícios previdenciários rurais, conforme orientação do STJ e do TRF da 5a Região. É cediço que as questões ligadas ao juízo de admissibilidade do processo - o qual pode ser positivo, negativo ou neutro -constituem matéria e ordem pública, suscetíveis de cognição ex officio pelo juiz. Não se desconhece, porém, que o art. 10 do CPC/2015 prevê que, nas questões de ordem pública, o juiz, antes de decidir, deve franquear o prévio contraditório às partes para que estas possam exercer o poder de influência na formação da decisão, como corolário da dimensão substancial do contraditório, que consagra o princípio da não-surpresa. No entanto, por força dos princípios da celeridade e da informalidade (art. 2o da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/2001), o art. 10 do CPC/2015 não se aplica no âmbito dos Juizados Especiais, conforme preceitua o Enunciado n.o 160 do FONAJEF: Enunciado n.o 160 do FONAJEF: "Não causa nulidade a não-aplicação do art. 10 do NCPC e do art. 487, parágrafo único, do NCPC nos juizados, tendo em vista os princípios da celeridade e informalidade". Com essas razões e afastada a aplicabilidade do art. 10 do CPC/2015, passo a analisar relevante questão de ordem pública de ofício nos autos. No ano de 2016, em sede de recursos repetitivos, o STJ firmou orientação no sentido de que a existência de início de prova material constitui pressuposto processual de validade nas ações em que se postula benefício de aposentadoria por idade rural: STJ, Tema Repetitivo n.o 629: "A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa" (STJ, REsp 1.352.721-SP, Corte Especial, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 28/4/2016). O julgamento, inclusive, foi noticiado no Informativo n.o 581 do STJ: "Se a petição inicial de ação em que se postula a aposentadoria rural por idade não for instruída com documentos que demonstre início de prova material quanto ao exercício de atividade rural, o processo deve ser extinto sem resolução de mérito (art. 267, VI, do CPC/1973), por ausência de pressuposto processual, sendo facultado ao segurado o ajuizamento de nova ação (art. 268 do CPC/1973), caso reúna os elementos necessários a essa iniciativa" (STJ, REsp 1.352.721-SP, Corte Especial, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 28/4/2016, Informativo n.o 581, abril-2016). Vale lembrar que o precedente acima citado possui caráter vinculante (binding precedent), ex vi do art. 927, III, do CPC ("Os juízes e os tribunais observarão: III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos"). Como se sabe, a teoria dos precedentes judiciais assumiu especial relevo com a entrada em vigor do CPC/2015, que instituiu um microssistema de formação de precedentes obrigatórios, integrado por: (a) procedimento de criação de súmula vinculante; (b) incidente de arguição de inconstitucionalidade; (c) incidente de assunção de competência e (d) julgamento de casos repetitivos, gênero que abrange o incidente de resolução de causas repetitivas (IRDR) e o procedimento dos recursos especial e extraordinário repetitivos. Os precedentes obrigatórios passaram a constituir o bloco de legalidade. O juiz, ao decidir, deve observar o direito objetivo como um todo (princípio da juridicidade), estando aí incluídos os precedentes vinculantes, que deverão ser conhecidos ex officio pelo juiz. Há que se recordar, ainda, que a novel codificação incorporou importantes conceitos oriundos do direito comparado (v.g., overruling, overriding, distinguishing, technique of sinaling, reversal, ratio decidendi, obiter dictum etc.), com a ampliação do repertório teórico do operador do Direito. Voltando à questão do início de prova material para a prova da atividade rural, vale lembrar do teor do enunciado n.o 149 da Súmula do STJ: STJ, Súmula n.o 149: " A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário". O TRF da 1a Região também sumulou entendimento a respeito: TRF1, Súmula n.o 27: "Não é admissível prova exclusivamente testemunhal para reconhecimento de tempo de exercício de atividade urbana e rural (Lei 8.213/91, art.55,§ 3o)". Diante desse cenário de exigência de início de prova material, e valendo-se da mesma ratio decidendi utilizada pela Corte Especial do STJ, o TRF da 5a Região tem estendido a orientação firmada pelo STJ no tema repetitivo n.o 629 a outros benefícios previdenciários. Em relação ao benefício de salário-maternidade, confira-se o seguinte julgado: "PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. TRABALHADORA RURAL/SEGURADA ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE. RESP No 1.352.721/SP. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Trata-se de apelação interposta pelo INSS (identificador 4050000.16107368 - fls. 10/24), em face de sentença (identificador 4050000.16107368 - fls. 29/31), que julgou procedente pedido de concessão de salário maternidade. 2. O cerne do presente recurso consiste na análise dos requisitos necessários à concessão do salário-maternidade. 3. A apelada deveria comprovar o labor rural entre 02/08/1997 a 02/06/1998, sendo esta última a data em que ocorreu o nascimento da sua filhaISABELLY ANDRADE ALVES DOS SANTOS (identificador 4050000.16107368 - fl. 61), nos termos do art. 39 da Lei no 8.213/91 c/c parágrafo 2o, art. 93 do Decreto no 3.048/99 (Redação dada pelo Decreto no 5.545/2005). 4. Não servem como início de prova material o contrato de comodato, porquanto extemporâneo, uma vez que celebrado em 18/11/2016 (identificador 4050000.16107368 - fl. 63), data posterior ao fato gerador do salário-maternidade, isto é, 02/08/1997 a 02/06/1998. 5. Também se mostram imprestáveis como prova de sua condição de segurada especial, a certidão Eleitoral, e a certidão de nascimento de filho, haja vista que tal informação de "lavradora" da autora é decorrente de declaração unilateral prestada pela requerente. Assim como os documentos, tipo ITR, elaborados em nome de terceira (Maria Odete de Jesus dos Santos). 6. Em juízo foi ouvida uma testemunha (Maria Joaquina Santana da Silva), que declarou conhecer a autora e confirmou que a mesma labora no campo. 7. Apesar da prova testemunhal constante dos autos, a ausência de início de prova material por si impede o reconhecimento da atividade campesina, em face da sua imprescindibilidade para concessão do benefício rural, nos termos da Súmula 149 do STJ. 8. O STJ no julgamento do REsp no 1.352.721/SP, proferido em regime de recursos repetitivos, consolidou o seguinte entendimento: "a ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV, do CPC), e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários a tal iniciativa". 9. Recurso parcialmente provido. Extinção do processo sem resolução do mérito (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019). No tocante ao benefício de pensão por morte, vale conferir: "PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. SEGURADO ESPECIAL. QUALIDADE DE SEGURADO NÃO COMPROVADA. APELAÇÃO PARCILAMENTE PROVIDA. EXTINGUIR SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. [...] 6. Os documentos acostados aos autos, em sua maioria, foram produzidos em data posterior ao óbito, ou suscitam dúvidas quanto à sua veracidade (como é o caso das notas fiscais de estabelecimentos distintos, mas que apresentam a mesma caligrafia e o mesmo erro de ortografia no preenchimento). Dessa forma, não se prestam como aptos a comprovar o exercício de atividade rural pelo falecido. [...] 8. Não se pode reconhecer condição de segurado especial do falecido, devido à ausência de início de prova material. Deve-se aplicar a Súmula no 149 do STJ, segundo a qual: "A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção do benefício previdenciário". 9. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.352.721/SP, julgado sob o regime do artigo 543-C do CPC, assentou o entendimento no sentido de que: "A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa." 10. Apelação da parte autora parcialmente provida, para extinguir o feito sem resolução de mérito, por carência de pressuposto de contribuição e desenvolvimento válido do processo, a teor do disposto no art. 485, IV, do CPC/2015" (TRF5, AC 591040, Proc. 00025588020164059999, 3a Turma, Rel. Des. Fed. Rogério Fialho Moreira, DJe 28/08/2019). No plano da qualidade de dependente, lembramos que o art. 16, §5o, da Lei n.o 8.213/91, com redação dada pela Lei n.o 13.846/2019, passou a prever expressamente que "as provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento". Com isso, foi superada a Súmula n.o 63 da TNU, por incompatibilidade legislativa. Em suma, no contexto dos benefícios previdenciários rurais, a existência de início de prova material tem sido erigida pela jurisprudência a pressuposto processual de validade, sem o que o processo não poderá prosseguir, sem prejuízo da possibilidade da parte autora ingressar novamente com a ação, caso reúna os elementos necessários para tanto. Fincada essa premissa, cabe tecer algumas considerações sobre o que tem se considerado como início de prova material para fins de comprovação da atividade rural. Não se exige que o início de prova material seja extensivo a todo período de atividade rural. O que não se admite é que a atividade rural seja demonstrada apenas por testemunhas: TNU, Súmula n.o 14: "Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício". São atributos que qualificam os elementos probatórios como início de prova material da atividade rural: bilateralidade, contemporaneidade e idoneidade. O primeiro atributo - a bilateralidade - informa que os documentos emitidos de forma unilateral não têm força probante suficiente para caracterizar início de prova material da atividade rural, como por exemplo: ficha do SUS, certidões da Justiça Eleitoral com a profissão do eleitor, ficha de matrícula escolar, declarações em geral etc.Nesse sentido, a TNU não tem admitido como início de prova material documentos que contenham declarações unilaterais, para fins de comprovação de atividade rural (TNU, PEDILEF n.o 2007.83.00.526657-4/PE, PEDILEF n.o 2008.32.00.703599-2/AM, PEDILEF n.o 2006.83.02.503892-0/PE, PEDILEF n.o 2006.70.95.014573-0/PR, PEDILEF n.o 2006.83.00.521010-2/PE, PEDILEF n.o 2005.84.00.503903-4/RN e PEDILEF n.o 2008.38.00725419-1). Todavia, os documentos públicos possuem fé pública e são admitidos como início de prova material. A AGU, inclusive, já sumulou a orientação a respeito: Súmula n.o 32 da AGU: "Para fins de concessão dos benefícios dispostos nos artigos 39, inciso I e seu parágrafo único, e 143 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, serão considerados como início razoável de prova material documentos públicos e particulares dotados de fé pública, desde que não contenham rasuras ou retificações recentes, nos quais conste expressamente a qualificação do segurado, de seu cônjuge, enquanto casado, ou companheiro, enquanto durar a união estável, ou de seu ascendente, enquanto dependente deste, como rurícola, lavrador ou agricultor, salvo a existência de prova em contrário". O segundo atributo - a contemporaneidade - releva a exigência de que, em regra, o elemento probatório deve ser oriundo da mesma época do período rural a ser comprovado: TNU, Súmula n. o 34: "Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar". Convém destacar que os instrumentos de contrato de comodato com firma reconhecida de modo extemporâneo não atendem ao requisito da contemporaneidade, não se prestando a figurar como início de prova material para fins de comprovação do tempo de atividade rural. Por fim, o atributo da idoneidade revela que o elemento de prova deve ser hábil e sério à comprovação do tempo de atividade rural, estando descaracterizado quando existir documento que infirme, de plano, o desenvolvimento da atividade de agricultura para fins de subsistência. O documento será inidôneo quando, por exemplo, for adulterado, constituir prova ilícita ou quando existirem nos autos elementos que evidenciem o não-exercício ou abandono da atividade rural no período vindicado, ou mesmo a descaracterização da qualidade de segurado especial por outros motivos, com a afetação da credibilidade do documento. Ex: profissão da certidão de casamento infirmada por anotações na CTPS. STJ, Recursos Repetitivos, Tema 533: "Em exceção à regra geral (...), a extensão de prova material em nome de um integrante do núcleo familiar a outro não é possível quando aquele passa a exercer trabalho incompatível com o labor rurícola, como o de natureza urbana" (STJ, REsp 1304479/SP, 1a Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/12/2012). No tocante aos documentos ligados aos integrantes do grupo familiar, que podem ter eficácia probatória extensiva, merecem destaque as seguintes orientações: STJ: "Para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por idade de trabalhador rural, a certidão de casamento que qualifique o cônjuge da requerente como rurícola não pode ser considerada como início de prova material na hipótese em que esse tenha exercido atividade urbana no período de carência" (STJ, AgRg no REsp 1.310.096-SP, 1a Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 25/2/2014, Informativo n.o 538, abr-2014). TNU, Súmula n.o 6: "A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola". TNU, Súmula n.o 41: "A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto". TRF4, Súmula n.o 73: "Admitem-se como início de prova material do efetivo exercício de atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros, membros do grupo parental". TRU da 4a Região, Súmula n.o 09: "Admitem-se como início de prova material, documentos em nome de integrantes do grupo envolvido no regime de economia familiar rural". FONAJEF, Enunciado n.o 188: "O benefício concedido ao segurado especial, administrativamente ou judicialmente, configura início de prova material válida para posterior concessão aos demais integrantes do núcleo familiar, assim como ao próprio beneficiário", FOREPREV, Enunciado n.o 1: "A prova do trabalho rural de um cônjuge gera presunção relativa do exercício de atividade rurícola pelo outro". TNU, Representativo de controvérsia, Tema 18 - A certidão do INCRA ou outro documento que comprove propriedade de imóvel em nome de integrantes do grupo familiar do segurado é razoável início de prova material da condição de segurado especial para fins de aposentadoria rural por idade, inclusive dos períodos trabalhados a partir dos 12 anos de idade, antes da publicação da Lei n. 8.213/91. Desnecessidade de comprovação de todo o período de carência (TNU, PEDILEF 2009.71.95.000509-1/ RS, Rel. Juíza Federal Simone dos Santos Lemos Fernandes, j. 11/10/2011). TNU, Representativo de controvérsia, Tema 32 - Certidão de óbito configura início de prova material para caracterização da atividade rural, para fins de pensão por morte (TNU, PEDILEF 2007.83.04.501228-9/PE, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, j. 24/11/2011). Em relação aos elementos de prova ligados à eventual comprovação de relação de trabalho, merecem destaque as seguintes orientações: STJ: "A sentença homologatória de acordo trabalhista é admitida como início de prova material para fins previdenciários, mesmo que o INSS não tenha participado da lide laboral, desde que contenha elementos que evidenciem o período trabalhado e a função exercida pelo trabalhador, o que não ocorreu no caso dos autos" (STJ, AgInt no AREsp 529.963/RS, 1a Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 28/02/2019). TNU, Súmula n.o 31: "A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários". TNU, Boletim n.o 08: "A reclamatória trabalhista será válida como início de prova material quando fundada em documentos que sinalizem o exercício da atividade laborativa na função e períodos alegados, ou se ajuizada antes da ocorrência da prescrição dos direitos trabalhistas (TNU, Proc. n.o 2012.50.50.002501-9, Boletim 08, ago-2016). TNU, Representativo de controvérsia, Tema 199: "A declaração extemporânea de ex-empregador não é documento hábil à formação do início de prova material necessário à comprovação de atividade laboral em determinado período" (TNU, Proc. 0503955-40.2011.4.05.8400/RN, Rel. Juiz Federal João Batista Lazzari, j. 07/05/2014). FOREPREV, Enunciado n.o 3: "A declaração emitida por sindicato apenas constitui início de prova material do tempo de trabalho rural quando homologada pelo Ministério Público ou pelo INSS". Os três vetores anteriormente mencionados - bilateralidade, contemporaneidade e idoneidade - figuram como "raiz" para uma série de limitações jurisprudenciais. No tocante à aplicabilidade do art. 106 da Lei n.o 8.213/91, apesar desse dispositivo não apresentar rol não exaustivo, a jurisprudência tem considerado que não são suficientes à caracterização de início de prova material para a concessão de benefícios rurais: (a) documentos unilaterais: cite-se, por exemplo, as certidões da Justiça Eleitoral, a ficha ambulatorial de unidades do SUS, a ficha escolar, a declaração de produtor rural, a declaração de empregador, declarações em geral etc. FOREPREV, Enunciado n.o 2: "A declaração emitida por produtor rural não constitui início de prova material do tempo de trabalho". (b) documentos extemporâneos: nesse grupo, podem ser citados o instrumento de contrato de comodato fora do período de atividade rural, ou mesmo com reconhecimento de firma recente, a declaração de empregador após o fim do vínculo laboral, a apresentação de notas fiscais de aquisição de produtos e insumos rurais fora período correspondente à carência etc.; (c) documentos de terceiros não integrantes do grupo familiar: documentos comprobatórios da posse ou propriedade de imóvel rural de terceiros, declaração de ITR em nome de terceiros não integrantes do grupo familiar etc.; (d) documentos inidôneos: documentos adulterados, provas ilícitas, documentos cuja força probante seja infirmada de plano por outros documentos nos autos etc. In casu, a parte autora, ao pleitear benefício de Auxílio-doença, apresentou os seguintes documentos: a) anexo 08 - matrícula escolar filho; b) declaração de trabalhador rural. Sucede que, na esteira dos entendimentos jurisprudenciais anteriormente mencionados, essa documentação não revela a existência de início de prova material para fins de comprovação da atividade rural. Isso porque os documentos colacionados são unilaterais, não podendo ser qualificados como início de prova material, conforme remansoso entendimento jurisprudencial. Diante do exposto, determino a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, IV, do CPC/2015. PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR Juiz Federal Substituto Pelo princípio da juridicidade, a vinculação normativa não é adstrita à lei, mas à Constituição e ao direito objetivo como um todo. O novo perfil do princípio da legalidade, doravante transformado em principio da juridicidade, constitui importante exemplo de mutação constitucional, fruto da expressão do Poder Constituinte difuso. TNU, Súmula n.o 63: "A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material". "o registro civil de nascimento é documento hábil para comprovar a condição de rurícola da mãe, para efeito de percepção do benefício previdenciário de salário-maternidade [...] É considerado início razoável de prova material o documento que seja contemporâneo à época do suposto exercício de atividade profissional, como a certidão de nascimento da criança (STJ, REsp 1724805/RS, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 25/05/2018). TNU, Representativo de Controvérsia, Tema 2 - No caso de aposentadoria por idade rural, a certidão de casamento vale como início de prova material, ainda que extemporânea (TNU, PEDILEF 2006.82.01.505208-4/ PB, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, j. 06/09/2011). "O rol de documentos hábeis à comprovação do exercício de atividade rural, previsto no art. 106 da Lei n. 8.213/91, é meramente exemplificativo, sendo possível a admissão de outros documentos a título de prova material" (STJ, REsp 1650326/MT, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 30/06/2017). TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019. TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019. TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019. TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019.
PROCESSO No0500002-44.2020.4.05.8015 RECORRENTE:SELMA INOCENCIO DOS SANTOS RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ(A) IMPEDIDO(A): PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR VOTO-EMENTA DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. SEGURADO ESPECIAL. MOTIVO DO INDEFERIMENTO. NÃO CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE LABORATIVA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL FRÁGIL. EXISTÊNCIA. SENTENÇA DE EXTINÇÃO. ANULAÇÃO. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. RECURSO PROVIDO. 1.Recurso inominado interposto em face de sentença que extinguiu o processo sem exame de mérito, sob o fundamento de que inexiste início de prova material válido. 2.Pretensão recursal aduzindo em síntese a existência de diversos documentos que se prestam como início de prova material. 3.O direito ao auxílio-doença pressupõe: a) qualidade de segurado; b) cumprimento da carência de doze contribuições mensais, salvo nos casos previstos no art. 26, II e III; c) incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos (art. 59 da Lei n° 8.213/91). 4.Para o trabalhador rural, segurado especial, deve ser comprovado o exercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, pelo número de meses correspondentes à carência do benefício (art. 39, I, da Lei no. 8.213/91). 5.Nos termos do art. 55, § 3o, da Lei n. 8.213/91, e da Súmula n.o 149 do STJ, a comprovação do exercício de atividade rural deverá ser feita por meio de início de prova material, não se admitindo a prova exclusivamente testemunhal. Tal documentação, entretanto, não precisa guardar estrita correspondência com o tempo que se pretende provar como de efetivo exercício de atividade campesina, segundo pondera a TNU, por meio da Súmula n.o 14. Contudo, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos que deseja provar, conforme Sumula 34 da TNU, in verbis: “Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar”. 6.A Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, na esteira da jurisprudência do STJ, tem abrandado o conceito de prova material, aceitando a eficácia probatória de rol não exaustivo de documentos, principalmente depois que a TNU decidiu que a inspeção judicial não supre a exigência de início de prova material. 7.Para o reconhecimento do exercício da atividade rural na condição de segurada especial, o início de prova material deve ser corroborado e ampliado por outros meios de prova, constituindo conjunto probatório harmônico, devendo-se sempre prestigiar a valoração da prova realizada pelo juízo monocrático, que participou diretamente de sua produção. 8.Na hipótese dos autos, o motivo do indeferimento do benefício na via administrativa foi a não constatação de incapacidade laborativa, registrando-se que na esfera judicial o processo fora extinto antes mesmo da realização de perícia médica judicial, pelo que a análise da existência ou não de início de prova material levará em consideração a data do requerimento administrativo - 21/10/19 (anexo 03). 9.Compulsando os autos, constata-se a existência de início de prova material, ainda que de modo bastante frágil, senão vejamos: requerimento de matricula escolar de 07/10/19, constando a genitora como agricultora (anexo 08), que contém carimbo da direção da escola. Os demais documentos não foram considerados para tal finalidade, porquanto têm cunho meramente declaratório (anexos 07 e 09). 10.Neste sentido, presente início de prova material válido, ainda que frágil, impõe-se a anulação da sentença. 11.Recurso inominado provido, para anular a sentença, retornando-se os autos ao juízo de origem para reabertura da instrução processual. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE em DAR PROVIMENTO AO RECURSO PARA ANULAR A SENTENÇA, nos termos do voto do Relator.
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6.389144
PROVIMENTO
EXTINTO SEM MÉRITO
AUTOR
deve ser extinto sem resolução de mérito. A existência de início de prova material constitui pressuposto processual de validade nos benefícios previdenciários rurais, conforme orientação do STJ e do TRF da 5a Região. É cediço que as questões ligadas ao juízo de admissibilidade do processo - o qual pode ser positivo, negativo ou neutro -constituem matéria e ordem pública, suscetíveis de cognição ex officio pelo juiz. Não se desconhece, porém, que o art. 10 do CPC/2015 prevê que, nas questões de ordem pública, o juiz, antes de decidir, deve franquear o prévio contraditório às partes para que estas possam exercer o poder de influência na formação da decisão, como corolário da dimensão substancial do contraditório, que consagra o princípio da não-surpresa. No entanto, por força dos princípios da celeridade e da informalidade (art. 2o da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/2001), o art. 10 do CPC/2015 não se aplica no âmbito dos Juizados Especiais, conforme preceitua o Enunciado n.o 160 do FONAJEF: Enunciado n.o 160 do FONAJEF: "Não causa nulidade a não-aplicação do art. 10 do NCPC e do art. 487, parágrafo único, do NCPC nos juizados, tendo em vista os princípios da celeridade e informalidade". Com essas razões e afastada a aplicabilidade do art. 10 do CPC/2015, passo a analisar relevante questão de ordem pública de ofício nos autos. No ano de 2016, em sede de recursos repetitivos, o STJ firmou orientação no sentido de que a existência de início de prova material constitui pressuposto processual de validade nas ações em que se postula benefício de aposentadoria por idade rural: STJ, Tema Repetitivo n.o 629: "A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa" (STJ, REsp 1.352.721-SP, Corte Especial, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 28/4/2016). O julgamento, inclusive, foi noticiado no Informativo n.o 581 do STJ: "Se a petição inicial de ação em que se postula a aposentadoria rural por idade não for instruída com documentos que demonstre início de prova material quanto ao exercício de atividade rural, o processo deve ser extinto sem resolução de mérito (art. 267, VI, do CPC/1973), por ausência de pressuposto processual, sendo facultado ao segurado o ajuizamento de nova ação (art. 268 do CPC/1973), caso reúna os elementos necessários a essa iniciativa" (STJ, REsp 1.352.721-SP, Corte Especial, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 28/4/2016, Informativo n.o 581, abril-2016). Vale lembrar que o precedente acima citado possui caráter vinculante (binding precedent), ex vi do art. 927, III, do CPC ("Os juízes e os tribunais observarão: III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos"). Como se sabe, a teoria dos precedentes judiciais assumiu especial relevo com a entrada em vigor do CPC/2015, que instituiu um microssistema de formação de precedentes obrigatórios, integrado por: (a) procedimento de criação de súmula vinculante; (b) incidente de arguição de inconstitucionalidade; (c) incidente de assunção de competência e (d) julgamento de casos repetitivos, gênero que abrange o incidente de resolução de causas repetitivas (IRDR) e o procedimento dos recursos especial e extraordinário repetitivos. Os precedentes obrigatórios passaram a constituir o bloco de legalidade. O juiz, ao decidir, deve observar o direito objetivo como um todo (princípio da juridicidade), estando aí incluídos os precedentes vinculantes, que deverão ser conhecidos ex officio pelo juiz. Há que se recordar, ainda, que a novel codificação incorporou importantes conceitos oriundos do direito comparado (v.g., overruling, overriding, distinguishing, technique of sinaling, reversal, ratio decidendi, obiter dictum etc.), com a ampliação do repertório teórico do operador do Direito. Voltando à questão do início de prova material para a prova da atividade rural, vale lembrar do teor do enunciado n.o 149 da Súmula do STJ: STJ, Súmula n.o 149: " A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário". O TRF da 1a Região também sumulou entendimento a respeito: TRF1, Súmula n.o 27: "Não é admissível prova exclusivamente testemunhal para reconhecimento de tempo de exercício de atividade urbana e rural (Lei 8.213/91, art.55,§ 3o)". Diante desse cenário de exigência de início de prova material, e valendo-se da mesma ratio decidendi utilizada pela Corte Especial do STJ, o TRF da 5a Região tem estendido a orientação firmada pelo STJ no tema repetitivo n.o 629 a outros benefícios previdenciários. Em relação ao benefício de salário-maternidade, confira-se o seguinte julgado: "PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. TRABALHADORA RURAL/SEGURADA ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE. RESP No 1.352.721/SP. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Trata-se de apelação interposta pelo INSS (identificador 4050000.16107368 - fls. 10/24), em face de sentença (identificador 4050000.16107368 - fls. 29/31), que julgou procedente pedido de concessão de salário maternidade. 2. O cerne do presente recurso consiste na análise dos requisitos necessários à concessão do salário-maternidade. 3. A apelada deveria comprovar o labor rural entre 02/08/1997 a 02/06/1998, sendo esta última a data em que ocorreu o nascimento da sua filhaISABELLY ANDRADE ALVES DOS SANTOS (identificador 4050000.16107368 - fl. 61), nos termos do art. 39 da Lei no 8.213/91 c/c parágrafo 2o, art. 93 do Decreto no 3.048/99 (Redação dada pelo Decreto no 5.545/2005). 4. Não servem como início de prova material o contrato de comodato, porquanto extemporâneo, uma vez que celebrado em 18/11/2016 (identificador 4050000.16107368 - fl. 63), data posterior ao fato gerador do salário-maternidade, isto é, 02/08/1997 a 02/06/1998. 5. Também se mostram imprestáveis como prova de sua condição de segurada especial, a certidão Eleitoral, e a certidão de nascimento de filho, haja vista que tal informação de "lavradora" da autora é decorrente de declaração unilateral prestada pela requerente. Assim como os documentos, tipo ITR, elaborados em nome de terceira (Maria Odete de Jesus dos Santos). 6. Em juízo foi ouvida uma testemunha (Maria Joaquina Santana da Silva), que declarou conhecer a autora e confirmou que a mesma labora no campo. 7. Apesar da prova testemunhal constante dos autos, a ausência de início de prova material por si impede o reconhecimento da atividade campesina, em face da sua imprescindibilidade para concessão do benefício rural, nos termos da Súmula 149 do STJ. 8. O STJ no julgamento do REsp no 1.352.721/SP, proferido em regime de recursos repetitivos, consolidou o seguinte entendimento: "a ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV, do CPC), e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários a tal iniciativa". 9. Recurso parcialmente provido. Extinção do processo sem resolução do mérito (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019). No tocante ao benefício de pensão por morte, vale conferir: "PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. SEGURADO ESPECIAL. QUALIDADE DE SEGURADO NÃO COMPROVADA. APELAÇÃO PARCILAMENTE PROVIDA. EXTINGUIR SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. [...] 6. Os documentos acostados aos autos, em sua maioria, foram produzidos em data posterior ao óbito, ou suscitam dúvidas quanto à sua veracidade (como é o caso das notas fiscais de estabelecimentos distintos, mas que apresentam a mesma caligrafia e o mesmo erro de ortografia no preenchimento). Dessa forma, não se prestam como aptos a comprovar o exercício de atividade rural pelo falecido. [...] 8. Não se pode reconhecer condição de segurado especial do falecido, devido à ausência de início de prova material. Deve-se aplicar a Súmula no 149 do STJ, segundo a qual: "A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção do benefício previdenciário". 9. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.352.721/SP, julgado sob o regime do artigo 543-C do CPC, assentou o entendimento no sentido de que: "A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa." 10. Apelação da parte autora parcialmente provida, para extinguir o feito sem resolução de mérito, por carência de pressuposto de contribuição e desenvolvimento válido do processo, a teor do disposto no art. 485, IV, do CPC/2015" (TRF5, AC 591040, Proc. 00025588020164059999, 3a Turma, Rel. Des. Fed. Rogério Fialho Moreira, DJe 28/08/2019). No plano da qualidade de dependente, lembramos que o art. 16, §5o, da Lei n.o 8.213/91, com redação dada pela Lei n.o 13.846/2019, passou a prever expressamente que "as provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento". Com isso, foi superada a Súmula n.o 63 da TNU, por incompatibilidade legislativa. Em suma, no contexto dos benefícios previdenciários rurais, a existência de início de prova material tem sido erigida pela jurisprudência a pressuposto processual de validade, sem o que o processo não poderá prosseguir, sem prejuízo da possibilidade da parte autora ingressar novamente com a ação, caso reúna os elementos necessários para tanto. Fincada essa premissa, cabe tecer algumas considerações sobre o que tem se considerado como início de prova material para fins de comprovação da atividade rural. Não se exige que o início de prova material seja extensivo a todo período de atividade rural. O que não se admite é que a atividade rural seja demonstrada apenas por testemunhas: TNU, Súmula n.o 14: "Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício". São atributos que qualificam os elementos probatórios como início de prova material da atividade rural: bilateralidade, contemporaneidade e idoneidade. O primeiro atributo - a bilateralidade - informa que os documentos emitidos de forma unilateral não têm força probante suficiente para caracterizar início de prova material da atividade rural, como por exemplo: ficha do SUS, certidões da Justiça Eleitoral com a profissão do eleitor, ficha de matrícula escolar, declarações em geral etc.Nesse sentido, a TNU não tem admitido como início de prova material documentos que contenham declarações unilaterais, para fins de comprovação de atividade rural (TNU, PEDILEF n.o 2007.83.00.526657-4/PE, PEDILEF n.o 2008.32.00.703599-2/AM, PEDILEF n.o 2006.83.02.503892-0/PE, PEDILEF n.o 2006.70.95.014573-0/PR, PEDILEF n.o 2006.83.00.521010-2/PE, PEDILEF n.o 2005.84.00.503903-4/RN e PEDILEF n.o 2008.38.00725419-1). Todavia, os documentos públicos possuem fé pública e são admitidos como início de prova material. A AGU, inclusive, já sumulou a orientação a respeito: Súmula n.o 32 da AGU: "Para fins de concessão dos benefícios dispostos nos artigos 39, inciso I e seu parágrafo único, e 143 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, serão considerados como início razoável de prova material documentos públicos e particulares dotados de fé pública, desde que não contenham rasuras ou retificações recentes, nos quais conste expressamente a qualificação do segurado, de seu cônjuge, enquanto casado, ou companheiro, enquanto durar a união estável, ou de seu ascendente, enquanto dependente deste, como rurícola, lavrador ou agricultor, salvo a existência de prova em contrário". O segundo atributo - a contemporaneidade - releva a exigência de que, em regra, o elemento probatório deve ser oriundo da mesma época do período rural a ser comprovado: TNU, Súmula n. o 34: "Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar". Convém destacar que os instrumentos de contrato de comodato com firma reconhecida de modo extemporâneo não atendem ao requisito da contemporaneidade, não se prestando a figurar como início de prova material para fins de comprovação do tempo de atividade rural. Por fim, o atributo da idoneidade revela que o elemento de prova deve ser hábil e sério à comprovação do tempo de atividade rural, estando descaracterizado quando existir documento que infirme, de plano, o desenvolvimento da atividade de agricultura para fins de subsistência. O documento será inidôneo quando, por exemplo, for adulterado, constituir prova ilícita ou quando existirem nos autos elementos que evidenciem o não-exercício ou abandono da atividade rural no período vindicado, ou mesmo a descaracterização da qualidade de segurado especial por outros motivos, com a afetação da credibilidade do documento. Ex: profissão da certidão de casamento infirmada por anotações na CTPS. STJ, Recursos Repetitivos, Tema 533: "Em exceção à regra geral (...), a extensão de prova material em nome de um integrante do núcleo familiar a outro não é possível quando aquele passa a exercer trabalho incompatível com o labor rurícola, como o de natureza urbana" (STJ, REsp 1304479/SP, 1a Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/12/2012). No tocante aos documentos ligados aos integrantes do grupo familiar, que podem ter eficácia probatória extensiva, merecem destaque as seguintes orientações: STJ: "Para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por idade de trabalhador rural, a certidão de casamento que qualifique o cônjuge da requerente como rurícola não pode ser considerada como início de prova material na hipótese em que esse tenha exercido atividade urbana no período de carência" (STJ, AgRg no REsp 1.310.096-SP, 1a Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 25/2/2014, Informativo n.o 538, abr-2014). TNU, Súmula n.o 6: "A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola". TNU, Súmula n.o 41: "A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto". TRF4, Súmula n.o 73: "Admitem-se como início de prova material do efetivo exercício de atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros, membros do grupo parental". TRU da 4a Região, Súmula n.o 09: "Admitem-se como início de prova material, documentos em nome de integrantes do grupo envolvido no regime de economia familiar rural". FONAJEF, Enunciado n.o 188: "O benefício concedido ao segurado especial, administrativamente ou judicialmente, configura início de prova material válida para posterior concessão aos demais integrantes do núcleo familiar, assim como ao próprio beneficiário", FOREPREV, Enunciado n.o 1: "A prova do trabalho rural de um cônjuge gera presunção relativa do exercício de atividade rurícola pelo outro". TNU, Representativo de controvérsia, Tema 18 - A certidão do INCRA ou outro documento que comprove propriedade de imóvel em nome de integrantes do grupo familiar do segurado é razoável início de prova material da condição de segurado especial para fins de aposentadoria rural por idade, inclusive dos períodos trabalhados a partir dos 12 anos de idade, antes da publicação da Lei n. 8.213/91. Desnecessidade de comprovação de todo o período de carência (TNU, PEDILEF 2009.71.95.000509-1/ RS, Rel. Juíza Federal Simone dos Santos Lemos Fernandes, j. 11/10/2011). TNU, Representativo de controvérsia, Tema 32 - Certidão de óbito configura início de prova material para caracterização da atividade rural, para fins de pensão por morte (TNU, PEDILEF 2007.83.04.501228-9/PE, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, j. 24/11/2011). Em relação aos elementos de prova ligados à eventual comprovação de relação de trabalho, merecem destaque as seguintes orientações: STJ: "A sentença homologatória de acordo trabalhista é admitida como início de prova material para fins previdenciários, mesmo que o INSS não tenha participado da lide laboral, desde que contenha elementos que evidenciem o período trabalhado e a função exercida pelo trabalhador, o que não ocorreu no caso dos autos" (STJ, AgInt no AREsp 529.963/RS, 1a Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 28/02/2019). TNU, Súmula n.o 31: "A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários". TNU, Boletim n.o 08: "A reclamatória trabalhista será válida como início de prova material quando fundada em documentos que sinalizem o exercício da atividade laborativa na função e períodos alegados, ou se ajuizada antes da ocorrência da prescrição dos direitos trabalhistas (TNU, Proc. n.o 2012.50.50.002501-9, Boletim 08, ago-2016). TNU, Representativo de controvérsia, Tema 199: "A declaração extemporânea de ex-empregador não é documento hábil à formação do início de prova material necessário à comprovação de atividade laboral em determinado período" (TNU, Proc. 0503955-40.2011.4.05.8400/RN, Rel. Juiz Federal João Batista Lazzari, j. 07/05/2014). FOREPREV, Enunciado n.o 3: "A declaração emitida por sindicato apenas constitui início de prova material do tempo de trabalho rural quando homologada pelo Ministério Público ou pelo INSS". Os três vetores anteriormente mencionados - bilateralidade, contemporaneidade e idoneidade - figuram como "raiz" para uma série de limitações jurisprudenciais. No tocante à aplicabilidade do art. 106 da Lei n.o 8.213/91, apesar desse dispositivo não apresentar rol não exaustivo, a jurisprudência tem considerado que não são suficientes à caracterização de início de prova material para a concessão de benefícios rurais: (a) documentos unilaterais: cite-se, por exemplo, as certidões da Justiça Eleitoral, a ficha ambulatorial de unidades do SUS, a ficha escolar, a declaração de produtor rural, a declaração de empregador, declarações em geral etc. FOREPREV, Enunciado n.o 2: "A declaração emitida por produtor rural não constitui início de prova material do tempo de trabalho". (b) documentos extemporâneos: nesse grupo, podem ser citados o instrumento de contrato de comodato fora do período de atividade rural, ou mesmo com reconhecimento de firma recente, a declaração de empregador após o fim do vínculo laboral, a apresentação de notas fiscais de aquisição de produtos e insumos rurais fora período correspondente à carência etc.; (c) documentos de terceiros não integrantes do grupo familiar: documentos comprobatórios da posse ou propriedade de imóvel rural de terceiros, declaração de ITR em nome de terceiros não integrantes do grupo familiar etc.; (d) documentos inidôneos: documentos adulterados, provas ilícitas, documentos cuja força probante seja infirmada de plano por outros documentos nos autos etc. In casu, a parte autora, ao pleitear benefício de Auxílio-doença, apresentou os seguintes documentos: a) anexo 08 - matrícula escolar filho; b) declaração de trabalhador rural. Sucede que, na esteira dos entendimentos jurisprudenciais anteriormente mencionados, essa documentação não revela a existência de início de prova material para fins de comprovação da atividade rural. Isso porque os documentos colacionados são unilaterais, não podendo ser qualificados como início de prova material, conforme remansoso entendimento jurisprudencial. Diante do exposto, determino a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, IV, do CPC/2015. PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR Juiz Federal Substituto Pelo princípio da juridicidade, a vinculação normativa não é adstrita à lei, mas à Constituição e ao direito objetivo como um todo. O novo perfil do princípio da legalidade, doravante transformado em principio da juridicidade, constitui importante exemplo de mutação constitucional, fruto da expressão do Poder Constituinte difuso. TNU, Súmula n.o 63: "A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material". "o registro civil de nascimento é documento hábil para comprovar a condição de rurícola da mãe, para efeito de percepção do benefício previdenciário de salário-maternidade [...] É considerado início razoável de prova material o documento que seja contemporâneo à época do suposto exercício de atividade profissional, como a certidão de nascimento da criança (STJ, REsp 1724805/RS, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 25/05/2018). TNU, Representativo de Controvérsia, Tema 2 - No caso de aposentadoria por idade rural, a certidão de casamento vale como início de prova material, ainda que extemporânea (TNU, PEDILEF 2006.82.01.505208-4/ PB, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, j. 06/09/2011). "O rol de documentos hábeis à comprovação do exercício de atividade rural, previsto no art. 106 da Lei n. 8.213/91, é meramente exemplificativo, sendo possível a admissão de outros documentos a título de prova material" (STJ, REsp 1650326/MT, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 30/06/2017). TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019. TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019. TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019. TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j
PROVIMENTO
0529710-82.2019.4.05.8013
2019-09-13 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-12 14:46:08
Sentença - improcedente
2020-03-27T07:35:02
Acórdão - Voto
Ângelo Cavalcanti Alves de Miranda Neto
2020-03-26 14:00:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL009752
SENTENÇA Cuida-se de pedido de concessão de APOSENTADORIA POR INVALIDEZ e, sucessivamente, de AUXÍLIO-DOENÇA, cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente qualidade de segurado no momento da incapacidade. Passo a fundamentar e decidir. 1.No mérito, o direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do art. 59 da Lei Federal n° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, a teor do art. 42 da Lei Federal n° 8.213/91. 2.Objetivando uma avaliação médica do estado físico da parte autora, foi determinada a realização de prova pericial que, após detalhado exame clínico e análise dos documentos trazidos aos autos, concluiu que é ela portadora de Espondilose lombar CID 10 M 47, estando incapaz temporariamente para atividade habitual a partir de 14/08/2019. 3.Sendo certo que o autor encontra-se acometida de incapacidade laboral, resta saber se, no momento em que foi acometida pela incapacidade, havia tinha qualidade de segurado, condição indispensável para que a mesma obtenha o benefício aqui perseguido. 4.Com efeito, depreende-se da análise dos documentos colacionados aos autos que o demandante foi filiado à Previdência Social, como beneficiário de um auxílio-doença, até 24/10/2016, voltando a recolher aos cofres públicos como contribuinte individual, com alíquota de 5%, nos períodos de 02/2018 a 10/2018 e 12/2018 a 02/2019. 5.No tocante às contribuições como contribuinte individual, com alíquota de 5%, deve ser observado o que reza o art. 21, e parágrafos, da Lei n° 8.212/91: Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo salário-de-contribuição. (...) § 2oNo caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de: I - 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte individual, ressalvado o disposto no inciso II, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto na alínea b do inciso II deste parágrafo; II - 5% (cinco por cento): a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente à família de baixa renda. (...) § 4oConsidera-se de baixa renda, para os fins do disposto na alínea b do inciso II do § 2o deste artigo, a família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários mínimos. (...) (Grifei) 6.Primeiramente, depreende-se da leitura do dispositivo acima mencionado que o contribuinte individual deve contribuir com a alíquota de 20% (vinte por cento) sobre o respectivo salário-de-contribuição. 7.Entretanto, existe a previsão legislativa de redução dessa alíquota para 5% (cinco por cento) nos casos de segurado facultativo sem renda própria, desde que pertencente à família de baixa renda, considerando como tal apenas aqueles cuja família seja inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico ou de microempreendedor individual. 8.Compulsando os autos, verifico que o demandante verteu contribuições à Previdência Social com alíquota de 5% sobre o limite mínimo mensal de salário de contribuição nos períodos de 02/2018 a 10/2018 e 12/2018 a 02/2019. 9.Assim, deveria o autor ter comprovado sua condição de microempreendedor para tornar válidas as contribuições com alíquota de 5%, tendo em vista o registro no CNIS como contribuinte individual, bem como a declaração ao perito do INSS de que é dono de padaria (anexo 14, p. 4), o que não ocorreu nos presentes autos. 10.Nesses termos, o demandante não mais tinha a qualidade de segurado quando foi acometido pela incapacidade em 08/2019, uma vez que, sendo beneficiário de um auxílio-doença até 24/10/2016, o período de graça foi até 15/12/2017, último dia para o pagamento da competência 11/2017. 11.Diante do exposto, e por se fazer necessário o atendimento aos requisitos elencados em lei para gozar de um benefício previdenciário, conclui-se que é indevida a concessão do auxílio-doença ora requerido, e da mesma forma a conversão em aposentadoria por invalidez, visto que não preencheu o autor os requisitos estabelecidos em lei para tanto. 12.Por todo o exposto, julgo improcedente o pedido da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). 13.Intimem-se. Maceió, 12 de dezembro de 2019. GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
PROCESSO N° 0529710-82.2019.4.05.8013 RECORRENTE: JOSÉ BONFIM FILHO RECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL JUIZ IMPEDIDO: GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES DADOS: 56 ANOS; 4a SÉRIE; MACEIÓ/AL PROFISSÃO DECLARADA: PADEIRO AUTÔNOMO VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA RECONHECIDA EM PERÍCIA MÉDICA DO JUÍZO. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL COMO MICROEMPREENDEDOR (MEI). CADASTRO COMPROVADO. VALIDAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PAGAS COM ALÍQUOTA DE 5%. UNIVERSALIDADE DE COBERTURA PREVIDENCIÁRIA. DCB FIXADA DE MODO A OPORTUNIZAR PEDIDO DE PRORROGAÇÃO. RAZOABILIDADE NA APLICAÇÃO DA LEI No 13.457/2017. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. REFORMA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1.Recurso inominado interposto contra sentença que julgou improcedente pedido de auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, por não ter o autor comprovado sua condição de microempreendedor individual para tornar válidas as contribuições recolhidas com alíquota de 5%. 2.Razões recursais sob o fundamento de que as contribuições como MEI são válidas para todos os benefícios previdenciários, exceto para obter a aposentadoria por tempo de contribuição, caso em que o recorrente pleiteia a concessão de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez. 3.Dispõe o caput do art. 59 da Lei no 8.213/91 que o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por sua vez, reza o art. 42 do mesmo diploma legal que a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. 4.Depreende-se destes dispositivos que a concessão dos benefícios em questão está condicionada ao preenchimento de três requisitos: i) o cumprimento do período de carência de 12 (doze) contribuições mensais (artigo 25, I, da Lei no 8.213/91), ii) a qualidade de segurado quando do surgimento da incapacidade, e iii) a incapacidade laboral. 5.Além disso, é necessário que a doença incapacitante não seja pré-existente ou, caso o for, que a incapacidade resulte de agravamento da doença verificado após a filiação ao regime geral de previdência (artigo 42, § 2o, e artigo 59, parágrafo único, da Lei n. 8.213/91). 6.Incontroversa a incapacidade temporária da parte autora para toda e qualquer atividade laboral, pelo período de 6 (seis) meses, a contar da data do requerimento administrativo (DER 14/08/2019), atestada em perícia médica judicial (anexo 20), na qual o recorrente foi diagnosticado com ESPONDILOSE LOMBAR (CID10 M47), conforme se extrai do laudo médico judicial: “4. O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não temporariamente por um período de 6 meses a contar da data do requerimento administrativo datado de 14/08/19 fundamentado nos critérios clínicos patológicos e técnicas usadas na avaliação no exame físico como Rombegue, Lasegue, Observação da Marcha, Testa de Força muscular, Teste de NEER, Teste de Hawkins, Sinal de Schobe. (...) 6. Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra (s) atividade (s) que lhe garanta (m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Não temporariamente por um período de 6 meses a contar da data do requerimento administrativo datado de 14/08/19, não precisando no momento de reabilitação pois trata de patologia passível de controle e recuperação. (...) 8. Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do inicio da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior á data do requerimento administrativo ou da cessação de beneficio? DID=2013 (SIC) DII= Existe incapacidade laboral temporariamente por um período de 6 meses a contar da data do requerimento administrativo datado de 14/08/19. COMENTÁRIOS E CONCLUSÃO: Pelas informações colhidas na entrevista, no exame físico e nos documentos apresentados, podemos concluir que o periciado é portador de Espondilose lombar, patologias incapacitantes para a função laboral declarada temporariamente. Consideramos, portanto, que o autor: Quanto à capacidade para a atividade declarada: O autor encontra-se incapaz para a atividade declarada, fundamentada na resposta 4 e 8. Quanto à capacidade para o trabalho e restrições: O autor encontra-se incapaz para outras funções laborais fundamentado na resposta 7. Quanto à capacidade para a vida independente: O autor encontra-se capaz para executar as atividades da vida diária e independente no momento.” 7.Constatada a incapacidade apenas temporária, e por curto período de tempo (6 meses), não há que se falar em aposentadoria por invalidez, mas tão somente em auxílio-doença. 8.Quanto à qualidade de segurado e cumprimento da carência mínima exigida para concessão de benefícios previdenciários por incapacidades, tem-se que analisar tais requisitos na data do fato gerador que é a data do início da incapacidade laboral, no caso, DII em 14/08/2019. 9.A qualidade de segurado é comprovada com o recolhimento da primeira contribuição paga sem atraso e que o segurado não incida na situação de perda dessa qualidade (mais de 12 meses consecutivos sem contribuições). A carência é a prevista no inciso I do art. 25 da Lei no 8.213/91, ou seja, 12 (doze) contribuições mensais, e, na hipótese de perda da qualidade, aquela prevista no art. 27-A da Lei de Benefícios, qual seja, contribuir com metade do período previsto no inciso I do art. 25 desta Lei. 10.Conforme consta no CNIS (anexo 17), desde 08/2014 o recorrente vem contribuindo como Contribuinte Individual à alíquota de 11% sobre o salário mínimo nacional, nos termos da Lei Complementar no 123/2006, que instituiu, entre outros, o Plano Simplificado de Previdência Social. Ocorreu a perda da qualidade de segurado em 20/12/2017 e reingressou no Regime Previdenciário em 02/2018, também como Contribuinte Individual, mas na qualidade de microempreendedor individual (MEI), passando a recolher com alíquota reduzida de 5%, mantendo essa condição até 02/2019, última contribuição presente no CNIS. Dessa forma, manterá a qualidade de segurado até 20/04/2020, chamado período de graça, doze meses, nos termos do art. 15 da Lei no 8.213/91. 11.Assim, na data da incapacidade, DII em 14/08/2019, o recorrente, inegavelmente, detinha a qualidade de segurado e a carência mínima exigida para concessão do benefício pleiteado, pois, após o retorno ao Regime Previdenciário, recolheu mais de seis contribuições previdenciárias a partir da primeira paga sem atraso, no caso, 02/2018. 12.Quanto à validação das contribuições como MEI, é preciso ter em mente que ele, o MEI, pertence à categoria de Contribuinte Individual do INSS, porém a forma de pagamento somente se dará através de guia DAS-MEI, gerada no Portal do Empreendedor (http://www.portaldoempreendedor.gov.br/). Ora, se as contribuições tiveram origem por meio do pagamento de guias DAS-MEI, não há que se falar em validação, já que para emissão dessas guias é necessário a inserção do CNPJ de MEI, o que dará direito à alíquota reduzida de 5%, diferente da alíquota de 11% que pode ser paga mediante GPS emitida no portal SAL - Sistema de Acréscimos Legais (http://sal.receita.fazenda.gov.br/), bastando a inserção do NIT/PIS/PASEP. 13.No caso, em consulta pública no Portal do Empreendedor (anexo 32), é fácil constatar que a parte autora está cadastrada na Condição de Microempreendedor Individual desde 06/02/2018, sob o CNPJ 29.627.950/0001-22, o que coincide com a competência (02/2018) de reingresso ao Regime Previdenciário e primeira contribuição paga à alíquota reduzida de 5%, conforme consta no CNIS (anexo 17). Portanto, não restam dúvidas de que a parte autora é MEI devidamente cadastrado e, como tal, vem recolhendo contribuições previdenciárias, nos termos da alínea “a” do inciso II do § 2o do art. 21 da Lei no 8.212/91, com a inclusão e a redação dadas pela Lei no12.470/2011. 14.Ademais, não pode o INSS, no momento de concessão do benefício, negar o pleito e recusar a homologação das contribuições já recolhidas, sob o pretexto de que o segurador não comprovou o registro do Empreendedor Individual, pois se pretende exercer controle sobre a condição de MEI para fins de validação das contribuições, este deve ocorrer antes do efetivo recolhimento, e não no momento da concessão do benefício. 15.Diante do exposto, considero válidas as referidas contribuições, até porque deve prevalecer o direito do recorrente de se filiar ao RGPS, observado o princípio da universalidade de participação e da solidariedade, próprios do Direito Previdenciário. Destaque-se que, no caso concreto, as contribuições como MEI vinham sendo recolhidas por quase doze meses (02/2018 a 02/2019, ausente a competência 11/2018), criando-se a expectativa legítima para o segurado da sua proteção em eventual hipótese de risco social previdenciário. 16.Não é diferente o entendimento tomado em recorrentes decisões nas Juntas de Recursos da Previdência Social, como nos processos 35858.000488/2014-82 (unidade de origem APS Biguaçú), 44232.022673/2014-76 (unidade de origem APS Teixeira de Freitas) e 44232.087655/2014-30 (unidade de origem APS Petrópolis). 17.Quanto à data de cessão do benefício, nos termos do § 8o do art. 60 da Lei n. 8.213/91, sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício (Incluído pela Lei no 13.457, de 2017), a chamada “alta programada”, hoje, legalmente admitida. Ademais, com fulcro no § 9o do mesmo artigo, na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8o, o benefício cessará após o prazo de 120 (cento e vinte) dias, contado da data de concessão ou de reativação, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação junto ao INSS, na forma do regulamento, observado o disposto no art. 62. (Redação dada pela Lei no 13.457, de 2017). O art. 62 da Lei no 8.213/91 refere-se à submissão do segurado a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. 18.Conforme se extrai do laudo médico pericial (anexo 20), a parte autora está incapaz de exercer a atividade habitual declarada por um período estimado de 6 (seis) meses a contar da DER (14/08/2019), ou seja, a douta perita estimou a cessação em 14/02/2020. 19.Todavia, considerando outras situações fáticas, além do laudo médico pericial, e a necessidade de garantir ao segurado um prazo razoável para requerer a prorrogação do benefício, caso ainda se sinta incapacitado para o trabalho, o que não poderia ocorrer se a DCB fosse fixada ainda no curso do processo, tem-se por razoável fixar a DCB em 20/05/2020. Impor o Princípio da Razoabilidade na aplicação da Lei no 13.457/2017, que institucionalizou a alta médica programada, é a medida adequada quando a DCB for fixada judicialmente. 20.O STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Por esse motivo, fica restabelecida a sistemática vigente anterior ao advento da Lei 11.960/2009, que prevê atualização monetária pelo INPC, mantendo-se a taxa de juros de mora no mesmo patamar da caderneta de poupança (0,5% a.m ou 70% da taxa Selic, conforme o caso). 21.Recurso inominado parcialmente provido para reformar a sentença recorrida, ao tempo em que: a) determino ao INSS que proceda à imediata concessão do benefício de auxílio-doença (NB 629.158.199-3), com DIP em 01/03/2020, DIB em 14/08/2019, DCB em 20/05/2020 e renda mensal inicial (RMI) calculada com base nos salários de contribuição consignados no banco de dados do CNIS, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei no 8.213/91, observado o § 10 do referido artigo, independentemente de trânsito em julgado, acolhendo-se o melhor da regra encartada no caput do art. 4o da Lei n.o 10.259/2001, c/c o art. 497 do CPC, no prazo de 10 (dez) dias, contados da efetiva intimação do presente acórdão, sob pena de fixação de multa-diária no valor de R$ 100,00 (cem reais), a ter início a partir do décimo primeiro dia da efetiva intimação do presente acórdão. b) determinar que o INSS realize o pagamento, mediante RPV, das parcelas retroativas à data do requerimento administrativo (DER 14/08/2019), corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de mora desde a citação, fixando os juros no mesmo patamar da caderneta de poupança e correção monetária pelo INPC, segundo cálculo de liquidação a ser elaborado, oportunamente, no Juízo da Execução; c) tanto que transitado em julgado o presente acórdão, expeça-se RPV; d) sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal no 9.099/95; Enunciado 97/FONAJEF). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, POR UNANIMIDADE, em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator.
794
2,121
0
0
6-AL
1
89.723704
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de pedido de concessão de APOSENTADORIA POR INVALIDEZ e, sucessivamente, de AUXÍLIO-DOENÇA, cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge o INSS ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente qualidade de segurado no momento da incapacidade. Passo a fundamentar e decidir. URL mérito, o direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do art. 59 da Lei Federal n° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, a teor do art. 42 da Lei Federal n° 8.213/91. 2.Objetivando uma avaliação médica do estado físico da parte autora, foi determinada a realização de prova pericial que, após detalhado exame clínico e análise dos documentos trazidos aos autos, concluiu que é ela portadora de Espondilose lombar CID 10 M 47, estando incapaz temporariamente para atividade habitual a partir de 14/08/2019. 3.Sendo certo que o autor encontra-se acometida de incapacidade laboral, resta saber se, no momento em que foi acometida pela incapacidade, havia tinha qualidade de segurado, condição indispensável para que a mesma obtenha o benefício aqui perseguido. URL efeito, depreende-se da análise dos documentos colacionados aos autos que o demandante foi filiado à Previdência Social, como beneficiário de um auxílio-doença, até 24/10/2016, voltando a recolher aos cofres públicos como contribuinte individual, com alíquota de 5%, nos períodos de 02/2018 a 10/2018 e 12/2018 a 02/2019. 5.No tocante às contribuições como contribuinte individual, com alíquota de 5%, deve ser observado o que reza o art. 21, e parágrafos, da Lei n° 8.212/91: Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo salário-de-contribuição. (...) § 2oNo caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de: I - 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte individual, ressalvado o disposto no inciso II, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto na alínea b do inciso II deste parágrafo; II - 5% (cinco por cento): a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente à família de baixa renda. (...) § 4oConsidera-se de baixa renda, para os fins do disposto na alínea b do inciso II do § 2o deste artigo, a família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários mínimos. (...) (Grifei) 6.Primeiramente, depreende-se da leitura do dispositivo acima mencionado que o contribuinte individual deve contribuir com a alíquota de 20% (vinte por cento) sobre o respectivo salário-de-contribuição. 7.Entretanto, existe a previsão legislativa de redução dessa alíquota para 5% (cinco por cento) nos casos de segurado facultativo sem renda própria, desde que pertencente à família de baixa renda, considerando como tal apenas aqueles cuja família seja inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico ou de microempreendedor individual. 8.Compulsando os autos, verifico que o demandante verteu contribuições à Previdência Social com alíquota de 5% sobre o limite mínimo mensal de salário de contribuição nos períodos de 02/2018 a 10/2018 e 12/2018 a 02/2019. 9.Assim, deveria o autor ter comprovado sua condição de microempreendedor para tornar válidas as contribuições com alíquota de 5%, tendo em vista o registro no CNIS como contribuinte individual, bem como a declaração ao perito do INSS de que é dono de padaria (anexo 14, p. 4), o que não ocorreu nos presentes autos. 10.Nesses termos, o demandante não mais tinha a qualidade de segurado quando foi acometido pela incapacidade em 08/2019, uma vez que, sendo beneficiário de um auxílio-doença até 24/10/2016, o período de graça foi até 15/12/2017, último dia para o pagamento da competência 11/2017. 11.Diante do exposto, e por se fazer necessário o atendimento aos requisitos elencados em lei para gozar de um benefício previdenciário, conclui-se que é indevida a concessão do auxílio-doença ora requerido, e da mesma forma a conversão em aposentadoria por invalidez, visto que não preencheu o autor os requisitos estabelecidos em lei para tanto. 12.Por todo o exposto, julgo improcedente o pedido da parte autora. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal n.o 9.099/95). 13.Intimem-se. Maceió, 12 de dezembro de 2019. GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
PROVIMENTO
0503301-05.2019.4.05.8002
2019-05-24 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-11 11:25:05
Sentença - Procedente
2020-03-27T15:11:35
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL008796
SENTENÇA Trata-se de pedido de restabelecimento de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez, no qual se requer, ainda, o pagamento de parcelas retroativas. Fundamento e decido. Tem-se que o benefício pretendido está regulado nos artigos 59 e seguintes da Lei n.o 8.213/91, que demandam os seguintes requisitos: a) incapacidade para o seu trabalho ou para a atividade habitual; b) qualidade de segurado na data do início da incapacidade (art. 59, caput); e c) carência, nos termos do art. 25, inciso I, da Lei n.o 8.213/91, salvo as hipóteses previstas no inciso II, do art. 26 do mesmo Diploma Legal. Em relação à incapacidade para o trabalho, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos (doc. 27), a parte autora encontra-se incapacitada ao seu labor habitual a partir da data 16/04/18. Diante das informações contidas no laudo médico pericial, verifico que restou demonstrada a incapacidade ao labor em momento anterior ao requerimento administrativo (doc. 2). No que concerne ao preenchimento dos requisitos necessários à obtenção do benefício pleiteado, o INSS, ao propor acordo no doc. 32, reconheceu, explicitamente, a qualidade de segurado da parte autora, bom como a carência. À visto do exposto, resolvo o mérito com fulcro no art. 487, I, do Código de Processo Civil e JULGO PROCEDENTE O PEDIDO formulado pela parte autora para: a) determinar ao INSS que restabeleça à parte autora o benefício discriminado a seguir: Auxílio doença, NB 623.114.045-1, com DIP em 01/12/2019, RMI e Renda Mensal Atual conforme planilha(s) em anexo, parte(s) integrante desta sentença. b) condenar o INSS ao pagamento dos valores retroativos desde a cessação do benefício, em 20/11/2018 (DIB, doc. 6), excluídas as parcelas vencidas há mais de 05 (cinco) anos do ajuizamento da ação, conforme planilha(s) em anexo, parte(s) integrante desta sentença. Sobre as parcelas pretéritas deverão incidir correção monetária desde o vencimento de cada prestação pelo INPC e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos da redação conferida ao art. 1o-F da Lei n. 9.494/97, determinado pelo art. 5o da Lei n. 11.960/09. Sem despesas processuais e honorários (art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c os art. 55 da Lei no 9.099/95, e art. 4oda Lei no 9.286/96). Comino à parte autora a obrigação de submeter-se ao processo de reabilitação eventualmente proposto pela autarquia, desde que ela seja regularmente notificada por escrito do início dos trabalhos; advertindo-a que o benefício poderá ser cessado em caso de negativa de submissão ao processo de reabilitação, desde que haja comprovação da notificação para o seu início, bem como daquela em razão de eventual falta sua, oportunidade para a parte demandante justificar seu não comparecimento, e decisão da autarquia; tudo documentado em processo administrativo regular. Faculto à autarquia submeter à parte autora a novas perícias, a fim de constatar a cessação da incapacidade, sua persistência ou a permanência da moléstia, visando a fazer cessar o benefício, prorrogá-lo ou convertê-lo em auxílio-acidente, ou aposentadoria por invalidez, conforme o caso. Tendo em vista a ausência de fixação de DCB pelo perito, será ela de 120 dias, salvo pedido de prorrogação, conforme art. 60, § 8o e 9o da Lei 8.213/91. Defiro os benefícios da assistência judiciária gratuita, com fulcro no art. 4o da Lei 1.060/50. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte recorrida para contrarrazões, no prazo legal. Após, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Autorizo, desde já, o destaque dos honorários contratuais, desde que limitados a 50% (cinqüenta por cento) do valor total da liquidação. Observe-se que a retenção dos honorários advocatícios exige a juntada do respectivo contrato antes da expedição da RPV. Certificado o trânsito em julgado, expeça-se RPV para pagamento do valor devido. Caso o montante a ser requisitado supere o valor equivalente a sessenta salários-mínimos, intime-se a parte autora para, querendo, renunciar ao excedente, viabilizando a expedição da RPV. Se não houver renúncia, expeça-se Precatório, observando-se o disposto no art. 100, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional no 62/09. Intimem-se as partes. Oportunamente, arquivem-se. Providências necessárias.
PROCESSO No 0503301-05.2019.4.05.8002 RECORRENTE: CÍCERO GOMES DA SILVA IRMÃO RECORRIDO: INSS MAGISTRADO SENTENCIANTE: ROSMAR ANTONNI RODRIGUES CAVALCANTI DE ALENCAR DADOS: 54 anos, 5a série, Ibateguara/AL PROFISSÃO DECLARADA: Agricultor DIAGNÓSTICO: – Lombalgia com radiculopatia crônica (M51.1) VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA COM CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARCIAL EQUIPARADA À TOTAL. INCAPACIDADE permanente PARA ATIVIDADE LABORAL ASSOCIADA A OUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS FAVORÁVEIS À CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DO AUTOR PROVIDO. 1. Recurso inominado da parte autora em face de sentença que julgou parcialmente procedente a pretensão autoral, tendo determinado concessão de auxílio-doença, com DCB em 120 dias. Pretensão recursal fundamentada no argumento de que o recorrente tem direito à aposentadoria por invalidez, tendo em vista que o perito concluiu pela incapacidade permanente para a função habitual. 2. A aposentadoria por invalidez será deferida ao segurado que for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição, conforme prescreve o art. 42 da Lei no 8.213/91. 3. A discussão cinge-se quanto à extensão da incapacidade diagnosticada pela perícia judicial, isto é, se a incapacidade aferida poderia ensejar ou não o benefício da aposentadoria por invalidez. 4. Hipótese em que a perícia médica judicial atestou que o demandante é portador de Lombalgia com radiculopatia crônica, encontrando-se permanentemente incapaz para a atividade habitual, podendo submeter-se a programa de reabilitação, desde que para atividades que não causem sobrecarga na coluna. 5. Destarte, diante da constatação de incapacidade parcial, assim preceitua o Enunciado no 47 da Súmula TNU: “Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez”. 6. Assim sendo, entendo ser inviável, no presente caso, que o autor tenha condições de retornar ao mercado de trabalho, seja pela gravidade da patologia que o acomete, a ponto de o incapacita-lo permanentemente para a atividade que habitualmente exercia, seja pela idade relativamente avançada (54 anos), seja pela baixa escolaridade (ensino fundamental incompleto), seja, ainda, por residir em cidade do interior do Estado. Desta forma, considerando o entendimento da Turma Nacional de Uniformização, abarcado por esta Turma Recursal, a incapacidade parcial deve ser equiparada à total, fazendo jus ao benefício de Aposentadoria por invalidez, merecendo reforma a sentença nesse ponto. 7. Recurso do autor provido, para determinar a conversão do auxílio-doença, já concedido na sentença, em aposentadoria por invalidez, assinando o prazo de 15 dias para o cumprimento desta decisão, sob pena de fixação de multa diária, que, desde já, fixo em R$ 200,00 (duzentos reais). Intime-se o INSS para o cumprimento da obrigação de fazer. 8. Sem condenação em honorários, vez que não houve recorrente vencido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR, nos termos do voto do Relator. SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
665
500
0
0
7-AL
1
200.77853
PROVIMENTO
PROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de pedido de restabelecimento de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez, no qual se requer, ainda, o pagamento de parcelas retroativas. Fundamento e decido. Tem-se que o benefício pretendido está regulado nos artigos 59 e seguintes da Lei n.o 8.213/91, que demandam os seguintes requisitos: a) incapacidade para o seu trabalho ou para a atividade habitual; b) qualidade de segurado na data do início da incapacidade (art. 59, caput); e c) carência, nos termos do art. 25, inciso I, da Lei n.o 8.213/91, salvo as hipóteses previstas no inciso II, do art. 26 do mesmo Diploma Legal. Em relação à incapacidade para o trabalho, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos (doc. 27), a parte autora encontra-se incapacitada ao seu labor habitual a partir da data 16/04/18. Diante das informações contidas no laudo médico pericial, verifico que restou demonstrada a incapacidade ao labor em momento anterior ao requerimento administrativo (doc. 2). No que concerne ao preenchimento dos requisitos necessários à obtenção do benefício pleiteado, o INSS, ao propor acordo no doc. 32, reconheceu, explicitamente, a qualidade de segurado da parte autora, bom como a carência. À visto do exposto, resolvo o mérito com fulcro no art. 487, I, do Código de Processo Civil e JULGO PROCEDENTE O PEDIDO formulado pela parte autora para: a) determinar ao INSS que restabeleça à parte autora o benefício discriminado a seguir: Auxílio doença, NB 623.114.045-1, com DIP em 01/12/2019, RMI e Renda Mensal Atual conforme planilha(s) em anexo, parte(s) integrante desta sentença. b) condenar o INSS ao pagamento dos valores retroativos desde a cessação do benefício, em 20/11/2018 (DIB, doc. 6), excluídas as parcelas vencidas há mais de 05 (cinco) anos do ajuizamento da ação, conforme planilha(s) em anexo, parte(s) integrante desta sentença. Sobre as parcelas pretéritas deverão incidir correção monetária desde o vencimento de cada prestação pelo INPC e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos da redação conferida ao art. 1o-F da Lei n. 9.494/97, determinado pelo art. 5o da Lei n. 11.960/09. Sem despesas processuais e honorários (art. 1o da Lei no 10.259/01 c/c os art. 55 da Lei no 9.099/95, e art. 4oda Lei no 9.286/96). Comino à parte autora a obrigação de submeter-se ao processo de reabilitação eventualmente proposto pela autarquia, desde que ela seja regularmente notificada por escrito do início dos trabalhos; advertindo-a que o benefício poderá ser cessado em caso de negativa de submissão ao processo de reabilitação, desde que haja comprovação da notificação para o seu início, bem como daquela em razão de eventual falta sua, oportunidade para a parte demandante justificar seu não comparecimento, e decisão da autarquia; tudo documentado em processo administrativo regular. Faculto à autarquia submeter à parte autora a novas perícias, a fim de constatar a cessação da incapacidade, sua persistência ou a permanência da moléstia, visando a fazer cessar o benefício, prorrogá-lo ou convertê-lo em auxílio-acidente, ou aposentadoria por invalidez, conforme o caso. Tendo em vista a ausência de fixação de DCB pelo perito, será ela de 120 dias, salvo pedido de prorrogação, conforme art. 60, § 8o e 9o da Lei 8.213/91. Defiro os benefícios da assistência judiciária gratuita, com fulcro no art. 4o da Lei 1.060/50. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte recorrida para contrarrazões, no prazo legal. Após, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Autorizo, desde já, o destaque dos honorários contratuais, desde que limitados a 50% (cinqüenta por cento) do valor total da liquidação. Observe-se que a retenção dos honorários advocatícios exige a juntada do respectivo contrato antes da expedição da RPV. Certificado o trânsito em julgado, expeça-se RPV para pagamento do valor devido. Caso o montante a ser requisitado supere o valor equivalente a sessenta salários-mínimos, intime-se a parte autora para, querendo, renunciar ao excedente, viabilizando a expedição da RPV. Se não houver renúncia, expeça-se Precatório, observando-se o disposto no art. 100, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional no 62/09. Intimem-se as partes. Oportunamente, arquivem-se. Providências necessárias
PROVIMENTO
0529040-44.2019.4.05.8013
2019-09-10 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2020-02-05 10:26:59
Sentença - Procedente
2020-03-27T15:11:35
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL010903
SENTENÇA Trata-se de ação de rito sumaríssimo proposta em face do INSS postulando a concessão do benefício auxílio-doença c/c aposentadoria por invalidez, bem como, o pagamento das prestações vencidas desde a data do requerimento administrativo. Fundamento e decido. O benefício de auxílio-doença tem como pressupostos o cumprimento da carência exigida pela lei previdenciária e a incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, consoante dicção do art. 59 da Lei n.o 8.213/91. A aposentadoria por invalidez, por sua vez, “será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição” (Art. 42 da Lei n. 8.213/91). Foi produzida prova pericial como forma de garantir o respaldo técnico necessário ao convencimento deste Magistrado acerca de seu quadro clínico. Após minucioso exame, o(a) perito(a) concluiu que a parte se encontra incapacitada para o trabalho, por apresentar Artrose não especificada. Aos quesitos formulados, o(a) perito(a) respondeu que, verbis: “4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? R: não, encontra-se incapaz mediante exame físico e complementar indicarem artrose. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/ deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? R: o abandono ao tratamento. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? R: sim, em conformidade com as restrições apresentadas. 7) O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? R: sim, não necessita de assistência ou supervisão para as atividades diárias. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? R: a incapacidade permanente se deu a partir de 25/04/2019, em conformidade com o exame que segue nos autos, sendo posterior a cessação do auxílio.” (Anexo 27) (grifei) Intimadas, as partes não impugnaram o resultado do laudo pericial, no que indiscutível a comprovação do requisito da incapacidade do autor, bem assim o caráter permanente para o exercício de sua atividade habitual (técnica de enfermagem). Afirmou a perícia, ainda, que o retorno ao mercado de trabalho está condicionado à reabilitação profissional. No caso, entendo que se aplica, por analogia, o disposto no parágrafo único do Art. 46 do Decreto 3048/99 (segundo o qual “... o aposentado por invalidez fica obrigado, sob pena de sustação do pagamento do benefício, a submeter-se a exames médico-periciais, a realizarem-se bienalmente”), para o fim de determinar a implantação do benefício pelo prazo de 02 anos. A respeito da qualidade de segurado, temos que a autora, na data de início da incapacidade, estava em gozo de período de graça, vez que o auxílio-doença implantado administrativamente findou em 09/2018, conforme registrado no CNIS (Anexo 24). Por fim, sendo início da incapacidade posterior à data do ato impugnado, os retroativos são devidos a partir do ajuizamento da ação. Em vista do exposto, julgo PROCEDENTE a demanda para condenar o INSS a: a) conceder o benefício AUXÍLIO-DOENÇA em favor da parte autora, com DIP em 1o/02/2020 e DCB em 01/02/2022; b) em razão da natureza alimentícia da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10 dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15 dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00, em desfavor da pessoa jurídica de direito público; c) condeno o réu ao pagamento de parcelas retroativas, corrigidas monetariamente pelo INPC e acrescidas de juros de mora no mesmo patamar da caderneta de poupança, contados da data da citação, considerando, a partir de 18/04/2019, nos termos da planilha de cálculos anexa, que passa a fazer parte integrante desta sentença; d) condeno o réu ao pagamento dos honorários periciais; e) defiro as benesses da AJG. Sem custas processuais, nem honorários advocatícios (art. 1o da Lei n.o 10.259/2001 c/c os art. 55 da Lei n.o 9.099/95, e art. 4o da Lei n.o 9.289/96). Intimem-se.
PROCESSO No529040-44.2019.4.05.8013 RECORRENTE: INSS RECORRIDO:MARIA WILZA PEREIRA PITOMBEIRA MAGISTRADO SENTENCIANTE: Roney Raimundo Leão Otílio VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA COM CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE COMPROVADA.APÓS A DCB. LAUDO PERICIAL. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE.RETROATIVOS AO AJUIZAMENTO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO PROVIDO. 1. O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, entre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do que dispõe o artigo 59 da Lei Federal n.° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, nos termos do artigo 42 da Lei n.° 8.213 de 1991. 2. A mera existência de limitações ao exercício laboral não constitui, por si só, direito subjetivo ao benefício auxílio-doença ou mesmo à aposentadoria por invalidez, sendo reclamada pela legislação de regência (Lei Federal n.o 8.213/91) a existência de incapacidade laboral relativa (à função habitual) ou absoluta (a qualquer atividade). 3. Sentença de procedência fundamentada na existência de incapacidade temporária, com retroativos 18/04/2019. 4. Razões do recurso amparada, em síntese, na alegação de inexistência de que o perito atestou incapacidade em momento posterior à cessação, de modo que os retroativos devem se limitar ao ajuizamento da demanda. 5. Hipótese em que o laudo pericial constatou que a parte autora encontra-se incapaz para exercer sua atividade habitual, bem como de prover dignamente o seu próprio sustento. Destacou a expert em seu laudo: “(...) 4 - O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? não, encontra-se incapaz mediante exame físico e complementar indicarem artrose. 6. Considerando que o expert atestou de forma clara e objetiva que o periciado encontra-se incapaz de exercer sua função habitual, faz jus ao benefício de auxílio doença. 7. Em relação aos retroativos, o perito, nas conclusões, atestou incapacidade a partir de 25/04/2019, ao passo em que a cessação do benefício remonta a 18/09/2018. Assim, como a incapacidade foi atestada após a DCB, fixo a data do ajuizamento (10/09/2019) como data limite para pagamento de parcelas pretéritas, seguindo entendimento dessa Turma Recursal sobre a matéria. 8.Quanto aos juros, o STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Por esse motivo, fica restabelecida a sistemática vigente anterior ao advento da Lei 11.960/2009, que prevê atualização monetária pelo INPC, mantendo-se a taxa de juros de mora no mesmo patamar da caderneta de poupança (0,5% a.m ou 70% da taxa Selic, conforme o caso). 9. No mais, considerando a petição autoral constante do anexo 32, determino que o INSS promova a IMEDIATA IMPLANTAÇÃO do benefício, sob pena de aplicação de multa diária. 9. Recurso provido para limitar o pagamento das parcelas retroativas à data do ajuizamento da demanda DAA (10.09.2019), corrigidas monetariamente e acrescidas dos juros legais, conforme planilha a ser elaborada no juízo de execução. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
770
597
0
0
9-AL
1
148.014572
PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação de rito sumaríssimo proposta em face do INSS postulando a concessão do benefício auxílio-doença c/c aposentadoria por invalidez, bem como, o pagamento das prestações vencidas desde a data do requerimento administrativo. Fundamento e decido. O benefício de auxílio-doença tem como pressupostos o cumprimento da carência exigida pela lei previdenciária e a incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, consoante dicção do art. 59 da Lei n.o 8.213/91. A aposentadoria por invalidez, por sua vez, “será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição” (Art. 42 da Lei n. 8.213/91). Foi produzida prova pericial como forma de garantir o respaldo técnico necessário ao convencimento deste Magistrado acerca de seu quadro clínico. Após minucioso exame, o(a) perito(a) concluiu que a parte se encontra incapacitada para o trabalho, por apresentar Artrose não especificada. Aos quesitos formulados, o(a) perito(a) respondeu que, verbis: “4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? R: não, encontra-se incapaz mediante exame físico e complementar indicarem artrose. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/ deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? R: o abandono ao tratamento. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? R: sim, em conformidade com as restrições apresentadas. 7) O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? R: sim, não necessita de assistência ou supervisão para as atividades diárias. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? R: a incapacidade permanente se deu a partir de 25/04/2019, em conformidade com o exame que segue nos autos, sendo posterior a cessação do auxílio.” (Anexo 27) (grifei) Intimadas, as partes não impugnaram o resultado do laudo pericial, no que indiscutível a comprovação do requisito da incapacidade do autor, bem assim o caráter permanente para o exercício de sua atividade habitual (técnica de enfermagem). Afirmou a perícia, ainda, que o retorno ao mercado de trabalho está condicionado à reabilitação profissional. No caso, entendo que se aplica, por analogia, o disposto no parágrafo único do Art. 46 do Decreto 3048/99 (segundo o qual “... o aposentado por invalidez fica obrigado, sob pena de sustação do pagamento do benefício, a submeter-se a exames médico-periciais, a realizarem-se bienalmente”), para o fim de determinar a implantação do benefício pelo prazo de 02 anos. A respeito da qualidade de segurado, temos que a autora, na data de início da incapacidade, estava em gozo de período de graça, vez que o auxílio-doença implantado administrativamente findou em 09/2018, conforme registrado no CNIS (Anexo 24). Por fim, sendo início da incapacidade posterior à data do ato impugnado, os retroativos são devidos a partir do ajuizamento da ação. Em vista do exposto, julgo PROCEDENTE a demanda para condenar o INSS a: a) conceder o benefício AUXÍLIO-DOENÇA em favor da parte autora, com DIP em 1o/02/2020 e DCB em 01/02/2022; b) em razão da natureza alimentícia da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10 dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15 dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00, em desfavor da pessoa jurídica de direito público; c) condeno o réu ao pagamento de parcelas retroativas, corrigidas monetariamente pelo INPC e acrescidas de juros de mora no mesmo patamar da caderneta de poupança, contados da data da citação, considerando, a partir de 18/04/2019, nos termos da planilha de cálculos anexa, que passa a fazer parte integrante desta sentença; d) condeno o réu ao pagamento dos honorários periciais; e) defiro as benesses da AJG. Sem custas processuais, nem honorários advocatícios (art. 1o da Lei n.o 10.259/2001 c/c os art. 55 da Lei n.o 9.099/95, e art. 4o da Lei n.o 9.289/96). Intimem-se
PROVIMENTO
0522433-15.2019.4.05.8013
2019-07-17 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-22 14:55:41
Sentença - Improcedência.
2020-03-27T15:11:35
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL012463
SENTENÇA Vistos etc. Trata-se de pedido de concessão de AUXÍLIO-DOENÇA, com sua conversão em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, caso seja reconhecida a incapacidade permanente para o trabalho, e de pagamento de parcelas alegadas vencidas. Essa é a síntese do relatório. Fundamento, para decidir. 1.No mérito, consoante dispõe o art. 59 da Lei no 8.213/91 (Lei de Benefícios da Previdência Social), o auxílio-doença será devido ao segurado que, uma vez tendo cumprido o período de carência legalmente previsto, resta incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. 2.Por sua vez, o direito à percepção de aposentadoria por invalidez pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, a teor do que dispõe o art. 42 da Lei de Benefícios supra. 3.No caso dos autos, foi determinada a realização de perícia médica em juízo, a qual, após detalhado exame clínico e análise dos documentos aduzidos, diagnosticou que a parte autora apresenta quadro de Osteófito (CID 10: M 25.7), Transtornos dos discos intervertebrais lombares (CID 10: M 51) e Transtornos dos discos intervertebrais cervicais (CID 10: M 50), estando temporariamente incapaz por 12 (doze) meses para o exercício de atividades laborais, cf. laudo médico pericial anexado sob no 30. 4.No que diz respeito à data de início da incapacitação, destaco que o expert de confiança à disposição deste Juízo é enfático ao informar que a incapacidade da parte autora é posterior à DER (17/05/2018). É o que se extrai da resposta conferida ao quesito no 8, do referido laudo médico pericial. 5.Contudo, verifico, da análise da prova anexada sob no 25, que a parte demandante manteve a qualidade de segurada do RGPS até 31/10/2018, a teor do que prevê o art. 15, II, do citado Diploma de Benefícios Previdenciários, perdendo-a em 16/12/2018, cf. se infere da aplicação do que dispõe o § 4o do referenciado dispositivo da LBPS, isto posto não mais a ostentando à DII aferida em juízo (28/02/2019). Demais disso, observo que cumpriu a carência exigida pelo art. 25, I, da Lei no 8.213/91. 6.Com isso, observo que não resta adimplido um dos 03 (três) requisitos cumulativos legalmente previstos à concessão do benefício ora pleiteado. 7.Por todo o exposto, julgo improcedentes as pretensões deduzidas em juízo. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei no 9.099/95). 8.Intimem-se. Maceió, 22 de novembro de 2019. GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
PROCESSO No 0522433-15.2019.4.05.8013 RECORRENTE: CLAUDECI DOS SANTOS RECORRIDO: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE: GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES DADOS: 63 anos, 4a série do 1o grau,Maceió/AL PROFISSÃO DECLARADA: Motorista DIAGNÓSTICO: Osteófito (CID 10: M 25.7), Transtornos dos discos intervertebrais lombares (CID 10: M 51) e Transtornos dos discos intervertebrais cervicais (CID 10: M 50) PERÍCIA: 23/08/2019 – anexo 30 DII: 28/02/2019 DCB: 23/08/2020 DER: 17/05/2018 Último vínculo: 09/2017 – anexo 25 Benefício: 27/02/2017 a 04/09/2017- anexo 25, pág. 1 Ajuizamento: 17/07/2019 VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA COM CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA ATESTADA POR PERÍCIA JUDICIAL. QUALIDADE DE SEGURADO COMPROVADA.120 CONTRIBUIÇÕES SEM A PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. EXISTÊNCIA. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA PREVISTO NO ART. 15, § 1o, DA LEI 8.213/91.SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA REFORMADA.RECURSO INOMINADO PROVIDO. 1. Recurso inominado interposto contra sentença que julgou improcedentes os pedidos da parte autora, por entender que o autor, quando da data do início da incapacidade – DII, não mais possuía a qualidade de segurado. 2. Pretensão recursal da parte autora, amparada, em síntese, na alegação de que o autor detinha a qualidade de segurado, quando do surgimento da incapacidade, uma vez que,teria percebido seguro-desemprego além de possuirmais de 120 contribuições sem a perda da qualidade de segurado,conservando a qualidade de segurado até 16/12/2019. 3.O direito ao auxílio-doença pressupõe: a) condição de segurado; b) cumprimento da carência de doze contribuições mensais, salvo nos casos previstos no art. 26, II; c) incapacidade para o trabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos (art. 59 da Lei n° 8.213/91). A concessão da aposentadoria por invalidez depende da comprovação da incapacidade e da impossibilidade de reabilitação para exercício de atividade que garanta a subsistência, nos termos do art. 42 da Lei no 8.213. 4. A mera existência de limitações ao exercício laboral não constitui, por si só, direito subjetivo ao auxílio-doença ou mesmo à aposentadoria por invalidez, sendo reclamada pela legislação de regência (Lei Federal n.o 8.213/91) a existência de incapacidade laboral relativa (à função habitual) ou absoluta (a qualquer atividade). 5.A incapacidade da parte autora restou superada, tendo em vista que o laudo pericial acostado aos autos, documento eletrônico no 30, declara ser esta portadora da patologia Osteófito (CID 10: M 25.7), Transtornos dos discos intervertebrais lombares (CID 10: M 51) e Transtornos dos discos intervertebrais cervicais (CID 10: M 50) , ficando evidenciada sua incapacidade para o trabalho, por um período de 12 meses, a partir da perícia, realizada em 23/08/2019, com fixação da Data do Início da Incapacidade em 28/02/2019. 6. Controvertida a qualidade de segurado do autor, à época da DII – data do início de incapacidade, em 28/02/2019, uma vez que o magistrado teria entendido que esta apenas se manteve até 16/12/2018. 7. Dispões o art. 15 da Lei no 8.213/91, a seguir transcrito que: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: (...) II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; (...) § 1o O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2o Os prazos do inciso II ou do § 1o serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. (...) § 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.” 8. No caso concreto, da documentação colacionada aos autos, em especial a CTPS eCNIS constante dos documentos eletrônicos no 07 e 11, é possível inferir que ocorreram mais de cento vinte contribuições mensais ininterruptas, o que, de pronto, implica a incidência do § 1o do art. 15 da Lei no 8.213/91 à espécie. 9. Desse modo, de acordo com a regra de extensão do supramencionado art. 15, II e §1o da lei no 8.213/91 e considerando que o termo inicial do período de graça não será a data de cessação do exercício de atividade laborativa remunerada, e sim o dia seguinte à data máxima de recolhimento da contribuição previdenciária não promovida, o autor terá mantida a sua qualidade de segurado até 15/11/2019, data posterior a incapacidade que foi constatada pelo expertem 28/02/2019 e ao ajuizamento da ação em 17/07/2019. 10. Assim, em que pese a negativa do pleito autoral, pelo magistrado a quo, sob a fundamentação de que a parte autora não restara com qualidade de segurada no momento do início da incapacidade verificada pelo perito judicial, em 28/02/2019, é importante observar todo o arcabouço probatório, que comprova que no período em que o autor teve por início sua incapacidade ainda possuía a qualidade de segurado, merecendo reparos o julgado a quo. 11. No mais, considerando que o expert fixou de forma clara e objetiva que o periciado encontra-se incapaz de exercer sua função habitualpor um período de 12 meses para tratamento, necessária a fixação da data da cessação do benefício – DCB – em 23/08/2020. 12. No que se refere à correção monetária, o STF, na Sessão Plenária do dia 20 de setembro de 2017, no julgamento do RE 870.947, firmou a tese de que o artigo 1o-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. Portanto, deve-se aplicar o INPC como índice de correção monetária na espécie e juros moratórios no mesmo patamar da caderneta de poupança. 13. Recurso provido para: a) determinar a concessão IMEDIATA do benefício de auxílio-doença à parte autora, com DIP em 01/03/2019 e DCB em 23/08/2020, assinando prazo de 10 dias para cumprimento, contados da efetiva intimação do presente acórdão, sob pena de fixação de multa-diária. b) condenar o INSS ao pagamento, mediante RPV, das parcelas retroativas a partir do ajuizamento da ação (17/07/2019), observada a prescrição quinquenal, corrigidas monetariamente e acrescidas dos juros legais, conforme planilha a ser elaborada pelo juízo da Execução. c) transitado em julgado o acórdão, expeça-se RPV. d) sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei Federal no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei no 10.259/2001). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO nos termos do voto do Relator. SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA JUIZ FEDERAL RELATOR Período:Modo:Total normal:Acréscimo:Somatório: 01/01/2004 a 28/02/2005normal1 a 1 m 28 dnão há1 a 1 m 28 d 01/04/2005 a 30/04/2005normal0 a 1 m 0 dnão há0 a 1 m 0 d 01/04/2006 a 31/08/2006normal0 a 3 m 0 dnão há0 a 3 m 0 d 01/09/2006 a 28/02/2010normal3 a 5 m 28 dnão há3 a 5 m 28 d 01/03/2011 a 30/11/2012normal1 a 9 m 0 dnão há1 a 9 m 0 d 01/12/2013 a 31/10/2014normal0 a 11 m 0 dnão há0 a 11 m 0 d 01/11/2014 a 30/11/2014normal0 a 1 m 0 dnão há0 a 1 m 0 d 01/12/2014 a 30/09/2015normal0 a 10 m 0 dnão há0 a 10 m 0 d
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128.132419
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de pedido de concessão de AUXÍLIO-DOENÇA, com sua conversão em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, caso seja reconhecida a incapacidade permanente para o trabalho, e de pagamento de parcelas alegadas vencidas. Essa é a síntese do relatório. Fundamento, para decidir. URL mérito, consoante dispõe o art. 59 da Lei no 8.213/91 (Lei de Benefícios da Previdência Social), o auxílio-doença será devido ao segurado que, uma vez tendo cumprido o período de carência legalmente previsto, resta incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. 2.Por sua vez, o direito à percepção de aposentadoria por invalidez pressupõe, dentre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, a teor do que dispõe o art. 42 da Lei de Benefícios supra. URL caso dos autos, foi determinada a realização de perícia médica em juízo, a qual, após detalhado exame clínico e análise dos documentos aduzidos, diagnosticou que a parte autora apresenta quadro de Osteófito (CID 10: M 25.7), Transtornos dos discos intervertebrais lombares (CID 10: M 51) e Transtornos dos discos intervertebrais cervicais (CID 10: M 50), estando temporariamente incapaz por 12 (doze) meses para o exercício de atividades laborais, cf. laudo médico pericial anexado sob no 30. 4.No que diz respeito à data de início da incapacitação, destaco que o expert de confiança à disposição deste Juízo é enfático ao informar que a incapacidade da parte autora é posterior à DER (17/05/2018). É o que se extrai da resposta conferida ao quesito no 8, do referido laudo médico pericial. 5.Contudo, verifico, da análise da prova anexada sob no 25, que a parte demandante manteve a qualidade de segurada do RGPS até 31/10/2018, a teor do que prevê o art. 15, II, do citado Diploma de Benefícios Previdenciários, perdendo-a em 16/12/2018, cf. se infere da aplicação do que dispõe o § 4o do referenciado dispositivo da LBPS, isto posto não mais a ostentando à DII aferida em juízo (28/02/2019). Demais disso, observo que cumpriu a carência exigida pelo art. 25, I, da Lei no 8.213/91. 6.Com isso, observo que não resta adimplido um dos 03 (três) requisitos cumulativos legalmente previstos à concessão do benefício ora pleiteado. 7.Por todo o exposto, julgo improcedentes as pretensões deduzidas em juízo. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei no 9.099/95). 8.Intimem-se. Maceió, 22 de novembro de 2019. GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
PROVIMENTO
0506003-18.2019.4.05.8003
2019-10-26 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-30 21:06:55
Sentença - sentença extintiva falta de prova material
2020-03-27T15:14:05
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
DENIS SOARES FRANÇA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
1
AL015945
SENTENÇA Cuida-se de ação proposta por meio do procedimento dos Juizados Especiais Federais por meio da qual pretende a parte autora receber o benefício de salário-maternidade, na condição de segurada especial. Considerados os termos em que proposta a ação, deve-se reconhecer que o processo deve ser extinto sem resolução de mérito, em razão da ausência de início de prova material, como se passa a demonstrar. A existência de início de prova material em processos como o presente constitui pressuposto processual de validade nos casos em que se pleiteia benefício previdenciário rural, conforme orientação do STJ e do TRF da 5a Região. É cediço que as questões ligadas ao juízo de admissibilidade do processo, que pode ser positivo, negativo ou neutro, constituem matéria de ordem pública, suscetíveis de cognição ex officio pelo juiz. Nessa linha, não se desconhece que o art. 10 do CPC/2015 prevê que nas questões de ordem pública o juiz, antes de decidir, deve franquear o prévio contraditório às partes para que estas possam exercer o poder de influência na formação da decisão, como corolário da dimensão substancial do contraditório, que consagra o princípio da não-surpresa. No entanto, por força dos princípios da celeridade e da informalidade (art. 2o da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/2001), o art. 10 do CPC/2015 deve ser feira com temperamentos, não se aplicando em diversas situações no âmbito dos Juizados Especiais, conforme preceitua o Enunciado n.o 160 do FONAJEF: "Não causa nulidade a não-aplicação do art. 10 do NCPC e do art. 487, parágrafo único, do NCPC nos juizados, tendo em vista os princípios da celeridade e informalidade". Com essas razões, afastada a aplicabilidade do art. 10 do CPC/2015, passo a analisar relevante questão de ordem pública de ofício nos autos. No ano de 2016, em sede de recursos repetitivos, o STJ firmou orientação no sentido de que a existência de início de prova material constitui pressuposto processual de validade nas ações em que se postula benefício de aposentadoria por idade rural: STJ, Tema Repetitivo n.o 629: "A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa" (STJ, REsp 1.352.721-SP, Corte Especial, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 28/4/2016). O referido julgamento foi, inclusive, noticiado no Informativo n.o 581 do STJ, nos seguintes termos: "Se a petição inicial de ação em que se postula a aposentadoria rural por idade não for instruída com documentos que demonstre início de prova material quanto ao exercício de atividade rural, o processo deve ser extinto sem resolução de mérito (art. 267, VI, do CPC/1973), por ausência de pressuposto processual, sendo facultado ao segurado o ajuizamento de nova ação (art. 268 do CPC/1973), caso reúna os elementos necessários a essa iniciativa" (STJ, REsp 1.352.721-SP, Corte Especial, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 28/4/2016, Informativo n.o 581, abril-2016). Vale lembrar que o precedente acima citado possui caráter vinculante (binding precedent), ex vi do art. 927, III, do CPC ("Os juízes e os tribunais observarão: III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos"). Como se sabe, a teoria dos precedentes judiciais assumiu especial relevo com a entrada em vigor do CPC/2015, que instituiu um microssistema de formação de precedentes obrigatórios, integrado por: (a) procedimento de criação de súmula vinculante; (b) incidente de arguição de inconstitucionalidade; (c) incidente de assunção de competência e (d) julgamento de casos repetitivos, gênero que abrange o incidente de resolução de causas repetitivas (IRDR) e o procedimento dos recursos especial e extraordinário repetitivos. Os precedentes obrigatórios passaram, assim, a constituir o bloco de legalidade. O juiz, ao decidir, deve observar o direito objetivo como um todo (princípio da juridicidade), estando aí incluídos os precedentes vinculantes, que deverão ser conhecidos ex officio pelo juiz. Há que se recordar, ainda, que a novel codificação incorporou importantes conceitos oriundos do direito comparado (v.g., overruling, overriding, distinguishing, technique of sinaling, reversal, ratio decidendi, obiter dictum etc.), com a ampliação do repertório teórico que dá ensejo à questão. Voltando à questão do início de prova material para a prova da atividade rural, vale lembrar o teor do enunciado n.o 149 da Súmula do STJ, segundo o qual "A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário". Na mesma linha, o TRF da 1a Região também sumulou entendimento a respeito, assim sintetizado em sua Súmula n.o 27: "Não é admissível prova exclusivamente testemunhal para reconhecimento de tempo de exercício de atividade urbana e rural (Lei 8.213/91, art.55,§ 3o)". Diante desse cenário de exigência de início de prova material, o Egrégio Tribunal Regional Federal da 5a Região, valendo-se da mesma ratio decidendi utilizada pela Corte Especial do STJ, tem estendido a orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no tema repetitivo n.o 629 a outros benefícios previdenciários. Em relação ao benefício de salário-maternidade, confira-se o seguinte julgado (destacou-se): "PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. TRABALHADORA RURAL/SEGURADA ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE. RESP No 1.352.721/SP. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Trata-se de apelação interposta pelo INSS (identificador 4050000.16107368 - fls. 10/24), em face de sentença (identificador 4050000.16107368 - fls. 29/31), que julgou procedente pedido de concessão de salário maternidade. 2. O cerne do presente recurso consiste na análise dos requisitos necessários à concessão do salário-maternidade. 3. A apelada deveria comprovar o labor rural entre 02/08/1997 a 02/06/1998, sendo esta última a data em que ocorreu o nascimento da sua filha ISABELLY ANDRADE ALVES DOS SANTOS (identificador 4050000.16107368 - fl. 61), nos termos do art. 39 da Lei no 8.213/91 c/c parágrafo 2o, art. 93 do Decreto no 3.048/99 (Redação dada pelo Decreto no 5.545/2005). 4. Não servem como início de prova material o contrato de comodato, porquanto extemporâneo, uma vez que celebrado em 18/11/2016 (identificador 4050000.16107368 - fl. 63), data posterior ao fato gerador do salário-maternidade, isto é, 02/08/1997 a 02/06/1998. 5. Também se mostram imprestáveis como prova de sua condição de segurada especial, a certidão Eleitoral, e a certidão de nascimento de filho, haja vista que tal informação de "lavradora" da autora é decorrente de declaração unilateral prestada pela requerente. Assim como os documentos, tipo ITR, elaborados em nome de terceira (Maria Odete de Jesus dos Santos). 6. Em juízo foi ouvida uma testemunha (Maria Joaquina Santana da Silva), que declarou conhecer a autora e confirmou que a mesma labora no campo. 7. Apesar da prova testemunhal constante dos autos, a ausência de início de prova material por si impede o reconhecimento da atividade campesina, em face da sua imprescindibilidade para concessão do benefício rural, nos termos da Súmula 149 do STJ. 8. O STJ no julgamento do REsp no 1.352.721/SP, proferido em regime de recursos repetitivos, consolidou o seguinte entendimento: "a ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV, do CPC), e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários a tal iniciativa". 9. Recurso parcialmente provido. Extinção do processo sem resolução do mérito (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019). É oportuno registrar que em relação ao benefício de pensão por morte na mesma linha se filiou a jurisprudência: "PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. SEGURADO ESPECIAL. QUALIDADE DE SEGURADO NÃO COMPROVADA. APELAÇÃO PARCILAMENTE PROVIDA. EXTINGUIR SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. [...] 6. Os documentos acostados aos autos, em sua maioria, foram produzidos em data posterior ao óbito, ou suscitam dúvidas quanto à sua veracidade (como é o caso das notas fiscais de estabelecimentos distintos, mas que apresentam a mesma caligrafia e o mesmo erro de ortografia no preenchimento). Dessa forma, não se prestam como aptos a comprovar o exercício de atividade rural pelo falecido. [...] 8. Não se pode reconhecer condição de segurado especial do falecido, devido à ausência de início de prova material. Deve-se aplicar a Súmula no 149 do STJ, segundo a qual: "A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção do benefício previdenciário". 9. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.352.721/SP, julgado sob o regime do artigo 543-C do CPC, assentou o entendimento no sentido de que: "A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa." 10. Apelação da parte autora parcialmente provida, para extinguir o feito sem resolução de mérito, por carência de pressuposto de contribuição e desenvolvimento válido do processo, a teor do disposto no art. 485, IV, do CPC/2015" (TRF5, AC 591040, Proc. 00025588020164059999, 3a Turma, Rel. Des. Fed. Rogério Fialho Moreira, DJe 28/08/2019). No plano da qualidade de dependente, por sua vez, anote-se que o art. 16, §5o, da Lei n.o 8.213/91, com redação dada pela Lei n.o 13.846/2019, passou a prever expressamente que "as provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento". Com isso, a propósito, foi superada a Súmula n.o 63 da TNU ("A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material", por incompatibilidade legislativa. Em suma, no contexto dos benefícios previdenciários rurais, a existência de início de prova material assume o status de pressuposto processual de validade, sem o que o processo não poderá prosseguir, sem prejuízo da possibilidade de a parte autora ingressar novamente com a ação, caso reúna os elementos necessários para tanto. Com base nessa premissa, cabe tecer algumas considerações sobre o que tem sido considerado a título de início de prova material, para fins de comprovação da atividade rural. Desde logo, registre-se que não se exige que o início de prova material seja extensivo a todo período de atividade rural. No entanto, não se admite que a atividade rural seja demonstrada apenas por testemunhas, conforme consolidado na Súmula no 14/TNU: "Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício". Assim, são atributos que qualificam os elementos probatórios como início de prova material da atividade rural: bilateralidade, contemporaneidade e idoneidade. O primeiro atributo - a bilateralidade - informa que os documentos emitidos de forma unilateral não têm força probante suficiente para caracterizar início de prova material da atividade rural, como por exemplo: ficha do SUS, certidões da Justiça Eleitoral com a profissão do eleitor, ficha de matrícula escolar, declarações em geral etc. Nesse sentido, a TNU não tem admitido como início de prova material documentos que contenham declarações unilaterais, para fins de comprovação de atividade rural (TNU, PEDILEF n.o 2007.83.00.526657-4/PE, PEDILEF n.o 2008.32.00.703599-2/AM, PEDILEF n.o 2006.83.02.503892-0/PE, PEDILEF n.o 2006.70.95.014573-0/PR, PEDILEF n.o 2006.83.00.521010-2/PE, PEDILEF n.o 2005.84.00.503903-4/RN e PEDILEF n.o 2008.38.00725419-1). Todavia, os documentos públicos possuem fé pública e são admitidos como início de prova material ("o registro civil de nascimento é documento hábil para comprovar a condição de rurícola da mãe, para efeito de percepção do benefício previdenciário de salário-maternidade [...] É considerado início razoável de prova material o documento que seja contemporâneo à época do suposto exercício de atividade profissional, como a certidão de nascimento da criança (STJ, REsp 1724805/RS, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 25/05/2018). A AGU, inclusive, já sumulou orientação a respeito: Súmula n.o 32 da AGU: "Para fins de concessão dos benefícios dispostos nos artigos 39, inciso I e seu parágrafo único, e 143 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, serão considerados como início razoável de prova material documentos públicos e particulares dotados de fé pública, desde que não contenham rasuras ou retificações recentes, nos quais conste expressamente a qualificação do segurado, de seu cônjuge, enquanto casado, ou companheiro, enquanto durar a união estável, ou de seu ascendente, enquanto dependente deste, como rurícola, lavrador ou agricultor, salvo a existência de prova em contrário". O segundo atributo - a contemporaneidade - releva a exigência de que, em regra (TNU, Representativo de Controvérsia, Tema 2 - No caso de aposentadoria por idade rural, a certidão de casamento vale como início de prova material, ainda que extemporânea. TNU, PEDILEF 2006.82.01.505208-4/ PB, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, j. 06/09/2011), o elemento probatório deve ser oriundo da mesma época do período rural a ser comprovado. Nesse sentido, destacam-se as súmulas a seguir, ambas da TNU: TNU, Súmula n. o 34: "Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar". TNU, Súmula n.o 63: "A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material". Convém destacar que os instrumentos de contrato de comodato com firma reconhecida de modo extemporâneo não atendem ao requisito da contemporaneidade, não se prestando a figurar como início de prova material para fins de comprovação do tempo de atividade rural. Por fim, o atributo da idoneidade revela que o elemento de prova deve ser hábil e sério à comprovação do tempo de atividade rural, estando descaracterizado quando existir documento que infirme, de plano, o desenvolvimento da atividade de agricultura para fins de subsistência. Assim, o documento será inidôneo quando, por exemplo, for adulterado, constituir prova ilícita ou quando existirem nos autos elementos que evidenciem o não-exercício ou abandono da atividade rural no período vindicado, ou mesmo a descaracterização da qualidade de segurado especial por outros motivos, com a afetação da credibilidade do documento. Ex: profissão da certidão de casamento infirmada por anotações na CTPS. Nesse sentido, veja-se o entendimento do STJ: STJ, Recursos Repetitivos, Tema 533: "Em exceção à regra geral (...), a extensão de prova material em nome de um integrante do núcleo familiar a outro não é possível quando aquele passa a exercer trabalho incompatível com o labor rurícola, como o de natureza urbana" (STJ, REsp 1304479/SP, 1a Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/12/2012). No tocante aos documentos ligados aos integrantes do grupo familiar, que podem ter eficácia probatória extensiva, merecem destaque os seguintes entendimentos já adotados na jurisprudência: STJ: "Para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por idade de trabalhador rural, a certidão de casamento que qualifique o cônjuge da requerente como rurícola não pode ser considerada como início de prova material na hipótese em que esse tenha exercido atividade urbana no período de carência" (STJ, AgRg no REsp 1.310.096-SP, 1a Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 25/2/2014, Informativo n.o 538, abr-2014). TNU, Súmula n.o 6: "A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola". TNU, Súmula n.o 41: "A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto". TRF4, Súmula n.o 73: "Admitem-se como início de prova material do efetivo exercício de atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros, membros do grupo parental". TRU da 4a Região, Súmula n.o 09: "Admitem-se como início de prova material, documentos em nome de integrantes do grupo envolvido no regime de economia familiar rural". FONAJEF, Enunciado n.o 188: "O benefício concedido ao segurado especial, administrativamente ou judicialmente, configura início de prova material válida para posterior concessão aos demais integrantes do núcleo familiar, assim como ao próprio beneficiário", FOREPREV, Enunciado n.o 1: "A prova do trabalho rural de um cônjuge gera presunção relativa do exercício de atividade rurícola pelo outro". TNU, Representativo de controvérsia, Tema 18 - A certidão do INCRA ou outro documento que comprove propriedade de imóvel em nome de 6 integrantes do grupo familiar do segurado é razoável início de prova material da condição de segurado especial para fins de aposentadoria rural por idade, inclusive dos períodos trabalhados a partir dos 12 anos de idade, antes da publicação da Lei n. 8.213/91. Desnecessidade de comprovação de todo o período de carência (TNU, PEDILEF 2009.71.95.000509-1/ RS, Rel. Juíza Federal Simone dos Santos Lemos Fernandes, j. 11/10/2011). TNU, Representativo de controvérsia, Tema 32 - Certidão de óbito configura início de prova material para caracterização da atividade rural, para fins de pensão por morte (TNU, PEDILEF 2007.83.04.501228-9/PE, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, j. 24/11/2011). Por sua vez, em relação aos elementos de prova ligados à eventual comprovação de relação de trabalho, merecem destaque as seguintes orientações: STJ: "A sentença homologatória de acordo trabalhista é admitida como início de prova material para fins previdenciários, mesmo que o INSS não tenha participado da lide laboral, desde que contenha elementos que evidenciem o período trabalhado e a função exercida pelo trabalhador, o que não ocorreu no caso dos autos" (STJ, AgInt no AREsp 529.963/RS, 1a Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 28/02/2019). TNU, Súmula n.o 31: "A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários". TNU, Boletim n.o 08: "A reclamatória trabalhista será válida como início de prova material quando fundada em documentos que sinalizem o exercício da atividade laborativa na função e períodos alegados, ou se ajuizada antes da ocorrência da prescrição dos direitos trabalhistas (TNU, Proc. n.o 2012.50.50.002501-9, Boletim 08, ago-2016). TNU, Representativo de controvérsia, Tema 199: "A declaração extemporânea de ex-empregador não é documento hábil à formação do início de prova material necessário à comprovação de atividade laboral em determinado período" (TNU, Proc. 0503955-40.2011.4.05.8400/RN, Rel. Juiz Federal João Batista Lazzari, j. 07/05/2014). FOREPREV, Enunciado n.o 3: "A declaração emitida por sindicato apenas constitui início de prova material do tempo de trabalho rural quando homologada pelo Ministério Público ou pelo INSS". Como se vê, os três vetores anteriormente mencionados - bilateralidade, contemporaneidade e idoneidade - figuram como "raiz" para uma série de limitações jurisprudenciais. Portanto, no tocante à aplicabilidade do art. 106 da Lei n.o 8.213/91, apesar de tal dispositivo não apresentar rol não exaustivo ("O rol de documentos hábeis à comprovação do exercício de atividade rural, previsto no art. 106 da Lei n. 8.213/91, é meramente exemplificativo, sendo possível a admissão de outros documentos a título de prova material" (STJ, REsp 1650326/MT, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 30/06/2017), a jurisprudência tem considerado que não são suficientes para a caracterização de início de prova material para a concessão de benefícios rurais: (a) documentos unilaterais: cite-se, por exemplo, as certidões da Justiça Eleitoral, a ficha ambulatorial de unidades do SUS (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019), a ficha escolar, a declaração de produtor rural, a declaração de empregador, declarações em geral etc. Quanto ao ponto, o Enunciado n.o 2 do FOREPREV: "A declaração emitida por produtor rural não constitui início de prova material do tempo de trabalho". (b) documentos extemporâneos: nesse grupo, podem ser citados o instrumento de contrato de comodato fora do período de atividade rural (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019", ou mesmo com reconhecimento de firma recente, a declaração de empregador após o fim do vínculo laboral, a apresentação de notas fiscais de aquisição de produtos e insumos rurais fora período correspondente à carência etc; (c) documentos de terceiros não integrantes do grupo familiar: documentos comprobatórios da posse ou propriedade de imóvel rural de terceiros, declaração de ITR em nome de terceiros não integrantes do grupo familiar (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019) etc.; (d) documentos inidôneos: documentos adulterados (TNU, PEDILEF 2005.84.00.503903-4/RN), provas ilícitas, documentos cuja força probante seja infirmada de plano por outros documentos nos autos (STJ, REsp 1304479/SP, 1a Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/12/2012) etc. In casu, a parte autora, ao pleitear o benefício vindicado, apresentou apenas documentos extemporâneos e/ou unilaterais/inidôneos. Contudo, na linha dos entendimentos jurisprudenciais mencionados, a documentação acostada não revela a existência de início de prova material para fins de comprovação da atividade rural, não se revestindo de aptidão para servir como início de prova material. Diante do exposto, a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, IV, do CPC/2015, é medida que se impõe.
PROCESSO No 0506003-18.2019.4.05.8003 RECORRENTE: TATIANE BARBOSA DE SENA RECORRIDO: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE: DENIS SOARES FRANÇA VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE DE SEGURADA ESPECIAL. EXTINÇÃO SEM MÉRITO POR AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL. NECESSIDADE DE INSTRUÇÃO EM AUDIÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA PROVIDO. SENTENÇA ANULADA. 1. Recurso inominado de sentença que julgou extinto o processo, sem resolução do mérito, sob o fundamento de ausência de início de prova material. 2. Entretanto, observo que o pedido inicial se refere a segurada especial, invocando cumprimento da atividade rurícola em período suficiente ao da carência, juntando documentação, que, apesar de frágil, analisada com os demais elementos probatórios colhidos em audiência, pode configurar início de prova material. 3. Nesse sentido, a jurisprudência amplamente majoritária, inclusive no âmbito desse colegiado, considera que a demonstração da qualidade de segurado especial deve ser realizada a partir de início de prova material contemporânea aos fatos que se pretende provar, nos termos da Súmula 34 da TNU, cotejado com prova oral idônea, oportunizando-se o depoimento pessoal, a inspeção judicial e a prova testemunhal em audiência. No caso, houve julgamento sem realização da audiência. 4. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora, ANULANDO a sentença de extinção, de modo a reabrir a instrução probatória a fim de que seja realizada audiência para verificação da condição de segurada especial, com nova sentença de mérito na origem. 5. Sem custas nem honorários. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE, em ANULAR A SENTENÇA, nos termos do voto do Relator.
3,497
268
0
0
11-AL
0
2.879803
PROVIMENTO
EXTINTO SEM MÉRITO
AUTOR
Cuida-se de ação proposta por meio do procedimento dos Juizados Especiais Federais por meio da qual pretende a parte autora receber o benefício de salário-maternidade, na condição de segurada especial. Considerados os termos em que proposta a ação, deve-se reconhecer que o processo deve ser extinto sem resolução de mérito, em razão da ausência de início de prova material, como se passa a demonstrar. A existência de início de prova material em processos como o presente constitui pressuposto processual de validade nos casos em que se pleiteia benefício previdenciário rural, conforme orientação do STJ e do TRF da 5a Região. É cediço que as questões ligadas ao juízo de admissibilidade do processo, que pode ser positivo, negativo ou neutro, constituem matéria de ordem pública, suscetíveis de cognição ex officio pelo juiz. Nessa linha, não se desconhece que o art. 10 do CPC/2015 prevê que nas questões de ordem pública o juiz, antes de decidir, deve franquear o prévio contraditório às partes para que estas possam exercer o poder de influência na formação da decisão, como corolário da dimensão substancial do contraditório, que consagra o princípio da não-surpresa. No entanto, por força dos princípios da celeridade e da informalidade (art. 2o da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/2001), o art. 10 do CPC/2015 deve ser feira com temperamentos, não se aplicando em diversas situações no âmbito dos Juizados Especiais, conforme preceitua o Enunciado n.o 160 do FONAJEF: "Não causa nulidade a não-aplicação do art. 10 do NCPC e do art. 487, parágrafo único, do NCPC nos juizados, tendo em vista os princípios da celeridade e informalidade". Com essas razões, afastada a aplicabilidade do art. 10 do CPC/2015, passo a analisar relevante questão de ordem pública de ofício nos autos. No ano de 2016, em sede de recursos repetitivos, o STJ firmou orientação no sentido de que a existência de início de prova material constitui pressuposto processual de validade nas ações em que se postula benefício de aposentadoria por idade rural: STJ, Tema Repetitivo n.o 629: "A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa" (STJ, REsp 1.352.721-SP, Corte Especial, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 28/4/2016). O referido julgamento foi, inclusive, noticiado no Informativo n.o 581 do STJ, nos seguintes termos: "Se a petição inicial de ação em que se postula a aposentadoria rural por idade não for instruída com documentos que demonstre início de prova material quanto ao exercício de atividade rural, o processo deve ser extinto sem resolução de mérito (art. 267, VI, do CPC/1973), por ausência de pressuposto processual, sendo facultado ao segurado o ajuizamento de nova ação (art. 268 do CPC/1973), caso reúna os elementos necessários a essa iniciativa" (STJ, REsp 1.352.721-SP, Corte Especial, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 28/4/2016, Informativo n.o 581, abril-2016). Vale lembrar que o precedente acima citado possui caráter vinculante (binding precedent), ex vi do art. 927, III, do CPC ("Os juízes e os tribunais observarão: III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos"). Como se sabe, a teoria dos precedentes judiciais assumiu especial relevo com a entrada em vigor do CPC/2015, que instituiu um microssistema de formação de precedentes obrigatórios, integrado por: (a) procedimento de criação de súmula vinculante; (b) incidente de arguição de inconstitucionalidade; (c) incidente de assunção de competência e (d) julgamento de casos repetitivos, gênero que abrange o incidente de resolução de causas repetitivas (IRDR) e o procedimento dos recursos especial e extraordinário repetitivos. Os precedentes obrigatórios passaram, assim, a constituir o bloco de legalidade. O juiz, ao decidir, deve observar o direito objetivo como um todo (princípio da juridicidade), estando aí incluídos os precedentes vinculantes, que deverão ser conhecidos ex officio pelo juiz. Há que se recordar, ainda, que a novel codificação incorporou importantes conceitos oriundos do direito comparado (v.g., overruling, overriding, distinguishing, technique of sinaling, reversal, ratio decidendi, obiter dictum etc.), com a ampliação do repertório teórico que dá ensejo à questão. Voltando à questão do início de prova material para a prova da atividade rural, vale lembrar o teor do enunciado n.o 149 da Súmula do STJ, segundo o qual "A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício previdenciário". Na mesma linha, o TRF da 1a Região também sumulou entendimento a respeito, assim sintetizado em sua Súmula n.o 27: "Não é admissível prova exclusivamente testemunhal para reconhecimento de tempo de exercício de atividade urbana e rural (Lei 8.213/91, art.55,§ 3o)". Diante desse cenário de exigência de início de prova material, o Egrégio Tribunal Regional Federal da 5a Região, valendo-se da mesma ratio decidendi utilizada pela Corte Especial do STJ, tem estendido a orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no tema repetitivo n.o 629 a outros benefícios previdenciários. Em relação ao benefício de salário-maternidade, confira-se o seguinte julgado (destacou-se): "PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. TRABALHADORA RURAL/SEGURADA ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE. RESP No 1.352.721/SP. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Trata-se de apelação interposta pelo INSS (identificador 4050000.16107368 - fls. 10/24), em face de sentença (identificador 4050000.16107368 - fls. 29/31), que julgou procedente pedido de concessão de salário maternidade. 2. O cerne do presente recurso consiste na análise dos requisitos necessários à concessão do salário-maternidade. 3. A apelada deveria comprovar o labor rural entre 02/08/1997 a 02/06/1998, sendo esta última a data em que ocorreu o nascimento da sua filha ISABELLY ANDRADE ALVES DOS SANTOS (identificador 4050000.16107368 - fl. 61), nos termos do art. 39 da Lei no 8.213/91 c/c parágrafo 2o, art. 93 do Decreto no 3.048/99 (Redação dada pelo Decreto no 5.545/2005). 4. Não servem como início de prova material o contrato de comodato, porquanto extemporâneo, uma vez que celebrado em 18/11/2016 (identificador 4050000.16107368 - fl. 63), data posterior ao fato gerador do salário-maternidade, isto é, 02/08/1997 a 02/06/1998. 5. Também se mostram imprestáveis como prova de sua condição de segurada especial, a certidão Eleitoral, e a certidão de nascimento de filho, haja vista que tal informação de "lavradora" da autora é decorrente de declaração unilateral prestada pela requerente. Assim como os documentos, tipo ITR, elaborados em nome de terceira (Maria Odete de Jesus dos Santos). 6. Em juízo foi ouvida uma testemunha (Maria Joaquina Santana da Silva), que declarou conhecer a autora e confirmou que a mesma labora no campo. 7. Apesar da prova testemunhal constante dos autos, a ausência de início de prova material por si impede o reconhecimento da atividade campesina, em face da sua imprescindibilidade para concessão do benefício rural, nos termos da Súmula 149 do STJ. 8. O STJ no julgamento do REsp no 1.352.721/SP, proferido em regime de recursos repetitivos, consolidou o seguinte entendimento: "a ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV, do CPC), e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários a tal iniciativa". 9. Recurso parcialmente provido. Extinção do processo sem resolução do mérito (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019). É oportuno registrar que em relação ao benefício de pensão por morte na mesma linha se filiou a jurisprudência: "PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. SEGURADO ESPECIAL. QUALIDADE DE SEGURADO NÃO COMPROVADA. APELAÇÃO PARCILAMENTE PROVIDA. EXTINGUIR SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. [...] 6. Os documentos acostados aos autos, em sua maioria, foram produzidos em data posterior ao óbito, ou suscitam dúvidas quanto à sua veracidade (como é o caso das notas fiscais de estabelecimentos distintos, mas que apresentam a mesma caligrafia e o mesmo erro de ortografia no preenchimento). Dessa forma, não se prestam como aptos a comprovar o exercício de atividade rural pelo falecido. [...] 8. Não se pode reconhecer condição de segurado especial do falecido, devido à ausência de início de prova material. Deve-se aplicar a Súmula no 149 do STJ, segundo a qual: "A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção do benefício previdenciário". 9. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.352.721/SP, julgado sob o regime do artigo 543-C do CPC, assentou o entendimento no sentido de que: "A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa." 10. Apelação da parte autora parcialmente provida, para extinguir o feito sem resolução de mérito, por carência de pressuposto de contribuição e desenvolvimento válido do processo, a teor do disposto no art. 485, IV, do CPC/2015" (TRF5, AC 591040, Proc. 00025588020164059999, 3a Turma, Rel. Des. Fed. Rogério Fialho Moreira, DJe 28/08/2019). No plano da qualidade de dependente, por sua vez, anote-se que o art. 16, §5o, da Lei n.o 8.213/91, com redação dada pela Lei n.o 13.846/2019, passou a prever expressamente que "as provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento". Com isso, a propósito, foi superada a Súmula n.o 63 da TNU ("A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material", por incompatibilidade legislativa. Em suma, no contexto dos benefícios previdenciários rurais, a existência de início de prova material assume o status de pressuposto processual de validade, sem o que o processo não poderá prosseguir, sem prejuízo da possibilidade de a parte autora ingressar novamente com a ação, caso reúna os elementos necessários para tanto. Com base nessa premissa, cabe tecer algumas considerações sobre o que tem sido considerado a título de início de prova material, para fins de comprovação da atividade rural. Desde logo, registre-se que não se exige que o início de prova material seja extensivo a todo período de atividade rural. No entanto, não se admite que a atividade rural seja demonstrada apenas por testemunhas, conforme consolidado na Súmula no 14/TNU: "Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício". Assim, são atributos que qualificam os elementos probatórios como início de prova material da atividade rural: bilateralidade, contemporaneidade e idoneidade. O primeiro atributo - a bilateralidade - informa que os documentos emitidos de forma unilateral não têm força probante suficiente para caracterizar início de prova material da atividade rural, como por exemplo: ficha do SUS, certidões da Justiça Eleitoral com a profissão do eleitor, ficha de matrícula escolar, declarações em geral etc. Nesse sentido, a TNU não tem admitido como início de prova material documentos que contenham declarações unilaterais, para fins de comprovação de atividade rural (TNU, PEDILEF n.o 2007.83.00.526657-4/PE, PEDILEF n.o 2008.32.00.703599-2/AM, PEDILEF n.o 2006.83.02.503892-0/PE, PEDILEF n.o 2006.70.95.014573-0/PR, PEDILEF n.o 2006.83.00.521010-2/PE, PEDILEF n.o 2005.84.00.503903-4/RN e PEDILEF n.o 2008.38.00725419-1). Todavia, os documentos públicos possuem fé pública e são admitidos como início de prova material ("o registro civil de nascimento é documento hábil para comprovar a condição de rurícola da mãe, para efeito de percepção do benefício previdenciário de salário-maternidade [...] É considerado início razoável de prova material o documento que seja contemporâneo à época do suposto exercício de atividade profissional, como a certidão de nascimento da criança (STJ, REsp 1724805/RS, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 25/05/2018). A AGU, inclusive, já sumulou orientação a respeito: Súmula n.o 32 da AGU: "Para fins de concessão dos benefícios dispostos nos artigos 39, inciso I e seu parágrafo único, e 143 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, serão considerados como início razoável de prova material documentos públicos e particulares dotados de fé pública, desde que não contenham rasuras ou retificações recentes, nos quais conste expressamente a qualificação do segurado, de seu cônjuge, enquanto casado, ou companheiro, enquanto durar a união estável, ou de seu ascendente, enquanto dependente deste, como rurícola, lavrador ou agricultor, salvo a existência de prova em contrário". O segundo atributo - a contemporaneidade - releva a exigência de que, em regra (TNU, Representativo de Controvérsia, Tema 2 - No caso de aposentadoria por idade rural, a certidão de casamento vale como início de prova material, ainda que extemporânea. TNU, PEDILEF 2006.82.01.505208-4/ PB, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, j. 06/09/2011), o elemento probatório deve ser oriundo da mesma época do período rural a ser comprovado. Nesse sentido, destacam-se as súmulas a seguir, ambas da TNU: TNU, Súmula n. o 34: "Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar". TNU, Súmula n.o 63: "A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material". Convém destacar que os instrumentos de contrato de comodato com firma reconhecida de modo extemporâneo não atendem ao requisito da contemporaneidade, não se prestando a figurar como início de prova material para fins de comprovação do tempo de atividade rural. Por fim, o atributo da idoneidade revela que o elemento de prova deve ser hábil e sério à comprovação do tempo de atividade rural, estando descaracterizado quando existir documento que infirme, de plano, o desenvolvimento da atividade de agricultura para fins de subsistência. Assim, o documento será inidôneo quando, por exemplo, for adulterado, constituir prova ilícita ou quando existirem nos autos elementos que evidenciem o não-exercício ou abandono da atividade rural no período vindicado, ou mesmo a descaracterização da qualidade de segurado especial por outros motivos, com a afetação da credibilidade do documento. Ex: profissão da certidão de casamento infirmada por anotações na CTPS. Nesse sentido, veja-se o entendimento do STJ: STJ, Recursos Repetitivos, Tema 533: "Em exceção à regra geral (...), a extensão de prova material em nome de um integrante do núcleo familiar a outro não é possível quando aquele passa a exercer trabalho incompatível com o labor rurícola, como o de natureza urbana" (STJ, REsp 1304479/SP, 1a Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/12/2012). No tocante aos documentos ligados aos integrantes do grupo familiar, que podem ter eficácia probatória extensiva, merecem destaque os seguintes entendimentos já adotados na jurisprudência: STJ: "Para fins de reconhecimento do direito à aposentadoria por idade de trabalhador rural, a certidão de casamento que qualifique o cônjuge da requerente como rurícola não pode ser considerada como início de prova material na hipótese em que esse tenha exercido atividade urbana no período de carência" (STJ, AgRg no REsp 1.310.096-SP, 1a Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 25/2/2014, Informativo n.o 538, abr-2014). TNU, Súmula n.o 6: "A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola". TNU, Súmula n.o 41: "A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto". TRF4, Súmula n.o 73: "Admitem-se como início de prova material do efetivo exercício de atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros, membros do grupo parental". TRU da 4a Região, Súmula n.o 09: "Admitem-se como início de prova material, documentos em nome de integrantes do grupo envolvido no regime de economia familiar rural". FONAJEF, Enunciado n.o 188: "O benefício concedido ao segurado especial, administrativamente ou judicialmente, configura início de prova material válida para posterior concessão aos demais integrantes do núcleo familiar, assim como ao próprio beneficiário", FOREPREV, Enunciado n.o 1: "A prova do trabalho rural de um cônjuge gera presunção relativa do exercício de atividade rurícola pelo outro". TNU, Representativo de controvérsia, Tema 18 - A certidão do INCRA ou outro documento que comprove propriedade de imóvel em nome de 6 integrantes do grupo familiar do segurado é razoável início de prova material da condição de segurado especial para fins de aposentadoria rural por idade, inclusive dos períodos trabalhados a partir dos 12 anos de idade, antes da publicação da Lei n. 8.213/91. Desnecessidade de comprovação de todo o período de carência (TNU, PEDILEF 2009.71.95.000509-1/ RS, Rel. Juíza Federal Simone dos Santos Lemos Fernandes, j. 11/10/2011). TNU, Representativo de controvérsia, Tema 32 - Certidão de óbito configura início de prova material para caracterização da atividade rural, para fins de pensão por morte (TNU, PEDILEF 2007.83.04.501228-9/PE, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, j. 24/11/2011). Por sua vez, em relação aos elementos de prova ligados à eventual comprovação de relação de trabalho, merecem destaque as seguintes orientações: STJ: "A sentença homologatória de acordo trabalhista é admitida como início de prova material para fins previdenciários, mesmo que o INSS não tenha participado da lide laboral, desde que contenha elementos que evidenciem o período trabalhado e a função exercida pelo trabalhador, o que não ocorreu no caso dos autos" (STJ, AgInt no AREsp 529.963/RS, 1a Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 28/02/2019). TNU, Súmula n.o 31: "A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários". TNU, Boletim n.o 08: "A reclamatória trabalhista será válida como início de prova material quando fundada em documentos que sinalizem o exercício da atividade laborativa na função e períodos alegados, ou se ajuizada antes da ocorrência da prescrição dos direitos trabalhistas (TNU, Proc. n.o 2012.50.50.002501-9, Boletim 08, ago-2016). TNU, Representativo de controvérsia, Tema 199: "A declaração extemporânea de ex-empregador não é documento hábil à formação do início de prova material necessário à comprovação de atividade laboral em determinado período" (TNU, Proc. 0503955-40.2011.4.05.8400/RN, Rel. Juiz Federal João Batista Lazzari, j. 07/05/2014). FOREPREV, Enunciado n.o 3: "A declaração emitida por sindicato apenas constitui início de prova material do tempo de trabalho rural quando homologada pelo Ministério Público ou pelo INSS". Como se vê, os três vetores anteriormente mencionados - bilateralidade, contemporaneidade e idoneidade - figuram como "raiz" para uma série de limitações jurisprudenciais. Portanto, no tocante à aplicabilidade do art. 106 da Lei n.o 8.213/91, apesar de tal dispositivo não apresentar rol não exaustivo ("O rol de documentos hábeis à comprovação do exercício de atividade rural, previsto no art. 106 da Lei n. 8.213/91, é meramente exemplificativo, sendo possível a admissão de outros documentos a título de prova material" (STJ, REsp 1650326/MT, 2a Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 30/06/2017), a jurisprudência tem considerado que não são suficientes para a caracterização de início de prova material para a concessão de benefícios rurais: (a) documentos unilaterais: cite-se, por exemplo, as certidões da Justiça Eleitoral, a ficha ambulatorial de unidades do SUS (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019), a ficha escolar, a declaração de produtor rural, a declaração de empregador, declarações em geral etc. Quanto ao ponto, o Enunciado n.o 2 do FOREPREV: "A declaração emitida por produtor rural não constitui início de prova material do tempo de trabalho". (b) documentos extemporâneos: nesse grupo, podem ser citados o instrumento de contrato de comodato fora do período de atividade rural (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019", ou mesmo com reconhecimento de firma recente, a declaração de empregador após o fim do vínculo laboral, a apresentação de notas fiscais de aquisição de produtos e insumos rurais fora período correspondente à carência etc; (c) documentos de terceiros não integrantes do grupo familiar: documentos comprobatórios da posse ou propriedade de imóvel rural de terceiros, declaração de ITR em nome de terceiros não integrantes do grupo familiar (TRF5, AC 08091771220194050000, 3a Turma, Rel. Des. Fernando Braga, j. 10/09/2019) etc.; (d) documentos inidôneos: documentos adulterados (TNU, PEDILEF 2005.84.00.503903-4/RN), provas ilícitas, documentos cuja força probante seja infirmada de plano por outros documentos nos autos (STJ, REsp 1304479/SP, 1a Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/12/2012) etc. In casu, a parte autora, ao pleitear o benefício vindicado, apresentou apenas documentos extemporâneos e/ou unilaterais/inidôneos. Contudo, na linha dos entendimentos jurisprudenciais mencionados, a documentação acostada não revela a existência de início de prova material para fins de comprovação da atividade rural, não se revestindo de aptidão para servir como início de prova material. Diante do exposto, a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, IV, do CPC/2015, é medida que se impõe
PROVIMENTO
0536921-72.2019.4.05.8013
2019-11-11 00:00:00
Caixa Econômica Federal (00.360.305/0001-04)
CEF
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2020-02-06 13:25:06
Sentença - improcedente
2020-03-27T15:15:29
Acórdão - - FGTS - Suspensão
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
RONEY RAIMUNDO LEÃO OTÍLIO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
10,158
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Organização Político-administrativa / Administração Pública
FGTS/Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
1
AL008117
SENTENÇA Trata-se de demanda ajuizada em face da Caixa Econômica Federal, em que a parte autora pleiteia o reconhecimento da insubsistência da Taxa Referencial – TR como índice de correção de sua conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, pleiteando que mencionado referencial seja substituído por indicador que garanta a adequada correção monetária dos valores depositados. Requer, outrossim, o pagamento da importância paga a menor desde o ano de 1999. Citada, a Caixa Econômica Federal apresentou contestação, alegando, preliminarmente, a ausência de interesse processual e a necessidade de litisconsórcio passivo necessário com a União Federal e o Banco Central do Brasil. No mérito, defende o uso da Taxa Referencial – TR como índice de correção das contas vinculadas ao FGTS. Breve relatório, tendo em vista o que dispõe o art. 38 da Lei n.o 9.099/95. Antes de fundamentar e decidir, destaco que, apesar de haver sido determinada a suspensão do trâmite dos processos que versem sobre a questão ora posta a julgamento, nos termos de decisão do STJ (Recurso Especial n.o 1.381.683 – PE), o artigo 543-C, §2o, do CPC, dispõe que a suspensão recai sobre os recursos que versem sobre a controvérsia que esteja afeta ao colegiado do supracitado tribunal superior ou que exista jurisprudência dominante. Nesses termos, nada impede que a jurisdição seja exercida no presente caso, havendo sobrestamento do feito em fase posterior a sentença, notadamente em fase recursal. Fundamento e decido. PRELIMINARES Sobre a legitimidade da Caixa Econômica Federal para integrar o pólo passivo da lide, entendo que a matéria encontra-se pacificada na jurisprudência pátria, tendo em vista o que dispõe a Súmula 249 do Superior Tribunal de Justiça, verbete este que prescreve que “A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS”. A CEF é o agente operador do sistema e responsável por eventuais correções nos saldos, sendo, por isso, incabível trazer outros entes ao pólo passivo, tais como a União Federal e o Banco Central do Brasil (TRF 5, Segunda Turma, AC 200605000561040, DJ 12/08/2008, rel. Desembargadora Federal Amanda Lucena), pelo que, também, afasta-se a necessidade de chamamento desses entes. Cabem alguns comentários acerca dos documentos necessários ao ajuizamento da demanda, eis que item produtor de graves controvérsias no passado quando do julgamento (e liquidação) de causas pertinentes a mudanças nos saldos de contas fundiárias e de caderneta de poupança. Considerando que, nos anos noventa, inúmeras demandas foram ajuizadas sem que, ao menos, fosse demonstrada a existência de conta vinculada ao FGTS, passou-se a entender que documentos comprobatórios da existência da conta deveriam ser trazidos com a exordial ou, ao menos, provas de que foram feitas diligências para obtenção dos mesmos. Nesse sentido, os Enunciados 94 e 95 do Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais – FONAJEF: “Enunciado 94. Para a propositura de demandas referentes a contas de FGTS anteriores à centralização deverá a parte comprovar que diligenciou ou solicitou os extratos junto à Caixa Econômica Federal ou à instituição mantenedora das contas vinculadas anteriormente ao período de migração”. “Enunciado 95. Para a propositura de ação relativa a expurgos inflacionários sobre saldos de poupança, deverá a parte autora providenciar documento que mencione o número da conta bancária ou prova de relação contratual com a instituição financeira". No caso dos autos, observo que a parte autora trouxe extratos analíticos referentes ao período sobre o qual almeja produzir efeitos financeiros, demonstrando, com isso, a existência de conta vinculada ao FGTS, motivo pelo qual é possível julgar o mérito. Observo, por fim, que a parte autora, no tópico destinado aos pedidos, indica uma série de argumentos a serem analisados pelo órgão julgador. Como é lição assentada em doutrina e na jurisprudência, o Magistrado não precisa se manifestar sobre toda a argumentação utilizada (ou pretendida) pelo demandante, mas, apenas, resolver integralmente a lide, de maneira fundamentada, pois " (...) A garantia de acesso ao Judiciário não pode ser tida como certeza de que as teses serão apreciadas de acordo com a conveniência das partes" (...), muito menos que o magistrado está compelido a examinar todos os argumentos expendidos pelos jurisdicionados” (Superior Tribunal de Justiça, Primeira Turma, Agresp no 201301342245, DJE 12/09/2013, rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima). DO MÉRITO O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS foi criado em 1967 com o escopo de estabelecer uma garantia financeira para o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador. Atualmente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é regido pela Lei no. 8.036/90, tendo como agente operador a Caixa Econômica Federal (art.4o, daquele diploma), motivo pelo qual as lides envolvendo-o são aforados na Justiça Federal (art. 109, I, da CF/88). As ações visando à correção das contas vinculadas ao Fundo representaram, em fins dos anos noventa, a principal motivo de ajuizamento de demandas na Justiça Federal, constituindo, ainda no início dos anos 2000, um acervo considerável. Nos dias de hoje, embora não sejam numericamente tão representativas, ainda rendem ensejo a demandas promovidas por trabalhadores que visam questionar critérios de correção daquelas contas. Os motivos são, basicamente, dois: I) aplicação de juros progressivos; II) correção inflacionária sobre o saldo das contas. Tantas foram as demandas ajuizadas no passado que, no ano de 2001, foi editada a Lei Complementar no. 110, a qual previu o pagamento parcelado dos expurgos inflacionários para aqueles fundistas que aderissem ao termo de acordo ali previsto. Cada transação, para os indivíduos que eram partes em ações judiciais em trâmite na época, teve que ser homologada pelo respectivo Magistrado para produzir efeitos. No ano de 2007 foi feito o último pagamento do acordo, de forma que as pessoas que aderiram ao pacto não podem mais recorrer ao Judiciário, eis que nada mais têm a receber. Ao contrário das ações aforadas nos anos noventa, neste caso não se alega a inaptidão dos índices utilizados em certos e determinados meses, parâmetros então discutíveis, mercê da aplicação do direito intertemporal e das consequências de inúmeros planos econômicos. Nesta lide defende-se a ilegalidade no uso da Taxa Referencial – TR como fator de correção, em todos os meses e competências, desde o ano de 1999, ou seja, questiona-se, de uma maneira ampla e permanente, a higidez no uso da TR. Pede-se que, daqui em diante, o Judiciário estabeleça, em definitivo, outro parâmetro de correção, além de reconhecer a inadequação do índice desde aquela data. O melhor caminho para resolver a lide passa pela análise dos dispositivos legais aplicáveis à matéria. Nesse passo, observo que a Lei n.o 8.036/90 (Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências) estabelece: “Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano” Posteriormente, a Lei n.o 8.177/91 (Estabelece regras para a desindexação da economia e dá outras providências) fixou: “Art. 15. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia primeiro, mantida a periodicidade atual para remuneração. Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS são mantidas e consideradas como adicionais à remuneração prevista neste artigo.” Como se vê, pelo regime jurídico em vigor, as contas vinculadas ao FGTS devem ser corrigidas pela Taxa Referencial, acrescidas de juros de 3% ao ano. Estabeleceu-se, como se vê, um estreito vínculo entre a remuneração dos depósitos em cadernetas de poupança e a remuneração dos saldos das contas vinculadas ao FGTS. Inicialmente aquele diploma estabeleceu a Taxa Referencial Diária (TRD) como fator de correção. Após, a Lei no. 8.660/93 fixou que: Art. 2o. Fica extinta, a partir de 1o de maio de 1993, a Taxa Referencial Diária - TRD de que trata o art. 2o da Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (...) Art. 7o. Os depósitos de poupança têm como remuneração básica a Taxa Referencial - TR relativa à respectiva data de aniversário. Pelo que se extrai a partir do corpo normativo em vigor, o FGTS é um fundo criado com a finalidade de compensar os efeitos da estabilidade do contrato de trabalho, nas ocasiões onde esse é encerrado. É, pois, de natureza institucional, como expressamente proclamado pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário 226.855 (julgado no ano 2000), importante paradigma para o julgamento desta causa: O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ao contrário do que sucede com as cadernetas de poupança, não tem natureza contratual, mas, sim, estatutária, por decorrer da Lei e por ela ser disciplinado. - Assim, é de aplicar-se a ele a firme jurisprudência desta Corte no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. - Quanto à atualização dos saldos do FGTS relativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), não há questão de direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. - No tocante, porém, aos Planos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio de 1990) e Collor II, em que a decisão recorrida se fundou na existência de direito adquirido aos índices de correção que mandou observar, é de aplicar-se o princípio de que não há direito adquirido a regime jurídico. Recurso extraordinário conhecido em parte, e nela provido, para afastar da condenação as atualizações dos saldos do FGTS no tocante aos Planos Bresser, Collor I (apenas quanto à atualização no mês de maio de 1990) e Collor II. (RE 226855, Relator (a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2000, DJ 13-10-2000 PP-00020 EMENT VOL-02008-05 PP-00855 RTJ VOL-00174-03 PP-00916) Naqueles autos a Suprema Corte examinou as demandas que pretendiam modificar, para certos e determinados meses, os índices de correção dos saldos das contas do FGTS. A leitura dos votos dos julgadores revela que a Corte analisou o problema sob a ótica do direito adquirido, não adentrando no mérito dos índices de correção utilizados. Ademais – e o que se revela mais importante para esta demanda – o STF não afastou, por inconstitucionalidade, o uso da TR previsto na Lei no. 8.177/91. Ainda que em demanda cuja lide não era focada no mesmo tema ora em debate, é um indicativo poderoso o fato de o Supremo Tribunal Federal ter admitido o uso do parâmetro agora colocado em dúvida. Naquele caso o Supremo Tribunal Federal não estabeleceu se este ou aquele índice era, essencialmente, o mais adequado para corrigir os saldos das contas de FGTS, restringindo-se a dizer qual o diploma normativo estava em vigor em certo período. A Corte, é bom ressaltar, não buscou garantir uma plena e completa correção dos valores. Como se extrai do voto do Eminente Ministro Ilmar Galvão: “(...) Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários. É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata”. Relevante mencionar, como feito no trecho acima transcrito, que o FGTS presta-se a finalidades institucionais relevantes, servindo como elemento catalisador da economia. Não se trata, bem observando, de um fundo de investimentos ou congênere, tampouco de uma aplicação financeira. Trata-se do somatório de um conjunto de valores, cujos saldos devem “assegurar a cobertura de suas obrigações” (art.2o, da Lei no. 8.036/90). Ou seja, o escopo principal de sua existência é garantir o pagamento dos valores nas hipóteses previstas em lei, e não produzir, sempre, os melhores resultados financeiros aos depositantes. Mudanças definitivas na sua forma de cálculo devem, por absoluta necessidade contábil e coerência jurídica, repercutir em outros agentes do sistema financeiro, como os contratos de financiamento habitacional (via de regra, baseados na variação dos saldos do FGTS). Embora o argumento do custo a ser provocado não possa servir de óbice à correção de eventuais ilegalidades, a análise da envergadura das mudanças sugeridas é indicativa de que não se trata de simples mudança nos parâmetros de correção, mas de verdadeira reforma no sistema financeiro. Nesse passo, é de se questionar sobre a possibilidade de o Judiciário proceder a essa alteração sem afastar-se dos limites constitucionalmente estabelecidos para o seu agir (art.2o da Carta Magna). Chama atenção que o demandante não determina qual o índice específico entende ser aplicável, deixando ao julgador a tarefa de optar pelo INPC ou IPCA ou, ainda, algum outro parâmetro utilizado pelo mercado financeiro que reponha as perdas inflacionárias, reforçando o entendimento de que, a olhos vistos, há um forte componente de discricionariedade econômica (e política) envolvido na escolha de qual parâmetro utilizar. Embora as lições de seus criadores continuem a ser de grande valia, o primado da divisão dos Poderes não pode ser examinado como algo abstrato, dissociado dos pressupostos históricos, sendo imperiosa sua contextualização, merecendo ser compreendido tal como se apresenta, concretamente, na Constituição vigente. Ademais, não tem foros de absolutismo, convivendo que está com inúmeros outros princípios, como o da inafastabilidade do controle judicial, expressamente consignado no artigo 5o, XXXV, da mesma Constituição. Quer dizer, a ideia em si não está superada, mas apenas precisa ser vista sob uma nova perspectiva, mesmo porque o modelo jurídico do Estado Social – dotado de normas que buscam forjar certa realidade – exige um Poder Judiciário que interfira, alguma medida, nos demais organismos estatais em perfil estranho às Cartas existentes quando da gênese daquele primado. O foco da atuação judicial desloca-se, pois, da separação pura e simples dos Poderes para a necessidade de proteger e concretizar os direitos fundamentais. Por isso o sistema adotado no Brasil não seria o da "separação de poderes", mas sim o do "balanceamento dos poderes”. No caso dos autos, parece-me haver, diante das características do FGTS e na hipótese de acolherem-se os argumentos da exordial, uma indevia intromissão do Judiciário em arena própria da decisão política, adentrando em tema sobre a qual há regras claras e expressas tratando do tema. Desconsiderá-las, neste caso, parece-me inadequado. Parece mais razoável compreender que os aplicadores do direito (notadamente os juízes), para atingir as resoluções dos casos concretos (mesmo quando diante de preceitos de sentido abrangente), malgrado façam trabalho inventivo, perpetram-no dentro de fronteiras, balizas que estabelecem parâmetros decisórios. Os documentos legislativos enunciam conteúdos mínimos e vinculantes para o aplicador, que não dispõe de uma liberdade absoluta para encontrar as saídas (juridicamente válidas) para os problemas. Embora sob nova roupagem, não se deve olvidar que o trabalho do Judiciário continua a representar meio para corrigir e/ou prevenir ilegalidades. Quanto mais dilatado o atendimento espontâneo dos preceitos normativos, menores as necessidades corretivas. Isso se aplica, igualmente, à profundidade da análise judicial. Caso afirmada uma completa ineficiência ou precariedade de um determinado direito, o Poder Judiciário tende a atuar com mais vigor. Exigências de correções pontuais, por outro lado, implicam tarefa menos invasiva e atividades interpretativas/criativas menos abrangentes. A desconsideração das regras estabelecidas pelo legislador não pode ser feita sem critérios claros. O autor, bem visto, pretende a mudança de um critério eleito pelo Parlamento por outro parâmetro, esse último escolhido pelo Judiciário. Enfocar a importância das regras para a estabilidade das relações sociais e como fundamentos legítimos e democráticos na resolução de problemas jurídicos, ou para a salvaguarda do princípio da isonomia, não significa qualquer compromisso com a tese de que juiz é um aplicador autômato do direito e que deva haver uma exegese literal dos textos, afastada dos princípios constitucionais e dos valores influentes sobre o sistema jurídico. Quer em assuntos predominantemente privados, seja no funcionamento do Estado e suas diversas relações (internas e externas), existem regras normatizadoras, formadas a partir da estrutura típica dessas espécies normativas. Preceitos dessa categoria, quer pela quantidade, quer pelos assuntos que tratam, quer, enfim, por seu enquadramento sistemático, representam aspecto essencial do fenômeno jurídico. Apesar dessa insofismável realidade normativa, existe uma tendência a desconsiderar, como fundamentos decisórios, as regras jurídicas, relegando-as a plano secundário ou até mesmo totalmente eclipsadas pelo uso de outros padrões decisórios. No caso deste feito, há menção a alguns princípios constitucionais, sem que, no entanto, a parte autora tenha demonstrado, concretamente e através de apontamentos analíticos, a forma como se mostrariam vilipendiados neste caso. Faltaram indicações claras sobre a forma como tais primados alcançariam a situação concreta, inexistindo qualquer fundamentação consistente nesse sentido. Há um preconceito de que aplicar regras conduz a uma opção formalista ou de positivismo extremado, e que o uso dos princípios é sempre “avançado”, “progressista” e “socialmente responsável”. Essas conclusões são, a nosso sentir, equívocas. A aplicação dos princípios – e dentre tantos pontos controversos, esse apresenta algum consenso – é revestida de certa dose de incerteza, haja vista as características daquela espécie normativa. A ponderação, técnica largamente utilizada como parâmetro de manejo dos princípios, é um procedimento complexo, influenciado por fatores vários (inclusive de ordem social, valorativa e dogmática), inexistindo garantias de que resultados socialmente indesejáveis e mesmo retrógrados sejam alcançados. Mesmo porque, para uma boa parte dos problemas jurídicos, somente é possível alcançar uma resposta racionalmente fundamentada, não parâmetros de verdade. A depender das circunstâncias, nada impede que, no futuro, os mesmos raciocínios utilizados para conquistas sociais e superação de preconceitos sejam usados no sentido oposto, porquanto os resultados da interpretação e aplicação dos princípios nem sempre são orientados para a efetividade dos direitos. Não se está a dizer que a exegese e uso dos princípios seja procedimento irracional ou desprovido de qualquer base de coerência. Há excelentes métodos construídos pela dogmática e jurisprudência aptos a enfrentar o problema, mas que não afastam a indesejável incerteza sobre a maneira como os problemas são resolvidos no presente e serão deliberados no futuro. Não se pode, ademais, desmerecer o que ficou assentado pelo Superior Tribunal de Justiça no corpo da Súmula 459: “A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador mas não repassados ao fundo.” Segundo a mesma linha exposta nesta sentença, em decisório recente, o Egrégio TRF da 5a Região estabeleceu, in verbis: ADMINISTRATIVO. FGTS. APELAÇÃO. RECURSO ADESIVO. PEDIDO PARA AFASTAMENTO DA TR NA CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS AO FGTS. PEDIDO PARA REPOSIÇÃO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO DIVULGADOS PELO GOVERNO FEDERAL. REAJUSTE DAS CONTAS FUNDIÁRIAS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. APLICAÇÃO DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS PREVISTOS NA SÚMULA 252 DO STJ. SENTENÇA MANTIDA. (...) 3. O SINDIPETRO alega que a TR não pode ser utilizada como índice de correção monetária das contas vinculadas ao FGTS; terem sido violados o art. 11 da Lei no 7.839/89; o art. 13 da Lei no 8.036/90 e o art. 19 do Decreto 99.684/90; que deve ser afastada a TR, devendo ser utilizados índices que reponham a inflação oficial divulgada pelo Governo Federal (IPCA), preservando assim o real valor da moeda durante todo o período em que estiveram submetidos ao regime do FGTS; que se faça incidir, nas parcelas que são devidas aos substituídos, em razão da aplicação dos corretos índices de correção monetária os expurgos inflacionários constantes da súmula 252/STJ. (...) 7. A correção monetária aplicável aos saldos depositados nas contas vinculadas ao FGTS nunca estiverem equiparadas aos mesmos índices adotadas pelo governo para medir a inflação do período, razão por que, no caso dos autos, prevalecem os índices descritos nas Leis que disciplinaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, ou seja, as Leis nos 5.107/66, 7.839/89 e 8036/90. 8. Apelação da CEF improvida e recurso adesivo do SINDIPRETRO PE/PB improvido (Primeira Turma, AC 00081824220114058300, DJE 27/09/2012, rel. Desembargador Federal Manoel Erhardt). Em face do exposto, com fulcro no artigo 269, I, do Código de Processo Civil, resolvo o mérito e julgo IMPROCEDENTE o pedido inicial, deixando de condenar a parte autora em custas e honorários advocatícios, mercê do que prescreve o art.55, da Lei no. 9.099/95. Defiro os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita requerida, nos termos da Lei. Intimem-se as partes.
PROCESSO No 0536921-72.2019.4.05.8013 RECORRENTE:ANA PAULA ACIOLI DE ALENCAR RECORRIDA: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL JUIZ SENTENCIANTE: Roney Raimundo Leão Otílio VOTO-EMENTA ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS DO FGTS. APLICAÇÃO DA TR. SUBSTITUIÇÃO POR OUTRO ÍNDICE QUE REFLITA A INFLAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ADI 5090/DF. CAUTELAR. SUSPENSÃO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente pedido de alteração do índice de correção (TR) dos valores depositados na sua conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, para o INPC, ou sucessivamente, IPCA-e, ou algum outro índice que efetivamente recomponha o valor monetário corroído pela inflação. 2. Pretensão recursal ancorada, em síntese, no fundamento de que há muito tempo, a TR não reflete mais a correção monetária, tendo se distanciado completamente dos índices oficiais de inflação, pelo que deve ser substituída por outro índice que reponha as perdas inflacionárias do trabalhador nas contas do FGTS. 3. Os critérios de correção do FGTS são estabelecidos por força de lei, não podendo ser alterados através de escolha de indexador diverso reputado pela parte autora mais favorável em determinada época. 4. O estatuto que rege a matéria é a Lei 8.036/90, que disciplina os parâmetros a serem observados sobre os depósitos de FGTS, entre eles a forma de correção e remuneração dos valores depositados, prescrevendo, em seu art. 13, que a atualização monetária a incidir sobre os depósitos do FGTS deve ser pelos mesmos índices aplicados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança, cuja atualização é regida pela Lei no 8.660/90, que fixa a TR como índice. 5. Não se pode esquecer, ademais, que o Superior Tribunal de Justiça adota a constitucionalidade da TR como índice de correção monetária para a correção do FGTS na Súmula 459: “A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador, mas não repassados ao fundo”. 6. Ressalte-se, ainda, que, nas contas vinculadas ao FGTS, os titulares, como sujeitos de direito futuro, têm direito à manutenção monetária de acordo com os patamares legitimamente definidos pelo legislador. Se o legislador tivesse optado por regime de exceção dessa poupança diferida até que se poderia investigar potencial inconstitucionalidade, mas o que fez foi aplicar o mesmo regime de atualização monetária da poupança tradicional. 7. Ademais, os recursos do FGTS deverão ser aplicados, dentre outros, em habitação (art. 9o, § 2o, da Lei n. 8.036/90). Nos termos da Súmula 454 do STJ: "Pactuada a correção monetária nos contratos do Sistema Financeiro de Habitação pelo mesmo índice aplicável à caderneta de poupança, incide a taxa referencial (TR) a partir da vigência da Lei 8.177/1991". Ora, deve haver compatibilidade entre o índice de correção monetária da fonte de recursos dos financiamentos imobiliários - e o FGTS é um deles - e aquele utilizado para atualizar os débitos dos mutuários. Assim, se a TR é utilizada para a correção do saldo devedor do crédito imobiliário, este índice deve ser também adotado na correção da fonte de recursos (FGTS), sob pena de se inviabilizar esse modelo de financiamento. 8. Decisão que não implica ofensa aos dispositivos elencados pelo recorrente em sua peça recursal, para fins de prequestionamento. 9. Sentença recorrida que não merece qualquer reparo, daí por que, ratificados todos os seus termos, deve a mesma ser mantida, por seus próprios fundamentos (arts. 38 e 46 da Lei no 9.099/95 e art. 25, p.u, do Reg. Interno da TR/AL). 10. No mais, o STF, em recentíssima decisão em sede de medida cautelar, na ADI 5090/DF, determinou a suspensão, até o julgamento do mérito da matéria pelo Plenário, de todos os processos que tratem da correção dos depósitos vinculados ao FGTS. 11. Recurso inominado improvido, condenando a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
3,497
687
0
0
9-AL
0
87.139653
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de demanda ajuizada em face da Caixa Econômica Federal, em que a parte autora pleiteia o reconhecimento da insubsistência da Taxa Referencial – TR como índice de correção de sua conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, pleiteando que mencionado referencial seja substituído por indicador que garanta a adequada correção monetária dos valores depositados. Requer, outrossim, o pagamento da importância paga a menor desde o ano de 1999. Citada, a Caixa Econômica Federal apresentou contestação, alegando, preliminarmente, a ausência de interesse processual e a necessidade de litisconsórcio passivo necessário com a União Federal e o Banco Central do Brasil. No mérito, defende o uso da Taxa Referencial – TR como índice de correção das contas vinculadas ao FGTS. Breve relatório, tendo em vista o que dispõe o art. 38 da Lei n.o 9.099/95. Antes de fundamentar e decidir, destaco que, apesar de haver sido determinada a suspensão do trâmite dos processos que versem sobre a questão ora posta a julgamento, nos termos de decisão do STJ (Recurso Especial n.o 1.381.683 – PE), o artigo 543-C, §2o, do CPC, dispõe que a suspensão recai sobre os recursos que versem sobre a controvérsia que esteja afeta ao colegiado do supracitado tribunal superior ou que exista jurisprudência dominante. Nesses termos, nada impede que a jurisdição seja exercida no presente caso, havendo sobrestamento do feito em fase posterior a sentença, notadamente em fase recursal. Fundamento e decido. PRELIMINARES Sobre a legitimidade da Caixa Econômica Federal para integrar o pólo passivo da lide, entendo que a matéria encontra-se pacificada na jurisprudência pátria, tendo em vista o que dispõe a Súmula 249 do Superior Tribunal de Justiça, verbete este que prescreve que “A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correção monetária do FGTS”. A CEF é o agente operador do sistema e responsável por eventuais correções nos saldos, sendo, por isso, incabível trazer outros entes ao pólo passivo, tais como a União Federal e o Banco Central do Brasil (TRF 5, Segunda Turma, AC 200605000561040, DJ 12/08/2008, rel. Desembargadora Federal Amanda Lucena), pelo que, também, afasta-se a necessidade de chamamento desses entes. Cabem alguns comentários acerca dos documentos necessários ao ajuizamento da demanda, eis que item produtor de graves controvérsias no passado quando do julgamento (e liquidação) de causas pertinentes a mudanças nos saldos de contas fundiárias e de caderneta de poupança. Considerando que, nos anos noventa, inúmeras demandas foram ajuizadas sem que, ao menos, fosse demonstrada a existência de conta vinculada ao FGTS, passou-se a entender que documentos comprobatórios da existência da conta deveriam ser trazidos com a exordial ou, ao menos, provas de que foram feitas diligências para obtenção dos mesmos. Nesse sentido, os Enunciados 94 e 95 do Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais – FONAJEF: “Enunciado 94. Para a propositura de demandas referentes a contas de FGTS anteriores à centralização deverá a parte comprovar que diligenciou ou solicitou os extratos junto à Caixa Econômica Federal ou à instituição mantenedora das contas vinculadas anteriormente ao período de migração”. “Enunciado 95. Para a propositura de ação relativa a expurgos inflacionários sobre saldos de poupança, deverá a parte autora providenciar documento que mencione o número da conta bancária ou prova de relação contratual com a instituição financeira". No caso dos autos, observo que a parte autora trouxe extratos analíticos referentes ao período sobre o qual almeja produzir efeitos financeiros, demonstrando, com isso, a existência de conta vinculada ao FGTS, motivo pelo qual é possível julgar o mérito. Observo, por fim, que a parte autora, no tópico destinado aos pedidos, indica uma série de argumentos a serem analisados pelo órgão julgador. Como é lição assentada em doutrina e na jurisprudência, o Magistrado não precisa se manifestar sobre toda a argumentação utilizada (ou pretendida) pelo demandante, mas, apenas, resolver integralmente a lide, de maneira fundamentada, pois " (...) A garantia de acesso ao Judiciário não pode ser tida como certeza de que as teses serão apreciadas de acordo com a conveniência das partes" (...), muito menos que o magistrado está compelido a examinar todos os argumentos expendidos pelos jurisdicionados” (Superior Tribunal de Justiça, Primeira Turma, Agresp no 201301342245, DJE 12/09/2013, rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima). DO MÉRITO O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS foi criado em 1967 com o escopo de estabelecer uma garantia financeira para o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador. Atualmente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é regido pela Lei no. 8.036/90, tendo como agente operador a Caixa Econômica Federal (art.4o, daquele diploma), motivo pelo qual as lides envolvendo-o são aforados na Justiça Federal (art. 109, I, da CF/88). As ações visando à correção das contas vinculadas ao Fundo representaram, em fins dos anos noventa, a principal motivo de ajuizamento de demandas na Justiça Federal, constituindo, ainda no início dos anos 2000, um acervo considerável. Nos dias de hoje, embora não sejam numericamente tão representativas, ainda rendem ensejo a demandas promovidas por trabalhadores que visam questionar critérios de correção daquelas contas. Os motivos são, basicamente, dois: I) aplicação de juros progressivos; II) correção inflacionária sobre o saldo das contas. Tantas foram as demandas ajuizadas no passado que, no ano de 2001, foi editada a Lei Complementar no. 110, a qual previu o pagamento parcelado dos expurgos inflacionários para aqueles fundistas que aderissem ao termo de acordo ali previsto. Cada transação, para os indivíduos que eram partes em ações judiciais em trâmite na época, teve que ser homologada pelo respectivo Magistrado para produzir efeitos. No ano de 2007 foi feito o último pagamento do acordo, de forma que as pessoas que aderiram ao pacto não podem mais recorrer ao Judiciário, eis que nada mais têm a receber. Ao contrário das ações aforadas nos anos noventa, neste caso não se alega a inaptidão dos índices utilizados em certos e determinados meses, parâmetros então discutíveis, mercê da aplicação do direito intertemporal e das consequências de inúmeros planos econômicos. Nesta lide defende-se a ilegalidade no uso da Taxa Referencial – TR como fator de correção, em todos os meses e competências, desde o ano de 1999, ou seja, questiona-se, de uma maneira ampla e permanente, a higidez no uso da TR. Pede-se que, daqui em diante, o Judiciário estabeleça, em definitivo, outro parâmetro de correção, além de reconhecer a inadequação do índice desde aquela data. O melhor caminho para resolver a lide passa pela análise dos dispositivos legais aplicáveis à matéria. Nesse passo, observo que a Lei n.o 8.036/90 (Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providências) estabelece: “Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano” Posteriormente, a Lei n.o 8.177/91 (Estabelece regras para a desindexação da economia e dá outras providências) fixou: “Art. 15. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia primeiro, mantida a periodicidade atual para remuneração. Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS são mantidas e consideradas como adicionais à remuneração prevista neste artigo.” Como se vê, pelo regime jurídico em vigor, as contas vinculadas ao FGTS devem ser corrigidas pela Taxa Referencial, acrescidas de juros de 3% ao ano. Estabeleceu-se, como se vê, um estreito vínculo entre a remuneração dos depósitos em cadernetas de poupança e a remuneração dos saldos das contas vinculadas ao FGTS. Inicialmente aquele diploma estabeleceu a Taxa Referencial Diária (TRD) como fator de correção. Após, a Lei no. 8.660/93 fixou que: Art. 2o. Fica extinta, a partir de 1o de maio de 1993, a Taxa Referencial Diária - TRD de que trata o art. 2o da Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (...) Art. 7o. Os depósitos de poupança têm como remuneração básica a Taxa Referencial - TR relativa à respectiva data de aniversário. Pelo que se extrai a partir do corpo normativo em vigor, o FGTS é um fundo criado com a finalidade de compensar os efeitos da estabilidade do contrato de trabalho, nas ocasiões onde esse é encerrado. É, pois, de natureza institucional, como expressamente proclamado pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário 226.855 (julgado no ano 2000), importante paradigma para o julgamento desta causa: O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ao contrário do que sucede com as cadernetas de poupança, não tem natureza contratual, mas, sim, estatutária, por decorrer da Lei e por ela ser disciplinado. - Assim, é de aplicar-se a ele a firme jurisprudência desta Corte no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico. - Quanto à atualização dos saldos do FGTS relativos aos Planos Verão e Collor I (este no que diz respeito ao mês de abril de 1990), não há questão de direito adquirido a ser examinada, situando-se a matéria exclusivamente no terreno legal infraconstitucional. - No tocante, porém, aos Planos Bresser, Collor I (quanto ao mês de maio de 1990) e Collor II, em que a decisão recorrida se fundou na existência de direito adquirido aos índices de correção que mandou observar, é de aplicar-se o princípio de que não há direito adquirido a regime jurídico. Recurso extraordinário conhecido em parte, e nela provido, para afastar da condenação as atualizações dos saldos do FGTS no tocante aos Planos Bresser, Collor I (apenas quanto à atualização no mês de maio de 1990) e Collor II. (RE 226855, Relator (a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2000, DJ 13-10-2000 PP-00020 EMENT VOL-02008-05 PP-00855 RTJ VOL-00174-03 PP-00916) Naqueles autos a Suprema Corte examinou as demandas que pretendiam modificar, para certos e determinados meses, os índices de correção dos saldos das contas do FGTS. A leitura dos votos dos julgadores revela que a Corte analisou o problema sob a ótica do direito adquirido, não adentrando no mérito dos índices de correção utilizados. Ademais – e o que se revela mais importante para esta demanda – o STF não afastou, por inconstitucionalidade, o uso da TR previsto na Lei no. 8.177/91. Ainda que em demanda cuja lide não era focada no mesmo tema ora em debate, é um indicativo poderoso o fato de o Supremo Tribunal Federal ter admitido o uso do parâmetro agora colocado em dúvida. Naquele caso o Supremo Tribunal Federal não estabeleceu se este ou aquele índice era, essencialmente, o mais adequado para corrigir os saldos das contas de FGTS, restringindo-se a dizer qual o diploma normativo estava em vigor em certo período. A Corte, é bom ressaltar, não buscou garantir uma plena e completa correção dos valores. Como se extrai do voto do Eminente Ministro Ilmar Galvão: “(...) Não se trata de fundo suscetível de ser complementado por empregadores ou pelo Poder Público, razão pela qual os recursos destinados à remuneração e à atualização das respectivas contas hão de ser obtidos mediante a aplicação dos valores acumulados em operações econômicas, ao mesmo tempo, de baixo risco e de rendimentos bastantes à preservação do necessário equilíbrio entre as contas ativas e passivas, requisito indispensável à própria subsistência do Fundo. Essa circunstância afasta, de pronto, a hipótese de atualização dos saldos das contas vinculadas segundo critérios outros que não a aplicação dos índices oficiais de correção monetária, únicos possíveis de serem exigidos, em contrapartida, dos tomadores de recursos do Fundo. Inexiste, por isso mesmo, norma jurídica que imponha o dever de preservação do valor real dos saldos das referidas contas, garantia que, entre nós, não contempla sequer os salários. É sabido, por outro lado, que a inflação no Brasil tem sido combatida, nos últimos tempos, por meio da implantação de planos de estabilização econômica que se têm caracterizado especialmente por abruptos congelamentos de preços, implementados por via de alterações introduzidas no sistema monetário, a que não poderiam ficar imunes fundos institucionais como o de que se trata”. Relevante mencionar, como feito no trecho acima transcrito, que o FGTS presta-se a finalidades institucionais relevantes, servindo como elemento catalisador da economia. Não se trata, bem observando, de um fundo de investimentos ou congênere, tampouco de uma aplicação financeira. Trata-se do somatório de um conjunto de valores, cujos saldos devem “assegurar a cobertura de suas obrigações” (art.2o, da Lei no. 8.036/90). Ou seja, o escopo principal de sua existência é garantir o pagamento dos valores nas hipóteses previstas em lei, e não produzir, sempre, os melhores resultados financeiros aos depositantes. Mudanças definitivas na sua forma de cálculo devem, por absoluta necessidade contábil e coerência jurídica, repercutir em outros agentes do sistema financeiro, como os contratos de financiamento habitacional (via de regra, baseados na variação dos saldos do FGTS). Embora o argumento do custo a ser provocado não possa servir de óbice à correção de eventuais ilegalidades, a análise da envergadura das mudanças sugeridas é indicativa de que não se trata de simples mudança nos parâmetros de correção, mas de verdadeira reforma no sistema financeiro. Nesse passo, é de se questionar sobre a possibilidade de o Judiciário proceder a essa alteração sem afastar-se dos limites constitucionalmente estabelecidos para o seu agir (art.2o da Carta Magna). Chama atenção que o demandante não determina qual o índice específico entende ser aplicável, deixando ao julgador a tarefa de optar pelo INPC ou IPCA ou, ainda, algum outro parâmetro utilizado pelo mercado financeiro que reponha as perdas inflacionárias, reforçando o entendimento de que, a olhos vistos, há um forte componente de discricionariedade econômica (e política) envolvido na escolha de qual parâmetro utilizar. Embora as lições de seus criadores continuem a ser de grande valia, o primado da divisão dos Poderes não pode ser examinado como algo abstrato, dissociado dos pressupostos históricos, sendo imperiosa sua contextualização, merecendo ser compreendido tal como se apresenta, concretamente, na Constituição vigente. Ademais, não tem foros de absolutismo, convivendo que está com inúmeros outros princípios, como o da inafastabilidade do controle judicial, expressamente consignado no artigo 5o, XXXV, da mesma Constituição. Quer dizer, a ideia em si não está superada, mas apenas precisa ser vista sob uma nova perspectiva, mesmo porque o modelo jurídico do Estado Social – dotado de normas que buscam forjar certa realidade – exige um Poder Judiciário que interfira, alguma medida, nos demais organismos estatais em perfil estranho às Cartas existentes quando da gênese daquele primado. O foco da atuação judicial desloca-se, pois, da separação pura e simples dos Poderes para a necessidade de proteger e concretizar os direitos fundamentais. Por isso o sistema adotado no Brasil não seria o da "separação de poderes", mas sim o do "balanceamento dos poderes”. No caso dos autos, parece-me haver, diante das características do FGTS e na hipótese de acolherem-se os argumentos da exordial, uma indevia intromissão do Judiciário em arena própria da decisão política, adentrando em tema sobre a qual há regras claras e expressas tratando do tema. Desconsiderá-las, neste caso, parece-me inadequado. Parece mais razoável compreender que os aplicadores do direito (notadamente os juízes), para atingir as resoluções dos casos concretos (mesmo quando diante de preceitos de sentido abrangente), malgrado façam trabalho inventivo, perpetram-no dentro de fronteiras, balizas que estabelecem parâmetros decisórios. Os documentos legislativos enunciam conteúdos mínimos e vinculantes para o aplicador, que não dispõe de uma liberdade absoluta para encontrar as saídas (juridicamente válidas) para os problemas. Embora sob nova roupagem, não se deve olvidar que o trabalho do Judiciário continua a representar meio para corrigir e/ou prevenir ilegalidades. Quanto mais dilatado o atendimento espontâneo dos preceitos normativos, menores as necessidades corretivas. Isso se aplica, igualmente, à profundidade da análise judicial. Caso afirmada uma completa ineficiência ou precariedade de um determinado direito, o Poder Judiciário tende a atuar com mais vigor. Exigências de correções pontuais, por outro lado, implicam tarefa menos invasiva e atividades interpretativas/criativas menos abrangentes. A desconsideração das regras estabelecidas pelo legislador não pode ser feita sem critérios claros. O autor, bem visto, pretende a mudança de um critério eleito pelo Parlamento por outro parâmetro, esse último escolhido pelo Judiciário. Enfocar a importância das regras para a estabilidade das relações sociais e como fundamentos legítimos e democráticos na resolução de problemas jurídicos, ou para a salvaguarda do princípio da isonomia, não significa qualquer compromisso com a tese de que juiz é um aplicador autômato do direito e que deva haver uma exegese literal dos textos, afastada dos princípios constitucionais e dos valores influentes sobre o sistema jurídico. Quer em assuntos predominantemente privados, seja no funcionamento do Estado e suas diversas relações (internas e externas), existem regras normatizadoras, formadas a partir da estrutura típica dessas espécies normativas. Preceitos dessa categoria, quer pela quantidade, quer pelos assuntos que tratam, quer, enfim, por seu enquadramento sistemático, representam aspecto essencial do fenômeno jurídico. Apesar dessa insofismável realidade normativa, existe uma tendência a desconsiderar, como fundamentos decisórios, as regras jurídicas, relegando-as a plano secundário ou até mesmo totalmente eclipsadas pelo uso de outros padrões decisórios. No caso deste feito, há menção a alguns princípios constitucionais, sem que, no entanto, a parte autora tenha demonstrado, concretamente e através de apontamentos analíticos, a forma como se mostrariam vilipendiados neste caso. Faltaram indicações claras sobre a forma como tais primados alcançariam a situação concreta, inexistindo qualquer fundamentação consistente nesse sentido. Há um preconceito de que aplicar regras conduz a uma opção formalista ou de positivismo extremado, e que o uso dos princípios é sempre “avançado”, “progressista” e “socialmente responsável”. Essas conclusões são, a nosso sentir, equívocas. A aplicação dos princípios – e dentre tantos pontos controversos, esse apresenta algum consenso – é revestida de certa dose de incerteza, haja vista as características daquela espécie normativa. A ponderação, técnica largamente utilizada como parâmetro de manejo dos princípios, é um procedimento complexo, influenciado por fatores vários (inclusive de ordem social, valorativa e dogmática), inexistindo garantias de que resultados socialmente indesejáveis e mesmo retrógrados sejam alcançados. Mesmo porque, para uma boa parte dos problemas jurídicos, somente é possível alcançar uma resposta racionalmente fundamentada, não parâmetros de verdade. A depender das circunstâncias, nada impede que, no futuro, os mesmos raciocínios utilizados para conquistas sociais e superação de preconceitos sejam usados no sentido oposto, porquanto os resultados da interpretação e aplicação dos princípios nem sempre são orientados para a efetividade dos direitos. Não se está a dizer que a exegese e uso dos princípios seja procedimento irracional ou desprovido de qualquer base de coerência. Há excelentes métodos construídos pela dogmática e jurisprudência aptos a enfrentar o problema, mas que não afastam a indesejável incerteza sobre a maneira como os problemas são resolvidos no presente e serão deliberados no futuro. Não se pode, ademais, desmerecer o que ficou assentado pelo Superior Tribunal de Justiça no corpo da Súmula 459: “A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos com o FGTS recolhidos pelo empregador mas não repassados ao fundo.” Segundo a mesma linha exposta nesta sentença, em decisório recente, o Egrégio TRF da 5a Região estabeleceu, in verbis: ADMINISTRATIVO. FGTS. APELAÇÃO. RECURSO ADESIVO. PEDIDO PARA AFASTAMENTO DA TR NA CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS AO FGTS. PEDIDO PARA REPOSIÇÃO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO DIVULGADOS PELO GOVERNO FEDERAL. REAJUSTE DAS CONTAS FUNDIÁRIAS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. APLICAÇÃO DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS PREVISTOS NA SÚMULA 252 DO STJ. SENTENÇA MANTIDA. (...) 3. O SINDIPETRO alega que a TR não pode ser utilizada como índice de correção monetária das contas vinculadas ao FGTS; terem sido violados o art. 11 da Lei no 7.839/89; o art. 13 da Lei no 8.036/90 e o art. 19 do Decreto 99.684/90; que deve ser afastada a TR, devendo ser utilizados índices que reponham a inflação oficial divulgada pelo Governo Federal (IPCA), preservando assim o real valor da moeda durante todo o período em que estiveram submetidos ao regime do FGTS; que se faça incidir, nas parcelas que são devidas aos substituídos, em razão da aplicação dos corretos índices de correção monetária os expurgos inflacionários constantes da súmula 252/STJ. (...) 7. A correção monetária aplicável aos saldos depositados nas contas vinculadas ao FGTS nunca estiverem equiparadas aos mesmos índices adotadas pelo governo para medir a inflação do período, razão por que, no caso dos autos, prevalecem os índices descritos nas Leis que disciplinaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, ou seja, as Leis nos 5.107/66, 7.839/89 e 8036/90. 8. Apelação da CEF improvida e recurso adesivo do SINDIPRETRO PE/PB improvido (Primeira Turma, AC 00081824220114058300, DJE 27/09/2012, rel. Desembargador Federal Manoel Erhardt). Em face do exposto, com fulcro no artigo 269, I, do Código de Processo Civil, resolvo o mérito e julgo IMPROCEDENTE o pedido inicial, deixando de condenar a parte autora em custas e honorários advocatícios, mercê do que prescreve o art.55, da Lei no. 9.099/95. Defiro os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita requerida, nos termos da Lei. Intimem-se as partes
NÃO PROVIMENTO
0530298-89.2019.4.05.8013
2019-09-20 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
null
2019-12-10 07:41:43
Sentença - SENTENÇA
2020-03-27T16:26:31
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
2
AL008169
SENTENÇA (Tipo A – Fundamentação Individualizada) Cuida-se de pedido de restabelecimento de benefício AMPARO SOCIAL (LOAS), cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge a parte demandada, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Passo a fundamentar e decidir. 1.O benefício assistencial, a teor do que dispõe o art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993, com nova redação dada pela Lei no 12.435/2011, consiste na prestação devida mensalmente pela seguridade social ao idoso e ao portador de deficiência, assim considerado esta como sendo à pessoa com impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas . 2.Adentrando ao mérito da causa, constato que o benefício em tela encontra-se regulado pelo art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993. Este, no seu parágrafo segundo, inciso II, estabelece que, para fim de concessão de benefício assistencial de prestação continuada impedimentos de longo prazo são aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. 3.Com efeito, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos, há incapacidade temporária para o trabalho habitual por um período de 03 MESES a partir do laudo pericial. 6.Nesses termos, tem-se que a doença relatada, dissociada de outras condições especiais, não se constitui em motivo hábil a ensejar o deferimento do benefício pleiteado, porque acarreta incapacidade temporária para o trabalho, pelo prazo inferior ao mínimo legal de 24 meses. 7.Ademais, a solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da assistência social, mas da saúde, através do fornecimento de medicamentos e acompanhamento médico adequado para o controle das patologias que acometem a parte autora. 8.A legislação pertinente à matéria exige incapacidade laboral a qual, diante das demais características pessoais da parte interessada, tais como idade e ambiente social, tornem-na permanentemente insuscetível de inserir-se no mercado de trabalho. Assim, seria uma afronta aos princípios constitucionais regedores da matéria conceder tal benefício à parte autora, razão pela qual não merece guarida a pretensão deduzida em juízo. 9.Nessa trilha, entendo que não prosperam as pretensões ao deferimento do benefício assistencial de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei n° 8.742/93 e à condenação do Instituto Nacional de Seguro Social ao pagamento de parcelas retroativas, em virtude do não preenchimento dos requisitos necessários à concessão do mesmo. 10.Por todo o exposto, julgo improcedentes os pedidos deduzidos na inicial, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95 (art. 55 da lei n.o 9.099/95). 11.Intimem-se. Maceió, 10 de dezembro de 2019.GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES Juiz Federal - 6a Vara de Alagoas Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011). Art. 20. (...) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011)
PROCESSO No0530298-89.2019.4.05.8013 RECORRENTE:VANDECI BARBOSA DA SILVA RECORRIDO: INSS- INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE:GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES DADOS: 55 anos, analfabeta, Maceió/AL PROFISSÃO DECLARADA: autônoma (reciclagem) DIAGNÓSTICO: artrose sacroilíacas VOTO-EMENTA BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. PESSOA COM DEFICIÊNCIA. INCAPACIDADE COMPROVADA. LIMITAÇÃO TEMPORÁRIA. LAUDO PERICIAL. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE. IMPEDIMENTO DE LOGO PRAZO. INEXISTÊNCIA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Benefício de amparo social à pessoa com deficiência, regulado pelo artigo 20 da Lei n.o 8.742/93, com a redação dada pela Lei n.o 12.470/2011, que considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas, e que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos. 2. Razões recursais no sentido de que a requerente portaria patologia incapacitante, tendo preenchido os requisitos necessários à concessão do benefício pleiteado, devendo o magistrado levar em consideração a súmula 48 da TNU e precedentes desta Turma. 3. Na hipótese dos autos, a perícia médica constatou que a parte recorrente, portadora de artrose sacroilíacas, encontra-se incapaz de exercer sua função habitual por um período sugerido de 3 meses para tratamento a partir da perícia. Após esse prazo estará apta ao exercício de qualquer atividade laboral. Além disso, concluiu o perito que o periciado encontra-se capaz para atividades diárias e da vida independente no momento. 4. Portanto, tendo sido descaracterizado o impedimento de longo prazo, nos exatos termos da legislação de regência, a parte recorrente não faz jus ao benefício de prestação continuada. Ainda que se considere o início da patologia em 26/10/2018, mesmo assim, não resta caracterizado impedimento de longo prazo (mínimo de 2 anos). 5. O laudo pericial goza de presunção de veracidade, logo, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de impedimento do requerente. Havendo divergência entre as conclusões do perito do juízo e de outros profissionais consultados pelas partes deve-se prestigiar o laudo oficial, pois o auxiliar do juízo é terceiro imparcial, equidistante do interesse das partes, cujas conclusões possuem presunção de veracidade e legitimidade 6. Compulsando os autos, pode-se constatar que, no caso concreto, houve uma análise criteriosa do estado de saúde da parte recorrente, não se verificando a existência de patologia que causasse impedimento de longo prazo. O auxiliar do juízo desempenhou seu mister com competência e esmero, sendo certo que a irresignação da parte recorrente é compreensível diante do conjunto probatório francamente desfavorável a sua pretensão. 7. As circunstâncias socioeconômicas e culturais da requerente, devidamente analisadas, não bastam para conferir direito ao benefício de prestação continuada, devido apenas à pessoa com deficiência cujo grau a impeça de, mesmo com restrições, prover o próprio sustento através do exercício de uma atividade produtiva, e que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos. 8. Recurso improvido, com condenação do recorrente-vencido (autor) ao pagamento de honorários advocatícios, no percentual de 10% (dez por cento), em favor da parte recorrida, incidente sobre o valor atualizado da causa, cuja exigibilidade fica suspensa em razão da concessão do benefício da justiça gratuita, ressalvado a alteração das condições econômicas da parte autora e respeitado o lapso prescricional de 05 (cinco) anos (art. 12 e 13 da Lei n.o 1.060/50 c/c art. 98, §§ 2o e 3o, do Novo CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
597
598
0
0
6-AL
1
80.652581
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de pedido de restabelecimento de benefício AMPARO SOCIAL (LOAS), cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge a parte demandada, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Passo a fundamentar e decidir. 1.O benefício assistencial, a teor do que dispõe o art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993, com nova redação dada pela Lei no 12.435/2011, consiste na prestação devida mensalmente pela seguridade social ao idoso e ao portador de deficiência, assim considerado esta como sendo à pessoa com impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas . 2.Adentrando ao mérito da causa, constato que o benefício em tela encontra-se regulado pelo art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993. Este, no seu parágrafo segundo, inciso II, estabelece que, para fim de concessão de benefício assistencial de prestação continuada impedimentos de longo prazo são aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. URL efeito, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos, há incapacidade temporária para o trabalho habitual por um período de 03 MESES a partir do laudo pericial. 6.Nesses termos, tem-se que a doença relatada, dissociada de outras condições especiais, não se constitui em motivo hábil a ensejar o deferimento do benefício pleiteado, porque acarreta incapacidade temporária para o trabalho, pelo prazo inferior ao mínimo legal de 24 meses. 7.Ademais, a solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da assistência social, mas da saúde, através do fornecimento de medicamentos e acompanhamento médico adequado para o controle das patologias que acometem a parte autora. 8.A legislação pertinente à matéria exige incapacidade laboral a qual, diante das demais características pessoais da parte interessada, tais como idade e ambiente social, tornem-na permanentemente insuscetível de inserir-se no mercado de trabalho. Assim, seria uma afronta aos princípios constitucionais regedores da matéria conceder tal benefício à parte autora, razão pela qual não merece guarida a pretensão deduzida em juízo. 9.Nessa trilha, entendo que não prosperam as pretensões ao deferimento do benefício assistencial de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei n° 8.742/93 e à condenação do Instituto Nacional de Seguro Social ao pagamento de parcelas retroativas, em virtude do não preenchimento dos requisitos necessários à concessão do mesmo. 10.Por todo o exposto, julgo improcedentes os pedidos deduzidos na inicial, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95 (art. 55 da lei n.o 9.099/95). 11.Intimem-se. Maceió, 10 de dezembro de 2019.GUSTAVO DE MENDONÇA GOMES Juiz Federal - 6a Vara de Alagoas Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011). Art. 20. (...) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de
NÃO PROVIMENTO
0519999-53.2019.4.05.8013
2019-06-26 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
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2019-10-07 16:16:07
Sentença - improcedente
2020-03-27T16:26:31
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
AL011305
SENTENÇA (Tipo A – Fundamentação Individualizada) 1.Cuida-se de pedido de restabelecimento de benefício AMPARO SOCIAL (LOAS), cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge a parte demandada, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Passo a fundamentar e decidir. 2.O benefício assistencial, a teor do que dispõe o art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993[1], com nova redação dada pela Lei no 12.435/2011, consiste na prestação devida mensalmente pela seguridade social ao idoso e ao portador de deficiência, assim considerado esta como sendo à pessoa com impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas [2]. 3.Adentrando ao mérito da causa, constato que o benefício em tela encontra-se regulado pelo art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993. Este, no seu parágrafo segundo, inciso II, estabelece que, para fim de concessão de benefício assistencial de prestação continuada impedimentos de longo prazo são aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. 4.Com efeito, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos, a parte autora apresentou patologia com incapacidade temporária para o trabalho habitual por um período sugerido de de 6 (seis) meses a partir do laudo pericial. 5.Nesses termos, tem-se que a doença relatada, dissociada de outras condições especiais, não se constitui em motivo hábil a ensejar o deferimento do benefício pleiteado, porque acarreta incapacidade temporária para o trabalho, pelo prazo inferior ao mínimo legal de 24 meses. 6.Ademais, a solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da assistência social, mas da saúde, através do fornecimento de medicamentos e acompanhamento médico adequado para o controle das patologias que acometem a parte autora. 7.A legislação pertinente à matéria exige incapacidade laboral a qual, diante das demais características pessoais da parte interessada, tais como idade e ambiente social, tornem-na permanentemente insuscetível de inserir-se no mercado de trabalho. Assim, seria uma afronta aos princípios constitucionais regedores da matéria conceder tal benefício à parte autora, razão pela qual não merece guarida a pretensão deduzida em juízo. 8.Nessa trilha, entendo que não prosperam as pretensões ao deferimento do benefício assistencial de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei n° 8.742/93 e à condenação do Instituto Nacional de Seguro Social ao pagamento de parcelas retroativas, em virtude do não preenchimento dos requisitos necessários à concessão do mesmo. 9.Por todo o exposto, julgo improcedentes os pedidos deduzidos na inicial, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95 (art. 55 da lei n.o 9.099/95). 10.Intimem-se. Juiz Federal - 6a Vara de Alagoas [1] Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011). [2] Art. 20. (...) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011)
PROCESSO No 0519999-53.2019.4.05.8013 RECORRENTE:MARIA JOSÉ DE OLIVEIRA RECORRIDO: INSS- INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE:Felini de Oliveira Wanderley DADOS: 51 anos, fundamental incompleto, São Luiz do Quitunde/AL PROFISSÃO DECLARADA: agricultor. DIAGNÓSTICO: osteoporose pós-menopausal precoce VOTO-EMENTA BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. PESSOA COM DEFICIÊNCIA. INCAPACIDADE COMPROVADA. LIMITAÇÃO TEMPORÁRIA. LAUDO PERICIAL. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE. IMPEDIMENTO DE LOGO PRAZO. INEXISTÊNCIA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Benefício de amparo social à pessoa com deficiência, regulado pelo artigo 20 da Lei n.o 8.742/93, com a redação dada pela Lei n.o 12.470/2011, que considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas, e que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos. 2. Razões recursais no sentido de que a requerente portaria patologia incapacitante, tendo preenchido os requisitos necessários à concessão do benefício pleiteado, devendo o magistrado levar em consideração a súmula 48 da TNU e precedentes desta Turma. 3. Na hipótese dos autos, a perícia médica constatou que a parte recorrente, portadora de osteoporose pós-menopausal precoce, encontra-se incapaz de exercer sua função habitual por um período sugerido de 6 meses para tratamento a partir da perícia. Após esse prazo estará apta ao exercício de qualquer atividade laboral. 4. Portanto, tendo sido descaracterizado o impedimento de longo prazo, nos exatos termos da legislação de regência, a parte recorrente não faz jus ao benefício de prestação continuada. 5. O laudo pericial goza de presunção de veracidade, logo, não se apresentando qualquer elemento de prova objetivo e convincente que afaste tal presunção, deve ser utilizado para se apurar o grau de impedimento do requerente. Havendo divergência entre as conclusões do perito do juízo e de outros profissionais consultados pelas partes deve-se prestigiar o laudo oficial, pois o auxiliar do juízo é terceiro imparcial, equidistante do interesse das partes, cujas conclusões possuem presunção de veracidade e legitimidade 6. Compulsando os autos, pode-se constatar que, no caso concreto, houve uma análise criteriosa do estado de saúde da parte recorrente, não se verificando a existência de patologia que causasse impedimento de longo prazo. O auxiliar do juízo desempenhou seu mister com competência e esmero, sendo certo que a irresignação da parte recorrente é compreensível diante do conjunto probatório francamente desfavorável a sua pretensão. 7. As circunstâncias socioeconômicas e culturais da requerente, devidamente analisadas, não bastam para conferir direito ao benefício de prestação continuada, devido apenas à pessoa com deficiência cujo grau a impeça de, mesmo com restrições, prover o próprio sustento através do exercício de uma atividade produtiva, e que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos. 8. Recurso improvido, com condenação do recorrente-vencido (autor) ao pagamento de honorários advocatícios, no percentual de 10% (dez por cento), em favor da parte recorrida, incidente sobre o valor atualizado da causa, cuja exigibilidade fica suspensa em razão da concessão do benefício da justiça gratuita, ressalvado a alteração das condições econômicas da parte autora e respeitado o lapso prescricional de 05 (cinco) anos (art. 12 e 13 da Lei n.o 1.060/50 c/c art. 98, §§ 2o e 3o, do Novo CPC). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator. SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
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6-AL
1
103.043831
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de pedido de restabelecimento de benefício AMPARO SOCIAL (LOAS), cumulado com pedido de pagamento de parcelas retroativas, contra os quais se insurge a parte demandada, ao argumento de que a parte autora não comprovara administrativamente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Passo a fundamentar e decidir. 2.O benefício assistencial, a teor do que dispõe o art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993[1], com nova redação dada pela Lei no 12.435/2011, consiste na prestação devida mensalmente pela seguridade social ao idoso e ao portador de deficiência, assim considerado esta como sendo à pessoa com impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas [2]. 3.Adentrando ao mérito da causa, constato que o benefício em tela encontra-se regulado pelo art. 20 da Lei Federal n° 8.742 de 1993. Este, no seu parágrafo segundo, inciso II, estabelece que, para fim de concessão de benefício assistencial de prestação continuada impedimentos de longo prazo são aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. URL efeito, consoante o laudo pericial apresentado nestes autos, a parte autora apresentou patologia com incapacidade temporária para o trabalho habitual por um período sugerido de de 6 (seis) meses a partir do laudo pericial. 5.Nesses termos, tem-se que a doença relatada, dissociada de outras condições especiais, não se constitui em motivo hábil a ensejar o deferimento do benefício pleiteado, porque acarreta incapacidade temporária para o trabalho, pelo prazo inferior ao mínimo legal de 24 meses. 6.Ademais, a solução legal para o caso presente, então, dentro do conjunto de políticas públicas relativas à seguridade social, não deve fluir pelo caminho da assistência social, mas da saúde, através do fornecimento de medicamentos e acompanhamento médico adequado para o controle das patologias que acometem a parte autora. 7.A legislação pertinente à matéria exige incapacidade laboral a qual, diante das demais características pessoais da parte interessada, tais como idade e ambiente social, tornem-na permanentemente insuscetível de inserir-se no mercado de trabalho. Assim, seria uma afronta aos princípios constitucionais regedores da matéria conceder tal benefício à parte autora, razão pela qual não merece guarida a pretensão deduzida em juízo. 8.Nessa trilha, entendo que não prosperam as pretensões ao deferimento do benefício assistencial de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei n° 8.742/93 e à condenação do Instituto Nacional de Seguro Social ao pagamento de parcelas retroativas, em virtude do não preenchimento dos requisitos necessários à concessão do mesmo. 9.Por todo o exposto, julgo improcedentes os pedidos deduzidos na inicial, deixando de condenar a parte autora nas despesas processuais e honorários advocatícios, em razão do que dispõe o art. 55 da Lei n° 9.099/95 (art. 55 da lei n.o 9.099/95). 10.Intimem-se. Juiz Federal - 6a Vara de Alagoas [1] Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei no 12.435, de 2011). [2] Art. 20. (...) I - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (Redação dada pela Lei no 12.435, de
NÃO PROVIMENTO
0529228-37.2019.4.05.8013
2019-09-11 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2020-02-18 11:05:56
Sentença - PROCEDENTE
2020-03-27T16:26:31
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL008346
PROCESSO N.o 0529228-37.2019.4.05.8013 AUTOR: GILVAN ANTONIO DA SILVA RÉU: INSS. SENTENÇA Cuida-se de ação com pedido de concessão de benefício previdenciário de Auxílio-Doença, com pedido alternativo de Aposentadoria por Invalidez, juntamente com o pagamento de parcelas retroativas. Fundamento e decido. O benefício de auxílio-doença está regulado nos artigos 59 e seguintes da Lei no 8.213/91, tendo os seguintes requisitos: a) incapacidade para o seu trabalho ou para a atividade habitual, por mais de 15 dias consecutivos; b) qualidade de segurado na data do início da incapacidade; c) carência, nos termos do art. 25, I, salvo nos casos previstos no art. 26, II. Já a aposentadoria por invalidez será deferida ao segurado que for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição, conforme prescreve o art. 42 da Lei no 8.213/91. Visando aferir o estado de saúde da parte autora, e especialmente sua capacidade laborativa, foi realizada perícia médica, nos termos do art. 156 do Código de Processo Civil. Consoante o laudo pericial (anexo n.o 13), a parte autora apresenta o seguinte diagnóstico: “Sequelas de AVC – CID 10: I 69.4.”. Afirma a douta perita médica que a parte autora encontra-se incapacitada permanentemente para suas atividades laborais. Vejamos: 4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. O quadro clínico do autor o incapacita, pelo somatório entre suas patologias, especialmente pelas sequelas do antigo AVC, para o exercício das atividades de maior esforço físico e para aquelas que demandem habilidade de movimentos com os membros. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? Há incapacidade para a atividade declarada, pelo quadro de sequelas do antigo AVC. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado se encontra impedido de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? * Haveria indicação para a reabilitação para atividade que não exigisse maior esforço físico, compatível com suas limitações e grau de instrução. 7) O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Ele não necessita de supervisão ou auxílio para as atividades diárias no momento. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade laboral? Se anterior, se contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Pelo quadro clínico, evolução das patologias e documentos apresentados, concluímos que o autor está incapacitado para as atividades braçais, incluindo a declarada, ou que demandem habilidade de movimentos com os membros, de forma permanente, comprovadamente desde 23/03/2018. Já a data do indeferimento do pedido do auxílio-doença foi a de 04/04/2018. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelas informações colhidas na entrevista, no exame físico e nos documentos apresentados podemos concluir que o autor possui patologias denominadas sequelas de AVC e espondilartrose incipiente. Consideramos, portanto que ele: Quanto à capacidade para a atividade declarada: a atividade declarada é inadequadapara o autor. Quanto à capacidade para o trabalho e restrições: o quadro clínico do autor o incapacita para o trabalho que exija maior esforço físico ou que demandem habilidade de movimentos com os membros, de forma permanente. Quanto à capacidade para a vida independente: ele atualmente poderá exercer osÞ atos da vida independente normalmente. Expectativa de tempo para o retorno à atividade declarada: não há expectativa de retorno à atividade declarada e a reabilitação profissional fica prejudicada, diante do conjunto entre suas limitações. Quanto à incapacidade, à luz do presente laudo pericial, faz-se essencial observar os termos da Súmula n. 47 da TNU, na qual ‘’Uma vez Reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez". Ora, na avançada idade do autor (já conta com 66 anos de idade na data da perícia), não possuindo instrução educacional (analfabeto) bem como, tenho como improvável a recolocação profissional a esta altura da vida, motivo pelo qual imperiosa a aplicação da Súmula 47 da TNU a este caso. O laudo pericial (anexo n.o 13) concluiu que a autora possui sequelas de AVC e espondilartrose incipiente. Não há expectativa de tempo para o retorno à atividade declarada, estando à reabilitação prejudicada. Diante do laudo pela médica perita comprova-se a incapacidade permanente da parte autora, motivo pelo qual, constitui devido à concessão de aposentadoria por invalidez Posto isto, direciona-se a presente demanda para a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez. Sem embargo, dispõe, o artigo 45 da Lei n° 8.213/91, in litteris: “Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).” Depreende-se do laudo, ademais, que a parte autora não se encontra impedida de executar as suas atividades da vida diária que necessitam de esforço físico e, assim, não necessita de ajuda de terceiros para a realização destas atividades (quesito 07), motivo pelo qual não lhe é devida majoração de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o valor do benefício. No que respeita ao segundo requisito da qualidade de segurado, o autor possui registros no CNIS como autônomo e contribuinte individual. Sendo comprovado que da data de inicio da incapacidade, o autor verteu 07 contribuições, sendo 02 de recolhimento e 05 na categoria de empregado, portanto não perdeu sua qualidade de segurado. Dessa forma, tendo em vista que a parte autora não perdeu a qualidade de segurado quando da constatação de sua incapacidade em 23/03/2018, reconheço o direito do demandante à concessão do benefício previdenciário de Aposentadoria por Invalidez, assim como ao pagamento das parcelas retroativas, desde a data do requerimento administrativo 04/04/2018. Em razão de a incapacidade ser anterior a DER. Registre-se, por oportuno, que o período de carência exigido para a concessão dos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez corresponde a 12 (doze) contribuições mensais, conforme disposto no art. 25, inciso I, da Lei no 8.213/91. Por fim, há que se considerar que o STF, ao julgar as ADI’s 4.357/DF e 4.425/DF, relator para o acórdão ministro Luiz Fux, declarou, por arrastamento, a inconstitucionalidade parcial do art. 5o da Lei n. 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1o-F da Lei n. 9.494/97, ao fundamento de que o índice aplicável aos depósitos em cadernetas de poupança não se presta para atualização monetária, porquanto não corresponde à desvalorização da moeda em certo período de tempo. Embora não publicados os acórdãos, a notícia foi divulgada no Informativo no 698 do STF. Dada a eficácia repristinatória da declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, voltou a viger a legislação pretérita, segundo a qual os créditos de benefícios previdenciários devem ser corrigidos monetariamente pelo INPC (Lei n. 11.430/2006), desde o vencimento de cada prestação. Quanto aos juros de mora, incidem a partir da citação e devem corresponder aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, já que o art. 5o da Lei n. 11.960/2009 não foi atingido, neste particular, pela declaração de inconstitucionalidade. Destarte, incidirão juros de mora de 0,5% ao mês (simples) até abril de 2012. A partir de maio de 2012, incidirão juros capitalizados de forma simples, correspondentes a 0,5% ao mês ou 70% da SELIC se o percentual dela for fixado abaixo de 8,5% ao ano (art. 12, inciso II, alíneas “a” e “b”, da Lei n. 8.177/91, com redação da Lei n. 12.703/12, bem como Manual de Cálculos da Justiça Federal). Na hipótese de ter sido anexado aos autos contrato de honorários advocatícios, registro a existência de Enunciado firmado pela Turma Recursal de Alagoas, nos termos adiante constantes: “8. Não caracteriza lesão contratual a estipulação de honorários advocatícios em causas previdenciárias no percentual de 20% (vinte por cento), incidente sobre as parcelas retroativas e 12 (doze) parcelas vincendas do benefício postulado em juízo, desde que não ultrapasse 50% (cinquenta por cento) do valor a ser requisitado (aprovado em 24 de março de 2015).” Desta feita, com a ressalva de meu entendimento pessoal, ancorado em precedente do STJ (REsp 1.155.200 – DF, Ministra Nancy Andrighi, 22 de fevereiro de 2011), deve a expedição de eventual RPV ser nos termos da referida súmula. Por todo exposto, julgo procedente a demanda, ao passo em que: a) Determino ao INSS que conceda à parte autora o benefício de Auxílio-Doença em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, com RMI no valor de R$ 1.588,65 com DIP em 01/02/2020; b) Condeno o INSS a pagar ao autor as parcelas retroativas, correspondentes às prestações devidas desde a data do requerimento, qual seja em 04/04/2018, observada a prescrição quinquenal, corrigidas monetariamente pelo INPC, a partir do vencimento de cada prestação, e acrescidas de juros de mora a partir da citação, calculados na forma indicada na fundamentação supra. O valor total devido está descrito em planilha de cálculos anexa, a qual passa a fazer parte integrante desta sentença; c) Adote a Secretaria as providências necessárias para que o INSS, no prazo de 20 dias, dê cumprimento à obrigação de fazer objeto desta sentença. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Defiro ainda os benefícios da gratuidade da justiça nos termos dos artigos 98 e seguintes do NCPC. Intimem-se. Transitado em julgado a sentença, expeça-se a RPV. FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY Juiz Federal – 14a Vara/AL RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE APOSENTADORIAPOR INVALIDEZ/32 BENEFICIÁRIO GILVANANTONIO DA SILVA CPF 296.359.774-68 RMI R$ 1.588,65 DIB 04/04/2018
PROCESSO N.o 0529228-37.2019.4.05.8013 RECORRENTE: INSS RECORRIDO: GILVAN ANTONIO DA SILVA JUIZ SENTENCIANTE: FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DISPENSA DE CARÊNCIA. SEQUELAS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL. PRECEDENTE DA TNU. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. BENEFÍCIO DEVIDO. RECURSO INOMINADO DO INSS IMPROVIDO. 1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido de concessão do benefício de auxílio-doença, para fins de reforma da sentença, nos termos do recurso apresentado nos autos. 2.Requer que seja dado provimento ao presente recurso, ao argumento de que a parte autora, quando da Data do início da incapacidade, não possuiria a carência necessária à concessão do benefício. 3. Pois bem. 4. O art. 59 da Lei 8.213/91 estabelece que o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. 5. Da análise do laudo pericial, depreende-se que a parte autora possui incapacidade para a atividade habitual definitiva, decorrente de sequela de acidente vascular encefálico (anexo 13). 6. O cerne do recurso diz respeito ao cumprimento do período de carência pela autora, tendo em vista que consta do CNIS (anexo 15, pág. 9)que o período do início da contribuição (29/11/2017 a 23/03/2018) e a data que sobreveio a incapacidade da parte autora (23/03/2018) é inferior a 6 contribuições mensais. 7. Todavia, a Lei Previdenciária dispensa a carência nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de algumas doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, conforme dispõe o art. 151 da LPS: Art. 151.Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada. 8. Depreende-se do laudo médico que a autora encontra-se incapacitada definitivamente para a atividade habitual em decorrência das sequelas provocadas pelo AVC. 9. Não fosse o bastante, a TNU, em julgado de fins de 2017, firmou a tese de que pessoas acometidas de acidente vascular cerebral fazem jus à dispensa de carência, para fins de concessão de benefício por incapacidade. Nesse sentido, colaciono: "PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE DECORRENTE DE SEQUELA DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL – AVC. DISPENSA DE CARÊNCIA. ART. 26, II, LEI 8.213/91. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. [...] 8. O cerne da questão a ser solvida refere-se à exigência ou não de carência para o benefício de aposentadoria por invalidez em decorrência de sequela de acidente vascular cerebral (AVC) que levou à sua incapacidade total e permanente em função da hemiparesia (paralisia parcial de um lado do corpo). 9. Como regra, os benefícios por incapacidade (auxílio-doença e aposentadoria por invalidez) exigem 12 (doze) contribuições mensais como carência (Lei n. 8.213/91, art. 25, I). Todavia, a própria Lei Previdenciária dispensa a carência em três situações: (i) nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa; (ii) nos casos de doença profissional ou do trabalho, bem como (iii) nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado (Lei n. 8.213/91, art. 26, II). No que toca à terceira situação, conforme dispões do art. 151 da LPS, até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada (Grifamos). [...]" [TNU – PROC. N. 0010540-71.2017.4.90.0000 – REL. JUIZ FEDERAL SERGIO DE ABREU BRITO – 27/11/2017] 10. Esse é o caso dos autos, onde se observa que do segurado apresenta uma doença tão grave quanto àquelas que foram relacionadas na lista, fazendo jus a exclusão da necessidade de cumprir o período de carência. 11. A sentença recorrida deu solução adequada à pretensão trazida a juízo, não havendo reparos a nela fazer, devendo ser mantida, razão por que, ratificados todos seus termos (arts. 38 e 46 da Lei no 9.099/95 e art. 25, p.u, do Reg. Interno da TR/AL). 12. Recurso inominado improvido, com condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/2001), limitando-se o cálculo às prestações vencidas até a prolação da sentença (Súmula 111 do STJ). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
1,609
915
0
0
14-AL
1
160.009676
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
AUTOR: GILVAN ANTONIO DA SILVA RÉU: INSS. SENTENÇA Cuida-se de ação com pedido de concessão de benefício previdenciário de Auxílio-Doença, com pedido alternativo de Aposentadoria por Invalidez, juntamente com o pagamento de parcelas retroativas. Fundamento e decido. O benefício de auxílio-doença está regulado nos artigos 59 e seguintes da Lei no 8.213/91, tendo os seguintes requisitos: a) incapacidade para o seu trabalho ou para a atividade habitual, por mais de 15 dias consecutivos; b) qualidade de segurado na data do início da incapacidade; c) carência, nos termos do art. 25, I, salvo nos casos previstos no art. 26, II. Já a aposentadoria por invalidez será deferida ao segurado que for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, sendo-lhe paga enquanto permanecer nessa condição, conforme prescreve o art. 42 da Lei no 8.213/91. Visando aferir o estado de saúde da parte autora, e especialmente sua capacidade laborativa, foi realizada perícia médica, nos termos do art. 156 do Código de Processo Civil. Consoante o laudo pericial (anexo n.o 13), a parte autora apresenta o seguinte diagnóstico: “Sequelas de AVC – CID 10: I 69.4.”. Afirma a douta perita médica que a parte autora encontra-se incapacitada permanentemente para suas atividades laborais. Vejamos: 4) O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? Não. O quadro clínico do autor o incapacita, pelo somatório entre suas patologias, especialmente pelas sequelas do antigo AVC, para o exercício das atividades de maior esforço físico e para aquelas que demandem habilidade de movimentos com os membros. 5) Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de sequelas? Há incapacidade para a atividade declarada, pelo quadro de sequelas do antigo AVC. 6) Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado se encontra impedido de exercer outra(s) atividade(s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? * Haveria indicação para a reabilitação para atividade que não exigisse maior esforço físico, compatível com suas limitações e grau de instrução. 7) O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos da vida diária sem a necessidade de qualquer auxílio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Ele não necessita de supervisão ou auxílio para as atividades diárias no momento. 8) Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clínico atual do periciado, é possível inferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade laboral? Se anterior, se contemporânea ou posterior à data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Pelo quadro clínico, evolução das patologias e documentos apresentados, concluímos que o autor está incapacitado para as atividades braçais, incluindo a declarada, ou que demandem habilidade de movimentos com os membros, de forma permanente, comprovadamente desde 23/03/2018. Já a data do indeferimento do pedido do auxílio-doença foi a de 04/04/2018. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelas informações colhidas na entrevista, no exame físico e nos documentos apresentados podemos concluir que o autor possui patologias denominadas sequelas de AVC e espondilartrose incipiente. Consideramos, portanto que ele: Quanto à capacidade para a atividade declarada: a atividade declarada é inadequadapara o autor. Quanto à capacidade para o trabalho e restrições: o quadro clínico do autor o incapacita para o trabalho que exija maior esforço físico ou que demandem habilidade de movimentos com os membros, de forma permanente. Quanto à capacidade para a vida independente: ele atualmente poderá exercer osÞ atos da vida independente normalmente. Expectativa de tempo para o retorno à atividade declarada: não há expectativa de retorno à atividade declarada e a reabilitação profissional fica prejudicada, diante do conjunto entre suas limitações. Quanto à incapacidade, à luz do presente laudo pericial, faz-se essencial observar os termos da Súmula n. 47 da TNU, na qual ‘’Uma vez Reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez". Ora, na avançada idade do autor (já conta com 66 anos de idade na data da perícia), não possuindo instrução educacional (analfabeto) bem como, tenho como improvável a recolocação profissional a esta altura da vida, motivo pelo qual imperiosa a aplicação da Súmula 47 da TNU a este caso. O laudo pericial (anexo n.o 13) concluiu que a autora possui sequelas de AVC e espondilartrose incipiente. Não há expectativa de tempo para o retorno à atividade declarada, estando à reabilitação prejudicada. Diante do laudo pela médica perita comprova-se a incapacidade permanente da parte autora, motivo pelo qual, constitui devido à concessão de aposentadoria por invalidez Posto isto, direciona-se a presente demanda para a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez. Sem embargo, dispõe, o artigo 45 da Lei n° 8.213/91, in litteris: “Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).” Depreende-se do laudo, ademais, que a parte autora não se encontra impedida de executar as suas atividades da vida diária que necessitam de esforço físico e, assim, não necessita de ajuda de terceiros para a realização destas atividades (quesito 07), motivo pelo qual não lhe é devida majoração de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o valor do benefício. No que respeita ao segundo requisito da qualidade de segurado, o autor possui registros no CNIS como autônomo e contribuinte individual. Sendo comprovado que da data de inicio da incapacidade, o autor verteu 07 contribuições, sendo 02 de recolhimento e 05 na categoria de empregado, portanto não perdeu sua qualidade de segurado. Dessa forma, tendo em vista que a parte autora não perdeu a qualidade de segurado quando da constatação de sua incapacidade em 23/03/2018, reconheço o direito do demandante à concessão do benefício previdenciário de Aposentadoria por Invalidez, assim como ao pagamento das parcelas retroativas, desde a data do requerimento administrativo 04/04/2018. Em razão de a incapacidade ser anterior a DER. Registre-se, por oportuno, que o período de carência exigido para a concessão dos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez corresponde a 12 (doze) contribuições mensais, conforme disposto no art. 25, inciso I, da Lei no 8.213/91. Por fim, há que se considerar que o STF, ao julgar as ADI’s 4.357/DF e 4.425/DF, relator para o acórdão ministro Luiz Fux, declarou, por arrastamento, a inconstitucionalidade parcial do art. 5o da Lei n. 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1o-F da Lei n. 9.494/97, ao fundamento de que o índice aplicável aos depósitos em cadernetas de poupança não se presta para atualização monetária, porquanto não corresponde à desvalorização da moeda em certo período de tempo. Embora não publicados os acórdãos, a notícia foi divulgada no Informativo no 698 do STF. Dada a eficácia repristinatória da declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, voltou a viger a legislação pretérita, segundo a qual os créditos de benefícios previdenciários devem ser corrigidos monetariamente pelo INPC (Lei n. 11.430/2006), desde o vencimento de cada prestação. Quanto aos juros de mora, incidem a partir da citação e devem corresponder aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, já que o art. 5o da Lei n. 11.960/2009 não foi atingido, neste particular, pela declaração de inconstitucionalidade. Destarte, incidirão juros de mora de 0,5% ao mês (simples) até abril de 2012. A partir de maio de 2012, incidirão juros capitalizados de forma simples, correspondentes a 0,5% ao mês ou 70% da SELIC se o percentual dela for fixado abaixo de 8,5% ao ano (art. 12, inciso II, alíneas “a” e “b”, da Lei n. 8.177/91, com redação da Lei n. 12.703/12, bem como Manual de Cálculos da Justiça Federal). Na hipótese de ter sido anexado aos autos contrato de honorários advocatícios, registro a existência de Enunciado firmado pela Turma Recursal de Alagoas, nos termos adiante constantes: “8. Não caracteriza lesão contratual a estipulação de honorários advocatícios em causas previdenciárias no percentual de 20% (vinte por cento), incidente sobre as parcelas retroativas e 12 (doze) parcelas vincendas do benefício postulado em juízo, desde que não ultrapasse 50% (cinquenta por cento) do valor a ser requisitado (aprovado em 24 de março de 2015).” Desta feita, com a ressalva de meu entendimento pessoal, ancorado em precedente do STJ (REsp 1.155.200 – DF, Ministra Nancy Andrighi, 22 de fevereiro de 2011), deve a expedição de eventual RPV ser nos termos da referida súmula. Por todo exposto, julgo procedente a demanda, ao passo em que: a) Determino ao INSS que conceda à parte autora o benefício de Auxílio-Doença em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, com RMI no valor de R$ 1.588,65 com DIP em 01/02/2020; b) Condeno o INSS a pagar ao autor as parcelas retroativas, correspondentes às prestações devidas desde a data do requerimento, qual seja em 04/04/2018, observada a prescrição quinquenal, corrigidas monetariamente pelo INPC, a partir do vencimento de cada prestação, e acrescidas de juros de mora a partir da citação, calculados na forma indicada na fundamentação supra. O valor total devido está descrito em planilha de cálculos anexa, a qual passa a fazer parte integrante desta sentença; c) Adote a Secretaria as providências necessárias para que o INSS, no prazo de 20 dias, dê cumprimento à obrigação de fazer objeto desta sentença. Sem custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.o 9.099/95). Defiro ainda os benefícios da gratuidade da justiça nos termos dos artigos 98 e seguintes do NCPC. Intimem-se. Transitado em julgado a sentença, expeça-se a RPV. FELINI DE OLIVEIRA WANDERLEY Juiz Federal – 14a Vara/AL RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE APOSENTADORIAPOR INVALIDEZ/32 BENEFICIÁRIO GILVANANTONIO DA SILVA CPF 296.359.774-68 RMI R$ 1.588,65 DIB
NÃO PROVIMENTO
0502805-34.2019.4.05.8015
2019-03-18 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-12 08:03:19
Sentença - Parcialmente Procedente
2020-03-27T16:26:31
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL007150
SENTENÇA Pretende a parte autora auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, na condição de trabalhador rural segurado especial. O INSS contestou a ação. Em audiência, foi colhida a prova oral, sem proposta de acordo. Para a concessão de auxílio-doença, o art. 59 da Lei no 8.213/91 exige a prova da qualidade de segurado, o cumprimento da carência – 12 (doze) meses, nos termos do art. 25, I, da mesma lei – e a comprovação da incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias; para a concessão da aposentadoria por invalidez, o art. 42 da mesma lei exige a comprovação da qualidade de segurado e do prazo de carência de 12 meses, devendo ser concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação e recuperação. No mais, em atenção ao disposto no art. 45 da Lei no. 8.213/91, caso o autor apresente necessidade de auxílio, vigilância, assistência e acompanhamento de terceiros, fará jus a um acréscimo de 25% no valor do benefício. Ao analisar os autos nesta perspectiva, percebo que há início de prova material. A parte autora trouxe extrato CNIS sem vínculos urbanos (anexo 19). Mitigando-se o rigor probatório da TNU e demais tribunais pátrios, basta a título de prova documental. Corroborando o início de prova material, a prova produzida em audiência foi satisfatória. Disse a parte autora mora que em Cacimbinhas, Alagoas; união estável; não tem filhos; é agricultor desde seus 10 (dez) anos de idade; que nunca laborou fora do campo; trabalha nas terras do sogro, plantando feijão e milho com a ajuda do sogro; usa enxada de duas libras e meia; xaxar é chegar terra e limpar o feijão; que a flor do feijão nasce antes do canivete. No mais, demonstrou conhecimento a respeito do cultivo da terra, perfazendo um conjunto hábil a demonstrar a qualidade de segurado especial. A inspeção judicial foi positiva para o exercício da atividade alegada. Apresentou-se o autor com mãos calejadas, o que denuncia sua condição de rurícola. Reputo presente o perfil campesino. A testemunha, por sua vez, disse que conhece o autor desde jovem, o qual é agricultor; que nunca viu o demandante laborar fora do campo; que o demandante trabalha nas terras do sogro; que o requerente convive com a esposa há cerca de 06 (seis) anos. Quanto à prova testemunhal, vejo que esta se mostrou suficiente à formação de meu convencimento, pois se mostrou idônea, segura e coerente, relativamente ao exercício da atividade rural do autor na condição de segurado especial. Do exposto, entendo que a parte autora comprovou o exercício de atividade rurícola pelo período de carência necessário à concessão do benefício. De igual forma, a incapacidade total e temporária (por 6 meses) foi reconhecida desde 01/08/2018 (DII). Assim, possível a concessão do auxílio-doença previdenciário, mas sem a pretendida conversão em aposentadoria por invalidez, eis que esta exige incapacidade definitiva. Pois bem. A Lei no 13.457/2017 estabelece que a concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo de duração do benefício, sob pena de cessação automática no prazo de 120 dias. No caso, o perito judicial fixou o prazo de recuperação do autor em 1 (um) ano, devendo o benefício ser concedido por tal período. Registro, por oportuno, a inexistência de prejuízo à parte, já que, no caso de entender que ao final do prazo ainda se encontra incapaz, poderá formular pedido de prorrogação junto ao INSS. Por fim, o laudo médico indica que o início da incapacidade do autor remonta a 01/08/2018 (DII). Dessa forma, sendo a incapacidade anterior à DER (10/10/2018), entendo que nesta data deve-se se dar o termo inicial do benefício. Diante do exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, CONDENAR o INSS a: a) IMPLANTAR o benefício de AUXÍLIO-DOENÇA em favor da parte autora, com DIB em 10/10/2018, DIP em 01/12/2019 e DCB em 01/06/2020. b) PROMOVER a devolução dos valores adiantados a título de perícia, conforme estabelece o artigo 12, § 1o, da Lei n. 10.259/01; c) PAGAR as diferenças devidas, mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV), corrigidas monetariamente desde o vencimento de cada prestação pelo INPC, nos termos do caput do artigo 41-A, da Lei n. 8213/91, com redação dada pela Lei n. 11.430/2006. Os juros de mora deverão incidir, desde a citação, uma única vez, até o efetivo pagamento, sem capitalização, segundo índices oficiais de remuneração básica aplicados às cadernetas de poupança, nos termos estabelecidos no art. 1o-F, da Lei no 9.494/97, com a redação conferida pela Lei no 11.960/2009.. Custas e honorários incabíveis na espécie, por força dos artigos 54 e 55 da Lei n° 9.099/95 e artigo 1o da Lei 10.259/2001. Considerando a natureza alimentar do benefício previdenciário reconhecido como devido nesta sentença, sem o qual a parte autora não terá condições de prover o próprio sustento, e a possibilidade do réu interpor recurso, prolongando indefinidamente o estado de carência financeira do (a) beneficiário(a) da Previdência Social, determinar ao INSS que proceda à implantação do benefício objeto deste processo, nos termos acima determinados, no prazo 30 (trinta) dias. No caso de recurso, os autos deverão ser enviados à Turma Recursal. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) Na primeira hipótese, certifique-se o trânsito em julgado. b) Após, com a satisfação do crédito, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Com eventual juntada de contrato de honorários, acolho a retenção dos mesmos limitados em até 30% (trinta por cento) das parcelas vencidas até a sentença (Súmula 111/STJ), ou desde que esteja nos moldes estabelecidos pela TR, sendo a quantia restante integralmente da parte autora. Sem embargo, expeça-se RPV. Outrossim, acaso ultrapassado o limite acima referido ou inexistindo nos autos contrato escrito de honorários advocatícios, sem embargo, tendo em vista a função social do contrato, a hipossuficiência da parte autora, a vedação ao enriquecimento ilícito, o benefício da gratuidade e o caráter alimentar da verba, honorários contratuais fixados no percentual de 20% (vinte por cento), incidente sobre as parcelas retroativas e 12 (doze) parcelas vincendas do benefício postulado em juízo, desde que não ultrapasse 50% (cinquenta por cento) do valor a ser requisitado, sendo certo que a retenção de honorários advocatícios exige juntada do respectivo contrato. Defiro os benefícios da assistência judiciária gratuita. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR Juiz Federal Substituto da 10a Vara Federal de Alagoas RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO BENEFICIÁRIO JUVENILDO DACONCEICAO BENEFÍCIO No 625.156.936-4 CPF 085.160.434-01 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 10/10/2018 DIP 01/12/2019 DCB 01/06/2020 O STF ao julgar as ADI's 4.357/DF e 4.425/DF, de relatoria do Ministro Luiz Fux, declarou, por arrastamento, a inconstitucionalidade do art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com redação dada pela Lei no 11.960/2009, ao fundamento de que o índice aplicável aos depósitos em cadernetas de poupança não se presta para atualização monetária, porquanto não corresponde à desvalorização da moeda em certo período de tempo. Embora não publicados os acórdãos, a notícia foi divulgada no Informativo no 698 do STF. Dada a eficácia repristinatória da declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, voltou a viger a legislação pretérita, segundo a qual os créditos de benefícios previdenciários devem ser corrigidos monetariamente pelo INPC (Lei no 11.430/2006), desde o vencimento de cada prestação.
1.PROCESSO No 0502805-34.2019.4.05.8015 RECORRENTE: INSS RECORRIDO: JUVENILDO DA CONCEIÇÃO MAGISTRADO SENTENCIANTE: PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRABALHADOR RURAL. SEGURADO ESPECIAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO PELO CONJUNTO PROBATÓRIO. LAUDO FAVORÁVEL. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSOS DO INSS IMPROVIDO. 1. Recurso contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido de auxílio-doença, negando aposentadoria por invalidez. 2. Recurso do INSS fundamentado na inexistência de qualidade de segurado especial, mormente por não apresentar início de prova. 3. O direito à percepção de auxílio-doença pressupõe, entre outros requisitos, que o segurado da Previdência Social permaneça incapacitado para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, a teor do que dispõe o artigo 59 da Lei Federal n.° 8.213/91, assim como o direito à aposentadoria por invalidez está sujeito à comprovação da incapacidade laborativa para qualquer atividade remunerada, nos termos do artigo 42 da Lei n.° 8.213 de 1991. 5. Nos termos do art. 55, § 3o, da Lei n. 8.213/91, e da Súmula n.o 149 do STJ, a comprovação do exercício de atividades rurais deverá ser feita por meio de início de prova material, não se admitindo a prova exclusivamente testemunhal. Tal documentação, entretanto, não precisa guardar estrita correspondência com o tempo que se pretende provar como de efetivo exercício de atividade campesina, segundo pondera a TNU, por meio da Súmula n.o 14. 6. Hipótese em que a parte autora, além de incapaz para o exercício de atividade rural, comprovou sua condição de segurada especial da previdência. 7. Verifica-se que os documentos trazidos aos autos, constituem início de prova material do exercício da atividade rural, comprovando que implementou a carência necessária à concessão do benefício perseguido, já que foram corroborados pelas demais provas produzidas em audiência. Servem com início de prova material: comprovante de residência em zona rural (Sitio Timbaúba – Cacimbinhas-AL) (anexo 6), ficha ambulatorial constando profissão de agricultor (anexo no 11), certidão eleitoral (anexo 11), cadastro no Sindicato Rural de Cacimbinhas (anexo 11). 8. Para o reconhecimento do exercício da atividade rural na condição de segurado especial, o início de prova material deve ser corroborado e ampliado por outros meios de provas, constituindo conjunto probatório harmônico, devendo-se sempre prestigiar a valoração da prova realizada pelo juiz de primeiro grau, que participou diretamente de sua produção. 9. Ademais, importante frisar a robustez dos depoimentos colhidos em audiência, os quais foram fundamentais ao convencimento deste Relator: “No mais, demonstrou conhecimento a respeito do cultivo da terra, perfazendo um conjunto hábil a demonstrar a qualidade de segurado especial. A inspeção judicial foi positiva para o exercício da atividade alegada. Apresentou-se o autor com mãos calejadas, o que denuncia sua condição de rurícola. Reputo presente o perfil campesino. A testemunha, por sua vez, disse que conhece o autor desde jovem, o qual é agricultor; que nunca viu o demandante laborar fora do campo; que o demandante trabalha nas terras do sogro; que o requerente convive com a esposa há cerca de 06 (seis) anos. Quanto à prova testemunhal, vejo que esta se mostrou suficiente à formação de meu convencimento, pois se mostrou idônea, segura e coerente, relativamente ao exercício da atividade rural do autor na condição de segurado especial.”. 10. Portanto, o autor apresentou perfil campesino de quem exerce a atividade rurícola. 11. Deste modo, entendo que o conjunto probatório, como um todo, é suficiente para a comprovação do exercício de rural durante o período de carência, na condição de segurado especial, não merecendo reparos a sentença. 12. Recurso do INSS improvido, com condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/2001), limitando-se o cálculo às prestações vencidas até a prolação da sentença (Súmula 111 do STJ). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, à UNANIMIDADE, em NEGARPROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator.
1,227
661
0
1
10-AL
1
268.922442
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
Pretende a parte autora auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, na condição de trabalhador rural segurado especial. O INSS contestou a ação. Em audiência, foi colhida a prova oral, sem proposta de acordo. Para a concessão de auxílio-doença, o art. 59 da Lei no 8.213/91 exige a prova da qualidade de segurado, o cumprimento da carência – 12 (doze) meses, nos termos do art. 25, I, da mesma lei – e a comprovação da incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias; para a concessão da aposentadoria por invalidez, o art. 42 da mesma lei exige a comprovação da qualidade de segurado e do prazo de carência de 12 meses, devendo ser concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação e recuperação. No mais, em atenção ao disposto no art. 45 da Lei no. 8.213/91, caso o autor apresente necessidade de auxílio, vigilância, assistência e acompanhamento de terceiros, fará jus a um acréscimo de 25% no valor do benefício. Ao analisar os autos nesta perspectiva, percebo que há início de prova material. A parte autora trouxe extrato CNIS sem vínculos urbanos (anexo 19). Mitigando-se o rigor probatório da TNU e demais tribunais pátrios, basta a título de prova documental. Corroborando o início de prova material, a prova produzida em audiência foi satisfatória. Disse a parte autora mora que em Cacimbinhas, Alagoas; união estável; não tem filhos; é agricultor desde seus 10 (dez) anos de idade; que nunca laborou fora do campo; trabalha nas terras do sogro, plantando feijão e milho com a ajuda do sogro; usa enxada de duas libras e meia; xaxar é chegar terra e limpar o feijão; que a flor do feijão nasce antes do canivete. No mais, demonstrou conhecimento a respeito do cultivo da terra, perfazendo um conjunto hábil a demonstrar a qualidade de segurado especial. A inspeção judicial foi positiva para o exercício da atividade alegada. Apresentou-se o autor com mãos calejadas, o que denuncia sua condição de rurícola. Reputo presente o perfil campesino. A testemunha, por sua vez, disse que conhece o autor desde jovem, o qual é agricultor; que nunca viu o demandante laborar fora do campo; que o demandante trabalha nas terras do sogro; que o requerente convive com a esposa há cerca de 06 (seis) anos. Quanto à prova testemunhal, vejo que esta se mostrou suficiente à formação de meu convencimento, pois se mostrou idônea, segura e coerente, relativamente ao exercício da atividade rural do autor na condição de segurado especial. Do exposto, entendo que a parte autora comprovou o exercício de atividade rurícola pelo período de carência necessário à concessão do benefício. De igual forma, a incapacidade total e temporária (por 6 meses) foi reconhecida desde 01/08/2018 (DII). Assim, possível a concessão do auxílio-doença previdenciário, mas sem a pretendida conversão em aposentadoria por invalidez, eis que esta exige incapacidade definitiva. Pois bem. A Lei no 13.457/2017 estabelece que a concessão/restabelecimento do benefício de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo de duração do benefício, sob pena de cessação automática no prazo de 120 dias. No caso, o perito judicial fixou o prazo de recuperação do autor em 1 (um) ano, devendo o benefício ser concedido por tal período. Registro, por oportuno, a inexistência de prejuízo à parte, já que, no caso de entender que ao final do prazo ainda se encontra incapaz, poderá formular pedido de prorrogação junto ao INSS. Por fim, o laudo médico indica que o início da incapacidade do autor remonta a 01/08/2018 (DII). Dessa forma, sendo a incapacidade anterior à DER (10/10/2018), entendo que nesta data deve-se se dar o termo inicial do benefício. Diante do exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, CONDENAR o INSS a: a) IMPLANTAR o benefício de AUXÍLIO-DOENÇA em favor da parte autora, com DIB em 10/10/2018, DIP em 01/12/2019 e DCB em 01/06/2020. b) PROMOVER a devolução dos valores adiantados a título de perícia, conforme estabelece o artigo 12, § 1o, da Lei n. 10.259/01; c) PAGAR as diferenças devidas, mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV), corrigidas monetariamente desde o vencimento de cada prestação pelo INPC, nos termos do caput do artigo 41-A, da Lei n. 8213/91, com redação dada pela Lei n. 11.430/2006. Os juros de mora deverão incidir, desde a citação, uma única vez, até o efetivo pagamento, sem capitalização, segundo índices oficiais de remuneração básica aplicados às cadernetas de poupança, nos termos estabelecidos no art. 1o-F, da Lei no 9.494/97, com a redação conferida pela Lei no 11.960/2009.. Custas e honorários incabíveis na espécie, por força dos artigos 54 e 55 da Lei n° 9.099/95 e artigo 1o da Lei 10.259/2001. Considerando a natureza alimentar do benefício previdenciário reconhecido como devido nesta sentença, sem o qual a parte autora não terá condições de prover o próprio sustento, e a possibilidade do réu interpor recurso, prolongando indefinidamente o estado de carência financeira do (a) beneficiário(a) da Previdência Social, determinar ao INSS que proceda à implantação do benefício objeto deste processo, nos termos acima determinados, no prazo 30 (trinta) dias. No caso de recurso, os autos deverão ser enviados à Turma Recursal. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) Na primeira hipótese, certifique-se o trânsito em julgado. b) Após, com a satisfação do crédito, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Com eventual juntada de contrato de honorários, acolho a retenção dos mesmos limitados em até 30% (trinta por cento) das parcelas vencidas até a sentença (Súmula 111/STJ), ou desde que esteja nos moldes estabelecidos pela TR, sendo a quantia restante integralmente da parte autora. Sem embargo, expeça-se RPV. Outrossim, acaso ultrapassado o limite acima referido ou inexistindo nos autos contrato escrito de honorários advocatícios, sem embargo, tendo em vista a função social do contrato, a hipossuficiência da parte autora, a vedação ao enriquecimento ilícito, o benefício da gratuidade e o caráter alimentar da verba, honorários contratuais fixados no percentual de 20% (vinte por cento), incidente sobre as parcelas retroativas e 12 (doze) parcelas vincendas do benefício postulado em juízo, desde que não ultrapasse 50% (cinquenta por cento) do valor a ser requisitado, sendo certo que a retenção de honorários advocatícios exige juntada do respectivo contrato. Defiro os benefícios da assistência judiciária gratuita. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR Juiz Federal Substituto da 10a Vara Federal de Alagoas RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO BENEFICIÁRIO JUVENILDO DACONCEICAO BENEFÍCIO No 625.156.936-4 CPF 085.160.434-01 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 10/10/2018 DIP 01/12/2019 DCB 01/06/2020 O STF ao julgar as ADI's 4.357/DF e 4.425/DF, de relatoria do Ministro Luiz Fux, declarou, por arrastamento, a inconstitucionalidade do art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com redação dada pela Lei no 11.960/2009, ao fundamento de que o índice aplicável aos depósitos em cadernetas de poupança não se presta para atualização monetária, porquanto não corresponde à desvalorização da moeda em certo período de tempo. Embora não publicados os acórdãos, a notícia foi divulgada no Informativo no 698 do STF. Dada a eficácia repristinatória da declaração de inconstitucionalidade na via concentrada, voltou a viger a legislação pretérita, segundo a qual os créditos de benefícios previdenciários devem ser corrigidos monetariamente pelo INPC (Lei no 11.430/2006), desde o vencimento de cada prestação
NÃO PROVIMENTO
0503809-79.2018.4.05.8003
2018-08-21 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-16 14:49:23
Sentença - .
2020-03-27T16:26:31
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
DENIS SOARES FRANÇA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
AL007150
SENTENÇA – TIPO A I – RELATÓRIO Relatório dispensado (art. 38 da Lei no 9.099/95 e art. 1o da Lei no 10.259/2001). II – FUNDAMENTAÇÃO Trata-se de ação proposta em face do INSS por meio da qual a parte autora postula a concessão do benefício auxílio doença na condição de segurado do Regime Geral de Previdência Social com parcelas retroativas a partir do requerimento administrativo, e a posterior conversão em aposentadoria por invalidez, acaso constatada a incapacidade definitiva, alegando não possuir condições de exercer suas atividades laborativas. O INSS apresentou manifestação pugnando pelo reconhecimento da coisa julgada, uma vez que a parte autora já havia ajuizado ação, registrada sob o número 0504432-17.2016.4.05.8003, discutindo o mesmo benefício pretendido nos autos, a qual fora julgada improcedente em 02/06/2017 por não ter sido constatada a existência de incapacidade laboral (anexo 25). No entanto, a coisa julgada não foi reconhecida por este juízo, nos termos do despacho de anexo 33. Ao analisar os laudos periciais elaborados nas duas ações, bem como os esclarecimentos prestados pelo perito judicial (anexo 30), constatou-se que na primeira perícia a parte autora alegou nunca ter trabalhado, o que levou o expert a concluir que ela estaria apta para o trabalho com restrição apenas ao exercício de atividades que demandassem esforço físico, já no segundo exame a atividade informada foi de agricultora, com a conclusão de que ela estaria incapaz totalmente para a atividade declarada. Como a autora requereu novamente o benefício na esfera administrativa declarando que seria agricultora, informação ratificada no bojo do processo administrativo com a homologação de sua filiação ao RGPS como segurada especial (anexo 18, fls. 33 e 37), o INSS foi intimado para se manifestar acerca da evidente contradição e possível equívoco no cadastro do motivo do indeferimento do benefício, que consta como “falta da qualidade de segurado” (anexo 7). No entanto, o INSS restringiu-se a reiterar a manifestação de anexo 25, a qual pugnou pela coisa julgada (anexo 34), sem prestar os esclarecimentos devidos. Em audiência de instrução, foi colhida a prova oral e testemunhal. O INSS apresentou contestação. Do quadro normativo do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez. O auxílio doença é benefício previdenciário que encontra seu primeiro fundamento na Constituição Federal, artigo 201, I, sendo devido ao trabalhador urbana e rural, nos termos do artigo 194, II, do mesmo diploma. A Lei n. 8213/91 regulamenta o auxílio doença, estabelecendo os requisitos para sua concessão, quais sejam: a) deve o requerente possuir a qualidade de segurado, b) preencher o requisito da carência de 12 meses - artigo 25, I, Lei 8.213/91, e c) estar incapacitado para sua atividade laboral habitual por mais de 15 (quinze dias) consecutivos (artigo 59, Lei n. 8213/91). Nos termos do artigo 62, da Lei de Benefícios, se o segurado em gozo de auxílio-doença for considerado insusceptível de recuperação para a sua atividade habitual, será submetido a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, prevista no artigo 42, da Lei de Benefícios, será devida ao segurado que, cumprida a carência de 12 meses, estando ou não em gozo do auxílio doença, seja considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. No que se refere aos segurados especiais, a norma de extensão de tais benefícios se encontra no artigo 39, inciso I, da Lei n. 8213/91, garantindo a concessão do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, dentre outros benefícios previdenciários, ao segurado que comprovar o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido. Esse o quadro normativo geral do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez do segurado especial. Da capacidade para o trabalho. O perito oficial (anexo 16) atestou que a parte autora possui “Sequela de queimadura no pé direito CID 10: T 95.3”, estando incapacitada para a sua atividade habitual desde 12/09/2016 (respostas ao quesito 8). Portanto, há incapacidade laborativa para o trabalho habitual que se ajusta à definição de incapaz contida no art. 59, da Lei 8.213, de 1991, para o fim de receber o auxílio-doença. No que diz respeito ao pedido de conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, deve ser indeferido, pois, no Laudo Pericial, o expert classificou a parte autora como incapaz apenas para o trabalho habitual, podendo ser reabilitado em outra atividade. Superado, portanto, o requisito da incapacidade para o trabalho. Posto isto, passa-se ao exame da qualidade de segurado e do período de carência para o benefício de auxílio-doença. Da qualidade de segurado e do período de carência. Analisado o pleito sob a ótica da incapacidade laboral, cumpre averiguar acerca da existência/inexistência da qualidade de segurada quando do início da incapacidade laborativa, bem como se a parte autora possuía a carência mínima de doze meses para obtenção do benefício. No caso dos autos, o próprio INSS, administrativamente, reconheceu a qualidade de segurada especial da autora, homologando o período de atividade rural de 24/05/2016 a 08/12/2017, conforme anexo 18, página 33 e 37. Como já relatado, intimado para esclarecer as contradições existentes entre a decisão que homologou a atividade rural da parte autora, reconhecendo sua qualidade de segurada, o Laudo SABI (anexo 14) e a carta de indeferimento do benefício (anexo 7), que informa a falta da qualidade de segurado como motivo para a não concessão do auxílio doença, o INSS quedou-se inerte. Assim, não se desincumbiu do ônus de comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da autora, não trazendo aos autos elementos que desabonassem a homologação do período de atividade rural realizada. Dessa forma, como a incapacidade foi reconhecida em 12/09/2016 e o período homologado de atividade rural foi de 24/05/2016 a 08/12/2017, a parte autora era segurada especial da Previdência Social quando do início da incapacidade. Quanto ao período de carência, de acordo com a documentação anexada e o período homologado pelo INSS, a parte autora exerceu atividade rural por mais de 12 meses, tendo cumprido a carência exigida para fins de concessão do benefício. Desta forma, não há dúvidas que quando do requerimento administrativo, em 23/01/2018 (anexo 7), a parte autora cumpria todos os requisitos exigidos para a concessão do beneficio pretendido, conforme dispõe o art. 59 da Lei no 8.213/1991. Data de início do benefício. Quanto à data de início do benefício (DIB), ela deve retroagir a data de entrada do requerimento (23/01/2018), pois a perícia foi conclusiva que o início da incapacidade é contemporâneo a este. Do tempo de duração do benefício. O ilustre Perito afirmou que, embora exista a possibilidade de reabilitação da parte autora para o exercício de outras atividades laborais, a incapacidade para a atividade habitual é definitiva, podendo haver o agravamento da patologia caso permaneça realizando atividades de intenso esforço físico. Considerando que o auxílio-doença é um benefício temporário e o perito não fixou um marco final para a recuperação da parte autora, é imprescindível fixar uma data de cancelamento do benefício, a fim de salvaguardar o direito do autor, bem como os direitos da autarquia. Tendo-se em vista que a Lei no 8.213/91, com as alterações introduzidas pela Lei no 13.457/17, que prevê um prazo de 120 dias para cessação do benefício de auxílio-doença em casos que não há DCB fixada, a qual é prejudicial ao autor, especialmente em casos que o perito não tem como fixá-la, tenho como razoável fixar a DCB em 02 (dois) anos a contar da realização da data de início de pagamento (DIP) fixada nesta sentença. Durante o prazo, o INSS poderá convocar a parte autora para que seja avaliada a possibilidade de submetê-la à reabilitação e realizá-la caso seja possível. Esclareço que mesmo que o perito judicial indique tal possibilidade, nem sempre é possível que o INSS a realize (deve ser observado caso a caso pela autarquia). Caso não seja o caso de reabilitação, poderá o INSS conceder aposentadoria por invalidez. No caso da parte autora, ao final do prazo de recebimento de auxílio-doença, caso permaneçam as condições de incapacidade, DEVERÁ requerer a PRORROGAÇÃO do benefício de auxílio-doença nos últimos 15 dias anteriores à DCB (via telefone 135, pessoalmente ou internet), casos em que o INSS agendará nova perícia para avaliar a parte autora. Se a parte autora não postular a prorrogação do benefício ora deferido, será interpretada como desistência ao referido pedido de prorrogação, devendo requerer novo benefício na via administrativa, caso permaneçam as condições de incapacidade temporária. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo PROCEDENTE O PEDIDO para: a) CONCEDER o benefício previdenciário de AUXÍLIO DOENÇA (NB 621.694.551-7), fixando DIB em 23/01/2018 e DIP em 01/09/2019 e DCB em 01/09/2021; b) CONDENAR o réu ao pagamento de parcelas retroativas, desde a DIB, mediante Requisição de Pequeno Valor - RPV, observada a prescrição quinquenal, devidamente corrigidas mediante o índice INPC, nos termos da planilha de cálculos anexa, que passa a fazer parte integrante desta sentença, valores estes limitados ao teto dos Juizados Especiais Federais. CONCEDO A TUTELA ANTECIPADA ante o caráter alimentar da verba, a inversão do ônus do tempo do processo e a previsão legal de recurso sem efeito suspensivo, devendo o INSS implantar o benefício em 20 (vinte) dias, contados da intimação desta sentença, sob pena de multa no valor de R$ 100,00 (cem reais) por dia de descumprimento, a ser aplicada automaticamente a partir do 21o (vigésimo primeiro) dia de atraso, independentemente de nova intimação, sem prejuízo de outras consequências processuais e administrativas. Julgo improcedente o pedido de aposentadoria por invalidez, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Condeno o INSS ao pagamento dos honorários periciais. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei no 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido, consoante o disposto no art. 99 e seguintes do Código de Processo Civil. Considerando a função social, a hipossuficiência da parte autora e o caráter alimentar da verba, autorizo a retenção de honorários advocatícios contratuais, devendo o contrato ser impreterivelmente apresentado até a data da expedição do RPV/PRC(Resolução CJF 458 de 2017), e desde que não ultrapasse 50% do valor requisitado (conforme entendimento da TR/AL), sendo a quantia restante integralmente da parte autora. Publicação e registro automáticos, decorrentes da validação da sentença. Intimem-se as partes. Por fim, caso haja a interposição de recurso, deverá ser aberto o prazo legal à parte contrária para entrega de contrarrazões. Após o prazo, comprovada a implantação do benefício, à Turma Recursal. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) após, expeça-se requisição de pagamento; c) satisfeito o crédito, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Santana do Ipanema/AL, data da assinatura eletrônica. Juiz Federal RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE AUXÍLIODOENÇA BENEFICIÁRIO LUCIENE DEFARIAS NETO CPF 378.462.278-07 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 23/01/2018 DIP 01/09/2019
PROCESSO No 0503809-79.2018.4.05.8003 RECORRENTE: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL RECORRIDO: LUCIENE DE FARIAS NETO MAGISTRADO SENTENCIANTE: DENIS SOARES FRANÇA DADOS: 40 anos, 6o ano, Piranhas/AL PROFISSÃO DECLARADA: Agricultora DIAGNÓSTICO: Sequela de queimadura no pé direito CID 10: T 95.3 DII: 12/09/2016 DER: 23/01/2018 – anexo 7 VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA. QUALIDADE DE SEGURADO COMPROVADA NA DII.PERÍODO COMO SEGURADO ESPECIAL RECONHECIDO PELO INSS.SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1.Recurso inominado interposto em face de sentença que julgou procedente a pretensão autoral, determinando que o INSS conceda à parte autora auxílio-doença, com DIP em 01/09/2019, DCB em 01/09/2021 além do pagamento das parcelas retroativas a data do requerimento administrativo em 23/01/2018 (anexo 7). 2.Pretensão recursal do INSS aduzindo, em preliminar, a existência da coisa julgada (processo 0504432-17.2016.4.05.800) e, no mérito, a ausência da qualidade de segurado especial/carência, quando da DII. 3.No caso vertente, observa-se que inexistente a coisa julgado, nos termos do despacho constante do anexo 33. 4.A perícia médica constatou que a parte autora, portadora de Sequela de queimadura no pé direito CID 10: T 95.3, encontra-se incapaz para exercer qualquer atividade laborativa, desde 12/09/16 (DII), conforme anexos 16 e 30. 4.Quanto à qualidade de segurado, analisando os autos, observando o processo administrativo, constata-se que o próprio INSS, administrativamente, reconheceu a qualidade de segurada especial da autora, homologando o período de atividade rural de 24/05/2016 a 08/12/2017, conforme anexo 18, página 31 e 33, de modo que, quando da data do início da incapacidade – DII em 12/09/2016. 5. In casu, o magistrado sentenciante constatou, em audiência de instrução, que a parte cumpriu com os requisitos necessários para concessão do benefício requerido. Nessa linha, compartilho do entendimento esposado pelo Juiz que atua no Primeiro Grau, razão por que passo a colacionar trecho da Sentença, como razão de decidir: [...] O INSS apresentou manifestação pugnando pelo reconhecimento da coisa julgada, uma vez que a parte autora já havia ajuizado ação, registrada sob o número 0504432-17.2016.4.05.8003, discutindo o mesmo benefício pretendido nos autos, a qual fora julgada improcedente em 02/06/2017 por não ter sido constatada a existência de incapacidade laboral (anexo 25). No entanto, a coisa julgada não foi reconhecida por este juízo, nos termos do despacho de anexo 33. Ao analisar os laudos periciais elaborados nas duas ações, bem como os esclarecimentos prestados pelo perito judicial (anexo 30), constatou-se que na primeira perícia a parte autora alegou nunca ter trabalhado, o que levou o expert a concluir que ela estaria apta para o trabalho com restrição apenas ao exercício de atividades que demandassem esforço físico, já no segundo exame a atividade informada foi de agricultora, com a conclusão de que ela estaria incapaz totalmente para a atividade declarada. Como a autora requereu novamente o benefício na esfera administrativa declarando que seria agricultora, informação ratificada no bojo do processo administrativo com a homologação de sua filiação ao RGPS como segurada especial (anexo 18, fls. 33 e 37), o INSS foi intimado para se manifestar acerca da evidente contradição e possível equívoco no cadastro do motivo do indeferimento do benefício, que consta como “falta da qualidade de segurado” (anexo 7). No entanto, o INSS restringiu-se a reiterar a manifestação de anexo 25, a qual pugnou pela coisa julgada (anexo 34), sem prestar os esclarecimentos devidos. Em audiência de instrução, foi colhida a prova oral e testemunhal. O INSS apresentou contestação. [...] Da qualidade de segurado e do período de carência. Analisado o pleito sob a ótica da incapacidade laboral, cumpre averiguar acerca da existência/inexistência da qualidade de segurada quando do início da incapacidade laborativa, bem como se a parte autora possuía a carência mínima de doze meses para obtenção do benefício. No caso dos autos, o próprio INSS, administrativamente, reconheceu a qualidade de segurada especial da autora, homologando o período de atividade rural de 24/05/2016 a 08/12/2017, conforme anexo 18, página 33 e 37. Como já relatado, intimado para esclarecer as contradições existentes entre a decisão que homologou a atividade rural da parte autora, reconhecendo sua qualidade de segurada, o Laudo SABI (anexo 14) e a carta de indeferimento do benefício (anexo 7), que informa a falta da qualidade de segurado como motivo para a não concessão do auxílio doença, o INSS quedou-se inerte. Assim, não se desincumbiu do ônus de comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da autora, não trazendo aos autos elementos que desabonassem a homologação do período de atividade rural realizada. Dessa forma, como a incapacidade foi reconhecida em 12/09/2016 e o período homologado de atividade rural foi de 24/05/2016 a 08/12/2017, a parte autora era segurada especial da Previdência Social quando do início da incapacidade. Quanto ao período de carência, de acordo com a documentação anexada e o período homologado pelo INSS, a parte autora exerceu atividade rural por mais de 12 meses, tendo cumprido a carência exigida para fins de concessão do benefício. Desta forma, não há dúvidas que quando do requerimento administrativo, em 23/01/2018 (anexo 7), a parte autora cumpria todos os requisitos exigidos para a concessão do beneficio pretendido, conforme dispõe o art. 59 da Lei no 8.213/1991. [...] 6.Neste sentido, quando da Data do Início da Incapacidade a parte autora tinha qualidade de segurado/carência,não merecendo reparos a sentença combatida. 7.Recurso improvido, condenando-se o recorrente, vencido, ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei no 9.099/95 c/c art. 1o da Lei 10.259/2001), limitando-se o cálculo às prestações vencidas até a prolação da sentença (Súmula 111 do STJ). ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, nos termos do voto do Relator.
1,820
946
0
1
11-AL
1
391.169016
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Trata-se de ação proposta em face do INSS por meio da qual a parte autora postula a concessão do benefício auxílio doença na condição de segurado do Regime Geral de Previdência Social com parcelas retroativas a partir do requerimento administrativo, e a posterior conversão em aposentadoria por invalidez, acaso constatada a incapacidade definitiva, alegando não possuir condições de exercer suas atividades laborativas. O INSS apresentou manifestação pugnando pelo reconhecimento da coisa julgada, uma vez que a parte autora já havia ajuizado ação, registrada sob o número 0504432-17.2016.4.05.8003, discutindo o mesmo benefício pretendido nos autos, a qual fora julgada improcedente em 02/06/2017 por não ter sido constatada a existência de incapacidade laboral (anexo 25). No entanto, a coisa julgada não foi reconhecida por este juízo, nos termos do despacho de anexo 33. Ao analisar os laudos periciais elaborados nas duas ações, bem como os esclarecimentos prestados pelo perito judicial (anexo 30), constatou-se que na primeira perícia a parte autora alegou nunca ter trabalhado, o que levou o expert a concluir que ela estaria apta para o trabalho com restrição apenas ao exercício de atividades que demandassem esforço físico, já no segundo exame a atividade informada foi de agricultora, com a conclusão de que ela estaria incapaz totalmente para a atividade declarada. Como a autora requereu novamente o benefício na esfera administrativa declarando que seria agricultora, informação ratificada no bojo do processo administrativo com a homologação de sua filiação ao RGPS como segurada especial (anexo 18, fls. 33 e 37), o INSS foi intimado para se manifestar acerca da evidente contradição e possível equívoco no cadastro do motivo do indeferimento do benefício, que consta como “falta da qualidade de segurado” (anexo 7). No entanto, o INSS restringiu-se a reiterar a manifestação de anexo 25, a qual pugnou pela coisa julgada (anexo 34), sem prestar os esclarecimentos devidos. Em audiência de instrução, foi colhida a prova oral e testemunhal. O INSS apresentou contestação. Do quadro normativo do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez. O auxílio doença é benefício previdenciário que encontra seu primeiro fundamento na Constituição Federal, artigo 201, I, sendo devido ao trabalhador urbana e rural, nos termos do artigo 194, II, do mesmo diploma. A Lei n. 8213/91 regulamenta o auxílio doença, estabelecendo os requisitos para sua concessão, quais sejam: a) deve o requerente possuir a qualidade de segurado, b) preencher o requisito da carência de 12 meses - artigo 25, I, Lei 8.213/91, e c) estar incapacitado para sua atividade laboral habitual por mais de 15 (quinze dias) consecutivos (artigo 59, Lei n. 8213/91). Nos termos do artigo 62, da Lei de Benefícios, se o segurado em gozo de auxílio-doença for considerado insusceptível de recuperação para a sua atividade habitual, será submetido a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez, prevista no artigo 42, da Lei de Benefícios, será devida ao segurado que, cumprida a carência de 12 meses, estando ou não em gozo do auxílio doença, seja considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. No que se refere aos segurados especiais, a norma de extensão de tais benefícios se encontra no artigo 39, inciso I, da Lei n. 8213/91, garantindo a concessão do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, dentre outros benefícios previdenciários, ao segurado que comprovar o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido. Esse o quadro normativo geral do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez do segurado especial. Da capacidade para o trabalho. O perito oficial (anexo 16) atestou que a parte autora possui “Sequela de queimadura no pé direito CID 10: T 95.3”, estando incapacitada para a sua atividade habitual desde 12/09/2016 (respostas ao quesito 8). Portanto, há incapacidade laborativa para o trabalho habitual que se ajusta à definição de incapaz contida no art. 59, da Lei 8.213, de 1991, para o fim de receber o auxílio-doença. No que diz respeito ao pedido de conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, deve ser indeferido, pois, no Laudo Pericial, o expert classificou a parte autora como incapaz apenas para o trabalho habitual, podendo ser reabilitado em outra atividade. Superado, portanto, o requisito da incapacidade para o trabalho. Posto isto, passa-se ao exame da qualidade de segurado e do período de carência para o benefício de auxílio-doença. Da qualidade de segurado e do período de carência. Analisado o pleito sob a ótica da incapacidade laboral, cumpre averiguar acerca da existência/inexistência da qualidade de segurada quando do início da incapacidade laborativa, bem como se a parte autora possuía a carência mínima de doze meses para obtenção do benefício. No caso dos autos, o próprio INSS, administrativamente, reconheceu a qualidade de segurada especial da autora, homologando o período de atividade rural de 24/05/2016 a 08/12/2017, conforme anexo 18, página 33 e 37. Como já relatado, intimado para esclarecer as contradições existentes entre a decisão que homologou a atividade rural da parte autora, reconhecendo sua qualidade de segurada, o Laudo SABI (anexo 14) e a carta de indeferimento do benefício (anexo 7), que informa a falta da qualidade de segurado como motivo para a não concessão do auxílio doença, o INSS quedou-se inerte. Assim, não se desincumbiu do ônus de comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da autora, não trazendo aos autos elementos que desabonassem a homologação do período de atividade rural realizada. Dessa forma, como a incapacidade foi reconhecida em 12/09/2016 e o período homologado de atividade rural foi de 24/05/2016 a 08/12/2017, a parte autora era segurada especial da Previdência Social quando do início da incapacidade. Quanto ao período de carência, de acordo com a documentação anexada e o período homologado pelo INSS, a parte autora exerceu atividade rural por mais de 12 meses, tendo cumprido a carência exigida para fins de concessão do benefício. Desta forma, não há dúvidas que quando do requerimento administrativo, em 23/01/2018 (anexo 7), a parte autora cumpria todos os requisitos exigidos para a concessão do beneficio pretendido, conforme dispõe o art. 59 da Lei no 8.213/1991. Data de início do benefício. Quanto à data de início do benefício (DIB), ela deve retroagir a data de entrada do requerimento (23/01/2018), pois a perícia foi conclusiva que o início da incapacidade é contemporâneo a este. Do tempo de duração do benefício. O ilustre Perito afirmou que, embora exista a possibilidade de reabilitação da parte autora para o exercício de outras atividades laborais, a incapacidade para a atividade habitual é definitiva, podendo haver o agravamento da patologia caso permaneça realizando atividades de intenso esforço físico. Considerando que o auxílio-doença é um benefício temporário e o perito não fixou um marco final para a recuperação da parte autora, é imprescindível fixar uma data de cancelamento do benefício, a fim de salvaguardar o direito do autor, bem como os direitos da autarquia. Tendo-se em vista que a Lei no 8.213/91, com as alterações introduzidas pela Lei no 13.457/17, que prevê um prazo de 120 dias para cessação do benefício de auxílio-doença em casos que não há DCB fixada, a qual é prejudicial ao autor, especialmente em casos que o perito não tem como fixá-la, tenho como razoável fixar a DCB em 02 (dois) anos a contar da realização da data de início de pagamento (DIP) fixada nesta sentença. Durante o prazo, o INSS poderá convocar a parte autora para que seja avaliada a possibilidade de submetê-la à reabilitação e realizá-la caso seja possível. Esclareço que mesmo que o perito judicial indique tal possibilidade, nem sempre é possível que o INSS a realize (deve ser observado caso a caso pela autarquia). Caso não seja o caso de reabilitação, poderá o INSS conceder aposentadoria por invalidez. No caso da parte autora, ao final do prazo de recebimento de auxílio-doença, caso permaneçam as condições de incapacidade, DEVERÁ requerer a PRORROGAÇÃO do benefício de auxílio-doença nos últimos 15 dias anteriores à DCB (via telefone 135, pessoalmente ou internet), casos em que o INSS agendará nova perícia para avaliar a parte autora. Se a parte autora não postular a prorrogação do benefício ora deferido, será interpretada como desistência ao referido pedido de prorrogação, devendo requerer novo benefício na via administrativa, caso permaneçam as condições de incapacidade temporária. III. DISPOSITIVO Ante o exposto, termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, julgo PROCEDENTE O PEDIDO para: a) CONCEDER o benefício previdenciário de AUXÍLIO DOENÇA (NB 621.694.551-7), fixando DIB em 23/01/2018 e DIP em 01/09/2019 e DCB em 01/09/2021; b) CONDENAR o réu ao pagamento de parcelas retroativas, desde a DIB, mediante Requisição de Pequeno Valor - RPV, observada a prescrição quinquenal, devidamente corrigidas mediante o índice INPC, nos termos da planilha de cálculos anexa, que passa a fazer parte integrante desta sentença, valores estes limitados ao teto dos Juizados Especiais Federais. CONCEDO A TUTELA ANTECIPADA ante o caráter alimentar da verba, a inversão do ônus do tempo do processo e a previsão legal de recurso sem efeito suspensivo, devendo o INSS implantar o benefício em 20 (vinte) dias, contados da intimação desta sentença, sob pena de multa no valor de R$ 100,00 (cem reais) por dia de descumprimento, a ser aplicada automaticamente a partir do 21o (vigésimo primeiro) dia de atraso, independentemente de nova intimação, sem prejuízo de outras consequências processuais e administrativas. Julgo improcedente o pedido de aposentadoria por invalidez, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Condeno o INSS ao pagamento dos honorários periciais. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei no ). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido, consoante o disposto no art. 99 e seguintes do Código de Processo Civil. Considerando a função social, a hipossuficiência da parte autora e o caráter alimentar da verba, autorizo a retenção de honorários advocatícios contratuais, devendo o contrato ser impreterivelmente apresentado até a data da expedição do RPV/PRC(Resolução CJF 458 de 2017), e desde que não ultrapasse 50% do valor requisitado (conforme entendimento da TR/AL), sendo a quantia restante integralmente da parte autora. Publicação e registro automáticos, decorrentes da validação da sentença. Intimem-se as partes. Por fim, caso haja a interposição de recurso, deverá ser aberto o prazo legal à parte contrária para entrega de contrarrazões. Após o prazo, comprovada a implantação do benefício, à Turma Recursal. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) após, expeça-se requisição de pagamento; c) satisfeito o crédito, remetam-se os autos para baixa e arquivamento. Santana do Ipanema/AL, data da assinatura eletrônica. Juiz Federal RESUMO DO BENEFÍCIO DEFERIDO BENEFÍCIO/ESPÉCIE AUXÍLIODOENÇA BENEFICIÁRIO LUCIENE DEFARIAS NETO CPF 378.462.278-07 RMI SALÁRIO MÍNIMO DIB 23/01/2018 DIP
NÃO PROVIMENTO
0502313-78.2019.4.05.8003
2019-04-22 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
N
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-28 14:20:29
Sentença - Com julgamento de mérito - Improcedente
2020-03-27T16:26:31
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
CAMILA MONTEIRO PULLIN
INDEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
AL010315
SENTENÇA I. RELATÓRIO Relatório dispensado nos termos do artigo 38 da Lei no 9.099/95 e artigo 1o da Lei no 10.259/2001. II. FUNDAMENTAÇÃO Pretende a parte autora a concessão de aposentadoria por idade híbrida ou mista mediante o cômputo de tempo de atividade urbana e rural. O INSS contestou a ação. Em audiência, foi colhida a prova oral. Inicialmente, ressalto que a aposentadoria por idade encontra previsão no art. 201, §7o, inc. II, da Constituição Federal, e nos artigos 48 a 51 da Lei no 8.213/91. Exige a presença de dois requisitos para a sua concessão: a idade e o número de contribuições correspondente à carência do benefício, sendo devida, quando o segurado contar com 60 anos (se mulher) ou 65 anos de idade (se homem), e tiver cumprido a carência necessária à concessão do benefício, de 180 contribuições, observada a regra de transição do art. 142 da Lei no 8.213/91, para os segurados já inscritos em 24.07.1991. De acordo com o art. 48, § 3o, da Lei 8.213/91, farão jus ao benefício de aposentadoria por idade híbrida ou mista os trabalhadores rurais que não atendam ao disposto no art. 48, § 2o, da Lei no 8.213/91, mas que satisfaçam as demais condições, considerando-se períodos de contribuição sob outras categorias do segurado. Em outras palavras, o tempo de labor urbano poderá ser somado ao tempo de labor rural para fins de cumprimento da carência do benefício, aplicando-se, neste caso, outros patamares de idade mínima, a saber: 65 anos, se homem, e 60 anos, se mulher (art. 48, § 2o, da Lei no 8.213/91). II.1 – Requisito Etário No caso dos autos, verifico que o requisito etário restou comprovado, uma vez que o demandante nasceu em 04/04/1951, estando com 65 anos na data do requerimento administrativo, em 13/11/2018. II.2 – Cumprimento da carência O autor deve comprovar o cumprimento do período de carência por meio da soma das contribuições vertidas ao RGPS com o tempo de efetivo labor rural, perfazendo um total de 180 contribuições/meses de atividade rural, equivalentes a 15 anos. a) Atividade Urbana Cumpre analisar o período a de atividade urbana exercido pelo autor, para isso colaciona-se a tabela a seguir, elaborada com base no CNIS e na Certidão de tempo de serviço (anexos 04 e 38): Empresa Período Tempo de Contribuição SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 02/07/1985 a30/11/1996 11 a 5 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/09/2003 a 30/09/2003 0 a 1 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/03/2004 a30/04/2004 0 a 2 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/06/2004 a30/06/2004 0 a 1 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/08/2004 a31/08/2004 0 a 1 m 0 d RECOLHIMENTO(CONTRIBUINTE INDIVIDUAL) 01/09/2004 a30/11/2004 0 a 3 m 0 d RECOLHIMENTO(CONTRIBUINTE INDIVIDUAL) 01/01/2005 a31/08/2005 0 a 8 m 1 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/11/2005 a30/11/2005 0 a 1 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/09/2006 a30/09/2006 0 a 1 m 0 d COMANDO DO EXERCITO 01/04/2007 a30/09/2007 0 a 6 m 0 d INSTITUTO DE APOIO A GESTAOPUBLICA E SOCIAL 01/06/2007 a31/07/2007 Período em duplicidade COMANDODO EXERCITO 01/12/2007 a31/12/2007 0 a 1 m 0 d COMANDODO EXERCITO 01/03/2008 a30/04/2008 0 a 2 m 0 d INSTITUTO DE APOIO A GESTAO PUBLICA E SOCIAL 01/05/2008 a31/05/2008 0 a 1 m 0 d INSTITUTODE APOIO A GESTAO PUBLICA E SOCIAL 01/08/2008 a31/12/2008 0 a 5 m 0 d RECOLHIMENTO(CONTRIBUINTE INDIVIDUAL) 01/04/2012 a30/04/2012 0 a 1 m 0 d RECOLHIMENTO(CONTRIBUINTE INDIVIDUAL) 01/05/2013 a31/08/2013 0 a 4 m 1 d TOTAL: 14 anos, 07 meses e 02 dias de contribuição. b) Atividade Rural Alega a parte autora que seria segurado rural no período entre 1979 e 1985 (anterior ao vínculo urbano). Prova oral – Em seu depoimento, o autor disse que adquiriu um terreno no sítio Piau em 1978, com o auxílio do genitor, num total de 22 tarefas, e que em 1984 comprou outras terras, com 180 tarefas. Segundo ele, plantava milho, feijão, algodão e fava, e criava 30 cabeças de gado. Afirmou que desde 1978 trabalhava no regime de meação, cortando a terra e dando a semente para um meeiro, que plantava e cuidava da terra e da produção. Porém nos últimos dez anos não teve meeiro porque não teve mais inverno bom. Disse que é esposo da prefeita de Piranhas/AL, que está no primeiro mandato, mas já foi vice-prefeita e vereadora. Ele trabalhou 05 anos na rede estadual como vigia (diretor de disciplina), tendo saído mediante adesão ao PDV. Aduziu ter explorado a atividade decaminhão pipa durante três anos, pagando um motorista para dirigir. Por fim, disse que teve um comércio em nome das filhas, e que atualmente uma das filhas tem uma "lojinha de roupas" (Josimari). Ademais, há também uma empresa em nome de outra filha (de colchão e móveis), e seu genro já foi secretário de Piranhas/AL. Prova Testemunhal – Sua testemunha, José Lourenço da Silva, disse que conhece o autor desde criança, e que já ouviu falar que ele seria vigilante, mas que na verdade ele é agricultor. Afirmou desconhecer qualquer comércio da família. Disse que a esposa é prefeita e já foi professora, e não sabe se ele teria algum empregado ou meeiro nas terras. Prova Documental – O autor colacionou duas escrituras de terras, uma datada de 1979 (anexos 15 e 16), e outra datada de 1985 (anexos 13 e 14) e comprovantes de declaração de ITR’s em nome próprio (anexos 17-23). Entretanto, apesar da documentação das terras em nome próprio, o depoimento do autor demonstra que a produção rural não visava a subsistência, uma vez que era exercido por meeiros Ademais, consta no InfoSeg que o autor emitiu CNH “B” em 1975, e que em 1990 abriu sua primeira empresa, na área varejista, indicando sua vocação empresarial. Ante o exposto, não restando preenchido o período de carência necessário para a concessão da aposentadoria por idade híbrida, inexistem elementos capazes de infirmar a conclusão administrativa, combatida na presente ação. III – DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido, consoante o disposto no art. 99 e seguintes do Código de Processo Civil. Publicação e registro automáticos, decorrentes da validação da sentença. Intimem-se as partes. Por fim, caso haja a interposição de recurso, deverá ser aberto o prazo legal à parte contrária para entrega de contrarrazões. Após o prazo, remetam-se os autos à Turma Recursal/AL. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) intimem-se ambas as partes sobre o eventual retorno dos autos; c) nada sendo requerido pelas partes, remeta-se o processo para baixa e arquivamento. Santana do Ipanema/AL, data da validação.
PROCESSO No 0502313-78.2019.4.05.8003 RECORRENTE: JOSÉ NOBRE DA SILVA RECORRIDO: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE: CAMILA MONTEIRO PULLIN VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. HÍBRIDA. SEGURADO ESPECIAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA ORAL DESFAVORÁVEL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURÍCOLA PELO PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DA PARTE AUTORA IMPROVIDO. 1. Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente pedido de aposentadoria híbrida, fundamentada na ausência de qualidade de segurado especial por tempo suficiente para a carência exigida. 2. Pretensão recursal amparada, em síntese, no argumento de que o autor comprovou a sua condição de segurado especial, em período anterior aos vínculos urbanos, fazendo jus ao benefício pleiteado. 3. Nos presentes autos, a discussão cinge-se em face da comprovação de atividade rural em número de meses necessário ao complemento do período de carência, haja vista que o tempo de trabalho em atividade urbana não se mostra suficiente. 4. Hipótese em que a parte autora implementou a idade de 65 anos em 2016, sendo-lhe exigido o cumprimento do período de carência correspondente a 180 meses, ainda que de forma descontínua. Benefício de aposentadoria por idade requerido em 13/11/2018. 5. Analisando os documentos apresentados, verifico que, apesar de hábeis a configurar início de prova material, não foram corroborados pela prova oral e demais elementos constantes dos autos. 6. Conforme ressaltado na sentença: “b) Atividade Rural Alega a parte autora que seria segurado rural no período entre 1979 e 1985 (anterior ao vínculo urbano). Prova oral – Em seu depoimento, o autor disse que adquiriu um terreno no sítio Piau em 1978, com o auxílio do genitor, num total de 22 tarefas, e que em 1984 comprou outras terras, com 180 tarefas. Segundo ele, plantava milho, feijão, algodão e fava, e criava 30 cabeças de gado. Afirmou que desde 1978 trabalhava no regime de meação, cortando a terra e dando a semente para um meeiro, que plantava e cuidava da terra e da produção. Porém nos últimos dez anos não teve meeiro porque não teve mais inverno bom. Disse que é esposo da prefeita de Piranhas/AL, que está no primeiro mandato, mas já foi vice-prefeita e vereadora. Ele trabalhou 05 anos na rede estadual como vigia (diretor de disciplina), tendo saído mediante adesão ao PDV. Aduziu ter explorado a atividade decaminhão pipa durante três anos, pagando um motorista para dirigir. Por fim, disse que teve um comércio em nome das filhas, e que atualmente uma das filhas tem uma "lojinha de roupas" (Josimari). Ademais, há também uma empresa em nome de outra filha (de colchão e móveis), e seu genro já foi secretário de Piranhas/AL. Prova Testemunhal – Sua testemunha, José Lourenço da Silva, disse que conhece o autor desde criança, e que já ouviu falar que ele seria vigilante, mas que na verdade ele é agricultor. Afirmou desconhecer qualquer comércio da família. Disse que a esposa é prefeita e já foi professora, e não sabe se ele teria algum empregado ou meeiro nas terras. Prova Documental – O autor colacionou duas escrituras de terras, uma datada de 1979 (anexos 15 e 16), e outra datada de 1985 (anexos 13 e 14) e comprovantes de declaração de ITR’s em nome próprio (anexos 17-23). Entretanto, apesar da documentação das terras em nome próprio, o depoimento do autor demonstra que a produção rural não visava a subsistência, uma vez que era exercido por meeiros Ademais, consta no InfoSeg que o autor emitiu CNH “B” em 1975, e que em 1990 abriu sua primeira empresa, na área varejista, indicando sua vocação empresarial”. 6.A configuração da qualidade de segurado especial deve ser analisada tomando-se o arcabouço probatório como um todo. Para o reconhecimento do exercício da atividade rural na condição de segurado especial, o início de prova material deve ser corroborado e ampliado por outros meios de prova, constituindo conjunto probatório harmônico, devendo-se sempre prestigiar a valoração da prova realizada pelo juízo monocrático, que participou diretamente de sua produção. 7. Ante o exposto, forçoso concluir que o conjunto probatório é frágil e insuficiente para a comprovação do exercício de atividade rural durante o período de carência, na condição de segurado especial, razão pela qual a sentença recorrida não merece qualquer reparo, daí por que, ratificados todos os seus termos, deve a mesma ser mantida. 8. Recurso inominado improvido, condenando a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
1,135
789
0
1
11-AL
0
219.862836
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Pretende a parte autora a concessão de aposentadoria por idade híbrida ou mista mediante o cômputo de tempo de atividade urbana e rural. O INSS contestou a ação. Em audiência, foi colhida a prova oral. Inicialmente, ressalto que a aposentadoria por idade encontra previsão no art. 201, §7o, inc. II, da Constituição Federal, e nos artigos 48 a 51 da Lei no 8.213/91. Exige a presença de dois requisitos para a sua concessão: a idade e o número de contribuições correspondente à carência do benefício, sendo devida, quando o segurado contar com 60 anos (se mulher) ou 65 anos de idade (se homem), e tiver cumprido a carência necessária à concessão do benefício, de 180 contribuições, observada a regra de transição do art. 142 da Lei no 8.213/91, para os segurados já inscritos em 24.07.1991. De acordo com o art. 48, § 3o, da Lei 8.213/91, farão jus ao benefício de aposentadoria por idade híbrida ou mista os trabalhadores rurais que não atendam ao disposto no art. 48, § 2o, da Lei no 8.213/91, mas que satisfaçam as demais condições, considerando-se períodos de contribuição sob outras categorias do segurado. Em outras palavras, o tempo de labor urbano poderá ser somado ao tempo de labor rural para fins de cumprimento da carência do benefício, aplicando-se, neste caso, outros patamares de idade mínima, a saber: 65 anos, se homem, e 60 anos, se mulher (art. 48, § 2o, da Lei no 8.213/91). II.1 – Requisito Etário No caso dos autos, verifico que o requisito etário restou comprovado, uma vez que o demandante nasceu em 04/04/1951, estando com 65 anos na data do requerimento administrativo, em 13/11/2018. II.2 – Cumprimento da carência O autor deve comprovar o cumprimento do período de carência por meio da soma das contribuições vertidas ao RGPS com o tempo de efetivo labor rural, perfazendo um total de 180 contribuições/meses de atividade rural, equivalentes a 15 anos. a) Atividade Urbana Cumpre analisar o período a de atividade urbana exercido pelo autor, para isso colaciona-se a tabela a seguir, elaborada com base no CNIS e na Certidão de tempo de serviço (anexos 04 e 38): Empresa Período Tempo de Contribuição SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 02/07/1985 a30/11/1996 11 a 5 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/09/2003 a 30/09/2003 0 a 1 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/03/2004 a30/04/2004 0 a 2 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/06/2004 a30/06/2004 0 a 1 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/08/2004 a31/08/2004 0 a 1 m 0 d RECOLHIMENTO(CONTRIBUINTE INDIVIDUAL) 01/09/2004 a30/11/2004 0 a 3 m 0 d RECOLHIMENTO(CONTRIBUINTE INDIVIDUAL) 01/01/2005 a31/08/2005 0 a 8 m 1 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/11/2005 a30/11/2005 0 a 1 m 0 d SECRETARIADE ESTADO DA EDUCAÇÃO 01/09/2006 a30/09/2006 0 a 1 m 0 d COMANDO DO EXERCITO 01/04/2007 a30/09/2007 0 a 6 m 0 d INSTITUTO DE APOIO A GESTAOPUBLICA E SOCIAL 01/06/2007 a31/07/2007 Período em duplicidade COMANDODO EXERCITO 01/12/2007 a31/12/2007 0 a 1 m 0 d COMANDODO EXERCITO 01/03/2008 a30/04/2008 0 a 2 m 0 d INSTITUTO DE APOIO A GESTAO PUBLICA E SOCIAL 01/05/2008 a31/05/2008 0 a 1 m 0 d INSTITUTODE APOIO A GESTAO PUBLICA E SOCIAL 01/08/2008 a31/12/2008 0 a 5 m 0 d RECOLHIMENTO(CONTRIBUINTE INDIVIDUAL) 01/04/2012 a30/04/2012 0 a 1 m 0 d RECOLHIMENTO(CONTRIBUINTE INDIVIDUAL) 01/05/2013 a31/08/2013 0 a 4 m 1 d TOTAL: 14 anos, 07 meses e 02 dias de contribuição. b) Atividade Rural Alega a parte autora que seria segurado rural no período entre 1979 e 1985 (anterior ao vínculo urbano). Prova oral – Em seu depoimento, o autor disse que adquiriu um terreno no sítio Piau em 1978, com o auxílio do genitor, num total de 22 tarefas, e que em 1984 comprou outras terras, com 180 tarefas. Segundo ele, plantava milho, feijão, algodão e fava, e criava 30 cabeças de gado. Afirmou que desde 1978 trabalhava no regime de meação, cortando a terra e dando a semente para um meeiro, que plantava e cuidava da terra e da produção. Porém nos últimos dez anos não teve meeiro porque não teve mais inverno bom. Disse que é esposo da prefeita de Piranhas/AL, que está no primeiro mandato, mas já foi vice-prefeita e vereadora. Ele trabalhou 05 anos na rede estadual como vigia (diretor de disciplina), tendo saído mediante adesão ao PDV. Aduziu ter explorado a atividade decaminhão pipa durante três anos, pagando um motorista para dirigir. Por fim, disse que teve um comércio em nome das filhas, e que atualmente uma das filhas tem uma "lojinha de roupas" (Josimari). Ademais, há também uma empresa em nome de outra filha (de colchão e móveis), e seu genro já foi secretário de Piranhas/AL. Prova Testemunhal – Sua testemunha, José Lourenço da Silva, disse que conhece o autor desde criança, e que já ouviu falar que ele seria vigilante, mas que na verdade ele é agricultor. Afirmou desconhecer qualquer comércio da família. Disse que a esposa é prefeita e já foi professora, e não sabe se ele teria algum empregado ou meeiro nas terras. Prova Documental – O autor colacionou duas escrituras de terras, uma datada de 1979 (anexos 15 e 16), e outra datada de 1985 (anexos 13 e 14) e comprovantes de declaração de ITR’s em nome próprio (anexos 17-23). Entretanto, apesar da documentação das terras em nome próprio, o depoimento do autor demonstra que a produção rural não visava a subsistência, uma vez que era exercido por meeiros Ademais, consta no InfoSeg que o autor emitiu CNH “B” em 1975, e que em 1990 abriu sua primeira empresa, na área varejista, indicando sua vocação empresarial. Ante o exposto, não restando preenchido o período de carência necessário para a concessão da aposentadoria por idade híbrida, inexistem elementos capazes de infirmar a conclusão administrativa, combatida na presente ação. III – DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido, nos termos do artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei ). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido, consoante o disposto no art. 99 e seguintes do Código de Processo Civil. Publicação e registro automáticos, decorrentes da validação da sentença. Intimem-se as partes. Por fim, caso haja a interposição de recurso, deverá ser aberto o prazo legal à parte contrária para entrega de contrarrazões. Após o prazo, remetam-se os autos à Turma Recursal/AL. Não havendo recurso ou no retorno deste com a manutenção da sentença: a) certifique-se, na primeira hipótese, o trânsito em julgado; b) intimem-se ambas as partes sobre o eventual retorno dos autos; c) nada sendo requerido pelas partes, remeta-se o processo para baixa e arquivamento. Santana do Ipanema/AL, data da validação
NÃO PROVIMENTO
0520710-58.2019.4.05.8013
2019-07-03 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-17 11:45:42
Sentença - Procedente
2020-03-27T16:26:31
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO ARAÚJO
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
AL003268
SENTENÇA Relatório dispensado, nos termos do artigo 38 da Lei 9.099/95 e artigo 1o da Lei 10.259/2001. Inicialmente, defiro o requerimento do advogado constituído, pelo que nomeio Daniela Sobral dos Santos (com RG de número 3903507-7 e CPF de número 135.757414-25, residente e domiciliada na R. Teófilo Pereira, 2033, Centro, Teotônio Vilela), doravante filha do autor, como sua CURADORA nos autos, nos termos do Art. 72 do CPC, c/c Art. 1.775, § 1o, do CC. O Instituto Nacional do Seguro Social resistiu à pretensão ao argumento de que a renda per capita do núcleo familiar do autor ultrapassa o limite legal de 1⁄4 do salário mínimo. Nos termos da Lei 8742/93, os requisitos a serem preenchidos cumulativamente para a obtenção do almejado benefício de um salário mínimo mensal são: a) ser a pessoa deficiente b) ou idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais por força do artigo 34 da Lei 10.741/2003 - Estatuto do Idoso; e b) comprovação de que não possui meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, não sendo a renda per capita superior a 1⁄4 do salário mínimo. A Lei no 12.435/11 deu nova redação à norma do art. 20 da Lei n.o 8.742/93, e passou a conceituar deficiência não mais como a incapacidade para o trabalho (e para a vida independente), mas como o(s) impedimento(s) de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o(s) qual(is), em interação com diversas barreiras, pode(m) "obstruir a participação plena e efetiva do seu portador na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas". No caso sub judice mostrou-se necessário ao julgamento da lide o auxílio técnico de profissional médico. O(A) expert, após criterioso exame, constatou que a autora está acometida de Espondilartrose, Transtornos de discos intervertebrais com radiculopatia e Estenose de tecido conjuntivo e do disco dos forames intervertebrais. Aos quesitos formulados, o perito apresentou as seguintes respostas: “6. Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra (s) atividades (s) que lhe garanta (m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Não 7. O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos de vida diária sem a necessidade de qualquer auxilio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Não, periciado não é capaz aos atos de vida diária, precisa de auxilio, assistência de terceiros. 8. Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clinico do periciado, é possível interferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior a data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Periciado apresenta patologia incapacitante contemporânea à data do requerimento administrativo. Por um período de 1 ano. Após um ano periciado passar por uma reavaliação Médica Pericial”. (Anexo 24) (grifei) Intimadas para se manifestarem sobre o laudo, as partes silenciaram, com o que impõe reconhecer a demonstração do impedimento de longo prazo, notadamente quando sopesadas as condições pessoais do autor, como por exemplo, idade avançada relativamente para os padrões dos trabalhadores braçais (46 anos) e analfabetismo, no que inviabilizada a reabilitação profissional, e, de conseguinte, seu retorno ao mercado de trabalho. Nesse rumo, em relação ao estado de miserabilidade, temos que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da norma do art. 20, § 3o da Lei n. 8.742/93, que estabelecia o critério de 1/4 de um salário mínimo para aferição da miserabilidade para a concessão dos benefícios assistenciais, de modo que, diante da ausência de critério legal válido para aferição da hipossuficiência econômica, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais fixou o entendimento de que a miserabilidade deve ser analisada em cada caso concreto, através de quaisquer meios de prova, não podendo ser esta avaliada exclusivamente com base na renda (critério estabelecido em norma reconhecida como inconstitucional): (PEDILEF 05023602120114058201, Relator Juiz Federal GLÁUCIO FERREIRA MACIEL GONÇALVES, DOU 21/06/2013): [...] é permitido ao julgador, dada as peculiaridades de cada caso, fazer uso de outros fatores que tenham o condão de comprovar a hipossuficiência da parte autora e de sua família. 3. Ademais, o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da Reclamação 4.374/PE e dos Recursos Extraordinários 567.985/MT e 580.963/PR, concluído em 18-4-2013, declarou a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei 8.742/93 e do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. Dessa forma, não havendo mais critério legal para aferir a incapacidade econômica do assistido, a miserabilidade deverá ser analisada em cada caso concreto[...]. Nessa direção, é de se destacar que em 18.04.2013, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos RE 567985 e 580963, reconheceu, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei n.o 8.742/93, que fixou o critério de 1⁄4 do salário-mínimo, sugerindo como novo paradigma uma renda igual ou inferior a meio salário mínimo. Ainda de acordo com o STF, no RE 580.963, não há justificativa plausível para que somente seja excluído do cômputo da renda familiar o benefício de natureza assistencial concedido a idoso, devendo-se entender como inconstitucional qualquer interpretação restritiva, que exclua o benefício previdenciário concedido a idoso, bem como o benefício assistencial concedido a deficiente: Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3o, da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3o, da Lei 8.742/93 que: “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela Lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3o, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial já concedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até um salário mínimo, percebido por idosos.Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiência em relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 580963, Relator(a):Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-225 DIVULG 13-11-2013 PUBLIC 14-11-2013) Com efeito, o leading case ora mencionado aponta a inexistência de justificativa plausível para a discriminação das pessoas com deficiência em relação aos idosos, razão pela qual a opção legislativa afronta o princípio da isonomia. Nesse sentido, cito o voto do Ministro relator Gilmar Mendes: “(...) todos os benefícios da seguridade social (assistenciais e previdenciários) devem compor um sistema consistente e coerente. Com isso, podem-se evitar incongruências na concessão de benefícios, cuja consequência mais óbvia é o tratamento injusto e antiisonômico entre os diversos beneficiários das políticas governamentais de assistência social.” No caso posto, a fim de instruir o feito sobre a real composição do grupo familiar e a respectiva renda, foi apresentado pelo INSS o resultado da Avaliação Social Administrativa (Anexo 10), segundo a qual a renda do grupo familiar é inferior a 1/2 (meio) salário mínimo. Além disso, o autor logrou provar que possui inscrição no CADUNICO (Anexo 05), cujo requisito de cadastramento consiste justamente na demonstração da situação de pobreza da pessoa interessada. Em face do exposto, nos termos da fundamentação, julgo PROCEDENTE a demanda, para: a) condenar o INSS a conceder à autora o Benefício Assistencial de Prestação Continuada, com DIP a partir de 01/10/2019; b) condenar o réu a pagar à parte autora os valores pretéritos, a contar de 15/06/2018, com correção pelo INPC e juros de mora, tudo de acordo com a planilha anexa; c) em razão da natureza alimentícia da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10 dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15 dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00, em desfavor da pessoa jurídica de direito público. Sem custas nem honorários advocatícios. Intimem-se. Antônio José de Carvalho Araújo
PROCESSO No0520710-58.2019.4.05.8013 RECORRENTE: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL RECORRIDO:GILVANIR DOS SANTOS JUIZ SENTENCIANTE:ANTÔNIO JOSÉ DE CARVALHO ARAÚJO IDADE: 47 ANOS, analfabeto, Teotônio Vilela-AL, trabalhador rural DIAGNÓSTICO: CID10: G 40 Epilepsia e síndromes epilépticas idiopáticas definidas por sua localização (focal) (parcial) com crises CID10: F 91.1 Distúrbio de conduta não-socializado CID10: F 06.8 Outros transtornos mentais especificados devidos a uma lesão e disfunção cerebral e a uma doença física VOTO-EMENTA BENEFÍCIO ASSISTENCIAL ao DEFICIENTE. INCAPACIDADE DE LONGO PRAZO. CONFIGURADA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS AO RECONHECIMENTO DO DIREITO AO BENEFÍCIO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. 1. Benefício de amparo social à pessoa com deficiência, regulado pelo artigo 20 da Lei n.o 8.742/93, com a redação dada pela Lei n.o 12.470/2011, que considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas, e que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos, cumulado com a impossibilidade de prover seu próprio sustento ou de tê-lo provido pela sua família. 2. Recurso do INSS trazendo questionamento quanto ao cumprimento de um dos pressupostos do benefício assistencial, notadamente o critério de incapacidade de longo prazo. 3. Quanto à incapacidade, embora o perito ateste incapacidade temporária, o mesmo também é categórico em afirmar que a parte está incapacitada para o labor habitual desde o requerimento administrativo (15/06/2018) e complementa salientando que o autor necessita de um afastamento de 1 ano para tratamento (perícia em 13/08/2019). Daí, fácil concluir que a parte preenche o requisito da incapacidade superior a 2 anos, conforme determina a legislação. Destacou o perito: 4)-O periciado encontra-se atualmente capaz de exercer a sua função habitual? No momento não. 5)-Quais fatores podem influenciar negativamente na evolução da patologia/deficiência? Em caso de permanência na execução de suas funções habituais, quais os riscos de agravamento clínico e de seqüelas? Os fatores que podem influenciar negativamente na evolução da patologia é o não acompanhamento psiquiátrico, tratamento medicamentoso inadequado e irregular não fazer tratamento de fisioterapia sujeita-se a recorrências do quadro clinico. 6)-Tendo em vista a patologia / deficiência identificada e a idade, o periciado se encontra impedido de exercer outra (s) atividade (s) que lhe garanta(m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Não. 7. O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos de vida diária sem a necessidade de qualquer auxilio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Não, periciado não é capaz aos atos de vida diária, precisa de auxilio, assistência de terceiros. 8. Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clinico do periciado, é possível interferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior a data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Periciado apresenta patologia incapacitante contemporânea à data do requerimento administrativo. Por um período de 1 ano. Após um ano periciado passar por uma reavaliação Médica Pericial.” 4. Do cotejo entre os fundamentos da sentença recorrida e o laudo médico pericial, entendo que a melhor interpretação das provas colhidas é de que a parte está incapacitada por longo prazo, atendendo ao que preceitua a legislação. 5. Ressalto que não verifico a ocorrência de violações ou afrontas a dispositivos legais ou constitucionais, tampouco aos princípios regedores da matéria. 6. Recurso do INSS improvido. condenando-se a parte recorrente, vencida, ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95 c/c o art. 1o da Lei no 10.259/2001), com a limitação do enunciado de Súmula 111 do STJ. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso do INSS, nos termos do voto do Relator.
1,737
642
0
0
9-AL
1
106.124792
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
Inicialmente, defiro o requerimento do advogado constituído, pelo que nomeio Daniela Sobral dos Santos (com RG de número 3903507-7 e CPF de número 135.757414-25, residente e domiciliada na R. Teófilo Pereira, 2033, Centro, Teotônio Vilela), doravante filha do autor, como sua CURADORA nos autos, nos termos do Art. 72 do CPC, c/c Art. 1.775, § 1o, do CC. O Instituto Nacional do Seguro Social resistiu à pretensão ao argumento de que a renda per capita do núcleo familiar do autor ultrapassa o limite legal de 1⁄4 do salário mínimo. Nos termos da Lei 8742/93, os requisitos a serem preenchidos cumulativamente para a obtenção do almejado benefício de um salário mínimo mensal são: a) ser a pessoa deficiente b) ou idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais por força do artigo 34 da Lei 10.741/2003 - Estatuto do Idoso; e b) comprovação de que não possui meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, não sendo a renda per capita superior a 1⁄4 do salário mínimo. A Lei no 12.435/11 deu nova redação à norma do art. 20 da Lei n.o 8.742/93, e passou a conceituar deficiência não mais como a incapacidade para o trabalho (e para a vida independente), mas como o(s) impedimento(s) de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o(s) qual(is), em interação com diversas barreiras, pode(m) "obstruir a participação plena e efetiva do seu portador na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas". No caso sub judice mostrou-se necessário ao julgamento da lide o auxílio técnico de profissional médico. O(A) expert, após criterioso exame, constatou que a autora está acometida de Espondilartrose, Transtornos de discos intervertebrais com radiculopatia e Estenose de tecido conjuntivo e do disco dos forames intervertebrais. Aos quesitos formulados, o perito apresentou as seguintes respostas: “6. Tendo em vista a patologia/deficiência identificada e a idade, o periciado encontra-se capaz de exercer outra (s) atividades (s) que lhe garanta (m) o sustento, ainda que seja necessário submeter-se a programa de reabilitação profissional? Não 7. O periciado encontra-se plenamente capaz de exercer todos os atos de vida diária sem a necessidade de qualquer auxilio, vigilância, assistência ou acompanhamento de terceiros? Não, periciado não é capaz aos atos de vida diária, precisa de auxilio, assistência de terceiros. 8. Diante da história da patologia/deficiência, dos exames e do quadro clinico do periciado, é possível interferir a data do início da patologia/deficiência e da incapacidade? É a mesma anterior, contemporânea ou posterior a data do requerimento administrativo ou da cessação do benefício? Periciado apresenta patologia incapacitante contemporânea à data do requerimento administrativo. Por um período de 1 ano. Após um ano periciado passar por uma reavaliação Médica Pericial”. (Anexo 24) (grifei) Intimadas para se manifestarem sobre o laudo, as partes silenciaram, com o que impõe reconhecer a demonstração do impedimento de longo prazo, notadamente quando sopesadas as condições pessoais do autor, como por exemplo, idade avançada relativamente para os padrões dos trabalhadores braçais (46 anos) e analfabetismo, no que inviabilizada a reabilitação profissional, e, de conseguinte, seu retorno ao mercado de trabalho. Nesse rumo, em relação ao estado de miserabilidade, temos que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da norma do art. 20, § 3o da Lei n. 8.742/93, que estabelecia o critério de 1/4 de um salário mínimo para aferição da miserabilidade para a concessão dos benefícios assistenciais, de modo que, diante da ausência de critério legal válido para aferição da hipossuficiência econômica, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais fixou o entendimento de que a miserabilidade deve ser analisada em cada caso concreto, através de quaisquer meios de prova, não podendo ser esta avaliada exclusivamente com base na renda (critério estabelecido em norma reconhecida como inconstitucional): (PEDILEF 05023602120114058201, Relator Juiz Federal GLÁUCIO FERREIRA MACIEL GONÇALVES, DOU 21/06/2013): [...] é permitido ao julgador, dada as peculiaridades de cada caso, fazer uso de outros fatores que tenham o condão de comprovar a hipossuficiência da parte autora e de sua família. 3. Ademais, o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da Reclamação 4.374/PE e dos Recursos Extraordinários 567.985/MT e 580.963/PR, concluído em 18-4-2013, declarou a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei 8.742/93 e do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. Dessa forma, não havendo mais critério legal para aferir a incapacidade econômica do assistido, a miserabilidade deverá ser analisada em cada caso concreto[...]. Nessa direção, é de se destacar que em 18.04.2013, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos RE 567985 e 580963, reconheceu, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do § 3o do art. 20 da Lei n.o 8.742/93, que fixou o critério de 1⁄4 do salário-mínimo, sugerindo como novo paradigma uma renda igual ou inferior a meio salário mínimo. Ainda de acordo com o STF, no RE 580.963, não há justificativa plausível para que somente seja excluído do cômputo da renda familiar o benefício de natureza assistencial concedido a idoso, devendo-se entender como inconstitucional qualquer interpretação restritiva, que exclua o benefício previdenciário concedido a idoso, bem como o benefício assistencial concedido a deficiente: Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3o, da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3o, da Lei 8.742/93 que: “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela Lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3o, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial já concedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até um salário mínimo, percebido por idosos.Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiência em relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 580963, Relator(a):Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-225 DIVULG 13-11-2013 PUBLIC 14-11-2013) Com efeito, o leading case ora mencionado aponta a inexistência de justificativa plausível para a discriminação das pessoas com deficiência em relação aos idosos, razão pela qual a opção legislativa afronta o princípio da isonomia. Nesse sentido, cito o voto do Ministro relator Gilmar Mendes: “(...) todos os benefícios da seguridade social (assistenciais e previdenciários) devem compor um sistema consistente e coerente. Com isso, podem-se evitar incongruências na concessão de benefícios, cuja consequência mais óbvia é o tratamento injusto e antiisonômico entre os diversos beneficiários das políticas governamentais de assistência social.” No caso posto, a fim de instruir o feito sobre a real composição do grupo familiar e a respectiva renda, foi apresentado pelo INSS o resultado da Avaliação Social Administrativa (Anexo 10), segundo a qual a renda do grupo familiar é inferior a 1/2 (meio) salário mínimo. Além disso, o autor logrou provar que possui inscrição no CADUNICO (Anexo 05), cujo requisito de cadastramento consiste justamente na demonstração da situação de pobreza da pessoa interessada. Em face do exposto, nos termos da fundamentação, julgo PROCEDENTE a demanda, para: a) condenar o INSS a conceder à autora o Benefício Assistencial de Prestação Continuada, com DIP a partir de 01/10/2019; b) condenar o réu a pagar à parte autora os valores pretéritos, a contar de 15/06/2018, com correção pelo INPC e juros de mora, tudo de acordo com a planilha anexa; c) em razão da natureza alimentícia da prestação previdenciária ora concedida, fixo o prazo de 10 dias para o INSS promover a implantação do benefício; escoado o prazo assinalado, não sendo comprovada pela ré a efetiva satisfação da obrigação de fazer, fica desde já autorizada a Secretaria deste juízo a exigir-lhe o cumprimento, estabelecendo para tanto novo prazo razoável de 15 dias, findo o qual, em havendo contumácia, aplico incontinenti pena de multa no valor de R$ 500,00, em desfavor da pessoa jurídica de direito público. Sem custas nem honorários advocatícios. Intimem-se. Antônio José de Carvalho Araújo
NÃO PROVIMENTO
0508923-26.2019.4.05.8015
2019-09-10 00:00:00
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-09 07:32:56
Sentença - Improcedência
2020-03-27T16:26:31
Acórdão - .
SÉRGIO JOSÉ WANDERLEY DE MENDONÇA
2020-03-26 14:00:00
PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
AL009850
SENTENÇA (TIPO A) Pretende a parte autora aposentadoria na qualidade de segurado especial. O INSS contestou a ação. Em audiência, foi colhida a prova oral. O benefício de aposentadoria por idade configura benefício etário com sede na Constituição Federal e disciplina na Lei 8.213/91, exigindo-se: 1) idade de 60 anos para homem e 55 anos para mulher; e 2) e tempo de efetiva atividade rural, pelo período correspondente ao estipulado como carência (art. 48, Lei de Benefícios). A contagem do período de carência, por sua vez, pode ser feita retroativamente a partir da data do implemento da idade mínima ou da apresentação do requerimento administrativo, inteligência do art. 102, §1o da Lei no 8.213 de 1991. Neste sentido, STJ: (REsp 1354908/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 1a Seção, DJe 10/02/2016; AREsp: 705906 PR, Relator: Min. Herman Benjamin, DJ 09/06/2015). A análise do acervo probatório deve ter início a partir da presença de algum início de prova documental, por expresso imperativo legal (cf. artigo 55, § 3o da Lei Federal n.o 8.213/91) e jurisprudencial (cf. súmula 149 do STJ). Contudo, segundo a súmula 14 da TNU, não exige relação de contemporaneidade com todo o período de carência. Em depoimento, a parte autora disse que mora em Lagoa da Canoa-AL, zona rural; é casada e tem 4 filhos; é agricultora desde seus 20 anos; que já trabalhou em SP em uma empresa, fazendo limpeza; que trabalhou em SP por mais de 02 anos (2009-2014); que só voltou de SP em 2014; 57 anos. Inspeção negativa. Mãos lisas. A testemunha conhece a autora há 30 anos; que a autora retornou de SP em 2014, tendo passado cerca de 3 anos por lá. Autora com extenso histórico de vínculos, cf. CNIS nos autos (doc. 28). Nesse cenário, considerando o histórico de vínculos urbanos, dentro do período de carência, inclusive, entendo não comprovado o requisito exigido para a concessão do benefício, sem prejuízo da análise do preenchimento dos requisitos para a aposentadoria híbrida, quando atingida a idade exigida (65 anos). Não comprovado o exercício de atividade rural no período de carência, nego o pedido. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais.Publique-se, registre-se e intimem-se. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias.
PROCESSO No 0508923-26.2019.4.05.8015 RECORRENTE: LENALVA MESSIAS SANTOS RECORRIDO: INSS- INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL MAGISTRADO SENTENCIANTE:PAULO HENRIQUE DA SILVA AGUIAR VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADO ESPECIAL. FRÁGIL INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA ORAL INSUFICIENTE. INSPEÇÃO JUDICIAL NEGATIVA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURÍCOLA PELO PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DA PARTE AUTORA IMPROVIDO. 1. Recurso inominado em face de sentença que julgou improcedente pedido de aposentadoria por idade rural, fundamentada na alegação de ausência de qualidade de segurado especial no período de carência exigido. 2. Pretensão recursal amparada, em síntese, no argumento de que a autora comprovou a sua condição de segurada especial pelo período de carência, fazendo jus ao benefício pleiteado. 3. Nos presentes autos, a discussão cinge-se em face da comprovação de atividade rural em números de meses idênticos à carência do benefício pretendido. 4. Hipótese em que a parte autora implementou a idade de 55 anos em 18/02/2017, sendo-lhe exigido o cumprimento do período de carência correspondente a 180 meses, ainda que de forma descontínua. Benefício de aposentadoria por idade requerido em 26/02/2019 – anexo 15. 5. Dispõe a súmula 54 da TNU que: “Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima”. 6. No caso concreto, os documentos apresentados e prova produzida em audiência não se mostraram suficientes para comprovar o labor rural, pelo período de carência. Foram colacionados, tão somente: a) certidão eleitoral, emitida em 02/2019, constando como ocupação declarada “agricultor” (anexo 02); b) contrato de arrendamento rural com reconhecimento de firma em 02/2019 9anexo 4); c) documentos em nome do terceiro dono da terra (anexos 8 e 13); d) ficha ambulatorial (anexos 9/10); e) ficha de matricula de dois filhos, dos anos de 1992 e 1995, com reconhecimento e firma em 02/2019 (anexo 14); f) ctps onde constam dois vínculos como “escolhedora de fumo”e diversos vínculos como “servente” e “serviços diversos”, todos por curtos períodos, o último com término em 2009 (anexo 16). 7. Por ser relevante, transcrevo o pertinente trecho da fundamentação da sentença: [...] Em depoimento, a parte autora disse que mora em Lagoa da Canoa-AL, zona rural; é casada e tem 4 filhos; é agricultora desde seus 20 anos; que já trabalhou em SP em uma empresa, fazendo limpeza; que trabalhou em SP por mais de 02 anos (2009-2014); que só voltou de SP em 2014; 57 anos. Inspeção negativa. Mãos lisas. A testemunha conhece a autora há 30 anos; que a autora retornou de SP em 2014, tendo passado cerca de 3 anos por lá. Autora com extenso histórico de vínculos, cf. CNIS nos autos (doc. 28). Nesse cenário, considerando o histórico de vínculos urbanos, dentro do período de carência, inclusive, entendo não comprovado o requisito exigido para a concessão do benefício, sem prejuízo da análise do preenchimento dos requisitos para a aposentadoria híbrida, quando atingida a idade exigida (65 anos). Não comprovado o exercício de atividade rural no período de carência, nego o pedido. [...] 8. Ademais, a inspeção judicial resultou negativa, apresentando a recorrente mãos desprovidas de calos, não se caracterizando o perfil campesino de quem exerce o labor de longa data. 9.A configuração da qualidade de segurado especial deve ser analisada tomando-se o arcabouço probatório como um todo. Para o reconhecimento do exercício da atividade rural na condição de segurado especial, o início de prova material deve ser corroborado e ampliado por outros meios de prova, constituindo conjunto probatório harmônico, devendo-se sempre prestigiar a valoração da prova realizada pelo juízo monocrático, que participou diretamente de sua produção. 10. Ante o exposto, forçoso concluir que o conjunto probatório é frágil e insuficiente para a comprovação do exercício de atividade rural durante o período de carência, na condição de segurado especial, razão pela qual a sentença recorrida não merece qualquer reparo, daí por que, ratificados todos os seus termos, deve a mesma ser mantida. 11. Recurso inominado improvido, condenando a parte recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa, sob condição suspensiva de exigibilidade, nos termos dos arts. 85 e 98, §§ 2o e 3o, do CPC. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos, ACORDAM os Juízes da Turma Recursal da Seção Judiciária de Alagoas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Relator.
423
743
0
1
10-AL
0
89.424259
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Pretende a parte autora aposentadoria na qualidade de segurado especial. O INSS contestou a ação. Em audiência, foi colhida a prova oral. O benefício de aposentadoria por idade configura benefício etário com sede na Constituição Federal e disciplina na Lei 8.213/91, exigindo-se: 1) idade de 60 anos para homem e 55 anos para mulher; e 2) e tempo de efetiva atividade rural, pelo período correspondente ao estipulado como carência (art. 48, Lei de Benefícios). A contagem do período de carência, por sua vez, pode ser feita retroativamente a partir da data do implemento da idade mínima ou da apresentação do requerimento administrativo, inteligência do art. 102, §1o da Lei no 8.213 de 1991. Neste sentido, STJ: (REsp 1354908/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 1a Seção, DJe 10/02/2016; AREsp: 705906 PR, Relator: Min. Herman Benjamin, DJ 09/06/2015). A análise do acervo probatório deve ter início a partir da presença de algum início de prova documental, por expresso imperativo legal (cf. artigo 55, § 3o da Lei Federal n.o 8.213/91) e jurisprudencial (cf. súmula 149 do STJ). Contudo, segundo a súmula 14 da TNU, não exige relação de contemporaneidade com todo o período de carência. Em depoimento, a parte autora disse que mora em Lagoa da Canoa-AL, zona rural; é casada e tem 4 filhos; é agricultora desde seus 20 anos; que já trabalhou em SP em uma empresa, fazendo limpeza; que trabalhou em SP por mais de 02 anos (2009-2014); que só voltou de SP em 2014; 57 anos. Inspeção negativa. Mãos lisas. A testemunha conhece a autora há 30 anos; que a autora retornou de SP em 2014, tendo passado cerca de 3 anos por lá. Autora com extenso histórico de vínculos, cf. CNIS nos autos (doc. 28). Nesse cenário, considerando o histórico de vínculos urbanos, dentro do período de carência, inclusive, entendo não comprovado o requisito exigido para a concessão do benefício, sem prejuízo da análise do preenchimento dos requisitos para a aposentadoria híbrida, quando atingida a idade exigida (65 anos). Não comprovado o exercício de atividade rural no período de carência, nego o pedido. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55, Lei 9.099/95). Concedo o benefício da justiça gratuita requerido por vislumbrar a hipossuficiência da parte autora para arcar com as despesas processuais.Publique-se, registre-se e intimem-se. Havendo recurso inominado regularmente interposto, após certificação, vista à parte contrária para contrarrazões, no prazo legal; em seguida, à Turma Recursal (Enunciado 34/Fonajef). Não havendo impugnação, ao arquivo, com as anotações necessárias
NÃO PROVIMENTO
0501926-45.2019.4.05.8203
2019-07-16 00:00:00
APS SERRA BRANCA (13.021.180) (29.979.036/0975-51) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
null
2019-10-23 13:44:16
Sentença - Improcedência
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - Recurso desprovido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
RODRIGO MAIA DA FONTE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,100
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
1
PB018935
SENTENÇA Tipo A Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei no 9.099/95. FUNDAMENTAÇÃO O Plano de Benefícios da Previdência Social (Lei n.o 8.213/91) prevê, entre os segurados obrigatórios, o segurado especial, descrito no art. 11, VII, como “o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais (...) que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros (...)”. Faz jus o trabalhador rural, na condição de segurado especial, ao benefício de aposentadoria por idade, nos termos dos arts. 39, I, 48, §§ 1.o e 2.o, e 143 da Lei n.o 8.213/91, desde que comprovada a atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício. A carência exigida para o caso, conforme a tabela constante do art. 142 da citada Lei, é de 180 meses, haja vista que a parte autora completou a idade mínima no ano de 2018. Seu requerimento administrativo foi feito em 20/08/2018. Logo, o período de carência legal a se investigar se insere entre 08/2003 a 08/2018. Importante realçar que, para a comprovação do tempo de serviço rural e consequente obtenção do direito à aposentação, é necessária a apresentação de documentação idônea, ainda que indiciária (início de prova material), expedida na época em que ocorridos os fatos, no período que antecede ao requerimento do benefício. É a previsão contida no art. 55, § 3.o, da Lei 8.213/91. O tema já se acha consolidado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (Súmula n.o 149 – “A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de beneficio previdenciário”), o que vem em reforço da exigência do início de prova material (documentação idônea) contemporânea ao período de trabalho que se deseja aproveitar, para referendar a prova testemunhal eventualmente existente, cuja exclusividade não basta. Quanto à temática, registro meu entendimento no sentido de que o rol de documentos previstos no art. 106 da Lei 8.213-91 é exemplificativo. Logo, mesmo não estando expressamente mencionados no dispositivo, entendo que outros documentos atendem à finalidade nele insculpida, a exemplo de: prova percepção de outros benefícios, durante o período de carência, na qualidade de segurado especial; prova de que a parte requerente trabalhou na Frente Produtiva de Trabalho nos períodos de seca no sertão; recebimento de seguro-safra; declarações de órgãos públicos, certidões públicas etc. Isso não significa dizer, porém, que a mencionada norma não serve como uma forte fonte de orientação do intérprete. Pensar de modo contrário, admitindo-se todo e qualquer documento como início de prova material, em que pese o expresso texto da lei, implica, a meu ver, um completo desvirtuamento das balizas delineadas pelo legislador, pondo em xeque até mesmo a manutenção do benefício - de feição especial - em nosso ordenamento. Por essa razão, em regra, tenho que documentos como carteira sindical ou declaração sindical sem homologação por parte do INSS, certidão eleitoral e fichas de atendimento médico não se prestam a figurar como início de prova material exigido pela Lei no 8.213/91, pois produzidos amparados com as informações unilaterais do próprio requerente, sem a análise da condição (ou não) da qualificação alegada, e sem que o documento detenha fé-pública. Do contrário, a meu ver, afastar-se-íamos por completo do que previu o art. 106 da já mencionada lei do RGPS. Os documentos, saliente-se, têm caráter ainda menos persuasivo quando produzidos pouco antes do requerimento administrativo, seja por serem extemporâneos, seja por retratarem, no geral, apenas a intenção do requerente de se qualificar como agricultor e possibilitar a obtenção do benefício previdenciário, mas sem ter o condão de demonstrar minimamente tal qualificação. O mesmo se pode dizer das declarações unilaterais prestadas por terceiros que também não gozam de fé-pública, cujo teor do declarado, pois, não se presta a figurar como prova documental (art. 408, parágrafo único, do NCPC). Não desconheço, porém, a dificuldade que encontra o homem do campo de apresentar a exigida prova documental. É por esta razão que em casos extraordinários, quando os documentos mencionados nos dois últimos parágrafos são corroborados por prova inequívoca produzida na via administrativa e em audiência, penso que há exceção à regra, pelo que eles podem passar a figurar como início de prova, atendendo o requisito da Súmula no 149, do STJ, e admitindo-se o acolhimento da pretensão autoral, desde de que, logicamente, devidamente fundamentado pelo magistrado. Cumpre registrar, também, que o início de prova material produzido em favor de um ou mais integrante(s) da família, notadamente o cônjuge, figura como prova documental em favor da parte requerente, desde que mantida a unidade familiar, em atenção ao regime previsto no art. 11, §1o, da Lei 8.213-91. Com fundamento nos argumentos expostos nas linhas passadas, passo a examinar o caso dos autos. De início, indefiro o pedido de realização de audiência de instrução, formulado pela parte autora, uma vez que este Juízo formou seu convencimento com os elementos constantes nos autos. Assim, tendo este Juízo formado seu convencimento com a prova produzida em audiência de conciliação e demais elementos constantes nos autos, não se faz necessária maior dilação probatória, razão pela qual passo ao julgamento da lide. A fim de comprovar a atividade rurícola a parte autora acostou como início de prova material: Extrato de DAP com emissão em 21/01/2019 e validade em 21/01/2020 (anexo 4, fl.1). Com efeito o Contrato de parceria agrícola expedido em 18/05/2018 (anexo 22, fl.9), tem caráter pouco persuasivo, vez que teve firma reconhecida em 28/05/2018, poucos meses antes do requerimento administrativo (20/08/2018). Observa-se, também, que a data de filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais ocorreu em 11/05/2018 (anexo 21, fl.3), mesma época da expedição do Contrato de parceria (18/05/2018). Verifica-se no caso em tela a ausência de conjunto probatório mínimo que comprove a existência da qualidade de segurado do demandante. O único documento apto à comprovação da atividade campesina (Extrato de DAP) teve emissão (21/01/2019) após o requerimento administrativo (20/08/2018), não se prestando ao fim colimado. Além disso, o demandante esclareceu em audiência que sobrevive de diárias no plantio de terceiros de palma e capim, além de confeccionar, para aqueles, cercas e prestar outros serviços. Indagado se mantinha algum roçado, criação de animais ou atividade extrativista, o demandante negou. A testemunha, em contradição com o depoimento autoral, mencionou que o requerente mantém o sustento da agricultura, mantendo roçado próprio e criando animais. Desta forma, o benefício não deve ser concedido, ante a ausência de início de provas materiais contemporâneas ao período de atividade rural informado, da ausência de atividade na agropecuária ou extrativismo para subsistência e pela contradição dos depoimentos colhidos em juízo. DISPOSITIVO Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, com fulcro no art. 487, I, do CPC, extinguindo o processo com resolução de mérito. Sem custas e honorários advocatícios, vide art. 55 da Lei n. 9.099/95. Justiça gratuita já deferida à parte autora. A publicação e o registro desta sentença decorrem automaticamente da validação no sistema eletrônico. Intimem-se. Cumpra-se. Após o trânsito em julgado, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Monteiro-PB, data da validação.
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADO ESPECIAL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL RECURSO DA PARTE-AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. Cuida-se de pedido de concessão de aposentadoria rural por idade rural, julgado improcedente, sendo recorrente a parte autora. 2. A parte autora alega, em sua peça recursal, que juntou aos autos vasta prova material do seu trabalho rural, estando caracterizada a condição de segurado especial. 3. Extrai-se da sentença: “A fim de comprovar a atividade rurícola a parte autora acostou como início de prova material: Extrato de DAP com emissão em 21/01/2019 e validade em 21/01/2020 (anexo 4, fl.1). Com efeito o Contrato de parceria agrícola expedido em 18/05/2018 (anexo 22, fl.9), tem caráter pouco persuasivo, vez que teve firma reconhecida em 28/05/2018, poucos meses antes do requerimento administrativo (20/08/2018). Observa-se, também, que a data de filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais ocorreu em 11/05/2018 (anexo 21, fl.3), mesma época da expedição do Contrato de parceria (18/05/2018). Verifica-se no caso em tela a ausência de conjunto probatório mínimo que comprove a existência da qualidade de segurado do demandante. O único documento apto à comprovação da atividade campesina (Extrato de DAP) teve emissão (21/01/2019) após o requerimento administrativo (20/08/2018), não se prestando ao fim colimado. Além disso, o demandante esclareceu em audiência que sobrevive de diárias no plantio de terceiros de palma e capim, além de confeccionar, para aqueles, cercas e prestar outros serviços. Indagado se mantinha algum roçado, criação de animais ou atividade extrativista, o demandante negou. A testemunha, em contradição com o depoimento autoral, mencionou que o requerente mantém o sustento da agricultura, mantendo roçado próprio e criando animais. Desta forma, o benefício não deve ser concedido, ante a ausência de início de provas materiais contemporâneas ao período de atividade rural informado, da ausência de atividade na agropecuária ou extrativismo para subsistência e pela contradição dos depoimentos colhidos em juízo”. 4. No caso, constata-se que a sentença examinou a causa sob fundamentos legais e fáticos suficientes à solução da lide. Não havendo documentos suficientes que comprovem a condição de segurado especial do autor, mantém-se a sentença que julgou improcedente o pedido. 5. Saliente-se que, conforme entendimento do STJ, “o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema” (REsp 717265, 4a T, DJU1 12/3/2007, p. 239). No mesmo sentido: “não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensos fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente de sua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir” (STF, EDcl/RE 97.558/GO, 1a T, Rel. Min. Oscar Correa, RTJ 109/1098) 6. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011) 7. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos, condenando a parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, diante da concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
1,175
612
1
1
11-PB
0
99.053657
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Plano de Benefícios da Previdência Social (Lei n.o 8.213/91) prevê, entre os segurados obrigatórios, o segurado especial, descrito no art. 11, VII, como “o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais (...) que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros (...)”. Faz jus o trabalhador rural, na condição de segurado especial, ao benefício de aposentadoria por idade, nos termos dos arts. 39, I, 48, §§ 1.o e 2.o, e 143 da Lei n.o 8.213/91, desde que comprovada a atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício. A carência exigida para o caso, conforme a tabela constante do art. 142 da citada Lei, é de 180 meses, haja vista que a parte autora completou a idade mínima no ano de 2018. Seu requerimento administrativo foi feito em 20/08/2018. Logo, o período de carência legal a se investigar se insere entre 08/2003 a 08/2018. Importante realçar que, para a comprovação do tempo de serviço rural e consequente obtenção do direito à aposentação, é necessária a apresentação de documentação idônea, ainda que indiciária (início de prova material), expedida na época em que ocorridos os fatos, no período que antecede ao requerimento do benefício. É a previsão contida no art. 55, § 3.o, da Lei 8.213/91. O tema já se acha consolidado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (Súmula n.o 149 – “A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de beneficio previdenciário”), o que vem em reforço da exigência do início de prova material (documentação idônea) contemporânea ao período de trabalho que se deseja aproveitar, para referendar a prova testemunhal eventualmente existente, cuja exclusividade não basta. Quanto à temática, registro meu entendimento no sentido de que o rol de documentos previstos no art. 106 da Lei 8.213-91 é exemplificativo. Logo, mesmo não estando expressamente mencionados no dispositivo, entendo que outros documentos atendem à finalidade nele insculpida, a exemplo de: prova percepção de outros benefícios, durante o período de carência, na qualidade de segurado especial; prova de que a parte requerente trabalhou na Frente Produtiva de Trabalho nos períodos de seca no sertão; recebimento de seguro-safra; declarações de órgãos públicos, certidões públicas etc. Isso não significa dizer, porém, que a mencionada norma não serve como uma forte fonte de orientação do intérprete. Pensar de modo contrário, admitindo-se todo e qualquer documento como início de prova material, em que pese o expresso texto da lei, implica, a meu ver, um completo desvirtuamento das balizas delineadas pelo legislador, pondo em xeque até mesmo a manutenção do benefício - de feição especial - em nosso ordenamento. Por essa razão, em regra, tenho que documentos como carteira sindical ou declaração sindical sem homologação por parte do INSS, certidão eleitoral e fichas de atendimento médico não se prestam a figurar como início de prova material exigido pela Lei no 8.213/91, pois produzidos amparados com as informações unilaterais do próprio requerente, sem a análise da condição (ou não) da qualificação alegada, e sem que o documento detenha fé-pública. Do contrário, a meu ver, afastar-se-íamos por completo do que previu o art. 106 da já mencionada lei do RGPS. Os documentos, saliente-se, têm caráter ainda menos persuasivo quando produzidos pouco antes do requerimento administrativo, seja por serem extemporâneos, seja por retratarem, no geral, apenas a intenção do requerente de se qualificar como agricultor e possibilitar a obtenção do benefício previdenciário, mas sem ter o condão de demonstrar minimamente tal qualificação. O mesmo se pode dizer das declarações unilaterais prestadas por terceiros que também não gozam de fé-pública, cujo teor do declarado, pois, não se presta a figurar como prova documental (art. 408, parágrafo único, do NCPC). Não desconheço, porém, a dificuldade que encontra o homem do campo de apresentar a exigida prova documental. É por esta razão que em casos extraordinários, quando os documentos mencionados nos dois últimos parágrafos são corroborados por prova inequívoca produzida na via administrativa e em audiência, penso que há exceção à regra, pelo que eles podem passar a figurar como início de prova, atendendo o requisito da Súmula no 149, do STJ, e admitindo-se o acolhimento da pretensão autoral, desde de que, logicamente, devidamente fundamentado pelo magistrado. Cumpre registrar, também, que o início de prova material produzido em favor de um ou mais integrante(s) da família, notadamente o cônjuge, figura como prova documental em favor da parte requerente, desde que mantida a unidade familiar, em atenção ao regime previsto no art. 11, §1o, da Lei 8.213-91. Com fundamento nos argumentos expostos nas linhas passadas, passo a examinar o caso dos autos. De início, indefiro o pedido de realização de audiência de instrução, formulado pela parte autora, uma vez que este Juízo formou seu convencimento com os elementos constantes nos autos. Assim, tendo este Juízo formado seu convencimento com a prova produzida em audiência de conciliação e demais elementos constantes nos autos, não se faz necessária maior dilação probatória, razão pela qual passo ao julgamento da lide. A fim de comprovar a atividade rurícola a parte autora acostou como início de prova material: Extrato de DAP com emissão em 21/01/2019 e validade em 21/01/2020 (anexo 4, fl.1). Com efeito o Contrato de parceria agrícola expedido em 18/05/2018 (anexo 22, fl.9), tem caráter pouco persuasivo, vez que teve firma reconhecida em 28/05/2018, poucos meses antes do requerimento administrativo (20/08/2018). Observa-se, também, que a data de filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais ocorreu em 11/05/2018 (anexo 21, fl.3), mesma época da expedição do Contrato de parceria (18/05/2018). Verifica-se no caso em tela a ausência de conjunto probatório mínimo que comprove a existência da qualidade de segurado do demandante. O único documento apto à comprovação da atividade campesina (Extrato de DAP) teve emissão (21/01/2019) após o requerimento administrativo (20/08/2018), não se prestando ao fim colimado. Além disso, o demandante esclareceu em audiência que sobrevive de diárias no plantio de terceiros de palma e capim, além de confeccionar, para aqueles, cercas e prestar outros serviços. Indagado se mantinha algum roçado, criação de animais ou atividade extrativista, o demandante negou. A testemunha, em contradição com o depoimento autoral, mencionou que o requerente mantém o sustento da agricultura, mantendo roçado próprio e criando animais. Desta forma, o benefício não deve ser concedido, ante a ausência de início de provas materiais contemporâneas ao período de atividade rural informado, da ausência de atividade na agropecuária ou extrativismo para subsistência e pela contradição dos depoimentos colhidos em juízo. DISPOSITIVO Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, com fulcro no art. 487, I, do CPC, extinguindo o processo com resolução de mérito. Sem custas e honorários advocatícios, vide art. 55 da Lei n. . Justiça gratuita já deferida à parte autora. A publicação e o registro desta sentença decorrem automaticamente da validação no sistema eletrônico. Intimem-se. Cumpra-se. Após o trânsito em julgado, certifique-se, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Monteiro-PB, data da validação
NÃO PROVIMENTO
0511213-75.2018.4.05.8200
2018-08-06 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) APS JOÃO PESSOA - SUL (13.001.080) (29.979.036/0977-13) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-02 16:06:42
Sentença - Pensão por morte - Procedente
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - desprovido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,104
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Pensão por Morte (Art. 74/9)
1
PB018105
SENTENÇA Dispensado o relatório, passo aos fundamentos. Trata-se de ação cível especial em que a parte autora postula a concessão de PENSÃO POR MORTE, a qual foi requerida na via administrativa em 10.04.2018 (NB: 21/182.012.466-2) e indeferido por falta de qualidade de dependente para tutelado, enteado, pais e irmãos. A autora afirma que era genitora de EDILSON GALDINO DE SOUZA, falecido em 16.06.2017 e que o mesmo era SEGURADO URBANO. Na inicial, autora afirma que o falecido era o mantenedor da família, arcando com "todas as despesas relativas ao imóvel e à subsistência da família, pois sua mãe não possui nenhum rendimento mensal, é desempregada". Consta da certidão de óbito (a.04) que o falecido residia em Piquete, Caaporã/PB, e faleceu em Sobral/CE. O comprovante de residência juntado pela autora é da R. São João, 40, São João, Caaporã/PB (anexo 05). Inicialmente, convém registrar que a qualidade de segurado do pretenso instituidor da pensão pleiteada é ponto incontroverso, não tendo havido discussão sobre tal aspecto nestes autos. Ademais, de acordo com a CTPS do falecido, no momento do óbito ele mantinha vínculo empregatício junto à empresa Refrasa Serviços LTDA (anexo 08). Com relação à dependência econômica, destaco o seguinte: Na certidão de óbito, consta que o de cujus era solteiro e sem filhos (anexo 04). Em audiência, questionei a autora sobre os lugares em que seu filho morou, dizendo ela que ele ficava no local em que trabalhava. Era pelo lado de Recife/PE. Quando ele ia embora, quem pagava o aluguel era sua menina. Ele mandava dinheiro por uma conta que sua menina lhe repassava. Perguntei sobre o lugar em que ele faleceu e ela não soube responder. Quando lhe expliquei que ele falecera em Sobral/CE, ela pareceu não saber e, em perguntando o que ele fazia lá, ela respondeu que ele trabalhava. Disse que vivia ainda com três filhos, de 23, 18 e 12 anos de idade. Consegue alimentos com os irmãos da religião e do bolsa-família. Tem outro filho que morreu semana passada, de 26 anos, que já não morava com a autora. Quem a ajudava era o filho que morreu em Sobral/CE. A testemunha confirmou a ajuda que o falecido prestava à autora, enviando dinheiro (inclusive pela conta da irmã, em sintonia com o depoimento da autora) ou mesmo, quando estava na cidade, com feira e aluguel. Ele passava cerca de dois ou três meses viajando e, quando voltava, passava cerca de 15 dias em casa, no caso, na casa da autora. Sabe que, depois do óbito do segurado, a autora passou a ter dificuldades, pois um dos filhos é alcoólatra e há outro que tem apenas 11 ou 12 anos de idade. As pessoas se juntaram para ajudar a autora depois o óbito. Diante das afirmações prestadas pela autora durante a audiência de instrução e julgamento, este Juízo determinou a juntada da movimentação bancária realizada pelo falecido em favor da promovente. Conforme se verifica dos anexos 27/31, há registros de várias transferências bancárias (oriundas de casas lotéricas e da agência da Caixa Econômica Federal de Paulista/PE) em favor da irmã do falecido, conforme alegado no depoimento da autora. Além disso, os depósitos são freqüentes desde 2015 e em valores suficientes a corroborar a alegada manutenção das despesas da promovente. Assim, tenho como comprovada a dependência econômica da demandante em relação a seu filho. Cumpridos os requisitos necessários, o caso é de concessão do benefício. Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido da parte autora, pelo que condeno o INSS a (I) implantar em favor do(a) demandante o benefício com as seguintes características: Espécie PENSÃOPOR MORTE – SEGURADO URBANO Instituidor(a) EDILSON GALDINO DE SOUZA Benefíciário(a) MARIADAS DORES DIAS DE SOUZA (na qualidade de dependente/genitora) NB 21/182.012.466-2 DER 10.04.2018 DIB 10.04.2018 DIP 01.09.2019 RMI A ser calculada pela ADJ (II) pagar as parcelas vencidas a contar da DIB acima com atualização monetária (juros e correção monetária), observada a renúncia ao que exceder a 60 salários mínimos, nos termos da planilha a ser elaborada pela Seção de Cálculos. TENDO EM VISTA O CARÁTER ALIMENTAR DO BENEFÍCIO, ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA, DETERMINANDO A IMEDIATA IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO, COM DIP EM 01.09.2019. Em relação aos cálculos judiciais, considerando o entendimento adotado pelo plenário do STF (em sede de repercussão geral — Tema n. 810) no julgamento do RE n.o870.947/SE e pelo STJ (em sede de recurso repetitivo n.905) determino a incidência de correção monetária, a contar de cada competência devida, pelo INPC a partir de 07/2009 e pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente em relação ao período anterior a 07/2009, como também a incidência de juros de mora, a contar da citação (súmula 204, STJ), segundo o índice aplicado às cadernetas de poupança, nesse último caso, nos termos do art. 1.o-F, da Lei n.o9.494/97, na redação dada pela Lei n.o 11.960/09. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 54, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95 c/c art. 98, § 1o, do CPC/2015, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 16 da Lei n. 10.259/2001, a fim de que seja implantado definitivamente o benefício. Em seguida, remetam-se os autos à Seção de Cálculos para que esta calcule o valor das parcelas vencidas. Intimadas as partes do cálculo e sem impugnação, expeça-se RPV. P.R.I. Cumpridas as determinações contidas nos itens acima, dê-se baixa e arquivem-se. João Pessoa, data supra.
VOTO EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-VENCIDA. COMPROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DA PARTE-AUTORA RELATIVAMENTE AO DE CUJUS. RECURSO DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1.Cuida-se de pedido de concessão de benefício previdenciário (pensão por morte), julgado procedente, recorrendo a parte-interessada, alegando que estão presentes os requisitos à concessão do benefício pleiteado, em especial quando se considera que não há demonstração da dependência econômica da parte-autora relativamente ao pretenso instituidor (seu filho), em especial quando se considera que “as transferências realizadas possuem valores específicos como se destinadas ao pagamento de uma conta determinada, totalizando valor superior à remuneração recebida pelo filho da Autora”. 2.A sentença está motivada sob o entendimento de que (no ponto impugnado) “...Com relação à dependência econômica, destaco o seguinte: Na certidão de óbito, consta que o de cujus era solteiro e sem filhos (anexo 04). Em audiência, questionei a autora sobre os lugares em que seu filho morou, dizendo ela que ele ficava no local em que trabalhava. Era pelo lado de Recife/PE. Quando ele ia embora, quem pagava o aluguel era sua menina. Ele mandava dinheiro por uma conta que sua menina lhe repassava. Perguntei sobre o lugar em que ele faleceu e ela não soube responder. Quando lhe expliquei que ele falecera em Sobral/CE, ela pareceu não saber e, em perguntando o que ele fazia lá, ela respondeu que ele trabalhava. Disse que vivia ainda com três filhos, de 23, 18 e 12 anos de idade. Consegue alimentos com os irmãos da religião e do bolsa-família. Tem outro filho que morreu semana passada, de 26 anos, que já não morava com a autora. Quem a ajudava era o filho que morreu em Sobral/CE. A testemunha confirmou a ajuda que o falecido prestava à autora, enviando dinheiro (inclusive pela conta da irmã, em sintonia com o depoimento da autora) ou mesmo, quando estava na cidade, com feira e aluguel. Ele passava cerca de dois ou três meses viajando e, quando voltava, passava cerca de 15 dias em casa, no caso, na casa da autora. Sabe que, depois do óbito do segurado, a autora passou a ter dificuldades, pois um dos filhos é alcoólatra e há outro que tem apenas 11 ou 12 anos de idade. As pessoas se juntaram para ajudar a autora depois o óbito.Diante das afirmações prestadas pela autora durante a audiência de instrução e julgamento, este Juízo determinou a juntada da movimentação bancária realizada pelo falecido em favor da promovente. Conforme se verifica dos anexos 27/31, há registros de várias transferências bancárias (oriundas de casas lotéricas e da agência da Caixa Econômica Federal de Paulista/PE) em favor da irmã do falecido, conforme alegado no depoimento da autora. Além disso, os depósitos são freqüentes desde 2015 e em valores suficientes a corroborar a alegada manutenção das despesas da promovente. Assim, tenho como comprovada a dependência econômica da demandante em relação a seu filho” (grifamos). 3.Acresça-se que o finado filho da parte-autora manteve três vínculos laborais urbanos relativamente curtos, nos períodos de jan-maio/2015, de ago-out/2016 e maio-jun/2016, dos quais recebia remunerações que não eram incompatíveis com as remessas à parte-autora, via conta bancária de uma filha da ora recorrida: a) do primeiro vínculo, recebeu entre R$ 1.225,65 e R$ 3.053,59, o que explica os três depósitos de R$ 770,00-R$ 836,37-R$ 650,00; b) do segundo vínculo, recebeu entre R$ 975,66 e R$ 1.409,34, o que explica os dois depósitos de R$ 897,61-R$ 501,80; c) do terceiro vínculo, recebeu entre R$ 294,00 e R$ 672,34, o que explica o depósito de R$ 501,80. Por fim, dos valores recebidos na conta da irmã do de cujus posterior ao óbito, o único de valor significativo (R$ 2.000,00) pode ser atribuído à indenização recebida quando do óbito do filho da parte-autora (“aí quando ele faleceu, minha menina pegou o dinheiro que saiu...1':27")”. 4.É o caso de confirmar-se a sentença por seus próprios fundamentos. 5.Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011) 6.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos, condenando a parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, em caso de concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
909
804
0
1
7-PB
0
391.902569
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
passo aos fundamentos. Trata-se de ação cível especial em que a parte autora postula a concessão de PENSÃO POR MORTE, a qual foi requerida na via administrativa em 10.04.2018 (NB: 21/182.012.466-2) e indeferido por falta de qualidade de dependente para tutelado, enteado, pais e irmãos. A autora afirma que era genitora de EDILSON GALDINO DE SOUZA, falecido em 16.06.2017 e que o mesmo era SEGURADO URBANO. Na inicial, autora afirma que o falecido era o mantenedor da família, arcando com "todas as despesas relativas ao imóvel e à subsistência da família, pois sua mãe não possui nenhum rendimento mensal, é desempregada". Consta da certidão de óbito (a.04) que o falecido residia em Piquete, Caaporã/PB, e faleceu em Sobral/CE. O comprovante de residência juntado pela autora é da R. São João, 40, São João, Caaporã/PB (anexo 05). Inicialmente, convém registrar que a qualidade de segurado do pretenso instituidor da pensão pleiteada é ponto incontroverso, não tendo havido discussão sobre tal aspecto nestes autos. Ademais, de acordo com a CTPS do falecido, no momento do óbito ele mantinha vínculo empregatício junto à empresa Refrasa Serviços LTDA (anexo 08). Com relação à dependência econômica, destaco o seguinte: Na certidão de óbito, consta que o de cujus era solteiro e sem filhos (anexo 04). Em audiência, questionei a autora sobre os lugares em que seu filho morou, dizendo ela que ele ficava no local em que trabalhava. Era pelo lado de Recife/PE. Quando ele ia embora, quem pagava o aluguel era sua menina. Ele mandava dinheiro por uma conta que sua menina lhe repassava. Perguntei sobre o lugar em que ele faleceu e ela não soube responder. Quando lhe expliquei que ele falecera em Sobral/CE, ela pareceu não saber e, em perguntando o que ele fazia lá, ela respondeu que ele trabalhava. Disse que vivia ainda com três filhos, de 23, 18 e 12 anos de idade. Consegue alimentos com os irmãos da religião e do bolsa-família. Tem outro filho que morreu semana passada, de 26 anos, que já não morava com a autora. Quem a ajudava era o filho que morreu em Sobral/CE. A testemunha confirmou a ajuda que o falecido prestava à autora, enviando dinheiro (inclusive pela conta da irmã, em sintonia com o depoimento da autora) ou mesmo, quando estava na cidade, com feira e aluguel. Ele passava cerca de dois ou três meses viajando e, quando voltava, passava cerca de 15 dias em casa, no caso, na casa da autora. Sabe que, depois do óbito do segurado, a autora passou a ter dificuldades, pois um dos filhos é alcoólatra e há outro que tem apenas 11 ou 12 anos de idade. As pessoas se juntaram para ajudar a autora depois o óbito. Diante das afirmações prestadas pela autora durante a audiência de instrução e julgamento, este Juízo determinou a juntada da movimentação bancária realizada pelo falecido em favor da promovente. Conforme se verifica dos anexos 27/31, há registros de várias transferências bancárias (oriundas de casas lotéricas e da agência da Caixa Econômica Federal de Paulista/PE) em favor da irmã do falecido, conforme alegado no depoimento da autora. Além disso, os depósitos são freqüentes desde 2015 e em valores suficientes a corroborar a alegada manutenção das despesas da promovente. Assim, tenho como comprovada a dependência econômica da demandante em relação a seu filho. Cumpridos os requisitos necessários, o caso é de concessão do benefício. Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido da parte autora, pelo que condeno o INSS a (I) implantar em favor do(a) demandante o benefício com as seguintes características: Espécie PENSÃOPOR MORTE – SEGURADO URBANO Instituidor(a) EDILSON GALDINO DE SOUZA Benefíciário(a) MARIADAS DORES DIAS DE SOUZA (na qualidade de dependente/genitora) NB 21/182.012.466-2 DER 10.04.2018 DIB 10.04.2018 DIP 01.09.2019 RMI A ser calculada pela ADJ (II) pagar as parcelas vencidas a contar da DIB acima com atualização monetária (juros e correção monetária), observada a renúncia ao que exceder a 60 salários mínimos, nos termos da planilha a ser elaborada pela Seção de Cálculos. TENDO EM VISTA O CARÁTER ALIMENTAR DO BENEFÍCIO, ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA, DETERMINANDO A IMEDIATA IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO, COM DIP EM 01.09.2019. Em relação aos cálculos judiciais, considerando o entendimento adotado pelo plenário do STF (em sede de repercussão geral — Tema n. 810) no julgamento do RE n.o870.947/SE e pelo STJ (em sede de recurso repetitivo n.905) determino a incidência de correção monetária, a contar de cada competência devida, pelo INPC a partir de 07/2009 e pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente em relação ao período anterior a 07/2009, como também a incidência de juros de mora, a contar da citação (súmula 204, STJ), segundo o índice aplicado às cadernetas de poupança, nesse último caso, nos termos do art. 1.o-F, da Lei n.o9.494/97, na redação dada pela Lei n.o 11.960/09. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 54, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95 c/c art. 98, § 1o, do CPC/2015, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 16 da Lei n. 10.259/2001, a fim de que seja implantado definitivamente o benefício. Em seguida, remetam-se os autos à Seção de Cálculos para que esta calcule o valor das parcelas vencidas. Intimadas as partes do cálculo e sem impugnação, expeça-se RPV. P.R.I. Cumpridas as determinações contidas nos itens acima, dê-se baixa e arquivem-se. João Pessoa, data supra
NÃO PROVIMENTO
0507784-63.2019.4.05.8201
2019-08-15 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-11 14:27:25
Sentença - Seguro Defeso
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - provido em parte
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
GILVÂNKLIM MARQUES DE LIMA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB025431
SENTENÇA RELATÓRIO Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO.SEGURO-DEFESO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE-AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. RECURSO DO PARTICULAR PROVIDO EMPARTE. REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. 1.Trata-se de ação em que se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial no 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas o meses habituais, o que gerou também dano moral à parte-autora. Sentença de improcedência. Recurso da parte-autora. 2.A sentença está motivada, em síntese, sob o entendimento de que “...a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de ‘quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)’”, o que permitiria, assim, “alternativa de pesca disponível durante o período de defeso”. 3.Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial no 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei no 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto no 8.424/2015 e pela Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA. 4.A Portaria Interministerial no 78/2017, que estabeleceu “normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental” (art. 1o), proibiu “anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria” (art. 9o, caput). 5.Portanto, a norma estendeu o período de “defeso” previsto na Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA, a qual resolveu “Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização,o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas” (grifamos). 6.Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei no 10.779/2003: “O pescador artesanal de que tratam a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea ‘b’ do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie” (grifamos). 7.A circunstância de tanto a Portaria Interministerial no 78/2017 permitir “a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial” (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto no 8.424/2015 determinar que “Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso” (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8.Isto porque a Lei no 10.779/2003 – a que tais normas infralegais visam a regulamentar – não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que “O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique” (art. 1o, § 2o), “Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira” (art. 1o, § 4o) e “O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas” (art. 1o, § 5o). 9.Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, caso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie “alóctones introduzidas” na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa no 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies “curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)”, condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10.Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (anexo 05/06) no ano de 2018, sob a condição de “pescador artesanal” (informação não impugnada pelo INSS, ao contrário, admitiu o fato expressamente na sua contestação: “...orequerimentofoiespecíficoparaopagamentode03 parcelas (01/12/2017 a 28/02/2018), o qual foi deferido e devidamente adimplido...”, grifamos). 11.Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte-ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte-autora, na medida em que o indeferimento deu-se por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12.Por fim, consigne-se que detém a parte-autora interesse processual, uma vez que houve o requerimento administrativo, cuja alcance (se apenas até fevereiro ou até abril de 2018) se confunde com o próprio mérito da causa, ainda mais que o STF ressalvou da obrigatoriedade do prévio requerimento administrativo as hipóteses de “pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo” (RE 631.240), o que, mutatis mutandis (quanto ao fundamento), se aplica ao caso; bem como porquehouve o julgamento da Ação Ordinária no 0803802-05.2018.4.05.8200 (de natureza coletiva), no qual se reconheceu a indevida resistência do INSS ao conhecimento de pedidos administrativos referentes a “seguro defeso” e englobando os meses de março/abril de 2018. 13.Em conclusão, é o caso de dar provimento ao recurso ordinário da parte-autora, para, reformando, em parte, a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal, quanto aos juros de mora e correção monetária. 14.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, DEU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE-AUTORA, para os fins e nos termos do voto do Juiz-relator.
896
1,161
0
0
9-PB
0
87.608623
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
PROVIMENTO
0507303-40.2018.4.05.8200
2018-05-25 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) APS JOAO PESSOA - BELA VISTA (13.001.040) (29.979.036/0542-32) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-24 07:47:28
Sentença - Improcedência
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - desprovido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
EMILIANO ZAPATA DE MIRANDA LEITÃO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB023426
SENTENÇA Dispensado o relatório nos termos do art. 38, cabeça, da Lei no 9.099/95. Conforme consta no primeiro laudo judicial (anexo 10), a parte autora é portadora de dor lombar baixa (CID 10 M54.5), osteoporose idiopática (CID 10 M81.5) , outros transtornos especificados de discos intervertebrais (CID 10 M51.8) e fratura da diáfise da tíbia, que se encontra consolidada e sem sinais de artrose pós-traumática ou deformidade angular, apresentando limitação leve para o exercício de sua atividade habitual, estimada em 30% (trinta por cento). Consoante o segundo laudo judicial (anexo 20), a parte autora é portadora de episódio depressivo leve (CID 10 F32.0), que não influi no exercício de sua atividade habitual. No tocante aos riscos de agravamento do estado de saúde, o perito que avaliou as enfermidades ortopédicas salientou que atividades que exijam grandes esforços poderão agravar o quadro do autor. Contudo, o risco indicado é apenas uma possibilidade teórica, sobretudo tendo em vista que o exame físico realizado não denota quadro grave ou que imponha maiores limitações, que permita concluir pela incapacidade laboral. Ademais, quando da realização da perícia, o perito judicial já considerou, em sua avaliação, a ocupação habitual do autor, ratificando sua conclusão pela limitação laboral leve. Ressalte-se, ainda, que laudos e atestados médicos particulares divergentes quanto à conclusão de incapacidade ou não da parte autora não podem predominar sobre o laudo pericial judicial, quando, como é o caso dos autos, devidamente fundamentado este, cujas conclusões devem prevalecer por se cuidar de exame técnico realizado por profissional equidistante em relação às partes do processo e porque o entendimento contrário levaria à desnecessidade de realização da perícia judicial vez que não poderiam suas conclusões divergir daquelas do médico particular da parte autora. Nos termos da Súmula no 77 da TNU, “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual.” Destarte, constata-se que a parte autora não apresenta incapacidade laborativa hábil à concessão de aposentadoria por invalidez (total e permanente) nem de auxílio-doença (parcial e temporária). A autora sofreu acidente no ano de 2014, tendo sido diagnosticada com fratura da tíbia e extremidade distal da ulna e 5o (quinto) quirodáctilo direito, recebendo o auxílio-doença de no 607.291.412-1, no período de 02.08.2014 a 09.08.2016. Ocorre que o auxílio-acidente passou a ser devido aos empregados domésticos apenas a partir de 01.06.2015, com a vigência da Lei Complementar no 150/2015, que, dentre outras, alterou as Leis no 8.212/91 e 8.213/91. Dessa forma, apesar de restar evidenciada a existência de redução da capacidade laborativa da autora em decorrência de acidente e após a consolidação das lesões, mostra-se indevida a concessão do benefício de auxílio-acidente pretendido, porquanto a parte autora sofreu os acidentes em período anterior à vigência da Lei Complementar no 150/2015. Entendo que a renda mensal da parte autora, que, conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/2001 e no art. 55 da Lei no 9.099/95. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra.
VOTO EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO POR INCAPACIDADE (AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/AUXÍLIO-ACIDENTE). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. INEXISTÊNCIA DA REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORAL. RECURSO DA PARTE-AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1.Cuida-se de pedido de concessão de benefício previdenciário por incapacidade (auxílio-doença/aposentadoria por invalidez/auxílio-acidente), julgado improcedente. 2.A parte-recorrente alega, em sua peça recursal, que estão presentes os requisitos à concessão do benefício pleiteado (auxílio-acidente), alegando que se é exigido, para a concessão do auxílio-acidente, que a incapacidade “seja mínima” decorrente da lesão sofrida e que a perícia judicial foi expressa ao apontar a limitação. Antes, alega que “A comprovação da a existência de redução da capacidade laborativa da autora só foi evidenciada a após a consolidação das lesões quando foi cessado auxílio-doença em 09.08.2016, quando a Lei Complementar no 150/2015 em 01.06.2015, autorizou a concessão de auxílio-acidente aos empregados domésticos”. 3.A sentença está motivada sob o entendimento de que (no ponto impugnado) “...Ocorre que o auxílio-acidente passou a ser devido aos empregados domésticos apenas a partir de 01.06.2015, com a vigência da Lei Complementar no 150/2015, que, dentre outras, alterou as Leis no 8.212/91 e 8.213/91. Dessa forma, apesar de restar evidenciada a existência de redução da capacidade laborativa da autora em decorrência de acidente e após a consolidação das lesões, mostra-se indevida a concessão do benefício de auxílio-acidente pretendido, porquanto a parte autora sofreu os acidentes em período anterior à vigência da Lei Complementar no 150/2015” (grifamos). 4.A questão quanto à incidência da LC 150/2015 sobre o caso concreto perde relevância quando se observa que a parte-autora não padece de limitação laboral em decorrência de sequela do acidente que sofreu. 5.Isto porque o perito judicial foi claro ao afirmar que “Atualmente a fratura que acometeu a autora encontra-se consolidada sem sinais de artrose póstraumática ou deformidade angular, não limitando ou incapacitando a periciada de exercer suas atividades laborais”, atribuindo a “limitação leve” a patologias ortopédicas não relacionadas ao acidente (“M54.5 - Dor lombar baixa; M81.5 - Osteoporose idiopática; M51.8 – Outros transtornos especificados de discos intervertebrais”). 6.O caráter mínimo da lesão não dispensa que haja alguma repercussão na capacidade laborativa do segurado (“Ora, o Superior Tribunal de Justiça, da mesma forma que o acórdão da Turma Nacional de Uniformização invocado, para basear esse entendimento, referente ao grau mínimo, deixam claro que só é relevante a discussão do grau mínimo, se houver perda da capacidade laborativa para a atividade habitual”, in TNU, PEDILEF 50042982720124047001, rel. Juiz Federal Luís Eduardo Bianchi Cerqueira, j. 05.04.2017). 7.Redução da incapacidade que, como dito, NÃO ocorreu no caso dos autos. 8.Portanto, não faz jus a parte-autora ao benefício de auxílio-acidente. 9.É o caso de confirmar-se a sentença por seus próprios fundamentos. 10.Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 11.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, mantendo a sentença por seus próprios fundamentos. Condenação da parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, ante a concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
612
590
0
0
13-PB
2
486.916296
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Conforme consta no primeiro laudo judicial (anexo 10), a parte autora é portadora de dor lombar baixa (CID 10 M54.5), osteoporose idiopática (CID 10 M81.5) , outros transtornos especificados de discos intervertebrais (CID 10 M51.8) e fratura da diáfise da tíbia, que se encontra consolidada e sem sinais de artrose pós-traumática ou deformidade angular, apresentando limitação leve para o exercício de sua atividade habitual, estimada em 30% (trinta por cento). Consoante o segundo laudo judicial (anexo 20), a parte autora é portadora de episódio depressivo leve (CID 10 F32.0), que não influi no exercício de sua atividade habitual. No tocante aos riscos de agravamento do estado de saúde, o perito que avaliou as enfermidades ortopédicas salientou que atividades que exijam grandes esforços poderão agravar o quadro do autor. Contudo, o risco indicado é apenas uma possibilidade teórica, sobretudo tendo em vista que o exame físico realizado não denota quadro grave ou que imponha maiores limitações, que permita concluir pela incapacidade laboral. Ademais, quando da realização da perícia, o perito judicial já considerou, em sua avaliação, a ocupação habitual do autor, ratificando sua conclusão pela limitação laboral leve. Ressalte-se, ainda, que laudos e atestados médicos particulares divergentes quanto à conclusão de incapacidade ou não da parte autora não podem predominar sobre o laudo pericial judicial, quando, como é o caso dos autos, devidamente fundamentado este, cujas conclusões devem prevalecer por se cuidar de exame técnico realizado por profissional equidistante em relação às partes do processo e porque o entendimento contrário levaria à desnecessidade de realização da perícia judicial vez que não poderiam suas conclusões divergir daquelas do médico particular da parte autora. Nos termos da Súmula no 77 da TNU, “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual.” Destarte, constata-se que a parte autora não apresenta incapacidade laborativa hábil à concessão de aposentadoria por invalidez (total e permanente) nem de auxílio-doença (parcial e temporária). A autora sofreu acidente no ano de 2014, tendo sido diagnosticada com fratura da tíbia e extremidade distal da ulna e 5o (quinto) quirodáctilo direito, recebendo o auxílio-doença de no 607.291.412-1, no período de 02.08.2014 a 09.08.2016. Ocorre que o auxílio-acidente passou a ser devido aos empregados domésticos apenas a partir de 01.06.2015, com a vigência da Lei Complementar no 150/2015, que, dentre outras, alterou as Leis no 8.212/91 e 8.213/91. Dessa forma, apesar de restar evidenciada a existência de redução da capacidade laborativa da autora em decorrência de acidente e após a consolidação das lesões, mostra-se indevida a concessão do benefício de auxílio-acidente pretendido, porquanto a parte autora sofreu os acidentes em período anterior à vigência da Lei Complementar no 150/2015. Entendo que a renda mensal da parte autora, que, conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/2001 e no art. 55 da Lei no . Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra
NÃO PROVIMENTO
0500987-74.2019.4.05.8200
2019-01-26 00:00:00
FUNASA - FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAUDE (CI) (26.989.350/0001-16)
FUNASA
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-03-29 14:18:41
Sentença - Improcedente
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - Recurso provido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
RODRIGO CORDEIRO DE SOUZA RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
10,258
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Servidor Público Civil
Licenças / Afastamentos
1
PB018409
SENTENÇA Cuida-se de Ação Ordinária formulada pela parte autora e objetivando que a ré seja condenada a converter em pecúnia licenças-prêmio não gozadas (05 meses), considerando para tanto o dobro do saldo da licença-prêmio não gozada. Sustentou que se aposentou em março de 2018, tendo permanecido um saldo de 05 meses de licença-prêmio não gozadas e não averbadas para fins de aposentadoria ou abono permanência. Devidamente citada, a ré contestou o pedido, pugnado por sua improcedência. Eis o breve relatório da hipótese em estudo. Passo a decidir. Devidamente preenchidos todos os pressupostos processuais e condições da ação, passa-se ao julgamento do mérito da lide. Aqui, cumpre ressaltar que o artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil, impõe o julgamento antecipado da lide quando “não houve necessidade de produção de outras provas”, não sendo necessária a produção de prova em audiência. Além disso, quando for o caso, “o julgamento antecipado não é uma faculdade, mas dever que a lei impõe ao julgador”1, em homenagem ao princípio da economia processual. As provas já juntadas aos autos fornecem suporte probatório suficiente para o julgamento mérito. A realização da instrução, em casos desta monta, reserva-se para situações onde as provas indicadas não sejam conclusivas, o que não é o caso dos autos. Admitido o julgamento antecipado da lide, passa-se a se analisar o mérito da ação. O(a) demandante é servidor(a) inativo(a) da FUNASA e alega ter um saldo de 05 meses de licença-prêmio não usufruída em atividade e não averbada para fins de aposentadoria ou pagamento de abono permanência. Desse modo, verifica-se que as questões em discussão na presente demanda refere-se à possibilidade de um servidor inativo converter em pecúnia os períodos de licença-prêmio não gozados em atividade e à existência ou não de licença-prêmio não gozada pela parte autora, bem como a possibilidade do saldo da licença ser contado em dobro. Importante observar que o instituto da licença-prêmio foi extinto pela Medida Provisória n.o 1.522, de 11 de outubro de 1996, sucessivamente reeditada e convertida na Lei n.o 9.527/97, tendo sido criada em seu lugar a licença para capacitação. Todavia, a Medida Provisória n.o 1.522/1996 e sua lei de conversão, em seu art. 7o, garantiram que os períodos de licença-prêmio adquiridos até 15 de outubro de 1996 poderiam ser usufruídos ou contados em dobro para efeito de aposentadoria ou convertidos em pecúnia no caso de falecimento do servidor, consoante transcrição que segue:“Art. 7o Os períodos de licença-prêmio, adquiridos na forma da Lei n.o 8.112, de 1990, até 15 de outubro de 1996, poderão ser usufruídos ou contados em dobro para efeito de aposentadoria ou convertidos em pecúnia no caso de falecimento do servidor, observada a legislação em vigor até 15 de outubro de 1996”. Da exegese do citado dispositivo, não há previsão expressa de que os servidores ativos ou inativos podem converter em pecúnia os períodos de licença-prêmio adquiridos até 15 de outubro de 1996. Todavia, no caso dos inativos que não computaram a licença-prêmio em dobro para fins de aposentadoria ou para fins de pagamento de abono permanência, a jurisprudência tem garantido o direito de conversão em pecúnia dos períodos de licença-prêmio, visando a evitar o enriquecimento sem causa da administração. Nesse sentido já decidiu Superior Tribunal de Justiça, consoante precedente que segue: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DECISÃO DEVE SER MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. SERVIDOR PÚBLICO. LICENÇA-PRÊMIO NÃO GOZADA. CONVERSÃO EM PECÚNIA. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. 1. A decisão agravada encontra-se de acordo com a orientação desta Superior Corte a respeito da controvérsia, devendo, por isso, ser mantida. Ademais, a parte agravante não trouxe nenhum novo argumento que pudesse ensejar a reforma do juízo monocrático. 2. A jurisprudência do STJ pacificou a matéria no sentido ser possível a conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada e não contada em dobro para fins de aposentadoria, sob pena de configurar enriquecimento ilícito. 3. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg no AREsp 35706/PR - Segunda Turma - Rel. Min. Mauro Campbell Marques - DJe em 11.11.2011. O grifo não faz parte do original). Contudo, no caso em análise, o procedimento administrativo que consta do anexo 09 demonstra que o demandante requereu o pagamento do abono de permanência e solicitou que fossem computadas em dorbro as licenças-prêmio, o que foi feito pela ré e resultou no pagamento retroativo do abono permanência, de modo que o autor não tem qualquer licença-rêmio não gozada. De fato, as licenças-prêmio também foram computadas para fins de aposentadoria, conforme Mapa de Tempo de Serviço para Aposentadoria, onde consta a conversão em dobro das licenças-prêmio (anexo 03, p. 01). Diante desse cenário, julgo improcedente o pedido exposto na inicial, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC. Sem custas ou honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95. A par disso, indefiro o pedido de gratuidade judiciária, eis que se trata de servidor público cuja remuneração ultrapassa o limite de isenção de imposto de renda não se coaduna com a fruição da gratuidade judiciária. Saliente-se que o autor recebe remuneração superior ao valor do limite de isenção de imposto de renda e, além disso, não demonstrou nos autos a situação de pobreza (Enunciado FONAJEF 38 – Alterado pelo 4o FONAJEF[2]). Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com as cautelas legais. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. ASSINADO ELETRONICAMENTE RODRIGO CORDEIRO DE SOUZA RODRIGUES
VOTO-EMENTA ADMINISTRATIVO. CONVERSÃO DE LICENÇA PRÊMIO NÃO USUFRUÍDA EM PECÚNIA. POSSILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. RECURSO DA PARTE AUTORA PROVIDO. 1. Trata-se de recurso proposto contra sentença que julgou improcedente o pleito autoral para conversão das licenças-prêmio não gozadas em pecúnia, sob o fundamento de que elas já foram convertidas em dobro em tempo de serviço para fins de aposentadoria e abono de permanência. 2. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido do reconhecimento do direito aos servidores públicos aposentados à conversão em pecúnia dos períodos de licença-prêmio não gozados e não contados em dobro durante o lapso de tempo em que permaneceram na ativa (STJ, 5.a Turma, AGREsp 1.063.313, Relator Félix Fischer, DJe 02.02.2009). 3. Nesse sentido, trago a colação o seguinte julgado: “RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973. APLICABILIDADE. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONVERSÃO EM PECÚNIA DA LICENÇA-PRÊMIO NÃO GOZADA. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO QUE VEDA O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA ADMINISTRAÇÃO. I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 1973. II. O acórdão recorrido encontra-se em harmonia como a jurisprudência desta Corte, segundo a qual é cabível a conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada e não contada em dobro para aposentadoria, independentemente de requerimento administrativo, sob pena de configuração do enriquecimento ilícito da Administração. III. Negado provimento ao Recurso Especial. (RESP 201600703965, REGINA HELENA COSTA - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:27/05/2016 ..DTPB:.)”. 4. Na situação em questão, a parte autora objetiva a conversão em pecúnia do período de 05 meses, que foi contado em dobro para sua aposentadoria, mas que, segundo ele, seria desnecessário para o respectivo deferimento. 5. Na época da sua aposentadoria o promovente tinha 58 anos de idade e contava com 39 anos e 107 cento e sete dias de tempo de serviço, já computado o período de licença prêmio contada em dobro (anexo 3). 6. O cerne da controvérsia versa sobre a possibilidade de conversão em pecúnia da referida licença, haja vista que o postulante já passou para inatividade através de ato de concessão de aposentadoria, inclusive, com a contagem “desnecessária” do tempo decorrente de licença-prêmio que agora pleiteia a conversão em pecúnia. 7. É incontroverso que o autor optou, de maneira expressa e irretratável, pela contagem em dobro de sua licença-prêmio para fins de aposentadoria e abono de permanência. 8. A partir do momento em que o servidor opta, de maneira irretratável, pela contagem em dobro do seu tempo relativo à licença-prêmio para fins de aposentadoria ou percepção de abono de permanência, ele atrai para si a obrigação de comprovar que, de fato, aquele seu período de licença-prêmio não foi utilizado para qualquer dessas finalidades, ou seria desnecessário para alcançar tal desiderato. 9. No caso dos autos, o autor busca demonstrar que tal tempo de licença-prêmio não foi utilizado para a sua aposentadoria nem para a percepção do abono de permanência, que ele passou a receber a partir de 05.12.2016, conforme documentos do anexo 9. 10. De fato, possuía 150 dias de licença-prêmio, contados em dobro (300, ou 10 meses) pela administração para os fins acima apontados. Ocorre que o autor, quando de sua aposentadoria, já contava com 38 anos, 5 meses e 22 dias de tempo de serviço, isso sem contar os 10 meses fictícios da dobra da licença-prêmio. 11. Por sua vez, considerando que a aposentadoria do autor é de fevereiro de 2018, pode-se concluir que, ao tempo em que ele começou a receber o abono de permanência (12.2016), também não precisaria ele, para tanto, valer-se da contagem em dobro da licença-prêmio. 12. Logo, é o caso de se aplicar o mesmo precedente desta TR, referido pelo autor em seu recurso, qual seja, Processo n. 0507025-44.2015.4.05.8200S. 13. A possibilidade de conversão em pecúnia de licença-prêmio decorre do princípio que veda o enriquecimento indevido da Administração, razão pela qual também é devida no caso de aposentadoria do servidor. O que importa, assim, é a aquisição do período de licença e o não usufruto do período, seja para afastar-se da atividade, seja para ser computado na contagem do tempo de contribuição para fins de aposentadoria. No presente caso, apesar do tempo de licença-prêmio ter sido computado em dobro, os requisitos necessários à aposentadoria já haviam sido alcançados independentemente da referida contagem. 14. Assim, é o caso de se dar provimento ao recurso da parte autora reformando a sentença do JEF. 15. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso da parte autora, reformando a sentença para condenar a parte ré a pagar, em favor do promovente, a quantia correspondente a cinco meses de licenças-prêmio não usufruídas, devidamente corrigidas, nos termos do Manual de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, levando em consideração, para tanto, o valor da remuneração da parte autora à data de sua aposentadoria.
910
844
0
0
7-PB
0
60.246308
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Cuida-se de Ação Ordinária formulada pela parte autora e objetivando que a ré seja condenada a converter em pecúnia licenças-prêmio não gozadas (05 meses), considerando para tanto o dobro do saldo da licença-prêmio não gozada. Sustentou que se aposentou em março de 2018, tendo permanecido um saldo de 05 meses de licença-prêmio não gozadas e não averbadas para fins de aposentadoria ou abono permanência. Devidamente citada, a ré contestou o pedido, pugnado por sua improcedência. Eis o breve relatório da hipótese em estudo. Passo a decidir. Devidamente preenchidos todos os pressupostos processuais e condições da ação, passa-se ao julgamento do mérito da lide. Aqui, cumpre ressaltar que o artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil, impõe o julgamento antecipado da lide quando “não houve necessidade de produção de outras provas”, não sendo necessária a produção de prova em audiência. Além disso, quando for o caso, “o julgamento antecipado não é uma faculdade, mas dever que a lei impõe ao julgador”1, em homenagem ao princípio da economia processual. As provas já juntadas aos autos fornecem suporte probatório suficiente para o julgamento mérito. A realização da instrução, em casos desta monta, reserva-se para situações onde as provas indicadas não sejam conclusivas, o que não é o caso dos autos. Admitido o julgamento antecipado da lide, passa-se a se analisar o mérito da ação. O(a) demandante é servidor(a) inativo(a) da FUNASA e alega ter um saldo de 05 meses de licença-prêmio não usufruída em atividade e não averbada para fins de aposentadoria ou pagamento de abono permanência. Desse modo, verifica-se que as questões em discussão na presente demanda refere-se à possibilidade de um servidor inativo converter em pecúnia os períodos de licença-prêmio não gozados em atividade e à existência ou não de licença-prêmio não gozada pela parte autora, bem como a possibilidade do saldo da licença ser contado em dobro. Importante observar que o instituto da licença-prêmio foi extinto pela Medida Provisória n.o 1.522, de 11 de outubro de 1996, sucessivamente reeditada e convertida na Lei n.o 9.527/97, tendo sido criada em seu lugar a licença para capacitação. Todavia, a Medida Provisória n.o 1.522/1996 e sua lei de conversão, em seu art. 7o, garantiram que os períodos de licença-prêmio adquiridos até 15 de outubro de 1996 poderiam ser usufruídos ou contados em dobro para efeito de aposentadoria ou convertidos em pecúnia no caso de falecimento do servidor, consoante transcrição que segue:“Art. 7o Os períodos de licença-prêmio, adquiridos na forma da Lei n.o 8.112, de 1990, até 15 de outubro de 1996, poderão ser usufruídos ou contados em dobro para efeito de aposentadoria ou convertidos em pecúnia no caso de falecimento do servidor, observada a legislação em vigor até 15 de outubro de 1996”. Da exegese do citado dispositivo, não há previsão expressa de que os servidores ativos ou inativos podem converter em pecúnia os períodos de licença-prêmio adquiridos até 15 de outubro de 1996. Todavia, no caso dos inativos que não computaram a licença-prêmio em dobro para fins de aposentadoria ou para fins de pagamento de abono permanência, a jurisprudência tem garantido o direito de conversão em pecúnia dos períodos de licença-prêmio, visando a evitar o enriquecimento sem causa da administração. Nesse sentido já decidiu Superior Tribunal de Justiça, consoante precedente que segue: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DECISÃO DEVE SER MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. SERVIDOR PÚBLICO. LICENÇA-PRÊMIO NÃO GOZADA. CONVERSÃO EM PECÚNIA. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. 1. A decisão agravada encontra-se de acordo com a orientação desta Superior Corte a respeito da controvérsia, devendo, por isso, ser mantida. Ademais, a parte agravante não trouxe nenhum novo argumento que pudesse ensejar a reforma do juízo monocrático. 2. A jurisprudência do STJ pacificou a matéria no sentido ser possível a conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada e não contada em dobro para fins de aposentadoria, sob pena de configurar enriquecimento ilícito. 3. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg no AREsp 35706/PR - Segunda Turma - Rel. Min. Mauro Campbell Marques - DJe em 11.11.2011. O grifo não faz parte do original). Contudo, no caso em análise, o procedimento administrativo que consta do anexo 09 demonstra que o demandante requereu o pagamento do abono de permanência e solicitou que fossem computadas em dorbro as licenças-prêmio, o que foi feito pela ré e resultou no pagamento retroativo do abono permanência, de modo que o autor não tem qualquer licença-rêmio não gozada. De fato, as licenças-prêmio também foram computadas para fins de aposentadoria, conforme Mapa de Tempo de Serviço para Aposentadoria, onde consta a conversão em dobro das licenças-prêmio (anexo 03, p. 01). Diante desse cenário, julgo improcedente o pedido exposto na inicial, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do CPC. Sem custas ou honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95. A par disso, indefiro o pedido de gratuidade judiciária, eis que se trata de servidor público cuja remuneração ultrapassa o limite de isenção de imposto de renda não se coaduna com a fruição da gratuidade judiciária. Saliente-se que o autor recebe remuneração superior ao valor do limite de isenção de imposto de renda e, além disso, não demonstrou nos autos a situação de pobreza (Enunciado FONAJEF 38 – Alterado pelo 4o FONAJEF[2]). Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com as cautelas legais. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. ASSINADO ELETRONICAMENTE RODRIGO CORDEIRO DE SOUZA RODRIGUES
PROVIMENTO
0513084-43.2018.4.05.8200
2018-09-10 00:00:00
ESTADO DA PARAIBA (I) (08.907.750/0001-53) MUNICIPIO DE JOAO PESSOA (I) (09.154.915/0001-26) UNIÃO FEDERAL (CI) (26.994.558/0033-00)
UNIÃO
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2018-11-09 16:24:36
Sentença - procedente em parte
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - Recursos desprovidos
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
RODRIGO CORDEIRO DE SOUZA RODRIGUES
DEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
10,064
Direito Administrativo e outras matérias do Direito Público
Serviços
Saúde
0
NENHUM
AÇÃO ORDINÁRIA Processo no. 0513084-43.2018.4.05.8200 AUTORA: MARIA DA CONCEIÇÃO ALVES DO AMARAL RÉUS: UNIÃO, ESTADO DA PARAÍBA e MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA. SENTENÇA Trata-se de ação especial movida por Maria da Conceição Alves do Amaral em face da União, Estado da Paraíba e Município de João Pessoa, objetivando sejam os réus compelidos a fornecer o atendimento denominado puvaterapia (ou PUVA: Psoraleno + fototerapia com radiação UVA) três vezes por semana, que aduz necessário ao tratamento do linfoma cutâneo que a acomete. Dispensado o relatório da hipótese em estudo (art. 38 da Lei no. 9.099/95). Passo a decidir. Quanto as preliminares de ilegitimidade passiva, mister registrar que o STF, no julgamento do RE 855.178/SE, com repercussão geral, entendeu que o pólo passivo das ações que versem sobre prestações de saúde pode ser composto por qualquer um dos entes federativos (União, Estados ou Municípios), isoladamente ou em conjunto, sendo a responsabilidade entre eles solidária. Em razão disso, processo a lide em face dos três réus apontados na petição inicial. Em relação ao interesse processual da autora, tem-se comprovada a resistência dos réus que compõe o SUS acerca da entrega do fármaco pretendido (anexo 6) e do procedimento de fototerapia (anexo 13, pág. 7). No mérito, tem-se que a puvaterapia perseguida pela autora consiste na administração de psoraleno,no caso metoxisaleno (conhecido comercialmente como Oxsoralen®) 10 mg. substância que potencializa a absorção dos raios ultra-violeta “A” (UVA) e, posteriormente, submete o paciente à sessão fototerápica. A fototerapia perseguida é fornecida pelo SUS, conforme tabela registrada sob o código 03.03.08.011-6 no SigTap/Datasus (disponível em http://sigtap.datasus.gov.br/tabela-unificada/app/sec/procedimento/exibir/0303080116/11/2018 acesso em 09.11.2018. Ademais, o tratamento fototerápico é previsto na referida tabela para o tratamento de linfomas. No caso do tratamento fototerápico o município afirma que não possui esse atendimento (anexo 13, pág. 7), apesar de regulamentarmente estar sob sua competência essa providência (anexo 12, pág. 1). Assim, fica clara a omissão do sistema único em fornecer o atendimento incorporado em seus regulamentos, motivo porque deve ser acolhido o pedido de condenação dos réus ao atendimento fototerápico da autora. Quanto ao metoxisaleno (Oxsoralen®), tem-se que tal substância não compõe a assistência farmacêutica do SUS e, mesmo que esteja intrinsecamente associada à fototerapia no sentido de compor a PUVA, o fornecimento desse fármaco deve ser analisado sob o prisma do tema repetitivo 106 do Superior Tribunal de Justiça (REsp. 1.657.156/RJ), segundo o qual a concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos seguintes requisitos: i) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; ii) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; iii) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela agência. O mesmo precedente trouxe a modulação dos efeitos para que os requisitos enumerados na tese fossem exigidos somente nos processos distribuídos a partir da publicação do acórdão em 04.05.2018. A presente demanda fora distribuída depois publicação do acórdão no REsp. 1.657.156/RJ, por isso, cumpre ao juízo exigir os requisitos estabelecidos no tema repetitivo 106/STJ. Sobre a imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS, tem-se que a autora colaciona laudos médicos dando conta de sua doença denominada linfoma cutâneo de natureza maligna e generalizada, tendo sido encaminhada pelo serviço público de oncologia do Hospital Napoleão Laureano para o tratamento com PUVA por tempo indeterminado (anexo 10, pág. 1). Ademais, o médico assistente atestou que os medicamentos tópicos não surtiram efeitos no caso da autora e que caso não tratada com PUVA terá sua doença progredindo, culminando em metástase (anexo 11). Sobre a capacidade financeira da autora, tem-se que a indicação médica é de 3 sessões semanais de PUVA, ocasião em que são administrados dois comprimidos previamente à submissão à luz. A caixa com 30 comprimidos de metoxisaleno (Oxsoralen®), quantia média mensal do tratamento, custa em torno de R$86,60 em estabelecimentos locais (anexo 7, pág. 2). A autora declara na inicial não ter renda comprovada, vivendo com a quantia mensal de R$400,00 que aufere na venda de dindin. Dessa forma, exigir da autora o custeio do elemento essencial ao tratamento com PUVA seria retirar 20% (vinte por cento) dos já parcos recursos que obtém em sua labuta. Por fim, o medicamento requerido tem registro na Anvisa, conforme consulta realizada em https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/q/?substancia=19638 em 08.11.2018. Todavia, o fármaco pleiteado não possui registro na autarquia para tratar a moléstia da autora pois, nos termos da bula profissional encontrada no registro da Anvisa, somente é indicado para repigmentação de vitiligo e psoríase severa, nada se relacionando com linfoma cutâneo – micose fungóide. Assim, o acolhimento do pedido de fornecimento do medicamento que compõe a PUVA encontra óbice na autorização da Anvisa para administração do medicamento no caso clínico da autora. Diante desse cenário, julgo procedente em parte o pedido formulado pela autora, confirmando em parte a tutela de urgência concedida (anexo 18) para condenar a UNIÃO, o ESTADO DA PARAÍBA e o MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA tão somente a fornecer/custear a autora a fototerapia que compõe a PUVA, na forma e na quantidade de sessões determinadas pelo médico assistente, dessa forma, declaro a demanda extinta com resolução do mérito, nos termos do art. 487,I, CPC. Ressalte-se, desde já, que o ente federativo que primeiro adimplir a medida fica autorizado a reclamar dos demais entes que integram o polo passivo a compensação de 2/3 dos custos financeiros com o atendimento do pleito autoral (art. 283, CC). Sem custas e honorários advocatícios (art. 1o da Lei n.o10.259/01, cumulado com o art. 55 da Lei n.o9.099/95). Ainda, defiro os benefícios da gratuidade judiciária. Decorrido o prazo legal sem a interposição de recurso, certifique-se o trânsito em julgado. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra.
VOTO-EMENTA PROCESSO CIVIL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. PUVOTERAPIA. DOCUMENTOS MÉDICOS RECONHECEM NECESSIDADE DO TRATAMENTO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DA UNIÃO E DO ESTADO DA PARAÍBA ALEGAÇÃO DE NÃO COMPROVAÇÃO DA NECESSIDADE DO MEDICAMENTO. SOLIDARIEDADE DOS ENTES PÚBLICOS. RECURSO DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. Cuida-se de ação movida contra a União, Estado da Paraíba e Município de João Pessoa, onde a parte autora requer "sejam os réus compelidos a fornecer o atendimento denominado puvaterapia (ou PUVA: Psoraleno + fototerapia com radiação UVA) três vezes por semana, que aduz necessário ao tratamento do linfoma cutâneo que a acomete". 2. O pedido foi julgado procedente nos seguintes termos: " julgo procedente em parte o pedido formulado pela autora, confirmando em parte a tutela de urgência concedida (anexo 18) para condenar a UNIÃO, o ESTADO DA PARAÍBA e o MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA tão somente a fornecer/custear a autora a fototerapia que compõe a PUVA, na forma e na quantidade de sessões determinadas pelo médico assistente, dessa forma, declaro a demanda extinta com resolução do mérito, nos termos do art. 487,I, CPC'. 3. A União e o Estado da Paraíba recorrem. 4. A União alega, preliminarmente, a falta de interesse, pois não há qualquer informação de que a autora tenha se dirigido ao Hospital universitário em busca de tratamento adequado, e a ilegitimidade. No mérito, afirma que "a assistência oncológica no SUS não se constitui em assistência farmacêutica, a que, no geral e equivocadamente, se costuma resumir o tratamento do câncer. Ela não se inclui no bloco da Assistência Farmacêutica, mas no bloco da Assistência à Saúde de Média e Alta Complexidade (MAC) e é ressarcida por meio de procedimentos específicos (cirúrgicos, radioterápicos, quimioterápicos e iodoterápicos)". ao final, requer a improcedência do pedido. 5. Em seu recurso, o Estado da Paraíba alega, preliminarmente, a ilegitimidade. No mérito, afirma que há substituto terapêutico disponível no SUS. Ao final, requer a improcedência do pedido. 6. Extrai-se da sentença: "Quanto as preliminares de ilegitimidade passiva, mister registrar que o STF, no julgamento do RE 855.178/SE, com repercussão geral, entendeu que o pólo passivo das ações que versem sobre prestações de saúde pode ser composto por qualquer um dos entes federativos (União, Estados ou Municípios), isoladamente ou em conjunto, sendo a responsabilidade entre eles solidária. Em razão disso, processo a lide em face dos três réus apontados na petição inicial. Em relação ao interesse processual da autora, tem-se comprovada a resistência dos réus que compõe o SUS acerca da entrega do fármaco pretendido (anexo 6) e do procedimento de fototerapia (anexo 13, pág. 7)". No mérito, tem-se que a puvaterapia perseguida pela autora consiste na administração de psoraleno,no caso metoxisaleno (conhecido comercialmente como Oxsoralen®) 10 mg. substância que potencializa a absorção dos raios ultra-violeta “A” (UVA) e, posteriormente, submete o paciente à sessão fototerápica. A fototerapia perseguida é fornecida pelo SUS, conforme tabela registrada sob o código 03.03.08.011-6 no SigTap/Datasus (disponível em http://sigtap.datasus.gov.br/tabela-unificada/app/sec/procedimento/exibir/0303080116/11/2018 acesso em 09.11.2018. Ademais, o tratamento fototerápico é previsto na referida tabela para o tratamento de linfomas. No caso do tratamento fototerápico o município afirma que não possui esse atendimento (anexo 13, pág. 7), apesar de regulamentarmente estar sob sua competência essa providência (anexo 12, pág. 1). Assim, fica clara a omissão do sistema único em fornecer o atendimento incorporado em seus regulamentos, motivo porque deve ser acolhido o pedido de condenação dos réus ao atendimento fototerápico da autora. Quanto ao metoxisaleno (Oxsoralen®), tem-se que tal substância não compõe a assistência farmacêutica do SUS e, mesmo que esteja intrinsecamente associada à fototerapia no sentido de compor a PUVA, o fornecimento desse fármaco deve ser analisado sob o prisma do tema repetitivo 106 do Superior Tribunal de Justiça (REsp. 1.657.156/RJ), segundo o qual a concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos seguintes requisitos: i) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; ii) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; iii) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela agência. O mesmo precedente trouxe a modulação dos efeitos para que os requisitos enumerados na tese fossem exigidos somente nos processos distribuídos a partir da publicação do acórdão em 04.05.2018. A presente demanda fora distribuída depois publicação do acórdão no REsp. 1.657.156/RJ, por isso, cumpre ao juízo exigir os requisitos estabelecidos no tema repetitivo 106/STJ. Sobre a imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS, tem-se que a autora colaciona laudos médicos dando conta de sua doença denominada linfoma cutâneo de natureza maligna e generalizada, tendo sido encaminhada pelo serviço público de oncologia do Hospital Napoleão Laureano para o tratamento com PUVA por tempo indeterminado (anexo 10, pág. 1). Ademais, o médico assistente atestou que os medicamentos tópicos não surtiram efeitos no caso da autora e que caso não tratada com PUVA terá sua doença progredindo, culminando em metástase (anexo 11). Sobre a capacidade financeira da autora, tem-se que a indicação médica é de 3 sessões semanais de PUVA, ocasião em que são administrados dois comprimidos previamente à submissão à luz. A caixa com 30 comprimidos de metoxisaleno (Oxsoralen®), quantia média mensal do tratamento, custa em torno de R$86,60 em estabelecimentos locais (anexo 7, pág. 2). A autora declara na inicial não ter renda comprovada, vivendo com a quantia mensal de R$400,00 que aufere na venda de dindin. Dessa forma, exigir da autora o custeio do elemento essencial ao tratamento com PUVA seria retirar 20% (vinte por cento) dos já parcos recursos que obtém em sua labuta. Por fim, o medicamento requerido tem registro na Anvisa, conforme consulta realizada em https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/q/?substancia=19638 em 08.11.2018. Todavia, o fármaco pleiteado não possui registro na autarquia para tratar a moléstia da autora pois, nos termos da bula profissional encontrada no registro da Anvisa, somente é indicado para repigmentação de vitiligo e psoríase severa, nada se relacionando com linfoma cutâneo – micose fungóide. Assim, o acolhimento do pedido de fornecimento do medicamento que compõe a PUVA encontra óbice na autorização da Anvisa para administração do medicamento no caso clínico da autora". 8. Dessa forma, comprovada a necessidade do medicamento requerido e atendidos os requisitos legais, mantém-se a sentença que julgou procedente o pedido autoral. 9. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011) 11. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento aos recursos dos entes públicos. Condenação do ente público ao pagamento de honorários advocatícios em 10% sobre o valor da condenação.
979
1,187
0
0
7-PB
0
60.017778
NÃO PROVIMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE
AGU
AÇÃO ORDINÁRIA Processo no. 0513084-43.2018.4.05.8200 AUTORA: MARIA DA CONCEIÇÃO ALVES DO AMARAL RÉUS: UNIÃO, ESTADO DA PARAÍBA e MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA. SENTENÇA Trata-se de ação especial movida por Maria da Conceição Alves do Amaral em face da União, Estado da Paraíba e Município de João Pessoa, objetivando sejam os réus compelidos a fornecer o atendimento denominado puvaterapia (ou PUVA: Psoraleno + fototerapia com radiação UVA) três vezes por semana, que aduz necessário ao tratamento do linfoma cutâneo que a acomete. Dispensado o relatório da hipótese em estudo (art. 38 da Lei no. 9.099/95). Passo a decidir. Quanto as preliminares de ilegitimidade passiva, mister registrar que o STF, no julgamento do RE 855.178/SE, com repercussão geral, entendeu que o pólo passivo das ações que versem sobre prestações de saúde pode ser composto por qualquer um dos entes federativos (União, Estados ou Municípios), isoladamente ou em conjunto, sendo a responsabilidade entre eles solidária. Em razão disso, processo a lide em face dos três réus apontados na petição inicial. Em relação ao interesse processual da autora, tem-se comprovada a resistência dos réus que compõe o SUS acerca da entrega do fármaco pretendido (anexo 6) e do procedimento de fototerapia (anexo 13, pág. 7). No mérito, tem-se que a puvaterapia perseguida pela autora consiste na administração de psoraleno,no caso metoxisaleno (conhecido comercialmente como Oxsoralen®) 10 mg. substância que potencializa a absorção dos raios ultra-violeta “A” (UVA) e, posteriormente, submete o paciente à sessão fototerápica. A fototerapia perseguida é fornecida pelo SUS, conforme tabela registrada sob o código 03.03.08.011-6 no SigTap/Datasus (disponível em URL acesso em 09.11.2018. Ademais, o tratamento fototerápico é previsto na referida tabela para o tratamento de linfomas. No caso do tratamento fototerápico o município afirma que não possui esse atendimento (anexo 13, pág. 7), apesar de regulamentarmente estar sob sua competência essa providência (anexo 12, pág. 1). Assim, fica clara a omissão do sistema único em fornecer o atendimento incorporado em seus regulamentos, motivo porque deve ser acolhido o pedido de condenação dos réus ao atendimento fototerápico da autora. Quanto ao metoxisaleno (Oxsoralen®), tem-se que tal substância não compõe a assistência farmacêutica do SUS e, mesmo que esteja intrinsecamente associada à fototerapia no sentido de compor a PUVA, o fornecimento desse fármaco deve ser analisado sob o prisma do tema repetitivo 106 do Superior Tribunal de Justiça (REsp. 1.657.156/RJ), segundo o qual a concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos seguintes requisitos: i) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS; ii) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito; iii) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela agência. O mesmo precedente trouxe a modulação dos efeitos para que os requisitos enumerados na tese fossem exigidos somente nos processos distribuídos a partir da publicação do acórdão em 04.05.2018. A presente demanda fora distribuída depois publicação do acórdão no REsp. 1.657.156/RJ, por isso, cumpre ao juízo exigir os requisitos estabelecidos no tema repetitivo 106/STJ. Sobre a imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS, tem-se que a autora colaciona laudos médicos dando conta de sua doença denominada linfoma cutâneo de natureza maligna e generalizada, tendo sido encaminhada pelo serviço público de oncologia do Hospital Napoleão Laureano para o tratamento com PUVA por tempo indeterminado (anexo 10, pág. 1). Ademais, o médico assistente atestou que os medicamentos tópicos não surtiram efeitos no caso da autora e que caso não tratada com PUVA terá sua doença progredindo, culminando em metástase (anexo 11). Sobre a capacidade financeira da autora, tem-se que a indicação médica é de 3 sessões semanais de PUVA, ocasião em que são administrados dois comprimidos previamente à submissão à luz. A caixa com 30 comprimidos de metoxisaleno (Oxsoralen®), quantia média mensal do tratamento, custa em torno de R$86,60 em estabelecimentos locais (anexo 7, pág. 2). A autora declara na inicial não ter renda comprovada, vivendo com a quantia mensal de R$400,00 que aufere na venda de dindin. Dessa forma, exigir da autora o custeio do elemento essencial ao tratamento com PUVA seria retirar 20% (vinte por cento) dos já parcos recursos que obtém em sua labuta. Por fim, o medicamento requerido tem registro na Anvisa, conforme consulta realizada em URL em 08.11.2018. Todavia, o fármaco pleiteado não possui registro na autarquia para tratar a moléstia da autora pois, nos termos da bula profissional encontrada no registro da Anvisa, somente é indicado para repigmentação de vitiligo e psoríase severa, nada se relacionando com linfoma cutâneo – micose fungóide. Assim, o acolhimento do pedido de fornecimento do medicamento que compõe a PUVA encontra óbice na autorização da Anvisa para administração do medicamento no caso clínico da autora. Diante desse cenário, julgo procedente em parte o pedido formulado pela autora, confirmando em parte a tutela de urgência concedida (anexo 18) para condenar a UNIÃO, o ESTADO DA PARAÍBA e o MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA tão somente a fornecer/custear a autora a fototerapia que compõe a PUVA, na forma e na quantidade de sessões determinadas pelo médico assistente, dessa forma, declaro a demanda extinta com resolução do mérito, nos termos do art. 487,I, CPC. Ressalte-se, desde já, que o ente federativo que primeiro adimplir a medida fica autorizado a reclamar dos demais entes que integram o polo passivo a compensação de 2/3 dos custos financeiros com o atendimento do pleito autoral (art. 283, CC). Sem custas e honorários advocatícios (art. 1o da Lei n.o10.259/01, cumulado com o art. 55 da Lei n.o9.099/95). Ainda, defiro os benefícios da gratuidade judiciária. Decorrido o prazo legal sem a interposição de recurso, certifique-se o trânsito em julgado. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra
NÃO PROVIMENTO
0505558-82.2019.4.05.8202
2019-07-23 00:00:00
APS POMBAL (13.021.100) (29.979.036/0539-37) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
1
2019-08-16 15:56:16
Sentença - Extinção - Litispendência / Coisa Julgada
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - Sentença anulada
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB011984
SENTENÇA Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei no 9.099/95. 1. FUNDAMENTAÇÃO Compulsando os autos, verifica-se que a parte autora ingressou anteriormente com outro processo (0513911-48.2018.4.05.8202T) contra o mesmo réu, contendo mesma causa de pedir e pedido. Bem se sabe que o fenômeno da litispendência se caracteriza quando se reproduz a mesma ação anteriormente ajuizada e ainda em curso; já a coisa julgada verifica-se na hipótese de a reprodução ocorrer quando já decidido o primeiro processo por sentença de que não mais caiba qualquer recurso. (§ 3o, do art. 337, do CPC.) Entende-se como idêntica uma ação aquela que ostenta as mesmas partes, igual causa petendi e mesmo pedido de outra anteriormente ajuizada, nos precisos termos dos § 1o e 2o, do art. 337, da Lei Instrumental Civil. Na hipótese em exame, não é necessário maiores delongas para se evidenciar que a presente ação é repetição idêntica do outro processo anteriormente ajuizado. Configura-se a identidade de causa de pedir e pedido, tendo em vista que no feito anterior a parte autora pleiteava igualmente benefício por incapacidade, como decorrência do reconhecimento de sua condição de segurado(a), afirmando ser portador(a) de patologia similar. Acrescente-se que o(a) autor(a) lança mão de novo requerimento administrativo de benefício cuja DER deu-se em 03/05/2019, quando o processo prevento foi julgado improcedente na data de 29/03/2019 (menos de um ano). Ademais, ainda que apresente-se novo atestado médico, não verifica-se evolução da doença, tanto pelo breve lapso de tempo entre uma demanda e outra, quanto em razão da patologia ser a mesma, é dizer, acha-se cadastrada com CID K70.3 e I85.9 O fato de haver novo requerimento administrativo, não afasta por si a coisa julgada quando verifica-se tratar de repetição como mero artifício para afastá-la. Em se verificando a coisa julgada, deve o processo ser extinto sem apreciação de mérito, por ausência de pressuposto processual, conforme apregoa o art. 485, V, do Código de Processo Civil. 2. DISPOSITIVO Ante o exposto, EXTINGO o processo, com fulcro no art. 485, inciso V, do Diploma Processual Civil. Sem custas e sem honorários advocatícios (art. 55 da Lei 9.099/95). Dispensada a intimação das partes, arquivem-se os autos, com baixa na distribuição, sem trânsito em julgado. Sousa, conforme data de validação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA. SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. COISA JULGADA AFASTADA. RECURSO DA PARTE AUTORA PROVIDO. SENTENÇA ANULADA. 1. Trata-se de Recurso Ordinário pelo qual se pretende a reforma de sentença que extinguiu o processo sem resolução do mérito em virtude da ocorrência da coisa julgada, nos termos do art. 485, V, do CPC. 2. Em suas razões recursais a parte autora sustenta, não haver coisa julgada, tendo em vista que houve o agravamento da sua doença em relação ao processo anterior de no 00513911-48.2018.4.05.8202. Requer a anulação da sentença recorrida com a devolução do feito ao JEF para o regular trâmite processual. 3. Ocorre a coisa julgada, quando se reproduz ação idêntica à anteriormente proposta, ou seja, ações que tenham as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, conforme art. 337, §§ 1o, 2o e 4o, do CPC. É possível ao juiz, todavia, enfrentar questões análogas às que já foram resolvidas em demanda anterior quando se tratar de relação jurídica que se protrai no tempo, ou em que ao menos se alega alterações na situação fática de então, na medida em que, nessa hipótese, é possível falar em nova causa de pedir, alterando os elementos da ação, a afastar a incidência da coisa julgada. 4. No caso, apesar da patologia do requerente ser a mesma do processo anterior, trata-se de novo requerimento administrativo e há novos documentos médicos juntados aos autos. Ressalto, ainda, que o promovente alega que houve agravamento do seu quadro clínico. 5. Assim, em face da mutabilidade do cenário fático que envolve a enfermidade do requerente, resta descaracterizada a identidade entre as causas em comento, afastando-se a ocorrência de coisa julgada, abrindo-se a possibilidade da parte autora elucidar os fatos descritos na petição inicial, em decorrência de eventual alteração da sua situação fática e do agravamento da sua patologia, para cuja verificação se faz necessária a regular instrução processual com a designação de perícia judicial. 6. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso da parte autora, para anular a sentença de primeiro grau, devolvendo os autos ao JEF para o regular processamento do feito.
376
392
0
0
15-PB
0
24.230741
PROVIMENTO
EXTINTO SEM MÉRITO
AUTOR
Compulsando os autos, verifica-se que a parte autora ingressou anteriormente com outro processo (0513911-48.2018.4.05.8202T) contra o mesmo réu, contendo mesma causa de pedir e pedido. Bem se sabe que o fenômeno da litispendência se caracteriza quando se reproduz a mesma ação anteriormente ajuizada e ainda em curso; já a coisa julgada verifica-se na hipótese de a reprodução ocorrer quando já decidido o primeiro processo por sentença de que não mais caiba qualquer recurso. (§ 3o, do art. 337, do CPC.) Entende-se como idêntica uma ação aquela que ostenta as mesmas partes, igual causa petendi e mesmo pedido de outra anteriormente ajuizada, nos precisos termos dos § 1o e 2o, do art. 337, da Lei Instrumental Civil. Na hipótese em exame, não é necessário maiores delongas para se evidenciar que a presente ação é repetição idêntica do outro processo anteriormente ajuizado. Configura-se a identidade de causa de pedir e pedido, tendo em vista que no feito anterior a parte autora pleiteava igualmente benefício por incapacidade, como decorrência do reconhecimento de sua condição de segurado(a), afirmando ser portador(a) de patologia similar. Acrescente-se que o(a) autor(a) lança mão de novo requerimento administrativo de benefício cuja DER deu-se em 03/05/2019, quando o processo prevento foi julgado improcedente na data de 29/03/2019 (menos de um ano). Ademais, ainda que apresente-se novo atestado médico, não verifica-se evolução da doença, tanto pelo breve lapso de tempo entre uma demanda e outra, quanto em razão da patologia ser a mesma, é dizer, acha-se cadastrada com CID K70.3 e I85.9 O fato de haver novo requerimento administrativo, não afasta por si a coisa julgada quando verifica-se tratar de repetição como mero artifício para afastá-la. Em se verificando a coisa julgada, deve o processo ser extinto sem apreciação de mérito, por ausência de pressuposto processual, conforme apregoa o art. 485, V, do Código de Processo Civil. 2. DISPOSITIVO Ante o exposto, EXTINGO o processo, com fulcro no art. 485, inciso V, do Diploma Processual Civil. Sem custas e sem honorários advocatícios (art. 55 da Lei ). Dispensada a intimação das partes, arquivem-se os autos, com baixa na distribuição, sem trânsito em julgado. Sousa, conforme data de validação. THIAGO BATISTA DE ATAÍDE
PROVIMENTO
0501822-96.2018.4.05.8200
2018-02-15 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-29 23:43:40
Sentença - auxílio-doença
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
EMILIANO ZAPATA DE MIRANDA LEITÃO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB004007
SENTENÇA Dispensado o relatório nos termos do art. 38, cabeça, da Lei n.o 9.099/95. De início, ressalte-se que o auxílio-doença n.o 611.916.204-0, objeto dos autos, foi concedido à parte autora pelo período de 15/01/2015 a 08/06/2015. Considerando que o entendimento da TR/JEFs/SJPB de que há necessidade de prova pela parte autora da efetivação depedido de prorrogação do auxílio-doença e de seu indeferimento como requisito para a caracterização do interesse de agir processual na postulação judicial de seu restabelecimento só se aplica para os auxílios-doença concedidos/prorrogados após o início da vigência da MP n.o 739/2016 (a partir de 08 de julho de 2016), tem-se que não deve ser acolhida a preliminar de falta de interesse de agir suscitada pelo INSS (anexo 11), em face de o referido benefício ter sido cessado anteriormente a esta data. Conforme consta no laudo judicial (anexo 8, datado de 29/05/2018), a parte autora é portadora de lesão de menisco medial (CID 10: M 23) e osteoartrose do joelho direito (CID 10: M 17), apresentando impossibilidade temporária (estimada em 1 ano) de exercer a sua atividade habitual (marteleteiro), remissiva a novembro/2017. Segundo o perito judicial, atividades que sobrecarreguem o membro inferior direito são incompatíveis com o quadro clínico do autor. Conforme se evidencia do CNIS (anexo à sentença), o último vínculo empregatício da parte autora encerrou-se em 01/06/2014 e ele recebeu auxílio-doença pelo período de 15/01/2015 a 08/06/2015, razão pela qual elemanteria a qualidade de segurado até 15/08/2016, em face da extensão do período de graça por 12 (doze) meses, nos termos do art. 15, inciso II, da Lei n.o 8.213/91. Assim, não obstante o reconhecimento da incapacidade, não restou preenchido o requisito da qualidade de segurado exigível para a concessão do benefício. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o 9.099/95.
VOTO EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO POR INCAPACIDADE (AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO NA ÉPOCA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE. REQUISITO NÃO PREENCHIDO. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO. 1. Cuida-se de pedido de concessão/restabelecimento de benefício previdenciário por incapacidade (auxílio-doença/aposentadoria por invalidez), julgado improcedente. 2. O recorrente alega que detinha a qualidade de segurado junto ao RGPS, mantida até 15.08.2017, tendo em vista a sua situação de desemprego. Requer a concessão do auxílio-doença c/c pedido de aposentadoria por invalidez desde a DER. 3. Colhe-se da sentença o seguinte teor: “Conforme consta no laudo judicial (anexo 8, datado de 29/05/2018), a parte autora é portadora de lesão de menisco medial (CID 10: M 23) e osteoartrose do joelho direito (CID 10: M 17), apresentando impossibilidade temporária (estimada em 1 ano) de exercer a sua atividade habitual (marteleteiro), remissiva a novembro/2017. Segundo o perito judicial, atividades que sobrecarreguem o membro inferior direito são incompatíveis com o quadro clínico do autor. Conforme se evidencia do CNIS (anexo à sentença), o último vínculo empregatício da parte autora encerrou-se em 01/06/2014 e ele recebeu auxílio-doença pelo período de 15/01/2015 a 08/06/2015, razão pela qual elemanteria a qualidade de segurado até 15/08/2016, em face da extensão do período de graça por 12 (doze) meses, nos termos do art. 15, inciso II, da Lei n.o 8.213/91. Assim, não obstante o reconhecimento da incapacidade, não restou preenchido o requisito da qualidade de segurado exigível para a concessão do benefício.” 4. Conforme dispõe o art. 15, inciso II, da Lei 8213/91, prorroga-se o período de graça em até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração. Prorrogar-se-á o prazo por mais 12 (doze) meses em caso de comprovação da situação de desemprego, nos moldes da citada Lei, art. 15, § 2o. 5. O Decreto 3.048/99 dispõe, em seu art. 13, inciso II, que se mantém a qualidade de segurado, independente de contribuições, até doze meses após a cessação de benefício por incapacidade ou após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada. 6. Na hipótese, o autor recorrente sustenta a tese de prorrogação do período de graça pelo prazo de 24 (vinte e quatro) meses, após comprovação de desemprego, contando-se da cessação do benefício de auxílio-doença, em 08/06/2015. Todavia, o Decreto 3.048/99 faz menção apenas ao acréscimo dos 12 (doze) primeiros meses a contar da cessação do benefício por incapacidade. 7. Desse modo, na época do início da incapacidade laboral, o autor não mais detinha a qualidade de segurado da previdência. 8. Diante do exposto, nega-se provimento ao recurso do autor. 9. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos e os acima expostos, condenando a parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, ante a concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
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543
0
0
13-PB
1
560.560185
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
início, ressalte-se que o auxílio-doença n.o 611.916.204-0, objeto dos autos, foi concedido à parte autora pelo período de 15/01/2015 a 08/06/2015. Considerando que o entendimento da TR/JEFs/SJPB de que há necessidade de prova pela parte autora da efetivação depedido de prorrogação do auxílio-doença e de seu indeferimento como requisito para a caracterização do interesse de agir processual na postulação judicial de seu restabelecimento só se aplica para os auxílios-doença concedidos/prorrogados após o início da vigência da MP n.o 739/2016 (a partir de 08 de julho de 2016), tem-se que não deve ser acolhida a preliminar de falta de interesse de agir suscitada pelo INSS (anexo 11), em face de o referido benefício ter sido cessado anteriormente a esta data. Conforme consta no laudo judicial (anexo 8, datado de 29/05/2018), a parte autora é portadora de lesão de menisco medial (CID 10: M 23) e osteoartrose do joelho direito (CID 10: M 17), apresentando impossibilidade temporária (estimada em 1 ano) de exercer a sua atividade habitual (marteleteiro), remissiva a novembro/2017. Segundo o perito judicial, atividades que sobrecarreguem o membro inferior direito são incompatíveis com o quadro clínico do autor. Conforme se evidencia do CNIS (anexo à sentença), o último vínculo empregatício da parte autora encerrou-se em 01/06/2014 e ele recebeu auxílio-doença pelo período de 15/01/2015 a 08/06/2015, razão pela qual elemanteria a qualidade de segurado até 15/08/2016, em face da extensão do período de graça por 12 (doze) meses, nos termos do art. 15, inciso II, da Lei n.o 8.213/91. Assim, não obstante o reconhecimento da incapacidade, não restou preenchido o requisito da qualidade de segurado exigível para a concessão do benefício. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o
NÃO PROVIMENTO
0512007-96.2018.4.05.8200
2018-08-21 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) APS JOAO PESSOA - BELA VISTA (13.001.040) (29.979.036/0542-32) APS JOÃO PESSOA - TAMBAUZINHO (13.001.070) (29.979.036/0461-32) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-07-24 16:55:06
Sentença - Improcedência
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - desprovido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
ADRIANA CARNEIRO DA CUNHA MONTEIRO NOBREGA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB017051
SENTENÇA Dispensado o relatório nos termos do art. 38, cabeça, da Lei no 9.099/95. Conforme consta no laudo judicial (anexo 9), a parte autora é portadora de outras espondiloses (CID 10 M47.8) e outra degeneração especificada de disco intervertebral (CID 10 M51.3), apresentando limitação leve para o exercício de sua atividade habitual, não sendo indicado o afastamento do trabalho. Ressalte-se, ainda, que laudos e atestados médicos particulares divergentes quanto à conclusão de incapacidade ou não da parte autora não podem predominar sobre o laudo pericial judicial, quando, como é o caso dos autos, devidamente fundamentado este, cujas conclusões devem prevalecer por se cuidar de exame técnico realizado por profissional equidistante em relação às partes do processo e porque o entendimento contrário levaria à desnecessidade de realização da perícia judicial vez que não poderiam suas conclusões divergir daquelas do médico particular da parte autora. Nos termos da Súmula no 77 da TNU, “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual.” Destarte, constata-se que a parte autora não apresenta incapacidade laborativa hábil à concessão de aposentadoria por invalidez (total e permanente) nem de auxílio-doença (parcial e temporária). Entendo que a renda mensal da parte autora, que, conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/2001 e no art. 55 da Lei no 9.099/95.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO POR INCAPACIDADE (AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS AO BENEFÍCIO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1.Cuida-se de pedido de concessão/restabelecimento de benefício previdenciário por incapacidade (auxílio-doença/aposentadoria por invalidez), julgado improcedente, recorrendo a parte-autora, alegando, em sua peça recursal, que estão presentes os requisitos à concessão do benefício pleiteado. 2.A sentença está motivada sob o entendimento de que: 3. “Conforme consta no laudo judicial (anexo 9), a parte autora é portadora de outras espondiloses (CID 10 M47.8) e outra degeneração especificada de disco intervertebral (CID 10 M51.3), apresentando limitação leve para o exercício de sua atividade habitual, não sendo indicado o afastamento do trabalho. Ressalte-se, ainda, que laudos e atestados médicos particulares divergentes quanto à conclusão de incapacidade ou não da parte autora não podem predominar sobre o laudo pericial judicial, quando, como é o caso dos autos, devidamente fundamentado este, cujas conclusões devem prevalecer por se cuidar de exame técnico realizado por profissional equidistante em relação às partes do processo e porque o entendimento contrário levaria à desnecessidade de realização da perícia judicial vez que não poderiam suas conclusões divergir daquelas do médico particular da parte autora. Nos termos da Súmula no 77 da TNU, ‘o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual.’ Destarte, constata-se que a parte autora não apresenta incapacidade laborativa hábil à concessão de aposentadoria por invalidez (total e permanente) nem de auxílio-doença (parcial e temporária)”. 4.É o caso de confirmar-se a sentença por seus próprios fundamentos. 5.Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011) 6.Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos, condenando a parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, em caso de concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
341
420
0
0
13-PB
1
337.209792
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Conforme consta no laudo judicial (anexo 9), a parte autora é portadora de outras espondiloses (CID 10 M47.8) e outra degeneração especificada de disco intervertebral (CID 10 M51.3), apresentando limitação leve para o exercício de sua atividade habitual, não sendo indicado o afastamento do trabalho. Ressalte-se, ainda, que laudos e atestados médicos particulares divergentes quanto à conclusão de incapacidade ou não da parte autora não podem predominar sobre o laudo pericial judicial, quando, como é o caso dos autos, devidamente fundamentado este, cujas conclusões devem prevalecer por se cuidar de exame técnico realizado por profissional equidistante em relação às partes do processo e porque o entendimento contrário levaria à desnecessidade de realização da perícia judicial vez que não poderiam suas conclusões divergir daquelas do médico particular da parte autora. Nos termos da Súmula no 77 da TNU, “o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual.” Destarte, constata-se que a parte autora não apresenta incapacidade laborativa hábil à concessão de aposentadoria por invalidez (total e permanente) nem de auxílio-doença (parcial e temporária). Entendo que a renda mensal da parte autora, que, conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido inicial, declarando a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC/2015). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/2001 e no art. 55 da Lei no
NÃO PROVIMENTO
0503446-68.2018.4.05.8205
2018-11-09 00:00:00
APS PATOS (13.021.090) (29.979.036/0165-78) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06) PSF - PROCURADORIA SECCIONAL FEDERAL (CAMPINA GRANDE) (26.994.558/0001-23)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-09-17 10:14:31
Sentença - improcedente
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - Recurso provido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
CLAUDIO GIRAO BARRETO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,114
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88)
1
PB004007
Processo: 0503446-68.2018.4.05.8205Autor(es): Deyvson Santos de SouzaTipo da conclusão: Concluso para Sentença BPC/LOAS. REQUISITOS NÃO ATENDIDOS. IMPROCEDÊNCIA. Dispensado o relatório, na forma do art. 38, "caput", da Lei 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei 10.259/2001. Decido. Defiro a gratuidade de justiça (NCPC, arts. 98 e 99), caso requerida e a parte autora tenha apresentado declaração de hipossuficiência. Nos termos do art. 488 do NCPC, desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485 (i.e., sem resolução de mérito) do mesmo diploma. Assim, deixo de apreciar as eventuais preliminares/prejudiciais levantadas, porquanto a pretensão da parte autora não será acolhida, inexistindo nesse proceder qualquer prejuízo para aquele(s) que figura(m) no polo passivo. A concessão do benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93, art. 20, após as alterações promovidas pelas Leis nos. 12.435/2011, 12.470/2011, 13.146/2015 e 13.846/2019 – e com base na jurisprudência dominante -, pressupõe o atendimento dos seguintes requisitos: a) ser portador de deficiência, ou idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais; b) por deficiente, entende-se aquele que (I) tem impedimento de longo prazo (i.e., que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos) de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com (II) uma ou mais barreiras, pode obstruir a (III) participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; c) não mais se exige a incapacidade para a vida independente e para o trabalho, ou seja, ainda que a condição que acomete a parte autora não conduza necessariamente à incapacidade (que inclusive poderia ser parcial), se reduz fortemente sua capacidade laborativa, deve ser tida como impedimento (AC 0000325-39.2007.4.01.3306, DESEMBARGADORA FEDERAL ÂNGELA CATÃO, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 19/04/2013 PAG 54); d) não ter condições de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (miserabilidade), enfatizando-se que, se existirem pessoas obrigadas pelo Código Civil a prestar alimentos à parte autora (e possam fazê-lo), ainda que não residam sob o mesmo teto, o BPC/LOAS deve ser indeferido, ante o caráter subsidiário da Assistência Social (ApCiv 5154387-72.2019.4.03.9999, Juiz Federal Convocado RODRIGO ZACHARIAS, TRF3 - 9a Turma, DATA: 28/06/2019); e) por família, desde que vivam sob o mesmo teto, entende-se o conjunto formado por: requerente, cônjuge ou companheiro, filhos solteiros, pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, irmãos solteiros, enteados solteiros e os menores tutelados; f) a miserabilidade se presume quando a renda mensal per capita da família for inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo, não sendo computado(s) no cálculo outro(s) benefício(s) (BPC/LOAS) já concedido a membro da família ou o benefício previdenciário recebido por idoso (60 anos ou mais) no valor de um salário mínimo (REsp 1355052/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, STJ, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/02/2015, DJe 05/11/2015); g) não haver acumulação, pelo deficiente/idoso, do BPC/LOAS com qualquer benefício pecuniário da seguridade social ou de outro regime, salvo a pensão especial de natureza indenizatória; h) quanto ao portador de deficiência menor de 16 anos (para o qual não seria devido o BPC/LOAS, por não se tratar de pessoa incorporável à vida produtiva, haja vista a proibição de trabalho fixada pela CF), cumpre notar que a menoridade, por si só, não impede a concessão do benefício de LOAS, porquanto basta o impacto na economia familiar, seja por exigir a dedicação de um dos membros do grupo para seus cuidados, prejudicando a capacidade de gerar renda, seja por ter que dispor de recursos maiores que os normais para sua idade, em razão de remédios ou tratamentos que não sejam de responsabilidade do Sistema Único de Saúde - SUS (AC - Apelação Civel - 538402 0001170-84.2012.4.05.9999, Desembargador Federal Edílson Nobre, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data: 17/05/2012 - Página: 909); i) inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadastro Único. Ainda que o motivo do indeferimento ou cessação do benefício anterior tenha sido único (ex. renda per capita superior ao limite), deve o julgador apreciar o preenchimento de todos os requisitos legais, pois é possível que os outros aspectos (ex. deficiência) não tenham sido analisados pelo INSS. Naturalmente, se a parte demandada, em sede administrativa ou judicial, houver expressamente reconhecido alguns pressupostos, pode o magistrado deixar de proceder à análise de tais pontos, por força da teoria dos motivos determinantes (AC - Apelação Civel - 519537 2008.84.00.003656-1, Desembargador Federal Ivan Lira de Carvalho, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data: 09/06/2011 - Página: 566). No caso em tela, constata-se e conclui-se que: - versa a demanda sobre BPC/LOAS ao deficiente menor de 16 anos. - a presente ação foi proposta em 09/11/2018. - o pedido formulado na inicial é de concessão do benefício cuja DER é 04/05/2018 (A.1). - a parte autora nasceu em 04/12/2011 (A.6), de modo que, por ocasião da DER, tinha 6 ano(s) de idade. - o motivo de indeferimento foi: não deficiente (A.1). - o auxiliar encarregado de verificar ‘in loco’ a condição socioeconômica do grupo familiar relatou (a.17): Processo:0503446-68.2018.4.05.8205S Autor: DEYVSON SANTOS DE SOUZA. 1)Qual a idade, a condição desaúde, o grau de escolaridade, a profissão e a renda mensal (percebida aqualquer título) da parte autora? ·O autor e menor Deyvson Santos de Souza, tem 7 anos, estudante, possui a saúdebastante debilitada em decorrência do mesmo ser diabético e em decorrência da diabetes a criança vem tendo constantescrises de convulsões. A mãe da criança a senhora Lucilene Temoteo dosSantos informou que o menino tomainsulina diariamente e que por mêsexistem exames de rotina que mesmo sem condições ela tem que fazer, a mãedo autor informou ainda que usa odinheiro do benefício da bolsa família para realizar os exames necessárioe cuidar da saúde do filho, ela acrescentou que como o dinheiro do bolsafamília é pouco é preciso sempre parcelar os exames e ou medicaçõesnecessárias para seu filho. Dona Lucilene relatou que diante das dificuldadesexistentes a sua mãe e avó do autorajuda na medida do possível com alimentos. A única renda existente no lar da família corresponde a quantia mínimade R$ 269,00 reais referentes ao bolsa família que a mãe do autor recebe. 2)Descreva a residência daparte autora, inclusive quanto ao estado de conservação do imóvel,esclarecendo se se trata de bem próprio ou alugado (se for o caso, informandoo valor pago a título de aluguel), indicando o número de cômodos, os móveisque a guarnecem, bem como esclarecendo se existe fornecimento de energiaelétrica e água encanada. ·A residênciaque o autor mora é bem simples, com 05 cômodos. A casa é cedida pela avó materna do autorasenhora Rita Maria dos Santos Ferreira, com energia elétrica,o abastecimentode água é feito através do exército em carro pipa. 3)Quais as pessoas que residemneste local? Qualificar estas pessoas, indicando o nome, a idade, aprofissão, a renda mensal e o grau de parentesco com a parte autora. ·O núcleo familiar é composto por duas pessoas,quais sejam: ·Autor: Deyvson Santos de Souza, 7anos, estudante, CPF: 122.761.314-89 e RG: 4178.108 SSP.PB. Nascido em:04.12.2011. ·Mãe: Lucilene Temoteo dos Santos, 33 anos, pouca escolaridade, CPF: 076.659.934-51 e RG: 3361. 561. SSP.PB.Nascida em: 27.01.1986. ·Irmã: Andressa dos Santos Lopes, 3 anos, CPF: 155 218. 394-70.Nascida em: 18.11.2015. 4)Com base nas informaçõesacima, qual é renda líquida mensal do grupo familiar da parte autora? ·A única renda existente no lar da famíliacorresponde a quantia mínima de R$269,00 reais referentes ao bolsa família que a mãe do autor recebe. 6)Algum dos membros do grupofamiliar da parte autora (residentes no imóvel) possui alguma espécie degasto extraordinário, a exemplo da necessidade de aquisição de remédios nãofornecidos pelo SUS, ou outro tipo de custeio para tratamento de saúde? ·Sim, o autor tomamedicação controlada e por mês existe um gasto de R$ 100,00 reais na comprados medicamentos. A mãe do autor informou ainda que a medicação que o autor toma para diabetes é fornecida pelo SUS,porém as seringas e o medicamento para as convulsões são comprados. (grifo nosso) - o perito médico do juízo, em exame realizado no dia 15/03/2019, teceu as seguintes considerações (a.19): PROCESSO:0503446-68.2018.4.05.8205S AUTOR:DEYVSON SANTOS DE SOUZA Idade:04/12/2011-7 anos Escolaridade: primeiro ano doensino fundamental Ocupação habitual:estudante HISTÓRICO: Alega ser portadorade incapacidade laboral, requerendo CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL – AMPAROSOCIAL AO DEFICIENTE Genitora relata que o filho é portador de Diabetes Mellitus tipo Idesde os dois anos de idade e que apresentoucrise convulsiva devido a hipoglicemia( SIC), faz uso de insulina e de gardenal dispensáveis pelo SUS Genitora relata que o filho nãoé portador de outras patologias I -QUESITOS DO JUÍZO I) O autor atualmente éportador de alguma doença, distúrbio, lesão ou anomalia, assim classificadapela OMS? Dê o diagnóstico. Sim.Diabetes Mellitus CID E 10.4 Sindrome convulsiva CID R 56.8 III) Esta enfermidade,distúrbio, lesão ou anomalia, caso existente, incapacita o autor para odesempenho de toda e qualquer atividade laboral? Ou seja, o autor encontra-seincapacitado para desempenhar qualquer profissão que lhe garanta asubsistência (incapacidade total)? Explicar o porquê. Não há incapacidade laboral. Oautor é portador de Diabetes Mellitustipo I e síndrome convulsiva de origem não especificada, em tratamento medicamentoso pelo SUS, semcomplicações do Diabetes ate o presente momento, apresentando baixo peso.O autor devera ser acompanhamento regularmente com oEndocrinologista(profissional encontrado no SUS ) IV) Tal enfermidade, casoexistente, incapacita o autor para o desempenho de suas atividades diárias,tal como vestir-se, alimentar-se ou sair de casa sozinho para tratar deassuntos particulares? Ou seja, o autor é incapaz de levar uma vidaindependente? Explicar o porquê. Não há incapacidade laboral. O periciadopode desempenhar suas atividades diarias, o autor é capaz de levar uma vidaindependente (grifo nosso) - ouvida em juízo, disse a representante do autor (mãe): que o filho tem sete anos e sofre de diabetes e convulsões. As crises convulsivas são frequentes. Estuda, mas passa a tarde com ele; não deixa o autor sozinho na escola. Disse que compra o gardenal e seringas, só a insulina é fornecida pelo SUS. Mora na casa da avó da criança com outra filha e o autor. Não trabalha porque não pode deixá-lo só; ninguém fica com ele porque tem medo. Disse que a renda é o bolsa-família. O pai não o ajuda. (A.37). Como visto acima, a parte autora conta com sete anos de idade e sofre de diabetes tipo I desde os dois anos, além de síndrome convulsiva,fazendo uso de medicação injetável (insulina). A representante da parte autora (mãe da criança) relatou que não trabalha por não poder deixá-lo sozinho, nem mesmo na escola, em razão das patologias. Por outro lado, percebe-se de seu CNIS (a.33, p.6) que recebeu no ano de 2015 salário-maternidade rural por ocasião do nascimento da filha mais nova (a.32, p.6), demonstrando que, apesar da enfermidade do autor, continuou trabalhando na agricultura. Assim, concluo não fazer jus a parte autora ao BPC/LOAS, porquanto não comprovado o impacto da deficiência do menor na renda familiar, eis que esta não impede sua mãe de trabalhar na agricultura e prover o sustento do grupo familiar. Enfatizo não ser o BPC/LOAS uma compensação por eventual deficiência, mas sim uma política pública de integração social e de distribuição equânime de oportunidades que, para o menor de 16 anos, impõe que a deficiência traga impactos para a economia do grupo familiar, requisito não atendido no caso dos autos. Quanto ao tratamento médico de que a criança necessita, ainda que de elevado custo, este não justifica a concessão do benefício assistencial, por entender que sua prestação cabe ao SUS. Mister concluir, portanto, não restarem atendidos os requisitos detalhados anteriormente nesta sentença, de modo que incabível a concessão do benefício previsto no art. 20 da Lei 8.742/93. Caso deduzida, não merece acolhida a pretensão de danos morais. Se o pedido principal é julgado improcedente, o de danos morais, por ser, no caso concreto, decorrente daquele, também deve ser recusado. Ante o exposto, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do NCPC, JULGO IMPROCEDENTE(S) O(S) PLEITO(S) AUTORAL(IS). Sem custas ou honorários advocatícios, na forma da lei. Apresentado recurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam os autos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se.
VOTO-EMENTA SEGURIDADE SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA. IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO COMPROVADO. REQUISITO DA MISERABILIDADE PREENCHIDO. RECURSO DA PARTE AUTORA PROVIDO. 1. Sentença de improcedência, ante a ausência de comprovação do impedimento para o trabalho de longo prazo. A parte autora recorre. 2. De acordo com o laudo pericial, o autor tem 07 anos, é portador de Diabetes Mellitus CID e 10.4 Sindrome convulsiva CID R 56.8. 3. A situação global da parte autora autoriza a concessão do benefício. Há situação de hipossuficiência, o que pode ser verificado da análise do laudo social. Embora o laudo pericial não ateste emblematicamente a situação de impedimento da criança, é de tê-la reconhecida no caso dos autos. 4. O fato de a sua genitora ter recebido benefício de salário-maternidade é indicativo de que ela trabalha na roça, situação esta que não lhe gera qualquer rendimento para promover uma melhor condição de saúde para o seu filho, tais como os acompanhamentos médicos e aquisição dos medicamentos não fornecidos pelo SUS. 5. Por sua vez, o próprio trabalho da genitora na agricultura, no próprio âmbito familiar (já que a família reside em sítio), denota a situação de proximidade para com o autor, além do que a agricultura, por sua sazonalidade e inexistência de horários fixos (como em empresas), também confirmam tal compreensão. 6. Ademais, a família reside em zona rural, de difícil acesso, sendo evidente que a ausência de rendimento é fator impeditivo ao melhor tratamento da criança, que detém, inclusive, peso abaixo do normal para a sua idade. 7. Parece-nos presente o entendimento de que a criança autora não se desenvolve em igualdade de condições em comparação com demais crianças do seu próprio âmbito social, estando aí presente o direito ao recebimento do amparo assistencial, a fim de prover as deficiências verificadas em seu estado de saúde e de desenvolvimento escolar e social. 8. Diante da avaliação das condições socioeconômicas e da doença incapacitante considerada de longo prazo, julga-se procedente o pedido de concessão do benefício assistencial, desde a DER (04/05/2018), de acordo com a indicação do laudo pericial e atestado médico juntado com a inicial. 9. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso da parte autora, para conceder o benefício assistencial (NB 703.720.448-0), desde 04/05/2018. Juros e correção monetária, nos termos do Manual de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal, conforme precedentes desta Turma Recursal nos Procs. nos 0503667-71.2015.4.05.8200 e 0500333-29.2015.4.05.8200, tendo em vista a declaração incidental de inconstitucionalidade do art. 1o - F da Lei n. 9.494/97.
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311.714248
PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Autor(es): Deyvson Santos de SouzaTipo da conclusão: Concluso para Sentença BPC/LOAS. REQUISITOS NÃO ATENDIDOS. IMPROCEDÊNCIA. Dispensado o relatório, na forma do art. 38, "caput", da Lei 9.099/95, aplicável por força do art. 1o da Lei 10.259/2001. Decido. Defiro a gratuidade de justiça (NCPC, arts. 98 e 99), caso requerida e a parte autora tenha apresentado declaração de hipossuficiência. Nos termos do art. 488 do NCPC, desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485 (i.e., sem resolução de mérito) do mesmo diploma. Assim, deixo de apreciar as eventuais preliminares/prejudiciais levantadas, porquanto a pretensão da parte autora não será acolhida, inexistindo nesse proceder qualquer prejuízo para aquele(s) que figura(m) no polo passivo. A concessão do benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93, art. 20, após as alterações promovidas pelas Leis nos. 12.435/2011, 12.470/2011, 13.146/2015 e 13.846/2019 – e com base na jurisprudência dominante -, pressupõe o atendimento dos seguintes requisitos: a) ser portador de deficiência, ou idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais; b) por deficiente, entende-se aquele que (I) tem impedimento de longo prazo (i.e., que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos) de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com (II) uma ou mais barreiras, pode obstruir a (III) participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; c) não mais se exige a incapacidade para a vida independente e para o trabalho, ou seja, ainda que a condição que acomete a parte autora não conduza necessariamente à incapacidade (que inclusive poderia ser parcial), se reduz fortemente sua capacidade laborativa, deve ser tida como impedimento (AC 0000325-39.2007.4.01.3306, DESEMBARGADORA FEDERAL ÂNGELA CATÃO, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 19/04/2013 PAG 54); d) não ter condições de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (miserabilidade), enfatizando-se que, se existirem pessoas obrigadas pelo Código Civil a prestar alimentos à parte autora (e possam fazê-lo), ainda que não residam sob o mesmo teto, o BPC/LOAS deve ser indeferido, ante o caráter subsidiário da Assistência Social (ApCiv 5154387-72.2019.4.03.9999, Juiz Federal Convocado RODRIGO ZACHARIAS, TRF3 - 9a Turma, DATA: 28/06/2019); e) por família, desde que vivam sob o mesmo teto, entende-se o conjunto formado por: requerente, cônjuge ou companheiro, filhos solteiros, pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, irmãos solteiros, enteados solteiros e os menores tutelados; f) a miserabilidade se presume quando a renda mensal per capita da família for inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo, não sendo computado(s) no cálculo outro(s) benefício(s) (BPC/LOAS) já concedido a membro da família ou o benefício previdenciário recebido por idoso (60 anos ou mais) no valor de um salário mínimo (REsp 1355052/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, STJ, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/02/2015, DJe 05/11/2015); g) não haver acumulação, pelo deficiente/idoso, do BPC/LOAS com qualquer benefício pecuniário da seguridade social ou de outro regime, salvo a pensão especial de natureza indenizatória; h) quanto ao portador de deficiência menor de 16 anos (para o qual não seria devido o BPC/LOAS, por não se tratar de pessoa incorporável à vida produtiva, haja vista a proibição de trabalho fixada pela CF), cumpre notar que a menoridade, por si só, não impede a concessão do benefício de LOAS, porquanto basta o impacto na economia familiar, seja por exigir a dedicação de um dos membros do grupo para seus cuidados, prejudicando a capacidade de gerar renda, seja por ter que dispor de recursos maiores que os normais para sua idade, em razão de remédios ou tratamentos que não sejam de responsabilidade do Sistema Único de Saúde - SUS (AC - Apelação Civel - 538402 0001170-84.2012.4.05.9999, Desembargador Federal Edílson Nobre, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data: 17/05/2012 - Página: 909); i) inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadastro Único. Ainda que o motivo do indeferimento ou cessação do benefício anterior tenha sido único (ex. renda per capita superior ao limite), deve o julgador apreciar o preenchimento de todos os requisitos legais, pois é possível que os outros aspectos (ex. deficiência) não tenham sido analisados pelo INSS. Naturalmente, se a parte demandada, em sede administrativa ou judicial, houver expressamente reconhecido alguns pressupostos, pode o magistrado deixar de proceder à análise de tais pontos, por força da teoria dos motivos determinantes (AC - Apelação Civel - 519537 2008.84.00.003656-1, Desembargador Federal Ivan Lira de Carvalho, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data: 09/06/2011 - Página: 566). No caso em tela, constata-se e conclui-se que: - versa a demanda sobre BPC/LOAS ao deficiente menor de 16 anos. - a presente ação foi proposta em 09/11/2018. - o pedido formulado na inicial é de concessão do benefício cuja DER é 04/05/2018 (A.1). - a parte autora nasceu em 04/12/2011 (A.6), de modo que, por ocasião da DER, tinha 6 ano(s) de idade. - o motivo de indeferimento foi: não deficiente (A.1). - o auxiliar encarregado de verificar ‘in loco’ a condição socioeconômica do grupo familiar relatou (a.17): Processo:0503446-68.2018.4.05.8205S Autor: DEYVSON SANTOS DE SOUZA. 1)Qual a idade, a condição desaúde, o grau de escolaridade, a profissão e a renda mensal (percebida aqualquer título) da parte autora? ·O autor e menor Deyvson Santos de Souza, tem 7 anos, estudante, possui a saúdebastante debilitada em decorrência do mesmo ser diabético e em decorrência da diabetes a criança vem tendo constantescrises de convulsões. A mãe da criança a senhora Lucilene Temoteo dosSantos informou que o menino tomainsulina diariamente e que por mêsexistem exames de rotina que mesmo sem condições ela tem que fazer, a mãedo autor informou ainda que usa odinheiro do benefício da bolsa família para realizar os exames necessárioe cuidar da saúde do filho, ela acrescentou que como o dinheiro do bolsafamília é pouco é preciso sempre parcelar os exames e ou medicaçõesnecessárias para seu filho. Dona Lucilene relatou que diante das dificuldadesexistentes a sua mãe e avó do autorajuda na medida do possível com alimentos. A única renda existente no lar da família corresponde a quantia mínimade R$ 269,00 reais referentes ao bolsa família que a mãe do autor recebe. 2)Descreva a residência daparte autora, inclusive quanto ao estado de conservação do imóvel,esclarecendo se se trata de bem próprio ou alugado (se for o caso, informandoo valor pago a título de aluguel), indicando o número de cômodos, os móveisque a guarnecem, bem como esclarecendo se existe fornecimento de energiaelétrica e água encanada. ·A residênciaque o autor mora é bem simples, com 05 cômodos. A casa é cedida pela avó materna do autorasenhora Rita Maria dos Santos Ferreira, com energia elétrica,o abastecimentode água é feito através do exército em carro pipa. 3)Quais as pessoas que residemneste local? Qualificar estas pessoas, indicando o nome, a idade, aprofissão, a renda mensal e o grau de parentesco com a parte autora. ·O núcleo familiar é composto por duas pessoas,quais sejam: ·Autor: Deyvson Santos de Souza, 7anos, estudante, CPF: 122.761.314-89 e RG: 4178.108 SSP.PB. Nascido em:04.12.2011. ·Mãe: Lucilene Temoteo dos Santos, 33 anos, pouca escolaridade, CPF: 076.659.934-51 e RG: 3361. 561. SSP.PB.Nascida em: 27.01.1986. ·Irmã: Andressa dos Santos Lopes, 3 anos, CPF: 155 218. 394-70.Nascida em: 18.11.2015. 4)Com base nas informaçõesacima, qual é renda líquida mensal do grupo familiar da parte autora? ·A única renda existente no lar da famíliacorresponde a quantia mínima de R$269,00 reais referentes ao bolsa família que a mãe do autor recebe. 6)Algum dos membros do grupofamiliar da parte autora (residentes no imóvel) possui alguma espécie degasto extraordinário, a exemplo da necessidade de aquisição de remédios nãofornecidos pelo SUS, ou outro tipo de custeio para tratamento de saúde? ·Sim, o autor tomamedicação controlada e por mês existe um gasto de R$ 100,00 reais na comprados medicamentos. A mãe do autor informou ainda que a medicação que o autor toma para diabetes é fornecida pelo SUS,porém as seringas e o medicamento para as convulsões são comprados. (grifo nosso) - o perito médico do juízo, em exame realizado no dia 15/03/2019, teceu as seguintes considerações (a.19): PROCESSO:0503446-68.2018.4.05.8205S AUTOR:DEYVSON SANTOS DE SOUZA Idade:04/12/2011-7 anos Escolaridade: primeiro ano doensino fundamental Ocupação habitual:estudante HISTÓRICO: Alega ser portadorade incapacidade laboral, requerendo CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL – AMPAROSOCIAL AO DEFICIENTE Genitora relata que o filho é portador de Diabetes Mellitus tipo Idesde os dois anos de idade e que apresentoucrise convulsiva devido a hipoglicemia( SIC), faz uso de insulina e de gardenal dispensáveis pelo SUS Genitora relata que o filho nãoé portador de outras patologias I -QUESITOS DO JUÍZO I) O autor atualmente éportador de alguma doença, distúrbio, lesão ou anomalia, assim classificadapela OMS? Dê o diagnóstico. Sim.Diabetes Mellitus CID E 10.4 Sindrome convulsiva CID R 56.8 III) Esta enfermidade,distúrbio, lesão ou anomalia, caso existente, incapacita o autor para odesempenho de toda e qualquer atividade laboral? Ou seja, o autor encontra-seincapacitado para desempenhar qualquer profissão que lhe garanta asubsistência (incapacidade total)? Explicar o porquê. Não há incapacidade laboral. Oautor é portador de Diabetes Mellitustipo I e síndrome convulsiva de origem não especificada, em tratamento medicamentoso pelo SUS, semcomplicações do Diabetes ate o presente momento, apresentando baixo peso.O autor devera ser acompanhamento regularmente com oEndocrinologista(profissional encontrado no SUS ) IV) Tal enfermidade, casoexistente, incapacita o autor para o desempenho de suas atividades diárias,tal como vestir-se, alimentar-se ou sair de casa sozinho para tratar deassuntos particulares? Ou seja, o autor é incapaz de levar uma vidaindependente? Explicar o porquê. Não há incapacidade laboral. O periciadopode desempenhar suas atividades diarias, o autor é capaz de levar uma vidaindependente (grifo nosso) - ouvida em juízo, disse a representante do autor (mãe): que o filho tem sete anos e sofre de diabetes e convulsões. As crises convulsivas são frequentes. Estuda, mas passa a tarde com ele; não deixa o autor sozinho na escola. Disse que compra o gardenal e seringas, só a insulina é fornecida pelo SUS. Mora na casa da avó da criança com outra filha e o autor. Não trabalha porque não pode deixá-lo só; ninguém fica com ele porque tem medo. Disse que a renda é o bolsa-família. O pai não o ajuda. (A.37). Como visto acima, a parte autora conta com sete anos de idade e sofre de diabetes tipo I desde os dois anos, além de síndrome convulsiva,fazendo uso de medicação injetável (insulina). A representante da parte autora (mãe da criança) relatou que não trabalha por não poder deixá-lo sozinho, nem mesmo na escola, em razão das patologias. Por outro lado, percebe-se de seu CNIS (a.33, p.6) que recebeu no ano de 2015 salário-maternidade rural por ocasião do nascimento da filha mais nova (a.32, p.6), demonstrando que, apesar da enfermidade do autor, continuou trabalhando na agricultura. Assim, concluo não fazer jus a parte autora ao BPC/LOAS, porquanto não comprovado o impacto da deficiência do menor na renda familiar, eis que esta não impede sua mãe de trabalhar na agricultura e prover o sustento do grupo familiar. Enfatizo não ser o BPC/LOAS uma compensação por eventual deficiência, mas sim uma política pública de integração social e de distribuição equânime de oportunidades que, para o menor de 16 anos, impõe que a deficiência traga impactos para a economia do grupo familiar, requisito não atendido no caso dos autos. Quanto ao tratamento médico de que a criança necessita, ainda que de elevado custo, este não justifica a concessão do benefício assistencial, por entender que sua prestação cabe ao SUS. Mister concluir, portanto, não restarem atendidos os requisitos detalhados anteriormente nesta sentença, de modo que incabível a concessão do benefício previsto no art. 20 da Lei 8.742/93. Caso deduzida, não merece acolhida a pretensão de danos morais. Se o pedido principal é julgado improcedente, o de danos morais, por ser, no caso concreto, decorrente daquele, também deve ser recusado. Ante o exposto, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do NCPC, JULGO IMPROCEDENTE(S) O(S) PLEITO(S) AUTORAL(IS). Sem custas ou honorários advocatícios, na forma da lei. Apresentado recurso, dê-se vista ao recorrido para contrarrazões. Após, subam os autos às Turmas Recursais, com as homenagens de estilo. Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se
PROVIMENTO
0515758-91.2018.4.05.8200
2018-10-25 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) APS GUARABIRA (13.001.020) (29.979.036/0167-30) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-28 13:50:22
Sentença - Aposent. p/ idade - Empregado rural
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - Recurso não provido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
EMILIANO ZAPATA DE MIRANDA LEITÃO
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,096
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Idade (Art. 48/51)
1
PB011662B
SENTENÇA Dispensado o relatório nos termos do art. 38, cabeça, da Lei n.o 9.099/95. O pagamento das prestações anteriores ao ajuizamento da ação deve observar a incidência da prescrição quinquenal, nos termos do art. 1.o do Decreto n.o 20.910/32 e da Súmula n.o 85 do STJ, salvo se cuidar-se de parte autora civilmente incapaz, o que não é o caso dos autos. A parte autora requer a concessão de aposentadoria por idade rural, com efeitos retroativos à data do requerimento administrativo (NB 185.667.394-1, DER 12/07/2018 – fl. 03 do anexo 01), mediante o cômputo dos tempos de serviço/contribuição na qualidade de empregado rural indicados na tabela do anexo 14. A aposentadoria por idade possui redução do requisito etário, 60 anos de idade para o homem e 55 anos de idade para a mulher, no caso de trabalhadores rurais (segurados especiais ou empregados rurais), nos termos do §1o do art. 48 da Lei n.o8.213/91. Conforme se depreende do estabelecido nos §2o e 3o do referido dispositivo legal, a redução do requisito etário demanda que o preenchimento do período de carência seja integralizado tão somente com o exercício de atividade rural. Logo, caso o segurado possua tempos de serviço de natureza urbana e deseje computá-los no cálculo do seu tempo de contribuição, a redução etária não será aplicável, de modo que ele deverá possuir 65 anos de idade, se homem, ou 60 anos de idade, se mulher, nos termos do caput do art. 48 da Lei n.o8.213/91. Assim, o exercício do trabalho rural de forma exclusiva como exigência para a concessão de aposentadoria por idade rural não demanda que o segurado nunca tenha exercido atividades urbanas, uma vez que tal restrição não se encontra legalmente prevista, podendo tal hipótese caracterizar um empecilho à redução etária apenas nos casos envolvendo segurado especial que tenha desempenhado atividade urbana hábil a descaracterizar a sua atividade rural como de subsistência. A parte autora preencheu o requisito etário para a concessão de aposentadoria por idade a trabalhador rural no ano de 2018 (anexo 12). Assim, o período equivalente à carência da aposentadoria rural por idade rural é de 180 meses, nos termos do art. 142 da Lei n. o 8.213/91. O INSS computou 22 anos, 2 meses e 23 dias de tempo de contribuição do autor, mas considerou apenas 96 contribuições em atividade rural para fins de carência do benefício de aposentadoria por idade rural requerida. Os períodos de atividade rural considerados foram de 02/02/1978 a 03/02/1979, 26/07/1979 a 15/09/1981, 21/01/1982 a 17/01/1983, 01/09/1986 a 27/02/1989 e 18/08/1993 a 23/08/1994 (fls. 19/23 do anexo 19). Conforme entendimento da TNU, "as anotações na CTPS constituem prova material plena para comprovação de tempo de serviço (art. 62, § 2o, I do Dec. 3.048/99), cuja desconstituição não merece ser acolhida mediante alegações vagas, mas com suporte em prova robusta" (PEDILEF 200435007213654, Juiz Federal João Bosco Costa Soares da Silva). Registre-se, ademais, que o período laborado pelo segurado empregado deve ser considerado para fins previdenciários independentemente do recolhimento das respectivas contribuições, uma vez que a sua filiação ao RGPS decorre do exercício de atividade abrangida pelo mencionado Regime, sendo obrigação exclusiva do empregador o recolhimento das referidas contribuições, não podendo o segurado empregado ficar desamparado em virtude da inadimplência do seu empregador, o que também se aplica no caso do empregador doméstico (PEDILEF 200870500184988, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, em 24.11.2011, DOU 19.12.2011). Esse entendimento, inclusive, está estabelecido na Súmula n.o75 da TNU: “A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS)”. Ademais, o próprio Conselho de Recurso da Previdência Social, no Enunciado n.o18, de 26.10.2015, dispôs que “Não se indefere benefício sob fundamento de falta de recolhimento de contribuição previdenciária quando esta obrigação for devida pelo empregador”. Consta na CTPS do autor n. 43.540, série n. 558, emitida em 28/02/1977 (fls. 08/10 do anexo 15), sem indicativo de rasura, extemporaneidade ou qualquer irregularidade, anotação do vínculo empregatício de tratorista no período de 01/09/1989 a 08/11/1989, para o empregador Marcelo H. de Albuquerque Cavalcante. Registre-se que esse vínculo empregatício está anotado numa sequência temporal correta com outros vínculos reconhecidos pelo INSS. Ainda, os vínculos empregatícios do autor reconhecidos pelo INSS, mas não computados como de atividade rural para fins de carência do benefício pretendido, constam anotados na referida CTPS, bem como em algumas provas técnicas da seguinte forma: - empresa Pessoa de Mello Ind. e Com. S/A (Usina Aliança): servente de campo de 29/04/1983 a 30/08/1986, e tratorista de 28/11/1989 a 15/03/1990, 04/09/1990 a 01/04/1991, 13/08/1991 a 10/03/1992 e 07/09/1992 a 05/11/1992 (fls. 10/11 do anexo 15); - empresa Cia. Geral de Melhoramentos: tratorista de 09/11/1992 a 15/02/1993, 29/08/1994 a 05/12/1994 e 09/09/2002 a 23/12/2002 (CTPS – fls. 13/14 do anexo 15 e PPP’s – fls. 13 do anexo 16; fls. 02/03 e 08/09 do anexo 17); - empresa Usina São José: operador de enchedeira de 21/08/2003 a 17/01/2004, 28/08/2006 a 26/01/2007, 27/08/2007 a 29/02/2008, 01/09/2008 a 09/03/2009, 30/08/2010 a 24/01/2011, 03/09/2012 a 22/01/2013, 09/09/2013 a 14/02/2014, e operador de trator de 28/08/2017 a 12/01/2018 (CTPS – fl. 14 do anexo 15, fls. 02/03 e 06 do anexo 16; e PPP’s – fls. 10/11 do anexo 17, fls. 03/10 e 12/15 do anexo 18, e fls. 09/10 do anexo 19); - empresa Usina Tabu S/A: operador de carregadeira de 18/08/1995 a 08/03/1997 (CTPS – fl. 13 do anexo 15 e PPP e LTCAT – fls. 04/06 do anexo 17); - empresa Usina Maravilhas: operador de carregadeira de 18/08/1997 a 08/01/1998 (CTPS – fl. 14 do anexo 15); - empresa Cia. Agro Industrial de Goiana: operador de carregadeira de 16/08/2004 a 01/02/2005 e 12/09/2005 a 14/01/2006 (CTPS – fl. 15 do anexo 15 e PPP – fls. 12/14 do anexo 17); - empresa LDC Bioenergia S/A: operador de máquina carregadeira de 08/09/2011 a 26/03/2012 (CTPS – fl. 03 do anexo 16 e PPP – fl. 11 do anexo 18); - empresa Usina GIASA: operador de máquina de 01/09/2014 a 09/04/2015 e 10/08/2015 a 03/03/2016 (CTPS – fl. 04 do anexo 16 e PPP – fls. 01/02 do anexo 19), - empresa UNIVALE Indústria e Comércio LTDA: tratorista de 30/08/2016 a 14/11/2016 (CTPS – fl. 04 do anexo 16 e PPP – fl. 03/04 do anexo 19). A instrução normativa IN INSS n. 77/2015, em seu art. 7o, inciso V, alínea “b”, assevera que: “V - o segurado, ainda que tenha trabalhado para empregador rural ou para empresa prestadora de serviço rural, no período anterior ou posterior à vigência da Lei no 8.213, de 1991, será considerado como filiado ao regime urbano como empregado ou contribuinte individual, conforme o caso, quando enquadrado, dentre outras, nas seguintes categorias: b) motorista, com habilitação profissional, e tratorista;” (grifo nosso) Note-se que o referido ato normativo procedeu ao enquadramento da natureza do vínculo empregatício (urbano ou rural) por categoria, e não pela natureza em si da atividade, exorbitando do seu poder disciplinar, eis que instituída para disciplinar os procedimentos e rotinas relativos a benefícios no âmbito do INSS (art. 1o), desconsiderando a natureza das coisas. O enquadramento como empregado rural não é realizado tendo em conta exclusivamente o local de trabalho e o ramo de atividade do empregador, sendo fator determinante para tal enquadramento que o trabalhador exerça atividade de natureza tipicamente rural. Nesse sentido, confira-se a ementa do julgado proferido pela Primeira Seção do STJ no RESP n.o1133662, rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJE 19.08.2010: “A Lei 5.889/73 preconizou normas reguladoras do trabalho rural, estabelecendo os critérios para definição do empregado rural, ao prever em seu art. 2o, que o empregado rural é toda pessoa física que presta serviços a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário, desenvolvendo suas atividades em propriedade rural ou prédio rústico. E, em relação ao empregador rural, o art. 3o da mencionada norma legal definiu-o como sendo "a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados", inclusive mediante a exploração industrial em estabelecimento agrário (§ 1o). 6. De acordo com a lei em referência, uma mesma empresa agroindustrial, poderia ser qualificada como empregadora rural relativamente aos seus empregados que realizavam atividade rurais, e como urbana no que tange às demais atividades desenvolvidas. 7. Sobre o tema, o Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento de que a atividade exercida pelo empregado é que define a condição deste como rural ou industriário, assentando, inclusive, que o cultivo de cana-de-açúcar para usina sucroalcooleira não constitui atividade agroindustrial, mas sim rural. Precedentes. 8. Assim, conclui-se que os empregados, que laboram no cultivo da cana-de-açúcar para empresa agroindustrial ligada ao setor alcooleiro, detém a qualidade de rurícola, o que traz como consequência a isenção do FGTS desde a edição da Lei Complementar n. 11/71 até a promulgação da Constituição Federal de 1988. Precedente: EDRESP 952052 / PE, da relatoria da Ministra Eliana Calmon, DJ 12.3.2010. 9. Recursos especiais não providos. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.” No caso, observa-se das anotações da CTPS do autor, bem como das provas técnicas indicadas acima, que os vínculos empregatícios reconhecidos pelo INSS foram na qualidade de tratorista e operador de carregadeira em fazendas agroindustriais, o que não deixa de ser atividade rural, conforme entendimento acima mencionado. Da mesma forma é a atividade de servente de campo laborada na empresa Usina Aliança, que, conforme o próprio nome sugere, e considerando a natureza desse estabelecimento empresarial (agro indústria) e o histórico profissional do autor, é indicativo de que se tratava de atividade rural. Assim, tendo em vista a natureza rural dos vínculos empregatícios do autor acima relacionados, todos devem ser computados no cálculo do benefício pretendido. Por fim, o INSS deixou de computar o período de auxílio-doença recebido pelo autor de 25/01/2011 a 23/08/2011 (NB 544.148.356-0). É permitida a contagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade se entremeado com período de contribuição, a teor do artigo 55, inciso II, da Lei no 8.213/1991 e da Súmula n.o 73 da TNU (O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a previdência social). Assim, é devido o cômputo do período de 25/01/2011 a 23/08/2011 no cálculo da aposentadoria da parte autora, eis que intercalado com os períodos contributivos de 30/08/2010 a 24/01/2011 e 08/09/2011 a 26/03/2012. Conforme planilha de tempo de serviço/contribuição em anexo, a qual homologo como parte integrante desta sentença, a parte autora possuía, na data do requerimento administrativo (DER 12/07/2018), 295 contribuições, fazendo jus, portanto, à concessão de aposentadoria por idade desde a referida data, com uma renda mensal inicial de 94% do salário-de-benefício, nos termos dos arts. 48 e 50 da Lei n.o8.213/91. Ressalte-se que, no caso de aposentadoria por idade com cômputo de tempo posterior à Lei 9.876/99, há incidência do fator previdenciário no cálculo do salário-de-benefício, desde que seja mais benéfico ao segurado, nos termos do art. 7o da referida lei. Por sua vez, tratando-se de atividades concomitantes, tem-se que o fator previdenciário deve incidir uma única vez, considerando o tempo de serviço/contribuição total do segurado, somadas as parcelas referentes à atividade principal e secundária, conforme entendimento do TRF da 4.a Região (TRF4, APELREEX 0002479-45.2009.404.7002, Sexta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 05/12/2012; AC n.o 5001412-62.2011.404.7204/SC, Quinta Turma, Rel. Desembargador Federal RICARDO TEIXEIRA DO VALLE PEREIRA, DJe 6/11/2012), o qual dá a interpretação adequada, teleológica e sistematicamente, à conjugação das disposições dos arts. 29 e 32 da Lei n.o 8.213, na redação dada pela Lei n.o 9.786/99. Além disso, tratando-se de atividades concomitantes, para fins de cálculo do valor do salário-de-benefício, deve ser observado o seguinte entendimento, uniformizado pela TNU no pedido de uniformização n.o 5007723-54.2011.4.04.7112, Rel. Juiz Federal João Batista Lazzari, julgado em 19.08.2015, DOU 09.10.2015: I – se os requisitos para a concessão do benefício previdenciário foram preenchidos após 01.04.2003, os salários-de-contribuição concomitantes (anteriores e posteriores a 01.04.2003) serão somados e limitados ao teto; II – se os requisitos para a concessão do benefício previdenciário foram preenchidos até 01.04.2003, e tendo ele sido requerido até essa data, deve ser aplicado o art. 32 da Lei n.o8.213/91, nos seguintes termos: se o segurado preencheu todos os requisitos para a concessão do benefício previdenciário em uma das atividades, ela será considerada a atividade principal; se o segurado não satisfizer, em nenhuma das atividades, individualmente consideradas, as condições do benefício requerido, a atividade principal será aquela com salários-de-contribuição economicamente mais vantajosos. Em face da natureza alimentar do benefício em apreço, constata-se a urgência do pedido da parte autora, impondo-se, portanto, a concessão, de ofício, da antecipação dos efeitos da tutela. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto: I – julgo procedente o pedido da parte autora, condenando o INSS: a) a considerar no tempo de contribuição da parte autora, inclusive para a carência, os tempos de atividade rural dos períodos de 29/04/1983 a 30/08/1986, 01/09/1989 a 08/11/1989, 28/11/1989 a 15/03/1990, 04/09/1990 a 01/04/1991, 13/08/1991 a 10/03/1992, 07/09/1992 a 05/11/1992, 09/11/1992 a 15/02/1993, 29/08/1994 a 05/12/1994, 18/08/1995 a 08/03/1997, 18/08/1997 a 08/01/1998, 09/09/2002 a 23/12/2002, 21/08/2003 a 17/01/2004, 16/08/2004 a 01/02/2005, 12/09/2005 a 14/01/2006, 28/08/2006 a 26/01/2007, 27/08/2007 a 29/02/2008, 01/09/2008 a 09/03/2009, 30/08/2010 a 24/01/2011, 08/09/2011 a 26/03/2012, 03/09/2012 a 22/01/2013, 09/09/2013 a 14/02/2014, 01/09/2014 a 09/04/2015, 10/08/2015 a 03/03/2016, 30/08/2016 a 14/11/2016 e 28/08/2017 a 12/01/2018, bem como o período de gozo de auxílio-doença de 25/01/2011 a 23/08/2011; b) a implantar o benefício abaixo identificado: NOME DO SEGURADO SEVERINO GABRIEL DA SILVA ESPÉCIE DE BENEFÍCIO Aposentadoria por idade (94%) NÚMERO DO BENEFÍCIO 41/184.642.050-1 DIB 12.07.2018 DIP 01.08.2019 RMI R$ 1.146,13 (um mil, cento e quarenta e seis reais e treze centavos) RMI ATUAL R$ 1.155,75 (um mil, cento e cinquenta e cinco reais e setenta e cinco centavos) c) ao pagamento, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação, das parcelas vencidas do mencionado benefício, de 12.07.2018 a 31.07.2019, com a incidência de correção monetária e juros de mora nos termos indicados abaixo (em relação aos cálculos judiciais), conforme planilha elaborada pelo Setor de Cálculos dos Juizados Especiais Federais da SJPB em João Pessoa, a qual homologo como parte integrante desta sentença. II - e antecipo, de ofício, os efeitos da tutela jurisdicional final, determinando que o INSS implante, em 10 (dez) dias, o benefício ora concedido, com efeitos financeiros a partir da DIP, através de intimação dirigida à APSADJ, comprovando nos autos o cumprimento da medida. Em relação aos cálculos judiciais acima homologados, em face dos entendimentos firmados pelo Plenário do STF no julgamento, em sede de repercussão geral (Tema n.o 810), do RE n.o 870.947/SE, pelo STJ, em sede de recurso repetitivo (Tema n.o 905), no REsp n.o 1.495.146/MG, e pela TNU no PEDILEF n.o 0002462-54.2009.4.03.6317, nas ações envolvendo benefícios previdenciários do RGPS e benefícios assistenciais da LOAS, incide correção monetária pelo INPC, a partir de 09/2006, nos termos do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente, e incidem juros de mora segundo o índice de juros de mora aplicado às cadernetas de poupança, estes nos termos do art. 1.o-F, da Lei n.o 9.494/97, na redação dada pela Lei n.o 11.960/09, a partir de 07/2009, aplicando-se o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente quanto aos juros de mora e à atualização monetária em relação ao período anterior a esses marcos temporais. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 17 da Lei n.o 10.259/2001 e da legislação então vigente sobre o pagamento de créditos e cumprimento de ordens judiciais pela Fazenda Pública, a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de pagar no prazo e forma legais, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação (a qual só pode atingir prestações vencidas no momento da propositura da ação, nos termos do entendimento da TNU - PEDILEF 00090195320094013200, Relator Juiz José Eduardo do Nascimento, DOU 07.10.2011). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o 9.099/95. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. Emiliano Zapata de Miranda Leitão Juiz Federal Titular da 13.a Vara da SJPB
VOTO – EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. REQUISITOS PREENCHIDOS. RECURSO DO ENTE PÚBLICO DESPROVIDO. 1. Trata-se de ação proposta contra o INSS por meio da qual a parte autora postula a concessão de aposentadoria por idade rural. 2. A sentença julgou parcialmente procedente o pedido, condenando o INSS: a) a considerar no tempo de contribuição da parte autora, inclusive para a carência, os tempos de atividade rural dos períodos de 29/04/1983 a 30/08/1986, 01/09/1989 a 08/11/1989, 28/11/1989 a 15/03/1990, 04/09/1990 a 01/04/1991, 13/08/1991 a 10/03/1992, 07/09/1992 a 05/11/1992, 09/11/1992 a 15/02/1993, 29/08/1994 a 05/12/1994, 18/08/1995 a 08/03/1997, 18/08/1997 a 08/01/1998, 09/09/2002 a 23/12/2002, 21/08/2003 a 17/01/2004, 16/08/2004 a 01/02/2005, 12/09/2005 a 14/01/2006, 28/08/2006 a 26/01/2007, 27/08/2007 a 29/02/2008, 01/09/2008 a 09/03/2009, 30/08/2010 a 24/01/2011, 08/09/2011 a 26/03/2012, 03/09/2012 a 22/01/2013, 09/09/2013 a 14/02/2014, 01/09/2014 a 09/04/2015, 10/08/2015 a 03/03/2016, 30/08/2016 a 14/11/2016 e 28/08/2017 a 12/01/2018, bem como o período de gozo de auxílio-doença de 25/01/2011 a 23/08/2011 e b) implantar o benefício de aposentadoria por idade com DIB na DER (12.07.2018). 3. Em suas razões recursais o ente público pugna pela reforma da sentença alegando que o enquadramento dos períodos elencados na sentença como rurais não encontra respaldo legal. Aduz que a profissão de tratorista não pode ser considerada como rural, mas sim urbana, mesmo que exercida em área rural. Requer, ainda, a aplicação da Súmula 111 do STJ. 4. Extrai-se da sentença o seguinte: “A parte autora requer a concessão de aposentadoria por idade rural, com efeitos retroativos à data do requerimento administrativo (NB 185.667.394-1, DER 12/07/2018 – fl. 03 do anexo 01), mediante o cômputo dos tempos de serviço/contribuição na qualidade de empregado rural indicados na tabela do anexo 14. A aposentadoria por idade possui redução do requisito etário, 60 anos de idade para o homem e 55 anos de idade para a mulher, no caso de trabalhadores rurais (segurados especiais ou empregados rurais), nos termos do §1o do art. 48 da Lei n.o8.213/91. Conforme se depreende do estabelecido nos §2o e 3o do referido dispositivo legal, a redução do requisito etário demanda que o preenchimento do período de carência seja integralizado tão somente com o exercício de atividade rural. Logo, caso o segurado possua tempos de serviço de natureza urbana e deseje computá-los no cálculo do seu tempo de contribuição, a redução etária não será aplicável, de modo que ele deverá possuir 65 anos de idade, se homem, ou 60 anos de idade, se mulher, nos termos do caput do art. 48 da Lei n.o8.213/91. Assim, o exercício do trabalho rural de forma exclusiva como exigência para a concessão de aposentadoria por idade rural não demanda que o segurado nunca tenha exercido atividades urbanas, uma vez que tal restrição não se encontra legalmente prevista, podendo tal hipótese caracterizar um empecilho à redução etária apenas nos casos envolvendo segurado especial que tenha desempenhado atividade urbana hábil a descaracterizar a sua atividade rural como de subsistência. A parte autora preencheu o requisito etário para a concessão de aposentadoria por idade a trabalhador rural no ano de 2018 (anexo 12). Assim, o período equivalente à carência da aposentadoria rural por idade rural é de 180 meses, nos termos do art. 142 da Lei n. o 8.213/91. O INSS computou 22 anos, 2 meses e 23 dias de tempo de contribuição do autor, mas considerou apenas 96 contribuições em atividade rural para fins de carência do benefício de aposentadoria por idade rural requerida. Os períodos de atividade rural considerados foram de 02/02/1978 a 03/02/1979, 26/07/1979 a 15/09/1981, 21/01/1982 a 17/01/1983, 01/09/1986 a 27/02/1989 e 18/08/1993 a 23/08/1994 (fls. 19/23 do anexo 19). Conforme entendimento da TNU, "as anotações na CTPS constituem prova material plena para comprovação de tempo de serviço (art. 62, § 2o, I do Dec. 3.048/99), cuja desconstituição não merece ser acolhida mediante alegações vagas, mas com suporte em prova robusta" (PEDILEF 200435007213654, Juiz Federal João Bosco Costa Soares da Silva). Registre-se, ademais, que o período laborado pelo segurado empregado deve ser considerado para fins previdenciários independentemente do recolhimento das respectivas contribuições, uma vez que a sua filiação ao RGPS decorre do exercício de atividade abrangida pelo mencionado Regime, sendo obrigação exclusiva do empregador o recolhimento das referidas contribuições, não podendo o segurado empregado ficar desamparado em virtude da inadimplência do seu empregador, o que também se aplica no caso do empregador doméstico (PEDILEF 200870500184988, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, em 24.11.2011, DOU 19.12.2011). Esse entendimento, inclusive, está estabelecido na Súmula n.o75 da TNU: “A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS)”. Ademais, o próprio Conselho de Recurso da Previdência Social, no Enunciado n.o18, de 26.10.2015, dispôs que “Não se indefere benefício sob fundamento de falta de recolhimento de contribuição previdenciária quando esta obrigação for devida pelo empregador”. Consta na CTPS do autor n. 43.540, série n. 558, emitida em 28/02/1977 (fls. 08/10 do anexo 15), sem indicativo de rasura, extemporaneidade ou qualquer irregularidade, anotação do vínculo empregatício de tratorista no período de 01/09/1989 a 08/11/1989, para o empregador Marcelo H. de Albuquerque Cavalcante. Registre-se que esse vínculo empregatício está anotado numa sequência temporal correta com outros vínculos reconhecidos pelo INSS. Ainda, os vínculos empregatícios do autor reconhecidos pelo INSS, mas não computados como de atividade rural para fins de carência do benefício pretendido, constam anotados na referida CTPS, bem como em algumas provas técnicas da seguinte forma: - empresa Pessoa de Mello Ind. e Com. S/A (Usina Aliança): servente de campo de 29/04/1983 a 30/08/1986, e tratorista de 28/11/1989 a 15/03/1990, 04/09/1990 a 01/04/1991, 13/08/1991 a 10/03/1992 e 07/09/1992 a 05/11/1992 (fls. 10/11 do anexo 15); - empresa Cia. Geral de Melhoramentos: tratorista de 09/11/1992 a 15/02/1993, 29/08/1994 a 05/12/1994 e 09/09/2002 a 23/12/2002 (CTPS – fls. 13/14 do anexo 15 e PPP’s – fls. 13 do anexo 16; fls. 02/03 e 08/09 do anexo 17); - empresa Usina São José: operador de enchedeira de 21/08/2003 a 17/01/2004, 28/08/2006 a 26/01/2007, 27/08/2007 a 29/02/2008, 01/09/2008 a 09/03/2009, 30/08/2010 a 24/01/2011, 03/09/2012 a 22/01/2013, 09/09/2013 a 14/02/2014, e operador de trator de 28/08/2017 a 12/01/2018 (CTPS – fl. 14 do anexo 15, fls. 02/03 e 06 do anexo 16; e PPP’s – fls. 10/11 do anexo 17, fls. 03/10 e 12/15 do anexo 18, e fls. 09/10 do anexo 19); - empresa Usina Tabu S/A: operador de carregadeira de 18/08/1995 a 08/03/1997 (CTPS – fl. 13 do anexo 15 e PPP e LTCAT – fls. 04/06 do anexo 17); - empresa Usina Maravilhas: operador de carregadeira de 18/08/1997 a 08/01/1998 (CTPS – fl. 14 do anexo 15); - empresa Cia. Agro Industrial de Goiana: operador de carregadeira de 16/08/2004 a 01/02/2005 e 12/09/2005 a 14/01/2006 (CTPS – fl. 15 do anexo 15 e PPP – fls. 12/14 do anexo 17); - empresa LDC Bioenergia S/A: operador de máquina carregadeira de 08/09/2011 a 26/03/2012 (CTPS – fl. 03 do anexo 16 e PPP – fl. 11 do anexo 18); - empresa Usina GIASA: operador de máquina de 01/09/2014 a 09/04/2015 e 10/08/2015 a 03/03/2016 (CTPS – fl. 04 do anexo 16 e PPP – fls. 01/02 do anexo 19), - empresa UNIVALE Indústria e Comércio LTDA: tratorista de 30/08/2016 a 14/11/2016 (CTPS – fl. 04 do anexo 16 e PPP – fl. 03/04 do anexo 19). A instrução normativa IN INSS n. 77/2015, em seu art. 7o, inciso V, alínea “b”, assevera que: “V - o segurado, ainda que tenha trabalhado para empregador rural ou para empresa prestadora de serviço rural, no período anterior ou posterior à vigência da Lei no 8.213, de 1991, será considerado como filiado ao regime urbano como empregado ou contribuinte individual, conforme o caso, quando enquadrado, dentre outras, nas seguintes categorias: b) motorista, com habilitação profissional, e tratorista;” (grifo nosso) Note-se que o referido ato normativo procedeu ao enquadramento da natureza do vínculo empregatício (urbano ou rural) por categoria, e não pela natureza em si da atividade, exorbitando do seu poder disciplinar, eis que instituída para disciplinar os procedimentos e rotinas relativos a benefícios no âmbito do INSS (art. 1o), desconsiderando a natureza das coisas. O enquadramento como empregado rural não é realizado tendo em conta exclusivamente o local de trabalho e o ramo de atividade do empregador, sendo fator determinante para tal enquadramento que o trabalhador exerça atividade de natureza tipicamente rural. Nesse sentido, confira-se a ementa do julgado proferido pela Primeira Seção do STJ no RESP n.o1133662, rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJE 19.08.2010: “A Lei 5.889/73 preconizou normas reguladoras do trabalho rural, estabelecendo os critérios para definição do empregado rural, ao prever em seu art. 2o, que o empregado rural é toda pessoa física que presta serviços a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário, desenvolvendo suas atividades em propriedade rural ou prédio rústico. E, em relação ao empregador rural, o art. 3o da mencionada norma legal definiu-o como sendo "a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados", inclusive mediante a exploração industrial em estabelecimento agrário (§ 1o). 6. De acordo com a lei em referência, uma mesma empresa agroindustrial, poderia ser qualificada como empregadora rural relativamente aos seus empregados que realizavam atividade rurais, e como urbana no que tange às demais atividades desenvolvidas. 7. Sobre o tema, o Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento de que a atividade exercida pelo empregado é que define a condição deste como rural ou industriário, assentando, inclusive, que o cultivo de cana-de-açúcar para usina sucroalcooleira não constitui atividade agroindustrial, mas sim rural. Precedentes. 8. Assim, conclui-se que os empregados, que laboram no cultivo da cana-de-açúcar para empresa agroindustrial ligada ao setor alcooleiro, detém a qualidade de rurícola, o que traz como consequência a isenção do FGTS desde a edição da Lei Complementar n. 11/71 até a promulgação da Constituição Federal de 1988. Precedente: EDRESP 952052 / PE, da relatoria da Ministra Eliana Calmon, DJ 12.3.2010. 9. Recursos especiais não providos. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.” No caso, observa-se das anotações da CTPS do autor, bem como das provas técnicas indicadas acima, que os vínculos empregatícios reconhecidos pelo INSS foram na qualidade de tratorista e operador de carregadeira em fazendas agroindustriais, o que não deixa de ser atividade rural, conforme entendimento acima mencionado. Da mesma forma é a atividade de servente de campo laborada na empresa Usina Aliança, que, conforme o próprio nome sugere, e considerando a natureza desse estabelecimento empresarial (agro indústria) e o histórico profissional do autor, é indicativo de que se tratava de atividade rural. Assim, tendo em vista a natureza rural dos vínculos empregatícios do autor acima relacionados, todos devem ser computados no cálculo do benefício pretendido. Por fim, o INSS deixou de computar o período de auxílio-doença recebido pelo autor de 25/01/2011 a 23/08/2011 (NB 544.148.356-0). É permitida a contagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade se entremeado com período de contribuição, a teor do artigo 55, inciso II, da Lei no 8.213/1991 e da Súmula n.o 73 da TNU (O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a previdência social). Assim, é devido o cômputo do período de 25/01/2011 a 23/08/2011 no cálculo da aposentadoria da parte autora, eis que intercalado com os períodos contributivos de 30/08/2010 a 24/01/2011 e 08/09/2011 a 26/03/2012. Conforme planilha de tempo de serviço/contribuição em anexo, a qual homologo como parte integrante desta sentença, a parte autora possuía, na data do requerimento administrativo (DER 12/07/2018), 295 contribuições, fazendo jus, portanto, à concessão de aposentadoria por idade desde a referida data, com uma renda mensal inicial de 94% do salário-de-benefício, nos termos dos arts. 48 e 50 da Lei n.o8.213/91.”. 5. No caso, constata-se que a sentença examinou a causa sob fundamentos legais e fáticos suficientes à solução da lide, não havendo o que acrescentar as razões de decidir expostas na sentença, às quais adiro. Assim, deve ser mantida por seus próprios fundamentos. 6. Saliente-se que, conforme entendimento do STJ, “o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema” (REsp 717265, 4a T, DJU1 12/3/2007, p. 239). No mesmo sentido: “não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensos fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente de sua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir” (STF, EDcl/RE 97.558/GO, 1a T, Rel. Min. Oscar Correa, RTJ 109/1098) 7. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 8. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso do ente público, mantendo a sentença recorrida por seus próprios fundamentos, condenando-o em honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação, observada a Súmula 111 do STJ. Sem custas.
2,873
2,310
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0
13-PB
0
306.970394
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
pagamento das prestações anteriores ao ajuizamento da ação deve observar a incidência da prescrição quinquenal, nos termos do art. 1.o do Decreto n.o 20.910/32 e da Súmula n.o 85 do STJ, salvo se cuidar-se de parte autora civilmente incapaz, o que não é o caso dos autos. A parte autora requer a concessão de aposentadoria por idade rural, com efeitos retroativos à data do requerimento administrativo (NB 185.667.394-1, DER 12/07/2018 – fl. 03 do anexo 01), mediante o cômputo dos tempos de serviço/contribuição na qualidade de empregado rural indicados na tabela do anexo 14. A aposentadoria por idade possui redução do requisito etário, 60 anos de idade para o homem e 55 anos de idade para a mulher, no caso de trabalhadores rurais (segurados especiais ou empregados rurais), nos termos do §1o do art. 48 da Lei n.o8.213/91. Conforme se depreende do estabelecido nos §2o e 3o do referido dispositivo legal, a redução do requisito etário demanda que o preenchimento do período de carência seja integralizado tão somente com o exercício de atividade rural. Logo, caso o segurado possua tempos de serviço de natureza urbana e deseje computá-los no cálculo do seu tempo de contribuição, a redução etária não será aplicável, de modo que ele deverá possuir 65 anos de idade, se homem, ou 60 anos de idade, se mulher, nos termos do caput do art. 48 da Lei n.o8.213/91. Assim, o exercício do trabalho rural de forma exclusiva como exigência para a concessão de aposentadoria por idade rural não demanda que o segurado nunca tenha exercido atividades urbanas, uma vez que tal restrição não se encontra legalmente prevista, podendo tal hipótese caracterizar um empecilho à redução etária apenas nos casos envolvendo segurado especial que tenha desempenhado atividade urbana hábil a descaracterizar a sua atividade rural como de subsistência. A parte autora preencheu o requisito etário para a concessão de aposentadoria por idade a trabalhador rural no ano de 2018 (anexo 12). Assim, o período equivalente à carência da aposentadoria rural por idade rural é de 180 meses, nos termos do art. 142 da Lei n. o 8.213/91. O INSS computou 22 anos, 2 meses e 23 dias de tempo de contribuição do autor, mas considerou apenas 96 contribuições em atividade rural para fins de carência do benefício de aposentadoria por idade rural requerida. Os períodos de atividade rural considerados foram de 02/02/1978 a 03/02/1979, 26/07/1979 a 15/09/1981, 21/01/1982 a 17/01/1983, 01/09/1986 a 27/02/1989 e 18/08/1993 a 23/08/1994 (fls. 19/23 do anexo 19). Conforme entendimento da TNU, "as anotações na CTPS constituem prova material plena para comprovação de tempo de serviço (art. 62, § 2o, I do Dec. 3.048/99), cuja desconstituição não merece ser acolhida mediante alegações vagas, mas com suporte em prova robusta" (PEDILEF 200435007213654, Juiz Federal João Bosco Costa Soares da Silva). Registre-se, ademais, que o período laborado pelo segurado empregado deve ser considerado para fins previdenciários independentemente do recolhimento das respectivas contribuições, uma vez que a sua filiação ao RGPS decorre do exercício de atividade abrangida pelo mencionado Regime, sendo obrigação exclusiva do empregador o recolhimento das referidas contribuições, não podendo o segurado empregado ficar desamparado em virtude da inadimplência do seu empregador, o que também se aplica no caso do empregador doméstico (PEDILEF 200870500184988, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, em 24.11.2011, DOU 19.12.2011). Esse entendimento, inclusive, está estabelecido na Súmula n.o75 da TNU: “A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS)”. Ademais, o próprio Conselho de Recurso da Previdência Social, no Enunciado n.o18, de 26.10.2015, dispôs que “Não se indefere benefício sob fundamento de falta de recolhimento de contribuição previdenciária quando esta obrigação for devida pelo empregador”. Consta na CTPS do autor n. 43.540, série n. 558, emitida em 28/02/1977 (fls. 08/10 do anexo 15), sem indicativo de rasura, extemporaneidade ou qualquer irregularidade, anotação do vínculo empregatício de tratorista no período de 01/09/1989 a 08/11/1989, para o empregador Marcelo H. de Albuquerque Cavalcante. Registre-se que esse vínculo empregatício está anotado numa sequência temporal correta com outros vínculos reconhecidos pelo INSS. Ainda, os vínculos empregatícios do autor reconhecidos pelo INSS, mas não computados como de atividade rural para fins de carência do benefício pretendido, constam anotados na referida CTPS, bem como em algumas provas técnicas da seguinte forma: - empresa Pessoa de Mello Ind. e Com. S/A (Usina Aliança): servente de campo de 29/04/1983 a 30/08/1986, e tratorista de 28/11/1989 a 15/03/1990, 04/09/1990 a 01/04/1991, 13/08/1991 a 10/03/1992 e 07/09/1992 a 05/11/1992 (fls. 10/11 do anexo 15); - empresa Cia. Geral de Melhoramentos: tratorista de 09/11/1992 a 15/02/1993, 29/08/1994 a 05/12/1994 e 09/09/2002 a 23/12/2002 (CTPS – fls. 13/14 do anexo 15 e PPP’s – fls. 13 do anexo 16; fls. 02/03 e 08/09 do anexo 17); - empresa Usina São José: operador de enchedeira de 21/08/2003 a 17/01/2004, 28/08/2006 a 26/01/2007, 27/08/2007 a 29/02/2008, 01/09/2008 a 09/03/2009, 30/08/2010 a 24/01/2011, 03/09/2012 a 22/01/2013, 09/09/2013 a 14/02/2014, e operador de trator de 28/08/2017 a 12/01/2018 (CTPS – fl. 14 do anexo 15, fls. 02/03 e 06 do anexo 16; e PPP’s – fls. 10/11 do anexo 17, fls. 03/10 e 12/15 do anexo 18, e fls. 09/10 do anexo 19); - empresa Usina Tabu S/A: operador de carregadeira de 18/08/1995 a 08/03/1997 (CTPS – fl. 13 do anexo 15 e PPP e LTCAT – fls. 04/06 do anexo 17); - empresa Usina Maravilhas: operador de carregadeira de 18/08/1997 a 08/01/1998 (CTPS – fl. 14 do anexo 15); - empresa Cia. Agro Industrial de Goiana: operador de carregadeira de 16/08/2004 a 01/02/2005 e 12/09/2005 a 14/01/2006 (CTPS – fl. 15 do anexo 15 e PPP – fls. 12/14 do anexo 17); - empresa LDC Bioenergia S/A: operador de máquina carregadeira de 08/09/2011 a 26/03/2012 (CTPS – fl. 03 do anexo 16 e PPP – fl. 11 do anexo 18); - empresa Usina GIASA: operador de máquina de 01/09/2014 a 09/04/2015 e 10/08/2015 a 03/03/2016 (CTPS – fl. 04 do anexo 16 e PPP – fls. 01/02 do anexo 19), - empresa UNIVALE Indústria e Comércio LTDA: tratorista de 30/08/2016 a 14/11/2016 (CTPS – fl. 04 do anexo 16 e PPP – fl. 03/04 do anexo 19). A instrução normativa IN INSS n. 77/2015, em seu art. 7o, inciso V, alínea “b”, assevera que: “V - o segurado, ainda que tenha trabalhado para empregador rural ou para empresa prestadora de serviço rural, no período anterior ou posterior à vigência da Lei no 8.213, de 1991, será considerado como filiado ao regime urbano como empregado ou contribuinte individual, conforme o caso, quando enquadrado, dentre outras, nas seguintes categorias: b) motorista, com habilitação profissional, e tratorista;” (grifo nosso) Note-se que o referido ato normativo procedeu ao enquadramento da natureza do vínculo empregatício (urbano ou rural) por categoria, e não pela natureza em si da atividade, exorbitando do seu poder disciplinar, eis que instituída para disciplinar os procedimentos e rotinas relativos a benefícios no âmbito do INSS (art. 1o), desconsiderando a natureza das coisas. O enquadramento como empregado rural não é realizado tendo em conta exclusivamente o local de trabalho e o ramo de atividade do empregador, sendo fator determinante para tal enquadramento que o trabalhador exerça atividade de natureza tipicamente rural. Nesse sentido, confira-se a ementa do julgado proferido pela Primeira Seção do STJ no RESP n.o1133662, rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJE 19.08.2010: “A Lei 5.889/73 preconizou normas reguladoras do trabalho rural, estabelecendo os critérios para definição do empregado rural, ao prever em seu art. 2o, que o empregado rural é toda pessoa física que presta serviços a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário, desenvolvendo suas atividades em propriedade rural ou prédio rústico. E, em relação ao empregador rural, o art. 3o da mencionada norma legal definiu-o como sendo "a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados", inclusive mediante a exploração industrial em estabelecimento agrário (§ 1o). 6. De acordo com a lei em referência, uma mesma empresa agroindustrial, poderia ser qualificada como empregadora rural relativamente aos seus empregados que realizavam atividade rurais, e como urbana no que tange às demais atividades desenvolvidas. 7. Sobre o tema, o Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento de que a atividade exercida pelo empregado é que define a condição deste como rural ou industriário, assentando, inclusive, que o cultivo de cana-de-açúcar para usina sucroalcooleira não constitui atividade agroindustrial, mas sim rural. Precedentes. 8. Assim, conclui-se que os empregados, que laboram no cultivo da cana-de-açúcar para empresa agroindustrial ligada ao setor alcooleiro, detém a qualidade de rurícola, o que traz como consequência a isenção do FGTS desde a edição da Lei Complementar n. 11/71 até a promulgação da Constituição Federal de 1988. Precedente: EDRESP 952052 / PE, da relatoria da Ministra Eliana Calmon, DJ 12.3.2010. 9. Recursos especiais não providos. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.” No caso, observa-se das anotações da CTPS do autor, bem como das provas técnicas indicadas acima, que os vínculos empregatícios reconhecidos pelo INSS foram na qualidade de tratorista e operador de carregadeira em fazendas agroindustriais, o que não deixa de ser atividade rural, conforme entendimento acima mencionado. Da mesma forma é a atividade de servente de campo laborada na empresa Usina Aliança, que, conforme o próprio nome sugere, e considerando a natureza desse estabelecimento empresarial (agro indústria) e o histórico profissional do autor, é indicativo de que se tratava de atividade rural. Assim, tendo em vista a natureza rural dos vínculos empregatícios do autor acima relacionados, todos devem ser computados no cálculo do benefício pretendido. Por fim, o INSS deixou de computar o período de auxílio-doença recebido pelo autor de 25/01/2011 a 23/08/2011 (NB 544.148.356-0). É permitida a contagem do tempo de gozo de benefício por incapacidade se entremeado com período de contribuição, a teor do artigo 55, inciso II, da Lei no 8.213/1991 e da Súmula n.o 73 da TNU (O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a previdência social). Assim, é devido o cômputo do período de 25/01/2011 a 23/08/2011 no cálculo da aposentadoria da parte autora, eis que intercalado com os períodos contributivos de 30/08/2010 a 24/01/2011 e 08/09/2011 a 26/03/2012. Conforme planilha de tempo de serviço/contribuição em anexo, a qual homologo como parte integrante desta sentença, a parte autora possuía, na data do requerimento administrativo (DER 12/07/2018), 295 contribuições, fazendo jus, portanto, à concessão de aposentadoria por idade desde a referida data, com uma renda mensal inicial de 94% do salário-de-benefício, nos termos dos arts. 48 e 50 da Lei n.o8.213/91. Ressalte-se que, no caso de aposentadoria por idade com cômputo de tempo posterior à Lei 9.876/99, há incidência do fator previdenciário no cálculo do salário-de-benefício, desde que seja mais benéfico ao segurado, nos termos do art. 7o da referida lei. Por sua vez, tratando-se de atividades concomitantes, tem-se que o fator previdenciário deve incidir uma única vez, considerando o tempo de serviço/contribuição total do segurado, somadas as parcelas referentes à atividade principal e secundária, conforme entendimento do TRF da 4.a Região (TRF4, APELREEX 0002479-45.2009.404.7002, Sexta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 05/12/2012; AC n.o 5001412-62.2011.404.7204/SC, Quinta Turma, Rel. Desembargador Federal RICARDO TEIXEIRA DO VALLE PEREIRA, DJe 6/11/2012), o qual dá a interpretação adequada, teleológica e sistematicamente, à conjugação das disposições dos arts. 29 e 32 da Lei n.o 8.213, na redação dada pela Lei n.o 9.786/99. Além disso, tratando-se de atividades concomitantes, para fins de cálculo do valor do salário-de-benefício, deve ser observado o seguinte entendimento, uniformizado pela TNU no pedido de uniformização n.o 5007723-54.2011.4.04.7112, Rel. Juiz Federal João Batista Lazzari, julgado em 19.08.2015, DOU 09.10.2015: I – se os requisitos para a concessão do benefício previdenciário foram preenchidos após 01.04.2003, os salários-de-contribuição concomitantes (anteriores e posteriores a 01.04.2003) serão somados e limitados ao teto; II – se os requisitos para a concessão do benefício previdenciário foram preenchidos até 01.04.2003, e tendo ele sido requerido até essa data, deve ser aplicado o art. 32 da Lei n.o8.213/91, nos seguintes termos: se o segurado preencheu todos os requisitos para a concessão do benefício previdenciário em uma das atividades, ela será considerada a atividade principal; se o segurado não satisfizer, em nenhuma das atividades, individualmente consideradas, as condições do benefício requerido, a atividade principal será aquela com salários-de-contribuição economicamente mais vantajosos. Em face da natureza alimentar do benefício em apreço, constata-se a urgência do pedido da parte autora, impondo-se, portanto, a concessão, de ofício, da antecipação dos efeitos da tutela. Entendo que a renda mensal da parte autora, que conforme se depreende dos elementos que acompanham a inicial, é presumidamente não superior ao teto dos benefícios para a Previdência Social no RGPS, permite a aplicação da presunção, por simples declaração nos autos, de que se encontre em situação que não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do próprio sustento ou da família, razão pela qual defiro o pedido de justiça gratuita por ela formulado. Ante o exposto: I – julgo procedente o pedido da parte autora, condenando o INSS: a) a considerar no tempo de contribuição da parte autora, inclusive para a carência, os tempos de atividade rural dos períodos de 29/04/1983 a 30/08/1986, 01/09/1989 a 08/11/1989, 28/11/1989 a 15/03/1990, 04/09/1990 a 01/04/1991, 13/08/1991 a 10/03/1992, 07/09/1992 a 05/11/1992, 09/11/1992 a 15/02/1993, 29/08/1994 a 05/12/1994, 18/08/1995 a 08/03/1997, 18/08/1997 a 08/01/1998, 09/09/2002 a 23/12/2002, 21/08/2003 a 17/01/2004, 16/08/2004 a 01/02/2005, 12/09/2005 a 14/01/2006, 28/08/2006 a 26/01/2007, 27/08/2007 a 29/02/2008, 01/09/2008 a 09/03/2009, 30/08/2010 a 24/01/2011, 08/09/2011 a 26/03/2012, 03/09/2012 a 22/01/2013, 09/09/2013 a 14/02/2014, 01/09/2014 a 09/04/2015, 10/08/2015 a 03/03/2016, 30/08/2016 a 14/11/2016 e 28/08/2017 a 12/01/2018, bem como o período de gozo de auxílio-doença de 25/01/2011 a 23/08/2011; b) a implantar o benefício abaixo identificado: NOME DO SEGURADO SEVERINO GABRIEL DA SILVA ESPÉCIE DE BENEFÍCIO Aposentadoria por idade (94%) NÚMERO DO BENEFÍCIO 41/184.642.050-1 DIB 12.07.2018 DIP 01.08.2019 RMI R$ 1.146,13 (um mil, cento e quarenta e seis reais e treze centavos) RMI ATUAL R$ 1.155,75 (um mil, cento e cinquenta e cinco reais e setenta e cinco centavos) c) ao pagamento, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação, das parcelas vencidas do mencionado benefício, de 12.07.2018 a 31.07.2019, com a incidência de correção monetária e juros de mora nos termos indicados abaixo (em relação aos cálculos judiciais), conforme planilha elaborada pelo Setor de Cálculos dos Juizados Especiais Federais da SJPB em João Pessoa, a qual homologo como parte integrante desta sentença. II - e antecipo, de ofício, os efeitos da tutela jurisdicional final, determinando que o INSS implante, em 10 (dez) dias, o benefício ora concedido, com efeitos financeiros a partir da DIP, através de intimação dirigida à APSADJ, comprovando nos autos o cumprimento da medida. Em relação aos cálculos judiciais acima homologados, em face dos entendimentos firmados pelo Plenário do STF no julgamento, em sede de repercussão geral (Tema n.o 810), do RE n.o 870.947/SE, pelo STJ, em sede de recurso repetitivo (Tema n.o 905), no REsp n.o 1.495.146/MG, e pela TNU no PEDILEF n.o 0002462-54.2009.4.03.6317, nas ações envolvendo benefícios previdenciários do RGPS e benefícios assistenciais da LOAS, incide correção monetária pelo INPC, a partir de 09/2006, nos termos do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente, e incidem juros de mora segundo o índice de juros de mora aplicado às cadernetas de poupança, estes nos termos do art. 1.o-F, da Lei n.o 9.494/97, na redação dada pela Lei n.o 11.960/09, a partir de 07/2009, aplicando-se o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente quanto aos juros de mora e à atualização monetária em relação ao período anterior a esses marcos temporais. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 17 da Lei n.o 10.259/2001 e da legislação então vigente sobre o pagamento de créditos e cumprimento de ordens judiciais pela Fazenda Pública, a fim de que a parte ré adote as providências necessárias ao cumprimento da obrigação de pagar no prazo e forma legais, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos na data da propositura da ação (a qual só pode atingir prestações vencidas no momento da propositura da ação, nos termos do entendimento da TNU - PEDILEF 00090195320094013200, Relator Juiz José Eduardo do Nascimento, DOU 07.10.2011). Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o . Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. Emiliano Zapata de Miranda Leitão Juiz Federal Titular da 13.a Vara da SJPB
NÃO PROVIMENTO
0506661-33.2019.4.05.8200
2019-05-13 00:00:00
APS BAYEUX (13.001.010) (29.979.036/0751-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-29 11:38:31
Sentença - Auxílio-doença - Improcedente
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
3
PB017101
SENTENÇA Dispensado o relatório, (art. 1o da Lei n. 10.259/2001 c/c art. 38 da Lei n. 9.099/95), fundamento e decido. A presente ação foi ajuizada visando ao restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença, cessado em 18.04.2019, e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Por essa razão, indefiro o pedido de complementação do laudo (anexo 12). O laudo da perícia judicial atesta que o(a) autor(a) é portador(a) de “linfoma não-Hodgkin difuso, pequenas células (difuso)”. A conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho, é de que existe limitação leve que não impede o exercício da atividade profissional declarada (vigilante). No anexo 12, o promovente impugnou o laudo pericial. No entanto, a perícia judicial não pode ser desconsiderada por mero inconformismo da parte interessada. As alegações do demandante não desqualificam a conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho. Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora não revelam a presença de doença/quadro clínico atual mais grave do que o identificado pelo perito, situação que, eventualmente, poderia fragilizar o laudo pericial. Ressalte-se que ser portadora de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Portanto, não havendo incapacidade atual, a autora não faz jus ao benefício de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE) ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
VOTO EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO POR INCAPACIDADE (AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. LIMITAÇÃO EM GRAU LEVE. REQUISITO DA INCAPACIDADE NÃO PREENCHIDO. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS 1. Cuida-se de pedido de concessão/restabelecimento de benefício previdenciário por incapacidade (auxílio-doença/aposentadoria por invalidez), julgado improcedente. 2. O recorrente requer a concessão do auxílio-doença c/c pedido de aposentadoria por invalidez desde a data do requerimento administrativo/cessação do benefício. Requer a complementação de laudo pericial ou realização de nova perícia. 3. Na hipótese dos autos, não há justificativa para produção de provas, uma vez que a perícia médica foi conclusiva, reportando-se às condições de capacidade para o trabalho como a principal prova norteadora das conclusões do decisum, detalhando, inclusive, os exames médicos e a situação física do periciado. 4. Colhe-se da sentença: “O laudo da perícia judicial atesta que o(a) autor(a) é portador(a) de “linfoma não-Hodgkin difuso, pequenas células (difuso)”. A conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho, é de que existe limitação leve que não impede o exercício da atividade profissional declarada (vigilante).” 5. Em conclusão, o perito atestou que o autor apresenta “patologia (s) com boa resposta terapêutica e estabilizada (s) –sem agravamento evidente no presente exame.” 6. Além disso, conforme entendimento do STJ, “o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema” (REsp 717265, 4a T, DJU1 12/3/2007, p. 239). No mesmo sentido: “não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensos fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente de sua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir” (STF, EDcl/RE 97.558/GO, 1a T, Rel. Min. Oscar Correa, RTJ 109/1098). 7. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 8. Estão expressamente prequestionados todos os dispositivos indicados pelas partes nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos e art. 15, caput, da Lei no 10.259, de 12.07.2001. 9. Assim, nega-se provimento ao recurso da parte autora. 10. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos e os acima expostos, condenando a parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, ante a concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
437
535
0
0
7-PB
1
108.074664
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
fundamento e decido. A presente ação foi ajuizada visando ao restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença, cessado em 18.04.2019, e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Por essa razão, indefiro o pedido de complementação do laudo (anexo 12). O laudo da perícia judicial atesta que o(a) autor(a) é portador(a) de “linfoma não-Hodgkin difuso, pequenas células (difuso)”. A conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho, é de que existe limitação leve que não impede o exercício da atividade profissional declarada (vigilante). No anexo 12, o promovente impugnou o laudo pericial. No entanto, a perícia judicial não pode ser desconsiderada por mero inconformismo da parte interessada. As alegações do demandante não desqualificam a conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho. Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora não revelam a presença de doença/quadro clínico atual mais grave do que o identificado pelo perito, situação que, eventualmente, poderia fragilizar o laudo pericial. Ressalte-se que ser portadora de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Portanto, não havendo incapacidade atual, a autora não faz jus ao benefício de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE) ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
NÃO PROVIMENTO
0502919-94.2019.4.05.8201
2019-03-27 00:00:00
APS CAMPINA GRANDE - DINAMÉRICA - FLORIANO PEIXOTO (13.021.030) (29.979.036/0156-87) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-19 14:29:36
Sentença - Auxílio-doença
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - RECURSO DO INSS DESPROVIDO
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,095
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Aposentadoria por Invalidez
3
PB024119
SENTENÇA Dispensado o relatório por força do disposto no art. 1o da Lei no 10.259/01, combinado com o caput, do art. 38, da Lei no 9.099/95, bastando dizer que se trata de demanda promovida por Tânia Maria Maximino Rodrigues de Queiroz em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Passo à fundamentação. FUNDAMENTAÇÃO Postula-se o restabelecimento do benefício de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez. Dos Requisitos do auxílio doença e da aposentadoria por invalidez Analisando o mérito, temos que para o deferimento do pedido de concessão do auxílio-doença, nos moldes do art. 59 da Lei no 8.213/91, é necessário comprovar a parte autora sua qualidade de segurada do RGPS, o cumprimento do período de carência (doze contribuições mensais), ressalvados os casos elencados no art. 26, II daquele diploma legal, e a incapacidade temporária por mais de 15 (quinze) dias consecutivos para o desempenho de seu trabalho ou atividade habitual. Por outro lado, para a concessão da aposentadoria por invalidez, segundo os requisitos instituídos pelo art. 42 da LBPS, deve-se comprovar, além da qualidade de segurado e do cumprimento do mesmo período de carência, a incapacidade permanente para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência. DA QUALIDADE DE SEGURADO E DO PERÍODO DE CARÊNCIA Trata-se de pedido de restabelecimento de auxílio-doença (NB: 625.363.424-4) com data de início em 17/10/2018 (DIB) e cessado em 17/02/2019 (DCB). Uma vez comprovado que a incapacidade subsiste, resta irrefutável a manutenção da qualidade de segurado, bem como satisfeito o período de carência exigido pelo inciso I do art. 25 da Lei no 8.213/91. Ademais, em razão da presunção de legalidade de que se revestem os atos administrativos, faz inferir ter sido o cumprimento do período de carência previamente aferido e reconhecido pela administração previdenciária. DA INCAPACIDADE LABORAL Com relação à incapacidade laboral, o laudo médico pericial (anexo 25) atesta que a parte autora é portadora de “Protrusão discal lombar em L4-L5 e L5-S1”. Relatou o perito que a patologia da qual a parte autora é portadora causa incapacidade parcial e temporária para o exercício de suas atividades laborais. Questionado se a continuidade das atividades laborais do autor poderia agravar o seu estado de saúde, o perito afirmou: “Sim. Pois na função da autora (merendeira) há sobrecarga de peso e postura antiergonômica para a coluna vertebral.” Sobre as condições e tempo necessários para o restabelecimento, o perito afirmou: “Se a autora continuar com o tratamento medicamentoso e fizer um tratamento fisioterápico regular em seis meses a partir da data desta pericia medica terá sua capacidade laboral restabelecida”. Perícia realizada em 28/05/2019. Acolho, pois, as conclusões periciais. Destaque-se que a incapacidade caracteriza-se, conforme a prova pericial produzida neste juízo, por ser temporária, situação que, por ora, torna incabível o pedido formulado pela parte autora de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. Desta forma, conjugando os documentos jungidos aos autos com a prova colhida neste juízo, entendo que a parte autora faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, a contar da data da cessação administrativa (DCB – 17/02/2019), durante 6 (seis) meses a partir da implantação do benefício. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo PROCEDENTE o pedido para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença da parte autora (NB: 625.363.424-4), bem como a pagar as prestações em atraso, a partir da data de cessação administrativa (17/02/2019), por 6 (seis) meses após a implantação do benefício. Desta feita, declaro o feito resolvido, com resolução do mérito, segundo art. 487, I, CPC/2015. Condeno o réu ao pagamento das parcelas vencidas e em atraso, acrescido dos juros de mora e correção monetária, a contar da citação, em conformidade com o recomendado pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução n. 267/2013, editada pelo Conselho da Justiça Federal, nos valores encontrados pela Contadoria deste Juízo, conforme planilha anexa, que é parte integrante desta sentença. Nos termos do art. 497 do Código de Processo Civil, determino que o INSS proceda à imediata implantação do benefício ora deferido em favor da parte demandante. Fixo o prazo de 10 (dez) dias úteis para o cumprimento da medida, com a devida informação ao Juízo, sob pena de multa-diária a ser fixada em caso de descumprimento. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria com fito de realizar os cálculos. Ato contínuo, dê-se vista às partes, pelo prazo de 10 (dez) dias, da planilha elaborada. Não havendo impugnação, homologo, desde já, os cálculos em comento, para posterior expedição da requisição de pagamento, observada a eventual renúncia do crédito excedente a 60 salários mínimos. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c artigos 98 e 99 do CPC/2015, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Intimações necessárias por meio eletrônico. Cumpridas as determinações contidas nos itens acima, dê-se baixa e arquivem-se. Campina Grande, data supra.
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. SENTENÇA PROCEDENTE. PRETENSÃO RECURSAL A NÃO INCIDÊNCIA DO BENEFÍCIO EM PERÍODO TRABALHADO. INDEFERIMENTO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 72 DA TNU. RECURSO DO INSS DESPROVIDO. 1. Sentença de procedência, determinando a concessão de aposentadoria por invalidez a partir da data de cessação do benefício na esfera administrativa. O INSS recorrente requer a reforma da sentença para que seja julgado improcedente o pleito autoral. Requer, ainda, que seja determinado o desconto das parcelas recebidas a título de remuneração, conforme CNIS da parte autora, a fim de que não haja pagamento em duplicidade. Requer-se, ainda, reforma no critério de correção monetária adotado. 2. Colhe-se da sentença, o seguinte trecho: “Com relação à incapacidade laboral, o laudo médico pericial (anexo 25) atesta que a parte autora é portadora de “Protrusão discal lombar em L4-L5 e L5-S1”. Relatou o perito que a patologia da qual a parte autora é portadora causa incapacidade parcial e temporária para o exercício de suas atividades laborais. Questionado se a continuidade das atividades laborais do autor poderia agravar o seu estado de saúde, o perito afirmou: “Sim. Pois na função da autora (merendeira) há sobrecarga de peso e postura antiergonômica para a coluna vertebral.” Sobre as condições e tempo necessários para o restabelecimento, o perito afirmou: “Se a autora continuar com o tratamento medicamentoso e fizer um tratamento fisioterápico regular em seis meses a partir da data desta pericia medica terá sua capacidade laboral restabelecida”. Perícia realizada em 28/05/2019. Acolho, pois, as conclusões periciais. Destaque-se que a incapacidade caracteriza-se, conforme a prova pericial produzida neste juízo, por ser temporária, situação que, por ora, torna incabível o pedido formulado pela parte autora de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. Desta forma, conjugando os documentos jungidos aos autos com a prova colhida neste juízo, entendo que a parte autora faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, a contar da data da cessação administrativa (DCB – 17/02/2019), durante 6 (seis) meses a partir da implantação do benefício.” 3. Quanto ao pedido de exclusão das parcelas do benefício relativas aos períodos em que houve atividade laboral remunerada, tal ponto se aplica o disposto na Súmula 72 da TNU: “É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou”. 4. Ante os fundamentos expostos na decisão, suficientes à solução da lide, não merece prosperar o recurso do ente público, razão pela qual se mantém a sentença pelos seus próprios fundamentos. 5. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 6. Relativamente à aplicação do art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/2009, esta TR, no julgamento de recurso ordinário interposto nos Processo nos 0503667-71.2015.4.05.8200 e 0500333-29.2015.4.05.8200, entendeu “inconstitucional a utilização da Taxa Referencial como índice de correção monetária a ser aplicável às condenações judiciais impostas à Fazenda Pública”, definindo, quanto à matéria, que “devem ser aplicados os índices de correção monetária previstos no Manual de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal (INPC, IPCA-E, SELIC, conforme o caso)” e “com relação à taxa de juros de mora aplicável às condenações, deve ser observado o Manual de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal que dispõe que deve ser aplicada a disciplina prevista no art. 1o-F da Lei n. 9.494/97, com as modificações operadas pela Lei n. 11.960/2009 (e, a partir de 2012, também com as modificações determinadas pela MP n. 567/2012, convertida na Lei n. 12.703/2012)”. 7. Tal linha de entendimento restou confirmada pelo STF, em sede de repercussão geral, no julgamento do RE no 870.947/SE, que firmou a tese no sentido de que o art. 1o-F da Lei no 9.494/97, com a redação dada pela Lei no 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5o, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. 8. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso do ente público, mantendo a sentença por seus próprios fundamentos e os acima expostos. Condenando o recorrente em honorários advocatícios fixados em 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação com observação da Súmula 111 do STJ. Sem custas.
815
828
0
0
9-PB
0
145.112222
NÃO PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
bastando dizer que se trata de demanda promovida por Tânia Maria Maximino Rodrigues de Queiroz em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Passo à fundamentação. FUNDAMENTAÇÃO Postula-se o restabelecimento do benefício de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez. Dos Requisitos do auxílio doença e da aposentadoria por invalidez Analisando o mérito, temos que para o deferimento do pedido de concessão do auxílio-doença, nos moldes do art. 59 da Lei no 8.213/91, é necessário comprovar a parte autora sua qualidade de segurada do RGPS, o cumprimento do período de carência (doze contribuições mensais), ressalvados os casos elencados no art. 26, II daquele diploma legal, e a incapacidade temporária por mais de 15 (quinze) dias consecutivos para o desempenho de seu trabalho ou atividade habitual. Por outro lado, para a concessão da aposentadoria por invalidez, segundo os requisitos instituídos pelo art. 42 da LBPS, deve-se comprovar, além da qualidade de segurado e do cumprimento do mesmo período de carência, a incapacidade permanente para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência. DA QUALIDADE DE SEGURADO E DO PERÍODO DE CARÊNCIA Trata-se de pedido de restabelecimento de auxílio-doença (NB: 625.363.424-4) com data de início em 17/10/2018 (DIB) e cessado em 17/02/2019 (DCB). Uma vez comprovado que a incapacidade subsiste, resta irrefutável a manutenção da qualidade de segurado, bem como satisfeito o período de carência exigido pelo inciso I do art. 25 da Lei no 8.213/91. Ademais, em razão da presunção de legalidade de que se revestem os atos administrativos, faz inferir ter sido o cumprimento do período de carência previamente aferido e reconhecido pela administração previdenciária. DA INCAPACIDADE LABORAL Com relação à incapacidade laboral, o laudo médico pericial (anexo 25) atesta que a parte autora é portadora de “Protrusão discal lombar em L4-L5 e L5-S1”. Relatou o perito que a patologia da qual a parte autora é portadora causa incapacidade parcial e temporária para o exercício de suas atividades laborais. Questionado se a continuidade das atividades laborais do autor poderia agravar o seu estado de saúde, o perito afirmou: “Sim. Pois na função da autora (merendeira) há sobrecarga de peso e postura antiergonômica para a coluna vertebral.” Sobre as condições e tempo necessários para o restabelecimento, o perito afirmou: “Se a autora continuar com o tratamento medicamentoso e fizer um tratamento fisioterápico regular em seis meses a partir da data desta pericia medica terá sua capacidade laboral restabelecida”. Perícia realizada em 28/05/2019. Acolho, pois, as conclusões periciais. Destaque-se que a incapacidade caracteriza-se, conforme a prova pericial produzida neste juízo, por ser temporária, situação que, por ora, torna incabível o pedido formulado pela parte autora de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. Desta forma, conjugando os documentos jungidos aos autos com a prova colhida neste juízo, entendo que a parte autora faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença, a contar da data da cessação administrativa (DCB – 17/02/2019), durante 6 (seis) meses a partir da implantação do benefício. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo PROCEDENTE o pedido para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença da parte autora (NB: 625.363.424-4), bem como a pagar as prestações em atraso, a partir da data de cessação administrativa (17/02/2019), por 6 (seis) meses após a implantação do benefício. Desta feita, declaro o feito resolvido, com resolução do mérito, segundo art. 487, I, CPC/2015. Condeno o réu ao pagamento das parcelas vencidas e em atraso, acrescido dos juros de mora e correção monetária, a contar da citação, em conformidade com o recomendado pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução n. 267/2013, editada pelo Conselho da Justiça Federal, nos valores encontrados pela Contadoria deste Juízo, conforme planilha anexa, que é parte integrante desta sentença. Nos termos do art. 497 do Código de Processo Civil, determino que o INSS proceda à imediata implantação do benefício ora deferido em favor da parte demandante. Fixo o prazo de 10 (dez) dias úteis para o cumprimento da medida, com a devida informação ao Juízo, sob pena de multa-diária a ser fixada em caso de descumprimento. Após o trânsito em julgado, remetam-se os autos à Contadoria com fito de realizar os cálculos. Ato contínuo, dê-se vista às partes, pelo prazo de 10 (dez) dias, da planilha elaborada. Não havendo impugnação, homologo, desde já, os cálculos em comento, para posterior expedição da requisição de pagamento, observada a eventual renúncia do crédito excedente a 60 salários mínimos. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei c/c artigos 98 e 99 do CPC/2015, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora. Intimações necessárias por meio eletrônico. Cumpridas as determinações contidas nos itens acima, dê-se baixa e arquivem-se. Campina Grande, data supra
NÃO PROVIMENTO
0501156-61.2019.4.05.8200
2019-01-30 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) APS RIO TINTO (13.001.090) (29.979.036/0164-97) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-16 10:03:35
Sentença - improcedente
2020-03-31T15:22:15
Acórdão - Recurso desprovido
SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA
2020-03-27 09:00:00
ADRIANA CARNEIRO DA CUNHA MONTEIRO NOBREGA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,103
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Salário-Maternidade (Art. 71/73)
1
PB014463
SENTENÇA RELATÓRIO Dispensado o relatório (art. 38 da Lei 9.099/95). FUNDAMENTAÇÃO Verifico que é o caso de se indeferir o benefício pleiteado. O salário-maternidade é devido à segurada especial que comprove o exercício de atividade rural em regime de economia familiar ou de forma individual para a sua própria subsistência, ainda que de forma descontínua, durante o período de carência de dez meses anteriores ao parto ou à data do requerimento administrativo, nos termos do art. 93, cabeça e §2o, do Decreto n.o3.048/99. Há necessidade, porém, de prova documental (art. 55, § 3o da Lei n. 8.213/91), o que ratificado pela Súmula n. 149 do STJ (A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefício previdenciário). No caso dos autos, verifico, inicialmente, que a autora não trouxe aos autos provas suficientes à comprovação do exercício da atividade rural, na qualidade de segurada especial, pelo período de carência necessário ao deferimento do benefício, sendo insuficiente a prova meramente testemunhal. De fato, os documentos apresentados não são contemporâneos aos fatos que se pretende provar (considerado nascimento da criança ocorrido em 10/11/2017), não bastando à comprovação da carência pelo período exigido legalmente e sequer à comprovação da alegada qualidade de segurada especial. Com efeito, a autora, que já teve benefício anterior indeferido (anexo 10, fl. 06) apenas se filiou ao STR (filiação em 01/06/2017) e à Associação Comunitária dos Parceiros de Campart II (filiação em 03/09/2017) quando já estava em fase avançada da gravidez, sendo certo, ainda, que o contrato de comodato é datado de 23/07/2018. Registro, ainda, que a instrução demonstrou que a parte autora possui as mãos com pele fina, sem calosidades (inspeção judicial - vide áudio), o que se mostra incompatível com o alegado exercício de atividade rural como segurada especial, tanto mais quando se considera que a autora alegou sequer usar luvas. Por fim, registre-se que se mostra desnecessária a análise pormenorizada dos demais documentos constantes nos autos, pois qualquer ouro documento que eventualmente configurasse, a princípio, início de prova material da qualidade de segurada especial da autora, teria seu valor probante afastado pelos elementos de convicção acima indicados. Dessa forma, não reconheço a alegada qualidade de segurada especial da autora. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido vertido na inicial e, com isso, extingo o processo com resolução do mérito. Defiro o pedido de assistência judiciária gratuita. Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o 9.099/95. Após o trânsito em julgado, arquive-se. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. Adriana Carneiro da Cunha Monteiro Nóbrega
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. SEGURADO ESPECIAL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL RECURSO DA PARTE-AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. Cuida-se de pedido de concessão de salário-maternidade na condição de segurada especial, julgado improcedente, sendo recorrente a parte autora. 2. A parte autora alega, em sua peça recursal, que juntou aos autos vasta prova material de sua condição de trabalhadora rural, estando caracterizada a condição de segurada especial. 3. Colhe-se da sentença: “No caso dos autos, verifico, inicialmente, que a autora não trouxe aos autos provas suficientes à comprovação do exercício da atividade rural, na qualidade de segurada especial, pelo período de carência necessário ao deferimento do benefício, sendo insuficiente a prova meramente testemunhal. De fato, os documentos apresentados não são contemporâneos aos fatos que se pretende provar (considerado nascimento da criança ocorrido em 10/11/2017), não bastando à comprovação da carência pelo período exigido legalmente e sequer à comprovação da alegada qualidade de segurada especial. Com efeito, a autora, que já teve benefício anterior indeferido (anexo 10, fl. 06) apenas se filiou ao STR (filiação em 01/06/2017) e à Associação Comunitária dos Parceiros de Campart II (filiação em 03/09/2017) quando já estava em fase avançada da gravidez, sendo certo, ainda, que o contrato de comodato é datado de 23/07/2018. Registro, ainda, que a instrução demonstrou que a parte autora possui as mãos com pele fina, sem calosidades (inspeção judicial - vide áudio), o que se mostra incompatível com o alegado exercício de atividade rural como segurada especial, tanto mais quando se considera que a autora alegou sequer usar luvas. Por fim, registre-se que se mostra desnecessária a análise pormenorizada dos demais documentos constantes nos autos, pois qualquer ouro documento que eventualmente configurasse, a princípio, início de prova material da qualidade de segurada especial da autora, teria seu valor probante afastado pelos elementos de convicção acima indicados.”. 4. No caso, constata-se que a sentença examinou a causa sob fundamentos legais e fáticos suficientes à solução da lide. Não havendo documentos suficientes que comprovem a condição de segurado especial da autora, mantém-se a sentença que julgou improcedente o pedido. 5. Saliente-se que, conforme entendimento do STJ, “o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantados pelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema” (REsp 717265, 4a T, DJU1 12/3/2007, p. 239). No mesmo sentido: “não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensos fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente de sua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir” (STF, EDcl/RE 97.558/GO, 1a T, Rel. Min. Oscar Correa, RTJ 109/1098) 6. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011) 7. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, com a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos, condenando a parte autora em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais) e custas processuais, sobrestada, porém, a sua execução, diante da concessão da gratuidade judiciária, observando-se a prescrição quinquenal (art. 98, § 3o, do CPC).
452
605
0
1
13-PB
0
258.916377
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
Verifico que é o caso de se indeferir o benefício pleiteado. O salário-maternidade é devido à segurada especial que comprove o exercício de atividade rural em regime de economia familiar ou de forma individual para a sua própria subsistência, ainda que de forma descontínua, durante o período de carência de dez meses anteriores ao parto ou à data do requerimento administrativo, nos termos do art. 93, cabeça e §2o, do Decreto n.o3.048/99. Há necessidade, porém, de prova documental (art. 55, § 3o da Lei n. 8.213/91), o que ratificado pela Súmula n. 149 do STJ (A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefício previdenciário). No caso dos autos, verifico, inicialmente, que a autora não trouxe aos autos provas suficientes à comprovação do exercício da atividade rural, na qualidade de segurada especial, pelo período de carência necessário ao deferimento do benefício, sendo insuficiente a prova meramente testemunhal. De fato, os documentos apresentados não são contemporâneos aos fatos que se pretende provar (considerado nascimento da criança ocorrido em 10/11/2017), não bastando à comprovação da carência pelo período exigido legalmente e sequer à comprovação da alegada qualidade de segurada especial. Com efeito, a autora, que já teve benefício anterior indeferido (anexo 10, fl. 06) apenas se filiou ao STR (filiação em 01/06/2017) e à Associação Comunitária dos Parceiros de Campart II (filiação em 03/09/2017) quando já estava em fase avançada da gravidez, sendo certo, ainda, que o contrato de comodato é datado de 23/07/2018. Registro, ainda, que a instrução demonstrou que a parte autora possui as mãos com pele fina, sem calosidades (inspeção judicial - vide áudio), o que se mostra incompatível com o alegado exercício de atividade rural como segurada especial, tanto mais quando se considera que a autora alegou sequer usar luvas. Por fim, registre-se que se mostra desnecessária a análise pormenorizada dos demais documentos constantes nos autos, pois qualquer ouro documento que eventualmente configurasse, a princípio, início de prova material da qualidade de segurada especial da autora, teria seu valor probante afastado pelos elementos de convicção acima indicados. Dessa forma, não reconheço a alegada qualidade de segurada especial da autora. DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido vertido na inicial e, com isso, extingo o processo com resolução do mérito. Defiro o pedido de assistência judiciária gratuita. Ficam as partes exoneradas de qualquer condenação em honorários advocatícios e custas processuais em primeira instância, em face do disposto no art. 1.o da Lei n.o 10.259/2001 e no art. 55 da Lei n.o . Após o trânsito em julgado, arquive-se. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. Adriana Carneiro da Cunha Monteiro Nóbrega
NÃO PROVIMENTO
0507099-59.2019.4.05.8200
2019-05-20 00:00:00
APS JOÃO PESSOA - SUL (13.001.080) (29.979.036/0977-13) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-02 15:22:15
Sentença - Improcedente
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
INDEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
2
PB013534
SENTENÇA Dispensado o relatório, (art. 1o da Lei n. 10.259/2001 c/c art. 38 da Lei n. 9.099/95), fundamento e decido. A parte autora propõe em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a presente ação especial objetivando o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, cessado na via administrativa em 04.01.2019, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. O laudo apresentado pelo perito judicial informou que o(a) autor(a) não seria portardor(a) de qualquer patologia que limite suas atividades laborais, como dona de casa. Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora não revelam a presença de doença/quadro clínico mais grave do que o identificado pelo perito, situação que, eventualmente, poderia fragilizar o laudo pericial. Desta feita, não há qualquer documento que possa desconstituir a prova pericial produzida em Juízo, com base no exame físico, na análise da prova documental e no conhecimento técnico do perito. Ressalte-se que ser portador(a) de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Logo, não havendo incapacidade, a parte autora não faz jus ao benefício de auxílio doença/aposentadoria por invalidez. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE)
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃO EM APOSENTADORIA PORINVALIDEZ. LAUDO DESFAVORÁVEL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. A sentença foi de improcedência. Conclui o magistrado que a parte autora não faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença (cessado em 04.01.2019), em razão da ausência de incapacidade laboral. 2. O autor, trabalhador rural, nasceu em 09/1970. Em seu recurso, pugna pela concessão do benefício, sustentando que apresenta incapacidade laboral suficiente ao deferimento da pretensão. Afirma que não tem condições de trabalhar em razão de sua enfermidade. 3. O laudo pericial atesta que o recorrente “não apresenta nenhuma patologia que o limite de suas atividades laborais”. 4. De acordo com o especialista: “Baseado na histórica clínica, no exame físico e nos exames de imagem apresentados pelo periciando, concluo que o mesmo não é acometido de qualquer patologia que cause limitação para a realização de suas atividades laborais”. 5. Os argumentos do il. advogado da parte autora não foram suficientes para infirmar as conclusões do laudo pericial. Não foram demonstradas ou constatadas quaisquer imprecisões ou inconsistências do referido laudo, perceptíveis para um leigo no assunto, acerca da patologia apresentada pelo recorrente. Ademais, é de se destacar que a r. sentença não feriu os princípios que regem os juizados especiais. 6. Não resta configurado cerceamento de defesa pela não realização de audiência com o objetivo de comprovar o requisito da incapacidade, pois já restou analisado em laudo pericial suficientemente fundamentado. Segundo entendimento do STJ: “Não há falar em violação do art. 435 do CPC, por alegado cerceamento de defesa, porquanto, tendo o juiz, destinatário da prova, decidido, com base nos elementos de que dispunha, pela desnecessidade de realização de novas provas em audiência (...)” (AgRg no Ag 1378796/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 02/08/2012, DJe 10/08/2012). 7. Em tais termos, é de se manter a sentença pelos próprios fundamentos. 8. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 9. Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, mantendo a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n. 9.099/95. Condenação em honorários advocatícios fixados em R$ 1000,00 (mil reais) e custas processuais, suspensa em razão da gratuidade judiciária deferida.
353
467
0
0
7-PB
1
135.113368
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
fundamento e decido. A parte autora propõe em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a presente ação especial objetivando o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, cessado na via administrativa em 04.01.2019, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. O laudo apresentado pelo perito judicial informou que o(a) autor(a) não seria portardor(a) de qualquer patologia que limite suas atividades laborais, como dona de casa. Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora não revelam a presença de doença/quadro clínico mais grave do que o identificado pelo perito, situação que, eventualmente, poderia fragilizar o laudo pericial. Desta feita, não há qualquer documento que possa desconstituir a prova pericial produzida em Juízo, com base no exame físico, na análise da prova documental e no conhecimento técnico do perito. Ressalte-se que ser portador(a) de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Logo, não havendo incapacidade, a parte autora não faz jus ao benefício de auxílio doença/aposentadoria por invalidez. Prejudicada a análise dos demais requisitos necessários à concessão do(s) benefício(s) pretendido(s). ISSO POSTO, julgo improcedente o pedido, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE
NÃO PROVIMENTO
0511547-69.2019.4.05.8202
2019-11-13 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-16 13:09:08
Sentença - Seguro-defeso 2017/2018 - Improcedente
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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32.872315
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
0503532-11.2019.4.05.8203
2019-12-05 00:00:00
APS PRINCESA ISABEL (13.021.160) (29.979.036/0981-08) EADJ - EQUIPE DE ATENDIMENTO A DEMANDAS JUDICIAIS (70.226.583/0001-59) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2020-01-10 10:22:23
Sentença - Improcedente
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
RODRIGO MAIA DA FONTE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
2
PB012662
SENTENÇA Tipo A Dispensado o relatório por força do disposto no art. 1o da Lei n.o 10.259/01, combinado com o art. 38, caput, da Lei n.o 9.099/95, bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/01. Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
1,236
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11-PB
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36.057905
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o c/c art. 1o da Lei n.o . Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
PROVIMENTO
0509125-24.2019.4.05.8202
2019-09-23 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-30 16:19:33
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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37.257326
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
0513101-79.2018.4.05.8200
2018-09-10 00:00:00
ADJ JPS - AGÊNCIA DE DEMANDA JUDICIAL JOÃO PESSOA (66.748.241/0001-21) APS JOAO PESSOA - BELA VISTA (13.001.040) (29.979.036/0542-32) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-05-16 15:17:17
Sentença - Auxílio-doença - Procedente
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso provido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
SEM PEDIDO LIMINAR
Execução de Título Judicial
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB018105
SENTENÇA Dispensado o relatório, (art. 1o da Lei n. 10.259/2001 c/c art. 38 da Lei n. 9.099/95), fundamento e decido. A presente ação foi ajuizada visando ao restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença, cessado em 25.07.2018, e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Verifica-se, do extrato do CNIS do(a) promovente, que, ao tempo da concessão do auxílio doença que se pretende restabelecer, ele(a) possuía qualidade de segurado(a) e havia cumprido a carência exigida pela legislação vigente à época. Quanto à incapacidade, desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. O laudo pericial atesta que o(a) autor(a) é portador(a) de outros traumatismos especificados envolvendo regiões múltiplas do corpo, outros traumatismos não especificados da medula cervical, fratura do pescoço e fraturas múltiplas da coluna vertebral, enfermidades que o(a) incapacitam, temporariamente, para o exercício de sua atividade habitual (porteiro). Como o quadro de incapacidade tem caráter apenas temporário, não há, por ora, que se falar em concessão de aposentadoria por invalidez. Logo, é devida a concessão do auxílio-doença. Prejudicado o pedido de pagamento de adicional de 25%, já que não é devida a aposentadoria por invalidez. A data de início do auxílio-doença deve ser fixada na data imediatamente seguinte à DCB, pois o laudo pericial apontou, como início da incapacidade, data anterior àquela. Com relação à data da cessação do auxílio-doença, com o claro objetivo de revisar os benefícios previdenciários e assistenciais por incapacidade atualmente ativos, o governo federal editou a Lei n. 13.457, de 26 de junho de 2017 (conversão da MP n. 767, de 6 de janeiro de 2017), em vigor a contar de 27/06/2017, e que alterou o art. 60 da Lei n. 8.213/1991, definindo regras para a concessão, manutenção, revisão e reativação desses benefícios, inclusive no que diz respeito à sua duração, sejam concedidos por via judicial ou administrativa. A Lei n. 8.213, de 24 de junho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 60 (...) § 8o Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício.§ 9o Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8o, o benefício cessará após o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação junto ao INSS, na forma do regulamento, observado o disposto no art. 62.§ 10. O segurado em gozo de auxílio-doença, concedido judicial ou administrativamente, poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram a concessão ou a manutenção, observado o disposto no art. 101 desta Lei”. Sendo assim, de acordo com a nova redação do dispositivo, caberá ao juiz, sempre que possível, estimar na decisão por meio da qual conceder ou restabelecer um benefício de auxílio-doença o prazo de sua duração. Caso não haja tal estimativa, o benefício será automaticamente cancelado em 120 (cento e vinte) dias, a menos que o beneficiário pleiteie e obtenha sua prorrogação perante o INSS pela forma regulamentar cabível. No caso dos autos, o perito judicial estimou tempo médio de recuperação da capacidade laboral da parte autora em 90 dias. Portanto, dando cumprimento ao mandamento contido na nova redação do art. 60, §8o, da Lei n. 8.213/91, fixo, como estimativa para duração do benefício, o prazo de 90 dias, a contar da data de sua implantação, sem prejuízo da aplicação do §10. Por fim, verifico a urgência no pedido da parte autora, pois o benefício ora concedido tem natureza alimentar, já que é substitutivo da renda do segurado que não tem condições de exercer atividade laboral, razão pela qual deve ser deferido o pedido de antecipação dos efeitos da tutela. Ante o exposto, julgo procedente em parte o pedido, determinando: a)o restabelecimento do benefício abaixo identificado: ESPÉCIE DE BENEFÍCIO Auxílio-doença NÚMERO DO BENEFÍCIO 619.185.988-4 Data de Restabelecimento do Benefício – DRB 26.07.2018 DIP 01.05.2019 DCB 90 dias a contar da implantação RMI A ser encontrada peloINSS b) o pagamento das parcelas vencidas do auxílio-doença, desde a DRB até o dia imediatamente anterior à DIP, corrigidas e com juros de mora, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos. Antecipo em parte os efeitos da tutela, determinando que o INSS implante, em 05 dias, o auxílio-doença ora concedido, com efeitos financeiros a partir de 01.05.2019, comprovando nos autos o cumprimento da medida. Em relação aos cálculos judiciais, considerando o entendimento adotado pelo plenário do STF (em sede de repercussão geral — Tema n. 810) no julgamento do RE n. 870.947/SE, determino a incidência de correção monetária, a contar de cada competência devida, pelo IPCA-E a partir de 07/2009 e pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente em relação ao período anterior a 07/2009, como também a incidência de juros de mora, a contar da citação (súmula 204, STJ), segundo o índice aplicado às cadernetas de poupança, nesse último caso, nos termos do art. 1.o-F, da Lei n. 9.494/97, na redação dada pela Lei n. 11.960/09. Adote a Secretaria as providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais, se for o caso. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 54, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95 c/c art. 3o da Lei n. 1.060/50. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 16 da Lei 10.259/2001, a fim de que seja implantado definitivamente o benefício. Em seguida, remetam-se os autos à Seção de Cálculo para que esta, considerando a renda mensal encontrada pelo INSS, calcule o valor das parcelas vencidas. Intimadas as partes do cálculo e sem impugnação, expeça-se RPV e arquive-se o processo com baixa. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE) ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL. CONTAGEM DA DCB A PARTIR DA DATA DE REALIZAÇÃO DA PERÍCIA JUDICIAL. PRECEDENTE DO TRU DA 5a REGIÃO. RECURSO DO ENTE PÚBLICO PROVIDO. REFORMA DA SENTENÇA. 1. A sentença foi de procedência parcial, para condenar o ente público a conceder o benefício de auxílio-doença desde a DCB, além de determinar a sua manutenção pelo prazo de 90 (noventa) dias, contado da efetiva implantação. 2. O ente público recorre, impugnando apenas a DCB fixada, sustentando que o prazo de recuperação estabelecido pelo perito judicial deve ser contado da data da perícia, e não da implantação administrativa. 3. Esta Turma Recursal havia firmado o entendimento no sentido de que o prazo de recuperação indicado pelo perito judicial deveria ser fixado na data da efetiva implantação do benefício, seguindo o estatuído no art. 60, § 9o, d a Lei n.o 8.213/91. No entanto, adequando-se à jurisprudência da Turma Regional de Uniformização da 5a Região (processo de n.o 0508469-72.2016.4.05.8202), o termo inicial para contagem do referido prazo deve ser estabelecido na data da realização da perícia judicial. 4. Em tais termos, o recurso do ente público, portanto, merece provimento. 5. Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso do ente público para, reformando a sentença do JEF de origem, fixar o termo inicial do prazo de percepção do benefício, objeto da presente demanda, na data do exame pericial. Sem custas e sem honorários.
987
268
1
0
7-PB
1
247.859225
PROVIMENTO
PROCEDENTE
AGU
fundamento e decido. A presente ação foi ajuizada visando ao restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença, cessado em 25.07.2018, e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Verifica-se, do extrato do CNIS do(a) promovente, que, ao tempo da concessão do auxílio doença que se pretende restabelecer, ele(a) possuía qualidade de segurado(a) e havia cumprido a carência exigida pela legislação vigente à época. Quanto à incapacidade, desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. O laudo pericial atesta que o(a) autor(a) é portador(a) de outros traumatismos especificados envolvendo regiões múltiplas do corpo, outros traumatismos não especificados da medula cervical, fratura do pescoço e fraturas múltiplas da coluna vertebral, enfermidades que o(a) incapacitam, temporariamente, para o exercício de sua atividade habitual (porteiro). Como o quadro de incapacidade tem caráter apenas temporário, não há, por ora, que se falar em concessão de aposentadoria por invalidez. Logo, é devida a concessão do auxílio-doença. Prejudicado o pedido de pagamento de adicional de 25%, já que não é devida a aposentadoria por invalidez. A data de início do auxílio-doença deve ser fixada na data imediatamente seguinte à DCB, pois o laudo pericial apontou, como início da incapacidade, data anterior àquela. Com relação à data da cessação do auxílio-doença, com o claro objetivo de revisar os benefícios previdenciários e assistenciais por incapacidade atualmente ativos, o governo federal editou a Lei n. 13.457, de 26 de junho de 2017 (conversão da MP n. 767, de 6 de janeiro de 2017), em vigor a contar de 27/06/2017, e que alterou o art. 60 da Lei n. 8.213/1991, definindo regras para a concessão, manutenção, revisão e reativação desses benefícios, inclusive no que diz respeito à sua duração, sejam concedidos por via judicial ou administrativa. A Lei n. 8.213, de 24 de junho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 60 (...) § 8o Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício.§ 9o Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8o, o benefício cessará após o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação junto ao INSS, na forma do regulamento, observado o disposto no art. 62.§ 10. O segurado em gozo de auxílio-doença, concedido judicial ou administrativamente, poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram a concessão ou a manutenção, observado o disposto no art. 101 desta Lei”. Sendo assim, de acordo com a nova redação do dispositivo, caberá ao juiz, sempre que possível, estimar na decisão por meio da qual conceder ou restabelecer um benefício de auxílio-doença o prazo de sua duração. Caso não haja tal estimativa, o benefício será automaticamente cancelado em 120 (cento e vinte) dias, a menos que o beneficiário pleiteie e obtenha sua prorrogação perante o INSS pela forma regulamentar cabível. No caso dos autos, o perito judicial estimou tempo médio de recuperação da capacidade laboral da parte autora em 90 dias. Portanto, dando cumprimento ao mandamento contido na nova redação do art. 60, §8o, da Lei n. 8.213/91, fixo, como estimativa para duração do benefício, o prazo de 90 dias, a contar da data de sua implantação, sem prejuízo da aplicação do §10. Por fim, verifico a urgência no pedido da parte autora, pois o benefício ora concedido tem natureza alimentar, já que é substitutivo da renda do segurado que não tem condições de exercer atividade laboral, razão pela qual deve ser deferido o pedido de antecipação dos efeitos da tutela. Ante o exposto, julgo procedente em parte o pedido, determinando: a)o restabelecimento do benefício abaixo identificado: ESPÉCIE DE BENEFÍCIO Auxílio-doença NÚMERO DO BENEFÍCIO 619.185.988-4 Data de Restabelecimento do Benefício – DRB 26.07.2018 DIP 01.05.2019 DCB 90 dias a contar da implantação RMI A ser encontrada peloINSS b) o pagamento das parcelas vencidas do auxílio-doença, desde a DRB até o dia imediatamente anterior à DIP, corrigidas e com juros de mora, observada a renúncia do crédito excedente a 60 (sessenta) salários mínimos. Antecipo em parte os efeitos da tutela, determinando que o INSS implante, em 05 dias, o auxílio-doença ora concedido, com efeitos financeiros a partir de 01.05.2019, comprovando nos autos o cumprimento da medida. Em relação aos cálculos judiciais, considerando o entendimento adotado pelo plenário do STF (em sede de repercussão geral — Tema n. 810) no julgamento do RE n. 870.947/SE, determino a incidência de correção monetária, a contar de cada competência devida, pelo IPCA-E a partir de 07/2009 e pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal ora vigente em relação ao período anterior a 07/2009, como também a incidência de juros de mora, a contar da citação (súmula 204, STJ), segundo o índice aplicado às cadernetas de poupança, nesse último caso, nos termos do art. 1.o-F, da Lei n. 9.494/97, na redação dada pela Lei n. 11.960/09. Adote a Secretaria as providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais, se for o caso. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 54, parágrafo único, da Lei n. c/c art. 3o da Lei n. 1.060/50. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Após o trânsito em julgado, proceda-se na forma do art. 16 da Lei 10.259/2001, a fim de que seja implantado definitivamente o benefício. Em seguida, remetam-se os autos à Seção de Cálculo para que esta, considerando a renda mensal encontrada pelo INSS, calcule o valor das parcelas vencidas. Intimadas as partes do cálculo e sem impugnação, expeça-se RPV e arquive-se o processo com baixa. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE) ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
PROVIMENTO
0506968-78.2019.4.05.8202
2019-08-19 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-22 14:23:52
Sentença - Improcedente - SD (2017/2018)
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
0508421-11.2019.4.05.8202
2019-09-09 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-09 12:31:07
Sentença - Seguro-defeso 2017/2018 - Improcedente
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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91.127859
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
0507314-29.2019.4.05.8202
2019-08-21 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-10-30 16:18:03
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 IMPROCEDENTE
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
THIAGO BATISTA DE ATAIDE
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação.
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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70.090313
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação
PROVIMENTO
0508286-96.2019.4.05.8202
2019-09-05 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:39:57
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 - IMPROCEDENTE
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
PROVIMENTO
0508349-24.2019.4.05.8202
2019-09-06 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-29 09:31:52
Sentença - Seguro-defeso2017/2018 - Improcedente
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB023887
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
1,653
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0
15-PB
0
83.933241
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. Beatriz Ferreira de Almeida Juíza Federal
PROVIMENTO
0508606-52.2019.4.05.8201
2019-09-01 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-28 14:27:54
Sentença - Seguro-defeso
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
FLÁVIO MARCONDES SOARES RODRIGUES
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB013513
SENTENÇA RELATÓRIO Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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9-PB
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87.584653
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de Ação de Indenização c/c Dano Moral em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de duas parcelas de seguro-defeso em favor da parte autora, na qualidade de pescador(a) artesanal, referente ao período de março e abril de 2018. A parte autora alega, em síntese, que: a) é pescador artesanal e que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. b) os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. c) permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. d) mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu apenas 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso correspondentes aos meses de março e abril de 2018, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação. FUNDAMENTAÇÃO Do mérito O seguro-defeso disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. O art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Importante registrar que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso dos autos, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou inicialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Referida norma infralegal veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. De forma diversa, a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, que revogou a IN 210/2008, instituiu novo período de defeso de janeiro a abril, mas autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observa-se, que dentre as espécies exemplificativamente listadas em referida portaria, como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em síntese, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Percebe-se que administração aplicou interpretação mais favorável aos segurados pecadores pagando seguro-defeso nos meses de janeiro e fevereiro, quando estava em vigor a liberação parcial da pesca no estado da Paraíba, mas tal entendimento não pode servir como direito subjetivo do segurado de exigir o pagamento das parcelas de março e abril de 2018. Diante do exposto, não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, no que toca ao pedido de indenização de danos morais, não há provas específicas da ocorrência de constrangimentos, limitando-se o demandante a arguí-lo de forma genérica, razão pela qual não dever prosperar o pleito em referência. DISPOSITIVO Diante do exposto, julgo improcedente o pedido, declarando extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c arts. 98 e 99 do NCPC, cujos benefícios da gratuidade defiro à parte autora Registre-se. Intimem-se as partes (Lei no 10.259/01, art. 8o). Campina Grande-PB, data supra. JUIZ FEDERAL
PROVIMENTO
0502711-16.2019.4.05.8200
2019-02-25 00:00:00
APS JOÃO PESSOA - SUL (13.001.080) (29.979.036/0977-13) INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (CI) – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS E AMPARO ASSISTENCIAL (29.979.036/0001-40)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-08-29 11:38:31
Sentença - Auxílio-doença - Improcedente
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso desprovido
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES DE ABREU
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,101
Direito Previdenciário
Benefícios em Espécie
Auxílio-Doença Previdenciário
1
PB018105
SENTENÇA Dispensado o relatório, (art. 1o da Lei n. 10.259/2001 c/c art. 38 da Lei n. 9.099/95), fundamento e decido. A presente ação foi ajuizada visando ao restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença, cessado em 02.03.2018, bem como, caso comprovada a existência de invalidez permanente, sua conversão em aposentadoria por invalidez, com acréscimo de 25% estatuído no art. 45 da Lei n. 8.213/91, ou, sucessivamente, a concessão de auxílio acidente. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Por essa razão, indefiro o pedido de complementação do laudo da perícia judicial (anexo 13). O laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora é portadora de fratura da clavícula direita, com bom resultado de tratamento, enfermidade que não interfere no desempenho de sua atividade habitual, como camareira. Verifica-se, portanto, que o laudo apresentado pelo expert informa que inexiste incapacidade laboral sequer para sua atividade habitual. Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora foram minuciosamente analisados e mencionados pelo perito judicial em seu laudo. Ainda assim, a conclusão é de que a enfermidade não influi no exercício da atividade habitual. Ressalte-se que ser ou ter sido portadora de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Portanto, não havendo incapacidade atual, a autora não faz jus aos benefícios de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Prejudicado o pedido de concessão do adicional de 25% estatuído no art. 45 da Lei n. 8.213/91. Ultrapassado esse ponto, passo à análise do pedido sucessivo, de concessão de auxílio acidente. O art. 104, § 4o, inciso I do Decreto n. 3.048/99 estabelece que não dá ensejo à concessão de auxílio acidente os casos que apresentem “danos funcionais ou redução da capacidade funcional sem repercussão na capacidade laborativa”. No presente caso, o laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora sofreu fratura da clavícula direita, com bom resultado de tratamento. A conclusão do perito é de que não existe incapacidade ou limitação para o desempenho da atividade profissional declarada, como camareira, conforme respostas do perito aos quesitos do autor. No anexo 13,a promovente impugnou os laudos periciais. No entanto, a perícia judicial não pode ser desconsiderada por mero inconformismo da parte interessada. As alegações da demandante não desqualificam a conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste Juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho. Portanto, inexistindo redução da capacidade laborativa, conforme atestado no laudo da perícia judicial, bem como qualquer dado que fragilize a conclusão do perito judicial – profissional da confiança deste juízo e que possui a habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, o quadro clínico da parte autora, e a repercussão deste em sua capacidade laborativa –, a autora não faz jus ao benefício de auxílio acidente. ISSO POSTO, julgo improcedentes os pedidos, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95 c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE)
VOTO-EMENTA PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PEDIDO ALTERNATIVO DE AUXÍLIO-ACIDENTE. LAUDO DESFAVORÁVEL. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA DESPROVIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. A sentença foi de improcedência. Conclui o magistrado que a parte autora não faz jus ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença (cessado em 02.03.2018), em razão da ausência de incapacidade laboral. 2. A autora, camareira, nasceu em 03/1967. Em seu recurso, pugna pela concessão do benefício, sustentando que apresenta incapacidade laboral suficiente ao deferimento da pretensão. Afirma que não tem condições de trabalhar em razão de sua enfermidade. 3. O laudo pericial atesta que a recorrente é acometida de “S 42.0 - fratura da clavícula direita, com bom resultado de tratamento”, doença que, conforme o perito, não interfere no exercício de sua atividade habitual. 4. De acordo com o especialista: “Em nossa avaliação, baseado na história clínica, exame físico minucioso e documento médico apresentado pela pericianda, concluo que a mesma, apresenta força e amplitude de movimentos articulares preservados, sem evidências de limitação funcional, não a incapacitando ou limitando para realizar suas atividades laborais, do ponto de vista ortopédico”. 5. Assim, no caso concreto, não restou caracterizada a redução da capacidade laborativa a justificar a concessão do auxílio-acidente pleiteado. 6. Os argumentos do(a) il. advogado(a) da parte autora e o(s) documento(s) médico(s) apresentado(s) não foram suficientes para infirmar as conclusões do laudo pericial. Não foram demonstradas ou constatadas quaisquer imprecisões ou inconsistências no referido laudo, perceptíveis para um leigo no assunto, acerca da(s) patologia(s) apresentada(s) pelo(a) recorrente, que indique a necessidade de realização de nova perícia ou complementação do laudo médico acostado aos autos. Ademais, é de se destacar que a r. sentença não feriu os princípios que regem os juizados especiais. 7. Não resta configurado cerceamento de defesa pela não realização de audiência com o objetivo de comprovar o requisito da incapacidade, pois já restou analisado em laudo pericial suficientemente fundamentado. Segundo entendimento do STJ: “Não há falar em violação do art. 435 do CPC, por alegado cerceamento de defesa, porquanto, tendo o juiz, destinatário da prova, decidido, com base nos elementos de que dispunha, pela desnecessidade de realização de novas provas em audiência (...)” (AgRg no Ag 1378796/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 02/08/2012, DJe 10/08/2012). 8. Ademais, não há que se falar em realização de nova perícia médica/nulidade da sentença, uma vez que não há nos autos elementos capazes de infirmar as conclusões fundamentadas do especialista. Além disso, a TNU já sedimentou entendimento segundo o qual não há óbice a que a perícia médica possa ser validamente realizada por médico não especialista na moléstia que acomete o segurado (PEDILEF no. 200872510018627, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 5.11.2010). 9. Assim, no caso concreto, não merece provimento o recurso da parte autora. 10. Juizado especial. Parágrafo 5o do art. 82 da Lei no 9.099/95. Ausência de fundamentação. Artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. Não ocorrência. Possibilidade de o colégio recursal fazer remissão aos fundamentos adotados na sentença. Jurisprudência pacificada na Corte. Matéria com repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. (RE 635729 RG, Relator Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2011, DJe 24.08.2011). 11. Súmula de Julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba “Sessões Recursais” destes autos virtuais, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso da parte autora, mantendo a sentença do JEF de origem por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 82, § 5o, da Lei n. 9.099/95. Condenação em honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (Mil reais) e custas processuais, suspensa em razão da gratuidade judiciária deferida.
630
617
0
0
7-PB
1
184.81147
NÃO PROVIMENTO
IMPROCEDENTE
AUTOR
fundamento e decido. A presente ação foi ajuizada visando ao restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença, cessado em 02.03.2018, bem como, caso comprovada a existência de invalidez permanente, sua conversão em aposentadoria por invalidez, com acréscimo de 25% estatuído no art. 45 da Lei n. 8.213/91, ou, sucessivamente, a concessão de auxílio acidente. Desnecessário complementação ou esclarecimento de prova pericial para o conhecimento e julgamento do mérito do pedido, o qual pode ser feito com base nas provas documentais e pericial já produzidas. Por essa razão, indefiro o pedido de complementação do laudo da perícia judicial (anexo 13). O laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora é portadora de fratura da clavícula direita, com bom resultado de tratamento, enfermidade que não interfere no desempenho de sua atividade habitual, como camareira. Verifica-se, portanto, que o laudo apresentado pelo expert informa que inexiste incapacidade laboral sequer para sua atividade habitual. Aliado a isso, importante observar que os documentos médicos apresentados pela parte autora foram minuciosamente analisados e mencionados pelo perito judicial em seu laudo. Ainda assim, a conclusão é de que a enfermidade não influi no exercício da atividade habitual. Ressalte-se que ser ou ter sido portadora de alguma doença não se confunde com incapacidade para o trabalho. Desse modo, a prova da doença, da sua continuidade ou mesmo do seu progresso não é, necessariamente, prova da existência ou da continuidade de incapacidade laboral. E a legislação previdenciária não trata de benefício por doença, mas sim por incapacidade. Portanto, não havendo incapacidade atual, a autora não faz jus aos benefícios de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Prejudicado o pedido de concessão do adicional de 25% estatuído no art. 45 da Lei n. 8.213/91. Ultrapassado esse ponto, passo à análise do pedido sucessivo, de concessão de auxílio acidente. O art. 104, § 4o, inciso I do Decreto n. 3.048/99 estabelece que não dá ensejo à concessão de auxílio acidente os casos que apresentem “danos funcionais ou redução da capacidade funcional sem repercussão na capacidade laborativa”. No presente caso, o laudo apresentado pelo perito judicial informa que a autora sofreu fratura da clavícula direita, com bom resultado de tratamento. A conclusão do perito é de que não existe incapacidade ou limitação para o desempenho da atividade profissional declarada, como camareira, conforme respostas do perito aos quesitos do autor. No anexo 13,a promovente impugnou os laudos periciais. No entanto, a perícia judicial não pode ser desconsiderada por mero inconformismo da parte interessada. As alegações da demandante não desqualificam a conclusão do perito judicial, profissional da confiança deste Juízo e que possui habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, se a parte autora está ou não incapaz para o trabalho. Portanto, inexistindo redução da capacidade laborativa, conforme atestado no laudo da perícia judicial, bem como qualquer dado que fragilize a conclusão do perito judicial – profissional da confiança deste juízo e que possui a habilitação técnica necessária para analisar, à luz da ciência médica e com imparcialidade, o quadro clínico da parte autora, e a repercussão deste em sua capacidade laborativa –, a autora não faz jus ao benefício de auxílio acidente. ISSO POSTO, julgo improcedentes os pedidos, pelas razões já expostas. Desta feita, determino a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto no art. 55 da Lei n. c/c art.98 do CPC. Defiro os benefícios da Justiça Gratuita. Verifique a Secretaria a adoção das providências necessárias ao pagamento dos honorários periciais. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. P. R. I. João Pessoa/PB, data supra. (ASSINADO ELETRONICAMENTE
NÃO PROVIMENTO
0509173-80.2019.4.05.8202
2019-09-23 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-11-03 17:39:57
Sentença - Seguro-defeso 2017-2018 - IMPROCEDENTE
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA
SEM PEDIDO LIMINAR
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB024183
SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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15-PB
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41.26941
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
Trata-se de ação de indenização c/c obrigação de fazer proposta em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. Narra a parte autora, pescador artesanal, que interrompeu suas atividades laborativas a partir de 01.12.2017, em virtude do início do período de defeso estabelecido pela Instrução Normativa do IBAMA n.o 210/2008, que ia de 1o de dezembro de um ano a 28 de fevereiro do ano seguinte. Alega que, um pouco de mais de um mês após a paralisação das atividades, os pescadores foram surpreendidos com a publicação da Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017 (DOU em 02.01.2018, Seção 1, pág. 48), a qual estabeleceu novos períodos proibitivos e entrou em vigor na data da sua publicação. Desse modo, a parte promovente permaneceu sem exercer a pesca até 30.04.2018, nos moldes determinados pela Portaria Interministerial no 78/2017. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial no 30/2018 alterou a Portaria Interministerial no 78/2017, com o fito de que esta passasse a vigorar tão somente a partir de 30.11.2018. Em seguida, a portaria em questão foi revogada pelo Decreto Legislativo n.o 170, de 06.12.2018. Assevera que, mesmo estando impedida de exercer suas atividades durante 05 (cinco) meses, o INSS concedeu tão somente 03 (três) parcelas do benefício de seguro-defeso. Assim, requer a condenação da parte promovida ao pagamento de R$ 1.996,00 (mil, novecentos e noventa e seis reais), referentes às 02 (duas) parcelas do seguro-defeso, bem como ao pagamento de indenização pelos danos morais suportados. O INSS apresentou contestação, apontando, de início, a falta de interesse de agir. No mérito, defendeu que a parte autora não é pescadora artesanal e pugnou pela improcedência do pedido formulado na exordial. É o relatório. Não havendo necessidade de produção de outras provas, além das já constantes do caderno processual, passo a decidir, com fulcro no art. 355, I, do CPC/2015. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Da preliminar A autarquia previdenciária suscita, em sua contestação, a ausência de interesse de agir, porquanto a parte autora requereu, na seara administrativa, apenas o pagamento três parcelas do seguro-defeso, referentes ao período de 01/12/2017 a 28/02/2018, sem fazer menção ao pagamento das outras duas parcelas, como postula no presente feito. Em atenção ao princípio da primazia da decisão de mérito, deixo de analisar a(s) preliminar(es) ventilada(s), aplicando a norma do art. 488 do CPC, de acordo com a qual "desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485". Nesse diapasão, passo ao julgamento do mérito. II.2 – Do mérito Inicialmente, cumpre esclarecer que o seguro-defeso, atualmente disciplinado pela Lei no 10.779/2003 e pelo Decreto no 8.424/2015, trata de benefício no valor de um salário-mínimo mensal devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, durante o período de defeso de atividade pesqueira, com o fito de preservação das espécies. Consigne-se que o art. 1o, caput, da Lei no 10.779/2003 exige, como requisito para o seguro-defeso, que o segurado especial faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida, bem como que exerça essa atividade ininterruptamente. Outrossim, para que fiquem caracterizados os requisitos “profissão habitual ou principal meio de vida” e “ininterruptamente”, é necessário que o segurado efetivamente tenha exercido a pesca artesanal durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, prevalecendo o que for menor. Destaque-se, ainda, que não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso, nos termos do art. 1o, § 12, do Decreto no 8.424/2015, incluído pelo Decreto no 8.967/2017, de 23/01/2017: § 12. Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso. (Incluído pelo Decreto no 8.967, de 2017) No caso em tela, a parte autora pleiteia o recebimento de mais duas parcelas do seguro-defeso correspondentes ao período de março e abril de 2018, com fundamento na Portaria Interministerial no 78, de 29.12.2017. É cediço que o período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique, nos moldes do art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003. No Estado da Paraíba, o período de defeso restou incialmente regulamentado pela Instrução Normativa 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. A supracitada instrução veda o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae), nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, no entanto, não apresenta, de forma expressa, alternativas de pesca durante os períodos de defeso. Desse modo, tendo em vista a inexistência de indicação manifesta de alternativas de pesca no Estado da Paraíba, durante a vigência da Instrução Normativa no 210/2008, o direito ao seguro-defeso vinha sendo reconhecido pela administração a todos os pescadores que cumpriram os demais requisitos impostos pelas disposições normativas. Consigne-se, no entanto, que, nesta hipótese, o seguro-defeso se limita ao período de 1o de dezembro a dia 28 de fevereiro. Ocorre que, em 02.01.2018, foi publicada a Portaria Interministerial no 78, de 29/12/2017, a qual revogou a IN 210/2008 e instituiu novo período de defeso de janeiro a abril. Por outro lado, a referida portaria, que entrou em vigor em 02.01.2018, autorizou expressamente, em seu art. 9o, § 2o, a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região. Observe-se, portanto, que, diante da existência de expressa disponibilidade de alternativas de pesca nos municípios paraibanos alcançados pelo período de defeso, por força da norma do art. 1o, §12, do Decreto 8.424/2015, não há que se falar em direito ao seguro-desemprego no lapso de janeiro a abril, indicado na Portaria Interministerial no 78/2017, durante sua vigência. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato público e notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Em suma, embora a Portaria Interministerial no 78/2017 tenha estendido o período de restrição à pesca, tal restrição não implica no direito ao recebimento do seguro-defeso, justamente porque tal portaria garantiu ao pescador artesanal disponibilidade de alternativas de pesca. Cumpre mencionar ainda que o fato de a administração ter concedido o benefício de seguro-defeso durante o período de Dezembro/2017 a Fevereiro/2018 não infirma tal raciocínio. Na verdade, trata-se de uma hipótese em que a administração interpretou a legislação, claramente, da forma mais favorável ao cidadão. É que, como havia alternativa de pesca a partir de Janeiro/2018, ante a Portaria Interministerial no 78/2017, poderia o INSS ter concedido o benefício de seguro-defeso apenas durante o mês de Dezembro/2017. Todavia, conferiu efeitos retroativos à Portaria Interministerial n° 30, de 06/06/2018, que havia adiado o início da vigência da Portaria Interministerial no 78/2017, analisando o benefício com base na Instrução Normativa 210/2008 do IBAMA, diga-se, em evidente benefício aos pescadores artesanais. Outrossim, o Ofício no 72/2018-SEI-SAP, emanado do Secretaria de Aquicultura e Pesca, em resposta ao Ofício no 31/DIRBEN/INSS, enviado pelo INSS no bojo do Processo de no 52800.100332/2018-17, não altera em nada a conclusão deste juízo, senão vejamos. Na verdade, no supracitado Ofício, consta informação expressa no sentido de que “entende-se que o disposto no artigo 9o da Portaria MDIC/MMA no 78/2017 configura existência de alternativas de pesca para a região de abrangência da norma, sendo as mais expressivas aquelas listadas em seu anexo”. Ressalto que, embora o Secretário de Aquicultura e Pesca tenha apontado que “não se avaliou adequadamente se as alternativas apresentadas eram viáveis socioeconomicamente para a região e também abrangem o total de espécies disponíveis à captura nesses locais”, observo que não foi indicada, em momento algum, a inexistência de alternativas de pesca na região. De fato, o que o órgão público afirmou foi apenas que não há estudos para se afirmar se as alternativas eram viáveis socioeconomicamente para a região. No entanto, como já afirmado anteriormente, é fato público e notório que as espécies de Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp) são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Ademais, a parte promovente não colacionou aos autos nenhum laudo ou elemento congênere apto a comprovar a efetiva indisponibilidade das espécies indicadas como alternativas de pesca na região e obstar a incidência do art. 9o, §2o, da Portaria MDIC/MMA no 78/2017, não de desincumbindo do ônus imposto pelo art. 373, I, do CPC/2015. Nesse diapasão, tem-se que não há direito à percepção das duas parcelas do seguro-defeso requeridas na exordial, uma vez que a Portaria Interministerial no 78/2017, apesar de ter aumentado o período de defeso, indicou explicitamente alternativas de pesca de espécies existentes nos municípios do Estado da Paraíba. Por fim, dada a inexistência da prática de ato ilícito por parte do INSS, conforme as razões acima explanadas, é forçosa a rejeição do pedido indenização por danos morais. III – DISPOSITIVO À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pela parte autora, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem custas, nem honorários (art. 55 da Lei no 9.099/95), ficando os benefícios da justiça gratuita deferidos à parte autora. Transitada em julgado esta decisão, arquivem-se os autos, com baixa na Distribuição. A publicação e o registro desta sentença decorrerão de sua validação no sistema Creta. Intimem-se. Sousa/PB, data da movimentação. BEATRIZ FERREIRA DE ALMEIDA Juíza Federal
PROVIMENTO
0503434-26.2019.4.05.8203
2019-11-22 00:00:00
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (29.979.036/0163-06)
INSS
S
Não houve expedição de RPV/PRC
0
2019-12-18 10:24:35
Sentença - Improcedente
2020-04-01T11:24:06
Acórdão - Recurso da parte autora - provimento parcial
BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO - TR
2020-03-27 09:00:00
RODRIGO MAIA DA FONTE
INDEFERIDA
Procedimento do Juizado Especial Cível
6,176
Direito Previdenciário
Pedidos Genéricos Relativos aos Benefícios em Espécie
Parcelas de benefício não pagas
1
PB011692
SENTENÇA Tipo A Dispensado o relatório por força do disposto no art. 1o da Lei n.o 10.259/01, combinado com o art. 38, caput, da Lei n.o 9.099/95, bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o 9.099/95 c/c art. 1o da Lei n.o 10.259/01. Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
VOTO - EMENTA PREVIDENCIÁRIO. EXTENSÃO DO PERÍODO DE DEFESO. PRETENSÃO AO PAGAMENTO COMPLEMENTAR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE AUTORA. DIREITO RECONHECIDO. AUSÊNCIA DE DANO MORAL. PROVIMENTO PARCIAL. REFORMA DA SENTENÇA. 1. Trata-se de ação ordinária na qual se pugna pelo pagamento complementar do seguro-defeso, relativamente às parcelas referentes a março e abril de 2018, sob o argumento de que a Portaria Interministerial n.o 78/2017 estendeu o prazo regular do período de defeso do habitual período de dezembro-fevereiro para o período de dezembro-abril, tendo o INSS pago apenas os meses habituais, o que gerou também dano moral à parte autora. 2. A sentença de improcedência está motivada, em síntese, sob o entendimento de que a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, foi editada, autorizando, expressamente, durante todo ano, a pesca de "quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região", o que permitiria, assim, alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. A parte autora recorre. 3. Em resumo, a controvérsia centra-se nos efeitos da Portaria Interministerial n.o 78/2017 sobre o pagamento do seguro-defeso, previsto na Lei n.o 10.779/2003, com regulamentação pelo Decreto n.o 8.424/2015 e pela Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA. 4. A Portaria Interministerial n.o 78/2017, que estabeleceu "normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento pesqueiro em águas continentais na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental" (art. 1o), proibiu "anualmente, entre os meses de janeiro a abril, o armazenamento, o transporte e a pesca comercial de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas objeto desta Portaria" (art. 9o, caput). 5. Portanto, a norma estendeu o período de "defeso" previsto na Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA, a qual resolveu "Proibir, a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro anualmente, o exercício da pesca das espécies curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae),nos rios, riachos, lagoas, açudes públicos e privados e represas do estado da Paraíba, bem como o transporte, a industrialização, o armazenamento e a comercialização dessas espécies e suas respectivas ovas". [grifo acrescido] 6. Assim, a paralisação da atividade pesqueira nos meses de março-abril de 2017 enquadra-se no requisito previsto no art. 1o da Lei n.o 10.779/2003: "O pescador artesanal de que tratam a alínea 'b' do inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea 'b' do inciso VII do art. 11 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de 1 (um) salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie". [grifo acrescido] 7. A circunstância de tanto a Portaria Interministerial n.o 78/2017 permitir "a pesca, transporte e comercialização de quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d'água da região, especialmente aquelas listadas no Anexo desta Portaria Interministerial" (art. 9o, § 2o), quanto o Decreto n.o 8.424/2015 determinar que "Não será devido o benefício do seguro-desemprego quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos períodos de defeso" (art. 1o, § 12), não impede o reconhecimento do direito ao pagamento complementar, quando comprovados os demais requisitos exigíveis dos pretensos beneficiários. 8. Isto porque a Lei n.o 10.779/2003 - a que tais normas infralegais visam regulamentar - não contempla igual restrição, ao contrário, é expressa em garantir o benefício, considerando-se que "O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique" (art. 1o, § 2o), "Somente terá direito ao seguro-desemprego o segurado especial pescador artesanal que não disponha de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira" (art. 1o, § 4o) e "O pescador profissional artesanal não fará jus, no mesmo ano, a mais de um benefício de seguro-desemprego decorrente de defesos relativos a espécies distintas" (art. 1o, § 5o). 9. Portanto, o benefício é pago conforme a espécie de pescado a que o pescador habitualmente se dedique, devendo-se ponderar que, acaso se aplicasse o entendimento de que o seguro-defeso não é devido ante a possibilidade de captura de espécie "alóctones introduzidas" na Paraíba, seria inevitável a conclusão de que o seguro-defeso não seria pago na prática, posto que a Instrução Normativa n.o 210/2008/IBAMA protege apenas as espécies "curimatã (Prochilodus spp), piau (Schizodon sp), sardinha (Triportheus angulatus) e branquinha (Curimatidae)", condição que, notoriamente, não ocorre na prática, posto que são inúmeros os beneficiários na Paraíba do seguro-defeso. 10. Quanto aos demais requisitos previstos à concessão do benefício, de regra, a sua análise demandaria prévia manifestação do INSS, porém, no caso, houve a concessão de 03 (três) parcelas do seguro-desemprego (conforme anexos à petição inicial) no ano de 2018, sob a condição de "pescador artesanal". 11. Quanto ao pedido de danos morais, os elementos não apontam para a ilicitude da conduta da parte ré, a atrair-lhe a responsabilidade pelos eventuais danos morais sofridos pela parte autora, na medida em que o indeferimento se deu por conta de equivocada interpretação dos fatos litigiosos, circunstância, inclusive, que ensejou divergência mesmo no âmbito do Poder Judiciário, ao analisar a causa. 12. Assim, o recurso da parte autora, portanto, merece parcial provimento. 13. Esta TR dá expressamente por prequestionados todos os dispositivos indicados pela(s) parte(s) recorrente (s) nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da Constituição Federal, respeitadas as disposições do art. 14, caput e parágrafos, e art. 15, caput, da Lei n.o 10.259, de 12/07/2001. 14. Súmula do julgamento: A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária da Paraíba, reunida em sessão de julgamento ocorrida na data constante da aba "Sessões Recursais" destes autos virtuais, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso da parte autora para, reformando a sentença, condenar o INSS ao pagamento das 02 (duas) parcelas do seguro-desemprego (Lei n.o 10.779/2003), relativas aos meses de março e abril de 2018, observados os termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Sem custas e sem honorários. BIANOR ARRUDA BEZERRA NETO
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11-PB
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26.004572
PROVIMENTO PARCIAL
IMPROCEDENTE
AUTOR
bastando dizer que se trata de ação ordinária proposta pela parte autora em face do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, objetivando o pagamento de mais duas parcelas do seguro-defeso, na categoria de pescador(a) artesanal, no período de 01/12/2017 a 30/04/2018, bem como indenização por danos morais. I – FUNDAMENTAÇÃO De início, cumpre observar não ser necessária a produção de outras provas, bastando os documentos já exibidos pelas partes, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil. Ademais, penso ser dispensável o exame da preliminar de ausência de interesse de agir, por força do disposto no art. 282, §2o, do CPC, conforme se verificará adiante. Mérito A princípio, cumpre esclarecer que o benefício de seguro-defeso encontra-se disciplinado pela Lei n.o 10.779/2003, sendo devido ao pescador profissional que exerça sua atividade de forma artesanal, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (art. 1o, “caput”). Por força das alterações introduzidas pela Lei n.o 13.134/2015, o beneficiário será o pescador artesanal de que tratam a alínea “b” do inciso VII do art. 12 da Lei n.o 8.212, de 24 de julho de 1991, e a alínea “b” do inciso VII do art. 11 da Lei n.o 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que exerça sua atividade profissional ininterruptamente, de forma artesanal e individualmente ou em regime de economia familiar. Ademais, conforme inteligência do §4o, do art. 1o, da Lei n.o 10.779/2003, o segurado especial pescador artesanal deverá exercer sua atividade de forma exclusiva, isto é, para fazer jus ao seguro-defeso não poderá ter outra fonte de renda além daquela decorrente da atividade pesqueira. Também devemos destacar que a supracitada legislação é regulamentada pelo Decreto no 8.424/2015. Pois bem. Na situação posta nos autos, pretende a parte autora o recebimento de mais duas parcelas do seguro-desemprego (defeso), sob o fundamento de que o período de defeso foi estendido pela Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017. O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (art. 1o, §2o, da Lei 10.779/2003). No Estado da Paraíba, o período de defeso restava regulamentado pela Instrução Normativa n.o 210, de 25/11/2008, que proíbe, anualmente, o exercício da pesca a partir das 00h00min horas do dia 1o de dezembro, até as 24h00min horas do dia 28 de fevereiro. Segundo a parte autora, porém, em 02/01/2018, quando as atividades pesqueiras já estavam suspensas há mais de um mês em função do defeso estabelecido pela citada instrução normativa, foi publicada e entrou em vigor a Portaria Interministerial n.o 78, de 29/12/2017, que, além de revogar a Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA, estabeleceu, em seu art. 9o, caput, a proibição, anualmente, entre os meses de janeiro a abril, da pesca de peixes e invertebrados aquáticos de espécies nativas das regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Oriental. Dessa forma, conclui a parte demandante que houve a proibição da pesca durante o período de 01/12/2017 a 30/04/2018, de modo que, por força do art. 1o da já citada Lei n.o 10.779/03, fazia jus ao benefício do seguro-defeso, no valor de um salário-mínimo mensal, no referido período, totalizando 05 (cinco) parcelas. Afirma, ainda, que a Portaria Interministerial n.o 78 só foi revogada quando o período de defeso da atividade pesqueira estendido até o mês de abril já havia transcorrido em sua integralidade, pelo que os pescadores merecem reparação pelo período no qual afastados da pesca. Dito isso, registro que, num primeiro exame da matéria, cheguei a concordar com a pretensão esposada na inicial. Considerei que se o INSS já havia reconhecido, na via administrativa, a presença de todos os requisitos para a concessão do benefício por três meses em favor do requerente, aplicando a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210-2008), deveria assim o fazer por mais dois meses, já que a nova norma (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) havia ampliado o tempo de afastamento da atividades pesqueira. Resumindo em uma frase, adotei na ocasião a conclusão de que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora faria jus a cinco meses de seguro-desemprego, ao invés dos três que recebeu”. Todavia, melhor avaliando a matéria, percebo que incorri em equívoco no raciocínio. Interpretando sistematicamente o disposto no art. 9o, §2o, da já mencionada Portaria Interministerial n.o 78-2017, com os comandos normativos dos art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015, o qual regulamenta o tema, penso que a conclusão caminha no sentido oposto ao mencionado anteriormente. Explico. O Decreto acima citado admitiu que o período de defeso fosse definido por portaria interministerial (art. 1o, §10), oportunidade na qual determinou que tal norma deveria indicar expressamente sobre a existência (se houvesse) de alternativa de pesca disponível na região (art. 1o, §10, III). Consignou ainda que em havendo disponibilidade de alternativas de pesca, não caberia o pagamento do seguro-desemprego (art. 1o, §12). Em sequência, a norma a que se refere o decreto (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017) foi então editada, seguindo os supracitados parâmetros e, em seu art. 9o, § 2o, permitiu expressamente, durante todo ano, a pesca de “quaisquer espécies alóctones introduzidas nos corpos d ́água da região (...)”. Trouxe ainda, em anexo, uma lista exemplificativa com várias espécies encontradas na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental e que figurariam como alternativa de pesca disponível durante o período de defeso. Com efeito, afastou-se o direito ao pagamento de seguro-desemprego durante o período de vigência daquela norma, nos termos do art. 1o, §10, III e §12 do Decreto no 8.424-2015. Aliás, dentro das espécies exemplificativamente listadas na Portaria Interministerial n.o 78-2017 como alternativas de pesca, consta expressamente os peixes Tilápia (Oreochromiss spp) e Tucunaré (Cichla spp), sendo fato notório que tais espécies são amplamente criadas nos reservatórios de água doce que abastecem os municípios abrangidos na competência deste juízo. Assim, resumindo em uma frase, entendo que a conclusão para a controvérsia dos autos é a contrária do que inicialmente imaginei, de modo que “se fosse aplicada a legislação pertinente ao período (Portaria Interministerial n.o 78, de 29 de dezembro de 2017), a parte autora não faria jus a pagamento de seguro-desemprego.”. A autarquia previdenciária, pois, ao aplicar a norma anterior (Instrução Normativa n.o 210/2008-IBAMA), vigente à época do pedido administrativo, preservou a esfera de direito do segurado, antes de diminuí-la. Com isso, de boa lógica, não há que se falar em pagamento complementar de parcelas de seguro-desemprego e, muito menos, de reparação por dano moral. II - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, com fulcro no art. 487, I, do Novo CPC. Defiro os benefícios da justiça gratuita. Sem custas e honorários advocatícios, em face do disposto nos arts. 54 e 55 da Lei n.o c/c art. 1o da Lei n.o . Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos. O registro e a publicação desta sentença decorrerão de sua validação no sistema. Intimem-se. Monteiro/PB, data da validação. RODRIGO MAIA DA FONTE
PROVIMENTO